conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa...

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Conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa enunciação Getting started with prosody crucial theoretical and methodological aspects of the sound component that shapes our utterances Plínio A. Barbosa Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Resumo O trabalho tem a finalidade de apresentar aspectos teóricos e metodológicos da área de prosódia da fala para servir de ponto de partida para o pesquisador iniciante. A partir da significação platônica do termo “prosódia” desenvolve as acepções ligadas ao termo na pesquisa científica contemporânea, apresentando noções como proeminência, fronteira prosódica, acento frasal, grupo acentual, foco, ênfase, entoação e ritmo. Aspectos metodológicos da área como a montagem de corpora de fala de laboratório com relação com a fala espontânea, a normalização da duração silábica e a diferenciação da prosódia na produção da prosódia na percepção da fala são discutidos com o fim de apresentar algumas questões de relevo para a área de pesquisa. Palavras-chave Prosódia, Experimentação, Entoação, Ritmo.

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Plínio Barbosa - Conhecendo melhor a prosódia:aspectos teóricos e metodológicosdaquilo que molda nossa enunciação

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  • Conhecendo melhor a prosdia:

    aspectos tericos e metodolgicos

    daquilo que molda nossa enunciao

    Getting started with prosody crucial theoretical andmethodological aspects of the sound component thatshapes our utterances

    Plnio A. BarbosaUniversidade Estadual de Campinas - UnicampUniversidade Estadual de Campinas - UnicampUniversidade Estadual de Campinas - UnicampUniversidade Estadual de Campinas - UnicampUniversidade Estadual de Campinas - Unicamp

    Resumo

    O trabalho tem a finalidade de apresentar aspectos tericos emetodolgicos da rea de prosdia da fala para servir de ponto departida para o pesquisador iniciante. A partir da significaoplatnica do termo prosdia desenvolve as acepes ligadas aotermo na pesquisa cientfica contempornea, apresentando noescomo proeminncia, fronteira prosdica, acento frasal, grupoacentual, foco, nfase, entoao e ritmo. Aspectos metodolgicosda rea como a montagem de corpora de fala de laboratrio comrelao com a fala espontnea, a normalizao da durao silbicae a diferenciao da prosdia na produo da prosdia na percepoda fala so discutidos com o fim de apresentar algumas questesde relevo para a rea de pesquisa.

    Palavras-chave

    Prosdia, Experimentao, Entoao, Ritmo.

  • BARBOSA12

    Abstract

    This work aims at presenting some theoretical and methodologicalaspects of prosody research to newcomers. The work gives thePlatonic origin of the word prosody from which thecontemporary meanings developed, to include notions such asprominence, prosodic boundary, phrase stress, stress group, focus,emphasis, intonation and rhythm. Selected methodological aspectsare shown, such as the construction of corpus, the relationshipbetween lab and spontaneous speech, syllabic duration normalization,and the difference between the notions attached to prosodyproduction and perception. From these aspects some crucial issuesin speech prosody are discussed.

    Keywords

    Prosody, Experimentation, Intonation, Rhythm.

  • Rev. Est. Ling., Belo Horizonte, v. 20, n. 1, p. 11-27, jan./jun. 2012 13

    O1. Introduo: o que a prosdia?1. Introduo: o que a prosdia?1. Introduo: o que a prosdia?1. Introduo: o que a prosdia?1. Introduo: o que a prosdia?

    termo prosdia se orgina da palavra bimorfmica grega pros-wdia,utilizada pela primeira vez na Repblica de Plato na expressophthongous te kai proso#dias (LIDDEL; SCOTT; JONES, 1996, p. 399a)

    para opor o contedo segmental s variaes meldicas presentes em formas denarrar por imitao. Essas variaes meldicas so comparadas no texto platnicoa narraes imitativas semelhantes ao canto ou em sintonia com o canto (pros= em direco a, junto com, wdia = canto). Na Repblica, Scrates condena essasnarrativas pela possibilidade de corromperem a imagem que os jovens tinham depersonagens clebres, como heris de guerra. Mais tarde identificada na poesia scaractersticas quantitativas e meldicas da versificao, acaba recebendo um carternormativo, associado a ou incluso em regras da boa pronncia ou ortopia. NaLingustica, o termo prosdia receber um sentido especializado (DUCROT;TODOROV, 1972, p. 228).

