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CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING UNICESUMAR
PROGRAMA DE MESTRADO EM PROMOO DA SADE
PERFIL EPIDEMIOLGICO DAS GESTANTES DE ALTO RISCO ATENDIDAS
EM UM HOSPITAL ESCOLA DE MARING-PR.
ANGLICA CAPELLARI MENEZES CASSIANO
ORIENTADORA: DRA. LUCIA ELAINE RANIERI CORTEZ
DISSERTAO DE MESTRADO
MARING- 2015
CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING UNICESUMAR
PROGRAMA DE MESTRADO EM PROMOO DA SADE
PERFIL EPIDEMIOLGICO DAS GESTANTES DE ALTO RISCO ATENDIDAS
EM UM HOSPITAL ESCOLA DE MARING-PR.
Dissertao de Mestrado apresentada ao Centro Universitrio de Maring (UNICESUMAR), como requisito obteno do ttulo de Mestre em Promoo da Sade.
MARING- 2015
Cassiano, Anglica Capellari Menezes
Perfil epidemiolgico das gestantes de Alto Risco atendidas em um Hospital Escola de Maring- Pr.
Maring, 2014
70 pg
Dissertao (Mestrado) Centro Universitrio Cesumar (UNICESUMAR)
rea de Concentrao: Promoo para Sade
Orientadora: Prof . Dr. Lcia Elaine Ranieri Cortez
1. Gestao de alto risco; 2.Perfil de sade; 3- Prevalncia
DEDICATRIA
A voc Wagner Aparecido Cassiano, meu
marido, amigo, companheiro e eterno amor...
Por ter me incentivado e permanecido ao meu
lado durante todo o caminho percorrido. Pela
pacincia e dedicao ao Davi, nosso filho
amado, nos momentos em que estive ausente.
Por ter compartilhado angstias e dvidas
estendendo sua mo amiga. Por ter
acreditado em minha capacidade quando eu j
no acreditava.,,
AGRADECIMENTOS
A Deus pela fora para superar todos os obstculos.
A minha famlia linda e amorosa (Papai Plnio, Mame Edna e meus irmos Hellen e Plnio)
que sempre estiveram ao meu lado.
Ao Davi, meu filho amado, por ter sido to compreensivo e cuidadoso, respeitando os meus
momentos de ausncia e me auxiliando em tudo o que foi necessrio.
A minha cunhada Gislaine Cassiano, por estar ao meu lado, cuidando com amor e dedicao
de tudo o que me pertence.
Aos meus amigos (prximos e distantes) que sempre souberam a importncia desse mestrado
e ficaram na torcida, me estimulando a terminar.
Aos meus grandes amigos e companheiros de caminhada, Sandra Mara, Edlaine Carlucci,
Ludmila Bolsoni, Ulisses Bueno, Ana Paula e Jos Alipio Gouveia.
A minha querida professora, amiga e companheira de jornada Cristiane Faccio Gomes, por ter
acreditado em minha capacidade sem mesmo me conhecer, por ter sido fiel escudeira do
inicio ao fim, por nunca, mesmo com todos os impedimentos, ter me abandonado.
A minha amada orientadora, Dra Lucia Elaine Ranieri Cortez, que assumiu a responsabilidade
de estar ao meu lado quando tudo parecia estar perdido, desempenhando seu papel com
eficincia e dedicao.
MUITO OBRIGADA!!!
LISTA DE ABREVIAES E SIGLAS
PAISM PROGRAMA DE ASSISTNCIA INTEGRAL SADE DA
MULHER
PHPN PROGRAMA DE HUMANIZAO DO PR-NATAL E DO
NASCIMENTO
MS DEPARTAMENTO NACIONAL DE SADE DO MINISTRIO
DA EDUCAO E SADE DA CRIANA
DNCR DEPARTAMENTO NACIONAL DA CRIANA
PSMI PROGRAMA DE SADE MATERNO INFANTIL
SUS SISTEMA NICO DE SADE
SISPRENATAL SISTEMA ELETRNICO PARA COLETA DE INFORMAES
SOBRE O ACOMPANHAMENTO DAS GESTANTES
ATENDIDAS NO SUS
RMM RAZO DE MORTALIDADE MATERNA
CONASS CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOS DA SADE
CONASEMS CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE
SADE
DHEG DOENA HIPERTENSIVA ESPECFICA DA GESTAO
LISTA DE TABELAS - ARTIGO 2
Tabela 01 Caracterizao da populao estudada (n=136), conforme a idade,
escolaridade, estado civil, profisso, renda familiar, moradia e uso ou no de drogas.
04
Tabela 02 Distribuio (n=136) proporcional das caractersticas reprodutivas das
gestantes de alto risco atendidas no hospital universitrio de Maring. 2010-2014.
Tabela 03 Distribuio das patologias prevalentes na gestao de alto risco
atendidas no hospital universitrio de Maring. 2010-2014.
07
Tabela 04 Associao entre as principais patologias prevalentes com a idade
materna e classificao do RN quanto a sua maturidade.
07
Tabela 05 - Associao entre o tipo de parto e a classificao do RN quanto a sua
maturidade e o nmero de consultas de pr-natal.
07
SUMRIO
APRESENTAO
01
INTRODUO
02
ARTIGO CIENTFICO 1- SADE MATERNO INFANTIL NO BRASIL:
EVOLUO E PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELO MINISTRIO DA
SADE
05
RESUMO
05
ABSTRACT 06
INTRODUO
07
METODOLOGIA
08
EVOLUO DA ATENO SADE MATERNO INFANTIL NO BRASIL
08
REDES DE ATENO SADE: CONCEITO E DEFINIES
16
REDE CEGONHA
17
CONSIDERAES FINAIS
19
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
21
ARTIGO CIENTFICO 2 PERFIL EPIDEMIOLGICO DAS GESTANTES DE
ALTO RISCO ATENDIDAS PELO SISTEMA NICO DE SADE, MARING-PR
26
RESUMO
26
ABSTRACT
27
INTRODUO
29
METODOLOGIA
32
RESULTADOS
34
DISCUSSO
40
CONCLUSO
46
REFERNCIAS
47
ANEXO PARA ARTIGO 1
ANEXO A- NORMAS PARA PUBLICAO NA REVISTA DO SERVIO
PBLICO (ENAP).
50
ANEXOS PARA ARTIGO 2
ANEXO A - FOLHA DE ROSTO
52
ANEXO B- FICHA PARA COLETA DOS DADOS
53
ANEXO C- AUTORIZAO DO HOSPITAL UNIVERSITRIO DE
MARING
57
ANEXO D- TERMO DE PROTEO DE RISCO E CONFIDENCIALIDADE
58
ANEXO E- PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
59
ANEXO F - NORMAS PARA PUBLICAO NA REVISTA BRASILEIRA DE
GINECOLOGIA E OBSTETRCIA
63
1
APRESENTAO
Esta dissertao composta pelos elementos textuais introduo, metodologia,
concluso e dois artigos cientficos, sendo o primeiro uma reviso de literatura a respeito das
politicas de sade Publica destinadas a sade da mulher e o segundo foi originado da pesquisa
realizada no Hospital Universitrio de Maring, Paran, Brasil.
ARTIGO 1: Sade materno infantil no brasil: evoluo e programas desenvolvidos pelo
ministrio da sade. Descreve e analisa as polticas voltadas a assistncia da mulher desde o
perodo do estado novo at os dias atuais. O artigo foi aceito e publicado na Revista do
Servio Pblico em maio de 2014.
ARTIGO 2: Perfil epidemiolgico das gestantes de alto risco atendidas em um Hospital
Escola de Maring-Pr.
Descreve o perfil epidemiolgico das gestantes de alto risco que foram atendidas no
ambulatrio de alto risco do Hospital Universitrio de Maring entre janeiro de 2010 a janeiro
de 2014. Este artigo ser submetido apreciao, visando a publicao na Revista Brasileira
de Ginecologia e Obstetrcia.
Em consonncia com as regras do Programa de Ps-Graduao em Promoo da Sade, os
artigos foram redigidos de acordo com as normas da Revista da revista do Servio Publico
(Anexo A) e Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrcia (Anexo B).
2
INTRODUO
As polticas pblicas de sade destinadas ao atendimento das necessidades e dos
direitos da mulher e da criana so definidas seguindo desde princpios meramente
reprodutivos, voltados apenas para a concepo e anticoncepo, at aqueles mais amplos,
voltados para garantir uma melhor condio de sade e de vida (COSTA; BAHIA; CONTI,
2007).
Os movimentos sociais que ocorreram na sociedade brasileira, principalmente o
movimento feminista, contriburam para a construo de novas polticas pblicas a partir da
dcada de 1980. Isso resultou na consolidao de leis e programas de sade que se
intensificaram em toda a dcada de 1990 e se estenderam at os anos 2000, pela formulao e
execuo de programas e estratgias de sade pblica voltada ateno materno infantil
(SANTOS NETO et al., 2008).
A implantao do Programa de Assistncia Integral Sade da Mulher (PAISM), em
1984, significou uma conquista ao colocar em destaque que a sade da mulher precisava ser
abordada em todos os ciclos da vida e no apenas no perodo da gravidez. A proposta do
programa considerava a necessidade de articulao das aes de pr-natal, assistncia ao parto
e puerprio, preveno do cncer e de doenas sexualmente transmissveis, assistncia
adolescente, menopausa e anticoncepo (ALMEIDA, 2005).
