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CRISTIANO CHISTE Impacto das características do produto na formação de preço em leilão reverso: um estudo na Cooperativa Veiling Holambra Limeira 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

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CRISTIANO CHISTE

Impacto das características do produto na formação de preço em

leilão reverso: um estudo na Cooperativa Veiling Holambra

Limeira

2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

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CRISTIANO CHISTE

Impacto das características do produto na formação de preço em

leilão reverso: um estudo na Cooperativa Veiling Holambra

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção e de Manufatura, na Área de Pesquisa Operacional e Gestão de Processos.

Orientador: Professor Dr. Luis Antonio de Santa-Eulalia

Coorientador: Professor Dr. Edmundo Inácio Junior

Limeira

2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências

Aplicadas Renata Eleuterio da Silva – RB 8/9281

Chiste, Cristiano, 1985-

C448i Impacto das características do produto na formação de preço em

leilão reverso : um estudo de caso na Cooperativa Veiling Holambra /

Cristiano Chiste. – Limeira, SP : [s.n.], 2016.

Orientador: Luis Antonio de Santa-Aulalia.

Coorientador: Edmundo Inácio Junior.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Ciências Aplicadas.

1. Econometria. 2. Leilões reversos. 3. Oferta e procura. 4. Orquídea. 5.

Preços. I. Santa-Eulalia, Luis Antonio,1974-. II. Inacio Junior, Edmundo,1972-.

III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Aplicadas. IV.

Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Impact of product characteristics in price formation in

reverse auction : a study case in Cooperativa Veiling Holambra Palavras-chave em inglês:

Econometrics

Reverse auctions

Supply and Demand

Orchid

Prices Área de concentração: Pesquisa Operacional e Gestão de Processos Titulação: Mestre em Engenharia de Produção e de Manufatura Banca examinadora:

Antonio Carlos Zambon

Zambon, Antonio Carlos

Anibal Tavares Azevedo

Azevedo, Anibal Tavares

Data de defesa: 18-08-2016 Programa de Pós-Graduação: Engenharia de Produção e de Manufatura

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Autor: Cristiano Chiste Título: Impacto das características do produto na formação de preço em leilão reverso: um estudo na Cooperativa Veiling Holambra Natureza: Dissertação de Mestrado Instituição: Faculdade de Ciências Aplicadas/UNICAMP Data da Defesa: Limeira, 18/08/2016

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Luis Antonio de Santa-Eulalia

Prof. Dr. Antonio Carlos Zambon

Prof. Dr. Anibal Tavares Azevedo

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

processo de vida acadêmica do aluno.

___________________________________ Assinatura

___________________________________ Assinatura

___________________________________ Assinatura

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À Míriam

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AGRADECIMENTOS

Agradeço pela atenção, companheirismo dos colegas, sugestões de

melhoria do projeto, pelas metas de aprendizado e até pelos momentos que achei que

não conseguiria, pois eles me ajudaram no processo de aprimoramento, tão

necessário para cumprir esta jornada. Por ter recebido tudo isto, me sinto feliz e

motivado para dizer “Muito obrigado”. Estas palavras refletem a jornada percorrida,

pois entendo que recebi mais do imaginava, aprendi mais do que esperava e ganhei

mais do que merecia. Agora me sinto no dever de colaborar com o desenvolvimento

de outros, para que, partilhando, este sentimento se multiplique.

Agradeço ao Prof. Dr. Luis Antonio de Santa-Eulalia pelo aceite em me

orientar, pela disposição de tempo, paciência, por ensinar pelo exemplo e pelo

pragmatismo na elaboração de uma revisão sistemática da literatura e, em sua

contribuição na dissertação como um todo, certamente levarei tais ensinamentos

comigo por onde for.

Agradeço ao Prof. Dr. Edmundo Inácio Junior pelas contribuições na

elaboração do modelo estatístico, e na dissertação como um todo, na definição das

variáveis e pelo tempo no estudo do modelo hedônico. Certamente tal disponibilidade

e competência serão lembradas sempre por mim.

Agradeço a todos os Professores pelo dom do ensino, dedicação, desafios

e acompanhamento, para que possamos galgar níveis mais elevados na área

acadêmica. Agradeço também a todos os colaboradores da FCA/UNICAMP por

proporcionarem um ambiente propício ao aprendizado. Agradeço a FCA/UNICAMP

pela bolsa concedida ao longo do mestrado, tal apoio certamente contribuiu para a

qualidade deste trabalho.

Agradeço aos membros da banca (Prof. Dr. Antonio Carlos Zambon e Prof.

Dr. Anibal Tavares de Azevedo) pela dedicação ao ler o trabalho e pelas contribuições

ao longo deste período de desenvolvimento. Tais contribuições certamente fizeram o

trabalho ganhar em qualidade e aplicabilidade.

Agradeço à Cooperativa Veiling Holambra, por acreditar neste projeto e por

fornecer os dados necessários para esta dissertação. Agradeço especialmente aos

colaboradores Rachel Osório, Anderson Santiago, Marcia Fogaça, Tiago Rigueto e

Jean Biazzini.

Agradeço à Tanyra, pelo auxílio com aspectos de revisão textual.

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Agradeço aos meus pais, Noemia e Valter, pelo apoio e incentivo em todos

os momentos, sobretudo nos difíceis.

Agradeço à Míriam pelas conversas sobre o projeto, pela disponibilidade

na revisão, por compreender minha ausência em momentos de estudo, por me

entender, mesmo quando eu não via o desfecho desse projeto, por me elogiar

desafiando e por ser tão especial em minha vida trazendo alegria e amor.

Finalmente, agradeço a Deus por ter cuidado de todas estas pessoas

especiais e por proporcionar o término deste ciclo de aprendizado.

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“A arte da previsão consiste em antecipar o que

acontecerá e depois explicar o porquê não aconteceu”

Winston Churchill

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RESUMO

As orquídeas pertencem a uma classe especial de mercadorias, pois satisfazem as

necessidades emocionais dos seres humanos. Entender quais são as características

mais valorizadas pelos consumidores na formação de preço do leilão da Cooperativa

Veiling Holambra é fundamental, dada a representatividade de seu leilão reverso – de

169 milhões de reais ao ano. Os leilões reversos são conhecidos pela sua

característica de equilíbrio das relações entre oferta e demanda, uma vez que sua

dinâmica permite que o comprador decida o preço que irá pagar pelos atributos do

bem leiloado. Contudo o processo de valorização utilizado pelos clientes não está

plenamente descrito tanto na literatura cientifica quanto na cooperativa. Para diminuir

esta lacuna foi realizada uma revisão sistemática da literatura, que evidenciou o

emprego do modelo hedônico, na análise das orquídeas. Tal modelo pode capturar as

preferências de valorização percebidas na formação do preço, as quais estão

implícitas no momento do lance do comprador. O emprego deste método demonstrou

isoladamente que os pesos das características que mais impactam no preço são: cor

da flor (com um impacto de 27,93%); sazonalidade semanal (com um impacto de

21,51%), seguida pela quantidade de hastes (18,60%) e produtor (representando

13,36% no preço). Nossos resultados demonstraram que o modelo poderá ser

empregado tanto para previsões de preço com um erro percentual absoluto médio de

17,40%, quanto para definição de estratégias entre os produtores e a Cooperativa,

visando à ampliação dos preços no leilão pelo conhecimento dos fatores mais

valorizados pelos compradores.

Palavras-chave: Econometria. Leilões reversos. Oferta e Procura. Orquídea. Preços.

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ABSTRACT

Orchids belong to a special class of goods, because they satisfy emotional needs of

people. Understand what are the most valued characteristics by consumers in auction

price formation of Veiling Holambra Cooperative (CVH) is primordial, given the

representativeness that reverse auction has (R$169 million a year). Reverse auctions

are known by their balance characteristic of relationship between supply and demand,

seeing that their dynamics allows buyer decide the price which he will pay for attributes

of good auctioned. However, the valuation process used by customers is not fully

described in scientific literature not even in cooperative. To reduce this gap was did a

systematic review of literature, that showed the use of hedonic model in the analysis

of orchids. This method can capture the valuation preferences evidenced in the price

formation, which are implicit at buyer's bid time. The application of this method shown,

separately, that the weights of the characteristics that most influence the price are:

flower color (27.93%); weekly seasonal (21.51%); followed by amount rods (18.60%)

and producer (13.36%). Our results demonstrate that this model can be used in both

price forecasts, with a mean absolute percentage error of 17.40%, and to determinate

strategies between producers and the cooperative, aiming to expand the prices in the

auction through the knowledge of the most factors that buyers value.

Keywords: Econometrics. Reverse Auctions. Supply and demand. Orchid. Prices.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Enquadramento metodológico. ...................................................................................... 19

Figura 2 - Etapas do ProKnow-C. .................................................................................................. 22

Figura 3- Passos para concepção de um modelo econométrico. .............................................. 26

Figura 4 - Resumo das etapas do Proknow-C. ............................................................................ 35

Figura 5 - Periódicos com maior relevância do portfólio bibliográfico. ...................................... 43

Figura 6 - Artigos do portfólio bibliográfico com maior relevância. ............................................ 44

Figura 7 - Vista da tribuna da CVH. ............................................................................................... 77

Figura 8 - Pincipais formatos de negociação mercantil da CVH (a) klok e (b) Intermediação

............................................................................................................................................................. 77

Figura 9 - Foto ilustrativa da orquídea. ................................................................................... 80

Figura 10 - Funcionamento do mercado. ................................................................................ 83

Figura 11 - Integação de outras áreas com econometria. ...................................................... 84

Figura 12 - Ilustrações do erro da regressão .......................................................................... 89

Figura 13 - Resultado do teste Box-Cox ................................................................................. 97

Figura 14 - Histograma das variáveis preço e lnPreço. .............................................................. 98

Figura 15 - Gráfico dos resíduos do erro. ................................................................................... 101

Figura 16 - Distribuição dos preços previstos versos os resíduos. ......................................... 105

Figura 17 - Pesos relativos da característica semana do modelo. .......................................... 116

Figura 18 - Pesos relativos da característica produtor do modelo. ......................................... 117

Figura 19 - Pesos relativos da característica variedade do modelo. ....................................... 118

Figura 20 - Pesos relativos da característica cor do modelo. ................................................... 119

Figura 21 - Pesos relativo da característica quantidade de flores do modelo. ...................... 120

Figura 22 - Pesos relativos da característica quantidade de hastes do modelo. .................. 121

Figura 23 - Pesos relativos da característica qualidade do modelo. ....................................... 122

Figura 24 - Previsão do modelo. .................................................................................................. 124

Figura 25 - Fluxograma do uso da regressão para a CVH. ...................................................... 128

Figura 26 - Seleção do portfólio bibliográfico do ProKnow-C. .................................................. 163

Figura 27 - Processo de seleção do banco de artigos brutos. ................................................. 164

Figura 28 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto à redundância e ao

alinhamento do título. ...................................................................................................................... 165

Figura 29 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto ao reconhecimento científico.

........................................................................................................................................................... 166

Figura 30 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto ao alinhamento do artigo

integral e teste de representatividade do portfólio bibliográfico. ............................................... 167

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Lentes utilizadas durante a análise sistêmica ...................................................................... 25

Tabela 2 - Portfólio bibliográfico .......................................................................................................... 33

Tabela 3 - Periódicos e congressos do portfólio bibliográfico .............................................................. 36

Tabela 4 - Número de citações do portfólio bibliográfico .................................................................... 37

Tabela 5 - Autores dos artigos do portfólio bibliográfico ..................................................................... 37

Tabela 6- Periódicos/Congressos de destaque das referências do portfólio bibliográfico ................... 39

Tabela 7- Autores de destaque das referências do portfólio bliográfico ............................................. 41

Tabela 8- Síntese dos modelos e teorias utilizadas nos artigos do portfólio ........................................ 53

Tabela 9 - Artigos e variáveis dos modelos de regressão ..................................................................... 56

Tabela 10 - Artigos e variáveis dos modelos de série temporal ........................................................... 58

Tabela 11 - Artigos e variáveis dos modelos de rede neural artificial .................................................. 59

Tabela 12 - Artigos e variáveis dos modelos de programação linear e eventos discretos .................... 60

Tabela 13- Artigos e variáveis da teoria de leilão ................................................................................. 60

Tabela 14- Apresentação dos métodos, artigos e variáveis ................................................................. 61

Tabela 15- Comparação entre teoria de Lancaster e clássica............................................................... 81

Tabela 16- Forma funcional hedônica mais utilizada ........................................................................... 88

Tabela 17- Variáveis independentes da pesquisa ................................................................................ 93

Tabela 18- Ajuste geral do modelo ...................................................................................................... 98

Tabela 19- Resultados da análise de variância (ANOVA) da regressão ................................................ 99

Tabela 20- Resumo da Correlação de Pearson ................................................................................... 100

Tabela 21- Resultados da regressão múltipla ..................................................................................... 102

Tabela 22- Estatística descritiva das variáveis independentes ........................................................... 107

Tabela 23- Conclusão dos pressupostos do modelo de regressão ..................................................... 110

Tabela 24- Valores calculados para os coeficientes normalizados ..................................................... 112

Tabela 25- Cálculo da importância relativa ........................................................................................ 122

Tabela 26- Indicadores de previsão do modelo ................................................................................. 124

Tabela 27- Previsão CVH versos previsão hedonica............................................................................125

Tabela 28- Combinações de palavras-chave e seus resultados nas bases .......................................... 145

Tabela 29- Autores das referências do repositório C ......................................................................... 146

Tabela 30- Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês ......................... 150

Tabela 31- Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês ..................... 158

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1.1. Objetivos da Pesquisa .......................................................................................................... 16

1.1.1. Objetivo Geral ........................................................................................................................ 16

1.1.2. Objetivos Específicos ............................................................................................................ 17

1.2. Estrutura do Trabalho ........................................................................................................... 17

2. METODOLOGIA .................................................................................................................... 18

2.1. Enquadramento Metodológico ............................................................................................. 18

2.2. Procedimento da Revisão Sistemática da Literatura ........................................................ 21

2.3. Modelagem ............................................................................................................................. 25

2.4. Síntese da Metodologia de Pesquisa ................................................................................. 27

3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 29

3.1. Portfólio Bibliográfico ............................................................................................................ 29

3.2. Análise Bibliométrica ............................................................................................................. 35

3.3. Análise Sistêmica .................................................................................................................. 44

3.4. Lacuna e Pergunta de Pesquisa ......................................................................................... 69

3.5. Síntese da Revisão da Literatura ........................................................................................ 70

4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 71

4.1. Conceitos de leilões .............................................................................................................. 71

4.2. Histórico dos Leilões e Mercado Mundial de Flores ......................................................... 72

4.3. Cooperativa Veiling Holambra (CVH) ................................................................................. 74

4.4. A Teoria Clássica e a Abordagem dos Atributos ............................................................... 81

4.5. Modelos Econométricos ....................................................................................................... 84

4.6. Modelo Hedônico ................................................................................................................... 85

4.7. Síntese do Referencial Teórico ........................................................................................... 91

5. MODELO HEDÔNICO PARA LEILÃO REVERSO DE FLORES .................................. 92

5.1. Formulação do Modelo Teórico ........................................................................................... 92

5.2. Coleta de Dados .................................................................................................................... 96

5.3. Estimação do Modelo de Preço Hedônico ......................................................................... 96

5.4. Transformação dos Coeficientes do Modelo ................................................................... 106

5.5. Síntese do Modelo Hedônico para Leilão Reverso de Flores ....................................... 110

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 112

6.1. Resultados da Modelagem ................................................................................................. 112

6.2. Resultados da Previsão ...................................................................................................... 123

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6.3. Comparação entre modelos. .............................................................................................. 125

6.4. Síntese dos Resultados ...................................................................................................... 126

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES .............................................................. 127

7.1. Limitações do Trabalho....................................................................................................... 129

7.2. Pesquisas Futuras ............................................................................................................... 130

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 132

APÊNDICE ....................................................................................................................................... 139

ANEXO A ......................................................................................................................................... 145

ANEXO B ......................................................................................................................................... 163

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15

1. INTRODUÇÃO

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR), o

mercado de flores apresentou aumento em todos os indicadores no ano de 2014

(IBRAFLOR, 2015). O maior crescimento foi observado no faturamento anual por

ponto de venda, que teve um incremento de 8,02% em relação ao ano anterior.

A Cooperativa Veiling Holambra (CVH), fundada em 12 de junho de 2001,

é hoje o maior centro de comercialização de flores e plantas ornamentais da América

Latina, negociando por volta de 48,77% das flores nacionais (SILVA; DUARTE;

SANTOS, 2015). Seu principal canal de comercialização é o leilão reverso ou klok,

como é mais conhecido. Este sistema representa aproximadamente 55% de todas as

vendas (SILVA; DUARTE; SANTOS, 2015). Dentro deste cenário, o klok é um

mecanismo respeitável de regulação de mercado, possuindo um papel importante na

gestão de preços. No entanto, os produtores que fazem uso desse mecanismo

possuem grande dificuldade em prever os preços de seus produtos (isto porque

nenhuma ferramenta analítica está disponível para eles).

Apesar da importância do processo de formação de preço em leilão reverso

para flores por meio de um klok, na revisão sistemática da literatura realizada neste

trabalho (disponível na Seção 3), notou-se a existência de poucos estudos na área

(apenas dois artigos possuem ligação direta com o tema). Din, Slutsky e Steinmetz

(2011) estudam as mudanças de preço causadas pela qualidade de flores e pela

reputação do produtor, enquanto Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) apresentam

uma aplicação em preços de cafés especiais, utilizando o leilão inglês eletrônico como

mecanismo de venda.

A percepção desta lacuna de aplicação de métodos analíticos para

previsão de preços no âmbito mundial em leilões reversos define a proposta que será

trabalhada nesta pesquisa. Visa-se contribuir com o desenvolvimento e com a

aplicação de processos de previsão de preços, introduzindo métodos científicos no

contexto do leilão reverso de flores, demonstrando a originalidade deste estudo.

Acredita-se que o setor poderá se beneficiar grandemente com a utilização de

métodos analíticos sofisticados, ficando menos dependente de abordagens baseadas

em “análise intuitiva” somente.

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16

De forma mais específica, o resultado deste trabalho fornecerá um

mecanismo que apresenta as características mais apreciadas pelos compradores em

termos de preço, bem como o peso relativo que cada produtor terá sobre os preços.

Esse peso refere-se à reputação que o produtor constrói ao longo do tempo.

Para tanto, um estudo empírico, visando realizar uma prova de conceito,

será realizado junto à CVH, pois esta cooperativa é o maior centro de comercialização

de plantas ornamentais da América do Sul. Sendo assim, além da contribuição para a

literatura, a CVH também poderá se beneficiar desse estudo, pois terá disponível para

si um modelo de previsão de preços. O modelo ajudará a validar se os seus critérios

de qualidade refletem todas as características percebidas pelos clientes, ajudando na

previsão de preços para cenários futuros.

Neste contexto, este trabalho visa responder à seguinte pergunta de

pesquisa: Qual a relação entre as características intrínsecas do produto e seus

preços em leilão reverso de flores?

Como suporte do estudo para responder a esta questão, será utilizada a

hipótese a seguir:

Hipótese: os preços de flores ornamentais podem ser bem previstos por

meio de métodos hedônicos que se baseiam nas características intrínsecas dos

produtos.

Acredita-se que métodos hedônicos de previsão podem contribuir para

diminuir esta lacuna de pesquisa, conforme demonstrado pelos trabalhos de Resende

e Scarpel (2009); Fávero, Belfiore e Lima (2008); Fávero e Luppe (2006); Luppe e

Angelo (2005); Kleijnen e Schaik (2011); Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) para

outros contextos industriais.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é descrito a seguir.

1.1. Objetivos da Pesquisa

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho é propor um processo que auxilie na

determinação empírica do valor e da importância relativa das características de flores

em leilões reversos, utilizando-se de abordagens inspiradas no método conhecido

como preço hedônico. Para tanto, após o estudo teórico visando modelar a relação

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17

causal “características-preços”, a CVH e o produto orquídea foram selecionados para

um estudo empírico pretendendo-se o desenvolvimento de um caso de prova de

conceito. Tanto a organização quanto os produtos selecionados possuem elevada

importância comercial.

1.1.2. Objetivos Específicos

Aprimorar o processo de previsão de preços, introduzindo métodos

científicos na previsão de leilões reversos;

Contribuir com o processo de decisão dos produtores com relação às

características dos produtos que mais são valorizadas pelos clientes;

Contribuir com a literatura, fornecendo uma aplicação inédita do modelo de

preço hedônico no contexto de leilões reversos de flores;

Contribuir com o processo de precificação de flores da CVH, a qual foi

selecionada para a parte empírica deste estudo.

1.2. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está organizado em outras 6 seções, além desta

introdução. Na Seção 2 abordam-se as bases metodológicas do trabalho, incluindo

toda a metodologia de revisão sistemática da literatura e o processo de modelagem.

A Seção 3 apresenta o portfólio bibliográfico resultante da revisão sistemática da

literatura, bem como as análises bibliométrica e sistêmica dos artigos, finalizando com

a pergunta de pesquisa oriunda das lacunas da literatura. Na Seção 4 são fornecidas

as bases teóricas e conceituais sobre leilões e modelos de previsão de preços

aplicados a eles, além de um breve relato do histórico dos leilões reversos e o

mercado mundial de flores, incluindo o leilão reverso da CVH. Também é apresentado

o produto típico selecionado junto à cooperativa (a orquídea), o qual será utilizado

durante a modelagem da prova de conceito. A Seção 5 exibe o processo de

modelagem hedônica para o leilão reverso, incluindo sua validação estatística. A

Seção 6 exibe os resultados da prova de conceito bem como uma comparação entre

as previsões. A seção 7 trata das conclusões do trabalho, suas limitações e

possibilidade de desdobramento em novas pesquisas.

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18

2. METODOLOGIA

Neste tópico serão apresentados os aspectos metodológicos do trabalho.

Metodologia pode ser definida como estudo do caminho. Gil (2008) define método

como “o caminho para se chegar a um determinado fim”, e método científico como “o

conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o

conhecimento”. Resumidamente, a finalidade da pesquisa científica é responder a

questões por intermédio de hipóteses, que são pontes entre a observação da

realidade e a teoria científica (MARCONI; LAKATOS, 2010).

2.1. Enquadramento Metodológico

O enquadramento metodológico do trabalho foi realizado conforme

proposto por Tasca et al. (2010), e descrito na Figura 1. Deste modo, quanto à

natureza do objetivo, o trabalho classifica-se como predominantemente exploratório.

Para Gil (2010) a pesquisa exploratória tem como objetivo principal proporcionar maior

familiaridade com o tema estudado, visando torná-lo mais explícito ou construir

hipóteses, permitindo que as características do fenômeno sejam compreensíveis,

podendo, ainda, determinar a natureza das relações entre as variáveis deste

fenômeno.

Quanto à natureza da pesquisa, esta se revela um estudo teórico, uma vez

que a pesquisa busca a reflexão sobre um problema e a construção de um referencial

teórico estruturado, envolvendo uma área de pesquisa, seguida de aplicação dos

conceitos, que culmina com a aplicação de um modelo de previsão, que será testado

mediante uma prova de conceito (FERREIRA; YOSHIDA, 2004).

Essa pesquisa enquadra-se como indutiva quanto à sua lógica, pois segue

os principais fundamentos determinados por Marconi e Lakatos (2008), que são a

observação dos fenômenos e a descoberta da relação entre eles. O método indutivo

caminha de fatos singulares ou menos gerais para chegar a uma conclusão

desdobrada ou ampliada, que pode ser generalizada (RUIZ, 2002).

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19

Figura 1- Enquadramento metodológico.

Fonte: Adaptado de Tasca et al. (2010, p. 635).

Enquadramento metodológico

Objetivo da pesquisa

Natureza do objetivo

Exploratória

Descritiva

Explanatória

Instrumental

Natureza da pesquisa

Teórica

Conceitual

Ilustrativa

Conceitual aplicada

Prática

Estudo de caso

Survey

Experimental

Prova de Conceito

Lógica da pesquisa

Dedutiva

Indutiva

Processo da pesquisa

Coleta de dados

Dados Primários

Dados Secundários

Abordagem do problema

Qualitativa

Quantitativa

Resultado da pesquisa

Básico

Aplicado

Procedimentostécnicos

Pesquisabibliográfica

Pesquisadocumental

PesquisaInstrumental

Levantamento

Estudo de caso

Expost-facto

Pesquisa ação

Pesquisaparticipante

Instrumentos

ProKnow-C

Preçohedônico

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20

O processo da pesquisa, com relação à coleta de dados, será realizado por

meio de dados secundários referentes às características intrínsecas da orquídea, mais

os preços destes produtos no leilão da CVH. Os dados serão coletados das

características da cultura, e seguirão o critério de qualidade estabelecido pela CVH e

adotado pelo IBRAFLOR. Os preços e os dados das características dos produtos virão

do histórico dos leilões da CVH, servindo de base para a modelagem hedônica,

conforme proposto por Rosen (1974).

Rosen (1974) apresenta o fundamento da modelagem hedônica, a qual é

apontada pela literatura como sendo um método poderoso para este contexto

(conforme descrito na Seção 3). Dado isto, o estudo se caracteriza como uma

pesquisa quantitativa, pois serão empregados métodos estatísticos como regressão

múltipla. Para Miguel et al. (2012), a abordagem quantitativa permite a mensuração

das variáveis e da evidência de seu comportamento, possibilitando a compreensão

dos fatos para geração de conhecimento.

A classificação quanto ao resultado da pesquisa é aplicada, pois o modelo

de preço hedônico fornecerá um instrumento de previsão de preços que auxiliará os

produtores na tomada de decisão, provendo conhecimento acerca das preferências

do mercado. Assim, o modelo poderá ser utilizado pelos produtores para determinar

quais características do produto devem ser melhoradas para que sua formação de

preço seja ampliada.

Quanto aos procedimentos técnicos, o trabalho enquadra-se como uma

pesquisa bibliográfica, pois será utilizado um processo de análise de referencial

teórico, com o intuito de avaliar o atual estado da arte sobre o tema da pesquisa,

auxiliando na definição de estratégias e de métodos para solução da problemática do

caso real. A pesquisa também é classificada como pesquisa instrumental. A proposta

de desenvolver um modelo de previsão aplicado faz uso das premissas básicas da

pesquisa dita “instrumental”, a qual e recomendada para o campo de pesquisas

aplicadas (MARTEL, 1986; MATTESSICH, 1978). Este tipo de pesquisa (...)

“refere-se às atividades criativas metodológicas que visam a criação de um

instrumento visando dar suporte às organizações na realização de suas

finalidades. Esses instrumentos incluem sistemas, métodos, modelos, bem

como componentes desses instrumentos, e as ferramentas necessárias para

inventa-los” (MARTEL, 1986).

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21

No presente caso, o instrumento proposto refere-se a um novo modelo de

previsão de preços em função das características do produto orquídea, baseado no

método de preço hedônico. Na expectativa de produzir esse instrumento, utilizam-se

basicamente métodos de síntese e de análise. Normalmente, a pesquisa instrumental

faz uso de uma fase dita criativa - chamada de “inteligência” por Martel (1986) -, na

qual o instrumento e desenvolvido. Após tal etapa, da-se sequência a outra, visando

à validação do instrumento criado. Assim, neste trabalho, alguns testes do modelo

proposto foram realizados. No entanto, como a validação foi apenas preliminar e não

realizada de forma extensiva, i.e., em diversas situações distintas que permitem uma

eventual generalização, esse trabalho também apresenta características de pesquisa

exploratória. Os testes preliminares serão realizados através da abordagem de “prova

de conceito”.

Para instrumento de pesquisa será empregado o ProKnow-C. Como um

processo de revisão sistemática da literatura, sua contribuição será a definição de

procedimentos para alcançar o conhecimento necessário referente ao estado da arte

do tema. A escolha do Proknow-C deu-se devido à sua estruturação para se chegar

ao estado da arte do tema em foco. Esse instrumento proporcionou a escolha da

abordagem mais adequada para tratar o problema estudado.

2.2. Procedimento da Revisão Sistemática da Literatura

A revisão sistemática da literatura teve seu início na área da saúde. Apenas

recentemente, com o estudo de Tranfield, Denyer e Smart (2003) que passou a ser

aplicada nas áreas das ciências sociais e engenharias. Esta aplicação deu-se

mediante a formalização de procedimentos a serem seguidos para, de forma

pragmática, obter um relatório contendo a sistematização da literatura. Com este

propósito, a presente pesquisa se utilizará do método Proknow-C (Knowledge

Development Process – Constructivist), que foi desenvolvido pelo LabMCDA

(Laboratório de Metodologias Multicritério em Apoio à Decisão), pertencente à

Universidade Federal de Santa Catarina. A aplicação deste procedimento em detalhes

objetiva proporcionar o conhecimento do estado da arte e as principais lacunas de

pesquisa sobre o tema estudado. Assim, o Proknow-C apresenta um protocolo para

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22

chegar à revisão sistemática da literatura (BORTOLUZZI et al., 2011; LACERTA;

ENSSLIN; ENSSLIN, 2011; TASCA et al., 2010).

2.2.1. Seleção do Portfólio Bibliográfico

O ProKnow-C segue quatro fases, explicitadas na Figura 2. São elas:

Seleção do portfólio bibliográfico;

Análise bibliométrica;

Análise sistêmica;

Pergunta de pesquisa.

Figura 2 - Etapas do ProKnow-C.

Fonte: Adaptado de Bortoluzzi et al., 2011; Lacerda; Ensslin; Ensslin, 2011; TASCA et al., 2010.

O portfólio bibliográfico é um conjunto de publicações com reconhecimento

e destaque científico, contendo título, resumo e conteúdo completo, alinhados com o

tema da pesquisa definido pelo pesquisador (LACERDA; ENSSLIN; ENSSLIN, 2011).

O objetivo do portfólio é, portanto, identificar um conjunto de artigos voltados ao tema

da pesquisa em questão.

O processo de seleção de portfólio é dividido em três etapas:

Seleção do banco de artigos brutos;

Filtragem do banco de artigos;

Teste de representatividade do portfólio bibliográfico.

A seleção do banco de dados de artigos brutos começa pela definição dos

eixos de pesquisa, que reflete, no sentido mais amplo, o desejo do pesquisador em

conhecer o seu assunto de pesquisa. Esses eixos nortearão a escolha das palavras-

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chave, a definição dos bancos de dados, a busca dos artigos nos bancos de dados e

o teste de aderência das palavras-chave. Esta seleção deverá compor um banco de

dados final, que segue o fluxo detalhado na Figura 27, presente no Anexo B.

Para a escolha do banco de artigos, são aplicados diversos filtros,

pretendendo-se obter a seleção de artigos brutos, descrita anteriormente, de forma

que, ao final, reste um portfólio bibliográfico reduzido de artigos (os autores sugerem

em torno de 40 artigos primários). Para isto, é realizado um filtro quanto à redundância,

com a ajuda do gerenciador de referências Endnote (2015); um filtro do banco de

artigos brutos não repetidos quanto ao alinhamento do título, que consiste na leitura

de todos os títulos para verificação do seu alinhamento com o tema de pesquisa; um

filtro do banco de artigos brutos não repetidos e com título quanto ao reconhecimento

científico, que consiste na leitura dos resumos e na classificação quanto ao número

de citações de cada obra selecionada; um filtro quanto ao alinhamento do artigo na

íntegra, o qual consiste na leitura integral dos artigos finais. Esses filtros estão

detalhados nas Figuras 28, 29 e 30, também presentes no Anexo B.

O teste de representatividade do portfólio consiste em determinar o número

de citações de cada artigo primário do portfólio bibliográfico, ordenando esses artigos

decrescentemente pelo número de citações obtidas no Google Acadêmico (2015),

pela verificação da consistência dos artigos que contêm 80% das citações com as

referências mais citadas e, por fim, pela seleção do portfólio bibliográfico final.

Igualmente, o processo segue o fluxo detalhado na Figura 30 do Anexo B.

Ao final da seleção do portfólio bibliográfico, são obtidos os artigos que

representam o estado da arte no tema de pesquisa no meio científico. Contudo, isto

não implica dizer que o pesquisador já conhece o estado da arte, mas, sim, que ele

está disponível para análise, conforme será descrito adiante.

Análise bibliométrica

A análise bibliométrica objetiva a contagem de documentos, sua

evidenciação por meio de dados estatísticos de um portfólio bibliométrico para a

gestão da informação, bem como do conhecimento científico de um determinado

assunto (BORTOLUZZI et al., 2011; LACERDA; ENSSLIN; ENSSLIN, 2011; TASCA

et al., 2010). A análise bibliométrica no Proknow-C é realizada em três etapas:

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24

Análise dos artigos do portfólio bibliográfico;

Análise das referências bibliométricas dos artigos do portfólio bibliográfico;

Análise dos artigos do portfólio bibliográfico juntamente com suas referências

bibliométricas.

Cada aspecto da análise bibliométrica busca revelar as características do

portfólio bibliográfico, sendo:

Estimar o grau de relevância de periódicos;

Estimar o reconhecimento científico dos artigos;

Estimar o grau de relevância dos autores.

Desta maneira, o Proknow-C tem como saída da sua análise bibliométrica

os principais autores e periódicos do tema de pesquisa.

Análise sistemática

O processo de análise sistemática da literatura no Proknow-C é descrito a

partir de uma visão de mundo (filiação teórica), definida e explicitada por seis lentes:

(i) Abordagem, (ii) Singularidade, (iii) Identificação dos critérios de avaliação, (iv)

Mensuração, (v) Integração das escalas e (vi) Gestão. Todos os artigos do portfólio

passaram por essas lentes e, ao final, foram estabelecidos os destaques de cada lente

e as oportunidades (carências) de conhecimento encontrados na amostra

(BORTOLUZZI et al., 2011; LACERDA; ENSSLIN; ENSSLIN, 2011; TASCA et al.,

2010).

As lentes e as perguntas do Proknow-C foram definidas no contexto de

avaliação de desempenho (CHAVES; ENSSLIN; ENSSLIN, 2012; KNOFF et al., 2014;

LACERDA; ENSSLIN; ENSSLIN, 2012). Assim sendo, as lentes e as perguntas foram

alinhadas aos eixos de pesquisa deste trabalho, visando maior adequação e qualidade

da análise sistêmica. A Tabela 1 explicita cada lente e define o que será avaliado em

cada artigo do portfólio bibliográfico.

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25

Tabela 1 - Lentes utilizadas durante a análise sistêmica

# Lente O que busca

1 Abordagem Objetivo do artigo (sua pergunta de pesquisa e/ou hipótese).

2 Aplicação Qual o ambiente e o contexto de aplicação.

3 Quadros conceituais

Quais as teorias utilizadas para a construção do modelo. Qual metodologia foi utilizada para construção do modelo

(revisão da literatura, consulta a especialistas, questionário, não explicam como chegaram ao modelo).

4 Mensuração/características

do produto

Quais as variáveis do modelo e/ou as características do produto. Se utiliza o primeiro estágio de Rosen

(característica do produto versos Preço). Se utiliza o segundo estágio de Rosen (característica do

produto mais atributos da demanda e oferta versos preço)

5 Contribuições Quais as contribuições da aplicação do modelo, e/ou conclusões do artigo.

Fonte: Adaptado de Bortoluzzi et al., 2011; Lacerda; Ensslin; Ensslin, 2011; Tasca et al., 2010.

Os destaques e as oportunidades de cada lente apresentam o estado da

arte do tema em foco, satisfazendo o pesquisador e contribuindo para a ampliação do

conhecimento em dada área de pesquisa.

Pergunta de pesquisa

A pergunta de pesquisa, na aplicação do Proknow-C, surge de lacunas ou

de oportunidades encontradas no portfólio bibliográfico, com a análise sistêmica da

literatura, e abre a possibilidade para novos objetivos de pesquisa, expandindo, assim,

o conhecimento.