    Definida pelos estruturalistas e funcionalistas, num primeiro momento,de forma negativa, como todos os fatos de fala que no entram no quadrofonemtico, isto , aqueles que no concernem, de uma forma ou outra, asegunda articulao (MARTINET, 1991, p. 83), a prosdia est, no cenriode pesquisa atual, associada a fatores lingusticos como acento, fronteira deconstituinte, nfase, entoao e ritmo, a fatores paralingusticos comomarcadores discursivos (e.g., n, entendo, an-han) e atitudes proposicionais(e.g., confiante e duvidoso) e sociais (e.g., hostil e solidrio), alm detratar de fatores extralingusticos como as emoes. Todos esses fatores secombinam com aspectos sociais e biolgicos indiciais como gnero, faixa etria,classe social, nvel de escolaridade, entre outros.

    Aos estudos de prosdia cabe a anlise de unidades fnicas e de suas relaesa partir da slaba at trechos de discurso cuja extenso mxima tem se ampliadode acordo com os interesses dos especialistas. a prosdia que molda nossa

  • BARBOSA14

    enunciao imprimindo ao que se fala um modo de falar que dirigidointencionalmente ou no ao ouvinte.

    Do ponto de vista do especialista, a anlise prosdica feita segundo oseixos lingusticos tradicionais, o eixo sintagmtico e o eixo paradigmtico, tantodo ponto de vista fonolgico quanto fontico. Essa anlise se d em uma amostraou instantneo de fala que se denomina corpus. O corpus montado com trechosda fala de um ou mais informantes e o seu contedo decorre da escolha prviade variveis selecionadas pelo pesquisador, para testar uma teoria cientfica. Comoem toda rea de pesquisa com os sons da fala, o corpus pode ser inteiramenteconcebido e gravado em laboratrio ou provir de gravaes de fala espontnea.Convm esclarecer acerca das vantagens e desvantagens desses dois tipos de corpus.

    2. Da fala espontnea e de laboratrio2. Da fala espontnea e de laboratrio2. Da fala espontnea e de laboratrio2. Da fala espontnea e de laboratrio2. Da fala espontnea e de laboratrio

    O contraste entre fala de laboratrio (lab speech), fala semi-espontnea efala espontnea, que faz a literatura fontica, mascara dois aspectos essenciais:(1) o elemento primordial do ponto de vista de uma distino metodolgica, qualseja, a dimenso de controle do experimentador sobre a eliciao do corpus, (2)bem como o papel dos gneros discursivos no contraste acima explicitado. Ognero do material coligido para anlise uma dimenso ortogonal dimensodo nvel de controle do experimentador sobre a eliciao, isto , podemos variargraus ou tipos de uma dimenso independentemente da outra. precisodesvincular definitvamente o termo de fala espontnea da conversa livre, pois umditado, uma leitura, uma narrativa para uma criana e uma entrevista soigualmente espontneos se ocorrerem em situao natural de comunicao. So,assim, instncias legtimas da comunicao humana em que o pesquisador nointervm, apenas seleciona o material para anlise a partir de critrios tericos.Da mesma forma, o termo fala de laboratrio no um sinnimo do resultadoda leitura de frases isoladas preparadas pelo experimentador. Uma fala eliciadaa partir de figuras ou a partir de um tema fornecido pelo experimentador ouuma narrao solicitada aps a leitura de um texto ou ainda uma entrevista guiadapelo experimentador so todos exemplos de fala de laboratrio.

    A dimenso essencial para a caracterizao da espontaneidade o grau deinterveno do experimentador em relao eliciao do material. Essainterveno pode ser extrema, como no caso em que o experimentador solicita

  • Rev. Est. Ling., Belo Horizonte, v. 20, n. 1, p. 11-27, jan./jun. 2012 15

    a um informante a imitao fiel da fala de um outro (nesse caso o que se fala ecomo se fala so rigidamente apresentados como modelo) ou a interveno doexperimentador pode ser bastante livre, como na situao em que solicita que,a partir de um mapa, um informante explique a outro como se faz para ir de umlugar para outro (map task). So exemplos como o ltimo, em que no h textoprvio, apenas itens lexicais definidos pelo mapa (escolhido peloexperimentador!) e pelo mecanismo de explicao de uma rota (que de certaforma impe uma sintaxe prpria: o experimentador escolheu a tarefa!), que sefala de fala semi-espontnea. A fala semi-espontnea exemplo de fala delaboratrio, eliciada para o estudo prosdico. Como se deduz do exposto, o quediferencia os vrios tipos de fala de laboratrio o grau de interveno doexperimentador, que, sendo cada vez menor, aproxima a fala de laboratrio dafala espontnea para o gnero discursivo ou enunciativo especfico. Falaespontnea a situao em que no h interveno do experimentador. Assim,o termo espontnea, usado restritivamente para uma conversa, perde umpouco o sentido, pois a fala espontnea pode se dar em diversos gnerosenunciativos ou discursivos. Por isso, na descrio de todo corpus precisoinformar o nvel de controle do experimentador sobre a eliciao.