O PAISM foi apenas o incio de uma srie de mudanas expressivas que ocorreram na
reorientao do modelo assistencial mdico-privatista vigente. As aes de sade ainda eram
elementares devido lgica de financiamento do sistema voltada apenas produtividade dos
servios (SANTOS NETO et al., 2008).
No ano de 2000 foi implantado o Programa de Humanizao do Pr-Natal e do
Nascimento (PHPN), com o principal objetivo de reduzir as altas taxas de morbimortalidade
materna, perinatal e neonatal no Pas (BRASIL, 2005a).
Aps a implantao do PHPN, verificou-se que o programa no teve o alcance
esperado, pois apresentou dificuldades no acesso aos servios de sade, falta de leitos,
deficincia de recursos humanos, financeiros e materiais. Mulheres ainda relataram a
incerteza de vagas nos hospitais e a preocupao com a peregrinao entre os servios
hospitalares (DIAS; DESLANDES, 2006; PARADA; TONETE, 2008).
3
Na busca pela melhoria da assistncia materno infantil, o Ministrio da Sade lanou,
em 2011, o programa Rede Cegonha. O Rede Cegonha uma importante estratgia do
Governo Federal, uma vez que objetiva a implementao de um novo modelo de ateno
sade da mulher e da criana, que garanta acesso, acolhimento, resolutividade e reduza, dessa
forma, os ndices de mortalidade materno infantil (CAVALCANTI, 2010).
Sabe-se que a gravidez um acontecimento biologicamente natural e especial na vida
da mulher e, na maioria das vezes, sua evoluo ocorre sem nenhum problema. Mesmo
havendo alteraes anatmicas, endcrinas, hemodinmicas e imunolgicas, o organismo se
mantm em equilbrio dinmico por mecanismos compensatrios. No entanto, o limite entre a
normalidade e a doena extremamente tnue e o desequilbrio representa risco elevado de
morbimortalidade (MARTINS; REZENDE; VINHAS, 2003).
Uma pequena quantidade de gestantes, que por terem alguma doena, desenvolverem
algum problema ou sofrerem algum agravo, apresentam maiores chances de apresentar
gestao com evoluo complicada tanto para ela como para o beb. Essa parcela de mulheres
denominada de gestantes de risco, ou seja, ela ou o feto apresentam maiores chances de
adoecer e morrer, quando comparadas com a mdia da populao considerada (BRASIL,
2006).
As gestantes podem ser estratificadas quanto ao risco em trs categorias: risco
habitual, risco intermedirio e alto risco. Os fatores causadores de alto risco gestacional
podem ser classificados em quatro grupos: caractersticas individuais e condies scio
demogrficas desfavorveis (idade, ocupao, situao conjugal, baixa escolaridade, hbitos
de vida como o uso de fumo e lcool etc.), histria reprodutiva anterior (morte perinatal,
baixo peso ao nascer, abortamento, etc.), doenas obsttricas na gravidez atual (nmero de
fetos, volumes de lquido, gravidez prolongada, pr-eclmpsia e eclmpsia, diabetes, etc.) e as
intercorrncias clnicas (hipertenso, cardiopatias, pneumopatias, infeces e outras)
(BRASIL, 2012d).
A no deteco precoce da gestante de risco aumenta consideravelmente o risco de
morte. A morte materna aquela que ocorre durante a gestao ou dentro de um perodo de
42 dias aps o trmino da gestao, independente da durao ou da localizao da gravidez,
4
devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em
relao a ela, porm no devido a causas acidentais (BRASIL, 2007). Destaca-se que 90%
dessas mortes so evitveis se as gestantes forem socorridas a tempo (BRASIL, 2012d).
Diante do exposto, descrever a evoluo da ateno sade materno infantil no Brasil,
bem como dos programas desenvolvidos pelo Ministrio da Sade de grande importncia,
uma vez que nos permite conhecer o atendimento que a as mulheres e gestantes vem
recebendo no Brasil. Soma-se a isso, a importncia de se estudar a gestao de alto risco, pois,
esse tipo de gestao est diretamente ligado a um aumento na morbimortalidade materna e
perinatal e isso atrai inmeros debates e preocupaes no Paran, visto que reflete a qualidade
da assistncia prestada nos servios de sade, bem como a operacionalizao das polticas
pblicas voltadas sade da mulher. Se as condies geradoras do risco forem identificadas
precocemente, elas podem ser minimizadas ou at mesmo eliminadas. Portanto, identificar o
perfil de gestantes de risco uma medida que pode gerar aes preventivas e benficas, uma
vez que se pode, a partir disso, caracterizar e acompanhar as gestantes com maior
probabilidade complicaes.
5
ARTIGO CIENTFICO 1
Sade materno infantil no Brasil: evoluo e programas desenvolvidos pelo
Ministrio da Sade
Publicado na Revista do Servio Pblico Braslia 65 (2): 227-244 abr/jun 2014
Anglica Capellari Menezes Cassiano;
Edilaine Monique de Souza Carlucci;
Cristiane Faccio Gomes e Rose Mari
Bennemann
Sade materno infantil no Brasil: evoluo e programas desenvolvidos pelo
Ministrio da Sade
RESUMO:
Trata-se de uma reviso de literatura com o objetivo de descrever a evoluo da ateno
sade materno infantil no Brasil desde o Estado Novo at os dias atuais. O levantamento de
dados foi realizado em livros, sites do Ministrio da Sade, Legislaes do Dirio Oficial e
artigos das bases de dados Biblioteca Virtual em Sade (BVS/Bireme), Medline e Scientific
Eletronic Library (Scielo). As polticas pblicas de sade materno infantil foram definidas
seguindo desde os princpios meramente reprodutivos at aqueles mais amplos, voltados para
garantir uma melhor condio de sade e de vida. Nas ltimas dcadas, com o auxlio do
governo e da sociedade, houve uma progresso no atendimento da sade da mulher e da
criana. No entanto, conclui-se que, apesar da evoluo observada, o grande desafio ainda se
encontra na reduo da morbimortalidade materna, neonatal e infantil.
Palavras-chave: poltica de sade, mortalidade infantil, poltica pblica, programa
social, sade
6
Sade materno infantil no Brasil: evoluo e programas desenvolvidos pelo Ministrio
da Sade
Salud Maternal-Infantil en Brasil: evolucin y programas desarrollados por el
Ministerio de la Salud
Se trata de una revisin de literatura con el objetivo de describir la evolucin de la atencin a
la salud maternal-infantil en Brasil desde el nuevo estado hasta los das actuales. El
levantamiento de los datos fue realizado en libros, sites del Ministerio de la Salud,
Legislacin del Diario Oficial y artculos de las bases de datos de la Biblioteca Virtual em
Salud BVS/Bireme y la Scientific Eletronic Library - Scielo. Las polticas pblicas de salud
maternal-infantil fueron definidas desde el principio simplemente reproductivo hasta aquellos
ms amplio, centrados para garantizar una mejor condicin de salud y de vida. Em las ltimas
dcadas, con la ayuda del gobierno y de la sociedad, hubo un progreso en el tratamiento de la
salud de la mujer y del nio. Sin embargo se concluye que, a pesar de la evolucin observada
el grande desafo an se encuentra en la reduccin de la mortalidade materna, neonatal e
infantil.
Palabras-clave: poltica de salud, mortalidad infantil, poltica pblica, programa social,
salud
Maternal and child health service in Brazil: the evolution of health care and the public
policies of the Ministry of Health
This paper reviews the literature on maternal and child health policies with the objective of
describing the evolution of health care for maternal and child health service in Brazil since
1937 to the present day. The data were collected in books, websites of the Ministry of Health,
Laws and Articles of the Official Gazette, the Virtual Library data bases in BVS/ Bireme
Health, Medline and the Scientific Electronic Library SciELO. The definition for public
policies on maternal and child health ranged from merely reproductive principles to broader
ones, in order to ensure better quality of health and life. In recent decades, with the assistance
of government and society, there has been advancement in the health care of women and
children. However, we conclude that, despite the advancements observed, the greatest
challenge still lies in reducing maternal, infant and child mortality rates.
Keywords: health policy, infant mortality, public policy, social program, health
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Introduo
As polticas pblicas de sade destinadas ao atendimento das necessidades e dos
direitos da mulher e da criana so definidas seguindo desde princpios meramente
reprodutivos, voltados apenas para a concepo e anticoncepo, at aqueles mais amplos,
voltados para garantir uma melhor condio de sade e de vida (COSTA; BAHIA; CONTI,
2007).
Os movimentos sociais que ocorreram na sociedade brasileira, principalmente o
movimento feminista, contriburam para a construo de novas polticas pblicas a partir da
dcada de 1980. Isso resultou na consolidao de leis e programas de sade que se
intensificaram em toda a dcada de 1990 e se estenderam at os anos 2000, pela formulao e
execuo de programas e estratgias de sade pblica voltados ateno materno infantil
(SANTOS NETO et al., 2008).
