conchas vii n.º 5

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Toda a Igreja celebra, hoje, a Jornada Mundial das Mis- sões. Estamos no Ano da Vida Consagrada e o Papa Fran- cisco afirma que «a missão dos servidores da Palavra - bispos, sacerdotes, religiosos e leigos - é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com Cristo». Fui convidado, nestes dias, a dar o meu testemunho sobre a minha vida «missionária» numa zona periférica de Lisboa. Da reflexão surgiram alguns desafios que ouso chamar «missionários» e que parlho convosco, porque é nesta comunidade de Chelas que me sen interpelado a viver a minha entrega missionária. Ao longo de 10 anos (4+6) o primeiro desafio missionário foi o de descer ao nível das pessoas, caminhar nas ruas e parar nas pracetas e esquinas, entrar nos meios de transporte onde mais intensoé o cheiro de Chelas, bater à porta das prefabricadas antes, dos prédios agora onde vive todo o po de famílias, da família dita normal, a família alargada de maneira pouco ortodoxae à família destruturada. Um segundo desafio missionário, foi construir comunidade cristã em volta de um rosto, o de Cristo, com a Palavra na mão e a Eucarisa no centro. De 1993 a 2005, surgiram três Igrejas, mas o maior desafio é connuar a formar «uma só comunidade» através da catequese, da formação e colaboração com os adultos, da liturgia como expressão do dom da fé e do serviço da caridade aos mais necessitados. Para todas as instuições e grupos das paróquias uma atenção especial vai para a infância e o mundo juvenil, tão exuberante, generoso, também frágil, confuso, inseguro, mas misteriosamente apaixonado por Cristo. Terceiro grande desafio missionário, em Chelas, é construir fraternidade franciscana. Tam- bém nós frades somos um sinal de família frágil, diferente na idade, no temperamento e na saúde sica e espiritualPor vezes, senmo-nos «comidos» pelo ritmo diário e semanal da vida pastoral, contudo há Alguém que se esforça de nos manter unidos, através do encontro diário, na oração pessoal e comunitária diante da Palavra e da Eucarisa. Finalmente o quarto desafio missionário, sermos sinal do «rosto misericordioso» do Pai no meio da cidade dos homens. São tantos os rostos da nossa freguesia, uns 40 mil de pessoas que vivem em prédios camarários, de cooperavas ou de luxoO desafio é reconhecer o ros- to de «Zaqueu», cruzar com os olhos, a vida, a história das pessoas concretas. «Jesus, fitando os olhos nele, amou-o», dizia o evangelho do passado domingo. Afinal a missão é simplesmen- te um acto de amor, porque «só o amor cria». Frei Fabrizio 2015

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Page 1: Conchas VII n.º 5

Toda a Igreja celebra, hoje, a Jornada Mundial das Mis-sões. Estamos no Ano da Vida Consagrada e o Papa Fran-cisco afirma que «a missão dos servidores da Palavra - bispos, sacerdotes, religiosos e leigos - é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com Cristo».

Fui convidado, nestes dias, a dar o meu testemunho sobre a minha vida «missionária» numa

zona periférica de Lisboa. Da reflexão surgiram alguns desafios que ouso chamar «missionários» e que partilho convosco, porque é nesta comunidade de Chelas que me senti interpelado a viver a minha entrega missionária.

Ao longo de 10 anos (4+6) o primeiro desafio missionário foi o de descer ao nível das pessoas, caminhar nas ruas e parar nas pracetas e esquinas, entrar nos meios de transporte onde mais ‘intenso’ é o cheiro de Chelas, bater à porta das prefabricadas antes, dos prédios agora onde vive todo o tipo de famílias, da família dita normal, a família alargada de maneira pouco ‘ortodoxa’ e à família destruturada.

Um segundo desafio missionário, foi construir comunidade cristã em volta de um rosto, o de Cristo, com a Palavra na mão e a Eucaristia no centro. De 1993 a 2005, surgiram três Igrejas, mas o maior desafio é continuar a formar «uma só comunidade» através da catequese, da formação e colaboração com os adultos, da liturgia como expressão do dom da fé e do serviço da caridade aos mais necessitados. Para todas as instituições e grupos das paróquias uma atenção especial vai para a infância e o mundo juvenil, tão exuberante, generoso, também frágil, confuso, inseguro, mas misteriosamente apaixonado por Cristo.

Terceiro grande desafio missionário, em Chelas, é construir fraternidade franciscana. Tam-bém nós frades somos um sinal de família frágil, diferente na idade, no temperamento e na saúde física e espiritual… Por vezes, sentimo-nos «comidos» pelo ritmo diário e semanal da vida pastoral, contudo há Alguém que se esforça de nos manter unidos, através do encontro diário, na oração pessoal e comunitária diante da Palavra e da Eucaristia.

Finalmente o quarto desafio missionário, sermos sinal do «rosto misericordioso» do Pai no meio da cidade dos homens. São tantos os rostos da nossa freguesia, uns 40 mil de pessoas que vivem em prédios camarários, de cooperativas ou de luxo… O desafio é reconhecer o ros-to de «Zaqueu», cruzar com os olhos, a vida, a história das pessoas concretas. «Jesus, fitando os olhos nele, amou-o», dizia o evangelho do passado domingo. Afinal a missão é simplesmen-te um acto de amor, porque «só o amor cria».

Frei Fabrizio

2015

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Salmo 32 «Desça sobre nós a vossa misericórdia,

porque em Vós esperamos, Senhor».

1ª Leitura – Do Livro de Isaías (Is 53,10-11) «Se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma des-cendência duradoira».

2ª Leitura - Da Epístola aos Hebreus (Hebr 4,14-16) «Vamos cheios de confiança ao trono da graça».