    Mas no basta informar esse grau para caracterizar um corpus, precisoinformar o gnero enunciativo. Isso vlido mesmo se no h controle algum doexperimentador sobre a eliciao do corpus, se, por exemplo, o experimentador fezuma seleo de material numa situao habitual da comunicao. O gnerodetermina um modus operandi do sujeito em relao a sua enunciao. Assim, amudana no comportamento de um informante durante uma entrevista, porexemplo, no ocorre somente por conta de possvel controle do experimentador,mas decorre tambm da situao. Essa dimenso ortogonal ao grau de controledo experimentador e prpria do gnero entrevista. Assim, durante a entrevista,a situao de gravao e o tema podem produzir segmentos discursivos que soammais ou menos como uma conversa ou depoimento, ou opinio. Assim, o gneroenunciativo precisa ser claramente descrito. Exemplos de gneros que j receberamateno em estudos prosdicos so: entrevista, narrativa, ditado, leitura em sala deaula habitual, imitao de uma pessoa, interpretao de um texto em cena.

    A FIG. 1 apresenta de forma ilustrativa a proposta de classificao doscorpora segundo as duas dimenses mencionadas. Observe-se que as narrativascom tema ou texto a ser recontado proposto pelo experimentador so exemplos

  • BARBOSA16

    para os quais o eixo de controle est muito prximo do extremo correspondenteao eixo de espontaneidade, para o qual no h controle do experimentador.Outro exemplo o caso em que o experimentador seleciona o texto a ser lido emvoz alta, guiado pela teoria que vai avaliar.

    A proposta no estabelce que um gnero no possa contar traos de umoutro, muito embora o eixo das ordenadas possa dar a entender isso. No caso denarrativas por recontagem de histria, por exemplo, a extenso, o tema e / ou ovocabulrio do texto lido previamente fazem com que a narrao apresentemuitos fenmenos da conversa espontnea, como hesitaes, reformulaes,falsos incios, repeties, alongamentos, bloqueios, entre outros. A prpriaconversa espontnea contm instncias narrativas diversas.

    FIGURA 1 Proposta de classificao de corpora segundo eixo grau de frontele doexperimentador e gnero ou tipo de corpus

    A montagem teoricamente fundamentada e experimentalmente apropriadade corpora de fala essencial para a pesquisa sobre as funes comunicativas daprosdia da fala.

    3. Funes prosdicas na comunicao3. Funes prosdicas na comunicao3. Funes prosdicas na comunicao3. Funes prosdicas na comunicao3. Funes prosdicas na comunicao

    possvel identificar funes prosdicas tanto no plano lingustico quantoexpressivo. Quando se fala de funo comunicativa, evidentemente refere-se a

    Tip

    o d

    e co

    rpu

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    )

    leitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaespontnea espontnea espontnea espontnea espontnea (e. g., feira literria)

    leitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaexp. seleciona texto

    leitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaleitura em voz altaimitao do modo de ler

    de outro sujeito

    entrevis taentrevis taentrevis taentrevis taentrevis taespontneaespontneaespontneaespontneaespontnea

    entrevis taentrevis taentrevis taentrevis taentrevis tacom temas/participantes

    definidos pelo experimentador

    experimentadorexperimentadorexperimentadorexperimentadorexperimentador o entrevistador o entrevistador o entrevistador o entrevistador o entrevistador,que

    restringe a produo

    narrativas narrativas narrativas narrativas narrativas espontneaespontneaespontneaespontneaespontneasssss(e.g. para crianas)

    narrativasnarrativasnarrativasnarrativasnarrativasexperimentador

    define tema, histria(e.g., recontagem)

    narrativasnarrativasnarrativasnarrativasnarrativasexperimentador

    restringe via instruo,a forma de narrar

    nenhum= fala espontnea

    conversa espontneaconversa espontneaconversa espontneaconversa espontneaconversa espontnea

    Grau de controle pelo experimentadorGrau de controle pelo experimentadorGrau de controle pelo experimentadorGrau de controle pelo experimentadorGrau de controle pelo experimentador extremo

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    um aspecto audvel da prosdia, passvel, assim, de ser interpretado pelo nossosistema perceptivo. Do ponto de vista da produo da fala, pode haver salinciasacsticas implementadas pelo falante que no ultrapassam o limiar deaudibilidade em funo do contexto de sua realizao ou do ouvinte. Voltaremosa esse ponto na quinta seo.