A implantao do Programa de Assistncia Integral Sade da Mulher (PAISM), em
1984, significou uma conquista ao colocar em destaque que a sade da mulher precisava ser
abordada em todos os ciclos da vida e no apenas no perodo da gravidez. A proposta do
programa considerava a necessidade de articulao das aes de pr-natal, assistncia ao parto
e puerprio, preveno do cncer e de doenas sexualmente transmissveis, assistncia
adolescente, menopausa e anticoncepo (ALMEIDA, 2005).
O PAISM foi apenas o incio de uma srie de mudanas expressivas que ocorreram na
reorientao do modelo assistencial mdico-privatista vigente. As aes de sade ainda eram
elementares devido lgica de financiamento do sistema voltada apenas produtividade dos
servios (SANTOS NETO et al., 2008).
No ano de 2000 foi implantado o Programa de Humanizao do Pr-Natal e do
Nascimento (PHPN), com o principal objetivo de reduzir as altas taxas de morbimortalidade
materna, perinatal e neonatal no Pas (BRASIL, 2005a).
Aps a implantao do PHPN, verificou-se que o programa no teve o alcance
esperado, pois apresentou dificuldades no acesso aos servios de sade, falta de leitos,
deficincia de recursos humanos, financeiros e materiais. Mulheres ainda relataram a
incerteza de vagas nos hospitais e a preocupao com a peregrinao entre os servios
hospitalares (DIAS; DESLANDES, 2006; PARADA; TONETE, 2008).
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Na busca pela melhoria da assistncia materno infantil, o Ministrio da Sade lanou,
em 2011, o programa Rede Cegonha. O Rede Cegonha uma importante estratgia do
Governo Federal, uma vez que objetiva a implementao de um novo modelo de ateno
sade da mulher e da criana, que garanta acesso, acolhimento e resolutividade e reduza,
dessa forma, os ndices de mortalidade materno infantil (CAVALCANTI, 2010).
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo descrever a evoluo da ateno
sade materno infantil no Brasil, bem como dos programas desenvolvidos pelo Ministrio da
Sade.
Metodologia
Trata-se de uma reviso de literatura sobre a evoluo das aes e programas de
ateno sade materno infantil no Brasil. O levantamento dos dados foi realizado em livros,
sites do Ministrio da Sade, Legislaes do Dirio Oficial e artigos das bases de dados da
Biblioteca Virtual em Sade (BVS/Bireme), Medline e da Scientific Eletronic Library
(Scielo).
A busca foi realizada por meio do mtodo integrado, com utilizao dos seguintes
descritores: redes de ateno sade, ateno primria sade, Rede Cegonha, Programa de
Assistncia Integral Sade da Mulher, humanizao do parto, humanizao do pr-natal e
Sisprenatal. Delimitados os descritores, a seleo dos textos foi realizada por leitura
exploratria, com o objetivo de conhecer o material, e, posteriormente, por leitura seletiva, na
qual foram excludos estudos regionais. Por fim, a leitura interpretativa, juntamente com a
experincia profissional dos pesquisadores, permitiu um maior significado ao estudo.
Evoluo da ateno sade materno infantil no Brasil
A histria da sade materno infantil no Brasil foi construda ao longo de vrias
dcadas, recebeu diferentes terminologias e passou por vrias gestes. Inicialmente, mulher e
criana no ocupavam as posies que atualmente a sociedade e as polticas pblicas lhes
permitem e garantem (VICTORA et al., 2011).
Entre 1937 e 1945, no governo de Getlio Vargas, perodo denominado de Estado
Novo, foi implantado o primeiro programa de defesa sade materno infantil do Brasil. Suas
9
atividades eram realizadas pelo Departamento Nacional de Sade do Ministrio da Educao
e Sade da Criana (MES), que objetivava apenas normatizar o atendimento ao binmio me-
filho e combater a mortalidade infantil, sem preocupao com as questes relacionadas
reproduo (BRASIL, 2011d).
Em 1940, Getlio Vargas transferiu para o Departamento Nacional da Criana
(DNCr) as responsabilidades relacionadas sade da me e da criana, sendo esse, ento, o
primeiro rgo criado para atender exclusivamente sade materno infantil (BRASIL,
2011d).
De acordo com Tyrrell (1997), Getlio Vargas defendia que a reproduo humana era
mais importante para a sociedade do que para o indivduo, uma vez que o motivo principal do
Estado e da mulher era melhorar a raa humana com o objetivo de formar homens com
condies cada vez melhores para auxiliar no crescimento e desenvolvimento econmico do
Pas. Nesse sentido, toda assistncia educacional, sanitria e mdica voltada mulher e
criana tinha por objetivo apenas a busca por uma Nao forte e rica.
Segundo Pereira (1999), para conseguir uma Nao forte e sadia, o DNCr deveria
realizar aes para combater a mortalidade infantil, melhorar o pr-natal e voltar a educao
para o estmulo a bons hbitos morais e higinicos. Isso s seria possvelpor meio do reforo
alimentar materno e infantil, do ensino da puericultura s mes, da distribuio de merenda
escolar e do ensino de prticas de higiene.
Apesar das aes propostas pelo DNCr, o que se verificou foi a manuteno da
pobreza, da explorao excessiva da fora de trabalho, grave quadro sanitrio e educacional e
uma reduo menor do que a almejada da mortalidade materno infantil (VIEIRA, 2003).
Entretanto, mesmo no obtendo os resultados esperados, pode-se observar reduo, mesmo
que lenta, da mortalidade infantil, de 168 em 1000 nascidos vivos em 1930, para 150 em 1940
(IBGE, 1999), resultado da implantao de algumas polticas sanitrias nos centros urbanos
nacionais.
Nessa poca, a maior preocupao do governo era a reduo da mortalidade infantil
como estratgia para aumentar a populao, sem se preocupar com a qualidade da reproduo
humana e com as condies de sade da mulher, que era vista apenas como fonte de
reproduo e cuja funo era voltada exclusivamente para a criao de braos fortes para
servir o Pas, sem direitos pessoais, sociais e econmicos. No havia um acompanhamento da
sua sade, nem mesmo durante a gravidez. O governo apenas incentivava a procriao em
10
massa, sem fornecer as condies mnimas necessrias para um bom desenvolvimento
gestacional.
Acreditava-se na orientao e responsabilizao exclusiva da me e da famlia em
relao ao autocuidado e ao cuidado com a criana. A intensificao da melhoria das prticas
de higiene e educao sanitria seria suficiente para reduzir os ndices de mortalidade infantil.
Entretanto a implantao dessas prticas no foi capaz de atingir os objetivos esperados, e a
superpopulao, at ento estimulada, passou a ser mais um agravante para o precrio quadro
sanitrio e econmico j existente no Pas.
Em 1964, os militares assumiram o governo e, a partir desse momento, a sade
comeou a ser vista de maneira individual e no como um fenmeno coletivo e com aes
voltadas exclusivamente para a cura (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2005).
No que se refere ateno dada sade da mulher e da criana durante o militarismo,
na dcada de 1975, houve a implantao do Programa de Sade Materno Infantil (PSMI)
(BRASIL, 1975). O PSMI tinha dois focos de atuao: o primeiro era a interveno mdica
sobre o corpo feminino por meio do uso da cesariana e da esterilizao como mtodo
contraceptivo preferencial, e o segundo era a reduo da morbidade e mortalidade materna e
infantil (SANTOS NETO et al., 2008).
De fato, esse programa auxiliou na reduo da taxa de mortalidade infantil, que passou
de 100 em 1000 nascidos vivos em 1975, para 82,9 em 1980 (IBGE, 1999). No que se refere
ao controle da natalidade por meio da esterilizao feminina, esse programa tambm teve
sucesso, uma vez que a taxa de fecundidade total apresentou reduo. O ndice que era de 6,2
filhos para cada mulher, em 1950, caiu, em 1970, para 5,8 e, em 1980, para 4,2 (VIEIRA et
al., 2002).
Apesar disso, os programas de sade passaram a ser fortemente criticados pelo
movimento feminista brasileiro, em funo do aspecto reducionista que apresentavam. Assim,
contribuiu-se para introduzir, na agenda da poltica nacional, questes como a desigualdade
social entre homens e mulheres, sexualidade, dificuldades relacionadas anticoncepo,
doenas sexualmente transmissveis e a sobrecarga de trabalho domstico (VILA;
BLANDER, 1991).
Na tentativa de resolver os problemas sanitrios e econmicos ocasionados pelo
aumento populacional durante o governo anterior, lanada, como estratgia principal, a
esterilizao feminina como mtodo anticoncepcional. Nesse perodo, acreditava-se que a
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reduo do nmero de habitantes seria a medida mais eficaz para melhorar as condies do
Pas.
A ateno prestada mulher passa a ter um carter mais individual do que nas dcadas
anteriores, porm esse atendimento fragmentado e restrito apenas ao ciclo gravdico, e a
mulher permanece sem ateno durante todas as outras etapas de sua vida. A ateno
destinada criana ainda voltada exclusivamente para o nascimento, ou seja, o que
importava era o fato de ela ter nascido viva ou morta, e, a partir desse momento, ela recebia
somente o atendimento curativo.
Foi durante o militarismo que o movimento feminista, impulsionado pela percepo
das desigualdades sociais existentes entre os gneros e pela fragmentao da assistncia
prestada populao feminina, iniciou a busca por estratgias capazes de mudar o quadro
existente na poca. As mulheres demonstraram, por meio de movimentos sociais organizados,
sua insatisfao quanto violncia corporal sofrida em relao ao uso exagerado de
cesarianas e esterilizaes. Difundiu-se o entendimento de que a prtica de castrao era
apenas uma tentativa ineficaz de solucionar os problemas sociais existentes.
