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Cidoval Morais de Sousa (Org.)

Avenida Assis Chateaubriand, 300, Bairro da Liberdade, 2° andar, Sala 231. CEP: 58.414-060

Campina Grande – Paraíba E-mail: [email protected]

www.portalrealize.com.br Fone: (83) 3058-4663

Reitora Marlene Alves de Sousa Luna

Vice Reitor

Aldo Bezerra Marciel

Diretor

Cidoval Morais de Sousa

editoração eletrônica Karenine Farias de Lima Arte da Capa Allyson da Veiga Cav

FICHA CATALOGRÁFICA

SUMÁRIO

Apresentação

A CIÊNCIA NAS REVISTAS SEMANAIS VEJA E ÉPOCA

Liliane de Andrade Calado 1

Universidade Federal da Paraíba [email protected]

Olga Tavares2

Universidade Federal da Paraíba [email protected]

Resumo Este texto apresenta algumas considerações sobre a temática jornalismo científico, trazendo indagações acerca das informações científicas divulgadas nas seções “Ciência” e “Ciência e Tecnologia” das revistas semanais Veja e Época. Palavras-chaves: Jornalismo científico, mídia, discurso

1. Introdução A relação entre a ciência e o jornalismo é muito antiga. O teórico Burkett (1990) relata que, já no século XVI, os mistérios e descobertas da ciência eram assuntos encontrados em algumas publicações dessa época. No decorrer dos séculos, muitas formas de divulgar a ciência surgiram, bem como diferentes canais de divulgação. Para Bertolli Filho (2006), a divulgação ou vulgarização científica circunda um grande número de iniciativas difusoras do conhecimento, podendo abranger variadas modalidades, desde uma conversa informal, até exposições em museus, apresentações teatrais, livros didáticos e outros. Todas essas formas visam propagar a ciência seja entre especialistas e cientistas, como a disseminação científica, seja para o público em geral, como o jornalismo científico. Bueno (2009) esclarece que a disseminação científica se apresenta como uma forma de transferência de informações científicas e tecnológicas transcritas em códigos especializados, a um público seleto, formado por especialistas. E Bertolli Filho conceitua o jornalismo científico como:

Um produto elaborado pela mídia a partir de certas regras rotineiras do jornalismo em geral, que trata de temas complexos de ciência e tecnologia e que se apresenta, no plano lingüístico, por uma operação que torna fluida

1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB. Membro do Grupo de

Estudo e Divulgação de Informação Científica – GEDIC da UFPB. 2 Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB. Doutora em

Comunicação e Semiótica (PUC-SP).

a leitura e o entendimento do texto noticioso por parte de um público não especializado”. (BERTOLLI FILHO. 2006, p. 3).

Atualmente, verifica-se uma tendência mundial de ampliação do fluxo de informações científicas divulgadas nos meios de comunicação. Nos jornais e revistas, nota-se a institucionalização de editorias e seções nomeadas “Ciência”. Nesses espaços são dedicadas matérias que envolvem assuntos científicos e tecnológicos, enquadrados em uma linguagem jornalística. Esses meios impressos não-especializados fazem parte do cotidiano e por meio das artimanhas do jornalismo tentam traduzir o mundo da ciência para os leitores. 2. Informações científicas na mídia Tornam-se proeminentes estudos sobre as informações científicas divulgadas na mídia, como é o caso das seções “Ciência” – da revista Veja, e “Ciência e Tecnologia”3, da revista Época. Ambas são entendidas como suportes midiáticos que tratam de assuntos diversos, ou seja, não especializadas em divulgação científica. Indagamos sobre como a Veja e a Época constroem os discursos informacionais sobre a ciência. Na produção diária do jornalismo científico inserido nas revistas, a mídia – representada pelos repórteres e editores – transforma o discurso científico em discurso informativo, visando à produção de uma informação acessível a todos. Para o teórico Charaudeau (2007, p. 12), a informação é um fenômeno social e o discurso informativo é “uma atividade de linguagem que permite que se estabeleça nas sociedades o vínculo social sem o qual não haveria reconhecimento identitário”. O discurso informativo é um dos principais utilizados na mídia. A questão que se problematiza é como ocorre a transformação do discurso da ciência em informação noticiada pelos meios de comunicação, mais especificamente pelas revistas Veja e Época. Questionamos também quais os recursos visuais utilizados por esses suportes midiáticos.

3. Considerações finais

A realização de pesquisas sobre a produção de jornalismo científico traz relevância para o campo da Comunicação. Do mesmo modo, o estudo sobre duas seções que visam propagar a ciência reflete também sobre os recursos e ferramentas utilizados na construção das informações científicas divulgadas em suportes midiáticos.

Por fim, é importante reiterar que o jornalismo científico exerce um papel expressivo na sociedade, já que visa informar/divulgar/difundir as conseqüências e interferências das descobertas da ciência para a vida dos cidadãos. Neste ponto, citamos Oliveira (2005, p. 13), que resume o poder de ação do jornalismo científico: “O acesso às informações sobre C&T,

3 As seções Ciência e Ciência e Tecnologia são objeto de estudo da pesquisa “Ciência e jornalismo: um estudo das informações científicas divulgadas nas seções ‘Ciência’ e ‘Ciência e Tecnologia” das revistas Veja e Época, desenvolvida no mestrado em Comunicação e Culturas Midiáticas da UFPB sob a orientação da Drª Olga Tavares.

como um dos mecanismos que podem contribuir de maneira efetiva para a formação de uma cultura científica, deve ser facilitado ao grande público, carente delas”.

4. Referências bibliográficas BERTOLLI FILHO, Cláudio. Elementos fundamentais para a prática do Jornalismo Científico. 2006. Disponível em: <http://bocc.ubi.pt/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf>. Acesso em: 28 out. 2009. BURKETT, Warren. Jornalismo cientifico: Como escrever sobre ciência, medicina e alta tecnologia para os meios de comunicação. Trad. Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990. BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo científico. Disponível em: http://www.jornalismocientifico.com.br/jornalismocientifico/conceitos/jornalismocientifico.php. Acesso em: 14 out. 2009. CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. Trad. Ângela S. M. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2007. OLIVEIRA, Fabíola. Jornalismo Científico. São Paulo: Contexto, 2005.

A COBERTURA AMBIENTAL NOS JORNAIS IMPRESSOS DE SALVADOR

Raíza Tourinho dos Reis Silva4

Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia

Simone Terezinha Bortoliero5

Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia

Gilvan Nascimento

Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia

Resumo Esta pesquisa foi realizada com intuito de analisar a cobertura jornalística sobre o

meio ambiente nos dois principais veículos impressos da Bahia, o Jornal A Tarde e o Correio*.

Fruto da análise quantitativa de 150 materiais jornalísticos em 41 jornais entre os meses de

Julho e Dezembro de 2009, este artigo pretende construir um panorama da produção local de

notícias sobre o meio ambiente.

Palavras-Chave: Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente, jornais impressos.

Introdução

Atualmente as mudanças climáticas, os desastres ambientais e a consciência que o meio

ambiente é finito e deve ser preservado são temas veiculados na agenda midiática nacional.

Como conseqüência dessa visibilidade e apesar desse número expressivo de matérias

jornalísticas estar concentrado nos jornais das grandes capitais brasileiras, as informações

ainda continuam descontextualizadas e distante do interesse público. Este diagnóstico pode

ser encontrado nas inúmeras pesquisas relatadas nos últimos encontros do Intercom –

Congresso Brasileiro de Comunicação em seu Núcleo de Pesquisa “Comunicação Científica e

Ambiental”, principalmente nos trabalhos divulgados no evento em Natal em 2008.

Com o intuito de verificar a consistência e o tratamento dado à cobertura ambiental nos

principais jornais da Bahia, esta pesquisa procurou estabelecer um panorama local das notícias

que abordam o meio ambiente em dois jornais impressos, o A Tarde e o Correio*. A análise

quantitativa da cobertura dos jornais revelou que a temática ambiental é invariavelmente

abordada nas notícias dos jornais. Foram encontradas 150 matérias, como reportagens,

notas, fotos, colunas e editoriais entre os meses de julho e dezembro de 2009.

Os exemplares dos jornais foram escolhidos aleatoriamente, desde que contemplados um

exemplar de cada jornal por semana, dando preferência aos jornais de domingo, por

tradicionalmente veicularem reportagens especiais. Esta metodologia, denominada mês

construído (Bueno, 2007), evita que a amostra seja contaminada por um evento ou fato em

[email protected] 5 [email protected]

especial, a exemplo da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (a COP15, ocorrida em

Dezembro de 2009) a fim de estabelecer um panorama confiável.

O jornalista, para tratar adequadamente da questão ambiental, segundo Bueno (2007), deve

possuir uma visão sistêmica, ou seja, ter a percepção que “as pessoas, a natureza, o meio físico

e biológico estão umbilicalmente conectados”.

Loose (2008) elucida a complexidade da tarefa que cabe ao jornalismo ambiental, já que o

jornalista precisa entender a complexidade e amplitude das questões ambientais e relatá-las

para os leitores de maneira simples sem comprometer a essência da informação, em “espaços

cada vez mais reduzidos, em velocidades cada dia maiores (...) cuidando para não ser

irritantemente didático e até mesmo pedante”.

A análise

A análise revelou que as notícias se concentram na Região Metropolitana de Salvador (RMS),

tendo pouca cobertura regional (17%). No jornal A Tarde a cobertura teve maior destaque nas

reportagens, que totalizaram 47% do conteúdo coletado, sendo seguido pela nota (33%). A

notícia compôs apenas 4% da amostra, menos até do que as colunas (7%). Já no Correio*,

jornal no formato standard que utiliza predominantemente notícias curtas próximas da

linguagem dos meios online, a cobertura ambiental é constituída por notas (53%). A

reportagem ocupou apenas 17% do conteúdo do jornal.

O tema mais abordado no jornal A Tarde foi a poluição (16%) de rios, das praias e do ar,

seguido pela cobertura da questão enérgetica (13%), que preocupa devido ao risco constante

de apagão no país.

No jornal Correio*, tivemos a cobertura de desastres naturais (26%), sendo que a questão

enérgetica também ocupa um lugar de destaque no jornal, sendo o terceiro tema mais

abordado (13%), perdendo somente, além dos desastres naturais, para as matérias sobre

sustentabilidade (15%).

Considerações finais

O meio ambiente humano é um sistema composto principalmente pelas relações entre o

homem e o local onde habita. No entanto, há um evidente distanciamento entre os

componentes deste sistema, perceptível por uma externalização do meio ambiente, como se

este fosse desvinculado do ser humano.

Por outro lado, os meios de comunicação têm a fundamental importância na compreensão do

mundo moderno, devido a sua complexidade, principalmente em grandes cidades, que

demandam cada vez mais mediadores que relatem os acontecimentos para os cidadãos.

O A Tarde, jornal com maior tiragem no estado, é bem-sucedido ao enfatizar as notícias

ambientais locais, dando lugar de destaque através das suas reportagens, demonstrando deste

modo, o reconhecimento da importância da temática para o seu leitor. No entanto, deixa a

desejar no que se refere ao aprofundamento das matérias, quase sempre superficiais e pouco

abrangentes.

O jornal Correio* porém, apesar de tentativas isoladas como o bem sucedido especial Baía de

Todos6, ainda relega a temática ambiental a lugar secundário. Veiculando as notícias

ambientais, em sua maioria, em formato de notas e dando prioridade as tragédias ambientais,

o jornal peca pela superficialidade e afastamento sobre o tema.

A produção de notícias ambientais no estado, portanto, é ainda incipiente e necessita de maior

aprofundamento e conhecimento da questão, principalmente por parte das empresas de

jornalismo e capacitação dos profissionais envolvidos neste tipo de cobertura especializada.

Referências

LOOSE, Eloísa Beling; PERUZZOLO, Adair Caetano. Como o Meio Ambiente é tematizado no

Discurso Jornalistico da Folha de S.Paulo. Natal: Intercom, 2008.

OLIVEIRA DOS SANTOS, Cláudia; SCALCO SILVEIRA Tatiana. Mídia, Água e Tradições Religiosas:

O Caso do Encontro das Comunidades de Terreiro pelas Águas, em Salvador. Natal: Intercom,

2008.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, Jornalismo e Meio Ambiente: teoria e pesquisa. São

Paulo: Mojoara Editorial, 2007.

DENCKER, Ada de Freitas; KUNSCH, Margarida M. Krohling (Orgs.). Comunicação e Meio

Ambiente. São Paulo: Intercom,1996.

VICTOR, Cilene; CALDAS, Graça; BORTOLIERO, Simone (Orgs.). Jornalismo Científico e

Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: All Print Editora, 2009.

Jornal A Tarde. 2009.

Jornal Correio*. 2009

6 Especial produzido pela repórter Carmem Vasconcelos entre os dias 28 de Setembro e 02 de Outubro,

abordando as principais questões ambientais da Baía de Todos os Santos, como a ameaça aos manguezais

e o impacto causado pela implantação de uma base naval em Iguape, município componente da Baía.

A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DO PREVCINE NO INSS CAMPINA GRANDE

Antônio Costa de Andrade (INSS)7 Diana Reis de Oliveira (INSS)8

Isabelle kellen Monteiro (INSS)9 Luciana Loureiro (Lid Comunicação)10

RESUMO O presente trabalho se propõe a apresentar um relato de experiência da Comunicação Interna do INSS em Campina Grande relativa a implantação do PREVCine. O projeto que nasceu em 2009, exibe mensalmente filmes para o público interno da instituição, de modo a estimular o debate sobre as temáticas apresentadas nas obras cinematográficas. Palavras-chave: Comunicação Interna; Cinema; Cultura Organizacional INTRODUÇÃO

A Gerência Executiva do INSS em Campina Grande possui um quadro funcional de 111 servidores lotados no edifício sede da unidade administrativa, responsável pela manutenção do funcionamento de 15 Agências da Previdência Social, distribuídas em 13 municípios paraibanos, além de uma agência móvel. Os servidores que trabalham na unidade administrativa da gerência desenvolvem atividades de setores da área meio do INSS, dentre eles, logística, recursos humanos, gerenciamento de benefícios e gabinete da gerência.

A área meio é uma área estratégica do ponto da gestão das empresas, assim como é no INSS, pois é a partir dela que os processos de trabalho se iniciam e são concluídos, é onde se planeja de forma macro as ações de gestão e é também a área meio quem dá suporte para o desenvolvimento das atividades na ponta do processo, onde o atendimento aos clientes se efetiva.

Imerso nesse contexto e entendendo a necessidade de ouvir o seu público interno para elaboração de um Planejamento Estratégico de Comunicação Integrada – PECI, o Núcleo de Comunicação Social da Gerência Executiva do INSS em Campina Grande realizou uma pesquisa de clima organizacional. A pesquisa foi realizada no período de março a maio de 2009 e serviu como fonte de pesquisa e direcionamento das ações de Comunicação e gestão do INSS Campina Grande.

7 Jornalista profissional, formado em direito pela UFPB, é servidor público federal e atualmente

desenvolve atividades na Assessoria de Comunicação do INSS - [email protected]. 8 Formada em Comunicação Social, habilitação em Rádio e TV, pela UFPB, pós-graduanda em Mídia e

Assessoria de Comunicação pela Faculdade Cesrei, é servidora pública federal e trabalha na Assessoria de

Comunicação do INSS e é colaboradora da Lid Comunicação Empresarial -

[email protected] 9 Graduanda em Comunicação Social pela UEPB e estagiária da Assessoria de Comunicação do INSS e

colaboradora da Lid Comunicação Empresarial - [email protected]. 10

Formada em Comunicação Social, habilitação jornalismo, pela UEPB, desenvolveu atividade de

assessoria de comunicação como estagiária do INSS em Campina Grande e atualmente é colaboradora da

Lid Comunicação Empresarial - [email protected]

DESENVOLVIMENTO

As estratégias de comunicação são capazes de trazer benefícios para o público interno de uma organização, pois motiva, envolve e constrói bons relacionamentos com seus públicos.

A comunicação colabora na transformação das crenças dos valores e dos comportamentos. Daí o imenso poder da comunicação. Daí o uso que o poder faz da comunicação (BORDENAVE, 1996).

Com uma amostra de 40 servidores, o que corresponde a 36% do total de servidores que trabalham na unidade da gerência do INSS, a pesquisa buscou investigar, dentre outras coisas, o interesse do servidor em relação à adoção de novas práticas de comunicação social, associadas ao entretenimento. Essas novas práticas são propostas que visam agregar, ao ambiente organizacional, momentos de promoção à Cultura, bem estar e reflexão.

Levando-se em consideração esse propósito foi elaborado um questionário de pesquisa que contemplava a proposta de realização de dois projetos, o de exibição de filmes e o outro de formação de grupo de teatro para os servidores do INSS. O questionário da pesquisa, formado por seis questões objetivas, sendo que uma delas incluía mais três questões subjetivas. Os quesitos das questões subjetivas diziam respeito ao projeto de exibição de filmes no ambiente organizacional, e questionavam a respeito de melhor dia da semana, horário e periodicidade.

É interessante perceber que, ao contrário do que foi verificado em relação ao projeto de cinema, a proposta de formação de um grupo de teatro dos servidores do INSS obteve um elevado nível de rejeição. Do total de 40 questionários respondidos pelos servidores, apenas cinco disseram ter interesse de participar do projeto, enquanto 29 servidores responderam que não queriam participar.

Ou seja, o nível de rejeição para formação de um grupo de teatro dos servidores do INSS, foi de 85%. Já em relação ao projeto de cinema, o nível de aceitação foi surpreendente, 78% dos servidores disseram ter interesse em participar do projeto de exibições de filmes no ambiente de trabalho. Dos 40 pesquisados, apenas nove disseram não ter interesse pelo projeto.

Quanto às questões abertas, relativas a periodicidade, dia da semana e turno de interesse para implantação do projeto, a maioria considerou que seria mais interessante que o projeto fosse realizado uma vez por mês, correspondendo ao total de 41% dos pesquisados. E relação ao dia da semana, sexta-feira foi o dia escolhido, com 48% dos votos. Já em relação ao turno, ganhou com grande vantagem, o turno da tarde, com 63% do total de pesquisados. CONCLUSÃO

Com base nos resultados da pesquisa apresentada, a Gerência Executiva do INSS em

Campina Grande, deu início às atividades do projeto de cinema, intitulado PREVCine, em julho de 2009. Com o conceito “Aqui o INSS projeta Cultura para você”, o PREVCine passou a acontecer toda última quarta-feira de cada mês, no auditório da gerência do INSS em Campina Grande. As sessões de cinema tem como objetivo promover a Cultura e a reflexão através da arte. Ao final das sessões é aberto o espaço para debate sobre as temáticas apresentadas nas obras cinematográficas.

Segundo Chiavenato (2005, p. 121) “Cada organização é uma organização. Cada organização tem suas características próprias, seu estilo de vida e comportamento, sua mentalidade, sua perseverança, sua personalidade”. Com esta afirmativa, o autor mostra que cada organização tem características próprias e individualidades de hábitos e crenças que representam a sua cultura organizacional. O modo institucionalizado de pensar e agir que existem em uma organização, através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os seus membros, expressam a maneira como ela faz seus negócios, a maneira como ela trata seus clientes e funcionários.

Além de impulsionar as estratégias de uma organização, sua cultura também dita os seus valores. Os valores são as crenças e atitudes básicas que ajudam a determinar o comportamento individual. São os elementos construtores da integridade e responsabilidade que definem o que as pessoas e organizações são. Eles devem ser expressados e reafirmados dentro da instituição. Segundo Chiavenato (2005, p. 135) “A continuidade dos valores culturais precisa fazer parte integral de uma organização no sentido de apontar os rumos e definir comportamentos”. REFERÊNCIAS BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação – 1. Ed. – São Paulo: Brasiliense, 2003. v. 67. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações – 2. ed. – Rio de Janeiro: Campus, 2005. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane; (tradução) Mônica Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Claudia Freire. Administração de marketing: a bíblia do marketing – 12. ed. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

A INTERNET E SUAS DETERMINANTES SÓCIO-CULTURAIS

Emilson Ferreira Garcia Junior11 Arão de Azevedo12

Resumo A evolução cada vez mais abrangente da internet tem instigado um intenso debate sobre suas influências no comportamento social e na afetação de determinadas culturas. O objetivo desse trabalho e analisar o impacto desse meio de comunicação, bem como seus espaços de relacionamento e a construção de novos conceitos de identidade. Palavras chave: Internet; comportamento social; culturas. Introdução

Na história da civilização, a sociedade sempre buscou por novas formas de comunicação que facilitassem a interação entre as pessoas. Os instrumentos criados ao longo dos anos, como a televisão, o jornal e o telefone, conseguiram suprir “temporariamente” a necessidade de informação. O tempo passou e com ele novas tecnologias floresceram e não há dívidas do seu forte impacto e influência na vida de todos. A evolução tecnológica conseguiu moldar o conceito de espaço e de tempo da vida social, configurando-se em uma escala global, onde as distâncias são superadas pela ploriferação das redes de comunicação eletrônica, em que segundo Mcluhan (1974, p.72) “o meio é o fator condicionante nos modos de percepção, de organização e de comunicação de uma determinada cultura”. Não há limites na “era digital”, pois ao mesmo tempo em que se cria uma pluralidade de conexões, também é produzida inúmeras possibilidades funcionais a partir de um determinado aparelho, constituindo-se uma ferramenta multifuncional.

A utilização dos meios de comunicação tem facilitado a interação instantânea entra as pessoas. A circulação de informações e a facilidade em se obtê-las é conseqüência da chamada democratização da mídia, em que a internet é um exemplo evidente. Através dela é possível conectar-se com qualquer parte do mundo, onde são criados novos espaços, seja de informação, de entretenimento, de utilidades e de relacionamento.

Por meio de um simples click, as notícias mais distantes são fornecidas, as músicas e os vídeos de diversos estilos são ouvidos e assistidos respectivamente, e também são estabelecidos diversos laços de amizade por intermédio das inúmeras comunidades ou sites dedicados ao tema, onde há interação a partir de interesses em comum. Esses fatores, para Mcluhan (1974, p.11) “são preponderantes na criação de uma ambiente totalmente novo”.

11 Graduando do curso de comunicação social da Universidade Estadual da Paraíba, email:

[email protected], CPF: 08313603488. 12 Professor orientador da Universidade Estadual da Paraíba, email: [email protected], CPF: 02503820409.

As variáveis sócio-culturais

Segundo o sociólogo John B. Thompson (1998), “a mídia transforma a constituição espacial e temporal da vida social, criando novas formas de ação e interação não mais ligadas a compartilhar um local comum”. A idéia de inclusão digital vem ganhando cada vez mais força devido a sua facilidade de acesso.

A influência dos meios de comunicação é tanta que se chega muitas vezes a desconsiderar os efeitos das questões sócio-culturais na vida das pessoas, como se a história fosse mera coadjuvante das mudanças sociais. Esse conceito serviu como plano de fundo nas Críticas do acadêmico galês Raymond Williams (1974, p.126) ao teórico canadense Marshall Mcluhan, já que Mcluhan omitiu em suas idéias os fatores sociais, políticas e econômicas nas afetações humanas.

A enorme abrangência que é possível por meio dessa conexão promove uma espécie de difusão cultural. Não há como pensar que as tradições conservadas em certos locais sejam mantidas intactas com a transmissão de inúmeras formas de identidades. Se por um lado, se ganha em termos de conhecimento, perde-se um pouco o estilo regional que é próprio de cada nação, um exemplo claro é o excessivo número de palavras estrangeiras na língua portuguesa. A menos que se tome uma atitude de isolamento, não há como escapar de tal realidade.

À medida que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural. (HALL, 2005, p.74).

Espaço coletivo Assim como no cotidiano social estabelece-se vínculos com grupos de ideologia

ou culturas em comum, no espaço virtual a definição de comunidade é caracterizada da mesma forma. Assim, a participação em um grupo é permanente, já que laços são criados devido a um forte sentimento de filiação. Um exemplo é o sistema Orkut, em que cada participante pode criar ou participar de uma área que lhe interesse, criando uma linguagem comum e de interação, sendo, portanto uma das motivações para que o usuário continue a acessar tal site. Luis Soares ratifica tal idéia, pois assim como no real só buscamos aquilo que realmente nos interessam, na grande rede acontece à mesma coisa e com mais intensidade, já que é possível excluir o que se considera de menor importância.

Soares ratifica tal idéia, pois assim como no real só se busca aquilo que realmente nos interessam, na grande rede acontece à mesma coisa e com mais intensidade, já que é possível excluir o que se considera de menor importância.

As comunidades virtuais são feitas de pessoas e do que elas normalmente querem daquilo que realmente lhes interessas, sem constrangimentos prévios ou póstimos (...). As novas tecnologias dão a cada um de nós um poder sem precedentes de construir o nosso próprio mundo de referência, de encontrar as pessoas que realmente

interessam, estejam onde estiverem, de aprender e ensinar sobre aquilo que realmente queremos que faça parte da nossa vida. (SOARES, 1999, p.75).

Conclusão Contudo, se por um lado os avanços alcançados pelos meios de comunicação

têm facilitado a vida cotidiana, por outro tem se assistido a uma mudança comportamental preocupante. Enquanto que na área virtual é criada uma extensa rede de contatos, na sociedade tem sido construída uma cultura de isolamento, em que se conhece gente de outros países, mas não se conhece o vizinho que mora ao lado e que a mensagem eletrônica, seja pelo e-mail ou pelo celular, tem substituído o contato pessoal.

A mudança comportamental no modo de agir das pessoas não é apenas condicionada pelas múltiplas formas de conexão, destaque-se que o ritmo acelerado da vida moderna e a violência urbana contribuem para justificar essas atitudes.

Diante do momento em que se vive hoje, é possível afirmar que a evolução tecnológica continuará de forma ainda mais abrangente, de modo que seus efeitos serão sentidos no dia a dia. É importante que a sociedade saiba controlar a ascensão dessas importantes e úteis ferramentas, não sendo escravas de uma realidade que vive em constante transformação.

Referências HALL, Stuart. A identidade cultural na pós - modernidade. 10 ed. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva; Lopes Louro. Rio de Janeiro: DPZA, 2005.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1974. WILLIAMS, R. Television: technology and cultural form. London: Fontana, 1974. SOARES, Luis. Contra a corrente: sete premissas para construir uma comunidade virtual: In: ALVES, José Augusto, CAMPOS, Pedro e BRITO, Pedro Quelhas (coord.). O futuro da internet: estado da arte e tendências de evolução, Lisboa: Centro Atlântico, 75-77, 1999. THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade. 7º edição. São Paulo: Vozes, 1998.

ABORDAGEM DA AIDS NA IMPRENSA INTERIORANA: UM ESTUDO DE CASO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DO BREJO PARAIBANO

Angelita Lucas dos Santos13

Universidade Federal da Paraíba Resumo O estudo percorre o caminho traçado pela mídia, seja ela impressa, eletrônica, radiofônica ou televisiva, em relação à veiculação da informação sobre Aids direcionando-se para o tratamento, a prevenção e os dramas sociais do tema no brejo Paraibano. Palavras-chave: Aids - Paraíba. Imprensa - Aids. Informação – Aids. Introdução A Aids é um tema com grande divulgação em nível nacional, abrangendo-se através de campanhas e enfoques governamentais, porém esse conhecimento volta-se mais para os grandes centros. Considerada uma doença crônica, e ainda sem cura, segui o caminho dos preconceitos. A falta de informação incisiva em relação à prevenção e transmissão da Aids causa cada vez mais a transmissão da doença. Com base, nesse conhecimento, nos reportamos para a situação da Aids na Paraíba, mas precisamente no brejo. Para tanto, buscamos analisar no objetivo geral a disseminação da informação da Aids em aspecto total, visando seu desdobramento em relação ao tratamento, prevenção e dramas sociais, repercutidos nos programas jornalísticos, seja de veiculação impressa, eletrônica, radiofônica ou televisiva no brejo Paraibano. Entretanto, nossos objetivos específicos são: investigar e refletir se o profissional de imprensa do brejo paraibano enfoca a Aids em sua abordagem jornalística; verificar se os profissionais da comunicação do brejo atentam para o drama social vivenciado pelos portadores do HIV/AIDS; identificar se existe divulgação por meios dos comunicadores a respeito da prevenção da Aids no interior Paraibano.

Sendo assim, nos embasamos na precariedade informacional transmitida no brejo sobre o tema proposto, enfatizando que a classe iletrada e socialmente desigual é os mais afetados nesse aspecto. Em relação aos meios de comunicação nas aplicações informacionais, Silverstone (2002, p.63), aponta,

[...] o controle econômico associado ao controle político bem como ao exercício das mais variadas formas de censuras que o estado pode exercer nos veículos de comunicação de massa. Em síntese, não podemos abordar o controle econômico dissociado do controle político e dos instrumentos utilizados pelo Estado para exercer o controle geral sobre os meios de comunicação. (Grifo nosso).

Para os aspectos metodológicos, nos apoiamos nas ideias de Fioreze (2003, p. 61), onde expõe que “no projeto de pesquisa, metodologia consiste apenas numa referência [...]”. (Grifo nosso). Nesse sentido, seguimos a abordagem qualitativa, no que concerne a fala (entrevistas), referindo-se as opiniões e ponto de vista de alguns indivíduos sobre o conhecimento e divulgação do tema nas mídias dessa região. Verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números (MINAYO, 2007).

13 [email protected]

O envolvimento (justificativa pessoal) e a motivação acadêmica (justificativa temática) da autora confundem-se, e se explica tal soma de interesses: há vários anos vem participando, bem diretamente, de pesquisas de graduação em Comunicação Social, e palestras, sempre abordando aspectos dos vínculos existentes entre as comunidades afetadas pela positivação do HIV, porém é chegado o momento de avançar, agora enfocando os graus de desinteresse dos meios de comunicação de massa diante das necessidades dos públicos paraibanos. Através da comparação das teorias do conhecimento e da comunicação, dos símbolos e dos mitos correlatos às intercorrências da AIDS, com os noticiários da mídia, seria relevante clarear como vêm se dando às abordagens, objetiva e formal, do conjunto dos meios de comunicação, como ferramental de formação de consciência, real prestador de serviços, e também de cidadania. As informações são mais difíceis de serem repassadas, principalmente pelos profissionais de imprensa, muitas das vezes por falta de conhecimento e servirem exclusivamente aos seus patrões, que são os donos das empresas de comunicação, que só visam à política e dinheiro. Conclusão O nosso trabalho está diretamente envolvido, nas questões de políticas públicas, controle social das pessoas vivendo e convivendo com HIVAIDS, tentando sensibilizar o público, principalmente os donos das empresas de comunicação que juntos poderemos mudar este quadro, usando as mídias para repassar as informações, e assim diminuir o número de infectados nas cidades que abrangem o Brejo paraibano. Concluímos que através da força, perseverança e informação, é que poderemos evitar a doença, ainda ampliando a distribuição de materiais educativos, incluindo o preservativo, trabalhos sociais nas áreas mais afetadas, e a preparação dos profissionais de imprensa, principalmente os que trabalham no rádio, porque ainda é o único meio de comunicação mais rápida e que abrange todas as camadas sociais, chegando aos lugares mais longínquos. Referências Bibliográficas FIOREZE, Romeu. Metodologia da Pesquisa: como planejar, executar e escrever um trabalho científico. 2ª ed. João Pessoa: Editora Universitária, 2003. MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, 2007. SILVERSTONE, R. Por que estudar a mídia. São Paulo: Loyola, 2004. VIEIRA, Silvio. As Mazelas da Construção Social da Realidade no Brasil. Editora Darshan e Primavera, João Pessoa, 146 páginas. 2006

ÁGUA E MÍDIA IMPRESSA: O PARADIGMA DA FATALIDADE

Alisson Campos Santos14 Cidoval Morais de Sousa15

Resumo

Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação sobre a cobertura da escassez de água na Paraíba em três jornais impressos. Foi aplicado o método de análise de conteúdo em 326 matérias publicadas durante os meses de estiagem, nos anos de 2007 e 2008. Como resultado, constatou-se nos impressos estudados, o predomínio do discurso fatalista da seca. Palavras-chave: Cobertura midiática; Escassez de água; Estiagem. Introdução

Segundo Albuquerque (1999), os discursos e práticas decorrentes do fenômeno de estiagem instituíram a região Nordeste como um recorte espacial específico no país, uma vez que o termo Nordeste foi utilizado inicialmente para designar a área de atuação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), criada em 1919, sobre a parte Norte do país sujeita às estiagens.

Posteriormente, em 1945, o Ifocs foi transformado em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), com a finalidade de realizar obras e serviços permanentes e desenvolver ações em situações de emergência. O resultado foram ações que não produziram soluções eficazes de maior acesso à água pelas populações historicamente mais afetadas, notadamente as populações rurais, bem como não criaram um contexto de pleno desenvolvimento social, econômico, político e tecnológico da região. Na realidade reforçaram relações de clientelismo e dependência já existentes, como constatam Silva (2006), Castro (1980) e Oliveira (1981).

Notadamente, a seca tem exercido grande influência sobre o processo de representação do Nordeste, uma vez que a região é filha das secas; “produto imagético-discursivo de toda uma série de imagens e textos, produzidos a respeito deste fenômeno” (ALBUQUERQUE, 1999: 68). Atuando de forma substancial na produção e na reprodução de uma forma de dizer e ver o nordeste, o jornalismo regional e nacional tem se alinhado a este repertório imagético-discursivo sobre a seca para explicar os problemas da região, sobretudo, sob um viés catastrófico, fatalista e oficioso.

Dessa forma, partindo de uma crítica a esta abordagem jornalística, ainda bastante pautada por um determinismo físico-climático e pelo discurso oficial, o presente trabalho buscou evidenciar aspectos da cobertura impressa sobre o problema da água na Paraíba. Para tanto, foi aplicado o método de análise de

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Jornalista, mestrando em Desenvolvimento Regional pela UEPB. Email: [email protected] 15

Professor/Pesquisador da UEPB nos Mestrados em Ensino de Ciências e Matemática e Desenvolvimento Regional.

conteúdo em 326 matérias publicadas em três jornais impressos da Paraíba, Jornal da Paraíba (JP), A União e Correio da Paraíba (CP) durante os quatro últimos meses dos anos de 2007 e 2008.

Desenvolvimento

A escolha dos três jornais partiu da hipótese inicial de influência dos grupos políticos estaduais na produção dos três veículos, em que o A União se configura como um jornal oficial das ações do Governo do Estado, por se tratar de um veículo pertencente ao executivo estadual, o CP como veículo de oposição e o JP como supostamente imparcial. Já o período de análise (setembro a dezembro) corresponde à época de menor índice pluviométrico do ano, com uma média de 16.52 mm, segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).

A exploração dos conteúdos se deu em três momentos: seleção das matérias, pré-análise e análise. No primeiro momento foram coletadas todas as matérias sobre água veiculadas nos três periódicos. No segundo momento foi feita uma pré-analise para agrupar as matérias em temas: Ações governamentais; Transposição do Rio São Francisco; Falta d’água e situações de emergência; Relatórios, pesquisas, estudos e eventos; Chuvas; Protestos; Denúncias. Partimos então para o terceiro momento, onde foi feita a análise dos conteúdos. A apreciação deu-se de forma quantitativa e qualitativa. No primeiro procedimento demonstramos percentualmente quais assuntos tiveram mais espaço nos três jornais. Tentamos traçar um quadro geral de cada veículo ao mesmo tempo em que fosse possível estabelecer dados comparativos entre eles. Já na análise qualitativa, buscamos analisar substancialmente as matérias, procurando evidenciar enunciados, discursos, atores, formas de narrativa, recursos imagéticos entre outros aspectos.