    Nos planos lingustico e paralingustico, distinguem-se: (1) as funesdiscursivas dialgicas como os marcadores de turno e os backchannels (e.g., um-hum, entendo) e no dialgicas como a modalidade de um enunciado de umtrecho lido ou de um monlogo, (2) as funes demarcativas que assinalamlimites de constituintes prosdicos como slabas, palavras fonolgicas e gruposacentuais, (3) bem como as funes de marcao de proeminncia que assinalama salincia de um constituinte prosdico em relao a outro.

    Como exemplo de funo discursiva, tem-se a oposio entre o enunciadoassertivo Pedro fez bem seu trabalho. e o enunciado interrogativo Pedro fez bemseu trabalho? Linearmente, a distino entre as formas de organizao prosdicarealiza sozinha o contraste entre os dois enunciados. No contraste entre essasmodalidades no portugus brasileiro, destaca-se a forte subida da frequnciafundamental (o correlato acstico da frequncia de vibrao das pregas vocais),sobretudo na ltima slaba tnica (no exemplo dado, em -ba-) do enunciadointerrogativo, em relao subida lenta do mesmo parmetro no enunciado assertivo.

    Como exemplo de funo demarcativa ou de segmentao (phrasing),pode-se apontar o papel da pausa (silenciosa ou preenchida), para assinalar umafronteira prosdica: compare o enunciados Maria | dana bem. || com oenunciado Maria dana | divinamente bem. ||, em que o nmero de barrasverticais assinala pausas de maior durao. A razo da diferena na extenso dosconstituintes e do deslocamento da fronteira aps Maria, no primeiroenunciado, para a fronteira aps dana, no segundo enunciado, a necessidadede dividir ambos os enunciados em constituintes prosdicos de tamanhosemelhante quanto ao nmero de slabas. Por conta disso, a produo da prosdia autnoma em relao sintaxe, pois regida por outros princpios. Observeque o primeiro constituinte prosdico do segundo enunciado no correspondea nenhum constituinte vlido em teorias sintticas fundamentadas nessa noo.

    Como exemplo de funo de proeminncia (prominence), examinemos oadjetivo verde no enunciado No, eu vi uma moto VERDE., pressupondo umcontexto em que algo sobre uma moto de outra cor fora comentado. Nesse caso, h

  • BARBOSA18

    uma relao sintagmtica no enunciado, pois o trecho VERDE tem mais energia,maiores valores de frequncia fundamental e maior durao do que os elementos davizinhana, bem como uma oposio paradigmtica em que o foco de contraste noadjetivo chama a ateno para a cor verde da moto em substituio a outra cor evocadaem pelo menos um enunciado anterior. A FIG. 2 ilustra a curva ou contorno defrequncia fundamental do enunciado referido acima para um informante paulistamasculino de cerca de 40 anos na poca da gravao. Sua finalidade mostrar quepontos singulares dessa curva so correlatos da proeminncia percebida pelos ouvintesnessa situao de enunciao. A duas interrupes da curva, aps No e entremoto e VERDE correspondem respectivamente a uma pausa silenciosa e aointervalo de ocluso do [t] de moto. O que usado pelo informante para assinalarpara o ouvinte a importncia da palavra verde a realizao de uma forte descidada curva de frequncia fundamental na slaba tnica da palavra VERDE. Pararealizar essa descida, o informante eleva o valor da frequncia fundamental com ummovimento de subida iniciado durante a palavra precedente moto. Apesar de o picoda curva se encontrar ao final da slaba ps-tnica to, isso no torna essa palavraproeminente para o ouvinte, pois so relevantes para um falante do portugusbrasileiro apenas os movimentos singulares que se passam durante as silabas tnicasdas palavras fonolgicas.

    FIGURA 2 Curva de frequncia fundamental do enunciadoNo, eu vi uma moto VERDE.

    tempo (s)

    0 1.889

    P

    i

    t

    c

    h

    (

    H

    z

    )

    60

    130

    -to VER-

    No, eu vi moto VERDE.

    f0 (Hz)

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    J no plano expressivo, distinguem-se as funes prosdicas atitudinais(atitude, postura interpessoal, estilo de elocuo), afetivas (emoes comotristeza, alegria e raiva e afetos como o humor) e indiciais (marcas de gnero esexo, origem social e dialetal, entre outras). Exemplos dessas funes soencontrados em todo enunciado, tendo em vista que uma atitude, uma emooe marcas indiciais so traos dificilmente disfarveis na enunciao. Afinal, noreconhecemos, mesmo na fala de desconhecidos, se so homens ou mulheres,qual sua faixa etria e seu estado afetivo, entre outros aspectos?

