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CIÊNCIA E CONSTRUÇÃO Validade e verificabilidade das hipóteses

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Page 1: CIÊNCIA E CONSTRUÇÃO Validade e verificabilidade das hipóteses

CIÊNCIA E CONSTRUÇÃOValidade e verificabilidade

das hipóteses

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O método científico

• A partir do século XVII, com a criação do método científico de que Galileu lançou os fundamentos e com o surgimento da ciência moderna, as afirmações passaram a estar baseadas no raciocínio teórico e na evidência experimental.

• A ciência moderna surgiu , assim, em conflito com o aristotelismo escolástico; este, com base na observação comum não submetida a especiais precauções, inferia determinados princípios e, em seguida, recusava o controla da experimentação, negando quaisquer evidências que contrariassem os princípios estabelecidos.

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Positivismo Lógico• Corrente filosófica, surgida da Áustria no

início do século XX, a partir de encontros regulares entre filósofos e cientistas do denominado Círculo de Viena, que restringia o conhecimento à ciência , negando o valor da metafísica enquanto tal, ou seja, só admitia como conhecimento válido os enunciados susceptíveis de verificação empírica ou os puramente formais.

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Positivismo Lógico• Corrente filosófica, surgida da Áustria no

início do século XX, a partir de encontros regulares entre filósofos e cientistas do denominado Círculo de Viena, que restringia o conhecimento à ciência , negando o valor da metafísica enquanto tal, ou seja, só admitia como conhecimento válido os enunciados susceptíveis de verificação empírica ou os puramente formais.

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MÉTODO INDUTIVO• A concepção indutivista de ciência apresenta

o raciocínio indutivo como o raciocínio por excelência do trabalho científico.Toda a investigação se centra na tentativa de verificação das hipóteses formuladas, por intermédio de uma experimentação particular e controlada, aplicando-se depois à generalidade dos casos. Nesse sentido, o progresso consiste na acumulação de conheciemntos cientificamente comprovados pela experimentação, com base em teorias.

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MÉTODO INDUTIVO• Se a ciência parte dos factos e da sua

observação para chegar às leis, como se explica a passagem de casos particulares a leis gerais e universais? Este é um salto que a lógica formal não consegue explicar e traduz-se no problema da indução ?

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MÉTODO INDUTIVO• David Hume e Karl Popper criticaram o

método indutivo, não lhe reconhecendo legitimidade na fundamentação das teorias científicas.

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Hume e o indutivismo• A todo o momento formas expectativas acerca de

como será o futuro ou sobre que generalizações (afirmações com a forma "Todos os As são B") são verdadeiras com base em dados que não são dedutivamente conclusivos. As tuas crenças acerca do futuro baseiam-se na percepção e na memória, mas não podes deduzir como será o futuro de premissas que descrevem o presente e o passado.

• Concentremo-nos num exemplo para tornar claro o que acabou de ser dito. Supõe que observaste muitas esmeraldas e descobriste que cada uma delas era verde. De seguida prevês que "A próxima esmeralda que eu observar será verde"; ou talvez generalizes e digas "Todas as esmeraldas são verdes." (Para que este seja um exemplo do género que queremos, supõe que as esmeraldas não são verdes por definição.)

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Hume e o indutivismo• Em ambos os argumentos pensas que as premissas

justificam racionalmente a conclusão. Defendes não ser mero preconceito afirmar que em cada caso as premissas fornecem bons dados a favor da verdade da conclusão. A tese de Hume é que a tua convicção não pode ser racionalmente defendida.

• O que ele diz realmente é que as premissas não justificam racionalmente as conclusões. Para Hume não há qualquer maneira de justificar racionalmente previsões e generalizações.

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Hume e o indutivismo• Na perspectiva de Hume tens simplesmente o hábito

de achar que aquelas premissas fornecem boas razões para acreditar naquelas conclusões. É um hábito que não podes abandonar; faz parte da natureza humana esperar que o futuro se assemelhe ao passado. Mas é um hábito que não podes defender racionalmente. Se um céptico te desafiar para justificares racionalmente o padrão de pensamento em questão, apenas podes dizer que essa é de facto a maneira de proceder dos seres humanos. Não tens como produzir um bom argumento para justificar racionalmente este hábito mental.

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Hume e o indutivismo• Como chegou Hume a esta conclusão surpreendente

acerca da indução? Hume pensava que os argumentos enunciados (GEN e PRE) requerem uma premissa adicional. Tal como se encontram, a premissa não suporta a conclusão. Ora, se a observação tem a intenção de sustentar a generalização ou a previsão, então terás de pressupor que o futuro se assemelha ao passado. A este pressuposto Hume chamou Princípio da Uniformidade da Natureza (PUN).

