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Classe C já não é motor do gasto em supermercados JOANA CUNHA DE SÃO PAULO 13/07/2014 02h00 Antes ávidos por comprar produtos recém-lançados e ter acesso a marcas de qualidade superior, o consumidor da classe média já não é mais a locomotiva dos gastos nos supermercados brasileiros. A classe C, que nos últimos cinco anos foi a impulsionadora dos gastos com comida, bebida e higiene, perdeu seu posto para a classe AB neste ano, segundo estudo antecipado para a Folha pelo instituto Nielsen. Do crescimento de 7% registrado no gasto das famílias com abastecimento do lar neste ano até abril, a classe AB contribuiu com 61%, enquanto a C participou com só 34%. A queda é expressiva se comparada a 2013, quando a classe C teve participação de 49%, e a AB, de 35%. O dado de 2014 indica uma tendência, afirma o Nielsen. Editoria de Arte/Folhapress

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  • Classe C j no motor do gasto emsupermercadosJOANA CUNHADE SO PAULO

    13/07/2014 02h00

    Antes vidos por comprar produtos recm-lanados e ter acesso a marcas dequalidade superior, o consumidor da classe mdia j no mais a locomotiva dosgastos nos supermercados brasileiros.

    A classe C, que nos ltimos cinco anos foi a impulsionadora dos gastos com comida,bebida e higiene, perdeu seu posto para a classe AB neste ano, segundo estudoantecipado para a Folha pelo instituto Nielsen.

    Do crescimento de 7% registrado no gasto das famlias com abastecimento do larneste ano at abril, a classe AB contribuiu com 61%, enquanto a C participou com s34%. A queda expressiva se comparada a 2013, quando a classe C teveparticipao de 49%, e a AB, de 35%. O dado de 2014 indica uma tendncia, afirma oNielsen.

    Editoria de Arte/Folhapress

  • "Esse grupo no perdeu a relevncia, continua sendo o mais importante em volume atpor ser uma parcela maior da populao, mas seu papel no crescimento mudou. Oconsumo subiu em todas as categorias de produtos, mas quem impulsionou dessa vezfoi a classe AB", diz Olegrio Arajo, diretor do Nielsen.

    A troca pode ser explicada pelo endividamento da classe mdia e pela inflao, que aforou a rever os gastos. "Pode ter sido uma conteno para racionalizar e pagar orestante das contas. um malabarismo necessrio para segurar o gasto", diz.

    O aumento do consumo da classe C ficou abaixo da mdia nas compras de bolachas,sobremesas prontas, cervejas e sabes em p e lquido.

    Foge regra o segmento de higiene e beleza, que leva a fama de "indulgncia". "Acategoria cresce ou cai pouco mesmo em situaes econmicas ruins, pois oconsumidor se permite levar o xampu ou o hidratante que vai melhorar a autoestima",diz Joo Basilio, presidente da Abihpec, que rene o setor.

    O estudo destaca tambm a queda de 3,6% nas idas ao mercado, mas com elevaodo tquete mdio a cada a visita. O comportamento tpico de momentosinflacionrios, em que o consumidor antecipa a compra e estoca em casa para garantiro valor do dinheiro antes que a mercadoria seja remarcada. "Funciona como gesto dooramento, evitando a compra de impulso", diz Arajo.

    A maior demanda da classe mdia por marcas baratas e a procura por feiras ecomrcio informal tambm favorecem a mudana, segundo Renato Meirelles,presidente do instituto Data Popular.

    JANTANDO EM CASA

    No grupo AB, por outro lado, o avano veio da mudana de hbito dos consumidoresda classe B, que em busca de economia reduziram a frequncia nos restaurantes. Asubstituio pela alimentao em casa aparece no aumento de gastos com perecveis,que avanou 14,5%, categoria que mais cresceu.

    A classe alta a que menos sente o momento econmico enquanto a mdia e a baixasofrem com a desacelerao do emprego e da renda, afirma o professor de varejoJuracy Parente, da FGV-SP.

    "A alimentao representa um percentual menor nas classes mais altas, que somenos sensveis ao aumento do preo. Mas na classe mais baixa, a inflao os foroua reavaliar a cesta de compras. possvel que isso tenha se refletido no consumo", diz.

    Para Adriano Amui, professor da ESPM-SP, os limites do consumo da classe C j

  • podiam ser previstos. "No segundo mandato de Lula, depois que a alta do crdito jhavia sido usada para carro e eletrodomstico, veio o 'trade-up' na alimentao, que o acesso a produtos mais caros. Com a inflao, medidas de restrio comearam aser tomadas."

    Para Fabio Pina, economista da Fecomercio-SP, o aumento do consumo no foiacompanhado por avano semelhante na capacidade produtiva no pas. " difcilmanter aquele fenmeno de incluso por muito tempo."

    Endereo da pgina:

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/07/1485156-classe-c-ja-nao-e-motor-do-gasto-em-supermercados.shtml

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