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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
DANIELA VECCHIA COSTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM DUAS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR: UMA PÚBLICA E OUTRA PRIVADA:
GESTÃO, PROCESSOS E INOVAÇÕES
Belo Horizonte 2016
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DANIELA VECCHIA COSTA
EDUCAÇÃO Á DISTANCIA EM DUAS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR: UMA PÚBLICA E OUTRA PRIVADA:
GESTÃO, PROCESSOS E INOVAÇÕES
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Administração. Área de concentração: Inovação e dinâmica organizacional Linha de pesquisa: Dinâmica organizacional, inovação e sociedade
Orientadora: Dra. Íris Barbosa Goulart
Belo Horizonte 2016
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras
C837e
Costa, Daniela Vecchia
Educação a distância em duas instituições de ensino superior: uma pública e outra privada: gestão, processos e inovações. / Daniela Vecchia Costa. – 2016.
106f. Orientadora: Profa. Dra. Íris Barbosa Goulart Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2016. Programa de Pós-
Graduação em Administração. Inclui bibliografia.
1. Ensino à distância. 2. Ensino superior. 3. Inovações educacionais. 4. Administração. I. Goulart, Íris Barbosa. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658
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Dedico este trabalho
Ao meu marido Danilo,
que sempre acreditou no meu potencial e esteve ao meu lado, incentivando
a ir em frente. Sua paciência e compreensão foram fundamentais.
Aos meus pais, Geraldo e Mara e aos meus irmãos, Janaína e Daniel
pelas orações e energias positivas
durante a minha caminhada.
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AGRADECIMENTOS
Durante toda a minha caminhada no mestrado, tive inúmeros desafios a serem superados. Para
se chegar a este momento, algumas pessoas tiveram um papel fundamental.
Primeiramente, agradeço a minha orientadora Iris Barbosa Goulart, que mais do que uma
orientadora foi uma grande amiga, estando sempre presente e com uma contribuição ímpar na
realização deste trabalho. Sinto-me honrada de ter sido sua orientanda e ter trabalhado ao lado
dessa magnífica profissional.
Aos professores do Mestrado Profissional do Centro Universitário UNA, que contribuíram
para o meu aprendizado acadêmico.
Aos meus colegas de classe, pelo compartilhamento de experiências enriquecedoras.
Ao corpo administrativo do Centro Universitário Una, pelo atendimento às solicitações e pelo
acolhimento.
Agradeço também pelas contribuições dos Professores Maria do Carmo (Universidade
Federal de Ouro Preto) e Ricardo Paiva (Centro Universitário UNA) cujas contribuições no
processo de qualificação do projeto trouxeram melhorias ao trabalho..
Finalmente, agradeço a Deus por colocar todas essas pessoas em meu caminho. Obrigada
também pela saúde que permitiu seguir em frente com foco e determinação durante este
período.
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RESUMO A Educação a distância tem sido utilizada como um recurso destinado a suprir uma demanda educacional do país, por meio da democratização da educação. Contudo, há uma discussão sobre a efetividade desta modalidade de ensino, sobretudo no que se refere à qualidade. Diante desse contexto, o objetivo do presente trabalho é analisar a forma pela qual uma instituição de ensino superior pública e uma instituição de ensino superior privada vêem realizando a gestão da EAD, administrando seus processos e aplicando a inovação no período de 2014 a 2016. Mediante realização de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, que constituiu um estudo de casos, buscou-se verificar aspectos da gestão nas duas instituições de ensino superior, analisar os processos de ensino adotados e identificar as práticas inovadoras que vêem sendo adotada por elas. Inicialmente, procedeu-se à análise da legislação e das normas que regem a educação a distância no Brasil. A parte empírica consistiu na realização de entrevistas semi estruturadas aplicadas aos gestores das duas instituições. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Os resultados apontaram que no tocante à gestão, as duas instituições buscam organizar uma infraestrutura apropriada para servir de base para a operacionalização dos cursos e que na rede pública o processo é mais centrado nas mãos do coordenador, enquanto na rede particular há maior distribuição das atividades. No tocante aos processos, verificou-se que as técnicas de EAD - fóruns, chats, monitoramento de atividades - são adotadas pelas duas instituições e requerem um envolvimento e qualificação dos professores e tutores. Quanto às inovações, identificou-se que estão sendo adotadas estratégias consistentes capazes de alavancar o ensino de forma competitiva, promovendo a autonomia do aluno, para que se torne capaz de gerenciar seu próprio aprendizado. Além disso, as duas instituições estão em busca de novos softwares capazes de aperfeiçoar a experiência no ambiente virtual, evitando a que os alunos não tenham dificuldades. Uma inovação importante é a vinculação do processo de EAD ao Projeto de vida do aluno, que permite uma previsão das vantagens da apropriação do ensino para sua vida.
Palavras-chaves: Gestão de programas de EAD, Educação à distância; Práticas Pedagógicas Inovadoras em EAD, Educação Virtual; Políticas de EAD
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ABSTRACT
Distance education has been used as a resource to meet an educational demand of the country, through the democratization of education. However, there is a discussion about the effectiveness of this modality of teaching, especially with regard to quality. Given this context, the objective of this study is to analyze the way in which a public higher education institution and a private higher education institution see managing the EAD, managing its processes and applying the innovation in the period from 2014 to 2016. Through A qualitative and descriptive research was carried out. It was a case study, it was sought to verify aspects of management in the two higher education institutions, to analyze the teaching processes adopted and to identify the innovative practices that they see adopted by them. Initially, the legislation and regulations governing distance education in Brazil were analyzed, and the empirical part consisted of semi-structured interviews applied to the managers of the two institutions. The interviews were recorded, transcribed and submitted to content analysis. The results pointed out that in terms of management, both institutions seek to organize an appropriate infrastructure to serve as a basis for the operationalization of the courses and that in the public network the process is more focused in the hands of the coordinator, while in the private network there is a greater distribution of activities . Regarding the processes, it was verified that the ODL techniques - forums, chats, activity monitoring - are adopted by the two institutions and require the involvement and qualification of teachers and tutors. As for the innovations, it has been identified that consistent strategies are being adopted capable of leverage teaching in a competitive way, promoting the student's autonomy, so that he becomes able to manage his own learning. In addition, the two institutions are in search of new software capable of improving the experience in the virtual environment, avoiding that the students do not have difficulties. One important innovation is the linkage of the EAD process to the Student Life Project, which allows for a forecast of the advantages of appropriating teaching for your life Keywords: Management of Distance Education programs, Distance education; Innovative Pedagogical Practices in Distance Education, Virtual Education; ODL policies.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1: Fluxograma da Pesquisa .................................................................................... 51
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LISTA DE QUADROS Quadro 1: Relação entre Objetivos Específicos e a Coleta e Análise dos Dados. .................. 50
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABED Associação Brasileira de Educação a Distancia DVD Disco Digital Versátil EAD Educação a Distância E-ProInfo Ambiente Colaborativo de Aprendizagem E-Tec Brasil
Escola Técnica Estadual
FACE Faculdade de Ciências Econômicas FUMEC Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura IDH Índice de Desenvolvimento da Educação Básica LDB Lei das diretrizes e bases MEC Ministério da Educação Moodle Learning Management System
PNAP Programa Nacional de Formação em Administração Publica PNE Plano Nacional da Educação Proinfantil Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação
Infantil ProInfo Programa Nacional de Informática na Educação do Brasil Prouca Programa Um Computador por Aluno PROUNI Programa Universidade para Todos. SEED SERES
Secretaria de Educação a Distância Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação UAB Sistema Universidade Aberta do Brasil UAITEC Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais UFSC Universidade de Santa Catarina UNA Centro Universitário Uma UNB Universidade de Brasília UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 16
1.2 - OBJETIVOS ............................................................................................................... 16
1.3 – JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 17
1.4 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 18
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 19
2.1 Educação superior e o papel transformador das universidades .............................. 19
2.2 - Educação a distância: conceito e importância ......................................................... 22
2.3 – Políticas e Programas para a Educação a Distância .............................................. 26
2.3.1 – Universidade Aberta do Brasil .......................................................................... 27
2.4 – A gestão dos programas de Educação à Distância (EAD) ..................................... 32
2.5 – Inovação: conceitos, definições e possibilidade de aplicação à EAD .................... 42
2.5.1 – Inovação na Educação a Distância: .................................................................. 45
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 47
3.1. Caracterização da pesquisa ........................................................................................ 47
3.2 - Unidades de análise .................................................................................................... 48
3.3 - Instrumentos de coleta dos dados ............................................................................. 48
3.3 - Técnicas de Análise e tratamento dos dados ........................................................... 49
4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................. 52
Categoria 1 - Gestão da Educação à Distância ................................................................ 53
Categoria 2 - Planejamento do sistema de EAD .............................................................. 55
Categoria 3 - Perspectiva de gestão de pessoas e atuação dos docentes do programa de EAD ..................................................................................................................................... 58
Categoria 4 - Preparação e envolvimento dos alunos na Educação a Distância .......... 62
Categoria 5 - Avaliação da aprendizagem dos alunos e avaliação do curso ................. 65
Categoria 6 – Técnicas de ensino e inovações identificadas ........................................... 69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 75
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
Apêndice A – Roteiro de Entrevista com gestores .............................................................. 92
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1. INTRODUÇÃO
A educação a distância aparece cada vez mais no contexto das sociedades
contemporâneas, como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável
para atender às novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem
econômica mundial (ARETIO, 2002; BELLONI, 2003). No Brasil, desde a aprovação da
LDB de 1996, a implantação da Educação a Distância (EAD) está regulamentada em todas as
modalidades e níveis de ensino sendo classificada para as instituições de educação como uma
forma de ampliação das atividades. Tal regulamentação possibilitou ás instituições de ensino
o desenvolvimento de cursos em várias modalidades, incorporando diferentes conteúdos além
de procedimentos de avaliação e práticas pedagógicas (COELHO, 2009). A partir de então,
passou-se a observar o surgimento desta modalidade de ensino na esfera pública (estadual e
federal) e privada.
Sob o ponto de vista público federal, a Educação a Distância está amparada pelo
Sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Tal política foi implantada em 2005,
representando a convergência do empenho das instituições participantes do Fórum das
Estatais pela Educação para criar bases para o primeiro sistema de ensino superior aberto, que
foi denominado universidade aberta do país, a qual teve sua consolidação por meio de amplos
e democráticos debates, interlocutados pelo Governo Federal, estatais, Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e empresas públicas
(PACHECO, 2010; MOTA, 2009). A Universidade Aberta do Brasil surge com o intuito de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no Brasil,
principalmente nas regiões necessitadas (PACHECO, 2010).
No que se refere à rede privada, houve uma intensa evolução da respectiva modalidade
de educação após a promulgação da LDB de 1996, que também foi um fator preponderante
para o aumento das instituições privadas de ensino superior (SILVA JR. & SGUISSARDI,
2001). Uma vez consolidadas na modalidade presencial, parte das instituições passaram a
buscar um espaço na Educação a Distância. Dados do ministério da educação mostram que na
rede privada o número de matrículas em Educação a Distância saltou de 6.392 em 2002 para
815.003 em 2011, o que representa um surpreendente aumento de mais de 12.000% (MEC,
2012).
No que se refere à esfera pública estadual em Minas Gerais, a Educação a Distância
começa a vigorar mediante a criação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), em que
o estado conta com 84 pontos em 81 municípios desde 2003, se destacando quantitativamente
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perante o resto do Brasil. A partir de então, criou-se a Universidade Aberta e Integrada de
Minas Gerais, ou UAITEC, com o objetivo de utilizar os CVTs já criados para envolverem
também os programas de Educação a Distância da rede UAITEC, incluindo cursos de
graduação e pós-graduação (UAITEC, 2014). No momento em que esta dissertação foi
elaborada, denúncias envolvendo a UAITEC levaram à abertura de processo de investigação,
que estava em andamento a partir do mês de junho de 2016.
Havia uma grande esperança no que diz respeito à EAD, especialmente no ensino
superior, e o Ministério da Educação chegou a instituir uma Secretaria de Educação a
Distância (SEED/MEC) que seria destinada a gerenciar as demandas de âmbito nacional para
a inclusão da inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem. Esta seria uma
forma de estratégia para democratizar e aumentar o padrão de qualidade da educação do país e
as ações requeriam o desenvolvimento e a inclusão das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC), das técnicas de educação a distancia aos procedimentos didático–
pedagógicos convencionais. A SEED também pretendia estimular a pesquisa e o
desenvolvimento, ligados à constituição de novos conceitos e práticas nas instituições
públicas brasileiras, criando diversos projetos e programas. Entretanto, a extinção desta
Secretaria foi proposta em 2011 e gerou discussão entre os especialistas. Mas em 2016,
devido aos problemas financeiros na área de educação, a função da SEED foi incorporada a
Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES), pelo decreto 7.480. A
SERES passou a assumir a regulação e suspensão das ações de educação a distância no ensino
superior.
A questão do gerenciamento dos cursos de Educação a distância vem merecendo a
atenção de estudiosos há algumas décadas. Mill e Brito, da Universidade Federal de São
Carlos, realizaram, em 2009, uma pesquisa sobre a prática da gestão educacional na educação
a distância (EAD), partindo das raízes e origens deste campo do conhecimento e passando
pela gestão empresarial e educacional até os processos de gestão no âmbito da EAD.
Duarte, em 2011, apresentou sua dissertação de Mestrado em Administração na
Universidade FUMEC, abordando fatores críticos de sucesso na gestão de cursos na
modalidade a distância da região metropolitana de Belo Horizonte na visão dos tutores.
O Centro de Pesquisa sobre Gestão, Inovação e Sustentabilidade da Universidade de
Brasília, criado em 2012 e vinculado à Faculdade de Administração, Economia e
Contabilidade / FACE, da UnB, por meio de seus Núcleos Temáticos, promove o estudo da
gestão das organizações, públicas e privadas, e tem desenvolvido pesquisas relacionadas à
Educação à Distância.
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Em 2012, também no Mestrado Profissional em Administração do Centro
Universitário UNA, de Belo Horizonte, o mestrando Ricardo Antonio Cornélio abordou a
questão da evasão e da permanência nos cursos de Educação a distância, e em sua pesquisa
teve a oportunidade de apontar diversos fatores relacionados à gestão da EAD que
influenciam esses resultados.
A importância do tema abordado nesta dissertação se confirma pela produção
científica que será abordada mais amplamente no referencial teórico deste trabalho.
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
Diante do contexto apresentado, a questão norteadora da presente pesquisa é a
seguinte: De que forma duas instituições de ensino superior, sendo uma pública e outra
privada estão conduzindo a gestão de pessoas e os processos de ensino de EAD e adotando
medidas inovadoras nessas duas áreas no período compreendido entre 2014 e 2016?
1.2 - OBJETIVOS
Para se cumprir o propósito do estudo se faz necessário definir de maneira clara os
objetivos, que devem ser divididos em geral e específico. Estes itens necessitam ter um
relacionamento direto com a solução do problema de pesquisa (MATTAR, 1999).
Para dar resposta à questão norteadora, foram definidos os seguintes objetivos:
OBJETIVO GERAL: Analisar a forma pela qual duas instituições de ensino superior, sendo
uma pública e outra privada estão conduzindo a gestão de pessoas e os processos de ensino de
EAD e adotando medidas inovadoras nessas duas áreas no período compreendido entre 2014 e
2016, a partir do ponto de vista dos gestores dessas instituições.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Para atingir o objetivo geral, fez-se necessário trabalhar os seguintes objetivos específicos: 1 . Identificar os princípios e normas que regem a Educação à Distância no Brasil por ocasião
da realização do trabalho.
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2 . Investigar como é realizado o planejamento e a execução dos cursos de EAD nas duas
instituições;
3 . Verificar como é conduzido o processo de seleção e capacitação dos profissionais que
atuam na EAD nas duas IES;
4 . Caracterizar as práticas de ensino adotadas pelas duas IES, identificando o diferencial
inovador de cada uma delas;
5 . Verificar a maneira pela qual é controlado o envolvimento do aluno no processo de ensino-
aprendizagem;
6 . Identificar o modelo de avaliação da aprendizagem dos alunos de EAD nas duas IES.
Como produto técnico será apresentado um guia de sugestões de melhores práticas, que
abordará os aspectos mais significativos do modelo de gestão de pessoas e de ensino da EAD
de cada uma das duas instituições estudadas, com ênfase àqueles que caracterizam a inovação.
1.3 – JUSTIFICATIVA
Conforme informado pela Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED
(2013), a oferta dos cursos da modalidade a distância está se desenvolvendo e se solidificando
no Brasil. A organização enfatiza que 77% da oferta dos cursos presenciais e a distância são
oferecidas pelas Instituições de Ensino Superior e 69% dos empresários compartilha a idéia de
que esta modalidade a distancia é eficiente para o mercado de trabalho (CENSO EAD, 2012).
Desta forma, torna-se importante o presente estudo para a sociedade, dará maior
oportunidade de assegurar um ensino universitário a um maior contingente da população
brasileira. Este estudo também é importante para a academia, pois promove uma reflexão
sobre a educação a distância, deste modelo de ensino e aprendizagem tão necessário.
Para as duas organizações que serão as unidades de análise, este estudo proporcionará
uma melhor análise sobre a gestão em EAD capaz de contribuir para a ampliação da qualidade
de ensino.
Por fim, há uma motivação adicional para se estudar esta temática, pois a autora
trabalha em uma instituição de ensino superior privada e entende que o avanço da educação a
distância poderá ampliar o número de ingressantes nos cursos que fazem parte da referida
instituição e oferecer contribuições para a melhoria da qualidade dos cursos dessa
modalidade.
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Merece também destaque o fato de que várias pesquisas recentes estão voltadas para
as práticas pedagógicas em educação a distância, como se pode verificar pelo levantamento
feito nos sites Scielo, Portal Capes, Google acadêmico. A pesquisa sobre “Aprendizagem
Organizacional a partir das práticas de educação a distância da escola de Administração
/UFRGS” dos autores Silva, Carvalho, Costa e Rhoden (2012), aborda o tema em que as
práticas e papéis foram organizados e modificados por meio de um processo de tentativa e
erro, ao invés de ser resultado de ações coordenadas, planejadas e formalizadas pelos
membros das equipes de EAD. Outra pesquisa que também aborda este tema é “Prática
pedagógica em EAD: uma proposta de arquitetura pedagógica para formação continuada de
professores” da autora Bernardi (2011) na qual trata da verificação das prováveis
contribuições da arquitetura pedagógica elaborada para a formação continuada de professores
que atuam na educação a distância.
1.4 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação é estruturada da seguinte forma: no capitulo 1 é abordada a introdução,
onde se contextualiza o tema, aborda-se sua relevância, define-se a questão norteadora do
trabalho e são definidos objetivos a serem alcançados.
O Capitulo 2 apresenta o referencial teórico do trabalho; primeiramente faz-se
referência à educação superior e ao papel transformador das universidades e em seguida são
tratados os conceitos da educação a distancia e é realçada sua importância. Posteriormente, é
apresentada uma referência às políticas e programas da EAD, com ênfase ao planejamento da
EAD, à seleção e desenvolvimento dos docentes, às práticas pedagógicas e ao processo de
avaliação como são abordados na literatura sobre o tema. São feitas, ainda, considerações
sobre o sentido da inovação em EAD.
No Capitulo 3, referente aos procedimentos metodológicos da dissertação,
apresentam-se a caracterização da pesquisa, as unidades de análise, os instrumentos de coleta
de dados e as técnicas destinadas à análise e tratamento dos dados obtidos.
O capítulo 4 apresenta a análise e interpretação dos dados obtidos com a aplicação da
metodologia adotada, ou seja, é relatada a análise dos documentos e das entrevistas com os
gestores, compatibilizando-se os resultados com a teoria abordada.
O quinto capítulo traz as considerações finais, retomando as principais conclusões,
apontando as limitações da pesquisa e sugerindo novos trabalhos
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo aborda as temáticas que servirão de suporte à análise dos resultados da
pesquisa que fundamenta esta dissertação: a primeira trata das transformações que estão
ocorrendo nas instituições de ensino superior no século XXI, quando são solicitadas a
apresentar novas técnicas capazes de torná-las competitivas em relação às demais e a atraírem
alunos em razão da qualidade do ensino que ministram. Em seguida, discute-se o conceito de
educação à distância e as políticas e programas para EAD. Ainda neste referencial, aborda-se
a questão da Inovação, especialmente a inovação na educação a distância.
2.1 Educação superior e o papel transformador das universidades
A universidade, segundo Pessoa (2000), é o lugar onde residem todos os níveis de
conhecimento, espaço para uma transição enriquecedora entre a adolescência e a juventude e
depois para a vida adulta. Assim, analisar o que a universidade deve possuir e identificar seu
papel na sociedade é uma importante tarefa reservada aos responsáveis pela gestão dessas
instituições.
Para Melo (2002), as universidades possuem um espírito de liberdade que lidera as
instituições desde a sua constituição, passando pelo processo democrático onde haveria um
debate entre posições e direitos; este tipo de processo é caracterizado como inalienável. Além
do mais, por se tratar de educação, é preciso analisar a conexão com o crescimento
econômico, social e cultural global.
Segundo a UNESCO (1997), após analise econômica, foi possível reconhecer a
importância do capital humano para alavancar a economia. Acrescenta ainda que os governos
ficaram interessados em investir nesse novo tipo de capital, uma vez que foi observado que
nos países desenvolvidos há este tipo de investimento, mesmo que as prioridades, dificuldades
e circunstancias sejam diferenciadas.
Universidades são instituições de elevada relevância para a sociedade; são voltadas
para o saber, principalmente para aquele referente à educação de nível superior. Para Ferreira
(1998, p.234) educação é “o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e
moral do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social”. Já para
Melo (2002), a organização social formal e complexa é caracterizada por ser uma
universidade. Melo (2002) acredita que o crescimento social e o econômico dependem
principalmente da competência e do fortalecimento das instituições públicas.
20
As instituições são obrigadas a assumir novos papeis sociais e não podem estar
desatentas ao que se passa em sua volta, pois elas podem deixar de existir, caso não estejam
alertas quanto aos desafios e atualizações na sociedade.
Há uma discussão acerca da qualidade de ensino nas instituições educacionais, onde
nos anos setenta do século XX se considerava que a baixa qualidade de ensino era
conseqüência de uma política de fácil credenciamento dessas instituições adotada durante o
regimento militar. Considerava-se que tal política havia beneficiado o setor privado do ensino
superior e prejudicado a qualidade do ensino (PESSOA, 2000, p.29).