2.3. Modelagem

A modelagem de preços é um ramo dos estudos econométricos que visa

entender a relação entre variáveis econômicas, utilizando modelos matemáticos e

estatísticos. A técnica de modelagem mais adequada para a resolução do problema

desta pesquisa é a modelagem de preço hedônico. Tal técnica econométrica foi

escolhida devido à sua capacidade de atribuir pesos relativos a cada característica do

produto, conforme demonstrada ao longo dos anos em diversas mercadorias, como:

automóveis, imóveis, vinhos, mexilhões e cafés (RESENDE; SCARPEL, 2009;

FÁVERO; BELFIORE; LIMA, 2008; FÁVERO; LUPPE, 2006; LUPPE; ANGELO, 2005;

KLEIJNEN; SCHAIK, 2011; DONNET; WEATHERSPOON; HOEHN, 2008). Esta

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26

escolha foi validada pela revisão da literatura (a ser apresentada na Seção 3 deste

trabalho), que apresenta uma lacuna na definição dos pesos relativos de produtos na

formação de preço em leilões reversos no âmbito mundial.

O procedimento de modelagem econométrica desse trabalho foi definido

conforme proposto por Brooks (2008). Sua escolha deu-se em função do alinhamento

com a revisão da literatura anterior. Assim, os procedimentos de revisão sistemática

da literatura e de modelagem apresentarão coesão com o objetivo do estudo. O

procedimento pode ser visto na Figura 3.

Figura 3- Passos para concepção de um modelo econométrico. Fonte: Adaptado de Brooks (2008, p.9).

Inicia-se a construção do modelo de previsão pela revisão da literatura, a

fim de serem encontradas as teorias de suporte sobre o problema no qual se deseja

melhor entendimento. Esta etapa foi realizada pela aplicação do procedimento

Procknow-C, que indicou a teoria de preço hedônico como sendo de grande potencial.

A segunda etapa do procedimento consiste na formulação do modelo

teórico, que ocorre, conforme postulado na teoria de preço hedônico, por meio de uma

regressão múltipla, a qual evidencia a associação entre as variáveis binárias

independentes e o preço médio do produto no leilão da CVH.

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27

Hair et al. (2009) define que a elaboração da regressão múltipla deve

começar pela preparação da matriz de correlação entre todas as variáveis que

compõem o modelo. Na sequência, o autor propõe a definição do objetivo do modelo,

que pode ser de explicação do fenômeno (definição de quais fatores mais contribuem

para a flutuação da variável independente) ou de previsão do fenômeno, que consiste

na criação de um modelo de previsão para a variável independente. Neste caso,

poderá ser utilizado o procedimento stepwise, que visa acrescentar as variáveis

dependentes, uma a uma, de forma a se obter o maior poder de previsão do modelo,

garantindo, assim, um modelo robusto tanto para a explicitação quanto para a

previsão do fenômeno.

A terceira etapa diz respeito à coleta de dados, a qual será desenvolvida

utilizando as características dos produtos e os dados dos preços no leilão da

cooperativa. Conforme indicado anteriormente, a CVH possui um terreno de pesquisa

adequado, pois: constitui o mais importante ambiente comercial de flores da América

Latina; faz uso do mecanismo de leilão reverso do tipo klok; e possui um banco de

dados com diversas informações pertinentes.

A estimação do modelo será realizada com apoio do software IBM SPSS

(Statistical Package for Social Science) versão 21.0 (SPSS, 2012). A avaliação

estatística do modelo determina quais premissas foram necessárias para estimar os

parâmetros do modelo: se o modelo descreve adequadamente a situação real, inicia-

se a interpretação do modelo; caso contrário, reformula-se o modelo, selecionando

mais dados ou alterando-se a técnica de estimação, para que o modelo produza os

resultados mais condizentes com a realidade. Por fim, a partir da perspectiva teórica,

realiza-se a verificação dos resultados, se estes estão alinhados com a teoria

levantada, com relação à estimação e sinais dos parâmetros, e com sua lógica. Em

caso afirmativo, o modelo poderá ser utilizado para análise, previsão e auxílio na

tomada de decisão.

2.4. Síntese da Metodologia de Pesquisa

Este capítulo proporcionou a definição metodológica necessária para a

obtenção do resultado da pesquisa, da seguinte forma:

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28

O trabalho enquadra-se como exploratório e instrumental, uma vez que visa

descobrir a importância relativa entre as características do produto e o seu

preço num ambiente de leilão reverso, por meio de um instrumento de

modelagem matemática;

A pesquisa utilizará a metodologia Proknow-C como procedimento para

encontrar a atual fronteira do conhecimento neste tema, e o modelo de

preço hedônico para solução da questão de pesquisa;

A próxima seção tem como objetivo apresentar a revisão da literatura sobre

os eixos de pesquisa deste trabalho e detalhar os procedimentos envolvidos em todas

as etapas do ProKnow-C, bem como apresentar os resultados da sua utilização.

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29

3. REVISÃO DA LITERATURA

O objetivo deste capítulo é explicitar os principais trabalhos publicados na

literatura científica sobre leilões e modelos de previsão de preços aplicados a leilões.

Para isto, faz-se necessário fornecer, primeiramente, os resultados teóricos da

aplicação do processo Proknow-C, que consiste nas seguintes fases: seleção do

portfólio bibliográfico, análise bibliométrica, análise sistemática, e pergunta de

pesquisa.

3.1. Portfólio Bibliográfico

O processo de seleção do portfólio bibliográfico será apresentado de

acordo com as três etapas do Procknow –C:

A. Seleção do banco de artigos brutos;

B. Filtragem do banco de artigos;

C. Teste de representatividade do portfólio bibliográfico.

A saída desse processo apresentará o portfólio bibliográfico utilizado neste

trabalho.

A. Seleção do Banco de Artigos Brutos

Inicia-se o processo de seleção do banco de artigos brutos com a definição

dos eixos de pesquisa, que devem refletir de maneira ampla o assunto a ser

pesquisado. Os eixos de pesquisa definidos neste trabalho foram:

Leilão reverso;

Previsão de preços.

Com os eixos definidos, foram escolhidas 16 palavras-chave relacionadas

com os eixos de pesquisa:

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30

Dutch flower auction;

Auction;

Dutch flower auctions;

Auctions;

Hedonic price;

Hedonic model;

Auction Theory;

Price auction;

Forecast auction;

Price forecast;

Hedonic analysis;

Price determination;

Regression analysis;

Hedonic regression;

Flower auction;

Dutch auction;

A definição das palavras-chave precede a seleção dos bancos de dados a

serem pesquisados. Foram escolhidos o Portal de Periódicos da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Scopus e Web of Science

como bases a serem pesquisadas.

A partir dessa seleção, foi definido um filtro temporal nas bases escolhidas,

em que foram selecionados apenas artigos a partir de 2004. A busca utilizou os

campos título (article title), resumo (abstract) e palavras-chave (keywords). Como

resultado dessa busca foram selecionados 42.555 artigos, que foram exportados para

a ferramenta EndNote (2015), na qual povoaram uma biblioteca virtual de referências.

Com a biblioteca virtual do EndNote (2015) criada, foi, então, realizada uma

leitura superficial dos títulos para serem encontrados dois artigos que estivessem

alinhados com o tema da pesquisa. Este processo teve o objetivo de verificar a

aderência das palavras-chave definida. As palavras encontradas nos artigos

coincidiram com as buscadas, o que valida as palavras definidas.

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Por fim, concluiu-se o processo de seleção de banco de dados de artigos

brutos, com 42.555 artigos, que estão disponíveis na Tabela 27 por grupo de palavra-

chave e banco de dados pesquisado.

B. Filtragem do Banco de Artigos Brutos

Utilizando a ferramenta “Encontrar duplicações” do EndNote (2015), foi

possível realizar o primeiro filtro do ProKnow-C, tendo sido encontrados 31.595 artigos

duplicados no banco de dados bruto, reduzindo seu tamanho (de 42.555 para 10.960

artigos brutos não repetidos).

O segundo filtro baseou-se na leitura dos títulos dos artigos brutos não

repetidos. Essa leitura visa garantir que o pesquisador identifique os artigos que

estejam alinhados com o seu tema de pesquisa. Para tanto, é necessário descobrir se

o artigo contém pelo menos um dos seguintes tópicos:

Metodologia ou método de previsão de preços aplicado ao contexto de

leilões;

Explicitação ou conceituação de previsão em leilões;

Estudo de caso abordando os eixos de pesquisa supracitados, como

leilão reverso ou previsão de preços.

Após a aplicação do segundo filtro, restaram 242 artigos alinhados com o

tema.

O terceiro filtro consistiu em descobrir o reconhecimento científico de cada

um dos 242 artigos. Para isto, utilizou-se o Google Acadêmico (2015), com a finalidade

de ser levantado o número de citações de cada artigo. Com o número de citações dos

242 artigos, foram então classificados os artigos, do mais citado para o menos citado,

somadas todas as citações, e encontrado o número de citações, o que correspondeu

a 80% do total, conforme definido pelo Proknow-C. A partir deste número, foram

classificados os artigos mais citados, até chegar ao somatório de 80% das citações.

Os 242 artigos foram divididos em dois repositórios: o primeiro chamado de repositório

A, contendo 60 artigos (80% das citações); e, o segundo, repositório B, com 182

artigos (20% das citações). Ambos os repositórios não possuem artigos repetidos e

seu reconhecimento científico ainda não está comprovado.

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32

A partir daí, foram lidos os resumos do repositório A, que contém 60 artigos,

com o objetivo de serem encontrados artigos alinhados com o tema de pesquisa. Esse

repositório contribuiu com 20 artigos que estão alinhados com o tema, e que povoaram

o repositório C, cujos autores do repositório C foram organizados para análise

posterior.

Para o repositório B, contendo 182 artigos, foram separados os artigos

publicados de 2010 a 2014, pois se entende que esses artigos ainda não tiveram

tempo hábil para terem um número elevado de citações, e sua exclusão poderia ser

indevida. Após a análise deles, foram selecionados 7 artigos que têm alinhamento

com o tema. Tais artigos foram acrescentados ao repositório C, que, agora, conta com

27 artigos alinhados com o tema de pesquisa. Os autores do repositório C foram

confrontados com o repositório B (que, neste momento, contém 175 artigos).

Encontraram-se 7 artigos que contêm os autores do repositório C. Destes 7, foram

acrescentados ao repositório C outros 2 artigos que possuem autores do repositório

C e que estão alinhados com o tema e com os eixos de pesquisa citados acima.

O último filtro do Proknow-C consiste na leitura integral dos artigos do

repositório C. Essa leitura confirmou que a totalidade dos artigos classificados para

esse repositório estão alinhados com o tema de pesquisa. Deste modo, os 29 artigos

do repositório C passaram, posteriormente, pelo teste de representatividade.

C. Teste de Representatividade do Portfólio

O teste de representatividade tem o objetivo de incorporar no portfólio

bibliográfico trabalhos que não foram selecionados nas etapas anteriores, e verificar

a representatividade deles no portfólio bibliográfico. Sendo o repositório C composto

por 29 artigos, houve um levantamento de todas as referências bibliográficas, que,

juntas, somaram 810 referências. Elas foram, então, filtradas pelo período de 2004 a

2014, somando 241 referências. Após o primeiro filtro, foram retiradas aquelas que

não pertenciam a periódicos, o que culminou em 158 referências do repositório C.

Posteriormente, foram classificadas quanto ao número de citações semelhantes às

realizadas na filtragem do banco de artigos brutos, definindo um grupo que contém

80% de todas as citações das referências do repositório C. Foi verificado que o grupo

de referências que representa 80% das citações não contém os artigos do repositório

C. Porém, dos 29 artigos primários do repositório C, 10 são citados nas referências

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33

do repositório que representa 20% das citações, incluindo artigos que são citados 3

vezes, como Carare e Rothkopf (2005), e Katok e Kwasnica (2008).

Assim, notou-se, pelo número de citações, que a problemática abordada

não possui uma ampla representatividade no meio acadêmico. O motivo para isto

pode ser a especificidade da pesquisa e a escassez de trabalhos publicados sobre

leilão de flores e métodos de previsão de preços conforme apresentado na seção

inicial deste trabalho. Deste modo, o repositório foi validado, após a leitura integral

dos 158 títulos das referências do portfólio C, para verificar se existia algum artigo que

pudesse ser incorporado ao portfólio bibliográfico, não tendo sido encontrado nenhum.

Validou-se, então, o portfólio bibliográfico, composto por 29 artigos. O portfólio está

ordenado pelo número de citações, disponível na Tabela 2.

Tabela 2 - Portfólio bibliográfico

(Continua)

# Artigo Citações

1 WERON, R.; MISIOREK, A. Forecasting spot electricity prices: A comparison of parametric and semiparametric time series models. International Journal of Forecasting, v. 24, p. 744–763, 2008.

133

2 BAPNA, R.; JANK, W.; SHMUELI, G. Price formation and its dynamics in online auctions. Decision Support Systems, v. 44, p. 641–656, 2008.

99

3 WAGNER, S. M.; SCHWAB, A. P. Setting the stage for successful electronic reverse auctions. Journal of Purchasing and Supply Management, v. 10, p. 11–26, 2004.

92

4 DALY, S. P.; NATH, P. Reverse auctions for relationship marketers. Industrial Marketing Management, v. 34, p. 157–166, 2005.

77

5 SELIM, H. Determinants of house prices in Turkey: Hedonic regression versus artificial neural network. Expert Systems with Applications, v. 36, p. 2843–2852,

2009.

66

6 VISIT, L.; CHRISTOPHER, G.; MINSOO, L. House Price Prediction: Hedonic Price Model vs. Artificial Neural Network. American Journal of Applied Sciences, v. 1, p.

193, 2004.

63

7 KATOK, E.; ROTH, A. E. Auctions of Homogeneous Goods with Increasing Returns: Experimental Comparison of Alternative ”Dutch” Auctions. Management Science, v.

50, n. 8, p. 1044–1063, ago. 2004.

60

8 KATOK, E.; KWASNICA, A. M. Time is money: The effect of clock speed on seller’s revenue in Dutch auctions. Experimental Economics, v. 11, p. 344–357, 2008.

58

9 STEVENSON, S. New empirical evidence on heteroscedasticity in hedonic housing models. Journal of Housing Economics, v. 13, p. 136–153, 2004.

56

10 CARARE, O.; ROTHKOPF, M. Slow Dutch auctions. Management Science, v. 51, p. 365–373, 2005.

50

11 SCHOENHERR, T.; MABERT, V. A. Online reverse auctions: Common myths versus evolving reality. Business Horizons, v. 50, p. 373–384, 2007.

50

12 TOMAT, G. M. Prices, product differentiation and quality measurement: A comparison between hedonic and matched model methods. Research in Economics, v. 60, p. 54–68, 2006.

50

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34

Tabela 2 - Portfólio bibliográfico (Conclusão)

# Artigo Citações

13 BAPNA, R.; CHANG, S. A.; GOES, P.; GUPTA, A. Overlapping online auctions: empirical characterizattion of bidder strategies and auction prices. Mis Quarterly, v. 33, p. 763–783, 2009.

48

14 HUR, D.; MABERT, V. A.; HARTLEY, J. L. Getting the most out of reverse e-auction investment. Omega, v. 35, n. 4, p. 403–416, ago. 2007.

33

15 MELESE, A. T.; HELMSING, A. H. J. Endogenisation or enclave formation? the development of the Ethiopian cut flower industry. Journal of Modern African Studies, v. 48, p. 35–66, 2010.

31

16 MISHRA, D.; PARKES, D. C. Multi-item Vickrey–Dutch auctions. Games and Economic Behavior, v. 66, n. 1, p. 326–347, maio 2009.

30

17 SILVER, M.; HERAVI, S. The difference between hedonic imputation indexes and time dummy hedonic indexes. Journal of Business and Economic Statistics, v. 25, p. 239–246, 2007.

28

18 DONNET, M. L.; WEATHERSPOON, D. D.; HOEHN, J. P. Price determinants in top-quality e-auctioned specialty coffees. Agricultural Economics, v. 38, p. 267–276, 2008.

19

19 POZZEBON, M.; HECK, E. V. Local adaptations of generic application systems: the case of Veiling Holambra in Brazil. Journal of Information Technology, v. 21, p. 73–85, 2006.

18

20 ZHANG, S.; JANK, W.; SHMUELI, G. Real-time forecasting of online auctions via functional K-nearest neighbors. International Journal of Forecasting, v. 26, p. 666–683, 2010.

18

21 CUNDEN, M.; HECK, E. VAN. Bargaining Power and Information Technology in African–European Business Relationships:Case of the dutch flower auctions. European Management Journal, v. 22, n. 5, p. 573–587, out. 2004.

12

22 LI, Z.; KUO, C. C. Revenue-maximizing Dutch auctions with discrete bid levels. European Journal of Operational Research, v. 215, n. 3, p. 721–729, maio 2011.

4

23 KLEIJNEN, J. P. C.; SCHAIK, F. D. J. V. Sealed-bid auction of Netherlands mussels: Statistical analysis. International Journal of Production Economics, v. 132, n. 1,

p. 154–161, jul. 2011.

3

24 STEEN, M. A world of flowers: Dutch flower auctions and the market for cur flowers. Journal of Applied Horticulture, v. 12, n. 2, 2010.

2

25 LU, Y.; KETTER, W.; DALEN, J. V.; GUPTA, A.; VAN HECK, E. An empirical model for multi-unit sequential dutch auctions: The dutch flower auctions case. Proceedings - 21st Workshop on Information Technologies and Systems, WITS

2011.

1

26 DIN, G. Y.; SLUTSKY, A.; STEINMETZ, Y. Modeling Influence of Product Quality and Grower Reputation on Prices in Dutch Flower Auctions. Journal of Service Science and Management, v. 4, p. 339, 2011.

0

27 DU, L.; XU, Y.; BIAN, N. Price formation and its dynamics in Dutch auctions. 2011 IEEE 18th International Conference on Industrial Engineering and Engineering Management, p. 2080–2083, set. 2011.

0

28 STEEN, M. Measuring Price–Quantity Relationships in the Dutch Flower Market. Journal of Agricultural and applied Economics, v. 2, n. May, p. 299–308, 2014.

0

29 CHANG, S. A. Multiple overlapping online auction market: Bidder strategic mixture analysis using entropy. Decision Support Systems, v. 64, p. 57–66, 2014.

0

Fonte: Dados da pesquisa.

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35

Uma vez conhecido o portfólio bibliográfico, finda-se a primeira etapa do

Proknow-C, e inicia-se a análise bibliométrica do portfólio, conforme demonstrado na

Figura 4, que apresenta o resumo detalhado das etapas do Proknow-C.

Figura 4 - Resumo das etapas do Proknow-C. Fonte: Adaptado de Bortoluzzi et al., 2011; Lacerda; Ensslin; Ensslin, 2011; Tasca et al., 2010.

3.2. Análise Bibliométrica

Na análise bibliométrica, serão considerados três aspectos do Proknow-C:

A. Análise dos artigos do portfólio bibliográfico;

B. Análise das referências bibliométricas dos artigos do portfólio

bibliográfico;

C. Análise dos artigos e das referências bibliográficas do portfólio

bibliográfico.

Os resultados apresentam o grau de relevância dos periódicos, o

reconhecimento científico dos artigos, o grau de relevância dos autores e, ao final,

apresentam os destaques do portfólio bibliográfico.

A seguir, encontram-se os aspectos e as respectivas descrições acerca de

suas abordagens.

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36

A. Análise dos artigos do portfólio bibliográfico

A primeira análise estima o grau de relevância para a área de estudo dos

periódicos em que estão publicados os artigos do portfólio. Destacam-se os 3

primeiros periódicos, que, juntos, somam 20,68% dos artigos do portfólio. Os demais

periódicos podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3 - Periódicos e congressos do portfólio bibliográfico

Periódico/Anais de congressos Número de artigos

International Journal of Forecasting 2

Management Science 2

Decision Support Systems 2

Experimental Economics 1

Journal of Purchasing and Supply Management 1

Journal of Service Science and Management 1

Agricultural Economics 1

American Journal of Applied Sciences 1

Business Horizons 1

Journal of Applied Horticulture 1

European Journal of Operational Research 1

European Management Journal 1

Expert Systems with Applications 1

Games and Economic Behavior 1

IEEE 18th International Conference on Industrial Engineering and Engineering Management

1

Industrial Marketing Management 1

International Journal of Production Economics 1

Journal of agricultural and Applied Economics 1

Journal of Business and Economic Statistics 1

Journal of Housing Economics 1

Journal of Information Technology 1

Journal of Modern African Studies 1

Mis Quarterly 1

Omega 1

Proceedings - 21st Workshop on Information Technologies and Systems

1

Research in Economics 1

TOTAL 29

Fonte: Dados de pesquisa.

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37

A segunda análise estima o grau de relevância dos artigos para a área de

estudo, quanto ao número de citações do Google Acadêmico (2015). Destacam-se os

4 primeiros artigos do portfólio, que, juntos, somam 34,42% do total das citações da

Tabela 4. Observa-se que, do vigésimo segundo artigo em diante, os artigos tiveram

sua origem no repositório contendo os 20% dos artigos mais citados.

Tabela 4 - Número de citações do portfólio bibliográfico

Artigo Número de citações Artigo Número de citações

1 133 15 31

2 99 16 30

3 92 17 28

4 77 18 19

5 66 19 18

6 63 20 18

7 60 21 12

8 58 22 4

9 56 23 3

10 50 24 2

11 50 25 1

12 50 26 0

13 48 27 0

14 33 28 0

29 0

TOTAL 1.101

Fonte: Dados de pesquisa.

A terceira análise tem o objetivo de demonstrar o grau de relevância para

a área de estudo dos autores que compõem o portfólio bibliográfico, visando encontrar

aqueles que mais publicaram. A Tabela 5 apresenta os autores em ordem decrescente

de publicações.

Tabela 5 - Autores dos artigos do portfólio bibliográfico

(Continua)

Autor Nº artigos

Autor Nº artigos

Heck, E. V 3 Shmueli, G 2

Bapna, R 2 Steen, M 2

Gupta, A 2 Chang, S A 2

Jank, W 2 Minsoo, Lee 1

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38

Tabela 5 - Autores dos artigos do portfólio bibliográfico

(Continua)

Autor Nº artigos

Autor Nº artigos

Katok, E 2 Mishra, Debasis 1

Bian, Na 1 Misiorek, A 1

Carare, O 1 Nath, Prithwiraj 1

Christopher, Gan 1 Parkes, David C. 1

Cunden, M 1 Pozzebon, M 1

Daly, Shawn P 1 Roth, Alvin E. 1

Din, Gregory 1 Rothkopf, M 1

Donnet, M L 1 Schoenherr, T 1

Du, Li 1 Schwab, A P 1

Goes, P 1 Selim, H 1

Hartley, Janet L. 1 Silver, M 1

Helmsing, A H J 1 Slutsky, Alexander 1

Heravi, S 1 Steinmetz, Yehiel 1

Hoehn, J P 1 Stevenson, S 1

Hur, Daesik 1 Tomat, G M 1

Ketter, W 1 Van Dalen, J 1

Kleijnen, Jack P.C. 1 van Schaik, Frans D.J. 1

Kuo, Ching-Chung 1 Visit, Limsombunchai. 1

Kwasnica, A M 1 Wagner, S M. 1

Li, Zhen 1 Weatherspoon, D D. 1

Lu, Y 1 Weron, R. 1

Mabert, V A 1 Xu, Ya-lan. 1

Mabert, Vincent a. 1 Zhang, S. 1

Melese, A T 1

TOTAL 64

Fonte: Dados de pesquisa.

O autor “Heck, E. V.” contém 3 artigos, ou 4,64% do portfólio bibliográfico;

já os autores “Bapna, R.”, “Gupta, A.”, “Jank, W.”, “Katok, E.”, “Shmueli, G.”, “Steen,

M.” e “Chang, S. A.” contêm, cada um, 2 artigos, ou 3,12%, do portfólio bibliográfico.

Juntos, estes 7 autores somam 17 artigos, correspondente a 26,56% do total do

portfólio bibliográfico.

B. Análise das referências bibliográficas dos artigos do portfólio bibliográfico

Os artigos referenciados no portfólio bibliográfico passaram por duas

análises. A primeira é idêntica à realizada anteriormente no portfólio bibliográfico. No

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39

entanto, desta vez, foram usadas as referências do próprio portfólio para estimar o

grau de relevância dos periódicos citados pelos artigos, como pode ser visto na Tabela

6.

Tabela 6- Periódicos/Congressos de destaque das referências do portfólio bibliográfico (Continua)

Periódico/Anais de congressos Número de artigos

Management Science 7

Journal of Economic Theory 5

Experimental Economics 4

International Journal of Forecasting 4

MIS Quarterly 4

European Journal of Operational Research 3

Industrial Marketing Management 3

Information Systems Research 3

Applied Economic Perspectives and Policy 2

Decision Support Systems 2

Energy Economics 2

Games and Economic Behavior 2

Interfaces 2

International Journal of Operations & Production Management 2

International Journal of Production Economics 2

Journal of Housing Economics 2

Supply Chain Management: An International Journal 2

World Development 2

Statistical Science 2

European Economic Review 2

International Journal of Industrial Organization 2

Journal of Marketing Research 2

Academy of Management Journal 1

Agricultural Economic 1

Agricultural Economics 1

Agricultural water management 1

American Economic Review 1

An International Journal 1

Applied Energy 1

Australian Geographer 1

Business 1

Business Horizons 1

Chinese Agricultural Science Bulletin 1

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Tabela 6 - Periódicos/Congressos de destaque das referências do portfólio bibliográfico (Continuação)

Periódico/Anais de congressos Número de artigos

Economic Journal 1

Economy and society 1

Empirical Economics 1

European Management Journal 1

IEEE Proceedings-Generation 1

IEEE Transactions on Engineering Management 1

IEEE Transactions on Power Systems 1

Information Technology and Management 1

INFORMS Journal on Computing 1

International Food and Agribusiness Management Review 1

Journal of Agricultural and Resource Economics 1

Journal of Agricultural Economics 1

Journal of Agricultural Research 1

Journal of Applied Econometrics 1

Journal of Applied Horticulture 1

Journal of Banking and Finance 1

Journal of Business & Economic Statistics 1

Journal of Economics & Management Strategy 1

Journal of Food Distribution Research 1

Journal of Geographical Systems 1

Journal of Global Information Management 1

Journal of Global Information Technology 1

Journal of Globalization and Development 1

Journal of Industrial Economics 1

Journal of International Development 1

Journal of Mathematical Economics 1

Journal of Operations Managemen 1

Journal of Political Economy 1

Journal of Product & Brand Management 1

Journal of Purchasing and Supply Management 1

Journal of Real Estate Finance and Economic 1

Journal of Service Science and Management 1

Journal of Supply Chain Management 1

Journal of the International Academy for Case Studies 1

Marketing Science 1

MIT Sloan Management Review 1

National Bureau of Economic Research 1

Pattern Recognition 1

Production and Operations Management 1

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Tabela 6 - Periódicos/Congressos de destaque das referências do portfólio bibliográfico (Conclusão)

Periódico/Anais de congressos Número de artigos

Productivity and Technology Research Paper 1

Property Management 1

RAND Journal of Economics 1

Real Estate Economics 1

Real Estate Finance 1

Review of Economic Studies 1

Review of Income and Wealth 1

Spanish Journal of Agricultural Research 1

Springer Science & Business Media 1

Stata Journal 1

Studies in Nonlinear Dynamics & Econometrics 1

The American Statistician 1

The European Journal of Development Research 1

The Journal of Modern African Studies 1

Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review 1

TOTAL 126

Fonte: Dados de pesquisa.

Observa-se que os 8 primeiros periódicos, juntos, compõem 25,98% do

total de periódicos citados nas referências do portfólio bibliográfico.

A segunda análise tem como objetivo estimar o grau de relevância dos 302

autores dos 241 artigos filtrados das referências do portfólio bibliográfico. A Tabela 7

apresenta os 38 autores principais. Porém, todos os autores podem ser observados

na Tabela 28 do Anexo A.

Tabela 7 - Autores de destaque das referências do portfólio bibliográfico

(Continua)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Jank, Wolfgang 7 Contreras, Javier 2

Shmueli, Galit 6 Fizel, John L. 2

Bapna, R 5 Gray, Philip 2

Emiliani, M L 4 Kaufmann, Lutz 2

Katok, Elena 4 Kleijnen, Jack P.C. 2

Weron, Rafał 4 Lane, Michelle D. 2

Gupta, A. 4 Millet, Ido 2

Goes, P 4 Parente, Diane H. 2

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Tabela 7 - Autores de destaque das referências do portfólio bibliográfico (Conclusão)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Hartley, Janet L. 3 Ponte, Stefano 2

Kwasnica, Anthony M. 3 Smith, Michael D 2

Mishra, Debasis 3 Van Heck, Eric 2

Muhammad, Andrew 3 Venkataraman, Ray R. 2

Parkes, David C. 3 Easley, Robert F. 2

Stec, D J L B 3 Jin, Y W 2

Visser, Michael 3 McMillan, Robert 2

Amponsah, William 2 Severinov, Sergei 2

Berg, Gj Van Den 2 Tenorio, Rafael 2

Bin, Okmyung 2 Zeithammer, Robert 2

Carter, Craig R. 2 Zheng, Mingli 2

TOTAL 105

Fonte: Dados da pesquisa.

C. Análise dos artigos e das referências bibliográficas do portfólio bibliográfico

Para a análise dos artigos do portfólio bibliográfico, combinada com as

referências deste mesmo portfólio, foram realizadas duas análises distintas:

i) A primeira análise combinada abrange os periódicos dos artigos do

portfólio bibliográfico (Tabela 3) e os periódicos das referências desses artigos (Tabela

6);

ii) A segunda análise verifica a relação entre o número de citações do

portfólio bibliográfico (Tabela 2 ou 4) com o número de vezes que os respectivos

autores, somados, aparecem nas referências bibliográficas do portfólio (Tabela 28).

Em ambas as análises foi definido um corte, que representa 80% nos dois

eixos do gráfico. Pela observação da Figura 5, existem 10 periódicos com

representatividade acima ou igual a 80%, que podem ser divididos em dois grupos. O

primeiro é formado por dois artigos no portfólio bibliográfico, sendo eles: “Management

Science”; “International Jornal of Forecasting” e “Decision Support System”. O

segundo tem um artigo no portfólio bibliográfico e os periódicos: “Mis Quartery”;

“Experimental Economics”; ”European Journal of Operation Research”; “Industrial

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43

Marketing Management”; “Games and Economics Behavior”; “International Journal of

Production Economics” e “Journal of Housing Economics”.

Figura 5 - Periódicos com maior relevância do portfólio bibliográfico. Fonte: Dados da pesquisa.

A segunda análise visa descobrir quais são os artigos do portfólio

bibliográfico mais relevantes. A Figura 6 mostra que os artigos de maior relevância

são Bapna; Jank e Shmueli, 2008; Weron e Misiorek, 2008; Katok e Roth, 2004; Katok

e Kwasnica, 2008; Bapna et al., 2009. Esses artigos contêm mais de 80% das

citações, e seus autores, somados, contribuíram com 80% ou mais dos artigos das

referências.

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44

Figura 6 - Artigos do portfólio bibliográfico com maior relevância.

Fonte: Dados da pesquisa.

3.3. Análise Sistêmica

Os resultados do processo de análise sistêmica serão apresentados

conforme os exames dos artigos do portfólio bibliográfico para cada lente (sendo as

lentes ajustadas para atender às necessidades desta pesquisa), que são:

A. Abordagem;

B. Aplicação;

C. Quadros conceituais;

D. Mensuração;

E. Contribuições.

Os resultados de cada lente, as lacunas de pesquisa e os destaques de

cada lente serão apresentados a seguir.

A. Abordagem

A primeira lente da análise sistêmica consiste na verificação da abordagem

de cada artigo. Essa abordagem apura qual é o objetivo de cada artigo, sua pergunta

de pesquisa e a hipótese de pesquisa. Na Tabela 29 do Anexo A estão disponíveis as

perguntas da abordagem feitas aos artigos do portfólio bibliográfico, bem como as

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45

respostas de cada artigo. Para um melhor entendimento, os artigos foram divididos

em três grupos, de acordo com o tipo de leilão abordado na pesquisa, sendo eles:

Grupo A1: Artigos que possuem abordagem em leilões reversos ou

leilão holandês;

Grupo A2: Artigos que abordam outros tipos de leilão;

Grupo A3: Artigos que abordam modelos de previsão.

Grupo A1

De acordo com a verificação, os artigos que abordam leilão reverso

possuem 62,06% do portfólio bibliográfico. Os autores Wagner e Schwab (2004)

desenvolveram um estudo que objetiva determinar as condições apropriadas para a

realização de um leilão reverso eletrônico e como os gestores de compra podem

influenciar nestas condições, a fim de tornar o leilão bem sucedido. Semelhantemente,

Daly e Nath (2005) analisam os leilões, estudando como estes podem trazer

benefícios de acordos amigáveis na aquisição de bens, explorando várias condições

de gestão de compras e seu relacionamento com o preço final do bem. Katok e Roth

(2004) verificam como se comportam os diferentes leilões na venda de um produto

homogêneo. Katok e Kwasnica (2008) analisam sistematicamente como a variável

tempo do relógio influencia na tomada de preço de um leilão. Carare e Rothkopf (2005)

trabalham com dois modelos: teoria dos jogos e das decisões, para averiguar os

efeitos dos custos de transações em leilão holandês. O artigo Schoenherr e Mabert

(2007) visa desmistificar, confirmar ou rejeitar cinco principais mitos do leilão holandês

(o leilão reverso envolve somente o preço; os leilões reversos online só são

adequados para commodities; os leilões reversos prejudicam o relacionamento entre

comprador e fornecedor; ao longo do tempo, os ganhos com os leilões reversos

tendem a diminuir; o leilão reverso é uma moda passageira).

Bapna et al. (2009) buscam verificar se leilões sobrepostos causam

impacto negativo um sobre o outro, pela equivalência de receita em leilão holandês e

inglês. Hur, Mabert e Hartley (2007) exploram os fatores que impulsionam a

viabilidade econômica do investimento em leilão eletrônico e explicam porque

algumas empresas obtêm benefícios substanciais via leilão eletrônico, enquanto

outras não. O estudo realizado por eles emprega um modelo simulado de eventos

discretos para estimar em leilão eletrônico o valor presente líquido de dados de 5

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empresas distintas. Melese e Helmsing (2010) discutem o papel do investidor

estrangeiro no desenvolvimento econômico da Etiópia, sobre três principais fatores:

produtores, comércio e desenvolvimento do setor. Mishra e Parkes (2009) apresentam

leilões generalizados "Vickrey-holandês" para ambientes multiunitários e de

multiprodutos de valor privado, que retêm as vantagens de velocidade e de licitação

(os leilões de preço descendente podem desfrutar de maiores preços). Pozzebon e

Heck (2006) se propõem a fazer uma ilustração concreta de uma adaptação local

situada historicamente: o caso da CVH, que importou um modelo de mercado de leilão

da Holanda e o adaptou às condições locais. Cunden e Heck (2004) pesquisam sobre

os mercados de flores, as condições dos produtores de flores africanos, e o uso e os

impactos das tecnologias da informação (TI) em seus mercados, descrevendo o poder

de negociação e a influência das partes interessadas no contexto da rede de negócios

do leilão holandês de flores, derivando estratégias competitivas para os produtores

africanos, em termos de alcance de influência e riqueza. Li e Kuo (2011) têm o objetivo

de encontrar um número pré-determinado de níveis de lance em um leilão holandês

para maximizar a receita do leiloeiro. Steen (2010) visa apresentar o mercado

internacional de flores com foco no leilão de flores da Holanda. Lu et al. (2011)

concentram-se na licitação em leilões de flores da Holanda, num contexto business-

to-business (B2B), estudando os principais fatores que influenciam no preço, com

base em um caso mais geral, no qual os potenciais compradores podem adquirir

várias unidades de um produto em cada rodada. Din, Slutsky e Steinmetz (2011)

estudam as mudanças de preço causadas pela qualidade de flores e pela reputação

do produtor. Du, Xu e Bian (2011) analisam o processo de formação de preço por meio

de 5 hipóteses: o preço médio do dia anterior tem impacto sobre o preço médio hoje;

o preço médio dos 5 primeiros leilões de hoje tem impacto positivo sobre os demais

leilões de hoje; o preço médio das 5 primeiras flores tem impacto positivo sobre a

formação da rosa carola no leilão de hoje; as transações do dia anterior têm influência

significativa sobre o dia de hoje; as transações do dia de hoje têm influência

significativa sobre o dia de hoje. Steen (2014) mensura as relações entre preço e

quantidade no leilão holandês de flores com base em previsão de preços de mercado.