Resultados

Como resultados, podemos destacar algumas particularidades na cobertura de cada veículo. No jornal A União ficou patente a predominância de matérias sobre ações governamentais, notadamente ações do governo estadual, como obras de saneamento básico, abastecimento de água, revitalização de rios e ações realizadas pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), sendo publicadas 46 matérias, correspondendo a 52% de todo o espaço cedido ao tema. Em seguida vieram Transposição do Rio São Francisco (23%), Falta D’água e Situações de Emergência (10%), Pesquisas, Relatórios, Estudos e Eventos (7%), Chuvas (7%) e Denúncia (1%).

Já o JP e o CP tiveram uma melhor distribuição. No CP, Falta D’água e Situações de Emergência e Pesquisas, relatórios, estudos e eventos figuraram como temas mais abordados, os dois com 24%. Na seqüência vieram Ações governamentais (15%), Denúncias (14%), Transposição do Rio São Francisco (12%), Chuvas (8%) e Protestos (3%). É importante destacar a quantidade de matérias denunciativas veiculadas no CP, 21 matérias, contra 03 no JP e 01 no A União. Sendo grande parte das denúncias feitas por políticos oposicionistas ao governo estadual, como ficou claro na análise qualitativa.

No JP encontramos Ações Governamentais ao lado de Falta D’água e Situação de Emergência como assuntos mais abordados, 22% cada um. Logo após temos

Transposição do Rio São Francisco (20%), Chuvas (16%), Pesquisas, Relatórios, Estudos e Eventos (9%), Protestos (8%) e Denúncias (3%). No JP encontramos, de fato, uma suposta imparcialidade, no entanto, com momentos de alinhamento ao executivo estadual.

Num quadro geral, podemos destacar três aspectos principais encontrados nos três veículos: 1) a influência do contexto político estadual na produção jornalística, onde foi dado maior espaço ao discurso oficial e menor espaço a outros discursos também inseridos na problemática, ao passo que ficou claro o alinhamento de cada veículo a determinados grupos estaduais e dos três ao executivo federal; 2) uma narrativa focada na catástrofe e no fatalismo, em que prevaleceu o discurso da seca, deixando em segundo plano propostas de soluções e práticas de uso eficiente dos recursos hídricos estaduais; 3) uma cobertura que não abordou o tema em toda sua complexidade, onde fossem trazidos conjuntamente aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais.

Considerações finais

Apesar de ter transitado por vários cadernos (política, economia, cidades e meio ambiente), suscitando assim a natureza complexa da questão hídrica, constatamos uma produção ainda bastante fragmentada e desconexa, notadamente insuficiente, dada a visão sistêmica que a questão evoca. Em linhas gerais, o predomínio do discurso da seca evidenciado nos jornais estudados, deixa patente a necessidade de se reavaliar como os mesmos vem tratando o fenômeno de estiagem. No entanto, fica clara a importância do agendamento da mídia impressa estadual no processo de desconstrução do paradigma fatalista sobre o atraso sócio-econômico da região, em que possam ser expostos outros fatores causadores dos problemas nordestinos.

Referências bibliográficas ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras artes. Recife: FJN, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 1999. CASTRO, Josué de. Geografia da fome: o dilema brasileiro, pão ou aço. Rio de Janeiro. Ed. Antares/Achiamé, 1980, 10° ed. OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma re(li)gião: Sudene, Nordeste, Planejamento e conflitos de classes. 3ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981. SILVA, Roberto Marinho Alves da. Entre o combate à seca e a convivência com semi-árido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento. (Tese de Doutorado). Brasília: UNB\ CDS, 2006. 298f.

C&T COMO NOTÍCIA NA TELEVISÃO REGIONAL – O EXEMPLO DO CETV 1ª EDIÇÃO NO INTERIOR DO CEARÁ

Autora: Emmanuelle Monike Silva Feitosa16

TV Verdes Mares Cariri – afiliada Rede Globo

Resumo Este relato é baseado na minha experiência jornalística, como pesquisadora C&T e produtora\repórter de em uma emissora de televisão, visto que a presença de um jornalista com olhar científico numa redação de TV pode fazer a diferença. Entre a produção da notícia C&T e a veiculação noticiosa há obstáculos, mas essa realidade, pelo menos no CETV 1ª Edição, já começou a mudar. Palavras-chave: notícia; C&T; televisão regional.

A realidade da mídia televisiva no interior do Ceará pode até ser a mesma de outras regiões do Nordeste ou se não dizer do nosso País. Os programas locais dão cada vez mais espaço às notícias policiais e as de cunho político, onde um grupo se preocupa em produzir notícias negativas sobre a atuação do adversário. Esse panorama mostra a despreocupação dos canais de TV locais, bem como de seus jornalistas, quanto à produção científica e tecnológica produzida pelas instituições sediadas na região do Cariri, Sul do Ceará, como: UFC - Universidade Federal do Ceará (2 campus: Juazeiro do Norte e Barbalha); Embrapa Mamona Barbalha; CENTEC – Centro de Ensino Tecnológico do Cariri (Juazeiro do Norte); EAFC – Escola Agrotécnica Federal do Crato; IFCE – Instituto Federal do Ceará (unidade Juazeiro do Norte); URCA – Universidade Regional do Cariri (Crato, Juazeiro e Barbalha); ONG SOS Chapada do Araripe (Barbalha) ; Georpark Araripe e Instituto Chico Mendes (ambos em Crato). Diante desses dados, nosso objetivo com esse relato é tentar responder questionamentos, como: por que falta assunto de C&T nos telejornais locais¿ As instituições não divulgam suas produções ou as equipes das emissoras de televisão inseridas nessa área de cobertura não têm interesse em divulgar¿ E analisar o caso isolado do CETV 1ª Edição, que é o programa local mais novo e o que também tem mostrado mais notícias sobre C&T: qual é o segredo dessa cobertura¿

Para esse trabalho mapeamos as emissoras existentes na região e entrevistamos as equipes jornalísticas que atuam como correspondentes para programas de televisão sediados na capital do estado, Fortaleza, a mais de 500 km de

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Monike Feitosa é jornalista e atua como produtora, repórter e apresentadora da TV Verdes Mares Cariri

– afiliada Globo - Juazeiro do Norte\CE, mas já trabalhou na Assessoria de Comunicação da Polícia

Militar, Rádio Correio FM e TV Paraíba – afiliada Globo, todas em Campina Grande, Paraíba.

Atualmente está concluindo o Curso de Especialização em Redação Jornalística pela Universidade

Potiguar - João Pessoa\PB. Durante a Graduação em Comunicação Social – Jornalismo, na UEPB -

Universidade Estadual da Paraíba, participou de Projetos de Iniciação Científica

Pibic\Proinci\UEPB\Cnpq, orientada pelo professor Dr. Cidoval Morais de Sousa, cujo trabalho

desenvolvido foi sobre Jornalismo Científico na televisão regional com emissoras paraibanas.

e-mail: [email protected]

distância. Pois bem, essas equipes-correspondentes são três: TV Cidade – afiliada Record; TV Jangadeiro – afiliada SBT; TV Diário – canal independente de abrangência estadual. De acordo com o depoimento, tanto dos cinegrafistas quanto dos repórteres, todos trabalham voltados, preferencialmente, para notícias policiais e em momentos isolados fazem as chamadas matérias produzidas, que é aí onde pode surgir uma oportunidade para falar sobre C&T na região, o que segundo eles ainda não aconteceu, por isso esses programas não puderam compor nossa análise. Quanto às emissoras de TV com programação local, só poderemos analisar uma, a TV Verdes Mares Cariri – afiliada Globo – que está no ar há apenas sete meses, já que a concorrente TV Verde Vale (ambas sediadas em Juazeiro do Norte) – canal local que abrange poucas cidades do interior – ainda tem uma programação voltada apenas para programas policiais e de auditório.

Além de a TV Verdes Mares Cariri ser a mais nova na região, ela já nasceu com mais estrutura, tanto em equipamentos como em material humano. A editoria do programa que vamos falar aqui, CETV 1ª Edição, começou preocupada em apresentar a área de cobertura onde atua a emissora (para marcar a identidade de emissora regional) e para isso as equipes produziram matérias sobre a as cidades-destaque da região, depois vieram os assuntos romaria e outros de cunho religioso, histórico, cultural, além das notícias policiais também. Aos poucos foram entrando as matérias esportivas, comunitárias e um mês depois de está no ar começamos a fazer contato com pesquisadores nas áreas de saúde, tecnologia, meio ambiente dentre outros. O mais bonito nessa relação pesquisador x jornalista foi a disponibilidade de ambos para colaborar com a construção da notícia para que ficasse algo bem compreensível. Alguns pesquisadores já tinham mantido contato com imprensa por terem trabalhado em outro centro, mas muitos ainda não porque outras emissoras de TV ainda não os tinham procurado.

Para Sousa (2003) a pouca ou nenhuma veiculação sobre C&T no meio televisivo se dá também pela pouca ou nenhuma formação sobre ciência que os jornalistas recebem na academia. O diferencial do CETV – Cariri (interior) para o CETV – Fortaleza também se reflete nisso. Nosso telejornal, ainda que no interior, acaba veiculando mais notícias sobre C&T do que a própria capital que tem vários centros produtores de notícia, mas na redação há poucos jornalistas preocupados em divulgar C&T. Nosso diferencial nesse aspecto é termos duas jornalistas17 na redação que tiveram experiências acadêmicas com Jornalismo Científico, com projetos de pesquisa, congressos, notícias de C&T, como abordar pesquisadores, enfim, tem o JC correndo nas veias e não apenas em momentos distintos, como quando há um Congresso ou uma Feira sobre o assunto na região. Acredito que esse é um dos fatores que fazem toda diferença para que as produções de C&T das instituições locais tenham a visibilidade necessária no CETV, enquanto os outros programas jornalísticos não oferecem divulgação alguma para esses mesmos assunto; pelo menos até agora. A visibilidade das notícias de C&T que já veiculamos já ganhou tanta repercussão que depois que saiu no CETV – Cariri, soubemos de que outros veículos(rádio, site, jornal)

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Mary Landim – jornalista graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual

da Paraíba, participou de programas e projetos de iniciação científica e atualmente trabalha na TV Verdes

Mares Cariri como produtora e repórter. Monike Feitosa – idem ao rodapé 1.

procuraram a instituição para fazer a reportagem. Isso é tão sério que às vezes pautamos até a capital. Por exemplo, quando produzimos uma notícia de C&T no interior e depois Fortaleza pede o material para veicular por lá.

Outro dia um professor\biólogo que trabalha com pesquisas voltadas para reaproveitamento alimentar falou que estava desenvolvendo um papel à base da fibra (bagaço) do caju e que esse experimento, ainda que não tivesse chegado à última etapa, já apresentava resultados. Então por que teríamos que esperar o “final” da pesquisa, se só o fato dele com os alunos terem tido a iniciativa, o olhar científico sobre reaproveitar o bagaço das frutas utilizadas na merenda da escolar, já valeria uma bela pauta, ainda mais tendo o viés científico da transformação do que seria lixo em papel reciclado. Fizemos a reportagem, resultado¿ Ela foi veiculada no interior e na capital.

E assim teríamos vários relatos sobre as notícias de C&T que já produzimos para o CETV 1 – Cariri que foram oferecidas até para Globo Rural e Globo News. Não há segredo para oferecer espaço às noticias de C&T num telejornal local. Elas são muito importantes porque educam a população e fomentam ainda mais o desenvolvimento da região, da cultura, da mentalidade dos telespectadores. Certo que dá cobertura constantemente ao assunto de ciência, assim como qualquer outra área específica no jornalismo, requer leitura, busca por conhecimento e atualização constante, para não ficar pra trás. Quando um repórter é escalado para cobrir determinada pauta, seja C&T, seja esporte, se ele não sente segurança o que pode acontecer é pedir para trocar com o colega que tem mais afinidade com o assunto.

Para Siqueira (1999), ciência e tecnologia, são temas que interessam aos meios de comunicação de massa desde suas primeiras versões. No caso da televisão e da ciência, elas envolvem esferas discursivas diferentes, mas que a televisão e divulgação científica são termos que podem ser conjugados. Se com a especialização na área científica, as pessoas leigas têm cada vez menos acesso às pesquisas recentes, cabe aos meios de comunicação de massa a possibilidade de promover a divulgação da ciência a um público maior. Para isso quando o CETV veicula notícias de C&T geralmente as reportagens seguem um caráter mais explicativo e conversado, com uma linguagem mais coloquial e menos técnica, utilizam-se ainda recursos gráficos, artes visuais que podem auxiliar a compreensão da pesquisa. No caso de uma reportagem sobre redução de consumo de energia elétrica, nossa equipe procurou auxílio do Centro de Ensino Tecnológico do Cariri – CENTEC – para saber como andavam as pesquisas nessa área e para nossa surpresa, a reportagem ficou melhor do que esperávamos. Além de explicar a funcionalidade da redução do gasto com energia que ajuda o meio ambiente, os pesquisadores ainda mostraram como fiações podem ser arriscadas quando o assunto é incêndio. Essa reportagem também foi veiculada no interior e na capital. Por isso pra gente fica a lição de que as instituições continuam lá, produzindo suas pesquisas, então faltam mais jornalistas científicos nas redações para buscá-las. Referências Bibliográficas SIQUEIRA, Denise da Costa Oliveira. A ciência na televisão: mito, ritual e espetáculo. São Paulo: Annablume, 1999.

SOUSA, Cidoval Morais. Quando a ciência é notícia na TV. In: Comunicação Pública da Ciência. Taubaté: Cabral, 2003.

CIÊNCIA E ARTE EM ALAGOA GRANDE: REVISITANDO UMA EXPERIÊNCIA

Thiago da Silva Santos18 Curso de Licenciatura em Física- UEPB

Samuel dos Santos Feitosa Curso de Licenciatura em Física- UEPB

Marcelo Gomes Germano Curso de Licenciatura em Física- UEPB

Resumo Este trabalho está inserido no contexto do Programa de Iniciação Científica, da UEPB e visa resgatar as experiências vivenciadas no Projeto “Exposições Itinerantes de Ciências e Tecnologias: Uma experiência no interior paraibano”, projeto financiado pelo CNPq, edital 12/2006-2009. Assim, a partir de depoimentos e imagens, revisitamos à exposição realizada na Cidade de Alagoa Grande – PB em maio de 2009. Palavras – chave: Comunicação, popularização, ciência.

Introdução Embora muito pouco conhecidas, as tentativas de implantação e divulgação da

ciência no Brasil são bastante antigas e, desde as raras iniciativas desenvolvidas ao longo do período colonial, passando pela fase de relativa organização com a presença da corte portuguesa no Brasil, até aquelas ações já mais específicas desenvolvidas a partir da segunda metade do século XIX, início e final do século XX, muitas iniciativas de difusão da ciência já foram realizadas (MOREIRA, 2006). Segundo Gaspar (1993) em 1818 foi criado por D. João VI o Museu Real (Museu Nacional) na cidade do Rio de Janeiro. Uma iniciativa que tinha como objetivo propagar os conhecimentos e os Estudos das Ciências Naturais do Reino do Brasil que encerram em si milhares de objetos dignos de observação e exame que poderiam ser empregados em benefício do Comércio, da Indústria e das Artes. O autor ainda destaca a criação do Museu Paraense em 1866 e o Museu Paulista em 1894.

Apesar do grande abismo existente entre o conhecimento científico e a sua socialização, os aparatos tecnológicos estão cada vez mais inseridos em todo o leque de classes que compõem a sociedade. Tendo em vista esse fato, fica cada vez mais evidente a necessidade da realização de práticas e políticas inclusivas de Popularização e Comunicação Pública da Ciência. Neste sentido, com o esforço de alunos e professores vinculados ao Departamento de Física da Universidade Estadual da Paraíba, o projeto Exposições Itinerantes de Ciências e Tecnologia: uma experiência no interior paraibano (Ciência e Arte na Feira) vem reunindo esforços para desenvolver ações inclusivas de popularização e comunicação pública da ciência que, através de exposições populares e interativas realizadas nos espaços das feiras livres de pequenas cidades do interior paraibano, procura aproximar a ciência de um público popular. Este trabalho limita-se a um resgate da experiência vivenciada na última das cidades visitadas pelo projeto – Alagoa Grande/PB. Dividido em três partes, iniciamos o relato

18 Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB - [email protected]

recuperando alguns momentos de uma visita prévia feita ao referido Município. Em seguida contamos um pouco do que foi a palestra e, finalmente rememoramos alguns fatos marcantes da exposição na feira, apresentando uma pequena avaliação dos resultados. A investigação foi construída a partir da observação participante e através de entrevistas orientadas por um questionário estruturado a partir de questões fechadas. Também foram feitas entrevistas abertas e registros de imagens e falas.

A visita prévia: primeiros contatos com a cidade

De acordo com Bazin (1985, apud Gouvêa, 2000) um elemento fundamental da ação de se popularizar é considerar o outro, não apenas tornando o discurso científico acessível, mas levando em conta o saber do grupo, com seus componentes culturais e políticos. Neste sentido, antes de qualquer intervenção, era fundamental fazer uma visita prévia ao Município, sobretudo para conhecer algumas características da cultura local, fotografando e guardando registros valiosos das feiras populares nordestinas.

A primeira visita, envolveu quase todos participantes incumbido-os de observar e registrar um pouco da realidade do povo “daquela cidade” e criando alternativas para o desenvolvimento de um diálogo coerente com os objetivos do projeto, ou seja, a partir de uma linguagem simples e acessível, possibilitar o diálogo entre o discurso científico e os saberes de senso comum.

Este é um tipo de atividade que, como nos lembra Gouvêa (2000), pressupõe interação entre pesquisadores, mediadores e não-especialistas, e que está contido nas diferentes práticas da educação científica e tecnológica, mas, sobretudo nas práticas sociais realizadas nos espaços não formais de educação.

Memórias da palestra: poluição sonora, males e significado

A presença da ciência e da tecnologia no dia a dia das pessoas é hoje amplamente reconhecida. Assuntos dos “mais relevantes” centram-se em temas científicos, as mudanças climáticas são e formam um ótimo exemplo desse fato. Decisões políticas importantes para a sociedade muitas vezes precisam ser tomadas com base em conhecimentos científicos diferenciados daqueles do senso comum. Assim, dentre as atividades envolvidas no projeto, era promovida a realização de uma palestra sobre um tema científico relevante.

Na cidade de Alagoa Grande o tema escolhido foi a Poluição Sonora, Males e Significados, tendo como palestrante o professor Edvaldo de Oliveira (Mará) e como local o Teatro Municipal de Alagoa Grande. Assim como a descontraída exposição feita pelo professor, outro fator que abrilhantou a palestra chamando a atenção de grande parte dos componentes do grupo foi a estrutura barroca do pequeno teatro que, assim como outras arquiteturas antigas, é parte importante do rico patrimônio histórico daquele Município.

A exposição na feira

E por fim, na terceira etapa os componentes do grupo de difusão e popularização da ciência, foram à feira livre da cidade a fim de colocar à mostra para o público os experimentos escolhidos, e investigar as possibilidades de dialogo e a interação dos visitantes com os vários aparatos, que envolviam desde questões de equilíbrio e eletricidade até as ilusões de óptica.

Conclusões

Segundo Matos (2002) e Moreira (2006) o desenvolvimento científico e tecnológico tornou-se um fator crucial para o bem estar social de uma parcela da sociedade, e por esse motivo, torna-se um fator de exclusão para outros. Como nos outros Municípios, o mais sério desafio para o grupo foi, sem dúvida, a questão da linguagem. Como dialogar com as pessoas simples sobre questões de ciência sem poder lançar mão das palavras e conceitos aprendidos durante a graduação? Este tem sido um grande desafio e a cada nova experiência o grupo vem crescendo em habilidade no trato com públicos diferenciados e com objetivos diferentes daqueles da sala de aula. Outra questão relevante para todas as intervenções é tentar identificar a impressão do público sobre a compreensão dos fenômenos observados. Em alagoa Grande, conforme a maioria dos depoimentos, os visitantes demonstravam compreender os fenômenos envolvidos nos aparatos apresentados. Naturalmente que, o alcance dessa compreensão não foi possível avaliar.

Gostaríamos de agradecer ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Prefeitura Municipal de Alagoa Grande (PMA) e a todos os homens e mulheres que dialogaram conosco naquela alegre manhã de maio.

Referências Bibliográficas

GASPAR, Alberto. HAMBURGER, Ernst W. Museus e Centros de Ciências - conceituação e proposta de um referencial teórico. São Paulo: 1993.

GOUVÊA, G. A divulgação científica para crianças: o caso da Ciência Hoje das crianças. 2000, 305 f. Tese (Doutorado) - CCS/UFRJ, 2000.

MATOS, C. Ciência e Inclusão Social. São Paulo. Ed. Terceira Margem, 2002.

MOREIRA, I., A Inclusão Social e a popularização da ciência e tecnologia no Brasil. Revista Inclusão Social, Vol.1, No 2 , 2006 .

MOREIRA, I. Aspectos históricos da divulgação científica no Brasil. In MASSARANI, L.; MOREIRA, ILDEU DE C. & BRITO, F. (orgs.) Ciência e Público: caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro, Casa da Ciência. UFRJ, 2002;.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS NO SITE PARAÍBA1

Aline Ferreira Durães19 Universidade Estadual da Paraíba - UEPB

Ulisses Diêgo Vieira Praxedes20

Centro de Ensino Superior Reinaldo Ramos - CESREI RESUMO Este artigo faz uma análise do jornalismo científico, a partir da experiência da seção Ciência e Tecnologia do portal Paraíba1, no período de 01 a 14 de maio de 2010. A metodologia consistiu numa abordagem quantitativa, além de uma análise qualitativa com o objetivo de conhecer o processamento das notícias e verificar a visibilidade da produção local sobre a temática. Palavras-chave: Notícia, Jornalismo Científico, Portal.

INTRODUÇÃO Na comunicação do Estado da Paraíba uma mudança bastante visível ocorreu

nos últimos anos: os sites de notícia se proliferaram e com eles, a divulgação de informações locais também cresceu. O paraibano passou a dispor de uma grande quantidade de informações sobre a realidade da região.

Dentro desta perspectiva de crescimento do jornalismo no Estado, podemos notar também que editorias específicas se firmaram e consequentemente a produção local que antes não era cotidiana nas redações passou a ser uma realidade. E neste contexto se faz necessária uma análise de como o jornalismo científico vem sendo exercido e qual a visibilidade das notícias locais sobre Ciência e Tecnologia na mídia digital.

O objetivo deste trabalho é focar nossos olhares ao site Paraíba1 (www.paraiba1.com.br) no período de 01 a 14 de maio e observar essa prática. A análise esclarecerá sobre a eficácia e credibilidade deste novo conceito de produção jornalística, além de adicionarmos nesse procedimento uma abordagem sobre o conceito de jornalismo cientifico. Percorrendo este caminho teremos um panorama por amostragem de como se processa a produção do dessa temática no estado. DESENVOLVIMENTO

Manuel Calvo Hernando assevera que Copérnico, no prefácio dedicado ao papa Paulo III, escreveu o seguinte: "Matemática só se escreve para matemáticos”. Este era o pensamento da época e tratava a comunicação específica de forma isoladora e excludente. O acesso a certas ciências não era permitido além daqueles que estavam dedicados exclusivamente ao seu estudo. Porém, com a chegada da especificidade no

19

[email protected] 20

[email protected]

jornalismo mudanças ocorreram na forma de se divulgar os estudos científicos. Para tanto será necessário antes entendermos o conceito de notícia e de jornalismo científico, afunilando posteriormente ao nosso caso no Estado da Paraíba.

O termo notícia é amplamente discutido. Para alguns teóricos é uma técnica, restando tão somente ao jornalismo à tarefa de relatar os fatos. Contrariando essa visão puramente tecnicista, temos vários outros autores que consideram que um fato vira notícia, ou não, em razão de muitos outros aspectos, como produção de lucros, ideologias, interesse econômico e à análise de quem seleciona a informação. Outros ainda consideram que a notícia determina aspectos da realidade cotidiana, por sua existência, mas também fomenta novas realidades.

Notícia é a informação transformada em mercadoria com todos os seus apelos estéticos, emocionais e sensacionais; para isso a informação sofre um tratamento que a adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo (MARCONDES FILHO, 1986, P.5).

Para nossa pesquisa tomaremos como base a ideia de que notícia é uma

informação construída com a influência de diversos agentes como: indivíduo, ideologias, cultura, sistema social, espaço físico, tecnológico e histórico.

Por sua vez, o jornalismo cientifico é uma categoria especializada em cobrir assuntos e acontecimentos científicos que abrange as ciências exatas, naturais e biomédicas, além da tecnológica, arqueológica, espacial e demais campos de conhecimento acadêmico e especializado. Além de informar o leitor a respeito das pesquisas e achados científicos, este segmento jornalístico busca atualizar a mesma informação constantemente, publicar debates entre os pesquisadores e relacionar os conhecimentos inseridos na sociedade (cf. REBOUÇAS, 2009).

A importância da ciência e da tecnologia para o cidadão do novo milênio, extremada pelo advento da Sociedade da Informação e da Nova Economia, requer de todos, e especialmente dos multiplicadores de opinião, uma tomada de posição. Exige uma mobilização permanente, aquele espírito cético a que se referia Carl Sagan, sob pena de nos vermos de mãos atadas para enfrentar os desafios da nova comunicação científica, que aproxima, de maneira vertiginosa, e muitas vezes sutil, informação e marketing, ciência e mercado, tecnologia e capital financeiro (BUENO, 2002)21.

21 http://www.comtexto.com.br

Com intuito de aproximar as definições apresentadas no texto da realidade do estado da Paraíba, analisamos a produção sobre essa temática no portal Paraíba1, tendo como recorte o período de 01 a 14 de maio. Nesse intervalo percebemos que as 31 matérias veiculadas podem ser apresentadas da seguinte forma: doze notícias foram produzidas pela equipe do site e as 19 restantes são originadas de outros veículos, na maioria das vezes do portal G1 já que fazem parte do mesmo grupo de comunicação. Esta análise nos leva a crer que a produção do jornalismo científico no Estado ainda está aquém da produção nacional. É inegável que a quantidade de matérias no âmbito nacional supera em muito os números locais, porém, por se tratar de um portal regional, a busca pela identificação com a população (jornalismo de proximidade) poderia ser mais explorada.

A notícia foi o gênero jornalístico por excelência, presente em todos os textos. Na classificação geral das informações por categoria, os assuntos mais trabalhados dizem respeito ao uso de novas tecnologias presente em 19 textos, em seguida a cobertura de eventos como o Seminário Mídias Digitais: tendências e desafios na nova era da comunicação e o IV Encontro de Software Livre da Paraíba (Ensol) que ocorreram em João Pessoa entre os dias 04 a 09 de maio. Além disso, a proposta multimídia do site foi contemplada através de duas noticias que traziam vídeos de entrevistas.

As concepções de ciência e tecnologia exploradas no portal de um modo geral são positivas, destacando a importância e a utilidade da difusão de informações sobre essas áreas. Porém ainda é necessária uma visão de maior alcance que compreenda os processos de produção e decodificação do discurso jornalístico cientifico que tipificam a periodicidade, atualidade e difusão coletiva.

CONCLUSÃO

Como se trata de uma pesquisa inicial, com um curto período de análise, salientamos que não podemos incorrer no risco de fazer afirmações contundentes. O que se pode verificar a principio é que há um aumento considerável da abordagem de ciências e tecnologia, principalmente com uma seção exclusivamente dedicada a essas temáticas. No entanto, é importante destacarmos que o conteúdo, de uma forma geral, seguiu uma estratégia empresarial que não contempla o aprofundamento das coberturas, principalmente no tocante às pautas locais. Em uma análise inicial não se pode identificar se as razões dessa prevalência do nacional se dá pelos mesmos motivos que ocorrem na TV, mas fica instrínseca a necessidade de maior exploração a respeito das pesquisas desenvolvidas no Estado, uma vez que a produção científica e tecnológica da Paraíba a coloca em posição de destaque no Brasil.

Em suma, o jornalismo científico tem se desenvolvido muito bem no âmbito nacional, mas a produção local e, especificamente no site Paraíba1 merece uma atenção maior. Consiste em um passo que pode e deve ser dado, sabendo que a dinâmica científica gera cada vez mais informações e que o jornalista precisa estar atento às demandas que surgem à sua volta. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BUENO, Wilson da Costa. Os novos desafios do jornalismo científico (2002), http://www.comtexto.com.br. Acessado em 03/05/2010. MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo: Ática, 1986. REBOUÇAS, Fernando. Jornalismo Científico (2009). Em http://www.infoescola.com/comunicacao/jornalismo-cientifico/ Acessado em 15/05/2010. Homepage oficial do portal Paraiba1, website: http://paraiba1.com.br/ Acessado em 15/05/10.

CIÊNCIA NA MÍDIA: A FOTOGRAFIA NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Maria Beatriz Colucci (UFS)22

Marta Olívia Santana Costa (UFS)23 Carlos Eduardo Santos Barreto (UFS)24

RESUMO: Este projeto investiga se a fotografia veiculada na mídia sergipana – em jornais impressos e na web – contribui para explicitar conceitos elaborados no campo científico, analisando o papel que desempenha na divulgação científica do Estado. Pressupõe que a imagem fotográfica, embora sub-utilizada no jornalismo científico, pode ser vista como meio de popularização da ciência. PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, mídia, divulgação científica INTRODUÇÃO: Por apresentar grande poder de penetração, a utilização da fotografia na divulgação da ciência e tecnologia é objeto de estudo deste projeto, que desenvolve uma reflexão crítica a respeito da produção fotográfica, analisando de que modo as imagens veiculadas na mídia – em jornais impressos e na web – tem contribuído para clarificação dos conceitos elaborados no campo científico. Investiga-se particularmente o papel que a fotografia desempenha na divulgação científica no estado de Sergipe, analisando como é considerada pela mídia, se tem ou não função relevante e, se sim, quais atores sociais e profissionais se relacionam a essa produção. As instituições de pesquisa do Estado são as produtoras e fornecedoras de conteúdos científicos e tecnológicos, baseados em pesquisas já realizadas ou em desenvolvimento, e atuam ainda como receptoras e avaliadoras da produção imagética e dos materiais incorporados e oferecidos pela mídia. Os jornais impressos, os portais de notícias e das assessorias de comunicação das instituições ensino/pesquisa constituem o corpus da investigação, tendo como ponto de partida a análise dos conteúdos veiculados nos dois jornais impressos de maior circulação da capital sergipana – Jornal Cinform (semanário) e Jornal da Cidade (diário) –, em dois portais de notícias – Infonet e Emsergipe – e nos sites das principais instituições de pesquisa – Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Tiradentes

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Jornalista graduada pela UFJF, doutora em Multimeios (Unicamp), professora adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS). [email protected] 23

Estudante do 5º período do curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFS. [email protected] 24

Estudante do 5º período do curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFS. [email protected]

(Unit) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O recorte temporal está sendo definido por parte da equipe do projeto, tendo início no mês de junho de 201025. A metodologia proposta consiste, inicialmente, de uma caracterização dos principais conteúdos científicos veiculados pelas fotografias, e de uma análise de como se relacionam os elementos estéticos e semânticos da imagem a determinados conteúdos explicitados no texto. Para isso foi elaborada uma ficha analítica contendo os principais elementos discriminados na matéria jornalística – como descrição das imagens, títulos e legendas, além das principais fontes, dentre outros –, que vai permitir a quantificação dos dados obtidos. A equipe pode considerar também a realização de entrevistas abertas com pesquisadores e jornalistas para clarificação dos projetos e conteúdos. DESENVOLVIMENTO O projeto “Ciência na Mídia”, de natureza abrangente e multidisciplinar, insere-se no conjunto de estudos e experiências que buscam formas alternativas de pensar a divulgação da ciência. Em Sergipe, o cenário do jornalismo científico, a exemplo de outros estados, ainda é tímido, considerando o pouco espaço destinado à cobertura de ciência e tecnologia, que muitas vezes se limita à reprodução da cobertura nacional e internacional. Conforme diz Silva: “[...] os veículos de médio e de pequeno porte ainda têm se mantido alheios às pautas científicas, sendo ainda precária a cobertura que dão a Ciência e Tecnologia e muitos se limitam apenas às matérias internacionais disponibilizadas pelas agências de notícias [...]” (SILVA, 2008, p. 279) Entende-se que o campo da comunicação social, e especificamente o jornalismo científico, certamente permite ampliar as estratégias de acesso do cidadão comum à informação de fatos e acontecimentos, além de oferecer as ferramentas necessárias para uma decodificação e crítica dos discursos construídos, dos conceitos e resultados de pesquisas, bem como das conseqüências geradas pelo saber científico, na maioria das vezes, restrito às instituições de pesquisa. Diante da necessidade de possibilitar a disseminação dos conteúdos já descobertos, definir e legitimar novas disciplinas e campo de estudos, os cientistas rompem com as fronteiras do conhecimento científico através da comunicação (DUARTE & BARROS, 2003, p. 51-52). Por outro lado, o conhecimento científico pode ser usado para ampliar a compreensão de qualquer fato de interesse jornalístico, qualificando a informação, conforme discute Oliveira: “[...] o jornalismo científico não se restringe à cobertura de assuntos específicos de C&T, mas o conhecimento científico pode ser utilizado para melhor compreender qualquer aspecto, fato, ou acontecimento de interesse jornalístico”. (OLIVEIRA, 2002, p. 47). CONSIDERAÇÕES FINAIS Refletindo como as linguagens comunicacionais podem ampliar as estratégias de divulgação científica é que se propõe a reflexão sobre o papel da imagem fotográfica como estratégica nesse contexto. Acredita-se que tal análise contribuirá para orientar uma prática profissional mais consistente no campo do fotojornalismo, servindo de instrumento de apoio didático-pedagógico na formação de pesquisadores e estudantes de Jornalismo. Também poderá

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A equipe do projeto conta, inicialmente, com dois alunos atuando como bolsistas de iniciação científica voluntários.

estimular o crescimento do espaço para conteúdos relacionados ao jornalismo científico, campo ainda pouco desenvolvido no âmbito do estado de Sergipe. É necessário dizer que posteriormente à pesquisa pretende-se orientar uma produção fotográfica que possa recuperar visualmente produções científicas e tecnológicas não veiculadas pela mídia local, desde que o trabalho analítico tenha apontado como significativas para registro e documentação. Também será considerada a realização de oficinas fotográficas direcionadas inicialmente a pesquisadores e estudantes, de forma a sensibilizar para a importância da utilização da fotografia na divulgação científica, a partir de uma prática consistente tanto no que diz respeito à técnica quanto à linguagem fotográfica. O desenvolvimento das oficinas fotográficas é, pois, atividade que caracteriza um desdobramento do projeto, tendo um caráter de extensão que contará com equipe específica, orientado pelos bolsistas e pela coordenação do projeto. A partir da sistematização dos conteúdos das disciplinas de fotografia oferecidas pelo Departamento de Comunicação Social da UFS, a equipe define um programa a ser desenvolvido em forma de oficina, buscando atingir inicialmente um público-alvo constituído por estudantes da graduação da UFS envolvidos com projetos de iniciação científica nas diferentes áreas de conhecimento. REFERÊNCIAS: OLIVEIRA, Fabíola de. Jornalismo científico. São Paulo: Contexto, 2002.

SILVA, Claudeci Ribeiro da. “Por que é difícil fazer jornalismo científico?” . In: SOUSA, Sidoval Moraes de (org.). Jornalismo científico e desenvolvimento regional: estudos e experiências. Campina Grande: Eduep, 2008, p. 279-285.