As modificações originadas no processo de globalização da economia fizeram com
que a educação superior agisse com novas posturas. A Universidade passou a ser
caracterizada como agente formador de profissionais que necessita sempre se adaptar aos
novos sistemas educativos e às novas competências que o mercado exige. Dias Sobrinho
(1999, p. 25) corrobora com essa informação dizendo que “o futuro de uma nação se projeta
cada vez mais, sobretudo em base de seu capital educativo. Ele é o principal motor das
transformações e deve ser o instrumento da compreensão das mudanças”.
Pessoa (2000) adiciona a idéia de que as instituições estão em processo de
transformação, enfrentando dificuldades como:
a) Custo alto do ensino superior onde o orçamento público compete com as necessidades
políticas, econômicas e sociais;
b) Necessidade de mudanças na grade curricular e nas inovações para que possa formar
estudantes aptos a atuarem no mercado;
c) Dificuldades na necessidade de obter alta especialização e capacitação e também
atender às exigências da educação e crescimento das pesquisas;
d) Dificuldade no auxílio tecnológico, o qual intervém no crescimento da informação
básica;
e) Crescimento nos campos de cooperação interdisciplinar, tanto no ensino quanto na
pesquisa, principalmente porque são complicados de implantar na constituição da
universidade.
Dessa forma, a Universidade deverá estar apta a oferecer um modelo de ensino
adequado aos alunos e professores. Batista e Souza Pinto (2004) entendem que as instituições
de ensino superior, como disseminadores de conhecimento e tendo o papel de obter acesso ao
conhecimento e produção, necessitam avaliar a realidade e agir, procedendo às modificações
21
necessárias. Sendo assim, precisam se adaptar por meio da captação dos profissionais, da
realização de pesquisas e da interação com a comunidade. Nesse contexto, será preciso avaliar
de maneira reflexiva o papel da universidade, para que se possa intervir de forma consistente,
permitindo sugerir direções diversas. A educação à distância tem ganhado uma importância
relevante nas universidades, especialmente no momento em que se pretende expandir o ensino
universitário a populações que recentemente não tinham acesso a este nível de ensino como,
por exemplo, o ensino a distância. Desse modo, a EAD passa a integrar o rol de papéis das
Universidades, desempenhando um papel novo e enriquecedor no Brasil.
É necessário que a instituição se reinvente, tornando-se capaz de realizar uma nova
adaptação ao espaço que ocupa na sociedade. Neste sentido, têm evoluído modelos de
universidades com o objetivo de alavancar maior numero de estudantes. Exemplos disso são a
Universidade Virtual ou a Universidade Empreendedora e Universidade Corporativa que
acolhe as partes peculiares da comunidade (MELO, 2002).
Belloni (2006) acrescenta que o ensino superior não pára de evoluir nos países
desenvolvidos; observa, entretanto, que no Brasil a evolução tende a aumentar em benefício
da expansão do ensino secundário.
As universidades que possuem as modalidades de ensino presencial e a distância
possuem importantes contribuições para o crescimento dos sistemas de educação como
também para a diversidade. A tendência que vem sendo observada nesta segunda década do
século XXI, é que nas universidades tradicionais onde a modalidade que prevalece é a
presencial haja também o ensino a distância (UNESCO, 1997).
Para se compreender sobre universidades, é importante analisar a interação de cada
instituição com a atual realidade social e também a maneira de inclusão do conhecimento em
um ambiente geral. Dessa forma, os gestores serão capazes de programar, disseminar e
ponderar sobre os recursos. Desse modo, a instituição será apta a desenvolver seu potencial.
Pessoa (2000, p. 29) adiciona a idéia de que “desde que suscitadas no interior das
instituições, questões como a qualidade do ensino e da pesquisa tornaram-se objeto de
constantes reflexões e propostas de políticas de avaliação para as universidades públicas”.
Nesse aspecto, os agentes envolvidos nas IES acreditam que os serviços deverão ser de
qualidade tanto na sua gestão quanto na sua avaliação.
Tem-se realçado que as instituições do ensino superior precisam de gestão adequada,
empenhada com o avanço da qualidade dos serviços apresentados. Rumble (2003, p.15) relata
que “a gestão é um processo que permite o desenvolvimento de atividades com eficiência e
22
eficácia, a tomada de decisões com respeito às ações que se fizerem necessárias, a escolha e
verificação da melhor forma de executá-las”.
Para Biazus (2004), o sucesso do processo da qualidade de ensino está sujeito à analise
do ensino superior, uma vez que é neste nível do ensino que se processam discussões
destinadas a provocar modificações onde estiver incorreto, ineficaz e ineficiente. A Unesco, já
em 1997, realçava que a avaliação é um dos elementos capazes de fornecer importantes
contribuições para a eficiência das atribuições e operacionalização do sistema, certificando
sua contribuição para o desenvolvimento. Esta avaliação, orientada pelas informações sobre a
organização, suas dificuldades e habilidades, cria condição de se apontar as atitudes mais
adequadas ao processo da gestão, bem como aos processos de administração, programação,
controle e organização.
2.2 - Educação a distância: conceito e importância
O Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o
Art. 80 da Lei 9.394/96 (LDB) a Educação a Distância, define-a como "a modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem
ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes
e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos".
Há outros autores que conceituam a EAD: Franco, Cordeiro e Castilho (2003, p. 343)
afirmando que é “[....] uma modalidade educacional que faz uso de processos que vão além da
superação da distância física”. Já Sarmet e Abrahão (2008) apontam que a metodologia de
EAD possui perspectiva positiva quanto aos empecilhos atribuídos pela distância física
existente entre professores e alunos no método tradicional, onde a sala de aula é caracterizada
como um lugar de encontros que acontecem no horário demarcado.
Para o presente trabalho, a definição adotada será a do Decreto 5.622, de 19.12.2005
pois subentende-se por conceituar a educação a distância de uma forma mais ampla e
inclusiva.
Tratando da finalidade da Educação a Distância (EAD), Cherman e Bonini (2000)
consideram que se trata de uma modalidade de ensino destinada á difusão e democratização
da educação.
A auto aprendizagem possibilita a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados e apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação existentes. (CHERMANN e BONINI (2000, p.17)
23
Para Barreto (2016) a EAD é uma alternativa desenvolvida pelos sistemas
educacionais para oferecer educação a vários âmbitos da população, que, por diversos
motivos, apresentam dificuldades em comparecer às instituições de ensino. A autora ainda
cita outros motivos que podem atrapalhar o acesso ao sistema educacional, incluindo no caso
as questões geográficas e sociais, condições familiares, profissionais e econômicas.
Não é função da EAD substituir a educação presencial, mas sim complementá-la na
individualização dos conhecimentos, em concordância com cada perfil, preferência e
habilidades cognitivas dos alunos. É função da EAD admitir que os indivíduos excluídos do
modelo tradicional sejam introduzidos no processo de seu desenvolvimento e tenham seus
direitos a educação e informação assegurados.
Os autores Ghedine, Testa e Freitas (2006) destacam a questão da realidade da
população, abordando o custo da educação presencial e também as dificuldades pessoais
como: falta de tempo, dificuldades de deslocamento e a necessidade de se garantir melhor
acessibilidade a computadores e à internet. Dessa maneira, valida-se a adoção da modalidade
EAD como uma ferramenta de formação de indivíduos capazes de desenvolverem suas
habilidades e capacidades.
Assim sendo, a EAD é uma possibilidade de obter aprendizado que pode facilitar o
dia-a-dia de várias pessoas que, em outras circunstâncias, não teriam acesso ao conhecimento,
além de se promover o acesso delas ás informações que até então não conseguiam obter.
A educação a distância é um espaço de contínuo e amplo processo de transformação,
que abrange não somente a democratização de acesso a níveis de escolaridade e atualização
constante como a adoção de novos paradigmas educacionais. O conceito está na totalidade, na
aprendizagem como um fato social e pessoal na formação de pessoas autônomas, capazes de
criar, aprender e intervir no ambiente que vivem (NEVES, 1998).
Os cursos ofertados à distância são destinados à formação e aperfeiçoamento dos
profissionais que moram distantes de centros de educação, o que nos mostra a possível
democratização da educação. Podem ainda, construir conhecimentos, desenvolver
habilidades, competências e questionar modelos éticos que podem beneficiar os alunos. Isso
significa que, se o curso a distância for realizado de forma adequada, os alunos terão a
capacidade de serem autônomos e também, profissionais qualificados.
Rosa e Matempi (2006, p. 61) atribuem outro ponto positivo à Educação a Distância:
“...percebemos que as Tecnologias de Informação e Comunicação (EAD) possibilitam
diferentes formas de pensar, em relação à linearidade de raciocínio defendida no ensino
tradicional”. Dessa forma, percebe-se que o método a distância possibilita maior flexibilidade,
24
adotando um processo onde o aluno tem maior autonomia na construção de suas habilidades.
Por outro lado, Oliveira (2007) realça algumas dificuldades e limitações inerentes á
EAD, onde a falta de acessibilidade e preparo para lidar com a tecnologia impossibilitam o
melhor acesso aos conteúdos a serem estudados. Steil, Pillon e Kern (2005) adicionam a idéia
de que a atitude positiva ou não em relação à EAD dependerá da forma pela qual eles a vêem
e também como ela lhes será apresentada e direcionada pelo sistema educacional.
Além da tecnologia, há outro fator que possibilita o sucesso na educação a distância,
que é a efetiva participação do professor como agente motivador e incentivador no processo
ensino/aprendizagem do aluno. Sem este papel do professor, o aluno estará desmotivado e não
superará as dificuldades inerentes ao processo de ensino e aprendizagem (BARBOSA;
REZENDE, 2006; MAIA et al., 2006; SARMET; ABRAHÃO, 2007).
A Educação a Distância deve ser entendida por um aspecto mais amplo, ou seja, por
meio da integração das TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) nos processos
educacionais, permitindo um total acesso a uma formação emancipatória. Desse modo, a EAD
é uma modalidade de ensino que pode oferecer uma formação profissional de qualidade,
tendo a pesquisa como um embasamento para uma educação que visa aprender a aprender. Os
meios técnicos deverão ser utilizados de maneira critica, competente e criativa.
O uso educativo das TICs pode ser considerado de duas formas inseparáveis: uma
como ferramenta pedagógica, que contribui de forma eficaz e criativa, por meio de uma
leitura crítica, sendo o objeto de estudo e de reflexão do processo de aprendizagem. Outra,
como meio técnico, cujo instrumento é didático e pedagógico, a favor do professor e do aluno
neste processo.
Por este motivo, é imprescindível a incorporação das TICs no processo de educação
nos tempos atuais. Para Nascimento e Trompieri Filho (2002, p.87):
(...) a educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade fundamentada na informação, no conhecimento e no aprendizado. É uma estratégia da sociedade para facilitar que cada indivíduo alcance o seu potencial e para estimular cada individuo a colaborar com outros em ações comuns na busca de bem comum.
Essa passagem demonstra que a educação deve oferecer informações que buscam
bens-comuns, a melhoria de uma coletividade e também o melhor desenvolvimento do ser
humano. Logo, como a tecnologia está sendo demandada como uma força que impulsiona o
desenvolvimento, a instituição vê-se atraída a adotar tais estratégias pela influência da própria
sociedade.
25
Zuin (2006 p. 936) apóia essa constatação ao garantir que “[...] nos atuais tempos [...]
a chamada especialização flexível exige mudanças no processo educativo/formativo, de tal
modo que capacitem o trabalhador a adquirir habilidades necessárias para acompanhar a
velocidade das inovações tecnológicas [...]”.
Em seguida, o autor considera que o processo educacional é forçado a utilizar as
ferramentas tecnológicas como instrumentos de ensino, incumbindo-se de preparar as pessoas
para utilizarem tais instrumentos, potencializando ainda mais o ciclo de pressão.
Apesar de as TICs acarretaram para a sociedade dos séculos XX e XXI muitas
contribuições positivas devem ser levados em consideração alguns elementos críticos
conforme os autores Moreira e Kramer (2007, p. 1043), que apontam o seguinte: “a expansão
uniformizada de aparatos tecnológicos não elimina a diversidade das relações entre
indivíduos, assim como das relações desses indivíduos com o conhecimento, com o dinheiro e
com seus corpos”.
Essa presunção leva a uma questão acerca da tecnologia e da função da educação na
sociedade. A tecnologia e os dados tecnológicos emergem nos mercados e na sociedade,
gerando uma competição sem fim pelo novo, pelo moderno e pela funcionalidade, mesmo
sem levar em conta a real importância de tal aparato e da contribuição para a eficiência das
pessoas.
Não se pode esquecer que a tecnologia pode ter a função de barreira a participação em
processos de EAD. Não é difícil ocorrer a limitação de acesso pela pouca capilaridade da
rede, pelo baixo desempenho da transmissão de dados que as linhas atendem e também pelo
alto custo que representa ter o acesso a este equipamento (SARAIVA, 2006).
Além disso, há pessoas que ainda sentem receio e também aversão ao utilizar este tipo
de equipamento. Mesmo que aparelhos como controle remoto, videocassete e telefone celular
façam parte da vida das pessoas, a maior parte delas não explora as possibilidades desses
aparelhos, por desconhecimento ou receio, utilizando apenas as alternativas de liga / desliga.
Os recursos da tecnologia não são suficientes para acolher todas as suas
características; deste modo, precisam de intermédio dos tutores e monitores para os
mecanismos de escuta e captura para atender as necessidades de cada individuo. Para Saraiva
(2006), as pessoas do espaço tecnológico estão determinadas pela qualidade e pelos espaços
de liberdade que o grupo é apto a construir, uma vez que a instituição deste lugar é
primeiramente orientada pela percepção do professor como designer do espaço educacional.
Devido a isso, não implica uma determinação de uniformidade, pois não há método para
26
estimular uma aliança, senão a potência que a heterogeneidade que ativa a harmonia com a
visão da intenção.
Finalmente, pode-se destacar o papel do docente tutor conforme Niskier (1999), que
assim se refere a esta figura:
O docente tutor deverá comentar os trabalhos realizados pelos alunos, corrigir as avaliações dos estudantes; ajudá-los a compreender os materiais do curso através das discussões e explicações; responder às questões sobre a instituição; ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos; organizar círculos de estudo; fornecer informações por telefone, fac-símile e e-mail; supervisionar trabalhos práticos e projetos; atualizar informações sobre o progresso dos estudantes; fornecer feedback aos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes; e servir de intermediário entre a instituição e os alunos. (NISKIER, 1999, p.393)
2.3 – Políticas e Programas para a Educação a Distância
A Lei de Diretrizes e Bases – 9.394/96, no art. 80, relata que o Poder Público incitará
o desenvolvimento e a veiculação de programas de educação a distância em todos os padrões
de ensino e de educação continuada, observando que a EAD tem se desenvolvido no mundo
todo e alavancando um espaço importante no país.
Educação a Distância, de acordo com o Decreto n.º 2494 do MEC (1998), é uma
modalidade de ensino que permite a auto – aprendizagem, por meio de materiais didáticos
ordenadamente estabelecidos, apresentados em suportes de informação sendo utilizados de
forma individual ou em conjunto, e veiculados pelos diferentes meios de comunicação.
Os conceitos, pressupostos e práticas educativas que conduziram as percepções sobre
o processo de construir conhecimentos pelos agentes, estabelecidos pelo novo apoio de
armazenamento e transmissão de dados, são submetidos a uma nova interpretação, no caso
das relações a distância.
A Secretaria de Educação a Distância – SEED foi criada pelo Decreto nº 1.917, Anexo
I, Seção 23, Art. 27, de 27 de maio de 1996. O Ministério da Educação, por meio da SEED,
pretendia que esta secretaria se constituísse em um agente de inovação tecnológica nos
processos de ensino e aprendizagem, promovendo a incorporação das tecnologias de
informação e comunicação (TICs) e das técnicas de educação a distância aos métodos
didático-pedagógicos. Esperava, ainda que pudesse promover a pesquisa e o desenvolvimento
envolvidos para o inicio de novos conceitos e práticas nas escolas públicas.
Essa secretaria desenvolveu diferentes programas e atos importantes para a inclusão de
tecnologias do dia–a-dia escolar e para a formação inicial e continuada de professores, como o
27
Domínio Público – biblioteca virtual; DVD Escola; E-ProInfo; E-Tec Brasil; Programa Banda
Larga nas Escolas; Proinfantil; ProInfo; ProInfo Integrado; TV Escola; Sistema Universidade
Aberta do Brasil; Banco Internacional de Objetos Educacionais; Portal do Professor;
Programa Um Computador por Aluno – Prouca; Projetor Proinfo.
Uma das obras do governo federal foi a criação da Universidade Aberta do Brasil
(UAB) para ampliar a inserção de jovens e adultos no ensino superior, usufruindo a
metodologia da Educação a Distância (EaD) (ZUIN, 2006). Outra ação do referido governo
foi o apoio ao crescimento da Educação a Distância no Brasil, como pode ser comprovado
pela criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) para gerenciar essa modalidade de
ensino no Brasil (DUBEUX et al., 2008).
A criação da UAB resultou dos esforços do Fórum das Estatais pela Educação e foi
fundamentado pelas experiências de consórcios nacionais para a oferta de cursos superiores e
de formação continuada.
Zuin (2006) trata o assunto da falta de foco do governo e do Estado brasileiro em
promover uma ‘revolução’ educacional, pois o mesmo não oferece uma política eficaz e
deliberada, nem mesmo objetivos claros sobre qual modelo de educação o país precisa e deve
buscar. Analisa-se uma série de atos fragmentados em que o poder público ou entidades da
sociedade tentam estruturar pólos de excelência, que infelizmente não resolvem o problema
de forma decisiva.
2.3.1 – Universidade Aberta do Brasil
A partir da aprovação da LDB de 1996, a Educação a Distância (EAD) passou a ser
regulamentado, em todas as instâncias e níveis de ensino, sendo considerada uma forma de
ampliação das atividades para todas as instituições de ensino.
Em 19 de dezembro de 2005, a EAD foi regulamentada pelo Decreto nº 5.622
(BRASIL, 2005). Esse decreto permitiu que em 8 de Junho de 2006 a Universidade Aberta do
Brasil fosse estabelecida por meio do Decreto nº 5.800 que possibilitou o crescimento do
ensino superior a distância com o objetivo de desenvolver e interiorizar a oferta de cursos e
planos para o ensino superior no país. Para Coelho (2009), tal regulamentação permitiu que as
instituições desenvolvessem cursos em diversas áreas, incorporando diferentes conteúdos,
além de métodos e técnicas pedagógicas.
A Universidade Aberta do Brasil tem sete objetivos:
28
a) proporcionar de forma prioritária para os docentes da educação básica, cursos de
licenciatura e de formação inicial e continuada;
b) ofertar cursos para os gestores e funcionários da educação básica para toda a instância de
governo como Estados, Municípios e Distrito Federal tendo em vista a capacitação superior;
c) proporcionar cursos superiores em diversas áreas do conhecimento;
d) aumentar o acesso para o ensino superior público;
e) diminuir as diversidades entre as demais regiões do Brasil no que abrange a oferta do
ensino superior;
f) estabelecer um sistema educacional vasto no que tange à educação a distância;
g) promover o desenvolvimento da EAD no Brasil (BRASIL, 2005).
O Sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB), implementado em 2005, constitui
o comprometimento das instituições ativas do Fórum das Estatais pela Educação, para
instituir apoios para o sistema universidade aberta do país, tendo a sua materialização por
meio de grandes e democráticas discussões intermediadas pelo Governo Federal, por estatais,
pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes) e por empresas públicas (PACHECO, 2010).
A UAB integra um aglomerado de políticas públicas criadas pelo Governo Federal
para o campo da educação, principalmente direcionadas para a ampliação da educação
superior com qualidade e ascensão da inclusão social (MOTA, 2008). Dessa forma, a UAB
reafirma o plano estratégico da educação superior e do progresso tecnológico e científico para
o desenvolvimento no Brasil.
Esse sistema é responsável por promover iniciativas que garantam o funcionamento
dos cursos ofertados como: usar as tecnologias para promover a interlocução entre tutores,
professores e alunos, fabricação e repartição de todo o material didático, aquisição de
laboratórios pedagógicos, obter livros para bibliotecas, investimento na infraestrutura dos
centros de EAD, habilitar os profissionais que atuarão no EAD, acompanhar os centros de
apoio presencial e os encontros presenciais que visam o crescimento da EAD.
A prioridade da UAB é promover o ingresso no ensino superior para docentes da
educação básica, possibilitando a requalificação desses docentes; logo, aprimorar a educação
básica no interior do Brasil, evitando o movimento da busca da educação superior para os
grandes aglomerados.
A UAB está fundamentada por cinco eixos:
29
a) Ampliação da educação superior pública, em conformidade com as metas do Plano
Nacional da Educação (PNE);
b) Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições do ensino superior;
c) Analisar os cursos superiores da educação a distância no Brasil;
d) Apoio às pesquisas sobre educação superior a distância no Brasil;
e) Financiamento dos processos de inauguração, ação e capacitação de capital humano
nos cursos superiores na educação a distancia.
Há várias modalidades de ensino oferecidas pela UAB: Bacharelados, Licenciaturas,
Especializações e Mestrados voltadas para o desenvolvimento dos docentes da educação
básica da rede pública, especializações do Programa Mídias na Educação, promovendo a
educação continuada para uso pedagógico da educação a distância, utilizando a tecnologia da
informação e comunicação, Graduação em Biblioteconomia, Especializações para Docentes e
o Programa Nacional de Formação em Administração Publica (PNAP) nas áreas de graduação
e pós- graduação, com o intuito de instituir um aspecto nacional do dirigente público.
A educação na sociedade está se modificando e ampliando de forma favorável a
demanda da nova modalidade á distância. A Educação a Distância surge cada vez mais, como
uma modalidade de educação bastante ajustada e desejável para acolher as novas questões
educacionais decorrentes das transformações de ordem econômica mundial (BELLONI, 2003,
ARETIO, 2002). Zuin (2006), Costa (2007) e Segenreinch (2009) salientam que, mesmo
tendo a ampliação dos programas e cursos oferecidos pela UAB e crescendo o número de
alunos cursando o ensino básico e superior, é necessário analisar seus objetivos, uma vez que
o enfoque se dá pelo aspecto quantitativo, ou seja, formação em massa, e não pelo aspecto
qualitativo de que é o ensino e quem ensina.
Para Coelho (2009), a função social não é cumprida pelo crescimento da UAB, pois
não é garantia de emprego ter uma formação superior, não deve ser ponderada como um
órgão de regulação social através de uma política social compensatória, focando somente nos
mais necessitados, onde seria um exemplo de política pública. Rua (2009) afirma que política
pública é conseqüência de um processamento de processos internos e externos do princípio
político.
