ciclos vitais finitude humana segunda aula

70
As Tipologias da Morte

Upload: erasmo-ruiz

Post on 10-Apr-2017

368 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

As Tipologias da Morte

Page 2: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

A Morte de Mario Covas “A partir daí, seria dispensável vivê-la

em praça pública. Os brasileiros se constrangem todos os dias com as cenas do homem que é a sombra do vigor físico esbanjado no governo do maior estado do Brasil. As cenas se sucedem e os cidadãos olham para os médicos que assistem Mário Covas, mas que, como em exemplos recentes, não assumem a responsabilidade e a autoridade de vetar esse espetáculo. ... [os médicos] sabem perfeitamente que, no estado em que se encontra, Mário Covas não tem condições de ser o árbitro de sua vontade até o último ato” (Jornal do Brasil, 17/01/01, 1ª página)

Page 3: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Os Modelos do Morrer Aisengart (2003)

• Morte Tradicional

• Morte Moderna

• Morte Contemporânea

Page 4: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

A Morte Tradicional• Autonomia do

Moribundo• Maneira familiar,

pública, onipresente• Morte “Domada” • Recursos precários para

se lidar com a dor.• Sistema simbólico que

“explicava” a morte e “torturava” com a ameaça do inferno.

Page 5: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Morte Moderna• Passagem do cuidado do paciente da

família e da igreja para o médico e o hospital

• Prática Médica racionalizada e tecnologizada

• Supremacia do discurso do poder médico.

• Silêncio das falas da família e do moribundo.

• Transformação radical nas formas de morrer a partir das duas grandes guerras: revolução das práticas cirúrgicas, UTI

• Contradição: Eficácia Terapêutica X Distanásia

Page 6: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Modelo Contemporâneo• Consciência da proximidade

da morte: “O tratamento deve ser discutido, em suas várias etapas, pelos diversos atores sociais envolvidos. Uma vez explicitados os limites da ação do médico e dos desejos do doente, o moribundo pode deliberar sobre o período de vida restante, escolher procedimentos e se despedir.”(Aisengart, 2003)

• RESGATE DA AUTONOMIA• RESOLUTIVIDADE: manejo da dor• RUPTURA COM A CONSPIRAÇÃO DO

SILÊNCIO: Falar; escutar; dialogar.• PREVINE MORTE SOCIAL: O

moribundo está ao lado da equipe, da família, dos amigos, de quem quiser!

• RESGATE DA DIGNIDADE: Cuidados focados no paciente: biografia

• REESTRUTURAÇÃO INSTITUCIONAL: Enfermarias, Hospices, Casa

Page 7: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

A Morte No Passado

Page 8: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

PARADOXO EXISTENCIAL: SOMOS MORTAIS MAS NÂO QUEREMOS MORRER

Page 9: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

SOCIALIZAÇÃO

Page 10: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 11: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 12: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

SOMOS SOCIALIZADOS PARA A MORTE?

Page 13: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 14: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Destes quadros, três foram pintados no final do século XIV e um no século XVI. Qual é o mais recente?

Page 15: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 16: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 17: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Hans Grien

Page 18: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Peter Bruegel

Page 19: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Vaidade

Page 20: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Caravaggio

Page 21: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 22: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 23: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 24: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Foto Mortuária: Afirma e Nega a MORTE

Page 25: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 26: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 27: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 28: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 29: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 30: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 31: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 32: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 33: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Mosteiro dos Capuchinhos

Page 34: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 35: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 36: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

• A MORTE DOMADA• COMPREENDIDA• Arte de Morrer

• Arte de Viver

Page 37: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 38: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

O Homem Assombrado Pela Razão Busca o Dr Arrieta

Page 39: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Impessoalidade e Distância

Page 40: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 41: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 42: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Estratégias de Venda: A Leitura de Duplo Sentido e o Medo da Morte

• "Cremação: uma novidade quentinha da Sinaf.""Nossos clientes nunca voltaram para reclamar.""O seguro de vida que você vai dar graças a Deus. Pessoalmente." "Como planejar a morte da sua sogra."

Page 43: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Estratégias de Venda: A Leitura de Duplo Sentido e o Medo da Morte

• "O melhor plano é viver. Mas vai que dá errado.""Reforme sua casa de olhos fechados.""Se beber, não dirija. Se dirigir, Sinaf.""Um dia você não acorda e está rico.""Sinaf, 25 anos. Incrível chegar onde chegamos perdendo um cliente atrás do outro."

