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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA ALIMENTAR, DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM BOVINOS NELORE Thaís Matos Ceacero Nova Odessa Março 2015

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA

ALIMENTAR, DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM BOVINOS

NELORE

Thaís Matos Ceacero

Nova Odessa

Março – 2015

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA

ALIMENTAR, DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM BOVINOS

NELORE

Thaís Matos Ceacero

Orientadora: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

Nova Odessa

Fevereiro - 2015

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação do

Instituto de Zootecnia, APTA/SAA,

como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Produção Animal Sustentável.

Ficha catalográfica elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles – CRB 8/8946

C387c Ceacero, Thaís Matos

Correlação entre características de eficiência alimentar, de crescimento e de

carcaça em bovinos Nelore / Thaís Matos Ceacero.

Nova Odessa, SP: [s.n.], 2015.

48 p.: il.

Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA,

Nova Odessa.

Orientadora: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

Bibliografia

1. Espessura de gordura. 2. Herdabilidade. 3. Parâmetros genéticos. I. Mercadante,

Maria Eugênia Zerlotti. II. Titulo.

CDD 636.213

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA

ALIMENTAR, DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM BOVINOS NELORE

Autor: THAÍS MATOS CEACERO

Orientadora: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

Prof(a). Dr(a). Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

(Orientadora)

Prof(a). Dr(a). Lenira El Faro

(Instituto de Zootecnia)

Dr. Marcos Eli Buzanskas

(Banca)

Data da realização: 24 de Fevereiro de 2015.

Presidente da Comissão Examinadora

Prof. Dr. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

Dedico:

Aos meus pais todos os bons exemplos transmitidos,

Pelas muitas palavras e estímulos e

Pelo incondicional amor e carinho

“Que a felicidade não dependa do

tempo, nem da paisagem, nem da

sorte, nem do dinheiro.

Que ela possa vir com toda

simplicidade, de dentro pra fora,

de cada um para todos”.

(Carlos Drummond de Andrade)

ix

CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA

ALIMENTAR, DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM BOVINOS NELORE

RESUMO: A seleção de bovinos de corte para a eficiência alimentar levará a redução

dos custos de produção, no entanto, ela não deve ter impactos negativos sobre o peso e a

qualidade da carcaça. O objetivo do presente estudo foi estimar correlações fenotípicas

(rf) e genéticas (rg) entre características de eficiência alimentar [eficiência alimentar

bruta (EAB), consumo alimentar residual (CAR), consumo alimentar residual ajustado

para espessura de gordura no lombo (CARegl) e para espessura de gordura no lombo e

na garupa (CAReg), ganho de peso residual (GANR), consumo e ganho residual (CGR),

consumo e ganho residual utilizando o CARegl (CGRegl) e o CAReg (CGReg)] e

características de interesse econômico como peso à seleção (PSEL), altura (ALT),

perímetro torácico (PTOR), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura no

lombo (EGL) e na garupa (EGG). O banco de dados continha 955 registros de consumo

de matéria seca (CMS), ganho médio diário (GMD) e peso vivo metabólico (PV0,75

)

obtidos pós desmame em 21 testes de desempenho de 83±15 dias. Para PSEL foram

utilizados 8078 registros de machos e fêmeas, ajustados para 378 dias e 550 dias de

idade, respectivamente. Para ALT, PTOR, AOL, EGL e EGG foram utilizados,

respectivamente, registros de 6548, 3876, 2283, 2285 e 1817 machos ao ano e fêmeas

ao sobreano. O arquivo de genealogia continha 8478 animais. Os componentes de

variância foram estimados pelo método da máxima verossimilhança restrita, com

modelo animal em análises bicaracterística. Os modelos para as características de

eficiência alimentar, CMS, GMD e PV0,75

incluíram efeitos aleatórios genéticos aditivos

direto, efeitos fixos de grupo de contemporâneo (GC), e idade da vaca (efeito linear e

quadrático) e do animal (efeito linear) como covariáveis. Para as demais características

os modelos incluíram efeitos aleatórios genético aditivo direto e de ambiente

permanente materno (somente para PSEL), além dos efeitos fixos de GC, mês de

nascimento do animal, e idade da vaca (efeitos linear e quadrático) e do animal (efeito

linear) como covariáveis. As estimativas de herdabilidade (h2) de CMS, GMD e PV

0,75

foram 0,45, 0,41e 0,53, respectivamente. As estimativas de h2 de EAB, CAR, CARegl,

CAReg, GANR, CGR, CGRegl e CGReg foram 0,14; 0,24; 0,20; 0,22; 0,19; 0,15; 0,11 e

0,11, respectivamente. Todas as rf entre as características estudadas foram próximas de

zero, exceto entre as características de eficiência alimentar com CMS e GMD. As rg

entre CMS, GMD e PV0,75

foram altas com as características de crescimento (maior que

0,61) e baixas a médias com as características de carcaça (entre 0,15 e 0,48). Dentre as

características de eficiência alimentar, o GANR foi o que apresentou maior rg com

PSEL, ALT e PTOR (0,34, 0,25 e 0,34, respectivamente) e menor rg com as espessuras

de gordura subcutânea (-0,17 e 0,18). As rg entre CAR, CARegl e CAReg com PSEL

foram desfavoráveis (0,17, 0,23 e 0,22) assim como com EGL (0,37, 0,33 e 0,33) e

EGG (0,30, 031 e 0,32). As rg entre EAB, CGR, CGRegl e CGReg e características de

crescimento foram baixas e favoráveis (0,07 a 0,22) e entre espessuras de gordura foram

médias e desfavoráveis (-0,22 a -0,45). A inclusão da espessura de gordura subcutânea

nos modelos de cálculo do CAR não diminuiu a rg entre essas características. A seleção

de animais mais eficientes na utilização de alimentos implicará em mudança genética

baixa ou nula para crescimento e negativa para espessura de gordura subcutânea

Palavras-chave: espessura de gordura, herdabilidade, parâmetros genéticos.

CORRELATION BETWEEN OF FEED EFFICIENCY, GROWTH AND

CARCASS TRAITS IN NELLORE CATTLE

Beef cattle selection for feed efficiency will lead to reduction of costs production,

however it should not have negative impacts on weight and quality of carcasses. This

study aimed to estimate genetic (rg) and phenotypic (rp) correlations among feed

efficiency traits [gross feed efficiency (G:F), residual feed intake (RFI), residual feed

intake adjusted for backfat thickness (RFIbf) and for backfat thickness and rump fat

thickness (RFIft), residual average daily gain (RG), residual intake and gain (RIG),

residual intake and gain using RFIbf (RIGbf) and RFIft (RIGft)] with selection weight

(SW), hip height (HH), girth circumference (GC), longissimus muscle area (LMA),

backfat (BFT) and rump fat thickness (RFT). Feed efficiency data set consisted of 955

records of dry matter intake (DMI), average daily gain (ADG) and metabolic body

weight (BW0.75

) obtained after post-weaning in 21 performance tests of 83±15 days

long. The SW data set consisted of 8078 records of males and females adjusted to 378

and 550 d of age, respectively. Additionally, records of 6548, 3876, 2283, 2285 and

1817 males and females were available for HH, GC, LMA, BFT and RFT, respectively.

Pedigree file contained 8478 animals. (Co)variance components were estimated through

two-trait animal models by restricted maximum likelihood. The feed efficiency traits

and DMI, ADG and BW0.75

models included random effects of direct additive genetic,

fixed effect of test group, linear effect of animal age in the middle of performance test,

linear and quadratic effects of dam age. For growth and carcass traits the models

included random effects of direct additive genetic, permanent environmental effects of

dam (only SW) and fixed effects of contemporary group and month of birth, linear

effect of animal age, linear and quadratic effects of dam age. The heritability (h2)

estimates for DMI, ADG and BW0,75

were 0.45; 0.41 and 0.53 respectively. Estimates

h2 of feed efficiency traits were 0.14, 0.24, 0.20, 0.22, 0.19, 0.15, 0.11 and 0.11,

respectively for G:F, RFI, RFIbf, RFIft, RG, RIG, RIGbf, RIGft. All rp among studied

traits were close to zero, excepting some of them between feed efficiency traits with

DMI and ADG. The rg among DMI, ADG and PV0.75

were strong and positive with

growth traits (higher than 0.61), whereas rg were weak to medium, also positive, with

carcass traits (0.15 to 0.48). Among feed efficiency traits, RG showed the highest and

positive rg with SW, HH and GC (0.34, 0.25 and 0.34, respectively) and the lowest rg

with subcutaneous fat thickness (-0.17 with BFT and 0.18 with RFT). The rg between

RFI, RFIbf and RFIft with SW were unfavorable (0.17, 0.23 and 0.22) as well as with

BFT (0.37, 0.33 and 0.33) and RFT (0.30, 031 and 0.32). The rg between G:F, RIG,

RIGbf and RIGft with growth traits were weak and favorable (0.07 to 0.22), but rg were

medium and unfavorable with subcutaneous fat thickness (-0.22 to -0.45). The inclusion

of BFT and RFT in the RFI calculation model did not decrease rg between them.