É também um instrumento eficiente neste processo ao estimular o crescimento de
municípios com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o que beneficia
o desempenho das instituições de ensino nestes lugares (UAB/CAPES, 2014; FERREIRA &
CARNEIRO, 2013; FERRUGINI et. al. 2013).
30
Para Costa (2007) é imprescindível desenvolver a educação superior a distância no
Brasil; contudo, é indispensável que este desenvolvimento seja de qualidade. De toda forma, é
necessário refletir sobre a implantação e desenvolvimento desta modalidade a distância como:
a razão de os professores e alunos agirem fisicamente afastados, onde é necessária uma boa
interlocução entre eles; o aluno necessita de apoio descentralizado completo. O aluno precisa
ser observado como núcleo pedagógico.
Os centros de EAD precisam oferecer base acadêmica e também administrativa aos
alunos, dispondo computadores com acesso a internet, salas para encontros presenciais dentre
outros.
Alguns itens devem ser observados durante o processo, como: a organização do
currículo escolar, a utilização do material didático, as tutorias tanto presencial quanto a
distância, a infraestrutura que irá funcionar o local de convívio pedagógico, todo o conjunto
multidisciplinar, a avaliação e o pessoal.
Gomes (2013) acrescenta a idéia de que é importante o ensino a distância para atender
às demandas sociais e impulsionar o exercício da cidadania. É preciso também que as
instituições de ensino participantes se atentam nas suposições de cursos superiores que sejam
relevantes para o crescimento do Brasil.
Competirá ao governo municipal ou estadual garantir a estrutura física do pólo
presencial, enquanto o MEC assumirá a manutenção dos cursos, inclusive pelo pagamento das
bolsas para os professores e tutores.
Um dos objetivos da UAB é a formação e capacitação dos docentes tendo em vista o
progresso na rede pública de ensino da educação básica. Para Dourado (2008), não se deve
amenizar a importância de desenvolver políticas direcionadas para a garantia da qualidade de
ensino que se inicia na educação básica. Devido a isso, a interação entre ensino superior e
público objetivará o desenvolvimento dos docentes por ser benéfica para o crescimento da
educação no Brasil.
Freitas (2007) espera que o desenvolvimento ocorra de forma cautelosa, conforme as
políticas implantadas, sendo que muitos docentes irão se especializar em instituições privadas,
como bolsistas do PROUNI ou também pela UAB.
A demanda dos cursos superiores por meio de uma articulação entre o governo e as
instituições públicas é um grande avanço, uma vez que a educação era percebida com um
caráter mercadológico. Contudo, o avanço não deverá acontecer somente de forma
quantitativa, mas também qualitativa, tendo em vista que os profissionais formados pelos
31
novos programas de governo federal serão responsáveis pela formação dos adolescentes que
irão fazer parte do país no futuro (FREITAS, 2007).
Para Segenreich (2009), a qualidade dos cursos deveria ter sido analisada como um
projeto educacional e não como uma política pública cujo aumento foi meramente
quantitativo no número de vagas na rede pública do ensino superior. De acordo com a autora,
no relatório de avaliação dos pólos, o mobiliário e os equipamentos receberam uma maior
dedicação. Entretanto, a equipe de apoio ao aluno e os recursos da tutoria não receberam tal
dedicação, tendo em vista que ambos possuem um importante papel para a qualidade do
ensino que é oferecido.
Zuin (2006) acrescenta a idéia de que os pólos de apoio presencial são fundamentais
para o avanço do processo educacional a distância, além de destacar a importância do tutor,
onde o aluno necessita dele para conseguir assimilar o conteúdo apresentado e se sentirem
motivados a continuarem o estudo.
Logo, analisar qualitativamente os resultados dos cursos torna-se imprescindível.
Ressalvando que as avaliações dos cursos em EAD anunciadas nos últimos cinco anos tendem
a analisar os cursos sob a expectativa de satisfação dos estudantes perante o curso, e de certa
forma, não há ainda uma unicidade de avaliações (ESPARTEL, 2009; BENFATTI &
STANO, 2010; SOUZA & REINERT, 2010; NUNES et. al.,2013; PACHECO et. al., 2013;
FERRUGINI et. al., 2013; ISHIDA, STEFANO & ANDRADE, 2013; PEREIRA et. al.,
2013).
Pinto Junior e Nogueira (2014) acreditam que analisar os resultados da implementação
dos cursos é imprescindível para que haja resposta aos questionamentos do sistema
educacional do país. É necessário examinar se está de fato garantindo acesso ao ensino para
todos, especialmente para os mais necessitados.
A avaliação de todo o sistema acarretará elementos que podem oferecer um mapa
amplo das oportunidades e verificar as dificuldades apresentadas. Desta forma, Dourado
(2008), recomenda que haja uma avaliação que permita que o projeto pedagógico garanta uma
verdadeira formação teórica – pratica ao aluno e não somente a utilização da tecnologia.
Por mais que o Sistema da Universidade Aberta do Brasil seja uma política voltada
para a democratização e desenvolvimento da educação, ela deverá estar sempre sendo
avaliada em prol de contribuir para uma qualidade e efetividade das funções a que se
propõem. Neste sentido, Costa (2007) destaca que é importante observar que 90% dos pólos
ofertados estão situados em municípios com menos de 100.000 habitantes e que raramente
teriam uma universidade estabelecida.
32
Os autores Maia, Dantas e Schneider (2009) advertem que a composição da UAB
possibilita agir de maneira mais flexível e com autonomia direcionada às necessidades de
cada estado ou município, onde as questões necessárias são apresentadas pelas próprias
regiões. Portanto, para que o programa desempenhe suas funções, é preciso que os projetos
pedagógicos sejam desenvolvidos por meio das tecnologias eficazes. Para os autores, os
preceitos da UAB são apropriados uma vez que prioriza a democratização das decisões, a
transparência das ações administrativas e finalmente, pela colaboração entre as instituições
participantes.
2.4 – A gestão dos programas de Educação à Distância (EAD)
Amaral e Rosini (2008) realçam que a economia mundial vive um processo de
intensificação da competitividade e da capacidade de gerar inovação tecnológica e nesse
quadro o processo de aprendizagem, que está sempre atrelado ao desenvolvimento humano,
ganha especial relevância. Considerado uma inovação na educação, a Educação a Distância
torna-se uma alternativa imprescindível, uma vez que proporciona aquisição de conhecimento
sem os limites de tempo e espaço.
O objetivo dos sistemas de educação a distância é proporcionar um modelo de gestão
que permita levar novos conhecimentos para um grande número de alunos potencialmente
dispersos em uma grande área e, algumas vezes, isolados dos grandes centros de educação.
Utiliza-se a contribuição de professores altamente qualificados que possam ser
compartilhados por diversos alunos localizados em diferentes espaços e em momentos
diferentes.
Ainda de acordo com Amaral e Rosini (2008), projetar um sistema de gestão de
educação a distância (EaD) que decorra numa prática pedagógica inovadora, de viabilidade
acadêmica, depende de competência técnica e da decisão dos gestores acadêmicos em
implementá-lo.
Segundo Bof (2005), nos programas educacionais a gestão torna-se imprescindível,
para que os resultados sejam bem sucedidos. A clara definição dos objetivos e das atividades
a serem desenvolvidas, a estrutura de apoio à aprendizagem, as tecnologias a serem
empregadas e os processos educacionais como um todo, servirão para garantir que esse
sistema funcionará de forma eficiente.
33
Ao confirmar o ponto de vista dos autores citados anteriormente, pode-se concluir que
o primeiro passo a ser executado na gestão de sistema de EAD é requerer uma infraestrutura
apropriada, definindo toda a operacionalização e descrição de todo o processo que permitirá
alcançar os pressupostos educacionais.
Para ilustrar a importância de uma gestão que garanta o funcionamento do sistema e
por conseqüência, assegure sua qualidade, eficácia e eficiência, Bof (2005) caracteriza dois
tipos de gestão de sistemas de EAD. No primeiro tipo, a gestão pedagógica que gerencia as
atividades e etapas do curso, deve ser determinada para que seja realizada de modo eficiente,
contribuindo para a aprendizagem e para a avaliação. Nesse caso, o sistema deve apoiar a
aprendizagem do estudante de forma eficiente, de modo a estabelecer uma tutoria que
acompanhe o desenvolvimento dos alunos, usando mecanismos gerenciais que observem o
trabalho dos tutores.
Uma vez que o sistema garanta a comunicação entre alunos e tutores, é necessário que
este diálogo seja efetivo, tanto do lado do aluno, facilitando o esclarecimento de qualquer
dúvida ou a obtenção de informações, quanto do lado do tutor, oferecendo um eficiente
retorno, com respostas claras e em tempo hábil.
Para Bof (2005), uma adequada gestão é necessária para que todos os envolvidos
estejam cientes do sistema de avaliação. Isto requer que a forma de avaliação proposta pelo
projeto pedagógico, seja ela formativa ou somativa, seja definida e sejam identificados os
possíveis instrumentos e indicadores que permitam acompanhar o progresso da avaliação.
Portanto, na gestão pedagógica é possível presumir a estrutura, a descrição, o
sistemático funcionamento de toda a parte pedagógica do sistema, bem como a elaboração, o
acompanhamento e a avaliação dos responsáveis pelo competente funcionamento do ensino e
aprendizagem dos alunos.
O segundo tipo de gestão de EAD mencionado por Bof (2005) é caracterizado pela
gestão de sistema, onde se pode estabelecer o gerenciamento de pessoal, dos treinamentos, da
avaliação, da produção e distribuição de materiais, da tecnologia utilizada, dos recursos
financeiros, dos métodos acadêmicos necessários para o acompanhamento dos processos
intrínsecos ao eficiente funcionamento do sistema.
Conforme Bof (2005), todos os integrantes do sistema devem estar cientes sobre o que
fazer e de que forma fazer. Salienta que a gestão deve sempre acompanhar o trabalho de todos
para ajudar em pontos mal compreendidos ou mal feitos.
Como em qualquer outro programa de gestão, um projeto de gestão de EAD deve ser
iniciado pelo planejamento. Nesse sentido, o Planejamento deve ser entendido como a
34
escolha de estratégias que podem ser construídas para se obter um desempenho superior à
média; para isto, deve ser criada e desenvolvida uma postura exclusiva e sustentável nos
processos de gestão da EAD. Como explicam Amaral e Rosini (2008), na fase do
planejamento deve-se considerar a descrição dos objetivos de aprendizagem que permitam o
desenvolvimento de um plano de avaliação capaz de indicar como o curso será considerado e
como o aprendizado será medido. Isto significa que um planejamento adequado não se ocupa
apenas da definição clara dos objetivos, mas propõe o acompanhamento das ações destinadas
ao alcance de tais objetivos e se volta, ainda, para a avaliação.
Assim, logo após a definição dos objetivos, o planejamento se volta para a definição
das estratégias de ensino, ou seja, do modo pelo qual a informação será apresentada aos
alunos e de que forma o plano de avaliação deverá ser preparado. A definição das atividades
que os alunos farão virá em seguida, acompanhada da metodologia utilizada para o alcance
dos objetivos. (MOORE & KEARSLEY, 2007)
Rosini (2007) realça que a metodologia utilizada no esforço de planejamento será
tanto mais adequada quanto melhor inserir a visão de futuro e a percepção do meio ambiente
da empresa responsável pelo plano de EAD. A partir da analise de oportunidades e dos
obstáculos que advirão da execução do planejamento, a probabilidade de se obter resultados
positivos será gradualmente ampliada.
A Educação a Distância demanda condições diferentes da escolarização que se vale de
alternativas presenciais. Os alunos dessa modalidade de ensino não interagem
presencialmente com os colegas e nem com os professores, embora lidem com materiais
disponibilizados em diversos suportes, em locais e tempos adequados para os estudos. Os
cursos de EAD permitem a obediência a diferentes ritmos de estudos, de acordo com a
necessidade pessoal, possibilitando novos hábitos, novas atitudes frente a aprendizagem e
lidando de diversas formas com suas dificuldades.
Algumas tecnologias utilizadas na Educação a Distância podem ser consideradas mais
utilizadas: hipertextos, correios eletrônicos ou e-mails, fórum e bate - papo ou chat. São
recursos segundo o autor Tornaghi (2005) importantes, pois servem como apoio para ações da
educação à distância. A primeira tecnologia tradicional, também chamada de web-pages,
caracteriza-se por simular o conhecimento, ou seja, as formas pelas quais se permite a
reprodução mais imediata de como pensamos. "Refletimos, estabelecemos conhecimentos e,
por conseguinte, significados, constituímos relações e praticamos inferências". Desta maneira,
o hipertexto possibilita que as correlações sejam traduzidas de forma operacional e concreta,
35
como por exemplo, o dicionário e ou a enciclopédia. Por meio digital, ou seja, por
computadores, significa que ao clicar sobre os links, diversos textos serão disparados na tela.
Com relação aos Correios ou e-mail, Tornagli (2005) assinala que são ferramentas que
servem como correspondência pessoal, sendo que sua agilidade é a maior vantagem para a
EAD. As mensagens dos correios eletrônicos chegam ao destino imediatamente, fazendo com
que o contato entre professor e alunos seja sempre eficiente. É importante que a demanda seja
realizada com presteza e que o professor esteja sempre acessível aos alunos.
O fórum consiste em um conjunto de comentários praticados a partir de uma questão
ou afirmação. É uma discussão realizada de maneira assíncrona, ou seja, cada questão inicial é
comentada pelos demais participantes, e cada novo comentário pode gerar retornos
específicos e ocasionar uma contínua discussão. Este tipo de ferramenta permite uma maneira
de aprofundamento de idéias e cooperação.
Tornaghi (2005) aborda, ainda, a ferramenta de bate–papo ou chat, na qual existe um
ambiente que permite que uma ou mais pessoas se encontrem para uma “conversa por
escrito”. Esta técnica é interessante para difundir questões e obter relações informais que
permitem a humanização e amenizam as relações de grupo. Este ambiente possibilita os
encontros informais importantes para a EAD, a fim de que se construa uma coesão dentro das
turmas.
Os materiais didáticos do curso devem estar em harmonia com os objetivos do
programa, cobrindo todos os conteúdos, visando a obter o resultado esperado em termos de
habilidades, conhecimentos, atitudes e hábitos. A gestão de um sistema de EAD necessita
estar em alerta para a confecção dos materiais instrucionais e para a escolha das tecnologias
utilizadas. Caso o material seja impresso, deverá assegurar toda uma organização para definir
quais materiais, quem trabalhará para a elaboração, a produção e a distribuição de tais
materiais. Por uma tutoria “on-line” será preciso garantir a disponibilidade de computadores e
sua funcionalidade.
Outro aspecto da gestão de um processo de EAD é referente à gestão de pessoas. Gatti
(2005) observa que, durante a década de 1990, os pesquisadores concluíram que a
qualificação dos professores em serviço ou pré- serviço eram imprescindíveis para suprir as
exigências profissionais e sociais em seu grau de atuação. Os estudos dos autores Alves,
(1992, e 1998); Brzezinski, (1994); Cunha, (1992); Gatti, (2000); Ludke, (1994); Pimenta,
(1994), dentre outros, mostraram que era necessário analisar de forma qualitativa o currículo e
as condições básicas de formação dos professores.
36
Foram criadas alternativas em algumas instituições públicas de ensino superior para a
formação desses profissionais. Uma dessas alternativas citadas pelos pesquisadores foi a
proposta de se desenvolver a Educação a Distância como forma de atingir os profissionais nas
escolas públicas que não obtinham formação suficiente para o exercício da docência. Nesse
caso, foram desenvolvidos programas destinados a suprir as lacunas na formação dos docentes
da Educação Básica, além de levá-los a obterem maior qualidade na formação.
Devido à diferença entre o ensino presencial e o ensino a distância, os profissionais
que fazem parte do processo de ensino e aprendizagem precisam lidar com as diferentes
linguagens que são adotadas, devem ser capacitados para manusear equipamentos de
multimídia e desenvolver diversos caminhos de comunicação, criando uma interação que
mantém uma interatividade entre alunos e tutores em diferentes formatos e condições
(GATTI, 2005).
Os diversos pesquisadores das diferentes instituições de formação constataram que os
programas de educação a distância devem desenvolver um meio interativo de esclarecimento,
abordando os objetivos pedagógicos, os conhecimentos a serem desenvolvidos, a sua estrutura
de funcionamento, a tecnologia a ser utilizada, os materiais a serem confeccionados, os
processos de acompanhamento e avaliação. Esse processo permitirá que os alunos interajam
com seus tutores e fiquem cientes de todo o processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma,
os alunos conseguirão avaliar as possibilidades de seu próprio desenvolvimento, o esforço que
será exigido, as condições de apoio que serão disponibilizadas, o tipo de material e as formas
de avaliação.
Logo, para Gatti, (2005) a motivação será elevada desde que os alunos estejam
envolvidos com seu próprio processo de aprendizagem. Se os alunos não estiverem
informados sobre todo o processo, alguns deles terão dificuldades em compreender os
conteúdos e isto ocasionará a saída do programa. Se o aluno não tiver uma visão dos
processos que compõem o programa de EAD ao qual se submete, ele não sentirá que está
investindo em seu crescimento nem fazendo parte de um processo educacional.
Todos esses comentários apontam a importância de se proceder a uma seleção
adequada dos professores responsáveis pela oferta dos cursos de EAD. Além da formação
didática e do domínio do conteúdo a ser ensinado, eles deverão ter a sensibilidade de
perceberem as melhores formas de comunicação e de identificarem as dificuldades que
possam resultar na desistência dos alunos.
37
Processos educacionais não são apenas instrutivos, mas também desenvolvem a
comunicação, os valores éticos e sociais e as formas de pensar. Os processos da Educação a
Distância também necessitam dessas qualidades para serem educativos.
É importante que o processo educativo do ensino à distância seja uma formação de
profissionais que tenham uma postura de obtenção de conhecimentos que tenha sempre
reflexões acerca das práticas pedagógicas e sociais, estabelecendo uma interação com as
pessoas em seus diferentes contextos. Devido a isso, haverá uma articulação apropriada nas
diversas áreas do conhecimento mediante um processo de interdisciplinaridade (GATTI,
2005).
Outro aspecto descrito pelos pesquisadores diz respeito ao material didático e de
apoio, sendo que a sua confecção impacta diretamente na aprendizagem e na motivação dos
alunos. Desta maneira, é preciso ter um cuidado com os conteúdos, com a didática, com a
organização visual, com a linguagem e com os métodos interativos. O material
disponibilizado para a Educação a Distância possui características diferentes ao material
oferecido na educação presencial. Este material precisa ser auto – explicativo, contendo
informações interpretáveis pelos alunos, além de criar momentos de reflexões, pesquisa,
situações – problema, entre outros aspectos. Deverá instigar o estudante a procurar caminhos
que permitam desenvolver o assunto, investigar e conseqüentemente construir conhecimento.
Desse modo, o conteúdo construído de forma didático-pedagógica planejada permitirá
um maior envolvimento dos alunos, estimulando uma aprendizagem, um desenvolvimento
mais integral do estudante, melhorando suas habilidades de leitura e outros comportamentos
de iniciativa.
Ainda de acordo com o ponto de vista dos pesquisadores, os diferenciais qualitativos
dos processos avaliativos deverão ter diversas formas, podendo ser constituídos por provas,
memoriais, preparação de textos que interferem em suas praticas, confecção de textos
teóricos, grupos de discussão e observação das práticas. A avaliação deverá ser construída e
integrada aos trabalhos educacionais, sendo dialogada, utilizada pedagogicamente para o
desenvolvimento dos alunos; dessa forma, será um fator de imprescindível para a formação
que está sendo feita de forma interativa.
Vale destacar ainda que as importantes qualidades dos programas de educação a
distância são: a constante, atenciosa e cuidadosa interatividade, propiciada pelas diversas
ocasiões presenciais, pela internet, videoconferências, pelas trocas, relatos, vivencias. Os
métodos educacionais são métodos de socialização, de interatividade, de participação
igualitária. Dessa maneira, o programa de Educação a Distância deverá ser abordado em uma
38
perspectiva democrática, permitindo que os profissionais envolvidos ajam de forma
qualitativa na transformação dos processos civilizatórios (GATTI, 2005) .
A Lei de Diretrizes e Bases no 9.394/96 faz referência à qualificação dos profissionais
da Educação a Distância, considerando que somente profissionais com formação em nível
superior estão habilitados a participarem de tais programas. A referida Lei menciona, ainda,
no artigo 87, a necessidade de aumentar o nível de formação dos profissionais de “cada
Município e, supletivamente, do Estado e da União", realçando que se deverá (...) "realizar
programas de capacitação para todos os professores em exercício, utilizando, para isto, os
recursos da educação a distância". Outros artigos também referenciam a formação dos
profissionais da educação, e realçam o papel na construção do referido projeto pedagógico da
instituição, na gestão democrática, nas estratégicas pedagógicas e no desenvolvimento do
profissional, mediante a capacitação em serviço.
Para garantir que a educação à distância tenha qualidade, a formação dos docentes
deverá ser orientada pela moderna pedagogia e contar com o auxílio de sujeitos
comprometidos, ativos, autônomos, independentes, aptos a criar, aprender e intervir no mundo
em que vivem.
Para Neves (1998), a instituição educacional contemporânea deve ser um espaço
destinado a aprender a aprender, devendo criar condições que beneficiem o conhecimento
multidimensional, o trabalho interativo e cooperativo, criativo, crítico, além de promover o
aprimoramento contínuo e envolvido em um espaço social e físico no qual os educandos
estejam incluídos.
Para tanto, se a instituição se organizar para que seja um ambiente descrito acima,
haverá de mudar também os cursos de formação dos profissionais da educação. Os processos
de formação dos professores da educação à distância devem ser marcados pela interação entre
cultura, ciência, teorias da aprendizagem, gestão do ambiente de sala de aula e da instituição,
materiais pedagógicos e domínio das tecnologias utilizadas ao acesso a informação e a
pesquisa. Devido ao alto custo para formação dos docentes, aconselha-se que sejam realizados
convênios com instituições privadas e públicas de capacitação de professores. Será necessário
que as instituições desenvolvam programas e projetos cooperativos de EAD para que seja
possível ter interações em níveis locais, regionais, nacionais e internacionais.
De acordo ainda com a lei, cursos, programas, conteúdos e disciplinas oferecidos a
distancia devem seguir as normas de acompanhamento, avaliação linguagem, administração,
recursos técnicos, tecnológicos e pedagógicos, desenho de sua referida ordem, ou seja, são
diferentes da educação presencial.
