characeae(chlrophyta) emecossistemas loticos do estado de...

18
Hoehnea 29(3): 249-266, 82 fig., 2002 Characeae (Chlrophyta) em ecossistemas loticos do estado de Sao Paulo, Brasil: genero Nitella Jair Vieira Junior', Orlando Necchi Junior 1 ,3, Cira Cesar Zanini Branc0 2 e LUIs Henrique Zanini Branco' Recebido: 03.12.200 I; aceito: 26.08.2002 ABSTRACT - (Characeae (Chlorophyta) in lotic ecosystem from Sao Paulo State, Brazil: genus Nitella). One hundred and eight populations of Nitella were examined from 172 stream segments in six biomes/regions in Sao Paulo State, southeastern Brazil, resulting in the description of 12 specific or infra-specific taxa and discussion on the validity of diagnostic criteria currently used for species delineation. Four taxa are particularly interesting: N. praelonga and N. transiucens subsp. subiucens are described for the first time out of North America and Asia, respectively; N. tenuissillla f. tenuissillla is described for the first time in Sao Paulo State and Nitella sp., a probable new species previously reported, was found again. Results show that quantitative characters (particularly of vegetative structures) should be avoided in the identification and circumscription of specific and infra-specific taxa. We suggested the need for revision in taxa of sections Tieffallenia and Rajia, including additional techniques, the examination of populations from wider areas as well as the nomenclatural types. Key words: Characeae, Nitella, lotic ecosystem, taxonomy RESUMO - (Characeae (Chlorophyta) em ecossistemas l6ticos do estado de Sao Paulo, Brasil: genero Nitella). Cento e oito de Nitella foram examinadas em 172 rios/riachos em seis biomas/regi6es do estado de Sao Paulo, resultando na de 12 taxons especfficos e/ou infra-especfficos e na discussao sobre a validade dos caracteres utilizados. Quatro taxons merecem destaque: N. praeionga eN. transiucells subsp. subiucells sao descritos pela primeira vez fora da America do Norte e da Asia, respectivamente; N. tenuissima f. tenuissillla e descrita pela primeira vez e referida pel a segunda vez para o estado de Sao Paulo e Nitella sp., uma provavel especie nova para a ciencia reportada anteriormente, foi reencontrada. Os resultados mostram que caracteres quantitativos (sobretudo de estruturas vegetativas) devem ser evitados na e dos taxons especfficos e infra-especfficos. Ha necessidade de revisao dos taxons das Tieffallenia e Rajia, incluindo tecnicas adicionais e exame de de areas mais amplas, bern como dos tipos nomenclaturais. Palavras-chave: Characeae, ecossistema l6tico, Nitella, taxonomia o estudo taxonomico mais abrangente de Characeae, em nfvel mundial, ea revisao de Wood & Imahori (1964, 1965), na qual ha referencia a diversos materiais brasileiras, inclusive do estado de Sao Paulo. Alem desse, foram desenvolvidos valiosos estudos revisionarios e/ou f1orfsticos de Characeae, incluindo a genera Nitella, para a America do Norte (Wood 1967, Mann 1989, Langangen et al. 1996, Mann et al. 1999), Asia (Zaneveld 1940,Imahori 1954, Wood 1972, B lazencic & Temniskova-Topalova 1991, Garcia 1999) eEuropa (Corilion 1957, Langangen 1974, Moore 1986, Blazencic et al. 1990, Simons & Nat 1996, Krause 1997). Entretanto, a maioria desses trabalhos tratou, predominantemente, de de ambientes lenticos au indistintamente de ambientes l6ticos e lenticos. Em contraste, relatos sabre aspectos f1orlsticos e/ou taxonomicos de Nitella, exclusivamente em ambientes l6ticos, sao inexistentes. Hist6rico sabre a pesquisa de Characeae no Brasil constam em Bicudo & Yamaoka (1978), Astorino (1983), Picelli-Vicentim (1990), Bueno et al. (1996), Bueno & Bicudo (1997). No Brasil, as trabalhos taxonomicos mais recentes e abrangentes do genera Nitella sao relativamente esparsos e representados, em grande parte, par teses au nao publicadas e par alguns artigos. 0 trabalho de Bicudo & Yamaoka (1978) marcou a infcio efetivo das pesquisas taxonomicas especfficas sabre a genera Nitella no Brasil, com a levantamento do subgenera Nitella. Astorino (1983) fez a levantamento I. Universidade Estadual Paulista, Departamento de Zoologia e Botanica, Rua Crist6vao Colombo, 2265, 15054-000 Sao Jose do Rio Preto, SP, Brasil. 2. Universidade Estadual do Centro-Oeste, Departamento de Biologia, Caixa Postal 730, 85015-430 Guarapuava, PR, Brasil. 3. Autor para correspondencia: [email protected]

Upload: doankhuong

Post on 28-Oct-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Hoehnea 29(3): 249-266, 82 fig., 2002

Characeae (Chlrophyta) em ecossistemas loticos doestado de Sao Paulo, Brasil: genero Nitella

Jair Vieira Junior', Orlando Necchi Junior 1,3, Cira Cesar Zanini Branc02 e LUIs Henrique Zanini Branco'

Recebido: 03.12.200 I; aceito: 26.08.2002

ABSTRACT - (Characeae (Chlorophyta) in lotic ecosystem from Sao Paulo State, Brazil: genus Nitella). One hundred andeight populations of Nitella were examined from 172 stream segments in six biomes/regions in Sao Paulo State, southeasternBrazil, resulting in the description of 12 specific or infra-specific taxa and discussion on the validity of diagnostic criteriacurrently used for species delineation. Four taxa are particularly interesting: N. praelonga and N. transiucens subsp.subiucens are described for the first time out of North America and Asia, respectively; N. tenuissillla f. tenuissillla isdescribed for the first time in Sao Paulo State and Nitella sp., a probable new species previously reported, was found again.Results show that quantitative characters (particularly of vegetative structures) should be avoided in the identification andcircumscription of specific and infra-specific taxa. We suggested the need for revision in taxa of sections Tieffallenia andRajia, including additional techniques, the examination of populations from wider areas as well as the nomenclatural types.Key words: Characeae, Nitella, lotic ecosystem, taxonomy

RESUMO - (Characeae (Chlorophyta) em ecossistemas l6ticos do estado de Sao Paulo, Brasil: genero Nitella). Cento e oitopopula~6es de Nitella foram examinadas em 172 rios/riachos em seis biomas/regi6es do estado de Sao Paulo, resultando nadescri~ao de 12 taxons especfficos e/ou infra-especfficos e na discussao sobre a validade dos caracteres utilizados. Quatrotaxons merecem destaque: N. praeionga eN. transiucells subsp. subiucells sao descritos pela primeira vez fora da Americado Norte e da Asia, respectivamente; N. tenuissima f. tenuissillla e descrita pela primeira vez e referida pela segunda vez parao estado de Sao Paulo e Nitella sp., uma provavel especie nova para a ciencia reportada anteriormente, foi reencontrada. Osresultados mostram que caracteres quantitativos (sobretudo de estruturas vegetativas) devem ser evitados na identifica~ao

e circunscri~ao dos taxons especfficos e infra-especfficos. Ha necessidade de revisao dos taxons das se~6es Tieffallenia eRajia, incluindo tecnicas adicionais e exame de popula~6es de areas mais amplas, bern como dos tipos nomenclaturais.Palavras-chave: Characeae, ecossistema l6tico, Nitella, taxonomia

Introdu~o

o estudo taxonomico mais abrangente deCharaceae, em nfvel mundial, e a revisao de Wood &Imahori (1964, 1965), na qual ha referencia a diversosmateriais brasileiras, inclusive do estado de Sao Paulo.Alem desse, foram desenvolvidos valiosos estudosrevisionarios e/ou f1orfsticos de Characeae, incluindoa genera Nitella, para a America do Norte (Wood1967, Mann 1989, Langangen et al. 1996, Mann et al.1999), Asia (Zaneveld 1940,Imahori 1954, Wood 1972,B lazencic & Temniskova-Topalova 1991, Garcia 1999)eEuropa (Corilion 1957, Langangen 1974, Moore 1986,Blazencic et al. 1990, Simons & Nat 1996, Krause1997). Entretanto, a maioria desses trabalhos tratou,predominantemente, de popula~oes de ambientes

lenticos au indistintamente de ambientes l6ticos elenticos. Em contraste, relatos sabre aspectosf1orlsticos e/ou taxonomicos de Nitella, exclusivamenteem ambientes l6ticos, sao inexistentes.