Grupo A2

O segundo grupo, formado pelos artigos que abordam outros tipos de leilão,

representa 20,68% do portfólio. Inicia-se com o trabalho de Weron e Misiorek (2008),

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47

que investigam o poder de previsão de curto prazo, utilizando 12 modelos de série

temporal para os preços de eletricidade spot. Bapna, Jank e Shmueli (2008) visam

compreender e explorar o processo de formação de preço em leilões online e, como

diversos fatores variam durante um leilão, sua hipótese é de que a taxa de aumento

do preço é mais rápida para itens mais raros. Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008)

analisam os valores dos atributos de cafés especiais quanto às avaliações sensoriais

e da reputação do produtor, descobrindo como são determinados os preços dos cafés

especiais negociados em leilões eletrônicos. Zhang, Jank e Shmueli (2010) propõem

uma abordagem nova e flexível para a previsão de preços de leilões online baseada

nas ideias de k-Nearest Neighbor (KNN), considerando as informações obtidas de

leilões simultâneos. Kleijnen e Schaik (2011) visam compreender os fatores que

determinam o preço de mexilhões e quantificar o desempenho de um gerente de

compras, tendo formulado algumas questões (Os leilões são prejudiciais aos grandes

compradores? A oferta abundante diminui o preço do leilão? Os preços variam de

acordo com a estação do ano? Quais os fatores que determinam o preço hedônico?

Gestores de compra diferentes pagam preços distintos para a mesma qualidade de

produto?).

Chang (2014) utiliza a entropia como uma medida de caracterização dos

leilões que se sobrepõem, misturando diferentes tipos de estratégias para o lance, e

como as informações em leilões sobrepostos influenciam a oferta e o preço.

Grupo A3

O grupo final de artigos que possuem abordagem nos modelos de previsão

de preços somam 17,24% do repositório. Os artigos de Selim (2009) e de Visit,

Christopher e Minsoo (2004) objetivam prever os preços de casas na Turquia e na

Nova Zelândia, respectivamente, comparando os métodos de preço hedônico com

rede neural artificial. Stevenson (2004) fornece mais evidências sobre o grau e as

causas de heterocedasticidade1 na estimação de modelos de preços hedônicos de

casas. Tomat (2006) estuda alguns problemas ao fazer a estimação dos índices de

preços ajustados pela qualidade do ponto de vista da teoria de diferenciação de

produtos. Silver e Heravi (2007) descreveram e compararam as duas principais

1 Segundo Hair et al (2009) a heterocedasticidade representa que a variável dependente exibe níveis

diferentes de variância em toda a gama da variável preditora.

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abordagens para a medição de índices de preços hedônicos: índice de imputação

hedônica (HI) e tempo simulado hedônico (DTH). Esse estudo de Silver e Heravi

(2007) fornece uma análise formal da diferença entre as duas abordagens para a

alternativa de implementações do índice "superlativo". Ele mostra porque os

resultados dos índices de HI e DTH podem ser diferentes e discute a questão da

escolha entre essas duas abordagens.

Resumidamente, destacam-se como artigos introdutórios sobre os leilões

e seus mitos os trabalhos de: Schoenherr e Mabert (2007), no qual os autores

apresentam os cinco principais mitos dos leilões holandeses; Pozzebon e Heck

(2006), que narram o processo de adaptação local da implantação do leilão reverso

na CVH; Din, Slutsky e Steinmetz (2011), que estudam as mudanças de preço

causadas pela qualidade de flores e pela reputação do produtor. Este artigo destaca-

se pelo agrupamento dos produtores por reputação; Steen (2014), que pesquisa as

relações entre preço e quantidade no leilão holandês de flores com base em previsão

de preços de mercado; e Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008), que estudam como

são determinados os preços dos cafés especiais negociados em leilões eletrônicos.

Uma vez postos os artigos de destaque, apresenta-se a lacuna desta lente, como

sendo a ausência de trabalhos envolvendo a abordagem de preço hedônico em leilões

reversos, visando o entendimento do preço relativo das características do produto na

formação do preço. Essa lacuna abre a possibilidade da sua utilização neste trabalho.

B. Aplicação

A segunda lente visa apresentar o contexto e a aplicação de cada artigo do

portfólio bibliográfico. Para isto, os artigos seguiram o agrupamento definido na lente

anterior. Assim, os grupos que compõem o portfólio bibliográfico nessa lente são:

Grupo B1: Artigos que têm aplicação em leilões reversos ou leilão

holandês;

Grupo B2: Artigos que têm aplicação em outros tipos de leilão;

Grupo B3: Artigos que possuem aplicação em modelos de previsão.

Tais grupos serão apresentados a seguir.

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Grupo B1

Os artigos que têm sua aplicação em leilões holandeses somam 62,06%

do portfólio bibliográfico. Deste grupo, vale salientar que 9 artigos têm sua aplicação

direta em leilões reversos de flores, e que dois artigos apresentam os aspectos do

desenvolvimento local dos países produtores africanos e seu ganho de mercado nos

leilões de flores holandeses. Estes estudos se complementam, pois Melese e

Helmsing (2010) apresentam a evolução da indústria de flores de corte etíope no leilão

reverso de Aalsmeer, sob o aspecto do papel do investidor estrangeiro no processo

de desenvolvimento local. Cunden e Heck (2004) demonstram a relação de negócios

do mercado de flores da África, especialmente com relação ao poder de barganha e

adoção de TI para diminuição da incerteza dos produtores africanos, corroborando

que a aplicação da TI pode expandir seu poder de influência, ampliando seus

negócios. Os outros 7 artigos são aplicados no contexto de leilões reversos de flores

dos Países Baixos. Li e Kuo (2011) desenvolveram um modelo pré-determinado para

os níveis de lances, visando maximizar a receita esperada do leiloeiro. Steen (2010)

retrata uma revisão da literatura acerca do mercado de flores e os mecanismos de

venda na Holanda, com ênfase para o leilão reverso de flores, bem como apresenta o

histórico e o mercado de flores de corte para as variedades crisântemos, cravos e

rosas. Lu et al. (2011) usam um grande conjunto de dados a partir de um mercado

B2B de leilões reversos de flores, identificando os principais fatores que influenciam o

preço e quantificando as mudanças nas propostas vencedoras. Din, Slutsky e

Steinmetz (2011) apresentam as mudanças de preço causadas pela qualidade de

flores e pela reputação do produtor nos leilões reversos. Du, Xu e Bian (2011)

analisam o processo de formação de preços no leilão holandês de flores no Kunming

International Flower Auction Trading Center (KIFA) na China, que conta com 3 kloks.

Steen (2014) mensura as relações entre a quantidade e a data para prever os preços

das cultivares crisântemos, cravos, rosas e outras flores de corte no leilão de flores

de Aalsmeer. Pozzebon e Heck (2006) demonstram o contexto de aplicação e

adaptação da implantação do leilão na CVH.

Daly e Nath (2005) apresentam uma visão sobre as possíveis alterações

nos leilões reversos para melhorar as relações quanto à conexão entre oferta e

demanda, e ainda manter os benefícios relacionados ao preço. Ainda nesta ideia,

Carare e Rothkopf (2005) fornecem uma comparação de resultado do leilão em

mercados eletrônicos entre o leilão reverso e o leilão fechado, considerando o custo

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50

de transação e a espera, na expectativa que o preço reduza com o tempo. Os autores

Hur, Mabert e Hartley (2007) mostram um estudo no qual avaliam diversas condições

de gestão relacionadas a compra, e como essas condições influenciam no sucesso

de leilões eletrônicos reversos, testando-as em 5 empresas de diferentes segmentos:

elétrico, equipamentos de computador, construção civil, partes de automóveis e

componentes elétricos. Semelhantemente, Schoenherr e Mabert (2007) entrevistaram

30 empresas que utilizam os leilões e 13 empresas que não utilizam, de diversos

setores da economia, com o intuito de desmistificar as variáveis que compõem os

leilões reversos online e como elas afetam a realidade dos negócios, chegando à

conclusão que os leilões reversos são bons mecanismos para identificar o verdadeiro

preço de mercado de um item. Wagner e Schwab (2004), a partir da coleta de dados

com universidades e com profissionais, determinaram se leilões eletrônicos reversos

são bem sucedidos, de modo a oferecer ao comprador mais um suporte na tomada

de decisão. O estudo de Mishra e Parkes (2009) apresenta uma combinação de leilões

holandeses “Vickrey-holandês” para testar seus efeitos em ambientes multiunitários e

de multiproduto sobre o aumento marginal da demanda. Katok e Roth (2004) fazem

uma análise do desempenho na cadeia de suprimentos dos mecanismos B2B de leilão

holandês (descendente) e de leilão E-bay holandês (ascendente) na venda simulada

de vários produtos homogêneos, no contexto da sinergia dos ofertantes. Katok e

Kwasnica (2008) realizaram um teste experimental no laboratório da escola de

negócios de Harvard entre leilão reverso e leilão de primeiro preço de oferta selada.

Bapna et al. (2009) utilizam dados de leilões online (Mega Club) holandês e leilão

inglês, visando entender a formação de preço nos dois mecanismos de leilão.

Grupo B2

O segundo grupo de artigos que têm aplicação de outros tipos de leilões

representam 20,68% do portfólio. Nele, Weron e Misiorek (2008) estudam o preço do

leilão de eletricidade na Califórnia e no mercado Nórdico. Já Bapna, Jank e Shmueli

(2008) utilizam uma amostra aleatória de 1.009 leilões online E-bay para ser entendida

a mudança de alguns fatores durante o leilão. Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008)

aplicam a teoria de preço hedônico para prever aspectos sensoriais e da reputação

do produtor no leilão eletrônico de café especial. Zhang, Jank e Shmueli (2010)

propõem uma abordagem nova e flexível para a previsão de preços de leilões online

(E-bay de segundo preço), baseada nas ideias de KNN. Kleijnen e Schaik (2011)

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51

demonstraram os fatores que determinam o preço de mexilhões no leilão de oferta

selada na Holanda e quantificaram o desempenho de um gerente de compras. Chang

(2014) desenvolveu seu estudo sobre como as informações em leilões sobrepostos

influenciam a oferta e o preço de leilões ingleses sobrepostos (Leilões do Clube Sam).

Grupo B3

O último grupo de artigos que possuem aplicação nos modelos de previsão

de preços corresponde a 17,24% do repositório. Os artigos de Selim (2009) e de Visit,

Christopher e Minsoo (2004) fazem aplicação do modelo de preço hedônico

comparado com modelo de rede neural artificial em casas na Turquia e Nova Zelândia,

respectivamente. Já o autor Stevenson (2004) aplica o método de preço hedônico em

casas de Boston no período de 1995 a 2000. Tomat (2006) analisa a diferenciação e

a qualidade dos produtores, comparando o método hedônico e de índices combinados

em computadores pessoais na Itália entre 1995 - 2000. Silver e Heravi (2007) fizeram

um estudo experimental, no qual foram analisados os diferentes índices de imputação

hedônicos.

Destacam-se nesta lente o artigo de Din, Slutsky e Steinmetz (2011), no

qual os autores apresentam as mudanças de preço causadas pela qualidade de flores

e pela reputação do produtor nos leilões reversos de Aalsmeer, e de Donnet,

Weatherspoon e Hoehn (2008), pela sua adaptação do contexto de uvas para o leilão

de cafés especiais. Estas pesquisas servirão de base para a realização deste trabalho.

Outro artigo de relevância foi o de Pozzebon e Heck (2006), que tratou do processo

de implantação do leilão reverso na CVH. Esses artigos destacam-se pela

aplicabilidade e contextualização da pesquisa. Outro aspecto importante é o fato de,

até onde o autor averiguou, não haver artigos que tratem da aplicação de preço

hedônico para o contexto de leilões holandeses de flores.

C. Quadros conceituais

Os quadros conceituais dos artigos do portfólio bibliográfico e o modo como

esses quadros foram construídos são analisados na terceira lente. Será, então,

descrita qual metodologia foi utilizada para a construção do modelo e quais teorias

foram empregadas na modelagem do problema. Assim, os artigos foram divididos em

dois principais grupos:

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52

Grupo C1: Artigos que não deixaram evidente a utilização da revisão

literária;

Grupo C2: Artigos que fizeram revisão literária.

Nossa análise permitiu observar que, dos artigos do portfólio bibliográfico,

16,8% não deixaram evidente a realização de uma revisão da literatura. São eles:

(KLEIJNEN; SCHAIK, 2011; DIN; SLUTSKY; STEINMETZ, 2011; DU; XU; BIAN, 2011;

STEEN 2014).

Todos os outros artigos deixaram evidente a realização da revisão da

literatura. Os artigos de Wagner e Schwab (2004) e de Schoenherr e Mabert (2007)

ainda tiveram entrevistas com acadêmicos e profissionais de compras para definição

de seus quadros conceituais. Wagner e Schwab (2004) elencaram as principais

contribuições dos estudos de leilões reversos elétricos nos últimos anos. O artigo de

Tomat (2006) utilizou os índices de Laspeyres2 e Paasche3 para comparação de

previsões em computadores pessoais. Silver e Heravi (2007), além de utilizarem

índices de Laspeyres e Paasche, acrescentaram o índice de Törnqvist4 para produtos

de alta rotatividade. Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) elaboraram uma revisão

da literatura sobre aplicação de preço hedônico em vinhos, objetivando realizar uma

adaptação para o contexto de leilões de cafés especiais, principalmente na definição

dos atributos análogos aos do vinho. Pozzebon e Heck (2006) apresentam um estudo

histórico e qualitativo acerca das adaptações locais no leilão da CVH.

Com relação à classificação dos artigos do portfólio, 31,03% são

classificados como pesquisa experimental: (BAPNA; JANK; SHMUELI, 2008; KATOK;

ROTH, 2004; VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004; KATOK; KWASNICA, 2008;

STEVENSON, 2004; CARARE; ROTHKOPF, 2005; TOMAT, 2006; MISHRA;

PARKES, 2009; SILVER; HERAVI, 2007).

2 O índice de preço de Laspeyres apresenta a média ponderada calculada a partir de preços de diferentes produtos e de quantidades da época básica ou período 0. 3 O índice de preço de Paasche apresenta a média ponderada calculada a partir de preços de diferentes produtos e de quantidades de um período n. 4 O índice de preço de Törnqvist apresenta uma estimativa da produtividade do total dos fatores, utilizando os valores dos preços e quantidades de todos os produtos e insumos utilizados para a produção. O índice de Tornqvist usa os preços tanto para o período base como para o período de comparação n. Em Tornqvist, os preços variam ano a ano em todo o período analisado.

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53

Já 20,68% dos artigos são definidos como pesquisa ação: (DONNET;

WEATHERSPOON; HOEHN, 2008; ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010; LI; KUO, 2011;

LU et al., 2011; DU; XU; BIAN, 2011; STEEN, 2014).

Os artigos definidos como estudo de caso somam 13,79% do portfólio

bibliográfico: (POZZEBON; HECK, 2006; HUR; MABERT; HARTLEY, 2007; CUNDEN;

HECK, 2004; KLEIJNEN; SCHAIK, 2011). Dois artigos, os de Wagner e Schwab

(2004) e de Din, Slutsky e Steinmetz (2011), são definidos como levantamento tipo

survey, com aproximadamente 6,89% do portfólio bibliográfico.

Um artigo, o de Schoenherr e Mabert (2007), representando 3,44%, é

definido como levantamento. Os demais artigos não deixaram explícitos a qual grupo

de pesquisa se enquadram: (WERON; MISIOREK, 2008; DALY; NATH, 2005; SELIM,

2009; BAPNA et al., 2009; MELESE; HELMSING, 2010; STEEN, 2010; CHANG,

2014).

A apresentação dos modelos e teorias utilizados nos artigos encontra-se

na Tabela 8, na qual é possível observar as principais abordagens utilizadas e os

artigos que fizeram uso delas no portfólio bibliográfico.

Tabela 8 - Síntese dos modelos e teorias utilizadas nos artigos do portfólio

(Continua)

MODELOS ARTIGOS DO PORTFÓLIO

Modelos de regressão (regressão linear múltipla, modelo de regressão funcional, regressão logística, regressão hedônica, regressão paramétrica e árvores de regressão não paramétrica, índices de preços combinados Laspeyres e Paasche, semi logarítmica, log-linear, log-log e regressão de Hurdle)

(BAPNA; JANK; SHMUELI, 2008; WAGNER; SCHWAB, 2004; KLEIJNEN; SCHAIK, 2011; SELIM, 2009; VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004; STEVENSON, 2004; TOMAT, 2006; BAPNA et al., 2009; SILVER; HERAVI, 2007; DONNET; WEATHERSPOON; HOEHN, 2008; ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010; DIN; SLUTSKY; STEINMETZ, 2011; DU; XU; BIAN, 2011; LU et al., 2011; CHANG, 2014)

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54

Tabela 8- Síntese dos modelos e teorias utilizadas nos artigos do portfólio (Conclusão)

MODELOS ARTIGOS DO PORTFÓLIO

Modelos de série temporal (ARIMA, AR;ARX; p-AR;p-ARX; TAR; TARX; MRJD; MRJDX; IHMAR;IHMARX; SNAR; SNAR).

(DU; XU; BIAN, 2011; WERON; MISIOREK, 2008).

Rede Neural Artificial (SELIM, 2009; VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004).

k-Nearest Neighbor (vizinho mais próximo) (ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010).

Programação linear e não linear (DALY; NATH, 2005; HUR; MABERT; HARTLEY, 2007; LI; KUO, 2011).

Análise Envoltória de Dados (DEA) (DALY; NATH, 2005).

Almost Ideal Demand System (AIDS) (STEEN, 2014).

Simulação e Simulação de eventos discretos

(MISHRA; PARKES, 2009; LI; KUO, 2011).

TEORIAS ARTIGOS DO PORTFÓLIO

Teoria de leilão (STEEN, 2010; SCHOENHERR; MABERT, 2007; KATOK; KWASNICA, 2008; KATOK; ROTH, 2004).

Teoria dos jogos e da decisão (CARARE; ROTHKOPF, 2005; (MISHRA; PARKES, 2009).

Cadeia de valor (MELESE; HELMSING, 2010).

Adaptação local (POZZEBON; HECK, 2006).

5 forças de Porter (CUNDEN; HECK, 2004).

Fonte: Dados de pesquisa.

A partir dos dados transcritos na Tabela 8, observa-se que os modelos de

regressão representam 48,27% dos métodos comumente utilizados para tratar de

previsões de preço no contexto estudado. Os modelos de programação linear e não

linear foram empregados em 10,34% dos artigos do portfólio. Outros métodos em

evidência são os modelos de série temporal, com destaque para o ARIMA e modelos

autorregressivos. Os modelos de rede neural artificial, simulação e simulação de

eventos discretos correspondem, cada um, a 6,89% dos modelos apresentados no

portfólio de artigos. Os métodos Vizinho Mais Próximo (KNN), análise envoltória de

dados e Almost Ideal Demand System representam, cada um, 3,44% do portfólio.

Dentre as principais teorias abordadas nos artigos, destaca-se a teoria de

leilão, presente em 13,79% dos artigos. Outra teoria em evidência é a teoria dos jogos

e da decisão, com 6,89% dos artigos do portfólio. As 5 forças de Porter, adaptação

local e cadeia de valor, cada uma está presente em 3,44% dos artigos do portfólio

bibliográfico.

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Destacam-se também nesta lente os modelos de regressão como os

principais métodos de previsão de preço utilizados no contexto do portfólio

bibliográfico. Esta informação ratifica a escolha da modelagem hedônica, presente em

24,13% dos artigos empregados neste trabalho, em detrimento de outros métodos.

D. Mensuração

A quarta lente da análise sistêmica trata da mensuração das variáveis que

compõem o modelo de cada artigo do portfólio bibliográfico. A pergunta dessa lente

investiga quais são as variáveis que foram utilizadas no processo de modelagem dos

artigos. Outra questão analisada diz respeito ao emprego dos estágios de Rosen

(1974) na modelagem. O primeiro estágio aborda a definição dos pesos relativos das

características do produto no seu preço; no segundo estágio, realiza-se a definição da

curva de oferta e demanda associada a essas características, ou seja, além das

características intrínsecas do produto, ele acrescenta as características extrínsecas

da demanda e oferta. Essa lente tem, portanto, o propósito de verificar e mensurar

quais foram as variáveis que participaram do processo de modelagem e construção

das previsões.

Com isto, os artigos seguiram os grupos formados na lente anterior,

disponíveis na Tabela 8, os quais definem as teorias abordadas para a resolução da

problemática de cada artigo, continuando, a partir daí, com a identificação dos artigos

e as variáveis que compõem cada artigo do portfólio bibliográfico. Vale ressaltar que

um artigo poderá estar em mais de um grupo, devido à combinação de teorias e/ou

abordagens.

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Tabela 9 - Artigos e variáveis dos modelos de regressão

(Continua)

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

Utiliza o primeiro estágio

de Rosen?

Utiliza o segundo estágio

de Rosen?

(BAPNA; JANK; SHMUELI, 2008)

RESPOSTA: Velocidade (preço-velocidade); aceleração dos preços (aceleração-preço); preço do leilão; preço de fechamento. EXPLICATIVA: características do mercado (moeda: dólar, euro e libra); características do ofertante (experiência, número de ofertantes e reputação); características do produto (preço de partida); categoria de produto; características do vendedor (classificação do vendedor); e escolha do mecanismo de design do vendedor: preço inicial; duração do leilão e preço de reserva.

Não Não

(WAGNER; SCHWAB, 2004)

RESPOSTA: Sucesso nas negociações. EXPLICATIVAS: facilidade de especificar a demanda; volume de licitação; despesas de mudança do fornecedor; número de ofertantes participantes; concorrência entre os fornecedores participantes; poder de compra; complexidade do pacote de negociação e tempo do leilão.

Não Não

(STEVENSON, 2004)

RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: Área da terra; área construída; quartos; banheiros; sala de jogos; parques de estacionamento (dummy); construção externa; piscina; idade da casa; localização (dummy); ano de compra.

Sim Não

(KLEIJNEN; VAN SCHAIK, 2011)

RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: Fatia de mercado; oferta anual; estação; desempenho do comprador; rendimento da carne; cubagem; impureza; cracas; chinelos; uso (1-vivo, 2-processado); origem. Tendência.

Sim Não

(TOMAT, 2006) RESPOSTA: preço. EXPICATIVA: frequência e modelo do processador; RAM; HD; CD; CD speed; vídeo Memória; modem; modem speed; tamanho do monitor; áudio e marca.

Sim Não

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Tabela 9 - Artigos e variáveis dos modelos de regressão

(Conclusão)

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

Utiliza o primeiro estágio

de Rosen?

Utiliza o segundo estágio

de Rosen?

(BAPNA et al., 2009)

RESPOSTA: Preço. EXLPICATIVA: tipo de leilão; duração; número de participantes; institucional; produto 1 e produto 2.

Não Não

(SILVER; HERAVI, 2007)

RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: produtos com alta rotatividade, índice hedônico Tömqvist, índice HI, índice DTH, minimização da instabilidade do parâmetro.

Sim Não

(DONNET; WEATHERSPOON; HOEHN, 2008)

RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: Sensorial: (classificação de qualidade); Reputação: (Ranking da qualidade, país de origem, cafeeiro, disponibilidade, ano da competição e preço anterior).

Sim Não

(ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010)

Palm top - RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: Preço de abertura; preço de fechamento; duração do leilão; número de ofertantes e de licitantes (compradores); frete; comentário do vendedor; foto; loja E-bay e poder de venda. LAPTOP - RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: Preço de abertura; preço de fechamento; duração do leilão; número de ofertantes e de licitantes; preço de reserva; compra agora; marca; memória RAM; tamanho da tela; velocidade do processador; lançamento; placa mãe e DVD player.

Não Não

(LU et al., 2011) RESPOSTA: Preço e receita do leilão. EXPLICATIVA: Unidades ofertadas; rodadas do leilão; preço inicial; preço ganhador; preço reserva e velocidade.

Não Não

(DIN; SLUTSKY; STEINMETZ, 2011)

RESPOSTA: Diferença de preço. EXLICATIVA: diferença no comprimento da haste; diferença na quantidade média de hastes por transação; fatia de hastes compradas por grandes compradores; diferença entre o primeiro preço do dia.

Não Não

(SELIM, 2009) RESPOSTA: preço. EXLICATIVA: característica da localização; tipo de casa; idade do edifício; tipo de edifício; sala de estar; andares; banheiros nos andares; sistema de aquecimento; número de quartos; tamanho de construção.

Sim Não

(CHANG, 2014) RESPOSTA: Preço e estratégia dos ofertantes. EXPLICATIVA: hora de abertura e de fechamento do leilão; duração; sobreposição do leilão e categoria de produto. Tipo de ofertante (IL=leilão individual e ML=nível de mercado).

Não Não

(VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004)

RESPOSTA: Preço. EXPLICATIVA: tamanho do terreno; idade; tipo da casa; número de quartos; número de banheiros; localização geográfica da igreja central.

Sim Não

(DU; XU; BIAN, 2011)

RESPOSTA: Preço médio da rosa Carola. EXPLICATIVA: leilões do dia; primeiro preço médio; quantidade ofertada; quantidade vendida.

Não Não

Fonte: Dados de pesquisa.

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Pela Tabela 9, a maioria dos artigos de regressão não trata de leilões de

flores. Contudo, existem dois que abordam regressão em leilões de flores, que são:

Din, Slutsky e Steinmetz (2011), que estuda as mudanças de preço causadas pela

qualidade de flores e pela reputação do produtor, mensurando a diferença de preço,

diferença no comprimento da haste, diferença na quantidade média de hastes por

transação, fatia de hastes compradas por grandes compradores e a diferença entre o

primeiro preço do dia e o final; e Du, Xu e Bian (2011), que analisa o processo de

formação de preço e o efeito do preço médio da rosa carola, leilões do dia, primeiro

preço médio, quantidade ofertada e quantidade vendida sobre os preços do leilão.

Há também um artigo com uma abordagem de café, o qual se julga

adaptável ao contexto de flores, a saber: Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008). Os

autores analisaram os valores dos atributos de cafés especiais quanto às avaliações

sensoriais, como classificação de qualidade e da reputação do produtor (ranking da

qualidade, país de origem, cafeeiro, disponibilidade, ano da competição e preço do

leilão anterior) para criarem um modelo de previsão hedônico utilizando o primeiro

estágio de ROSEN (1974). Outros artigos que também empregam os conceitos do

primeiro estágio do autor são: (SELIM, 2009; VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004;

STEVENSON, 2004; TOMAT, 2006; SILVER; HERAVI, 2007). Entretanto, ainda

existem artigos em que se utilizam diferentes técnicas para analisar o problema, como

os modelos de série temporal, que serão apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 - Artigos e variáveis dos modelos de série temporal

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

(WERON; MISIOREK, 2008)

Série histórica de preço do mercado da Califórnia e Nórdico - temperatura do ar no mercado nórdico e dias da semana.

(DU; XU; BIAN, 2011)

Preço médio da rosa Carola, leilões do dia, primeiro preço médio, quantidade ofertada, quantidade vendida.

Fonte: Dados de pesquisa.

Vale ressaltar aqui que o artigo de Du, Xu e Bian (2011) emprega tanto o

modelo de regressão quanto a análise de série temporal, mais especificamente o

modelo ARIMA para realizar suas previsões de preços de rosas no leilão KIFA chinês.

O de Weron e Misiorek (2008) se utiliza de diversos modelos autorregressivos para

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prever os preços de leilões de eletricidade, objetivando encontrar qual produz

melhores resultados.

Os modelos de redes neurais se apresentam como uma possível solução

em detrimento da técnica de preço hedônico para previsão de casas. Seu principal

benefício, demonstrado pelos artigos de Selim (2009) e de Visit, Christopher e Minsoo

(2004), é o seu poder de previsão. As variáveis estudadas em cada modelo são

apresentadas na Tabela 11.

Tabela 11 - Artigos e variáveis dos modelos de rede neural artificial

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

(SELIM, 2009) Característica da localização, tipo de casa, idade do edifício, tipo de edifício, sala de estar, andares, banheiros nos andares, sistema de aquecimento, número de quartos, tamanho de construção.

(VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004)

Tamanho do terreno, idade, tipo da casa, número de quartos, número de banheiros, localização geográfica da igreja central.

Fonte: Dados de pesquisa.

Outro método citado na literatura para resolução de problemas de

otimização em leilão é a programação linear. No contexto das variáveis dos artigos,

Daly e Nath (2005) exploram várias condições de gestão de compras relacionadas

com os leilões, visando analisar o desempenho dos fornecedores, determinando o

fornecedor mais eficiente; e Li e Kuo (2011) se utilizaram de um modelo de

programação não linear restrito para determinar os níveis de lances em um leilão

holandês, a fim de maximizar a receita esperada do leiloeiro. Esses artigos podem

servir de inspiração para a modelagem deste trabalho. As variáveis utilizadas estão

na Tabela 12.

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60

Tabela 12 - Artigos e variáveis dos modelos de programação linear e eventos discretos

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

(DALY; NATH, 2005)

Preço, prazo de entrega e qualidade. Disponibilidade para colaborar e número de unidades fornecidas.

(LI; KUO, 2011)

Níveis de oferta; velocidade do leilão; número de compradores.

(HUR; MABERT; HARTLEY, 2007)

Horizonte do planejamento de investimentos; tamanho da licitação; ciclo do leilão; número de leilões repetidos com redução de preço positiva; taxa de redução do preço médio; distribuição de custos; taxa de desconto; custos de administração. 1º Valor presente das reduções de preços (preço de fechamento do leilão COA) - valor presente do custo de administração de leilões eletrônicos; 2º Valor presente do preço total de aquisição TAS - valor presente do custo de administração de leilões eletrônicos.

Fonte: Dados de pesquisa.

A teoria dos leilões, tema elementar deste trabalho, surgiu com o artigo

seminal de VICKREY (1961). No repositório, surgem alguns artigos que tratam da

evolução desse tema, a saber: Katok e Roth (2004), que analisam o comportamento

dos diferentes leilões na venda de um produto homogêneo; e Katok e Kwasnica

(2008), que se debruçaram sobre o parâmetro velocidade do relógio para entender

sua influência no preço dos diferentes tipos de leilão; Schoenherr e Mabert (2007),

que apresentaram em seu artigo as cinco principais crenças sobre leilões reversos

online, e procuraram desmistificá-las ou confirmá-las; Steen (2010), que desenvolveu

uma revisão da literatura, apresentando alguns dados sobre o setor e culturas como

crisântemos, cravos e rosas. As variáveis que compõem cada modelo estão

disponíveis na Tabela 13.

Tabela 13 - Artigos e variáveis da teoria de leilão

Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

(KATOK; ROTH, 2004)

Mecanismos de leilão; distribuição e a correlação dos valores do ofertante.

(KATOK; KWASNICA, 2008)

Mecanismo do leilão; velocidade do relógio; preço de reserva; ofertantes; número de licitantes.

(SCHOENHERR; MABERT, 2007)

Empresas; preços de leilões reversos; atributos de não preço; commodities; itens não commodities; leilões reversos; relacionamento; compradores; fornecedores; oferta primária; custo.

(STEEN, 2010) Preço, volume, sazonalidade e preferências do consumidor.

Fonte: Dados de pesquisa.

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61

O portfólio bibliográfico é composto, ainda, por outras abordagens e teorias

que, juntas, mostram o desenvolvimento científico nas áreas de leilões e de previsão

de preços aplicada a leilões. Assim, as teorias utilizadas no restante dos artigos

podem ser descritas na Tabela 14, na qual também estão disponíveis os artigos e as

respectivas variáveis destes.

Tabela 14 - Apresentação dos métodos, artigos e variáveis

Teoria/Método Artigo Quais são as variáveis do modelo ou as características do produto?

Análise envoltória de dados (DEA)

(DALY; NATH, 2005)

ENTRADA: preço, prazo de entrega e qualidade. SAÍDA: disponibilidade para colaborar e número de unidades fornecidas.

Teoria dos jogos e Teoria da decisão

(CARARE; ROTHKOPF, 2005)

Modelo 1: tempo zero; tempo; preço de reserva; custo de transação adicional; custo de transação. Modelo 2: custo de transação; rendimento esperado; preço regra e capacidade de compra.

Cadeia de valor

(MELESE; HELMSING, 2010)

Produção, comércio e desenvolvimento setorial (disponíveis na tabela 6 do artigo).

Simulação (MISHRA; PARKES, 2009)

Itens heterogêneos; compradores; pagamento; demanda conjunta; fornecimento conjunto; receitas; economia marginal; itens dummy; número de compradores e de vendedores; demanda residual sem comprador.

Adaptação local

(POZZEBON; HECK, 2006)

-

5 forças de Porter

(CUNDEN; HECK, 2004)

Poder de barganha dos produtores africanos; adoção de TI pelo produtor africano; influência sobre o formador de mercado; alcance geográfico dos compradores; potencial para chegar ao comprador certo; concluir transações lucrativas.

Almost ideal Demand System (AIDS)

(STEEN, 2014) Preço, quantidade ofertada, número da semana e parcela do orçamento.

k-Nearest Neighbor (vizinho mais próximo)

(ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010)

Palm top: Preço de abertura; preço de fechamento; duração do leilão; número de ofertantes e de licitantes; frete; comentário do vendedor; foto; loja E-bay e poder de venda. LAPTOP: Preço de abertura; preço de fechamento; duração do leilão; número de ofertantes e de licitantes; preço de reserva; compra agora; marca; memória RAM; tamanho da tela; velocidade do processador; lançamento; placa mãe e DVD player.

Fonte: Dados de pesquisa.

Dentre os destaques dessa lente, os estudos de Donnet, Weatherspoon e

Hoehn (2008) e de Din, Slutsky e Steinmetz (2011) apresentam as bases para a busca

das variáveis do modelo desse trabalho, visto que tanto os atributos dos cafés quanto

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os atributos da qualidade das flores, bem como a reputação dos produtores, podem

ser aplicadas ao contexto do leilão da CVH. A pesquisa de Steen (2014), apesar de

operar um método distinto, evidencia a ligação entre o período do ano (semana) e o

preço no leilão de flores. Deste modo, seu trabalho também poderá ser utilizado na

mensuração da modelagem do presente trabalho. O estudo de Du, Xu e Bian (2011)

também poderá ser empregado, porém, a aplicação de métodos de série temporal não

satisfaz a necessidade desta pesquisa. Assim, a principal lacuna desta lente refere-

se à ausência artigos que utilizam as características do produto para definição de suas

variáveis - primeiro estágio de Rosen (1974) -, e nenhum adota essas características

para determinar a curva de oferta e de demanda associada a elas - segundo estágio

de Rosen (1974) -, ambas no contexto do leilão reverso de flores.

E. Contribuições

As contribuições são abordadas pela última lente da análise sistêmica, que

também pode ser entendida como a conclusão dos artigos do portfólio bibliográfico.

Para tanto, foi formulada a seguinte questão a ser respondida pelos artigos: Quais

foram as contribuições da aplicação do modelo? Todas as respostas e os artigos estão

disponíveis na Tabela 30 do Anexo A. Para melhor entendimento, os artigos dessa

lente seguiram o agrupamento definido na primeira e na segunda lentes, e estão

subdivididos em três grupos, definidos por tipo de leilão abordado no artigo. Os grupos

são:

Grupo E1: Artigos que possuem abordagem em leilões reversos ou

leilão holandês;

Grupo E2: Artigos que abordam outros tipos de leilão;

Grupo E3: Artigos que abordam modelos de previsão.

