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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM SADE E SOCIEDADE
MESTRADO ACADMICO EM SADE E SOCIEDADE
Construo, validao e aplicao de instrumento para
avaliar presso arterial no atendimento odontolgico.
MARIA PRISCILLA CIBELLE FERREIRA SILVA
MOSSOR RN
2016
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MARIA PRISCILLA CIBELLE FERREIRA SILVA
Construo, validao e aplicao de instrumento para
avaliar presso arterial no atendimento odontolgico.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
Graduao Sade e Sociedade, da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, como requisito final
para obteno do grau de Mestre em Sade e
Sociedade.
Orientador: Prof Dra. Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima
MOSSOR-RN
2016
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM SADE E SOCIEDADE
MESTRADO ACADMICO EM SADE E SOCIEDADE
A COMISSO ABAIXO ASSINADA APROVA A
DISSERTAO INTITULADA
Construo, validao e aplicao de instrumento para
avaliar presso arterial no atendimento odontolgico.
Elaborada por
Maria Priscilla Cibelle Ferreira Silva
COMO REQUISITO FINAL PARA A OBTENO DO TTULO DE
MESTRE EM SADE E SOCIEDADE
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima (Orientadora)
UERN/RN _________________________
Prof. Dr. Joo Bosco Filho UERN/RN _________________________
Prof. Dr. Celina Maria Pinto Guerra Dore
UFRN/RN _________________________
MOSSOR - RN 2016
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DEDICATRIA
Aos meus pais NONATO e IRANI que nunca mediram esforos para me ver
feliz, sempre acreditando em mim, muito mais que eu mesma. Ensinaram-me a amar
da forma mais simples e verdadeira com seus testemunhos de pai e me,
responsveis e admirveis, sendo grandes mestres da vida, amigos verdadeiros e
acolhedores. Abraaram-me quando eu mais precisei e me fizeram ver, cada um a
sua maneira, o quanto vale a pena lutar pelos nossos sonhos. AMO VOCS!
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AGRADECIMENTOS
Voc no sabe o quanto eu caminhei, pra chegar at aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir, eu no cochilei,
os mais belos montes escalei,
nas noites escuras de frio chorei, ei, ei ei ei ei...
(Da Gama / Toni Garrido)
Agradeo primeiramente a Deus pelo acolhimento em teus braos, pela
fora que me sustentou quando tantas vezes quis fraquejar e principalmente, por ter
proporcionado esse percurso, um sonho que parecia distante e que agora
realidade. O meu reconhecimento que sem Deus eu no sou nada.
Ao meu marido, namorado, companheiro e amigo Joo Paulo por se fazer
colaborativo em todo processo desta formao, entendendo minha ausncia em
alguns momentos e me incentivando na luta diria da pesquisa. Aos meus honrosos
pais Nonato e Irani, que sempre investiram na minha educao, me encorajando na
continuidade dos meus planos e me fazendo reconhecer as diversas possibilidades
para a luta de todos os dias.
Aos meus irmos Cleizomberg e Cleidemberg, cunhada Evaneide, que se
fizeram presentes em todos os momentos que precisei me auxiliando nas
dificuldades e nas oraes proferidas. Aos meus sobrinhos de sempre talo e Cau e
de agora Morais Neto, pelas brincadeiras, passeios e recreaes que transformava
meus estresses em gargalhadas e tornam meus dias mais felizes.
Aos meus amigos e colegas de trabalho dos Hospitais de Taboleiro
Grande/RN e Barana/RN, que sempre compartilharam comigo o desejo em ser
mestre, obrigada! Pelo incentivo, apoio na tomada de decises e nas atividades do
dia a dia. Agradeo tambm, ao departamento de Enfermagem UERN/CAMEM que
nesses 10 anos de formao (acadmica e docente), tive a imensa alegria de
construir a minha vida profissional, obrigada pela construo do saber que me
orientou e me conduzir no exerccio da enfermagem.
Ao meu grupo nota 10, Breno, Celso, Josy e Nalgia. Agradeo de corao, a
ddiva que foi compartilhar com vocs os momentos de alegrias e angustia desta
formao, posso dizer que Deus sempre foi generoso comigo, pois sempre coloca
em minha vida pessoas maravilhosas. Levarei comigo uma parte de cada um de
vocs, eu sei que isso, me far uma pessoa cada vez melhor.
6
A minha orientadora Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima que me auxiliou em
todas as etapas da pesquisa, estando presente na construo da dissertao e
artigos para as devidas submisses e publicaes. Tornando-se amiga nos
momentos necessrios, principalmente para o crescimento profissional. Obrigada!
Aos profissionais enfermeiros e cirurgies-dentistas que avaliaram o
questionrio, profissionais das Unidades Bsicas de sade, principalmente Dentistas
e Tcnicos em Higiene Bucal, usurios e minha colaboradora Cynara, que se
dispusera a participar da pesquisa sem ressalvas, colaborando ativamente na
aplicao do questionrio. Muito obrigada, sem vocs no teria como realizar esse
feito. E aos professores Wesley Adson e Maura de S e, a mestre Rvia Ribeiro que
assessoraram na produo e finalizao do trabalho, obrigada! E, aos professores
Joo Bosco Filho e Celina Maria Pinto, pelas contribuies na produo final da
dissertao.
E, por fim a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realizao
desse sonho. Peo a Deus que os abenoe e que sejam guiados por passos
amorosos, cheios de solidariedade, tendo em vista que o nosso caminhar s ser
possvel e vitorioso, se estivermos em sintonia com as pessoas que encontraremos
pelo caminho. Obrigada a todos!
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SUMRIO
RESUMO ABSTRACT I INTRODUO......................................................................................... 14 1.1 O problema.............................................................................................. 15 1.2 Objetivos.................................................................................................. 15 1.2.1 Objetivo geral........................................................................................... 15 1.2.2 Objetivos especficos............................................................................... 16 1.3 Justificativa............................................................................................... 16 II REVISO DE LITERATURA................................................................... 17 2.1 Polticas de sade no brasil..................................................................... 17 2.2 Ansiedade e tratamento odontolgico...................................................... 18 2.3 Presso/hipertenso arterial sistmica.................................................... 20 2.4 Construo do instrumento...................................................................... 23 2.5 Propriedades psicomtricas de um questionrio..................................... 25 III MTODO................................................................................................. 28 3.1 Caracterizao da pesquisa..................................................................... 28 3.2 Populao e Amostra............................................................................... 28 3.3 Instrumentos de coleta dos dados........................................................... 30 3.4 Procedimentos da coleta de dados.......................................................... 33 3.5 Procedimentos para anlise qualitativa................................................... 35
3.6 Procedimentos para anlise estatstica................................................... 36
IV RESULTADOS E DISCUSSES............................................................ 38
4.1 VALIDAO DE CONTEDO................................................................. 38
4.1.1 Caracterizao dos especialistas............................................................. 38
4.1.2 Avaliao com os especialistas............................................................... 38
4.1.3 Avaliao pr-teste.................................................................................. 45
4.2 ESTUDO DA ANLISE FATORIAL......................................................... 46
4.2.1 Produto da Anlise Fatorial Exploratria.................................................. 48
4.2.1.1 Atividade fsica......................................................................................... 53
4.2.1.2 Tratamento Odontolgica......................................................................... 54
4.2.1.3 lcool....................................................................................................... 55
4.2.1.4 Presso Arterial Sistmica (PAS)............................................................ 55
4.2.1.5 Ansiedade................................................................................................ 56
4.2.1.6 Sade nutricional..................................................................................... 57
4.2.2 Fatores que influenciam a alterao da Presso Arterial........................ 58
4.2.3 Anlise Fatorial Corfimatria.................................................................... 70
4.3 CONSIDERAES SOBRE O PROCESSO DE ATENDIMENTO ODONTOLGICO...................................................................................
73
4.4 CONSIDERAES SOBRE A PRESSO ARTERIAL SISTMICA....... 80
4.5 OBSERVAO NO PARTICIPANTE.................................................... 84
V CONCLUSO 93
VI REFERNCIAS
APNDICES
ANEXOS
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LISTA DE SIGLAS
ACP Anlise dos Componentes Principais
ACSM American College of Sports Medicine
AF Anlise Fatorial
AFC Anlise Fatorial Confirmatria
AFE Anlise Fatorial Exploratria
AGFI ndice de Qualidade do Ajuste Ajustado
APS Ateno Primria Sade
AVC Acidente Vascular Cerebral
AVE Acidente Vascular Enceflico
BVS Biblioteca Virtual em Sade
CCI Coeficiente de Correlao Intraclasse
CD Cirurgio Dentista
CEP Comit de tica e Pesquisa
CFI ndice de ajustamento comparativo
CID 10 Cdigo Internacional de Doenas 10 edio
CNS Conselho Nacional de Sade
DAC Doena Arterial Coronariana
DCNT Doenas Crnicas No Transmissveis
DCV Doena Cardiovascular
EAD Escala de Ansiedade Dental
EPS Educao Popular em Sade
ESB Equipe de Sade Bucal
ESF Estratgia Sade da Famlia
FC Frequncia Cardaca
GFI ndice de Qualidade do Ajuste
HAS Hipertenso Arterial Sistmica
IAM Infarto Agudo do Miocrdio
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IC ndice de Concordncia
IFI ndice de ajuste incremental
IQD ndice de Qualidade da Dieta
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IRA ndice de Concordncia Inter Avaliadores (Interrater Agrment)
IVC ndice de Validade de Contedo
JNC Joint National Committee on Prevention, Detection, Evolution and Treatment
of High Blood Pressure
KMO Kaiser-Meyer-Olkin
MRPA Monitoramento Residencial da Presso Arterial
MS Ministrio da Sade
OMS Organizao Mundial da Sade
OR Odds Ratio
PA Presso Arterial
Pnad Contnua Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios Contnua
PNSB Poltica Nacional de sade Bucal
Raz quadrada mdia do erro de aproximao (RMSEA
SB Sade Bucal
SBH Sociedade Brasileira de Hipetenso
SPSS Statistical Package for Social Science (Programa Estatstico)
SUS Sistema nico de Sade
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
THB Tcnico de Higiene Bucal
TLI ndice Tucker-Lewis
UBS Unidade Bsica de Sade
UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Descrio dos critrios para a construo do questionrio.........
25
QUADRO 2 Domnios referentes s questes do questionrio......................