• Lembra-te que para Hume todos os argumentos indutivos requerem PUN como premissa. O argumento enunciado é indutivo. Mas se introduzires PUN como premissa, como Hume requer, o argumento torna-se circular — pressupõe como premissa precisamente a proposição que tenta sustentar como conclusão. (Elliott Sober)

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Popper e o indutivismo• Segundo o filósofo não é possível extrapolar, a partir

de uma série de observações particulares, um princípio de alcance universal generalizável, em seguida, a observações que ainda não “foram efectuadas”. Popper actualiza e radicaliza o raciocínio de Hume, referindo que um grande número de enunciados singulares nunca permite inferir um enunciado geral. E contrapartida, basta um único enunciado geral preexistente.

• Popper reclama também a primazia da teoria sobre a observação.

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Método Hipotético - Dedutivo• Algumas pessoas atribuem à indução um duplo papel

na construção das teorias científicas: a indução intervém na descoberta e na justificação das teorias.

• Tem diversas etapas: ocorrência de um facto-problema; formulação de uma hipótese; dedução das consequências ou implicações dessa hipótese; verificação/ experimentação das consequências dessa hipótese; confirmação ou refutação da hipótese.

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Falsificacionismo• Para Popper a investigação científica deve

desenvolver um trabalho tendo por base a falsificabilidade e não a verificabilidade. Uma teoria ou conjectura não pode ser verificada ou demostrada, mas sim corroborada.

• Para o filósofo, a ciência é uma conjectura e não um conhecimento verdadeiro, por isso, propõe rigorosos testes que procurem refutar ou falsificar as teorias. Desta forma, existe um enriquecimento muito maior para a ciência e o conhecimento no geral se houver tentativa de falsificar as nossas conjecturas, pois obriga-nos a abandonar as convicções pessoais em que nos fechamos.

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Falsificacionismo• Popper nega que os cientistas começam com observações e

inferem depois uma teoria geral. Em vez disso, primeiro propõem uma teoria, apresentando-a como uma conjectura inicialmente não corroborada, e depois comparam as suas previsões com observações para ver se ela resiste aos testes. Se esses testes se mostrarem negativos, então a teoria será experimentalmente falsificada e os cientistas irão procurar uma nova alternativa. Se, pelo contrário, os testes estiverem de acordo com a teoria, então os cientistas continuarão a mantê-la não como uma verdade provada, é certo, mas ainda assim como uma conjectura não refutada.

• Se descobrirmos que um certo pedaço de sódio não fica laranja quando é aquecido, então sabemos de certeza que não é o caso que todo o sódio aquecido fica laranja. Aqui o facto interessante é que é muito mais fácil refutar teorias do que prová-las. Um único exemplo contrário é suficiente para uma refutação conclusiva, mas nenhum número de exemplos favoráveis constituirá uma prova conclusiva.

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Falsificacionismo• No entanto, esta maneira de ver a ciência suscita uma

questão óbvia: se as teorias científicas são sempre conjecturais, então o que torna a ciência melhor do que a astrologia, a adoração de espíritos ou qualquer outra forma de superstição sem fundamento?

• Popper chama a isto o "problema da demarcação" — qual é a diferença entre a ciência e outras formas de crença? A sua resposta é que a ciência, ao contrário da superstição, pelo menos é falsificável, mesmo que não possa ser provada. As teorias científicas estão formuladas em termos precisos, e por isso conduzem a previsões definidas.

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Falsificacionismo• As leis de Newton, por exemplo, dizem-nos exactamente

onde certos planetas aparecerão em certos momentos. E isto significa que, se tais previsões fracassarem, poderemos ter a certeza de que a teoria que está por detrás delas é falsa. Pelo contrário, os sistemas de crenças como a astrologia são irremediavelmente vagos, de tal maneira que se torna impossível mostrar que estão claramente errados. A astrologia pode prever que os escorpiões irão prosperar nas suas relações pessoais à quinta-feira, mas, quando são confrontados com um escorpião cuja mulher o abandonou numa quinta-feira, é natural que os defensores da astrologia respondam que, considerando todas as coisas, o fim do casamento provavelmente acabou por ser melhor. Por causa disto, nada forçará alguma vez os astrólogos a admitir que a sua teoria está errada. A teoria apresenta-se em termos tão imprecisos que nenhumas observações actuais poderão falsificá-la. (David Papineau)

• No entanto, esta maneira de ver a ciência suscita uma questão óbvia: se as teorias científicas são sempre conjecturais, então o que torna a ciência melhor do que a astrologia, a adoração de espíritos ou qualquer outra forma de superstição sem fundamento?