Grupo E1

A conclusão e as contribuições desses artigos serão apresentadas

começando pelos artigos que abordam leilões reversos. Este grupo representa

62,06% do portfólio. A conclusão de Wagner e Schwab (2004) mostra que os gestores

podem visualizar uma situação de compra distinta e avaliar se a situação é adequada

para os leilões reversos eletrônicos. Os resultados da análise de regressão logística

podem ajudar os gestores a determinar a probabilidade de sucesso das compras via

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leilão eletrônico reverso. Daly e Nath (2005) definem que é possível projetar leilões

mais propícios aos investimentos e às relações de longo prazo, subsidiando parceiros

relacionais e fazendo pagamentos para licitantes (compradores) perdedores. Atributos

exógenos também podem ser incorporados na avaliação da proposta, tais como a

disposição do fornecedor para colaborar com o comprador em uma base de longo

prazo, fazendo investimentos com uma visão estratégica de longo prazo, a reputação

do fornecedor, ou o histórico do comprador, mostrando os caminhos a seguir com

novos projetos de leilões. Katok e Roth (2004) demonstram que, em circunstâncias de

sinergia, o leilão descendente é robusto, mesmo em situações com potencial para o

problema free-riding5. A principal contribuição deste modelo de leilão é que o preço

inicial deve ser bem definido, pois pode acarretar preço baixo ou demora na venda.

Por esta razão, os leilões decrescentes são mais indicados para flores e commodities.

O leilão E-bay holandês tem um desempenho fraco em ambientes com sinergia. Katok

e Kwasnica (2008) concluem que altas velocidades de relógio apresentam rendimento

das receitas significativamente abaixo da receita do leilão de oferta selada. Seus

resultados estão consistentes com a literatura pesquisada, enquanto as receitas em

leilões com um atraso no relógio é maior do que no leilão de oferta selada. A razão da

menor receita em leilão holandês está associada à velocidade: se o leiloeiro diminuir

a velocidade, o preço tende a aumentar. No entanto, em leilões de flores, devido à

característica de perecibilidade do produto, esta estratégia precisa ser considerada

com cautela. Para Carare e Rothkopf (2005), os licitantes, em leilões holandeses,

quando diante de um custo positivo de retorno ao site do leilão, preferem comprar o

objeto mais cedo (preço superior), para economizar o custo de retorno (quando os

custos de transação são contabilizados, leilões holandeses produzem, em média, uma

receita maior do que os leilões fechados). Os resultados também sugerem que um

leiloeiro com receita maximizada cegamente prefira tornar o item mais caro para os

ofertantes voltarem ao site do leilão, quando o mecanismo é um leilão holandês.

Schoenherr e Mabert (2007) definem que as empresas que adotam os leilões reversos

precisam se qualificar para desmascarar todos os mitos tratados neste estudo.

Considerando outros aspectos do produto, como a sua qualidade, os leilões podem

vender qualquer tipo de produto e até serviços, porém, é necessária uma descrição

5 Free-Riding em economia ocorre quando um agente se beneficia de recursos, bens ou serviços não pagando por eles. Esta situação pode ocorrer quando os direitos de propriedade não estão claramente definidos, ou em um uso excessivo ou degradação de um recurso de propriedade comum.

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detalhada dos produtos e dos serviços, para manterem a característica de

transparência, pois ela ajuda no relacionamento entre oferta e demanda. Os primeiros

leilões tendem a diminuir o preço (equilibrar as margens em função do preço de

mercado). Entretanto, com o passar do tempo, esta queda tende a diminuir. Leilões

reversos não são uma moda passageira. Bapna et al. (2009) definem que leilões

ingleses rendem cerca de 8,6% a mais do que holandeses. Foram encontrados

licitantes institucionalizados no ambiente MOOAM6, que exploram o ambiente de

oferta em um grande número de leilões. A sobreposição de leilões tem um impacto

significativamente negativo, e as informações sobre o leilão seguinte tem uma

influência negativa mais forte do que a informação sobre os leilões do fechamento

anterior. Hur, Mabert e Hartley (2007) mostram que os leilões eletrônicos não

garantem uma economia de custos substanciais para as firmas. As condições da

organização, como tamanho, montante das compras, competência dos gerentes de

compras e conhecimento acumulado do mercado produzem vantagens no momento

da compra. Melese e Helmsing (2010) definem que o investidor externo holandês é o

ator dominante em todos os três papéis. O processo de endogeneização demonstra

uma série de critérios positivos, porém, existem outros incipientes. A conclusão é de

que há sinais positivos, todavia, a competição mundial por qualidade contínua ainda

é um sério desafio para as empresas etíopes. Mishra e Parkes (2009) apresentam que

os leilões, em ambas as configurações, mantiveram os preços “simples” e final com o

resultado VCG7. As simulações demonstraram que as propriedades com preferência

de licitação e velocidade em ambientes de alta competição são superiores aos seus

semelhantes leilões crescentes. Pozzebon e Heck (2006) postulam que a decisão de

um grupo de produtores mais velhos que não quiseram perder todo o trabalho

realizado por seus pais (os imigrantes originais holandeses) e mudar a estrutura

existente, como sendo um dos fatores influentes que ajudam a explicar o sucesso da

adoção de um sistema de aplicação genérica pelo Veiling Holambra.

''Nós vamos implementar o modelo holandês. Se estivermos certos, vamos

crescer, se estivermos errados, vamos quebrar ''. Cada cultura tem sua

própria maneira de engajar-se em adaptações locais e, no caso do Brasil, as

pessoas se envolvem via improvisação contínua, sem saberem que estão

6 Do inglês Multiple Overlapping Online Auction Markets (MOOAM), traduzido como múltiplos mercados de leilões online sobrepostos. 7 Modelos de leilão encontrados nas referências do artigo (Vickrey (1961); Clarke (1971); Groves (1973)).

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mudando processos importantes a longo prazo. Talvez, esta é uma das

razões para o sucesso da Veiling Holambra, já que eles acreditam terem

copiado um modelo de sucesso - e um modelo holandês! – Sem mudanças,

eles se sentem confiantes sobre todo o processo e seus resultados. No

entanto, a partir de uma perspectiva externa, nós reconhecemos que não

copiaram passivamente um modelo, mas adaptaram ativamente um modelo

para as suas condições locais. O reconhecimento desta característica cultural

particular - 'Jeitinho brasileiro', a improvisação recorrente dos brasileiros -

ajuda a explicar a natureza de suas adaptações locais. Em nossa opinião, a

combinação da cultura mais racional dos imigrantes holandeses (com ênfase

específica em custos / benefícios / velocidade / tempo) e o comportamento

do improviso do povo brasileiro ajudou na criação do uso inovador da

aplicação genérica em Holambra. A incrível descrição da primeira tentativa

de operar um modelo de leilão (com lâmpadas montadas e plugadas na

parede) revela muito sobre "modo de fazer" dos brasileiros e sua capacidade

de se adaptar a uma falta de recursos e condições instáveis, tal como foi

indicado por um dos entrevistados: 'Não tínhamos dinheiro suficiente para a

implementação da infraestrutura necessária. Infelizmente, não tenho fotos

para mostrar a você, mas você não acreditaria se visse a maneira em que

nós começamos...'” (Gerente de Veiling Holambra).

'' Não tínhamos quase nada semelhante, nada. Então, a gente improvisou...

'' (gerente Veiling Holambra).

Cunden e Heck (2004) definem que a adoção de Tecnologia da Informação

(TI) leva à diminuição da incerteza (ausência de conhecimento sobre a qualidade das

flores). A adoção de TI também proporciona um potencial para os produtores

melhorarem seus produtos por meio de informações sobre qualidade, como detalhes

do cultivo, por exemplo. Li e Kuo (2011) proporcionaram, com seu modelo, um melhor

entendimento entre os resultados do leilão e os parâmetros de seu sistema,

demonstrando como atingir o nível ótimo de oferta e receita para o leiloeiro, provando

que o preço do produto sobe com 2 ou mais compradores. Steen (2010) apresentou

um aumento da produção de flores na América do Sul e na África para exportação

para Europa, pois elas estavam cada vez mais baratas desde 1990, e com

crescimento forte na demanda dos países asiáticos. Lu et al. (2011) definem que os

leiloeiros podem influenciar a dinâmica do leilão, ajustando parâmetros-chave, como

preço inicial e de reserva, compra mínima de unidades e velocidade do relógio. Os

resultados empíricos servem como um ponto de partida útil para leiloeiros otimizarem

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os parâmetros do leilão e conseguirem um maior rendimento e receita. Din, Slutsky e

Steinmetz (2011) apresentam que as principais diferenças de preços entre os

produtores são significativamente grandes, de 36% a 47%. A análise de regressão

revelou que as variáveis diferença no comprimento da haste, diferença na quantidade

média de hastes por transação e fatia de hastes compradas por grandes compradores

têm alto impacto sobre a qualidade das flores e reputação do produtor. Du, Xu e Bian

(2011) concluíram que as hipóteses 1, 2, 4 e 5 estão confirmadas, ou seja, o preço

médio do dia anterior tem impacto sobre o preço médio hoje; o preço médio dos cinco

primeiros leilões de hoje tem impacto positivo sobre os demais leilões de hoje; as

transações do dia anterior têm influência significativa sobre o dia de hoje; e as

transações do dia de hoje têm influência significativa sobre o dia de hoje. A hipótese

3 foi negada pelo estudo e, portanto, o preço médio das cinco primeiras flores tem

impacto negativo sobre a formação da rosa carola no leilão de hoje. Steen (2014)

define que um aumento de 10% nos preços dos cravos pode reduzir o preço das rosas

em mais de 5%. O orçamento limita o crescimento da formação de preços, ou seja,

quando um grupo tem seu preço aumentado outro grupo perde na formação de

preços.

Grupo E2

O segundo grupo de artigos do portfólio representa 20,68% e apresenta

trabalhos que utilizam outros tipos de leilões. Weron e Misiorek (2008) concluíram que,

na Califórnia, os modelos com variável exógena geralmente são melhores do que os

modelos de preços puros, e que, no modelo da região Nórdica, considerando a

temperatura do ar, isso não acontece. Quando o nível dos reservatórios está baixo,

os preços são menos influenciados pela temperatura neste mercado. Além disso, os

modelos IHMAR/IHMARX e SNAR/SNARX normalmente produzem melhores

resultados pontuais do que seus concorrentes. Não há desempenho claramente

superior dos modelos. Contudo, os modelos SNAR/SNARX são uma ferramenta

interessante para a previsão no curto prazo por hora. Bapna, Jank e Shmueli (2008)

demonstram que os momentos de maior margem para ampliação de preços são o

inicial e o médio do leilão. A chegada de um concorrente adicional sobre a taxa de

aumento do preço é menor no final do leilão. As "estacas" têm maior importância para

itens de maior valor, especialmente no início e no final do leilão. Vendedores com

maior classificação produzem maiores preços, porém, este efeito é fraco em leilões

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curtos. Assim, vendedores com pouca classificação obtêm maiores ganhos se

começarem a vender em leilões curtos e, com o passar do tempo, ganhando

classificação, irem migrando para leilões longos. Os leilões dos Estados Unidos da

América (EUA) apresentam preços 4% maiores no primeiro ciclo. Os leilões nos EUA

têm aumentos de preço maiores. A aceleração leva a maior velocidade, e isto leva a

preços mais altos. Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) apresentam que os

rankings de qualidade têm maior impacto sobre os preços, variando de 153% a 205%.

Outro fator é a avaliação da qualidade, que influi na proporção de 1/7. Zhang, Jank e

Shmueli (2010) definem que o KNN produz melhores resultados do que os modelos

tradicionais de regressão. Kleijnen e Schaik (2011) apresentam que os grandes

compradores pagam preços mais elevados. O coeficiente de elasticidade-preço/oferta

é surpreendentemente elevado (0,8). A temporada é importante, e os gerentes de

compra têm desempenhos significativamente diferentes uns dos outros. Chang (2014)

concluiu que os ofertantes institucionalizados são sensíveis ao custo de oferta. Eles

têm foco em como diminuir o tempo gasto nos leilões e tendem a manipular a receita.

O aumento da entropia IL8 pela diminuição dos oportunistas e o aumento dos

participantes resultam em aumento de receita; já com o aumento da entropia ML9

haverá mais concorrentes institucionais e diminuições das receitas.

Grupo E3

O último grupo de artigos que possuem abordagem nos modelos de

previsão de preços somam 17,24% do repositório. O artigo de Selim (2009) conclui

que o modelo de rede neural produz melhor resultado nas previsões. Visit, Christopher

e Minsoo (2004) confirmam o artigo anterior, demonstrando que o modelo de rede

neural obteve R² = 0,9 contra R² = 0,62 do modelo hedônico. Stevenson (2004) valida

grande parte dos estudos anteriores voltados às evidências de heterocedasticidade

relacionadas à idade da casa quando é utilizada a abordagem. A variável área do

imóvel também induz à heterocedasticidade. Tomat (2006) mostra que os índices de

preços hedônicos apresentam taxa de mudança de preços negativa para

computadores pessoais no período estudado. Os índices de modelos combinados

Laspeyres mostram taxas de mudanças de preços que, geralmente, são maiores do

8 Visão de nível de leilão individual. 9 Visão de nível de mercado.

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que os índices hedônicos correspondentes. Apesar disto, para os índices Paasche, os

resultados são menos definidos, devido à taxa menor de combinação observada para

esses índices. Os índices de modelos combinados não parecem ser caracterizados

por qualquer tendência baseada na mudança de qualidade substancial. Os resultados

empíricos sugerem que índices de modelos hedônicos e combinados deveriam, em

geral, ser pensados como medidas complementárias, igualmente capazes de

representar corretamente a taxa de mudança no preço ajustado pela qualidade.

Enquanto índices de preços hedônicos são caracterizados por distorções,

dependendo das propriedades das formas reduzidas da função hedônica, índices de

modelos combinados são caracterizados pelas distorções que aparecem a partir do

requerimento de fazer substituições apropriadas nos experimentos. Não há evidências

de que um método deve operar melhor do que outro. Silver e Heravi (2007) chegaram

à conclusão de que as abordagens de DTH e de HI são aceitáveis se não houver

mudanças significativas ao longo do tempo. Caso contrário, o HI leva vantagem e tem

extensas referências sobre HI e Törnqvist.

Conclui-se, assim, cada lente da análise sistêmica, com os destaques e

com as oportunidades. Nessa lente, destaca-se como artigo introdutório sobre os

leilões e seus mitos o trabalho de Schoenherr e Mabert (2007), o qual apresenta que

as empresas que queiram utilizar os leilões reversos devem se qualificar, pois este

mecanismo de comercialização tem como principal vantagem a transparência. Essa

transparência ajuda na relação entre oferta e demanda. Em suma, os leilões reversos

não são uma moda passageira. Outro artigo de destaque é o Pozzebon e Heck (2006),

o qual define que os fatores influentes que ajudam a explicar o sucesso da adoção de

um sistema de leilão reverso pela CVH foram o envolvimento das pessoas via

improvisação contínua, sem saberem que estavam modificando processos

importantes em longo prazo. Os autores, por uma perspectiva externa, identificaram

que a implantação não foi passiva, mas sim que adveio através de adaptações

contínuas. Talvez tais adaptações tenham sido inerentes ao modo de ser do brasileiro,

conforme ressaltam. Na opinião dos autores, a combinação da cultura mais racional

dos imigrantes holandeses com ênfase em custos, benefícios, velocidade e tempo, e

o comportamento de improvisação do povo brasileiro ajudou na criação do uso

inovador e da aplicação genérica em Holambra. Uma evidência disto é a maneira

incrível como os leilões iniciaram, sem nenhuma infraestrutura, superando a falta de

recursos.

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Din, Slutsky e Steinmetz (2011) apresentam que as diferenças de preços

entre os produtores são significativamente grandes (de 36% a 47%).

Semelhantemente, Steen (2014) define que um aumento de 10% nos preços dos

cravos pode reduzir o preço das rosas em mais de 5%. O orçamento limita o

crescimento da formação de preços. Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008)

apresentam que os rankings de qualidade do café têm maior impacto sobre os preços,

variando de 153% a 205%. Deste modo, a lacuna de pesquisa dessa lente emerge da

necessidade em conhecer quais serão as contribuições da aplicação de um modelo

de regressão para realizar a previsão de preços no leilão da CVH.

3.4. Lacuna e Pergunta de Pesquisa

A análise sistêmica permitiu o entendimento do estado da arte dos

conceitos científicos sobre leilão reverso e previsão de preços. Foram apresentadas

as principais metodologias, métodos, quadros conceituais, abordagens, aplicação,

conceitos, mensuração, performance e resultados, além de seus pontos fortes e

oportunidades de desenvolvimento de pesquisas futuras relacionadas com as cinco

lentes. Neste contexto, as evidências das principais carências são:

Nenhum modelo presente nos artigos utiliza o modelo de preço

hedônico no contexto de leilões reversos (lentes abordagem e

quadros conceituais);

Nenhum modelo presente nos artigos aplica a modelagem hedônica

no contexto do leilão reverso de flores (lente aplicação);

Nenhum artigo do portfólio bibliográfico utilizou o segundo estágio

de Rosen (lente mensuração).

Deste modo, a pergunta de pesquisa apresentada na seção “1.

INTRODUÇÃO” emerge da revisão da literatura, pois atende as principais lacunas de

pesquisa levantadas, refletindo o desejo de contribuir com o conhecimento científico

desta área do conhecimento.

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3.5. Síntese da Revisão da Literatura

Este capítulo proporcionou o entendimento dos resultados teóricos da

aplicação do processo Proknow-C. As conclusões do capítulo podem ser assim

resumidas:

O portfólio bibliográfico sobre os eixos leilão reverso e previsão de

preços é composto por 29 artigos;

A evidenciação bibliográfica e estatística do portfólio contempla os

mais destacados periódicos, artigos e autores do tema da pesquisa;

A análise sistêmica permitiu identificar as três principais carências

do conhecimento no meio científico;

As carências identificadas são entendidas com oportunidades,

sendo que algumas delas foram transformadas na pergunta de

pesquisa deste trabalho.

A próxima seção tem o objetivo de apresentar o referencial teórico dos

principais conceitos abordados neste trabalho.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tem o objetivo de apresentar a fundamentação teórica deste

trabalho, incluindo os tipos de leilões e modelos de previsão de preços aplicados a

leilões. Para tanto, será apresentada a fundamentação dos leilões, seus tipos e seu

emprego histórico no mercado de flores. Será exposto o ambiente selecionado para a

modelagem hedônica (o klok da CVH), bem como o produto típico selecionado (a

orquídea). Por fim, serão apresentadas as bases dos modelos econométricos,

passando pela abordagem utilitarista dos atributos do produto e chegando à

modelagem hedônica.

4.1. Conceitos de leilões

O estudo dos leilões teve seu início com o trabalho seminal de Vickrey

(1961). Seu desenvolvimento deu-se paralelamente com a teoria dos jogos. Mcafee e

Mcmillan (1987) definem que “um leilão é uma instituição de mercado com um

conjunto explícito de regras que determinam a alocação de recursos e preços, com

base em propostas dos participantes do mercado”.

Segundo Menezes e Monteiro (2008, p. 9), leilão é “um mecanismo claro

de mercado que iguala demanda e oferta”. Ainda de acordo com estes autores, o

processo de formação de preços em leilões é explícito, e todas as partes envolvidas

devem ter um bom entendimento de como é determinado o preço final.

Desta maneira, o leilão parece ser empregado quando uma determinada

pessoa tem interesse em vender algum bem e existe mais de um comprador em

potencial. O objetivo dos leilões é resolver o dilema de quem deve levar o produto

ofertado, utilizando um mecanismo de transação de bens regido pela lei da oferta e

demanda, de forma que o preço e suas regras sejam transparentes a todos. De modo

bem simples, vence quem oferecer o maior preço.

Tipos de leilão

Segundo os autores Mcafee e Mcmillan (1987) e Klemperer (2004), os

principais tipos de leilão de um único item são:

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Leilão ascendente, aberto, oral ou inglês;

Leilão decrescente ou holandês;

Leilão de envelope lacrado de primeiro preço;

Leilão de envelope lacrado de segundo preço ou Leilão de Vickrey.

O leilão inglês é a forma mais comum de leilão. Seu uso é amplamente

conhecido. Nele, o preço é elevado por meio de lances sucessivos até que o último

lance adquira o produto. Esse leilão pode ser executado por um leiloeiro que anuncia

os preços, pelos próprios compradores, ou eletronicamente, conforme os sites de

leilão.

O leilão holandês é o inverso do leilão inglês: o leiloeiro inicia com um preço

elevado e, em seguida, vai reduzindo o seu preço, até que um licitante aceite o preço.

Este tipo de leilão é amplamente utilizado para o mercado de flores na Holanda, de

peixes em Israel e de tabaco no Canadá.

No leilão de envelope lacrado de primeiro preço, os potenciais compradores

apresentam suas propostas para um determinado item num envelope, que é aberto

pelo leiloeiro no final do leilão. Vence quem apresenta o maior preço pelo item. A

principal diferença entre esta proposta e o leilão inglês é que, neste modelo, os

compradores não sabem os valores dos outros licitantes e também não podem

apresentar outra proposta diferente da inicial. Este tipo de mecanismo comercial é

utilizado para compras governamentais, exploração de bens do governo como

privatização, venda de obras de arte e imóveis.

O leilão de envelope lacrado de segundo preço, ou Leilão de Vickrey,

determina que cada licitante submeta seu envelope igual ao mecanismo anterior,

porém, o licitante que fez o maior lance, não pagará o seu lance, mas sim aquele de

segundo maior lance (VICKREY, 1961). Este tipo de leilão é pouco utilizado na prática,

mas possui muitas propriedades teóricas. Muitas variações destes quatro

mecanismos básicos de leilões estão sendo implementadas pelo mundo (MCAFEE;

MCMILLAN, 1987; KLEMPERER, 2004).

4.2. Histórico dos Leilões e Mercado Mundial de Flores

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As flores pertencem a uma classe especial de mercadorias, uma vez que

tem sua função nas necessidades emocionais dos seres humanos, diferentemente de

outros produtos da agricultura, que satisfazem as necessidades nutricionais ou de

energia. Historicamente, o início do cultivo de flores data do século 16, na Holanda,

coincidentemente com a primeira bolha especulativa da história, chamada

“tulipamania”, que durou de 1634 a 1637 (STEEN, 2010).

Não se sabe ao certo o porquê de a tulipa ser o alvo desta febre. Entretanto,

Garber (2000) defende que a complexidade no cultivo e a baixa resistência às pragas

foram possíveis fatores que corroboraram para tal acontecimento, fazendo do seu

cultivo um desafio para qualquer produtor. Este cenário desafiador envolvendo as

tulipas proporcionou os fundamentos para o desenvolvimento de instrumentos de

comércio e mecanismos de preço no negócio de flores, tendo como destaque o leilão

reverso de flores ou leilão holandês (STEEN, 2010).

Os leilões holandeses são implementados usando-se um relógio ou klok

que demonstra o preço, além de outras informações sobre o produto. Seu ponteiro se

move no sentido anti-horário, começando com um preço arbitrariamente elevado

(cerca de 40% a mais). O ponteiro vai reduzindo o valor continuamente até que um

licitante (comprador) se manifeste, apertando um botão em sua tribuna, parando o

ponteiro no preço que ele está disposto a pagar. Neste momento, o produto é

arrematado, e o processo inicia-se novamente. Este modelo de leilão contribuiu para

o alinhamento de preço, além de ajudar no equilíbrio da negociação para a oferta. Por

outro lado, os licitantes tem uma maior competição para a compra do item. Outro

benefício é a transparência proporcionada por este mecanismo de compra e a

velocidade e a agilidade que ele proporciona, fazendo dele um mecanismo empregado

principalmente em produtos perecíveis (LU et al., 2011; STEEN, 2010).

O conceito de leilões cooperativos foi adotado, inicialmente, em 1887, no

leilão reverso de Broekerveiling, na indústria de frutas e vegetais. Interessante notar

que, conceitualmente, a palavra Veiling, em holandês, significa leilão (KNAAP, 2014).

Os leilões de flores na Holanda tiveram seu início em 1911-1912, quando

produtores da cidade de Aalsmeer, sentindo que estavam nas mãos de agentes que

manipulavam os preços e não eram pagadores confiáveis, criaram dois leilões:

“Bloemenlust”, do lado oeste, e “Leilão central de Aalsmeer”, que ficava no centro da

cidade. Seu principal objetivo era fortalecer os produtores, por meio do trabalho

coletivo, oferecendo seus produtos exclusivamente através de leilões, forçando os

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compradores a comercializarem utilizando o chamado leilão holandês ou leilão

reverso (STEEN, 2010). Em 1972, o Bloemenvieling Aalsmmer (centro de leilão de

flores) foi estabelecido por meio da junção com vários leilões menores. Em 2008, o

Bloemenvieling Aalsmmer e o Floraholland (maiores centros de comercialização de

flores do mundo) se uniram formando a Floraholland (STEEN, 2010).

Na década de 60, a demanda mundial por flores era suprida pela produção

local. Com o aumento da renda per capita na Europa, houve um aumento da demanda

nos países que compõem este continente. Os anos 70 foram marcados pelas

campanhas de marketing bancadas pelo Conselho Holandês de Flores, as quais

objetivavam maior difusão e consumo de flores em todo o mundo, principalmente nos

EUA. Nesta ocasião, produtores sul americanos começaram a exportar com ênfase

para a Colômbia, país este que comercializava rosas com os EUA.

Segundo Steen (2010), em 1973 a crise de energia proporcionou aos

países do sul europeu uma significativa vantagem competitiva, devido à menor

necessidade de utilização de energia para aquecimento das estufas. Essa crise

mudou o fornecedor de muitas das flores comercializadas na Europa, que agora eram

produzidas em Israel. O clima era um diferencial para este país, pois lá as flores

podiam ser produzidas ao ar livre, diminuindo, assim, os gastos com energia. Porém,

o fator limitante desta região era a escassez de água e o custo de transporte. Na

década de 90, a produção israelense ainda era significativa. Contudo, alguns países

africanos, especialmente o Quênia, exportaram grandes quantidades para a Europa.

Ainda segundo a autora, a previsão para o futuro da floricultura mundial é que a Ásia

tenha maior potencial para desenvolvimento da produção e comércio de flores, tanto

no mercado doméstico quanto para exportação.

4.3. Cooperativa Veiling Holambra (CVH)

Historicamente, a produção de flores surgiu no Brasil com a vinda dos

imigrantes holandeses, em 1948. A colônia holandesa, naquele mesmo ano, fundou a

Cooperativa Agropecuária Holambra (CAPH), com foco na pecuária e na produção de

laticínios, além de outras culturas agrícolas (KNAAP, 2014).

Na década de 50, alguns produtores iniciaram a produção do cultivar

Gladíolo. Esta cultura demonstrou ser bem sucedida, no entanto, a pequena

quantidade de bulbos foi um fator limitante naquela ocasião. Apenas no final da

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década, novas famílias de imigrantes trouxeram na bagagem mais bulbos e novas

tecnologias para a produção, como, por exemplo, o separador de bulbos e técnicas

de irrigação (KNAAP, 2014).

Nos anos 60, alguns comerciantes da região costumavam ir até Holambra

para comprar flores, e grande parte da produção era vendida pelos próprios

produtores na “Feira de Flores” em São Paulo. Esta década foi marcada pelo

crescimento na produção. Em 1972, nascia o departamento de flores da CAPH. Neste

mesmo ano, já fornecia para mais de 200 clientes no Rio de Janeiro e para outras

capitais do país. O crescimento foi constante e, em 1976, a cooperativa já exportava

para países da Europa. Em 1978, a cooperativa contava com vinte e oito produtores.

Vislumbrando o aumento de produtividade, investiu-se na aquisição de know-how

técnico da Holanda, para serem aprimoradas as técnicas de produção local (KNAAP,

2014).

Os anos 80 foram anos de trocas de experiência e investimentos em

infraestrutura dos produtores. Esta década foi marcada pelas mudanças nas políticas

comerciais, as quais culminaram com a implantação de um leilão para a

comercialização de flores. Em 3 de abril de 1989 foi realizado o primeiro leilão nas

dependências da CAPH. Tal leilão iniciou sua atividade de maneira bem improvisada,

conforme mencionado pelo gerente da Cooperativa Veiling Holambra:

“Nós colocamos várias lâmpadas na parede, fizemos conexões, trouxemos

algumas cadeiras. Convidamos os clientes e fizemos algumas etiquetas com

números, cada cliente com um número. (...) Com as lâmpadas na parede e

plug-ins nas cadeiras, nós começamos. Para cada número, havia uma luz

correspondente na parede e um cliente sentado na cadeira. Convidamos dois

especialistas no mercado de flores e instalamos um microfone. Dividimos a

produção existente em lotes e organizamos o primeiro leilão. Aquele que

acendia a lâmpada primeiro, conseguia o produto. E isto funcionou!”

(POZZEBON; HECK, 2006).

O sistema de lâmpadas trouxe ganhos significativos para a cooperativa: no

primeiro ano da implantação, o faturamento aumentou 50%. Entretanto, o sistema

ainda funcionava de forma improvisada. Somente em 1991 a cooperativa recebeu a

doação de um klok analógico do Veiling de Bemmel, cidade a 100 km de Amsterdam.

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Neste mesmo ano foi implantada a Unidade de Negócios Veiling dentro da CAPH

(KNAAP, 2014).

A década de 90 foi marcada pelo crescimento constante e pela solidificação

do sistema Veiling no mercado de flores, com novos produtores e adesão de novos

clientes. Contudo, em meados desta década, a CAPH apresentava dificuldades,

principalmente em seus outros ramos de atuação. A única unidade que prosperava

era a unidade de flores. Em 1997, o klok analógico doado foi substituído por dois kloks

digitais. Este investimento proporcionou maior velocidade ao leilão e segmentação

dos produtos, que passaram a ser divididos por categorias: flores e plantas em vaso

e flores de corte, fortalecendo ainda mais o sistema Veiling no mercado de flores

(KNAAP, 2014).

Em 12 de junho de 2001 foi formalizada a Cooperativa Veiling Holambra

(CVH), que, agora, emancipada da CAPH, poderia ter mais agilidade em seu processo

de decisão. Desde a sua formalização, a CVH passou por inúmeras ampliações, até

que, em 2009, devido ao seu crescimento físico, teve sua mudança para uma nova

sede, no município de Santo Antônio de Posse. O complexo CVH ocupa uma área

construída de aproximadamente 105.000 m², em constante ampliação. Juntamente

com essa nova sede, vieram investimentos no sistema klok, o qual, atualmente, conta

com 3 kloks de LED, que funcionam simultaneamente, segmentados por produtos:

flores e plantas de vaso, plantas ornamentais e flores e folhagens de corte. A tribuna

do klok pode ser visualizada na Figura 7.

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Figura 7 - Vista da tribuna da CVH.

Fonte: Knaap (2014 p. 130).

A tribuna conta, hoje, com 338 terminais de compras, com possibilidade de

expansão para 446. Atualmente, em cada leilão, participam, em média, 300

compradores. A compra de um lote acontece, geralmente, em 1,3 segundos (KNAAP,

2014; VIZZOTO, 2011).

Hoje, segundo Silva, Duarte e Santos (2015), a CVH negocia por volta de

48,77% das flores nacionais, sendo o principal centro de comercialização de flores e

plantas ornamentais da América Latina. O klok é a principal forma de comercialização

da CVH, representando, aproximadamente, 55% de todas as vendas, seguido pela

intermediação, com 45%. O departamento comercial da CVH realiza a negociação

bilateral entre compradores e produtores, firmando contratos para venda imediata e/ou

futura. A CVH conta também com um canal de vendas chamado “Veiling online”, que

realiza essa intermediação através de um canal eletrônico (VIZZOTO, 2011). As

principais formas de comercialização estão disponíveis na Figura 8.

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Figura 8 - Principais formatos de negociação mercantil da CVH: (a) klok e (b) intermediação. Fonte: Elaboração própria.

Todos os produtos comercializados pela CVH, independentemente da

forma como são vendidos, passam pelo departamento de qualidade, que enquadra o

produto de acordo com o seu critério de qualidade, pré-estabelecido em uma

classificação definida, ordenadamente, por A1, A2 e B, sendo A1 o alinhamento total

dos critérios de qualidade do produto, na qual o produto se enquadra conforme o

alinhamento, e decrescente a partir de A1.

Na comercialização pelo sistema klok, o produtor é quem inicia o processo,

enviando seu produto para ser ofertado no leilão. O produto é, então, classificado

quanto à sua qualidade e enviado para o leilão. Cada lote é vendido quando um cliente

faz o lance eletrônico. Caso nenhum cliente faça o lance, o produto será descartado

(triturado) ao atingir o preço mínimo estabelecido pela CVH ou o preço limite do

produtor (PLP). O PLP é uma estratégia que pode ser utilizada pelo produtor para

elevar o preço no klok. No entanto, essa estratégia aumenta o risco de descarte do

produto pela elevação de seu preço mínimo.

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Atualmente, além do tradicional relógio (klok) demonstrando a dinâmica dos

preços a cada rodada do leilão, as telas de LED também evidenciam as seguintes

informações durante a comercialização de um lote: no canto esquerdo ficam

disponíveis o nome do produtor com sua logomarca, qualidade do produto (de acordo

com seu respectivo critério, definido em A1, A2 ou B), nome do produto com uma foto

ilustrativa, quantidade geral ofertada no leilão daquele dia e quantidade restante a ser

leiloada, e a data de saída do produto do sítio do produtor. Ademais, são apresentados

dois quadros: um com informações a respeito do padrão do produto, como tamanho

do pote, cor, quantidade de botões florais, etc.; outro com as observações, como a

existência de código de barras nos produtos. Caso o produtor tenha alguma

certificação de qualidade, ela também será exibida no klok no momento das suas

negociações. No interior do klok, fica disponível o fator unidade de comercialização,

que pode ser unidade, maço, vaso, caixa, entre outras; o preço limite do produtor

conforme definido anteriormente; a quantidade que está sendo comercializada em

cada rodada do leilão. A embalagem, o código do comprador e o preço final são

apresentados após o lance ser concretizado. Na parte inferior da tela do klok fica a

sequência dos lotes, demonstrando quais produtos serão oferecidos na sequência.

Também ficam disponíveis os produtores e seus respectivos PLPs. Essas

informações auxiliam os clientes na tomada de decisão durante a negociação via

sistema klok.

Os principais clientes da CVH são os atacadistas que revendem seus

produtos em linhas por todo o Brasil: floriculturas, decoradores e Garden Centers (que

comercializam localmente para o consumidor final), e os supermercados, que veem

nas flores um novo item para ampliar seu mix de produtos (SILVA; DUARTE;

SANTOS, 2015).

Além da CVH, existem outras cooperativas e centros de comercialização

no Estado de São Paulo, principal Estado do segmento, com destaque para as

Centrais de Abastecimento (CEASA) de Campinas, Companhia de Entrepostos e

Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e a Cooperflora/Floranet que, juntamente

com a CVH, comercializam, anualmente, cerca de 732 milhões de reais (SILVA;

DUARTE; SANTOS, 2015).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR), o setor

apresentou crescimento em todos os indicadores no ano de 2014. O maior

crescimento foi observado no faturamento anual por ponto de venda, que teve um

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incremento de 8,02% em relação a 2013, seguido da área plantada por produtor, que

expandiu 5,81%, puxada pelo aumento de 3,29% no consumo per capita e 3,10% nos

empregos do setor e, por fim, o número de produtores cresceu 2,88%, também

comparado com 2013. Tais dados ratificam a importância do setor e a sua capacidade

na geração de renda e emprego (IBRAFLOR, 2015).

Diante deste contexto, a cultura orquídea possui ampla representatividade

no setor, sendo uma cultura de destaque pelas suas características, tendo sua

relevância para o setor confirmada pelo volume comercializado e número de

variedades cultivadas nos últimos anos. Uma ilustração da orquídea pode ser

observada na Figura 9.

Figura 9 - Foto ilustrativa da orquídea. Fonte: CVH (2016)

A escolha deste produto deu-se em função da necessidade da cooperativa

de conhecer mais sobre os fatores que concorrem para a sua formação de preço,

sendo uma escolha da equipe comercial da própria CVH.

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4.4. A Teoria Clássica e a Abordagem dos Atributos

O cenário aqui tratado desperta o interesse em entender o processo de

formação de preço em leilões reversos de flores. Para isto, faz-se necessário ser

entendida a teoria do valor de troca baseada no princípio de utilidade. Essa teoria foi

desenvolvida por Karl Menger na escola de Viena, a partir de 1870. Sua contribuição

alterou o foco dos estudos que, até então, eram voltados para a maneira como a

riqueza era produzida, distribuída e consumida, para uma análise das necessidades

dos homens, sua satisfação e valorização subjetiva dos bens. Esta visão ultrapassou

a ideia clássica, na qual se acreditava que os preços em uma economia de troca eram

pautados pela quantidade de trabalho incorporado neles. Menger buscou o

entendimento da importância atribuída subjetivamente pelos indivíduos aos bens,

sendo o valor desse bem relacionado à sua utilidade para satisfazer as necessidades

dos agentes econômicos (VASCONCELLOS et al., 2005).