31
QUADRO 3 Sugestes dos especialistas acerca dos itens considerados adequados com alteraes para avaliao da PA no atendimento odontolgico. Pau dos Ferros-RN, 2015................
41
QUADRO 4 Perguntas excludas com base na avaliao dos usurios em nvel de pr-teste adequao cultural......................................
46
QUADRO 5 Domnios do questionrio de avaliao da PA no atendimento odontolgico ps anlise fatorial exploratria.............................
52
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Classificao da PA para maiores de 18 anos conforme as diretrizes brasileiras e europeias (sexto JNC), e norte-americanas (stimo JNC)............................................................
21
TABELA 2 Classificao da PA para crianas e adolescentes (modificada do The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents)
21
TABELA 3 Atendimento Odontolgico Programa Sade da Famlia / PSF, no Municpio de Pau dos Ferros em 2014.........................
28
TABELA 4
Julgamento dos especialistas (n=10) sobre itens do checklist da avaliao da PA no tratamento odontolgico, Pau dos Ferros-RN, 2015..........................................................................
39
TABELA 5 Valores de Coeficiente de Correlao Intraclasse do instrumento por aspecto estudado.............................................
45
TABELA 6 Caracterizao socioeconmica dos usurios participantes da amostra para anlise fatorial e confirmatria..............................
47
TABELA 7 Valores de frequncia simples e porcentagem das diferentes faixas etrias por sexo (n=400)...................................................
48
TABELA 8 Valores de KMO e Bartlett para as variveis do questionrio..... 50
TABELA 9 Soluo fatorial com as cargas fatoriais, comunalidades, percentual de varincia e alpha de Cronbach do instrumento: Avaliao da PA no Atendimento Odontolgico..........................
50
TABELA 10
Prevalncia da PA elevada durante o atendimento odontolgico, de acordo com as variveis e valores do odds ratio, intervalo de confiana e significncia estatstica................
58
TABELA 11 Variveis que permaneceram no modelo final da anlise multivariada.................................................................................
69
TABELA 12 Medidas de Ajustamento Grfico 1............................................. 73
TABELA 13 Valores de mdia desvio padro da presso arterial aferida em procedimentos odontolgicos................................................
81
TABELA 14 Valores de mdia desvio padro para todos os indivduos...... 82
TABELA 15 Valores de mdia desvio padro para todos os indivduos do sexo feminino para faixas etrias crianas (n=17), adolescentes (n=16), adultos (n=81) e idosos (n=04).................
83
TABELA 16 Valores de mdia desvio padro para todos os indivduos do sexo masculino nas faixas etrias crianas (n=06), adolescentes (n=07), adultos (n=53) e idosos (n=16).................
84
12
RESUMO
A ansiedade na assistncia odontolgica um evento que dificulta o desenvolvimento das aes, retarda a ida do usurio ao consultrio e desmotiva a continuidade no tratamento. Comportamentos de ansiedade muitas vezes podem ser mimetizados pelos pacientes, entretanto, pode ser avaliado por alteraes fisiolgicas como sudorese, tremor de membros, taquicardia ou alteraes na presso arterial (PA). Ento, a elevao da PA ocasiona uma sintomatologia clnica preocupante, por isso, a necessidade de um instrumento que sistematize a ao do profissional, identificando manifestaes para ansiedade e oscilaes da PA, verificando-a antes, durante e aps qualquer procedimento, no sentido de evitar complicaes. Desse modo, objetivou-se desenvolver, validar e aplicar um instrumento de avaliao da PA no atendimento odontolgico, identificando as variaes e os principais fatores associados contribuintes nesse processo. Para isto, foi realizado um estudo transversal, descritivo e analtico, com abordagem quantitativa e qualitativa, e pesquisa de campo junto s equipes de sade bucal no municpio de Pau dos Ferros/RN. Na oportunidade, efetuou-se uma pesquisa nas bases de dados LILACS, SciELO, CAPES e BVS, para construo terica do instrumento, fundamentado na ansiedade, oscilao da PA e seus fatores de riscos. Dessa maneira, o instrumento inicial com 50 itens foi analisado sob a prtica do teste e reteste com 10 avaliadores, 5 enfermeiros e 5 dentistas, a fim de avaliar o contedo, no qual a partir do coeficiente kappa, porcentagem de concordncia, comentrios e sugestes, revelou que 44 itens representavam o objeto de estudo. A anlise para adequao semntica com 40 usurios resultou em 40 itens e estes, foram aplicados a 200 usurios, a fim de analisar a fatorial exploratria por meio do Coeficiente Alpha de Cronbach, a qual culminou com 21 questes, em que a rotao varimax permitiu conhecer seis novos domnios: atividade fsica, tratamento odontolgico, lcool, presso arterial sistmica, ansiedade e sade nutricional. Associado a isso, verificou-se a PA, antes, durante e aps o tratamento, em que o sexo masculino, crianas e idosos foram os mais vulnerveis a alterao da PA. E, para a confirmatria, com outros 200 participantes, utilizou-se o mtodo da mxima verossimilhana robusta, o qual obteve ajustamento do modelo estrutural com pertinncia e influncia na elevao da PA, atingindo o instrumento final. Considera-se, portanto, que o questionrio apresenta-se validado e est adequado para ser utilizado como instrumento de coleta de dados para a assistncia odontolgica. DESCRITORES: Estudos de Validao. Determinao da Presso Arterial.
Ansiedade ao tratamento odontolgico.
13
ABSTRACT
The anxiety in dental care is an event that hinders the development of actions, slows
the user going to the office and discourages the continuity in treatment. Thus, the
blood pressure (BP) even considered normotensive, in contact with stressor
situations, rise, causing a disturbing clinical symptoms, so the need for a tool to
systematize the action of professional, identifying events for anxiety and BP
oscillations, checking it before, during and after any procedure, in order to avoid
complications. In this way, it is aimed to develop, validate and apply a BP
assessment tool in dental care, identifying changes and the main factors contributing
in this process. For this, we performed a trasnversal, descriptive and analytical study
with a quantitative and qualitative approach, and field research in the oral health
teams in the city of Pau dos Ferros/RN. On occasion, we took a search in the data
base LILACS, SciELO, CAPES and BVS, for theoretical construction of the
instrument, based on anxiety, fluctuation of BP and its risk factors. Thus, the initial
instrument with 50 items was analyzed under the practice of the test and retest with
10 experts, 5 nurses and 5 dentists, in order to evaluate the content, which from the
kappa coefficient, percentage of agreement, comments and suggestions it revealed
that 44 items represented the object of study. The analysis for semantic adequacy
with 40 users, resulted in 40 items and these were applied to 200 users in order to
analyze the exploratory factor through Cronbach's Alpha Coefficient, which
culminated with 21 questions, that the varimax rotation allowed to know six new
areas: physical activity, dental treatment, alcohol, systemic blood pressure, anxiety
and nutritional health. Associated with this, it found BP before, during and after
treatment, wherein the male sex, children and elderly are the most vulnerable to
change the BP. And, for confirmatory, with 200 other participants, we used the
method of maximum likelihood robust, which obtained adjustment of the structural
model with relevance and influence on blood pressure increase, reaching the final
instrument. It is considered, therefore, that the questionnaire has been validated and
is suitable for use as a data collection tool for dental care.
Descriptors: Validation Studies. Blood Pressure Determination. Anxiety in dental
care.
14
I INTRODUO
1.1 O PROBLEMA
A ansiedade um fenmeno de resposta a alguma ameaa, sendo
relacionada com o medo e a dor, que se reflete em alteraes comportamentais e
fisiolgicas importantes no estado geral do paciente, uma vez que so refletidas nos
sinais vitais, podendo influenciar a presso arterial (PA), causar taquicardia, alterar a
temperatura, a pulsao e a frequncia respiratria (COSTA; SILVA; IWAKI FILHO,
2012).
Com isso, a ansiedade na assistncia odontolgica apresenta um impacto
significativo na qualidade da sade bucal, e consequentemente na qualidade de vida
dos usurios, uma vez que acaba fazendo com que o mesmo protele a ida ao
dentista e passe a sofrer frequentemente com odontalgias e quando procura o
consultrio odontolgico, o tratamento torna-se mais agressivo, gerando uma baixa
autoestima (COSTA; et.al., 2014).
A PA considerada normotensa, para adultos (menor ou igual a 120 x 80
mmHg) (TOLENTINO; et.al., 2014), e crianas (menor ou igual a 90x60 mmHg)
(SBH, 2010), poder, em contato com aes estressoras, elevar-se, ocasionando
uma sintomatologia clnica preocupante. Assim, os procedimentos odontolgicos em
que o sangramento previsto, como: exodontias, procedimentos periodontais,
colocao de implante ou reimplante de dentes avulsionados, tratamento
endodntico, colocao subgengival de fibras ou tiras com antibiticos, bandas
ortodnticas, anestesia intraligamentar e limpeza profiltica de dentes ou implantes,
necessitam de avaliao de risco antes da execuo do procedimento (AMERICAN
HEART ASSOCIATION, 1997).
Isso porque a atividade vagal cardaca, potente indicador para prognstico
em indivduos com ou sem doena cardiovascular, poder contribuir para a
identificao de pessoas com alto risco de morte sbita, por isso a importncia do
monitoramento para avaliao clnica do paciente (ALMEIDA, 2015). Assim, o critrio
de identificao da PA colabora para o todo que constitui o atendimento
odontolgico, pois seus resultados favorecem a construo de um diagnstico
situacional. Principalmente, no caso das pessoas que j tm a hipertenso arterial
15
sistmica (HAS) na sua forma crnica, apresentando nveis elevados e sustentados
da PA (140x90mmHg), com possveis alteraes funcionais e/ou estruturais de
rgos-alvo e alteraes metablicas, com aumento do risco de eventos
cardiovasculares fatais e no fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA,
2010).
Segundo estudos epidemiolgicos, a HAS apresenta prevalncia elevada e
sua frequncia pode variar entre 22,3% e 43,9% (SOUZA; et al., 2015). Por isso, se
faz necessrio que o profissional sempre pergunte ao paciente sobre a existncia do
diagnstico prvio de HAS ou de ansiedade na assistncia odontolgica, realizando
uma anamnese capaz de identificar possveis sintomatologias e variaes da PA
antes de iniciar qualquer procedimento e/ou tratamento (BRASIL, 2013).
