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COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011 1

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Page 1: COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011 1

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS

PROF. MARTA LEMME

2º SEMESTRE 20111

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2Marta Lemme /IE-UFRJ

• Krugman & Obtstfeld (2005) – Cap. 10

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3Marta Lemme /IE-UFRJ

1. Industrialização como Meio para Superação do Subdesenvolvimento

2. Política de Substituição de Importações e o Dualismo Econômico

3. Industrialização Orientada para Exportações (Leste Asiático)

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4Marta Lemme /IE-UFRJ

Pós II Guerra Mundial – Como superar o subdesenvolvimento?

A CEPAL (1940-1970)

Divisão Internacional de Trabalho => Deterioração dos Termos de Troca e Restrições do Balanço de Pagamento

Industrialização como forma de superação do subdesenvolvimento

Modelo: Substituição de Importações

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5Marta Lemme /IE-UFRJ

Não se deve considerar o termo substituição de importações uma operação simples e limitada de retirar ou diminuir componentes da pauta de importações para substituí-los por produtos nacionais. Isto poderia levar à compreensão de que o objetivo de tal estratégia seria a eliminação de todas as importações e o alcance da autarquia. No caso do processo de substituição de importações, no lugar dos bens substituídos aparecem outros e, à medida em que avança o processo ocorre um aumento da demanda derivada por importações (de produtos intermediários e bens de capital) que pode resultar de fato em maior dependência do exterior

Franco e Baumann (2005) – A Substituição de Importações entre 1995 e 2000. Revista de Economia Política 25 (3), pp. 190-208

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6Marta Lemme /IE-UFRJ

Política de Substituição de Importações

Principais Instrumentos: Tarifas, Restrições Quantitativas.

Outros Instrumentos Acessórios: Subsídios

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7Marta Lemme /IE-UFRJ

Justificativas (segundo Krugman)

a. Argumento da Indústria NascenteExemplo: Os Estados Unidos e a Alemanha mantinham alíquotas tarifárias elevadas sobre a manufatura no século XIX, enquanto o Japão manteve controles de importação até a década de 1970.

i. Críticas ao Argumento: nem sempre é bom intervir hoje em indústrias que terão vantagens comparativas no futuro a proteção às manufaturas não faz nenhum bem, a não ser que a proteção em si ajude a tornar a indústria competitiva

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Justificativas (segundo Krugman)b. Argumento das Falhas de Mercado

b.1. Mercado Imperfeito de CapitaisAusência de conjunto de instituições financeiras que permitam transferência das poupanças de setores tradicionais para financiar novos setores.

Melhor política (“primeiro melhor”) criação de um mercado de capitaisProteção como “second best”

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Justificativas (segundo Krugman)b. Argumento das Falhas de Mercado

b.2. Apropriabilidade:Firmas em uma nova indústria geram benefícios sociais (conhecimento, novos mercados) pelos quais não são compensadas

=> Custos iniciais (adaptação tecnologia, por exemplo) Melhor política: Compensação direta às empresas por suas contribuições intangíveisSecond best: Proteção e outras medidas de políticas comerciais

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Críticas

Dificuldade de avaliar quais indústrias realmente justificam tratamento especial

Riscos de distorção da política de promoção do desenvolvimento, por interesses particulares

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Críticas (cont)

Substituição de Importações: Impactos sobre Exportação

Proteção reduz importações e também EXPORTAÇÕES

retirada de recursos dos setores exportadores efetivos ou potenciais

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Críticas (cont)

Substituição de Importações: Impactos sobre Exportação

Proteção reduz importações e também EXPORTAÇÕES

retirada de recursos dos setores exportadores efetivos ou potenciais

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Críticas (cont)

Proteção e Exportação

Tabela 10-2: Exportações como porcentagem da renda nacional, em 1999

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Por que não alcançou resultados esperados em termos de superação do subdesenvolvimento?

a)O argumento da indústria nascente não era tão universalmente válido, como muitos pensavam.

b)Superação do subdesenvolvimento não vinculado necessariamente à indústria

a)A industrialização pela substituição de importações gerou:altas taxas de proteção efetiva;escala ineficientemente pequena de produção;maior desigualdade de renda e desemprego

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Custos Gerados pela Industrialização via Substituição de Importaçõesa)Altas taxas de proteção (sistema complexo de instrumentos visando a proteção)

Tabela 10-3: Proteção às manufaturas em alguns países em desenvolvimento (%)

b) Escala ineficientemente pequena de produção;c) Maior desigualdade de renda e desemprego.

DUALISMO ECONÔMICOMarta Lemme /IE-UFRJ

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Economia DualUm setor com salários elevados, capital-intensivo, coexiste com um setor tradicional de salários baixos.

Dualismo Econômico e Política ComercialO dualismo está associado à política comercial por duas razões:

sintoma de mau funcionamento do mercado.

decorrência, ainda que em parte, das políticas de substituição de importações

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Sintomas do dualismo

O setor moderno costuma diferir do setor tradicional porque tem:

– o valor do produto maior por trabalhador;– salários mais altos;– menores retornos do capital;– maior intensidade de capital na produção;– desemprego persistente (principalmente nas áreas

urbanas).