Selection for improved feed efficient in growing Nellore cattle is expected to decrease

carcass fat deposition without effect on growth traits

Keywords: fat thickness, genetic parameters, heritability, residual feed intake.

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. ix

ABSTRACT ............................................................................................................................. xi

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17

2.1 Medidas de eficiencia alimentar ..................................................................................... 17

2.2 Estimativa de herdabilidade de características de eficiência alimentar .......................... 18

2.3 Correlações entre características de eficiência alimentar e características de

crescimento ........................................................................................................................... 20

2.4 Correlações entre características de eficiência alimentar e características de

carcaça .................................................................................................................................. 21

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 25

3.1 Características de eficiência alimentar ........................................................................... 25

3.2 Características de crescimento........................................................................................ 28

3.3 Características de carcaça ............................................................................................... 28

3.4 Análises estatísticas e genéticas ..................................................................................... 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 31

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 41

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 43

15

1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino, com aproximadamente 200

milhões de animais (MAPA, 2013). O clima tropical e a vasta extensão territorial

contribuem e permitem que a atividade seja exercida em todos os estados do território

brasileiro. Desse modo, o país é líder nas exportações de carne desde 2004, e

responsável pela produção de um quinto da carne bovina comercializada e vendida em

mais de 180 países (MAPA, 2013). Para que se alcançasse este patamar foram

necessários grandes avanços em técnicas de manejo e criação, nutrição e melhoramento

animal.

Os produtores de carne têm como principal objetivo maximizar a lucratividade

do sistema por meio do aprimoramento do produto final “outputs” e redução do uso de

insumos “inputs”. A alimentação dos animais é o maior contribuinte para a elevação dos

custos, apresentando influencia significativo sobre a lucratividade da produção.

Segundo Arthur e Herd (2008), a melhoria na utilização dos alimentos pelos animais em

todo o sistema pode contribuir para a redução dos custos. A busca pela otimização deve

depender não apenas de maior produção, mas também da eficiência alimentar do

animal. O aumento da produção de carne bovina por unidade de alimentação ao longo

de todo o sistema de produção deve resultar em benefícios econômico-ambientais

significativos.

Além da menor quantidade de alimento consumido, os animais mais eficientes

podem reduzir o impacto ambiental, uma vez que ao aproveitarem melhor os alimentos

a demanda por uso de terra para pastagens é menor, assim como a emissão de gases de

efeito estufa, como metano e gás carbônico (ALMEIDA, 2005).

Há diversas medidas de eficiência alimentar estudadas e aplicadas em sistemas

de produção, dentre elas, eficiência alimentar bruta (EAB) e sua inversa, a conversão

alimentar (CA), ambas calculadas por razão direta do ganho de peso diário (GMD) e

consumo de matéria seca (CMS). A desvantagem da utilização dessas características

como critério de seleção em programas de melhoramento é que as duas são

correlacionadas com ganho de peso e taxa de crescimento e, isso implicaria em animais

maiores, que resultariam em um maior consumo para a mantença (ARCHER et al.,

1999).

Um importante indicador de eficiência alimentar que foi proposto por Koch et al.

(1963) é o consumo alimentar residual (CAR), que vem sendo amplamente estudado.

16

Esta característica pode ser definida como a diferença do consumo observado e o

consumo estimado em função do peso vivo metabólico (PV0,75

) e do GMD. Com o

mesmo propósito, os autores sugeriram o ganho de peso residual (GANR), ajustando o

ganho de peso para o CMS e PV0,75

. Recentemente, Berry e Crowley (2012)

apresentaram outra característica indicadora de eficiência alimentar, denominada

consumo e ganho residual (CGR), que une CAR e GANR em uma só característica.

Estudos revelam que uma das ferramentas para a melhoria da eficiência

alimentar é a seleção para CAR, pois a partir dela é possível obter animais mais

eficientes, sem alterar o peso e ganho de peso. Esses animais ingerem menor quantidade

de alimento para obter o mesmo ganho de peso e peso corporal, indicando variação

genética na utilização de nutrientes (ARTHUR e HERD, 2008; CASTILHOS et al.,

2011).

A seleção deve ser baseada no equilíbrio entre diversas características

importantes para o sistema de produção. Em programas de melhoramento genético de

bovinos de corte no Brasil, um desafio é a escolha das características de eficiência

alimentar para serem implementadas como critério de seleção. As associações

fenotípicas e genéticas entre as características de eficiência alimentar e outras

características de interesse econômico em bovinos de corte, como características de

crescimento, carcaça, qualidade de carne e reprodutivas, devem ser bem conhecidas

para dar suporte para a definição desses critérios de seleção. Se houver antagonismos

entre as características, estes podem reduzir o benefício econômico alcançado pela

seleção para diminuição dos custos com alimentação animal.

Mais pesquisas são necessárias para estabelecer claramente as correlações

fenotípicas e genéticas das características de eficiência alimentar com características de

crescimento e carcaça, principalmente em animais Bos indicus, já que grande parte dos

resultados publicados é proveniente de Bos taurus criados em sistemas de produção

vigentes em países de clima temperado (DEL CLARO et al., 2012; BERRY e

CROWLEY, 2013).

Os objetivos desse estudo foram estimar as correlações fenotípicas e genéticas

de características de eficiência alimentar e características de crescimento e de carcaça

em bovinos da raça Nelore.

17

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Medidas de eficiência alimentar

Animais com melhor eficiência de conversão beneficiam de várias maneiras os

sistemas de produção, pois além de contribuírem com diminuição dos custos, com

menor consumo de matéria seca, contribuem também para diminuir o impacto ambiental

produzindo menor quantidade de dejetos e menor emissão de metano (NKRUMAH et

al., 2006; MOORE et al., 2008).

A eficiência da utilização do alimento não é uma característica mensurável

diretamente, mas em geral, calculada em função do consumo individual de alimento e

do ganho de peso corporal em determinado período de tempo. Alterações nas exigências

de mantença, composição do ganho e consumo alimentar podem variar de acordo com

intervalos de tempo, idades e diferentes pesos corporais. Essas alterações influenciam as

variações das características de eficiência alimentar e dificultam as comparações entre

os animais (CASTILHO et al., 2011).

Ao longo do tempo, várias maneiras de medir a eficiência alimentar foram

propostas, sendo as principais: conversão alimentar (CA), eficiência alimentar bruta

(EAB), eficiência parcial de crescimento (EPC) e o consumo alimentar residual (CAR).

Essas características são calculadas pelo consumo de matéria seca (CMS), que

representa o “input” e características de crescimento, como ganho médio diário (GMD)

e o peso vivo metabólico (PV0,75

), representando os “outputs” (BULLE et al., 2007;

ROLFE et al., 2011; GRION et al., 2014). A eficiência alimentar bruta (EAB) é

calculada pela razão entre o ganho de peso e o consumo de matéria seca e, portanto,

animais com EAB superior são considerados mais eficientes. Por ser uma razão direta

entre ganho de peso e consumo de matéria seca, esta característica, pode ocasionar

seleção de animais mais pesados, que não necessariamente apresentam menor consumo

de matéria seca, e o contrário, animais de crescimento lento com baixo consumo

alimentar, que também não são interessantes para a indústria da carne (ARTHUR et al.,

2001).

Atualmente, a característica de eficiência alimentar mais utilizada é o consumo

alimentar residual (CAR), sugerido por Koch et al. (1963). Essa característica é

independente da taxa de crescimento e do peso corporal e é definida pela diferença entre

o consumo real e o consumo predito, por meio de uma equação de regressão linear do

consumo individual real em função do peso vivo metabólico médio (PV0,75

) e ganho de

18

peso diário (GMD), sendo o resíduo dessa equação o valor do CAR. Animais

considerados eficientes na utilização de alimentos possuem CAR negativo (consumo

real menor que o consumo predito) e animais considerados ineficientes possuem CAR

positivo (consumo real maior que o consumo predito).

Com princípio semelhante ao utilizado na definição do CAR, Koch et al. (1963)

propuseram o ganho de peso ajustado para o consumo, conhecido como ganho de peso

residual (GANR), calculado como o resíduo da regressão linear do GMD em função do

PV0,75

e do consumo de matéria seca (CROWLEY et al., 2010). Neste caso, os fenótipos

desejados são os animais com GANR positivos, ou seja, aqueles que ganham mais peso

que o esperado para o PV0,75

e o CMS observados e, portanto, são mais eficientes que

seus contemporâneos (BERRY e CROWLEY, 2013).

Com a finalidade de melhorar a eficiência alimentar em bovinos, Berry e

Crowley (2012) propuseram recentemente a característica consumo e ganho residual

(CGR) como indicadora de eficiência alimentar, quando realizaram um estudo com

informações de 2605 bovinos puros da raça Angus, Charolês, Hereford, Limousin e

Simental, provenientes de testes de desempenho realizados na Irlanda. Esta

característica é calculada pela soma do CAR (resíduo da equação de ajuste do CMS) e

do GANR (resíduo da equação de ajuste do GMD), após inversão do sinal do CAR. O

CGR é usado para identificar animais que possuem o crescimento mais rápido e que

consomem menor quantidade de alimento por dia.