Os servios de sade devem proporcionar situaes acolhedoras, capazes
de minimizar acontecimentos desagradveis, e o acolhimento um elemento
fundamental para a reorganizao da assistncia, direcionando a modificao do
modelo tecno-assistencial para aes que visualizem o sujeito como um todo,
considerando sua histria clnica e hbitos comportamentais. Assim, a integralidade
pressupe um conjunto articulado e contnuo de aes e servios preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os nveis de
complexidade do sistema (SILVA, 2015).
Compreende-se, portanto, a necessidade de fortalecimento da ateno
sade bucal, observando a PA antes, durante e aps todo e qualquer procedimento,
bem como as manifestaes individuais e comportamentais, para a identificao da
ansiedade, no sentido de acolher as necessidades evidenciadas com um plano de
cuidados, seguro e de qualidade, evitando reaes adversas, no momento ou aps o
procedimento.
Dito isto, questiona-se: ser que os usurios da sade bucal so assistidos
na sua integralidade, considerando a histria clnica, hbitos nocivos, procedimento
odontolgico, ansiedade e dor?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Desenvolver, validar e aplicar um instrumento de avaliao da PA, no
atendimento odontolgico, identificando as variaes e os principais fatores
associados, contribuintes nesse processo.
16
1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Elaborar um instrumento que avalie a PA em pacientes, durante atendimento
odontolgico;
Verificar a PA antes, durante e aps o procedimento odontolgico, no sentido
de identificar alteraes;
Relacionar os nveis pressricos colhidos com os respectivos procedimentos
odontolgicos submetidos;
Buscar os fatores influenciadores da variao dos nveis pressricos.
1.3 JUSTIFICATIVA
Apesar dos avanos tecnolgicos na rea da odontologia, o medo da
interveno continua sendo uma significativa barreira otimizao dos servios de
sade bucal, de modo que a ansiedade demonstrada pelos usurios tem
desenvolvido situaes desconfortveis, criando uma expectativa negativa no
paciente, com consequente interferncia na melhoria da assistncia.
Assim, a ausncia de instrumentos para identificar os fatores influenciadores
da ansiedade e a consequente elevao da PA, torna o servio alheio s
manifestaes dos usurios, no se fazendo perceber, por parte da equipe as
peculiaridades que demandam a relao servio, usurio e bem estar. Alm disso,
na literatura, existem poucos estudos referentes interferncia da ansiedade na
assistncia odontolgica, sendo necessrio uma compreenso de forma particular
para cada usurios e situao especfica, para melhor construo de um diagnstico
situacional, centrado no sujeito com entendimento das necessidades apresentadas
pelos mesmos.
Desta maneira, a construo, validao e aplicao de um questionrio para
avaliar a PA, antes, durante e aps o procedimento odontolgico, cujo instrumento
deve ser associado ansiedade, ser de grande valia, pois as implicaes
oferecero uma interface transdisciplinar que problematiza as situaes em
diferentes campos de aprendizagem, no sentido de ampliar as possibilidades de
planejamento de aes que viabilizem o cuidado, com identificao de falhas a
serem corrigidas e/ou reabilitadas. Ento, esse feito oportunizar repercusses
positivas para o servio, com profissionais atentos e qualificados, bem como
usurios satisfeitos com o resultado.
17
II REVISO DE LITERAURA
2.1 POLTICAS DE SADE NO BRASIL
O Sistema nico de Sade (SUS) o arranjo organizacional do Estado
brasileiro que d suporte efetivao da poltica de sade no Brasil, e traduz em
ao os princpios e diretrizes dessa poltica. Este entendimento est expresso na
Lei n 8.080/90 (BRASIL, 1990), que, ao ampliar as discusses de sade, afirma em
seus princpios: A universalidade de acesso aos servios de sade em todos os
nveis de assistncia; a integralidade entendida como conjunto articulado e contnuo
das aes e servios preventivos e curativos, individuais e coletivos; igualdade da
assistncia sade, sem preconceitos ou privilgios de qualquer espcie (BRASIL,
1990).
A Estratgia Sade da Famlia (ESF) se apresenta como a reorganizao na
ateno em sade, colocando frente a frente profissionais da sade e realidade.
Esta que se configura como espaos pedaggicos em que a prtica o objeto das
aes e onde muitas situaes falam por si, permitindo s equipes um aprendizado e
uma compreenso absolutamente reais, a cada vez que ocorrem. So situaes em
que o fazer se aproxima da realidade de vida das pessoas e possibilita um espao
privilegiado para o trabalho com os usurios (BRASIL, 2004).
Em se tratando da Sade Bucal (SB), esta tem, em suas diretrizes, a
assistncia em todos os nveis de ateno, em que o primrio segue com aes para
promoo e proteo da sade; o secundrio para o atendimento precoce, pronto
atendimento e limitao da invalidez; e, o tercirio com a reabilitao e assistncia
social (BRASIL, 2008) todos com aes intersetoriais, que se responsabilizam pelo
cuidado, como eixo de reorientao do modelo: pela humanizao do processo de
trabalho; pela co-responsabilizao dos servios; e pelo desenvolvimento de aes
voltadas para as linhas do cuidado, tanto da criana e adolescente, quanto adulto e
idoso (BRASIL, 2008).
Assim, vislumbra-se uma possibilidade de aumento de cobertura e
efetividade na resposta s demandas da populao e no alcance de medidas de
carter coletivo; sendo que as maiores possibilidades de ganhos situam-se nos
campos do trabalho em equipe, das relaes com os usurios e da gesto, o que
implica uma nova forma de se produzir o cuidado em sade bucal, com o
18
desenvolvimento de aes complementares e imprescindveis voltadas para as
condies especiais de vida e sade da populao (BRASIL, 2008).
2.2 ANSIEDADE E TRATAMENTO ODONTOLGICO
A ansiedade um estado emocional, que tem componentes fisiolgicos e
comportamentais, os quais podem ocasionar incapacidade funcional. Essa
desordem possui diversos fatores de risco e comorbidades, que abrangem diversos
sintomas psicolgicos, somticos e sinestsicos, tornando-se uma evidente
preocupao de carter ocupacional, por constituir-se um importante fator de risco
para a sade humana (MARTINEZ, 2015).
A ansiedade pode ser considerada como um importante indicador de risco
sade, a qual concorre para uma precria condio de sade bucal e para baixos
ndices de qualidade de vida, ocasionando uma apreenso e desconforto, uma
expectativa negativa no paciente, principalmente, nos procedimentos de exodontia,
preparo cavitrio e anestesia (BOTTAN, 2015). E a reverso do quadro de
ansiedade no tratamento odontolgico requer intervenes de diferentes enfoques,
de modo que o papel do cirurgio dentista essencial, avaliando o risco com uma
boa anamnese do paciente, atravs do conhecimento histrico de doena atual,
doenas familiares e hbitos nocivos (TOLENTINO, 2014).
O medo, diante do tratamento, geralmente tem seu incio na infncia, sendo
os principais agentes desencadeadores: a experincia dolorosa anterior, o
desconhecimento em relao aos procedimentos, o ambiente do consultrio e as
ideias negativas repassadas por outras pessoas. Portanto, por se sentir ansioso ou
com temor, o paciente tende a reforar o comportamento de fuga e esquiva do
tratamento, tendo, assim, uma possvel piora em seu quadro clnico e somente
procurando o tratamento, quando h sinais e/ou sintomas como dor (SAPORETTI
FILHO; et. al., 2013). Assim, o medo da dor dental um conceito altamente
relevante dentro da odontologia, por isso til ter um instrumento que possa
identific-la, para agir quando necessrio (FERREIRA; COLARES, 2011).
A dor orofacial um dos principais problemas dentro de um Servio de
Urgncia odontolgica, podendo ser uma manifestao clnica de uma variedade de
doenas que envolvem a cabea e a regio do pescoo. As emergncias resultantes
de um quadro de dor necessitam da ateno imediata do profissional; desta forma, o
19
clnico deve estar apto a identificar a evoluo multifatorial da dor, analisando suas
caractersticas para o estabelecimento do diagnstico diferencial e plano de
tratamento capaz de alivi-la no paciente (MURRER; FRANCISCO; ENDO, 2014).
Para epidemiologia, 50% dos pacientes que procurou o Servio de Urgncia
apresenta dor de origem dentria, 96% no visitava o dentista regularmente,
apresentando um quadro de desordens dentrias, durante um perodo de trs
meses, e 76,6% apresentou alteraes pulpares, sendo a crie, e suas
consequncias, as principais responsveis pelas alteraes pulpares e
perirradiculares (MURRER; FRANCISCO; ENDO, 2014).
Pensando nisso, a ansiedade no tratamento odontolgico, tem sido
diagnosticada por meio de escalas/questionrios validados em estudos conduzidos
em diferentes pases. No entanto, a frequncia de utilizao desses instrumentos
pelo cirurgio dentista (CD) parece ser baixa. (CURCIO; et. al., 2013). Como
exemplo, tem-se a Escala de Ansiedade Dentria EAD (Dental Anxiety Scale) de
Corah, estruturada por meio de um questionrio que aborda dados individuais,
comportamentais, com um somatrio, cujas respostas: sendo inferior a 5 pontos, os
pacientes so considerados muito pouco ansiosos; entre 6 a 10 pontos, so
levemente ansiosos; entre 11 a 15 pontos, so moderadamente ansiosos; e superior
a 15 pontos, so extremamente ansiosos (CARVALHO, 2012).
A reduo da ansiedade essencial para o tratamento e para a motivao
do paciente ao retorno peridico; e a conduta bsica para controle da ansiedade do
paciente a verbalizao, associada a tcnicas farmacolgicas de relaxamento
muscular ou de condicionamento psicolgico (COSTA; et.al., 2014).
No Brasil, os frmacos mais utilizados no controle da ansiedade em
odontologia so os benzodiazepnicos, pois apresentam boa margem de segurana,
eficcia e poucos efeitos colaterais, alm do alvio da ansiedade, antes e durante o
tratamento, podendo facilitar o sono na noite anterior consulta, reduzir o fluxo
salivar e reflexo do vmito, manter sob controle a PA e a glicemia em nveis
aceitveis para os diabticos. Nos Estados Unidos e Europa, utilizada a sedao
inalatria, tcnica que consiste na administrao de propores crescentes de xido
nitroso (N2O), associado ao oxignio, at atingir o nvel de sedao ideal para o
paciente, proporcionando sensao de relaxamento e bem-estar, diminuindo a
ansiedade frente aos procedimentos a serem executados (PEREIRA; et.al., 2013).