Evangelho segundo São Marcos (Mc 10, 35-45)

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproxi-maram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós quere-mos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respon-deu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cáli-ce que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». En-tão Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha es-querda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aque-les a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escra-

vo de todos; por-que o Filho do ho-mem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM Evangelho de S. Marcos 10,45

“O Filho do Homem

veio para servir”

Espírito Santo,

que desceste sobre os Apóstolos e os fizeste anunciadores do Evangelho: derrama os teus dons sobre cada um de nós e torna-nos sensíveis aos apelos e às necessidades dos nossos irmãos; desperta em muitos corações das famílias, das crianças, dos jovens e adultos o ideal missionário; dá força e coragem a todos quantos se entregam totalmente ao serviço da MISSÃO. Ámen

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NOTÍCIAS DO MUNDO

Plataforma de Apoio

aos Refugiados Como sabemos “está em cur-

so a maior crise de refugiados desde a IIº Guerra, situação de uma enorme complexidade, para a qual não existe uma resposta simples, nem uma solução isenta de riscos e efeitos perversos. Há a noção da urgência da ação humanitária, que pede uma resposta imediata de acolhimento aos refu-giados, sem ignorar as intervenções com impacto a médio-longo prazo, como a estabiliza-ção política, económica e social das zonas de crise”. É assim que, enquadrada neste cená-rio, surge uma “plataforma de organizações da sociedade civil portuguesa, para apoio aos refugiados, na presente crise humanitária”. As nossas paróquias franciscanas irão aderir a esta ajuda humanitária através da Cáritas Diocesana de Lisboa. Para esse efeito nos Con-selhos Pastorais Paroquiais será feito um levantamento sobre as nossas disponibilidades (alimentação, vestuário, aprendizagem da língua portuguesa, apoio sociocultural, etc.).

Inaugurado o dormitório do Papa para os sem-abrigo

A Companhia de Jesus ofereceu um edifício que foi transformado num dormitório para pessoas sem-abrigo, que nasceu perto do Hospital do Espírito Santo, em resposta aos apelos do Papa Francisco. Segundo o jornal do Vaticano ‘L’Osservatore Roma-no’, o novo dormitório - ‘Dom de Misericórdia’ - acolhe até 34 pessoas sem-abrigo (homens) a quem é oferecido o jantar, no refeitório da casa ‘Dom de Maria’ e o pequeno-almoço, antes de saírem. Depois, podem permanecer na antiga casa dos Jesuítas por um período “máximo de trinta dias” com um horário que regula a hora de entrada no dormitório, en-tre as 18h00 e as 19h00; e o despertar é às 06h15. O dormitório encerra às 08h00 para “reorganização e limpeza geral”. O edifício oferecido pela Casa Geral da Companhia de Jesus (Roma) era utilizado por uma agência de viagens, até há poucos meses, e desta forma, a ordem religiosa quis responder aos apelos do Papa de disponibilizar edifícios a pessoas necessitadas e em dificuldade. Os três duches que foram instalados na colunata da Praça de São Pedro também podem ser usados. O novo espaço, como outros do género, ficou sob a responsabilidade das Missionárias da Caridade, a congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá.

(Agência Ecclesia)

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outubro

novembro

20 Out | Terça Conselho Pastoral Paroquial de Sta. Beatriz. Lugar: Sala Coração de Jesus em Sta. Beatriz, às 21h.

23/25 Out | Sexta/Sábado/Domingo Retiro Jovens (sem nome!?) de S. Maximiliano/Sta. Clara. Lugar: Almeirim.

25 Out | Domingo 30º Tempo Comum. Aniversário da dedicação da Igreja Catedral de Lis-boa. Em Roma, encerramento do Sínodo dos Bispos sobre a Família.

30 Out | Sexta Conselho Pastoral Paroquial de S. Maximiliano. Lugar: Salão Catequese de Sta. Clara, às 21h.

1 Nov | Domingo Solenidade de Todos os Santos. 10º Aniversário da Dedicação da Igreja de Sta. Beatriz (Eucaristia dominical transmitida pela RTP1).

2 Nov | Segunda Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (Missas dos Defuntos). Sta. Beatriz: às 15h, com a Comunidade Vida e Paz e Centro de Dia. S. Maximiliano:

às 16h, com a presença dos Centro de Dia e de Convívio. Sta. Clara: às 18h.

8 Nov | Domingo 32º Tempo Comum. Magusto em Sta. Beatriz e S. Maximiliano.

9 Nov | Segunda Solenidade da Dedicação da Basílica de São João de Latrão. Haverá só Missa em S. Maximiliano às 18.30.

15 Nov | Domingo 33º Tempo Comum. Dia dos Seminários Diocesanos.

Tau Day, encontro nacional de jovens franciscanos. Inscrições até 5 de Nov. Tema: À descoberta da Misericórdia de Deus com o jovem Francisco de Assis. Lugar Alca-nena.

“Os emigrantes são nossos irmãos e irmãs que procuram uma vida melhor longe da pobreza, da fome, da exploração e da injusta distribuição dos re-cursos do planeta, que deveriam ser divididos equitativamente entre todos”.

As casas

“(...) As casas de fora olham-nos

pelas janelas

não sabem nada de casas

os construtores, os senhorios,

os procuradores.

Os ricos vivem nos seus palácios

mas a casa dos pobres é todo o mundo

os pobres sim têm

o conhecimento das casas

os pobres esses conhecem tudo.

Eu amei as casas os recantos das casas

Visitei casas apalpei casas

Só as casas explicam que exista

uma palavra como intimidade

Sem casas não haveria ruas

as ruas onde passamos pelos outros

mas passamos principalmente por nós

(...)”

Ruy Belo