Hist6rico sabre a pesquisa de Characeae noBrasil constam em Bicudo & Yamaoka (1978),Astorino (1983), Picelli-Vicentim (1990), Bueno et al.(1996), Bueno & Bicudo (1997). No Brasil, astrabalhos taxonomicos mais recentes e abrangentesdo genera Nitella sao relativamente esparsos erepresentados, em grande parte, par teses audisserta~6es nao publicadas e par alguns artigos. 0trabalho de Bicudo & Yamaoka (1978) marcou a infcioefetivo das pesquisas taxonomicas especfficas sabrea genera Nitella no Brasil, com a levantamento dosubgenera Nitella. Astorino (1983) fez a levantamento

I. Universidade Estadual Paulista, Departamento de Zoologia e Botanica, Rua Crist6vao Colombo, 2265, 15054-000 Sao Jose do RioPreto, SP, Brasil.

2. Universidade Estadual do Centro-Oeste, Departamento de Biologia, Caixa Postal 730, 85015-430 Guarapuava, PR, Brasil.3. Autor para correspondencia: [email protected]

250 Hoehnea 29(3), 2002

de Characeae na regiao oriental do estado do RioGrande do Sui identificando 11 taxons do genero.Picelli-Vicentim (1990), no inventirio das Characeaedo estado de Sao Paulo registrou 20 taxonsespecfficos ou infra-especfficos de Nitella. Picelli­Vicentim & Bicudo (1990) registraram N. lhotzf...)'ino Brasil, especie ate entao conhecida apenas naAustralia. Picelli-Vicentim (1992) descreveu umaespecie nova, N. tolypelloides. Picelli-Vicentim &Bicudo (1993) realizaram levantamento deCharophyceae do Parque Estadual das Fontes doIpiranga, registrando sete taxons de Nitella. Bueno& Bicudo (1997) estudaram material do Pantanal deMato Grosso do SuI, catalogando dez taxons dogenero. Em todos os trabalhos acima foram discutidosproblemas taxonomicos, referentes a ma defini<;ao decaracteres diagn6sticos normalmente empregados naidentifica<;ao dos taxons do genero Nitella.

Diante dessas informa<;6es, constatou-se que 0

conhecimento sobre aspectos taxonomicos de Nitellano Brasil, principalmente de popula<;6es de ambientes16ticos, e pouco expressivo. A hip6tese centrallevantada a partir das informa<;6es disponfveis e se oscaracteres diagn6sticos normal mente utilizados naidentifica<;ao dos taxons especfficos e/ouinfra-especfficos de Nitella (Wood & Imahori 1964,1965) e amplamente aplicados pelos pesquisadoresbrasileiros, seriam criterios aplicaveis em popula<;6esde ecossistemas 16ticos. 0 objetivo deste trabalho foia realiza<;ao do levantamento f1orfstico e estudostaxonomicos complementares do genero Nitella parao estado de Sao Paulo.

Material e metodos

Os procedimentos de amostragem (no estado eem cada regiao), medi<;ao e analise foram

Chave para os taxons

detalhadamente descritos em outros trabalhos (NecchiJr. et al. 1999,2000,2002; Branco et al. 2001).

Especificamente para as Characeae os especimesforam fixados em campo em solu<;ao de formaldefdo4% (Johansson 1982). Em laborat6rio, foramidentificados nos nfveis especffico e/ouinfra-especffico. As descri<;6es taxonomicas com asprincipais caracterfsticas diagn6sticas foram baseadasem trabalhos relevantes (Wood & Imahori 1964, 1965,Moore 1986,Picelli-Vicentim 1990, Buenoetal. 1996,Krause 1997). A classifica<;ao dos sub-generos ese<;6es seguiu 0 sistema de R.D. Wood (Wood &Imahori 1965).

Para as descri<;6es dos taxons registrados nestetrabalho, os caracteres morfometricos foram avaliadosem replicas de 15, conforme a equa<;ao n = (slExl(Southwood 1978), onde s = desvio padrao, X= media,E = erro padrao pre-determinado (0,05). Esta foiaplicada para todas as caracterfsticas em testespreliminares, adotando-se 0 maior numero obtido. Asfotomicrografias foram realizadas com microsc6pioOlympus BHS, equipado com sistema fotomicro­grMico PM-lO AD. Conjuntos representativos foramincorporados ao Herbario SJRP (Holmgren &Holmgren 1993).

Para cada taxon registrado sao apresentados:descri<;ao, ilustra<;ao, especimes examinados,distribui<;ao no Brasil (por estados) e caracterfsticasambientais (amplitude, media e desvio-padrao).

Resultados

Doze taxons especfficos e/ou infra-especfficosforam catalogados para 0 genero Nitella, comsubgeneros Nitella, se<;6es Rajia e Ridellia eTieffallenia, se<;6es Gioallenia, Migularia,Persoonia e Tieffallenia.

1. Ramulos verticilados normal mente I-furcados, terminados pelo agrupamento de dactilosunicelulados 2

1. Ramulos verticilados normal mente de 2-3(-4) furcados, terminados em dactilos com 2 a 3celulas 52. Dactilos reduzidos (2-5), predominantemente (>60%) abreviados, coroa presente; celulas

infladas 32. Dactilos acuminados (3-6) predominantemente (>60%) alongados, coroa ausente; celulas

nao infladas 43. Plantas di6icas Nitella cen~ua

3. Plantas mon6icas Nitella praelonga

J. Vieira Junior, O. Neeehi Junior. c.C.Z. Branco & L.H.Z. Branco: Characeac no cstado de Sao Paulo: Nilella 251

4. Capftulos condensados Nile//a go/LlIleriana4. Capftulos frauxos Nile//a sllhgLomerala

5. Gametangios ausentes na primeira furca~ao 65. Gametangios presentes na primeira furca~ao 7

6. Largura da fossa do oosporo > 50 ,..lIll Nile/La jllrcala subsp. flagellifera6. Largura da fossa do oospora < 45 pm Nilella lenllissillla f. lenuissima

7. Gametangios pedunculados Nilella sp.7. Gametangios sesseis 8

8. Dactilos predominantemente (>60%) alongados 98. Dacti los predominantemente (>60%) abreviados 10

9. Ramulos verticilados dimorficos, capftulos presentes ........................................................................ Nilella jllrcala subsp. lIlucronala var. 1I111cronala f. wrighlii

9. Ramulos verticilados monomorficos, capftulos ausentes ........................................................................................... Nilella jurcala subsp. lIl11cronala val'. mucronala10. Ramulos verticilados dimorficos, capftulos presentes Nile/La trans/uscens subsp. sub/ucens10. Ramulos verticilados monomorficos, capftulos ausentes 11

11. Nuculas 2 por no, dactilos 2-celulados Nilella jurcata subsp. !llrcala var. sieberi f. microcarpa11. Nuculas 1-2 por no, dactilos 2-3-celulados Nilella jurcata subsp. jurcala var. sieberi

Subgenero Nilella R.D. Wood, Taxon 11: 15; Se~aoRajia R.D. Wood, Taxon 11: 16. 1962.

Nilella gollllleriana A. Braun, Monatsberichte derDeutschen Akademie der Wissenchaft zu Berlin 1858:355.1859.Figuras 1-6

Plantas monoicas, ecorticadas, desprovidas deincrusta~ao calcaria, alL?; entreno 0,7-3,4 cmcompr.; verticilos estereis bem desenvolvidos,ferteis reduzidos, formando capftulos condensadosdesprovidos de muco; ramulos verticilados estereis(6-)7-8(-10), 0-I-furcados (raramente 2-furcados),0,7-2,0 cm compr.; dacti los 3-4, 1-cel ulados,acuminados, (540-)900-3.540(-4.800) pm compr.;ramulos subjacentes (raios primarios),(1.350-)2.850-6.600(-9.000) pm compr.; cauloides410-800 pm diam.; capftulos pedunculados,900-3.000 pm diam., pedunculo 900-5.400(-6.300) pm compr.; dactilos 780-1.050 pm compr.;gametangios sesseis, raramente pedunculados,presentes na primeira furca~ao dos ramulos,conjuntos e/ou sejuntos, dentro ou fora dos capftulos;nuculas 1-2 por no, 240-450 pm compr., 150-400 pmdiam.; oosporos com parede finamente granulada,260-300 pm compr., 190-260 pm diam., fossa40,0-67,5 pm larg.; globulos com 8 escudostriangulares, 210-340 pm diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: EspfritoSanto do Turvo, 1 km da SP-225, Con'ego do Rangel,

cerrado, 22°42'S e 49°25' W, 14-IX-1997, O. Necchie C. Branco; Cunha, 2 km da SP-171, 3,5 km dacidade, Ribeirao Mato Dentro, Mata Atlantica, 23°01'Se 44°51'W, 17-VIII-1993, C. Branco e O. Necchi.Dirce Reis, 4 km da SP-463; Fazenda Sidnei, 20°30' Se 19°33'W, 16-VI-1993, C. Branco e O. Necchi.