    Para uma introduo aos aspectos expressivos da prosdia, ver os trabalhosde Fnagy (1986), Bolinger (1986) e Scherer (1984). A chamada Fonoestilsticaestuda as funes prosdicas atitudinais e a variabilidade prosdica intra- e inter-sujeito, ligada a escolhas voluntrias ou no (cf. LON, 1971).

    4 .4 .4 .4 .4 . Demarcao da prosdia em relao ao ritmo e Demarcao da prosdia em relao ao ritmo e Demarcao da prosdia em relao ao ritmo e Demarcao da prosdia em relao ao ritmo e Demarcao da prosdia em relao ao ritmo e entoaoentoaoentoaoentoaoentoao

    H uma ambiguidade entre os termos prosdia e aqueles de ritmo eentoao, sobretudo entre o primeiro e o ltimo que tentarei esclarecer aqui.Autores como Hirst e Di Cristo (1998, p. 1-44) tomam a prosdia como o termomais geral, compreendendo tanto o domnio propriamente lexical, ao qualapontam os estudos de tom em lnguas tonais, do acento lexical, quanto odomnio no-lexical ou ps-lexical, ao qual referem a variao no enunciado dafrequncia fundamental, da durao e a marcao de fronteiras prosdicas. Aentoao o estudo das relaes abstratas que envolvem o domnio no-lexical,independentemente do correlato fsico ou perceptivo que a veicula. Sendo assim,para esses autores (entre outros), entoao no concerne apenas a percepo dopitch (altura) ao longo do tempo. A entoao tambm abarcaria o estudo dadurao e seu correlato fsico e perceptivo ao longo do enunciado, o ritmo.

    Outro recorte possvel pela via dos efeitos perceptivos ao longo doenunciado das sensaes de durao, pitch (altura) e volume (loudness). Nesserecorte, prosdia tambm o termo mais geral, compreendendo ainda odomnio lexical e o ps-lexical, mas a entoao restringe-se anlise, ao longodo enunciado, das variaes de altura, ou seja, das sensaes de grave e agudo.A oposio entre a sensao de tom grave vs. tom agudo em trechos de umenunciado uma oposio que concerne o pitch, termo usado na literatura

  • BARBOSA20

    cientfica em lngua portuguesa para evitar a ambiguidade da palavra altura.Como o parmetro fsico que controla direta e primariamente a sensao de pitch a frequncia fundamental, isto , o correlato acstico da frequncia de vibraodas pregas vocais, os estudos fonticos da entoao privilegiam a anlise da curvade frequncia fundamental ao longo dos enunciados.

    Nesse segundo recorte o ritmo faz parte da prosdia, mas independenteda entoao, uma vez que compreende as variaes de durao percebida deunidades do tamanho da slaba ao longo do enunciado. Como a durao objetivade unidades do tamanho da slaba (medida em milissegundos), o parmetrode controle por excelncia da durao percebida, a anlise do ritmo privilegia oestudo da durao.

    5 .5 .5 .5 .5 . Aspectos metodolgicos ligados ao estudo da entoaoAspectos metodolgicos ligados ao estudo da entoaoAspectos metodolgicos ligados ao estudo da entoaoAspectos metodolgicos ligados ao estudo da entoaoAspectos metodolgicos ligados ao estudo da entoaoe do ritmoe do ritmoe do ritmoe do ritmoe do ritmo

    Geralmente quem estuda a entoao da fala analisa a estruturao demovimentos singulares ou salientes na curva de frequncia fundamental ao longodos enunciados representativos de uma instncia comunicativa congelada numcorpus de fala. Esses pontos singulares so de dois tipos: (1) proeminnciasexpressas por picos e vales da frequncia fundamental, chamados de acentos depitch e (2) movimentos da mesma curva para nveis altos e baixos que marcamfronteiras entoacionais. Exemplo desses pontos singulares podem ser vistos naFIG. 2: proeminncias assinaladas por picos de frequencia fundamental naspalavras eu e VERDE e marcao de fronteiras entoacionais com movimentopara um tom baixo aps a palavra no e aps a palavra VERDE.

    Por outro lado, quem estuda o ritmo da fala analisa a estruturao decontornos de durao de unidades do tamanho da slaba tambm nos enunciadosde um corpus representativo de instncia comunicativa. A FIG. 3 ilustra essecontorno duracional das slabas fonticas do enunciado Manuel tinha entradopara o mosteiro h quase um ano, mas ainda no se adaptara quela maneira deviver., realizado por falante paulista do sexo feminino de cerca de 30 anos napoca da gravao.