2.2 Estimativas de herdabilidade de características de eficiência alimentar

O objetivo do melhoramento genético é obter animais com genótipos superiores

por meio da seleção ou de cruzamento entre indivíduos geneticamente superiores para

determinado conjunto de características. Entretanto, o ambiente influencia na expressão

de grande número de caracteres, podendo mascarar os efeitos dos genótipos (PEREIRA,

2012).

Estimativas de herdabilidades para as características de eficiência alimentar são

mais frequentes para animais Bos taurus, em países de clima temperado (DEL CLARO

et al., 2012; BERRY e CROWLEY, 2013).

Para a característica conversão alimentar (CA), as estimativas de herdabilidade

variam de 0,17, como relatado por Herd e Bishop (2000), avaliando 542 machos da raça

Hereford na Escócia, até 0,65 como foi estimado por Shojo et al. (2005), avaliando

19

3250 machos Wagyu, consumindo alimento volumoso. Entretanto, as estimativas mais

relatadas na literatura para esta característica são de moderada magnitudes, em torno de

0,35 (SCHENKEL et al., 2004; MAO et al., 2013). Rolfe et al. (2011), utilizando dados

de 1141 bovinos cruzados (taurinos britânicos e continentais) nos Estados Unidos,

estimaram herdabilidade de 0,27 para a eficiência alimentar bruta.

Estimativas de herdabilidade do CAR, obtidos em estudos com animais de raças

taurinas, variam de moderadas a altas magnitudes, com valores de, 0,39; 0,18; 0,24;

0,47; 0,45 e 0,52, relatadas por ARTHUR et al., 2001; ROBINSON e ODDY et al.,

2004; HOQUE et al., 2006; LANCASTER et al., 2009; BOUQUET et al., 2010;

ROLFE et al., 2011, respectivamente. Poucos são os trabalhos que relatam estimativas

de herdabilidades em animais Bos indicus. Santana et al. (2014), em experimento com

1038 machos da raça Nelore, estimaram herdabilidade de 0,37 para CAR.

Schenkel et al. (2004), trabalhando com machos de raças taurinas em

crescimento (Charolês, Limousin, Angus, Simental, Hereford e Blonde d’Aquitaine),

reportaram que as características de eficiência alimentar devem ser utilizadas como

critério de seleção, porém devem ser verificadas as mudanças de características relativas

ao tamanho do animal e à espessura de gordura subcutânea. Os autores calcularam CAR

ajustando para a espessura de gordura no lombo (EGL) no modelo da regressão do

CMS, e estimaram herdabilidade de 0,39, valor bem próximo ao estimado para CAR

(0,38) sem a inclusão de EGL no modelo. Mao et al. (2013) também ajustaram CMS

para EGL e reportaram estimativas de herdabilidade de 0,47 e 0,64 para animais Angus

e Charolês, respectivamente.

Koch et al. (1963), propuseram o GANR, porém, essa característica só tem sido

utilizada em estudos recentes (CROWLEY et al., 2010; BERRY e CROWLEY, 2012,

2013). Devido a isso, existem poucas estimativas de herdabilidade para essa

característica na literatura, e estas foram apresentadas por Koch et al. (1963) (0,62) e

Crowley et al. (2010) (0,28) para animais taurinos e para zebuínos, Santana et al. (2014)

estimaram herdabilidade de 0,40. O GANR é altamente correlacionado com o ganho de

peso, e, sendo assim, pode ser confundido por sua correlação forte com outras

características de produção. Crowley et al. (2010) relataram correlação genética entre

GANR e CMS de -0,03, indicando que essa característica de eficiência alimentar é

independente geneticamente, do consumo dos animais e não é útil para identificar

diferenças no consumo de alimentos entre os indivíduos, que também é uma variável

20

determinante de lucro. Porém, os autores encontraram diferença significativa na média

(P<0,05) de CMS de animais alto GANR e baixo GANR.

Assim como o CAR e o GANR, o CGR apresenta herdabilidade moderada.

Berry e Crowley (2012) e Retallick (2013) relataram estimativas de herdabilidade de

0,36±0,06 e 0,22±0,10, respectivamente, para animais taurinos. Oliveira Júnior et al.

(2013) e Santana et al. (2014) relataram estimativas de herdabilidade de 0,62 e 0,54 para

CGR em animais da raça Nelore.

2.3 Correlações entre características de eficiência alimentar e características de

crescimento

A inclusão do CAR em programas de seleção depende de sua relação com outras

características de interesse econômico. Muitos estudos têm demonstrado que CAR e

ganho de peso possuem correlações próximas de zero, ou seja, que o CAR é

independente geneticamente de ganho de peso. Berry e Crowley (2013) realizaram

metanálise e obtiveram estimativa combinada de 0,02 para correlação genética entre

CAR e GMD, envolvendo 13 trabalhos científicos com animais taurinos. As estimativas

de Santana et al. (2014), com animais da raça Nelore, estão de acordo com as relatadas

na metanálise citada acima.

Entretanto, existem trabalhos que demonstram resultados contrários da maioria

dos trabalhos encontrados na literatura. Arthur et al. (2001) conduziram um trabalho

com registros de 1.180 touros Angus e novilhas envolvidos em teste de desempenho

com idade média de 268 dias no início do teste. As características estudadas incluíram o

peso aos 200 dias, peso aos 400 dias, e características de carcaça, e as correlações

genéticas entre CAR e os respectivos pesos foram de -0,45 e -0,26, respectivamente.

Bouquet et al. (2010), estimaram correlação genética entre CAR e peso ajustado aos 450

dias de idade de -0,40 para animais Blonde d'Aquitaine. De acordo com os autores, o

CAR pode ser uma característica de eficiência alimentar utilizada para o melhoramento

genético, pois está correlacionada com características de crescimento.

Apesar de o CAR ser independente das características de desenvolvimento

ponderal, poucos autores têm estudado as relações entre CAR e outras características

economicamente importantes. Existem trabalhos que correlacionam características de

eficiência alimentar com características relativas ao tamanho esquelético. Basarab et al.

(2003), Nkrumah et al. (2006), e Smith et al. (2010) não encontraram diferenças de

21

altura na garupa (ALT) em classes divergentes de CAR. Assim como os autores citados

acima, Schenkel et al. (2004), relataram que o CAR e CA são independentes

geneticamente da ALT. Kelly et al. (2011), em estudo com 2.605 touros relataram

correlação genética entre CAR e GANR com perímetro torácico (PTOR) de -0,11 e

0,23, respectivamente. Essas associações, no entanto, podem ser influenciadas pela raça,

idade do animal no teste de eficiência, e interação genótipo x tipo de dieta (BERRY e

CROWLEY, 2013).

De acordo com a maioria dos trabalhos, o CAR é independente do ganho de

peso, porém essa característica de eficiência alimentar apresenta correlações genéticas

altas com CMS, de acordo com a estimativa combinada (0,72) envolvendo 18 trabalhos

científicos (BERRY e CROWLEY, 2013).

Crowley et al. (2010) e Berry e Crowley (2012) relataram correlações genéticas

próximas de zero entre o GANR e CMS em animais de raças taurinas. O GANR foi

geneticamente (0,70) associado com taxas de crescimento mais rápidas, porém, não foi

possível detectar diferenças de consumo de alimentos entre as classes de GANR

(CROWLEY et al., 2010). Santana et al. (2014) estimaram correlações genéticas

negativas (-0,12) entre GANR e CMS em animais Nelore.

O CGR é fortemente correlacionado com CAR e GANR (-0,90 e 0,82,

respectivamente), já que ele é um índice que inclui essas duas características. CGR foi

altamente correlacionado com CMS (-0,87) e positivamente com GMD (0,20), ambas

correlações favoráveis. Portanto, a seleção dos animais com base em CGR, não

compromete o tamanho adulto do rebanho e diminui a quantidade de alimento

consumida, levando à maior lucratividade da produção (SANTANA et al., 2014).

2.4 Correlações entre características de eficiência alimentar e características de

carcaça

O aumento da gordura está relacionado com a concentração de leptina (JI et al.,

1997; MINTON et al., 1998). Este hormônio apresentou correlação genética positiva

(0,31) com CAR, ou seja, animais com CAR positivo apresentaram maior concentração

de leptina (RICHARDSON et al., 2004). Assim, animais menos eficientes apresentam

maior porcentagem de gordura na carcaça.

Alguns autores têm relatado associações entre CAR e composição corporal, com

intuito de avaliar se a seleção para CAR acarretará em mudanças genéticas

22

correlacionadas em outras características de produção. Segundo Richardson et al.

(2001), as correlações entre os valores genéticos estimados para CAR e para

características de carcaça obtidas por ultrassom, como espessura de gordura subcutânea

no lombo (EGL) e na garupa (EGG) e área de olho de lombo (AOL), sugerem que a

seleção baseada somente em CAR pode ocasionar em mudanças na composição

corporal e composição do ganho dos animais. De acordo com Basarab et al. (2003), a

variação nas características de carcaça medidas por ultrassonografia pode contribuir

com 9% da variação do CAR.