Distribui~aono Brasil: Mato Grosso do Sui (Bueno &Bicudo 1997); Sao Paulo (Bicudo 1969, Bicudo &Yamaoka 1978, Picelli-Vicentim 1990, Branco &Necchi Jr. 1996, Necchi Jr. et at. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=3): temperatura:14,5-24,4°C (l9,6±5,0), velocidade da correnteza:15-85 cm S·l (40±39), condutividade eletrica:36-90 pS cm(54±31), turbidez: 7-13 (9±3) UTN, localaberto a parcialmente sombreado, pH: 6,8-7,0(6,9±0,l); satura~aode oxigenio: 58-76% (64±1O).

Nilella sllbg/olllerala A. Braun, Monatsberichte derDeutschen Akademie der Wissenchaft zu Berlin 1858:356.1859.Figuras 7-12

Plantas monoicas, ecorticadas, desprovidas deincrusta~ao calcaria, 12,5-20,0 cm aiL; entreno1,2-5,0 cm compr.; verticilos estereis bemdesenvolvidos, ferteis reduzidos, formando capftulosfrouxos (Iaxos) desprovidos de muco; ramulosvertici lados estereis 7-10(-11), 0-I-furcados,1,2-3,6 cm compr.; dactilos 2-5, l-celulados,acuminados, 2.100-9.300(-14.100) pm compr.;

252 Hoehnea 29(3), 2002

I

-j(

1

11

Figuras 1-6. Nilella gollmeriana. 1-2. Apices da planta mostrando capitulos condensados (setas). 3. Dactilo unicelulado acuminado. 4.GI6buio isolado na base dos dactilos. 5. Capitulo condensado com nucula (seta dupla) e gl6bulo (seta simples). 6. Detalhe da parede do06sporo. Figuras 7-12. Nile/la subglo1l1erara. 7. Apice da planta mostrando capitulos frouxos (setas). 8. Dactilo unicelulado acuminado. 9.GI6buio (seta simples) e nucula (seta dupla) conjuntos e uma nucula isolada. 10. Detalhe do capitulo frouxo. II. GI6bulo ( eta simples) e

nucula (seta dupla) no interior do capitulo. 12. Detalhe da parede do 06 para. E eala : Figura 1,2 e 7= I em, Figura 10= 1.000 11m, figuras4 e 8 =500 /Jm, figuras 3, 5, 6, 9, II e 12 =200 /Jm.

J. Vieira Junior, O. Necchi Junior, c.C.Z. Branco & L.H.Z. Branco: Characeae no estado de Sao Paulo: Nitella 253

ramulos subjacentes (raios primarios),2.850-24.000 f-lm compr.; cauloides 510-1.050 f-lmdiam.; capftulos pedunculados, 2.100-5.700 f-lmdiam., pedunculo 900-8.600(-12.150) f-lm compr.;dactilos 900-1.250 f-lm compr.; gametangios sesseis,raramente pedunculados, presentes na primeirafurcat;ao dos ramulos, conjuntos ou sejuntos, dentroou fora dos capftulos; nuculas 1-2 por no,170-550 f-lm compr., 110-465 f-lm diam.; oosporoscom parede finamente granulada, (117,5-)142,5-370 f-lm compr., (90-)137,5-330 f-lm diam.,fossa 35-77,5 f-lm largura; globulos com 8 escudostriangulares, 140-355(-510) f-lm diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: Apiaf,SP-165, 7 km de Apiaf, aguas duras, 24°29'S e48°51 'W, 8-X-1996, O. Necchi e C. Branco; CerqueiraCesar, corrego da Jacuba, 1 km da entrada da cidade,cerrado, 23°03'S e49°09'W, 16-IX-1997, O. Necchie C. Branco. Piraju, estrada SPV-87, km 4-5, ribeiraoda Chacara, 23° 15' S e 49°22'W, 15-IX-1997,O. Necchi e C. Branco; Teodoro Sampaio, 20 km dacidade, fazenda Sao Sebastiao, ribeirao Cuiaba,floresta tropical, 22°23'S e 52°15'W, 14-VII-1997,O. Necchi, C. Branco e L. Branco; Ipigua, corregodo Barbosa, 200 38'S e 49°24'W, 2-X-1997, 23-VIII e2-XII-1999, J. Vieira e O. Necchi; Itapura, Entre-Rios,COtTego da Julinha, 20°39' S e 51 °25'W, 15-VI-1993,O. Necchi e C. Branco; Nova Castilho, 3 km dacidade, corrego do Retiro, 20 0 46'S e 500 18'W,14-V-1993, O. Necchi e C. Branco; Sao Jose do RioPreto, SJR-150, ca. 5,5 km de Vila Azul, corrego daFigueira, 200 52'S e 49°23'W, IX-1990 e IV-1991,O. Necchi e D. Pascoaloto; estrada vicinal paraEngenheiro Schmidt, proximo ao pesque e pagueEstancia Primavera, corrego da Lagoa, 20°49' S e49°20'W, 26-VIII-1996, IV-VI-1997 e VIII-1997,J. Vieira e O. Necchi; Instituto Penal Agrfcola,proximo a represa, corrego do Morais, 200 50'S e49°26'W, III-1991, O. Necchi e D. Pascoaloto;Talhado, SJR-351, ca. de 2 km de Talhado, corregodo Talhadinho, 20 0 43'S e 49°13'W, VI-1996,25-X-1999, J. Vieira e O. Necchi.

Distribuit;ao no Brasil: Mato Grosso (Braun 1883,Bicudo & Yamaoka 1978), Mato Grosso do Sui (Bueno& Bicudo 1997), Minas Gerais (Bicudo & Yamaoka1978), Parana (Bicudo & Yamaoka 1978), Rio Grandedo Sui (Astorino 1983), Sao Paulo (Braun 1883, Wood& Imahori 1965, Bicudo & Yamaoka 1978,PiceIli-Vicentim 1990, Necchi Jr. et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=19): temperatura:17,2-24,6°C (21,2±2,0), velocidade da correnteza:4,0-85 cm S-I (29±23), condutividade eletrica:3-137 f-lS cm- I (51±37), turbidez: 2-14 UTN (7±), localaberto, parcialmente sombreado e sombreado, pH:5,9-7,6 (6,9±0,5), saturat;ao de oxigenio: 42-107%(66±15).

Set;ao Riddelia R.D. Wood, Taxon 11: 16. 1962.

Nitella cernua A. Braun, Monatsberichte derDeutschen Akademie der Wissenchaft zu Berlin 1858:354.1859.Figuras 13-16

Plantas dioicas, ecorticadas, desprovidas deincrustat;ao calcaria, 15,0-26,5 cm all.; entreno2,7-6,7 cm compr.; verticilos estereis bemdesenvolvidos, ferteis reduzidos, formando capftulosenvoltos em muco; ramulos verticilados estereis 6-10,sempre I-furcados, 2,4-5,5 cmcompr.; dactilos (3-)4-5,l-celulados, mucroniforrnes, abreviados, dispostos emcoroa, 220-330 f..lill compr.; ramulos subjacentes (raiosprimarios), constituindo praticamente todo 0

comprimento do ramulo, 1,7-4,8 cm compr.; cauloides830-1.350 f-lm diam.; capftulos pedunculados,2,4-7,5 cm diam., pedunculo 1,1-4,3 cm compr.;dactilos 230-660 f-lm compr.; gametangios sesseis,presentes na primeira furcat;ao dos ramulos, situadosem plantas separadas, dentro dos capftulos; nuculasca. 400 f-lm compr., ca. 300 f-lm diam., fossa? larg.;oosporo nao observado; globulos com 8 escudostriangulares, 140-235 f..lill diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: SaoJose do Rio Preto, estrada SP-425, corrego daFelicidade, 20 0 45'S e 49°20'W, VI-90, XI-90,O. Necchi e D. Pascoaloto; estrada SJR-150, ca. 5,5km da Vila Azul, corrego da Figueira, 200 52'S e49°23'W, IX-90, O. Necchi e D. Pascoaloto; InstitutoPenal Agricola proximo da represa, corrego do Morais,200 50'S e 49°26'W, 20-lX-2000, O. Necchi.