  • Rev. Est. Ling., Belo Horizonte, v. 20, n. 1, p. 11-27, jan./jun. 2012 21

    FIGURA 3 Contorno duracional das slabas fonticas do enunciado Manuel tinhaentrado para o mosteiro h quase um ano, mas ainda no se adaptara quela maneira de

    viver. num informante feminino.

    Para a obteno do contorno da FIG. 3, usou-se um procedimento padrode normalizao das duraes que suprime sua dimenso temporal (o z naordenada), que no relevante para essa ilustrao. Observe-se apenas que os doisprincipais picos de durao na figura se encontram nas tnicas das palavras anoe viver que assinalam o fim das oraes coordenadas. A tnica da palavramosteiro tambm um pico duracional de menor altura, que contribui paraa percepo de que essa palavra proeminente nesse enunciado particular. Hainda outros dois picos menores (em entrado e em adaptara) que no sopercebidos por todos os ouvintes.

    A anlise dos parmetros fonticos de ambos os domnios prosdicos,ritmo e entoao, denomina-se anlise fontico-prosdica. importantesalientar, do ponto de vista metodolgico, que tcnicas de normalizao eestilizao das curvas de frequncia fundamental e de durao so empregadaspara minimizar os chamados efeitos microprosdicos e ressaltar a informaopropriamente prosdica. Os efeitos microprosdicos provm de alteraes nascurvas sem funo prosdico-lingustica que so causadas pela produo deconsoantes e vogais, no caso da frequncia fundamental, e pela informaosegmental ligada natureza e ao nmero de fones numa slaba fontica, no caso

  • BARBOSA22

    da durao. Exemplos de efeitos microprosdicos na curva de frequnciafundamental podem ser vistos na FIG. 2 no vale durante a palavra no, porconta da nasalizao e nas interrupes na curva por conta do no vozeamentode consoantes, como no [t] de moto. Essas alteraes na curva no so audveis,pelo menos para um adulto. Essa forma de ouvir aprendida durante a aquisioda lnguagem.

    Os efeitos microprosdicos do contorno duracional da FIG. 3 forameliminados por meio de uma tcnica de normalizao da durao em duas etapas.Essa tcnica permite preservar, com acuidade de cerca de 80%, aquilo que percebido como proeminente pelos ouvintes, seja pela marcao de umafronteira, seja pelo assinalamento de uma proeminncia. Na primeira etapa danormalizao, calcula-se um valor normalizado da durao da slaba fontica que padro na Estatstica, o z-score. Por definio, esse valor expressa o grau deafastamento de um valor em relao mdia em unidades de desvio-padro.Dizer, por exemplo, que a durao de uma slaba tem valor de z-score igual a 1,3quer dizer que a durao se encontra a 1,3 desvio-padro direita da mdia dadurao. Os descritores de mdia e desvio-padro podem ser obtidos de umcorpus de fala que no precisa ser com a fala do mesmo informante (cf. BARBOSA,2006, p. 489, para uma tabela de referncia). Aps essa etapa, a curva comvalores de z-score de durao de slaba fontica suavizada por um procedimentode mdia ponderada conhecida como mdia mvel de 5 pontos (BARBOSA,2010). O resultado da aplicao dessa tcnica foi mostrado na FIG. 3. A curvaduracional com a durao bruta, antes da normalizao, mostrada na FIG. 4.H doze picos locais nessa curva, mas os sujeitos s ouvem at seis palavras comoproeminentes ou pr-fronteirias nesse enunciado. Cinco dessas palavras soreveladas pela curva normalizada da FIG. 3. A sexta palavra, Manuel, assinalada para o ouvinte por um movimento de frequncia fundamental pelainformante. A normalizao da durao um procedimento padro e bsico dapesquisa sobre o ritmo da fala para revelar os trechos de um enunciado relevantesdo ponto de vista prosdico. Observe ainda, pela proeminncia estritamenteentoacional da palavra Manuel, que os parmetros fontico-prosdicos seconjugam para assinalar a proeminncia para um ouvinte.

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    FIGURA 4 Contorno duracional bruto das slabas fonticas do enunciado da FIG. 3

    Auxiliada pela anlise estatstica inferencial, a anlise fontico-prosdicabusca regularidades nos padres duracionais e meldicos que revelam o empregodo conhecimento prosdico de suas lnguas por seus falantes. Esses estudosrevelam que, em portugus brasileiro, as proeminncias e as fronteiras prosdicasso marcadas por picos de durao e de frequncia fundamental na vizinhanadas slabas tnicas salientes no enunciado.