Diante dessas argumentaes, em 1983, foi elaborado, pelo Ministrio da Sade, o
Programa de Assistncia Integral Sade da Mulher (PAISM), com a publicao do
documento Assistncia Integral Sade da Mulher: bases de ao programticas, em 1984.
Esse programa foi uma das maiores conquistas do movimento feminista, resultante da
mobilizao das mulheres brasileiras em busca da cidadania, dos direitos e do acesso ao
espao pblico (BRASIL, 1983).
O PAISM foi o primeiro programa lanado pelo Governo Federal com o propsito de
planejamento familiar no Brasil (BRASIL, 2011c). Tem seus princpios e diretrizes voltados
para a orientao do atendimento integral sade das mulheres e inclui, em suas aes,
atividades educativas, preventivas, de diagnstico, tratamento e recuperao da sade. Atende
s necessidades clnico-ginecolgicas, pr-natal, parto, puerprio, climatrio, doenas
sexualmente transmissveis, cncer de colo de tero e mama (BRASIL, 1983; OSIS, 1998).
No mbito das relaes de mercado, o que mais contribuiu para proteger a sade da
mulher e da criana foi a Constituio Federal de 1988, que, em alguns de seus artigos,
descreve os direitos reprodutivos adquiridos. Entre eles, destacam-se:
[...] o direito das presidirias de permanecerem com seus filhos durante o
perodo de amamentao; a proteo maternidade e infncia; a licena
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gestante sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e
vinte dias; a licena-paternidade nos termos fixados em lei; a assistncia
gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento at seis anos de idade
em creches e pr-escolas; a proteo especialmente gestante e ao
planejamento familiar (BRASIL, 1988).
Apesar de o pr-natal estar presente no topo de todas as aes relacionadas
assistncia da mulher, alguns problemas ainda ficaram pendentes, como o acesso ao servio
mdico em algumas regies do Pas, a qualidade da ateno, o vnculo entre o pr-natal e o
parto, a humanizao da ateno, a elevada taxa de mortalidade materna e altos ndices de
esterilizao (COSTA, 1999).
O PAISM foi um dos maiores avanos na ateno sade da mulher e da criana.
Constituiu um marco histrico de extrema importncia para o Brasil, pois a primeira vez que
o governo deixa de pensar somente no tratamento individual e na cura de doenas e inclui, em
seu programa, questes referentes famlia. A esterilizao deixou de ser o mtodo
contraceptivo mais usado e se passou a destacar a importncia do planejamento familiar e de
aes educativas de preveno gravidez indesejada e doenas sexualmente transmissveis. A
relevncia desse programa se torna ainda maior quando se destaca a proposta social de
mudana para a integralidade da ateno sade da mulher, que passa a incluir a preveno e
o tratamento de agravos sade desde a adolescncia at a terceira idade e no apenas durante
o perodo gestacional.
Mesmo com a reduo da taxa de mortalidade materna de 68,9 bitos para cada 100
mil nascidos vivos em 1980 para 45 bitos em 1996 (RIPSA, 2004), o Brasil ainda
permanecia com ndices altssimos de mortalidade materna quando comparado com os pases
desenvolvidos, uma vez que, nesses pases, ocorriam menos de 10 mortes para cada 100 mil
nascidos vivos.
Segundo Tyrrell (1997), aps trs dcadas da implantao do PAISM, as condies
das mulheres e crianas do nosso pas ainda eram gravssimas, tendo em vista a persistncia
dos altos ndices de morbimortalidade materna e infantil.
Serruya, Cecatti e Lago (2004) relatam que essa poltica foi bem estruturada, mas no
foi efetivamente implantada em todo o territrio nacional, e, apesar de proporcionar avano
expressivo dos direitos reprodutivos das mulheres brasileiras, sua implantao sofreu
13
dificuldades polticas, financeiras e operacionais, o que impediu que o programa se
transformasse, de fato, em agente transformador da sade das mulheres.
Diante disso, em junho de 2000, foi lanado o Programa de Humanizao no Pr-natal
e Nascimento (PHPN), pela Portaria/GM n 569, que teve como elementos estruturadores a
humanizao e o respeito aos direitos reprodutivos (BRASIL, 2000a).
O PHPN foi implantado com o objetivo principal de reduzir a morbimortalidade
materna e neonatal, proporcionar atendimento humanizado e melhorar o acesso, a cobertura e
a qualidade do acompanhamento do pr-natal, da assistncia ao parto e puerprio das
gestantes e do recm-nascido (SANTOS NETO et al., 2008).
A ateno pr-natal e puerperal qualificada e humanizada implica a realizao de
condutas acolhedoras e sem intervenes desnecessrias; o acesso facilitado aos servios de
sade que tenham aes que integrem todos os nveis da ateno; A taxa de mortalidade
materna calculada da seguinte forma: nmero de bitos femininos por causas maternas, por
100 mil nascidos vivos, em determinado espao geogrfico, no ano considerado (Datasus). Os
dados da RIPSA so oficiais, ou seja, no corrigidos, o que pode ocasionar divergncia com
dados de outras fontes. e a promoo, preveno e assistncia sade da gestante e do recm-
nascido, desde o atendimento ambulatorial at o atendimento hospitalar para alto risco
(BRASIL, 2005a). Alm disso, promove o encorajamento de vnculos afetivos entre me e
filho logo aps o nascimento, e garante uma assistncia segura, confivel e suave pelos
profissionais durante todo o tempo em que ambos permanecerem na maternidade (SILVA;
CHRISTOFFEL; SOUZA, 2005).
Entre as conquistas adotadas na humanizao do parto e nascimento, est a Lei no
11.108, de abril de 2005, que garante parturiente um acompanhante durante o trabalho de
parto, parto e ps-parto imediato, no mbito do Sistema nico de Sade SUS (BRASIL,
2005b). A participao do acompanhante durante o processo de parturio envolve o apoio
emocional, importante na medida em que compartilhar o momento do parto e nascimento com
o acompanhante pode ser um facilitador do trabalho de parto para a parturiente.
Com a implantao do PHPN, o atendimento destinado sade da mulher passa a ter
um enfoque diferenciado. Inicia-se uma preocupao com a qualidade do atendimento,
estabelecendo a humanizao como um dos princpios norteadores da assistncia. A gestante,
que at esse momento no tinha conhecimento em relao ao lugar em que daria luz, tem
agora o direito de saber qual a maternidade de referncia. Isso lhe d maior segurana
14
durante todo o perodo gestacional, uma vez que ela sabe qual instituio deve procurar caso
necessite de atendimento. Ela passa a ter o direito de um acompanhante durante o pr-parto,
parto e puerprio imediato. Isso proporciona mulher maior conforto e segurana durante
todo perodo de internamento. Outra novidade estabelecida pelo programa o alojamento
conjunto, ou seja, todo beb que nascer com boas condies de sade deve permanecer em
contato com a me, durante todo o tempo e no somente durante a amamentao.
Para incentivar a implementao do PHPN pelos Municpios, o Governo Federal
estabeleceu, dentro do prprio programa, incentivo financeiro de R$10 para cada atendimento
inicial gestante, e de R$ 40 na concluso do pr-natal, porm esses valores s seriam
repassados se os critrios mnimos estabelecidos pelo programa fossem cumpridos. Esses
critrios so:
Realizar a primeira consulta de pr-natal at o quarto ms de gestao;
garantir a realizao dos seguintes procedimentos: no mnimo, seis
consultas de pr-natal, preferencialmente uma no primeiro trimestre, duas
no segundo trimestre e trs no terceiro trimestre da gestao; uma consulta
no puerprio, at 42 dias aps o nascimento; exames laboratoriais: a) ABO-
Rh, na primeira consulta; b) VDRL, um exame na primeira consulta e outro
prximo trigsima semana da gestao; c) Urina rotina, um exame na
primeira consulta e outro prximo trigsima semana da gestao [...]
(BRASIL, 2000b, p. 6-7).
Para acompanhar, planejar e avaliar a qualidade do pr-natal e puerprio das mulheres
inseridas no PHPN e monitorar o pagamento do incentivo financeiro, foi criado pelo Datasus
um software denominado SISPRENATAL (Sistema Eletrnico para Coleta de Informaes
sobre o Acompanhamento das Gestantes Atendidas no SUS).
O SISPRENATAL foi desenvolvido para permitir o acompanhamento da gestante
desde o incio da gravidez at o puerprio. Cada municpio fica responsvel por inserir os
dados no programa e, se o procedimento realizado de forma correta, possvel obter uma
viso geral das condies de sade da gestante e no apenas o nmero absoluto das consultas
realizadas. Com a criao do SISPRENATAL foi possvel fazer o monitoramento das
gestantes em cada regio do Brasil, o que facilitou o repasse financeiro de acordo com a
necessidade de cada regio.
15
A anlise do PHPN, aps uma dcada do lanamento, mostrou que o programa no
teve a abrangncia esperada, e manteve, em todo territrio brasileiro, cumprimento inferior
das metas estabelecidas e um modelo biomdico de assistncia (TREVISAN, 2002;
COIMBRA, 2005; SILVA; CECATTI; SERRUYA, 2005).
