cinesioterapia aplicada na incontinÊncia urinÁria … · do pré para o pós-tratamento: ......

15
Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL 18 CINESIOTERAPIA APLICADA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA DE ESFORÇO BRUNO, Graciela Souza 1 QUEIROZ, Eugênia Iris Silveira de 2 PEREIRA, Cleidimar Medeiros 3 LIMANA, Jaqueline Araujo 4 ANTONO, Heriton Marcelo Ribeiro 5 ARMONDES, Carla Caroline Lenzi 6 RESUMO A Incontinência Urinária é considerada um problema de saúde pública. Entre os tipos existentes o que mais interfere na saúde da mulher é a incontinência urinária de esforço (IUE). O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia terapêutica após cinesioterapia aplicada em mulheres as quais apresentaram IUE. A amostra foi composta por 7 mulheres, na faixa etária entre 35 a 60 anos (± 6,07), quais foram submetidas a avaliação da força muscular do assoalho pélvico através do perineômetro, avaliação da qualidade de vida por meio do King’s Health Questionnaire, realizados antes e após tratamento. O protocolo adotado foi uma série de 10 exercícios de Kegel, com duração de 45 minutos, duas vezes por semana, totalizando 10 sessões. Em relação ao grau de força muscular mensurado, através do perineômetro, foi constatado melhora evolutiva do pré para o pós-tratamento: pico (1,37±0,20 para 2,30±0,20); média (4,91±1,78 para 9,70± 1,92) e duração (4,04±0,46 para 9,59±1,32), atingindo o nível de significância (p<0,05). Em relação à avaliação da qualidade de vida, observou-se melhora em todos os domínios (p<0,05). O tratamento conservador cinesioterapêutico adotado foi eficaz no fortalecer a musculatura pélvica para a melhora da qualidade de vida. Palavras Chave: Incontinência urinária; Fisioterapia; Cinesioterapia. 1 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 2 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 3 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 4 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 5 Docente do curso de bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 6 Docente do curso de bacharelado de Fisioterapia FACIMED.

Upload: doanliem

Post on 12-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

18

CINESIOTERAPIA APLICADA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA DE ESFORÇO

BRUNO, Graciela Souza1 QUEIROZ, Eugênia Iris Silveira de 2

PEREIRA, Cleidimar Medeiros 3

LIMANA, Jaqueline Araujo4 ANTONO, Heriton Marcelo Ribeiro5 ARMONDES, Carla Caroline Lenzi6

RESUMO

A Incontinência Urinária é considerada um problema de saúde pública. Entre os tipos existentes o que mais interfere na saúde da mulher é a incontinência urinária de esforço (IUE). O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia terapêutica após cinesioterapia aplicada em mulheres as quais apresentaram IUE. A amostra foi composta por 7 mulheres, na faixa etária entre 35 a 60 anos (± 6,07), quais foram submetidas a avaliação da força muscular do assoalho pélvico através do perineômetro, avaliação da qualidade de vida por meio do King’s Health Questionnaire, realizados antes e após tratamento. O protocolo adotado foi uma série de 10 exercícios de Kegel, com duração de 45 minutos, duas vezes por semana, totalizando 10 sessões. Em relação ao grau de força muscular mensurado, através do perineômetro, foi constatado melhora evolutiva do pré para o pós-tratamento: pico (1,37±0,20 para 2,30±0,20); média (4,91±1,78 para 9,70± 1,92) e duração (4,04±0,46 para 9,59±1,32), atingindo o nível de significância (p<0,05). Em relação à avaliação da qualidade de vida, observou-se melhora em todos os domínios (p<0,05). O tratamento conservador cinesioterapêutico adotado foi eficaz no fortalecer a musculatura pélvica para a melhora da qualidade de vida.

Palavras Chave: Incontinência urinária; Fisioterapia; Cinesioterapia.

1Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 2Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 3 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 4 Acadêmica do curso bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 5 Docente do curso de bacharelado de Fisioterapia FACIMED. 6 Docente do curso de bacharelado de Fisioterapia FACIMED.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

19

KINESIOTHERAPY APPLIED IN FEMALE STRESS URINARY INCONTINENCE

ABSTRACT

Urinary incontinence is considered a public health problem. Among the existing types which more interferes with the health of women is stress urinary incontinence (SUI). The aim of this study was to evaluate the therapeutic efficacy after kinesiotherapy applied in which women had SUI. The sample consisted of 7 women, aged between 35-60 years (± 6.07), which were subjected to evaluation of the muscular strength of the pelvic floor through perineometer, assessment of quality of life through the King's Health Questionnaire conducted before and after treatment. The protocol used was a series of 10 Kegel exercises, with a 45 minute duration, twice a week, total of 10 sessions. Regarding the degree of muscle strength measured by the perineometer, it was found evolutionary improvement from pre to post-treatment: peak (1.37 ± 0.20 to 2.30 ± 0.20); average (4.91 ± 1.78 to 9.70 ± 1.92) and duration (4.04 ± 0.46 to 9.59 ± 1.32), reaching the level of significance (p <0.05) . Regarding the assessment of quality of life, improvement was observed in all domains (p <0.05). The conservative kinesiotherapeutic treatment adopted was effective in strengthening the pelvic muscles to improve the quality of life. Keywords: Urinary incontinence. Physiotherapy. Kinesiotherapy.

INTRODUÇÃO

Propõe-se com o presente trabalho apresentar ao leitor uma abordagem simples e clara

sobre o que é a incontinência urinária de esforço feminina a qual deveria ser uma preocupação

eminente de saúde pública, e dos profissionais que atuam diretamente nos programas voltados

à saúde da mulher. A população acometida por essa patologia cabe-lhes oferecer boas

condições de tratamento e proporcionar uma melhor vivência social. Nesse sentido, o papel

do fisioterapeuta é primordial na atuação de prevenção, avaliação e realização de manobras

técnicas de reeducação e tratamento de maneira menos invasiva, barata e eficaz (MORENO,

2009).

Moreno (2009), afirma em seus estudos que, é de fundamental importância para os

profissionais de saúde, em especial os que prestam assistência em ginecologia e obstetrícia,

conhecer os diâmetros pélvicos femininos. Como em toda nova área do conhecimento, os seus

conceitos sofrem rápidas e grandes mudanças, obrigando-nos a constante atualização para

continuar oferecendo a melhor opção diagnóstica e terapêutica para as pacientes. Nesse

contexto, as técnicas fisioterapêuticas surgem, naturalmente, como grande contribuição para a

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

20

uroginecologia. Desempenham papel central na terapêutica da incontinência urinária e das

demais afecções do assoalho pélvico da mulher.

Para Montellato, Baracat e Arap (2000), a incontinência urinária de esforço (IUE)

consiste na perda involuntária de urina durante situações que aumentem a pressão abdominal,

como por exemplo: tosse, espirro, mudanças abruptas de posição e esforços físicos. A

observação da perda urinária pela uretra, simultânea as situações referidas, caracteriza o sinal

de IUE, cuja condição fisiopatológica subjacente é uma anormalidade esfincteriana

(Hipermobilidade uretral ou Deficiência esfincteriana intrínseca).

Segundo Chiarapa, Cacho e Alves (2007), a reeducação uroginicológica é

importantíssima na vida dos pacientes acometidos pelaa IUE. São muitos os recursos

disponíveis em cinesioterapia. Além dos exercícios de contração isolada perineal (CIP), são

aplicados também exercícios globais e pélvicos, bola terapêutica, técnicas respiratórias de

alongamento e fortalecimento diafragmático, iso-stretching, outras técnicas de educação

postural e técnicas hipopressivas.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Verificar a eficácia terapêutica da cinesioterapia associado ao Kegel aplicada no

tratamento da incontinência urinária feminina de esforço.