DUARTE, Jorge Antonio Menna ; BARROS, Antônio Teixeira de (orgs.). Comunicação para Ciência. Ciência para Comunicação. Brasília: Embrapa, 2003.

COMUNICAÇÃO INTERNA E INFORME RSA: EXPERIÊNCIA NO INSS CG

Luciana P. Loureiro Marinho26 (Lid Comunicação) Diana Reis de Oliveira27 (INSS)

Isabelle Kellen S. Monteiro28 (INSS) RESUMO Esta pesquisa relata a experiência de Comunicação Interna do INSS em Campina Grande, que desenvolveu o Programa de Responsabilidade Sócioambietal – RSA, apresentando o Informe RSA como sua principal ferramenta de divulgação. O Informe RSA apresenta discussões sobre a necessidade de mudanças nas práticas sociais para uma educação ambiental. O trabalho analisa uma pesquisa sobre o informativo, realizada com o público interno do INSS Campina Grande. Palavras-chave: Comunicação Interna; Responsabilidade Sócioambiental; Informe RSA. INTRODUÇÃO

A Comunicação Social em suas diversas vertentes, mostra sua força de influenciar opiniões e causar mudanças nas dinâmicas humanas. Numa empresa, a comunicação realiza um papel bastante relevante, pois fortalece suas equipes e promove melhores resultados, podendo também atuar na disseminação de valores e comportamentos.

Lesly (2002, p. 02-03) diz que a explosão da comunicação e sua evolução “mudaram o mundo do ser humano muito mais do que ele mudou as instituições para viver nesse mundo”.

A proposta deste trabalho é apresentar um relato de experiência a respeito da aplicação de um pesquisa de avaliação sobre a utilização do Informe RSA como ferramenta de divulgação de conceitos e boas práticas relativas à sustentabilidade do planeta e ações de promoção à saúde e qualidade de vida. O Informe RSA é um periódico mensal, produzido pelo Núcleo de Comunicação do INSS Campina Grande.

O informativo analisado, através de suas colunas: “Responsabilidade Ambiental” e “Postura Saudável”, desenvolve pautas e vincula matérias preocupadas com a qualidade de vida, saúde do servidor e temáticas, envolvendo os problemas ambientais e a responsabilidade social. Assim, buscando mostrar o importante papel de cada servidor para a mudança de atitudes diárias que possibilitam à economia de recursos naturais e uso racional dos bens públicos.

Para a realização desta pesquisa, foi feito um questionário quantitativo, com questões objetivas, onde se pôde avaliar o nível de aceitação do Informe RSA. Podemos considerar que o modelo metodológico utilizado como uma pesquisa descritiva que se utiliza de “técnicas padronizadas de coleta de dados”, conforme Gil (2002, p. 42). Qualificamo-la, ainda, como uma pesquisa quantitativa, onde os estudos são “caracterizados pela precisão e controle estatísticos, com a finalidade de fornecer dados para a verificação de hipóteses”, segundo MARCONI E LAKATOS (2006, p. 189).

DESENVOLVIMENTO

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[email protected] 27

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[email protected]

O poder de persuasão da comunicação deve ser usado em prol de uma nova ética mundial, atuando com propósito social e humano. BORDENAVE (1996, p. 92) diz que “a comunicação colabora na transformação das crenças dos valores e dos comportamentos. Daí o imenso poder da comunicação. Daí o uso que o poder faz da comunicação”.

No ambiente empresarial, a comunicação deve ser vista como um elemento estratégico no processamento das funções administrativas e de sobrevivência do negócio. Podemos perceber ainda, que a comunicação interna deve disseminar a conduta condizente com a imagem pretendida pela organização.

Segundo Thayer apud Kunsch (2003, p. 69), “é a comunicação que ocorre dentro [das organizações] e a comunicação entre ela e seu meio ambiente que definem e determinam as condições de sua existência e a direção do seu movimento”.

Recentemente a sociedade passou a clamar por gestões socioambientais. Na administração pública não foi diferente. Seguindo as exigências sociais, o Governo Federal então criou a Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P, que propõe a ação de práticas socioambientais na administração pública federal.

Assim, o Instituto Nacional do Seguro Social passa a criar programas com propostas ecosustentáveis. Em 2008, o INSS Campina Grande instaurou o Programa de Responsabilidade Socioambiental – RSA. A partir daí foi criado o Informe RSA que, publicado mensalmente, busca divulgar as ações do Programa.

Dentre tantas temáticas desenvolvidas no Informe RSA, podemos destacar as matérias de incentivo à separação e reciclagem dos resíduos sólidos. Outra divulgação que merece destaque, foi campanha “Não seja descartável, adote uma caneca”, que sugeria a troca do uso desmedido dos copos descartáveis por canecas duráveis no ambiente de trabalho.

Para a realização desta pesquisa, foi feito um questionário quantitativo, com 6 (seis) questões objetivas, onde se pôde avaliar o nível de aceitação e a avaliação quanto a qualidade do Informe RSA, por parte do seu público leitor, os servidores da unidade da Gerência e das 16 agências da jurisdição Campina Grande, para quem são direcionados os trabalhos do Núcleo de Comunicação do INSS Campina Grande. A amostra foi levantada por 35% desse público, considerando 183 de um total de 523 pessoas.

A pesquisa revelou que dentre os quatro periódicos produzidos pelo Núcleo de Comunicação do INSS, o Informe RSA alcança o segundo lugar de aceitabilidade do leitor, ou seja, 32% do público interno, o reconhecem como a melhor opção de leitura, com uma diferença de 8% em relação ao primeiro colocado.

Sobre os temas de maior interesse, responsabilidade socioambiental recebeu 16% dos entrevistados. Reconhecemos 16% também da preferência para a cobertura de eventos. É importante perceber que a maior parte dos eventos são produzidos pelo núcleo de comunicação e fundamentados em conceitos de responsabilidade socioambiental– RSA.

Sobre o grau de aceitação do Informe RSA, somam-se 86% dos que o consideram ótimo ou bom, sendo distribuídos em 24% para ótimo e 62% para bom. Apenas 14% do seu público o avalia como regular, e 1% como ruim.

Assim, podemos considerar que o Informe RSA recebe uma boa classificação no que diz respeito a sua qualidade, revelando um alto grau de satisfação. CONCLUSÃO

Podemos constatar por fim, que o INSS Campina Grande atua de forma significativa na ploriferação de idéias sobre práticas de responsabilidade socioambientais, atuando de forma atrativa, revelando a aceitação pelo seu público interno. Estas conclusões podem ser feitas através da análise dos dados recolhidos pelo questionário aplicado.

A pesquisa constatou que o Informe RSA recebe significativa preferência de leitura do seu público-receptor. Na avaliação de qualificação das ferramentas comunicacionais utilizadas pelo Instituto, o Informe RSA recebe a soma de 86% para os que o consideram ótimo ou bom.

Foi constatado também, que em relação aos temas de maior interesse, uma considerável aceitação dos que incluem a responsabilidade sociambiental, com as colocações de terceiro e quarto lugar. No entando, se for levado em consideração o fato de que duas alternativas incluem o mesmo tema, ao somarmos suas porcentagens, as ações do RSA atingiriam uma preferência do público total. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação – 1. Ed. – São Paulo: Brasiliense, 2003. v. 67. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa – 4. ed. – São Paulo: Editora Atlas, 2002. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003. LESLY, Philip (coordenador); tradução Roger Cahen. Os Fundamentos de Relações Públicas e da Comunicação. São Paulo: Pioneira Thompson Lerning Ltda., 2002. MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica - 6. ed. – São Paulo: Editora Atlas, 2006.

COMUNICAÇÃO VIRTUAL NA UFAL: INTERSECÇÕES DIGITAIS DA NOTÍCIA

Magnolia Rejane Andrade dos Santos29 Universidade Federal de Alagoas

RESUMO

Este trabalho objetiva avaliar o processo de informatização da comunicação científica na UFAL. A sua página eletrônica é a estrutura de divulgação pública que utiliza as diferentes ferramentas digitais na articulação institucional. A presente análise estuda a versão do primeiro semestre de 2010 do site, considerando-o o principal veiculador da comunicação científica local. PALAVRAS-CHAVE: Notícia-Informação –Signo INTRODUÇÃO

No universo digital, o ponto de encontro, de intersecção de todas as linguagens é o hipertexto (SANTAELLA, 2004), Para analisarmos essa nova forma de escritura do ponto de vista da comunicação social, precisamos ir além da abordagem conceitual. È necessário encarná-las em uma situação aplicada para melhor descrever sua ocorrência e implicações. Como nossa área é o jornalismo científico, escolhemos o site da divulgação científica na UFAL para o desenvolvimento da análise.

A visão multidisciplinar da comunicação científica (SANTOS et ali, 1998)., coloca em destaque a importância de uma sistematização da informação eficiente, pois esse é um dos pontos essenciais para que a colaboração entre seus agentes funcione de forma satisfatória em contextos institucionais de crescente complexidade. Na prática, o que se constata é que não existe a sistematização única, homogênea. Na verdade, o que se tem são demandas diferentes que determinam formas diferenciadas de organização das informações. Esse aspecto aumenta o grau de complexidade da comunicação científica, exigindo que a mesma se constitua de forma dinâmica e flexível para que haja relação complementar entre as ferramentas digitais utilizadas. DESENVOLVIMENTO Do ponto de vista da UFAL, a informação científica é abundante e está disponibilizada em diversos links, mas de forma fragmentada. Sua identificação é prejudicada por informações de outra natureza como as administrativas, os serviços como concursos, vestibulares e outras relativas aos eventos institucionais. Enquanto linguagem jornalística hipertextual, o site é marcado ainda pela lógica linear do jornal impresso. Vejamos mais características: 1.O campo central de notícias apresenta fotos legendadas e títulos das notícias principais em rotação, ao lado das manchetes das notícias secundárias. No seu nível abaixo, são acessados textos escritos com fotos legendadas e mais eventualmente com links para algum outro site. No link Mais notícias, vamos, em nível intermediário, para uma relação de notícias, com hora e data, enfileiradas, sem nenhum recurso de

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E-mail: [email protected]

animação. Essa arquitetura estática não ajuda a dar dinamicidade ao fato, com alto teor informativo, parecendo trata-se de matéria fria; 2.O link Galeria de Fotos nos leva para um banco de dados com uma legenda de abertura inicial sucinta. Ela abre para novas fotos, mas faltam informações referenciais como datas e identificação dos fotografados. O que temos são informações visuais, mas não propriamente noticiáveis; 3.O link Folha Estudantil nos leva a uma relação em ordem cronológica decrescente, de tal forma que a última edição do Boletim, no topo da página, é a mais atual. Ele trata mais de assuntos da burocracia acadêmica-estudantil, raramente da notícia científica. Seu formato é pré-fixado, feito para ser impresso, após envio via e-mail; 4.Os links dos Museus e da Usina Ciência, tradicionais equipamentos de divulgação científica, ficam dispersos na página, na Coluna Extensão, do lado esquerdo. O que empobrece seu eventual potencial de noticiabilidade; 5.O link para a Rede IFES, da Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior/Andifes, exige uma navegação por palavras- chave e identificação do formato: TV, rádio, multimídia ou tudo. Se colocarmos a sigla da UFAL vai nos levar a uma relação de vídeos conferências, que para ser acessadas exigem nome de usuário e senha. Do ponto de vista jornalístico, não temos nenhum tipo hipertextual de notícia aqui, apenas um banco áudio-visual para acesso restrito; 6.Quanto a divulgação dos títulos científicos editados pela Edufal, temos o link da Editora, que é semelhante a uma estante com modelo linear e ao mesmo tempo uma loja virtual.; CONCLUSÃO

A linguagem hipertextual, que constitui a página da UFAL, deixa transparecer um signo movente não tem a fluência que sua gramática exige e que a linguagem jornalística necessita. O site apresenta as seguintes dificuldades: a) ele tem navegabilidade prejudicada por seu formato tradicional; b) ele apresenta uma variedade de informações científicas, apontando para diversos bancos de dados em C & T, com redundância desnecessária, Não há interligações entre eles, nem tratamento jornalístico; e c) A notícia científica, assim como as outras, é informativa, estática, baseada na escrita; d) Falta um tratamento referencial para acervo fotográfico disponibilizado, bem como uma sistematização por categorias. Por exemplo, personalidades; eventos; laboratórios; pesquisas etc

O signo hipertextual não é bem explorado: A interface tem visual pesado, excesso de informações, não há recursos audio-visuais e a animação é limitada. Falta comunicação entre os setores responsáveis pela atualização da página. O que significa que não há entre eles uma discussão sobre como esse material poderia ser melhor disponibilizado. Porém, esse é um aprendizado mais demorado e que envolve sempre erros, tentativas e acertos. Por isso, a avaliação permanente é sempre bem-vinda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SANTAELLA, Lúcia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004

SANTOS, M. R. A.; TORRES, M. V.; SILVA, F. J. . Comunicação científica: gestão facilitadora das relações públicas. In: XXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 1998, Recife. CD Rom do XXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Recife : Intercom, 1998.

DESCRÉDITO E VALOR DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO MEIO CIENTÍFICO

Wagner dos Santos Ferreira30

RESUMO O texto, sedimentado em uma pesquisa bibliográfica de cunho exploratório com o método de abordagem qualitativo, busca reforçar a idéia que as Ciências Sociais são tão complexa quanto as ciências exatas e biológicas. Para tal reconhecimento é necessária a intermediação do jornalista científico; capacitado a disseminar informação social junto à sociedade civil. Palavras-chave: Jornalismo; Ciências; Cultura. INTRODUÇÃO

O conhecimento científico acerta quando toma como base dados verificados, com isso está apto a fornecer previsões concretas sobre quase tudo que influencie a vida do planeta e em consequência a do ser humano. A evolução das certezas científicas, entretanto, não caminha rumo a uma grande certeza. Desse modo, a ciência não é somente a acumulação de verdades absolutas, mas um campo constantemente aberto onde se combate não só as teorias, mas também os pressupostos. Estes se puseram a explicar as visões de mundo e os postulados metafísicos idealizados por Descartes a fim de “iluminar” o que até o Século XVI se chamou de Idade das Trevas. A ponte que faltava no fosso criado por Descartes: a subjetividade

No Discurso sobre o Método, Rene Descartes procurou combater a justificativa católica da Escolástica – grupo de disciplinas que predominou na Europa da Idade Média entre os Séculos IX e XVI. Ele buscou separar a ciência, naquela época atrelada à religião, e acabou criando sem se dar conta, um fosso enorme que separou as ciencias exatas e sociais.

Sua teoria, propos “iluminar” as mentes obscuras da época; daí o nome Iluminismo. Este período da história marcou o fim da Idade Média e o começo da Moderna. Naquela época, muitos historiadores classificaram a Idade Medieval como a mais escura de todos os tempos, inclusive no que dizia respeito às opiniões divergentes aos preceitos cristãos. "Não encontramos aí nenhuma coisa sobre a qual não se dispute, só as matemáticas demonstram o que afirmam.” (Discurso do Método, 2009). Pensamento limitado o de observar a ciência com uma visão única de mundo, excluindo ideologias e reforçando somente uma teoria como verdadeira.

30 Graduado em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador e pós-graduando em Jornalismo

Científico e Tecnológico pela UFBA. Bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – Fapesb. E-mail: [email protected]

Todas as ciências têm sua importância: uma observação sobre ciências por René Descartes e Edgar Morin

René Descartes não teve a intenção de minimizar a importância das ciências consideradas sociais como filosofia, sociologia, teologia, entre outras, devido às idéias lançadas na criação do Discurso sobre o Método no Século XVI.

A importância da verificação sugerida pelo pensador francês foi oportuna para a época, quando o curandeirismo e a magia eram sinônimos de charlatanismo. O propósito serviu para que cientistas da Física, Matemática e da Biologia promovessem suas ciências à categoria de única verificadora de tudo que levantasse dúvida no planeta. O modelo é ensinado até os dias atuais nas escolas do mundo. Este se constitui por um sistema de verificação exaustiva, o qual valida tudo que pudesse ser aplicado, ou seja, capaz de funcionar em um modelo de falhas e acertos dentro do esperado pelo cientista. Dentro dessa lógica nem sempre as respostas esperadas vinham. Sendo assim, os novos donos da “verdade”, ditaram novas regras do jogo, parafraseando Morin, (1990, p.25) certamente influenciado por Descartes e seu Discurso sobre o Método que diz: “os que se aventuram a fornecer normas devem considerar-se mais hábeis do que aqueles a quem as dão; e, se falham na menor coisa, são por isso censuráveis.” Descartes observa que, a respeito das Ciências Sociais, por partirem de princípios filosóficos, acreditava-se que nada de sólido se podia construir sobre alicerces não muito firmes. Para o filósofo, nem a honra, nem o lucro que as ciências matemáticas prometiam eram suficientes para muitos cientistas aspirantes se debruçarem sobre elas. Mesmo assim, ele não se sentia numa condição que o obrigasse a converter a ciência num ofício, por isso não almejava riquezas. “E se bem que não desprezasse a glória como um cínico, fazia, contudo, muito pouca questão daquela que eu só podia esperar obter com falsos títulos. (D.M, 2009, segunda parte)”. O jornalista como porta voz dos acontecimentos científicos

O receio dos acadêmicos em dar informações, vinha da capacidade, ou falta dela, de compreensão dos repórteres em traduzir toda aquela informação densa do pesquisador para a uma linguagem mais acessível e didática aos “leigos”. Este modelo é condenado pelo editor-chefe da revista Galileu, Mauricio Tuffani (2009, p.11) quando define:

[...] Trata-se de uma entidade fictícia, o chamado leitor médio. Mesmo que as pesquisas sobre seu perfil indiquem que ele já concluiu o ensino médio e esteja cursando ou tenha terminado um curso superior, grande parte dos jornalistas insiste em considerá-lo como alguém que só sabe ler e escrever e, portanto, seria incapaz de compreender qualquer matéria que não tenha sido elaborada sob o mais severo didatismo. Isso implica que as reportagens sobre temas científicos precisam ser devidamente contextualizadas com infográficos, matérias explicativas, cronologias e até mesmo glossários.

A Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura - UNESCO

definiu como literacy (em português a tradução aproximada é “alfabetização”) a habilidade de um indivíduo para “ler e escrever um pequeno e simples depoimento sobre sua vida cotidiana”. Concluindo com o termo: scientifically literate (ou seja, o indivíduo detentor de uma cultura científica básica) (OLIVEIRA, 2005).

Com base nessa classificação, Fabíola de Oliveira (2009, p.10) afirma:

[...] Não quero dizer que uma pessoa precisa ser letrada em assuntos científicos, mas também não significa que basta ler e escrever. A minha definição aproxima-se mais do que recentemente tornou-se conhecido como functional literacy (cultura funcional), definida como a habilidade para compreender o que se lê ou está escrito, a ponto de poder exercer determinadas funções na sociedade, como se comunicar com indivíduos, progredir economicamente ou em outros interesses, ou participar de um modo de vida democrático. A cultura científica implica esta funcionalidade: a habilidade de responder de forma significativa às questões técnicas que permeiam a nossa vida cotidiana e o mundo das ações políticas.

CONCLUSÃO

Pôde-se amenizar o mito criado pelos que interpretaram mal o filósofo e sociólogo

francês e seu Discurso sobre o Método. Muitos de seus interpretes resolveram levantar a bandeira que colocou, nos Séculos seguintes à publicação de René Descartes, as ciências exatas como únicas. Descartes foi o divisor de águas entre uma ciência até então empírica e outra excessivamente verificadora, o que involuntariamente pôs as ciências sociais à margem da credibilidade.

Tendo como base as explanações de teóricos do ramo da Divulgação Científica, foi abordado ainda o papel do jornalista como intermediador das produções científicas, além de uma melhor preparação especializada para estes profissionais. REFERÊNCIAS DESCARTES, René. DISCURSO DO MÉTODO. Tradução: Enrico Corvisieri, Disponível em: <http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache%3AXvhgSLRDb84J%3A www.cfh.ufsc.br%2F~wfil%2Fdiscurso.pdf+discurso+sobre+o+metodo&hl=pt-BR&gl=br&pli=1> Acesso em: 20 jul. 2009. FERREIRA, Wagner dos Santos. A Formação do Jornalista de Ciência e sua Colaboração para a Cultura Científica no Brasil. 2009. In. IX ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA EM INFORMAÇÃO. 2009, Salvador. Anais. Salvador: UFBA, 2009. 1 CD-ROM. MORIN, Edgar: CIÊNCIA COM CONCIÊNCIA. São Paulo: Bertrand Brasil, 1990. OLIVEIRA, Fabíola de. Comunicação pública e cultura científica. Porque divulgar ciência e tecnologia. Disponível em: <http://ftp.mct.gov.br/CEE/revista/parcerias13/10.pdf> Acesso em: 20 jan. 2009.

Divulgar para educar: Seara da Ciência e o ensino básico informal no Ceará Categoria: Comunicação Pública da Ciência

Giselle Soares Menezes Silva – Especialização em Jornalismo Científico – Universidade Federal do Ceará – [email protected]

Gerlene Rodrigues Cruz - Especialização em Jornalismo Científico – Universidade Federal do

Ceará - [email protected] Resumo Esse artigo traça uma breve análise sobre as estratégias de divulgação científica utilizadas pela Seara da Ciência, espaço de divulgação científica da Universidade Federal do Ceará (UFC) como forma de educação complementar ao ensino básico formal. Termos-chaves: educação, divulgação científica, ciência Introdução Durante muitos anos, e ainda hoje, o modelo de comunicação linear orientou a maioria das práticas de divulgação científica, visão que se sustenta na ideia de que os não-cientistas precisam saber mais sobre ciência. Essa perspectiva, segundo Vogt (2000, p.200), amplia a distância entre ciência e público e faz com que o papel desempenhado pela sociedade na conformação da ciência e tecnologia seja desconhecido. Cabe à comunicação da ciência desenvolver uma discussão mais ampla no contexto da relação ciência-tecnologia-sociedade. Nesse sentido, os museus ou centros de ciências, como forma alternativa de mídia, estão envolvidos na mesma problemática, pois as exposições tradicionais dos museus contemporâneos têm sido montadas seguindo o modelo transmissão-recepção. No entanto, esse modelo “hipodérmico”, que objetiva injetar informações nos visitantes, evoluiu para modelos mais complexos, que visam defender a necessidade de incorporação dos visitantes como parte ativa do diálogo proposto pela instituição (museus ou centros de ciência). A exposição se configura, então, como uma maneira de diálogo de encontro entre idealizadores e público. A interatividade entre visitantes e ambiente passou a ser uma característica diferencial de centros e museus de ciência. O lema da Seara da Ciência, por exemplo, é “Proibido não mexer”. Esse modelo que se faz cada vez mais presente em ambientes dedicados à divulgação científica é inspirado nos centros multidisciplinares norte-americanos, com forte caráter experimental. Desenvolvimento Portais e espaços de divulgação científica ainda são pouco comuns no país, principalmente no Nordeste, onde, de acordo com a publicação Centros e Museus de Ciência do Brasil, lançada em 2009 pela Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência em parceria com a Casa da Ciência e o Museu da Vida, há 26 espaços desse tipo, entre museus, centros, parques botânicos e planetários, sendo dois em Alagoas, sete na Bahia, quatro no Ceará, um no Maranhão, três na Paraíba, três em Pernambuco, um no Piauí, três no Rio Grande do Norte e um em Sergipe. A maioria desses espaços está centralizada nas capitais, fator que dificulta o acesso da população das cidades afastadas dos grandes centros urbanos

de conteúdos relacionados à ciência. No Nordeste, somente os Estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte possuem espaços de divulgação científica nas cidades do interior.

As regiões mais deficitárias nesse segmento são o Centro-oeste e o Norte que possuem, respectivamente, cinco e seis centros de divulgação científica. Em contrapartida, a região Sudeste concentra 112 e o Sul 41 dessas instituições. Esses centros são importantes instrumentos na complementação ao ensino formal de ciências, pois possibilitam aos estudantes compreenderem, de maneira mais palatável, conteúdos de matérias como Física, Química, Biologia e Matemática aprendidos na escola. A Seara da Ciência, espaço de divulgação científica e tecnológica da Universidade Federal do Ceará, criada em 1999, tem como objetivo estimular a curiosidade pela ciência, cultura e tecnologia, demonstrando relações com o cotidiano e promovendo a interdisciplinaridade entre diversas áreas do conhecimento.

A instituição reúne diversos projetos com o intuito de popularizar a ciência, dentre os quais se destacam: laboratório de pesquisas, salão de exposições, realização de vídeos sobre a vida e a obra de cientistas de renome nacional e cearenses e manutenção de um portal na internet (www.searadaciencia.ufc.br) que recebe, em média, de 4.500 a 5.000 visitas diariamente, possibilitando o acesso do público à ciência. A Seara oferece cursos a estudantes e professores de escolas públicas, seu principal público-alvo, para que os visitantes possam despertar para a pesquisa. Diariamente são recebidos cerca de cem pessoas de escolas públicas ou particulares da capital e do interior, em visitas programadas ou não. Semestralmente, são oferecidos cursos básicos e experimentais a alunos de nível médio nas áreas de Química Física, Matemática e Biologia. As aulas são ministradas por monitores treinados e supervisionadas pelos coordenadores de cada área da Seara. Além disso, em janeiro e julho, tradicionais meses de férias, estudantes e professores de escolas públicas participam do projeto Interação Ciência e Educação – Busca de Jovens Talentosos, um curso que tem como objetivo selecionar quatro alunos para um estágio com bolsa em laboratórios de pesquisa da UFC, sob orientação de pesquisadores que os conduzem nas atividades de iniciação científica. Durante o curso, também são selecionados dois professores para estagiarem na própria Seara, onde pesquisam novas formas de transmissão do conhecimento, desenvolvem objetos e aparelhos que demonstram fenômenos e princípios científicos e ajudam a orientar os alunos e monitores do salão de exposições.

Outras atividades desenvolvidas pelo espaço são o show “Magia da Ciência”, uma combinação de fenômenos instigantes da Física, Química e Biologia, apresentado em eventos científicos e em colégios, e o grupo de teatro científico, que apresenta peças e esquetes abordando temas como a importância dos insetos e o funcionamento do corpo humano e monólogos que contam, de maneira resumida, a história de cientistas famosos como Einstein, Lavoisier e Darwin. A montagem e os textos são de Betânia Montenegro, professora de expressão corporal do Curso de Arte Dramática do Instituto de Cultura e Arte.

Utilizando técnicas de recodificação da linguagem científica, os museus conseguem apresentar ao público em geral conhecimentos sobre ciência de forma mais acessível através da experimentação, de trabalhos audiovisuais e artísticos, com objetivo de tentar proporcionar aos seus visitantes uma efetiva alfabetização em ciências.

Para Gaspar (1993, p.41) “os museus e centros de ciências poderão desenvolver essa tarefa em condições mais favoráveis que a escola, pois não têm as limitações de uma instituição de ensino formal, e com maior competência que a mídia impressa e eletrônica pois, entre outros fatores, estão livres das imposições de seus empresários em busca de lucro e audiência.”

Conclusão A divulgação científica é caracterizada por atividades que buscam disseminar o conhecimento científico para públicos não especializados. Nos espaços de educação informal, códigos, fórmulas e assuntos científicos de difícil compreensão são apresentados de forma lúdica e criativa aos visitantes e estudantes.

Iniciativas como essas são importantes para complementar a formação escolar de estudantes de nível fundamental e médio que, frequentemente, investem mais tempo em reter na memória assuntos que serão abordados em provas e vestibulares, sem se preocupar com o entendimento do tema estudado, dificultando o processo ensino-aprendizagem de ciências no país. Dessa forma, identificamos a relevância da criação e manutenção de espaços físicos e virtuais dedicados à popularização da ciência para a formação dos estudantes.

Entretanto, o número de espaços de divulgação de ciência no país ainda é escasso, concentrando-se, em sua maioria, no eixo Sul-Sudeste (dos 190 centros contabilizados pela publicação Centros e Museus de Ciência do Brasil, 153 estão localizados nessas duas regiões, e os outros distribuem-se de maneira desigual entre as demais regiões do Brasil).

No âmbito regional, a Seara da Ciência consolida-se como um dos principais centros de divulgação científica do Nordeste, difundindo conceitos e novas formas de aprendizado das ciências aos estudantes das escolas da rede pública e particular do Ceará.

Bibliografia

ALMEIDA, Carla. Centros e Museus de Ciência do Brasil. ABMC, Casa da Ciência, Museu da Vida, 2009, 170p; GASPAR, Alberto. Museus e centros de ciências – conceituação e proposta de um referencial teórico. São Paulo, 1993. Tese (Doutoramento na área de Didática) – Universidade de São Paulo. 118p; VOGT, Carlos (org.). Cultura científica: desafios. Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2006. 232p.

ENSINO E DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA: POSSÍVEIS PONTOS DE APOIO

Alessandra Gomes Brandão, Universidade Federal da Bahia,

[email protected]

Introduçâo Este trabalho é fruto de leituras e reflexões recentes acerca dos problemas de

pesquisa tratados pela bibliografia no campo da Divulgação Científica e no Ensino de Ciência. A intenção é oferecer uma reflexão, com base no trabalho de Gil Perez e colaboradores (2001), “Para uma imagem não-deformada do Trabalho Científico”, em que os autores discutem os resultados de uma pesquisa que aponta as sete principais deformações na imagem da ciência por parte de professores da área. Nós apresentaremos quais dessas deformações já são consideradas na bibliografia da DC, como dificuldades a serem enfrentadas.

Sabemos que o Ensino de Ciência é o responsável pela formação científica, enquanto a Divulgação está voltada para tentativa de aproximação entre ciência e sociedade. Porém, se a primeira é responsável pela formação, os entraves detectados nessa instância vão obrigatoriamente apresentar seus desdobramentos na fase seguinte, onde atua a Divulgação Científica.

A realidade do ensino de ciências é composta, entre outras coisas, por evasão escolar, ausência de professores em sala de aula, problemas com formação docente, dificuldades com a compreensão das idéias científicas e, principalmente, visões equivocadas da ciência. Acreditando que os divulgadores científicos são “herdeiros naturais” dessas dificuldades, o desafio de fazer Divulgação Científica é, certamente, ainda maior dos que os focos que já vem sendo evidenciados na literatura da DC.

Por limitação de espaço, deixaremos de apresentar aqui uma revisão bibliográfica das discussões no campo da divulgação científica, assim como no campo do ensino de ciência e abordaremos diretamente, quais das sete distorções apresentadas pelos autores acima, já vem sendo contemplada pela Divulgação Científica.

A IMAGEM DA CIÊNCIA Nas sete principais deformações na imagem de ciência apontadas por Gil Perez e

colaboradores (ibden), a primeira diz respeito à concepção empírico-indutivista, que destaca o papel neutro da observação e da experimentação, relegando o papel das hipóteses e da teoria.

A segunda deformação é a que transmite uma visão rígida, ou seja, que apresenta o “método científico” como um conjunto de etapas rígidas e infalíveis, desconsiderando a criatividade, a dúvida e as tentativas.

A terceira diz respeito à visão aproblemática e a ahistórica, que transmite o problema já elaborado e, sem mostrar os que lhe deram origem, sua evolução e os problemas encontrados, que para os autores, é reforçada por omissão.

A quarta trata da visão exclusivamente analítica, que destaca a necessária fragmentação dos estudos, que, segundo os autores, acaba sendo desconsiderada pela literatura pela “aceitação” e, pouco realização, da chamada interdisciplinaridade.

A quinta é uma visão cumulativa de crescimento linear dos conhecimentos científicos, desconsiderando as rupturas e as novas formas de enxergar os problemas, tão bem explorada por Thomaz Kunh, em seu livro a Estrutura das Revoluções Científicas.

A sexta, muito bem assinalada pelos professores, é a que transmite uma visão individualista e elitista da ciência, em que o conhecimento científico aparece como obra de “gênios isolados”, apagando o papel do trabalho coletivo, dos intercâmbios e das equipes.

A sétima e última trata da deformação que transmite uma visão descontextualizada e socialmente neutra da ciência, esquecendo a complexa relação entre ciência, tecnologia e sociedade e levando uma visão dos cientistas como “acima do bem e do mal”.

As sete concepções deformadas apresentam uma profunda conexão entre si, e juntas alimentam uma visão ingênua e socialmente aceita da ciência. Das sete deformações apresentadas, duas delas já têm sido observadas pela bibliografia da Divulgação Científica.

No caso, a terceira e a sétima, que, respectivamente, diz respeito à visão aproblemática e a ahistórica, que no caso da DC, vem sendo explicada como a a preocupação com a apresentação dos resultados de uma pesquisa (mitologia dos resultados no dizer de Cascais, 2003); sem mostrar os motivos que lhe deram origem e como se as mesmas surgissem soltas da realidade.

E a outra é a visão descontextualizada e socialmente neutra da ciência, que questiona o apagamento da complexa relação entre ciência e sociedade, apresentando os pesquisadores como “seres especiais”, bem enfocada no trabalho de Sousa(2004).

Desta forma, ao nosso ver, restam pelo menos cinco deformações, apontadas no trabalho de Perez e colaboradores (ibden), que não têm sido focadas nas discussões da DC mas, que se consideradas, poderão nortear novas pesquisas e trazer contribuições para uma Divulgação Científica mais equilibrada e com menos distorções.

Se, como apontam os autores, a visão distorcida da ciência faz parte dos que têm uma formação científica, é bem possível que isso se torne ainda mais sério quando nos voltamos para o grupo de divulgadores científicos, formado por profissionais das mais diversas áreas, sendo uma boa fatia composta por jornalistas.

Pela falta de uma boa formação em ciência e sobre ciência, não é raro encontrar nos textos de Divulgação Científica a abordagem da ciência pelo senso comum, deixando emergir “nas entrelinhas” falsas concepções, como as evidenciadas pelos autores em questão.

Trazendo as deformações 1 e 2 (concepção empírico-indutivista e visão rígida) para o campo da DC, não é raro encontrarmos trabalhos de divulgação que transmitem a idéia de que dados e evidências coletados rigorosamente, por meio de um “método científico universal” (conjunto de etapas rígidas e infalíveis), resultam na produção do conhecimento científico. Esta visão empírico-indutivista trás embutida a idéia que a simples observação culmina na criação de uma lei ou teoria científica puramente de maneira mecânica.

Outra imagem que pode ser encontrada nos trabalhos de DC diz respeito à exaltação à superespecialização do conhecimento (visão exclusivamente analítica), que contraditoriamente aos objetivos da própria DC, acaba enfatizando a pouca inteligibilidade da ciência. Além disso, também estimula o equivocado entendimento de que é necessária a fragmentação dos estudos científicos para evolução do conhecimento.

A quinta e a sexta distorções apontadas pelos autores (cumulativa de crescimento linear - individualista e elitista) parece também ser um dos “fantasmas” da Divulgação Científica. Para perceber isso, basta repararmos a ciência apresentada como um grande edifício em que cada “gênio isolado” foi colocando um tijolo para sua edificação (Kuhn, 1970), incentivando o mito da “descoberta”, tão explorada na divulgação.

E finalmente, como aponta Freire Júnior e Greca (2003), a Educação em Ciências, como campo de investigação acadêmica, tem recebido influências e contribuições de saberes diferenciados, o que, ao nosso ver, ainda tem acontecido de forma acanhada na Divulgação Científica. O que tentamos fazer aqui não se trata de transpor os “sete pecados capitais” do Ensino de Ciências para a Divulgação, mas ao contrário apontar possíveis agendas de preocupações para pesquisa na área.