Page 44: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 45: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

O Caixão da Barbie: a vivência da morte devorada pelo mercado

Page 46: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Humanização e “Acolhimento” da Morte

Page 47: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

ACOLHIMENTO• [Do lat. *accolligere.]

Dar acolhida ou agasalho a;Receber.

Atender aDar crédito a; dar ouvidos

a;Admitir, aceitar;

Tomar em consideração; Abrigar, agasalhar;

Refugiar-se, amparar-se.

Page 48: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Devemos “acolher” a morte

Page 49: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Devemos “acolher” a morte

Somos todos seres para a morte

Somos seres vulneráveis Neste sentido, nada nos

difere dos nossos pacientes.

Temos, junto com eles, de aprender a morrer!

Page 50: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher as Necessidades espirituais

Page 51: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher as necessidades existenciais

Page 52: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher os conflitos e ansiedades da família

Page 53: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher as necessidades de ambiência

Page 54: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher a si mesmo e ao outro: precisamos conversar sobre a morte

Page 55: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Desdobramentos na Formação

• Como comunicar ao paciente e familiares o agravamento da doença;

• Como lidar com pacientes que estejam apresentando forte expressão emocional: medo, raiva, tristeza;

• Como desenvolver o tratamento de pacientes sem possibilidade de cura, aprofundando a questão da diferença entre curar e cuidar;

• .

Page 56: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Desdobramentos na Formação• Como cuidar de sintomas

incapacitantes, que causam muito sofrimento e dor;

• Como abordar a família quando da aproximação da morte, como acolher os fortes sentimentos presentes nessas situações;

• Como lidar com a expressão do desejo de morrer por parte do paciente, ou da família, que não suporta ver tanto sofrimento

Page 57: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Impactos nos Processos de Trabalho em Saúde

• Redesenho da ambiência• Discussão de como lidar

com cadáveres• Discussão de fluxos de

trabalho e informação.• Mudanças nas rotinas

institucionais quando da proximidade da morte

• A morte não é algo pontual mas sim um processo!

Page 58: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Conviver com a Morte Implica em:

• Mudanças nas estratégias discursivas (questionar adjetivações apenas negativas)

• Resgate do nome das pessoas• Resgate da biografia• Mudança de termos e/ou

expressões (“Pacote”, paciente “JEC”).

• Legitimação da dor e do sofrimento humanos (barreira contra a medicalização do natural). O choro é legítimo, o sofrimento é legítimo, não são “doenças”

Page 59: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Necrotérios Nos Hospitais

Page 60: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Conviver com a Morte Implica em:

• Viabilizar mudanças ambientais.• Remodelar os Necrotérios

(espiritualidade, dignidade, pré-velório)

• A Experiência das Salas de Luto• O uso de protocolos de más

noticias

Page 61: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

FORMAR COMITÊS DE ÓBITOS MORTE

• Ir além dos números• O que acontece quando as

pessoas morrem?• Como a morte impacta no

trabalho?• Como os trabalhadores lidam

com os familiares• A Inspiração dos GTHs• A difícil empatia com as perdas

Page 62: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher a Morte Implica em:Botar a “boca no Trombone”A Morte Provoca “Ruídos” entre as

pessoas nos Serviços. Que tal começar a discutir o que o

ruído esconde ou provoca?Motivar falas, rodas de conversa,

“quebrar o gelo”: TEMATIZAR!

Page 63: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Necrotérios Nos Hospitais

Page 64: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Acolher a Morte Implica em:• Viabilizar mudanças ambientais.• Remodelar os Necrotérios

(espiritualidade, dignidade, pré-velório)• A Experiência das Salas de Luto• O uso de protocolos de más

noticias

Page 65: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

O Profissional Ideal

Page 66: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Temos de Ser Super Heróis!?

Page 67: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Temos de Ser Super Heróis!?

Page 68: Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Page 69: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

Somos tão vulneráveis quanto as pessoas que atendemos: SOMOS HUMANOS!

Page 70: Ciclos vitais finitude humana segunda aula

É PRECISO ACRESCENTAR MAIS VIDA AOS DIAS, QUE DIAS A VIDA..." CICELY SAUNDERS