Objetivos Específicos

a) Mensurar o grau de força da musculatura do assoalho pélvico das mulheres com

incontinência urinária de esforço (IUE), antes e após o tratamento cinesioterapêutico;

b) Avaliar por meio do questionário KHQ a qualidade de vida das mulheres com

incontinência urinária de esforço (IUE), antes e após tratamento cinesioterapêutico;

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

21

CINESIOTERAPIA COMO REEDUCAÇÃO

Na escolha pelo tratamento conservador em reeducação cinético-funcional pélvico-

perineal, a primeira etapa a ser cumprida, rigorosamente, é a avaliação, conduzida pelo

fisioterapeuta de forma sistemática e objetiva. Após conclusão diagnóstica, planejamento e

aplicação da conduta terapêutica, a assistência à paciente se prolonga mesmo após a alta, com

acompanhamento em períodos preestabelecidos, sendo um acompanhamento após 3 meses,

novo retorno em 6 meses e a última reavaliação após 1 ano (CHIARAPA; CACHO; ALVES,

2007).

Segundo Chiarapa, Cacho e Alves (2007), na reeducação uroginecológica, são muitos

os recursos disponíveis em cinesioterapia. Além dos exercícios de contração isolada perineal

(CIP), são aplicados também exercícios globais e pélvicos, bola terapêutica, técnicas

respiratórias de alongamento e fortalecimento diafragmático, iso-stretching, outras técnicas de

educação postural e técnicas hipopressivas.

Nos estudos de Souza et al. (2011), aponta-se a cinesioterapia aplicada, associada à

outras técnicas de conscientização (exercícios de Kegel) para o fortalecimento dos músculos

do assoalho pélvico tem demonstrado resultados expressivos significantes, e que são formas

mais eficazes de tratamento, pois melhora a força e a função desta musculatura, favorecendo

uma contração consciente e efetiva nos momentos de aumento da pressão intra-abdominal,

evitando assim as perdas urinárias e reforçando o mecanismo da continência de urina,

melhorando a qualidade de vida das pacientes.

Os exercícios perineais têm como objetivo maior o fortalecimento dos músculos do

assoalho pélvico, bem como a manutenção e restauração da continência, explicado

fisiologicamente que o aumento da força muscular advém da repetição dos movimentos

voluntários. O treinamento muscular perineal proporciona também uma adaptação neural ao

longo do tratamento. O funcionamento harmônico do assoalho pélvico resultante do exercício

direcionado oferece apoio estrutural para a bexiga e a uretra, distribuindo cargas/ pressões

durante um aumento de pressão intra-abdominal (CHIARAPA; CACHO; ALVES, 2007).

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

22

Exercícios de Kegel

Adiante veremos em específico os exercícios de Kegel, descritivamente e ilustrado, os

quais associados com os exercícios cinesioterapêuticos, são aplicados à mulheres que

possuem incontinência urinária de esforço.

a) Despertar: a paciente, em decúbito dorsal e membros inferiores (MMII) em

extensão, deve realizar a Contração Isolada Perineal (CIP) e a contração do abdome e dos

glúteos, sem perder o contato com o solo.

Figura 1 - Exercício de Kegel: despertar. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 133.

b) Elevador: a paciente, em decúbito dorsal e MMII fletidos com apoio plantar, deve

inspirar profundamente e, durante a expiração, realizar retroversão pélvica com CIP,

contração do abdome, dos glúteos e dos adutores, elevando o quadril aproximadamente 5 cm

do tablado.

Figura 2 - Exercício de Kegel: elevador. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 133.

c) Fechamento: a paciente, em decúbito dorsal e MMII fletidos com apoio plantar,

deve posicionar uma bola entre os joelhos e, no momento da expiração, realizar uma adução

pressionando a bola, contraindo ao mesmo tempo o abdome e o glúteo, e realizando CIP.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

23

Figura 3 - Exercício de Kegel: fechamento. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 134. d) Reforço anterior: a paciente, em decúbito dorsal com MMII apoiados em 90º na

bola ou na cadeira e as mãos posicionadas atrás da cabeça, no momento da expiração deve

flexionar o tronco (aproximadamente 30º) realizando a CIP.