Em 1995, foram registradas 1,2 consultas de pr-natal para cada parto realizado no
SUS. Em dezembro de 2002, essa razo era de 4,4 consultas de pr-natal para cada parto.
Mesmo com o aumento do nmero de consultas de pr-natal, a qualidade dessa assistncia
ainda permanecia ruim (BRASIL, 2011c).
As propostas estabelecidas pelo PHPN, de fato, pareciam que seriam, por si s,
capazes de modificar o grave quadro de sade da mulher e da criana brasileira e reduzir os
altos ndices de morbimortalidade materna e neonatal, mas, infelizmente, o que se observou
foi apenas um aumento no nmero das consultas de pr-natal e no uma melhora significativa
da qualidade da assistncia. A humanizao do atendimento ficou restrita aos grandes centros
urbanos, permanecendo a maior parte da populao feminina merc de um atendimento
pouco resolutivo, limitado e pouco humanizado.
Com o reconhecimento de que a reduo da mortalidade ainda era um desafio para o
Brasil, em maro de 2004 foi lanado, pela Presidncia da Repblica, o Pacto Nacional pela
Reduo da Mortalidade Materna e Neonatal, que tem como meta reduzir essas mortes em 5%
ao ano. Seus princpios esto voltados para o respeito aos direitos humanos de mulheres e
crianas; a considerao das questes de gnero, dos aspectos tnicos e raciais e das
desigualdades sociais e regionais; a deciso poltica de investimentos na melhoria da ateno
obsttrica e neonatal; e a ampla mobilizao e participao de gestores e organizaes sociais
(BRASIL, 2004).
Outra preocupao do pacto a alta taxa de cesarianas, que pode ser um motivo de
complicaes no parto. A cesariana representa 80% dos partos realizados via planos privados
de sade e 26% no sistema pblico, o que equivale a uma taxa mdia de 40%. Essa situao
coloca o Pas entre os lderes mundiais em frequncia de cesariana (BRASIL, 2006). Essa
interveno, realizada de forma desnecessria, pode acarretar riscos de complicaes como
infeces, hemorragias e complicaes anestsicas que contribuem para o aumento das taxas
de mortalidade materna e podem gerar tambm complicaes para o recm-nascido.
A cesariana, que teve sua prtica estimulada em governos anteriores, tornou-se um
grande problema de sade pblica e passou a ser desencorajada, dando prioridade para
16
polticas de incentivo ao parto normal, para tentar corrigir os prejuzos causados pela
epidemia de cesarianas. O Brasil ainda sofre as consequncias causadas pelo incentivo a essa
prtica e tenta, atravs de novas polticas pblicas, incentivar o parto natural, uma vez que,
com as altas taxas de cesariana e de mortalidade materna e neonatal, pode-se sugerir que
ambas estejam associadas, devido aos diversos riscos que essa prtica cirrgica oferece para a
gestante e o beb.
Nas ltimas dcadas, com o auxlio do governo e da sociedade, o Brasil progrediu
muito no atendimento mulher e criana. Dados do Ministrio da Sade apontam que, entre
o perodo de 1990 e 2010, o Brasil reduziu a Razo de Mortalidade Materna (RMM) de 141
para 68 bitos maternos por 100 mil nascidos vivos, o que representa uma reduo de 51%
(BRASIL, 2011c). Em relao mortalidade infantil, houve decrscimo de cerca de 40%
desses bitos nas ltimas duas dcadas. Em 1990, a mortalidade infantil era de 26,6 bitos por
1000 nascidos vivos, e em 2010, e 16,2 bitos por 1000 nascidos vivos. Apesar do esforo, os
nveis da mortalidade permanecem elevados quando comparados com os nveis de outros
pases com semelhantes ndices de desenvolvimento econmico (BRASIL, 2011d).
Como a morbimortalidade um processo complexo e multifatorial, o Brasil ainda
enfrenta muitos desafios para sua reduo, entre eles, melhorar a qualidade do pr-natal e das
aes de educao em sade, permitir o acesso, no pr-natal, aos exames necessrios,
favorecer o conhecimento prvio da gestante do local do parto, fortalecer o atendimento
mulher e criana no puerprio e o acompanhamento do desenvolvimento da criana
(CAVALCANTI, 2010; BRASIL, 2011a).
com o objetivo de vencer esses desafios e melhorar cada vez mais o atendimento
gestante e criana, priorizando a ateno continuada sade, que o governo vem
desenvolvendo novas estratgias de aes em relao sade materno infantil.
Redes de Ateno Sade: conceito e definies
Como estratgia para superar a fragmentao da ateno sade e aprimorar o
funcionamento poltico-institucional do SUS, o Ministrio da Sade, o Conselho Nacional de
Secretrios da Sade (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade
(CONASEMS), durante a reunio da Comisso Intergestores Tripartite, instituram o
posicionamento sobre as Redes de Ateno Sade. Posicionamento esse que est
17
materializado na Portaria 4.279, de 30 de dezembro de 2010, pelas diretrizes para a
organizao da Rede de Ateno Sade no mbito do SUS (BRASIL, 2010).
O planejamento poltico de redes uma alternativa cada vez mais presente e est
associada a maior flexibilidade, integrao e interdependncia entre organizaes estatais,
sociais e empresariais, constituindo sada para a crise contempornea dos sistemas de ateno
sade (FLEURY; OUVERNEY, 2007).
As redes de ateno sade tm como objetivo garantir a integralidade da ateno
sade, a partir do gerenciamento de pontos de ateno e diagnstico, com diferentes nveis de
complexidade distribudos em um territrio (PINHEIRO FILHO; SARTI, 2012). A integrao
dos cuidados consiste na coordenao durvel das prticas clnicas destinadas a algum que
sofre com problemas de sade e assegura a continuidade dos diferentes servios requeridos
(HARTZ; CONTANDRIOPOULOS, 2004).
Rede Cegonha
A partir da perspectiva de promover melhoria na assistncia sade materno infantil,
em 2011, o Ministrio da Sade lanou a Rede Cegonha, programa que foi normatizado pela
Portaria n 1.459, de 24 de junho de 2011. Essa estratgia tem como objetivo aplicar um novo
modelo de ateno sade da mulher e da criana, com foco no parto, nascimento,
crescimento e desenvolvimento da criana, garantia de acesso, acolhimento e resolutividade e
a reduo da taxa de mortalidade materna e neonatal (BRASIL, 2011e).
A Rede Cegonha tem como princpios o respeito, a proteo e a realizao dos direitos
humanos; o respeito diversidade cultural, tnica e racial; o enfoque de gnero; a promoo
da equidade; a participao e mobilizao social; a garantia dos direitos sexuais e
reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes; e a compatibilizao com as
atividades das redes de ateno sade materna e infantil em desenvolvimento nos Estados
(BRASIL, 2011f). Prev aes para a ampliao e melhoria do acesso e da qualidade da
assistncia mulher e criana por meio da vinculao da gestante unidade de referncia
para assistncia ao parto e transporte, da realizao de boas prticas de ateno ao parto e
nascimento seguro e da ateno sade da criana de zero a 24 meses com qualidade e
resolutividade. Essas aes esto inseridas em quatro componentes estruturantes da estratgia:
18
Pr-Natal; Parto e Nascimento; Puerprio e Ateno integral Sade da Criana; e Sistema
Logstico, Transporte Sanitrio e Regulao (BRASIL, 2011e).
Cada um desses componentes compreende uma srie de aes de ateno sade,
entre elas: oferecer o teste de HIV, sfilis e teste rpido de gravidez; orientar e ofertar mtodos
contraceptivos; fornecer o mnimo de seis consultas de pr-natal durante a gestao, exames
clnicos e laboratoriais; garantir o direito de leito e de vinculao da gestante a uma
determinada maternidade ou hospital pblico e vale transporte ou vale-txi at o local no dia
do parto; qualificar os profissionais de sade; criar centros de gestante e do beb para a
assistncia gravidez de alto risco; permitir o acesso ao pr-natal de alto risco em tempo
adequado; oferecer o Samu Cegonha ao recm-nascido que necessite de transporte de
emergncia com ambulncias equipadas com incubadoras, ventiladores neonatais; e promover
aes de incentivo ao aleitamento materno (CARNEIRO, 2013).
A proposta do governo disponibilizar 9,4 bilhes de reais para amparar os dois
milhes de gestantes atendidas pelo SUS. Esse valor ser aplicado na construo de uma rede
de cuidados primrios para a sade da mulher e de crianas, com incio do atendimento pela
Amaznia e pela regio Nordeste, locais que registram as maiores taxas de mortalidade
materna e infantil no Pas (BRASIL, 2011g).
A Rede Cegonha uma proposta do Governo Federal, mas caber aos Estados e
Municpios a sua aplicao. At maro de 2012, 24 estados haviam aderido ao programa
(BRASIL, 2012a). Em setembro desse mesmo ano, o Ministrio da Sade divulgou que os
estados do Rio Grande do Norte, Acre, Pernambuco e Mato Grosso seriam beneficiados com
R$ 92,9 milhes de recursos para qualificar e ampliar a assistncia gestante e ao beb com a
estratgia da Rede Cegonha. O Estado do Rio Grande do Norte ter R$ 46,8 milhes; o Acre,
R$ 18,6 milhes; Pernambuco, R$ 8,5 milhes; e Mato Grosso, R$ 19 milhes (BRASIL,
2012b).