    Esses procedimentos metodolgicos possibilitam definir, para alm daslaba, os grupos acentuais como unidades prosdicas fundamentais. Essesgrupos so delimitados por slabas salientes consecutivas no enunciado. Essasalincia pode se dar por proeminncia ou marcao de fronteira prosdica. Noenunciado ilustrado acima, Manuel tinha entrado para o mosteiro h quase umano, mas ainda no se adaptara quela maneira de viver., as palavras Manuel,entrado, mosteiro, ano, adaptara e viver so salientes para ou ouvintes.Definem assim uma anacruse (do incio do enunciado tnica de Manuel)que seguida de cinco grupos acentuais que se terminam na tnicas das palavrassalientes seguintes. Graus distintos de salincia nessas slabas assinalam nveisprosdicos distintos, passveis de formarem constituintes prosdicos de domniosdistintos. Basta observar na FIG. 3 os dois principais constituintes que terminamem ano e viver, alm de constituintes de nvel inferior delimitados pelaspalavras entrado, mosteiro e adaptara. A anlise estatstica revela que onmero desses domnios no ultrapassa quatro (BARBOSA, 2006). Os pontossalientes que delimitam os grupos acentuais so tambm denominados de

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    acentos frasais (phrase stress), embora a literatura os associe mais frequentemente funo estrita de proeminncia. O acento frasal , em portugus brasileiro, aindicao da proeminncia de um elemento do enunciado, realizado em tornoda slaba tnica ou lexicalmente acentuada. Nem toda slaba tnica marcadacomo proeminente ao nvel do enunciado por um ponto singular de durao oufrequncia fundamental. Isso no significa que no haja marca fontico-acsticaalguma do acento lexical de uma palavra no proeminente. A queda daintensidade total ou a mudana de qualidade da vogal da slaba tnica para a ps-tnica frequentemente o assinalam. Para uma reviso da terminologia na rea deprosdia consultar Botinis et al. (2001).

    Relacionado ao termo de acento frasal encontram-se frequentemente naliteratura prosdica os termos foco e nfase. H uma grande divergncia arespeito de como definir esses termos, embora no se discuta que desempenhamuma funo de proeminncia. O foco normalmente entendido do ponto devista fonolgico ou, num maior grau de abstrao, como uma marca numdeterminado n sinttico que assinala que o constituinte que a tem forte emrelao a outro, presente ou ausente. Pode tambm ser visto como uma marcasemntica. de qualquer forma uma marca discreta, opondo um constituintefocado a um no focado. A nfase pode ser entendida como a realizao desse focona cadeia da fala como uma proeminncia manifesta de uma unidade lingusticacom funo de insistncia ou para chamar a ateno para uma informao crucial,entre outras funes. O exemplo do enunciado sobre a moto verde, acima, ilustraum foco contrastivo em sua face discreta e realizada a partir de movimento dacurva de frequncia fundamental. Por essa ltima razo pode-se falar de nfasena palavra verde. Por vezes esse termo s empregado se o falante pronunciao adjetivo, passando um significado adicional de insistncia ou importncia, masa delimitao do limiar especificado pelo adjetivo adicional, alm do qual hnfase, no determinvel seguramente em cada caso.

    6. A no congruncia entre prosdia e sintaxe6. A no congruncia entre prosdia e sintaxe6. A no congruncia entre prosdia e sintaxe6. A no congruncia entre prosdia e sintaxe6. A no congruncia entre prosdia e sintaxe

    Um dos aspectos mais importantes da relao entre prosdia e nveislingusticos superiores palavra fonolgica diz respeito ao no isomorfismo ouno congruncia entre sintaxe e prosdia. Isso significa que os constituintesprosdicos no coincidem com os constituintes sintticos, como exemplificadopelos enunciados Maria dana | divinamente bem. || e O projeto | permite

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    avanos porque visa || interao entre povos | de tribos diferentes. |||, em queo primeiro constituinte prosdico de cada enunciado no corresponde a nenhumconstituinte sinttico.

    Dizer que no h congruncia no significa dizer que a formao deconstituintes prosdicos prescinde do componente sinttico ou mesmo dosemntico. Significa dizer que sua construo depende de outros fatores alm doslingusticos. Tais fatores so restries dos mecanismos de produo e percepoda fala que se relacionam com memria de trabalho no que tange a seus limitestemporais e / ou espaciais. de conhecimento psicolingustico que planejamosnossos enunciados com quatro a seis palavras de antecedncia (LEVELT, 1989).Esses limites correspondem, em mdia, a limites temporais da ordem de um a doissegundos, que, no coincidentemente, correspondem extenso temporal mdiados grupos acentuais. Uma das consequncias das restries na produo epercepo da fala a tendncia de produzir constituintes prosdicos com nmerode slabas no muito dspares. Sob esse ngulo, a prosdia pode ser vista como umcompromisso entre um sistema de produo e percepo sujeito a restries deordem cognitiva e um sistema lingustico sujeito a restries lingusticas.