Figura 4 - Exercício de Kegel: reforço anterior. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 134.

e) Reforço posterior: a paciente, em posição de quatro, tronco alinhado, no momento

expiratório deve realizar a retroversão do quadril com CIP e contração do abdome e do glúteo.

Figura 5 - Exercício de Kegel: reforço posterior. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 135. f) Borboleta: a paciente, sentada com a coluna apoiada na parede com MMII fletidos e

aduzidos, na expiração deve realizar a abdução das pernas com CIP e contração de abdome.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

24

Figura 6 - Exercício de Kegel: borboleta.

Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 136.

g) Propriocepção do assoalho pélvico: a paciente, sentada na bola, realiza quatro

variações de movimentos, inicialmente sem realizar CIP, somente para um feedback

proprioceptivo de contato e posteriormente associar a CIP: movimentos laterais, movimento

em oito para os lados, pulando e anterior e posterior.

Figura 7 Exercício de Kegel: propriocepção do assoalho pélvico movimento lateral. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 137.

Figura 8 Exercício de Kegel: propriocepção do assoalho pélvico- movimento em oito para os lados. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 137.

Figura 9 Exercício de Kegel: propriocepção do assoalho pélvico- pulando. Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 138.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

25

h) Treino de dissociação diafragmática: a paciente, sentada na bola ou na cadeira, com

discreta inclinação de tronco, deve inspirar e realizar CIP e tosse.

Figura 10 - Exercício de Kegel: treino de dissociação diafragmática.

Fonte: Adaptado de Chiarapa; Cacho; Alves, 2007, p. 1390.

DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Trata-se de um estudo descritivo do tipo quase-experimental que teve como objetivo

colher informações e conhecimentos acerca de um problema, aplicar a cinesioterapia em

mulheres com patologia de incontinência urinária de esforço, procurar uma resposta e tentar

mostrar um resultado.

A amostra foi composta, inicialmente, por 10 mulheres com idade de 35 a 60 anos

(DP: 6,07), que apresentaram diagnóstico médico de Incontinência Urinária de Esforço (IUE)

e que não realizaram tratamento para esta patologia, todas com histórico de parto normal ou

cesariana; praticantes ou não de alguma atividade física leve (caminhada); cognitivo

preservado; capacidade de locomoção e encaminhadas dos hospitais e clínicas pertencentes à

cidade de Cacoal-RO.

Foram excluídas do estudo, pacientes com idade inferior a 35 anos e superior a 60

anos; cirurgias pélvicas recentes; outros tipos de incontinência urinária; grávidas; pacientes

com cardiopatias graves; realizando tratamento específico para IUE; e as que recusaram o

tratamento.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

26

Variáveis do estudo

Para a análise estatística foram consideradas as seguintes variáveis: tempo de

aplicação dos exercícios (45 minutos); idade das pacientes (35 a 60 anos); pontuação e cálculo

do King’s Health Questionnaire e a força muscular do assoalho pélvico.

Análise dos dados

A verificação do comportamento homogêneo da idade, a comparação entre os valores

dos domínios avaliados pelo KHQ, pré e pós-tratamento, e a mensuração da força muscular

do assoalho pélvico, obtida pelo perineômetro, pré e pós-tratamento, foram realizadas pelo

teste de Mann-Whitney, sendo que todas as conclusões foram discutidas no nível de 5% de

significância.

Critérios Éticos

O estudo seguiu os procedimentos éticos de análise do Comitê de Ética da instituição.

A pesquisa foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal- RO (FACIMED), com o protocolo de

aprovação n° 985-12 em dezembro de 2012.

Todas as pacientes assinaram o Termo de consentimento livre e Esclarecido (TCLE), e

o Consentimento de participação da pessoa como sujeito antes de iniciar o estudo. Destas

pacientes, somente 7 concluíram o estudo, pois uma teve que desistir por problemas referente

a sua saúde (furúnculos), e as outras 2 por problemas de ordem pessoal.