Distribui~aono Brasil: Mato Grosso do SuI (Bueno& Bicudo 1997), Minas Gerais (Wood & Imahori1965), Sao Paulo (Wood & Imahori 1965, Bicudo& Yamaoka 1978, Picelli-Vicentim 1990, Necchi Jr.et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=4): temperatura:19,7-27,I°C (24,0±3,4), velocidade da correnteza:30-74 cm S-I (53±16), condutividade eletrica:16-89 f-lS cm- I (66±31), turbidez: 3-29 UTN (l4±1O);

254 Hoehnea 29(3), 2002

15

2019

,

I

Figuras 13-16. Nilella cernua. 13-14. Apices da planta mostrando capitulos (setas). 15. Dactilos unicelulados formando coroa. 16. Detalhede capitulo jovem (seta). Figuras 17-24. Nile//a prae/onga. 17. Apice da planta, mostrando (seta) capitulo. 18-19. Detalhes do capitulo(seta). 20-21. Dactilos unicelulados formando coroa. 22. Dactilos do capitulo. 23. uculas com 06sporos (setas duplas) e gl6bulo (setasimples) no interior do capilulo. 24. Detalhe da parede do oosporo. Esealas: figuras 13, 14, 17 e 18 = 1 em, Figura 19 = 1.000 /-lm, figura 22=500 Ilm, figuras 15, 16, 20, 21 e 23 =300 Ilm, Figura 24 =50 Ilm.

J. Vieira Junior. O. ecchi Junior. eez. 13raneo & L.H.Z. 13ranco: Charaeeae no eSlado de S50 Paulo: Nilella 255

local aberto a parcial mente sombreado; pH: 6,7-7,9(7,1 ±0,5); satura~aode oxigenio: 50-63% (56±6).

Nitella praelonga A. Braun, Abhandlungen derKonigkichen Akademie der Wissenchaften ZL1 Berlin(1882): 40. 1882.Figuras 17-24

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrusta~aocalcaria, alt. ?; entren6 1,6-6,0 cm compr.;verticilos estereis bem desenvolvidos, felteis reduzidos,formando capftulos envoltos ou desprovidos de muco;ramulos verticilados estereis 7-9, sempre 1-furcados,1,0-5,0 cm compr.; dactilos 3-4(5), 1-celulados,abreviados, decfduos, pequenos, dispostos em coroa,330-540 f..Im compr.; dimulos subjacentes (raiosprimarios), constituindo praticamente todo a compr.do ramulo, 0,6-2,4 cm compr.; caul6ides 640-1.100 f..Imdiam.; capftulos pedunculados, 2.100-4.200 f..Im diam.,pedunculo 600-3.900 f..Im compr.; dactilos 660-960 f..I.mcompr.; gametangios sesseis, presentes na primeirafurca~ao dos ramulos, conjuntos e/ou sejuntos,exclusivamente dentro dos capftulos; nuculas (1-)2(-3)par n6, 250-440 f..Im compr., 230-410 f..Im diam.;o6sporos com parede finamente granulada,160-320 f..IJTI compr., 140-300 f..IJTI diam., fossa 45-85 f..IJTIlargura; gl6bulos com 8 escudos triangulares,300-380 f..Im diam..

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: TeodoroSampaio, Fazenda Sao Sebastiao, 20 km da cidade,f10resta tropical, entre Teodoro Sampaio e Planalto,Ribeirao Cuiaba, 22°23'S e 52°15'W, 14-VII-1997,O. Necchi, C. Branco e L. Branco.

Distribui~aono Brasil: primeira cita~aoda especie paraa telTit6rio brasileiro.

Caracterfsticas ambientais (n=1): temperatura: 19,9°C,velocidade da COITenteza: 58 cm S'l, condutividadeeletrica: 12 f..IS cm'l, turbidez: 6 UT , localparcial mente sombreado, pH: 5,9, satura~ao deoxigenio: 62%.

Subgenero Tieffallenia RD. Wood, Taxon 11: 17,Se~ao Cioallenia RD. Wood, Taxon 11: 19. 1962.

Nitella telluissima (Desvaux) Kiitzing emend. RD.Wood subsp. tellllissill/a var. tellllissima f. tellllissimaDesvaux, Journal de Botanique. 2: 313. 1809.Figuras 25-30

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrusta~ao calcaria, 5,0-7,0 cm alt.; entren6

0,4-1,2 cmcompr.; ramulos velticilados monom6rficos,5-7, 2-3-furcados, 0,2-0,5 cm compr.; capftulosausentes; dactilos 3-4, 2-celulados, alongados,300-960 ~lm compr.; ramulos subjacentes 360-900 f..Imcampr.; caul6ides 190-320 pm diam.; gametangiossesseis, ausentes da primeira furca~ao dos ramulos,conjuntos au sejuntos; nuculas 1 par n6, 200-450 f..Imcompr., 170-410 f..Im diam.; 06sporos com paredereticulada, 120-320 f..Im compr., 110-300 f..Im diam.,fossa 30-45 f..Im larg.; gl6bulos com oito escudostriangulares, 250-330 pm diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO:Guapia~u, c6n'ego do Ipe, 20°48' S e 49° 11 'W,20-V-1999, L. Branco e J. Pereira.

Distribui~ao no Brasil: Rio Grande do Sui (Astorino1983).

Caracterfsticas ambientais: sem informa~6es.

Se~ao Migularia RD. Wood, Taxon 11: 23. 1962.

Nitella sp.Figuras 31-42

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrusta~aocalcaria, (8,7-)11,0-22,0 cm alt.; entren60,8-2,8 cm compr.; verticilos estereis desenvolvidos,ferteis reduzidos formando capftulos desprovidos ouraramente envolvidos par muco; ramulos verticiladosestereis 6-8, 2-3(-4)-furcados, 0,8-2,5 cm compr.; raiossecundarios dos quais um pode dispor-se de maneiracentral; dactilos 3-4(5), 2-3-celulados, predominan­temente (>60%) alongados, (210-)600-4.500 pmcompr.; ramulos subjacentes (450-)780-5.100 f..Imcompr.; caul6ides 250-480 f..Im diam.; capftulospedunculados, 1.200-4.800 f..Im diam., pedunculo(690-)1.200-8.600 f..Im compr.; dactilos 360-1.100 f..Imcompr.; gametangios pedunculados, presentes naprimeria furca~aodos ramulos, conjuntos ou sejuntos,dentro au fora dos capftulos; nuculas 1-2 por n6,200-650 f..Im compr., 150-550 f..Im diam., pedunculos20-77 f..Im compr.; 06sporos com parede reticulada,130-580 f..I.m compr., 100-490 f..IJTIdiam., fossa 30-75 f..I.mlarg.; gl6bulos com oito escudos triangulares,150-360 f..Im diam., pedunculos 37,5-112,5 f..I.m compr.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO:Cerqueira Cesar, C6rrego da Jacuba, 1 km da cidade,celTado, 23°03'S e 49°09'W, 16-IX-1997, O. Necchie C. Branco; Cedral, estrada para municfpio dePotirendaba, 2,9 km da nascente, Rio Preto, 20°55' Se 49° 1TW, IX-X. 1992, VI-IX-1993, L. Branco e

256 Hoehnea 29(3), 2002

25

J

27

31

Figuras 25-30. Nile//a lenuissima f. lenuissima. 25. Apice da planta. 26. Dactilos 2-celulados alongados. 27. Ramulo fertil mostrando aprimeira furca<;iio desprovida de gametangios (seta). 28. Globulo isolado na base dos dactilos. 29. Nucula isolada na base dos dactilos. 30.Detalhe da parede do oospora. Figuras 31-34. Nile/La sp. 31-32. Apice da planta moslrando capitulos (setas). 33. Delalhe de capitulojovem. 34. Dactilo 2-celulado. Escalas: figuras 25,31 e 32 =1em, figura 33 =1.000 /Jm, figura 29 =500 /Jm, figuras 26,27 e 28 =300 /Jm,figura 34 =100 /Jm, figura 30 =50 /Jm.

J. Vieira Junior, O. ccchi Junior, C.CZ. Branco & L.H.Z. Branco: Characcae no eSlado de Sao Paulo: Nitella 257

O. Necchi; lpigua, con'ego do Barbosa, 20038'S e49°24'W, 2-X-1997, 23-VIII e 2-XII-1999, 1. Vieira eO. Necchi; corrego da Barra Funda, 20°38' S e49°24'W, V-X-1998, J. Vieira, O. Necchi eJ. Pereira.Sao Jose do Rio Preto, SJR-350, corrego da Lagoa,20049'S e 49°20'W, 26-VIII-1996, lV-1997, lX-1997,J. Vieira eO. Necchi; lnstituto Penal Agrfcola, corregodo Morais, 20050'S e 49°26'W, 20-lX-2000,O. Necchi; Talhado, SJR-351, ca. de 2 km de Talhado,corrego do Talhadinho, 20 043'S e 49°18'W,

25-X-1999,1. Vieira.

Material adicional examinado: BRASIL. SAo PAULO:

Altair-kern, estrada Rio Grande, margem esquerda,20-VII-1971, O. Yano e D. Vital (SP117452); Camposdo Jordao, Rio da Prata, ducha do Prata, alagadoartificial, 10-24 rna montante da ducha, 6-Xl-1971, R

Bicudo (SP 104920, SPI04921, SP113479, SP113480,SP1l3542, SP113543, SP113544).