39
Entretanto, a educação a distancia não possui um modelo único de desenhos,
linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. O caráter do curso e as diversas vivências
dos alunos irão determinar as várias estratégias de ensino e aprendizagem dos alunos na
modalidade a distancia.
Os profissionais dos cursos a distância, de acordo com Authier (1998) são produtores
quando elaboram suas propostas de cursos; são conselheiros, quando acompanham os alunos;
são parceiros, quando constroem com os especialistas em tecnologia, abordagens inovadoras
de aprendizagem. Logo, em um projeto a distancia, percebe-se que o nível de cobrança nos
recursos humanos é elevado, no qual é preciso ter professores – especialistas nas disciplinas,
contar com tutores, especialistas em comunicação e informática e avaliadores dentro do
programa. Ainda dentro do programa, devem-se determinar os objetivos, os conteúdos,
elaboração dos materiais, a seleção das mídias, a bibliográfica básica e complementar, onde
serão determinados a priori pelos profissionais competentes que garantirão os resultados
educacionais do programa. A responsabilidade de todo este processo é compartilhada pela
política de interação de equipes, envolvendo o apoio técnico–administrativo, o
relacionamento dos docentes envolvidos na elaboração dos materiais, assim como a tutoria
e a coordenação do curso.
Para Wolcott (1995), o professor deverá considerar alguns conceitos importantes para
ensinar em sistemas de EAD. O contexto do ensino é modificado por meio do afastamento
físico entre os participantes e intermediado pelo uso da tecnologia. Desta forma, o professor
deverá abordar as potencialidades do meio e ajustar as barreiras impostas a abordagem
instrucional. Em programas em EAD, o professor deverá se preocupar com os limites
psicológicos, sociais e técnicos enfrentados pelos alunos em EAD. Este autor observa que a
instrução efetiva varia com o contexto; dessa forma, os professores em EAD devem se
preocupar em não replicar métodos de ensino presencial. Logo, necessitam prover métodos de
ensino em EAD que promovam a interação, o feedback e diminua a distancia interpessoal
assegurando a aprendizagem e a troca de mensagens.
Moran (1998) avalia que para construir conhecimento é preciso abranger todas as
extensões da realidade, detendo e propagando esta totalidade de maneira integral e ampla.
Desta forma, pode-se assegurar que a rede de computadores não poderá ser esquecida no que
se refere à capacitação dos professores, no qual permite a construção de conhecimento não
linear. Logo, busca-se a contínua construção do conhecimento, compreendendo o domínio da
tecnologia no qual seja possível obter espaços a mais de aprendizagem.
40
O aluno faz parte dos pilares que garantem a qualidade de um curso a distância, no
qual a interação entre professor e aluno deve ser facilitada pela tecnologia da informação e
da comunicação. Para garantir a interação entre eles, deverá haver um ambiente físico
disponível, horários flexíveis para o atendimento, facilidade de comunicação por meio do
telefone, fax ou e-mail, além da teleconferência e de outros recursos tecnológicos. A
biblioteca, os laboratórios, computadores e os outros recursos disponibilizados nos pólos,
fazem com que os alunos frequentem estes espaços de maneira mais proveitosa. Os encontros
presenciais também devem ocorrer com periodicidade e obrigatoriedade pela natureza do
curso oferecido.
Por fim, deve-se estabelecer um continuo monitoramento e avaliação de todo o
sistema para que seja possível alcançar os objetivos propostos no projeto pedagógico e propor
mudanças necessárias para o desenvolvimento dos processos.
Neves (1998) relata que na formalidade da lei, a avaliação deve admitir que o aluno se
sinta seguro quanto aos resultados alcançados ao longo de todo o processo de ensino –
aprendizagem. A avaliação feita pelo tutor deverá ser acompanhada também pelo aluno, de
modo que o auxilie a tornar-se mais autônomo, crítico e responsável, possibilitando sua
independência intelectual.
Por requererem uma postura diferenciada, os cursos a distância deverão ser analisados
de forma sistemática, devendo ser avaliados quanto às suas práticas educacionais, ao material,
ao sistema de orientação ou tutoria, ao currículo, a infra estrutura, ao suporte tecnológico e a
todo o ambiente da Educação a Distância.
Recomenda-se que os alunos elaborem textos ou exercícios semanais para que estejam
sempre atualizados em relação ao curso em EAD. Propõe-se que a nota final seja resultante de
diversas atividades de avaliação feitas durante o curso. Além desses, existem os exercícios
e/ou provas realizados ao final de cada unidade.
Tratando da avaliação de desempenho, Azzi (2005), compreende que será preciso
que esta avaliação faça parte de um sistema amplo, seja na modalidade a distancia seja
presencial. A finalidade da avaliação de desempenho é pedagógica, quando permite a
comprovação da aprendizagem dos alunos, a identificação das necessidades e o progresso do
método de ensino e aprendizagem. Acrescenta que a função social é de certificação dos alunos
entendidos como o controle das competências curriculares contidas no projeto pedagógico.
Como método sistemático, a avaliação coloca em evidência as ações, fatos, os
resultados parciais e o produto, onde o processo de ensino e aprendizagem demonstra a forma
41
de que são, o porquê e a maneira de ser. Desta forma, a avaliação fornece a eficácia de uma
proposta pedagógica que permitem aos alunos de terem sucesso.
A avaliação em educação a distancia, assim como em qualquer modalidade de ensino,
necessita da interdependência das modalidades formativa, somativa e a diagnóstica com
destaque em sua continuidade.
A parte integrante destas modalidades segundo Azzi (2005) é a orientação permanente
dos que fazem parte do processo de ensino e aprendizagem, como os tutores, cursistas e
agências formadoras e reguladoras do processo. Desta forma, permitam que dê continuidade
ao trabalho pedagógico e a importância ao ritmo de aprendizagem de cada estudante.
Na Educação a Distância, a avaliação beneficia a autoconfiança, pois estimula o aluno
à aprendizagem e ao sucesso. A informação constante de seu progresso não se faz presente
apenas nos momentos formais como nas provas, monografias e seminários, mas ao construir
um material didático bem elaborado, com suas próprias características, permite ao aluno saber
de seu progresso e suas dificuldades. Logo, buscará sempre orientação complementar, seja
tutoria ou outro sistema de apoio disponível, para melhor compreensão de seu avanço em cada
passo, em cada atividade. Desta forma, possibilitará uma melhor compreensão sobre sua
avaliação como forma de contribuir em seu processo de ensino e aprendizagem.
No caso de Educação a Distância, a formação de professores vivencia a avaliação
como um processo contínuo e formador que fornece uma transformação na prática avaliativa
na instituição. Esta avaliação deverá ser contínua, sistemática e flexível, de maneira que
possibilite acompanhar o desempenho de cada estudante, identificar e traçar meios que
ajudem os alunos em suas limitações, averiguar se os propósitos estão sendo aplicados e por
fim, possuir elementos que possam ajudar na revisão dos materiais e do progresso do curso.
A prevalência dos objetivos qualitativos sobre os quantitativos presume o
cumprimento da avaliação em ocasiões formais, complementares e distintos, utilizando
instrumentos elaborados e projetados, objetivando cada momento avaliativo e conhecimentos
que precisam ter. Analisando a cobrança legal, onde a avaliação presencial é obrigatória para
cursos a distância, é necessário relatar dois momentos de avaliação. O primeiro é que ocorre
em diversos momentos ao longo do curso, seguindo o ritmo do estudante mesmo dentro do
limite estipulado no plano de ensino. Este momento permite ao aluno dialogo constante entre
as atividades e a aprendizagem, tendo a avaliação como um processo continuo e cumulativo.
E o segundo momento, onde o aluno é avaliação ao final de cada módulo no formato de prova
(AZZI, 2005)
42
A avaliação de processo é que conecta o sistema de recuperação de uma proposta
pedagógica com os resultados obtidos pelos estudantes. Avaliações formativas e diagnósticas
realizadas ao longo do curso permitem que as limitações encontradas pelos alunos sejam
superadas no momento que aparecem. Durante todo o processo de recuperação, o aluno sente
mais motivado a investigar os métodos e recursos didáticos que possibilite a obter o sucesso.
2.5 – Inovação: conceitos, definições e possibilidade de aplicação à EAD
A palavra inovação é muitas vezes utilizada para descrever um objeto, seja um
microcomputador ou um modelo de carro. Ainda que se refira a algo concreto, os autores que
estudam o assunto consideram que há outras maneiras de se definir inovação (VAN DE VEN,
1980; KIMBERLY, 1981; BARBIERI, 2003). O estudo da inovação se difere em alguns
aspectos sob três abordagens. O primeiro aspecto referencia na visão pessoal da inovação,
considerando a pessoa como agente inovador. O segundo enfoca as abordagens estruturais da
inovação, considerando que a estrutura da organização propicia a inovação. O terceiro aspecto
se baseia na interação entre as duas anteriores, os recursos humanos e a estrutura
organizacional.
O tipo de processo estudado por Van de Ven et. al (1999) abrange a descrição e a
análise de sequência temporais que acontecem no desenvolvimento e nas práticas de
inovações. Essa abordagem permite visualizar os acontecimentos que propiciaram ou
impediram o processo de inovação, contribuindo com a interação entre conduta humana,
julgados pelos grupos organizacionais, bem como pela composição que permitiu esses
agrupamentos.
A pesquisa destes eventos é realizada por meio da triangulação entre perspicácia dos
agentes organizacionais, interação entre eles e maneiras de agrupamento existentes na
organização, compreendendo aspectos entre a estrutura e as comunicações organizacionais.
As inovações tecnológicas e organizacionais ou administrativas são abordadas de
maneiras diferentes, significando campos diferentes de estudo. Afuah (1998) diferencia a
inovação administrativa da inovação técnica ou tecnológica. Para ele, a inovação
administrativa pode ou não comprometer a técnica, do mesmo modo que esta pode demandar
ou não inovações administrativas. Van de Ven et al. (1999) divergem dos que acreditam que
os dois tipos de inovações não podem ser comparados e divergem também daqueles que
consideram esses tipos diferentes, pois esta diferenciação induz a caracterizações
43
fragmentadas do processo de inovação, uma vez que a grande parte das inovações abrange
componentes de ambos os tipos.
Os dois tipos de inovação promovem a gestão de pessoas, materiais, instalações,
equipamentos e outros recursos em diversos graus de decisão, desde o estratégico ao
operacional e exigem também articulações externas com clientes, fornecedores, instituições
de ensino e pesquisa, órgãos públicos reguladores, fontes de financiamento. Tanto as funções
internas quanto as externas são fatores importantes que dependem do modo de gerir as
atividades especificas de inovação.
O processo contínuo da origem das inovações administrativas e tecnológicas depende
tanto de fatores internos quanto externos da organização. Os fatores externos das inovações
tecnológicas já são conhecidos desde a estrutura de mercado, como o tamanho da empresa,
grau de concentração, barreiras de entrada e das saídas e outros elementos desta estrutura
(VAN de VEN et. al., 1999).
Estudos sobre esta abordagem, em que os ambientes externos e internos influenciam a
geração da inovação, foram aperfeiçoados no Brasil e propiciaram resultados parecidos
quanto à assimilação de fatores motivacionais, pertencentes a esses ambientes para o
crescimento das inovações. Dessa forma, Castro e Basques (2006) constataram que o clima
interno formado de uma gestão flexível com destaque na gestão de pessoas e o processo
duradouro de investimentos em tecnologias podem atribuir melhores conseqüências á
organização.
Coutinho e Bomtempo (2007) relataram que o investimento em pesquisa e
desenvolvimento, a estrutura da organização e a maneira de gerenciar colaboram para a
criação de idéias e a implantação de inovação. Diferentes estudos acusam que a comunicação
anti burocrática, a relação funcional entre as diferentes áreas da empresa, o encorajamento por
parte da administração superior ao enfrentar os desafios e um processo de decisão
participativa podem cooperar como fatores motivadores do ambiente interno à geração de
inovações (MIGUEL e TEIXEIRA, 2009; VICK, NAGANO e SANTOS, 2009; PAROLIN e
ALBUQUERQUE, 2010; VICENTI e MACHADO, 2010).
Os estudos sugerem que o ambiente fundamentado na boa qualidade dos recursos
humanos, no rumo contínuo das idéias e informações fundamentadas na ocorrência do
empreendedorismo é favorável a inovação.
As definições mais usadas de inovação são descritas pelo Statistical Office Of The
European Communities (2005, p. 47) e também será adotada como definição conceitual para
esta pesquisa, onde se assinala a inovação como:
44
(...) implementação de um produto (bens ou serviços) novo, ou de um produto significativamente melhorado, ou de um processo, um novo método de marketing, um novo método organizacional para as práticas de negócios, na organização do ambiente de trabalho ou nas relações externas.
Damanpour (1991) descreve dois tipos de inovação, técnica e administrativa. O autor
aponta que inovações técnicas são produtos ou serviços e processos e operações de produção
e que fazem parte deste aspecto como pertencente às finalidades técnicas da organização.
Desta maneira, uma inovação em produtos faz referência à iniciação de produtos ou
serviços novos que atendem às necessidades dos consumidores. A inovação em processos é
descrita como inserção de novas operações ou serviços no processo produtivo, abrangendo
novos materiais, equipamentos e tarefas. Por fim, as inovações administrativas, são
caracterizadas como a forma de conduzir as organizações. Damanpour (1991) assinala que
estas referem às mudanças na estrutura organizacionais ou administrativas e também
pertencentes às funções administrativas da organização.
Para Van de Ven et. al (1999), a inovação é como um processo de crescimento e
implantação de uma nova notícia. Esta percepção contém os novos processos e novas idéias
como uma nova tecnologia, um novo produto ou um novo processo organizacional.
Avaliando as considerações dos autores citados, pode-se concluir que inovação é uma
questão recorrente do mundo empresarial. Explicando esta afirmativa, Tigre (2006) avalia que
as organizações que conseguem mais notoriedade em fins de dinamismo e rentabilidade são as
que mais investem em inovação. Estas organizações produzem novos mercados, ao invés de
continuarem disputando com outros âmbitos altamente concorridos.
Para Prahalad e Hamel (1990) inovação é uma maneira de aceitar novas tecnologias
aptas a desenvolverem a competitividade na organização. Acrescentando a esta idéia, Choo
(1996) descreve que tendo uma concepção antecipada dos andamentos do mercado, haverá
uma vantagem competitiva. Para ele, modificações importantes no ambiente irão definir
momentos nos quais a empresa deva agir, permitindo uma tomada de decisão coerente. Estas
modificações podem ser identificadas pelos indicativos do ambiente externo, competindo ás
organizações discutir sobre estes indicativos para transformá-los em conhecimento, que são
necessários para que os gestores possam adotar importantes decisões. Choo (1996, p. 330)
analisa que “o novo conhecimento é aplicado ao desenho de novos produtos e serviços,
aprimoramento das ofertas existentes e melhoria do processo organizacional”.
45
O ponto principal é que as inovações vêm ao mundo em situações muito primitivas,
impossibilitando sua imediata comercialização. Por meio da concorrência entre empresas, dá-
se o enriquecimento de um produto no mercado. Por esse motivo, o processo de inovação é
resultado de longos processos de avanço, aprimoramento e redefinições que podem
compreender ou não em tecnologia, pesquisa básica ou dirigida. Isso significa que os
processos, descobertas, produtos novos que acrescentam valor econômico á empresa são
constituídos como inovação.
2.5.1 – Inovação na Educação a Distância:
É necessário lembrar que a educação e tecnologia sempre andaram juntas, graças a um
processo de interação no qual ocorre uma preparação para a utilização das técnicas
disponíveis na sociedade e também pela utilização de técnicas que devem ser analisadas como
meios e não como conteúdos de educação. A decorrência do fato é que a informática e as
TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) não são disciplinas, mas elementos a serem
agregados em sua dualidade de objetos de estudos e de ferramentas pedagógicas.
Uma proposta de EAD apropriada necessitaria unir um conjunto coeso e consistente de
materiais e estratégias, conteúdos e procedimentos de ensino que possam levar em
consideração algumas particularidades. Esta proposta sugere a autonomia de um aluno adulto,
apto a gerenciar seu próprio aprendizado, novos papéis e características do professor, que
passaria da função habitualmente individual para a coletiva. A mediatização intensa do
processo de ensino e aprendizagem, comunicação cada vez mais dos meios de informação e
comunicação digitalizados, teletransmissores e flexibilidade institucional e pedagógica, o que
demanda muita criatividade e instituições competentes e não-corporativas (BELLONI, 2005).
O panorama no qual este pensamento está inserido é considerado pelo uso das
tecnologias e da comunicação (TIC), uma espécie de pano de fundo desafiador para
determinar uma desacomodação nas práticas e criações educacionais atuais, visando à
construção de práticas consoantes com o cenário da tecnologia e da comunicação que
caracteriza com a atualidade.
Para Belloni (2005), deve-se entender o EAD como uma oferta educacional que
demanda inovações ao mesmo tempo pedagógicas, didáticas e organizacionais. Os
fundamentais elementos que constituem a diferença da modalidade presencial são a distancia
espacial entre professor e aluno, a mediação tecnológica, característica básica dos materiais
pedagógicos e da interação entre aluno e instituição.
46
O Moodle, muito usado pela Educação a Distancia, iniciou-se em 2001 por iniciativa
de Martin Dougiamas, onde “Learning Management System” consiste em um software
acessível à aprendizagem, que também possibilita a navegação despretensiosa por alguma
coisa. A ferramenta Moodle é uma plataforma digital que admite a interação entre alunos e
professores a distância, por meio da internet, sendo que a distancia física não interfere na
comunicação entre os agentes da educação. Assim como afirma Pulino Filho (2005, p. 1):
Moodle é o nome de um programa que permite que a sala de aula se estenda para a Internet. Este programa fornece um ambiente para que os estudantes acessem muitos dos recursos da sala de aula. Usando o Moodle o professor pode publicar anúncios e notícias, estabelecer e recolher trabalhos, publicar jornais eletrônicos e recursos [...].
Deve-se compreender que a Educação a Distância envolve todo o processo entre
tecnologia e educação, no qual à inovação faz parte em todas as esferas da instituição.
Considerando-se que a Educação à distância ganhou ampla aceitação no século XXI, torna-se
importante identificar e divulgar as estratégias inovadoras que acompanham cursos que vêm
tendo sucesso em diferentes partes do país.
A disseminação dessas técnicas inovadoras e das estratégias geradas por elas pode
significar um impulso novo para as políticas de Educação à distância,, trazendo, em
consequência, ganhos para a população que se beneficia deste modelo de ensino-
aprendizagem.
47
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os aspectos metodológicos na confecção deste projeto de pesquisa apresentam a
caracterização da pesquisa realizada, seguida da técnica de coleta de dados que foi utilizada,
assim como a exposição das técnicas de análise e tratamento dos dados coletados. O capítulo
se compõe dos seguintes tópicos: Caracterização da pesquisa, Apresentação das unidades de
análise, Instrumentos de coleta de dados, Técnicas de análise e interpretação dos resultados e
protocolo de condução da atividade de pesquisa.
3.1. Caracterização da pesquisa
Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa. Justificando o fato de ser uma pesquisa
qualitativa, vale lembrar a assertiva de Chizzotti (2001), segundo o qual o pesquisador irá
participar, compreender e interpretar os dados coletados na pesquisa, por meio de entrevistas
com os gestores, buscando reforçar os resultados.
Neste projeto, em função dos objetivos, o trabalho é desenvolvido como uma pesquisa
exploratória e descritiva. As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com objetivo de
proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, buscando proporcionar mais informações
sobre o assunto a ser investigado (GIL, 1995; ANDRADE, 2001). Conforme defende Alyrio
(2008), a pesquisa descritiva busca por essência a enumeração e a ordenação de dados, sem o
objetivo de comprovar ou refutar hipóteses exploratórias, abrindo espaço para uma próxima
pesquisa explicativa, fundamentada na experimentação.
Segundo Barros e Lehfeld (2000), a Pesquisa Descritiva é aquela em que o
pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos. Neste tipo de
pesquisa não há manipulação do objeto da pesquisa; logo, não há interferência do
pesquisador. Ela procura descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua natureza,
característica, causas, relações e conexões com outros fenômenos.
Para Gil (1995), as Pesquisas Descritivas têm como principal objetivo a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, ainda, o estabelecimento de
relações entre as variáveis. Quatro aspectos são abordados pela Pesquisa Descritiva:
descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu
funcionamento no presente (LAKATOS; MARCONI, 1992).
48
O caráter descritivo do trabalho se deu pela intenção de analisar a gestão da Educação
a Distância de duas instituições: uma pública e uma da rede privada, sob o ponto de vista dos
gestores, buscando identificar os melhores modelos de gestão de EAD destas instituições.
Quanto aos meios, trata-se de um estudo de casos, que é diferenciado pelo maior foco
na compreensão e na possibilidade de analise de resultados e fenômenos, proporcionando
maior abrangência e não se limitando às informações de uma única unidade de estudo (YIN,
1989). Esta assertiva se confirma para o presente trabalho uma vez que a pesquisa é
conduzida em duas instituições de ensino.
3.2 - Unidades de análise
Foram escolhidas como unidades de análise duas instituições de ensino superior
brasileiras, uma delas situada na região sul do país e pertencente à rede pública, sendo
mantida por recursos do governo federal. A segunda instituição pertence à rede privada, situa-
se numa capital do sudeste e integra um dos maiores conglomerados de escolas particulares
do país.
A definição desta amostra se justifica pela acessibilidade da pesquisadora aos dados e
informações que poderiam ser utilizados nesta pesquisa. Acresce a isto que ambas têm se
salientado por suas inovações, sendo que a primeira delas mantém sua proposta de EAD
mesmo no momento de crise econômica das IES públicas no período do estudo e a segunda
foi indicada pela quinta vez por revistas especializadas como uma das melhores empresas para
se trabalhar no Brasil e seu sucesso tem garantido sua ampliação na região na qual se situa.
A delimitação temporal escolhida foi de 2014 a 2016 para contemplar o quadro
administrativo vigente das instituições de ensino superior pesquisadas, mediante a seus
respondentes.
3.3 - Instrumentos de coleta dos dados
Para o presente trabalho, realizou-se, inicialmente, uma coleta de dados por meio de
pesquisa documental, que é uma fonte que se efetiva a partir de documentos (contemporâneos
ou retrospectivos), mas classificados como autênticos cientificamente (MARCONI &
LAKATOS, 1990). Dessa forma, foram utilizados textos legais, consulta a sites do Ministério
da Educação e ainda informações divulgadas pela mídia sobre o assunto. Para coleta de dados
referentes à parte empírica do trabalho, foram buscados e analisados documentos das duas
instituições: a pública e a privada. A partir desses documentos, os dados da pesquisa
49
documental foram submetidos a uma triagem, para que se estabelecesse um plano de análise e
interpretação do material coletado.