Lancaster (1966) expandiu a teoria econômica clássica do consumidor,

analisando os elementos básicos que compõem o produto, postulando que a sua

demanda é definida pela soma das suas características, e não pelo produto em si.

Esta abordagem faz sentido na aplicação em flores, devido à infinidade de

características que cada cultivar possui. Assim, o nível de utilidade de cada produto é

definido pelas suas características. A Tabela 15 apresenta uma comparação entre a

teoria das preferências de Lancaster e a teoria clássica.

Tabela 15 - Comparação entre teoria de Lancaster e clássica

Teoria de Lancaster Teoria tradicional

Lenha não poderá ser substituída por pão, uma vez que suas características são distintas.

Não há razão, exceto “gostos” por que esses bens não possam ser substitutos próximos (close substitutes).

Um Buick vermelho será um substituto próximo (close substitute) do Buick cinza.

Não há razão por que esses bens não possam ser tão próximos quanto lenha e pão.

Substituição (por exemplo, manteiga e margarina) é frequentemente intrínseca e objetiva, e será observada em muitas sociedades, sob várias condições de mercado.

Não há razão por que substitutos próximos em um contexto também o sejam em outro.

Um bem pode ser retirado do mercado por novos bens ou por mudanças de preços.

Nenhuma presunção que bens serão completamente eliminados.

A escolha entre trabalho e lazer pode representar um padrão.

A escolha entre trabalho e lazer é determinada apenas pelas preferências individuais, nenhum padrão além dessas preferências individuais pode ser estipulado.

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(Lei de Gresham10) Um ativo monetário (moeda) pode deixar de ser uma fronteira eficiente e irá desaparecer da economia.

Não há presunção ex ante que qualquer bem ou ativo irá desaparecer da economia.

Um indivíduo é completamente imune a mudanças de preços que deixam inalteradas a sua fronteira de eficiência sobre as quais suas escolhas são baseadas.

Um indivíduo é afetado por mudanças nos preços

Alguns grupos de mercadorias podem ser intrínsecos e universalmente reconhecidos.

Nenhuma presunção que mercadorias formem um grupo (definido por uma quebra no espectro de elasticidade-cruzadas) em um contexto irá formá-lo em outro contexto.

Fonte: Adaptado de Lancaster, 1966.

A teoria de Lancaster apresenta uma ampliação do entendimento

econômico tradicional, principalmente com relação à definição de produtos

substitutos, que, anteriormente, não levaram em consideração as características

intrínsecas dos bens. Assim sendo, Lancaster contribuiu, primeiramente, subdividindo

um bem em seus atributos, postulando que cada bem possui um conjunto de

características, e que os consumidores escolhem adquirir essas características e não

o bem propriamente dito. Pereira (2004, p. 34) resumiu os principais tópicos

abordados pela teoria de Lancaster, conforme segue:

Um bem, por si mesmo, não oferece utilidade para um consumidor.

São as características do bem que possuem utilidade;

A princípio, um bem possui mais de uma característica. Ao

apresentar várias características, é possível assumir que algumas

são comuns a vários bens;

A combinação de bens pode apresentar características diferentes

daquelas pertencentes a cada bem em separado.

Outra possibilidade oriunda das ideias de Lancaster e postulada por Rosen

(1974) é a determinação de um equilíbrio de mercado, baseado nas características

dos bens. Os autores definem a existência de uma relação entre renda e

características, de tal modo que consumidores com rendas adicionais incrementaram

a utilidade máxima do bem pela adição de novas características. Contudo, para

Fávero, Belfiore e Lima (2008), numa visão geral, não existe razão obrigatória para

10 A lei de Gresham define que a má moeda retira a boa de circulação. Por exemplo, no caso de uma hiperinflação as pessoas, segundo a lei de Gresham, irão acumular a moeda estrangeira mais forte (ex: dólar) e se livrar da moeda local. Esta prática diminui a circulação da moeda local levando a zero.

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que a elevação das quantidades de características sempre aumente com a renda,

uma vez que o bem em si é um conjunto de características e podem existir algumas

características que irão aumentar e outras que vão diminuir. Assim, o modelo possui

uma segmentação de mercado natural, demonstrando que consumidores com

possibilidades de compra semelhantes adquirem produtos com características

também semelhantes. Este funcionamento do mercado é apresentado na Figura 10.

Figura 10- Funcionamento do mercado. Fonte: Adaptado Aguirre e Faria (1997, p. 394).

Na Figura 10, a função hedônica demonstra a ligação entre os

compradores, representados pelas curvas côncavas de demanda 𝑑𝑜 𝑑1 e 𝑑2, que

demonstram, respectivamente, as propostas dos indivíduos em função de sua renda.

Desta forma, o indivíduo 𝑑1 possui mais renda que o 𝑑𝑜 e menos renda que o 𝑑2,

demonstrando a segmentação pela característica em função das particularidades do

indivíduo, tais como renda, preferência, estilo, etc. Do lado oposto, estão os

vendedores, com uma curva convexa da característica. Caso o preço desta

característica aumente, levará os ofertantes a aumentarem sua produção ou tamanho

(AGUIRRE; FARIA, 1997).

O emprego desta teoria permite definir a quantidade demandada por

produtos pela análise das suas características, conforme a seguinte expressão, dada

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por 𝑄𝑑(𝑥), sendo 𝑄𝑠(𝑥) a respectiva quantidade ofertada. Assim, conforme postulado

anteriormente, o equilíbrio de mercado necessita de uma função 𝑝(𝑥), tal que 𝑄𝑑(𝑥) =

𝑄𝑠(𝑥), para o vetor de características 𝑥. No entanto, 𝑄𝑑(𝑥) e 𝑄𝑠(𝑥) dependem da

função 𝑝(𝑥), como será apresentado no segundo estágio de Rosen (1974) do tópico

4.5.

4.5. Modelos Econométricos

Segundo Brooks (2008), a palavra econometria pode ser compreendida,

literalmente, como medição da economia. Nessa medição utilizam-se técnicas

matemáticas e estatísticas para estudar problemas de ordem econômica e financeira.

O autor define, ainda, econometria como a aplicação de técnicas estatísticas para

resolução de problemas em finanças. Para Vasconcellos et al. (2005), a econometria

é o ramo da ciência econômica que quantifica numericamente as relações

econômicas, pela utilização adequada da teoria econômica, da matemática e da

estatística.

Vartanian, Cia e Mendes-da-Silva (2013) datam o início da econometria

como disciplina na década de 1930. Nesta época, muitos estudos foram

desenvolvidos, visando tratar questões macroeconômicas para auxiliar governos e

grandes empresas no processo de tomada de decisão. As principais áreas da

modelagem econométrica são apresentadas na Figura 11.

Figura 11 - Interação de outras áreas com econometria. Fonte: Vartanian, Cia e Mendes-da-Silva (2013, p. 14).

Ainda segundo os autores, atualmente, a aplicação da econometria, bem

como suas técnicas e ferramentas, tem concebido modelos empíricos em quase todas

as áreas do conhecimento, com ênfase para Economia, Administração, Psicologia,

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Direito e Engenharias. Existem três razões para a consolidação desta disciplina nos

dias atuais:

A teoria econômica frequentemente não entrega a informação

quantitativa necessária à pratica da tomada de decisões;

Os dados quantitativos relevantes estão disponíveis;

Os modelos realísticos podem ser facilmente resolvidos por meio de

modernas técnicas econométricas, dando suporte às decisões

profissionais de diversas áreas.

Vasconcellos et al. (2005) apresenta alguns dos objetivos da econometria

de maneira mais ampla. São eles:

Efetuar medidas de variáveis e de agregados econométricos;

Estimar parâmetros pertencentes às relações construídas pela

teoria econômica;

Formular hipóteses a respeito do comportamento da realidade;

Submeter à prova, com base na observação da realidade, teorias

fornecidas pela economia;

Construir novas teorias (conjunto de hipóteses).

Conforme apresentado, a econometria se utiliza de diversas técnicas

estatísticas, visando realizar a ponte entre a teoria e a realidade do fenômeno

estudado. Dentre as principais técnicas, a regressão linear e a múltipla recebem

destaque devido à sua aplicabilidade e poder de previsões. Outros modelos e técnicas

também se utilizam delas: um exemplo são as regressões hedônicas ou modelos

hedônicos, que serão apresentados a seguir.

4.6. Modelo Hedônico

O termo hedônico, segundo o dicionário Houaiss (2001), tem sua origem

etimológica do grego hedonikós, que é a junção de duas palavras: hedone (prazer) +

ismo. O termo hedônico é proveniente do termo hedonismo, uma vez que o prazer ou

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a felicidade que um consumidor tem ao adquirir um bem depende do nível de

características que o bem adquirido possui.

Besanko et al11. (2006 apud FÁVERO; BELFIORE; LIMA, 2008), definem

que o preço hedônico utiliza dados históricos de transações comerciais já

concretizadas para determinar o valor dos atributos de um bem particular. As bases

da teoria do consumidor postuladas por Menger e posteriormente definidas por

Lancaster (1966) contribuíram para o desenvolvimento do estudo de Waught12 (1929

apud NERLOVE, 1995), que apresentou inicialmente o termo preço hedônico. Essa

teoria teve sua origem na economia agrícola, na qual o autor analisava os fatores que

influenciavam os preços dos vegetais. Waught utilizou uma regressão para averiguar

os preços por lote de aspargos em Boston entre maio e junho de 1927, estudando três

diferentes condições de qualidade: cor, tamanho da haste e uniformidade dos brotos.

Seus resultados ajudaram os produtores a entender as preferências dos

consumidores sobre quais características eram mais valorizadas na formação do

preço.

A fundamentação de preço hedônico apresenta-se na teoria das

preferências de Lancaster (1966). No entanto, foi o economista americano Rosen

(1974) que desenvolveu o primeiro modelo de equilíbrio de mercado baseado nas

características dos produtos. O trabalho do autor estabeleceu a fundamentação dos

modelos de preço hedônico. Segundo Griliches (1961), o modelo hedônico deve

responder a dois questionamentos principais: a) Quais são as características

relevantes do produto analisado?; b) Qual é a forma de relacionamento entre os

preços e as características? Este estudo utilizará esta abordagem para resolução da

sua problemática.

A modelagem hedônica inicia-se pela hipótese hedônica, a qual define que

cada bem é a soma de suas características, de modo que a soma das características

pode ser ordenada pelo vetor 𝑥 = (𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛). Ou seja, é o vetor de características

𝑥 que define a preferência do consumidor pelo bem 𝑥.

Assumimos que qualquer bem pode ser representado pelo relacionamento

funcional 𝑓(𝑥) entre o seu preço 𝑝 e o vetor das características 𝑥 do bem.

11 Besanko, D.; Dranove, D.; Shanley, M. Schaefer, S. Economics of strategy, 4 ed. New York: John Wiley & Sons,

2006. 12 Waugh, F.V. Quality as a determinant of vegetable prices: A statistical study of quality factors influencing vegetable prices in the Boston wholesale market. Columbia University Press, New York, 1929.

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87

𝑝 = 𝑓(𝑥) (1)

Esta função explicita a relação hedônica ou regressão hedônica do bem

estudado. Baseado no relacionamento da função anterior, o conceito hedônico pode

ser apresentado, no qual as variações dos preços são definidas como as derivadas

parciais da função hedônica (1).

𝜕𝑝

𝜕𝑥𝑛(𝑥) =

𝜕𝑓

𝜕𝑥𝑛(𝑥) (𝑛 = 1, … , 𝑁) (2)

Assim, o preço hedônico 𝜕𝑓/𝜕𝑥𝑛(𝑥) explicita quanto o preço 𝑝 de um bem

varia, se este bem for, ceteris paribus, composto com uma unidade adicional da

característica 𝑥. Para estimar o peso das características e a relação funcional entre o

preço 𝑝𝑖 de um bem 𝑖, seu conjunto de características 𝑥 e seu erro ou distorção 𝑢, foi

definida a equação 3.

𝑝𝑖 = 𝑓(𝑥1𝑖, 𝑥2𝑖 , … , 𝑥𝑛𝑖 , 𝑢) (3)

A forma funcional linear da equação (4) é frequentemente utilizada, em que

𝛼 e 𝛽 são os coeficientes a serem estimados, e 𝑝𝑖, 𝑥, e 𝜇, conforme definidos

anteriormente. A variável 𝑥𝑖𝑗𝑛 indica se o n-ésimo nível da j-ésima característica está

presente no bem 𝑖, e o coeficiente 𝛽𝑗𝑛 representa o valor a ser adicionado no preço

de um bem que possui n-ésimo nível da j-ésima característica.

𝑝𝑖 = 𝛼 + ∑ ∑ 𝛽𝑗𝑛𝑛𝑗 𝑥𝑖𝑗𝑛 + 𝜇 (4)

O modelo de preço hedônico se utiliza de inúmeras formas funcionais,

conforme apresentado na Tabela 16. Essas formas têm em comum a técnica de

análise de dados multivariada, chamada regressão múltipla. Para melhor

entendimento, faz-se necessário uma breve conceituação dos modelos de regressão

e seus pressupostos.

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Tabela 16 - Forma funcional hedônica mais utilizada

CLASSIFICAÇÃO FORMA FUNCIONAL

Linear 𝑝 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛

Exponencial ln 𝑝 = 𝑙𝑛 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛

Potência ou Logarítmica ln 𝑝 = 𝑙𝑛 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛 ln 𝑥𝑛

Semilogarítmica ln 𝑝 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛

Recíproca 𝑝 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛 (

1

𝑥𝑛)

Quadrática 𝑝 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛 + ∑ 𝛽𝑛+1𝑥𝑛2

Logística ln (𝑝

1 − 𝑝) = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛

Interação 𝑝 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑛𝑥𝑛 + ∑ 𝛽𝑛+1 𝑥𝑛𝐾

Fonte: Fouto, 200413.

Os modelos de regressão estão entre os mais versáteis e populares

procedimentos estatísticos. Seu principal objetivo é predizer ou explicar o

comportamento de uma variável dependente (explicada), utilizando uma ou mais

variáveis independentes (explicativas). Se o modelo possui apenas uma variável

independente, ele é chamado de modelo de regressão simples; se o modelo possui

duas ou mais variáveis independentes, ele é denominado modelo de regressão

múltipla. No caso da modelagem hedônica, sempre se utiliza a regressão múltipla

(HAIR et al., 2009).

A equação 5 exemplifica um modelo de regressão, no qual a variável

dependente 𝑦𝑖 é explicada pelo intercepto 𝛼, que demonstra o valor de 𝑦 quando 𝑥 =

0. O efeito marginal 𝛽 expressa o valor da variação de uma unidade da variável 𝑥

sobre 𝑦. A variável independente 𝑥𝑖 representa a(s) variável(is) explicativa(s). Por fim,

o erro 𝑒𝑖 inclui todos os fatores residuais14.

𝑦𝑖 = 𝛼 + 𝛽𝑥𝑖 + 𝑒𝑖 (5)

Vartanian, Cia e Mendes-da-Silva (2013) apresentam um exemplo de

regressão simples entre a renda e o nível de escolaridade, em que 𝑦𝑖 representa a

renda, e 𝑥𝑖 o nível de escolaridade da população. O erro 𝑒𝑖 é definido pela diferença

13 FOUTO (2004) denomina a formulação de potência de log-log e a formulação semilogarítmica de logarítmica. 14 Os erros precisam satisfazer determinadas hipóteses: ter distribuição normal, com a mesma variância σ²

(desconhecida), e independentes da variável explicativa x, ou seja, não possuir correlação com os preditores.

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89

entre o 𝑦𝑖observado e o 𝑦𝑖 estimado pela reta da regressão que, neste caso, utilizou

o método dos mínimos quadrados ordinários (MQO)15 para estimação da reta que

melhor exemplifica a relação entre os dados. Os dados, os coeficientes e a reta estão

disponíveis na Figura 12.

Figura 12 - Ilustração do erro da regressão.

Fonte: Vartanian, Cia e Mendes-da-Silva (2013, p. 25).

É importante notar que esta técnica diz respeito ao próprio conceito de

modelo, que é uma representação simplificada da realidade. Todo modelo propõe uma

simplificação, e toda simplificação possui certo erro. Tal erro pode ser atribuído a

inúmeros fatores, tanto internos como externos (VARTANIAN; CIA; MENDES-DA-

SILVA, 2013).

Para que um modelo de regressão múltipla possa ser utilizado, segundo

Lewis-Beck16 (1980 apud FIGUEIREDO, 2011) e Kennedy17 (2009 apud

FIGUEIREDO, 2011), ele deve respeitar alguns pressupostos:

“(1) a relação entre a variável dependente e as variáveis independentes deve

ser linear; (2) as variáveis foram medidas adequadamente, ou seja, assume-

15 Técnica que busca encontrar o melhor ajuste para um conjunto de dados, tentando minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados observados. 16 LEWIS-BECK, M. Applied Regression: an introduction. Series Quantitative Applications in the Social Sciences. SAGE. University Paper. 1980. 17 KENNEDY, P. A Guide to Econometrics. Boston: MIT Press. 2009.

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90

se que não há erro sistemático de mensuração; (3) a expectativa da média

do termo de erro é igual a zero; (4) homocedasticidade, ou seja, a variância

do termo de erro é constante para os diferentes valores da variável

independente; (5) ausência de autocorrelação, ou seja, os termos de erros

são independentes entre si; (6) a variável independente não deve ser

correlacionada com o termo de erro; (7) nenhuma variável teoricamente

relevante para explicar Y foi deixada de fora do modelo e nenhuma variável

irrelevante para explicar Y foi incluída no modelo; (8) as variáveis

independentes não apresentam alta correlação, o chamado pressuposto da

não multicolinearidade; (9) assume-se que o termo de erro tem uma

distribuição normal e (10) há uma adequada proporção entre o número de

casos e o número de parâmetros estimados.”

Esses pressupostos garantem que a regressão hedônica pode ser utilizada

para tomada de decisão, conforme definido por Rosen (1974) em seu primeiro estágio,

que se utiliza das técnicas de regressão múltipla para estimar a relação entre as

variáveis independentes (características intrínsecas do produto) e a variável

dependente (preço). O autor ainda propõe um segundo estágio, que analisa o ponto

de equilíbrio entre oferta e demanda para as características de cada produto como no

primeiro estágio com o acréscimo de variáveis extrínsecas associadas a demanda e

oferta. As equações que definem o segundo estágio de Rosen (1974) podem ser

observadas conforme segue:

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑝(𝑥) = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛, 𝑌1, 𝑊) (6)

e

𝑂𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎 𝑝(𝑥) = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛, 𝑌2, 𝑊) (7)

Onde:

a) 𝑝(𝑥) representa o preço em função dos atributos;

b) 𝑥 representa o conjunto de variáveis intrínsecas ao modelo definidas no

primeiro estágio;

c) 𝑌1 representa o vetor das variáveis extrínsecas que afetam exclusivamente a

demanda;

d) 𝑌2 representa o vetor das variáveis extrínsecas que afetam exclusivamente a

oferta;

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91

e) 𝑊 representa as variáveis extrínsecas presentes que afetam a demanda e a

oferta.

A inserção das variáveis 𝑌1,𝑌2 e 𝑊, que representam, respectivamente, as

variáveis extrínsecas da demanda, oferta e ambas, proporciona a definição do

equilíbrio de mercado pela quantidade em função das características. Esta técnica

tem sido aplicada principalmente no mercado imobiliário, conforme apresentado em

uma revisão literária (FÁVERO; LUPPE, 2006).

4.7. Síntese do Referencial Teórico

Este capítulo proporcionou o entendimento das bases teóricas e

conceituais sobre leilões e modelos de previsão de preços aplicados a leilões.

Contextualizou ainda o ambiente de estudo (o klok da CVH). Assim, as conclusões do

capítulo podem ser resumidas:

Os conceitos de leilões e seus principais tipos foram explicitados,

bem como o histórico dos leilões e do mercado internacional de

flores;

O histórico da CVH (considerando também seu contexto atual) foi

discutido, incluindo os meios de comercialização e impacto

socioeconômico da cooperativa;

Foi descrita a fundamentação da abordagem dos atributos, e seu

desenvolvimento até o estágio atual;

Foi apresentada a fundamentação dos modelos econométricos, com

ênfase na regressão múltipla e no modelo de preço hedônico.

A próxima seção tem como objetivo fornecer a proposta de modelagem,

visando responder à pergunta de pesquisa apresentada anteriormente.

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92

5. MODELO HEDÔNICO PARA LEILÃO REVERSO DE FLORES

Neste tópico, será apresentada a proposta de modelagem de preço

hedônico bem como sua validação estatística. Será empregado o procedimento de

modelagem proposto por Brooks (2008). Tal procedimento tem como base a revisão

da literatura definida anteriormente.

5.1. Formulação do Modelo Teórico

Visando desenvolver um método analítico robusto para a formação de

preços de flores em função de suas características, foi realizada uma extensa revisão

da literatura, a qual demonstrou a escassez de métodos para este fim. Assim, a

aplicação do modelo hedônico vem ao encontro das necessidades do entendimento

da formação de preço em ambientes de klok e sua previsão.

Deste modo, a definição de um modelo teórico partiu das características

implícitas da orquídea para determinar quais seriam as variáveis estudadas. Para

tanto, fez-se uma leitura minuciosa do critério de qualidade estabelecido pela CVH

para esta cultura. Também foi consultada a base de dados da CVH para determinar

quais dados poderiam ser acessados para a pesquisa. A escolha das variáveis

encontra sua base científica nos modelos de Din, Slutsky e Steinmetz (2011) e Donnet,

Weatherspoon e Hoehn (2008), que utilizaram as principais variáveis em sua análise,

tais como: data de venda (ano, semana); produtor; classificação de qualidade do

produto. Apresentam também as características de seus respectivos produtos flor

bursa e café. Respeitando as peculiaridades de cada cultura, as variáveis estão

coerentes, tanto com a literatura, quanto com os especialistas de mercado que criaram

o critério de qualidade da CVH.

Foram definidas as variáveis independentes (Vi), que são aquelas que

influenciam ou determinam o comportamento de outras variáveis, e a variável

dependente (Vd), que consiste no resultado obtido em virtude das influências

ocasionadas pelas variáveis independentes (Vi).

A proposta do modelo possui oito características independentes (Ci), que

darão origem às variáveis independentes (Vi) do modelo:

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Ci1. = (Ano) Ano;

Ci2. = (Sem.) Semana;

Ci3. = (Prod.) Produtor;

Ci4. = (Var.) Variedade da Phalaenopsis;

Ci5 = (Cor) Cor;

Ci6. = (Qflor) Quantidade flores

Ci7 = (Qhaste) Quantidade de haste;

Ci8= (Qual) Classificação de qualidade;

Segundo Triplett (2004); Fávero, Belfiore e Lima (2008) e Aguirre e Faria

(1997), a modelagem hedônica pode se utilizar de variáveis independentes binárias

para determinar o peso relativo de uma característica. Esta técnica é amplamente

utilizada, especialmente quando as variáveis independentes são qualitativas, como:

variedade da Phalaenopsis, cor e qualidade. Assim, as variáveis binárias foram

escolhidas, visando atribuir o peso implícito de maneira a facilitar a interpretação dos

coeficientes gerados pela regressão múltipla, respondendo de maneira direta à

pergunta de pesquisa. A modelagem hedônica ainda permite incluir variáveis que

referenciem o tempo a coleta dos dados (DONNET; WEATHERSPOON; HOEHN,

2008). As variáveis e seu tratamento binário podem ser visualizados na Tabela 17.

Tabela 17 - Variáveis independentes da pesquisa

(Continua)

Variável independente Código no critério de qualidade da

CVH

Definição da variável binária para o produto i

Vi1. = (Ano2015) Ano em que a venda ocorreu

1 se a venda ocorreu no ano de 2015; 0 c.c

Vi,2. = (Sem1) Semana 1 1 se a venda ocorreu na semana 1; 0 c.c.

Vi,3. = (Sem2) Semana 2 1 se a venda ocorreu na semana 2; 0 c.c.

Vi,... = (Sem...) ... ...

Vi,53. = (Sem52) Semana 52 1 se a venda ocorreu na semana 52; 0 c.c.

Tabela 17 - Variáveis independentes da pesquisa (Continua)

Variável independente Código no critério de qualidade da

CVH

Definição da variável binária para o produto i

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Vi,54. = (Prod1) Produtor 1 1 se a o produtor foi o 1; 0 c.c.

Vi55. = (Prod2) Produtor 2 1 se a o produtor foi o 2; 0 c.c.

Vi,... = (Prod...) ... ...

Vi.83 = (Prod31) Produtor 31 1 se a o produtor foi o 31; 0 c.c.

Vi,84. = (Phal. Mini) 01125 -Phaleanopsis Mini

1 se for Phaleanopsis Mini; 0 c.c.

Vi,85. = (Phaleanopsis) 01613 - Phaleanopsis

1 se for Phaleanopsis; 0 c.c.

Vi,86. = (Phal. Cascata) 05140 - Phaleanopsis Cascata

1 se for Phaleanopsis Cascata; 0 c.c.

Vi,87. = (Phal. Midi) 05233 - Phaleanopsis Midi

1 se for Phaleanopsis Midi; 0 c.c.

Vi,88. = (Phal. Especial) 05235 - Phaleanopsis Especial

1 se for Phaleanopsis Especial; 0 c.c.

Vi,89. = (Phal. Exótica) 05325 - Phaleanopsis Exótica

1 se for Phaleanopsis Exótica; 0 c.c.

Vi,90. = (Phal. Midi Especial)

05347 - Phaleanopsis Midi Especial

1 se for Phaleanopsis Midi Especial; 0 c.c.

Vi,91. = (Phal. Mini Especial)

06001 -Phaleanopsis Mini Especial

1 se for Phaleanopsis Mini Especial; 0 c.c.

Vi,92. = (Phal. Cascata Especial)

06069 - Phaleanopsis Cascata Especial

1 se a variedade for Phaleanopsis Cascata Especial; 0 c.c.

Vi,93. = (F. Branca e amarela)

45 - Branco e Amarelo

1 se a cor da flor for Branca e Amarela; 0 c.c.

Vi,94. = (F. Branca) 1 – Branco 1 se a cor da flor for Branca; 0 c.c.

Vi,95. = (F. Amarela) 2 – Amarelo 1 se a cor da flor for Amarela; 0 c.c.

Vi,96. = (F. Rosa) 7 – Rosa 1 se a cor da flor for Rosa; 0 c.c.

Vi,97. = (F. Roxa) 8 – Roxo 1 se a cor da flor for Roxo; 0 c.c.

Vi,98. = (F. Verde) 9 – Verde 1 se a cor da flor for Verde; 0 c.c.

Vi,99. = (F. Pink) 10 – Pink 1 se a cor da flor for Pink; 0 c.c.

Vi,100. = (F. Bicolor) 13 – Bicolor 1 se a cor da flor for Bicolor; 0 c.c.

Tabela 17 - Variáveis independentes da pesquisa (Conclusão)

Variável independente Código no critério de qualidade da

CVH

Definição da variável binária para o produto i

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Vi,101. = (F. Lilás) 20 – Lilás 1 se a cor da flor for Lilás; 0 c.c.

Vi,102. = (F. Azul) 31 – Azul 1 se a cor da flor for Azul; 0 c.c.

Vi,103. = (Q. 2 plantas) 22 - 2 Plantas 1 se o vaso tiver duas plantas; 0 c.c.

Vi,104. = (Q. Mín 5 flores) 5 - Mínimo 5 flores 1 se a quantidade de flores mínima for 5; 0 c.c.

Vi,105. = (Q. Mín 8 flores) 8 - Mínimo 8 flores 1 se a quantidade de flores mínima for 8; 0 c.c.

Vi,106. = (Q. Mín 11 flores)

11 - Mínimo 11 flores

1 se a quantidade de flores mínima for 11; 0 c.c.

Vi,107. = (H perfilada) 60 – Perfilada 1 se a Haste for perfilada; 0 c.c.

Vi,108. = (H multiflora) 50 – Multiflora 1 se a Haste for Multiflora; 0 c.c.

Vi,109. = (H. 2 hastes) 52 - 2 hastes multiflora

1 se o vaso tiver 2 hastes multiflora; 0 c.c.

Vi,110. = (H. 3 hastes) 53 - 3 hastes multiflora

1 se o vaso tiver 3 hastes multiflora; 0 c.c.

Vi,111. = (H. 4 hastes) 54 - 4 hastes multiflora

1 se o vaso tiver 4 hastes multiflora; 0 c.c.

Vi,112. = (Qualid. A1) Qualidade A1 1 se o produto é classificado como A1; 0 c.c.

Fonte: Elaboração própria.

A pesquisa, portanto, organizará os resultados das cento e doze variáveis

binárias (Vi1, Vi2, Vi3, Vi4, Vi5, ..., Vi110, Vi111 e Vi112) para obter o resultado esperado

na variável dependente (Vd) preço. Cabe salientar que as variáveis ano e semana

foram inseridas na modelagem, conforme recomendado por Donnet, Weatherspoon e

Hoehn (2008); Din, Slutsky e Steinmetz (2011) e Steen (2014). Isto auxiliou na

construção de um modelo de previsão de forma a capturar a sazonalidade do mercado

ao longo das semanas e anos, e sua influência no preço, representado por:

Vd = (Pméd.) Preço médio. (8)

Os preços de cada lote vendido e suas características foram registrados e,

ao fim da semana, foram calculadas as médias dos preços de cada conjunto de

características. Esses preços foram utilizados para a modelagem hedônica.

Cabe salientar que o método empregado para definição da forma funcional

hedônica dependerá de uma análise de Box-Cox definida por Box e Cox (1964), e

empregada por Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) e Aguirre e Faria (1997) na

modelagem da variável preço, visando à escolha da melhor forma funcional da

regressão hedônica para o modelo.

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5.2. Coleta de Dados

A coleta de dados seguiu a abordagem definida na metodologia. Os dados

foram coletados diretamente do histórico dos leilões da CVH, seguindo o critério de

qualidade estabelecido pela CVH e adotado pelo IBRAFLOR. As características

intrínsecas do produto orquídea pote 15 foram coletadas dos registros dos leilões da

CVH. Sua escolha deu-se em função da ampla representatividade no volume

comercializado na CVH. Os dados foram coletados de um período de um ano e nove

meses. Esse período foi escolhido devido à sazonalidade presente no mercado e a

variações climáticas que influenciam na qualidade do produto. Assim, os dados foram

coletados de 01/01/2014 a 30/09/2015. Os dados mensuram os preços médios

semanais de cada conjunto de características das orquídeas, contendo cento e treze

variáveis e oito mil seiscentos e quarenta e dois registros.

Esses registros foram divididos aleatoriamente, utilizando-se a função

“Selecionar casos” do SPSS, e gerando dois conjuntos de dados: o primeiro contendo

quatro mil trezentos e três registros, e o segundo com quatro mil trezentos e trinta e

nove registros. O segundo conjunto de dados foi utilizado para modelagem hedônica,

conforme definido por Rosen (1974). Após a elaboração do modelo, o primeiro

conjunto de dados foi utilizado para realização dos testes de previsão do modelo.

Para dar continuidade ao processo de modelagem econométrica proposto

por Brooks (2008), o próximo tópico abordará a estimação do modelo hedônico com

os dados do segundo conjunto.

5.3. Estimação do Modelo de Preço Hedônico

Os autores Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008) e Aguirre e Faria (1997)

recomendam que a estimação do modelo de preço hedônico deve iniciar pela

verificação da forma funcional que melhor representa os dados da regressão. Assim,

o teste de Box-Cox foi empregado na variável preço, uma vez que todas as outras são

binárias. A Figura 13 demonstra que o teste Box-Cox apresentou um valor de lambda

(λ) igual a 0,00 para a variável dependente preço. Segundo Osborne (2010), valores

de λ próximos a 0 no Box-Cox demonstram necessidade de transformação dos dados

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para logaritmo natural (ln), uma vez que os dados não apresentam normalidade e

necessitam ser convertidos.

Figura 13 - Resultado do teste Box-Cox. Fonte: Dados de pesquisa.

Deste modo, a modelagem empregada neste trabalho foi a forma funcional

semilogarítmica, pois apenas o preço foi transformado para a estimação dos

coeficientes do modelo (KLEIJNEN; SCHAIK, 2011).

Foi empregado também o teste Kolmogorov-Smirnov na variável preço,

com o objetivo de checar sua distribuição antes e após a sua transformação para ln

de preço. O teste apresentou um p-valor igual a 0,000 (abaixo de 0,05), indicando não

normalidade dos dados nas duas situações. Para Field (2009, p.93), a significância

estatística de testes para dados grandes (acima de 200 registros) deve ser substituída

pela análise visual do histograma e checagem da assimetria e curtose. Assim, os

valores de assimetria e curtose para as variáveis preço e lnPreço são apresentados

na Figura 14, ficando percebido, pelo conceito de Field (2009), que o lnPreço

apresenta uma distribuição normal.

95%

-19000

-18000

-17000

-16000

-15000

-2 -1 0 1 2

Lambda

Lo

g -

Ve

rossim

elh

an

ça

Transformação de Box-Cox

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98

Figura 14 - Histograma das variáveis preço e lnPreço. Fonte: Dados de pesquisa.

Com isto, conclui-se que os dados de entrada no modelo apresentam

normalidade comprovada pela sua assimetria e curtose e aderência à curva normal

da Figura 14. Apesar de não existir um pressuposto de normalidade na entrada dos

dados, e sim nos resíduos, foi realizada esta comparação a título de checagem da

transformação Box-Cox e visualização da distribuição que será aplicada na estimação

dos coeficientes. A regressão linear múltipla empregada para definição das relações

utilizadas na estimação dos coeficientes é a mínimos quadrados ordinários (MQO),

que realiza a minimização do erro quadrático buscando o melhor ajuste a partir da

obtenção do menor erro (KLEIJNEN; SCHAIK, 2011; DONNET; WEATHERSPOON;

HOEHN, 2008; AGUIRRE; FARIA, 1997). Para avaliação estatística do modelo,

primeiramente foram analisados os dados do seu ajuste geral. Estas informações

estão na Tabela 18.

Tabela 18- Ajuste geral do modelo

Item Resultado

Coeficiente de correlação (R) 0,898

Coeficiente de determinação (R²) 0,807

R² ajustado 0,801

Erro padrão da estimativa 0,21361

Durbin Watson 1,723

Fonte: Dados de pesquisa.

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99

O coeficiente de correlação (R) do modelo demonstra uma relação muito

forte entre as variáveis independentes e o preço. A variação do preço, que pode ser

explicada pelas variáveis independentes, é definida como forte, indicando que o

modelo apresenta um bom ajuste da reta (R²). O coeficiente de determinação ajustado

apresenta uma modificação do R² para analisar se a inclusão de variáveis trará maior

poder de previsão ao modelo. Neste caso, os valores do R² e R² ajustados ficaram

muito próximos, indicando que as variáveis explicativas foram bem selecionadas,

corroborando para um modelo robusto.

O erro padrão da estimativa apresenta a variação dos valores previstos,

sendo utilizado para desenvolver intervalos de confiança entre as previsões. O Teste

de Durbin Watson é empregado para validar a independência dos termos de erro,

identificando a presença de autocorrelação nos resíduos. Valores próximos de 2

indicam que os resíduos não são correlacionados (FIELD, 2009).

Além disso, para analisar a qualidade do modelo, utilizou-se a análise de

variância (ANOVA), a qual determina se as amostras são oriundas de populações com

médias iguais. No contexto da regressão, ela apresenta a significância estatística do

modelo. Como o valor de F de significação demonstrado na Tabela 19 foi menor do

que 0,05, isto indica que há evidência estatística da relação entre as variáveis que

compõem o modelo.