Alguns estudos com Bos taurus (BASARAB et al., 2003; LANCASTER et al.,

2009; MAO et al., 2013) indicam que o CAR é positivamente correlacionado com taxa

de deposição de gordura na carcaça, ou seja, animais mais eficientes depositam menos

gordura intramuscular. Berry e Crowley (2013) relataram estimativa de correlação

genética entre CAR e gordura de 0,20, estimada por meio de metanálises envolvendo 12

trabalhos científicos. Robinson e Oddy (2004) estimaram correlação genética alta e

positiva (0,72 ± 0,17) entre CAR e CA com EGG para animais mestiços de raças

temperadas e tropicais adaptados. Oliveira Júnior et al. (2013) estimaram correlação

positiva entre CAR e EGG (0,39) para animais Bos indicus. Por outro lado, existem

trabalhos presentes na literatura relatando a independência genética de CAR e medidas

de gordura subcutânea (SCHENKEL et al., 2004; BOUQUET et al., 2010; BAKER et

al., 2006; AHOLA et al., 2011; SANTANA et al., 2014).

Crowley et al. (2011), avaliando 2605 animais de seis raças taurinas distintas em

teste de desempenho na Irlanda, relataram correlação genética alta entre CAR e GANR

com EGL (0,39 e -0,44), e correlação nula entre essas com GANR e AOL. A partir

desses resultados, os autores recomendaram que a seleção para a melhoria da eficiência

alimentar tanto para o CAR quando para o GANR, resultariam em animais com carcaça

mais magra.

Diante das evidências da relação entre CAR e espessura de gordura, a

composição corporal tem sido incluída nos modelos de estimativa do CAR. Alguns

pesquisadores incluíram medidas de gordura (EGL, ganho de EGL) e AOL no modelo

para o cálculo do CAR (BASARAB et al., 2003; SCHENKEL et al., 2004; NKRUMAH

et al., 2007; KELLY et al., 2010; MAO et al., 2013). Quando as variáveis de carcaça

são incluídas no modelo, o ajuste tende a melhorar e as associações fenotípicas e

genéticas do CAR com a composição da carcaça diminuem. Schenkel et al. (2004)

23

estudaram CAR ajustado para EGL, e obtiveram correlações nulas (-0,01) entre CAR

ajustado com espessura de gordura, diferentemente da correlação de CAR (calculado

como a regressão do CMS em função do GMD e PV0,75

) com espessura de gordura

(0,16), em diferentes raças taurinas. Em contrapartida, Lancaster et al. (2009) e Mao et

al. (2013) obtiveram correlações genéticas similares tanto para CAR quanto para CAR

ajustado para EGL com espessura de gordura.

Mao et al. (2013) estimaram as correlações fenotípicas e genéticas do CAR,

CAR (ajustado para EGL) e CAR (ajustado para EGL e AOL) com características de

crescimento e de carcaça em 551 novilhos Angus e 417 novilhos Charolês. As

estimativas de correlação genética de CAR e CAR ajustado para EGL com AOL e EGL

foram similares. A inclusão da EGL no modelo para predizer o CMS explicou, em

média, variação de 0,5% do CMS em animais Angus e variação de 2,3% de CMS em

animais Charolês. A inclusão da EGL e AOL explicou apenas 0,7% da variância

adicional no CMS em Angus e 0,6% no Charolês.

Estudo realizado com animais da raça Nelore foi desenvolvido por Oliveira

Júnior (2013), em que foram avaliados 1058 animais machos nascidos entre 2005 e

2011. Os animais foram mantidos em sistema de confinamento em três diferentes tipos

de instalações: baias individuais, Calan Gates e GrowSafe, tendo em média 519 ± 168

dias de idade e 366 ± 59 kg de peso no início dos testes de desempenho. Foram

estimadas as correlações genéticas entre características de eficiência alimentar e

características de carcaça. As estimativas de correlação genética de CAR com AOL,

EGL e EGG foram -0,06, 0,10 e 0,39, respectivamente. Entre GANR com as mesmas

características de carcaça, as correlações genéticas foram 0,13, 0,13 e -0,09,

respectivamente, e entre CGR e as mesmas características de carcaça foram 0,08, -0,05

e -0,35. O CGR apresentou as correlações genéticas mais favoráveis com características

de carcaça dentre as medidas de eficiência alimentar.

Em um estudo com 147 machos castrados e 779 novilhos da raça Nelore,

Santana et al. (2014) relataram correlações genéticas entre CAR com AOL, EGL e EGG

de -0,38, 0,02 e 0,17, respectivamente, e correlações genéticas entre CGR com AOL,

EGL e EGG de 0,02, -0,03, 0,03, respectivamente. A seleção para CGR está

inteiramente relacionada com aumento no ganho de peso do animal, mas não com as

características de carcaça.

24

Berry e Crowley (2012) foram os primeiros a relatar correlações genéticas de

CGR com características de desempenho de novilhos Bos taurus, mas os autores não

apresentaram as associações entre CGR e características de carcaça. Há necessidade de

mais estudos com CGR, pois se existirem antagonismos entre CGR, características de

carcaça e de qualidade de carne, esses devem ser identificados, pois podem reduzir o

benefício econômico alcançado pela seleção de animais eficientes.

25

3 MATERIAL E MÉTODOS

As informações utilizadas nas análises foram provenientes de 8078 animais da

raça Nelore, nascidos de 1978 a 2013, filhos de 320 touros e 2078 matrizes,

pertencentes ao Centro APTA Bovinos de Corte, unidade de pesquisa do Instituto de

Zootecnia, localizada em Sertãozinho, Estado de São Paulo (21°10’ latitude sul e 47°

57’ longitude oeste), Brasil. O rebanho Nelore do referido centro de pesquisa é

composto de três linhas de seleção iniciadas em 1978, denominadas Nelore Seleção e

Nelore Tradicional, nas quais foi aplicada seleção baseada em maior diferencial do peso

pós desmame, e outra denominada controle (NeC), cuja seleção foi baseada em

diferencial em torno de zero (seleção estabilizadora) (MERCADANTE e RAZOOK,

2010). Neste contexto, os machos foram submetidos à seleção para peso ajustado aos

378 dias de idade (P378), obtido após prova de ganho de peso em confinamento de 168

dias, de acordo com a metodologia descrita por Razook et al. (1997), e as fêmeas foram

submetidas à seleção para peso ao sobreano ajustado aos 550 dias de idade (P550),

obtido em pastagem.

A seleção dos machos (P378) é realizada em idade anterior à das fêmeas (P550),

pois os mesmos permanecem em confinamento (prova de ganho de peso) após a

desmama, que coincide com o período de seca, e as fêmeas permanecem em pastagem

com ganhos relativamente baixos e muito variáveis. Portanto, o peso ao ano das fêmeas

não reflete o real potencial para crescimento, o que é obtido após o período das águas,

ao sobreano.

3.1 Características de eficiência alimentar

As características de eficiência alimentar foram obtidas para machos e fêmeas

nascidos de 2004 a 2013, filhos de 78 touros e 542 matrizes. O consumo de matéria seca

(CMS) e o ganho médio diário (GMD) foram obtidos em 21 testes de desempenho

(Tabela 1), após os animais serem desmamados em manejo de pastagem. Anteriormente

ao início dos testes, os animais foram submetidos a período de adaptação à dieta e

instalações, de pelo menos, 21 dias. Os animais permaneceram em baias individuais e

em dois piquetes coletivos com sistema automático de alimentação GrowSafe®

(GrowSafe Systems Ltd., Airdrie, Alberta, Canadá), com acesso ad libitum à dieta e

água. A dieta fornecida teve alterações ao longo dos anos quanto à inclusão de

26

alimentos, mas foram formuladas de modo a permanecerem equivalentes, em torno de

62% de nutrientes digestíveis totais e 13% de proteína bruta, conforme descrito por

Grion et al. (2014).

Tabela 1. Descrição dos grupos de teste de desempenho

Ano de teste Sexo1 n

Duração do

teste (dias)

Idade inicial,3 (dias) PV inicial,

3 (kg)

2005i F 32 56 263 ± 18 164 ± 28

2005i F 32 56 341 ± 18 233 ± 34

2006i F 32 70 267 ± 24 155 ± 30

2006i

F 32 70 350 ± 21 242 ± 48

2007i M 61 112 268 ± 14 205 ± 31

2008i M 62 112 249 ± 25 194 ± 36

2009i M 60 70 300 ± 21 295 ± 32

2009i F 32 85 272 ± 25 203 ± 28

2009i F 32 84 391 ± 22 292 ± 26

2010i M 60 73 262 ± 22 248 ± 40

2010i F 32 84 294 ± 19 212 ± 28

2010i F 24 84 281 ± 22 208 ± 25

2011i M 62 72 261 ± 23 243 ± 40

2011i F 31 84 294 ± 23 220 ± 33

2011i F 25 84 286 ± 30 212 ± 28

2012i M 23 91 276 ± 19 248 ± 32

2012c M 85 91 271 ± 22 240 ± 40

2012i F 21 86 326 ± 24 260 ± 29

2012i

F 30 86 323 ± 25 258 ± 29

2013c

M 128 86 283 ± 25 311 ± 48

2014c M 59 99 290 ± 20 295 ± 37

Geral – 955 83 ± 163 287 ± 38 237 ± 50

1 F= fêmeas; M= machos;

3 Média ± Desvio Padrão;

i= baias individuais e

c= baias coletivas.