Distribuic;:ao no Brasil: Sao Paulo (Picelli-Vicentim1990, como Nitella sp.l, Branco & Necchi Jr. 1998 eNecchi Jr. et al. 2000, como Nitella sp.).

Caracterfsticas ambientais (n=33): temperatura:

17,2-26,0°C (20,8±2,6 ), velocidade da correnteza:4-73 cm S-1 (l6±13), condutividade eletrica:

20-125 /lS cm- I (46±22), turbidez: 3-11 UTN (6±2),local aberto, parcialmente sombreado ou sombreado,pH: 6,6-7,9 (7,0±0,3), saturac;:ao de oxigenio: 42-107%(75±20).

Sec;:ao Persoonia RD. Wood, Taxon 11: 22. 1962.

Nitella translucens (Persoon) C. Agardh subsp.sublucens (T.P. Allen) [Corillion] ex R.D. Wood,Taxon 11: 22. 1962.Figuras 43-48

Plantas monoicas, ecorticadas, desprovidas deincrustac;:ao calcaria, 10-20 cm alt.; entreno 0,6-2,0 cmcompr.; verticilos estereis desenvolvidos, ferteisreduzidos, 2-3-furcados, formando capftulosdesprovidos de muco; dimulos verticilados estereis 5-7,2-3-furcados, 0,8-2,1 cm compr.; dactilos 2-3,2-celulados, predominantemente (>60%) abreviados,120-41O(-540) /lm compr.; ramulos subjacentes1.120-3.900(-5.100) IlJn compr.; cauloides 280-570 IlJTIdiam.; capftulos pedunculados, 1.200-6.000 IlJTI diam.,pedunculos 1.500-4.500 /lm compr.; dactilos100-140 /lm compr.; gametangios sesseis, presentesna primeira furcac;:ao dos ramulos, conjuntos

(raramente sejuntos), dentro ou fora dos capftulos;nuculas 1-2 por no, 230-460 /lm compr., 180-370 /lmdiam.; oosporos com parede reticulada, 150-250 /lmcompr., 150-220 /lm diam., fossa 40-50 /lm larg.;globulos com oito escudos triangulares escudos,160-310 /lmdiam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: Aguasde Santa Barbara, SP-261, Ribeirao do Capao,cerrado, 22°47'S e 49°11' W, 16-lX-97, O. Necchi,C. Branco e L. Branco. Cedral, estrada para 0

municfpio de Potirendaba, 3,2 km da nascente, ribeiraodo Bora, 20056'S e 49°20'W, V-1993, lX-1993, L.Branco e O. Necchi.

Distribuic;:ao no Brasil: Sao Paulo (Branco & NecchiJr. 1998 como N. jurcata subsp. mucronata var.mucronata). Primeira citac;:ao da subespecie para 0

territorio brasileiro.

Caracterfsticas ambientais (n=3): temperatura:18,0-23,8°C (20,5±3,0), velocidade da correnteza:62-103 cm S-1 (85±2l), condutividade eletrica:5-99 /lS cm- I (66±53), turbidez: 2-14 UTN (8±6), localaberto a parcialmente sombreado, pH: 5,7-7,3(6,7±0,9), saturac;:ao de oxigenio: 59-79% (66±11).

Sec;:ao Tieffallenia RD. Wood, Taxon 11: 17. 1972.

Nitella jurcata (Roxburgh ex Bruzelius) C. Agardhemend. R.D. Wood subsp. flagellifera (Groves &Allen) R.D. Wood, A Revision of the Characeae 1:518.1965,2:239.1964.Figuras 49-55

Plantas monoicas, ecorticadas, desprovidas deincrustac;:ao calcaria, alto ?; entreno 0,9-3,1 cm compr.;ramulos verticilados monomorficos, 5-7, 2-3-furcados,0,8-2,3 cm compr.; capftulos ausentes; dactilos 2-4,2( -3)-celulados, predominantemente (> 60%)alongados, (210-)270-2. 700(-3150) /lm compr.;ramulos subjacentes (210-)360-4.800(-6.150) /lmcompr.; cauloides 320-510 /lm diam.; gametangiossesseis, ausentes na primeira furcac;:ao dos ramulos,conjuntos ou sejuntos; nuculas 1-2 por no, 230-450 /lmcompr., 170-430 ~lm diam.; oosporos com paredereticulada, 127,5-300 /lm compr., 115-290 /lm diam.,fossa 50-70 /lm larg.; globulos com oito escudostriangulares, 220-350 IlJTI diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: SaoJose do Rio Preto, Distrito de Engenheiro Schmidt,9 km, RioPreto, 20051'S e49° 19'W, IX-1992, X-1992,lV-1993 a lX-1993, L. Branco e O. Necchi.

258 Hoehnea 29(3), 2002

39

I

43

Figuras 35-42. Nile//a sp. 35-36. Daclilos 3-celulados. 37. Gamelangios conjuntos. 38-39. GI6buios isolados pedunculados (setas). 40-41.uculas isoladas. pedunculadas (setas). 42. Detalhe do o6spora. Figuras 43-46. Nile//a lralls/ucellS subsp. sub/Llcells. 43. Apice da planta

mostrando capitulos (seta). 44. Detalhe do capitulo. com ralTIulo 3-furcado (seta). 45. Daclilos 2-celulados abreviados. 46. GalTIetangios

conjuntos. Escalas: Figura 43 = I cm, figura 44 = 1.000 IJITI, figuras 36, 37. 41. 45 e 46 =300 IJm, figllras 35. 40 c 42 =200 IJm. figllfas 38e39= 100/J11l.

J. Vicira J(lI1ior, O. Nccchi J(lI1ior, eez. Branco & L.H.Z. Branco: Characcac no eslado dc Sao Paulo: Nilella 259

Distribuic;ao no Brasil: Mato Grosso do Sui (Bueno &Bicudo 1997), Sao Paulo (picelli-Vicentim 1990, Branco& Necchi Jr. 1998 como Nitella furcata subsp.lIIucronata var. nzucronata, Necchi Jr. et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=8): temperatura:17,3-25,5°C (22,4±3,30), velocidade da correnteza:9-44 cm S-I (23±11), condutividade eletrica:75-103 J.lS cm- I (85±9), turbidez: 5-13 UTN (8±3), localaberto, pH: 6,7-7,2 (6,9±0,2), saturac;ao de oxigenio:29-59% (48±12).

Nitella furcata (Roxburgh ex Bruzelius) C. Agardhemend. RD. Wood subsp. furcata var. sieberi (A.Braun) RD. Wood f. microcarpa (A. Braun), RD.Wood, A Revision of the Characeae 1: 489. 1965,2:250.1964.Figuras 56-62

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrustac;ao calcaria, all. ?; entren6 0,3-1,1 cm compr.;dimulos vertici lados monom6rficos, 5-7,2-3-furcados,0,6-0,9 cm compr.; capftulos ausentes; dactilos 2-4,2-3-celulados, predominantemente (>60%) abreviados,120-370 J.lill compr.; ramulos subjacentes 420-1.230 J.lillcompr.; caul6ides 320-480 J.lm diam.; gametangiossesseis, presentes na primeira furcac;ao dos ramulos,conjuntos ou sejuntos; nuculas 2 (3) por n6,210-480(-540) J.lill compr., 150-350 J.lill diam.; 06sporoscom parede reticulada, 132,5-272,5 J.lm compr.,120-250 J.lm diam., fossa 40-60 J.lm largura; gl6buloscom oito escudos triangulares, 200-300 J.lill diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: GastaoVidigal, 1 Ian da cidade, c6rrego Barra Grande, 20°48'Se 501O'W, 14-VI-1993, O. Necchi e C. Branco.

Distribuic;ao no Brasil: Mato Grosso do SuI (Bueno &Bicudo 1997), Sao Paulo (Picelli-Vicentim 1990,Necchi Jr. et al. 1995 como N. furcata subsp.mucronata var. mucronata, Necchi Jr. et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=I): temperatura: 20,9°C,velocidade da correnteza: 52 cm S-I, condutividadeeletrica: 81 J.lS cm- 1

, turbidez: 7 UTN, local aberto,pH: 6,8, saturac;ao de oxigenio 55%.