Além da análise documental, o alcance dos objetivos previstos exigiu uma
aproximação do modelo de gestão, dos processos e inovações das duas escolas e, para isto,
foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os gestores dos programas de EAD das
duas IES. O objetivo dessas entrevistas foi buscar um maior aprofundamento nos dados
encontrados nos documentos analisados, nas duas referidas instituições do ensino superior que
oferecem programas de educação a distância. Além disso, pretendeu-se verificar de que forma
eles avaliam o modelo de ensino que vêem adotando e quais as sugestões que apresentam para
que o mesmo se mostre competitivo no mercado de EAD.
A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto, setembro e outubro de 2016,
incluindo análise de documentos fornecidos pelas instituições estudadas e realização de
entrevistas com as pessoas responsáveis pela gestão de Educação à Distância. No caso da
instituição privada Alfa, foram ouvidas a gestora de EAD em Belo Horizonte e o líder da
secretaria acadêmica. Na instituição pública Beta, foram entrevistadas a gestora do Curso de
pós-graduação em Administração Pública e a supervisora de tutoria do curso de graduação da
instituição em Santa Catarina. Os sujeitos entrevistados são designados como A1 e A2 quando
são da instituição Alfa, que é da rede privada, e B1 e B2, quando são da IES Beta da rede
pública.
3.3 - Técnicas de Análise e tratamento dos dados
A análise dos dados pode ser considerada como o momento de se compreender os
achados buscando negar ou validar as hipóteses traçadas no início da pesquisa (YIN, 1989).
Esta análise foi realizada em duas etapas:
1ª Etapa: Tratamento qualitativo
Os documentos coletados sobre a legislação e as políticas de EAD no Brasil foram
submetidos à análise documental, tendo as informações sido registradas no referencial teórico
deste trabalho. Já os dados obtidos em documentos fornecidos pelas unidades de análise da
pesquisa foram submetidos a análise de Conteúdo Categorial, a fim de que se tivesse base
para apresentação das duas instituições.
As entrevistas aplicadas aos gestores foram gravadas, transcritas e submetidas a
analise de narrativa, conforme mencionado por Bastos e Biar (2015), uma vez que se trata da
análise de pontos de vista subjetivos sobre o funcionamento de instituições de ensino
50
2a. Etapa: Reflexão observada X avaliações sugeridas
Para realização da parte empírica da pesquisa, foi definido um modelo que perpassa
por Gomes (2013), que defende a EaD para atender a demandas sociais e exercício da
cidadania e não ao uso da tecnologia como modalidade; e por Pinto Júnior & Nogueira
(2014), que propõe a avaliação da gestão da educação a distância com o objetivo de garantir
educação em detrimento da instrumentalização do capital, objetivando o desenvolvimento da
comunidade e da sociedade de maneira ampla e geral. Nesta etapa, serão então consolidadas
as duas formas de coleta: documental e entrevistas, para se garantir a amplitude da análise.
Para melhor ilustrar a coleta e análise dos dados, o Quadro 1 apresenta a relação entre
os objetivos específicos do trabalho e a coleta e análise de dados utilizada.
Objetivos Específicos Referencial Teórico Coleta e Análise de Dados Identificar os princípios e normas que regem a Educação à distância no Brasil por ocasião da realização do trabalho.
- Educação a Distância: conceito e importância - Políticas e programas para a educação a Distância
-Pesquisa bibliográfica e documental
Investigar como é realizado o planejamento e a execução dos cursos de EAD nas duas instituições
- A gestão dos programas de Educação a Distância
- Pesquisa Documental; - Entrevista com gestores
Verificar como é conduzido o processo de seleção e capacitação dos profissionais que atuam na EAD nas duas IES;
- A gestão dos programas de Educação a Distância
- Pesquisa Documental; - Entrevista com gestores
Caracterizar as práticas de ensino adotadas pelas duas IES, identificando o diferencial inovador de cada uma delas;
- Inovação na educação a distância - Inovação: conceito, definições e possibilidade de aplicação á EAD.
- Informações contidas em documentos - Entrevistas feitas com gestores
Verificar a maneira pela qual é controlado o envolvimento do aluno no processo de ensino-aprendizagem;
- A gestão dos programas de Educação a Distância
- Informações contidas em documentos - Entrevistas feitas com gestores
Identificar o modelo de avaliação da aprendizagem dos alunos de EAD
- A gestão dos programas de Educação a Distância
- Informações contidas em documentos - Entrevistas feitas com gestores
Quadro 1: Relação entre Objetivos Específicos, a Coleta e Análise dos Dados e o Referencial Teórico. Fonte: Elaborado pela autora.
Para melhor compreensão, a pesquisa foi organizada de acordo com o seguinte
fluxograma:
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1ª Etapa: Exposição do modelo de gestão em EAD
2ª Etapa: Obtenção de informações mediante entrevistas
Ilustração 1: Fluxograma da Pesquisa Fonte: Elaborado pela autora.
Pontos de Análise
Pesq. documental Pesq. Bibliog.
Pesq. documental Pesq. Bibliog.
- Fichamento - Análise de Conteúdo
Entrevista vídeo confer.: Gestores da Instituição Pública
Entrevista in loco: Gestores da Instituição Privada
- Categorização - Análise de Conteúdo
Avaliação dos Resultados
Avaliação da gestão dos cursos de EAD e da adoção de inovações no período compreendido entre 2014 e 2016
Fim
Instit. Privada
Instit. Pública
Instit. Privada
Instit. Pública
EDUC. A DITÂNCIA EM DUAS INSTI.
ENSINO SUPERIOR: UMA PÚBÇICA E
OUTRA PRIVADA: GESTÃO,
PROCESSOS E INOVAÇÕES.
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4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto, setembro e outubro de 2016,
incluindo análise de documentos fornecidos pelas instituições estudadas e realização de
entrevistas com as pessoas responsáveis pela gestão de Educação à Distância. No caso da
instituição privada Alfa, foram ouvidas a gestora de EAD em Belo Horizonte e o líder da
secretaria acadêmica. Na instituição pública Beta, foram entrevistadas a gestora do Curso de
pós-graduação em Administração Pública e a supervisora de tutoria do curso de graduação da
instituição. Os sujeitos entrevistados são designados como A1 e A2 quando são da instituição
Alfa, que é da rede privada, e B1 e B2, quando são da IES Beta da rede pública.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo segundo
a orientação proposta por Bardin (2011). Após a leitura das entrevistas, foi feito o tratamento
das mesmas, tendo como referência o roteiro elaborado. Assim, foram definidas as seguintes
categorias de análise:
Categoria 1- Gestão da Educação à distância - referente às questões 1 ao 3
Categoria 2 - Planejamento do sistema de EAD - referente às questões 4 e 5
Categoria 3 - Perspectiva de gestão de pessoas e atuação dos docentes do programa de EAD -
referente às questões 6, 7, 8 e 9
Categoria 4 - Preparação e Envolvimento dos alunos na Educação a Distância - referente às
questões 10, 11 e 12
Categoria 5 - Avaliação da aprendizagem dos alunos e avaliação do curso - referente às
questões 13, 14 e 15
Categoria 6 - Técnicas de ensino e Inovações identificadas - referente às questões 16, 17, 18,
19 e 20
A análise das entrevistas realizadas nas duas instituições foi organizada de modo a
apresentar uma análise da narrativa, que possibilitasse caracterizar os aspectos contemplados
em cada uma das categorias que foram definidas. As falas dos entrevistados, organizadas nas
categorias forneceram elementos para que se pudesse compreender o funcionamento e a
gestão dos cursos de Educação á Distância das instituições estudadas.
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CATEGORIA 1 - GESTÃO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA De acordo com a narrativa do Entrevistado 1 da Alfa, que é uma instituição privada, a
gestão da educação a distancia se constitui de forma hierárquica. Há duas unidades do grupo
educacional que focaliza a Educação a Distância: uma em Belo Horizonte e outra em
Joinville, sendo que o diretor de toda educação a distância se encontra em Joinville. De
acordo com o Entrevistado 1, existe ainda um diretor na vice presidência que representa o
EAD no grupo educacional. A Diretoria da Educação a Distância é dividida em dois
segmentos. Parte operacional, responsável pela operação da EAD, verificando os processos,
funcionamento, implantação e condução e a parte comercial, que é responsável pela captação
dos alunos, aumento de portfólio dos cursos, a expansão dos pólos e etc.
Adicionando o que diz o Entrevistado 2 da instituição Alfa, existem, ainda, a parte
gerencial de operações e a parte comercial em cada unidade, tendo assim a primeira, a função
de conferir, acompanhar e dar suporte aos processos, a parte acadêmica, a produção, a
operação e toda a infraestrutura do EAD. A segunda, que é a parte comercial, lida com
questões de acompanhamento da diretoria comercial.
Além dos gestores que fazem parte dessa hierarquia, há outros gestores que fazem
parte do grupo, atuando em diversas áreas, como a área acadêmica, que lida com os
profissionais da educação, a coordenação, responsável pelas atividades de coordenação dos
cursos, a área de produção, que desenvolve as disciplinas, a área de operação, que lida com o
sistema de acompanhamento do aluno e a área áudio visual que trabalha com as imagens dos
materiais desenvolvidas pelos professores. Deste modo, todos estes campos de atuação
possibilitam o funcionamento de toda a estrutura da educação à distância.
No caso da instituição pública, que é denominada Beta, o entrevistado 1 fez as
seguintes observações: cada curso de educação a distância tem o seu gestor e cada gestor tem
uma equipe de apoio, que inclui pessoas que trabalham na parte financeira. A coordenação
em si trabalha com a seleção dos alunos, inscrições, divulgação dos cursos, o contato e gestão
por parte dos professores, onde é cobrado destes profissionais os materiais, responsáveis
também por enviar o conteúdo a equipe técnica para passar ao ambiente virtual. Responsáveis
também pela seleção dos tutores presenciais e também a distancia e a capacitação deles. Caso
haja mudanças, será preciso construir relatórios relatando a Pró Reitoria da Pós Graduação.
Segundo o Entrevistado 1, a função é definida de acordo com a afinidade que cada um
tem e a disponibilidade de um período. Há um gestor que também é professor do curso de
Administração, responsável pela UAB (Universidade Aberta do Brasil) e a partir da nova
54
gestão, que iniciou em maio de 2016, existe um secretário da gestão a distância, que coordena
todas as ações da educação a distância e o coordenador geral da UAB. O Entrevistado 1 da
instituição Beta relata que:
Devido à crise que hoje a gente ta, o coordenador geral da UAB, fica mais na parte do financiamento dos cursos, com o contato com o MEC, com as negociações com o MEC. Quando chega o recurso essa gestão gerencia entre os vários cursos, as necessidades de cada um. Então esse coordenador geral fica mais na parte de negociação e também na parte financeira. Em épocas onde o recurso vem mais fácil, mais regular ele acaba tendo outras funções, mas atualmente a função é mais voltada a negociações com o MEC. (B1)
Já para o Entrevistado 2, o coordenador do curso de graduação é o responsável pela
gestão de todos os projetos, delega as funções a cada profissional, determina a
responsabilidade de cada pólo, define a responsabilidade com a tutoria, decide quem irá
atender aos alunos, além de responder a ouvidoria. De acordo com este entrevistado, antes,
cada projeto tinha um supervisor que era responsável pela tutoria, administração de calendário
e administração dos pólos. Atualmente, há um supervisor para cada dois cursos nas duas
ofertas que estão acontecendo no curso de Graduação em Administração que iniciou em
2013/2 e 2014/2. Há também um gestor financeiro responsável por realizar os pagamentos.
Amaral e Rosini (2008), ao analisarem o papel da gestão de educação a distância
(EaD) observam que ela depende de competência técnica e da decisão dos gestores
acadêmicos em implementar o processo Logo, para que os resultados sejam bem sucedidos,
nas duas IES tem sido feita uma definição clara dos objetivos e tem sido adotada uma
estrutura de apoio à aprendizagem e aos processos educacionais, como propõe Bof (2005).
Ao confirmar o ponto de vista desses autores, pode-se concluir que o primeiro passo a
ser executado na gestão de sistema de EAD é organizar uma infraestrutura apropriada, a qual
servirá de base para a operacionalização e descrição do processo que permitirá alcançar os
pressupostos educacionais. Infere-se, pois, que as duas instituições pesquisadas respondem
favoravelmente à organização desse processo de gestão, embora o façam de modo
diferenciado.
A análise destas informações permite inferir que na IES da rede privada as funções são
mais distribuídas pelo pessoal, sendo que há diferentes setores, cada um responsável por uma
determinada atividade. Os recursos, neste caso, são gerados pelos cursos oferecidos e a
definição do modelo de gestão é feita pela instituição de ensino. Por outro lado, na instituição
pública, parece haver uma concentração do controle das atividades nas mãos do coordenador
da graduação, além da inclusão de um número menor de postos de trabalho e de poucas áreas.
55
Provavelmente, devido à crise financeira vivida pelo país, com grande repercussão na área de
educação, a necessidade de se ater aos recursos assegurados pelos cofres públicos obriga a
evitar custos e a reduzir áreas de gestão e número de cargos.
CATEGORIA 2 - PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE EAD O grupo educacional responsável pela Alfa, que é uma instituição privada, adota
métodos através dos quais é definido o planejamento dos diferentes processos, de modo a
assegurar o andamento das disciplinas disponibilizadas para o aluno.
De acordo com o Entrevistador 1, o processo se inicia com a demanda de produção de
disciplinas, oportunidade em que se define quantas serão ofertadas aos alunos e depois dessa
fase, inicia-se a produção. Ainda que haja um portfólio de disciplinas já existentes, é
importante verificar outras que serão imprescindíveis para atender os cursos oferecidos
totalmente à distância (100%) ou parcialmente (20% à distância, por exemplo). Dessa forma,
ao receber a demanda da produção das disciplinas que serão ofertadas, será preciso reproduzir
o conteúdo já definido pelo grupo educacional em uma fábrica interna e também por meio de
terceirização.
Ao serem definidas as disciplinas que estarão disponíveis para os alunos, será
preparada a plataforma online que inclui alunos e professores. Desse modo, toda a
configuração de conteúdo, calendário, estrutura de toda a plataforma de EAD é realizada pela
equipe responsável, que gerencia a parte operacional e acompanha todo esse processo. Após
a configuração desse ambiente em EAD, que é chamada de Turma Modelo, são realizadas as
réplicas desta turma.
O Entrevistado 1 expõe este processo:
Então por exemplo, tem uma disciplina de raciocínio lógico que eu tenho 15 turmas que vou oferta. Eu crio uma turma modelo e depois faço 15 cópias desta turma para serem ofertadas para diferentes escolas. Depois essa disciplina, então é feita a réplica, as escolas inserem um código, que chamamos de código do diário que é mais ou menos uma configuração que na hora que ele digita, roda uma rotina de atualização e os alunos começam a ser importados; aluno, professor, que começam a enxergar as turmas (A 1).
Vale ressaltar que tanto na graduação quanto na pós-graduação existem cursos que são
constituídos 100% de disciplinas em EAD e outros cursos nos quais apenas 20% das
disciplinas são oferecidas a distância. Abordando o público alvo desses cursos, o entrevistado
observa:
56
A oferta de 20% é adotada em diversas escolas e se juntarmos todos os alunos matriculados seria em torno de 25.000 matriculas acontecendo ao mesmo tempo (A 1).
Este entrevistado acrescenta que depois de disponibilizar as turmas é feito o
acompanhamento dos alunos pelo Núcleo de Tutoria. Portanto, os alunos são acompanhados
tanto pelos professores tutores de cada disciplina quanto pela monitoria de EAD. Assim, o
professor tutor é responsável pelo esclarecimento de dúvidas referentes aos conteúdos e o
suporte da monitoria é utilizado para sanar dúvidas técnicas e administrativas dos alunos. O
Núcleo de Tutoria também realiza um acompanhamento de desempenho, avaliam o
engajamento dos alunos, verificam como é atuação do professor perante o aluno e diante da
disciplina.
Esta definição de funções coincide com o mencionado por Niskier (1999, p.393),
quando se refere ao trabalho do tutor, que deve comentar os trabalhos realizados pelos alunos,
corrigir os trabalhos dos estudantes e ajudá-los a compreender os materiais do curso. Assim, o
trabalho complementar do professor tutor de EAD visa permitir ao aluno a melhor
compreensão das disciplinas e garante a disponibilidade da informação para o aluno sobre seu
rendimento.
Deste modo, ao finalizar o semestre, que se inicia com o planejamento de produção de
ofertas de disciplinas e se completa ao final do semestre letivo, todas as notas dos alunos
serão integradas no sistema acadêmico da instituição de forma automática.
O Entrevistado realçou, ainda, que caso exista qualquer tipo de mudanças durante o
processo de construção e disponibilização das disciplinas, é necessário tentar resolver o
problema o mais rápido possível pois “trocar pneu com carro andando não tem jeito, tem
que fazer”.
Fica evidente, na fala deste entrevistado, que quando o curso é pago pelos alunos a
cobrança é bem forte e a instituição se apressa a resolver problemas que possam influenciar
sua avaliação pelos sujeitos.
No caso da Beta, que é a instituição pública, foram registradas as seguintes
observações referentes ao planejamento da educação à distância pelo Entrevistado 1:
No caso de uma especialização, a proposta do curso é de mais ou menos dois anos contando com a parte inicial de seleção, capacitação e finalização do curso. No caso da graduação, contanto com todo o processo são cinco anos de planejamento. A partir do momento que a atual coordenação assumiu foram construídos mais detalhes desse planejamento no curso no que tange ao processo seletivo, no papel de tutoria, à capacitação e também às ferramentas para acompanhamento de alunos. Por ser um trabalho virtual, foi preciso criar mecanismos para fazer um controle compartilhado entre equipes, ou seja, papel da gestão, sub coordenação e supervisão.
57
Desta forma, utiliza ferramentas online para realizar os controles desse planejamento (B1).
Continuando sua exposição, este entrevistado observou que como não havia
disponibilidade de recursos financeiros, a instituição teve de criar outras formas para oferecer
cursos de qualidade. Ele se referiu a estas alterações do seguinte modo:
Como não havia recursos financeiros, a gente teve que reinventar algumas coisas: por exemplo, tinha previsto três capacitações de tutores, mas a gente conseguiu fazer somente uma, a gente dava mais liberdade para o professor escolher algum tipo de atividade e hoje como há um número muito grande de alunos para cada tutor, a gente acabou mudando um pouco isso de questões mais objetivas, então o planejamento do curso foi alterando um pouco por causa das questões financeiras e a gente tem de adaptar conforme o MEC vai mudando os parâmetros (B1).
Para o Entrevistado 2 da instituição Beta, o planejamento na graduação é feito pela
coordenação e também pela supervisão, quando se determina o calendário, decide-se como as
disciplinas serão alocadas, quem irá lecionar cada uma das disciplinas, o tempo de duração da
oferta, define-se quando ocorrerão as provas,. Este planejamento se inicia no começo do ano e
no começo de cada semestre. No Departamento de Administração, o coordenador desse
departamento define se irá ingressar com novos editais para oferecer novas ofertas de cursos
ou não.
Fica claro, novamente, que o planejamento é afetado de modo particular pelo fato de
os recursos serem provenientes do Ministério da Educação. Assim, as mudanças acontecem
somente quando a CAPES muda a regra. A demanda identificada na comunidade não é fator
que define a oferta.
O Entrevistado 1 cita um exemplo:
Por exemplo, a gente está entrando em processo de orientação de trabalho final, então o nosso projeto previa que o nosso professor, teria cada um 4 a 8 alunos e a CAPES mudou a regra em julho dizendo agora que os pagamentos seriam por meio de bolsa e que cada professor deveria orientar 10 alunos. Essas mudanças ocorrem quando há mudança superior. Quando ocorre outras mudanças também, como por exemplo um professor que se aposentou ou não tem disponibilidade no momento para dar aula, então a gente tem de trocar de professor, trocar alguma atividade e isso é um pouco mais esporádico mas já aconteceu , aconteceu umas 3 vezes no curso durante o ano que estava o curso, mas normalmente a gente segue o planejamento do curso (B1).
Já o Entrevistado 2 , descreve outro exemplo de mudanças no planejamento:
Ele tem sido submetido a mudanças por causa de corte de orçamento, então alguns professores não têm recebido então eles se recusam a dar as disciplinas que já tinham sido combinadas, então tivemos que adaptar. Normalmente ocorre logo nos primeiros meses porque no começo a gente faz o planejamento e convida todos os professores, logo em seguida a gente já ver se precisa rearranjar o planejamento (B2).
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Analisando a narrativa referente ao planejamento da EAD na instituição, verifica-se
que existe uma coincidência com o mencionado por Amaral e Rosini (2008), no referencial
teórico, onde os autores relatam que se deve considerar a definição dos objetivos da
aprendizagem, atendendo a um plano de ensino que valorize o curso e a aprendizagem. A
análise da narrativa dos entrevistados das duas instituições mostra que tanto na pública quanto
na privada existe uma preocupação significativa com o planejamento, de modo a assegurar-se
o sucesso do ensino à distância.
Além disso, verifica-se também que conforme observam os autores Moore e Kearsley
(2007) devido à definição dos objetivos, o planejamento se voltará à exposição das estratégias
de ensino que permitirão alcançar os objetivos e a avaliação como um todo. Esta necessidade
de adequar as estratégias aos objetivos pré-definidos fica mais evidente na instituição Beta,
onde a exigüidade dos recursos tem levado a criar novas formas de conduzir o curso, para que
a qualidade não seja comprometida.
É oportuno frisar que embora o planejamento constitua atividade fundamental para as
duas instituições, no momento em que foram coletados os dados desta pesquisa, a instituição
Beta, que pertence á rede pública, enfrentava problemas relacionados ao ajuste de suas
atividades ao orçamento definido pelo Governo Federal. A criatividade para garantir a
qualidade do ensino foi determinante do investimento em inovação, mediante criação de
novas estratégias de ensino, adaptação da responsabilidade por tarefas e utilização de
diferentes recursos de aprendizagem.