20
No caso de procedimentos odontolgicos em cardiopata, deve ser realizada
avaliao mdica prvia para estratificao de risco, j que todos os anestsicos
locais podem aumentar a FC e a PA, a depender da dose e da concentrao
utilizada. No corao, tais efeitos incluem conduo lenta, inotropismo negativo e
parada cardaca. Outra preocupao so as substncias vasoativas associadas ao
anestsico local. Efeitos como aumento de FC, taquicardias, arritmias ou alteraes
do segmento ST foram descritos em 37,5% dos pacientes cardiopatas submetidos
exodontia sob anestsico com vasoconstritor adrenrgico (lidocana 2% com
adrenalina 1:100.000) (BRITO, 2012).
Em se tratando de idosos hipertensos, PA acima de 140 por 90 mmHg, que
necessitam de cirurgia oral, devem estar em situao controlada. Caso a PA esteja
acima de 180 por 110 mmHg, no momento pr-operatrio, no se recomenda o
procedimento cirrgico sem a opinio mdica. No obstante, se a PA estiver acima
de 140 por 90 mmHg, no momento imediatamente anterior ao ato operatrio, a
interveno cirrgica precisa ser cancelada, por causa do alto risco de acidente
vascular cerebral, alm de outras coronariopatias e doena renal crnica
(ALENCAR; ANDRADE; CATO, 2011).
A resposta a um estmulo estressor particular maior em hipertensos do que
em indivduos normotensos, por conseguinte a dor causada por procedimentos
dentrios sem anestesia, ou mesmo em situaes de anestesia ineficaz, pode
produzir estresse no paciente, resultando na liberao de catecolaminas endgenas,
que, por vezes, atingem nveis mais elevados do que o valor agregado contido num
tubo de anestesia. Assim, os procedimentos dentrios tambm podem aumentar a
PA, como resultado do medo ou da ansiedade, alm do possvel aumento na PA,
devido ao da felipressina, especialmente em pacientes hipertensos (BRONZO;
et al., 2012).
Ento, a indicao, a natureza e a extenso da teraputica cirrgica
dependem das alteraes sistmicas do sujeito de situaes especficas aos tecidos
bucais, geralmente decorrentes dos efeitos colaterais das medicaes utilizadas
para a manuteno da sua sade. Assim sendo, necessria a averiguao dos
sinais vitais para o exame fsico na consulta inicial ou em cada sesso de
atendimento (ALENCAR; ANDRADE; CATO, 2011).
2.3 PRESSO/HIPERTENSO ARTERIAL SISTMICA
21
A classificao brasileira do manejo da hipertenso arterial, em 2002, bem
como a europeia, em 2003, seguem os valores determinados pelo sexto JNC Joint
National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment Of High
Blood Pressure (1997). J a classificao norte-americana adota os valores do
stimo JNC (2003), acreditando que a classificao normal, na verdade, j seria
um estado de pr-hipertenso, conforme mostra a Tabela 1 (TOLENTINO; et.al.,
2014). E, para a classificao da PA em crianas e adolescentes, tem-se a Tabela 2
(SBH, 2010).
Tabela 1 Classificao da PA para maiores de 18 anos, conforme as diretrizes brasileiras, e europeias (sexto JNC), e norte-americanas (stimo JNC). Classificao Brasileira e Europeia
Classificao Norte- Americana
PAS PAD
tima Normal percentil 99 mais 5 mmHg
Encaminhar para avaliao diagnstica
Hipertenso do avental branco
PA > percentil 95 em ambulatrio ou consultrio e PA normal em ambientes no relacionados prtica clnica
FONTE: Sociedade Brasileira de Hipertenso (2010). * Para idade, sexo e percentil de estatura. PAS: presso arterial sistlica; PAD: presso arterial diastlica.
22
A Sociedade Brasileira de Hipertenso (SBH) orienta que, para o controle e
verificao da PA, o paciente deve estar sentado, com o brao apoiado e altura do
precrdio, com verificao aps cinco minutos de repouso. Deve-se evitar o uso de
cigarro e de bebidas com cafena nos 30 minutos precedentes; a cmara inflvel
deve cobrir pelo menos dois teros da circunferncia do brao; registrar valores com
intervalos de 2 mmHg, evitando-se arredondamentos (Exemplo: 135/85mmHg),
esperando de 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas, se necessrio
(BRASIL, 2013).
A constatao de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais
de uma medida, no suficiente para estabelecer o diagnstico de hipertenso,
principalmente, em situaes de estresse fsico (dor) e emocional (luto, ansiedade),
pois um valor elevado, muitas vezes, consequncia dessas condies, como
poder ser o caso do procedimento odontolgico. Por isso, o cuidado de se fazer o
diagnstico correto, uma vez que se trata de uma condio crnica que
acompanhar o indivduo por toda a vida (BRASIL, 2013).
Assim, o desenvolvimento da HAS no ocorre instantaneamente; h um
conjunto de fatores que esto associados sua evoluo e agravo. Esses fatores
so conhecidos como fatores de risco, e, segundo as VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertenso Arterial, so: idade, sexo/gnero e etnia, gentica, fatores
socioeconmicos, ingesta de sal e lcool, excesso de peso, obesidade e
sedentarismo. Alm destes, outros autores acrescentarem o tabagismo e a no
adeso ao tratamento (MACHADO; PIRES; LOBAO, 2012).
Um estudo clssico, The Bogalusa Heart Study, demonstrou que fatores
hereditrios, excesso de peso e baixo peso ao nascer influenciam significantemente
no desenvolvimento de nveis pressricos elevados, na faixa etria de crianas de
dois a cinco anos. Outros possveis fatores de risco so a presena de hbitos
sedentrios, alimentao de baixa qualidade, ausncia de aleitamento materno e
tabagismo dos pais ou cuidadores (CRISPIM; PEIXOTO; JARDIM, 2014).
Os fatores socioeconmicos podem estar tambm associados ao nvel de
escolaridade e renda, em que o nvel de escolaridade inversamente proporcional
hipertenso, ou seja, quanto maior o grau de instruo, menores os ndices de
hipertenso, tendo em vista que, com o aumento do nvel de instruo, mais fcil a
compreenso das informaes, medicaes, hbitos de vida e fatores de risco. A
baixa renda e as ms condies de vida esto associadas ao desenvolvimento da
23
hipertenso, por ser fator determinante para a adeso ao tratamento, uma vez que
dificulta o acesso a medicamentos, a alimentos adequados e frequncia em
academias, entre outros (MACHADO; PIRES; LOBAO, 2012).
Verifica-se, portanto, a importncia da insero da Equipe de Sade Bucal
(ESB) nas equipes multiprofissionais em Ateno Primria Sade (APS), que, ao
serem orientados, podero contribuir para a identificao de pacientes hipertensos e
auxiliar na construo de plano de cuidados, j que, 75% dos cirurgies dentistas
habitualmente no verificam a PA dos pacientes, antes dos procedimentos, sinal vital
importante para o manejo clnico e manifestaes do usurio (ARAJO;
BAVARESCO, 2011).
Alm disso, estima-se que cerca de um tero dos hipertensos nunca teve o
diagnstico clnico da doena feito por um profissional de sade, e, tomam cincia
da doena apenas aps um evento clnico grave decorrente de seu descontrole por
vrios anos, tais como infarto agudo do miocrdio (IAM) ou acidentes vasculares
enceflicos (AVE). E grande parte das pessoas que conhecem seu diagnstico
apresentam baixa aderncia ao tratamento ou tem tratamento incorreto,
ocasionando baixo controle dos nveis pressricos (ZATTAR; et. al., 2013).
A relao paciente/profissional abrange uma srie de aspectos subjetivos
que vo alm da assistncia odontolgica. O CD deve atentar para quadros de
ansiedade experimentados pelo paciente, para transmitir-lhe confiana e firmar-se
na imagem de algum que reconstri e repara. Ento, uma atitude emptica do
dentista, seu respeito s queixas e sentimentos do paciente e a explicao clara dos
procedimentos que sero realizados podem minimizar e at suprimir a ansiedade do
paciente (MOTA; FARIAS; SANTOS, 2012).
2.4 CONTRUO DO INSTRUMENTO
O questionrio e o instrumento de observao no participante
impulsionaram o interesse em pesquisar as manifestaes decorrentes do
atendimento odontolgico na vida das pessoas, e, para isso, faz-se necessria uma
metodologia criteriosa, procedimentos que garante indicadores precisos e
instrumentos confiveis, pois a inexistncia de critrios e instrumentos adequados
pode resultar em compreenses limitadas (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
24
A literatura dispe de vrios tipos de instrumentos para mensurar variveis
de interesse, sendo possvel combinar vrias tcnicas de coleta de dados, como
questionrios, com perguntas abertas e fechadas; entrevistas, pessoal e telefnica;
escalas para mensurar atitudes, com anlise de contedo quantitativo; observao;
testes padronizados e inventrios; instrumentos mecnicos e eletrnicos; entre
outros (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).
O questionrio, um conjunto de perguntas a respeito de uma ou mais
variveis que sero mensuradas, dever ser congruente com a formulao do
problema e a hiptese. Pode se apresentar com perguntas abertas e/ou fechadas,
sendo que a escolha por uma destas depende de quanto possvel antecipar as
possveis respostas e do tempo de que se dispe para codificar; por isso preciso
analisar varivel por varivel, de acordo com o estudo (SAMPIERI; COLLADO;
LUCIO, 2013).
A preparao composta por diversas etapas, cuja ordem no rgida,
podendo voltar a etapas prvias, para realizar ajustes antes de continuar o processo.
Icaza (2007) apresenta etapas para melhor elaborao:
1- Etapas de Conceitualizao: o objetivo refletir, planificar e projetar,
definindo: o que se quer medir (contedo); onde se quer medir (contexto);
a quem pretendemos medir (populao); como vamos medir
(administrao); para que queremos medir (aplicaes individuais -
pacientes ou populacionais); que tipo de medio queremos (genrica ou
especfica); funo (qual a capacidade de discriminar, descrever e predizer
o objeto de estudo); e, como deve ser o instrumento (determinar que
domnios, qual tamanho, qual comportamento psicomtrico esperado).