Nitellafurcata (Roxburgh ex Bruzelius) C. Agardhemend. R D. Wood subsp. furcata var. sieberi (A.Braun) R D. Wood, A Revision of the Characeae 1:

485. 19652: 249. 1964.Figuras 63-68

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrustac;ao calcaria, all. ?; entren6 (0,6-) 1,0-3,5 cm

compr.; ramulos verticilados monom6rficos, 5-7,2-3-furcados, 0,9-2,8 cm compr.; capftulos ausentes;dactilos (2) 3-4, 2-3-celulados, predominantemente(> 60%) abreviados, 130-480(-2.820) J.lm compr.;ramulos subjacentes 830-3.060(-5.010) J.lm compr.;caul6ides (200-) 300-500(-670) J.lm diam.; gametangiossesseis, presentes na primeria furcac;ao dos ramulos,conjuntos ou sejuntos; nuculas 1-2 (3) por n6,230-400 J.lm compr., 140-350 J.lm diam.; 06sporos comparede reticulada, 150-280 J.lm compr., 120-240 J.lmdiam., fossa 47,5-62,5 J.lm largura; gl6bulos com oitoescudos triangulares, 180-250 11m diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO:Registro, Zootecnia, ribeirao Palmeiras, MataAtlantica, 24°26'S e 47°4TW, 9-IX-1993, C. BrancoeO. Necchi; 1 km da BR-116, km453, Fazenda SantaHelena, rio Capinzal, Mata Atlantica, 24°37' S e4r52'W, 9-IX-1993, C. Branco e O. Necchi; OndaVerde, BR-153, c6rrego dos Castores, 200 53'S e49°20'W, IX-1990, O. Necchi e D. Pascoaloto.Riolandia, SP-322, 7 km da cidade, c6rrego doCompasso, 19°59'S e49°38'W, 19-V-1993, O. Necchie C. Branco; Sao Jose do Rio Preto, SJR-350, c6rregoda Lagoa, 20°49' S e 49°20'W, 6-XI-1995, J. Vieira eO. Necchi.

Distribuic;ao no Brasil: Mato Grosso do Sui (Bueno &Bicudo 1997), Rio Grande do Sui (Astorino 1983), SaoPaulo (Picelli-Vicentim 1990, Necchi Jr. et al. 1995como Nitelia furcata subsp. l1lucronata var.mucronata, Necchi Jr. et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=5): temperatura:18,0-23,rC (20,6±2,7), velocidade da correnteza:7-141 cm S-l (53±49), condutividade eletrica:30-110 J.lS cm- 1 (79±33), turbidez: 2-19 UTN (1O±6),local aberto, pH: 6,5-7,4 (7,0±0,3), saturac;ao deoxigenio: 30-79% (56,8±15,8).

NiteUafurcata (Roxburgh ex Bruzelius) C. Agardhemend. R D. Wood subsp. rl)ucronata (A. Braun)R. D. Wood var. mucronata RD. Wood, A Revisionof the Characeae 1: 499.1965; 2: 224.1964.Figuras 69-77

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas deincrustac;ao calcaria, 13,0-20,5 cm all.; entren60,9-2,1 cmcompr.; dimulos verticilados monom6rficos,(3-)5-8, 1-3-furcados, 0,6-1,9 cm compr.; capftulosausentes; dactilos (2-)3-5, 2-4-celulados, predominan­temente (>60%) alongados, (330-)990-4.860 J.lmcompr.; dimulos subjacentes 670-8.700 J.lm compr.;

260 Hoehnea 29(3), 2002

Figuras 47-48. Nitella tralls/ucens subsp. sub/ucens. 47. Gametilngios sejuntos: nueula (seta dupla) e gl6bulo (seta simples). 48. Detalhe daparede do o6sporo. Figuras 49-55. Nitellafurcata subsp.j7agellifera. 49. Apiee da planta. 50. Daetilo 2-eelulado alongado. 51-52. Ramulosl11ostrando auseneia de gametangos na primeira furea<;ao (seta). 53. Detalhe da parede do o6sporo, mostrando a estria (seta). 54. Gametiingioseonjuntos nueula (seta dupla) 16bulo (seta simples). 55. Nueula isolada. Figuras 56-58. Nite//a furcata subsp. furcata var. sieberi f.microcarpa. 56. Apiee da planta. 57-58. Detalhe da furea com duas nueulas (setas). Esealas: figuras 49, 5) e 56 = 1,0 em, Figura 47 =500 flm, figuras 52, 54, 55, 57 e 58 =300 flm, figuras 50 =200 flm, figuras 48 = 100 flm, Figura 53 =50 flm.

J. Vieira Junior, O. Necchi Jlmior, c.C.Z. Branco & L.H.Z. Branco: Characeae no eSlado de Sao Paulo: Nire/la 261

64

69

Figuras 59-62. Nitella furcata subsp. furcata vaT. sieberi f. microcarpa. 59. Dactilo 3-celulado alongado. 60. Dactilos abreviados. 61.GJobulo isolado. 62. Detalhe da parede do oosporo. Figuras 63-68. Nitellafurcata subsp.furcata var. sieberi. 63. Apice da planta. 64-65.Dactilos abreviados. 66. Nucula isolada. 67. Gametangios conjuntos. 68. Detalhe da parede do oospora. Figuras 69-70. Nitella furcatasubsp. mucronata var. l11ucronata. 69. Apice da planta mostrando gametangios presentes na primeira furca<;:ao (seta). 70. Dactilo 2-celuladoalongado. Esealas: figuras 63 e 69 = 1,0 em, figuras 60, 61,64, 65, 66 e 67 = 300 ~m, figuras 59 e 70 = 200 ~m, figuras 62 e 68 = 50 ~m.

262 Hoehnea 29(3), 2002

caul6ides 260-690 11m diam.; gametangios sesseis,presentes na primeira furca<;ao dos rfimulos, conjuntos

ou sejuntos; nuclilas 1, raramente 2 por n6, 220-500 11mcompr., 160-450 11m diam.; 06sporos com paredereticulada, 200-300 11m compr., 190-280 11m diam.,fossa 50-75 11m larg.; gl6bulos com oito escudostriangulares, (130-) 180-330(-470) 11m diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO:Mirassolandia, Macaubas, estrada secund.hia paraPalestina, 20011'S e 49°41'W, VI-1990, VII-1990,O. Necchi e D. Pascoaloto; Monte Aprazfvel, estradapara Engenheiro Baldufno, 21 Ian da nascente, rio SaoJose dos Dourados, 20045'S e 49°37'W, VII-1993,IX.1993, L. Branco e O. Necchi; Sao Jose do RioPreto, ca. de 3 km da Vila Azul, SJR-150, c6rrego daBoa Esperan<;a, 20053'S e 49°23'W, IX-1990,O. Necchi e D. Pascoaloto; ao lado da SP-425,c6rrego da Felicidade, 20045'S e 49°20'W, 11-1990,VII-1990, VIII-1990, IX-1990, XI-1990, XII-1990, O.Necchi e D. Pascoaloto; SJR-350, c6rrego da Lagoa,20049'S e 49°20'W, l-IX-1995, 1. Vieira e O. Necchi;sob a ponte da SP-31O, c6rrego do Macaco, 20°51' Se 49°22'W, 11-1990, 111-1990, IX-1990, XI-1990,O. Necchi e D. Pascoaloto; Instituto Penal Agrfcola,pr6ximo a represa, c6rrego do Morais, 20°51' S e49°21 'W, VI-1990 a XI-1990, 20-IX-2000, O. Necchi;Engenheiro Schmidt, ca. de 1 Ian da area urbana,estrada secundaria, Rio Preto, 20°07' S e 49° 19'W,VI-1990, XI-1990, O. Necchi e D. Pascoaloto.Turiuba, estrada Buritama-Turiuba, 4 Ian da cidade,20058'S e 500 0TW, 18-VI-1993, O. Necchi e C.Branco.

Distribui<;ao no Brasil: Mato Grosso do Sui (Bueno &Bicudo 1997), Rio Grande do Sui (Astorino 1983), SaoPaulo (Wood & Imahori 1965, Picelli-Vicentim 1990,Necchi Jr. et al. 2000).

Caracterfsticas ambientais (n=25): temperatura:17,8-27,1°C (22,1±3,0), velocidade da correnteza:11-171 cm S-l (61±42), condutividade eletrica:21-180 I1S cm-1 (87±32), turbidez: 3-56 UTN (l9±12),local aberto ou parcial mente sombreado; pH: 6,3-7,9(7,1±0,3); satura<;ao de oxigenio: 29-71 % (56±9).

Nitellafurcata (Roxburgh ex Bruzelius) C. Agardhemend. RD. Wood subsp. mucronata (A. Braun) RD. Wood var. mucronata R D. Wood f. wrightii (H.& J. Groves), R.D. Wood, A Revision of the

Characeae 1: 508. 1965; 2: 229. 1964.Figuras 78-82

Plantas mon6icas, ecorticadas, desprovidas de

incrusta<;ao calcaria, 7,0-13,0 cm aiL; entren60,8-3,0 cm compr.; verticilos estereis desenvolvidos,

ferteis reduzidos formando capftulos desprovidos de

muco; ramulos verticilados estereis (4-)5-7,2-3-furcados, 1,0-2,0 cm compr.; dactilos 3-4,

2-3-celulados, predominantemente (>60%) alongados,

(210-)490-2.750 11m compr.; ramulos subjacentes740-5.550 11m compr.; caul6ides 230-390 11m diam.;capftulos pedunclilados, 1.200-2.800 11m diam.,

pedunculo 750-3.000 11m compr.; dactilos450-1.000 11m compr.; gametangios sesseis, presentesna primeira furca<;ao dos ramulos, conjuntos ousejuntos, dentro ou fora dos capftulos; nuculas 1(-2)por n6, 180-380 11m compr., 150-260 11m diam.;06sporos com parede reticulada, 120-250 11m compr.,

100-240 11m diam., fossa 45-55 11m larg. gl6bulos comoito escudos triangulares, 140-240 11m diam.