CATEGORIA 3 - PERSPECTIVA DE GESTÃO DE PESSOAS E ATUAÇÃO DOS DOCENTES DO PROGRAMA DE EAD
Segundo o Entrevistado 1 da Alfa, o grupo educacional acredita que não há diferença
entre professor de EAD e o professor de presencial, pois todos são docentes que fazem parte
da instituição. Dessa forma, não há uma seleção diferenciada para professores que deverão
atuar nos programas de educação a distância, e geralmente são docentes que integram o
quadro da instituição que indicam outros para disciplinas específicas de EAD. De acordo com
a fala desse gestor, mesmo quando se faz necessária a contratação de professores para a
instituição, o processo seletivo é feito tanto para o ensino presencial quanto para os cursos a
distância, uma vez que não há diferença na remuneração e carga horária.
A instituição oferece treinamentos para os docentes contratados para atuarem na
educação à distância como relata o Entrevistado 1:
59
Essa capacitação acontece em dois momentos: tem um momento online e o momento presencial. No momento online a gente faz um resgate, o que é o EAD? Qual é a importância? As principais atividades que ele vai ter como professor de EAD. E presencialmente, a gente também em dois momentos, um de conscientização, para eles entenderem um pouco, que todos são docentes, mas as habilidades e competências são outras, não é a mesma que no presencial. Porque tem um excelente professor no presencial que não é um bom professor de EAD e vice versa. Então a gente tenta fazer essa conscientização e apresentando um pouco o que é o grupo, quais as atividades que ele vai ter enquanto docente de EAD e depois a gente a parte pratica onde eles vão para o laboratório conhecer a plataforma, conhecer como que faz a correção de atividades pór exemplo, como pode postar o material complementar para o aluno nas turmas dele, etc (A1).
Os materiais a serem utilizados nos cursos de EAD são construídos por um professor
autor, contratado pela instituição para executar esta tarefa. O docente que leciona a disciplina,
atuando dentro da plataforma, tem o dever de acrescentar outros materiais que complementam
o texto e ajudam a esclarecer dúvidas dos alunos. Dessa forma, o professor tutor estará
auxiliando o aluno em vários momentos da disciplina.
Compete ao professor tutor, segundo o Entrevistado 1, realizar as correções das
atividades abertas na plataforma e sanar as dúvidas dos alunos, fazer transmissões de aula ao
vivo a fim de manter um contato próximo aos alunos, oportunidade que é oferecida aos alunos
dos cursos 100% a distância uma vez por trimestre. Já para os alunos dos 20% a distancia, a
transmissão é feita duas vezes no semestre. O Entrevistado 1 explica que:
se o aluno tem 5 disciplinas para fazer no semestre, ele vai fazer duas no primeiro trimestre e três no segundo trimestre. Então ele faz as 5 disciplinas, só que dividido no trimestre. Quando ele tem a transmissão de aula ao vivo, ele tem a transmissão da disciplina inteira, do conteúdo inteiro daquelas disciplinas. Já os 20% como a disciplina roda no semestre, ele tem duas transmissões por disciplina, uma na primeira etapa e outra na segunda etapa. Nas transmissões de aula ao vivo se fazem também correções de prova (A1).
O Entrevistado 2 acrescenta que o professor deve também acompanhar a entrega das
atividades dos alunos, construir a prova, verificar o conteúdo transmitido aos alunos e sugerir
materiais complementares, visando a obter sempre um contato com alunos por meio da
plataforma Moodle.
Segundo o Entrevistado 1, as disciplinas dos cursos de EAD possuem uma carga
horária de 40 horas/aula ou de 80 horas/aula. Esta carga horária representa cerca de 2 ou 4
horas de trabalho por semana; faz parte da remuneração o descanso remunerado e a atividade
extraclasse. O entrevistado esclarece ainda, as atividades pelas quais o professor é responsável
no período definido por esta carga horária:
o professor dentro dessa carga horária deverá preparar a aula que irá lecionar, construir e corrigir as atividades a serem executadas e a prova a ser aplicada aos alunos. Deve, ainda, sanar dúvidas levantadas pelos alunos no prazo de 48 horas.
60
Em alguns momentos o professor deverá estar trabalhando na própria instituição ou caso esteja em qualquer outro lugar, deverá poder acessar o computador (A1).
De acordo com o Entrevistador 2, em Joinville, os professores exercem essas
atividades na própria instituição, pois ministram também aulas presenciais e acabam
trabalhando online na própria unidade. Ele comenta, ainda, que os professores e alunos
possuem contato somente por meio da plataforma Moodle. As provas acontecem
presencialmente nos pólos, mas quem as aplica são os fiscais de prova que a instituição
contrata para este trabalho. As provas são digitalizadas e colocadas no sistema para que o
professor corrija também. Caso o aluno tenha algum problema ou dúvida de acesso à
plataforma, a tutoria acadêmica dará todo o suporte e infraestutura necessária para aquele
aluno sanar qualquer problema.
No caso da Beta, uma instituição pública, foram registradas pelo entrevistado 2 as
seguintes observações.
A responsabilidade de selecionar os docentes é do coordenador de cada departamento dos cursos de graduação. Todos os docentes são doutores e fazem parte da instituição. Há casos também de serem professores substitutos. Já os tutores para atuarem em curso de Administração, são selecionados por estarem cursando ou terem concluído curso de graduação, ou estarem cursando ou já terem certificado de especialização na área da Administração (B2).
Portanto, a seleção de docentes de pós - graduação é feita entre os professores que já
pertencem ao quadro da instituição, por meio da identificação da competência que o professor
tem para lidar com uma determinada disciplina. Verifica-se, também, se o professor tem
disponibilidade de tempo e se mostra afinidade com o trabalho relacionado à educação a
distância. Esse profissional desenvolve e grava em média 3 a 4 vídeo - aulas por disciplina e
participa de vídeo - conferencia e chat respondendo as dúvidas dos alunos.
Como o material usado nos cursos de EAD das instituições públicas é nacional, o
professor precisará enviar materiais complementares que ajudarão os alunos a
compreenderem os conteúdos passados nas disciplinas. O professor também precisará
construir atividades avaliativas compostas de questões de múltipla escolha, estudo dirigido e
este material são disponibilizados no ambiente virtual. São usados, também, estudos de caso
sobre um tema abordado na disciplina, que serão realizados presencialmente em um dos pólos
e por fim caberá ao professor construir três provas, destinadas à primeira chamada, à segunda
chamada e prova de dependência. Para garantir o pleno atendimento aos alunos, o
Entrevistado 1 relata que:
61
Se o aluno tiver alguma dúvida, ele entra em contato com o tutor e o tutor vai repassar para o professor as duvidas que tiver e ele faz a capacitação desses tutores. Nossas capacitações, até por ter poucos tutores a gente tem feito por skype que é mais fácil de conciliar as agendas (B1).
O Entrevistado 2 corrobora que o professor deve criar dois fóruns para que os alunos
discutam e interajam. Realça, ainda, que cabe ao professor capacitar seus tutores para que no
começo das disciplinas, eles possam corrigir as atividades.
No caso do tutor que irá auxiliar os alunos nas atividades, a seleção é feita por conta da experiência que o profissional tem em atuar com educação a distância, levando em conta sua disponibilidade, sua afinidade com as ferramentas tecnológicas. O tutor também deverá possuir uma habilidade em comunicação, ter um bom relacionamento interpessoal, onde terá um contato próximo e também envolver os alunos nas atividades (B2).
Caso seja necessário, a instituição Beta admite a contratação de profissionais que não
fazem parte da instituição, desde que não ultrapasse 20% do total de docentes da IES. Dessa
forma, à época da coleta de dados, no curso de Pós Graduação, haviam três professores que
lecionavam as disciplinas e cinco orientavam trabalhos de conclusão de curso. Esses
professores trabalham na instituição e cabe a eles construírem o material, gravar os vídeos -
aulas, criar fóruns e chats. Eles dispõem de salas próprias para desenvolverem o trabalho e
comparecem apenas para gravar os vídeos e as tele-conferências.
Para Gatti (2005), é imprescindível a qualificação dos profissionais ao atuarem em
instituições de ensino. A autora realça que devido à diferença entre ensino presencial e a
distância é preciso adotar as diferentes linguagens capazes de lidar com equipamentos de
multimídias e garantir diferentes caminhos de comunicação visando a manter a interação de
alunos e tutores. Desse modo, as instituições estão trabalhando para que alunos e tutores
tenham um maior engajamento, de modo a facilitar o aproveitamento. Gatti (2005) observa,
ainda, que os processos avaliativos, os estudos dirigidos que abordam temas atuais e outras
atividades que enfatizem a interação aluno-professor são imprescindíveis para a formação de
indivíduos ativos e participativos na vida em sociedade.
Ficou evidenciado que as duas Instituições pesquisadas têm procurado desenvolver
programas destinados a suprir as lacunas da formação docente e garantir a qualidade do
ensino que ministram. Entretanto, a maneira como ocorre a seleção de docentes e a
capacitação, assim como a seleção e a capacitação dos tutores ocorre de modo diferente em
cada uma delas.
Analisando o processo de capacitação dos docentes, verifica-se que a instituição
privada tem maior liberdade para selecionar seus docentes, podendo buscar no mercado
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aqueles que têm maior afinidade com esta modalidade de ensino. Já a instituição pública deve
contar com os membros de seu corpo docente, os quais foram selecionados por concurso
público. Embora a maioria deles tenha Mestrado e Doutorado, não se pode garantir que todos
tenham interesse pelo ensino a distância ou tenham habilidade para atuarem nesta modalidade
de ensino. A oportunidade de convocar docentes de fora do quadro institucional fica restrita a
20% do total de profissionais, o que constitui, sem dúvida, uma limitação para as instituições
públicas.
CATEGORIA 4 - PREPARAÇÃO E ENVOLVIMENTO DOS ALUNOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ribeiro, Mendonça e Mendonça (2007) apontaram duas perspectivas pedagógicas em
relação à educação à distância. A primeira, denominada auto instrucional, é aquela na qual o
aluno aprende no momento da transmissão, tendo o professor como esclarecedor de dúvidas.
A segunda é a perspectiva colaborativa, na qual se estabelece um diálogo entre o aluno e os
responsáveis pelo ensino: professor, tutores e mesmo colegas de curso. Este processo
transforma a aprendizagem num processo de construção coletiva por meio da discussão,
questionamentos e exposição de dúvidas e trocas de informações.
Analisando os relatos feitos pelos representantes das duas instituições pesquisadas
verificou-se que ambas utilizam a segunda perspectiva.
Quando o aluno ingressa em um curso 100% a distância, a instituição privada,
disponibiliza no sistema uma capacitação online, conforme descrito pelo Entrevistador 1 da
Alfa:
Quando o aluno entra, ele tem acesso a uma disciplina (que na verdade não é uma disciplina). Dentro de cada disciplina a gente tem informações gerais. É como se fosse uma capacitação online de qual equipamento mínimo para ele ter um bom desempenho nas disciplinas em EAD, tem vídeos que falam sobre o nosso modelo, tem vídeos tutoriais explicando como ele posta atividades, então os alunos tem essas informações dentro da plataforma e como os alunos tem monitores durante toda a oferta qualquer dificuldade ou duvida que ele tiver o tutor pode orientar. (A1)
Além dessa capacitação, os alunos matriculados em cursos 100% à distância, têm o
apoio de uma infra-instrutora que possibilita um atendimento de todas as suas necessidades e
o esclarecimento de suas dúvidas, tanto por meio telefônico e chat, quanto pelo contato com
integrantes da instituição, como os tutores, professores, agentes de relacionamento.
Já os alunos matriculados em cursos 20% a distância, contam com uma equipe de
tutores que a coordenação disponibiliza para orientá-los em caso de dúvida ou oferecer
esclarecimento sobre sua matricula ou curso ofertado.
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Comentando o atendimento ao aluno matriculado no curso de EAD numa instituição
privada, o Entrevistador 2 comenta;
O aluno possui contato imediato com seus tutores em um horário comercial, ou seja, os tutores e professores possuem um horário de trabalho das 9:00 as 22:00 (A2)
O Entrevistador 1 acrescenta que mesmo o tutor não tem horário fixo de acesso a
plataforma, e realça que professor e aluno podem negociar um horário de atendimento via
chat, durante o horário comercial, para sanar dúvidas ou esclarecimento que eles possam ter.
No sistema de EAD, os alunos da instituição Alfa possuem um espaço chamado
Fórum para a interação entre eles. Entretanto, segundo o Entrevistado 1, como não há
obrigatoriedade desse contato, geralmente os alunos não interagem. Quando precisam realizar
atividades em conjunto, geralmente eles criam juntamente com o professor um grupo de
whattsapp para a interação acontecer e haver trocas de conhecimentos e experiências. Dessa
forma, a instituição não consegue mapear todos os acessos entre os participantes.
Os professores da instituição Alfa dispõem de um material didático já construído e
encaminhado pela diretoria acadêmica, no qual consta a ementa que deve ser seguida por
todos os docentes de cada disciplina. Além disso, eles devem postar materiais que
complementam os temas propostos e criar chats de esclarecimentos para os alunos, devendo
responder suas dúvidas no prazo de 48 horas úteis. Como é um modelo 100% web, o
Entrevistado 1 relata que:
Nós temos diferentes recursos de aprendizagem no nosso modelo, temos vídeos aulas, vídeos mais longos e mais curtos, temos o livro, temos o conteúdo que chamamos de estrutura didática que é semelhante a transposição didática do conteúdo em sala de aula com diferentes recursos de aprendizagem, infográfico, tirinha, gráficos, imagens etc.. (A1)
O Entrevistador 2 adiciona que todo o curso é via sistema por meio de uma plataforma
chamada Moodle, onde são cadastradas as atividades e os prazos de entrega que são rígidos e
inflexíveis.
É disponibilizado todo o conteúdo, os vídeos aula, os podcast, PDF no ambiente para que o aluno se oriente e verifique os prazos de cada atividade. Muitas vezes, o aluno que não tem o costume em fazer um curso á distancia, tem a dificuldade em se organizar, entregar as atividades no prazo, e acaba desmotivado a continuar. Neste momento, é que o papel da tutoria e da monitoria é importante, pois trata cada aluno de maneira personalizada, levando em conta as suas dificuldades e afeições (A2).
Na instituição Beta, que é pública, o aluno ao ingressar em um curso a distância, tanto
na graduação quanto na pós-graduação cursa uma disciplina chamada “Introdução a Educação
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a Distância” conforme explicitado pelo entrevistado 1, onde são esclarecidas as competências
necessárias e principalmente a organização necessária para que ele curse a disciplina a
distância, conforme explicita o Entrevistado 1:
É uma disciplina em si que não vai cobrar o conteúdo e sim uma disciplina de preparação. Como ele faz uma agenda, o que normalmente um curso vai fazer na vida dele em relação a família, também se esclarece que ele vai precisar de finais de semana para estudar, pois se trata de mostrar os ganhos futuros. Então a gente vai trabalhando nessa linha e esta disciplina que é a primeira disciplina que eles têm no curso. Eles também têm o Guia do Aluno, que tem as informações básicas do curso, junto com a disciplina de educação a distancia (B1).
Quando um aluno recorre ao professor e tem urgência no retorno do contato, o
Entrevistado 1 informou que o professor pode marcar com o aluno uma conversa por Skype
ou até mesmo marcar com todos os alunos uma conversa por meio de chat. Como os alunos
possuem horários diferentes de disponibilidade e também de perfis, eles preferem mensagens
assíncronas, mas que sejam de 48 horas úteis para retorno.
Nos cursos de graduação, o aluno possui um atendimento telefônico das 8:00 as 12:00
horas e também por email, sendo que os tutores estarão disponíveis 24 horas para retorno nos
dias úteis.
O Entrevistado 2 explicita que cada disciplina tem 15 dias de duração, sendo que
durante duas semanas ele estará aberta para os alunos. Já os fóruns abertos duram até dois
meses para haver um debate entre os alunos. Ao final da disciplina, é ministrada a prova final,
que acontece presencialmente nos pólos. Há pontuação de 10% quando o aluno participa dos
fóruns, entretanto os alunos privilegiam as atividades que pontuam mais do que o fórum. A
interação entre os alunos acontecem somente em uma disciplina chamada “Seminário
Temático” na qual os alunos comparecem presencialmente no pólo para a realização do
debate.
No caso da pós graduação, a interação entre os alunos acontece em todas as
disciplinas, conforme relata o Entrevistado 1:
No total de 15 disciplinas por curso, o aluno vai ao pólo duas vezes por disciplina, e faz duas disciplinas simultaneamente. Então, o aluno vai fazer um estudo dirigido no período da manhã e no período da tarde o aluno terá uma aula por meio de vídeo conferencia. Esses estudos dirigidos são normalmente trabalhos em grupo e em alguns deles há necessidade de apresentação, discussão nos pólos e a outra data que ele vai, é para fazer o estudo dirigido da outra disciplina e a prova. Então messes 4 momentos o tutor tem mais contato com os pares e com os outros alunos, mas é uma coisa regular que ele tem ali em todas as disciplinas (B1).
No caso da graduação, o maior contato que os alunos têm entre si é por meio de
mensagens dentro do ambiente virtual, interagindo com todos os participantes do mesmo
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grupo e dessa forma, a instituição consegue monitorar a interação. A outra forma de interação
é realizada no pólo, de acordo com o relato do Entrevistado 2:
A outra parte da interação é feita nos pólos, os alunos vão ao pólo para fazer as provas e também organiza grupos de estudo, então lá eles fazem contato, depois deste contato inicial eles já adicionam whattsapp dos outros e começam a fazer os grupinhos. Daí a gente não tem mais contato, controle sobre isso (B2).
Após a exposição feita pelos entrevistados sobre a preparação e envolvimento dos
alunos na Educação a Distância, pode-se verificar que nas duas instituições são empregadas
tecnologias como os emails, fóruns e chats, considerados por Tornaghi (2005) importantes
para o ensino nesta modalidade. O autor aponta que os emails oferecem significativa
vantagem no que tange à agilidade no envio das mensagens, tornando o contato entre aluno e
professor imediato e eficiente. O fórum, por outro lado, constitui uma ferramenta que
viabiliza uma interação entre os alunos e cooperação entre todos. Já o chat, segundo Tornaghi
(2005), é um método que permite propagar questões e relações informais capazes de
humanizar e amenizar as relações de grupos.
Por fim, os materiais didáticos que o curso oferece, relacionam-se com os objetivos do
programa, possibilitando o alcance de resultados como as habilidades, hábitos, conhecimentos
e atitudes de maneira adequada.
Comparando a maneira como cada uma das instituições conduz as atividades de
preparo e envolvimento dos alunos com o curso de Educação à Distância, pode-se inferir que
na instituição privada o controle é maior, sendo que o material é produzido e entregue ao
professor para que todos ministrem o mesmo conteúdo. As atividades de relacionamento são
também acompanhadas e as atividades do tutor são bem definidas e sua disponibilidade é
demarcada. Já na instituição pública, onde os professores atuam tanto na graduação quanto na
pós-graduação, o controle é menor, os alunos têm a oportunidade de evitar o modelo
estabelecido de relacionamento e definir alternativas que sejam mais adequadas ao seu
interesse.
CATEGORIA 5 - AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS E AVALIAÇÃO DO CURSO
Moran (1998), citado no referencial teórico deste trabalho, avalia que a interação
entre professor e aluno deve ser provocada pela tecnologia da informação e comunicação
onde se garantirá a qualidade de um curso à distância. Além disso, deve haver um espaço
físico adequado, horários flexíveis para atendimento e encontros presenciais benéficos.
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Necessita também instalar um permanente monitoramento e avaliação de todo o processo,
capaz de atingir os objetivos do projeto pedagógico e sugerir alternativas para o progresso de
todo o processo.
A instituição privada avalia seus alunos por meio de diversas atividades feitas na
plataforma e de prova realizada presencialmente no pólo a cada trimestre. Conforme o
Entrevistado 2, no total 100 pontos a instituição distribui 40 pontos para as atividades
efetuadas e a prova final vale 60 pontos. As atividades são questionários abertos e fechados,
que o aluno deverá responder de acordo com o tema proposto. Já as provas de cada disciplina
correspondem a todos os temas trabalhados durante a disciplina e é aplicada por fiscais
contratados pela instituição. O aluno somente é aprovado se alcançar 70% da média dos
pontos distribuídos.
Deste modo, todos os trabalhos avaliativos permitem que a instituição verifique como
o aluno lida com o conteúdo transmitido pelo professor na disciplina, qual o seu
aproveitamento, engajamento e conhecimento adquirido durante o curso.
O aluno também tem oportunidade de avaliar ao final do curso como o conteúdo foi
transmitido, se o professor conseguiu esclarecer todas as dúvidas e questões conduzidas por
ele, se a coordenação ajudou no que foi solicitado, se a tutoria se auxiliou em alguma
dificuldade técnica ou administrativa. Avalia também a infra estrutura, o sistema Moodle e
outros aspectos.
A análise do formulário de avaliação dos cursos na plataforma, é realizada segundo o
Entrevistador 1:
Um plano de ação e nos semestres seguintes a gente implementa as ações de melhoria e dá retorno para os alunos deixando claro que foi uma ação provocada pela resposta dele feita pela avaliação institucional (A1).
Desta forma, todo o desenvolvimento do curso é submetido à avaliação, de modo que
se possa inferir a aprendizagem dos alunos e também as condições da oferta do curso e a
análise feita contribui para que se possa oferecer um curso de qualidade para os alunos e
também para a continuidade de cursos.
O professor possui um papel bastante importante no processo de ensino e aprendizado
dos alunos, dessa forma, a instituição avalia como ele conduz o curso:
A gente coloca as principais atividades que eles tem que fazer, o tempo de resposta para os alunos, qualidade da resposta, se ele está cumprindo os prazos de correção das atividades, se ele tem postado muito material complementar, a participação dele nas turmas, orientação para os alunos. Nesse painel a gente tem acompanhamento periodicamente a atuação desse professor. È obrigatória a participação de capacitação porque conta ponto e depois acompanhamento dele em toda a oferta. Se ele está atendendo ou não (A2).
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A instituição Alfa mencionou que procura métodos de retenção que fazem parte da
área comercial, mas também da área operacional. Na área operacional, os monitores
responsáveis por auxiliar os alunos nas questões técnicas e administrativas possuem um plano
de trabalho, segundo o Entrevistador 1 que possibilita:
Mandar mensagens para o aluno, incentivando a participação e eles (monitores) acompanham, eles tiram um relatório de acesso. Então aqueles alunos que nunca acessaram ou que tem um período longo que está sem acessar, os monitores mandam mensagem, mandam sms, liga para a gente entender e trazer esse aluno para participação. Ao final de cada atividade também a gente vê o percentual de participação dos alunos, que a gente acompanhar o engajamento deles, se está bom ou ruim e conseguimos fazer um link com a atuação do professor. Ou seja, se o aluno está com engajamento ruim, e a participação do professor está ruim e ele (o professor) não consegue engajar os alunos nas atividades, a gente identifica a falha no processo e implementa uma ação dentro da oferta vigente mesmo (A1).