Nas baias individuais a quantidade de alimento fornecida foi ajustada

diariamente de acordo com as sobras, para corresponderem a 5 a 10% do total oferecido.

Nas baias coletivas, os cochos foram mantidos sempre com alimento, e o consumo

diário de matéria natural individual, registrado automaticamente pelo software do

GrowSafe®, foi multiplicado pela matéria seca (MS) do alimento fornecido.

Amostragens semanais da dieta fornecida e do conteúdo das sobras foram analisadas em

amostras compostas por períodos a cada 28 dias para determinação da MS. Valores

diários de CMS foram excluídos quando não havia sobras nas baias individuais e

quando constatada taxa de desaparecimento de alimento sem causa ≤ 10% pelo sistema

GrowSafe®.

Os animais foram pesados a cada 14 dias após jejum de 12 horas (2005 a 2006),

a cada 28 dias com jejum para os machos (2007 e 2008) e fêmeas (2009 a 2011). De

2009 a 2012 os machos foram pesados semanalmente sem jejum, sendo três pesagens

por semana em dias consecutivos em 2009 e 2010, duas pesagens por semana em dias

27

consecutivos em 2011, e uma pesagem por semana em 2012. Em 2013 e 2014 esses

foram pesados sem jejum a cada 15 dias. Em 2012, as fêmeas foram pesadas dois dias

consecutivos a cada 15 dias.

O CMS foi obtido pela média de todos os dias de consumo válidos durante o

período de teste. O GMD foi estimado como o coeficiente de regressão linear dos pesos

em função dos dias em teste (DET):

yi = α + β * DETi + εi

em que yi é o peso do animal na iésima observação; α é o intercepto, que representa o

peso inicial; β é o coeficiente de regressão linear que representa o GMD; DETi

representa os dias em teste na iésima observação e εi é o erro aleatório associado a cada

observação. O peso vivo metabólico (PV0,75

) no meio do teste foi calculado como PV0,75

= [α + β * (DET/2)]0,75

.

A eficiência alimentar bruta (EAB) foi calculada como a razão entre GMD e

CMS. O consumo alimentar residual (CAR) foi estimado como o resíduo da equação de

regressão linear do CMS sobre o GMD e PV0,75

e, o ganho de peso residual (GANR) foi

estimado como o resíduo da equação de regressão do GMD sobre CMS e PV0,75

(Koch

et al., 1963), dentro de cada grupo contemporâneo, utilizando o programa SAS (SAS

Inst. Inc., Cary, NC). O consumo-ganho residual (CGR) foi calculado a partir do CAR e

GANR (Berry e Crowley, 2012).

Três modelos de regressão linear foram ajustados para estimar o CAR:

𝐶𝑀𝑆 = 𝛽1𝐺𝑀𝐷 + 𝛽2 𝑃𝑉0,75 + 𝜀 (1)

𝐶𝑀𝑆 = 𝛽1𝐺𝑀𝐷 + 𝛽2 𝑃𝑉0,75 + 𝛽3𝐸𝐺𝐿 + 𝜀 (2)

𝐶𝑀𝑆 = 𝛽1𝐺𝑀𝐷 + 𝛽2 𝑃𝑉0,75 + 𝛽3𝐸𝐺𝐿 + 𝛽4𝐸𝐺𝐺 + 𝜀 (3)

em que β1 é o coeficiente de regressão parcial sobre GMD; β2 é o coeficiente de

regressão parcial sobre PV0,75

, β3 é o coeficiente de regressão parcial da espessura de

gordura subcutânea no lombo (EGL), β4 é o coeficiente de regressão parcial da

espessura de gordura subcutânea na garupa (EGG), e o ε no modelo 1, 2 e 3 é o CAR,

CAR ajustado para EGL (CARegl) e CAR ajustado para EGL e EGG (CAReg),

respectivamente.

O modelo a seguir foi ajustado para estimar o GANR:

𝐺𝑀𝐷 = 𝛽1𝐶𝑀𝑆 + 𝛽2 𝑃𝑉0,75 + 𝜀

28

em que β1 e β2 são, respectivamente, os coeficientes de regressão parcial do CMS e

PV0,75

, e ε é GANR.

O CGR foi calculado, como: 𝐶𝐺𝑅 =𝐺𝐴𝑁𝑅

𝜎𝐺𝐴𝑁𝑅 −

𝐶𝐴𝑅

𝜎𝐶𝐴𝑅,

em que: 𝜎𝐺𝐴𝑁𝑅 é o desvio padrão da média do GANR do grupo contemporâneo e 𝜎𝐶𝐴𝑅 é

o desvio padrão da média do CAR do grupo contemporâneo. O consumo-ganho residual

utilizando o CARegl (CGRegl) e o CAReg (CGReg) também foram calculados,

considerando os desvios padrão da média do grupo contemporâneo das respectivas

características.

3.2 Características de crescimento

O peso à seleção (PSEL) foi considerado como os pesos padronizados P378

(machos) e P550 (fêmeas), analisados como uma única característica. A altura da garupa

(ALT), por ser também obtida em machos e fêmeas, respectivamente ao ano e ao

sobreano, foi analisada como uma única característica. O mesmo foi feito para o

perímetro torácico (PTOR). ALT foi obtida por meio de fitas métricas instaladas no

interior da balança e representada por uma vertical baixada da porção anterior do sacro

ao solo, e PTOR foi obtido pelo contorno do tórax, passando pelo cilhadouro e voltando

perpendicularmente à linha do dorso. PSEL foi obtido para animais nascidos de 1978 a

2013, ALT para animais nascidos de 1985 a 2013 e PTOR para animais nascidos de

1989 a 2013.

3.3 Característica de carcaça

As características de carcaça foram obtidas para animais nascidos de 1996 a

2002 em machos (com exceção dos anos 1998, 2000 e 2003), e em machos (ao ano) e

fêmeas (ao sobreano) nascidos de 2004 a 2013, utilizando ultrassonografia [Pie Medical

401347-Aquila, com sonda linear de 18cm, de 3,5 MHz (Esaote Europe B.V.)]. Para a

obtenção da área de olho de lombo (AOL) e EGL, o transdutor foi colocado

perpendicularmente à coluna vertebral, transversalmente sobre o músculo Longissimus

dorsi, entre a 12ª e 13ª costelas, do lado esquerdo do animal, utilizando-se um acoplador

acústico. Para a obtenção da imagem da EGG, o transdutor foi colocado na intersecção

dos músculos Gluteus medius e Biceps femoris, localizados entre o ílio e o ísquio

(PINHEIRO et al., 2012). Posteriormente, as imagens foram mensuradas utilizando o

programa Echo Image Viewer 1.0 (Pie Medical Equipament B.V., 1996).

29

3.4 Análises estatísticas

Foram retirados do banco de dados os animais que apresentaram mais de um

registro para as características estudadas fora do intervalo de ±3,5 desvios-padrão da

média do grupo contemporâneo (GC) (Tabela 2). Para as características de crescimento

e de carcaça, os GC foram definidos como ano de nascimento dos animais, rebanho e

sexo e para as características de eficiência alimentar o GC foi definido como ano,

instalação do teste e sexo.

Tabela 2. Número de animais com registro (N), média e desvio-padrão (DP), valores

mínimo e máximo, e número de grupos de contemporâneos (GC)

Característica1 N Média ± DP Mínimo Máximo Nº GC

CMS (kg.dia)

GMD (kg)

PV0,75

(kg)

EAB (kg ganho kg MS-1

)

955

955

955

955

6,83 ± 1,33

1,00 ± 0,26

68,15 ± 10,12

0,148 ± 0,033

2,15

0,17

37,40

0,04

12,63

1,71

94,60

0,27

21

21

21

21

CAR (kg.dia-1

) 955 -0,011 ± 0,60 -2,31 4,96 21

CARegl (kg.dia-1

) 894 -0,0091 ± 0,60 -2,36 4,96 21

CAReg (kg.dia-1

) 891 -0,0090 ± 0,59 -2,24 4,91 21

GANR (kg.dia-1

) 955 0,002 ± 0,12 -0,70 0,33 21

CGR 955 0,044 ± 1,71 -5,93 4,92 21

CGRegl 894 0,042 ± 1,70 -6,35 4,85 21

CGReg 891 0,043 ± 1,69 -5,94 4,80 21

PSEL (kg) 8078 299,70 ± 48,81 160,03 486,76 201

ALT (cm) 6548 132,26 ± 5,43 100 149 169

PTOR (cm) 3876 164,13 ± 8,72 128 192 100

AOL (cm2) 2283 51,43 ± 8,89 21,4 83,40 65

EGL (mm) 2285 1,75 ± 1,42 0 10,5 65

EGG (mm) 1817 5,08 ± 2,54 0 19,2 51

1CMS = consumo de matéria seca; GMD = ganho médio diário; PV

0,75 = peso vivo metabólico; EAB =

eficiência alimentar bruta; CAR = consumo alimentar residual; CARegl = consumo alimentar residual

ajustado para espessura de gordura no lombo; CAReg = consumo alimentar residual ajustado para

espessura de gordura; GANR = ganho de peso residual; CGR = consumo e ganho residual; CGRegl =

consumo e ganho residual utilizando CARegl; CGReg = consumo e ganho residual utilizando CAReg; PSEL

= peso à seleção; ALT = altura da garupa de machos e fêmeas; PTOR = perímetro torácico de machos e

fêmeas; AOL = área de olho de lombo; EGL = espessura de gordura no lombo; EGG = espessura de

gordura na garupa.