Especimes examinados: BRASIL. SAo PAULO: SaoJose do Rio Preto, sob a ponte da SP-31O, c6rrego doMacaco, 20051'S e 49°22'W, 16-IX-1996, O. Necchie C. Branco.

Distribui<;ao no Brasil: Mato Grosso do Sui (Bueno &Bicudo 1997), Sao Paulo (Picelli-Vicentim 1990 eNecchi Jr. et al. 2000).

Caracteristicas ambientais (n=l): temperatura: 21,4°C,velocidade da correnteza: 80 cm S-l, condutividadeeletrica: 53 I1S cm- 1

, turbidez: 10 UTN, localparcialmente sombreado, pH: 7,2, satura<;ao deoxigenio: 56%.

Discussao

As especies dim6rficas da se<;ao Rajia (Nitellagollmeriana e N. subglomerata) apresentaramconsideravel sobreposi<;ao dos caracteresmorfometricos reprodutivos e vegetativos. 0 principalcarater distintivo entre eIas, arranjo dos ramulos doscapftulos (condensado versus frollXO), e subjetivo ecom pouco significado taxonomico. Outro caraterutilizado, numerode ramulos (Bueno & Bicudo 1997),nao foi aplicavel em nosso material. Possivelmente,estudos utilizando outras tecnicas taxonomicas, comoanalises cromossomica e molecular, possam redefinirestas duas especies dentro da se<;ao.

Das especies da se<;ao Riddelia, N. cel77.ua e ade maior distriblli<;ao geografica deste genero no Brasil(Bicudo & Yamaoka 1978). Em contrapartida, a outra

especie da se<;ao (N. praelonga) foi citada pela

J. Vieira Junior, O. Necchi Junior. C.C.z. Branco & L.H.z. Branco: Characeae 110 eSlado de Sao Paulo: Nitella 263

79Figuras 71-77. Nitel/a furcata subsp. mucronata var. mucronata. 71. Dactilo 2-celulado alongado. 72. Dactilo 3-cel1llado alongado. 73.Gal11etangios conjul1tos nucula (seta dllpla) gl6bulo (seta simples). 74. Nucula isolada. 75. GI6buio isolado. 76. Oosporo. 77. Detalhe daparede do o6sporo. Figllras 78-82. Nitella furcata sllbsp. mucronata var. mucronata f. IVrightii. 78. Apice da planta mostrando capftllios(setas). 79. Dactilo 2-cel1llado alongado. 80. Dactilo 3-celulado alongado. 81. Gametangios conjllntos e uma nucula isolada: nucula (setadupla) e gl6bulo (seta simples). 82. Detalhe da parede do o6sporo. Escalas: Figura 78 = 1,0 cm, Figuras 71, 72, 73, 74, 75, 79, 80 e 81 =300 11m, Figura 76 =200 11m, figuras 77 e 82 =50 11111.

264 Hoehnea 29(3), 2002

primeira vez no pafs. Estas especies assemelham-semorfologicamente. Wood & Imahori (1965)trataram-nas como variedades de N. cernua. 0carater diagnostico distintivo entre ambas consiste namonoicia versus dioicia. Este carater e suficiente paraa separac;ao destes taxons em nfvel especffico,conforme proposto por varios autores (Cori lion 1957,Proctor 1975, Bicudo & Yamaoka 1978, Picelli­Vicentim 1990, Bueno & Bicudo 1997).

Os taxons das sec;6es Gioallenia (Nitellatenuissima subsp. tenuissima var. tenuissima f.tenuissima) e Persoonia (Nitella translucens subsp.sublucens) sao morfologicamente muito semelhantesaos taxons da sec;ao Tieffallenia, 0 que poderia indicarque em Nitella, as sec;6es nao apresentariam origemmonofi letica (McCourt et al. 1996a, b, Meiers et at.1997).

Nitella sp. foi inicialmente considerada comoprovavel especie nova por Picelli-Vicentim (1990,como Nitella sp.l) e a proposic;ao formal da especieesta em vias de publicac;ao (Bicudo et aI., dados naopublicados).

Inumeros problemas taxonomicos paraidentificac;ao infra-especffica foram notados na sec;aoTieffallenia. Os principais pontos problematicosdentro desta sec;ao foram a sobreposic;ao dacircunscric;ao das subespecies flagellifera enzucranata, bern como das variedades da subespeciefurcata; a forma taxonomica wrightii (dimorfica)deveria, em nossa opiniao, ser elevada auma categoriataxonomica superior; mel hoI' definic;ao da subespeciemucranata, pois varios autores (Moore 1986, John &Moore 1987, Blindow & Krause 1990, Haas 1994,Krause 1997) trataram-na como N. mucronata(A. Braun) Miquel, especie polimorfica decircunscric;ao ampla. Os taxons infra-especfficos deN. furcata nao mostraram caracterfsticas diagnosticassuficientes que justificassem sua manutenc;ao, propostapor R.D. Wood (Wood & Imahori 1965), e adotadapelos pesquisadores brasileiros.

As dificuldades de identificac;ao nesta sec;aodevem-se, em princfpio, ao uso de caracteresdiagnosticos morfometricos, principal mentevegetativos, como tipo de dactilo e relac;ao depredominancia (abreviado versus alongado),comprimento da planta, entrenos, ramulosverticilados e gametangios, numero de ramulos ediametro de cauloide (Wood & Imahori 1964, 1965,Bicudo & Yamaoka 1978, Picelli-Vicentim 1990,Bueno & Bicudo 1997). Tais caracteres foramineficazes para 0 material aqui estudado, pois estao

sujeitos a alterac;6es morfologicas decorrentes dasfJutuac;6es de variaveis ambientais como velocidadeda correnteza, profundidade e irradianciasubaquatica (Vieira & Necchi Jr. 2002). Portanto,sua utilizac;ao deveria ser evitada. POI' outro lado,caracteres diagnosticos como monoicia ou dioicia,numero de celulas de dactilos (uni-celulado versusbi ou pluri-celulados), estrutura do oosporo(sobretudo arranjo da parede), presenc;a ou ausenciade capftulos e numero de escudos de globulos, saoconsiderados mais confiaveis (Proctor 1971,1975,Haas 1994, Casanova 1997). Outros caracteresdiagnosticos, como 0 arranjo dos gametangios(conjuntos versus sejuntos) (Proctor 1975), e 0

numero e posic;ao dos gametangios pOI' no,especialmente das nuculas (Wood & Imahori 1964,1965) sao caracterfsticas que precisam ser utilizadascom mais criterio. Entretanto, nao ha dados paraconsidera-Ias inaplidveis na taxonomia do grupo.

Estudos moleculares recentes (Karol, dados naopublicados) tern evidenciado que muitas sec;6es sensuWood nao sao monofileticas e que populac;6es deN. mucronata da Europa e da America Central,possuem morfologias identicas, mas as ultimassituaram-se fora da arvore molecular. Acreditamosque 0 numero de taxons das sec;6es proposto por R.D.Wood (Wood & Imahori 1965) sera reduzido (comvanas sinonfmias), quando estudos revisionanos foremdesenvolvidos na tribo Nitelleae, especialmente nassec;6es Rajia e Tieffallenia. Tais estudos deveraoobjetivar a criac;ao de novos caracteres ou sistemasde c1assificac;ao mais c1aros e objetivos. Os enfoquespropostos deverao incluir maior numero de populac;6ese em areas geograficas mais amplas, alem dos tiposnomenclaturais. A analise dos especimes devera serrna is detalhada, utilizando-se outras tecnicas(citogeneticas, moleculares e ultraestruturais) aliadasaos caracteres morfologicos tradicionais. Dessaforma, sera possfvel determinar se os caracteresmorfologicos tradicionais associados comornamentac;ao da parede do oosporo, analisecitogenetica e molecular confirmariam 0 sistema deWood & Imahori (1965), testando-se seu real valorfilogenetico.

Literatura citada

Astorino, H.A.B. 1983. Charophyceae do estado do RioGrande do SuI: uma contribui~ao ao seu inventario.Disserta~ao de Mestrado, Universidade EstadualPaulista, Rio Claro, 108 p.