O Entrevistador 2 corrobora com a informação, dizendo que o investimento em um
curso a distância é mais baixo que em curso presencial. Entretanto, quando o aluno não se
adapta ao uso de uma ferramenta e decide sair do curso, a instituição procura verificar como
poderá captar este aluno. O papel da monitoria é acompanhar o acesso de cada aluno,
verificando se há alguma dúvida, prestando algum esclarecimento se for preciso. O agente de
relacionamento, o professor tutor e o coordenador, devem entrar em contato por meio de chat,
telefone, ou outro recurso para saber o que está acontecendo, o porquê do aluno não está
acessando, não está fazendo as atividades, se há algum problema de acesso. Desse modo, há
todo um suporte da equipe para que o aluno não saia do curso.
A instituição pública, por sua vez, possui atividades que fazem com que o aluno seja
sempre avaliado. São atividades no ambiente virtual de múltipla escolha para sessenta alunos;
há um estudo dirigido realizado presencialmente no pólo e com isso há uma interação entre os
alunos e após estas atividades há ao final da disciplina a prova realizada no pólo.
Conforme o relato do Entrevistado 2 as atividades ocorrem da seguinte forma:
A gente tende a ir complicando conforme vai passando as atividades. A primeira é mais simples como conteúdo introdutório, a segunda é mais específica, daí os fóruns são temas para gerar debates, que o aluno vai pesquisar, trazer conhecimento e depois a prova que normalmente são questões objetivas que o aluno tem que aplicar aquele conhecimento que ele teve durante a disciplina (B2).
Por fim, este entrevistado relata que os alunos avaliam todo o programa proposto no
curso por meio de um questionário enviado a eles ao final de cada disciplina. Tendo em vista
as questões relacionadas ao conteúdo, se as vídeos aula contribuíram para a aprendizagem, se
as discussões foram vantajosas, se houve um engajamento maior por parte de cada aluno e
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etc. O entrevistado 1 expõe que a avaliação é feita durante todo o curso, tendo como base as
discussões realizadas nos pólos, nas atividades propostas no ambiente virtual e finalmente
pela prova. Entretanto, não se mencionou a existência de um instrumento destinado a avaliar o
curso como um todo.
É mais uma percepção da gente, a prazos de entrega, a gente deixa em um relatoriozinho nosso em relação como foi o papel do docente, se participou das atividades previstas (B1).
O Entrevistado 2 entretanto, afirma que existe um formulário no qual consta o numero
de reclamações que os alunos fizeram em relação ao professor durante a disciplina e a
instituição também consegue verificar se os docentes estão acessando o fórum, o chat, se
retornam nos prazos estabelecidos, se disponibilizaram gabaritos, se orientaram todo o
processo o aluno. Desta forma, a coordenação realiza um relatório capaz de indicar se na
próxima oferta o docente poderá assumir novamente a disciplina.
Segundo Neves (1998), a avaliação deve permitir ao aluno se sinta confortável para
alcançar as propostas de um ensino e aprendizagem de qualidade capaz de torná-lo um
indivíduo crítico, responsável e mais autônomo.
Verifica-se que as duas instituições estudadas realizam a avaliação dos alunos e dos
cursos. Na instituição privada a avaliação é feita por meio de formulários, atividades
presenciais e online, que contribuem para verificar se todo o processo de ensino e
aprendizagem dos alunos foi satisfatório. Há um cuidado maior com os alunos para que eles
saiam dos cursos satisfeitos e capazes de contribuir com esse aprendizado em sua vida
profissional e pessoal. Já na instituição pública, a avaliação não é obrigatória, mas a
instituição atribui relatórios capazes de estabelecer o quanto a disciplina e todo o curso
contribuíram para o seu aprendizado. São relatórios de ouvidoria, conversas com os alunos e
acompanhamento dos professores, que fazem com que os gestores saibam o quanto o aluno se
engajou e aprendeu, e como isso contribuiu para o seu aprendizado.
Desta forma, pode-se inferir que as duas instituições possuem artifícios para que se
possa avaliar o ensino e o curso como um todo. No entanto, na instituição privada, a avaliação
é mais rígida no que se refere ao modo de avaliação do ensino dos alunos e do curso como um
todo, ao contrario da instituição publica, que não possui regras padronizadas para a avaliação,
mas há interesse em sempre procurar maneiras de aperfeiçoar e melhorar o curso.
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CATEGORIA 6 – TÉCNICAS DE ENSINO E INOVAÇÕES IDENTIFICADAS
O ensino a distância não é recente no Brasil. Desde a década de 1940 muitos cursos
eram oferecidos à distância, muitos deles por correspondência. Entretanto, a partir dos anos
1990, esta modalidade de ensino-aprendizagem ganhou nova orientação, devido
principalmente ao desenvolvimento da tecnologia, que se tornou acessível para a maioria da
população e à adoção de técnicas pedagógicas capazes de garantir o sucesso da aprendizagem
dos alunos. Nesse sentido, pode-se afirmar que as inovações introduzidas no ensino a
distancia representam o motivo fundamental da valorização deste tipo de educação.
A inovação para Van de Ven et. al (1999), caracteriza-se como um processo de
crescimento no qual possibilita uma nova criação, uma nova tecnologia ou um novo processo
de organização. Há outros autores como Prahlad e Hamel (1990) que acreditam que a forma
de admitir a inovação é criando novos conhecimentos que possibilitam obter vantagens
competitivas. Desta forma, estes novos conhecimentos permitem que a organização tome
decisões coerentes e lucrativas.
A partir de então, a inovação em educação a distância permite utilizar técnicas novas
capazes de unificar materiais e estratégias consistentes e coesas que possam alavancar o
ensino de forma competitiva em um ambiente institucional. O resultado deste processo é a
autonomia do aluno, que passa a ser capaz de gerenciar o seu próprio aprendizado.
Segundo o Entrevistador 2 da instituição Alfa, o sistema de EAD com o qual a
instituição privada trabalha, está melhorando a qualidade de acessos para aperfeiçoar o
suporte dado aos alunos, fazendo com que eles possam adaptar melhor a ferramenta.
Além disso, o Entrevistado 2 afirma que a instituição está sempre em busca de novos
softwares capazes de aperfeiçoar a experiência no ambiente virtual, de maneira que os alunos
não tenham dificuldades em manipulá-lo.
Já para o Entrevistador 1, as inovações que o grupo busca para os cursos tanto a
distância quanto para o presencial é constituída pelo projeto chamado Projeto de Vida:
Esse projeto foi pensado para a gente ter uma formação mais completa do aluno; a gente não está satisfeito do aluno vir e ter somente o conhecimento técnico do conteúdo no qual ele se propôs a fazer. A gente quer entender um pouquinho como ele se posiciona na sociedade, como se posiciona frente a diversidade, então a gente quer promover e desenvolver habilidades e competências nesse aluno que vão além das habilidades técnicas daquele curso que ele propôs a fazer. Então quando ele entra na instituição ele tem um componente curricular obrigatório e esse componente curricular ele tem a oportunidade de começar a desenvolver o projeto de vida dele que chamamos de laboratório de aprendizagem integrado. Então ele começa a desenvolver esse projeto de vida dele e muitas vezes com essas reflexões,
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ele se entender no mundo, sua individualidade. Então a proposta é que o aluno consiga se posicionar e a expectativa é: será que esse curso que você ta fazendo é realmente o que você quer da sua vida? É o projeto que você desenhou? A gente entende que isso é um diferencial, e não especifico do EAD. Esse é um diferencial do grupo como um todo. E isso também um trabalho em grupo, eles discutem em grupo a projeto de vida de cada um (A1).
Como se pode depreender da exposição feita por este entrevistado, a principal
inovação trazida pelo Projeto Vida consiste em associar o curso feito com um projeto de longa
distância, ou seja, o plano de vida do candidato. Esta inovação pode vir a solucionar um
problema freqüente nos cursos em geral, mesmo os presenciais, nos quais alunos trocam
sucessivas vezes de opção de curso e muitos deles, mesmo depois de concluírem um curso de
graduação, procuram outro, insatisfeitos com as possibilidades oferecidas pelo curso
concluído.
Assim sendo, busca-se uma EAD de qualidade, onde todos os erros e acertos já
ocorridos no caminho devem servir para construir um modelo de educação que esteja
vinculado a um projeto de vida esclarecido, realista e carregado de informações. Associar o
curso a este projeto é uma forma inovadora de estabelecer uma relação positiva entre a
escolarização e o futuro do aprendiz.
O uso adequado da tecnologia pode auxiliar o aluno a compreender cada profissão e
estabelecer uma relação entre aquilo que estuda e o exercício profissional que poderá vir a ter
no futuro. Por este motivo, na instituição Alfa, os laboratórios de informática são
disponibilizados para que os alunos tenham tais informações e técnicos são colocados à
disposição para atendê-los. Já aqueles que não residem na sede da IES são orientados de
forma virtual para efetuarem consultas que os orientem para o seu projeto de vida. Assim, as
inovações tecnológicas podem influenciar da melhor maneira possível o perfil do aluno,
ajudando-o a analisar suas motivações e anseios em busca de sua qualificação profissional.
Já em uma instituição publica, a gestão se preocupa muito com a comunicação entre
alunos e profissionais, que deve ser rápida, evitando que a lentidão deste processo faça com
que os alunos se sintam desmotivados e saiam do curso. Dessa forma, a instituição procurou
capacitar seus profissionais para que sejam capazes de atender os alunos em qualquer
situação. Conforme relata o entrevistado 1:
Primeiro a gente capacitou os tutores presenciais pra isso, porque o maior contato com os alunos é ele (o tutor). Então a gente começa com ligação, conversar com aluno para saber o que está acontecendo e depois a gente passa para a coordenação. Hoje a gente tem uma evasão como tem em todos os cursos, mas a evasão da especialização é muito mais baixa, hoje eu tenho 120 alunos, a minha evasão não chega a 10 %. Então é um trabalho é mais de comunicação, ainda mais que eu tive problemas em relação a recursos, eu tive que trabalhar muito com essa questão, do
71
aluno não achar que é descaso nosso em alguns momentos, mas sim existe limitadores que a gente teve por exemplo, a gente tinha uma previsão de receber o material impresso mas não tinha dinheiro. Então a gente tinha desde começo os vídeos – conferencias, expliquei inclusive das questões dos atrasos de recursos e que isso tava acarretando para eles. O feedback que a gente teve foi bem positivo, eles entenderam até pela situação que o país está e foram continuando e sempre que um ou outro tem uma questão a gente vai conversando, ou uma questão especifica e isso é uma atuação nossa (B1).
Infere-se desta fala que uma inovação importante introduzida pela instituição Beta é
referente à agilização da comunicação, para que se tenha o real acompanhamento do aluno,
evitando que sua motivação se reduza e oferecendo respostas rápidas às dúvidas que acaso ele
tenha. Para isto, foi feito um treinamento dos tutores e um acompanhamento rigoroso do uso
pelo aluno do material disponibilizado.
Também o entrevistado 2 cita que a comunicação é um fator importante para que os
alunos permaneçam no curso. Desta forma, os tutores sempre estão em contato com estes
alunos, identificando aqueles que não estão acessando, nem realizando as atividades. Os
tutores investigam se a falta de contato está associada a alguma dificuldade, qual o motivo
pelo qual o aluno está comparecendo nos pólos ou até mesmo se está enfrentado algum
problema pessoal. Este trabalho dos tutores é bastante personalizado, fazendo com que o
aluno se sinta mais acolhido pela instituição.
Os entrevistados consideram que inovações nas técnicas de ensino são mais evidentes
na produção das vídeos - conferencias, que é feita por meio de uma tecnologia de qualidade,
capaz de levar o ensino a vários lugares, desde que se tenha uma aparelhagem adequada. Para
tanto, os pólos são devidamente equipados e a elaboração dos estudos dirigidos deve torná-los
capazes de ampliar os conhecimentos de todos, apresentando-lhes as diferentes realidades, por
meio de ambientes propícios para esta interação, e tornando o momento enriquecedor.
O Entrevistado 1 afirma que um aspecto importante em relação do EAD oferecida pela
instituição Beta é o fato de ela levar ensino gratuito e de qualidade para vários lugares e de
modo especial para um lugar próximo ao aluno que queira se desenvolver, ter um
engajamento maior na região onde decidiu realizar o curso onde, provavelmente, irá trabalhar
com aquilo que gosta e se sente bem.
Relevante lembrar que o fato de uma instituição pública oferecer cursos de EAD
constitui uma inovação importante, já que no passado apenas instituições isoladas ou da rede
privada apresentavam tal modalidade. Os cursos gratuitos oferecidos por instituições públicas,
sendo gratuitos, beneficiam populações que em outra circunstância não conseguiriam ter sua
qualificação.
72
Confirmando esta inferência feita a partir da fala do Entrevistado 1, o Entrevistado 2
entende que com a educação a distancia o ensino chegará a lugares, até então não assistidos
pela educação como Roraima, onde a maioria dos alunos são índios e não têm acesso a
escolas presenciais. Desta forma, o alcance desse ensino é inovador. Como relata o
Entrevistado 2:
Você tem várias cidades muito pequenas, que não teriam acesso a esse curso em uma universidade federal de alta qualidade. Se a gente não fosse até lá, acho que os seminários seriam inovadores porque o professor vai até o pólo e conversa com os alunos, além dele orientar sobre o trabalho que os alunos desenvolveram. É um momento de proximidade entre a universidade e o aluno. Então toda vez que o aluno vai um Seminário o aluno sai de lá sentindo pertencendo a instituição. Então é um momento bem legal (B2).
O entrevistado 1 adiciona que a educação a distância de uma instituição pública
deveria ser regularmente organizada, para que fosse possível acompanhar sua oferta.
Atualmente, a oferta de cursos é feita por edital, quando o governo dispõe de recursos
financeiros e quando não tem, atrasa a disponibilidade de ofertas. Desta forma, a oferta fica na
dependência da liberação de recursos, sendo irregular, imprevisível, e traz dificuldade ao
processo de gestão desse ensino, que não se aperfeiçoa, onde o Entrevistado 1 esclarece:
Por exemplo, a gente viu nessa edição passada o coordenador viajava todas as vídeos - conferencias e ia para o pólo. Nessa edição a gente não fez isso, mas aparentemente não foi uma coisa que fez diferença, claro que teve um pouco menos de contato presencial mas os alunos continuavam participando, continuaram fazendo o curso. Então, estes “testes” na gestão, esse aprendizado na gestão onde só é possível com continuidade é o que mais precisa hoje para uma gestão mais eficiente e claro o repasse dessas informações entre coordenação e instituições para que a gente faz pode dar certo em outras também, seria mais essa troca entre gestores, tanto positivo quanto negativo também (B1).
O Entrevistado 2 considera que a inovação deveria vir por parte dos docentes, eles
precisam ser mais próximos dos alunos, ter maior interação com eles. Uma das propostas é
promover maior dinâmica, trazer mais inovação, como jogos de empresa, propor a criação de
um plano de negócios, deixando o aluno mais próximo de sua realidade como administrador.
Até o momento em que os dados foram coletados, esta sugestão ainda não vinha sendo
efetivada.
Assim como na prática, a teoria de Belloni (2005) entende que o EAD é uma oferta
que exige inovações a todo o momento, tanto pedagógicas quanto didáticas e organizacionais.
A diferença entre a modalidade presencial e a distância é a mediação tecnológica, a distância
entre aluno e professor e a interação entre eles. O Moddle é uma ferramenta utilizada na
73
aprendizagem em um ensino a distância capaz de produzir uma interação entre alunos e
professores que facilitaria a comunicação entre eles.
Desta forma, pode-se destacar que as duas instituições aqui estudadas estão de acordo
sobre a importância de se introduzir inovação nesta modalidade de ensino e as principais
sugestões deles assim se resumem: acompanhamento rigoroso e contínuo do envolvimento do
aluno, mediante uso de tecnologias que viabilizem este controle; atendimento rápido e
constante às solicitações dos alunos, mediante acesso fácil a eles de tutores devidamente
treinados para responder às dificuldades e dúvidas surgidas; vinculação do projeto de EAD ao
projeto de vida do aluno, de modo a assegurar sentido ao esforço despedido no curso,
tornando-o relevante para a continuidade da vida profissional e pessoal do estudante. A
garantia de recursos tecnológicos nos pólos é outra inovação necessária, mas provavelmente
seu custo elevado e o desenvolvimento da habilidade de utilizá-los provavelmente constituem
dificuldades com as quais as instituições terão de lidar. Acima de tudo, a principal inovação
dos cursos de EAD consiste em assegurar que os alunos não se desliguem do curso, usando,
para isto, recursos capazes de motivar o aprendizado, com um ensino de qualidade e criando
situações desafiadoras e mesmo lúdicas, que levem ao desenvolvimento de seu raciocínio e os
mantenham engajados na sociedade.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo são abordadas as principais conclusões, as limitações identificadas
nesta pesquisa, assim como as recomendações para pesquisas futuras no que tange ao tema:
Educação a Distância em duas instituições de ensino superior, uma pública e outra privada,
gestão, processos e inovações.
O Brasil é um país de dimensões continentais e não é possível levar a educação
presencial para todas as localidades que a necessitam; por isto, o acesso à escolarização tem
constituído uma dificuldade para pessoas que vivem em regiões distantes dos grandes centros
urbanos e mesmo nesses centros o elevado custo da educação tem sido responsável pelo baixo
índice de escolarização dos habitantes. Os programas de governo que tentaram assegurar a
ampliação das oportunidades de ensino a grupos que não usufruíam desta condição trouxe
alguns avanços, mas não resolveu a situação de toda a população que necessitava de
atendimento. Nesse contexto, a educação à distância tem sido apontada como um recurso para
a democratização da educação no país e a análise da produção científica sobre o tema tem
apontado o grande interesse pelo assunto. A experiência da autora deste trabalho nas
escolas pesquisadas, a importância que a EAD tem ganhado no cenário da educação brasileira,
assim como a produção científica a respeito justificaram a escolha do tema de uma dissertação
no Mestrado em Administração. Nesse caso, as preocupações que orientaram a pesquisa
dizem respeito ao modelo de gestão adotado por uma escola pública e por uma escola da rede
privada, à análise das estratégias e processos utilizados nas duas escolas, que enfrentam
desafios diferentes e a identificação de inovações que vêem sendo usadas.
Existem atualmente vários modelos de educação a distância em atividade no país, e a
pesquisa realizada aponta com destaque para significativa diferença entre as abordagens
adotadas em instituições públicas e em instituições privadas. O objetivo geral desta pesquisa
foi analisar a forma pela qual uma instituição pública e uma instituição privada de ensino
superior estão conduzindo a gestão de pessoas, a gestão do ensino nos cursos de EAD, além
de identificar medidas inovadoras que estão sendo adotadas. Acredita-se que a pesquisa pode
ser uma importante iniciativa para que se consolide uma orientação da gestão e dos processos
de educação à distância capaz de atender as necessidades dos estudantes e aos anseios da
sociedade brasileira.
Iniciando o trabalho, foi realizada uma pesquisa exploratória que buscou
contextualizar a educação de nível superior no Brasil, caracterizar a legislação que rege a
educação à distância no país e apresentar as políticas e programas de EAD em funcionamento.
76
Esta pesquisa exploratória buscou atingir o primeiro objetivo específico do trabalho, que
consistiu em identificar os princípios e normas que regem a Educação à Distância no Brasil
por ocasião da realização do trabalho e integra uma parte do referencial teórico da dissertação.
É oportuno lembrar que o período coberto pela coleta de dados representa um momento
problemático da educação brasileiro, devido à convulsão política e à crise econômica e às suas
conseqüências para a organização e o funcionamento das instituições de ensino superior, tanto
públicas quanto particulares.
O segundo objetivo específico da pesquisa - Investigar como é realizado o
planejamento e a execução dos cursos de EAD nas duas instituições foi atendido mediante
realização de entrevistas com os gestores das duas instituições que abordaram aspectos que
possibilitaram o entendimento de como é feito o planejamento e de que forma se efetiva a
execução dos cursos. Na instituição privada, o planejamento visa acompanhar todo o processo
de construção das disciplinas do curso, ocorrendo ao longo do ano, tendo sempre como
referência a expectativa dos alunos e a garantia da qualidade do curso. Na instituição pública,
o planejamento acontece no inicio e no meio do ano, respeitando as normas do serviço
público tanto no tocante à disponibilidade dos docentes quanto dos funcionários e buscando
adequar esta modalidade de ensino às normas estabelecidas para o funcionamento dos demais
cursos. Contando com a redução dos recursos públicos que mantêm este tipo de instituição,
verifica-se que ela vem criando formas diferentes de conduzir a execução do curso, para que a
qualidade não seja afetada.
As entrevistas visaram atingir também o terceiro objetivo, que consistiu em verificar
como é conduzido o processo de seleção e capacitação dos profissionais que atuam na EAD
nas duas IES. Foi possível perceber a diferença na maneira de seleção dos docentes que atuam
na educação à distância. Na instituição publica, a seleção dos docentes é feita por meio de
concurso público e os docentes que deverão atuar na EAD devem pertencer ao corpo de
profissionais da instituição. De toda forma, são selecionados para lecionar na educação à
distância aqueles que possuem aptidão em lidar com ferramentas virtuais capazes de garantir a
qualidade do curso. Permite-se que haja 20% de professores de fora da instituição, os quais
podem ser contratados para atuarem nos programas de EAD.
Na instituição privada, os professores podem ser contratados para atenderem às
necessidades da instituição e os gestores afirmaram que não há diferença no processo de
seleção de profissionais que trabalham com a educação presencial e com a educação à
distância. Entretanto, a capacitação dos docentes que devem atuar com EAD é feita com rigor,
para que trabalhem com uma modalidade de ensino com a qual se identifiquem e sejam
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capazes de utilizar de forma produtiva as estratégias e os recursos disponíveis. Foi possível
perceber que na instituição privada, este processo de capacitação dos docentes que atuam na
educação a distância ocorre por meio de treinamentos disponibilizados pela instituição. Já na
instituição publica, a preocupação é por encontrar, no corpo de profissionais concursados que
compõem o corpo docente permanente, aqueles que possuem competência, habilidade e
afinidade em atuar na educação à distância dentro da instituição.