2- Etapas de Elaborao: momento para a criao dos itens, por domnio e
por instrumento, considerando: definio de perguntas: pesquisa prvia
sobre o assunto, opinies de experts, de pesquisadores e de indivduos no
grupo alvo; validao de contedo; formatao de perguntas: redao,
sistema de respostas e codificao dos mesmos; padronizao das
condies de aplicao ao pblico alvo; caracterizao dos domnios: qual
a melhor ordem de itens e dos domnios, testagem em grupo piloto
pequeno e anlise psicomtrica; e, modelao: ajustar nmero de itens
conforme a consistncia interna no grupo piloto inicial.
25
3- Etapa da Objetivao: o momento de testar o comportamento
psicomtrico, numa amostra com representao estatstica, traando a
avaliao da validade e confiabilidade; e, a anlise fatorial.
4- Etapa da Tipificao: momento de dar significado s diferentes
pontuaes e, se o instrumento permitir, estabelecer valores de referncia
populacionais.
5- Adaptao Cultural: Adequar o instrumento outra lngua e cultura,
considerando os elementos conceituais originais.
Alguns critrios so importantes e no podem ser negligenciados, devendo
ser observados a fim de minimizar os vieses. Os critrios explicitados foram
apresentados por Pasquali (2007); a saber:
Quadro 01: Descrio dos critrios para a construo do questionrio. CRITRIO DEFINIO
Comportamental O item deve expressar um comportamento, no uma abstrao
Simplicidade O item deve expressar uma nica ideia
Relevncia O item deve referir-se ao atributo que o define
Preciso O item deve possuir uma posio definida no atributo a que pertence e ser distinto dos demais itens
Clareza O item deve ser facilmente compreendido por todos os indivduos da populao-alvo, no havendo dualidade nas interpretaes
Variedade Os mesmos termos em todos os itens devem ser evitados, pois provoca monotonia, cansao e aborrecimento
Modalidade Formular frases que expressem situao circunstancial, condicional, e no expresses extremadas
Tipicidade O item deve ser construdo mediante as expresses referentes ao atributo
FONTE: PASCALLI (2007).
A observao desses critrios facilita a construo de questes mais
compreensveis, sem duplicidade de interpretao, devendo o pesquisador ter
cincia de que os fenmenos os quais est interessado em conhecer devem ser
traduzidos em conceito a ser medido e registrado de forma fidedigna.
2.5 PROPRIEDADES PSICOMTRICAS DE UM QUESTIONRIO
A fidedignidade o pr-requisito bsico para qualquer procedimento de
pesquisa e a validade a caracterstica mais importante que um instrumento deve
possuir, pois ela lida com o relacionamento dos dados obtidos e o propsito para o
qual eles foram coletados (MOREIRA, 2015). Assim, validar um instrumento alude a
26
um procedimento metodolgico, pelo qual analisada a qualidade de itens
relevantes, capazes de mensurar com coerncia o objeto de estudo, configurando-
se na caracterstica mais importante que um instrumento deve possuir (ALMEIDA;
SPNOLA; LANCAMAN, 2009).
A validade de constructo indica quantas dimenses esto presentes em uma
varivel e quais itens compem cada dimenso. Quando os itens no pertencem a
uma dimenso, isso significa que esto isolados e no mensuram o mesmo que os
demais itens, portanto devem ser excludos. um mtodo considerado complexo,
por causa dos clculos estatsticos, mas relativamente simples de ser interpretado
(SAMPIERE; COLLADO; LUCIO, 2013).
A validade de contedo se refere ao julgamento sobre o instrumento, cuja
validao se torna a maneira mais adequada disponvel ao pesquisador para
analisar instrumentos como questionrios e entrevistas. Para isso, tem-se duas
etapas: desenvolvimento do instrumento, que atende identificao do fenmeno
estudado, a produo dos itens e sua construo; e, o julgamento, no qual os
especialistas analisam a validade de contedo dos itens e do instrumento como um
todo, analisam o contedo, a apresentao, a clareza, a pertinncia e a
compreenso do instrumento, conferindo validade (MARTINS, 2006).
No existe consenso para a definio do nmero de profissionais
avaliadores que devem participar dessa fase; e a definio da amostra ficou a
critrio do pesquisador. Entretanto, quanto maior o nmero de avaliadores, maior a
discordncia e, quanto menor o nmero (inferior a trs) maior a chance de a
concordncia ser de 100% (MIRANDA; ARAJO; CASTRO, 2012).
Para a anlise dos dados provenientes da estratgia de validao de
contedo, tem-se trs possibilidades: ndice de Fidedignidade (reability) ou
concordncia interavaliadores (Interrater agrment IRA), que avalia a concordncia
entre os especialistas quanto representatividade e clareza dos itens em relao
ao contedo (RBIO et. al., 2003); ndice de Validade de Contedo IVC (Constent
Validity Index), que avalia a concordncia dos especialistas quanto
representatividade da medida em relao ao contedo abordado (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011); e, a Anlise pelo ndice de Validade Fatorial (Fatorial Validity Index),
que indica quantas dimenses esto presentes em uma varivel e quais itens
compem cada dimenso, ou seja, quando os itens no pertencem a uma dimenso,
27
isso significa que esto isolados e no mensuram o mesmo que os demais itens,
portanto devem ser excludos (SAMPIERE; COLLADO; LUCIO, 2013).
Acresce-se a essas possibilidades, a concordncia entre especialistas e o
coeficiente de kappa; sendo a primeira definida como o grau em que dois ou mais
avaliadores, utilizando a mesma escala de avaliao, fornecem igual classificao
para uma mesma situao observvel, uma medida da consistncia entre o valor
absoluto das classificaes dos avaliadores (MATOS, 2014), e a segunda, razo da
proporo de vezes em que os especialistas concordam com a proporo mxima
de vezes que os especialistas poderiam concordar. Este ltimo caso aplicvel,
quando os dados so categricos e esto em uma escala nominal (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011).
E, para anlise qualitativa, a Observao Sistemtica no Participante,
escolhida pela pesquisadora, a qual proporciona uma descrio estruturada de uma
tarefa ou verifica hipteses de causas para determinados fenmenos, em que o
observador sabe quais aspectos da atividade so importantes para o objetivo da
pesquisa, criando um roteiro especfico, antes do incio do levantamento de dados,
capaz de valorizar aspectos, como: comunicao (formas, freqncia, intensidade);
avaliao ou processo de feedback; tenso ambiental (existncia e formas de
reduo), entre outros (CARVALHO; SANTOS; RGO, 2015).
Podem ser verificadas, atravs desta, as diferentes reaes das pessoas
aos fatos: positivas, negativas, tentativas e questionamento; bem como o tempo, que
pode variar de alguns poucos minutos a vrias horas, dependendo do fenmeno que
se observa. E, o registro dever ser simples, rpido e econmico, considerando o
esquema formal de anotao dos dados, para a quantificao e anlise posterior. O
observador deve isentar-se, em relao s suas prprias crenas e julgamentos, de
modo que o autopoliciamento ser necessrio, para que o observador conduza uma
investigao mais equilibrada (CARVALHO, 2015).
28
III MTODO
3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA
Estudo transversal, descritivo e analtico, com pesquisa de campo junto s
Unidades de ESF da rea urbana, na cidade de Pau dos Ferros/RN, especificamente
o atendimento da equipe em SB. Estudo metodolgico baseado na abordagem
quantitativa e qualitativa, sendo a primeira com quantificao dos dados, a partir da
anlise estatstica, o que propiciou a elaborao, organizao, validao e avaliao
de instrumentos; e a segunda, por ser uma tentativa de captao dos significados a
determinados comportamentos apresentados pelos sujeitos da pesquisa (MINAYO,
2012).
3.2 POPULAO E AMOSTRA
Composta por 10 profissionais enfermeiros e cirurgies-dentistas para
avaliao do questionrio a ser validado. E uma metodologia especfica para
usurios, que prev a incluso de crianas/adolescentes/jovens, adultos e idosos,
sexos masculino e feminino, em atendimento odontolgico nas equipes de SB, como
mostra a Tabela 3.
Tabela 03 Atendimento Odontolgico Programa Sade da Famlia / PSF, no Municpio de Pau dos Ferros em 2014. UNIDADES - Centro de Sade
J A N.
F E V.
M A R.
A B R.
M A I.
J U N.
J U L.
A G O
S E T.
O U T.
N O V.
D E Z.
TOTAL
Joo XXIII 13 25 18 27 24 15 14 10 58 66 28 0 298 Cleodon Carlos de Andrade
90 40 53 306 20 30 20 10 30 20 20 20 659
Pedro Digenes 30 30 62 234 367 50 70 0 60 40 30 6 979 Pau dos Ferros 101 21 21 26 0 93 92 0 23 35 14 19 445 Me Cristina 41 73 53 33 31 85 75 32 54 37 46 33 593 Vereadora Joana
15 0 0 0 0 0 6 7 - - - - 28
Caetano Bezerra
0 60 44 175 0 58 0 0 20 31 50 0 438
Vereador Joo Queiroz
5 0 35 30 18 21 13 15 28 36 12 12 225
Maria Lucicleide 0 0 0 0 0 - - - - - - - - TOTAL 295 249 286 831 460 352 290 74 273 265 200 90 3.665
Fonte: SIAB - Sistema de Informao de Ateno Bsica Secretaria de Assistncia a Sade / DAB DATASUS, Secretaria Municipal de Sade (2015).
29
Devido grande divergncia entre os especialistas quanto aos critrios de
agrupamento etrio, optou-se por agrupar crianas (at 11 anos de idade) e
adolescentes (12 a 18 anos de idade), segundo o que preconiza o Estatuto da
Criana e do Adolescente (Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990), e idosos (60 anos
ou mais de idade), consoante o Estatuto do Idoso (Lei n 10.741 de 01 de outubro de
2003), contudo, agruparam-se na categoria adulto as pessoas com idade entre 19 a
59 anos de idade.
Assim, de acordo com Mattar (2005), tem-se: Clculo do tamanho da
amostra para populao finita, no qual, para determinar o tamanho necessrio de
pacientes, prosseguiu-se calculando o tamanho da amostra para populaes,
utilizando a seguinte frmula:
( )
Onde:
N = Tamanho da Populao; no caso deste estudo a populao composta
de 3.665 elementos.