30

Para as características de eficiência alimentar e para CMS, GMD e PV0,75

foram

incluídos no modelo os efeitos aleatórios genéticos aditivos direto e os efeitos fixos de

GC e idade da vaca (efeito linear e quadrático) e do animal (efeito linear), como

covariáveis. Para as demais características (crescimento e carcaça) foram incluídos no

modelo os efeitos aleatórios genético aditivo direto e os efeitos de ambiente permanente

materno (somente para a característica PSEL), além dos efeitos fixos de GC e mês de

nascimento do animal, idade da vaca (efeito linear e quadrático) e do animal (efeito

linear) como covariáveis. Para todas as análises foi utilizado um arquivo de genealogia

contendo 8478 animais.

Os componentes de (co)variâncias, necessários para a estimação dos parâmetros

genéticos, foram estimados pelo método da máxima verossimilhança restrita, em

modelo animal bicaracterística, utilizando o programa WOMBAT (MEYER, 2007),

com critério de convergência de 10-9

. O modelo geral utilizado pode ser representado

matricialmente por:

𝒚 = 𝑿𝜷 + 𝒁𝜶 + 𝑾𝒄 + 𝜺

em que: y é o vetor das observações; βi é o vetor dos efeitos fixos associados à matriz de

incidência X; α é o vetor dos efeitos aleatórios genéticos aditivo direto associados à

matriz de incidência Z; c é o vetor dos efeitos de ambiente permanente materno

associados à matriz de incidência W, e ε é o vetor dos resíduos.

Neste estudo, foi assumido que:

E[y] = Xβ; Var(α) = A Sα; Var(c) = I Sc e Var(e) = I Se

em que: Sα = é a matriz de covariâncias genéticas aditivas diretas; Sc = é a matriz de

variâncias de ambiente permanente materno; Se = é a matriz de covariância residual; A

= matriz do numerador de relações genético aditivas; I = matriz identidade e =

produto direto entre matrizes. Foi assumido ainda que α, c, e são não correlacionados

entre si.

31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A duração média dos testes foi de 83 ± 16 dias (intervalo 56 a 112 dias) (Tabela

1). Os machos entraram no teste, em média, com 274 ± 26 (CV= 9%) dias de idade e

247 ± 48 (CV= 19%) kg de peso vivo, e fêmeas com 307 ± 44 (CV= 15%) dias de idade

e 221 ± 49 (CV= 22%) kg de peso vivo.

A estatística descritiva das características estudadas é apresentada na Tabela 2 e

os componentes de variância e estimativas de herdabilidade das características de

eficiência alimentar são apresentados na Tabela 3. As variâncias genéticas aditivas

estimadas para as características de eficiência alimentar nesse estudo estão de acordo

com as relatadas para animais zebuínos (BARWICK et al., 2009; SANTANA et al.,

2014). Em geral, as estimativas de herdabilidade estimadas em análises

unicaracterísticas foram maiores que as estimadas em análises multicaracterísticas.

Segundo Crews Jr. et al. (2010) pode haver essas diferenças em razão do maior número

de informações nas análises multicaracterísticas, pois as covariâncias entre as

características são levadas em consideração, proporcionando estimativas mais acuradas.

As estimativas de herdabilidade para as características de eficiência alimentar

foram de magnitude baixa (Tabela 3). A herdabilidade estimada para EAB foi inferior á

obtida para animais taurinos cruzados (0,27), estimados por Rolfe et al. (2011).

Durunna et al. (2011) estimaram herdabilidade de EAB de 0,14 e 0,40 para bovinos

Angus e Charolês cruzados em dietas de crescimento e terminação, respectivamente,

concordando com o valor estimado no presente trabalho para animais em dieta de

crescimento.

A estimativa de herdabilidade do CAR foi de baixa magnitude, quando

comparado valores relatados na literatura para Bos taurus, de 0,07 a 0,68 (FAN et al.,

1995; HERD e BISHOP; 2000; HOQUE et al., 2006; LANCASTER et al., 2009;

BERRY e CROWLEY, 2012; MAO et al., 2013; STEYN et al., 2014), e próxima à

estimativa combinada de 0,26 obtida por metanálise a partir de 21 estudos também em

Bos taurus (DEL CLARO et al., 2012). Para Bos indicus, Barwick et al. (2009) e

Santana et al. (2014) relataram estimativas de herdabilidade do CAR de 0,24 e 0,37,

respectivamente.

32

Tabela 3. Componentes de variância genética aditiva (σ²a), residual (σ²e) e herdabilidade

(h² ± erro-padrão) das características de eficiência alimentar, estimadas em

análises bicaracterísticas

Características Componentes de variância

σ2

a σ2

e h2 ± EP

EAB 0,06 0,38 0,14 ± 0,06

CAR 0,08 0,28 0,24 ± 0,06

CARegl 0,07 0,29 0,20 ± 0,06

CAReg 0,07 0,28 0,22 ± 0,06

GANR 0,003 0,01 0,19 ± 0,06

CGR 0,45 2,44 0,15 ± 0,05

CGRegl 0,34 2,53 0,11 ± 0,05

CGReg 0,31 2,51 0,11 ± 0,05

EAB = eficiência alimentar bruta; CAR = consumo alimentar residual; CARegl = consumo alimentar

residual ajustado para espessura de gordura no lombo; CAReg = consumo alimentar residual ajustado para

espessura de gordura; GANR = ganho de peso residual; CGR = consumo e ganho residual; CGRegl =

consumo e ganho residual utilizando CARegl; CGReg = consumo e ganho residual utilizando CAReg.

Modelos diferentes para cálculo do CAR podem contribuir para diferenças nas

estimativas de herdabilidade (ROLFE et al., 2011). As estimativas de herdabilidade do

CAR diminuíram com a inclusão das características de espessura de gordura no modelo

(CAR, CARegl e CAReg). Lancaster et al. (2009), em um estudo com fêmeas da raça

Brangus, e Mao et al. (2013), que estudaram machos da raça Charolês, calcularam CAR

ajustado para AOL e EGL e relataram estimativas de herdabilidade menores (0,42 e

0,60) que as observadas para CAR (0,47 e 0,68), diferentemente de Schenkel et al.

(2004) e Mao et al. (2013), que relataram estimativas similares para CAR e CAR

ajustado para AOL e EGL.

Apesar da característica GANR ter sido proposta concomitantemente ao CAR

por Koch et al. 1963, estimativas de parâmetros genéticos para essa característica só

foram relatadas nos últimos anos. Diferentemente do CAR, em que os animais mais

eficientes são aqueles com valores negativos, os animais mais eficientes para GANR

são os que têm valores positivos. A estimativa de herdabilidade para GANR foi inferior

à relatada por Koch et al. (1963) e Crowley et al. (2010) em animais taurinos (0,64 e

0,28, respectivamente). Oliveira Júnior et al. (2013) e Santana et al. (2014), com dados

de animais da raça Nelore, estimaram herdabilidades superiores (0,40 e 0,56,

respectivamente) à do presente estudo. O GANR é essencialmente uma característica de

33

crescimento, já que é o GMD ajustado para CMS e PV0,75

. Entretanto, a estimativa de

herdabilidade é substancialmente menor que a estimada para o GMD de 0,41 (Tabela 4),

possivelmente porque grande parte da variação genética do GMD é devida às diferenças

genéticas de CMS entre animais.