J. Vieira Junior, O. ecchi Junior, c.C.Z. Branco & L.H.Z. Branco: Characeae no eSlado de Sao Paulo: Nirella 265

Bicudo, RM.T. 1969. Brazilian CharaceaeoftheHerbariumof the "Instituto de Botanica, Sao Paulo". NovaHedwigia 17: 1-14.

Bicudo, RM.T. & Yamaoka, n.M. 1978. 0 genero NiteLla

(Charophyceae) no Brasil, 1: Subgenero Ni/ella. ActaBiol6gica do Parana 7: 77-98.

Blazencic, J., Blazencic, Z., Cvijan, M. & Stevanovic, B.1990. Systematics and biogeographic studies ofCharophytes in Yugoslavia. Cryptogam ie, Algologie11: 249-256.

Blazencic, J. & Temniskova-Topalova, n. 1991. Charophytafrom Babylon (Republic of Iraq). Cryptogam ie,Algologie 12: 289-300.

Blindow, I. & Krause, W. 1990. Bestiimningsnyckel forsvenska Kransalger. Svensk Botanischer Tidskrift84: 119-160.

Branco, c.C.Z. & NecchiJr., 0.1996. Survey of streammacroalgae of eastern Atlantic Rainforest ofSao PauloState, southeastern Brazil. Algologial Studies80: 35-57.

Branco, L.H.Z. & Necchi Jr., O. 1998. Distribution ofstream macroalgae in three tropical drainage basins.Archiv fUr Hydrobiologie 142: 241-256.

Branco, L.H.Z., Necchi Jr., O. & Branco, c.C.Z. 2001.Ecological distribution of Cyanophyceae from loticecoysystems of Sao Paulo State, southeastern Brazil.Revista Brasileira de Botanica 24: 99-108.

Braun, A. 1883. Fragmente einer Monographie derCharaceen: nach den hinterlassenen Manuscripten A.Braun's herausgegeben von Dr. Otto Nordstedt.Abhandlungen der Konigkichen Akademie derWissenchaftenzuBerlin 1882: 1-211.

Bueno, N.C., Bicudo, C.E.M., Picelli-Vicentim, M.M. &Ishii, I.H. 1996. Characeae (Charophyceae) do Pantanaldo Mato Grosso do Sui, Brasil: Cham. Hoehnea23: 21-31.

Bueno, N.C. & Bicudo, C.E.M. 1997. Characeae(Charophyceae) do Pantanal do Mato Grosso do SuI,Brasil: Nitella. Hoehnea 24: 29-55.

Casanova, M.T. 1997. Oospore variation in three species ofChara (Charales, Chlorophyta). Phycologia 36: 274-280.

Corilion, R. 1957. Les Charophycees de France et d'EuropeOccidentale. Impremerie Bretonne, Rennes, 499 p.

Garcia, A. 1999. Charophyte flora of southeastern SouthAustralia and southwestern Victoria, Australia:systematics, distribution and ecology. AustralianJournal of Botany 47: 407-426.

Haas, J.N. 1994. First identification key for charophyteoospores from Central Europe. European Journal ofPhycology29: 227-235.

Holmgren, P.K & Holmgren, N.H. 1993. Additions to IndexHerbariorum (Herbaria), Edition 8-second series. Taxon42: 489-505.

Imahori, K 1954. Ecology phytogeography and taxonomyof the Japanese Charophyta. Otto Koeltz SciencePublishers, Koenigstein, 234 p. (reprint 1977).

Johansson, C. 1982. Attached algal vegetation in runningwaters of Jamtland, Sweden. Acta PhytogeographicaSuecica. 71: 1-84.

John, n.M. & Moore, J.A. 1987. An SEM study of theoospore of some Nitella species (Charales,Chlorophyta) with descriptions of wall ornamentationand an assessment of its taxonomic importance.Phycologia 26: 334-355.

Krause, W. 1997. Charales (Charophyceae). In: H. Ettl, G.Gartner, H. Heynig & D. Mollenhauser (eds.).Subwasserflora von Mitteleuropa, Band 18. GustavFischer, Stuttgart, 202 p.

Langangen, A. 1974. Ecology and distribution ofNorwegiancharophytes. Norwegian Journal Botany 21: 31-52.

Langangen, A., Hansen, J.B. & Mann, H. 1996. TheCharophytes of Greenland. Cryptogam ie, Algologie17: 239-257.

Mann, H. 1989. Charophytes of insular Newfoundland.Canadian Field-Naturalist 103: 34-42.

Mann, H., Proctor, V.W. & Taylor, A.S. 1999. Towards abiogeography of North American Charophytes.Australian Journal Botany 47: 445-458.

McCourt, RM., Karol, KG., Guerlesquin, M. & Feist, M.1996a. Phylogeny of extant genera in the familyCharaceae (Charales, Chlorophyta) based on rbcL

sequences and morfology. American Journal of Botany83: 125-131.

McCourt, RM., Meiers, S.T., Karol, KG. & Chapman, RL.1996b. Molecular systematics of the Charales. In: B.R.Chaudhary & S.R. Agraval (eds.). Cytology, Geneticsand Molecular Biology of Algae. SPB AcademicPublishing, Amsterdam, pp. 323-336.

Meiers, S. T., Rootes, W.L., Proctor, V. W. & Chapman,R.L. 1997. Phylogeny of the Characeae (Charophyta)inferred from organismal and molecular characters.Archiv fUr Protistenkunde 148: 308-317.

Moore, J.A. 1986. Charophytes of Great Britain and Ireland.Botanical Society of the British Isles, London, n. 5, 141 p.

Necchi Jr., O. Branco, C.C.Z & Branco, L.H.Z. 1999.Distribution of Rhodophyta from Sao Paulo State,southeastern Brazil. Archiv fUr Hydrobiologie 147: 73-89.

Necchi Jr., 0., Branco, C.C.Z. & Branco, L.H.Z. 2000.Distribution of stream macroalgae in Sao Paulo State,southeastern Brazil. Algological Studies 97: 43-57.

Necchi Jr., 0., Branco, C.C.Z., Simoes, RC.G. & Branco,L.H.Z. 1995. Distribution of stream macroalgae in thenorthwest region of Sao Paulo State, southeasternBrazil. Hydrobiologia 299: 219-230.

266 Hoehnea 29(3), 2002

Necchi Jr., 0., Spezamiglio, D.N., Branco, C.C.Z. &Branco, L.H.Z. 2002. Survey and ecological distributionof the genus Microspora (Microsporaceae,Chlorophyta) in lotic ecosystems of Sao Paulo State,southeastern Brazil. Algological Studies 105: 39-50.

Picelli-Vicentim, M.M. 1990. Characeae do estado de SaoPaulo: inventario sistematico. Tese de Doutorado,Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 256 p.

Picelli-Vicentim, M.M. 1992. Nitella tolypelloides, a newspecies of Characeae from southeastern Brazil.Algological Studies 66: 31-34.

Picelli-Vicentim, M.M. & Bicudo, C.E.M. 1990. Nitellalhotzkyi, new record (Charophyceae): first discoveryof the species outside Australia. Cryptogamic Botany2: 30-32.

Picelli-Vicentim, M.M. & Bicudo, C.E.M. 1993.Cript6gamos do ParqueEstadual das Fontes do Ipiranga,Sao Paulo, SP. Algas, 4: Charophyceae. Hoehnea20: 9-22.

Proctor, V.W. 1971. Taxonomic significance of monoecismand dioecism in the genus Chara. Phycologia10: 299-307.

Proctor, V.W. 1975. The nature of charophyte especies.Phycologia 14: 97-113.

Simons, J. & Nat, E. 1996. Past and present distribution ofstoneworts (Characeae) in the Netherlands.Hydrobiologia 340: 127-135.

Southwood, T.RE. 1978. Ecological methods, with particularreference to the study of insect population. Chapmanand Hall, New York, 524 p.

VieiraJr.,J. & Necchijr., O. 2002. Microhabitat and plantstructure of Characaean populations in streams of SaoPaulo State, southeastern Brazil. Cryptogamie,Algologie23: 51-63.

Wood, R.D. 1967. Charophytes of North America: a guide tothe species of Charophyta of North America, Centraland the West Indies. Stella's Print, West Kingston, 72 p.

Wood, RD. 1972. Characeae of Australia. Nova Hedwigia22: 1-120.

Wood, RD. & Imahori, K 1964. A revision of the Characeae.2: Iconograph of the Characeae. 1. Cramer, Weinheim,797p.

Wood, RD. & Imahori, K 1965. A revision of the Characeae.1: Monograph of the Characeae. J. Cramer, Weinheim,904p.

Zaneveld, J.S. 1940. The Charophyta of Malaysia andadjacent countries. Blumea 4: 1-223.