    7 .7 .7 .7 .7 . Da relao entre prosdia e segmentos acsticos menoresDa relao entre prosdia e segmentos acsticos menoresDa relao entre prosdia e segmentos acsticos menoresDa relao entre prosdia e segmentos acsticos menoresDa relao entre prosdia e segmentos acsticos menoresdo que a slabado que a slabado que a slabado que a slabado que a slaba

    A teoria do Frame / Content, de Macneilage (1998), supe uma separaooriginal da enunciao de unidades do tamanho da slaba, que agem comomscaras (frame), da produo de unidades do tamanho do fonema (content).Vogais e consoantes seriam assim um subproduto de uma oscilaoeminentemente silbica. Procurando explicar a prpria evoluo da linguagemfalada a partir dessa separao fundamental, o autor pressupe o primado daprosdia sobre o segmental. A prosdia seria mais primitiva, possivelmentederivada de emoes articuladas durante a oscilao mandibular, ainda porencontrar palavras para especificar seu contedo. Independentemente dacorrente terica, um fato que a segmentao do enunciado, a proeminncia eas marcas discursivas afetam a realizao das unidades fnicas. Os elementos queconstituem a slaba tnica de uma palavra proeminente, por exemplo, so maislongos, tm valor de frequncia fundamental mais elevado em sua vizinhana etm valores de intensidade mais elevados que os dos segmentos vizinhos. A essesaspectos tambm se acrescentam valores mais perifricos ou extremos de

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    frequncias de formantes, correlatos acsticos da hiperarticulao do trato vocal.Para exemplificar, um simples [s] extremamente longo e intenso pode constituirum enunciado com a funo de fazer silncio numa classe.

    8. A prosdia no campo da percepo8. A prosdia no campo da percepo8. A prosdia no campo da percepo8. A prosdia no campo da percepo8. A prosdia no campo da percepo

    prosdia auditiva cabe o estudo das sensaes de altura (pitch), durao(duration) e volume (loudness) atravs de testes de percepo empregados paraconfirmar ou no constituintes e proeminncias prosdicos dos enunciados. Apartir dessas tcnicas, em que o ouvinte submetido a uma srie de testes dereconhecimento de contrastes prosdicos in praesentia, todo o campo dainvestigao da percepo da prosdia ainda est por se delinear e encontrartcnicas de experimentao apropriadas. Para tanto, o conhecimentometodolgico da psicolingustica experimental ser crucial. Vale lembrar queno h uma relao de 1:1 entre os parmetros fsicos e perceptivos, por duasrazes. A primeira, porque a relao entre parmetro fsico e correlato perceptivono linear (e.g., a sensao de pitch vai se tornando menos discriminante medida que a frequncia fundamental sobe); a segunda, porque contribuem parauma dada sensao todos os parmetros acsticos. Para o pitch, por exemplo, tantoa frequncia fundamental quanto a intensidade e a durao objetiva sointegradas para compor a sensao de altura. Essa relao complexa entre o fsicoe o sensorial se d pelas caractersticas fisiolgicas do sistema perifrico auditivo,aliadas s caractersticas integrativas das vias auditivas superiores no crebro.

    Componentes marginais da prosdia, os estudos da variao do volumee do timbre no tm recebido ateno por parte dos pesquisadores, com rarasexcees. O volume o correlato perceptivo, no eixo forte / fraco, das variaesde intensidade, seu parmetro fsico mais importante. O timbre de mais difcildelimitao por conta de proximidade com a versificao e as acepes nocientficas. Pode ser caracterizado por relaes entre frequncias dos formantesdas vogais e consoantes ao longo do enunciado, com certa relao com asinterpretaes sonoras dos tratados de versificao (cf. GRAMMONT, 1965).No entanto, no h uma mtrica aceita unanimemente para seu estudo. Aqualidade de voz, por outro lado, ganhou seu espao nos estudos prosdicos.Associada aos estados de fonao das pregas vocais, a qualidade de voz correlataou sofre as consequncias do esforo vocal, da soprosidade, do tnus vocal, entreoutros aspectos do estudo prosdico da expressividade.

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    Submisso do artigo: 18/06/2012Aprovao do artigo: 19/08/2012