Tabela 19 - Resultados da análise de variância (ANOVA) da regressão

Gl SQ MQ F F de

significação

Regressão 112 803,685 7,176 157,269 0,000

Resíduo 4226 192,820 0,046

Total 4338 996,505

Fonte: Dados de pesquisa.

Para a avaliação estatística do modelo, com relação à detecção de

correlações, foi criada uma matriz de correlação das variáveis que o compõem,

incluindo os resíduos da modelagem. Em virtude da quantidade de variáveis, a matriz

completa foi resumida, tendo sido adotado um filtro dos coeficientes que apresentam

valores de correlação iguais ou maiores a 0,25 e iguais ou inferiores a -0,25. Tais

valores estão em negrito e podem ser visualizados na Tabela 20.

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100

Tabela 20 - Resumo da Correlação de Pearson

Prod2 Prod12 Prod14 Prod22 Prod29 Phaleanopsis PhalCascata QMín5flores QualidA1 Preço

PhalMini -0,010 -0,032* -0,005 -0,012 0,347** -0,126** -0,024 -0,038* 0,043** -0,089**

PhalCascata -0,038* 0,140** -0,007 -0,046** -0,047** -0,471** 1,000 -0,082** 0,004 0,268**

PhalEspecial -0,004 0,036* -0,013 -0,054** -0,075** -0,754** -0,146** -0,027 0,135** 0,109**

FBranca -0,010 -0,031* -0,005 0,370** -0,012 0,050** -0,023 0,009 0,020 -0,028

FRoxo -0,007 -0,023 -0,004 0,374** -0,009 0,036* -0,017 -0,027 0,031* -0,011

FPink -0,006 -0,018 -0,003 0,266** -0,007 0,029 -0,014 0,004 0,024 -0,028

FLilás 0,341** -0,017 -0,003 -0,007 -0,007 0,028 -0,013 -0,020 0,023 0,033*

FAzul 0,295** -0,015 -0,002 -0,006 -0,006 0,024 -0,011 -0,018 0,020 0,085**

Hmultiflora 0,057** -0,012 0,352** -0,005 -0,005 0,019 -0,009 -0,014 0,016 -0,020

Preço 0,019 0,357** -0,062** -0,026 -0,136** -0,274** 0,268** -0,243** 0,259** 1,000

Lnpreço 0,016 0,322** -0,073** -0,007 -0,170** -0,270** 0,237** -0,277** 0,294** 0,961**

Negrito nas Correlações >= 25% para valores positivos e negativos *A correlação é significativa a 5% **A correlação é significativa a 1% Fonte: Dados de pesquisa.

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101

Foi detectada uma correlação forte negativa entre as variedades

Phaleanopsis e PhalEspecial, o que pode indicar que estes produtos são bens

substitutos, pela relação que eles possuem. As próximas análises devem ajudar no

entendimento desta relação. O Preço e o LnPreço possuem correlação fraca com as

variáveis Prod12, Phaleanopsis, PhalCascata, QMín5flores e QualidA1. Apesar de

existir vários itens com significância estatística a 1% e a 5%, a matriz demonstra que

apenas uma relação forte foi detectada, contribuindo, assim, para a validação do

pressuposto da não multicolinearidade entre as variáveis explicativas.

A análise dos resíduos é uma importante premissa da qualidade da

previsão em regressões múltiplas. Resíduos devem apresentar normalidade, o que

indica um bom modelo. O gráfico da Figura 15 apresenta o teste de normalidade dos

resíduos do modelo.

Figura 15 - Gráfico dos resíduos do erro. Fonte: Dados da pesquisa.

Pela análise do gráfico e dos resultados de assimetria e curtose, verifica-

se a normalidade dos resíduos. O gráfico de probabilidade normal (P-P Normal)

confirma a normalidade, devido ao pleno alinhamento com a linha diagonal.

Uma vez os resíduos tendo a normalidade comprovada, deve ser checada

a existência de colinearidade, que mede a correlação entre as variáveis

independentes. O teste empregado, neste caso, é o da inflação da variância (VIF).

Valores de VIF superiores a 10 indicam possível presença de colinearidade nos

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102

dados. A Tabela 21 apresenta os resultados da regressão e de seus respectivos

valores de VIF.

Tabela 21- Resultados da regressão múltipla (Continua)

Característica Variável Coeficiente Erro padrão

T Sig. VIF

(Constante) 2,942 0,090 32,603 0,000

Ano Ano15 -0,092 0,007 -12,425 0,000 1,257

Semana

Sem1 -0,067 0,053 -1,250 0,211 2,418

Sem2 -0,018 0,046 -0,403 0,687 4,778

Sem3 -0,102 0,047 -2,168 0,030 4,028

Sem4 -0,111 0,047 -2,348 0,019 3,947

Sem5 -0,153 0,047 -3,293 0,001 4,368

Sem6 -0,091 0,047 -1,927 0,054 4,142

Sem7 -0,027 0,046 -0,585 0,558 4,547

Sem8 0,171 0,047 3,633 0,000 3,964

Sem9 0,127 0,046 2,742 0,006 4,575

Sem10 0,295 0,046 6,406 0,000 4,638

Sem11 0,235 0,047 5,061 0,000 4,409

Sem12 0,308 0,047 6,487 0,000 3,872

Sem13 0,377 0,047 7,944 0,000 3,918

Sem14 0,390 0,048 8,173 0,000 3,727

Sem15 0,462 0,047 9,761 0,000 3,942

Sem16 0,524 0,048 10,954 0,000 3,689

Sem17 0,572 0,049 11,682 0,000 3,264

Sem18 0,665 0,047 14,033 0,000 3,868

Sem19 0,672 0,046 14,583 0,000 4,593

Sem20 0,536 0,050 10,763 0,000 3,052

Sem21 0,536 0,047 11,370 0,000 4,053

Sem22 0,383 0,046 8,276 0,000 4,497

Sem23 0,417 0,046 9,084 0,000 4,742

Sem24 0,185 0,046 4,010 0,000 4,491

Sem25 -0,144 0,047 -3,065 0,002 4,002

Sem26 -0,286 0,045 -6,295 0,000 5,272

Sem27 -0,394 0,046 -8,597 0,000 4,942

Sem28 -0,312 0,046 -6,855 0,000 5,168

Sem29 -0,225 0,046 -4,910 0,000 4,821

Sem30 -0,282 0,045 -6,191 0,000 5,160

Sem31 -0,278 0,046 -6,010 0,000 4,617

Sem32 -0,163 0,046 -3,554 0,000 4,857

Sem33 -0,113 0,046 -2,482 0,013 5,000

Sem34 -0,149 0,046 -3,229 0,001 4,744

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103

Tabela 21 - Resultados da regressão múltipla (Continuação)

Característica Variável Coeficiente Erro padrão

T Sig. VIF

Semana

Sem35 -0,169 0,046 -3,684 0,000 4,831

Sem36 -0,015 0,046 -0,324 0,746 4,544

Sem37 -0,038 0,046 -0,817 0,414 4,594

Sem38 -0,121 0,046 -2,648 0,008 5,012

Sem39 -0,205 0,046 -4,428 0,000 4,557

Sem40 -0,164 0,047 -3,531 0,000 4,410

Sem41 -0,278 0,050 -5,537 0,000 2,947

Sem42 -0,173 0,052 -3,328 0,001 2,592

Sem43 -0,143 0,050 -2,870 0,004 3,148

Sem44 -0,087 0,056 -1,542 0,123 2,129

Sem45 -0,152 0,051 -2,993 0,003 2,812

Sem46 -0,054 0,051 -1,048 0,295 2,722

Sem47 -0,141 0,052 -2,713 0,007 2,582

Sem48 -0,197 0,051 -3,838 0,000 2,687

Sem49 -0,278 0,050 -5,562 0,000 2,977

Sem50 -0,253 0,051 -4,979 0,000 2,795

Sem51 -0,095 0,051 -1,850 0,064 2,794

Sem52 0,010 0,054 0,177 0,860 2,260

Produtor

Prod1 0,034 0,031 1,078 0,281 1,796

Prod2 -0,158 0,037 -4,318 0,000 1,966

Prod3 -0,009 0,024 -0,373 0,709 3,940

Prod5 -0,131 0,026 -5,115 0,000 2,955

Prod6 -0,269 0,042 -6,333 0,000 1,374

Prod7 0,018 0,023 0,751 0,453 5,884

Prod8 -0,189 0,032 -5,951 0,000 1,758

Prod9 0,087 0,025 3,432 0,001 3,019

Prod10 -0,005 0,026 -0,202 0,840 2,724

Prod11 -0,170 0,058 -2,938 0,003 1,171

Prod12 0,219 0,023 9,482 0,000 5,971

Prod13 -0,179 0,045 -3,941 0,000 1,297

Prod14 -0,339 0,058 -5,821 0,000 1,334

Prod15 -0,572 0,091 -6,276 0,000 1,092

Prod16 -0,467 0,084 -5,552 0,000 1,083

Prod17 -0,207 0,027 -7,747 0,000 2,892

Prod18 0,061 0,027 2,275 0,023 2,705

Prod19 -0,273 0,028 -9,696 0,000 2,501

Prod20 -0,098 0,030 -3,210 0,001 1,937

Prod21 -0,010 0,028 -0,346 0,730 2,172

Prod22 -0,031 0,036 -0,873 0,383 2,694

Prod23 -0,310 0,026 -11,780 0,000 2,807

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104

Tabela 21 - Resultados da regressão múltipla

(Conclusão)

Característica Variável Coeficiente Erro padrão

T Sig. VIF

Produtor

Prod24 -0,177 0,029 -6,027 0,000 2,108

Prod25 -0,805 0,216 -3,726 0,000 1,022

Prod26 -0,030 0,033 -0,904 0,366 1,743

Prod27 -0,426 0,110 -3,885 0,000 1,055

Prod28 -0,062 0,024 -2,569 0,010 3,651

Prod29 -0,278 0,031 -8,920 0,000 2,142

Prod30 0,008 0,029 0,282 0,778 2,050

Prod31 -0,454 0,079 -5,732 0,000 1,097

Variedade

PhalMini -0,849 0,088 -9,622 0,000 4,752

Phaleanopsis -0,389 0,077 -5,034 0,000 116,906

PhalCascata -0,047 0,078 -0,600 0,549 44,071

PhalMidi -0,630 0,133 -4,733 0,000 1,554

PhalEspecial -0,250 0,077 -3,243 0,001 86,803

PhalExótica -0,077 0,173 -0,447 0,655 1,311

PhalMidiEspecial -0,779 0,171 -4,563 0,000 1,277

PhalMiniEspecial -0,874 0,230 -3,797 0,000 1,160

PhalCascataEspecial 0,054 0,085 0,635 0,526 5,463

Cor

FBrancaeamarela 0,047 0,078 0,599 0,549 1,078

FBranca 0,066 0,047 1,396 0,163 1,273

FAmarela 0,019 0,218 0,085 0,932 1,041

FRosa -0,274 0,218 -1,260 0,208 1,040

FRoxo 0,029 0,065 0,445 0,656 1,278

FVerde 0,400 0,155 2,585 0,010 1,047

FPink -0,007 0,076 -0,090 0,928 1,145

FBicolor -0,282 0,125 -2,260 0,024 1,027

FLilás 0,483 0,082 5,911 0,000 1,168

FAzul 0,879 0,093 9,482 0,000 1,128

Qtd. Flores

Q2plantas -0,106 0,217 -0,489 0,625 1,028

QMín5flores -0,143 0,012 -12,089 0,000 2,001

QMín8flores 0,007 0,012 0,619 0,536 2,111

QMín11flores 0,093 0,017 5,421 0,000 1,602

Qtd. Haste

Hperfilhada 0,119 0,013 9,242 0,000 1,792

Hmultiflora 0,237 0,115 2,051 0,040 1,166

H2hastes 0,242 0,012 20,622 0,000 1,937

H3hastes 0,608 0,028 21,660 0,000 1,223

H4hastes 0,743 0,109 6,842 0,000 1,033

Qualidade QualidA1 0,244 0,009 27,553 0,000 1,301

Fonte: Dados de pesquisa.

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105

Conforme se exibe na tabela, o modelo não possui colinearidade. Apenas

as variedades Phaleanopsis, PhalCascata e PhalEspecial apresentaram valores de

VIF elevados (respectivamente, 116,90; 44,07 e 86,80). Os resultados indicam que

estes produtos possuem uma correlação elevada, apontando que tais variedades

possuem similaridade na percepção dos clientes, o que pode indicar que estes itens

sejam produtos substitutos.

Outra característica importante dos modelos de regressão é a existência

de heterocedasticidade. A heterocedasticidade (variância diferente) é verificada

quando os resíduos têm uma variância associada à variável preditora. O modelo tem

sua homocedasticidade (variância uniforme) comprovada, a qual ocorre quando os

resíduos variam de modo uniforme. O primeiro passo para testar se o modelo

apresenta heterocedasticidade é a análise gráfica dos resíduos versus os valores

previstos. A hipótese da homocedasticidade é a presença de aleatoriedade da

distribuição (HAIR et al., 2009). A Figura 16 apresenta este gráfico.

Figura 16 - Distribuição dos preços previstos versos os resíduos.

Fonte: Dados de pesquisa.

A análise da Figura 16 parece indicar uma relação entre os resíduos e os

valores de preço. Faz-se necessário, então, a utilização de teste formais para provar

a existência da heterocedasticidade. Os testes empregados foram o Levene (p-valor

= 0,000), que mede a homogeneidade da variância nas variáveis, e o Teste Breusch-

Pagan (p-valor = 0,000), que realiza o teste do modelo de regressão. Os p-valores

apresentados evidenciam que ambos os testes indicaram que o modelo possui

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106

heterocedasticidade. Em termos práticos, erros heterocedásticos irão atribuir maiores

pesos nas observações com maior variância, já que a soma de quadrados dos

resíduos nestas observações tende a ser maior do que as associadas aos de menor

variância. Para Hair (2009), a heterocedasticidade é a violação dos pressupostos mais

comum dos modelos de regressão. Figueiredo (2011) afirma que a violação desses

pressupostos é preocupante na medida em que afeta a confiabilidade dos testes de

significância (t e F) e intervalos de confiança, porém, a estimação do modelo continua

não-enviesada.

Stevenson (2004) apresenta que a heterocedasticidade ocorre com

frequência em modelos de preço hedônico que tratam de imóveis, principalmente nas

variáveis idade da casa e área do imóvel.

Hair (2009) fornece duas soluções para esta violação: se for possível

atribuir a violação a uma única variável independente, poderá ser empregado o

modelo de mínimos quadrados ponderados (com pesos); a outra solução apresentada

são as transformações de estabilização da variância de preço. Ambas as soluções

não serão empregas devido a violarem o objetivo da pesquisa (os pesos influenciariam

nos resultados, e a transformação já foi realizada conforme indicado na literatura e

descrito no começo desta seção). Como essa violação não possui implicações na

estimação dos coeficientes, pelos motivos listados acima, será mantido deste modo.

Uma vez terminada a estimação do modelo, é chegado o momento de realizar a

transformação dos valores para a escala de preço original.

5.4. Transformação dos Coeficientes do Modelo

Os coeficientes da Tabela 21 foram estimados com o LnPreço. Aguirre e

Faria (1997) afirmam que, neste caso, os coeficientes de regressão não possuem uma

interpretação direta em termos de preço implícitos, havendo necessidade de

retransformar os valores para voltar à escala original em reais. Para a transformação,

foi elaborada a Tabela 22, que apresenta a estatística descritiva das variáveis

independentes do modelo.

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107

Tabela 22 - Estatística descritiva das variáveis independentes (Continua)

Média Desvio padrão

Assimetria Curtose

Ano15 0,400 0,490 0,408 -1,834

Sem1 0,009 0,094 10,409 106,389

Sem2 0,024 0,154 6,163 36,002

Sem3 0,020 0,139 6,935 46,122

Sem4 0,019 0,136 7,069 47,991

Sem5 0,022 0,146 6,574 41,231

Sem6 0,020 0,140 6,850 44,947

Sem7 0,023 0,149 6,394 38,898

Sem8 0,019 0,137 7,024 47,353

Sem9 0,023 0,150 6,359 38,459

Sem10 0,024 0,152 6,292 37,608

Sem11 0,022 0,146 6,536 40,744

Sem12 0,018 0,135 7,162 49,314

Sem13 0,019 0,135 7,115 48,644

Sem14 0,018 0,131 7,358 52,171

Sem15 0,019 0,136 7,069 47,991

Sem16 0,017 0,130 7,410 52,933

Sem17 0,015 0,120 8,120 63,963

Sem18 0,018 0,135 7,162 49,314

Sem19 0,023 0,151 6,325 38,029

Sem20 0,013 0,114 8,555 71,220

Sem21 0,020 0,139 6,935 46,122

Sem22 0,023 0,149 6,429 39,345

Sem23 0,024 0,154 6,195 36,392

Sem24 0,023 0,149 6,429 39,345

Sem25 0,019 0,138 6,979 46,730

Sem26 0,028 0,164 5,763 31,224

Sem27 0,025 0,157 6,041 34,513

Sem28 0,027 0,162 5,843 32,152

Sem29 0,025 0,155 6,132 35,619

Sem30 0,027 0,162 5,843 32,152

Sem31 0,023 0,151 6,325 38,029

Sem32 0,025 0,156 6,101 35,243

Sem33 0,026 0,159 5,983 33,808

Sem34 0,024 0,153 6,227 36,789

Sem35 0,025 0,155 6,132 35,619

Sem36 0,023 0,149 6,394 38,898

Sem37 0,023 0,150 6,359 38,459

Sem38 0,026 0,159 5,983 33,808

Sem39 0,023 0,149 6,394 38,898

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108

Tabela 22 - Estatística descritiva das variáveis independentes (Continuação)

Média Desvio padrão

Assimetria Curtose

Sem40 0,022 0,146 6,536 40,744

Sem41 0,012 0,111 8,799 75,453

Sem42 0,010 0,100 9,782 93,733

Sem43 0,014 0,116 8,403 68,637

Sem44 0,007 0,084 11,708 135,132

Sem45 0,012 0,107 9,157 81,887

Sem46 0,011 0,105 9,352 85,507

Sem47 0,010 0,100 9,782 93,733

Sem48 0,011 0,104 9,455 87,432

Sem49 0,013 0,112 8,715 73,990

Sem50 0,012 0,107 9,157 81,887

Sem51 0,011 0,106 9,253 83,660

Sem52 0,008 0,089 11,003 119,118

Prod1 0,020 0,139 6,935 46,122

Prod2 0,016 0,124 7,802 58,894

Prod3 0,077 0,266 3,181 8,124

Prod5 0,050 0,218 4,130 15,067

Prod6 0,008 0,089 11,003 119,118

Prod7 0,131 0,338 2,186 2,781

Prod8 0,019 0,135 7,115 48,644

Prod9 0,052 0,222 4,033 14,272

Prod10 0,044 0,204 4,474 18,025

Prod11 0,004 0,061 16,382 266,500

Prod12 0,136 0,343 2,119 2,492

Prod13 0,007 0,081 12,113 144,796

Prod14 0,004 0,064 15,435 236,333

Prod15 0,001 0,037 26,845 718,998

Prod16 0,002 0,040 24,845 615,569

Prod17 0,045 0,207 4,408 17,434

Prod18 0,041 0,199 4,600 19,172

Prod19 0,034 0,182 5,116 24,186

Prod20 0,023 0,149 6,429 39,345

Prod21 0,029 0,168 5,611 29,502

Prod22 0,023 0,149 6,429 39,345

Prod23 0,045 0,207 4,408 17,434

Prod24 0,027 0,161 5,898 32,797

Prod25 0,000 0,015 65,871 4339,000

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109

Tabela 22 - Estatística descritiva das variáveis independentes (Conclusão)

Média Desvio padrão

Assimetria Curtose

Prod26 0,017 0,129 7,516 54,520

Prod27 0,001 0,030 32,901 1080,998

Prod28 0,070 0,256 3,363 9,314

Prod29 0,024 0,152 6,259 37,195

Prod30 0,026 0,159 5,983 33,808

Prod31 0,002 0,043 23,233 537,998

PhalMini 0,006 0,080 12,332 150,145

Phaleanopsis 0,709 0,454 -0,923 -1,149

PhalCascata 0,083 0,277 3,014 7,087

PhalMidi 0,001 0,030 32,901 1080,998

PhalEspecial 0,189 0,391 1,591 0,533

PhalExótica 0,000 0,021 46,562 2166,998

PhalMidiEspecial 0,000 0,021 46,562 2166,998

PhalMiniEspecial 0,000 0,015 65,871 4339,000

PhalCascataEspecial 0,008 0,089 11,003 119,118

FBrancaeamarela 0,002 0,043 23,233 537,998

FBranca 0,006 0,077 12,806 162,079

FAmarela 0,000 0,015 65,871 4339,000

FRosa 0,000 0,015 65,871 4339,000

FRoxo 0,003 0,057 17,526 305,285

FVerde 0,000 0,021 46,562 2166,998

FPink 0,002 0,046 21,896 477,665

FBicolor 0,001 0,026 38,004 1442,998

FLilás 0,002 0,043 23,233 537,998

FAzul 0,001 0,037 26,845 718,998

Q2plantas 0,000 0,015 65,871 4339,000

QMín5flores 0,185 0,389 1,621 0,626

QMín8flores 0,213 0,410 1,401 -0,037

QMín11flores 0,061 0,240 3,659 11,392

Hperfilhada 0,130 0,337 2,198 2,834

Hmultiflora 0,001 0,030 32,901 1080,998

H2hastes 0,180 0,385 1,662 0,764

H3hastes 0,017 0,128 7,571 55,346

H4hastes 0,001 0,030 32,901 1080,998

QualidA1 0,776 0,417 -1,324 -0,246

Fonte: Dados de pesquisa.

A transformação para a escala original de preço ocorre pela definição de

dois preços, usando a regressão hedônica: o primeiro com todas as variáveis

independentes igualadas às suas respectivas médias da Tabela 22, exceto a variável

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110

Ano15, que será utilizada como exemplo, e que é definida como 0, nesta situação; na

segunda estimativa, o preço é calculado com a variável Ano15, admitindo o valor 1.

Os valores obtidos pela multiplicação da regressão pelas médias são 2,842733 e

2,750542, respectivamente, os quais devem ser retransformados usando a

exponenciação. Após esses dois valores calculados, é realizada uma subtração dos

preços para se chegar ao preço real da variável Ano15 (R$ -1,51148) (AGUIRRE;

FARIA, 1997).

Uma vez os dados estarem na escala original, fica notável que existem

algumas variáveis que apresentam preços negativos, como é o caso da variável

Ano15 (R$ -1,51148). Resende e Scarpel (2009) propõem que, nestas situações, seja

deslocada a linha do coeficiente de regressão por característica. Assim, o menor preço

de uma característica será somado ao seu valor positivo, tornando o valor igual a R$

0,00, e todos os outros sendo acrescidos também ao valor positivo do menor preço

da característica em questão, eliminando todos os valores negativos dessa

característica e deslocando a linha da regressão de forma que nenhum preço negativo

apareça. Deste modo, o modelo pode ser utilizado para tomada de decisão, uma vez

que atende os pressupostos estatísticos de um modelo de regressão.

5.5. Síntese do Modelo Hedônico para Leilão Reverso de Flores

Este capítulo contextualizou o processo de modelagem hedônica do

produto orquídea. A Tabela 23 traz os pressupostos do modelo e sua conclusão:

Tabela 23 - Conclusão dos pressupostos do modelo de regressão

(Continua)

Pressupostos Testes/Ações Conclusão

A relação entre as variáveis é linear. Teste Box-Cox no preço e análise gráfica da relação

Os dados de entrada possuem normalidade comprovada.

As variáveis foram medidas adequadamente; não há erro sistemático.

Coleta de todas as variáveis diretamente dos dados da CVH. Plotagem do Box-Plot

Variáveis apresentam regularidade em torno da média. Outliers foram mantidos devido ao peso na definição das características.

O termo de erro é igual a zero. Análise descritiva do termo de erro

Erro de 0,000.

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111

Tabela 23- Conclusão dos pressupostos do modelo de regressão (Conclusão)

Pressupostos Testes/Ações Conclusão

As variáveis independentes apresentam homocedasticidade, ou seja, a variância do termo de erro é constante.

Teste de levene e Teste de Breusch-Pagan e análise gráfica dos resíduos

Os testes de levene e Breusch-Pagan apresentam p-valor de 0,000 e 0,000, respectivamente. A análise gráfica demonstrou presença de heterocedasticidade.

Ausência de autocorrelação, ou seja, os termos de erros são independentes entre si.

Teste Durbin-Watson Resultado do teste próximo a 2, indicando erros independentes.

A variável independente não deve ser correlacionada com o termo de erro.

Matriz de correlação de Pearson incluindo o termo de erro

Apenas uma correlação estatisticamente forte detectada, sem evidência estatística de correlação com o erro.

As variáveis selecionadas estão adequadas.

Coleta das características e R²

O Preço é explicado de maneira forte pelas variáveis independentes.

As variáveis independentes não apresentam alta correlação, o chamado pressuposto da não multicolinearidade.

Teste VIF Valores de VIF abaixo de 10, exceto pelos itens detectados na matriz de correlação.

Assume-se que o termo de erro tem uma distribuição normal.

Gráfico P-P normal e análise da assimetria e curtose

Erros normais.

Há uma adequada proporção entre o número de casos e o número de parâmetros estimados.

Relação de aproximadamente 80 casos por variável

Relação adequada.

Fonte: Dados de pesquisa.

Deste modo, as conclusões do capítulo podem ser resumidas em:

A formulação do modelo hedônico para o contexto de leilão de flores

foi realizada;

Coleta, tratamento e estimação dos coeficientes do modelo e testes

estatísticos de validação da modelagem foram obtidos para seu

emprego na tomada de decisão.

A próxima seção tem como objetivo apresentar os gráficos e indicadores

de previsão da modelagem hedônica, bem como as características de maior peso para

a sua formação de preço.

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112

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão mostrados os resultados da prova de conceito

elaborada anteriormente. Serão apresentados os pesos em reais de cada variável do

modelo de preço hedônico. Estes valores serão utilizados para cálculo das

características que possuem maior representatividade na formação de preço. Por fim,

o modelo será empregado na previsão dos preços do primeiro conjunto de dados com

a análise de quatro indicadores de erro da previsão.

6.1. Resultados da Modelagem

A Tabela 24 apresenta os resultados de cada variável do modelo em reais,

seguindo a transformação (RESENDE; SCARPEL, 2009).

Tabela 24- Valores calculados para os coeficientes normalizados

(Continua)

Característica Variável Valor Calculado (R$) T Sig.

Constante 2,942 32,603 0,000

Ano Ano15 R$ 0,00 -12,425 0,000

Semana

Sem1 R$ 4,37 -1,250 0,211

Sem2 R$ 5,14 -0,403 0,687

Sem3 R$ 3,84 -2,168 0,030

Sem4 R$ 3,70 -2,348 0,019

Sem5 R$ 3,08 -3,293 0,001

Sem6 R$ 4,01 -1,927 0,054

Sem7 R$ 5,00 -0,585 0,558

Sem8 R$ 8,52 3,633 0,000

Sem9 R$ 7,67 2,742 0,006

Sem10 R$ 11,09 6,406 0,000

Sem11 R$ 9,81 5,061 0,000

Sem12 R$ 11,37 6,487 0,000

Sem13 R$ 12,96 7,944 0,000

Sem14 R$ 13,28 8,173 0,000

Sem15 R$ 15,06 9,761 0,000

Sem16 R$ 16,72 10,954 0,000

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113

Tabela 24 - Valores calculados para os coeficientes normalizados (Continuação)

Característica Variável Valor Calculado (R$) T Sig.

Semana

Sem17 R$ 18,11 11,682 0,000

Sem18 R$ 20,89 14,033 0,000

Sem19 R$ 21,05 14,583 0,000

Sem20 R$ 17,08 10,763 0,000

Sem21 R$ 17,04 11,370 0,000

Sem22 R$ 13,10 8,276 0,000

Sem23 R$ 13,93 9,084 0,000

Sem24 R$ 8,80 4,010 0,000

Sem25 R$ 3,21 -3,065 0,002

Sem26 R$ 1,30 -6,295 0,000

Sem27 R$ 0,00 -8,597 0,000

Sem28 R$ 0,97 -6,855 0,000

Sem29 R$ 2,09 -4,910 0,000

Sem30 R$ 1,35 -6,191 0,000

Sem31 R$ 1,41 -6,010 0,000

Sem32 R$ 2,94 -3,554 0,000

Sem33 R$ 3,66 -2,482 0,013

Sem34 R$ 3,14 -3,229 0,001

Sem35 R$ 2,86 -3,684 0,000

Sem36 R$ 5,20 -0,324 0,746

Sem37 R$ 4,83 -0,817 0,414

Sem38 R$ 3,55 -2,648 0,008

Sem39 R$ 2,36 -4,428 0,000

Sem40 R$ 2,93 -3,531 0,000

Sem41 R$ 1,41 -5,537 0,000

Sem42 R$ 2,81 -3,328 0,001

Sem43 R$ 3,24 -2,870 0,004

Sem44 R$ 4,07 -1,542 0,123

Sem45 R$ 3,10 -2,993 0,003

Sem46 R$ 4,58 -1,048 0,295

Sem47 R$ 3,26 -2,713 0,007

Sem48 R$ 2,48 -3,838 0,000

Sem49 R$ 1,41 -5,562 0,000

Sem50 R$ 1,74 -4,979 0,000

Sem51 R$ 3,94 -1,850 0,064

Sem52 R$ 5,60 0,177 0,860

Produtor

Prod1 R$ 9,72 1,078 0,281

Prod2 R$ 6,72 -4,318 0,000

Prod3 R$ 9,00 -0,373 0,709

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114

Tabela 24 - Valores calculados para os coeficientes normalizados

(Continuação)

Característica Variável Valor Calculado (R$) t Sig.

Produtor

Prod5 R$ 7,11 -5,115 0,000

Prod6 R$ 5,24 -6,333 0,000

Prod7 R$ 9,44 0,751 0,453

Prod8 R$ 6,29 -5,951 0,000

Prod9 R$ 10,64 3,432 0,001

Prod10 R$ 9,06 -0,202 0,840

Prod11 R$ 6,56 -2,938 0,003

Prod12 R$ 13,08 9,482 0,000

Prod13 R$ 6,44 -3,941 0,000

Prod14 R$ 4,38 -5,821 0,000

Prod15 R$ 1,93 -6,276 0,000

Prod16 R$ 2,97 -5,552 0,000

Prod17 R$ 6,03 -7,747 0,000

Prod18 R$ 10,18 2,275 0,023

Prod19 R$ 5,16 -9,696 0,000

Prod20 R$ 7,61 -3,210 0,001

Prod21 R$ 8,99 -0,346 0,730

Prod22 R$ 8,64 -0,873 0,383

Prod23 R$ 4,68 -11,780 0,000

Prod24 R$ 6,46 -6,027 0,000

Prod25 R$ 0,00 -3,726 0,000

Prod26 R$ 8,66 -0,904 0,366

Prod27 R$ 3,40 -3,885 0,000

Prod28 R$ 8,14 -2,569 0,010

Prod29 R$ 5,10 -8,920 0,000

Prod30 R$ 9,28 0,282 0,778

Prod31 R$ 3,11 -5,732 0,000

Variedade

PhalMini R$ 0,12 -9,622 0,000

Phaleanopsis R$ 2,62 -5,034 0,000

PhalCascata R$ 8,88 -0,600 0,549

PhalMidi R$ 1,90 -4,733 0,000

PhalEspecial R$ 5,80 -3,243 0,001

PhalExótica R$ 8,41 -0,447 0,655

PhalMidiEspecial R$ 0,68 -4,563 0,000

PhalMiniEspecial R$ 0,00 -3,797 0,000

PhalCascataEspecial R$ 10,55 0,635 0,526

Cor

FBrancaeamarela R$ 4,87 0,599 0,549

FBranca R$ 5,20 1,396 0,163

FAmarela R$ 4,38 0,085 0,932

FRosa R$ 0,10 -1,260 0,208

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115

Tabela 24 - Valores calculados para os coeficientes normalizados

(Conclusão)

Característica Variável Valor Calculado (R$) t Sig.

Cor

FRoxo R$ 4,55 0,445 0,656

FVerde R$ 12,19 2,585 0,010

FPink R$ 3,96 -0,090 0,928

FBicolor R$ 0,00 -2,260 0,024

FLilás R$ 14,33 5,911 0,000

FAzul R$ 27,34 9,482 0,000

Qtd. Flores

Q2plantas R$ 0,60 -0,489 0,625

QMín5flores R$ 0,00 -12,089 0,000

QMín8flores R$ 2,38 0,619 0,536

QMín11flores R$ 3,86 5,421 0,000

Qtd. Haste

Hperfilhada R$ 2,06 9,242 0,000

Hmultiflora R$ 4,42 2,051 0,040

H2hastes R$ 4,34 20,622 0,000

H3hastes R$ 13,70 21,660 0,000

H4hastes R$ 18,21 6,842 0,000

Qualidade QualidA1 R$ 3,79 27,553 0,000

Fonte: Dados de pesquisa.

As variáveis: Ano15, Sem27, Prod25, PhalMiniEspecial, FBicolor e

QMín5flores tiveram seus valores ajustados para R$ 0,00, indicando que não

possuem incremento no preço. Destaca-se a variável Ano15, que apresentava um

valor de R$ -1,51 antes da sua conversão, sinalizando que, na comparação de 2014

com 2015, o último ano teve um decréscimo na formação de preço da ordem de R$ -

1,51.

O modelo hedônico pode capturar a valoração direta dos preços médios

semanais dos bens pelos clientes. Permitindo identificar a sazonalidade pelo peso

relativo de cada semana comercializada na formação dos preços médios.

A análise da Figura 17 demonstra que o primeiro semestre (Sem1 a

Sem26) apresenta maior valorização do preço. O modelo pode capturar as principais

datas comemorativas dos anos de 2014 e 2015, como o Dia Internacional da Mulher

(Sem10 e Sem11), o Dia das Mães (Sem18 e Sem19) e o Dia dos Namorados

(Sem23). Essas três datas ampliam os valores comercializados na cooperativa para

a cultura orquídea. Outra informação importante é que a Sem27 não possui formação

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de preço, sinalizando ser a pior semana para a formação de preço. O segundo

semestre possui uma constante que vai até a primeira data comemorativa na Sem10.

Figura 17 - Pesos relativos da característica semana do modelo.

Fonte: Dados de pesquisa.

O peso relativo dos produtores na formação de preço apresenta o produtor

12 como o de maior valoração pelos clientes, e o produtor 25 com valoração nula. É

possível agrupar os produtores em três grupos: aqueles que têm valoração baixa

(menos de R$ 4,00), valoração média (entre R$ 4,00 e R$8,00) e valoração alta (acima

de R$8,00). Os produtores com baixa valoração representam 16,66%, e são Prod15,

Prod16, Prod25, Prod27 e Prod31; os produtores com valoração média somam

43,33% do total, e são Prod2, Prod5, Prod6, Prod8, Prod11, Prod13, Prod14,

Prod17, Prod19, Prod20, Prod23, Prod24 e Prod29; e aqueles que possuem alta

valoração representam 40%, e são Prod1, Prod3, Prod7, Prod9, Prod10, Prod12,

Prod18, Prod21, Prod22, Prod26, Prod28 e Prod30. A Figura 18 apresenta os

valores de todos os produtores.

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117

Figura 18 - Pesos relativos da característica produtor do modelo. Fonte: Dados de pesquisa.

As variedades da orquídea possuem uma importância substancial no seu

preço, e a análise hedônica nos permite dividi-las em dois grupos: as variedades que

possuem alta valoração pelos clientes (acima de R$ 5,50), e aquelas que possuem

baixa valoração (abaixo de R$ 5,50). As variedades de alta valoração representam

44,44% das orquídeas, e são PhalCascata, PhalEspecial, PhalExotica e

PhalCascataEspecial com a maior valoração da característica. As variedades de

baixa valoração somam 55,55% das variedades, com destaque à PhalMini,

Phaleanopsis, PhalMidi, PhalMidiEspecial e PhalMiniEspecial, com valoração

nula, conforme Figura 19.

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Figura 19 - Pesos relativos da característica variedade do modelo.