O CGR foi proposto recentemente por Berry e Crowley (2012). A justificativa

da proposta dessa característica, segundo os autores, é que a independência fenotípica

entre CAR e GMD é uma razão para os criadores não adotarem o CAR nos programas

de seleção, uma vez que animais com crescimento lento (característica indesejável)

podem ser classificados como eficientes (CAR negativo). Além disso, a independência

fenotípica entre GANR e CMS cria situação similar. Portanto, uma solução para isso é a

combinação de CAR e GANR, como o CGR, que garante a independência dessa

característica com o PV0,75

e correlação fenotípica negativa com CMS e correlação

fenotípica positiva com GMD (Berry e Crowley, 2013), seria o desejável. Portanto,

CGR reduz (mas não elimina) a probabilidade de um animal de crescimento lento ser

muito bem classificado com base em CGR (Berry e Crowley, 2013). Entretanto, essas

relações fenotípicas criadas por construção das características CAR, GANR e CGR, não

implicam em relações genéticas similares. Berry e Crowley (2012) relataram estimativa

de herdabilidade de CGR magnitude moderada (0,36) em animais taurinos, enquanto

que Oliveira Júnior (2013) e Santana et al. (2014) relataram estimativas de

herdabilidade de alta magnitude (0,54 e 0,62, respectivamente), em estudos com

animais da raça Nelore. Entretanto, a estimativa de herdabilidade do CGR obtida no

presente estudo foi bem abaixo, variando de 0,11 a 0,15 (Tabela 3).

Dentre as características de eficiência alimentar, o CAR foi o que apresentou a

maior herdabilidade (0,24), em análises bicaracterísticas. Portanto, a resposta à seleção

deve ser mais rápida para CAR se comparada com as outras características de eficiência

alimentar.

As estimativas de herdabilidade e as correlações genéticas e fenotípicas do

CMS, GMD, PV0,75

, características de crescimento (PSEL, ALT e PTOR) e

características de carcaça (AOL, EGL e EGG) estão apresentados na Tabela 4.

As três características principais (CMS, GMD e PV0,75

) que compõem as

características de eficiência alimentar apresentaram estimativas de herdabilidade de

maiores magnitudes em relação ás apresentadas na Tabela 3 para as características de

eficiência alimentar. Em geral, as estimativas de herdabilidade de CMS, GMD e PV0,75

34

estão próximas às estimativas combinadas de herdabilidade á partir de estimativas de

vários estudos, obtidas principalmente em Bos taurus (DEL CLARO et al., 2012;

BERRY e CROWLEY, 2013). Os valores estimados estão de acordo com os relatados

para CMS (0,40) e GMD (0,35) em animais da raça Nelore (SANTANA et al., 2014).

As estimativas de herdabilidade para as características de crescimento (PSEL,

ALT e PTOR) foram de moderadas a altas magnitudes (acima de 0,31). As estimativas

de herdabilidade para PSEL e ALT foram, respectivamente, ligeiramente superiores e

bem superiores às relatadas na literatura em animais da raça Nelore, de 0,42

(BOLIGON et al., 2010) e de 0,44 e 0,46 (BOLIGON et al., 2010; YOKOO et al.,

2010). Para PTOR a herdabilidade foi inferior à relatada por Simielli et al. (2014),

estimada para bovinos Nelore, de 0,44, e similar à relatada por Crowley et al. (2011),

estimada em seis raças taurinas, de 0,31.

As herdabilidades para as características de carcaça foram moderadas, dentre

elas, a AOL apresentou a maior estimativa (0,44), sendo assim, deve responder à

seleção mais rapidamente quando comparada às demais características de carcaça. A

estimativa de herdabilidade da AOL foi superior às relatadas em trabalhos recentes com

bovinos Nelore no Brasil, com valor de 0,29, 0,30 e 0,35 (YOKOO et al., 2010;

SIMIELLI et al., 2014; SANTANA et al., 2014), respectivamente. As estimativas de

herdabilidade para as duas espessuras de gordura (EGL e EGG) foram de média

magnitude, e inferiores às relatadas por Yokoo et al. (2010) e Simielli Filho et al.

(2014). Mao et al. (2013) relataram estimativa de herdabilidade de 0,35 para EGL em

animais da raça Angus.

O CMS foi altamente correlacionado com as características de crescimento

(Tabela 4). Altas correlações fenotípicas e genéticas entre o CMS e características de

crescimento já foram bastante descritas e discutidas na literatura em várias espécies de

animais domésticos, além de bovinos de corte (Arthur et al., 2001) Assim, o aumento da

taxa de crescimento e do tamanho corporal do animal acarretam, invariavelmente,

aumento no consumo de alimentos. A vantagem do CAR e do GANR está justamente

em eliminar ou reduzir a alta dependência do CMS com a taxa de crescimento e

tamanho corporal dos animais.

As correlações genéticas de CMS e PSEL foram de média magnitude com AOL,

e de baixa magnitude com EGL e EGG (Tabela 4). As correlações genéticas de CMS e

GMD com espessura de gordura estão de acordo com o relatado por Berry e Crowley

35

(2013), cujas estimativas combinadas foram de 0,28 para CMS (envolvendo 10

trabalhos científicos) e 0,09 para GMD (envolvendo 7 trabalhos científicos).

As estimativas de correlações genéticas e fenotípicas entre as medidas de

eficiência alimentar com as características de crescimento e de carcaça estão

apresentadas na Tabela 5. Em geral, as correlações fenotípicas entre as características de

eficiência alimentar com as características de crescimento e de carcaça foram baixas e

próximas de zero. Hafla et al. (2012) estimaram correlação fenotípica entre EAB e EGL

de -0,03, valor igual ao estimado nesse estudo. Lancaster et al. (2009), em estudo com

novilhos Angus, relataram correlações fenotípicas baixas de CAR com AOL (-0,05) e

EGL (0,12) e de CAReg com AOL (0,01) e EGL (-0,05). Kelly et al. (2011) também

relataram correlações fenotípicas próximas de zero entre EAB e CAReg com EGL (-0,03

e 0,01) em animais de raças taurinas, semelhantes às estimadas nesse estudo.

As estimativas de correlação genética apresentaram altos erros-padrão devido ao

número de animais com registros de CMS, a característica mais difícil de ser obtida em

um estudo desse tipo. Desconsiderando o erro-padrão, as características de eficiência

alimentar apresentaram associação genética baixa com o PSEL, com exceção das três

definições de CAR (CAR, CARegl e CAReg) e de GANR, cujas correlações genéticas,

foram de sentido desfavorável para CAR e favorável para GANR.

A característica EAB apresentou correlações genéticas próximas de zero com

PSEL e ALT. Porém apresentou correlação baixa com AOL (0,18) e PTOR (0,15), e

correlação negativa com EGL (-0,22) e EGG (-0,23). Mao et al, (2013) encontraram

correlações genéticas semelhantes ao deste trabalho, de conversão alimentar (CA), o

contrário de EAB, com EGL (-0,18) em animais da raça Angus.

O CAR apresentou estimativas de correlações genéticas baixas com ALT, PTOR

e AOL indicando que não há associação entre essas características. Os resultados

diferem aos obtidos por Arthur et al. (2001), que estimaram correlações genéticas

moderadas entre o CAR e peso aos 200 dias (-0,45) e 400 dias (-0,26) de idade em

36

Tabela 4. Herdabilidade (diagonal), correlações fenotípicas (abaixo da diagonal) e genéticas (acima da diagonal) entre consumo de matéria seca

(CMS), ganho médio diário (GMD), peso vivo metabólico (PV0,75

), características de crescimento (PSEL, ALT e PTOR) e carcaça

(AOL, EGL e EGG)

CMS GMD PV0,75

PSEL ALT PTOR AOL EGL EGG

CMS 0,45 ± 0,05 0,83 ± 0,06 0,82 ± 0,05 0,8 ± 0,06 0,61 ± 0,07 0,79 ± 0,07 0,48 ± 0,10 0,29 ± 0,13 0,39 ± 0,11

GMD 0,56 0,41 ± 0,06 0,73 ± 0,08 0,84 ± 0,05 0,62 ± 0,08 0,80 ± 0,08 0,41 ± 0,11 0,15 ± 0,13 0,24 ± 0,12

PV0,75

0,65 0,42 0,53 ± 0,06 0,84 ± 0,05 0,80 ± 0,04 0,90 ± 0,03 0,63 ± 0,07 0,14 ± 0,12 0,30 ± 0,11

PSEL 0,60 0,61 0,83 0,40 ± 0,03 0,75 ± 0,02 0,87 ± 0,02 0,48 ± 0,06 -0,02 ± 0,10 0,11 ± 0,10

ALT 0,45 0,36 0,69 0,67 0,61 ± 0,02 0,64 ± 0,04 0,19 ± 0,07 -0,15 ± 0,09 -0,03 ± 0,09

PTOR 0,55 0,60 0,75 0,73 0,57 0,31 ± 0,03 0,38 ± 0,08 0,17 ± 0,11 0,29 ± 0,10

AOL 0,44 0,36 0,59 0,49 0,31 0,45 0,44 ± 0,05 0,09 ± 0,10 0,18 ± 0,10

EGL 0,23 0,15 0,29 0,22 0,65 0,28 0,20 0,30 ± 0,04 0,79 ± 0,05

EGG 0,25 0,21 0,29 0,26 0,07 0,30 0,25 0,61 0,38 ± 0,05

37

bovinos Angus avaliados em testes de desempenho na Austrália. Crowley et al. (2011)

estimaram correlação genética baixa, (-0,11) entre CAR e PTOR, o que difere do

resultado obtido no presente trabalho. A estimativa de correlação genética com ALT foi

próxima de zero (0,06). Segundo Arthur et al. (2001); Schenkel et al. (2004); Kelly et

al. (2011) e Steyn et al. (2014) a ALT não é correlacionada geneticamente com CAR.