Z = Nvel de confiana escolhido a 95% igual a 1,96.
p = proporo com a qual o fenmeno se verifica. Foi utilizado um valor p =
0,50. Segundo Mattar (2005), se no h estimativas prvias para p, admite-se
0,50, obtendo-se assim, o maior tamanho de amostra possvel.
q = (1-p) a proporo da no ocorrncia do fenmeno.
e = erro amostral expresso na unidade varivel. O erro amostral a mxima
diferena que o investigador admite suportar entre a verdadeira mdia
populacional. Nesta pesquisa, foi admitido um erro mximo de 0,05.
Transcrevendo os valores descritos para a frmula, tem-se o seguinte calculo
de amostra:
( )
Desse modo, o clculo da amostra foi de 348 questionrios e, quando
consideradas as perdas, foram acrescidos em 15%, totalizando 400 questionrios,
30
que foram coletados no perodo de 5 meses, em dias teis, nos meses de outubro
de 2015 a fevereiro 2016, ultrapassando o perodo estimado para a coleta de dados,
que foi de 3 meses.
Para os avaliadores enfermeiros e cirurgies-dentitas, foi solicitado a
participao de 17 profissionais, porm, apenas 10 profissionais, 5 dentistas e 5
enfermeiros, se disponibilizaram. Como critrios de incluso, estabeleceu-se: a
qualificao em doutores ou mestres; e experincias com pesquisas de validao de
instrumentos e/ou conhecimentos acerca de cuidados polticos e assistenciais da PA
ou procedimentos odontolgicos. Foram excludos aqueles que estavam de frias ou
em gozo de licena, no momento da coleta dos dados. Lembrando que os mesmos
foram selecionados e analisados aleatoriamente, a partir do currcullum lattes.
Em se tratando da incluso dos usurios, os mesmos deveriam estar na sala
de espera, aguardando o atendimento odontolgico, e no caso dos menores de
idade, estes deveriam estar acompanhados pelos pais ou responsveis. Ambos
teriam que permitir a verificao da PA antes, durante e aps o procedimento, bem
como esclarecer dvidas aps o atendimento, quando necessrio. Na oportunidade,
foram excludos aqueles que apresentaram algum comprometimento de ordem
psicolgica e dolorosa, aps o procedimento, por dificultar as respostas e sua
credibilidade.
Desse modo, a pesquisa envolveu um total de 450 participantes, 10
especialistas, e quanto aos usurios, tem-se 40 para a realizao do pr-teste, 200
para a anlise fatorial exploratria (AFE) e 200 para a anlise fatorial confirmatria
(AFC).
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS
O instrumento de validao e coleta de dados foi organizado com base em
domnios, provenientes da reviso de literatura sobre a relao entre a ansiedade e
o atendimento odontolgico, associado aos fatores de riscos para alteraes da PA,
como mostra o Quadro 2. O questionrio foi organizado com perguntas fechadas,
alternativa nica para cada resposta, facilitando o trabalho do pesquisador e a
tabulao dos dados.
31
Quadro 2 Domnios referentes s questes do questionrio.
DOMNIOS N DA PERGUNTA
Sade 1, 3, 4, 5, 7, 18 e 20 Manejo da Presso Arterial 2, 11, 12, 13, 15, 16 e 17 Atividade Fsica 14, 21, 22, 23, 24 e 25 Alimentao 26, 27, 28, 29 e 30 Tabagismo 31, 32, 33, 34 e 35 lcool 36, 37, 38, 39 e 40 Procedimento Odontolgico 44, 45, 46, 47 e 50 Ansiedade 6, 8, 9, 10, 19, 42 e 43 Dor 41, 48 e 49
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
No caso dos especialistas, o instrumento foi composto por um quadro
demonstrativo com requisitos e critrios de anlises, a fim de avaliar cada um dos
itens. Assim, houve pertinncia terica (a questo relevante e atende finalidade
proposta), consistncia (o contedo representou profundidade suficiente para a
compreenso da questo), clareza (expressou de forma clara, simples e inequvoca),
objetividade (permitiu resposta pontual), simplicidade (o item expressou ideia nica)
e vocabulrio (as palavras escolhidas sem gerar ambiguidades). As notas foram
emitidas em uma escala de 0 a 10, de modo que o 10 excelente.
A avaliao aconteceu a partir da Adequao e Inadequao, sendo que no
caso da ltima, solicitou os motivos e, quando possvel, as sugestes para
alteraes. Lembrando que foi considerada como adequada opo que preencheu
todos os requisitos e critrios analisados.
J para os usurios, na condio de pr-teste, a avaliao aconteceu com
as palavras Compreendi e No Compreendi a questo, no sentido de esclarecer
dvidas em relao a adequao cultural. E, para a AFE e AFC a codificao partiu
de uma escala de 0 a 6, com as opes: no se aplica, no sei, nunca, raramente,
s vezes, quase sempre, sempre, para atender s variadas respostas possveis de
cada item, sendo estes orientados a no deixarem nenhuma pergunta sem resposta.
Para melhor entendimento, foi elaborado um fluxograma, Figura 01, no
sentido de visualizar todo o processo.
Figura 1: Fluxograma da construo do questionrio
Pesquisa Bibliogrfica e experincia com profissionais e usurios
32
E, o instrumento de observao sistemtica no participante (APENDICE A)
foi estruturado e planejado com base em critrios cientficos colhidos, tambm, na
reviso de literatura. Para isso, procurou-se considerar: por que observar; para que
observar; como observar; o que observar; e quem observar (CARVALHO, 2015);
proporcionando a visualizao das manifestaes espontneas de cada usurio, no
ELABORAO DO QUESTIONRIO (Questionrio em Verso Inicial)
Anlise de Contedo
Teste com Juzes Re-teste com Juzes Intervalo de 20 dias
Adequao com as sugestes dos juzes
Aplicao com o pblico de 40 usurios para Adequao Cultural
Readequao com as sugestes dos usurios
Anlise Fatorial Exploratria e consistncia do instrumento com 200 usurios.
Na oportunidade foram verificadas a PA de cada usurio para avaliar o antes,
durante e aps o procedimento odontolgico.
Anlise Fatorial Confirmatria com 200 usurios para validao individual
fatores/domnios e o ajustamento global do modelo.
INSTRUMENTO FINAL
Reorganizao e reduo das variveis observadas em um menor nmero de
fatores/domnios, capaz de mensurar e avaliar a PA no atendimento odontolgico
com um menor nmero de questes possveis.
33
materializado no questionrio, de modo a permitir uma anlise comportamental com
sintomatologias relacionadas alterao da PA.
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
O estudo iniciou-se a partir do parecer favorvel do Comit de tica e
Pesquisa (CEP), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN),
certificado pelo nmero: 1.210.827 (ANEXO A), respeitando as recomendaes da
Resoluo 466/12, do Conselho Nacional de Sade (CNS) e suas complementares,
como forma de garantir o consentimento dos respondentes, a confidencialidade e o
anonimato das respostas; o que foi formalizado a partir de sua autorizao para a
coleta e divulgao dos dados, uma vez que imprescindvel preservar os direitos e
a dignidade dos participantes da pesquisa.
O contato com os especialistas participantes ocorreu por meio do correio
eletrnico, com o envio de uma carta-convite, apresentando, em linhas gerais, a
proposta da pesquisa, bem como solicitando a participao destes, na anlise do
questionrio (APENDICE B) direcionado avaliao da PA, no atendimento
odontolgico. Assim, os dez que confirmaram sua participao receberam o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o questionrio em fase inicial. Foi
orientado aos participantes a leitura e assinatura do TCLE, bem como a apreciao
do questionrio, assinalando cada questo, no espao correspondente, seguindo a
orientao: se Adequada (A) se Inadequada (I), para cada item do instrumento;
acrescentando ainda sugestes, quando necessrias.
Os dados obtidos, nesse primeiro momento, foram processados e
analisados, subsidiando a (re)construo do questionrio, na qual foi utilizada a
tcnica do teste e reteste, em que o instrumento foi aplicado duas vezes a um
mesmo grupo de especialistas, depois de um intervalo de 20 dias entre as
aplicaes. Na primeira anlise, foram aceitas as sugestes e, assim, realizadas as
alteraes; em seguida, os participantes foram submetidos segunda verso do
questionrio (APNDICE C), com os mesmos critrios estabelecidos na etapa
anterior, porm com a apresentao dos domnios, que at ento no tinham sido
divulgados.
Aps o questionrio ser validado junto aos especialistas, foi desenvolvido um
teste piloto com 40 usurios, que corresponde a 10% da amostra, sendo a cidade de
34
Taboleiro Grande/RN o local para o teste, tendo em vista que os usurios no
deveriam se repetir na pesquisa original; isso para testar a adequao cultural e
assim proporcionar questes claras e compreensivas. A aplicao aconteceu na sala
de espera para o atendimento odontolgico, no sentido de averiguar a existncia de
dvidas quanto compreenso ou no das perguntas, sob a presso do mesmo
cenrio das expectativas odontolgicas, associada ou no as emoes.
Para isto, os usurios deveriam assinar o TCLE e responder ao questionrio
(APNDICE D) resultante da avaliao dos especialistas, marcando os espaos
correspondentes para Compreendi ou No compreendi; em se tratando da ltima,
foi solicitadas sugestes para superar a no compreenso da pergunta.
Considerando a AFE os participantes responderam o questionrio
(APNDICE E), resultante das avaliaes dos especialistas e 10% dos usurios.
Estes foram respondidos em escala de resposta de sete pontos, tipo Likert, com
extremos 0 (nenhuma importncia ) e 6 (totalmente importante).
A AFC aconteceu a partir do questionrio (APNDICE F) modificado na
AFE, com nmero reduzido de perguntas, mas com correlaes existentes entre as
variveis (itens/questes), as quais constituem o questionrio validado. (APNDICE
G).
A pesquisa de campo foi operacionalizada nos espaos da ESF, aps a
autorizao da Secretaria Municipal de Sade e de gerentes das unidades, expressa
por meio de Cartas de Anuncia, o que permitiu a permanncia da pesquisadora e
da colaboradora, outra enfermeira que auxiliou na aplicao dos questionrios
durante o perodo da coleta.