Fonte: Dados de pesquisa.

A característica cor das flores apresenta dois grupos distintos: o primeiro

com alta valoração (acima de R$ 10,00), e o segundo com baixa valoração (abaixo de

R$ 10,00). As cores mais apreciadas pelos clientes são FVerde, FLilás e FAzul com

a maior valoração entre as cores (este grupo possui 30% de representatividade). O

outro grupo, com 70% de representatividade, possui as cores FBrancaeamarela,

FBranca, FAmarela, FRoxo, FPink, FRosa e FBicolor, com destaque para últimas

duas cores, com valoração de R$0,10 e R$0,00, respectivamente. O gráfico é

apresentado na Figura 20.

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Figura 20 - Pesos relativos da característica cor do modelo. Fonte: Dados de pesquisa.

A quantidade de flores apresenta uma relação linear de valoração, com

destaque para a QMín11flores, que tem a maior valoração, ficando cada flor com um

valor de R$ 0,35, e a segunda maior valoração sendo a QMín8flores, com R$ 0,30

por flor, indicando o benefício do maior número de flores por planta. A QMín5flores

apresentou valoração nula, apontando que o mínimo aceitável pelos clientes é de

plantas com 5 flores. A quantidade de plantas no pote não demonstrou um valor

significativo em termos de preço, ficando apenas com R$ 0,60. A Figura 21 apresenta

os resultados por variável.

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Figura 21 - Pesos relativo da característica quantidade de flores do modelo. Fonte: Dados de pesquisa.

Semelhantemente à quantidade de flores, a quantidade de hastes também

teve uma representação lógica, com destaque para o fato de que todas as variáveis

apresentaram valores positivos, não existindo a necessidade de ajuste da reta. A

HPerfilhada ficou com a menor valoração. A Hmultiflora e a H2hastes tiveram

valores próximos a R$ 4,00. Já a H2hastes apresentou valoração de R$ 14,00. A

maior valoração foi a H4hastes, com R$ 18,21, conforme demonstrado na Figura 22.

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Figura 22 - Pesos relativos da característica quantidade de hastes do modelo. Fonte: Dados de pesquisa.

A característica qualidade atribuída pelo CVH aos produtos, como era de

se esperar, ficou com valor positivo, indicando que uma planta com qualidade

classificada como A1 possui uma valoração pelo cliente de R$ 3,79 acima de uma

com qualidade inferior, ou seja, A2. A Figura 23 apresenta o gráfico dessa

característica.

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Figura 23 - Pesos relativos da característica qualidade do modelo. Fonte: Dados de pesquisa.

Os preços revelados pelos gráficos obtidos da Tabela 24 podem ser

utilizados para o cálculo da importância relativa de cada característica, conforme

definição de Resende e Scarpel (2009), que demonstra que a cor e a semana em que

o item é comercializado tem o maior peso na formação de preço, seguido pela

quantidade de hastes, produtor, variedade de Phalaenopsis, quantidade de flores,

qualidade e ano. As principais variáveis de cada característica estão registradas na

Tabela 25.

Tabela 25- Cálculo da importância relativa

Característica Variável Maior peso relativo (R$)

Importância Relativa (%)

Cor FAzul 27,34 27,93%

Semana Sem 19 21,05 21,51%

Quantidade de hastes H4hastes 18,21 18,60%

Produtor Produtor 12 13,08 13,36%

Variedade de Phalaenopsis

PhalCascataEspecial 10,55 10,78%

Quantidade de flores QMín11flores 3,86 3,94%

Qualidade QualidA1 3,79 3,87%

Ano Ano15 0,00 0,00%

Fonte: Dados de pesquisa.

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Verifica-se, pela tabela, que a cor azul tem o maior impacto na formação

de preço, seguida da sazonalidade do mercado de flores, que impacta sobre seu

preço, principalmente em datas comemorativas (Dia das Mães, da Mulher e dos

Namorados). Steen (2014), em seu estudo, demonstra que é possível prever os

preços utilizando o calendário, ratificando nossos resultados. A quantidade de haste

tem sua importância na formosura da planta: uma planta com mais hastes tende a ser

mais bem observada pela sua imponência. O produtor também apresenta valores

significativos, demonstrando que o cliente valoriza em quarto lugar a reputação do

produtor, a qual é construída ao longo de anos. A variedade PhalCascataEspecial

representa aproximadamente 10% na formação do preço. Vale salientar que a decisão

da variedade produzida é estratégica para o produtor que pretende ampliar seus

ganhos. A quantidade de flores e a qualidade do produto, de acordo com o critério da

CVH, apresentam 3,94 e 3,87%, respectivamente. Apesar de parecer ter importância

menor, a representatividade é essencial na boa formação do preço, visto que os

primeiros itens avaliados na compra são as flores e a qualidade, sendo que os itens

classificados como A1 são leiloados primeiro, na ordem do klok da CVH. Assim,

podemos entender que esses dois itens, isoladamente, apresentam baixa

representatividade, mas fazem parte do todo e, por isto, não podem ser

negligenciados. Por fim, o ano em que os itens foram comercializados ficou com o

menor impacto, uma vez que ele depende da conjuntura econômica do mercado como

um todo, e da nação de maneira mais ampla. Foi possível verificar uma queda no valor

do preço na ordem de R$ 1,51 no ano de 2015 comparado com 2014. Talvez essa

queda tenha sido em função da conjuntura econômica enfrentada pelo Brasil.

Com o impacto das características mensurado, chega o momento de utilizar

o modelo hedônico para fazer previsões empregando o primeiro conjunto de dados

separadamente (Seção 5.3. Coleta de Dados).

6.2. Resultados da Previsão

O modelo de previsão hedônico foi adotado para simulação do segundo

conjunto de dados, contendo quatro mil trezentos e três registros. Os valores do

intervalo de confiança também foram utilizados para definir os pontos de significância

do modelo a 95%. Os preços obtidos para todos os registros foram simulados e

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geraram de maneira resumida a Figura 24, que apresenta 50 registros do preço versus

o preço simulado com o seu intervalo de confiança.

Figura 24 - Previsão do modelo.

Fonte: Dados de pesquisa.

O gráfico da Figura 24 confirma o método utilizado para previsão no

contexto de leilões reversos, uma vez que, das 50 previsões, apenas 2 (em 2005 e

2010) ficaram fora do intervalo de 95% de significância do gráfico. A seguir são

apresentados alguns indicadores da previsão para os quatro mil trezentos e três

registros. Visando comparar os erros, foram escolhidas quatros medidas de erros:

Erro Médio (Mean Error- ME), Erro Quadrado Médio (Mean Square Error- MSE), Erro

Absoluto Médio (Mean Absolute Error- MAE) e Erro Percentual Médio Absoluto (Mean

Absolute Percentual Error- MAPE). Na Tabela 26, são apresentadas essas medidas,

tanto para os valores de lnPreço quanto para Preço.

Tabela 26 - Indicadores de previsão do modelo

LnPreço Preço

ME 0,003 -0,229

MSE 0,047 15,904

MAE 0,168 2,936

MAPE 6,474% 17,396%

Fonte: Dados de pesquisa.

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Os valores de erro demonstram que a confrontação com preço possui maior

valor de erro quando comparada com Lnpreço. Isto ocorre devido à diminuição da

escala da transformação ln e posterior exponenciação. O Erro Percentual Médio

Absoluto ficou 17,40%, coerente com o valor de explicação do modelo R² como sendo

0,807, confirmando o poder de previsão do modelo.

6.3. Comparação entre modelos.

Visando testar a capacidade de previsão do modelo proposto neste

trabalho, foi levantado a previsão de preço realizada pelos produtores em conjunto

com a equipe comercial da CVH. Estas previsões são realizadas para datas

comemorativas, como é o caso do dia das mães. Vale salientar que os produtores

possuem informações a respeito do volume a ser enviado e a equipe comercial possui

conhecimento das tendências do mercado, bem como do histórico deste mercado em

outros períodos. Os valores previstos para os anos de 2014 e 2015 estão disponíveis

na Tabela 27.

Tabela 27 – Previsão CVH versos previsão hedônica

Data Previsão CVH

Previsão Modelo

Real MAPE CVH

MAPE Modelo

Diferença

Dia das mães- 2014 R$ 25,00 R$ 34,70 R$ 30,26 17,40% 14,51% 2,89%

Dia das mães- 2015 R$ 20,00 R$ 27,30 R$ 23,82 16,04% 14,70% 1,34%

Fonte: Dados de pesquisa.

Fica evidente que a previsão da CVH apresentou um Erro Percentual Médio

Absoluto (MAPE) médio nos dois períodos de 16,72%, enquanto o modelo hedônico

apresentou um MAPE de 14,60% para o mesmo período, uma diferença de 2,11%

para o modelo hedônico. O fato do modelo hedônico apresentar maior poder de

previsão, não tira a capacidade de previsão dos produtores e da equipe da CVH, que

é notoriamente elevada. Contudo, a modelagem hedônica apresenta algumas

vantagens, como a definição da curva de sazonalidade, peso implícito de cada

produtor na visão do cliente, peso das características mais valorizadas pelo

consumidor e variação anual real na formação de preço. Assim, o modelo proposto

fornece uma visão mais aprofundada das características, permitindo analises mais

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acuradas e geração de conhecimento sobre as preferências do consumidor que até

então estavam implícitas. Este conhecimento poderá gerar ações de ampliação do

preço médio, isoladamente ou em conjunto de produtores.

6.4. Síntese dos Resultados

Este capítulo apresentou os resultados do modelo hedônico. As conclusões

do capítulo podem ser sintetizadas conforme segue:

Os coeficientes estimados capturaram as impressões dos consumidores

conforme objetivo da modelagem hedônica;

O modelo hedônico provou ser um método de previsão assertivo para o

contexto aplicado;

Os resultados podem ser utilizados para tomada de decisão, uma vez que

encontram coesão tanto com a literatura quanto com aspectos práticos, tais

como datas comemorativas.

O próximo capitulo do trabalho apresentará as conclusões sobre a análise

realizada, suas limitações e possibilidade de desdobramento de novas pesquisas.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Este capítulo apresenta a conclusão acerca da análise realizada, suas

limitações e pesquisas futuras, juntamente com um fluxograma da possível aplicação

na CVH.

O contexto atual do mercado de flores com indicadores de performance

positivos despertou a curiosidade para o entendimento do processo de formação de

preço do principal canal de comercialização da CVH, o leilão reverso ou klok, como é

mais conhecido. Este sistema representa aproximadamente 55% de todas as vendas

da CVH (SILVA; DUARTE; SANTOS, 2015). Uma análise preliminar demonstrou que

os produtores que fazem uso do klok possuem dificuldade em prever os preços de

seus produtos, sendo que nenhuma ferramenta analítica está disponível para eles.

Deste modo, uma revisão sistemática da literatura foi elaborada para verificar o estado

da arte do tema no meio acadêmico. Tal revisão foi adaptada ao ambiente de previsão

de preços em leilões, uma vez que sua concepção se deu para outro contexto. A

alteração das lentes da análise sistêmica dos artigos permitiu uma melhor definição e

entendimento dos artigos, ficando clara a existência de poucos artigos envolvendo o

tema pesquisado, com destaque para Din, Slutsky e Steinmetz (2011), que analisaram

as mudanças de preço causadas pela qualidade de flores e pela reputação do

produtor, e Donnet, Weatherspoon e Hoehn (2008), que aplicaram o preço hedônico

em cafés especiais, utilizando o leilão inglês eletrônico como mecanismo de venda.

Apresentou-se um modelo analítico para previsão do klok, com uma análise

pautada na teoria utilitarista de Lancaster, que visa à definição das características do

produto que mais impactam na formação do preço. Assim, a pergunta de pesquisa

deste trabalho foi respondida afirmativamente, pois a relação entre as características

intrínsecas do produto e seus preços no leilão reverso de flores é direta e representa

80,7% da variação de preço, de acordo com R².

Evidenciando que o padrão de preferência do consumidor para a Cultura

Orquídea no klok é composto pelas seguintes características: Phaleanopsis Cascata

Especial, haste multiflora, onze ou mais flores de coloração azul e classificada como

A1 no critério de qualidade. O melhor ano do período analisado foi o ano de 2014 e a

melhor semana para comercialização da Orquídea é a semana dezenove que

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corresponde ao dia das mães, o produtor que possui maior valoração na perspectiva

dos clientes é o produtor de número doze.

A hipótese de pesquisa também foi validada, visto que os preços foram bem

previstos por meio de métodos hedônicos com um Erro Percentual Médio Absoluto

(MAPE) de 17,40%.

Com os aspectos fundamentais da pesquisa respondidos, chega o

momento de verificar se o objetivo foi atendido. Com isto, o modelo proposto poderá

ser utilizado para suporte às decisões, com base na modelagem da relação causal

“características-preços” para o produto orquídea no leilão da CVH, validando a prova

de conceito elaborada no capítulo 5, bem como o objetivo principal. O modelo proposto

neste trabalho, então, poderá ser empregado para o processo de previsão de preços,

introduzindo métodos científicos na previsão de leilões reversos, uma vez que,

atualmente, tal processo dá-se de forma empírica. O fluxograma para aplicação desta

técnica em outras culturas está disponível na Figura 25.

Figura 25 - Fluxograma do uso da regressão para a CVH.

Fonte: Adaptado de Brooks (2008, p.9).

Este fluxograma foi inspirado no contexto atual da CVH e adaptado do

processo descrito por Brooks (2008). Ele também contempla todas as etapas

realizadas neste trabalho, sendo de fácil entendimento para os técnicos da CVH. O

processo de modelagem poderá contribuir, inclusive, com o processo de decisão dos

produtores sobre as características dos produtos que mais são valorizadas pelos

clientes, pois estas são subprodutos do modelo de previsão e estão disponíveis na

Tabela 25.

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O trabalho contribuiu ainda com a literatura, fornecendo uma aplicação

inédita do modelo de preço hedônico no contexto de leilões reversos de flores em

âmbito mundial, afirmação esta validada pelo processo de revisão sistemática da

literatura.

Todo este entendimento, baseado em evidências científicas, deverá

contribuir com o processo de precificação de flores da CVH, a qual foi selecionada

para este estudo, fornecendo subsídios para uma tomada de decisão pautada em

evidências que corroboram uma ampliação dos preços via ações de melhoria

implementadas frente a estes novos conhecimentos.

Desta forma, os objetivos específicos foram contemplados e cumpridos no

decorrer do trabalho. O sucesso desta abordagem deu-se em função de os preços no

ambiente de klok serem definidos pelos compradores. Assim, leilões reversos

capturam a valoração do bem, segundo a visão do comprador, que é registrada no

momento do lance. Como os preços médios foram utilizados para definição dos pesos

das variáveis, pode-se atribuir esses pesos à valoração direta dos preços dos bens

pelos clientes.

Por fim, as principais contribuições do trabalho foram a definição de um

modelo de preço hedônico para a comercialização via klok na CVH com Erro

Percentual Médio Absoluto superior a previsão empírica em 2,11%, bem como os

pesos relativos de cada característica. A contribuição acadêmica foi a aplicação de

preço hedônico no ambiente de klok de flores e a adaptação das lentes do Proknow-

C para o contexto de modelos de previsão.

Tais contribuições demonstram a robustez do modelo de previsão,

confirmando seu emprego para tomada de decisão e abrindo a possibilidade para

generalização e aplicação com outras culturas da CVH. Por fim, serão apresentadas

as limitações do trabalho e as possibilidades de continuação deste.

7.1. Limitações do Trabalho

A principal limitação do trabalho refere-se à não inclusão de duas variáveis

que pertencem às orquídeas, que são: a utilização de código de barras na mercadoria

e a existência de informações sobre os “cuidados básicos” para manuseio do produto.

Talvez, estas informações pudessem contribuir com o aumento do coeficiente de

correlação. Elas foram omitidas por não serem registradas pela CVH em sua base de

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dados, e qualquer intenção do pesquisador em obter essas informações junto aos

produtores não seria válida devido ao período do levantamento de dados.

A segunda limitação diz respeito ao período de coleta de dados, que não

totalizou 2 anos. Em pesquisas futuras pretende-se sanar esta lacuna.

7.2. Pesquisas Futuras

As pesquisas futuras devem ser iniciadas pelas lacunas de pesquisa

evidenciadas neste trabalho e não abordadas. Assim, a continuação deste trabalho

surge da necessidade do entendimento das características aqui abordadas num

contexto mais amplo do que a valoração das características intrínsecas do produto

em função do seu preço. Esta oportunidade refere-se ao segundo estágio de Rosen

(1974), que inclui, além das características intrínsecas abordadas até agora, as

extrínsecas, relacionadas à demanda e à oferta, e as que se relacionam com ambas,

proporcionando o equilíbrio de mercado de todas as características em função da sua

quantidade e preço, possibilitando a identificação da curva de demanda e oferta

associada a essas características. Tal modelo poderá ser empregado para ampliação

do conhecimento acerca do processo de formação de preço no klok da CVH.

A segunda possibilidade de aprimoramento advém dos trabalhos de Selim

(2009) e Visit, Christopher e Minsoo (2004), que realizaram comparações entre o

modelo de preço hedônico com o modelo de redes neurais artificiais. Em seus

trabalhos, o modelo de redes neurais apresentou resultados superiores em previsão

comparados com o de preço hedônico. Ainda na ideia de comparação de métodos,

Zhang, Jank e Shmueli (2010) fizeram uma comparação dos modelos de regressão

com modelo baseado nas ideias de KNN. Esta abordagem poderá ser utilizada em

trabalhos futuros.

Os resultados deste trabalho, poderão ser utilizados para encontrar a

estratégia de venda que maximiza o retorno ao produtor. Para tal poderá ser

empregado modelos de otimização a partir da modelagem do processo produtivo e de

custos da produção, tal modelo, poderá evidenciar a estratégia de produção que

maximiza os resultados sobre os investimentos.

Outros trabalhos poderão ser empregados com tema voltado para a

generalização deste modelo para quaisquer culturas comercializadas pela CVH no

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ambiente klok. Essa generalização poderá ser realizada deste que seja feito um

modelo para cada cultura, devido às características distintas entre os produtos.

Por fim, os resultados da generalização poderão ser empregados na

criação de um modelo de preferência do mercado pautado nas preferencias dos

consumidores, tal modelo, poderá de maneira especifica evidenciar a relação entre as

variáveis mais apreciadas pelos consumidores contribuindo para a adequação de

possíveis lançamentos, estratégias de venda, entre outros desdobramentos

estratégicos para produtores e CVH, e de modo amplo conhecer as preferências dos

consumidores que são gerais a todas as culturas, permitindo uma ampliação do

conhecimento do mercado, pelo olhar dos consumidores.

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139

APÊNDICE

GLOSSÁRIO

O objetivo deste glossário é apresentar os principais termos técnicos

referentes ao trabalho, propiciando um melhor entendimento dos termos e conceitos

aqui abordados. Deste modo, os conceitos foram transcritos das obras referência de

Hair et al. (2009) e Field (2009).

Análise de variância (ANOVA): Técnica estatística para determinar, com base em

uma medida dependente, se as amostras são oriundas de populações com médias

iguais.

Assimetria: Relação de simetria entre os dois lados de uma distribuição de

frequência.

Box Plot: Também conhecido como diagrama de caixa ou diagrama de extremo e

quartis. Este gráfico apresenta uma visualização dos quartis e identifica os valores

de outliers da distribuição.

Breusch-Pagan: Baseado no multiplicador de Lagrange, este teste verifica a se as

variâncias dos erros são iguais (homoscedasticidade).

Coeficiente ajustado de determinação (R² ajustado): Medida modificada do

coeficiente de determinação que considera o número de variáveis independentes

incluídas na equação de regressão e o tamanho da amostra. Apesar da adição de

variáveis independentes sempre fazer com que o coeficiente de determinação

aumente, o coeficiente ajustado de determinação pode cair se as variáveis

independentes acrescentadas tiverem pouco poder de explicação e/ou se os graus de

liberdade se tornarem muito pequenos. Esta estatística é muito útil para comparação

entre equações com diferentes números de variáveis independentes, diferentes

tamanhos de amostras, ou ambos.

Coeficiente angular: Ver Coeficiente de regressão

Coeficiente de correlação (r): Coeficiente que indica a força da associação entre

quaisquer duas variáveis métricas. O sinal (+ ou -) indica a direção da relação. O valor

pode variar de -1 a +1, em que +1 indica uma perfeita relação positiva, 0 indica relação

nenhuma, e -1, uma perfeita relação negativa ou reversa (quando uma variável se

torna maior, a outra fica menor).

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140

Coeficiente de determinação (R²): Medida da proporção da variância da variável

dependente em torno de sua média, que é explicada pelas variáveis independentes

ou preditoras. O coeficiente pode variar entre 0 e 1. Se o modelo de regressão é

propriamente aplicado e estimado, o pesquisador pode assumir que quanto maior o

valor de R², maior o poder de explicação da equação de regressão e, portanto, melhor

a previsão da variável dependente.

Coeficiente de regressão: Valor numérico da estimativa do parâmetro diretamente

associado a uma variável independente. Por exemplo, no modelo 𝑦 = 𝑏0 + 𝑏1𝑥1, o

valor de 𝑏1 é o coeficiente de regressão associado à variável 𝑥1. O coeficiente de

regressão representa o montante de variação na variável dependente em relação a

uma unidade de variação na variável independente. No modelo preditor múltiplo (por

exemplo, 𝑦 = 𝑏0 + 𝑏1𝑥1 + 𝑏2𝑥2), os coeficientes de regressão são coeficientes

parciais, pois cada um considera não apenas as relações entre y e 𝑥1 e entre y e 𝑥2,

mas também entre 𝑥1 e 𝑥2. O coeficiente não é limitado nos valores, já que é baseado

tanto no grau de associação quanto nas unidades de escala da variável independente.

Colinearidade: Expressão de relação entre duas (colinearidade) ou mais

(multicolinearidade) variáveis independentes. Diz-se que duas variáveis

independentes exibem colinearidade completa se o coeficiente de correlação é igual

a 1, e completa falta de colinearidade se o coeficiente é igual a 0. A multicolinearidade

ocorre quando qualquer variável independente é altamente correlacionada com um

conjunto de outras variáveis independentes. Um caso extremo de

colinearidade/multicolinearidade é a singularidade, na qual uma variável independente

é perfeitamente prevista (ou seja, correlação igual a 1) por uma outra variável

independente (ou mais de uma).

Curtose: Relação de achatamento de uma distribuição de frequência.

Desvio padrão: Representa a medida de quão bem a média representa os dados.

Pequenos desvios padrões indicam que os dados estão próximos da média; grandes

desvios padrões indicam que os dados estão distantes da média.

Distribuição normal: É caracterizada por uma curva em forma de sino. Essa forma

basicamente sugere que a maioria dos escores está em torno do centro da

distribuição. Em uma distribuição normal, os valores de assimetria e curtose são 0.

Durbin Watson: Teste formal para validar a independência dos termos de erro com

relação à presença de autocorrelação nos resíduos.

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Erro absoluto médio (Mean Absolute Error - MAE): Representa o valor médio

absoluto em módulo do erro de previsão. 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 =∑ |𝑒𝑟𝑟𝑜|𝑛

𝑡=1

𝑁

Erro de previsão: Diferença entre os valores reais e os previstos na variável

dependente, para cada observação na amostra (ver resíduos). 𝐸𝑟𝑟𝑜 = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 −

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

Erro médio (Mean Error - ME): representa o valor da média dos erros da previsão.

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 =∑ 𝑒𝑟𝑟𝑜𝑛

𝑡=1

𝑁

Erro Percentual Absoluto Médio (Mean Absolute Percentage Error - MAPE):

Representa um valor absoluto médio que possibilita avaliar a margem de acerto em

comparação com o valor previsto. É o mais adequado para comparação entre

modelos. 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 =∑ |

𝑒𝑟𝑟𝑜

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙|𝑛

𝑡=1

𝑁

Erro quadrado médio (Mean Square Error - MSE): Representa o valor da média do

erro elevado ao quadrado de uma previsão. 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 =∑ 𝑒𝑟𝑟𝑜2𝑛

𝑡=1

𝑁

Exponenciação: Número de Euler (e) elevado a qualquer número (no caso

específico deste trabalho, ao lnPreço).

Fator de inflação da variância (VIF): Indicador do efeito que as outras variáveis

independentes têm sobre o erro padrão de um coeficiente de regressão. O fator de

inflação de variância está inversamente relacionado ao valor de tolerância 𝑉𝐼𝐹𝑖 = 𝑇𝑂𝐿𝑖

. Valores VIF altos também indicam um alto grau de colinearidade ou

multicolinearidade entre as variáveis independentes.

Gráfico de probabilidade normal: Comparação gráfica da forma de distribuição da

amostra em relação à distribuição normal.

Graus de liberdade: Valores calculados a partir do número total de observações

menos o número de parâmetros estimados. Estas estimativas de parâmetros são

restrições sobre os dados porque, uma vez calculadas, elas definem a população da

qual se supõe que os dados tenham sido obtidos. Por exemplo, ao estabelecer um

modelo de regressão com uma única variável independente, estimando dois

parâmetros, o intercepto (𝑏0) e um coeficiente de regressão para a variável

independente (𝑏1), ao estimar o erro aleatório, definido como a soma dos erros da

previsão (valores dependentes reais menos os previstos) para todos os casos, são

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encontrados (n-2) graus de liberdade. Os graus de liberdade nos dão uma medida de

quão restritos estão os dados para alcançar certo nível de previsão.

Heterocedasticidade: Ver homocedasticidade.

Homocedasticidade: Descrição de dados para os quais a variância dos termos de

erro (e) aparece constante no intervalo de valores de uma variável independente. A

suposição de igual variância no erro da população 𝜀 (onde 𝜀 é estimado a partir do

valor amostral e) é essencial à aplicação adequada de regressão linear. Quando os

termos de erro têm variância crescente ou flutuante, diz-se que os dados são

heterocedásticos.

Intercepto: Valor no eixo y (eixo da variável dependente) onde a reta definida pela

equação da regressão 𝑦 = 𝑏0 + 𝑏1𝑥1 cruza o eixo. É descrito pelo termo constante 𝑏0

na equação de regressão. Além de seu papel na previsão, o intercepto pode ser visto

como uma interpretação gerencial. Se a completa ausência da variável independente

tem significado, então o intercepto representa esta quantia. Por exemplo, quando se

estimam vendas a partir de investimentos ocorridos com anúncios, o intercepto

representa o nível de vendas esperadas se o anúncio for retirado.

Kolmogorov-Smirnov: Teste formal para detecção de normalidade. P-valores

superiores a 0,05 indicam normalidade.

Levene: Mede a homogeneidade da variância nas variáveis selecionadas.

Logaritmo natural (ln): Logaritmo na base (e). É um número irracional

aproximadamente igual a 2,718281828459045..., chamado de número de Euler.

Matriz de correlação de Pearson: Tabela que mostra as intercorrelações entre todas

as variáveis.

Mínimos quadrados ordinários: Procedimento de estimação usado em regressão

simples e múltipla no qual os coeficientes de regressão são estimados de modo a

minimizar a soma total dos quadrados dos resíduos.

Multicolinearidade: Ver colinearidade

Nível de significância (alfa): Frequentemente chamado de nível de significância

estatística, o nível de significância representa a probabilidade que o pesquisador

deseja aceitar de que o coeficiente estimado seja classificado como diferente de zero

quando realmente não é. É também chamado de erro tipo I. O nível de significância

mais amplamente usado é 0,05, apesar de pesquisadores utilizarem níveis que variam

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de 0,01 (mais exigente) até 0,10 (menos conservador e mais fácil de descobrir

significância).

Padronização de dados: Processo no qual a variável é transformada em uma nova

variável com média 0 e desvio padrão igual a 1.

Regressão múltipla: Técnica estatística que pode ser usada para analisar a relação

entre uma única variável dependente e várias variáveis independentes.

Regressão simples: Técnica estatística que pode ser usada para analisar a relação

entre uma única variável dependente e uma variável independente.

Resíduos (e ou 𝜺): Erro na previsão de nossos dados da amostra. Raramente as

previsões são perfeitas. Consideramos que o erro aleatório ocorrerá, mas assumimos

que esse erro é uma estimativa do verdadeiro erro aleatório na população (𝜀), não

apenas o erro na previsão de nossa amostra (e). Consideramos que o erro na

população que estamos estimando é distribuído com uma média de 0 e uma variância

constante (homoscedástica).

Tolerância: Medida de colinearidade e multicolinearidade comumente usada. A

tolerância da variável i (𝑇𝑂𝐿𝑖) é 1-R²i, onde R² i é o coeficiente de determinação para

a previsão da variável i pelas outras variáveis independentes na variável estatística

de regressão.

Transformação de dados Box-Cox: Uma variável pode ter uma característica

indesejável, como não-linearidade, o que diminui seu uso em uma técnica

multivariada. A transformação Box-Cox demonstra como os dados estão distribuídos

(normal, uniforme, não elevada, elevada, negativa, positiva), indicando qual é a

distribuição pelo nível de λ, transformando os dados para serem inseridos na técnica

multivariada, sem essas características indesejadas.

Valores parciais F (ou t): O teste parcial F é simplesmente um teste estatístico da

contribuição adicional de uma variável para a precisão de previsão acima da

contribuição das variáveis já na equação. Quando uma variável é acrescentada a uma

equação de regressão depois que outras variáveis já estão na equação, sua

contribuição pode ser muito pequena, ainda que tenha uma alta correlação com a

variável dependente. A razão do seu uso é que a variável adicionada é altamente

correlacionada com as variáveis já na equação. O valor parcial F é calculado para

todas as variáveis simplesmente simulando que cada uma, por sua vez, seja a última

a entrar na equação. Um valor F pequeno ou insignificante para uma variável que não

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está presente na equação indica sua contribuição pequena ou insignificante ao

modelo, como já especificado. Um valor t pode ser calculado no lugar de valores F em

todos os casos, sendo o valor t aproximadamente a raiz quadrada do valor F.

Variância: Representa a média do erro entre a média e as observações feitas.

Variável dependente: Variável que está sendo prevista ou explicada pelo conjunto

de variáveis independentes.

Variável independente: Variável(is) selecionada(s) como previsoras e potenciais

variáveis de explicação da variável dependente.

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145

ANEXO A

Busca nos bancos de dados

As palavras foram buscadas no portal de periódicos da CAPES e nos

bancos de dados da Scopus e Web of science. As 52 combinações de palavras foram

inseridas nas buscas avançadas desses bancos de dados, gerando um total 42.555

artigos.

Tabela 28- Combinações de palavras-chave e seus resultados nas bases (Continua)

COMBINAÇÕES DE PALAVRAS CAPES SCOPUS WEB OF SCIENCE

dutch flower auction Auction 40 14 6

dutch flower auction hedonic price 0 0 0

dutch flower auction hedonic model 0 0 0

dutch flower auction auction model 6 5 2

dutch flower auction auction theory 2 1 0

dutch flower auction price auction 16 7 2

dutch flower auction forecast auction 0 0 0

dutch flower auction price forecast 0 0 0

Auction hedonic price 65 85 38

Auction hedonic model 46 52 22

Auction auction model 3690 3668 883

Auction auction theory 2333 2031 374

Auction price auction 8000 4322 1015

Auction forecast auction 153 88 23

Auction price forecast 49 58 17

hedonic price hedonic model 5604 995 237

hedonic price auction model 34 46 20

hedonic price auction theory 6 5 3

hedonic price price auction 71 85 38

hedonic price forecast auction 1 0 0

hedonic price price forecast 15 19 3

hedonic model auction model 46 52 22

hedonic model auction theory 4 5 2

hedonic model price auction 34 46 20

hedonic model forecast auction 1 0 0

hedonic model price forecast 11 17 2

auction model auction theory 504 806 135

auction model price auction 1465 1543 406

auction model forecast auction 42 52 15

auction model price forecast 26 36 11

auction theory price auction 790 794 155

auction theory forecast auction 6 11 4

auction theory price forecast 4 9 2

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146

Tabela 28 - Combinações de palavras-chave e seus resultados nas bases

(Conclusão)

COMBINAÇÕES DE PALAVRAS CAPES SCOPUS WEB OF SCIENCE

price auction forecast auction 55 58 17

price auction price forecast 56 58 17

forecast auction price forecast 55 58 17

hedonic analysis Auctions 20 50 14

hedonic analysis flower auction 0 0 0

hedonic analysis dutch auction 0 0 0

hedonic analysis dutch flower auctions 0 0 0

price determination Auctions 78 198 74

price determination flower auction 0 0 0

price determination dutch auction 6 2 3

price determination dutch flower auctions 0 0 0

regression analysis Auctions 92 121 53

regression analysis flower auction 3 2 1

regression analysis dutch auction 4 0 1

regression analysis dutch flower auctions 2 0 1

hedonic regression Auctions 17 34 15

hedonic regression flower auction 0 0 0

hedonic regression dutch auction 0 0 0

hedonic regression dutch flower auctions 0 0 0

TOTAL 23.452 15.433 3.670

Fonte: Elaboração própria.

Os autores das referências do repositório C são apresentados na Tabela 29

Tabela 29- Autores das referências do repositório C

(Continua)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Jank, Wolfgang 7 Duplaga, Edward a. 1 Ostroy, Joseph M. 1

Shmueli, Galit 6 Espínola, Rosa 1 Owei, Vesper 1

Bapna, R 5 Fafchamps, Marcel 1 Paarsch, Harry J. 1

Emiliani, M L 4 Février, Philippe 1 Pakes, Ariel 1

Katok, Elena 4 Anwar, Sajid 1 Palma, Marco a. 1

Weron, Rafał 4 Chang, Seokjoo Andrew

1 Panagiotelis, Anastasios

1

Gupta, A. 4 De Silva, Dakshina G

1 Park, Juyoung 1

Goes, P 4 Dellarocas, C 1 Pekec, a. S. 1

Hartley, Janet L. 3 Jeitschko, Thomas D

1 Perry, Motty 1

Kwasnica, Anthony M.

3 Karuga, Gilbert G 1 Perzelan, Y 1

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147

Tabela 29 - Autores das referências do repositório C (Continuação)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Mishra, Debasis 3 Kosmopoulou, Georgia

1 Peters, Michael 1

Muhammad, Andrew 3 Peters, Michael 1 Petersen, Kenneth J.

1

Parkes, David C. 3 Rice, S 1 Petkova, Antoaneta P

1

Stec, D J L B 3 Fischbacher, Urs 1 Philosoph-Hadas, S

1

Visser, Michael 3 Fletcher , Mike 1 Ping, Zou 1

Amponsah, William 2 Fong Chan, Kam 1 Pittman, Dusty 1

Berg, Gj Van Den 2 Frohlich, Mark 1 Plaisant, Catherine 1

Bin, Okmyung 2 Fuqua, The 1 Plazas, Miguel a. 1

Carter, Craig R. 2 Garcia, J. B C 1 Potts, Kevin 1

Contreras, Javier 2 Garcia, Reinaldo C. 1 Prasad, Nahi 1

Fizel, John L. 2 Garg, Rahul 1 Rachev, Svetlozar T.

1

Gray, Philip 2 Gebreeyesus, Mulu 1 Raeburn, Emily 1

Kaufmann, Lutz 2 Ghani, Rayid 1 Ram, Sudha 1

Kleijnen, Jack P.C. 2 Gibbon, Peter 1 Raskina, Olga 1

Lane, Michelle D. 2 Görg, Holger 1 Rauber, T. W. 1

Millet, Ido 2 Gregor, Shirley 1 Reardon, Thomas 1

Parente , Diane H. 2 Gunderson, Dr. Micheal

1 Reddy, Srinivas K. 1

Ponte, Stefano 2 Haan, Jan De 1 Reeves, Daniel 1

Smith, Michael D 2 Hailiang, Zhang 1 Reny, Philip J. 1

Van Heck, Eric 2 Hammond, Robert G.

1 Rhinehart, Ric 1

Venkataraman, Ray R.

2 Hannon, David 1 Riisgaard, Lone 1

Easley, Robert F. 2 Harlan, Rob 1 Rindova, Violina P 1

Jin, Y W 2 Heavey, Cathal 1 Robbins, Jeffrey 1

McMillan, Robert 2 Helder, Jan 1 Robert, Jacques 1

Severinov, Sergei 2 Hendrick, Thomas E.