E neste caso, não há como deixar de reconhecer para o campo da formação em Divulgação Científica, a necessidade de conhecimento em História e Filosofia da Ciência, como ferramentas importantes para a compreensão da Natureza da Ciência. O reconhecimento da importância desses aportes, apesar de já ter vozes isoladas dentro da DC, conta com poucas experiências práticas em alguns cursos de pós-graduação. Porém, já percebemos nessas experiências, o nascimento de uma visão diferenciada do divulgador, buscado apresentar uma ciência contextualizada; fruto de determinada época e que mantém uma complexa relação com a sociedade que a sustenta.

Referências bibliográficas Brandão, Alessandra Gomes. Leituras sobre Meio Ambiente na Ciência Hoje. Jornalismo Científico e Desenvolvimento Regional. Campina Grande. Edupb.2008 Cascais, Antonio Fernando. Divulgação científica: a mitologia dos resultados.A comunicação pública da ciência.Taubaté-SP.Cabral, 2003. El-Hani, C. N. & Mortimer, E. F. 2007. Multicultural education, pragmatism, and the goals of science teaching. Cultural Studies of Science Education 2 (3):657-687 Freire Jr, O. & Greca, I. M. A “crítica forte” da ciência e implicações para a educação em ciências. Ciência & Educação 10(3): 343-361. Gil-Pérez, D. et al. 2001. Para uma Imagem Não-deformada do Trabalho Científico. Ciência & Educação 7(2):125-153. Matthews, M. – History, philosophy and science teaching: The present rapprochement, Science & Education 1(1), 11-47, 1992. Tradução publicada em Caderno Catarinense de Ensino de Física 12(3), 164-214, 1995.

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SOUSA, Cidoval Morais de. Leituras de Comunicação, Ciência e Sociedade. Comunicação, Ciência e Sociedade: Diálogos de fronteira. Taubaté-SP, Cabral, 2004.

GESTALT NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL DO INSS Isabelle Kellen Silva Monteiro31 – INSS – [email protected] Diana Reis de Oliveira32 – INSS – [email protected] Luciana P. Loureiro Marinho 33 – Lid Comunicação – [email protected] RESUMO O presente trabalho se propõe a apresentar os primeiros resultados da pesquisa sobre a análise do boletim de notícias produzido pelo Núcleo de Comunicação do INSS Campina Grande. Um estudo das formas, cores e conteúdos, revelando estratégias de Comunicação para o favorecimento da dinâmica organizacional e fortalecimento da integração institucional. INTRODUÇÃO O estudo da cor é de grande importância para a área da comunicação. Estudos científicos da Fisiologia, Psicologia, Sociologia, Semiótica e das Artes mostram que há muito tempo a coloração dos objetos atrai e provoca os sentidos do ser humano. Hoje, vemos profissionais de todas as áreas utilizando as cores para elaborar um conceito para suas criações. Na comunicação a utilização é extensa e incontável. A Comunicação organizacional ou empresarial tem sido reconhecida como uma grande ferramenta de interação e consolidação da imagem de empresas, organizações e instituições. A Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Campina Grande, reconhecendo esta importância, implantou, em 2006, um Núcleo de Comunicação Social, que ficou encarregado tanto da comunicação interna, quanto externa em nível local. Segundo CHIAVENATO (2005, p.313), “a dinâmica organizacional somente é possível quando a organização assegura que todos os seus membros estejam devidamente conectados e integrados”. A comunicação organizacional passa a ser base de todo o processo na instituição, sendo utilizada na preservação da identidade empresarial, exercendo força impulsionadora nas mudanças desejadas pela organização e formas comunicacionais que melhoram os sistemas e atividades da empresa. Este artigo apresenta os primeiros resultados da pesquisa que se propõe a analisar a inserção dos conteúdos no Boletim Eletrônico, periódico da Gerência Executiva do INSS em Campina Grande, diagramados com formas e cores que complementam sua mensagem.

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Graduanda em Comunicação Social pela UEPB . Estagiária da Assessoria de Comunicação do INSS.

Colaboradora da Lid Comunicação Empresarial. 32

Formada em Comunicação Social, habilitação em Rádio e TV, pela UFPB. Pós-graduanda em Mídia e

Assessoria de Comunicação pela Faculdade Cesrei. Servidora pública federal , lotada na Assessoria de

Comunicação da Gerência Executiva do INSS Campina Grande.Colaboradora da Lid Comunicação

Empresarial 33

Formada em Comunicação Social, habilitação jornalismo, pela UEPB. Desenvolveu atividade de

assessoria de comunicação como estagiária do INSS em Campina Grande em 2009. Atualmente é

colaboradora da Lid Comunicação Empresarial

GESTALT NAS NOTÍCIAS INTITUCIONAIS O Boletim Eletrônico devido a sua periodicidade – mensal – e ao grande número de notícias que se acumulam no período, precisa ser elaborado de forma a atrair a leitura de seu público-alvo. As notícias variam entre atuais e retrospectivas constantes e para não tornar o Boletim cansativo, o Núcleo de Comunicação da Gerência Campina Grande, adotou métodos de atratividade, utilizando formas e cores, que aliados ao texto jornalístico atraem, facilitam a leitura e transmitem mensagens ao psicológico do leitor.

Estudos específicos demonstram que as cores transmitem sensações para as pessoas. Dessa forma, você poderá utilizá-las como apoio, na emissão da mensagem de seus trabalhos. (HORIE e PEREIRA, 2000, p 41)

A Gestalt é um estudo da área da psicologia que relaciona as cores e as formas às reações no psicológico humano. Segundo FARINA (2006, p 14) “a cor é uma linguagem individual” que provoca reações no homem, que estão “subordinadas às suas condições físicas e as suas influencias culturais”. Dominar o conhecimento do emprego das cores na comunicação visual abre um grande campo de trabalho para setores que buscam o fortalecimento da imagem, missão e valores.

...uma operação que consiste em reunir, ajustar as informações visuais e compará-las com o vasto mosaico de nossas imagens mentais. A psicologia de GESTALT entende a percepção como a organização de dados sensoriais em unidades que formam um todo ou um objeto. (SOUZA FILHO, p.23)

Observando a página dois, da edição de fevereiro de 2010 do Boletim Eletrônico, percebemos a inclusão de novas colunas e complementação das notícias através do uso das cores. Foi criada a coluna Reabilita destinada às notícias do Programa de Reabilitação Profissional, que visa a reabilitação, readaptação e reinserção dos segurados no mercado de trabalho. A cor verde da coluna remete à saúde e bem estar. O título também remete ao conteúdo, pois além de seu significado literal (reabilita = habilita novamente), a primeira perna do R foi esticada, dando idéia de novos caminhos. Ainda nesta página podemos verificar também a utilização da imagem de um prato de comida para atrair a atenção ao conteúdo da notícia, que trata do reajuste no auxílio-alimentação dos servidores públicos federais. A coluna PrevMóvel, que divulga a Agenda da Agência da Previdência Itinerante também merece destaque interação com o tema – a imagem de uma estrada e uma moldura que lembra o desenho de um asfalto. E por fim a coluna Cantinho do Poeta, criada para a publicação de poesias escritas por servidores da Instituição, que em tons de cinza, remete à memória e desenha o modelo de uma folha de caderneta, lembrando o material utilizado por poetas clássico para suas escrituras. ATRATIVIDADE DO BOLETIM ELETRÔNICO

Uma pesquisa realizada em 2009, para o Planejamento Estratégico em Comunicação Integrada PECI do INSS em Campina Grande, teve como universo para o estudo o público interno do INSS. Nessa pesquisa foi verificado que o Boletim Eletrônico é o periódico de maior atração, sendo colocado como opção de leitura da maioria do quadro funcional, ou seja, 40% do público pesquisado. O Boletim eletrônico caracteriza-se por trazer questões institucionais em suas edições. E certamente os recursos de diagramação relativos a formas e cores favorecem a atratividade com que as notícias são apresentadas, acarretando em seu alto nível de aceitação por parte do público interno da instituição. CONCLUSÃO Aplicadas à comunicação visual, as cores são carregadas de significados. No INSS Campina Grande, esta técnica tem sido estudada e aplicada em busca de uma comunicação eficiente, integrada e completa, que beneficie tanto a Instituição quanto seus servidores, trazendo textos atrativos, leves e ao mesmo tempo informativos, revelando estratégias de Comunicação para o favorecimento da dinâmica organizacional e fortalecimento da integração institucional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. FARINA, Modesto; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. HORIE, Ricardo Minoru; PEREIRA, Ricardo Pagemaker. 300 Superdicas de Editoração, Design e Artes Gráficas. 5.ed. São Paulo: SENAC, 2000. SOUZA FILHO, Rafael. Diagramação – O planejamento visual gráfico na comunicação impressa. 7.ed. São Paulo: Sumus, 1985.

‘GILBERTO GIL, UM MENSAGEIRO DE CIÊNCIA Claudia Sisan

Resumo: Discute-se como as canções de Gilberto Gil que tratam de ciência podem atuar como agente de divulgação científica e, ainda aproximar arte da ciência. 1 Introdução

Da canção popular brasileira, Gilberto Gil seria o Hermes da Ciência, ou ainda o trovador do período Medieval, ou ainda um griot músico. Atualizando para o nosso contexto, brasileiro e baiano, seria o Exu, o mensageiro entre o astral e a terra, o guardião entre o plano material e espiritual, o que transita em todos os planos que existem nos mundos visíveis e invisíveis.

Gil o Mensageiro com sua arkhé, o principio, a origem, a gênese , a continua relação cíclica entre a tradição e o contemporâneo. O Mensageiro tem em suas composições, temáticas recorrentes que remetem a cultura científica. Talvez um sentimento do artista preocupado com o avanço da ciência, das tecnologias e com os desígnios da humanidade.

Com temática presente em sua vasta discografia de quase 66 registros e, um repertório em torno de mil músicas, podemos dizer que o seu legado traduze-se em poesia, inovação e excelentes aprouchs musicais (grooves1 e levadas com um bom encadeamento de acordes), geralmente sustentadas por uma base rítmica afro-brasileira.

Neste texto pretendemos mostar essas como as canções de Gilberto Gil, podem colaborar para divulgar ciência, fazendo dessa um bem de muitos e não apenas privilégio de poucos. Objetiva-se ainda, discutir a relação ciência, arte e comunicação, partindo da premissa de que a ciência deve fazer parte mais direta da cultura.

2 Cantando Ciência Já havíamos falado sobre canção em outro contexto, e discutido como esta tem

um poder de comunicação dos mais eficientes. Luiz Tatit ( 1986, p.33) nos ajuda quando diz: “ somos capazes de realizar as mais diversas atividades com o rádio ligado[...] como se fosse uma trilha sonora de nossas vidas”.

De forma que o nosso cotidiano é repleto de canções, e canções com uma função importante na composição de um imaginário repleto de realidade, ou de uma realidade repleta de imaginário (MORIN, 1989), ora !! tanto faz !! é difícil nessa situação estabelecermos limítrofes, é difícil saber onde está a linha que separa a canção da ciência, e canção da comunicação, apesar de não ser esse o propósito desta pesquisa.

Neste texto introdutório que traz no seu bojo, ciência, arte, comunicação, uma questão emerge: Como pensar sobre esses conceitos? Existe uma real clivagem epistemológica? Talvez nem os hermeneutas, exegetas conseguissem desvendar. o que é cada um, do alto da sua importância e eloqüência (música e ciência) significam para o cotidiano de milhares de pessoas nas ruas, nas casas, nas escolas, enfim nas cidades.

Poderíamos até pensar em importância, entretanto, categorizar seria precipitado e desnecessário tendo em vista que uma se vale da funcionalidade da outra para fins importantes , sérios sem perder a plenitude da ludicidade( HUIZINGA, 1980). A canção ou a ciência? ou seria quem gozaria de melhor status? Qual a hierarquia ? Bourdieu e seu conceito de distinção poderiam nos clarificar. Será? Etimologicamente, falando canção vem de encantar e ciência vem de. conhecer, conhecimento, aparentemente diferentes – a Ciência contemporânea nos ensinou assim, campos separados, departamentalizados, parecem distantes, conceitos que se alongam e que não se cruzam.

Não seria exatamente o caso de pensá-los como diferentes, ou distantes, pelo contrario, vemos por exemplo no Clássico O Nascimento da Tragédia de Nietzsche. O autor traz ao prôscenio Dionisio e Apolo e com eles uma discussão que envolve cultura grega, a relação entre arte e conhecimento . Apolo e Dionísio não tão distantes como parecem na mitologia, mas complementares. É, assim, com o acervo do cantor Gilberto Gil quando se trata de temas da cultura científica.

A idéia das duas juntas é antiga. No século IV a.C. Platão e Aristóteles já discutiam sobre o conceito de Arte e Ciência. Para eles, “Arte” era um ofício. Platão acreditava que Arte e Ciência eram indissociáveis, porém, no seu entendimento, a primeira era imitação e, por isto, não podia ser interpretada. Já Aristóteles se opôs a esta concepção, quando acreditava que estas duas dimensões não se relacionavam

Retomamos a canção envelopado nesse contexto, ciência, arte, comunicação. Agora, especialmente, debruçamos na uma parte do cancioneiro do compositor Gilberto Gil, traçando um apanhado das composições que trazem no seu bojo o aporte luxuoso da cultura científica. Uma canção que atinge milhões de ouvidos

Parodiando Michel Serres, utiilizamos as categorias criadas por ele no livro “A lenda dos anjos para discorrer sobre a obra e vida de Gilberto Gil. Em toda a sua obra Serres costurou ciência e arte, entrelaçando ciências humanas e ciências naturais. Numa entrevista na França discorreu sobre as três etapas da história do trabalho: O mensageiro, a mensagem e a mensageirias. O primeiro seria a “era dos carregadores”, depois a “era dos transformadores” e a terceira a revolução informacional ou reformulação pedagógica. 3 Conclusão

Portanto, discutir esses conceitos é além de tudo é discorrer sobre o sentido da existência humana. São basilares para a formação humana e por sua

consequênte odisséia humana no planeta terra. O próprio Serres diz que “a

própria ciência, não tem a ver tanto com o conteúdo, mas com o modo de circulação. Quando se faz circular a informação tratada de uma forma cuidadosa, com poucos “ruídos”, está tem um papel decisivo na sociedade.

Dai, questões importantes estão declaradas, o conhecimento científico, a arte e a beleza das canções e a ciência difundidas e debatidas. O mensageiro provoca no mínimo a curiosidade dos ouvintes. Palavras novas são introjectadas no dia a dia das pessoas comuns: Web Site, Meteorum, Cometa,Quanta e outras. Referências

GILBERTO GIL. Biografia. Disponível em <http://www.gilbertogil.com.br/sec_bio.php?page=3&ordem=DESC> Acesso em: 20 abr 2010 HUIZINGA, J. Homo Luddens: jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980.

MORIN, Edgar. As estrelas: mito e sedução no cinema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

Juventude, Ciência e Mídia: A Percepção Pública de C&T dos jovens de escolas públicas de Salvador/Bahia34

Simone Bortoliero35 Mariana Alcântara36 Mariana Sebastião37

Rogério Menezes38 Luana Santana39

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados preliminares da pesquisa Percepção Pública da Ciência e Tecnologia através dos meios de comunicação: o uso de tecnologias emergentes (celulares) na produção de vídeos científicos para público jovem em Salvador/Bahia. A pesquisa, que recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), através do edital de Popularização da Ciência e Tecnologia, tem como objetivo entender como a educação para os meios pode ser realizada através de estudos de popularização de C&TI e sua interface com processos, produtos e recepção na comunicação. Introdução:

A perspectiva da Educação para os Meios tem encontrado respaldo no Brasil em ações comunicativas nos espaços formais e informais de ensino-aprendizagem e também nos estudos que envolvem os processos, os produtos e a recepção de mídias consolidando dessa forma uma série de pesquisas organizadas no campo da Educomunicação. Entretanto, são raras as pesquisas que usam de metodologias de comunicação participativa na interface com a divulgação cientifica para jovens. E é esse o lugar onde estão situadas as pesquisas sobre a percepção pública de C&TI com jovens na Bahia. Desta forma o presente estudo busca conhecer e avaliar as imagens que os jovens da rede pública de Salvador fazem da Ciência e da Tecnologia, bem como o seu nível de interesse por estes assuntos através dos meios de comunicação, particularmente na televisão e na internet. Conhecendo seus interesses podemos capacitar os estudantes de escolas públicas de Salvador e do interior do estado da Bahia para o exercício da produção de materiais de comunicação “como um direito à cidadania”, democratizando o uso das tecnologias e garantindo acesso ao conhecimento científico.

A pesquisa patrocinada pela Fapesb em seu último edital de Popularização da C&TI em 2009, e cujo título é Percepção Pública da Ciência e Tecnologia através dos meios de comunicação: o uso de tecnologias emergentes (celulares) na produção de vídeos científicos para público jovem em Salvador/Bahia, reúne bolsistas de iniciação cientifica da Faculdade de Comunicação da UFBA, bolsistas de Pibic Jr de escolas de ensino médio de Salvador e interior do estado, além de pesquisadores nas áreas de estatística, comunicação, jornalismo e letras.

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Trabalho apresentado no II Encontro Regional de Jornalismo Científico. Categoria: Pesquisa e Estudo

em JC ou Comunicação Pública da Ciência. Campina Grande (PB). Junho de 2010. 35

Orientadora do trabalho, Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e

Vice-Presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC). E-mail: [email protected]. 36

Jornalista e Mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da

UFBA. Bolsista da Fapesb. E-mail: [email protected]. 37

Estudante de graduação do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA. Bolsista de

Iniciação Científica/Fapesb. E-mail: [email protected]. 38

Estudante de graduação do curso de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da UFBA.

Bolsista de Iniciação Científica/Fapesb. E-mail: [email protected]. 39

Estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio da Polícia Militar da Bahia. Bolsista de Iniciação

Científica Júnior/Fapesb. E-mail: [email protected].

Na primeira fase estão sendo aplicados um total de 1.500 questionários nos 3 anos de 04 escolas da rede pública de ensino médio de Salvador e interior com o objetivo de avaliar as concepções dos jovens e identificar o que gostariam de ver na Internet e na televisão sobre temas científicos e ambientais. Após a tabulação dos resultados, a pesquisa entra em sua segunda fase e irá capacitar 100 jovens para a produção de vídeos de divulgação científica com o uso de celulares. O ato de fazer pressupõe um processo de reflexão conjuntamente com o ato de consumir informações cientificas através da TV e da Internet. Além de proporcionar a estes jovens uma leitura crítica dos meios de comunicação, bem como a apropriação de tecnologias digitais através do domínio das câmeras em celulares e câmeras fotográficas digitais, pretendemos facilitar o acesso dos estudantes à informação científica e aproximá-los das pesquisas científicas das universidades e outras instituições de pesquisa baiana, além de favorecer o entendimento sobre visões e concepções de ciência e tecnologia para a construção de uma mídia jovem em temas de C&T. Desenvolvimento

Nesse primeiro momento da pesquisa foram aplicados questionários semi-estruturados em três escolas de Salvador e uma do interior do Estado, na cidade de Seabra, localizada na Chapada Diamantina. Num total de 36 questões objetivas e subjetivas, o questionário avalia o conhecimento dos jovens nos assuntos de Ciência e Tecnologia e questiona sobre quais assuntos dessa área os entrevistados gostariam de ver na Televisão e na Internet.

Até a presente data, duas perguntas principais dos questionários aplicados foram tabuladas, a saber: a) Quais assuntos de Ciência e Tecnologia você gostaria de ver nos vídeos divulgados no Youtube pela internet? Cite três temas. b) O que você gostaria de conhecer sobre meio ambiente na TV e na internet? Cite três temas.

Nos resultados preliminares, dos 538 questionários tabulados, apenas 25% tiveram a questão “a” respondida, e apenas 41% tiveram respondida a questão “b”. Através destes resultados podemos perceber indícios de que há pouca intimidade dos estudantes com tais assuntos, um problema identificado segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB/MEC) de 2005/2006, publicado em 2007, no qual o Brasil apresentou média de 3,4 para o Ensino Médio, e a Bahia ocupou a terceira pior colocação do país, com média 2,7 para o ensino médio, perdendo apenas para o Rio Grande do Norte e Piauí. Os dados caracterizam a crise que se encontra o sistema de ensino da educação básica brasileira.

Sobre os assuntos de Ciência e Tecnologia que os jovens gostariam de ver nos vídeos do Youtube (identificados na questão “a”) três foram os assuntos mais citados: 1)Meio Ambiente (Biodiversidade e Clima) e Descobertas, 2) Avanços Científicos e Tecnológicos, ambos com 17% das citações. O terceiro assunto mais citado foi Saúde e Doenças, com 7% das citações. Outros temas totalizaram 59% das citações, com enfoque para Experimentos Científicos (5%), Computação e Informática (5%) e Robótica e Mecatrônica (4%).

Quando o tema é Meio Ambiente, os jovens gostariam de ver na TV e na Internet (questão “b”), três assuntos centrais: Clima (aquecimento global e outros fenômenos) e Animais, ambos com 13% das citações, Preservação Ambiental e Reflorestamento, com 11% das respostas. Outros assuntos citados envolvem as Características das Árvores e Plantas (7%), o Desmatamento (6%) e Poluição (4%). Tivemos também destaque para a Reciclagem e Reutilização de materiais (3%).

Após tabuladas todas as perguntas dos questionários, está entre os objetivos específicos da pesquisa a produção de vídeos de divulgação científica “com” a juventude através de oficinas de produção. Com isso espera-se facilitar o acesso a informações científicas, favorecer o entendimento sobre visões e concepções de Ciência e Tecnologia para

construção de uma mídia jovem nesses temas e viabilizar metodologias de acesso a vídeos através da Internet para uso em sala de aula. Conclusão

O uso de celulares no cotidiano tem se dado de forma efetiva entre os jovens, embora a renda familiar nesse grupo de jovens das escolas públicas de Salvador não favoreça a aquisição de equipamentos com câmeras, acesso a internet, entre outras tecnologias. Dados de outras questões no questionário apontam falta de uso dessas tecnologias. O excesso de informações não garante o aprendizado em temas de ciência e tecnologia na internet, mas viabiliza o acesso e por outro lado democratiza a informação. É necessário um investimento na formação de estudantes que saibam fazer uma leitura crítica dos meios e das tecnologias, como a televisão, a internet, a imprensa escrita ou radiofônica. E só podemos colaborar com essa leitura crítica de mídia através de metodologias que viabilizem o exercício do saber fazer. Já iniciamos oficinas de capacitação onde os jovens demonstram interesse por vídeos que retratem o desmatamento, a extinção de espécies, doenças da visão, física quântica, poluição nas cidades, entre outros tantos temas. O grande desafio é aproximar o conhecimento científico produzido nas universidades públicas dos jovens brasileiros e por isso já temos experiências concretas onde os jovens estão realizando vídeos reportagens e “invadindo” laboratórios de inúmeros departamentos dentro da UFBA. A idéia é favorecer esse encontro, entre os jovens e os pesquisadores da Bahia, com a perspectiva de combater o analfabetismo científico no estado e garantir ações integradas de comunicação científica e educação para as ciências. Referências Bibliográficas: ALCÂNTARA, M. M.,BORTOLIERO, S. Meio ambiente e televisão: a recepção de conteúdos ambientais da TVE Bahia junto aos jovens dos centros de ciências de Salvador. Jornalismo Científico & Desenvolvimento Regional: Estudos e Experiências. Cidoval Morais de Sousa (Org.). Campina Grande,Paraíba: EDUEP,2008 p 99-108 ANDRADE, R.C.; BORTOLIERO, S.; BEJARANO, N.R. Imagens sobre a ciência e a tecnologia- o que pensam os professores da rede municipal de Salvador. Revista Digital Ciência & Comunicação. Disponível em: http://wwwjornalismocientifico.com.br/ver_artigos2.htm BORTOLIERO, S.;BEJARANO,N.R.; HINKLE,E. Das escavações à sociedade a divulgação científica sob a ótica das crianças de Peirópolis. Comunicação & Educação. ano 10, n 3(set-dez 2005). São Paulo: ECA/USP:Paulinas.p 365-380 BORTOLIERO, Simone. Kaplún, educomunicador. Biografia de um visionário. In: Educomídia, alavanca para a cidadania: o legado utópico de Mário Kaplún. São Bernardo do Campo: Cátedra Unesco: Universidade Metodista de São Paulo, 2006. MASSARANI,L., MOREIRA, I.C. Not in Our Genes! Um Estudo de Caso com Jovens do Ensino Médio no Rio de Janeiro. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.1, n.1, p. 51-76, mar. 2008 SEBASTIÃO, M.R., Bortoliero,S. Percepção pública da ciência através dos meios de comunicação: o que pensam os jovens do ensino médio de Salvador sobre Ciência e Tecnologia. Jornalismo Científico & Desenvolvimento Regional: Estudos e Experiências. Cidoval Morais de Sousa (Org.)Campina Grande,Paraíba: EDUEP,2008. p 401-412

LITERATURA DE CORDEL E A COMUNICAÇÃO PÚBLICA DA CIÊNCIA FÍSICA

Josenildo Maria de Lima40 /UEPB/ [email protected]

Jean Moises de Sousa41 /UEPB/ [email protected]

Samuel dos Santos Feitosa42 /UEPB/ [email protected]

Marcelo Gomes Germano43 /UEPB/ [email protected]

RESUMO Este trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa documental feita na Biblioteca Átila Almeida, situada na UEPB, com o intuito de analisar a utilização da Literatura de Cordel como veículo de comunicação pública da ciência Física no Brasil. Durante a pesquisa percebeu-se que muitos temas científicos são descritos em versos de cordel. Observou-se que esse meio de comunicação tem um histórico de forte influência popular, por ser uma leitura acessível e prazerosa. Palavras-Chave: Literatura de Cordel, Comunicação Pública, Ciência. INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa tem por objetivo principal identificar na Literatura de Cordel textos que possam ser utilizados como veículo de comunicação pública da Ciência Física, os quais possam ser adotados por professores, educadores e qualquer indivíduo que queira buscar informações sobre temas relacionados à ciência, abordados nessa literatura.

De acordo com Moreira, Massarani e Almeida (2005), as ações de divulgação da ciência permaneceram e permanecem até os dias atuais limitadas as camadas elitistas. No entanto, pode-se encontrar nas formas populares de comunicação, tentativas de noticiar alguns fatos científicos que foram marcantes em determinadas épocas, tais como: aparições de cometas, o avanço tecnológico, questões relativas à saúde, ao meio ambiente, dentre outros temas que possuem caráter científico.

Na tentativa de possibilitar o acesso às informações científicas às camadas menos favorecidas da sociedade, pode-se buscar na literatura de cordel uma alternativa para popularizar a ciência. Uma vez que é bem conhecida, principalmente na região nordeste, a Literatura de Cordel pode apresentar várias temáticas como: folhetos de discussão, romances, História de valentia e até mesmo funcionar como jornais. Devido a essa diversidade de temas e formas de aplicação o cordel foi analisado como ferramenta de comunicação da ciência no Nordeste brasileiro, pois o mesmo se trata de uma leitura simples e prazerosa. Foram observados cordéis que tratam de temas relacionados à ciência, tais como fenômenos astronômicos, a chegada do homem a lua dentre outros.

A metodologia adotada pode ser caracterizada como revisão bibliográfica, documental e descritiva a qual visa obter informações do acervo existente sobre os cordéis que versam sobre temas científicos que serviram como veículo de comunicação da ciência. A pesquisa está

40

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB 41

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB 42

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB 43

Professor do Departamento de Física da UEPB, Orientador da pesquisa

sendo realizada no acervo de Literatura de Cordel da Biblioteca Átila Almeida, situada na Universidade Estadual da Paraíba.

DESENVOLVIMENTO

A literatura popular semelhante aos folhetos escritos no Brasil começou a ser

publicada na França com o advento da imprensa por volta de 1450 (Medeiros, 2008). Esses folhetos eram feitos em forma de poesia conforme os folhetos brasileiros, ainda existiam os colportage que eram impressos em prosas ou mistos.

Segundo (SILVA, 2001), a Literatura de Cordel chegou à Península

Ibérica por volta do Século XVI, na Espanha recebeu o nome de Pliegos

Sueltos e em Portugal foi batizada de Folhas Soltas ou Volantes. A

mesma chegou ao Brasil com a expansão portuguesa e se desenvolveu

no nordeste brasileiro. Sabe-se que o nome Cordel surgiu em Portugal

onde os folhetos eram vendidos nas feiras pendurados em barbantes.

De acordo com César Obeid, aqui no Brasil os folhetos eram vendidos

em barracas e no chão das feiras pelos próprios poetas ou

revendedores.

Segundo Medeiros, o Cordel é a narração de temas e assuntos populares, feita em forma de poesia rimada e impressa em folhetos, sabemos que desde 1940 o termo literatura de cordel popularizou-se e hoje é amplamente adotado no Brasil e no Mundo.

Os folhetos de cordel possuem um número variável de páginas, 8, 16, 32 ou 48.

Os dois primeiros tipos são geralmente usados para contar algo ocorrido na

região os chamados versos noticiosos (ABLC, 2010). Observa-se na literatura de

cordel uma poderosa manifestação da cultura popular, a qual era o principal

meio de comunicação existente nas cidades nordestinas. Partindo do presente

contexto observa-se que a literatura de cordel possui um forte poder de

comunicação pública por se tratar de uma leitura prazerosa, dinâmica,

empolgante e de fácil aquisição.

Durante a pesquisa encontramos cordéis com os seguintes temas:

Cometa passa no céu, escrito por Manoel Caboclo; A conquista da

Lua, de Antonio Teodoro; Cometa de Halley do autor Raimundo

Santa Helena; A conquista do Homem a Lua de Rodolfo Coelho

Cavalcante; Einstein: Vida, obra e pensamentos de Gonçalo Ferreira,

também presente no livro Cordel e Ciência: a ciência em versos

populares.

Recentemente o autor Gonçalo Ferreira lançou uma coletânea de cordéis que tratam de ciência intitulada “A ciência em versos de cordel”, tal coleção possui vários poemas sobre temas científicos que discorrem sobre temas astronômicos, biografias de cientistas, dentre outros.

A Literatura de Cordel era a principal fonte de informações do povo nordestino, pois os aparelhos eletrônicos não eram acessíveis à maioria da população. Com o advento da tecnologia, aonde as informações chegam cada vez mais veloz, essa literatura foi perdendo espaço, no entanto constatamos que atualmente, mesmo com o avanço da Internet, o cordel passou a ser visto como uma ferramenta auxiliar de comunicação pública da ciência, como fonte de partida para várias pesquisas.

CONCLUSÃO

Ao término da pesquisa constatamos que há uma quantidade significativa de cordéis

que tratam de temas científicos relacionados não apenas a ciência Física, mas as demais ciências. No entanto é difícil o acesso aos cordéis que tratam de ciência, pois estes se encontram em acervos particulares ou em bibliotecas especializadas nessa literatura. Nas bibliotecas os cordéis têm de ser fotografados, pois muitos são antigos e podem ser danificados com facilidade. Seria extremamente importante que as bibliotecas especializadas nessa literatura digitalizassem os seus acervos, para que os mesmos possam ser acessados com maior facilidade, por pesquisadores, professores ou demais interessados no assunto. Observamos ainda que os cordéis que tratam de ciência podem ser encontrados em livros publicados recentemente contendo coletâneas com vários cordéis sobre ciência. REFERÊNCIAS MEDEIROS, Antonio Heleonarde Dantas de e HOLANDA, Virginia Célia Cavalcante de. Elos possíveis entre o ensino de geografia e a Literatura de Cordel. In Revista Homem, Espaço e Tempo, Setembro de 2008. MOREIRA, Ildeu de castro; MASSARANI, Luisa; ALMEIDA, Carla (Orgs.). Cordel e a ciência: A ciência em versos populares. Rio de Janeiro: Vieira & Lent: Fio Cruz, 2005. OBEID, César. A importância da tradição na cultura popular. In revista Vida e Educação, Pág. 44-45, Março/Abril, 2008. SILVA, Gonçalo Ferreira da. Vertentes e Evolução da Literatura de Cordel. Rio de Janeiro: Milart, 2001. ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel acessada em 03 de maio de 2010. http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm

MUDANÇAS NO LAYOUT E NO FLUXO COMUNICACIONAL DA AGENDA PRO EX/ UFAL

Joabson dos Santos Limaal

Pró-Reitoria de Extensão/Uf

RESUMO

O trabalho visa a implementação de um novo layout da Agenda Eletrônica da Pró-Reitoria de

Extensão da Universidade Federal de Alagoas, assim como proposições de ações que

melhorem o fluxo da informação. A Agenda tem por finalidade divulgar projetos e programas

elaborados e executados pela comunidade acadêmica e eventos realizados pela PROEX. Além

de servir de fonte de informações para as publicizações das ações da Ufal na sua relação com a

sociedade e a mídia alagoana.

Termos-Chave: Comunicação On Line, Relação com a mídia alagoana, publicização de

projetos e programas de extensão

Segundo conceito assumido pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores das Universidades

Públicas Brasileiras em 1987, a Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e

científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação

transformadora entre a Universidade e a Sociedade. O preceito da indissociabilidade entre

ensino, pesquisa e extensão, conforme Artigo 207 da Constituição de 1988. Além da definição

do Plano Nacional de Extensão Universitária que incorpora as definições anteriormente

referidas. .

Com esses pressupostos, a Universidade Federal de Alagoas assume a extensão como

uma das dimensões da vida acadêmica, ou seja, uma forma de vivenciar o processo ensino-

aprendizagem além dos limites da sala de aula, com a possibilidade de articular a universidade

às diversas organizações da sociedade, numa enriquecedora troca de conhecimentos e

experiências.

Após a reativação do Informativo on line, ele já está em sua segunda diagramação, em

cada repaginação busca-se o atendimento de um número maior de leitores do Informativo,

além de atrair outros leitores.

Para implementar o novo layout da Agenda Eletrônica da Pró-Reitoria de

Extensão – PROEX – da Universidade Federal de Alagoas, foi pesquisado e proposto um

novo design, tendo como base a Agenda anterior, usando como parâmetro as cores da

logomarca da Proex que são azul e amarelo; o uso de duas imagens foi pensado para

que pudesse dar um maior equilíbrio a estrutura visual.

A Agenda da Proex é diagramada no programa Coreldraw e depois importado

para o formato JPG, é dividida por seções: a parte de Notícia apresenta uma matéria

jornalística com uma fotografia para que haja equilíbrio entre o texto e a imagem;

existe um espaço na agenda destinado ao leitor para que o mesmo se agende com

diversos eventos que serão realizados no decorrer da semana, contemplando assim

tópicos com fatos que acontecerão durante a semana; o espaço Aconteceu serve para

dar um enfoque maior aos eventos que merecem destaque da semana que passou

para que seja fixado na cabeça dos leitores; finalizando com a Imagem da semana

reforçando a atividade que aconteceu durante a semana dessa forma o leitor presta

muito mais atenção ao fato apresentado como imagem.

MECANISMOS DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Como forma de monitoramento e avaliação será utilizado o feedback que a

Proex recebe via E-mail e por telefone, o público tanto universitário quanto o

acadêmico, não deixam de expressar as suas opiniões ao receberem o Informativo da

Proex, caso haja dificuldade de comunicação do público com a Pró-Reitoria, será

estabelecido uma enquete trimestral para que o público seja estimulado a dar as suas

opiniões e as informações trabalhadas no corpo da Agenda.

O retorno do que é recebido via E-mail é respondido da mesma forma, caso o

interessado deixe o número de telefone para contato o contato é feito via telefone, já

que este realiza uma comunicação mais próxima do que apenas as informações por

escrito.