As correlações genéticas estimadas de CAR com as medidas de gordura

subcutânea (Tabela 5) foram moderadas e indicam haver relação entre essas medidas,

porém no sentido antagônico. As estimativas de correlações genéticas estão próximas à

relatada por Berry e Crowley (2013) de 0,20, estimada por meio de metanálise

envolvendo 12 trabalhos científicos. Os resultados com animais da raça Nelore

apresentaram correlações genéticas baixas (0,02 e 0,17) para EGL e EGG,

respectivamente (SANTANA et al. 2014). Bouquet et al. (2010), em animais da raça

Limousin, encontraram correlações genéticas nulas entre CAR e escore de gordura na

carcaça, apontando independência entre essas características.

As estimativas de correlações genéticas de EGL e EGG com CARegl e CAReg,

não diferiram muito das estimativas destas com CAR. Observa-se que o fato das

características serem fenotipicamente independentes não garante baixas correlações

genéticas. Há trabalhos que relatam que animais mais eficientes depositam menos

gordura na carcaça, e a alternativa apontada pelos autores para diminuir esse efeito seria

a inclusão de uma medida de gordura subcutânea no modelo de cálculo do CAR. Desse

modo, a correlação dessas características com o CAR seria próxima de zero, e a seleção

com base no CAR não acarretaria em resposta correlacionada para deposição de gordura

na carcaça (BASARAB et al., 2003). Alguns pesquisadores incluíram medidas de

gordura no modelo de cálculo do CAR (RICHARDSON et al., 2001; BASARAB et al.,

2003; SCHENKEL et al., 2004; LANCASTER et al., 2009, KELLY et al., 2010; MAO

et al., 2013). Schenkel et al. (2004), relataram correlação genética nula (-0,01) entre

EGL e CAR quando esse foi ajustado para espessura de gordura, porém a correlação

entre CAR e AOL e CAReg e AOL apresentou leve aumento de -0,17 para -0,19. Mao et

al. (2013) também ajustaram o CAR para espessura de gordura e AOL, e observaram

leve diminuição das correlações genéticas entre CARegl com EGL, (0,17 para 0,12 e

0,33 para 0,19) tanto para animais Angus quanto para Charolês, respectivamente.

38

Tabela 5. Correlações fenotípicas e genéticas entre consumo de matéria seca (CMS), ganho médio diário (GMD), peso a seleção (PSEL), altura

da garupa (ALT), perímetro torácico (PTOR), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura de cobertura (EGL), espessura de

gordura na garupa (EGG) com medidas indicadoras de eficiência alimentar

Características CMS GMD PSEL ALT PTOR AOL EGL EGG

Correlação fenotípica

EAB -0,28 0,58 0,10 -0,03 0,07 0,04 -0,02 0,01

CAR 0,73 0,04 0,06 0,04 0,06 0,03 0,05 0,06

CARegl 0,71 0,02 0,05 0,03 0,04 0,03 0,03 0,04

CAReg 0,70 0,02 0,05 0,04 0,04 0,01 0,02 0,03

GANR -0,10 0,68 0,17 0,00 0,09 0,03 -0,03 0,01

CGR -0,44 0,34 0,04 -0,03 0,00 0,01 -0,08 -0,05

CGRegl -0,41 0,35 0,05 -0,03 0,01 0,00 -0,04 -0,04

CGReg -0,41 0,35 0,05 -0,04 0,01 0,00 -0,05 -0,02

Correlação genética

EAB -0,11 ± 0,18 0,39 ± 0,15 0,09 ± 0,15 0,08 ± 0,15 0,15 ± 0,20 0,01 ± 0,19 -0,22 ± 0,20 -0,23 ± 0,20

CAR 0,68 ± 0,08 0,33 ± 0,16 0,17 ± 0,14 0,06 ± 0,13 0,14 ± 0,17 0,00 ± 0,16 0,37 ± 0,17 0,30 ± 0,16

CARegl 0,73 ± 0,09 0,40 ± 0,17 0,23 ± 0,16 0,06 ± 0,14 0,14 ± 0,18 -0,06 ± 0,17 0,33 ± 0,19 0,31 ± 0,17

CAReg 0,71 ± 0,09 0,38 ± 0,17 0,22 ± 0,15 0,08 ± 0,14 0,14 ± 0,18 -0,04 ± 0,19 0,33 ± 0,18 0,32 ± 0,17

GANR 0,21 ± 0,17 0,66 ± 0,09 0,34 ± 0,14 0,25 ± 0,14 0,34 ± 0,18 0,09 ± 0,17 -0,17 ± 0,17 -0,18 ± 0,17

CGR -0,27 ± 0,16 0,19 ± 0,17 0,10 ± 0,15 0,13 ± 0,14 0,17 ± 0,19 0,16 ± 0,19 -0,38 ± 0,20 -0,31 ± 0,20

CGRegl -0,27 ± 0,19 0,14 ± 0,20 0,08 ±0,17 0,13 ± 0,14 0,22 ± 0,22 0,28 ± 0,24 -0,45 ± 0,26 -0,42 ± 0,25

CGReg -0,28 ± 0,18 0,12 ± 0,20 0,07 ± 0,17 0,15 ± 0,16 0,20 ± 0,22 0,29 ± 0,23 -0,45 ± 0,26 -0,43 ± 0,25

1EAB = eficiência alimentar bruta; CAR = consumo alimentar residual; CARegl = consumo alimentar residual ajustado para espessura de gordura no lombo;

CAReg = consumo alimentar residual ajustado para espessura de gordura; GANR = ganho de peso residual; CGR = consumo e ganho residual; CGRegl =

consumo e ganho residual utilizando CARegl; CGReg = consumo e ganho residual utilizando CAReg.

39

As estimativas de correlação genética entre CARegl e CAReg foram moderadas

com EGL e EGG (0,33 e 0,31; e 0,23 e 0,32, respectivamente), valores que estão de

acordo aos relatados por Mao et al. (2013).

As correlações genéticas entre GANR e CGR com as características de

crescimento e carcaça foram moderadas (Tabela 5). A estimativa de correlação genética

entre GANR e PTOR foi moderada e positiva, ou seja, seleção para maior GANR

acarretará em aumento no perímetro torácico. Esse resultado é semelhante ao

encontrado em animais taurinos (0,23), porém a correlação é moderada (CROWLEY et

al. 2011).

O GANR apresentou correlação genética baixa, enquanto o CGR correlação

genética moderada, ambas negativas, com EGL e EGG, ou seja, a seleção para animais

mais eficientes acarretará em mudanças no sentido contrário nas espessuras de gordura

subcutânea, isto é, diminuindo a gordura na carcaça do animal. Crowley et al. (2011)

estudando animais taurinos, estimaram correlação genética baixa entre GANR e AOL

(0,03), o que está de acordo com as estimativas obtidas no presente estudo, porém

correlação genética moderada e negativa com EGL (-0,44), valor superior ao estimado

nesse estudo.

Não existem pesquisas relacionando o impacto da seleção pelo CGR sobre as

características de crescimento, de carcaça e qualidade de carne em animais taurinos. Há

um estudo com animais da raça Nelore, o qual não corrobora os resultados obtidos no

presente estudo. Santana et al. (2014) relataram estimativas de correlação genética

próximas de zero entre CGR com AOL, EGL e EGG (0,02, -0,03 e 0,03,

respectivamente), indicando independência dessa medida de eficiência alimentar com a

deposição de gordura subcutânea.

A escolha da característica de eficiência alimentar para ser implementada como

critério de seleção deve ser baseada nas suas associações genéticas com as outras

características relevantes. Neste estudo com animais da raça Nelore, foi possível

observar que os animais mais eficientes apresentaram perda na qualidade da carcaça,

especificamente na deposição de gordura subcutânea. Entretanto, a espessura de gordura

foi medida durante o crescimento dos animais, fase em que há pouca deposição de

gordura subcutânea. Além disso, o ambiente/dieta não foi adequado à alta deposição de

gordura, como são as dietas de terminação. Portanto, a relação genética entre eficiência

40

alimentar e gordura subcutânea durante a fase pós-desmame, estimada no presente

trabalho, pode ser diferente da relação genética na fase de terminação.

41

5 CONCLUSÃO

As características de eficiência alimentar, crescimento e carcaça possuem

variabilidade genética suficiente para responder à seleção, entretanto, para as

características de eficiência alimentar o progresso genético será mais lento

comparativamente às demais características.

Há evidências de baixo antagonismo genético entre CAR e crescimento e médio

sinergismo genético entre GANR e crescimento.

A seleção de animais mais eficientes no consumo de alimentos implicará em

certa resposta correlacionada na espessura de gordura de cobertura no sentido contrário,

ou seja, há antagonismo de média magnitude entre o efeito dos genes para eficiência

alimentar e os genes para deposição de gordura na carcaça de bovinos Nelore.

42

43

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