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Mercados de trabalho duais e política comercialOs sintomas do dualismo são sinais claros de que a economia não está funcionando bem, especialmente no que diz respeito a seus mercados de trabalho.

Argumento dos diferenciais de saláriosAs diferenças de salários entre a manufatura e a agricultura são uma justificativa para incentivar a primeira em detrimento da segunda.Quando há um diferencial de salários, os salários dos trabalhadores nas manufaturas (WM) devem ser mais altos do que os salários dos trabalhadores no setor de alimentos (WA).

Marta Lemme /IE-UFRJ

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Mercados de trabalho duais e política comercial

Figura 10-1: O efeito de um diferencial de salários

Caso exista diferencial de salários, firmas do setor industrial tendem a contratar poucos trabalhadores

Marta Lemme /IE-UFRJ

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Mercados de trabalho duais e política comercial

Crítica ao Argumento dos Diferenciais de Salários: Modelo Harris –Todaro (1970)

– Relação entre êxodo rural-urbano e o desemprego• Países com economias altamente duais também pareciam ter

bastante desemprego urbano.• Um aumento no número de empregos manufatureiros levaria a

um êxodo rural-urbano tão grande que o desemprego urbano, na verdade, aumentaria.

– Ele contribui para que o argumento dos diferenciais de salário seja desaprovado pelos economistas.

Atenção!! Êxodo Rural não explicado apenas pela “opção do trabalhador urbano”

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Mercados de trabalho duais e política comercial

A política comercial tem sido acusada de: - aumentar o diferencial de salário entre as manufaturas e a agricultura;- fomentar uma intensidade excessiva de capital.

Os diferenciais de salários são vistos como:- uma resposta natural do mercado; ou- o poder de monopólio dos sindicatos cujas indústrias são protegidas da concorrência estrangeira por meio de cotas de importação.

Marta Lemme /IE-UFRJ

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• De meados da década de 1960 em diante, as exportações de bens manufaturados, principalmente para as nações avançadas, foram outro caminho possível para a industrialização dos países em desenvolvimento.

• Economias asiáticas de alto desempenho (EAADs)– Um grupo de países que alcançou um crescimento econômico

espetacular.• Em alguns casos, eles atingiram um crescimento

econômico de mais de 10% ao ano.

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Os fatos do crescimento asiático– Definição do Banco Mundial de EAADs abarca três grupos de países,

cujos ‘milagres’ começaram em épocas diferentes:

Marta Lemme /IE-UFRJ

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Marta Lemme /IE-UFRJ (2º sem 2010)

Os fatos do crescimento asiático– As EAADs são extremamente abertas ao comércio internacional

• Exemplo: Em 1999, as exportações como uma fração do produto interno bruto, no caso tanto de Hong Kong como de Cingapura, excederam os 100% do PIB (132 e 202, respectivamente).

Marta Lemme /IE-UFRJ

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Política comercial nas EAADs– Alguns economistas argumentam que o ‘milagre do Leste Asiático’

é o resultado de uma política comercial ‘orientada para fora’.• Os dados na Tabela 10-4 sugerem que as EAADs têm sido

menos protecionistas do que outros países em desenvolvimento menos bem-sucedidos, embora elas não tenham seguido uma política de livre comércio plena.

• As taxas de proteção relativamente baixas nas EAADs ajudaram-nas a crescer, mas elas explicam o ‘milagre’ apenas em parte.

Tabela 10-4: Taxas médias de proteção, em 1985 (%)

Marta Lemme /IE-UFRJ

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28Marta Lemme /IE-UFRJ

PaísAlíquota Média (%) - 2009

Total Produtos Não Agrícolas

Produtos Agrícolas

China 9,6 15,6 8,7

Hong Kong 0,0 0,0 0,0

Indonésia 6,8 8,4 6,6

Coreia do Sul 12,1 48,6 6,6

Malásia 8,4 13,5 7,6

Cingapura 0,0 0,2 0,0

Taiwan 6,1 16,6 4,5

Tailândia 9,9 22,6 8,0

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Política industrial nas EAADs– Várias das economias extremamente bem-sucedidas têm praticado

políticas industriais (desde tarifas até apoio do governo para pesquisa e desenvolvimento) que favorecem determinadas indústrias em relação a outras.

– A maioria dos economistas que estudam o assunto tem sido cética quanto à importância de tais políticas porque:

• as EAADs adotaram inúmeras políticas econômicas, mas obtiveram taxas de crescimento igualmente altas;

• seu impacto efetivo na estrutura industrial pode não ter sido grande;• houve alguns fracassos notáveis na política industrial.

Marta Lemme /IE-UFRJ

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30Marta Lemme /IE-UFRJ

• Outros fatores de crescimento– Dois fatores podem explicar o rápido crescimento no Leste da

Ásia:• taxas de poupança muito altas;• rápido crescimento do ensino público.

– A experiência do Leste Asiático refuta as hipóteses de que:• a industrialização e o desenvolvimento devem estar baseados em

uma estratégia de substituição de importações voltada para dentro;

• A estrutura do mercado mundial obstrui a entrada de novos participantes, impedindo que os países pobres se tornem ricos.