As respostas obtidas do público leitor por telefone e via e-mail dá a exata medida

do que deve ser feito pelo núcleo de Comunicação da Proex. Quando o público elogia a

Agenda ou até mesmo propõe mudanças em partes especificas da Agenda, a mesma é

pensada e posteriormente efetuada.

Para que a agenda eletrônica seja efetivada será necessário que não haja

interrupções na elaboração e do envio da mesma, sendo feito constantes atualizações

no cadastro de E-mails do público alvo da agenda, ou seja: estudantes, professores,

técnicos administrativos e a comunidade externa. .

Para que isso não ocorra, deve-se manter um, contato bem próximo com o NTI,

pois assim que apareça qualquer tipo de intercorrência o mesmo deverá ser

comunicado para saná-lo. .

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA. Ana Rita F. et alli. Orientações Metodológicas para a Produção de Trabalhos Acadêmicos. 7ª Ed. Maceió: EDUFAL, 2006. FARIA. Ana Cristina de et alli. Manual prático para elaboração de monografias: Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações e Teses. São Paulo/Petrópolis: Editora Universidade São Judas Tadeu/Editora Vozes. 2007 FREIRE. Paulo. Comunicação ou Extensão. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra.1983.

Portal da Universidade Federal de Alagoas. http://www. ufal.edu.br

NOVAS TECNOLOGIAS NO RÁDIO: ABORDAGEM DA COMUNICAÇÃO INDEPENDENTE NA INTERNET

Patrícia de Carvalho SILVA44

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN

E-mail: [email protected]

Resumo

Com sua comunicação de fácil acesso e baixo custo, o rádio fez flutuar o imaginário social brasileiro, reunindo sócios contribuintes45 que hoje retornam repaginados, por meio das convergências midiáticas e dos podcastings46. Este artigo pretende analisar brevemente as novas formas de se fazer rádio na internet mediante as novas possibilidades tecnológicas.

Palavras-chave: Mídia Sonora; Novas Tecnologias; Comunicação Independente.

1.0 Introdução

Desde seu surgimento, utilizando-se da voz, o rádio fascina. Foi assim em seus primórdios e continua sendo com a internet, nas novas formas de se fazer rádio. Entre os adventos trazidos pela web, está a mudança de transmissão dos formatos tradicionais de áudio para a internet, garantia de melhor qualidade do som veiculado, e ocasião, por vezes, de interatividade e interação, em anteparo ainda parcialmente democratizado.

Com a internet, o rádio ganha um novo perfil, uma vez que não somente passa a ser um meio de veiculação para uma programação já disponível no díal tradicional, mas se redescobre, com as rádios institucionais ou de uso “individual”, que passam a existir exclusivamente no meio. As experiências vão de playlists, aonde o próprio internauta tem a “independência” de escolher a sua lista de músicas, à programas de rádio em formato podcasting (ou podcast) e radiowebs47, com modus operandi disponibilizado em conteúdos do meio. Realidade cada vez mais acessível para diferentes tipos de públicos, mas ainda restrito pela democratização limitada da internet.

44 Jornalista e graduanda em Comunicação Social, habilitação Radialismo, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN.

45 Apaixonados pelo rádio contribuíam mensalmente para o funcionamento do veículo, como sócios.

46 Forma de publicação de programas de áudio pela Internet. Permite, a quem a utiliza, acompanhar a sua atualização. A palavra podcasting é

uma junção de Ipod - um aparelho que toca arquivos digitais em MP3 - e broadcasting, transmissão de rádio ou tevê. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Podcasting Acesso em 07 de maio de 2010.

47 Também conhecido como Rádio via Internet ou Rádio Online é o serviço de transmissão de áudio via Internet com a tecnologia streaming

gerando áudio em tempo real, havendo possibilidade de emitir programação ao vivo ou gravada. Muitas estações tradicionais de rádio transmitem

a mesma programação pelo meio convencional (transmissão analógica por ondas de rádio, limitado ao alcance do sinal) e também pela Internet,

conseguindo desta forma a possibilidade de alcance global na audiência. Outras estações transmitem somente via Internet. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_r%C3%A1dio Acesso em: 29 de maio de 2010.

1.1 Objetivo

Breve análise do veículo de comunicação rádio nas novas tecnologias proporcionadas pela internet como formas de comunicação independente.

1.2 Justificativa

A utilização da internet para disponibilização de arquivos em áudio como comunicação alternativa independente é recente e merece maior aprofundamento. O rádio se adapata às novas realidades tecnológicas nos anos 90 e novas experiências são realizadas. Surgem as rádios caseiras, realizadas como hobby48 entre amigos, e formatos em áudio que dialogam com outros tipos de comunicação, como os blogs49, produzindo conteúdo inovador nem sempre realizado por profissionais da comunicação.

1.3 Aspectos metodológicos

Análise de conteúdo de alguns arquivos de áudio disponibilizados pela internet.

2.0 Desenvolvimento

Falar de rádio hoje, frente às novas tecnologias e a comunicação independente, abrange blog, twitter50 e facebook51, dispositivos que além de permitirem a publicação de opiniões permitem o compartilhamento de arquivos digitais de áudio. Sob esse aspecto, pode-se citar os podcastings52 Quem pode poda53; Melhores do Mundo54 e Nerdcast55.

O podcasting Quem pode poda trata das músicas ruins dos anos 90 e as músicas boas do rock nacional dos anos 80. Uma das edições mais recentes é sobre o Rock Band, um jogo sobre

48 Algo que gostamos de fazer que nos tira da rotina, nos deixando mais relaxados, como ouvir uma boa música, ler

um bom livro ou ver um bom filme. Disponível em: http://linoresende.jor.br/qual-e-o-seu-hobby/ Acesso em: 29 de maio

de 2010.

49 Abreviação de Weblog. Muito utilizado como diário pessoal, pode ter qualquer tipo de conteúdo e ser utilizado para

diversos fins. Permite que usuários publiquem conteúdo sem a necessidade de saber como são construídas páginas na

internet. Disponível em: http://www.interney.net/blogfaq.php?p=6490966 Acesso em: 05 de maio de 2010.

50 Comunidade de amigos e pessoas desconhecidas que postam mensagens do que estão fazendo no momento ou o

que se quer que preste atenção.

51 Website de relacionamento social

52 Exemplos citados em Diversão & Entretenimento. – Barueri, SP: Gold Editora, 2008. – (Coleção clique & descomplique: guia passo a

passo de informática).

53 http://jplages.com/qpp/

54 http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/?cat= 2069

55 http://jovemnerd.ig.com.br/v4/podcast/

rock and roll e as músicas que fazem parte de sua trilha sonora, tais como “Highway Star”, do Deep Purple, e “Tom Sawyer”, do Rush; Os melhores do mundo, trata sobre heróis de histórias em quadrinhos, como o Batman, o Homem-Aranha entre outros. Além de ser informativo, este podcasting permite discussões entre participantes. Por fim o Nerdcast, definido por seus criadores como o primeiro podcasting totalmente nerd do Brasil. Trata de uma bate-papo informal entre os criadores do site, Alexandre Ottoni e Deive Pazos, e convidados variados. Os temas dos arquivos em áudio conversam sobre diversos assuntos que integram o mundo dos nerds, como filmes, programas de TV, quadrinhos e literatura.

Dialogando, as mudanças tecnológicas mudam a forma do real por meio da linguagem – pois que "não vemos a realidade como ‘ela’ é, mas como são nossas linguagens. E nossas linguagens são nossos meios de comunicação (...), nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura” (POSTMAN apud CASTELLS, 2006, p. 414) – e a convergência midiática no audiovisual ultrapassa os suportes tradicionais, ao mesmo tempo em que une formatos e meios. Segundo Manovich “as interfaces culturais nunca são totalmente novas, carregando uma certa herança dos elementos que constituem as interfaces anteriores a ela”56. Desta forma, a cidadania é repensada em conjunto, com códigos e linguagem definidos e comuns aos seus usuários, mudando o caráter da comunicação. Para Castells (2006, p.414), “a integração potencial de texto, imagens e sons no mesmo sistema – interagindo partir de pontos múltiplos, no tempo escolhido em uma rede global ... – muda de forma fundamental o caráter da comunicação”, indicando a significativa relevância que as mudanças tecnológicas têm nas expressões da cultura atual, nas formas de compreender e expressar a realidade. Porém esta é uma faceta ainda pouco voltada para divulgação científica traduzida em conteúdo informativo. Na internet, a ciência no rádio ainda é restrita a empresas de jornalismo, como os áudios disponibilizados pela Rádio CBN57, que além de envolver em suas reportagens outras linguagens, como a inclusão de imagens, vídeo e fotos, discutem mais frequentemente a ciência e a tecnologia.

3.0 Conclusão

As novas mídias reforçam a concepção da linguagem audiovisual em conceito definido amplamente e que ultrapassa os suportes tradicionais inseridos no contexto multimídia. “A subjetividade, como forma de interpretar o mundo a partir da inter-relação dos conhecimentos, sofre alterações nos jovens que aprendem o mundo a partir do compartilhamento de experiências na internet” (MORALES, 2009, p. 01). Pensar a cidadania no contexto das inovações tecnológicas significa também repensar o audiovisual e os seus modos de fazer, como forma de democracia e de expressão, atentando para a reconstrução das subjetividades do uso, consumo, apropriação e criação de conteúdo audiovisual nos tempos contemporâneos.

Referências

56COSTA, Daniele. Manovich e a construção do pensamento pós-moderno. Disponível em:

http://netart.incubadora.fapesp.br/portal/Members/daniela_costa/fichamentos/manovich_chapter%201/ Acesso em: 01 jul. 2009.

57 http://cbn.globoradio.globo.com/home/HOME.htm

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

MORALES, O.T. Novas Mídias e Cidadania: os jovens como criadores de conteúdo on-line. In XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. INTERCOM. Curitiba/PR – 4 a 7 Set 2009.

O discurso científico no Jornal da Cultura58

Júlia Arraes de Alencar59 Isaltina Maria de Azevedo Mello Gomes60

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE RESUMO: Este artigo teve como objetivo estudar qualitativa e quantitativamente as matérias de divulgação científica no Jornal da Cultura, durante cinco edições. A partir dele, procurou-se entender a maneira como são abordados os temas científicos nesse telejornal e como essa forma de divulgação interfere na formação de uma cultura científica dos telespectadores. Foram feitas análises das matérias científicas em relação à linguagem, ao conteúdo e, principalmente, aos aspectos discursivos utilizados. A partir dos resultados foi possível fazer reflexões em relação ao potencial da televisão para ajudar na formação de uma cultura científica da população. PALAVRAS-CHAVE: Divulgação Científica; Análise do Discuro; Telejornalismo Brasileiro; Cultura Científica.

INTRODUÇÃO

Partindo do pressuposto de que a divulgação do conhecimento científico é uma das características inerentes às sociedades democráticas, a pesquisa realizada pretendeu avaliar como acontece a divulgação científica no telejornalismo brasileiro. A intenção é entender como esse meio de comunicação, caracterizado, em geral, pela simplicidade na maneira como informa e por aliar som e imagem, se relaciona com algo tão complexo como o conhecimento científico — isso tendo como base que a divulgação da produção do conhecimento de ciência ainda é muito restrita aos ambientes acadêmicos, o que impossibilita a formação de uma cultura científica por parte da população:

Cada vez mais, a democratização [socialização] do conhecimento [científico] se faz necessária para que a sociedade saiba dos benefícios e das conseqüências sociais, políticas e econômicas das pesquisas realizadas [impacto social]. Isso só pode ser feito através da divulgação desses conhecimentos entre os cientistas, por meio de publicações especializadas, e para o público de massa, por meio de grande imprensa. Nesse contexto, surgiu o jornalismo científico como uma prática especializada dentro do jornalismo (GOMES e SALCEDO, 2005b, p. 81).

A televisão, portanto, por ser um meio de comunicação simples e atrativo, acaba

facilitando tais processos de compreensão. No entanto, nem sempre a mediação do jornalista

58

Trabalho apresentado na categoria Iniciação Científica II Congresso de Jornalismo Científico – Campina Grande-PB, realizado de 7 a 9 de junho de 2010 59 Aluna de graduação do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco e bolsista de Iniciação

Científica –PIBIC: UFPE/PROPESQ/CNPQ, email: [email protected] 60 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco E

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE - PPGCom, email: [email protected]

é capaz de facilitar o diálogo entre cientista e público. Ir além dos limites acadêmicos onde é produzido o saber científico e chegar a um público amplo e majoritariamente leigo dos métodos e das teorias científicas é um dos desafios que devem ser enfrentados pelos telejornais brasileiros.

Apesar de muitas discussões acerca da função educativa do jornalismo, reconhece-se a importância social da profissão de tornar públicas as informações. Por saber que os meios de comunicação têm função primordial no acesso aos acontecimentos pelas pessoas, é necessário que esses cumpram suas funções informativas, educativas, sócio-histórico-culturais e político-ideológicas (BUENO, 1984 In: ALBERGUINI, 2007:18).

Os resultados presentes neste trabalho são referentes à análise de uma amostra do corpus utilizado na pesquisa. São cinco edições do telejornal Jornal da Cultura, com 35 minutos de duração cada, escolhidas aleatoriamente entre setembro e outubro de 2009. Inicialmente, foi feito um levantamento quantitativo de todas as matérias de divulgação científica, para a realização das primeiras análises. Nessa etapa, também foi feita a comparação entre o número de matérias de cunho científico veiculadas e as demais editorias.

Em seguida, voltou-se o olhar para a análise discursiva das matérias sobre ciência, observando as estratégias e regularidades textuais-discursivas. No trabalho, utilizou-se como aparato teórico a Análise do Discurso, a partir de autores como Maingueneau (1997, 2001, 2005, 2006) e Chareaudeau (2006), e a Análise Dialógica do Discurso, com Bakhtin (1929 [1981], 2003, 2004), Brait (2008a, 2008b) e Fiorin (2006). RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas cinco edições do Jornal da Cultura analisadas, foram encontradas 2 (duas) matérias de divulgação científica, somando pouco menos de 4 (quatro) minutos, que representam cerca de 2 % de todas as cinco edições do telejornal, que soma o total de 1 hora e 45 minutos de duração, incluindo intervalos, vinhetas, chamadas e encerramento.

Além da tímida aparição no telejornal, os temas científicos não tiveram a devida contextualização e profundidade, para que fossem capazes de gerar compreensão. Um dos principais fatores que ocasionam nessas características foi a falta de relação entre as informações com a vida do telespectador. Sem a proximidade com a vida prática e com o dia-a-dia, torna-se mais dificil o interesse das pessoas pelos temas cinetíficos.

As notícias foram mostradas de forma informativa e, apesar da preocupação em explicar termos científicos, não foram além dos dados e do discurso oficial. A presença de diversos discursos de pessoas diferentes não indica que o enunciado se caracterize como polifônico (FIORIN,2006). A presença de vários discursos, pelo contrário, mascara a voz única nas reportagens.

Todas as fontes, nas duas matérias, enxergam as pesquisas de maneira esperançosa, sem muitos questionamentos. Em nenhuma das duas notícias há vozes equipotentes que emitam enunciados diferentes, que contraponham o discurso do cientista. Dessa forma, corre-se o risco de pender para algo que BUENO (2007) classifica como sindrome lattes; quando o discurso do especialista ou da autoridade é representado como algo superior e inquestionável e se sobrepõe às demais voces da reportagem.

Notou-se, no entanto, a presença de algumas matérias e reportagens preocupadas com a função didática do jornalismo, que utilização recursos visuais e linguagem clara e acessível, explicando os termos mais específicos.

CONCLUSÕES PARCIAIS

Ainda que não tenham como proposta fundamental educar a população, os meios de comunicação apresentam, sim, importância na formação de uma consciência crítica do público. Estar ciente desse papel é fundamental na hora do fazer jornalístico, para que a profissão seja executada com responsabilidade.

O interessante, no entanto, não é que se divulgue mais o conhecimento científico especializado, para os já interessados; mas sim que se incluam questões científicas naturalmente na grande mídia para a construção de uma cultura científica que possa gerar uma futura ação no público. Sendo assim, o jornalismo estará cumprindo sua função de formação de consciência crítica e transformando o leitor em um cidadão ativo e contextualizado com os temas atuais.

Ampliar a divulgação das pesquisas científicas fora do ambiente de ensino formal – como no caso da mídia - também é importante para ajudar na formação de uma cultura científica da população. A apreensão de alguns termos, temas e idéias centrais da ciência e a circulação das de teorias e resultados de pesquisa é fundamental para a criação de um pensamento racional e de livre exercício da cidadania. REFERÊNCIAS

ALBERGUINI, A. C. A Ciência nos Telejornais Brasileiros (o papel educativo e a compreensão pública das matérias de CT&I). Tese (doutorado). Universidade Metodista de São Paulo: São Bernardo do Campo, 2007.

ANDRADE, L. V. B. Iguarias na hora do jantar: o espaço da ciência no telejornalismo diário. Tese (doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2004.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, Jornalismo e Meio ambiente: teoria e pesquisa. São Paulo: Mojoara Editorial, 2007.

FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.

GOMES, I. M. A. M.; SALCEDO, D. A. A divulgação científica nos jornais impressos em Pernambuco. In.: Jornada de Iniciação Científica, 9, 2005a, Recife. Anais, Recife: FACEPE/CNPq, 2005a, p. 541-542.

GOMES, I. M. A. M.; SALCEDO, D. A. A divulgação da informação científica no Jornal do Commercio. Icone, Recife [PE]: UFPE, 2005, v. 1., n. 8., dez. 2005b, p. 80-88.

MAINGUENEAU, D. Gênese dos discursos. Curitiba, Criar Edições, 2005.

O discurso e a quantidade de Ciência na TV 61

Davi Lira de MELO62 Isaltina Maria de Azevedo Melo GOMES63

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE

RESUMO

A presente pesquisa se propõe a investigar a cobertura de Ciência e Tecnologia em telejornais brasileiros de canais abertos. Pretende-se avaliar, comparativamente, como se dá a divulgação científica no telejornalismo praticado por emissoras pública e comercial, envolvendo os conteúdos abordados, a linguagem utilizada e os formatos das matérias. Tomando por base a Análise do Discurso, pretende-se observar o comportamento textual e discursivo dos relatos jornalísticos. De forma pontual, busca-se analisar a cobertura de apenas uma edição, de um telejornal de TV Comercial e um de TV Pública. Tinha-se como perspectiva melhor definir o arcabouço teórico-pragmático, e preparar as ferramentas técnico-laboratoriais na catalogação dos dados a serem analisados de forma mais ampla, adiante, em um segundo momento da pesquisa. Espera-se um produto investigativo mais consolidado apenas em julho de 2010.

PALAVRAS-CHAVE: divulgação científica; jornalismo científico, telejornalismo. INTRODUÇÃO O jornalismo científico vai aparecer em 1927, nas páginas do The New York Times, com as crônicas de Waldemar Kaemppfert (LEÓN, 1999). Isso porque, com a sua formação de engenheiro foi possível incluir debates e temáticas científicas que não se relacionavam com a linha adotada naquele período, o momento da imprensa amarela nos Estados Unidos. Mas inevitavelmente, a aproximação conceitual e social ocorrerá de forma mais contundente com o desenvolvimento dos meios audiovisuais, em especial a televisão, principalmente no final do século XX. E na televisão, o brasileiro deposita uma importância e centralidade bastante significativa. Essa conclusão foi observada em pesquisa realizada em 2006 pela Agência de Notícias Reuters, da BBC, e dos Media Centre Poll da Globescan. Nela observou-se que 56% dos entrevistados credenciam o telejornal como a principal fonte de informação (VIZEU, 2008).

61 Trabalho apresentado na categoria Iniciação Científica II Congressode Jornalismo Científico - Campina Grande-

PB, realizado de 7 a 9 de junho de 2010.

62 Estudante de Graduação 5º. semestre do Curso de Jornalismo do CAC-UFPE (Recife), e Bolsista de Iniciação

Científica – PIBIC: UFPE/PROPESQ/CNPq, email: [email protected]

63 Orientadora do trabalho: Professora do Departamento de Comunicação do Curso de Jornalismo do CAC e

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE - PPGCOM, email:

[email protected]

E nessa direção, Gomes (1995) atesta que: “(...) no Brasil, o telejornalismo é um dos caminhos mais viáveis para a popularização do conhecimento científico”.

A presente pesquisa se propõe a investigar a cobertura de Ciência e Tecnologia em telejornais brasileiros de canais abertos. Pretende-se avaliar, comparativamente, como se dá a divulgação científica no telejornalismo praticado por emissoras públicas e comerciais, envolvendo os conteúdos abordados, a linguagem utilizada e os formatos das matérias. Tomando por base a Análise do Discurso, pretende-se observar o comportamento textual e discursivo dos relatos jornalísticos catalogados e sistematizados para tanto.

Dessa maneira, de forma pontual, neste trabalho, especificamente, busca-se analisar a cobertura de apenas uma edição, de um telejornal de TV Comercial e um de TV Pública. Tinha-se como perspectiva melhor definir o arcabouço teórico-pragmático, e preparar as ferramentas técnico-laboratoriais na catalogação dos dados a serem analisados de forma mais ampla, adiante, em um segundo momento da pesquisa. Se terá um produto investigativo mais consolidado apenas em julho de 2010.

Neste artigo, como representante comercial, escolheu-se o Jornal Nacional, primeira emissão jornalística a ir ao ar em cadeia nacional, em 1º de setembro de 1969. Ao lado do telejornal da Rede Globo, optou-se pelo Repórter Brasil, da TV Brasil, como o representante de um novo momento da TV pública no país, recentemente instalada na grade nacional.

PROBLEMAS DE PESQUISA

Esses são os principais problemas da pesquisa:

Tabela 1 – Os dez principais problemas de pesquisa

1 No jornalismo científico, a linguagem deve ser acessível ao público e satisfazer a

precisão científica. Isso aconteceu nas matérias dos telejornais?

2 Como se dá a abordagem da TV pública e da TV privada?

3 Nas edições diárias, é possível observar apuro jornalístico nas matérias de cunho

científico?

4 Há preponderância na abordagem de algum assunto científico específico?

5 A Ciência é repassada como sinônimo de verdade e infalibilidade?

6 Quanto aos recursos tecnológicos, emprega-se com a função pedagógica?

7 Cientistas são apresentados segundo algum estereótipo?

8 A voz do especialista, quando aparece, acrescenta alguma informação relevante?

9 Se há a presença de instituição de pesquisa, como ela é abordada ao longo da matéria?

É nacional? De que região?

10 Como são os cenários e o ethos empregado na veiculação da temática científica?

CONCLUSÕES PARCIAIS Ciência vira pauta, quando associada às questões factuais. Essa foi uma das assertivas,

tida como mantra, logo no início da pesquisa. Mas que parece não ser efetivamente absoluta em uma análise mais técnica, mesmo que reduzida.

Outra questão, analisada em discussões preliminares merece certa ponderação. A idéia de que o telejornal mesmo tendo o seu dever social, tem de lutar para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo (GOMES, 1999). Interessante perceber que a ótica do telejornalismo público, se não foca o mercado publicitário, baseia-se extensivamente no modelo de cobertura factual das TV´s Comerciais, mesmo com certos aspectos diferenciadores. Extensão de pauta, inclusão de atores pouco visíveis na televisão e abertura à participação e discussão mais democrática seriam alguns desses aspectos visto no Repórter Brasil.

Em entrevista à equipe, o Superintendente Executivo da Empresa Brasileira de Comunicação, controladora da TV Brasil, Eduardo Castro atestou que: “Não há espaço garantido para nenhum assunto”.

Nessa pequena mostra, percebeu-se que, no Repórter Brasil, 10 minutos e 11 segundos foram reservados a assuntos factuais, categorizados como “Geral”, que poderiam ser propensos à cobertura científica, mas que foram reduzidos a uma cobertura mais formal, mesmo que mais analítica. É que foram reservados para essas matérias quadros explicativos mais abrangentes, mas que desprezaram o enfoque de divulgação do conhecimento científico. Os principais assuntos abordados nessa “editoria” foram: o fim do Horário de verão, resgate de tripulantes em alto mar e portabilidade telefônica. Ausências de notícias de Cultura, Serviços e de Ciência foram observadas na edição de 19 de fevereiro de 2010 do Repórter Brasil. No caso do exemplo comercial de telejornalismo, representado pelo Jornal Nacional, percebeu-se algo curioso. Mesmo tendo um pouco mais da metade de duração do Repórter Brasil, foi mais diversificado (teve relatos em 10 das onze editorias catalogadas: Política, Economia, Esporte, Cotidiano, Ciência, Serviços, Segurança, Cultura, Meio Ambiente, Internacional e Geral). Os relatos científicos (um Video Tape e uma Nota Coberta) representaram 9% do tempo de duração líquida do telejornal, ambas tendo a pesquisa científica como foco.

Espera-se no final desse semestre que a análise se torne mais substanciada com o corpus ampliado e com uma densidade bibliográfica maior.

BIBLIOGRAFIA ALBERGUINI, A. C. A Ciência nos Telejornais Brasileiros - o papel educativo e a compreensão pública das matérias de CT&I. Universidade Metodista de São Paulo: São Bernardo do Campo, 2007. ANDRADE, L. V. B. Iguarias na hora do jantar: o espaço da ciência no telejornalismo diário. Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2004. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo : Martins Fontes, 2003.

CHARAUDEAU, P; MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2006.

EPSTEIN, I. Divulgação Científica: 96 verbetes. Campinas, Pontes. 2002. GOMES, I. M. A. M. Dos laboratórios aos jornais: um estudo sobre jornalismo científico. Dissertação de Mestrado. Recife: UFPE, 1995. HERNANDO, M. C. Periodismo Científico. Madrid: Paraninfo, 1992. LEÓN, B. El documental de divulgación científica. Barcelona: Paidós Ibérica, 1999. VIZEU, A. E. A sociedade do telejornalismo. Petróplis: Voze, 2008.

O DISCURSO MÉDICO-CIENTÍFICO NO NOTICIÁRIO SOBRE A DENGUE EM PERNAMBUCO

Luiz Marcelo Robalinho Ferraz - UFPE - [email protected] Diego Andres Salcedo - UFPE - [email protected]

Resumo Este artigo trata do linguajar técnico no discurso médico-científico no noticiário sobre a dengue em Pernambuco. Para isso, analisamos 291 matérias e notas publicadas no Jornal do Commercio do Recife-PE em 2002, 2004, 2006 e 2008. A falta de explicação dos termos usados pelos profissionais de saúde e cientistas é um dos principais problemas observados nos textos. Palavras-chave: dengue. discurso médico-científico. imprensa. Introdução

Embora os profissionais de saúde e os da ciência tenham destaque no noticiário sobre a dengue, o uso da terminologia técnica utilizada pelo campo jornalístico sem a devida explicação é um dos problemas observados nos textos produzidos pela chamada grande imprensa. Para analisar o assunto, selecionamos as matérias e notas publicadas sobre a doença pelo Jornal do Commercio do Recife-PE em 2002, 2004, 2006 e 2008, perfazendo um total de 291 textos.

Tendo como ponto de partida a epidemia explosiva de dengue ocorrida em 2002 no Brasil e em Pernambuco com a entrada do DEN-3 (terceiro sorotipo do vírus) no país, verificamos a inserção do discurso médico-científico na cobertura não apenas nos momentos de descontrole, quando há uma ampliação das falas dos atores sociais na narrativa jornalística, como também nos de controle, período em que a produção textual sobre a doença tende a diminuir consideravelmente.

Acreditamos que o uso de termos próprios do saber médico-científico gera uma incompreensão do leitor do jornal, incluindo-se aí a faixa etária jovem entre 10 e 19 anos de idade e a adulta jovem entre 20 e 29 anos (que representam, respectivamente, 15% e 27% do público que lê o JC66), não acostumado com esse tipo de linguajar. Muitas vezes, não há a devida explicação do significado das palavras técnicas, dificultando a compreensão, sobretudo quando se abordam as formas de prevenção e controle e os sintomas da dengue.

A legitimação do discurso de autoridade

Nas matérias e reportagens que tratam de doenças, as fontes da saúde costumam ter preferência dos veículos de comunicação pelas informações de que dispõem sobre a evolução da moléstia em questão ou mesmo das formas de

64

Jornalista, publicitário e mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da

Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista do Programa Reuni de Assistência ao Ensino-UFPE 2009-2010.

65 Doutorando, bolsista CAPES, em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da

Universidade Federal de Pernambuco. 66

Dados do perfil do Jornal do Commercio referentes ao período de julho de 2008 a junho de 2009 fornecidos pela Gerência de Marketing da empresa.

prevenção e controle. No estudo sobre a Aids na mídia escrita, Fausto Neto (1999, p. 33, grifo do autor) constatou que o discurso da moléstia é constituída basicamente pelas fontes da saúde, refletindo as ações desenvolvidas por atores e instituições que fazem parte do campo e “consagrando-as como o lugar no qual se pode falar quase com exclusividade sobre o assunto”. No entendimento de Fausto Neto, isso é compreensível, já que há mais destaque nas matérias, por ordem de importância, para temas referentes à epidemiologia, pesquisa, registro sobre casos e farmacologia. Excetuando-se a farmacologia, que quase não faz parte da agenda da dengue, a imprensa costuma privilegiar os mesmos assuntos que na Aids.

A preferência por esse tipo de fonte não ocorre apenas na imprensa. Dentro do campo da comunicação e saúde, as vozes parecem disputar espaço numa luta por legitimidade, levando Chauí (apud, BUENO, 2006, informação eletrônica) a designar o “discurso da competência”. Sobre o assunto, Bueno (2006, informação eletrônica) explica que o profissional de saúde:

[...] arvora-se como a única fonte capaz e com legitimidade para expressar conceitos relacionados com esta área, descartando a conveniência de outras falas. Para tanto, cerca-se de uma visão corporativista e de um discurso técnico que, sobretudo, funciona como um divisor de fronteiras: quem o domina, faz parte do clã; aqueles que não o manipulam não têm o aval da tribo.

A ocorrência de termos técnicos nas matérias de divulgação científica já foi

analisada por Gomes (2000) na sua tese de doutorado. Ela constatou que não apenas os autores pesquisadores que escrevem para Ciência Hoje utilizam termos técnico-científicos, como também os próprios jornalistas67. Para a autora, o desafio dos autores que adotam esse tipo de vocabulário está em saber explicar de forma clara e precisa o seu significado. A questão parece ser antiga na imprensa. Ao se debruçar sobre o noticiário recifense sobre a pandemia da gripe espanhola, ocorrida entre os anos de 1918 e 1919, Farias (2008, p. 50-1) constatou a utilização do “código médico”, ou seja, “palavras e expressões técnicas próprias do conhecimento médico, fora da linguagem comum”. Segundo ele, “o processo de legitimação social pelo qual passava o discurso médico-científico do início do século XX, no Recife” pode ser uma das causas para o uso de uma linguagem mais hermética.

A análise do corpus

No discurso jornalístico, identificamos vocabulário técnico nas falas dos médicos e cientistas que tratam da dengue. Em 29 textos publicados pelo Jornal do Commercio, há citação de termos técnicos, algumas vezes praticamente desconhecidos do público-leitor do jornal e sem qualquer explicação prévia do significado da palavra ou da expressão. Isso representa 9,9% do material produzido sobre a doença nos quatro anos pesquisados. Vejamos alguns exemplos:

67

No seu estudo, Gomes (2000) identificou a existência de um termo especializado a cada 18,12 palavras nos artigos científicos publicados em Ciência Hoje sobre saúde, enquanto que as matérias escritas por repórteres continham um termo especializado a cada 19,54 palavras. O resultado revelou uma mudança significativa em relação às demais áreas do conhecimento (exatas e da terra, biológicas e humanas), que tiveram uma quantidade bem menor de expressões técnicas nos textos jornalísticos se comparado aos artigos dos cientistas.

01

JC - Por que pessoas com dengue não devem tomar ácido acetilsalicílico? VICENTE - Pacientes com dengue, mesmo a forma clássica, podem apresentar queda do número de plaquetas, que é um dos elementos responsáveis pela coagulação do sangue, e esses medicamentos que contêm ácido acetilsalicílico atrapalham a função das plaquetas. Assim, se associarmos uma queda do número de plaquetas a um mau funcionamento das mesmas, aumentamos o risco de sangramentos. Por essa razão não deve ser utilizado nenhum medicamento que provoque mau funcionamento das plaquetas (dificuldade de agregação das mesmas), como antiinflamatórios (diclofenaco, cetoprofeno), anticoagulantes etc. (JC, 19/02/2002)

ácido acetilsalicílico plaquetas

coagulação diclofenaco cetoprofeno

anticoagulantes

02

O inseticida utilizado no controle da dengue não atinge apenas o mosquito transmissor da doença. Pesquisa revela que 15% dos 154 agentes de saúde que aplicaram o veneno em 2000 no Estado apresentam intoxicação pelo produto, do grupo dos organofosforados e dos piretróides. (JC, 14/08/2002)

organofosforados piretróides

03 Amostras de sangue de pacientes com sintomas da infecção começaram a ser coletadas para a realização de estudo imunológico e molecular. (JC, 10/02/2004)

estudo imunológico e molecular

Quadro 01 - Vocabulário técnico no noticiário sobre a dengue - Jornal do Commercio, 2002 a 2008

Em quase todas as matérias do JC que contêm termos técnicos, não há explicação, podendo acarretar dúvida e até incompreensão por parte do leitor. De todas as expressões, “anticorpos” foi uma das mais utilizadas. Porém, em quase nenhuma das matérias, a palavra é explicada. Com “plaquetas”, vemos que ela é repetida três vezes sem uma explicação muito clara. Na primeira vez em que a palavra é citada, o jornalista lança mão de outro termo técnico, “coagulação” (também comum do vocabulário médico), para tentar esclarecer o que significa. Já no caso de “organofosforados” e “piretróides”, as expressões são inseridas logo no lide da matéria sem qualquer explicação prévia do que significam.

Na opinião de Gomes (2000, p. 134) o uso de vocabulário pouco comum dos repórteres “sem qualquer esclarecimento ou com uma conceituação tão especializada quanto o alvo da explicação parece ser determinado pela idealização de leitores especialistas”. Por sua vez, Salcedo (2010, p. 43) sugere que isso constitui uma problemática mais ampla, a de uma “ética na prática de divulgação científica”. Em periódicos que tratam de assuntos do cotidiano, e não apenas de temas científicos, como no caso do Jornal do Commercio, os leitores não são especialistas, e sim generalistas (FERRAZ, 2010), necessitando de um esclarecimento acerca dos termos utilizados. Considerações finais

Atualmente, o discurso médico-científico já está consolidado na imprensa, tendo as falas proferidas por esses dois campos um “argumento de autoridade”. Porém, a falta de uma devida explicação dos termos usados tanto pelos médicos quanto pelos pesquisadores denota, à primeira vista, a necessidade de o jornalismo manter o caráter científico do assunto abordado nas matérias, a partir do vocabulário utilizado pelo entrevistado. Ou simplesmente demonstra a dificuldade do repórter em saber explicar a ciência e a saúde de forma satisfatória ao nível do conhecimento popular para os seus leitores. A nosso ver, a mescla das duas questões parece justificar melhor essa situação. Referências bibliográficas BUENO, W. A saúde na mídia: uma visão crítica. Contexto comunicação e pesquisa. São Paulo. Disponível em: <http://www.comunicasaude.com.br/comunicasaude/artigos/jornalismo_saude/artigo12 .php>. Acesso em: 10 mai. 2010.