Durante a 2 Reunio do Comit de Mobilizao Social, o Ministrio da Sade
afirmou que, aps um ano da fundao da Rede Cegonha, foram realizadas mais de 20
milhes de consultas para o pr-natal. So 133% a mais que os 8,6 milhes registrados em
2003. Isso significa a criao de aes qualificadas desde o pr- natal at a ateno ao parto, o
nascimento, o resguardo e o desenvolvimento da criana at dois anos (BRASIL, 2012a).
Outra conquista obtida atravs da estratgia Rede Cegonha a ampliao dos exames
do teste do pezinho. Assim, a inteno aumentar e qualificar os servios e incluir,
19
gradativamente, a ampliao do acesso aos exames, tratamentos e acompanhamentos de todas
as doenas definidas no escopo do Programa Nacional de Triagem Neonatal PNTN
(BRASIL, 2012c).
A qualificao profissional tambm faz parte da estratgia da Rede Cegonha, pois os
Ministrios da Sade e da Educao lanaram o Programa Nacional de Residncia em
Enfermagem Obstetrcia (PRONAENF).
O programa planeja capacitar enfermeiros e obstetras para serem inseridos no SUS,
nas regies que aderiram estratgia Rede Cegonha. O programa Pronaenf uma ao que
contribui com a Rede Cegonha, qualifica os enfermeiros para prestar um servio humanizado
e de qualidade para a criana e para mulher e capacita os profissionais a atuarem em
diferentes momentos: pr-natal, parto, nascimento e ps-parto (BRASIL, 2012d).
A Rede Cegonha , at ento, o programa mais completo j elaborado pelo Governo
Federal. Suas aes so voltadas para todas as etapas da vida da mulher e abrange estratgias
que vo desde orientao em relao ao cuidado com o corpo, com o uso de mtodos
contraceptivos, atendimento da gestante, purpera e recm nascido, at aes voltadas ao
atendimento da criana at dois anos de idade.
Consolida-se, aqui, a assistncia ao parto humanizado e a capacitao de profissionais
para exercerem suas funes de forma humanizada e eficiente. Outra grande conquista a
presena do pai durante todo o perodo gravdico, proporcionando confiana e segurana
gestante. No entanto, mesmo diante dos grandes avanos decorridos da criao da Rede
Cegonha, percebe-se que esse programa pode ser considerado como uma juno dos
programas anteriormente implantados acrescido de aes para o atendimento das necessidades
atuais.
Consideraes finais
Desde o incio do sculo XX, a sade materno infantil esteve presente nas aes de
sade pblica com a implantao de diversos programas, que foram se consolidando ao longo
dos anos. Esses programas apresentaram estratgias e evolues, surgidas de acordo com as
necessidades da poca, no entanto, nem todas as aes foram positivas para o cenrio materno
infantil. Entre elas podemos destacar o incentivo cesariana, procedimento que at hoje
20
permanece com taxas muito altas em todo pas e que contribui de forma negativa para a sade
da me e da criana.
importante ressaltar que todos os programas j elaborados possuem um objetivo em
comum; diminuir as taxas de morbimortalidade materna e infantil, com aes voltadas para
esse propsito. De fato, houve reduo nessas taxas, entretanto os ndices ainda permanecem
altos.
Diante dessas observaes, levanta-se a hiptese da necessidade de real efetivao
dessas polticas e do acompanhamento da qualidade do servio prestado. Mesmo com o
grande avano observado nos programas da ltima dcada e com a ampliao no nmero de
atendimentos e consultas, no se pode afirmar que a qualidade dos servios prestados a
mesma que a almejada. Dessa forma, sugere-se que estratgias voltadas para o
acompanhamento da qualidade dos servios sejam formuladas, para que se tenha o mximo
possvel de certeza de que as polticas elaboradas esto de fato sendo implantadas de forma
eficiente.
21
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26
ARTIGO CIENTFICO 2
Perfil epidemiolgico das gestantes de alto risco atendidas em um Hospital Escola de
Maring-Pr.
RESUMO
Objetivo: Verificar o perfil epidemiolgico das gestantes de alto risco atendidas pelo
Sistema nico de Sade (SUS), Maring-PR Mtodos: Trata-se de um estudo epidemiolgico
transversal e retrospectivo, referente ao perodo de janeiro de 2010 a janeiro de 2014, no
Hospital Universitrio de Maring (HUM). Foram considerados 136 pronturios no perodo
de 5 anos. Caractersticas sociodemogrficas, clnicas e obsttricas foram analisadas em
relao significncia. As principais patologias encontradas foram comparadas em funo da
idade materna e a classificao do recm-nascido quanto maturidade. O tipo de parto foi
analisado em funo do nmero de consultas de pr natal e grau de maturidade do recm
nascido. Foi realizada estatstica descritiva para avaliar a mdia, desvio padro e frequncia
das variveis quantitativas. Para verificar associao entre as variveis dependentes e
independentes foi utilizado o teste de qui-quadrado. Para todas as associaes foi considerado
significativo p
27
em ambos os tipos de parto (72,86%), houve maior ocorrncia de cesariana, sendo essa
diferena significativa em nascimentos ps-termo p
28
second quarter (39.71%) and consulted more than four times p
29
INTRODUO
A gravidez um acontecimento biologicamente natural e especial na vida da mulher e,
na maioria das vezes, sua evoluo ocorre sem nenhum problema. Mesmo havendo alteraes
anatmicas, endcrinas, hemodinmicas e imunolgicas, o organismo se mantm em
equilbrio dinmico por mecanismos compensatrios. No entanto, o limite entre a
normalidade e a doena extremamente tnue e o desequilbrio representa risco elevado de
morbimortalidade 1.
Uma pequena quantidade de gestantes, que por terem alguma doena, desenvolverem
algum problema ou sofrerem algum agravo, apresentam maiores chances de apresentar
gestao com evoluo complicada tanto para ela como para o beb. Essa parcela de mulheres
denominada de gestantes de risco, ou seja, ela ou o feto apresentam maiores chances de
adoecer e morrer, quando comparadas com a mdia da populao. 2
As gestantes podem ser estratificadas quanto ao risco em trs categorias: risco habitual,
risco intermedirio e alto risco.3
Os fatores causadores de alto risco gestacional podem ser
classificados em quatro grupos: caractersticas individuais e condies sociodemogrficas
desfavorveis (idade, ocupao, situao conjugal, baixa escolaridade, hbitos de vida como o
uso de fumo e lcool etc.), histria reprodutiva anterior (morte perinatal, baixo peso ao nascer,
abortamento, etc.), doenas obsttricas na gravidez atual (nmero de fetos, volumes de
lquido, gravidez prolongada, pr-eclmpsia e eclampsia, diabetes, etc.) e as intercorrncias
clnicas (hipertenso, cardiopatias, pneumopatias, infeces e outras).4
A no deteco precoce da gestante de risco aumenta consideravelmente o risco de
morte 4. A morte materna aquela que ocorre durante a gestao ou dentro de um perodo de
42 dias aps o trmino da gestao, independente da durao ou da localizao da gravidez,
30
devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela mesma, bem como, por medidas
em relao a ela, porm no devido a causas acidentais. 5 Destaca-se que 90% dessas mortes
so evitveis se as gestantes forem socorridas a tempo. 3
So classificadas segundo as causas em diretas e indiretas. A morte materna por causas
diretas so aquelas resultantes de complicaes obsttricas na gravidez, parto e puerprio,
devidas a intervenes, omisses e tratamento incorreto. As principais causas diretas de bito
materno so as hemorragias, a pr-eclmpsia/ eclampsia, as infeces e as complicaes do
aborto. 5
Morte materna por causas indiretas so aquelas resultantes de doenas existentes antes
da gravidez ou de doenas que se desenvolveram durante a gravidez, no devidas a causas
obsttricas diretas, mas que foram agravadas pelos efeitos fisiolgicos da gravidez. As
cardiopatias, a hipertenso arterial crnica e a broncopneumonia so as principais causas
indiretas de bito materno. 5
Segundo dados do Datasus, no Brasil, entre ao anos de 2012 a janeiro de 2014 houve
6609 mortes materna, sendo no estado do Paran 300. Em relao a Maring nestes anos
foram registradas 16, no entanto, apenas 6 gestantes residiam no municpio.. 6
A importncia de se estudar a gestao de alto risco deve-se ao fato de estar diretamente
ligado a um aumento na morbimortalidade materna e perinatal. Estes dados atraem inmeros
debates e preocupaes no Paran, visto que reflete a qualidade da assistncia prestada
nos servios de sade, bem como a operacionalizao das polticas pblicas voltadas sade
da mulher. Se as condies geradoras do risco forem identificadas precocemente, elas podem
ser minimizadas ou at mesmo eliminadas. Portanto, identificar o perfil de gestantes de risco
31
uma medida que pode gerar aes preventivas e benficas, no acompanhamento s gestantes
com maior probabilidade de complicaes.