Os dados foram coletados, junto ao pblico alvo, por meio da aplicao
individual do questionrio, ocasio em que este foi apresentado e solicitado a
assinatura do TCLE no caso dos adolescentes, adultos e idosos em geral, e Termo
de Assentimento Livre e Esclarecido no caso os menores de idade, acompanhados
pelos pais ou responsveis. Assim, em comunicao com as partes envolvidas, foi
explicitada a importncia em responder as perguntas do questionrio e a autorizao
das verificaes da PA, com um aparelho de presso digital automtico MA100 (G-
Tech), tanto adulto quanto infanto-juvenil (aprovado pela Sociedade Brasileira de
Cardiologia e Hipertenso). Este procedimento de verificao da PA ocorria na sala
de espera, imediatamente antes de adentrar no consultrio, durante o procedimento
35
no consultrio odontolgico e, na sada do paciente, aps o procedimento,
novamente na sala de espera.
3.5 PROCEDIMENTO DE ANLISE QUALITATIVA
A anlise descritiva, com pesquisa realizada no perodo de outubro a
dezembro de 2015, com 200 usurios, que tambm foram fonte de dados para AFE.
Tem-se como instrumento a observao sistemtica no participante, formalizado no
sentido de conhecer a assistncia em SB: os profissionais responsveis pela equipe;
a sistematizao da valorizao do ambiente; ordem de chegada para atendimento;
orientaes sobre a sade bucal; participao ativa dos usurios, durante o
desenvolvimento das aes, incluindo a comunicao e feedback; demonstraes
de ansiedade e de dor pelo usurio; e o seu direcionamento para a sada da
unidade, com a identificao de algumas necessidades, para possveis estratgias,
solues e melhor forma em atend-los.
Foi realizada uma pesquisa na Biblioteca Virtual em Sade (BVS) sobre a
avaliao da PA no atendimento odontolgico, no sentido de entender as
manifestaes e fatores de riscos que, associados ansiedade, interferem na
consolidao dos nveis pressricos, atribuindo significado s situaes.
As premissas para a discusso da anlise qualitativa tiveram como base os
estudos de Minayo (2012), e so apresentadas em forma de declogo:
1- Foi composta por um conjunto de substantivos cujos sentidos se
complementaram: experincia, vivncia, senso comum e ao, baseando-se
nos verbos: compreender, interpretar e dialetizar.
2- O objeto foi definido sob a forma de uma sentena problematizadora,
norteando as pesquisadoras, durante todo o percurso do trabalho, para o
delineamento adequado do objeto no tempo e no espao.
3- As estratgias de campo foram delineadas com base no roteiro com
orientaes para a observao de campo.
4- A insero ao cenrio de pesquisa se deu no intuito de se observar os
processos que nele ocorrem, sem pretenses formais; de modo a ampliar o
grau de segurana em relao abordagem do objeto, buscando uma
sintonia entre o quadro terico e os primeiros influxos da realidade.
36
5- As visitas ao campo foram munidas de teoria e hipteses, no sentido de
question-las, buscando informaes previstas ou no no roteiro inicial.
6- O material secundrio e o material emprico foram impregnados com as
informaes e observaes, investindo-se na compreenso do material
trazido do campo, e dando-lhe valor, nfase, espao e tempo.
7- Construiu-se a tipificao do material recolhido no campo e fez-se a transio
entre a empiria e a elaborao terica, no sentido de no contamin-lo com
uma interpretao precipitada.
8- A compreenso, propiciada por leitura atenta e aprofundada, deu origem s
unidades de sentido: SB; ocorrncias durante as atividades; ansiedade
odontolgica; responsabilizao com o cuidado; educao em SB; e,
qualidade da assistncia.
9- Foi possvel produzir um texto ao mesmo tempo fiel aos achados do campo,
contextualizado e accessvel.
10- Assegurou-se os critrios de fidedignidade e de validade.
3.6 PROCEDIMENTO DE ANLISE ESTATSTICA DOS DADOS
Os dados foram expressos em mdia e desvio padro, bem como valores
mnimos, mximos, frequncia simples e porcentagem, obtidos atravs do programa
estatstico Statistical Package for Social Science (SPSS), verso 20.0 (SPSS. Inc,
Chicargo, IL, EUA).
Primariamente, o instrumento que avalia a PA na assistncia odontolgica
foi submetido validao de contedo com especialistas, mestres e doutores na
rea, obtendo-se o ndice de concordncia (IC), a qual mede a proporo ou
porcentagem dos especialistas concordantes sobre os aspectos (vocabulrio,
relevncia terica da questo, adequabilidade, clareza) do instrumento
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Valores acima de 80% indicaram pertinncia e boa
qualidade do item.
A concordncia entre especialistas acerca das questes do questionrio foi
feita atravs do ndice Kappa, no caso dos dados qualitativos; e coeficiente de
correlao intraclasse, no caso dos dados quantitativos. O questionrio tambm foi
reaplicado (teste-reteste), sendo este avaliado por mtodo, citado anteriormente,
para a avaliao da reprodutibilidade do instrumento.
37
Aps a validao do instrumento pelos especialistas, o estudo enfatizou os
profissionais de sade da ESF, com cuja equipe se realizou um pr-teste, atingindo
10% da populao alvo, no participante da amostra final, para detectar possveis
falhas de entendimento das questes. Com este se promoveu a identificao da
estrutura relacional dos itens do questionrio (validade do construto), bem como, se
buscou identificar os fatores que influenciam no aumento da PA no atendimento
odontolgico, a AFE com extrao dos fatores pelo mtodo de componentes
principais, seguido de rotao Varimax e normalizao Kaiser. Foi avaliada, tambm,
a consistncia interna do instrumento por meio do Alfa de Cronbach.
Para investigar com maior rigor a adequao do modelo, realizou-se AFC
atravs do programa estatstico IBM AMOS, verso 22.0, com mtodo de estimao
Maximum Likelihood, tendo em vista indicadores de qualidade de ajuste: ndice de
Tucker-Lewis (TLI), ndice de ajuste comparativo (CFI), ndice de ajuste normado
(NFI), ndice de ajuste incremental (IFI), bem como Raiz do Erro Quadrtico mdio
(RMSEA) Razo /gl (graus de liberdade) e ndice de qualidade do ajuste (GFI).
Valores a partir de 0,90 foram considerados satisfatrios para TLI, CFI, NFI, IFI. Para
RMSEA, valores abaixo de 0,08 foram considerados excelentes ajustes. Para a
Razo /gl, valores abaixo de 5,0 foram considerados indicadores de bom
ajustamento do modelo (HAIR; et al., 2005).
Para identificar a associao da elevao da presso sangunea frente a
variveis estudadas no instrumento, os dados foram digitados em planilha eletrnica
e em seguida codificados, calculados odds ratio, intervalo de confiana a 95% e
significncia pelo teste de qui-quadrado ou exato de Fisher; este ltimo utilizado,
quando as frequncias esperadas foram inferiores a 5. Em seguida, foi elaborado
um modelo de regresso logstico, com a finalidade de verificar a influncia mtua
das variveis.
Por fim, diferena estatstica entre variveis relacionadas a PA dos
indivduos, antes, durante e aps procedimento odontolgico, foram obtidas por
Friedman. O nvel de significncia estabelecido ser de p< 0,05.
38
IV RESULTADOS E DISCUSSO
A construo do questionrio envolve saberes relacionada aos usurios, de
forma geral, com destaque para a sade e seu comportamento individualizado. Isso
porque h um conjunto de fatores que esto associados evoluo e agravo da PA,
conhecidos como fatores de risco, quais, segundo as VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertenso Arterial, so: idade, sexo/gnero e etnia, fatores socioeconmicos,
ingesto de sal, excesso de peso e obesidade, ingesto de lcool, gentica e
sedentarismo; alm desses, alguns autores acrescentam o tabagismo e a no
adeso ao tratamento (MACHADO; PIRES; LOBAO, 2012).
Com isso, esta investigao dever ter como base o conhecimento dos
fatores de riscos na vida dos usurios, para elaborao de intervenes coerentes
com os comportamentos manifestos e incentivos para hbitos saudveis, nos quais
as aes educativas tero responsabilidades para o desenvolvimento da autonomia,
no sentido de proporcionar ao usurio o compartilhamento de informaes e o poder
da escolha.
4.1 VALIDAO DE CONTEDO
4.1.1 CARACTERIZAO DOS AVALIADORES ENFERMEIROS E CIRURGIES-
DENTISTAS
Os especialistas, um total de 17 profissionais, sendo 11 dentistas e 6
enfermeiros, foram convidados, a participarem da pesquisa. Deste total, 10
aceitaram e participaram de o todo processo de avaliao do questionrio, sendo
50% Enfermeiros e 50% CD; 50% masculinos e 50% femininos; 50% cuja titulao
mxima o mestrado, e outros 50% com doutorado - lembrando que alguns tm
experincia em docncia, e outros tem prtica na ateno bsica, respeitadas as
suas especificidades da formao. A idade mdia foi ( desvio padro) 31,27 (
8,12) anos e tempo de experincia mdia de 9,4 ( 8,07) anos.
4.1.2 AVALIAO COM OS ESPECIALISTAS
39
Para calcular o IVC geral do instrumento foi realizada a soma de todos os
IVC calculados separadamente, cujo resultado foi dividido pelo nmero de itens,
considerando o ndice mnimo de 0,75, tanto para avaliao de cada item quanto
para avaliao geral do instrumento; como mostra a Tabela 4.
Tabela 4 Julgamento dos especialistas (n=10) sobre itens do checklist da avaliao da PA no tratamento odontolgico, Pau dos Ferros-RN, 2015.
N Itens
Julgamento
IVC Kappa Adequado Adequado
c/ alteraes
N (%) N (%)
Q1 Sua Sade considerada boa? 06 54,5 05 45,5 0,54 0,444 Q2
Faz uso de medicamento para controle da presso arterial?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q3
Em algum momento de sua vida, fez uso de insulina?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q4 O colesterol alto te preocupa? 10 90,9 01 9,1 0,91 0,894 Q5
Em exames laboratoriais, o triglicerdeo (gordura no sangue) j esteve alto?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q6
Nos ltimos 30 dias, percebeu seu corao bater mais forte e mais rpido?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q7
Gosta de tomar remdios para prevenir doenas?