FARIAS, E. A. Jornalismo à Espanhola: um olhar sobre o noticiário recifense da epidemia de gripe de 1918. 2008, 178p. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Recife, 2008. FAUSTO NETO, A. Comunicação e mídia impressa: estudo sobre a Aids. São Paulo: Hacker, 1999. FERRAZ, L. M. R. Epidemia e memória: narrativas jornalísticas na construção discursiva sobre a dengue. 2010, 250p. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Recife, 2010. GOMES, I. M. A. M. A Divulgação Científica em Ciência Hoje: características discursivo-textuais. 2002, 320p. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras, Recife, 2000. SALCEDO, D. A. A ciência nos selos postais comemorativos brasileiros: 1900-2000. 2010, 163p. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Recife, 2010.

O ILUSIONISMO COMO ELEMENTO MOTIVADOR NO ENSINO DE FÍSICA

Alisson de Souza68 – Estudante de Física da UEPB Marcelo Germano69 – Professor do Departamento de Física da UEPB

Resumo

Neste trabalho discutimos as possibilidades e limitações de utilizar o ilusionismo como elemento motivador para o ensino/aprendizagem de ciências. De que maneira os truques podem atrair a atenção dos estudantes para o estudo de alguns fenômenos físicos? Esta é uma discussão que nasce de uma experiência com a oficina: Grandes Truques para o ensino não formal da Ciência, ministrada durante um evento realizado na UEPB em 2008. Palavras-chave: ilusionismo – ensino – ciências I. Introdução

Fundamentado principalmente no desenvolvimento e aplicação de fórmulas matemáticas, o ensino da ciência Física desmotiva o estudante a descobrir o porquê dos fenômenos estudados. Nesse contexto, é muito comum o professor se deparar com as incômodas perguntas: por que devemos estudar isso? Onde se aplica esse conhecimento na minha vida? Sem respostas, o principal elemento motivador acaba sendo os obstáculos ameaçadores das provas e dos vestibulares. Mas, conforme já se sabe, existem milhares de situações interessantes que podem ser compreendidas a partir de conhecimentos simples de ciências. E os truques de mágica estão incluídos neste rol de possibilidades.

Durante uma apresentação de ilusionismo, não há quem não se deixe encantar pelos números ali apresentados. O lenço que se transforma em pombo, o coelho que sai da cartola ou a dama que flutua no palco são alguns dos números mais apresentados pelos ilusionistas. Mas, o que as pessoas não sabem é que os segredos (por trás das cortinas) muitas vezes são explicados através da física. Existem trabalhos de alguns pesquisadores, tais como MATOS & SILVA (2006), que utilizam as artes teatrais como importante instrumento aliado ao ensino não formal de ciências, explicando conteúdos de física com base em motivações artísticas. Outros autores já sugeriram a utilização de mágicas simples no contexto do ensino de ciências (FRIEDHOFFER, 1990).

Neste artigo, objetivamos discutir as possibilidades e limitações da arte do ilusionismo como principal elemento motivador para o ensino/estudo de alguns conteúdos da ciência Física e, para tanto, estamos nos colocando as seguintes questões: a utilização da arte do ilusionismo em sala de aula constitui-se um elemento motivador no estudo de Física? Quais as possibilidades e limitações nas intervenções desta natureza?

Uma primeira resposta para essa questão foi apontada durante a realização da oficina: Grandes Truques para o ensino não formal da Ciência70, no Encontro Regional de Educação em Ciências e Tecnologia do CCT/UEPB em 2008. Na oportunidade foram apresentados alguns truques de mágica envolvendo princípios físicos, nos quais os alunos do Curso de Licenciatura em Física, participantes da oficina, eram desafiados a desvendar os conceitos físicos que poderiam estar por trás de cada número apresentado.

68

[email protected] 69

[email protected] 70

Oficina ministrada na Universidade Estadual da Paraíba, pelo Prof. Dr. Marcelo Gomes Germano e pelo graduando em Licenciatura em Física, Alisson de Souza.

Neste artigo revisitamos esta experiência para avaliar os seus resultados e, ao mesmo tempo, propor alternativas de planejamento para intervenções futuras orientadas ao ensino fundamental de ciências.

II. Revisitando uma experiência Toda criança gosta de brincar e utiliza da brincadeira para aprender. Algumas brincadeiras como a de uma guerra de bonecos, ou fingir ser um super-herói, fazem com que a criança vivencie aquele momento como sendo real. Segundo Kaschuk (2002), a brincadeira é uma atividade fundamental na infância e através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende da motivação interna. Naturalmente, a brincadeira e o lúdico geram um ambiente aconchegante e próprio para a aprendizagem. Partindo do ponto de vista desses autores e do fato de que a brincadeira pode ser utilizada como ferramenta de ensino, surgiu a idéia da utilização do ilusionismo como elemento motivador ao ensino de Física. Uma primeira experiência foi realizada durante o V Encontro Regional de Educação em Ciências e Tecnologia do CCT/UEPB, em 2008.

A oficina tinha como objetivo apresentar, construir e analisar alguns truques simples e divertidos que pudessem chamar a atenção para os fenômenos físicos envolvidos na elaboração e procedimentos dos mesmos. Certamente a atividade ressaltava o caráter mágico e lúdico da ciência, despertando os estudantes para as infinitas possibilidades que circundam o ensino das ciências, particularmente, o ensino da Física. Seguindo a metodologia de uma oficina pedagógica, inicialmente o estudante e mágico, Alisson de Souza, apresentou o primeiro dos oito truques previamente planejados. Após apresentação e a curiosidade natural em torno do mistério envolvido por trás do efeito e de sua descoberta ou revelação, cada grupo era convidado a construir e reapresentar o truque, discutindo entre si, um modelo físico que permitisse explicar a natureza do fenômeno. Os truques apresentados foram os seguintes

1 – A CAIXA DE FÓSFOROS ASSOMBRADA 2 – O ANEL QUE SOBE MISTERIOSAMENTE 3 – OS TUBOS MÍSTICOS DO CAIRO 4 – O COPO HIDROSTÁTICO

5 – CLIPES FORA DA LEI 6 – O COPO DE CHOP 7 – OS PALITOS QUE NÃO CAEM 8 – OS PALITOS MAGNÉTICO

Considerando os limites desse trabalho, discutiremos apenas o oitavo truque, ou seja, os palitos magnéticos. Neste número, o ilusionista segura dois palitos de fósforos (figura1), mantendo-os juntos. Usando o poder da mente, o mágico faz os palitos se afastarem um do outro, dando a impressão de que algo sobrenatural está por trás do fenômeno. O número, por ser muito simples, pode ser explicado a partir da lei Hooke71, pois o ilusionista aplica uma força sobre um tubo plástico para que os dois palitos de fósforos se mantenham aproximados. Ao diminuir esta força aplicada sobre os palitos, tem-se o efeito do afastamento automático e progressivo dos palitos, criando a ilusão de que eles se afastam sozinhos.

71

De acordo com a lei de Hooke, quando aplicamos uma força em um ponto material, haverá uma força que atuará em sentido oposto. Esta força oposta é conhecida como força restauradora e tal pode ser medida pela expressão matemática (desenvolvida por Hooke em 1676), F = - k · x. Onde “F” é a força aplicada, “k” é a constante da mola ou do elástico e “x” é a deformação sofrida pela mola ou elástico.

Figura 1

Há vários fenômenos nos quais o efeito da deformação é percebido,

principalmente no caso de corpos que apresentam características semelhantes às de uma mola, como é o caso do tubo plástico acoplado aos respectivos palitos do truque de mágica utilizado neste caso.

IV. Considerações finais

Tendo em vista que este trabalho refere-se a uma primeira intervenção, não dispomos

de resultados conclusivos. No entanto, baseado nos impactos observados durante a oficina, reafirmamos nossa hipótese de que a utilização de uma metodologia diferenciada e apoiada na magia e nos encantos de alguns truques, não só motivará os alunos para as aulas como propiciará uma reflexão mais apaixonada pelos temas da ciência.

Podemos sustentar que a maioria das pessoas se encanta com as mágicas, porque vêem no ilusionismo, a possibilidade de algo considerado impossível, tornar-se “real”. Mas, como muitos desses truques são construídos a partir da ciência, verificou-se na prática um encontro muito promissor entre a ciência, a arte e o ensino de Física. A partir desta primeira experiência, outras atividades estão sendo planejadas para serem desenvolvidas em escolas públicas de ensino médio na cidade de Campina Grande.

Bibliografia BOSQUILHA, Alessandra; PELEGRINO, Márcio. Mini manual compacto de física: Teoria e Prática. São Paulo: Ed Rideel, 2003. CLAUDIO, Luiz; MENDES, Miguel; ZIRALDO. O livro das mágicas do menino maluquinho. São Paulo: Ed Melhoramentos, 2000. FRIEDHOFFER, Robert. Magic Tricks, Science Facts. Oregon: Oregon State University, 1992. GERMANO, Marcelo Gomes; SOUZA, Alisson de. Grandes. Truques para o ensino não formal da Ciência. In: V ENCONTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO CCT/UEPB, Universidade Estadual da Paraíba. Oficina. 2008. KASCHUK, Márcia Maria. A função da brincadeira no desenvolvimento infantil. Texto avulso. 2002. MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lilia Santos. Planejar gêneros acadêmicos. São Paulo: Ed Parábola, 2008.

MATOS, Cauê & SILVA, Dilma de melo. Ciência e arte. São Paulo: Ed Terceira Imagem, 2003. FRIEDHOFFER, R. O Cientista Mágico. Lisboa, Grávida Junior, 1990.

O JORNALISMO CIENTÍFICO E AMBIENTAL PARA O CAMPO: O CASO DO BAHIA RURAL Gilvan Reis do Nascimento Junior, Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia ([email protected]) Raíza Tourinho dos Reis Silva, Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia ([email protected]) Simone Bortoliero (Orientadora), Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia ([email protected]) Resumo: O presente trabalho é fruto da observação e análise do programa Bahia Rural. Entre os meses de setembro de 2009 e março de 2010, a produção da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo, foi avaliada a partir dos preceitos básicos que norteiam a prática jornalística no que se refere à cobertura de Ciência e Meio Ambiente. O resultado da avaliação permite conhecer/ entender qualitativamente como essas informações chegam ao homem do campo. Palavras Chave: Bahia Rural, Jornalismo Científico e Ambiental

Introdução

A abordagem da prática jornalística sobre o Meio Ambiente passou a ser aprofundada somente na década de 70, quando aconteceu a primeira conferência Mundial sobre as Mudanças Climáticas (Estocolmo, 1972).

Na segunda metade do século vinte, os impactos ambientais decorrentes do modelo de desenvolvimento, fundamentado na total exploração da natureza, não podiam mais ser negados. A Conferência pode ser considerada o grande marco do debate mundial sobre a relação entre desenvolvimento e meio ambiente. (VICTOR, 2009, p.16).

Entendendo o acesso ao conhecimento científico e ambiental como

indispensáveis pretendemos entender como se dá essa relação dentro de uma realidade local. Identificaremos como esse conhecimento atinge a zona rural, que, historicamente, perdeu sua centralidade para o meio urbano. Tomaremos como corpus da pesquisa o programa Bahia Rural, produzido e exibido pela Rede Bahia, afiliada da Rede Globo. O objetivo tem duas frentes de análise: uma que se debruça sobre o conteúdo específico referente às questões de ciência e meio ambiente, considerando origem e uso das fontes, o discurso sobre meio ambiente, a freqüência com que o tema se apresenta, além de inferências políticas e ideológicas; a outra tentará compreender as estratégias de aproximação e de persuasão do produto com o seu público. Quanto à metodologia, foi escolhido o período de outubro de 2009 à março de 2010 totalizando 24 programas, exibidos nas manhãs de domingo. A escolha de um produto televisivo deve-se ao fato de que a TV é um fenômeno cultural e social de grande relevância para a história da humanidade. Segundo Machado,

Costuma-se dizer que a televisão é o meio hegemônico por excelência da segunda metade do século XX, e, de fato, teorias inteiras sobre o modo de funcionamento das sociedades contemporâneas têm sido construídas com base na inserção desse meio nos sistemas políticos ou econômicos e na molduragem que ele

produz nas formações sociais ou nos modos de subjetivação. (MACHADO, p. 15)

Desenvolvimento

O Bahia Rural surgiu há 10 anos, quando a agropecuária baiana se firmava crescente dentro do volume total da produção brasileira. Ele tem como intenção permitir ao telespectador, por meio da visibilidade dada ao interior do Estado, conhecer detalhes referentes a agricultura e a pecuária, passando também pelas manifestações culturais locais como a culinária e as cavalgadas.

O programa apresenta o universo do homem do campo em todos os cantos do Estado, abordando experiências e pesquisas que buscam alternativas para a agricultura sustentável (BAHIA RURAL, 2010; On-line).

A linguagem é simples, evitando termos rebuscados ou técnicos. Essa é uma das maneiras encontradas para promover a aproximação entre o público e o programa. O âncora, Valber Carvalho, parece travar uma conversa informal com um amigo, resgatando o discurso religioso. O apego a religiosidade se faz presente também nas reportagens. No dia 6 de dezembro, a despeito da plantação de feijão perdida pela estiagem em Inhobim a repórter, Camila de Oliveira, afirma que “todo o feijão plantado está perdido. A tristeza só não é maior do que a fé”. Há recursos estéticos diversificados para compor a reportagem que, muitas vezes, se assemelha a uma verdadeira história/narrativa, com apresentação de personagens, do conflito e do desfecho. Outro ponto de especial atenção é a vinculação de notas oficiais no programa. Aparece na abertura, com a leitura integral das mesmas. Foi o que aconteceu, por exemplo, na edição de 4 de outubro, em que uma nota seca informava sobre um Plano do Governo para a agricultura familiar. Nenhuma fonte foi entrevista, transformando a informação, que deveria ser plural, numa espécie de boletim informativo ou comunicado oficial. Esse fato se repetirá em diversas outras edições, como na de 11 de outubro. A pauta ambiental trabalhava a forma como a relação entre homens e animais poderia ser harmônica, mesmo quando existiam problemas. Trabalha-se o problema ambiental de maneira propositiva, trazendo fontes científicas para auxiliar o agricultor a contornar qualquer conflito com a natureza. Quando não reconstrói a questão ambiental por meio de saídas propositivas, como a reeducação da comunidade e os benefícios materiais que ela conquistou com isso, o programa parte para a denúncia do problema, de forma suavizada para não destoar da linguagem. Na edição de 11 de janeiro, a repórter, Gabriela Faria, antes de iniciar a matéria propriamente ditas, dá conta de que “A consciência e a preservação da natureza são os assuntos do momento em todo o mundo civilizado”. Processo semelhante acontece nas descobertas e progressos científicos apresentados. Temas como clonagem, melhoramento genético, mecanismos de resistências às pragas foram analisados pelo impacto positivo, isto é, como a ciência tem colaborado decisivamente para o bem estar da produção. Não são questionados interesses, prioridades e outros impactos. Até mesmo porque, boa parte, dos cientistas consultados, quando não trabalhavam na empresas Estatais, como a

Embrapa, estavam atrelados aos grandes conglomerados. O agronegócio tem espaço garantido. A soja, o algodão, a plantação de frutas, os grandes rebanhos são tidos como modelos de progresso que deram certo. Sem contar nas inúmeras referências à superação da crise e a retomada do crescimento. Isso com certo consentimento e felicitações, como foi o caso da edição do dia 17 de janeiro, que afirma com louvor a expansão da soja em 6% no oeste baiano, ignorando a conseqüente devastação do cerrado para esse crescimento. Em outras palavras, as conexões necessárias para o êxito da informação, tais como contradições, conflitos, são tímidas, para que não se atinja o tom amistoso do programa.

Conclusão

O Bahia Rural consegue dar uma noção de integridade ao território baiano. Serve como canal de diálogo para que alguns debates e novidades sejam comunicados ao público. Há rodízio dos temas e preocupação em revelar iniciativas novas que impactaram positivamente sobre determinadas comunidades. No entanto, as carências a serem enfrentados são muitas. O problema de se repetir as fontes advindas de cargos públicos, com interesses em defender a gestão que atua deveriam ser submetidas a posições contrárias, o que não aconteceu. Além disso, ressaltar os problemas ambientais é importante para fornecer subsídios aos agricultores no momento de pensar a utilização dos recursos disponíveis. O programa busca de trazer práticas positivas no que tange à preservação do meio ambiente. Apesar disso, a ação humana, quase sempre danosa à natureza, não é reconhecida com principal causa dos problemas. - o problema por si só e não por um modelo de desenvolvimento predatório. Há uma relação de intensa fé e crença nas descobertas da ciência em detrimento, inclusive, dos saberes tradicionais. Esse fato inclusive se direciona com o espaço dado aos grandes produtores. Quando representados na produção, nunca é para identificar uma agressão ao meio ambiente ou ao trabalhador rural, mas para retratar o crescimento da produção, as iniciativas pioneiras que garantem bons lucros sem agressão ao meio ambiente. Os preceitos da informação democrática, plural, necessárias para o bom entendimento da decodificação de uma mensagem ficam prejudicados. O fazer jornalístico envolve conflitos inevitáveis. Nesse sentido, é preciso explorar as realidades presentes, alargando-as e dando voz aos muitos atores e atrizes do meio rural que estão por fora do que dizem as esferas tradicionais de conhecimento, poder e deliberação.

Referencias bibliográficas:

MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: Editora SENAC. 2000

VÍTOR, Cilene. Jornalismo Científico e Desenvolvimento Sustentável. Minas Gerais: Editora All Print. 2009

BAHIA RURAL. Site: www.ibahia.com/bahia_rural. 2010.

O MEIO AMBIENTE E A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA – O PERFIL DOS JOVENS COMUNICADORES

EM VITÓRIA DA CONQUISTA

Anaelson Leandro de Sousa1

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected]

Resumo Os cursos de jornalismo nas universidades podem contribuir na qualificação sobre a divulgação científica e ambiental. Em Vitória da Conquista o curso de jornalismo existe desde 1998 e tem influenciado o mercado regional com novos profissionais. No entanto, nem sempre a qualificação possibilita uma melhor divulgação efetiva da ciência. O objetivo deste trabalho é apresentar o perfil dos comunicadores e sua relação com a divulgação da ciência. Palavras-chave: Vitória da Conquista; jornalismo ambiental; meios de comunicação.

A qualidade da divulgação científica passa pela formação profissional de seus atores. Os cursos de jornalismo, em nível superior, existentes desde a década de 1940 no Brasil, são responsáveis por contribuir para a instrumetalização de novos profissionais que atuam nos meios de comunicação social. Em Vitória da Conquista, principal cidade da região sudoeste do estado da Bahia, distante 510 quilometros de Salvador, o seu mercado midiático é composto por cerca de 100 profissionais que atuam em rádio, jornalismo impresso, televisão e assessorias de imprensa – fora os que atuam na internet.

O primeiro curso de Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, de Vitória da Conquista, foi criado em 1998 na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento regional da região (UNIVERSIDADE, 1998) e já qualificou cerca de 150 jornalistas. A instrumentalização de profissionais pode contribuir para incrementar a informação científica e ambiental em espaços regionais. Atualmente mais 60% dos profissionais que atuam em Vitória da Conquista possuem nível superior e destes mais de 10% possuem pós-graduação.

O objetivo deste trabalho é apresentar o perfil dos comunicadores que possuem ou não formação em nível superior e sua relação com a divulgação da ciência. Os dados foram obtidos em meados da década de 2000 com empresas de rádio, jornal impresso, televisão e assessorias de comunicação e divulgados originalmente na disertação de mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, de Sousa em 2006.

A metodologia utilizada pelo autor foi a aplicaçãode questionários com cerca de 80 profissionais da comunicação. Para Dencker e Viá (2001, p.162) no questionário, a informação obtida pelo pesquisador limita-se a respostas escritas e a questões predeterminadas, também apresentadas de forma escrita. A sua natureza impessoal permite maior facilidade na coleta dos dados, podendo não exigir a presença do pesquisador. No nosso caso, foi fundamental a presença dos pesquisadores para melhor orientar o entrevistado. Em Novelli (2005, p.168) o processo de elaboração do questionário é a compilação de dados disponíveis sobre o assunto a partir do escopo da pesquisa e que muitas vezes esses dados não estão disponíveis ou não foram coletados. ___________________

1Professor do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

Sousa (2006) classificou os meios de comunicação em Vitória da Conquista por espaços

de atuações nas seguintes áreas: Difusão de notícias (Repórteres, locutores, comentaristas, apresentadores); Produção de notícias (Produtores e editores); Tratamento técnico (operadores de áudio, operadores de câmeras, gráficos e diagramadores); e por último, Direção (diretor geral, diretor de imagens, chefe de redação e chefe de assessoria). Desses, a maior concentração está situada na difusão de notícias que detém mais de 40 % , com destaque para a ocupação de repórter. Os primeiros profissionais com formação em nível superior formados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia começaram a participar do mercado midiático regional, a partir de 2003. Em meados da década de 2000 a faixa estária de quem atuava nesse mercado era bastante jovial. Mais de 40% estavam na faixa entre os 21 e 30 anos. O que chamou a atenção foi o fato de 11% ter idade superior a 51 anos – o que possibilita que na próxima década estes profissionais sejam substituídos.

Dentre os temas que interessam a esses comunicadores os científicos obtiveram uma baixa procura: somente 14% se interessa por ecologia e saúde. Mais de 80% concentram interesse em cultura, política, economia e esportes. Quanto a notícias envolvendo questões ambientais a maioria se sentem mais ou menos bem informada. No entanto, 26% dos entrevistados responderam que são pouco informados e 4% afirmaram que se sentem bem informado sobre questões ambientais.

Questionados sobre a produção de notícias sobre o meio ambiente, apesar da maior parcela não se sentir bem informado sobre o assunto, ainda assim, mais de 70% já realizaram notícias ou produziram pautas relacionadas a temas científicos e ambientais. Quase um 1/4 consideram que nunca fizeram nada relacionado ao meio ambiente.

Dentre as matérias produzidas sobre temas científicos e ambientais a maior abordagem é sobre o lixo (Tabela 1) - o aumento se deve às políticas públicas da Prefeitura com o incentivo da criação de uma associação de catadores de material reciclados. Devastação e preservação, ambos relacionados a um ambiente rural, seguem como os temas mais produzidos.

Os temas sobre eventos realizados por órgãos governamentais e não-governamentais, água e desenvolvimento sustentável foram os menos citados.

TABELA 1 Matérias produzidas pelos comunicadores sobre temas científicos e ambientais

Tema %

Lixo (Coleta, reciclagem) 25%

Devastação (desmatamento, Serra do Periperi, queimadas) 19%

Preservação (fauna, reservas florestais) 17%

Agenda 21 10%

Fenômenos da natureza (seca, chuva ácida, camada de ozônio) 7%

Poluição/vazamento/rios 7%

Eventos (manifestações, reuniões) 5%

Água 5%

Desenvolvimento sustentável (Produtor rural) 5%

Total 100%

Após a apresentação dos dados que ajudaram a compor o perfil dos profissionais da mídia em Vitória da Conquista podemos compreender melhor a influência da universidade na formação de novos profissionais. Apesar de mais de 60% ter formação superior, isso não tem garantido uma cobertura mais ampla – ver que o interesse pela ciência só detêm a atenção de 14%. Se o lugar da ciência chamou pouco a atenção de seus divulgadores o mesmo não acontece com quem produz informações científicas em fontes institucionais - como é o caso de pautas sobre o lixo. Além da contribuição das informações institucionais os temas que aparecem em seguida são de eventos naturais e catastróficos. Não adianta, somente, uma formação superior quando 4% se sentem muito bem informado sobre questões ambientais. O problema parece se situar na pouca motivação por estes temas ou por não existir fontes qualificadas que seduzam e atualizem os profissionais.

Os divulgadores da ciência, apesar de mais de 70% já terem trabalhado alguma vez com temas científicos, parecem ter divulgado tais temas de forma involuntária. Cabe aos profissionais de hoje, na sua maioria contituída por jovens, ampliar a formação que recebeu em bancos acadêmicos. Pautas científicas devem partir da iniciativa do próprio comunicador – qualificado e consciente de sua função - para cada vez menos não ser influenciado por fontes externas. Este é o desafio para implementação da divulgação científica em Vitória da Conquista para a década de 2010.

Bibliografia DENCKER, Ada de Freitas Maneti; VIÁ, Sarah Chucid Da. Pesquisa Empírica em Ciências Humanas ( com ênfase em Comunicação). São Paulo: Futura, 2001.

NOVELLI, Ana Lucia Romero. Pesquisa de Opinião. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.) Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. SOUSA, A. L. de. Comunicação e Imaginário na Mobilização Social da Agenda 21 de Vitória da Conquista – Bahia. 2006. 186 f..Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente). Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - PRODEMA, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2006. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA. Projeto de criação do curso de Comunicação Social. Autor: José Duarte da Silveira Duarte. Vitória da Conquista, 1998.

O PROSA RURAL COMO UMA ESTRATÉGIA DA EMBRAPA DE DIVULGAÇÃO DE C&T PARA JOVENS RURAIS E AGRICULTORES NO TERRITÓRIO DO SISAL (BA)72

Selma Lúcia Lira Beltrão73 Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, DF, [email protected]

RESUMO

O objetivo desse trabalho é discutir – a partir de um estudo de caso no Território do Sisal, no semiárido da Bahia –, se o programa radiofônico Prosa Rural, um projeto de divulgação de C&T da Embrapa, constitui um processo de comunicação participativa com e para jovens rurais e agricultores familiares ou reproduz a prática difusionista largamente adotada pela pesquisa agropecuária e a extensão rural no processo de comunicação rural para o desenvolvimento.

INTRODUÇÃO O crescimento dos movimentos sociais e populares, a partir dos anos de 1980, e a

pressão exercida pelos meios de comunicação de massa exigiram das instituições de C&T maior divulgação sobre seus métodos de pesquisa, abrindo caminho para a democratização da ciência e mais espaço para a divulgação de C&T74.

A divulgação de C&T tem como finalidade popularizar conhecimentos científicos e tecnológicos para um público de não especialistas (BUENO, 1995, p. 1421), tornando-os acessíveis, e mais próximos da linguagem cotidiana.

A comunicação é um processo de interação social, que permite o compartilhamento de experiências e o diálogo (Paulo Freire, 1977). Assim, não há como considerar que a simples transmissão de informações promova comunicação e diálogo, situação que se aplica à comunicação linear e vertical praticada no modelo difusionista.

A partir da provocação de que comunicação é por definição diálogo surgiu, na década de 1970, uma nova orientação metodológica de comunicação que se sobrepõe à proposta de difusão, que é a da comunicação participativa, assentada em atores que são simultaneamente produtores de informações e conhecimentos e mediada por tecnologias de comunicação. Esse processo de comunicação é analisado por meio de um estudo de caso realizado no território do Sisal, tendo como objeto o programa de rádio Prosa Rural, criado pela Embrapa em 2003. 1.1 As estratégias da Embrapa de Comunicação e de Difusão para os jovens rurais e agricultores

A Embrapa e a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater, criadas na década de 1970, tinham como principal função aumentar a produtividade agrícola.

72

Relato de Experiência apresentado no III Encontro Nordeste de Jornalismo Científico – Comunicação, Ciência e Juventude 73

Jornalista, Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), Analista da Embrapa Informação Tecnológica 74

A expressão divulgação de C&T, em substituição à divulgação científica, é adotada neste trabalho por se tratar de informações relativas à ciência e tecnologia e por ser uma ação comunicativa praticada pela Embrapa, instituição de C&T.

Para o alcance dos seus objetivos fizeram uso do chamado modelo difusionista, que considera a comunicação como um instrumento funcionalista ou um meio de transmissão de informações.

Em 1990, com a extinção da Embrater, a Embrapa criou canais próprios para levar aos agricultores os resultados de suas pesquisas, mas dentro do modelo difusionista. Em 1996, para alinhar-se à estratégia governamental de fortalecimento da agricultura familiar, a Embrapa elaborou a sua Política de Comunicação, na qual inseriu a agricultura familiar como um dos seus públicos de interesse. Mas, não criou modelos ou formatos específicos de comunicação com esse público.

Mas, foi a partir de 2003, que a Embrapa criou projetos de comunicação — que se caracterizam como estratégias de divulgação de C&T—, para democratizar o acesso de jovens rurais e agricultores familiares às informações técnico-científicas e conhecimentos gerados pela pesquisa em apoio às ações de combate à pobreza e às desigualdades regionais — no âmbito do programa Fome Zero. Um desses projetos é o programa semanal de Prosa Rural.

1.2 O Programa radiofônico semanal Prosa Rural O Prosa Rural foi criado a partir de um diagnóstico realizado nos estados do semiárido

nordestino, que apresentou elementos concretos para a discussão de um projeto radiofônico que atendesse aos interesses e às necessidades de informação e de tecnologias agropecuárias do público alvo bem definido, que são os agricultores familiares e os jovens rurais.

O programa com duração de 15 minutos, divulga semanalmente tecnologias de baixo custo, ambientalmente sustentáveis e de fácil apropriação pelos jovens rurais e agricultores, com uso de linguagem simples e acessível, adotando expressões e terminologias que respeitam e valorizam as características da população regional, os aspectos de cidadania e reforçam a tradição da comunicação oral no meio rura 1.3 O Território do Sisal

Situado no semiárido da Bahia, o Território do Sisal foi instituído como um território rural dentro do Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Os 20 municípios que o constituem possuem características econômicas, sociais, culturais e ambientais comuns entre si, e são eles: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quinjigue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente.

1.4 O Prosa Rural nos municípios do Território do Sisal O programa é veiculado desde 2005 em oito rádios comunitárias e duas comerciais do

Território do Sisal, pelo menos uma vez por semana, em dias e horários fixos. Outras rádios comunitárias do território receberam os programas por intermédio do Movimento de Organização Comunitária – MOC, organização que tem contribuído para consolidar a comunicação participativa no território.

Assim como outras organizações do Sisal, o MOC tem como prática utilizar as entrevistas e algumas dicas apresentadas nos quadros do Prosa Rural nos seus cursos de formação e nas mobilizações de jovens rurais, realizados nas comunidades com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável do território. Essa prática indica que há grande potencial de uso do programa como um meio de apoio para a comunicação participativa e a mediação do diálogo entre a Embrapa, essas organizações e com seus filiados/associados.

Mas o programa ainda apresenta limitações para uma efetiva comunicação participativa no território, entre elas está a pouca participação dos jovens e agricultores nos quadros do

Prosa Rural, que se resume a um quadro de entrevistas. Outra é o processo de definição dos temas de sua grade de programação, que é feito pelos centros de pesquisa da Embrapa e seus parceiros a partir de interpretações das necessidades que os jovens e suas organizações têm em relação a informações e demandas tecnológicas, reproduzindo assim o dirigismo de tecnologias e o controle das informações que caracterizam a prática tradicional difusionista.

1.6 CONCLUSÕES As primeiras estratégias de comunicação que tiveram como característica adotar uma

postura de maior diálogo e revalorização dos conhecimentos históricos da agricultura familiar só foram fomentadas na Embrapa a partir de 2003, quando a Empresa pôs em prática iniciativas voltadas diretamente para os jovens rurais e agricultores familiares, como o programa radiofônico Prosa Rural — um projeto de divulgação de C&T, que busca promover uma comunicação participativa em substituição aos processos de comunicação linear e descendente.

Mas, não basta à divulgação de C&T tornar inteligíveis determinados conceitos científicos ou adotar tecnologias de comunicação interativas que reduzam as distâncias geográficas, se nesses projetos não existir o compromisso de promover participação, interatividade, postura crítica, valorização do meio rural, da juventude e da cidadania. Do contrário, mais uma vez, estarão impondo e legitimando o modelo tecnológico dominante e as relações de poder que prevaleceram no modelo difusionista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo científico: conceitos e funções. Ciência e Cultura. São Paulo: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, vol. 37, n.9, p. 1420-1428, set/1995.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

“Ondas da ciência” e “Falando de ciência e tecnologia”: Relato da experiência do projeto de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia

no rádio e na televisão

Tiago Eloy Zaidan75 – Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste (CECINE /UFPE)

Prof. Ari Luiz da Cruz76 – Depto. de Comunicação Social / Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Prof. Ascendino Flávio Dias e Silva77 – Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste (CECINE /UFPE)

Resumo O presente artigo versa sobre o projeto, gerido pela Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste, de difusão e popularização da ciência e tecnologia através de programas de TV e rádio. A princípio exibidos em Pernambuco, através das emissoras no núcleo de rádio e TV da UFPE, os vídeos e áudios podem ser exibidos em outras emissoras educativas e públicas. Palavras /termos-chave 1. Difusão e popularização da ciência; 2. Rádio e TV; 3. Extensão universitária. Introdução

O objetivo deste trabalho é relatar a experiência desenvolvida pela Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste – órgão de extensão da Universidade Federal de Pernambuco – em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, na produção de programas de televisão e de rádio com o intuito de difundir a ciência e dar visibilidade à produção científica da academia perante o público geral, por meio da discussão de temas científicos de interesse da sociedade.

Com a produção e a distribuição de produtos midiáticos tem-se em vista a promoção e difusão de resultados em Ciência e Tecnologia, inclusive com intuito de atender às camadas sociais menos prestigiadas, no sentido da inclusão social e da redução das desigualdades no que se refere ao campo do conhecimento; através da produção e veiculação, em TV aberta e no rádio, de uma série de programas com duração de 30 minutos cada. Os referidos programas também são gravados em DVD

75

Produtor e apresentador do programa de rádio “Ondas da Ciência”, produto integrante do projeto de popularização e difusão da ciência e tecnologia – CECINE / MCT; Mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco e membro do grupo de pesquisa Comunicação Multimídia – COMULTI / UFAL. 76

Diretor do programa de televisão “Falando de Ciência e Tecnologia”, produto integrante do projeto de popularização e difusão da ciência e tecnologia – CECINE / MCT; Mestre em comunicação social e Doutorando em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. 77

Coordenador do projeto de popularização e difusão da ciência e tecnologia – CECINE / MTC e coordenador da CECINE; Mestre em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Doutor pelo Institute National des Sciences Apliqueés de Toulouse-França. Professor da Universidade Federal de Pernambuco.

objetivando a sua distribuição junto a escolas, entidades de difusão científica e outras emissoras públicas e educativas interessadas na reprodução do material.

Embora as séries “Falando de Ciência e Tecnologia” e “Ondas da Ciência”, a princípio, sejam exibidas nas emissoras vinculadas ao núcleo de rádio e televisão da Universidade Federal de Pernambuco – Rádio Universitária AM (820 KHz) e TV Universitária (canal 11 da TV aberta) –, o projeto visa a distribuição dos programas produzidos para qualquer emissora pública e educativa interessada.

Desenvolvimento

A julgar pelos índices de audiência das emissoras educativas, como a própria TV Universitária, a conquista de audiência de um programa de ciências, especialmente em uma emissora de rádio AM consiste em um grande desafio.