O quarto objetivo, que consistiu em caracterizar as práticas de ensino adotadas pelas
duas IES, identificando o diferencial inovador de cada uma delas também foi alcançado a
partir da exposição detalhada feita pelos gestores. Verificou-se que as práticas de ensino são
aquelas já estabelecidas pelos cursos de EAD: textos de conteúdo, chats, fóruns,
acompanhamento detalhado do estudo dos alunos e da comunicação com professores e
tutores. Cada uma das instituições tem procurado investir no seu diferencial inovador,
tornando o ensino mais atraente e a avaliação da aprendizagem capaz de fornecer um
acompanhamento do progresso do aluno. Nas duas instituições nota-se uma preocupação com
o uso da tecnologia como instrumento facilitador, capaz de permitir que o aluno busque
melhores informações sobre os temas estudados, dando-lhe oportunidade de esclarecer suas
dúvidas.
Na a instituição pública, o ensino gratuito oferecido por profissionais qualificados
mediante cursos de pós-graduação stricto sensu é um diferencial que a instituição oferece.
Acresce a isto a agilidade da comunicação entre instituição e aluno durante o curso, prestada
por tutores que são treinados para esta atividade, realçando-se que os treinamentos realçam a
necessidade de estar em contato permanente com os alunos, para evitar que a motivação
diminua. Há também a questão tecnológica das videoconferências, que a instituição oferece,
tornando-a capaz de levar o ensino a vários lugares do país.
Na instituição privada, o diferencial inovador é focado na preocupação com a
formação profissional, acadêmica, social e pessoal de todos os alunos, criando projetos
capazes de fazer dele um sujeito realizado, autônomo e participativo perante a sociedade.
Para que isto se efetive, a EAD é associada ao Projeto de vida, recurso que estabelece uma
relação entre o curso que o aluno vem fazendo e o lugar que este curso pode ocupar em sua
vida futura.
A título de conclusão, pode-se afirmar que as práticas inovadoras percebidas nas duas
IES estão atreladas ao uso de tecnologia cada vez mais moderna e avançada, ao controle das
interações entre docentes e alunos, ao rápido retorno das solicitações dos alunos. Todas essas
inovações são devidas a treinamentos de comunicação realizados nas instituições, a fim de
78
capacitarem os envolvidos a suprirem as dificuldades e dúvidas dos alunos promovendo um
ensino de qualidade.
O quinto objetivo específico - verificar a maneira pela qual é controlado o
envolvimento do aluno no processo de ensino-aprendizagem foi abordado pelos gestores das
duas instituições, sendo um aspecto muito valorizado. Nas duas instituições os encontros
virtuais por meio dos emails, fóruns e chats constituem oportunidade para se controlar o
envolvimento dos aprendizes.
Na instituição privada, a interação entre professores, tutores e colegas da mesma turma
inclui, além dos recursos citados, a ocorrência de encontros presenciais destinados à
realização de debates que complementam as relações estabelecidas no ambiente virtual.
Nesses encontros, são buscadas formas que permitam aos alunos interagirem e incorporarem
conhecimentos da melhor maneira possível.
Na instituição pública também ocorre um envolvimento entre todos por meio de
encontros presenciais, tendo sido citada a disciplina “Seminário Temático” na qual os alunos
discutem um determinado tema, sob a orientação do professor responsável pela disciplina. Os
encontros virtuais, também enfatizados, se efetivam em todas as disciplinas, permitindo que
todos os alunos interajam. São criadas, também, outras formas de interação fora do ambiente
virtual, como os aplicativos de comunicação; estes são difíceis de serem monitorados, mas
ainda assim a IES considera favoráveis à aprendizagem.
O sexto objetivo específico - Identificar o modelo de avaliação da aprendizagem dos
alunos de EAD nas duas IES também foi atingido pela exposição dos entrevistados.
Percebe-se por meio das entrevistas com gestores que a avaliação da aprendizagem dos alunos
em uma instituição privada é feita graças a avaliações realizadas durante todo o curso, tanto
mediante atividades realizadas no ambiente virtual quanto pelas provas realizadas
presencialmente. Deste modo, através do controle da avaliação analisada nos pólos, permite
que a IES verifique como o aluno lida com o conteúdo transmitido pelo professor na
disciplina, qual o seu aproveitamento, como está seu engajamento e o conhecimento adquirido
durante o curso. Além disso, um questionário aplicado ao final de cada disciplina permite ao
aluno avaliar se foram esclarecidas todas as suas dúvidas durante a transmissão do conteúdo;
se a tutoria auxiliou diante das dificuldades; se a coordenação ajudou naquilo que foi
solicitado. Essas avaliações permitem, ainda, verificar toda a infra estrutura que a instituição
ofereceu durante o curso.
Na instituição pública, o processo de avaliação da aprendizagem dos alunos é
semelhante a da instituição privada, e se dá por meio de várias atividades avaliativas como
79
provas compostas de questões de múltipla escolha no ambiente virtual, o estudo dirigido que
lida com temáticas relevantes executadas presencialmente e por fim, a prova também
realizada no pólo. Assim como na instituição privada, na pública há um acompanhamento de
todo o processo de avaliação de aprendizagem dos alunos, por meio dos formulários de
reclamação, nos quais os alunos relatam sobre o desempenho do professor. Existe também
uma planilha, na qual a instituição verifica se o professor acessa o fórum e o chat para a
comunicação, e ainda se responde às dúvidas colocadas pelos alunos nos prazos estabelecidos.
Desse modo, é possível constatar se a aprendizagem dos alunos foi suprida pelos professores e
tutores e se foi oferecido um ensino de qualidade a todos os estudantes da instituição.
Entre as limitações deste trabalho, merece realce o fato de que se trata de um estudo
de dois casos, sendo um de uma instituição pública e outra privada. Por mais semelhantes que
essas IES sejam a outras, a generalização é limitada, pois é importante relevar vários aspectos
socioculturais que norteiam tais ambientes de ensino. Logo, é necessário destacar as
diferenças educacionais que norteiam cada instituição estudada. Para que se alcance um
resultado linear, em alguns momentos, foi necessário abstrair apenas conteúdos referentes ao
cerne da pesquisa, dentre os vários aspectos educacionais que poderiam ser encontrados.
Outro fator que representa uma limitação refere-se à ocasião em que a pesquisa foi
realizada, a qual é caracterizada por uma séria crise política e econômica que afetou o
funcionamento das instituições de ensino tanto públicas quanto privadas, colocando para elas
desafios às vezes difíceis de serem superados e determinando custos inesperados para a
continuidade de suas ações.
Apesar dessas dificuldades, deve-se registrar que os entrevistados receberam a
pesquisadora da melhor forma possível, prestaram as informações solicitadas, mas é possível
que algumas estratégias possam ter sido omitidas, o que é uma limitação.
Após a análise de todos os dados, fica evidente a necessidade de se ampliar o
investimento público na educação a distância, face às necessidades do país e ao benefício que
tal modalidade proporciona. Uma questão a ser elencada é a possibilidade que as instituições
públicas e privadas têm de fazer parcerias com empresas que estão em localidades mais
distantes, de modo a receberem auxilio financeiro para levar pólos de apoio presencial e
consequentemente mão de obra capacitada para a região.
Identificadas algumas particularidades, vale a pena sugerir que as instituições públicas
e as instituições privadas se unam na construção de um modelo de educação a distância único
e inovador, já que muitas das práticas aplicadas não seguem um mesmo padrão. Tais
80
instituições devem estar atentas as necessidades do corpo discente, que é por uma educação a
distância mais dinâmica e menos estática.
Outro fator de relevância e que merece atenção é relativo aos preconceitos com alunos
oriundos da educação a distância, sobretudo no meio empresarial. É necessário que as
instituições promovam, em conjunto, fóruns e debates para desmistificar possíveis
preconceitos com alunos oriundos desta modalidade de ensino, de forma a demonstrar que se
trata de uma modalidade que exige muita disciplina e dedicação.
Finalmente, a partir do momento que o Governo Federal é detentor das políticas
públicas que abrangem a educação superior, é importante que se aumente o incentivo para a
modalidade da educação a distancia, destinando, inclusive, uma parcela significativa das
bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento
Estudantil (FIES) para este fim.
Para dar continuidade ao estudo do tema é preciso buscar realizar outras pesquisas
capazes de abranger outras instituições de ensino superior. Aprofundar o estudo da educação a
distância no Brasil e seus benefícios para alguns grupos específicos como aqueles que não
conseguem freqüentar a universidade ou quem vive afastado dos centros urbanos.
Estender o estudo para instituições estaduais tendo como indicadores o ponto de vista
de docentes e discentes quanto a questão do ensino e aprendizagem. Realizar um estudo
semelhante que contemple outros países e que poderiam contribuir para uma analise mais
profunda destes aspectos.
Sugere-se também que em pesquisas futuras sejam utilizadas conjuntamente técnicas
próprias de pesquisas quantitativas e qualitativas capazes de ampliar o estudo do tema.
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YIN, R. K. Case study research: design and methods. Beverly Hills: Sage, 1989.
ZUIN, A. A. S. Educação a Distância ou Educação Distante? O Programa Universidade
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WOLCOTT, Linda L. The Distance Teacher as Reflective Pratictioner. Educational
Technology. January-February, 1995, 39-43.
92
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM GESTORES 1. Como funciona a gestão do sistema de administração a distância? Existe um gestor
responsável pela gestão como um todo?
2. Quais as atividades do gestor principal (se existir este gestor)?
3. Além do gestor principal existem outros? Quais as responsabilidades dos demais gestores?
4. Existe um planejamento do sistema de EAD? Quem participa da elaboração do
planejamento? como é feito o acompanhamento do planejamento? Qual a duração prevista
para o plano elaborado?
5. Tem sido possível efetuar a execução do planejamento ou ele tem sido submetido a
mudanças? se ocorrem mudanças, de quanto em quanto tempo?
6. Como é feita a seleção dos docentes para o curso? Quais as condições exigidas para um
docente assumir a orientação de uma disciplina?
7. Quais as atividades desenvolvidas pelos docentes de EAD?
8. Quantas horas semanais de trabalho tem um docente nos cursos de EAD?
9. Os docentes do curso de EAD trabalham no espaço da IES ou fora dele?
10. Como o aluno é preparado para realizar um curso á distância?
11. Como é feito o contato com o aluno durante o curso? Há um horário previsto para ele ter
acesso ao tutor?
12. Como é feito o contato do aluno com seus pares? O programa tem controle disso?
13. Como é feita a avaliação da aprendizagem do aluno?
93
14. Como é feita a avaliação do programa pelos alunos?
15. Como é feita a avaliação do desempenho dos docentes?
16. Quais as providências para se garantir a continuidade dos alunos no curso?
17. Quais as técnicas de ensino adotadas para repassar o conteúdo ao aluno?
18. Quais as técnicas inovadoras adotadas para ensinar nos cursos de EAD?
19. O que você considera inovador na proposta deste sistema de EAD?
20. Quais suas sugestões para tornar o sistema de EAD mais eficiente?
94
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
Daniela Vecchia Costa
SUGESTÕES DE MELHORES PRÁTICAS PARA CURSOS
SUPERIORES EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Belo Horizonte 2016
95
SUMÁRIO
1. Conceito/definição de Educação a Distância - EAD: .................................................. 96
2. Características que um projeto de EAD deve apresentar .......................................... 97
3. Quando poderá/deverá ser utilizada esta orientação .................................................. 98
A orientação contida neste texto poderá/deverá ser utilizada nas seguintes situações: .. 98
4. Para qual público este guia de orientação é indicado? Por quê? ............................... 99
96
1. Conceito/definição de Educação a Distância - EAD:
A educação a distância aparece cada vez mais no contexto das sociedades
contemporâneas, como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável
para atender às novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem
econômica mundial (ARETIO, 2002; BELLONI, 2003). No Brasil, desde a aprovação da
LDB de 1996, a implantação da Educação a Distância (EAD) está regulamentada em todas as
modalidades e níveis de ensino sendo classificada para as instituições de educação como uma
forma de ampliação das atividades. Tal regulamentação possibilitou as instituições de ensino
o desenvolvimento de cursos em várias modalidades, incorporando diferentes conteúdos além
de procedimentos de avaliação e práticas pedagógicas (COELHO, 2009). A partir de então,
passou-se a observar o surgimento desta modalidade de ensino na esfera pública (estadual e
federal) e privada.
Sob o ponto de vista público federal, a Educação a Distância está amparada pelo
Sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Tal política foi implantada em 2005,
representando a convergência do empenho das instituições participantes do Fórum das
Estatais pela Educação para criar bases para o primeiro sistema de ensino superior aberto, que
foi denominado universidade aberta do país, a qual teve sua consolidação por meio de amplos
e democráticos debates, interlocutados pelo Governo Federal, estatais, Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e empresas públicas
(PACHECO, 2010; MOTA, 2009). A Universidade Aberta do Brasil surge com o intuito de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no Brasil,
principalmente nas regiões necessitadas (PACHECO, 2010).
No que se refere à rede privada, houve uma intensa evolução da respectiva modalidade
de educação após a promulgação da LDB de 1996, que também foi um fator preponderante
para o aumento das instituições privadas de ensino superior (SILVA JR. & SGUISSARDI,
2001). Uma vez consolidadas na modalidade presencial, parte das instituições passaram a
buscar um espaço na Educação a Distância. Dados do ministério da educação mostram que na
rede privada o número de matrículas em Educação a Distância saltou de 6.392 em 2002 para
815.003 em 2011, o que representa um surpreendente aumento de mais de 12.000% (MEC,
2012).
No que se refere à esfera pública estadual em Minas Gerais, a Educação a Distância
começa a vigorar mediante a criação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), em que
o estado conta com 84 pontos em 81 municípios desde 2003, se destacando quantitativamente
97
perante o resto do Brasil. A partir de então, criou-se a Universidade Aberta e Integrada de
Minas Gerais, ou UAITEC, com o objetivo de utilizar os CVTs já criados para envolverem
também os programas de Educação a Distância da rede UAITEC, incluindo cursos de
graduação e pós-graduação (UAITEC, 2014). No momento em que esta dissertação foi
elaborada, denúncias envolvendo a UAITEC levaram à abertura de processo de investigação,
que estava em andamento a partir do mês de junho de 2016.
Apesar da expansão quantitativa dos programas e cursos ofertados na modalidade à
distância, percebe-se a necessidade de uma expansão sob o ponto de vista qualitativo, ou seja,
a qualidade do conteúdo que é ensinado, da tutoria e dos pólos de apoio presencial (ZUIN,
2006; COSTA, 2007; SEGENREICH, 2009), motivo este que faz um guia de melhores
práticas para implantação de cursos nesta modalidade ser de suma importância para o
desenvolvimento nacional.
2. Características que um projeto de EAD deve apresentar
O guia de melhores práticas para implantação de cursos superiores na modalidade à
distância, deve ser um documento de fácil compreensão e que aborde os principais aspectos a
serem considerados para uma educação a distância eficiente e inclusiva. Devem-se detalhar
aspectos como:
• Definição clara dos programas de cada disciplina, que deverão conter:
* Objetivos claramente definidos * Explicitação dos conteúdos relacionados aos objetivos * Sugestão de bibliografia básica e de bibliografia complementar *Apresentação dos procedimentos a serem utilizados para acompanhamento e
avaliação de cada tópíco.
• Qualidade dos recursos didáticos que serão utilizados:
* Livros virtuais utilizados;
* Vídeos-aula;
* Modelos de Chats com professores e tutores;
* Propostas de Trabalhos colaborativos;
* Demais formas de se compartilhar o conteúdo.
• Tutoria:
* Média de tutores por alunos;
98
* Formação mínima necessária para o exercício da função;
* Cursos de capacitação para tutores atuantes e para eventuais tutores a
serem contratados;
* Tecnologia disponível para contato entre alunos e tutores;
* Tempo e forma de retorno;
• Pólos de apoio presencial:
* Quantidade de pólos em relação ao número de cursos ofertados;
* Infra-estrutura do pólo;
* Logística para aplicação das provas presenciais;
*Espaço disponível para tirar dúvidas dos alunos presencialmente, caso
necessário;
* Atuação, apoio e envolvimento das secretarias em seus respectivos
pólos;
* Demais aspectos necessários.
3. Quando poderá/deverá ser utilizada esta orientação
A orientação contida neste texto poderá/deverá ser utilizada nas seguintes situações:
• Implantações de cursos superiores à distância: * Quando uma instituição de ensino superior desejar implantar cursos
superiores em educação à distância, ela poderá utilizar como referência
o guia de melhores práticas para implantação de cursos EAD, baseado
nos resultados provenientes da curva de maturidade de uma das
instituições pioneiras no Brasil.
• Implementação de melhorias em cursos superiores já existentes:
* Quando uma instituição de ensino que já oferta cursos de educação à
distância buscar oportunidades de melhorar os resultados de seus
cursos qualitativamente (que inevitavelmente irão gerar um impacto
positivo quantitativamente). Nestes casos, as instituições poderão
observar neste guia as práticas recomendadas para esta modalidade,
99
verificar se suas instituições estão de acordo com estas práticas e caso
não estejam, realizar as adequações necessárias.
4. Para qual público este guia de orientação é indicado? Por quê?
Este guia de orientação é indicado para gestores de instituições de ensino superior que
desejam ampliar ou melhorar a oferta de cursos de educação à distância, em especial os
seguintes grupos:
• Proprietários de universidades privadas: um guia de melhores práticas
poderá servir como referência para que estes gestores compreendam o que é
preciso para se oferecer uma educação superior de qualidade em suas
respectivas instituições. Tal informação seria então um fator de decisão para
que a instituição conclua se possui ou não a estrutura necessária para oferta de
tal modalidade.
• Dirigentes universitários: o referido produto técnico seria importante para
que dirigentes universitários, como pró-reitores, diretores e coordenadores de
curso, conseguissem mapear se são capazes de ofertar tal modalidade (caso não
a ofertem) ou se existem melhoramentos a serem implantados em uma oferta
vigente, em suas respectivas instituições e cursos;
• Diretores de educação à distância: em escolas que já possuem uma oferta
tradicional nesta modalidade, o guia serviria como um ponto de reflexão, em
relação aos serviços que são oferecidos. A idéia neste caso seria buscar
melhoramentos dentro do que já é ofertado, tendo como referência, melhores
práticas já implantadas e que obtiveram sucesso em uma instituição pioneira na
referida modalidade;
• Colaboradores da educação à distância (professores, tutores, dentre
outros): para aqueles que atuam diretamente nesta modalidade, um guia de
melhores práticas serviria como um ponto de reflexão para suas próprias
atuações, no sentido de verificar se estão em consonância com práticas que
obtiveram êxito em outra escola. O guia também serviria para que tais
colaboradores reivindicassem melhoras de estrutura física, material, sistema,
dentre outros, junto a suas lideranças, para se atingir um melhor resultado em
seus respectivos ofícios.
100
• Discentes: as sugestões de melhores práticas poderiam ser utilizadas pelos
discentes em educação a distância como um ponto de reflexão para verificarem
o que falta nos serviços que eles receberem para que sejam ofertados dentro de
uma qualidade já reconhecida.
5. Sugestões de algumas práticas pedagógicas que poderão ser usadas:
• Cursos oferecidos com encontros presenciais mediatizados tecnologicamente -
o curso todo pode se realizar de forma presencial, mediante uso de salas de
video-conferência que funcionem em horários pré-definidos e permitam que
todos os inscritos assistam as exposições feitas, independentemente da
separação geográfica existente entre alunos e professores. Assim, graças a esta
tecnologia, promove-se a interação imediata e simultânea entre professores e
alunos e, principalmente, torna possível o acesso a informação para todos, ao
mesmo tempo, característica de sistemas presenciais.
• Criação e Manutenção de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Trata-se de
um conjunto de ferramentas pedagogicamente preparado e articulado para
fornecer o máximo de interatividade em uma relação pedagógica mediada por
computadores, através da utilização das facilidades disponibilizadas pela
Internet. Ambientes Virtuais de Aprendizagem são compostos de: condições
ambientais – espaço físico e temporal; condições técnico-ferramentais e
condições didático-pedagógicas para o desenvolvimento da aprendizagem.
• Uso de práticas pedagógicas que estabeleçam regras claras de ação sobre o
campo de conhecimento a se tratar e que superem o uso dominante da
linguagem verbal, substituindo-o pela conjugação de diversas linguagens; que
desenvolvam habilidades de grupos produtores de conhecimento. No caso,
pode-se estabelecer um espaço construído pelos alunos no qual sejam
registradas reportagens recentes sobre cada assunto, fotos e filmes que
possibilitem a discussão do tema e ainda sugestão de textos de livros ou artigos
que abordem o assunto. Outra possibilidade é a produção de poemas, desenhos,
pinturas que apresentem os temas e que possam estar disponíveis para os
101
demais alunos, possibiltando seu crescimento. Essas práticas pedagógicas
deixem transparecer que ensinar é aprender e que o novo não constitui um
elemento estranho, mas fonte mesmo de novas proposições, de novos olhares,
de novas formas de se apresentar um assunto, sem usar apenas a linguagem
verbal.
• Preparo específico para os tutores - no exercício de sua função dentro da
polidocência característica da EAD, o docente-tutor virtual necessita
desenvolver alguns saberes, tais como: conhecer a proposta do curso e o perfil
do aluno, dominar o conteúdo e os materiais didáticos com os quais irá
trabalhar, saber comunicar-se por meio da língua escrita, ter disciplina de
horários e organização para acessar o ambiente de estudos e dar feedbacks
formativos aos alunos que acompanha, possuir conhecimentos sobre os
recursos tecnológicos que irá utilizar, saber trabalhar coletivamente, entre
outros. Esses aspectos podem ser objeto de treinamentos oferecidos no início e
ao longo de cursos em desenvolvimento na instituição.
• Transformação do professor em animador de inteligência coletiva em lugar de
simples transmissor de conhecimento. A principal função do professor não
pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais
eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de
incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor torna-se um animador
da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade será
centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: o incitamento à
troca dos saberes, a mediação relacional e simbólica, a pilotagem personalizada
dos percursos de aprendizagem.
• O processo de planejamento de um curso ou programa de EAD pode ser
caracterizado em três diferentes etapas ou níveis hierárquicos. O primeiro nível
define a concepção e pressupostos fundamentais de estruturação logística e
pedagógica do curso; o segundo refere-se á abordagem pedagógica do material
a ser utilizado pelos alunos; e o terceiro diz respeito á avaliação da
aprendizagem do aluno, aspectos de suma importância nos processos de ensino
102
e aprendizagem, sejam na modalidade presencial ou a distância, especialmente
tratados nos projetos de EAD.
103
Referências
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Ariel. 2002.
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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
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104
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ZUIN, A. A. S. Educação a Distância ou Educação Distante? O Programa Universidade
Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. In: Educação e Sociedade. Campinas, v. 27, n°
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