RESULTADOS

Quanto ao protocolo a presente pesquisa foi composta por 10 mulheres, na faixa etária

de 35 a 60 anos, destas 3 desistiram e somente 7 concluíram o tratamento. Todas com queixa

clínica de incontinência urinária de esforço. Conforme mostra o gráfico abaixo.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

27

Tabela 1- Média, desvio- padrão, Cv e valor de p referente á idade das 7 mulheres com diagnóstico de incontinência urinária.

Em relação à qualidade de vida, a tabela nº 2 demonstra o resultado dos nove

domínios do questionário (KHQ) das sete pacientes, de forma geral no pré e pós-tratamento.

Houve diferença estatisticamente significante (p<0,05) em todos os domínios.

Tabela 2- Domínios do Questionário King’s Health Questionnaire

Nas tabelas 3 e 4 estão demonstrados a média e desvio-padrão (DP) da força muscular

do assoalho pélvico de cada paciente, pré e pós-tratamento obtidos através do perineômetro;

pico, média e duração, podendo ser observados esses dados nos gráficos 1, 2, 3.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

28

Tabela 3- Médias e desvios-padrão da força muscular do assoalho pélvico obtida pelo perineômetro de cada participante da pesquisa na primeira avaliação.

Tabela 4- Médias e desvios-padrão da força muscular do assoalho pélvico obtida pelo perineômetro de cada participante da pesquisa na última avaliação. (pós-tratamento).

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

29

Considerando os dados obtidos, quanto à média e ao desvio-padrão (DP), pré e pós-

tratamento, foram demonstrados que de modo geral, houve aumento considerável, exceto em

dois casos: paciente F no item pico, e paciente B no item média, o que de forma geral não

alterou os resultados.

A tabela 5 demonstra que houve diferença estatísticamente significante entre o pré e

pós-tramento, sendo (p <0,05), confirmando a eficácia da cinesioterapia como reeducação

muscular do assoalho pélvico no tratamento da IUE, através dos exercícios de Kegel.

Tabela 5- Média, desvio-padrão, Cv e valor de p da força muscular do assoalho pélvico,

obtida pelo perineômetro pré e pós-tratamento.

DISCUSSÃO

O motivo da escolha do tema para este estudo é mostrar que a incontinência urinária

de esforço (IUE) é uma patologia que afeta um elevado número de mulheres, e que estas

ficam ocultas na sociedade, devido ao preconceito e vergonha em abordarem esse problema.

Portanto é um método eficaz de tratamento dessa patologia, as amostras escolhidas foi

composta por pacientes do sexo feminino.

Um dos objetivos do tratamento cinesio-terapêutico é reeducar e fortalecer os

músculos do assoalho pélvico feminino, pois com a melhora da força e da função dessa

musculatura favorece a contração consciente efetivando um aumento da pressão intra-

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

30

abdominal, fazendo com que as perdas urinárias venham a diminuir, concordando com Rett et

al.(2007).

Pode-se afirmar que na presente pesquisa, a maioria das pacientes submetidas ao

tratamento, houve melhora estatisticamente significante, tornando o resultado satisfatório. De

modo geral, as pacientes mostraram-se receptivas ao tratamento, notou-se uma maior

conscientização em relação à musculatura do assoalho pélvico e da sua importância no que

diz respeito à saúde e o bem estar, e que retomar o controle das funções do próprio corpo

(RAMOS e OLIVEIRA, 2010).

CONCLUSÃO

Tendo em vista a dificuldade de encontrar pacientes para o tratamento da

incontinência urinária, por falta de conhecimento e orientação para esse fim, os resultados

foram satisfatórios com as pacientes acompanhadas e tratadas.

A análise dos resultados demonstrou e permitiu concluir que, a cinesioterapia aplicada

através dos exercícios de Kegel em mulheres com Incontinência Urinária de Esforço (IUE),

foi comprovadamente eficaz. Foi demonstrado que houve ganho de força significante da

musculatura do assoalho pélvico, melhorando os sintomas relatados pelas pacientes e a

melhora da qualidade de vida.