Na lida pelo alcance da atenção do público e pela conquista da motivação a interação com o programa, a escolha das pautas temáticas cumprem um papel capital. A idéia é discutir, sob o prisma científico, temas em pauta na sociedade, identificados a partir de clippings da imprensa local e nacional. Assim, a exposição, pela mídia, das enchentes e deslizamentos de terras no estado do Rio de Janeiro pode, por exemplo, pautar um programa com geólogos, engenheiros ambientais e urbanistas ligados à universidade. As notícias dos estragos causados pelas chuvas não seriam o tema central do programa; apenas serviriam como elo entre um assunto recorrente na sociedade e conceitos e comunicados de pesquisa discorridos pelos pesquisadores. O geólogo, então, tem a oportunidade de tecer informações sobre o que é geologia, seus métodos de pesquisa, pesquisas em andamento na área (especialmente em Pernambuco), e, principalmente, apontar a importância prática da disciplina, uma vez que esta pode contribuir decisivamente, através de seus estudos, com os esforços de prevenção às tragédias por deslizamentos de terras. Em ambas as mídias (televisão e rádio), os programas são compostos, basicamente, por entrevistas temáticas com um pesquisador e /ou professor, que é convidado pela produção ao estúdio, onde é gravado o diálogo com o apresentador (Prof. José Austregésilo, na televisão, e Tiago Zaidan, no rádio). Previamente os convidados são contatados, presencialmente, para um debate sobre a pauta da entrevista, ensaio das perguntas e respostas e para cronometrar uma previsão da duração da entrevista. O debate temático é permeado pela seção de “Dúvida dos ouvintes”, onde, a partir de questionamentos coletados junto aos ouvintes ou à comunidade acadêmica, um especialista (professor ou pesquisador) é consultado em breve gravação externa a ser incorporada ao programa no processo de edição. As fontes consultadas e entrevistadas para a realização dos programas de televisão e rádio são primordialmente esquadrinhadas nas universidades públicas sediadas em Pernambuco.

A proposta do CECINE para a televisão – o programa “Falando de Ciência e Tecnologia” - resultou na produção de uma série de 20 programas com duração de 30 minutos cada. A partir de 27 de abril, os programas passaram a ser exibidos, semanalmente, na TV Universitária (às terças-feiras, 19h, com reprise aos sábados, 11h 30m).

Formas sustentáveis de utilização dos recursos hídricos no nordeste; a agregação de valor à cadeia produtiva do leite através da ciência e da tecnologia, o tratamento do lixo, as ações de pesquisa e tecnologia para o enfrentamento da dengue e o sesquicentenário da Teoria da Evolução de Charles Darwin foram alguns dos temas abordados em entrevistas com professores e pesquisadores durante o processo de produção e gravação dos programas para a televisão.

Por sua vez, ainda no processo de produção do primeiro lote de programas, a experiência no rádio, com o “Ondas da Ciência”, prevê uma série de aproximadamente 50 programas, que serão exibidos semanalmente na rádio Universitária AM (820 KHz) e, posteriormente, na Universitária FM. Tal qual como na televisão, no rádio o programa será gravado, com entrevista realizada em estúdio e inserções de seções com gravações externas.

O uso da ciência e da tecnologia na otimização dos processos do Arranjo Produtivo da Moda no agreste pernambucano, o biodiesel e a TV Digital são alguns dos temas que estão sendo trabalhados para o programa no rádio.

O mix utilizado na divulgação dos programas de televisão – que será a base da divulgação do programa de rádio – constituiu-se de chamadas na própria emissora exibidora, afixação de cartazes em universidades, escolas e entidades de difusão científica e exposição da programação no site do CECINE (www.cecine.ufpe.br).

A Coordenadoria para o Ensino da Ciência e da Tecnologia no Nordeste (CECINE), gestora do projeto, consiste em um centro de divulgação e ensino de ciência e tecnologia criado em 1965 e trata-se de um órgão da Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT) da Universidade Federal de Pernambuco.

Conclusão

Além da difusão e popularização da ciência e tecnologia, o projeto abordado neste artigo pretende ampliar a interação das universidades publicas de Pernambuco com a sociedade em geral. Imbuído nesse propósito, o Núcleo de Rádio e Televisão da Universidade Federal de Pernambuco foi envolvido, veiculando os resultados produzidos (os programas).

A produção e a veiculação das séries “Falando de Ciência e Tecnologia” e “Ondas da Ciência” configuram-se em uma grande oportunidade de divulgar as pesquisas e debater temas da atualidade, inclusive de procurar esclarecer à sociedade as questões de C&T que se apresentam como desafios nos dias atuais.

Atualmente, questões como o aquecimento global e o meio ambiente, a genética, aplicações da física e da química, por exemplo, são temas importantes do desenvolvimento científico e tecnológico que estão sendo sistematicamente apresentados ao grande público como notícias de telejornais, sem espaço para uma exposição esclarecedora e orientadora. Os programas pretendem, ainda, ser úteis para orientação dos jovens que buscam a universidade, portanto, mais um espaço adequado para a informação correta.

Referências SILVA, A. F. D. Falando de ciência e tecnologia: Proposta da Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste/UFPE em atenção ao Edital-n.42/2007 do CNPq sobre Seleção Pública para apoio a Projeto de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia. 2008. 20 p. Projeto. Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste – CECINE /UFPE, Recife. __________. Programa sobre Ciências e Tecnologias para a sociedade. 2010. 6 p. Projeto. Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste – CECINE /UFPE, Recife. ZAIDAN, T. E. Formatação de programa sobre ciências e tecnologias para a sociedade. 2010. 4 p. Relatório. Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste – CECINE /UFPE; Rádio Universitária AM /UFPE, Recife. COORDENADORIA DE ENSINO DE CINÊNCIAS DO NORDESTE / UFPE. Site oficial. Disponível em <www.cecine.ufpe.br>. Acesso em 14 de maio de 2010.

PERSPECTIVAS DE AGENDAMENTO DE C&T NA MÍDIA A PARTIR DAS FONTES ONLINE 78

Sonia Aguiar79 Universidade Federal de Sergipe

[email protected]

Resumo A incorporação da Internet às rotinas profissionais dos jornalistas e o emprego de bases de dados no processo de produção, arquivamento, recuperação e distribuição de informações vem se intensificando nos últimos anos. Ferramentas como bancos e guias de fontes de instituições de pesquisa podem atuar como importantes referências para o agendamento da mídia em C&T, em especial na web regional. Palavras-chaves: divulgação científica; agendamento da mídia; banco de fontes

1. Introdução

Levantamento feito por Rui Miguel Gomes (2009) com 81 jornalistas portugueses revela o papel que a Internet vem adquirindo nos processos de busca e relacionamento com as fontes de informação de interesse jornalístico. Embora não possa ser transposto automaticamente para a realidade brasileira, o estudo traz indicadores úteis para se pensar o potencial do ambiente virtual para o agendamento e a apuração de matérias de ciência e tecnologia (C&T) na mídia. Mais de um terço dos entrevistados (32%) consulta trabalhos ou artigos científicos disponíveis online para as suas matérias e 11% utilizam press releases acadêmicos divulgados via Internet. Quase 45% deles consideram a Internet importante para contatar fontes, e 67% levam em conta a facilidade de acesso à informação ao navegar em sites. Ao serem questionados sobre a validade da Rede para a sua prática profissional diária, 88% apontaram “pesquisar dados”, 50%, “ler publicações”, 30%, “contatar fontes de informação”, e 45%, “encontrar novas fontes de informação”.

Este artigo busca demonstrar, sinteticamente, que o emprego de bases de dados (BDs) no processo de produção jornalística abre novas perspectivas para o agendamento de temáticas de ciência e tecnologia na mídia, a partir das facilidades de contato direto com especialistas das diversas áreas de conhecimento. Esta condição é particularmente importante para um país como o Brasil, em que tanto a produção de conhecimento quanto a difusão midiática são, ao mesmo tempo, dispersas nacionalmente e concentradas regionalmente. Abre-se, assim, a possibilidade de jornalistas de qualquer parte do país localizarem fontes qualificadas em temas complexos ou inovadores – do semiárido à nanotecnologia, da violência urbana à neurociência – sem os custos e o tempo de deslocamento exigido na pré-história do mundo virtual.

2. O agendamento a partir das fontes

78

Trabalho apresentado ao II Encontro Nordeste de Jornalismo Científico, promovido pela

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), em Campina Grande, junho de 2010, na categoria Pesquisa e Estudo em JC. 79

Jornalista, drª em Comunicação/ Ciência da Informação, coordenadora do Laboratório

Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (LICA) - http://licaufs.blogspot.com/, e pesquisadora do

Laboratório de Estudos de Jornalismo (Lejor) e do grupo de pesquisa Geografias da Comunicação (Geocom).

Apesar do cenário promissor, práticas específicas de divulgação científica utilizando os recursos de bases de dados e comunicação hipermídia disponíveis na Web ainda são raras no conjunto das instituições de ensino e pesquisa brasileiras, sobretudo no Nordeste, como constatou levantamento realizado nos websites e portais de 21 universidades públicas e nove fundações de amparo a pesquisa (FAPs) da região (AGUIAR, 2009). Responsáveis pela maior parte do que se pesquisa no país, as universidades públicas têm ampliado o seu esforço de aproximação entre jornalistas a comunidade científica, através dos seus setores de comunicação. No entanto, estes ainda permanecem mais reativos do que ativos. Ou seja, agem mais sob demanda dos profissionais de redação do que criam oportunidades de agendamento da mídia a partir das demandas da pesquisa científica e tecnológica das próprias instituições.

As ações de divulgação científica dessas instituições deveriam levar em conta as disputas estratégicas pelo agendamento da mídia por diferentes setores da sociedade, nas quais a C&T ainda ocupa lugar periférico. Essas estratégias têm sido alvo de estudos recentes, que buscam ampliar o conceito original de agenda-setting a partir do arcabouço empírico da agenda building, campo de estudos originário da Ciência Política que busca identificar como e por que certos temas e questões entram na pauta do debate público e se convertem em políticas, enquanto outros são excluídos ou silenciados (NISBET, 2008).

Nos estudos de jornalismo, a noção vem sendo utilizada para abordagem dos processos de construção da pauta a partir da ação comunicativa das fontes, geralmente mediada por um agente institucional ou por assessores de imprensa. Parte significativa desse esforço de investigação vem sendo dedicada ao papel das assessorias de imprensa como importante fonte de informação das redações (QIU and CAMERON, 2006, p.5). Ao subsidiar o trabalho jornalístico com informação relevante, os profissionais de assessoria de imprensa não apenas influenciariam os temas nos quais a mídia se concentra, como também o modo como os assuntos são cobertos, tanto em termos cognitivos quanto emocionais.

Para Qui e Cameron (2006), as práticas de information subsidy são um aspecto do processo da apuração jornalística ainda não suficientemente teorizado, mas que vem sendo observado nos estudos sobre o agendamento do ponto de vista das fontes. A noção abrange variadas ações comunicativas que correspondem ao que Chaparro (2008) chama de “táticas de indução de pautas”. Além das tradicionais ações de envio de press releases, convocação de entrevistas coletivas, fornecimento de dossiês de dados etc, as assessorias buscam cada vez mais “facilitar” o trabalho do jornalista na escolha das fontes e enfoques, ao fornecer material semipronto e dados de apoio estruturados, de fundamental importância em um contexto de rotinas e constrangimentos organizacionais cada vez mais restritivos à autonomia do jornalista sobre o seu processo produtivo.

Segundo esses autores, são os repórteres que têm o poder maior de determinar se a informação subsidiada vai ser utilizada ou não, e como, com base em seus próprios valores-notícia, julgamentos e enquadramentos. São esses profissionais, portanto, que devem ser o alvo principal da estruturação das informações das fontes em bases de dados com aplicações jornalísticas, em especial os bancos de fontes e os acervos multimídia. Na região Nordeste, apenas a Universidade Federal do Piaui (UFPI) e a estadual do Rio Grande do Norte (UERN) já utilizam o Banco de Fontes como um recurso de apoio ao relacionamento com os jornalistas. Essa ferramenta propicia um desafogo nos gargalos de atendimento das assessorias de imprensa, além, obviamente, de agilizar o trabalho dos repórteres em busca das fontes mais adequadas para suas matérias. (BARBOSA e AGUIAR, 2009).

O BF da UFPI (http://www.ufpi.br/areas_banco_fontes.php) é organizado a partir de uma lista de mais de 30 temas clicáveis, cada qual vinculado a uma relação de especialistas cadastrados, cujos nomes estão conectados a uma ficha de dados como nome do pesquisador, área de conhecimento, titulação, departamento, especialidades e meios de contato. Já o Guia de Fontes da UERN (http://www.uern.br/administracao/ guiadefontes.asp) permite busca por palavra-chave e recupera os especialistas relacionados à temática solicitada em diferentes departamentos. A ferramenta de busca recupera todos os registros de fontes em cujas fichas consta o termo procurado e indica quais podem “dar entrevistas ou emitir opiniões sobre”. Os links nos nomes dos especialistas levam a páginas personalizadas, com informações detalhadas (incluindo foto, uma descrição pessoal das competências do pesquisador, disciplinas que leciona e artigos para download, entre outras).

Embora com estruturas e interfaces de recuperação de dados diferentes, os dois BFs apresentam potencial de eficácia para o agendamento de fontes regionais na mídia, desde que sejam amplamente divulgados junto aos jornalistas de diversos veículos.

3. Considerações finais

Se é inegável que a mídia de massa influencia os assuntos sobre os quais o público pensa e conversa, e que formata boa parte do senso comum no mundo contemporâneo, é importante também observar os “vazios” de informação que ainda há nos meios de comunicação sobre temáticas relevantes para a qualidade de vida das populações e o desenvolvimento sustentável e equitativo das diferentes regiões do país, como é o caso das ciências e tecnologias. Para conquistar ressonância no debate público, essas temáticas necessitam da mediação organizada e profissionalizada de jornalistas capacitados para atuar como interface entre os produtores do conhecimento e aqueles que detêm o controle decisório sobre os processos de produção jornalística. Nesse contexto, as facilidades de acesso às fontes de informação, via Internet, tornam-se fator determinante nas escolhas feitas pelos jornalistas nas suas rotinas profissionais.

Referências Bibliográficas: AGUIAR, Sonia. Jornalismo hipermídia na divulgação científica: experiências e lacunas nos sites de universidades públicas e fundações de amparo à pesquisa do Nordeste. IX Encontro dos Grupos/ Núcleos de Pesquisa em Comunicação do XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Curitiba, Intercom, 2009. Disponível em: www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-2647-1.pdf

BARBOSA, Susana; AGUIAR, Sonia. Bases de dados jornalísticas e perspectivas de agendamento na web regional. VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. São Paulo, SBPJor, 2009. Disponível em: http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/suzana_barbosa;_sonia_aguiar.pdf

GOMES, Rui Miguel. A importância da Internet para jornalistas e fontes. Lisboa: Livros Horizontes, 2009.

NISBET, Matthew C. Agenda building. The International Encyclopedia of Communication, 2008. Disponível em: <http://www.american.edu/soc//docs/agenda.pdf>

QIU, Qi. and CAMERON, Glen. Building a media agenda on prosocial causes: how issue perceptions and news values work to influence effectiveness. Paper presented at the annual

meeting of the International Communication Association. Dresden, Germany, jun 16, 2006. Disponível em: <http://www.allacademic.com/meta/ p93166_index.html>.

POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA NO MUSEUS DE CIÊNCIAS DA ENERGISA

Kalinka Walderea Almeida Meira1, Marcelo Gomes Germano2

1Universidade Estadual da Paraíba/Departamento de Pós Graduação, [email protected]

2Universidade Estadual da Paraíba/Departamento de Pós Graduação, [email protected]

Resumo

Este trabalho se refere ao processo constitutivo do Espaço Energia como um espaço de educação informal que busca tecer múltiplos diálogos em torno da ciência e da educação. Sistematiza-se um registro dessa experiência, tentado estabelecer um diálogo com autores que venham refletindo sobre divulgação científica, popularização da ciência e educação informal.

Intrudução

Como a escola pode acompanhar o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico dos nossos dias? Será que há tempo e espaço nos seus currículos e programas escolares para ciência e tecnologia? Somente a escola tem o dever de formação e/ou informação da população?

Acredito que a educação e o processo de ensino-aprendizagem ocorrem de diversas maneiras, em diferentes tempos e espaços com a troca de conhecimento e incorporação de novos aprendizados que dão vida e, muitas vezes, transcendem os conteúdos trabalhados em sala de aula.

É impossível que todas as pessoas sejam cientistas. No entanto é necessário que a população possa entender, os fundamentos básicos da ciência, os métodos empregados pelos cientistas, a abordagem científica, as relações entre ciência e sociedade, os potenciais e as limitações dos conhecimentos e artefatos desenvolvidos pela ciência bem como dos conhecimentos dos cientistas quando abordam outras áreas do conhecimento. A ciência é um processo sério demais para ser deixado só nas mãos de cientistas (SOUZA, 2000).

Desde que fui trabalhar no Espaço Energia da ENERGISA80, em 2004, venho observando as relações que seus visitantes estabelecem com os temas explorados nas exposições realizadas, bem como pode o processo de ensino-aprendizagem nesse espaço.

Este trabalho se refere à minha trajetória no Espaço Energia, ao reconhecimento e importância deste espaço como um espaço de educação informal81, e às minhas reflexões sobre o tema.

Apresentado o Espaço Energia

Inaugurado em 2003, o Espaço Energia pode ser classificado como um pequeno Museu de Ciências e Tecnologia. O principal objetivo do Espaço Energia é estabelecer uma

80

Espaço Energia – Pequeno Centro de Ciência da Energisa Borborema. 81

A educação informal não se constitui num sistema organizado ou estruturado, sendo freqüentemente

acidental ou não intencional. Ocorre na experiência do dia-a-dia, através de jornais, revistas, programas

de rádio e televisão, na visita a um museu, zoológico, centro de ciências, etc, Gaspar (1992)

relação, uma aliança entre o seu público e a ciência, por meio de exposições interativas, preferencialmente voltado ao conhecimento dos mecanismos de geração de energia e seu uso.

O Espaço Energia está localizado na sede da Energisa Borborema na cidade de Campina Grande – Paraíba e conta com uma área aproximada de 60m² destinada as exposições, além de um auditório de 80 (oitenta) lugares utilizado para palestras e exposições de vídeos.

Os Centros de Ciências e as Teorias da Aprendizagem

Existe uma intensa preocupação com a aprendizagem que ocorre ou pode ocorrer em centros de ciências, como se dá essa aprendizagem em espaços de ensino informal. Nos últimos cinco anos, em revistas como Science Education, Journal of Research in Science Teaching, Curator, Museum News, Visitor Studies Conference Proceedings e ILVS tem sido publicadas estudos a cerca desse tema.

Em linhas gerais, a teoria de Vygotsky é uma teoria sociointeracionista que postula que o desenvolvimento mental do ser humano parte do inter para o intrapsíquico, ou seja, da interação social para interiorizar-se no indivíduo. Essa teória sugere que o desenvolvimento cognitivo depende muito mais das interações com as pessoas enfatizando o papel dos adultos e dos diálogos cooperativos dos pares mais capazes no processo de ensino-aprendizagem da sociedade do desenvolvimento. Com essas indicações achamos conveniente as indicações de Gaspar (2001, p. 117) “seria difícil conciliar práticas de inspiração piagetiana num contesto de insino behaviorista.”

O Cotidiano do Espaço Energia

Certa vez, durante uma exposição envolvendo lâmpadas fluorescentes e alta tensão, um menino comentou: “Acende igual a espada de Guerras nas Estrelas”, Em outra ocasião uma menina de aproximadamente quatorze anos, falou: “Isso não é mágica, isso é ciência! meu sonho era ser advogada, mas agora vou ser cientista!”, e uma outra completou: “Se minha avó visse isso dizia que era coisa de bruxaria”.

Essas descobertas que acontecem em condições subjetivas, uma motivação, por exemplo, ou objetivas, em que todos os elementos devem estar estruturados para que o indivíduo possa chegar a uma conclusão, ao fazer tais declarações, os nosso visitantes estavam estabelecendo conexões entre o que elas viam e o que já tinham ouvido ou assistido em um outro momento, com outras pessoas, em um outro espaço, estavam dando significado àquela informação. “Não é à toa que em várias línguas sabor e saber têm sentidos intimamente correlatos. Saber é também sentir o sabor, isto é, conhecer por sentir o gosto, vivenciar a experiência” (CANIATO, 2003, p. 14).

Algumas manifestações e comentários de nossos visitantes às vezes nos surpreendem e revelam que o que estamos mostrando é visto por cada um de uma forma diferente, de acordo com sua maneira muito singular de ser e estar no mundo.

Nossos visitantes se constituem de crianças da pré-escola até adultos que fazem parte dos programas de formação de jovens e adultos, com as mais variadas formações.

A diversidade de escolas que vêm ao Espaço Energia é considerável, incluindo instituições de formação superior. Esse fato nos leva a acreditar em uma atração cada vez maior de professores e alunos por espaços que contribuam para ampliar os conteúdos

explorados em sala de aula e estimulem novos interesses. A valorização dos passeios como forma de incrementar a rotina escolar é outro aspecto da visitação que merece destaque. “Agente vê nos olhos deles o brilho do encantamento pela ciência, eles ficam animados, sempre perguntando quando irão voltar a visitar o Espaço Energia. As exposições vão ao encontro de nossos objetivos e aproveitamos os temas para melhorar nossas aulas”, afirma a professor José Nivaldo.

Para nós que fazemos parte do Espaço Energia, esse processo é muito rico, e nos faz refletir de que maneira podemos atrair o interesse de nossos visitantes estimulando sua curiosidade, emocionado e tentando fazer com que ele possa fazer conexões com situações do seu dia-a-dia dentro e fora da sala de aula.

Por isso, é importante estar atento à diversidade dos participantes que vêm ao Espaço Energia e às suas indagações para tirar proveito delas e estabelecer pontes para favorecer o aprendizado que ocorre nos espaços de educação informal.

Nos cursos de formação de professores, é crescente a valorização de espaços de educação informais como fundamentais para o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos. Manhães (2002, p. 74) ressalta:

Só é possível formar o educador [...] tendo presente o tempo todo à prática pedagógica de muitos que já são professores e as atividades das escolas em geral, quando todos os alunos se deslocam para buscar isso, mas também levando em conta outros espaços nos quais as questões educativas são tratadas e que, por isso, podem alargar a rede e embelezar seu bordado.

A aproximação entre o Espaço Energia e as escolas tem mostrado o quanto a educação formal e a informal se alimentam e se beneficiam do trabalho de cada uma e o quanto esse elo pode favorecer uma apropriação do conhecimento mais viva, dinâmica e antenada com os interesses dos alunos e do mundo contemporâneo.

O resultado dessa interação pode ser visto nos trabalhos que muitos professores e estudantes desenvolvem em sala de aula, depois de conhecer uma exposição. Esse retorno das escolas enriquece o nosso trabalho e nos ajuda a avaliar nossa atuação.

Tudo isso só é possível por meio da interação da escola com a realidade extra escolar o mundo lá fora e espaços de educação informal podem fazer essa ponte entre a escola e o mundo fora dela, reproduzindo um modelo de sociedade e, por conseqüência, de educação, que una o saber que ocorrem nos espaços formal e informal possibilitando uma convivência ou interação entre eles.

Nas exposições do Espaço Energia permitimos que os participantes manipulem os objetos expostos e brinquem com as instalações ao longo da exposição, isso faz com que os olhos dos visitantes brilhem para o conhecer ciência e o quanto a ciência é fascinante e está acessível a todos. Experiências como esta contribuem muito para entendermos melhor o papel social de espaços de educação informal e o contexto no qual a divulgação em ciência está inserida, sobretudo no Brasil.

O interesse de escolas por trazerem seus alunos ao Espaço Energia tem se intensificado, é freqüente as escolas ligarem para marcar uma visita e em muitos casos turmas de já conhecem o espaço. Com a preocupação de sempre abordar os assuntos de forma diversificada de acordo com a faixa etária dos visitantes, nossas visitas têm se mostrado interessantes até para aqueles que ainda não têm maturidade para se apropriar de determinados conceitos. Em texto sobre divulgação científica, Argüello (2002, p. 206) aponta:

Desmistificar ciências também implica que esta pode ser vivida pela “reles vulgar”, e não só pelos escolhidos pela academia, e reconhecer que há diferentes formas culturais de fazer ciência. Divulgar ciências é também reconhecer tais formas, e educar em ciências é também ser educado por essas diferentes formas de ciência.

Exposições têm demonstrado que as crianças são muito mais curiosas que os adultos e têm uma relação muito mais dialógica e interativa com o conhecimento. E esse processo fica muito mais fácil quando elas convivem com adultos também curiosos e sensíveis o suficiente para apresentar-lhes o mundo que vai além do quadro-negro, Soares (2003).

Segundo o Antonio Marcos, professor de Física do Ensino Médio de uma Escola Estadual de Campina Grande, “A contribuição que o projeto do Espaço Energia proporcionou para o ensino-aprendizagem, mostrou-se através dos alunos em perceberem a importância das disciplinas de ciências. Após a visitação passei a ser mais solicitado pelos estudantes. A área de exatas que não era bem aceita pelos meus alunos, é vista agora com outros olhos. Alguns até vieram me falar sobre a diminuição do consumo de energia, utilizando as dicas adquiridas durante a visita ao Espaço Energia e reforçadas por nós professores, mobilizando não só os alunos mas também toda a família.”

Aos professores deixamos a resposta de uma aluna quando perguntada se havia gostou da visita “aprender brincando é muito mais divertido! gostei muito! Queria que pudesse ser assim sempre”. De acordo com Soares (2003, p. 38) “muitas vezes a escola opta por caminhos poucos motivadores e autoritários. A começar pelo próprio espaço da sala de aula, o ambiente escolar, às vezes, é frio e indiferente às expectativas do aluno.“

Há, no entanto, um precioso espaço a ser preenchido pela escola, ou melhor, pelo professor dentro da sala de aula. Bastaria para isso que, em lugar de “ajudar” ao Sistema a desenvolver mais as “faculdades sentantes” dos alunos, em prejuízo de suas “faculdades pensantes” pudéssemos inverter esse papel. (CANIATO, 2003, p. 12).

Finalmente, a compreensão da interação entre a educação informal e a educação formal e a relação entre os conceitos espontâneos e os científicos. Se os conceitos espontâneos são frutos da educação informal e os conceitos científicos da educação formal, a interação entre esses dois sistemas de educação depende da interação entre esses conceitos. Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, o aluno se beneficia do aprendizado tanto da escola como o adquirido nos museus e centros de ciências, podendo a visita ao museu ou centro de ciência enriquecer o que ele já tiver aprendido na escola ou auxiliar no que ainda poderá aprender na escola.

Mais importante do que ensinar algo ou transmitir uma informação é sensibilizar o participante para a ciência, mesmo porque ele já possui concepções prévias a respeito de vários assuntos e algumas representações sociais impedem que essas imagens e concepções se modifiquem rapidamente, Soares (2003).

Considerações Finais

A escola não tem conseguido acompanhar o acelerado desenvolvimento

científico e tecnológico dos nossos dias, não dedicando tempo e recursos suficientes

nos seus currículos e programas escolares para ciência e tecnologia contemporânea. A

aproximação entre o Espaço Energia e as escolas tem mostrado o quanto a educação

formal e informal se complementam e se beneficiam do trabalho de cada uma e o

quanto esse elo pode favorecer uma apropriação do conhecimento mais viva, dinâmica

e antenada com os interesses dos alunos e do mundo contemporâneo,

experimentando possibilidades variadas de aproximar os participantes da ciência.

Concordamos com Edgar Morin quando afirma que “a ciência é um processo sério

demais para ser deixado só nas mãos de cientistas” (apud SOUZA, 2000, p. 40).

Este é um estudo reflexivo que vem sendo construído coletivamente e que

ganha sentido à medida que seguimos dialogando com vários setores da sociedade

civil com o objetivo de popularizar a ciência.

Assumo a minha falta de neutralidade para falar sobre o Espaço Energia e

registro também que a minha intenção não foi descrevê-la como um espaço perfeito

ou que já tenha superado todas as suas limitações.

Nossa proposta foi investigar o Espaço Energia como um espaço de educação

informal, interativo com suas buscas, questionamentos, projetos com uma grande

vontade de torná-los reais.

Referencias

ARGÜELLO, Carlos A. A ciência popular. In: MASSARANI, L.; MOREIRA, I. C.;

CANIATO, Rodolpho. Com ciência na educação. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003;

GASPAR, Alberto. Museus e Centros de Ciências. In: NARDI, Roberto. (org.). Pesquisas

em Ensino de Física. 2 ed.São Paulo: Escrituras Editoras, 2001;

MANHÃES, L. C. S. Redes que te quero redes: por uma pedagogia da embolada. In: OLIVEIRA, I. B; ALVES, N. (org.). Pesquisa no/do cotidiano das escolas: sobre redes de saberes. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002;

SOARES, Maria do Socorro Moura. A Casa da Ciência da UFRJ como Espaço de

Educação Não-formal. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, UFRJ, 2003;

SOUZA, Márcia M. de. Utilizando a linguagem cinematográfica para compreender o

cotidiano escola. In: ALVES, N.; GARCIA R. L. (org). A invenção da escola a cada dia. Rio

de Janeiro: DP&A, 2000;

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

PRODUÇÃO DE VIDEOCLIPES AMBIENTAIS POR JOVENS, PARA EDUCOMUNICAÇÃO CIENTIFICA82

Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira83 - Pesquisadora Embrapa Rondônia, [email protected]

Resumo

A produção de videoclipes ambientais com músicas amazônicas, foi uma das estratégias de comunicação desenvolvidas pelo projeto Com.Ciência Florestal, com a finalidade de promover a divulgação científica da ciência florestal, ao público leigo. As oficinas de produção dos videoclipes envolveram professores e estudantes de Ensino Médio da Escola Marcelo Cândia, em Porto Velho, RO. Palavras-Chave: comunicação ambiental, divulgação científica, popularização da ciência.

Introdução

Divulgar ao público leigo os resultados de pesquisas financiadas pelo Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG-7) na Amazônia foi o objetivo do projeto “Estratégias de comunicação para a divulgação científica da pesquisa florestal na Amazônia Ocidental” (Com.Ciência Florestal), coordenado pela Embrapa Rondônia. A Oficina de produção de videoclipes educativos, foi uma das atividades desenvolvidas, e teve por objetivo produzir material didático-pedagógico para utilização em eventos de capacitação em divulgação cientifica e educação ambiental.

O evento, realizado em maio de 2008, envolveu professores e estudantes do Ensino

Médio da Escola Marcelo Cândia, em Porto Velho, Rondônia. Foram utilizados fotografias e vídeos do acervo da Embrapa e outros, produzidos pelos alunos da escola. Serviram de roteiro dos videoclipes, músicas com temática ambiental, produzidas por artistas da região amazônica, selecionadas pelos estudantes após audição e discussão coletiva.

Este trabalho tem por objetivo o relato desta experiência, sistematizando informações que venham a contribuir para a construção de uma proposta metodológica de produção de videoclipes educativos em Oficina, caracterizada como espaço de comunicação e de reformulação/desconstrução/construção de um discurso, que colabora para a sensibilização sobre questões ambientais.

Educomunicação cientifica e socioambiental

A educação e a comunicação científica têm caminhado juntas para alcançar o objetivo de aumentar a consciência dos cidadãos sobre o papel e a importância da ciência na sociedade. Sob a designação de educomunicação socioambiental, o segmento ambiental tem se destacado na adoção das práticas educomunicativas.

O Ministério do Meio Ambiente criou o Sub-programa de Educomunicação Socioambiental, cujas ações são dirigidas especialmente à juventude. O processo de

82

Relato de Experiência - inscrito no II Encontro Nordeste de Jornalismo Científico – 07 a 09 de junho

2010. Campina Grande, PB. (Pj. Com.Ciência Florestal, financiado pelo PPG7/CNPq.) 83

Comunicóloga. M.Sc. Extensão Rural, Especializanda em Jornalismo Cientifico (Univap).

mobilização e organização da I Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA-2003) é considerado por Deboni (2007) como uma espécie de "divisor de águas". Tendo por um lado alavancado a proposta dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) pautada em princípios tais como o de que “Jovem educa Jovem” ; por outro, catalisou a participação de estudantes das escolas (de 5a a 8a séries) nos processos de conferências de meio ambiente nas escolas.

A mediação tecnológica na educação é um dos campos de atuação da educomunicação,

no qual, Soares (2009) recomenda: “ ...implementar as práticas da Educomunicação a partir da introdução da linguagem audiovisual na educação”. Em experiências de trabalho em comunidades ribeirinhas a Embrapa Rondônia tem coordenado pesquisas que experimentam fórmulas audiovisuais alternativas, buscando superar as rotineiras dinâmicas de uso de imagens e sons educativos, utilizando música como auxiliar em atividades de sensibilização (OLIVEIRA & BENTES-GAMA, 2006).

Como um novo campo de intervenção social se observa a transformação da

educomunicação em políticas educacionais e suas aplicações como fórum de cidadania e de popularização da ciência, aplicação esta que passamos a denominar de educomunicação cientifica. (OLIVEIRA, 2007). Partimos do pressuposto de que a mesma inter-relação da Comunicação e Educação ocorre no campo da difusão do Conhecimento, gerando produtos para a divulgação científica, popularização da ciência, educação ambiental, no espaço escolar formal e não-formal, provendo a inclusão social e a cidadania.

O processo de produção de videoclipes educativos ambientais

A utilização de música como prática pedagógica na educação formal já é bastante

conhecida e difundida. Lourdes Sekeff (2007) critica a escola por privilegiar o português e a matemática e deixar de lado a sua interface musical. Considerando que estas disciplinas ensinam linguagens, a autora diz não poder deixar de refletir que música também é linguagem (não verbal), isto é, constitui condição de conhecimento e de ordenação do pensamento.

A produção de videoclipes, linguagem audiovisual de grande aceitação junto ao

público jovem, é mais uma etapa do caminho trilhado, com o objetivo de produzir conhecimento no campo da pesquisa em educomunicação, por meio da proposta metodológica em construção, constituída pelos seguintes elementos: a Oficina como espaço de interação comunicativa em Oficinas e a criação de dinâmicas para a comunicação grupal e linguagem audiovisual; a percepção ambiental dos atores sociais envolvidos na atividade; e a música como fornecedora de sentido para o discurso ambiental.

Utiliza-se música popular brasileira, em especial a amazônica, para estimular a

discussão e a reflexão sobre a temática ambiental, em grupos de estudo. A pré-seleção das músicas dá preferência, mas não exclusividade à produção artística da região Norte. Não se exclui o uso de músicas originárias de outras regiões do País, desde que abordem a temática ambiental

No início da Oficina foi aplicado um questionário de percepção ambiental, com o

objetivo de identificar a relação do aluno com os recursos naturais e com a cultura amazônica. Após a audição e interpretação textual da mensagem de nove canções discutidas na oficina, os

alunos selecionaram as três que na visão do grupo, melhor atendiam os critérios de sensibilização de jovens. Os videoclipes produzidos no laboratório de informática da escola tiveram como roteiro as músicas selecionadas: “Amazônia Cabloca” (César Moraes, Amazonas), “Pela cauda de um Planeta” ( Nivito Guedes e Fernando canto, Amapá), Não deixe secar o coração (Túllio Nunes, Rondônia).

Considerações Finais

A produção de videoclipes educacionais/ambientais iniciou os participantes nesta atividade, e além de disponibilizar um produto de divulgação científica, estimulou os professores e estudantes a desenvolverem outras atividades no gênero. As técnicas vêm sendo reaplicadas com outros segmentos de público (educadores ambientais, acadêmicos de Comunicação Social) em escolas e eventos técnicos-cientificos. Daí a importância de sistematizar informações e difundir os resultados deste estudo, uma vez que se espera contribuir para a validação de uma proposta metodológica de Educomunicação para a Divulgação Científica, tendo a Oficina de produção de videoclipe como uma prática pedagógica, que permite comunicar a contribuição da ciência em linguagem acessível, aos diversos segmentos de público.