Tendo em vista o grande nmero de mulheres que evoluem para gestao de alto risco e
as consequncias que esse tipo de gestao pode trazer para a sade da mulher da criana e
para cofres pblicos, esse trabalho tem como proposta verificar o perfil epidemiolgico das
gestantes de alto risco atendidas pelo SUS em Maring no perodo de 2010 a 2014.
32
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo epidemiolgico transversal e retrospectivo, referente ao perodo
de janeiro de 2010 a janeiro de 2014, no Hospital Universitrio de Maring (HUM), uma vez
que essa instituio referncia regional para o atendimento da gestante de alto risco e conta
com um ambulatrio de assistncia clnico-ginecolgica, pr-natal e ateno ao puerprio.
A populao foi constituda por 236 pronturios de gestantes atendidas no ambulatrio
de alto risco do HUM, sendo que a amostra compreendeu 136 pronturios, uma vez que,
forem excludos 62 pronturios de gestantes que passaram por consulta no ambulatrio de alto
risco e aps o primeiro atendimento, foram reencaminhadas para acompanhamento do pr
natal de baixo risco na unidade de origem. Tambm foram excludos da amostra 34
pronturios por estarem com preenchimento incompleto e 4 pronturios de gestantes que
ainda no haviam finalizado o pr natal em janeiro de 2014. Observa-se que no houve
clculo amostral, a coleta foi realizada com todos os pronturios que estavam dentro dos
critrios de incluso da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada no perodo de Abril a junho de 2014 e compreendeu
duas etapas: inicialmente foi feito o levantamento do nmero de registro de todas as gestantes
atendidas no ambulatrio de alto risco no perodo estabelecido. Esses registros foram obtidos
atravs da busca manual em listas impressas que continham o nome, a data e o municpio de
residncia de todas as gestantes atendidas. Nessa etapa o objetivo foi localizar os pronturios
e realizar o levantamento do nmero que seria utilizado para a coleta dos dados, conforme os
critrios de incluso. Posteriormente, os pronturios foram localizados manualmente no setor
de arquivos do hospital, separados e analisados um a um. Estando dentro dos critrios de
incluso, a coleta de dados foi realizada.
33
Para a coleta, foi utilizado um roteiro elaborado pela autora que contemplou as variveis
sociodemogrficas (idade, estado civil, escolaridade, profisso, moradia, renda familiar
mensal e uso de drogas) e obsttricas (incio do pr-natal, nmero de consultas,
intercorrncias e internaes durante a gravidez, idade gestacional que teve a gravidez
interrompida, o tipo de parto, as complicaes durante o parto, nmero e causas dos bitos
maternos).
Os dados obtidos atravs do roteiro foram transcritos para uma planilha no programa
computacional Microsoft Word Excel 2010, organizados em tabelas e posteriormente foram
analisados atravs do programa estatstico SPSS 19.0. Foi realizada estatstica descritiva para
avaliar a mdia, desvio padro e frequncia das variveis quantitativas. Para verificar
associao entre as variveis dependentes e independentes foi utilizado o teste de qui-
quadrado. Para todas as associaes foi considerado significativo p
34
RESULTADOS
A Tabela 1 caracteriza a populao estudada sendo que em relao a faixa etria, a
maioria delas estava entre quinze a trinta e cinco anos (72,6%), sendo significante em relao
s outras faixas de idade. Avaliando-se o grau de escolaridade, 35,29% (n=48) possuam o
ensino fundamental completo e 27,9 % (n=38)) o ensino fundamental incompleto, sendo que
este resultado significativo em relao s outras categorias de escolaridade. Foi observado
um maior nmero de gestantes casadas (47,79%), sendo esta diferena significativa, com
renda familiar predominante de at dois salrios mnimos (n=82), ou seja, 60,30% das
gestantes, e. mais da metade destas morava em residncia prpria (50,74%). Avaliando-se a
utilizao de drogas, dezesseis gestantes afirmaram o uso, sendo o cigarro (10,29%) a droga
significantemente mais utilizada em relao s demais, foi observado tambm o uso de mais
de uma droga, por uma mesma gestante.
Tabela 01 Caracterizao da populao estudada (n=136), conforme a idade, escolaridade,
estado civil, profisso, renda familiar, moradia e uso ou no de drogas. Maring (2015).
N % P
Idade
35 anos 36 26,47
Escolaridade
0,029
Analfabeta 01 0,74
Fundamental Completo 48 35,292
Fundamental Incompleto 38 27,942
Ensino Mdio Completo 22 16,18
Ensino Mdio Incompleto 06 4,41
Ensino Superior Completo 13 9,56
Ensino Superior Incompleto 08 5,88
35
Estado Civl
0,001
Solteira 25 18,38
Casada 65 47,793
Divorciada 07 5,14
Unio estvel 39 28,68
Renda Familar
0,022
Abaixo de um salrio 07 5,15
Um salrio 26 19,12
Entre um e dois salrios 49 36,035
Entre dois e trs salrios 32 23,535
Acima de trs salrios 22 16,18
Moradia
0,001
Alugada 58 42,646
Prpria 69 50,746
Cedida 09 6,62
Qual droga
0,001
lcool 05 3,67
Cigarro 14 10,297
Maconha 01 0,73
Crack 03 2,20
Cocana 01 0,73
1- Diferena significativa em relao a outras faixas etrias distribudas. p
36
anterior (20,59 %), dados esses significativos (p< 0,001) em relao as gestantes que tiveram
dois ou mais abortos. Em relao ao inicio do acompanhamento pr natal, a maioria das
gestantes iniciaram no segundo trimestre (39,71%). Quanto ao nmero de consultas, 112
(82,36%) realizaram mais de 4 consultas, dados esses considerados significativos em relao
as gestantes que realizaram at trs consultas.
Tabela 02 Distribuio (n=136) proporcional das caractersticas reprodutivas das gestantes
de alto risco atendidas no hospital universitrio de Maring. 2010-2014. Maring ( 2015).
N % P
Nmero de gestaes anteriores
Primigista 39 28,68
0,085
Segundigesta 34 25,00
Tercigesta 27 19,85
Quadrigesta 36 26,47
Nmero de Abortos anteriores
Nenhum 93 68,38*
0,001
Um 28 20,59*
Dois 8 5,88
Trs ou mais 7 5,15
Idade gestacional no incio do PN
0,185
Primeiro Trimestre 48 35,29
Segundo Trimestre 54 39,71
Terceiro Trimestre 34 25,00
0,001
Nmero de consultas Pr Natal at 3 24 17,65
4 -5 56 41,18*
6 ou mais 56 41,18*
* Diferena Significativa em relao s outras variveis
37
Entre as principais patologias presentes na populao estudada (Tabela 3), em ordem
decrescente, a Doena a Hipertensiva Especfica da Gestao (DHEG), endocrinopatias,
hipertenso crnica e diabetes gestacional . Destaca-se que as patologias podem manifestar-se
concomitamente.
Tabela 03 Distribuio das patologias prevalentes na gestao de alto risco atendidas no
hospital universitrio de Maring. 2010-2014.* Maring ( 2015).
F % P
Diagnstico profissional DHEG** 16 11,76
0,078
Endocrinopatia 14 10,29
Hipertenso crnica 14 10,29
Diabetes gestacional 12 8,82
Abortamento habitual 10 7,35
Nefropatia 10 7,35
Pneumopatia 10 7,35
Cardiopatia 9 6,62
Malformao fetal 8 5,88
Trabalho de parto prematuro 8 5,88
Aborto 7 5,14
Doenas infecciosas 7 5,15
Toxoplasmose 7 5,15
Usuria de drogas 6 4,41
Mal passado obsttrico 5 3,68
Lpus 4 2,94
Hemorragia da gestao 4 2,94
Amniorrexe prematura 2 1,47
Depresso 2 1,47
Ginecopatias 2 1,47
Insuficincia istmo cervical 1 0,74
* O total difere do n, pois uma patologia pode estar presente concomitantemente a outras.
** Doena Hipertensiva Especifica da Gestao.
38
A tabela 4 apresenta a associao entre as principais patologias prevalentes com a idade,
nmero de consultas de pr-natal e classificao do RN quanto a sua maturidade. Verificou-se
que a idade mais acometida pelas principais patologias clinica foi entre 15 a 35 anos e que
essa faixa etria est associada significantemente a presena de DHEG e Hipertenso crnica.
Analisando a classificao do RN quanto maturidade, verificou-se que a maioria dos bebes
nasceu a termo, e visto uma diferena significativa (p
39
nascimentos ocorreu a termo em ambos os tipos de parto. Foi observado tambm que
independente da maturidade do RN, houve maior ocorrncia de cesariana, sendo essa
diferena significativa em nascimentos ps-termo. Ao analisar o tipo de parto em relao ao
nmero de consultas de pr-natal verificou-se que independente do nmero de consultas, a
maioria das gestantes teve parto cesariana, sendo essa diferena significativa para as gestantes
que realizaram at trs consultas e mais de seis.
Tabela 05 - Associao entre o tipo de parto e a classificao do RN quanto a sua maturidade
e o nmero de consultas de pr-natal. Maring ( 2015).