1 Roberts, Michael R 1

Tenorio, Rafael 2 Henson, Spencer 1 Robicheaux, Sara 1

Zeithammer, Robert 2 Herrington, Christopher

1 Rosenberger, I 1

Zheng, Mingli 2 Hevner, Alan R. 1 Roth, Alvin E. 1

Adomavicius, G. 1 Hlouskova, Jaroslava

1 Rothkopf, Michael 1

Aguirre, M. 1 Holly, Don 1 Sagi, John 1

Ahmadi-Esfahani, F. 1 Hong, Yunsook 1 Salim, S 1

Ali, Héla Hadj 1 Hortaçsu, Ali 1 Samelson, Quentin 1

Aniebonam, Manny 1 Hou, Jianwei 1 Schamel, Günter 1

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148

Tabela 29 - Autores das referências do repositório C (Continuação)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Anwar, Sajid 1 Houser, Daniel 1 Schneur, Avner 1

Aris, Aleks 1 Hu, Yu Jeffrey 1 Schneur, Rina 1

Assouline, S. 1 Hur, Daesik 1 Schulz, Rainer 1

Aujla, Khalid Mehmood

1 Hyde, Valerie 1 Schummer, James 1

Ausubel, Lawrence M.

1 Iizuka, Michiko 1 Schwab, Andreas P.

1

Babcock, Bruce Alan 1 Jager, Andre De 1 Shi, Junmin 1

Bada, Abiodun 1 Jap, S. D. 1 Shneiderman, Ben 1

Bao, H. X H 1 Jiang, Wang 1 Shtaynmetz, Y. 1

Beach, R 1 Jin, Mingzhou 1 Shtein, I 1

Beall, Stewart 1 Joosten, Frank 1 Silber, a. 1

Berns, K. 1 Kagel, John H. 1 Simmons, Hillery 1

Berry, Steven 1 Kalagnanam, Jayant

1 Sorensen, Ron 1

Bessec, Marie 1 Kanner, Joshua 1 Stanton, J.b 1

Bierbrauer, Michael 1 Karakatsani, Nektaria V.

1 Steen, Marie 1

Biermacher, Jon T 1 Kauffman, Robert J.

1 Stevenson, Simon 1

Bikhchandani, Sushil 1 Kestens, Yan 1 Strobl, Eric 1

Blandon, Jose 1 Khushk, Ali Muhammad

1 T., Salvatore 1

Bouabdallah, Othman

1 Kim, Kabsung 1 Tassabehji, R 1

Braun, T. 1 Klaauw, B Van Der 1 Taylor, W A 1

Bryan, Doug 1 Knittel, Christopher R

1 Thériault, Marius 1

Brynjolfsson, Erik 1 Kohler, Ulrich 1 Thomas, Gary 1

Brzinsky-Fay, Christian

1 Koppius, Otto R. 1 Thompson, Earl A 1

Bunn, Derek W. 1 Kossmeier, Stephan

1 Triplett, Jack 1

Byrne, James 1 Lahaie, Sébastien 1 Troncoso, J. L. 1

Byrne, P. J. 1 Lall, S. 1 Trück, Stefan 1

Cabral, Luís 1 Lanzolla, Gianvito 1 Trueck, Stefan 1

Caccetta, L.a 1 Lecocq, Sébastien 1 Tsetlin, I. 1

Carare, Octavian 1 Levi, M. 1 Tsikriktsis, Nikos 1

Carayannis, Elias 1 Levin, Dan 1 Upson, Steve 1

Carolina, North 1 Levinsohn, James 1 van Akkeren, Marco

1

Carriquiry, Miguel 1 Li, G. 1 Van Campen, B. 1

Carter, Phillip L. 1 Linnemer, Laurent 1 Veeramani, Dharmaraj

1

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149

Tabela 29 - Autores das referências do repositório C (Conclusão)

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Autor Nº de artigos

Chan, K. F 1 Liston, Paul 1 Vohra, Rakesh V. 1

Chow, C.a 1 Liu, Jian-Guo 1 Wagner, Stephan M.

1

Cohen, M. 1 Liu, Lan 1 Wan, a. T K 1

Conejo, Antonio J. 1 Lordo, Robert 1 Wang, Shanshan 1

Constantin, Florin 1 Lucking-Reiley, David

1 Ward, Ronald W. 1

Cooper, Alix 1 Luniak, Magdalena 1 Wassenaar, Arjen 1

Cox, Daniel C 1 Mabert, Vincent a. 1 Watcon, Johnathan Adam

1

Cranfield, John 1 Mangan, Jean 1 Werwatz, Axel 1

Crespo Cuaresma, Jesús

1 March, Jinsoo Park 1 Wijnands, J. H. M. 1

Cunden, Mayen 1 Martins-Filho, Carlos

1 Williamson, I a N O 1

D’Souza, Anna 1 Meir, S 1 Wolters, Matthijs J J

1

Daly, Shawn P. 1 Memon, Aslam 1 Wood, A 1

Dasgupta, Subhashish

1 Menn, Christian 1 Wood, Charles a. 1

Dass, Mayukh 1 Metty, Theresa 1 Wooders, John 1

David, N. 1 Miettinen, Paavo 1 Wu, D J 1

Daviron, Benoit 1 Miller, David C 1 Wu, S. David 1

Davis, Tim 1 Min, John 1 Wu, Wei-Ping 1

de Vries, Sven 1 Minten, Bart 1 Yan, Z. 1

Deflandre, David 1 Misiorek, Adam 1 Yue, Chengyan 1

Dennis, Jennifer H. 1 Moore, Tom 1 Zhang, Shu 1

Des Rosiers, François

1 Naik, P. a. 1 Zhang, Xiao-Li 1

Diewert, Erwin 1 Narula, R. 1 Zhdanov, D. 1

Dixon, T.a 1 Nath, Prithwiraj 1 Zhong, V 1

Donald, Stephen G. 1 Ni, Y.X. 1 Zhou, M. 1

Driedonks, Caroline F.

1 Nie, Y. 1 Zhu, Joe 1

Droby, S 1 Obersteiner, Michael

1

TOTAL

369

Fonte: Elaboração própria.

A Tabela 30 apresenta a lente abordagem da análise sistêmica.

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150

Tabela 30- Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês (Continua)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa Hipótese de pesquisa

(WAGNER; SCHWAB,

2004)

O objetivo do estudo foi determinar as condições relacionadas à gestão de compra que influenciam no sucesso dos leilões reversos eletrônicos, além de avaliar se esses leilões são bem sucedidos a partir da redução de resultados.

Que condições são apropriadas para a realização de leilões reversos eletrônicos, e como gestores de compras podem influenciar essas condições, a fim de tornar os leilões reversos eletrônicos bem sucedidos?

A gestão de compra influencia no sucesso de leilões eletrônicos reversos.

(DALY; NATH, 2005)

Analisar os leilões, explorando como estes podem trazer os benefícios de acordos amigáveis de relacionamento na aquisição de um bem, com vantagens em preço. Explorar várias condições de gestão de compras relacionadas com os leilões, visando analisar o desempenho dos fornecedores, determinando o fornecedor mais eficiente.

Os leilões podem ter um viés relacional orientado para o curto prazo?

Não há uma forma categórica de separar os benefícios da negociação via relacionamento e do leilão, de modo que os benefícios possam coexistir.

(KATOK; ROTH, 2004)

Analisar o desempenho na cadeia de suprimentos dos mecanismos de leilão holandês (descendente) e leilão E-bay "holandês" (ascendente) na venda simulada de vários produtos homogêneos, no contexto da sinergia dos ofertantes.

Como se comportam os diferentes leilões na venda de um produto homogêneo?

O leilão descendente dos preços é robusto e tem um bom desempenho em uma variedade de ambiente, embora haja algumas situações em que a ascendência uniforme a preço de leilão semelhante ao utilizado pelo E-bay evita melhor o problema do free-riding.

(KATOK; KWASNICA,

2008)

Com base nos modelos de Cox et al. (1982) e LuckingReiley (1999), analisar sistematicamente o parâmetro velocidade do relógio para entender sua influência no preço.

O tempo do relógio influencia na tomada de preço de um leilão?

O relógio (tempo) é um fator de forte influência na formação de preços em um leilão.

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151

Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa Hipótese de pesquisa

(CARARE; ROTHKOPF,

2005)

Analisar ambos os modelos: tanto o de decisão quanto o de teoria dos jogos e seus efeitos nos custos de transação em leilões holandeses.

Considerando o custo de transação, a melhor estratégia é comprar o item imediatamente ou aguardar na esperança de que o valor baixe?

As diferenças entre os leilões online e holandeses "lentos" podem somar ou ajudar na adição para uma receita extra inesperada sobre o primeiro preço nos leilões holandeses.

(SCHOENHERR; MABERT, 2007)

O objetivo deste artigo é desmistificar, confirmar ou rejeitar 5 das crenças mais comuns sobre leilões reversos online.

Qual a relação entre os mitos que norteiam os leilões reversos online e o quanto eles orientam a realidade?

1º Leilão reverso envolve somente o preço; 2º Os leilões reversos online só são adequados para commodities; 3º Os leilões reversos prejudicam o relacionamento entre comprador e fornecedor; 4º Ao longo do tempo, os ganhos com os leilões reversos tendem a diminuir; 5º O leilão reverso é uma moda passageira.

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152

Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa Hipótese de pesquisa

(BAPNA et al., 2009)

Investigar a equivalência de receita (lucro) em leilões holandeses e ingleses, sob a influência das forças de mercado e do comportamento do licitante heterogêneo em múltiplos mercados de leilões online sobrepostos - MOOAM, considerando um contexto de sobreposição de leilões (ocorrendo ao mesmo tempo).

1. Os leilões ingleses e holandeses rendem preços unitários equivalentes em MOOAM? 2. Existem novas formas de comportamento de licitação que são evidentes no mercado através de um grupo de sobreposições de leilões? 3. Qual o impacto sobre o preço unitário de sobreposição que um leilão tem com os seus leilões anteriores e posteriores, controlando-se o mecanismo e o comportamento do licitante?

Leilões sobrepostos causam impacto negativo um sobre outro.

(HUR; MABERT; HARTLEY,

2007)

Explorar os fatores que impulsionam a viabilidade econômica do investimento em leilão eletrônico e explicar por que algumas empresas obtêm benefícios substanciais via leilão eletrônico, enquanto outras não. Este estudo emprega um modelo simulado de eventos discretos para estimar em leilão eletrônico o valor presente líquido de dados de 5 empresas distintas.

Os leilões eletrônicos reversos podem ser bem sucedidos quando de um resultado enxuto provindo do estudo do ambiente por parte das empresas compradoras?

Diversas condições de gestão relacionadas com a compra influenciam o sucesso de leilões eletrônicos reversos.

(MELESE; HELMSING,

2010)

Discutir o papel do investidor estrangeiro no desenvolvimento econômico da Etiópia: (a) examinar a evolução da indústria de flores de corte etíope; (b) examinar o grau de desenvolvimento e entender o seu sentido na formação de endogeneização ou enclave; (c) discutir o papel triplo (produção, comércio e desenvolvimento do setor) dos atores holandeses neste processo.

Será que a nova indústria se torna um enclave, ou será acompanhada por um processo de construção de capacidades locais, um processo denominado endogeneização?

O desenvolvimento do setor, advindo do comércio de exportação da Holanda e a cooperação para o desenvolvimento holandês contribui para a endogeneização da Etiópia (uma vez que este país recebe investimentos estrangeiros na indústria de flor de corte).

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153

Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa

Hipótese de pesquisa

(MISHRA; PARKES,

2009)

Apresentar leilões generalizados "Vickrey-holandês" para ambientes multi-unitários e de multi-produto de valor privado, que retêm as vantagens de velocidade e de licitação (o leilão de preço descendente pode desfrutar de maiores preços).

A construção de um modelo de preços de equilíbrio competitivo universal fornece uma oferta alocada eficientemente?

A simulação feita aloca eficientemente a oferta nos cálculos de pagamentos finais.

(POZZEBON; HECK, 2006)

Este artigo se propõe a fazer uma ilustração concreta de uma adaptação local situada historicamente: o caso da cooperativa brasileira Veiling Holambra, que importou um modelo de mercado de leilão da Holanda e o adaptou às condições locais.

Como foi transferido o modelo de mercado de leilão da Holanda para o Brasil? • Quais as adaptações locais do sistema de aplicação genérica foram feitas e por quê? • Quais fatores poderiam explicar o sucesso dessas adaptações locais?

H1. O sucesso dos projetos de sistema de aplicação genérica é susceptível a aumentar se a lacuna do design-uso for levada em consideração. Quanto menor a lacuna do design-uso, mais fácil será a natureza e o esforço das adaptações locais. H2. O sucesso de projetos de sistemas de aplicação genérica tende a aumentar se uma perspectiva de influências mútuas é adotada, ou seja, levando os requisitos locais e socioculturais contextuais em consideração, sem negligenciar o conhecimento “genérico” (aquilo que as pessoas já aprenderam no mundo inteiro). H3. A natureza das adaptações locais podem variar de uma cultura a outra, e as pessoas se envolvem em adaptações locais de diferentes maneiras. O sucesso dos projetos de sistema de aplicação genérica tende a aumentar se acontecem adaptações locais culturalmente dependentes. No contexto da cultura brasileira, improvisações recorrentes e sutis têm influenciado positivamente as adaptações locais.

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Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês (Continuação)

Artigo Objetivo do artigo? Pergunta de pesquisa? Hipótese de pesquisa?

(CUNDEN; HECK,

2004)

Pesquisar sobre os mercados de flores, as condições dos produtores de flores africanos, e o uso e os impactos das tecnologias da informação em seus mercados. Descrever o poder de negociação e a influência das partes interessadas no contexto da rede de negócios do leilão holandês de flores. Derivar estratégias competitivas para os produtores africanos, em termos de alcance de influência e riqueza.

1. Como a adoção de TI permite que o agricultor africano possa influenciar o comportamento do formador de mercado e criar poder de negociação no contexto da rede de negócios do leilão holandês de flores? 2. Como os participantes do mercado influenciam uns aos outros? 3. Como os participantes do mercado estabelecem o poder de negociação? 4. Que estratégias competitivas o produtor africano pode adotar para chegar a uma ampla base de clientes, favorecendo a riqueza da oferta do serviço aos clientes?

Implementar a tecnologia da informação para o acesso a novos e grandes mercados europeus aumentará o poder de barganha para os produtores de flores africanos.

(LI; KUO, 2011)

Encontrar um número pré-determinado de níveis de lance em um leilão holandês para maximizar a receita esperada do leiloeiro.

Com um novo método (programa não-linear restrito), é possível pré-determinar os níveis de lances em um leilão holandês para maximizar a receita esperada do leiloeiro?

O programa não-linear propõe fórmulas para o cálculo ideal e maximiza a receita do leiloeiro.

(STEEN, 2010)

O objetivo deste trabalho é dar uma introdução sobre os mercados internacionais de flores com foco em leilões de flores holandeses.

N/A N/A

(LU et al., 2011)

Esta pesquisa concentra-se na licitação voltada a leilões de flores da Holanda, num contexto B2B. Estuda os principais fatores que influenciam no preço, com base em um caso mais geral, no qual os potenciais ofertantes podem adquirir várias unidades de um produto em cada rodada.

Estudando-se um modelo que compreende um maior número de fatores de compra em um leilão, é possível obter informações mais precisas na tomada de preços?

Usando um grande conjunto de dados a partir de um mercado de leilões B2B, é possível identificar os principais fatores que influenciam o preço e quantificar as mudanças nas propostas vencedoras.

(DIN; SLUTSK

Y; STEINM

ETZ, 2011)

Estudar as mudanças de preço causadas pela qualidade de flores e pela reputação do produtor.

As variáveis escolhidas para o modelo também explicam o agrupamento de produtores por preço?

Os fatores (variáveis) estatisticamente testados influenciam nos preços das flores de acordo com a qualidade do produto e a reputação do produtor

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155

Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês (Continuação)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa

Hipótese de pesquisa

(DU; XU; BIAN, 2011)

Análise do processo de formação de preço e o efeito de alguns fatores sobre os preços do leilão.

Existe correlação entre os preços do leilão?

H1. O preço médio do dia anterior tem um impacto positivo sobre o preço médio de hoje. H2. O preço médio dos 5 primeiros leilões de hoje tem impacto positivo sobre os demais leilões de hoje. H3. O preço médio das 5 primeiras flores tem impacto positivo sobre a formação da Rosa Carola no leilão de hoje. H4. As transações do dia anterior tem influência significativa sobre o dia de hoje. H5. As transações do dia de hoje tem influência significativa sobre o dia de hoje.

(STEEN, 2014)

Mensurar as relações entre preço e quantidade no leilão holandês de flores com base em previsão de preços de mercado.

Existe correlação entre os preços do leilão e as respectivas quantidades ofertadas?

Os preços e as quantidades envolvidas em um leilão de oferta sazonal se correlacionam.

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Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês (Continuação)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa

Hipótese de pesquisa

(WERON; MISIOREK,

2008)

Investigar o poder de previsão de curto prazo, utilizando 12 modelos de série temporal para os preços de eletricidade spot.

Como se comporta o mercado spot de eletricidade?

i) Modelos com a carga do sistema, como a variável exógena, em geral, tem um melhor desempenho do que os modelos de preços puros; (ii) Os modelos semi-paramétricos geralmente levam a uma melhor previsão de intervalo do que seus concorrentes.

(BAPNA; JANK;

SHMUELI, 2008)

Compreender e explorar o processo de formação de preço em leilões online.

Como diversos fatores variam durante um leilão?

A taxa de aumento de preços é mais rápida para itens mais raros.

(DONNET; WEATHER

SPOON; HOEHN,

2008)

Analisar os valores dos atributos de cafés especiais quanto às avaliações sensoriais e da reputação do produtor.

Como são determinados os preços dos cafés especiais negociados em leilões eletrônicos?

Os preços de equilíbrio de mercado de cafés especiais em leilões eletrônicos são determinados por ambos os atributos: sensoriais e de reputação.

(ZHANG; JANK;

SHMUELI, 2010)

Neste artigo é proposta uma abordagem nova e flexível para a previsão de preços de leilões online baseadas nas ideias de KNN.

É possível prever o preço de um leilão por meio de um modelo KNN, considerando as informações obtidas de leilões simultâneos?

O KNN é eficaz para prever populações heterogêneas de leilões.

(KLEIJNEN E SCHAIK,

2011)

Compreender os fatores que determinam o preço de mexilhões e quantificar o desempenho de um gerente de compras.

1. Os leilões são prejudiciais aos grandes compradores? 2. A oferta abundante diminui o preço do leilão? 3. Os preços variam de acordo com a estação do ano? 4. Quais os fatores que determinam o preço hedônico? 5. Gestores de compra diferentes pagam preços diferentes para a mesma qualidade de produto?

1. As empresas com quotas de mercado superiores pagam o mesmo preço para a mesma qualidade de mexilhões que as empresas de mercado inferiores. 2. Os preços do mexilhão não variam com o fornecimento anual total. 3. Os preços dos mexilhões não variam com a época do ano. 4. Todos os gerentes de compra tem o mesmo nível de desempenho.

(CHANG, 2014)

Utilizar a entropia como uma medida de caracterização dos leilões que se sobrepõem em termos de uma mistura de diferentes tipos de estratégias para o lance.

Como as informações em leilões sobrepostos influenciam a oferta e o preço?

O estado de entropia de um leilão é endógeno à sobreposição de vários leilões.

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Tabela 30 - Respostas da lente abordagem da análise sistêmica em leilão holandês (Conclusão)

Artigo Objetivo do artigo Pergunta de pesquisa

Hipótese de pesquisa

(SELIM, 2009) Determinantes dos preços das casas na Turquia são examinados, visando encontrar o melhor método de previsão de função de preço hedônico ou rede neural artificial.

Qual modelo gera melhores previsões de preços de casas na Turquia?

A rede neural artificial é uma alternativa melhor para a previsão dos preços das casas da Turquia.

(VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004)

O objetivo deste estudo é comparar empiricamente o poder preditivo do modelo hedônico com um modelo de rede neural artificial para previsão de preços de casas na Nova Zelândia.

A rede neural artificial tem potencial para prever preços de casa?

A rede neural artificial tem poder similar de prever o preço de uma casa, quando comparada ao modelo de preço hedônico.

(STEVENSON, 2004)

Fornecer mais evidências empíricas sobre o grau e as causas de heterocedasticidade na estimação de modelos de preços hedônicos de casas.

A idade da habitação é evidenciada pela heterocedasticidade?

A estimativa de modelos hedônicos desagregados é devido a um maior nível de homogeneidade na amostra a um nível abaixo do mercado, levando a uma redução na heterocedasticidade relatada com respeito à idade do imóvel e à área de estar.

(TOMAT, 2006) Estudar alguns dos problemas ao fazer a estimação dos índices de preços ajustados pela qualidade do ponto de vista da teoria de diferenciação de produtos.

Quão destoantes ficam os preços mediante a escolha de índices específicos na tomada de decisão?

A escolha de um índice restringe a análise da formação de preço.

(SILVER; HERAVI, 2007)

Descrever e comparar as duas principais abordagens para a medição de índices de preços hedônicos: índice de imputação hedônica (HI) e tempo simulado hedônico (DTH). Este estudo fornece uma análise formal da diferença entre as duas abordagens para a alternativa de implementações do índice "superlativo". Ele mostra porque os resultados dos índices de HI e DTH podem ser diferentes e discute a questão da escolha entre essas duas abordagens.

Quais os fatores subjacentes às diferenças nos resultados dos preços em mercado de produtos e quais as implicações na escolha do método?

As abordagens DTH e HI fornecem um meio pelo qual a mudança de preço pode ser medida em mercados de produtos nos quais existe uma rotatividade de modelos diferenciados.

Fonte: Dados de pesquisa.

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A Tabela 31 apresenta a lente contribuições da análise sistêmica.

Tabela 31 - Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês

(Continua)

Artigo Quais foram as contribuições da aplicação do modelo?

(WAGNER; SCHWAB, 2004)

Os gestores podem visualizar uma situação de compra distinta e avaliar se a situação é adequada para os leilões reversos eletrônicos. Os resultados da análise de regressão logística podem ajudar os gestores para determinar a probabilidade de sucesso das compras via leilão eletrônico reverso.

(DALY; NATH, 2005)

Sugere-se que é possível projetar leilões mais propícios aos investimentos e relações de longo prazo, subsidiando parceiros relacionais, realizando pagamentos para licitantes perdedores. Atributos exógenos também podem ser incorporados na avaliação da proposta, tais como a disposição do fornecedor para colaborar com o comprador em uma base de longo prazo, fazendo investimentos com uma visão estratégica de longo prazo; a reputação do fornecedor; ou histórico do comprador. Mostra os caminhos a seguir com novos projetos de leilões.

(KATOK; ROTH, 2004)

Em condição de sinergia, o leilão descendente é robusto, mesmo em situações com potencial para o problema free-riding. A principal decisão deste modelo de leilão é o preço inicial, que deve ser bem definido, pois pode acarretar preço baixo ou demora na venda. Por esta razão, os leilões decrescentes são mais indicados para flores e commodities. Ficou evidente pelo estudo que o leilão E-bay holandês tem um desempenho fraco em ambientes com sinergia. Este mecanismo tem um desempenho melhor do que o descendente apenas numa situação de super-free- riding.

(KATOK; KWASNICA, 2008)

Altas velocidades de relógio apresentam rendimento das receitas significativamente abaixo da receita do leilão de oferta selada (consistente com Cox et al, 1982), enquanto as receitas em leilões com um atraso no relógio é maior do que no leilão de oferta selada. A razão da menor receita em leilão holandês está associada à velocidade. Desta forma, se o leiloeiro diminui a velocidade, o preço tende a aumentar. No entanto, em leilões de flores, devido à característica perecível, esta estratégia precisa ser considerada com cautela.

(CARARE; ROTHKOPF, 2005)

Os licitantes, em leilões holandeses, quando diante de um custo positivo de retorno ao site do leilão, preferem comprar o objeto mais cedo (preço superior) para economizar o custo de retorno (quando os custos de transação são contabilizados, leilões holandeses produzem, em média, uma receita maior do que os leilões fechados); os resultados também sugerem que um leiloeiro com receita maximizada cegamente preferiria tornar o item mais caro para os ofertantes voltarem ao site do leilão, quando o mecanismo é um leilão holandês.

(SCHOENHERR; MABERT, 2007)

As empresas que adotam os leilões reversos precisam se qualificar para desmistificar todos os mitos tratados neste estudo. 1º Considerando outros aspectos do produto como a sua qualidade; 2º Os leilões podem vender qualquer tipo de produto e até serviços, porém, é necessária uma descrição detalhada dos produtos e serviços, para manterem a característica de transparência; 3º A transparência proporcionada pelo leilão ajuda no relacionamento entre oferta e demanda; 4º Os primeiros leilões tendem a diminuir o preço (equilibrar as margens em função do preço de mercado). Porém, com o passar do tempo, esta queda tende a diminuir; 5º Definitivamente, leilões reversos não são uma moda passageira.

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Tabela 31 - Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Quais foram as contribuições da aplicação do modelo?

(BAPNA et al., 2009)

Leilões ingleses rendem 8,6% a mais do que os holandeses. Foi encontrada a existência de licitantes institucionalizados no ambiente MOOAM, que exploram o ambiente de oferta em um grande número de leilões. A sobreposição de leilões tem um impacto significativamente negativo, e as informações sobre o leilão seguinte tem uma influência negativa mais forte do que a informação sobre os leilões do fechamento anterior.

(HUR; MABERT; HARTLEY, 2007)

O estudo deixa evidente que os leilões eletrônicos não garantem uma economia de custos substanciais para as firmas. As condições da organização, como tamanho, montante das compras, competência dos gerentes de compras e conhecimento acumulado do mercado produzem vantagens no momento da compra.

(MELESE; HELMSING, 2010)

A tabela 6 do artigo define os resultados, porém, de maneira sucinta: o investidor externo holandês é o ator dominante em todos os três papéis. O processo de endogeneização demonstra uma série de critérios positivos, no entanto, existem outros incipientes. A conclusão é que há sinais positivos, entretanto, a competição mundial por qualidade contínua ainda é um sério desafio para as empresas etíopes.

(MISHRA; PARKES, 2009)

Os leilões em ambas as configurações mantiveram os preços simples e final com relação ao resultado do VCG. As simulações demonstraram que as propriedades prediletas de licitação e velocidade em ambientes de alta competitividade são superiores aos seus semelhantes leilões crescentes.

(POZZEBON; HECK, 2006)

Postulamos esta pequena lacuna como um dos fatores influentes que ajudam a explicar o sucesso da adoção de um sistema de aplicação genérica pela Veiling Holambra: ''Um grupo de produtores mais velhos não quis perder todo o trabalho realizado por seus pais [os imigrantes originais holandeses]; eles decidem mudar a estrutura existente. 'Nós vamos implementar o modelo holandês. Se estivermos certos, vamos crescer, se estivermos errados, vamos quebrar‘ ''. Cada cultura tem sua própria maneira de engajar-se em adaptações locais e, no caso do Brasil, as pessoas se envolvem via improvisação contínua, sem saberem que estão mudando processos importantes em longo prazo. Talvez, esta seja uma das razões para o sucesso da Veiling Holambra, já que eles acreditam terem copiado um modelo de sucesso (e um modelo holandês!). Sem mudanças, eles se sentem confiantes sobre todo o processo e seus resultados. No entanto, a partir de uma perspectiva externa, nós reconhecemos que não copiaram passivamente um modelo, mas adaptaram ativamente um modelo para as suas condições locais. O reconhecimento desta característica cultural particular - 'Jeitinho brasileiro', a improvisação recorrente dos brasileiros - ajuda a explicar a natureza de suas adaptações locais. Em nossa opinião, a combinação da cultura mais racional dos imigrantes holandeses (com ênfase específica em custos / benefícios / velocidade / tempo) e o comportamento do improviso do povo brasileiro ajudaram na criação do uso inovador da aplicação genérica em Holambra. A incrível descrição da primeira tentativa de operar um modelo de leilão (com lâmpadas montadas e plugadas na parede) revela muito sobre o "modo de fazer" dos brasileiros e sua capacidade de se adaptar a uma falta de recursos e condições instáveis, tal como foi indicado por um dos entrevistados:'' Não tínhamos dinheiro suficiente para a implementação da infraestrutura necessária. Infelizmente, não tenho fotos para mostrar a você, mas você não acreditaria se visse a maneira em que nós começamos...'' (Gerente de Veiling Holambra). '' Não tínhamos quase nada semelhante, nada. Então, a gente improvisou... '' (gerente Veiling Holambra).

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Tabela 31 - Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Quais foram as contribuições da aplicação do modelo?

(CUNDEN; HECK, 2004) A adoção de TI leva à diminuição da incerteza, em que incerteza refere-se à ausência de conhecimento sobre a qualidade das flores. A adoção de TI proporciona um potencial para os produtores melhorarem seus produtos por meio de informações sobre a qualidade, como detalhes do cultivo, etc.

(LI; KUO, 2011) O modelo proporcionou um melhor entendimento entre seus parâmetros e os resultados do leilão. Também apresentou os parâmetros para atingir o nível ótimo de oferta e receita para o leiloeiro. Provou que o preço do produto sobe com 2 ou mais compradores.

(STEEN, 2010) Aumento da produção na América do Sul e na África para exportação para Europa. As flores estão cada vez mais baratas desde 1990. Crescimento forte no consumo dos países asiáticos.

(LU et al., 2011) Os leiloeiros podem influenciar a dinâmica do leilão, ajustando parâmetros-chave como: preço inicial e de reserva, compra mínima de unidades e velocidade do relógio. Os resultados empíricos servem como um ponto de partida útil para leiloeiros otimizarem os parâmetros do leilão e conseguirem um maior rendimento e receita.

(DIN; SLUTSKY; STEINMETZ, 2011)

As alterações de preços entre os produtores são significativamente grandes (de 36 a 47%). A análise de regressão revelou que as variáveis diferença no comprimento da haste, diferença na quantidade média de hastes por transação e fatia de hastes compradas por grandes compradores têm um alto impacto sobre a qualidade das flores e reputação do produtor.

(DU; XU; BIAN, 2011) As hipóteses 1,2, 4 e 5 estão confirmadas. A Hipótese 3 está negada.

(STEEN, 2014) Um aumento de 10% nos preços dos cravos pode reduzir o preço das rosas em mais de 5%. O orçamento limita o crescimento da formação de preços, ou seja, quando um grupo tem seu preço aumentado, outro grupo perde na formação de preços.

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Tabela 31 - Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês

(Continuação)

Artigo Quais foram as contribuições da aplicação do modelo?

(WERON; MISIOREK, 2008)

Califórnia: os modelos com variável exógena geralmente são melhores do que os modelos de preços puros. Nórdico: considerando a temperatura do ar isso não acontece. Os preços são menos influenciados pela temperatura neste mercado, principalmente quando o nível dos reservatórios está baixo. Além disso, os modelos IHMAR/IHMARX e SNAR/SNARX normalmente produzem melhores resultados pontuais do que seus concorrentes. Não há desempenho claramente superior dos modelos. Contudo, os modelos SNAR/SNARX são uma ferramenta interessante para a previsão no curto prazo por hora.

(BAPNA; JANK; SHMUELI, 2008)

Os momentos de maior margem para ampliação de preços são o inicial e médio do leilão. A chegada de um concorrente adicional sobre a taxa de aumento do preço é menor no final do leilão. As "estacas" tem maior importância para itens de maior valor, especialmente no início e no final do leilão. Vendedores com maior classificação produzem maiores preços, porém este efeito é fraco em leilões curtos. Deste modo, vendedores com pouca classificação obtêm maiores ganhos se começarem a vender em leilões curtos e, com o passar do tempo, ganhando classificação, irem migrando para leilões longos. Os leilões ingleses apresentam preços 4% maiores no primeiro ciclo. Os leilões ingleses têm aumento de preço maior. A aceleração leva a maior velocidade, e isto leva a preços mais altos.

(DONNET; WEATHERSPOON; HOEHN, 2008)

Os rankings de qualidade têm maior impacto sobre os preços, variando de 153% a 205%. Outro fator é a avaliação da qualidade, que influi na proporção de 1/7 do preço.

(ZHANG; JANK; SHMUELI, 2010)

O KNN produz melhores resultados do que os modelos tradicionais de regressão.

(KLEIJNEN E SCHAIK, 2011)

1. Grandes compradores pagam preços mais elevados. 2. O coeficiente de elasticidade-preço/oferta é surpreendentemente elevado (0,8). 3. Temporada é importante. 4. Gerentes de compra tem desempenho significativamente diferentes uns dos outros.

(CHANG, 2014) Os ofertantes institucionalizados são sensíveis ao custo de oferta. Eles têm foco em diminuir o tempo gasto nos leilões e tendem a manipular a receita. O aumento da entropia (IL) pela diminuição dos oportunistas e aumento dos participantes resulta em aumento de receita; já com o aumento da entropia (ML) haverá mais concorrentes institucionais e diminuições das receitas.

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Tabela 31 - Respostas da lente contribuições da análise sistêmica em leilão holandês

(Conclusão)

Artigo Quais foram as contribuições da aplicação do modelo?

(SELIM, 2009) Para o caso estudado, o modelo de redes neurais produz melhor resultado nas previsões.

(VISIT; CHRISTOPHER; MINSOO, 2004)

O modelo de rede neural obteve melhor resultado de previsão com R² de 0,9 contra R² igual a 0,62 do modelo hedônico.

(STEVENSON, 2004)

Os resultados apoiam grande parte dos estudos anteriores. Apresenta evidências de heterocedasticidade relacionadas à idade da casa quando é utilizada a abordagem (OLS). A variável área do imóvel também induz à heterocedasticidade.

(TOMAT, 2006) Os índices de preços hedônicos mostram taxa de mudança de preços negativa para computadores pessoais no período estudado. Os índices de modelos combinados Laspeyres mostram taxas de mudanças de preços que geralmente são maiores do que os índices hedônicos correspondentes, apesar de que, para os índices Paasche, os resultados são menos definidos por causa da taxa menor de combinação que é observada para esses índices. Os índices de modelos combinados não parecem ser caracterizados por qualquer tendência baseada na mudança de qualidade substancial. Os resultados empíricos sugerem que índices de modelos hedônicos e combinados deveriam, em geral, ser pensados como medidas complementárias, igualmente capazes de representar corretamente a taxa de mudança no preço ajustado pela qualidade. Enquanto índices de preços hedônicos são caracterizados por distorções, dependendo das propriedades das formas reduzidas da função hedônica, índices de modelos combinados são caracterizados pelas distorções, aparecendo do requerimento de fazer substituições apropriadas nos experimentos. Não há evidências de que um método opere melhor do que outro.

(SILVER; HERAVI, 2007)

A análise chegou à conclusão de que a abordagem de DTH e HI são aceitáveis se não houver mudanças significativas ao longo do tempo. Caso contrário, o HI leva vantagem e tem extensas referências sobre HI e Törnqvist.

Fonte: Dados de pesquisa.

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ANEXO B

Processo para Seleção de Portfólio Bibliográfico segundo Proknow-C

Figura 26 - Seleção do portfólio bibliográfico do ProKnow-C.

Fonte: Bortoluzzi et al. (2011); Lacerda, Ensslin e Ensslin (2011); Tasca et al. (2010).

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Figura 27 - Processo de seleção do banco de artigos brutos.

Fonte: Bortoluzzi et al. (2011); Lacerda, Ensslin e Ensslin (2011); Tasca et al. (2010).

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Figura 28 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto à redundância e ao alinhamento do título.

Fonte: Bortoluzzi et al. (2011); Lacerda, Ensslin e Ensslin (2011); Tasca et al. (2010).

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Figura 29 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto ao reconhecimento científico.

Fonte: Bortoluzzi et al. (2011); Lacerda, Ensslin e Ensslin (2011); Tasca et al. (2010).

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Figura 30 - Processo de filtragem do banco de artigos quanto ao alinhamento do artigo integral e teste de representatividade do portfólio bibliográfico.

Fonte: Bortoluzzi et al. (2011); Lacerda, Ensslin e Ensslin (2011); Tasca et al. (2010).

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