charneca em flor - florbela espanca
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CHARNECA
EM FLOR
Florbela Espanca
Enche o meu peito, num encanto mago,
O fremito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
Florbela Espanca,
nascida Flor Bela Lobo, (Vila Viçosa, 8 de
dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930)
foi uma poetisa portuguesa, precursora do movimento feminista em seu país, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus
sofrimentos íntimos em poesia da mais alta
qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de
João Maria Espanca, que não a reconheceu
como filha.
Porém com a morte de Antónia em 1908, João
e sua mulher Maria Espanca criam a
menina.
O pai só reconheceria a paternidade muitos anos
após a morte de Florbela.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu a
primeira poesia de que temos conhecimento, “A
Vida e a Morte”.
Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com
Alberto Moutinho.
Concluiu um curso de Letras em 1917,
inscrevendo-se a seguir para cursar Direito, sendo
a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.
Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o” Livro
de Mágoas”. É nessa época que Florbela começa a apresentar
sintomas mais sérios de desequilíbrio mental.
Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho,
passando a encarar o preconceito social
decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com
António Guimarães.
“O Livro de Sóror Saudade” é publicado em
1923.
Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu
o divórcio.
Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage.
A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião),
abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de “As Máscaras do Destino”.
Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e
Novembro de 1930, às vésperas da
publicação de sua obra-prima,
“Charneca em Flor”.
Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-
se no dia do seu aniversário, 8 de
Dezembro de 1930.
“Charneca em Flor” viria a ser publicado
em janeiro de 1931.
FORMATAÇÃO: Mima(Wilma) Badan
MÚSICA: Tudo isto é o fado
Interpretação: Amália Rodrigues
(Repasse com os devidos créditos)
BLOG: www.mimabadan.blogspot.com
PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS: www.slideshare.net/mimabadan