07 63,6 04 36,4 0,64 0,462
Q8
Fica apreensivo s de imaginar uma doena?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q9 No dia a dia, tem dificuldade para relaxar? 10 90,9 01 9,1 0,91 0,894 Q10
Diante dos acontecimentos, preocupa-se com facilidade?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q11
Tem o hbito de verificar sua presso regularmente?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q12
Realiza consulta mdica para acompanhar a presso arterial?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q13
Nos ltimos anos, recebeu alguma informao sobre Presso Arterial?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q14
Nas atividades dirias, tem ficado cansado e sem foras?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q15 Quando fica nervoso, sua presso sobe? 11 100,0 - - 1,0 1,0 Q16
J percebeu algum inchao nos ps/tornozelos?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q17
Tem notado adormecimento ou formigamento em alguma parte do corpo?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q18
Tem insnia que chega a incomodar durante a noite?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q19
Nos ltimos dias, ficou apreensivo ou angustiado por alguma razo?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q20
J procurou um pronto-socorro devido algum aperto no peito?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q21 Tem uma vida sem atividade fsica? 10 90,9 01 9,1 0,91 0,894 Q22
Utiliza carro ou moto para deslocamento de pequena distncia?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q23
Faz atividade fsica sem o acompanhamento de um profissional capacitado?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q24
Faz uso de algum energtico para manter as atividades fsicas?
11 100,0 - - 1,0 1,0
40
Q25
Em 24h voc permanece mais de 8h sentado?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q26
A sua alimentao tem como base, doces, carnes vermelhas e refrigerantes?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q27 Tem o hbito de ingerir alimentos salgados? 10 90,9 01 9,1 0,91 0,894 Q28
Come frituras e/ou alimentos com conservantes?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q29
Substitui a gua por refrigerantes e/ou sucos encaixados?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q30
Faz dietas para emagrecer sem acompanhamento com um nutricionista?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q31 Fuma? 11 100,0 - - 1,0 1,0 Q32
Na sua casa ou no trabalho, h algum que fuma?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q33
Quando est preocupado, sente vontade de fumar?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q34
Sente dificuldade para respirar quando est em local com fumantes?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q35
Em algum momento de sua vida, precisou fazer uso de oxignio artificial?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q36 J bebeu alguma bebida com lcool? 11 100,0 - - 1,0 1,0 Q37
A bebida alguma vez interferiu no seu modo de ser e de agir?
08 72,7 03 27,3 0,73 0,538
Q38
Aps a ingesta de bebida alcolica, j sentiu algum desconforto em relao sade?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q39
Alguma vez sentiu que deveria diminuir a ingesta de bebida alcolica?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q40
Na famlia/casa existe algum que bebe e proporciona momentos desagradveis?
08 72,7 03 27,3 0,73 0,538
Q41
Quando sente dor no dente, logo procura o dentista?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q42 Fica ansioso quando vai ao dentista? 11 100,0 - - 1,0 1,0 Q43
Na sala de espera, enquanto aguarda sua vez, fica tenso?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q44
Costuma perguntar ao dentista sobre o procedimento a ser realizado?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q45
Tem medo quando o dentista aplica a anestesia local?
11 100,0 - - 1,0 1,0
Q46
Durante o procedimento, sente-se receoso, como algo terrvel estivesse para acontecer?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q47
Fica apreensivo sobre se o tratamento vai resolver o seu problema?
10 90,9 01 9,1 0,91 0,894
Q48
Para o procedimento odontolgico, o limiar (grau) de dor voc considera de forte intensidade?
07 63,6 04 36,4 0,64 0,462
Q49
O procedimento odontolgico traumatizante (doloroso)?
09 81,8 02 18,2 0,82 0,783
Q50
Em casa, tem cuidados especiais, devido o procedimento odontolgico?
08 72,7 03 27,3 0,73 0,538
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
No processo de julgamento dos itens que compem o checklist da avaliao
da PA no tratamento odontolgico, de um total de 50 itens, 6 foram avaliados como
inadequados (Q1; Q7; Q37; Q40; Q48 e Q50) pelo fato de o ndice de
adequabilidade ser inferior aos estabelecidos como satisfatrios, ou seja, no
41
tiveram concordncia dentro do nvel estabelecido (IVC > 0,75 e Kappa > 0,61), e
assim foram excludos, para evitar enfraquecimento do instrumento.
Em se tratando do ndice de concordncia perfeito (IVC=1,00; Kappa= 1,00)
foram obtidos 17 itens. No Quadro 3, so apresentados: os itens avaliados como
adequado com alteraes; os requisitos relacionados ao problema; as sugestes
para melhoria; a definio para aceitao ou no das sugestes; e a pergunta
reformulada para a segunda avaliao.
Quadro 3 Sugestes dos especialistas acerca dos itens considerados adequados com alteraes para avaliao da PA no atendimento odontolgico. Pau dos Ferros-RN, 2015.
Itens Questo Analisada
Requisitos Avaliados
Sugestes dos Especialistas Aceitao Questo Reformulada
Q3 Em algum momento de sua vida, fez uso de insulina?
Consistncia; Vocabulrio.
- Esclarecer o que insulina. - Perguntar se o paciente utiliza insulina no presente momento.
SIM
Em algum momento de sua vida, fez uso de insulina para baixar o acar no sangue?
Q4 O colesterol alto te preocupa?
Vocabulrio - Esclarecer o que colesterol (referenciar como taxa alta de gordura no sangue).
SIM
O colesterol (gordura no sangue) alto de preocupa?
Q5 Em exames laboratoriais, o triglicerdeo j esteve alto?
Simplicidade; Vocabulrio.
- Esclarecer o triglicerdeo (taxa de massa no sangue). - Retirar o termo laboratoriais.
SIM
Em exames, o triglicerdeo (massa no sangue) j esteve alto?
Q8 Fica apreensivo s de imaginar uma doena?
Clareza; Simplicidade; Vocabulrio.
- Usar preocupado em vez de apreensivo.
SIM
Fica preocupado s de imaginar uma doena?
Q9 No dia a dia, tem dificuldade para relaxar?
Pertinncia - Uma nica pergunta sobre o nvel de estresse no cotidiano j suficiente para contemplar a resposta da pergunta que a pesquisa prope.
NO
-
Q10 Diante dos acontecimentos, preocupa-se com facilidade?
Consistncia; Clareza; Simplicidade; Objetividade; Vocabulrio.
- Dos acontecimentos muito amplo; - Sugiro: preocupa-se facilmente com os acontecimentos.
SIM
Preocupa-se facilmente com os acontecimentos?
Q13 Nos ltimos anos, recebeu alguma informao sobre Presso Arterial?
Clareza; Simplicidade.
- Especificar o que seria essa informao - Sugiro mudar para orientaes de controle da presso arterial.
SIM
Nos ltimos anos, recebeu alguma orientao sobre a presso arterial?
Q18 Tem insnia que chega a incomodar durante a noite?
Clareza; Simplicidade; Vocabulrio.
- Definir Insnia. Tem falta de sono que chega a incomodar durante a noite?
Q19 Nos ltimos dias, ficou apreensivo ou angustiado
Persistncia; Consistncia; Clareza; Objetividade;
- Possivelmente boa parte das pessoas dir sim a essa pergunta; - Usar preocupado em vez
SIM
Nos ltimos dias ficou preocupado ou angustiado por alguma razo?
42
por alguma razo?
Vocabulrio. de apreensivo.
Q20 J procurou um pronto-socorro devido algum aperto no peito?
Vocabulrio - Poderia acrescentar dor/aperto no peito - Usar o termo hospital, pois em alguns lugares no comum o termo pronto-socorro.
SIM
J procurou o hospital devido alguma dor ou aperto no peito?
Q21 Tem uma vida sem atividade fsica?
Consistncia; Clareza; Objetividade; simplicidade; Vocabulrio.
- Est muito subjetivo, sobre o que seria uma vida sem atividade fsica. - A pergunta Voc pratica alguma atividade fsica regularmente? Expressa um discurso mais direto. - Sugiro: realiza alguma atividade fsica?
SIM
Realiza alguma atividade fsica?
Q22 Utiliza carro ou moto para deslocamento de pequena distncia?
Clareza; objetividade.
- Pode no ficar claro o que pequena distncia. Seria melhor expressar essa distncia em metros ou quilmetros.
SIM
Utiliza carro ou moto para deslocamento de pequena distncia como 500 metros?
Q26 A sua alimentao tem como base, doces, carnes vermelhas e refrigerantes?
Clareza; Objetividade; Simplicidade; Vocabulrio.
- Muito subjetivo sobre o que seria base. Deve ser mais especfico. - A questo traz vrios itens em uma nica pergunta. A pessoa pode fazer uso de carnes vermelhas e no de doces, por exemplo, e esse formato pode induzir sempre a resposta NO.
SIM
Em sua alimentao, costuma comer alimentos ricos em aucares?
Q27 Tem o hbito de ingerir alimentos salgados?
Clareza; Simplicidade; Vocabulrio.
- Use comer em vez de ingerir.
SIM
Tem o hbito de comer alimentos salgados?
Q28 Come frituras e/ou alimentos com conservantes?
Clareza - Talvez seja preciso explicar ao paciente o que alimento com conservante a depender do seu grau de instruo.
SIM
Come frituras?
Q29 Substitui a gua por refrigerantes e/ou sucos encaixados?
Consistncia; Clareza; objetividade; vocabulrio.
- Os participantes diro que no. Pois todos bebem gua em algum momento do dia. - Se a ideia questionar o quanto ele consome tais lquidos, no necessariamente h a substituio de um pelo outro. Portanto, acredito ser possvel redigir de forma mais clara.
SIM
Nos intervalos das refeies principais, voc substitui a gua por refrigerantes e/ou sucos encaixados?
Q30 Faz dietas para emagrecer sem acompanhamento com um nutricionista?
Clareza - Precisa melhorar a organizao. Da forma como est induz a resposta.
SIM
Faz dieta para emagrecer acompanhado por um nutricionista?
Q32 Na sua casa ou no
Persistncia; Consistncia.
- No est claro a relao terica do hbito de um
-
43
trabalho, h algum que fuma?
habitante do mesmo lar com PA do entrevistado.
NO
Q33 Quando est preocupado, sente vontade de fumar?
Consistncia - prefervel um questionamento acerca de o paciente fumar ou se ele percebe o fumo interferindo na sua sade. - Questionamento subjetivo.
NO
-
Q34 Sente dificuldade para respirar quando est em local com fumantes?
Consistncia
NO
-
Q38 Aps a ingesta de bebida alcolica, j sentiu algum desconforto em relao sade?
Clareza; simplicidade; Vocabulrio.
- A pergunta deixa margem para respostas muito abertas. - Use tomar em vez de ingesta.
SIM
Aps tomar bebida alcolica, j sentiu algum desconforto em relao sade?
Q39 Alguma vez sentiu que deveria diminuir a i