Os vídeos produzidos estão sendo alvo de um estudo de recepção em monografia de conclusão de curso de jornalismo Cientifico, pela UNIVAP. Ao serem submetidas à discussão, as músicas selecionadas revelaram-se capazes de promover a interação de sujeitos para a produção social de sentido, comunicação que se quer efetivar por meio do protagonismo dos pelos jovens alunos e pela enunciação manifesta nos videoclipes.

6. REFERÊNCIAS

DEBONI, F. Juventude e Meio Ambiente.Revista Eco 21 nº127. Disponível em: <http://www.ambienteemfoco.com.br/?m=20070628> Acesso em: 13 dez. 2007

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SOARES, I. Ecossistemas Comunicativos. Disponivel em: < http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf > Acesso em : 03 set. 2009.

Produção de vídeos de divulgação científica na assessoria de comunicação da Fiocruz Bahia84

Antonio Brotas85

Mariana Alcântara86 Márcio Santana87

Resumo: O presente trabalho aborda um relato de experiência sobre a produção de vídeos de divulgação científica na assessoria de comunicação da Fiocruz Bahia. Com o projeto "Núcleo Interinstitucional e Multidisciplinar de Divulgação e Experimentação em Comunicação, Ciência e Saúde", foram concedidas duas bolsas Fapesb, com vigência de nove meses, destinadas a uma jornalista e um cineasta, que foram contratados para atuar na produção de vídeos com o objetivo de dar visibilidade à produção científica desta importante instituição de ensino e pesquisa baiana. Introdução:

Na sociedade contemporânea, já há um consenso de que a divulgação científica é importante para a socialização da ciência. Muitos esforços vêm sendo empenhados por pesquisadores, comunicólogos, agências de fomentos e outras instituições da ciência no sentido de torná-la mais próxima da sociedade, de publicizar o conhecimento produzido por seus atores. A meta, no Brasil ainda a ser alcançada, seria, em outras palavras, ampliar a cultura científica, enfatizando a educação científica e de saúde e da promoção da carreira entre os jovens.

A saúde, por sua vez, tem espaço privilegiado nos meios de comunicação, além de naturalmente ser considerada assunto de primeira importância para os indivíduos na vida cotidiana. Daí ser bastante comum, quase que cotidianamente, encontrarmos matérias sobre o tema em diversos meios nas suas diversas dimensões: política, assistência, pesquisa e inovação, comportamento, prevenção, etc. Essa importância dada pelos meios encontra respaldo na audiência que demonstra interesse em assuntos relacionados à medicina, meio-ambiente, entre outros. A aproximação, embora possa promover distorções, principalmente no que tange a publicação de informações sensacionalistas em época de epidemias, aponta boas perspectivas, já que sabemos que a saúde pública está intrinsecamente ligada à comunicação e divulgação.

A divulgação da ciência e da saúde, apesar de estar em processo mais avançado de consolidação enquanto ações e estratégias de promoção, ainda ensaia seu primeiros passos na Bahia, estando aquém da capacidade de produção científico-tecnológica do estado. Enquanto nos estados do eixo Rio de Janeiro – São Paulo, a divulgação da ciência e saúde consolida-se a partir dos anos de 1980, com grupos de pesquisa e publicações especializadas. Na Bahia e na maioria dos estados nordestinos, as experiências são raras e quando existem são pouco articuladas, sem linhas de intervenção. Apesar deste quadro, podemos identificar alguns núcleos que tem produzido importante material de divulgação científica, como por exemplo os

84

Trabalho apresentado no II Encontro Nordeste de Jornalismo Científico. Categoria: Relatos de

Experiência. Campina Grande (PB). Junho, 2010. 85

Coordenador do trabalho. Assessor de Comunicação da Fiocruz Bahia. Doutorando do Programa

Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia. 86

Jornalista. Atuou como bolsista Fapesb na Fiocruz Bahia nos meses de abril a dezembro de 2009.

Mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade

Federal da Bahia. 87

Cineasta. Atuou como bolsista Fapesb na Fiocruz Bahia nos meses de abril a dezembro de 2009.

Especialista em em Cinema, Expressão e Análise pela Universidade Católica do Salvador.

trabalhos desempenhados pelo núcleo de jornalista das Unidades de Pesquisa da Embrapa no Nordeste.

Inédito na sua constituição, na Bahia, o Núcleo Interinstitucional e Multidisciplinar de Divulgação e Experimentação em Comunicação, Ciência e Saúde busca suprir esta necessidade e objetiva tornar a divulgação científica e de saúde uma prática constante na instituição e no estado, articulando os diversos atores que atuam neste campo, na Bahia. Além de trabalhar para efetivar esta prática, ao núcleo interessa combinar os diversos conhecimentos, para que os instrumentos, discursos, imagens, táticas, modelos e recepção na divulgação da ciência e da saúde sejam objetos de investigação. Entre os objetivos está a intenção de reduzir a imensa defasagem de conhecimento desta área no estado, além de experimentar linguagens audiovisuais para oferecer produtos alternativos à mídia e à população na área de ciência e saúde. Outro objetivo é investigar e elaborar instrumentos de divulgação da ciência e promoção da saúde em diversos formatos midiáticos, com ênfase na convergência e na inovação.

Dessa forma, o núcleo será um espaço privilegiado de convergência ao colocar em diálogo constante, através de diversas linguagens, principalmente a audiovisual, os interesses científicos e da saúde com os interesses sociais, aproximando instituições, entre eles os meios de comunicação, atores e conhecimentos de múltiplos campos, contribuindo assim para democratização da ciência e da saúde. Desenvolvimento:

A comunicação, nas suas diferentes linguagens e suportes, pode potencialmente auxiliar no processo de orientação de conduta, decisões e estratégias e ações em benefício da edificação de uma cultura científica. Como campo social específico, detentora de poder, interesses, instituições e atores que disputam posições no jogo das interpretações da realidade, a comunicação deve ser convencida e estimulada a trabalhar na busca pela socialização da ciência e do seu conhecimento.

A busca então para trazer a comunicação como colaboradora no empenho da edificação da cultura científica e da promoção da saúde na Bahia é de todos os atores que atuam nesta perspectiva. Cientistas, gestores públicos, profissionais de saúde, jornalistas e outros comunicadores devem trabalhar coletivamente, pelo menos, é o que demonstra vários estudos sobre experiências empíricas no Brasil e no mundo (HERNANDO, 2002).

Os bons resultados obtidos em diversos trabalhos como relações de interação face-a-face nas ações de museus, oceanários, postos de saúde, hospitais e as constantes representações midiáticas, principalmente televisiva, que transformam a ciência e a saúde num espetáculo ou a distanciam da população, não nos autorizam a abandonar a compreensão sobre as noções e compreensões que os comunicadores oferecem sobre a ciência, saúde e tecnologia, nem desistir de buscar novos formatos, linguagens ou modelos de divulgação e promoção da ciência e saúde.

Como a mídia trata da vida cotidiana, centrando-se nos fatos para construir seus produtos, precisamos compreender porque a ciência tem pouca visibilidade, visto que produtos, teorias e práticas que regem o dia-a-dia foram frutos de pesquisas. E, porque a saúde ainda não é tratada de modo a promover o bem-estar da população, em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, também é um eixo inicial do núcleo a ênfase nos temas de Pesquisa em Medicina e Saúde, o de maior interesse e o de maior procura por informação, segundo a pesquisa do MCT. A escolha deve-se também ao fato de ser esta a área em que a Fiocruz tem o maior estoque acumulado de conhecimento.

Para iniciarmos a produção de vídeo, o Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), unidade da Fiocruz na Bahia, adquiriu recentemente um sistema de produção de material

audiovisual, que dispõe de uma câmera de vídeo HDV, um sistema de edição não-linear de áudio e vídeo em alta definição Mac Pro (Apple) com o programa Final Cut Studio 2. O sistema possui ainda Kit de iluminação. A instituição dispõe ainda de dez laboratórios de pesquisa na área biomédica, cenário no qual se desdobrou a realização dos vídeos de divulgação científica.

Durante a vigência das bolsas, foram produzidos quatro vídeos institucionais de divulgação científica. Três deles abrangeram a cobertura jornalística de eventos científicos promovidos pela instituição, a citar: Harvard-Brasil 2009; Epimol 2009; Fiocruz pra Você 2009. O quarto trabalho constituiu-se em uma experiência de vídeo institucional sobre a história e estrutura da instituição de pesquisa, que foi apresentada preliminarmente na reunião de final de ano, onde o balanço das ações da instituição são apresentadas pelo diretor da Fiocruz Bahia, o pesquisador Mitermayer Reis.

Segue abaixo a discriminação dos trabalhos: 1) Harvard-Brasil 2009: Aprofundar a discussão sobre a distribuição e os determinantes

sociais das doenças infecciosas no Brasil foi o objetivo do curso colaborativo Harvard-Brasil, promovido pela Harvard School of Public Health e pela Fiocruz Bahia. O curso, que ocorreu entre os dias 6 e 22 de janeiro de 2009, contou com o apoio do programa de estudos do Brasil do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e reuniu especialistas brasileiros e americanos nas atividades práticas e teóricas.

2) Epimol 2009: A nona edição do Curso Internacional de Epidemiologia Molecular em Doenças Infecciosas e Parasitárias (Epimol) aconteceu no dia 2 de agosto de 2009. Realizado nas dependências nas dependências da Fundação Oswaldo Cruz Bahia, o curso teve como principal objetivo apresentar os princípios e práticas da epidemiologia molecular para epidemiologistas e profissionais de laboratório que trabalham em instituições nacionais e latino-americanas com doenças infecciosas de importância para a saúde pública.

3) Fiocruz pra Você 2009: O lançamento do Dia Nacional da Vacinação na Bahia ocorreu durante a décima edição do Fiocruz pra Você. O evento foi realizado no dia 20 de junho de 2009, na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-BA), no bairro do Candeal, em Salvador. Durante todo o dia, os visitantes puderam aprender um pouco mais sobre formas de prevenir doenças como leptospirose, leishmaniose, Chagas, diabetes, meningite, hepatite, DST/AIDS, além de conhecer as pesquisas desenvolvidas nos laboratórios da instituição. Todos os setores estiveram presentes e puderam demonstrar um pouco do seu trabalho, que certamente tem impacto na saúde pública e no desenvolvimento da ciência. O visitante também teve a oportunidade de conferir o mundo invisível no microscópio, entender um pouco mais sobre o organismo humano e a ação dos vírus e bactérias, além de entrar numa célula gigante, que faz parte do projeto Ciência na Estrada. Recursos audiovisuais, fotográficos, jogos e réplicas foram utilizados para tornar mais fácil a compreensão de todos. Na programação também estiveram presentes atividades lúdicas para as crianças, além de apresentações teatrais e de bonecos.

4) Vídeo institucional do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz: Trata-se de um vídeo institucional que apresenta a estrutura da Fiocruz Bahia, seus laboratórios, salas de aula, os dois programas de pós-graduação existentes na instituição (Curso de Pós-Graduação em Patologia e Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa), setor administrativo e as pesquisas realizadas pelos pesquisadores de diversas áreas como imunologia, parasitologia, patologia, imunofarmacologia, epidemiologia, dentre outras.

Conclusão:

A sociedade já expressa de forma recorrente que deseja maiores informações sobre ciência, saúde e tecnologia na mídia. O crescente interesse dos brasileiros pela Ciência e Tecnologia, identificado pela pesquisa Percepção Pública da Ciência e Tecnologia, publicada

pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2007, revela que temos a oportunidade de ampliar os meios de divulgação de ciência e saúde. Mesmo com a demanda existente e com a ampliação da produção em ciência, tecnologia e saúde na Bahia, ainda há a escassez de ações no sentido da divulgação de ciência e saúde no estado. Algumas ações isoladas são realizadas na Fiocruz-BA, pelo projeto Ciência na Estrada. Outras na Universidade Federal da Bahia, nos institutos de Biologia, Física e Saúde Coletiva. Embora importantes, estas ações estão centradas em atividades relacionadas às interações face-a-face, não tendo como meta nem a produção, nem experimentação de produtos e conteúdos audiovisuais inerentes às necessidades da população do estado, um dos focos centrais do Núcleo. Portanto, o projeto buscou suprir uma lacuna nesta área, contribuindo inclusive para ampliar e melhorar os impactos das ações de outras instituições, com as quais estabeleceremos parcerias.

Sabemos que, neste primeiro momento, a produção de vídeos se baseou na cobertura de eventos científicos promovidos pela instituição, mas tentaremos consolidar a equipe da assessoria de comunicação com a submissão de novos projetos a editais de pesquisa das agências de fomento, que concederão bolsas para outros profissionais atuarem na instituição, visto que as máquinas e equipamentos necessários estão disponíveis na Fiocruz Bahia. Temos plena consciência de que o correto seria a abertura de novas vagas para o setor, mediante realização de concurso público, já que a assessoria de comunicação conta com apenas um jornalista. No entanto, para que isto aconteça, é preciso um maior amadurecimento do próprio setor administrativo da instituição, que deve ser sensibilizado para as questões da comunicação e da importância da realização de uma divulgação científica profissional e especializada. Podemos compreender que esta necessidade já se fez concreta para os gestores das unidades da Fiocruz no Rio de Janeiro, que conta com uma satisfatória equipe de comunicação nos diversos setores.

De qualquer maneira, um passo à frente já foi dado. Chamar a atenção da comunidade científica da Fiocruz Bahia para a necessidade de divulgação de suas pesquisas, entendida aqui como um exercício de cidadania e prestação de contas à sociedade. Depois do encerramento do convênio Fiocruz/Fapesb, que concedeu as duas bolsas para a assessoria de comunicação, o poder de realização de atividades de comunicação como produção de vídeos, elaboração de material de divulgação de Sessões Científicas e da Cidadania como banners, cartazes, painéis, etc., além de outros eventos promovidos pela instituição foi diminuído. Sentindo a necessidade de dar maior visibilidade aos seus trabalhos, os pesquisadores passaram a inserir nos orçamentos de seus projetos o trabalho de divulgação das pesquisas e eventos promovidos por eles próprios. Este é o caso dos vídeos Bloco da camisinha 2010 e o Harvard-Brasil 2010.

Podemos vislumbrar aqui uma nova perspectiva para a divulgação de vídeos na Fiocruz Bahia, que foi a aprovação do curso de Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico pela Fapesb, onde a Fiocruz Bahia atua como parceira da Faculdade de Comunicação da UFBA e da Rede FTC de Ensino. Com o início das aulas em março de 2010 e a chegada dos alunos bolsistas, podemos perceber o surgimento de um novo fôlego para a utilização de todo o equipamento de vídeo. Uma disciplina em particular visa a utilização destes recursos através da produção de vídeos científicos, que será ministrada pela Professora Doutora Simone Bortoliero, coordenadora do Curso de especialização. Espera-se que, com as aulas práticas, os alunos possam produzir vídeos científicos específicos sobre as pesquisas realizadas tanto na Fiocruz Bahia, como nas instituições parceiras. Referências: BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: para uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora Unesp, 2003.

BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo científico no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1984. BURKETT, Warren. Jornalismo científico: como escrever sobre ciência, medicina e alta tecnologia para os meios de comunicação. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990. HERNANDO, Manuel Calvo. Desafíos del siglo XXI para la divulgación de la ciencia. En Universidad de Granada (Ed.), Universidad y Comunicación Social de la Ciencia. (pp.21-44) Granada: Universidad de Granada, 2005. KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1989. LATOUR, Bruno. A Ciência em Ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo, Editora Unesp, 2000. ________; WOOLGAR, Steve. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997. ________. A esperança de pandora. São Paulo: Edusc, 2001 MERTON, Robert K. La sociología de la ciencia. Madri: Alianza Editorial, 1985.

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UM ENCONTRO COM OS MISTÉRIOS ENVOLVENDO A ARQUEOLOGIA

Sinaldo de Luna Barbosa (DECOM – UEPB) [email protected]

Orientadora: Ana Sávia (DECOM – UEPB)

Resumo: A Arqueologia, como ciência responsável por grandes descobertas, como hábitos, culturas e identidades de sociedades extintas, não deve depositar toda sua credibilidade à riqueza científica, antes dela o conhecimento popular nos leva a um mundo de encantamentos e mistérios intrínsecos aos locais onde as descobertas arqueológicas afloram, os sítios arqueológicos. Palavras-Chave: Arqueologia – Popular – Mistérios.

Sendo a história dos homens e das civilizações apenas o que os historiadores contam para a edificação e muitas vezes sujeição dos povos, parece-me útil e razoável buscar fatos estranhos e acontecimentos heréticos conscientemente passados sob silêncio, ignorados ou deformados por grande parte da sociedade e pela mídia. Antes das teorias propostas pelo meio científico, o conhecimento popular narra fabulosas explicações para as formas e inscrições encontradas em pedras. Relatos de aparições e reinos encantados por um lado fascinam e assustam, por outro apesar de ser serem ignorados, por vezes são as bases de grandes descobertas científicas.

Os nossos antepassados acreditaram, desde tempos remotos, em reinos encantados, visões do desconhecido, em seres sobrenaturais, experiências paradoxais ao conhecimento científico. Nos nossos dias, os homens cobrem-se de racionalismo exacerbado, já não tem fé em alguns desses mitos, mas falam da Atlântida, de Terras idênticas à nossa gravitando muito longe do cosmo. Acreditam nos profetas, nos astrólogos, em Deus, na Virgem Maria, em Santo Antônio. As crenças mudam de fato de nome, mas nem por isso de natureza; põem-se à moda, vestem de certo ar crítico e científico, mas não são, por isso, mais racionais, nem menos. Robert Charroux afirma que:

É incontestável que os homens do nosso século já não possuam a psicologia do

maravilhoso, que outrora permitia acreditar num outro universo paralelo, dessa

natureza. É talvez ao segredo perdido dos antigos, perdido com a palavra, ao

elixir de iniciação à faculdade de entrar no mundo em igualdade de plano que

agora damos o nome de sobrenatural, com o sentido de impossível e de mítico.

(ROBERT CHARROUX, 1975, pág. 19)

Estas civilizações primárias que desapareceram deixando apenas traços

enigmáticos da sua passagem ligam-se indiretamente aos continentes, às ilhas e

às regiões submersas pelos oceanos, como cidades e templos que os homens

do século XX, por racionalismo exacerbado, negam a autenticidade de

existência. (ROBERT CHARRUX, 1975, pág. 27).

Diante dos relatos das experiências com o desconhecido, um leque de teorias abre-se diante nós, em especial em torno da arqueologia, que o conhecimento popular desconhece como riqueza científica.

Relatos de contato com um mundo de reino encantado são encontrados em diversos lugares dos cinco continentes. Povos que nunca tiveram qualquer contato entre si, narram experiências semelhantes.

No município de Itatuba, localizado do agreste paraibano, na microrregião de Itabaiana, distando 120 km da capital, João Pessoa, a população é conhecedora de inúmeras histórias envolvendo os reinos encantados localizados em algumas de suas áreas rurais. Habitantes, especialmente os próximos aos locais, asseveram terem tido algum tipo de experiência sobrenatural. São locais ainda em bom estado de conservação, inexplorados pelo meio científico e que guardam mistérios que aguçam a crendice popular.

Pedras que se abrem, portas proibidas, formas curiosas de pés desenhadas em rochas, aparições de cidades encantadas. Tais fenômenos podem ser encontrados na citada cidade de Itatuba, em regiões do Himalaia, em Sabóia (França) e tantos outros.

Quase todos os anos descobertas devidas a maior parte das vezes ao acaso, e por vezes a escavações arqueológicas, recuam os limites da aparição do homem na Terra. Surgem, ruínas e vestígios de civilizações, de que ninguém supunha a existência, de forma que os historiadores da Pré-História, em total confusão, já não sabem o que fazer. Busca-se, então, tentar estabelecer pontos de convergência e de divergência entre o conhecimento empírico e o conhecimento científico acerca da arqueologia.

A pesquisa é um estudo observacional e exploratório com abordagem dando ênfase nos conhecimentos empíricos acerca da arqueologia. O estudo foi realizado essencialmente na zona rural do município de Itatuba, onde há ocorrência de inscrições rupestres e inúmeros relatos sobre a origem deles.

Desconhecendo quase que completamente a importância científica, populares que tem como vizinhos sítios arqueológicos não falam de fósseis, inscrições rupestres, aclimatação, cataclismo. Mas falam de “reinos encantados”, ossadas em potes, luzes misteriosas. Relatos que apesar de ignorados quase que em sua totalidade, servem muitas vezes de base para grandes descobertas científicas. Segundo afirma Lévi-Strauss:

Cada civilização tende a superestimar a orientação objetiva de seu pensamento.

Quando comentemos um erro de ver o selvagem como exclusivamente

governado por suas necessidades orgânicas, não percebemos que ele nos dirige

a mesma censura e que, para ele, seu próprio desejo de conhecimento parece

melhor equilibrado que o nosso. (LÉVI-STRAUSS, 1908, pág. 17)

A falta de conhecimento científico muitas vezes impossibilita uma eficácia

melhor em nossos trabalhos e sem dúvida alguma, para o meio científico. Muitos

populares afirmam já terem encontrados várias ossadas espalhadas pelas furnas, e que

não deram muita importância, alguns por acharem algo “inútil” e outros por medo. De

fato, se a população fosse conhecedora da importância daquelas ossadas para o meio

científico e se houvesse incentivo dos órgãos públicos, poder-se-ia, então abrir a

possibilidade de Itatuba entrar no hall de abrigar uma verdadeira necrópole indígena,

talvez. Um grande passo para a arqueologia e para o desenvolvimento turístico do

município.

REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

BRITO, Vanderley de. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC Editora, 2008. CHARROUX, Robert. O Livro do Passado Misterioso. 2ª Ed. Bertrand. Rio de Janeiro 1975. Tradução de Maria João Seixas. LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem – A Ciência do Concreto. 1908. Campinas, SP. Papirus, 1989. MARTIN, Gabriela. Pré- História do Nordeste do Brasil, 4 ª Edição, Ed. Universitária UFPE – Recife – 2005. OLIVEIRA, Thomas Bruno. A Serra do Bodopitá – pesquisas arqueológicas na Paraíba. Vanderlei de Brito, Juvandi de Sousa Santos, Thomas Bruno Oliveira.

UM RELATO DE EXPEIÊMCIA DA LITERATURA DE CORDEL NO ENSINO DE FÍSICA

Jean Moisés de Sousa88¹/UEPB/[email protected] Samuel dos Santos Feitosa²/ UEPB/[email protected]

Josenildo Maria de Lima³/ UEPB/[email protected] Marcelo Gomes Germano4/ UEPB/[email protected]

Kanlinka Walderea Almeida Meira5/UEPB/[email protected] RESUMO

Apresentamos neste trabalho parte dos resultados de uma pesquisa interventiva de comunicação popular da ciência a partir da aplicação da literatura de cordel no ensino de física. O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de provocar nos alunos uma maior motivação para o estudo da Física e ao mesmo tento despertar o interesse para a literatura de cordel. Os resultados revelaram a aceitação e envolvimento dos estudantes durante todo o processo.

Palavras chaves: comunicação popular, Literatura de Cordel, Ensino de Física. INTRODUÇÃO

São evidentes as diferenças entre os textos de popularização e comunicação pública da ciência e os textos científicos. Enquanto a ciência lança mão de vários tipos de técnicas, metodologias e linguagens, sobretudo, a linguagem matemática, pressuposto fundamental para sustentação de seus conceitos, a comunicação pública da ciência terá que prescindir de quase todo esse formalismo para apoiar-se quase que exclusivamente na linguagem natural e, a partir de imagens e modelos, recriar os conceitos da ciência, de modo que, possa reencontrar-se com o senso comum do qual foi obrigada a se afastar.

Como nos lembra Lévy-Leblond (2004), por mais que a ciência seja formalizada, ela não pode prescindir da linguagem comum. É no espaço entreaberto para sempre entre o cálculo e a palavra que o pensamento pode se manifestar, tanto por meio da narração e da metáfora, como por intermédio do imaginário. Desse ponto de vista, é muito natural a proximidade entre divulgação científica e literatura. E no contexto nordestino, consideramos natural a proximidade entre divulgação científica e literatura de cordel.

Conforme Aragão (2007) nos folhetos, o poeta de cordel produz saberes que são oriundos de sua visão da realidade social e de suas práticas cotidianas. Podendo assim, serem utilizados como resposta afirmativa para tais questões, sobretudo, porque se constitui em uma importante iniciativa no sentido de aproximação da ciência com a arte popular através da literatura de cordel. Uma intervenção que procura situar o discurso da ciência no universo da cultura popular (ZANETIC, 2005, 2006).

Por apresentar várias temáticas como folhetos de discussão, romances, história de valentia e até mesmo funcionar como jornais, a literatura de cordel se tornou uma cultura

1Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB - [email protected]

2Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB - [email protected]

3Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Física da UEPB -

[email protected] 4Aluna do Mestrado em ensino de ciências e Matemática da UEPB - [email protected]

5Professor do Departamento de Física da UEPB, Orientador da pesquisa. [email protected]

regional de forte cunho popular. Com suas características próprias ela trata de temas do cotidiano no qual a ciência também está inserida, tais como fenômenos naturais, novas descobertas da humanidade, tratamento de doenças entre outros. presentes em cordéis como: HIPÓCRATES, SIR ISAAC NEWTON, DISCUSSÕES DE ZÉ DO TABACO COM O DOUTOR SAÚDE, todos de autoria do poeta Gonçalo Ferreira da Silva, encontrados no livro Ciência e Cordel – A ciência em versos populares dos autores (Moreira, Massarani e Almeida.

Para autores como Santos (2004); Germano (2008); Lévy-leblond (2004) e muito outros, a ciência vem se afastando gradativamente da cultura e se constituindo em um objeto estranho ao contexto da linguagem comum e universal. Nesse sentido, os esforços para reinserir a ciência no universo cultural são urgentes e imprescindivelmente necessários. No entanto, conforme pensa Freire (1996), a saída para uma relação mais próxima entre o senso comum e o conhecimento científico não pode ser dada através da propaganda ideológica e de uma divulgação massiva de conhecimentos científicos. Mas, encontra-se no diálogo e no intransigente respeito ao conhecimento de “experiência feito”. Assim, considerado o cordel um poderoso veículo de comunicação popular, certamente facilitará o diálogo entre o conhecimento acadêmico e as classes populares.

A UTILIZAÇÃO DO CORDEL EM SALA DE AULA

O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Nenzinha Cunha Lima em Campina Grande. Participaram da apresentação 50 alunos, estudantes do 3° Ano do Ensino Médio daquela escola. Para iniciar o trabalho foi entregue aos estudantes o cordel para que eles fizessem uma leitura pré-eliminar do mesmo. O conteúdo presente no descrevia situações cotidianas relacionadas como estudo dos fenômenos elétricos. Em seguida desenvolveu-se a recitação do cordel junto com uma encenação teatral. O termino da recitação e apresentação foi acompanhado de um empolgante som produzido pelos aplausos do público. Dando continuidade ao desenvolvimento do trabalho, foi ministrada uma palestra exploração os conceitos e temas presentes nos versos do cordel.

Para verificarmos a posição dos alunos frente à forma de trabalho desenvolvida, foi aplicado um questionário com perguntas objetivas e subjetivas que procuravam saber se a apresentação contribuía para motivá-los no estudo da Física e também facilitava na compreensão dos conteúdos explorados.

Uma das perguntas colocada para os estudantes presentes foi à seguinte: “Você acha que a aplicação do cordel facilitou na compreensão dos conteúdos explorados?”

Para a pergunta acima 68% dos alunos disseram que facilitou muito. Já 28% dos alunos disseram que facilitou pouco, outros 2% responderam que não facilitou em nada e 2% disseram que o cordel dificultou na compreensão dos conteúdos. Outra pergunta colocada para os estudantes buscava saber se a apresentação do cordel seria importante para motivar os alunos no estudo de física. Isso pode ser vista abaixo:

68%

2%2%28%

facilitou muito facilitou pouco

não facilitou em nada dificultou

Figura1. Gráfico para as respostas da 1ª pergunta.

“Em sua opinião o trabalho com o cordel é importante para motivar os estudantes no estudo da física?”

Podemos verificar no gráfico 2 que 98% dos alunos acham que esse tipo trabalho

é importante para motivá-los, enquanto 2% não vêem a apresentação do cordel como motivador para o estudo da Física. CONCLUSÃO

Analisando os dados coletados, percebe-se que este trabalho apresenta uma relação com as idéias de alguns estudiosos da área de ensino e divulgação científica. Verificamos que o uso da literatura de cordel em sala de aula pode proporcionar aos estudantes aproximação do conhecimento científico com os acontecimentos do cotidiano. Acreditamos que essa aproximação é um fator determinante para motivar os alunos no estudo da Física. Vemos também que a partir da ciência, reforçamos a divulgação da literatura de cordel, ao mesmo tempo em que a literatura de cordel popularizou algumas idéias da ciência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGÃO Patrícia, C. A cultura dos cordéis: território de tessituras de saberes. Tese de doutorado; UFPB, João Pessoa, 2007 FREIRE, P.; Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996. GERMANO, M. G. ; KULESZA, W. A. Popularização da Ciência e Tecnologia: um diálogo na interface entre uma nova ciência e um novo senso comum. Tese de Doutorado; UFPB, 2008. LÉVY-LEBLOND, J. O pensar e a prática da ciência, antinomias da razão. Tradução: Maria Lúcia Panzoldo, Bauru, São Paulo, EDUSC, 2004. MOREIRA, Ildeu de Castro, MASSARANI, Luisa e ALMEIDA, Carla (orgs.). Cordel e Ciência: a ciência em versos populares. Rio de Janeiro. Vieira & Lent: Fiocruz, 2005. SANTOS, B. S. Um Discurso sobre as Ciências. 2a ed. São Paulo, Cortez, 2004. ZANETIC, J. Física e Arte: uma ponte entre as duas culturas. Pro-posições, Campinas, SP, v.17, (1), pp. 39-58, 2006.

98%

2%

Sim

Não

Figura2. Gráfico para as respostas da 2ª pergunta.

UMA RELEITURA DA TEORIA DO DUPLO FLUXO NA ERA DIGITAL

Ana Célia da Rocha Santos89 & Ana Paula de Siqueira Saldanha90

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

RESUMO: O objetivo deste estudo é realizar uma releitura da teoria do Two-Step Flow,

proposta na década de 50, e analisar uma possível quebra de paradigma nesse

modelo. Para tanto, sugerimos que esse redimensionamento do fluxo comunicacional

reflete a evolução das tecnologias da comunicação e das relações fundamentais entre

o indivíduo e a sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Mídias digitais; Two-step flow; Cibercultura

O objetivo deste estudo é analisar uma possível quebra de paradigma dos

sistemas comunicacionais tradicionais a partir da comercialização da Internet na

década de 1990 – uma vez que a sua popularização mudou o cenário de produção de

informação na sociedade. Partimos, portanto, da releitura de um dos modelos dos

estudos da Comunicação: a teoria do Two-step flow, ou duplo fluxo, proposta por Katz

e Lazarsfeld na década de 50, que afirma que contatos interpessoais atuam como

importantes estímulos no processo de apreensão da informação, especialmente

através das mediações dos chamados “líderes de opinião”.

A metodologia está amparada em leituras dirigidas no tocante às evoluções das

escolas de comunicação e os efeitos que essas provocam na sociedade; em índices

estatísticos realizados pela Empresa Global de Informações em Mídia (Instituto

Nielsen); e nas informações da American Society for Information Science and

Technology (ASIST)91.

89

Graduanda em Jornalismo pelo Departamento de Comunicação Social da UFAL. Email: [email protected] 90

Orientadora do trabalho e professora adjunta da UFAL. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Email: [email protected] 91

Sociedade Americana de Informação sobre Ciência e Tecnologia

A ASIST publicou pesquisa afirmando que a “popularização” da Internet tem

expandido as fontes de informação antes restritas aos tradicionais meios de

comunicação massivos, a exemplo da televisão e do rádio, mediados pelos “líderes de

opinião” – o tradicional Two-Step Flow.

Pontualmente no que diz respeito ao campo da genética, os pesquisadores da

ASIST fizeram uso de questionários para testar esta a influência da internet no

comportamento do público ao procurar informações. Por telefone, foi questionada

uma amostra aleatória de 882 (oitocentos e oitenta e dois) adultos, sobre seus

conhecimentos, preocupações e interesses em testes genéticos. A pesquisa aponta

que os entrevistados tendiam a recorrer primeiramente à Internet para obter

informações sobre o assunto; num segundo momento a livrarias; e, em terceiro, a

médicos especialistas.

Os resultados da pesquisa levantam questões sobre as alterações estruturais

das mídias, decorrentes da mudança na prática específica de produção e circulação de

informações, que afetam suas relações com a esfera pública, e conseqüentemente na

escolha do público em relação à credibilidade dos meios.

Há que se reconhecer que a produção de informação na mídia digital alterou a

forma pela qual a sociedade relaciona-se com os meios de comunicação. Diríamos que

estamos vivenciando um retorno ao modelo de comunicação do “duplo fluxo”, porém

digital – com a figura do “líder de opinião” modificada. Sai de cena o tradicional líder

comunitário, que repassava as informações que julgasse de interesse geral; e entra em

cena a figura do “blogueiro”92.

As conversas interpessoais, mediadas pelas mídias digitais, mostram-se mais

influentes do que a mídia tradicional no tocante à confiança do público nas

informações que recebe. Na contramão dos estudos sobre os efeitos de “persuasão”

da mídia “massiva”, a comunicação interpessoal digitalizada altera os efeitos dos

meios da comunicação de massa sobre a sociedade. Neste contexto, analisamos a

pesquisa do Instituto Nielsen sobre o grau de confiabilidade das pessoas em

92

Um weblog, ou simplesmente blog, é um tipo site que se baseia em três características principais: uma página inicial onde são listadas as últimas mensagens ou artigos (que, no caso dos blogs, são chamados de posts ou postagens) em ordem cronológica

recomendações de produtos, parte de pesquisa realizada pela empresa duas vezes ao

ano com 25.000 consumidores da internet em 50 países, inclusive o Brasil.

A pesquisa mostra que nove entre cada dez consumidores no mundo (90%)

confiam nas sugestões de pessoas conhecidas, comprovando a relevância da teoria

Two Step Flow, porém demonstra ainda que sete em cada dez (70%) confiam na

opinião de consumidores expressas online, caso dos blogueiros. Embora sites de

marcas alcancem altos índices de confiança, outras formas de publicidade digital

ficaram com índices abaixo de anúncios da mídia tradicional, à exceção dos jornais, nos

quais a propaganda apresenta queda nos níveis de confiança. A mídia televisiva

aparece na pesquisa em sexto lugar, com sessenta e dois por cento (62%) da

confiabilidade do público. Este é um fenômeno, porém, atualmente pouco teorizado e

que merece maior atenção da comunidade científica no tocante a pesquisas que

possam vir a corroborar ou não com as proposições aqui expostas.

Referências Bibliográficas:

ALLARD, Suzanne L.; ANDREWS, James E.; CASE, Donald O.; KELLY, Kimberly M.;

Johnson, J. DAVID. From two-step flow to the internet: the changing array of sources

for genetics information seeking. USA: Journal of the American Society for Information

in Science and Technology, 2004

BENNETT, W. Lance; IYENGAR, Shanto. A New Era of Minimal Effects? The Changing

Foundations of Political Communication. USA: Journal of Communication, 2008

KATZ, Elihu.The Two-Step Flow of Communication: An up-to-date report on an

hypothesis. Oxford, UK: Oxford University Press, 1957

Personal Recommendations and consumer opinions posted online are the most

trusted forms of advertising globally. Nielsen Online. Disponível em:

http://www.ibope.com.br/nielsen_online/download/09_07_15_confiana_nielsenonlin

e.pdf