Neste contexto, recomenda-se a cinesioterapia associada aos exercícios perineais como

técnica de reeducação no tratamento da incontinência urinária de esforço como forma de

proporcionar as pacientes melhores condições de vivência social. Porém, este estudo deixa em

aberto espaço para mais pesquisas e discussões sobre o assunto com tempo maior de

investigação e trabalho.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

31

REFERÊNCIAS

BARACHO, E. Fisioterapia aplicada á Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. BARBOSA, A.M.P. et al. Efeito da via de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico. Rev Bras Ginecol Obstet. Vol. 27. N. 11, 2005. BORGES, J. B. R. et al. Avaliação da qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária pelo uso do Kings Health Questionnaire. Einstein. Vol. 7. N. 3, 2009. CHIARAPA, T. R.; CACHO, D. P; ALVES, A. F. D. Incontinência urinária feminina: Assistência fisioterapêutica e multidisciplinar. 1. Ed. São Paulo: Livraria médica paulista editora, 2007. DEDICAÇÃO AC et al. Comparação da qualidade de vida nos diferentes tipos de incontinência urinária feminina. Revista Brasileira de Fisioterapia. Vol.13. N. 2, 2009. FONSECA, E.S.M. et al.Validação do questionário de qualidade de vida (King’s Health Questionnaire) em mulheres brasileiras com incontinência urinária. Rev Bras Ginecol Obstet. Vol.27.N.5, 2005. GAINO, M. R. C.; MOREIRA, R. T. Manual prático de cinesioterapia: Terapia pelo movimento. 1ª. Ed. São Paulo: Roca, 2010. HENSCHER, U.; BECKER, A. H.; DÖLKEN, M. Fisioterapia em ginecologia. São Paulo: Livraria Editora Santos, 2007. HERRMANN, V. et al. Eletroestimulação Transvaginal do Assoalho Pélvico no Tratamento da incontinência urinária de Esforço: Avaliação Clínica e Ultra-sonográfica. Vol. 49. N. 4, 2003. HIGA, R.; LOPES, M.H.B.M.; REIS, M.J. Fatores de risco para incontinência urinária na mulher. Rev Esc Enferm USP. Vol. 42. N. 1, 2008. MONTELLATO, N.; BARACAT, F.; ARAP, S. Uroginecologia. 1ª Ed. São Paulo: Roca, 2000. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. MORENO, A. L. Fisioterapia em Uroginecologia. 2. Ed. Barueri, SP: Manole, 2009. NASCIMENTO, S. M. Avaliação Fisioterapêutica da Força Muscular do Assoalho Pélvico na Mulher com Incontinência Urinária de Esforço após Cirurgia de Wertheim-Meigs: Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia. Vol. 55. N. 2, 2009. OLIVEIRA, J. R.; GARCIA, R. R. Cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Vol. 14. N. 2, 2011.

Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL

32

POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. 1ª. Reimpressão. São Paulo- SP: Livraria Santos Editora, 2002. RAMOS, A. L.; OLIVEIRA, A. A. C. Incontinência Urinária em Mulheres no Climatério: Efeitos dos Exercícios de Kegel. Revista Hórus. Vol. 4. N. 2, 2010. RETT, M. T. et al. Qualidade de vida em mulheres após tratamento da incontinência urinária de esforço com fisioterapia. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Vol. 29. N. 3, 2007. ROUSSENQ, K. R. et al. Atendimento Fisioterapêutico na Incontinência Urinária: Resultados e Vivência prática. 6º Encontro de Extensão da UDESC, 2011. SARTORI, D. V. B. Efeito da Eletroestimulação e Exercícios Perineais em Mulheres com Incontinência Urinária de Esforço. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Vol. 15. N. 4, 2011. SOUZA, J. G. et al. Avaliação da força muscular do assoalho pélvico em idosas com incontinência urinária. Fisioterapia em Movimento. Vol. 24. N. 1, 2011.