Natural
F - %
Cesariana
F - %
P
Classificao do RN quanto a
maturidade
0,001
Prematuro 10 - 33,3 20 - 66,7
A termo 31 - 33,0 63 - 67,0
Ps termo 0 - 0,0 5 - 100,0*
Nmero de consultas pr natal 136 0,001
At 03 04 - 22,22 14 - 77,78#
De 4 a 6 20 - 36,6 35 - 63,4
Mais de 7 17 - 30,4 39 - 69,6#
* Diferena significativa em relao ao parto natural. # Diferena Significativa em relao ao parto natural.
Ao analisar os dados em relao ao nmero de bito fetal e materno, verificou-se que
durante o perodo estudado houve 7 bitos fetal e nenhum bito materno.
DISCUSSO
40
Neste estudo a idade materna predominante foi entre os 15 e 35 anos, faixa etria
considerada sem maiores riscos, j que uma das caractersticas individuais desfavorveis para
a evoluo satisfatria da gestao a idade menor que 15 e maior que 35 anos 3. Resultado
semelhante foi encontrado nos estudos realizado em Santa Catarina 7 e em Alagoas.
8
A maioria das gestantes (35,29%) possua apenas o nvel fundamental de educao e .
esses dados corroboram aos encontrados em outras pesquisas 7,8,9
e relata-se que baixa
escolaridade fator associado gestao de alto risco, aumentando a incidncia deste tipo de
gestao. 10
Um dos fatores que contribui para o desenvolvimento do risco durante a gestao a
situao conjugal insegura 11, 3
, no entanto, neste estudo no foi verificado tal relao, uma
vez que, verificou-se que cento e quatro (76,47%) mulheres declararam viver em unio
conjugal estvel, percentuais equivalentes (75%), (77,2%) e (80,4%) aos encontrados
respectivamente por outros autores. 12,13,14
Outro dado importante quando se fala em risco gestacional o nvel socioeconmico,
uma vez que a pobreza e a baixa condio educacional so fatores que podem contribuir para
que a gestante e sua famlia desconheam a importncia das consultas de pr-natal, resultando
um descuido da sade fsica e mental do binmio me-filho, acarretando muitas vezes, a
morbimortalidade de ambos 3.
O perfil econmico das gestantes atendida no Hospital Universitrio de Maring de
baixa renda, com 83,83% dessa populao vivendo com no mximo trs salrios mnimos. No
grupo estudado, 7% das gestantes declararam renda familiar inferior a um salrio mnimo,
percentual semelhante aos 7,6 % encontrados na populao estudada no ambulatrio de alto
risco da Fiocruz 15
e aos 8% da populao brasileira, que vivem em situao de extrema
pobreza. 16
41
Ao avaliar o consumo de substncias nocivas durante o perodo gestacional, verificou-
se que o cigarro foi droga mais consumida, com um percentual de 10,29 %. Em estudo
realizado tambm na cidade de Maring para verificar a prevalncia do uso de drogas de
abuso por gestantes, foi encontrado valor semelhante, ou seja, 9,17% das gestantes
consumiram tabaco durante o perodo gestacional. 17
J em outro estudo realizado em uma
maternidade do Rio de Janeiro, o consumo encontrado dessa substancia foi menor, totalizando
5,5% das gestantes avaliadas. 18
O uso de drogas lcitas e ilcitas durante o perodo gravdico um fator importante a ser
investigado e desestimulado, pois pode levar ao crescimento fetal restrito, aborto, parto
prematuro, deficincias cognitivas no concepto, entre outros. 19
Quando analisamos a histria obsttrica pregressa em relao ao nmero de gestaes
anteriores, 97 (71,32%) eram multigestas. Dados encontrados em outros estudos. 15,20,21
tambm mostram porcentagens semelhantes as quais esto descritas respectivamente: 66,5%,
64,8 % e 52,9 %.
O histrico de aborto anterior outro fator de risco para a nova gestao.3 No presente
estudo, noventa e trs (68,38%) mulheres afirmaram no ter tido aborto prvio, porcentagens
muito semelhantes foram encontrados em outros estudos realizados (68,8%)16
, (68,81%)13
.
A maioria das gestantes (39,71 %) iniciou o pr-natal no segundo trimestre gestacional
(entre a 13 semana a 24 semana de gestao), resultado semelhante ao encontrado na
literatura7.
O ideal para um pr-natal de qualidade uma elevada taxa de cobertura, com seu incio
no primeiro trimestre de gestao, realizao dos exames laboratoriais e de seis ou mais
consultas de pr-natal. 22
um exerccio de Medicina Preventiva, buscando principalmente a
manuteno da sade fsica e mental da grvida e deteco das alteraes especificas da gravidez que
42
possam refletir nocivamente sobre o feto7 . Neste estudo, o nmero de gestantes que realizou
entre quatro e cinco consultas foi igual ao nmero de gestantes que realizou seis ou mais, ou
seja, 56 (41,18 %), sendo esse valor significativo quando comparado ao nmero de gestantes
que realizou at trs consultas. Em estudo realizado por Carvalho, verificou-se valor superior
em relao ao nmero de consultas de pr-natal sendo que 90,3% (n=605) das pacientes
pesquisadas confirmaram ter se submetido a 6 ou mais consultas 12
.
Sabe-se que a hipertenso gestacional a complicao clnica mais comum da gestao,
ocorrendo em 10 a 22% das gestaes 23,24
e a patologia de maior morbimortalidade materna
e perinatal ocupando o primeiro lugar dentre as afeces prprias do ciclo grvido-puerperal
25,26. Neste e em outros estudos
12,20, 27, de fato encontramos que DHEG foi a mais encontrada
com um total de 16 gestantes acometidas (11,76 %).
Existe um impacto da idade da mulher sobre os resultados gestacionais e perinatais: as
mulheres nos extremos de idade tm em geral resultados menos favorveis que as chamadas
adultas jovens, entre 20 e 35 anos 28
, porm
ao realizar associao entre as principais
patologias encontradas nesse estudo (DHEG, endocrinopatias e hipertenso arterial crnica
com a idade das gestantes), verificou-se que a idade mais acometida foi entre 15 a 35 anos e
que essa faixa etria est associada a presena de DHEG e hipertenso crnica. Esses dados
podem ser justificados ao consideramos que 72,06% das gestantes desse estudo estavam
dentro dessa faixa etria.
Em estudo realizado em uma maternidade de Macei, ao correlacionar a DHEG com
faixa etria, verificou que houve diferena significativa (p < 0,05) entre a proporo de
Doena Hipertensiva Especfica da Gestao por faixa etria. Dos 97 casos, a faixa etria de
20 a 30 anos foi a que apresentou a maior prevalncia com 40 casos (41,3%) enquanto que, na
faixa etria abaixo de 20 anos houve 35 casos (36,1%). 22
43
J em outro estudo realizado na cidade de So Paulo, de fato confirmou-se que a maior
incidncia de hipertenso recaiu em gestantes entre os 15 e 19 anos (45,45%) 29
, porm no
foi verificado correlao entre os valores encontrados.
Ao analisar a relao entre a maturidade do recm-nascido com as principais patologias,
verificou-se associao entre os nmeros de bebes que nasceram a termo e a presena de
hipertenso arterial crnica materna ou seja, de um total de 23 bebes que nasceram a termo,
12 foram de gestantes com hipertenso arterial crnica.
No entanto, esperava-se encontrar associao entre HAS e prematuridade, pois se sabe
que a prematuridade do RN uma complicao frequente da doena hipertensiva, seja em
virtude do trabalho de parto espontneo ou por procedimento mdico de interrupo da
gravidez, em razo de comprometimento materno-fetal. 30
Em pesquisa realizada em um hospital do Rio de Janeiro, constatou maior risco relativo
(RR=1,36) para prematuridade em gestante com hipertenso arterial crnica comparado ao
grupo com hipertenso gestacional. 31
Outra pesquisa tambm evidenciou que maior
percentual (17,9%) dos RN pr-termos ocorreu entre as gestantes com HAS, evidenciando
associao significativa entre a prematuridade e os nveis pressricos (p=0,013).32
Verificou-se que a maioria dos bebes nasceram a termo (72,86%) em ambos os tipos de
parto e que independente da maturidade do RN, houve maior ocorrncia de cesariana
(68,21%), sendo essa diferena significativa em nascimentos ps-termo (100%). Resultados
contraditrios so relatados, uma vez que, descreve associao significativa entre
prematuridade e nascidos por cesariana (p
44
estudos34,35
maior ocorrncia de cesariana em grupos de menor risco obsttrico, como as
mulheres de estratos sociais mais elevados, com maior escolaridade, maior renda, que
compareceram a mais consultas de pr-natal e que foram atendidas em servios privados e
conveniados. Esses achados indicam que a escolha de realizar cesariana no se fundamentou
apenas em critrios tcnicos, mas mostram que esse tipo de parto tem adquirido um carter de
bem de consumo, que pode ser utilizado por quem possa paga-lo. 36
Com relao s caractersticas do parto verificou-se que a maior parte das gestantes
foram submetidas a cesarianas (68,21% ) independente do nmero de consultas de pr natal
realizadas. Ao verificar a associao entre essas duas variveis, houve diferena significativa
do nmero de cesarianas em relao ao nmero de partos normais para as gestantes que
realizaram at trs consultas de pr natal (77,78% / 22,22%) e para as que realizaram mais de
sete (69,6% / 30,4%).
J em um estudo realizado na cidade de Londrina verificou-se que as mulheres que
realizaram menos de sete consultas no pr-natal evoluram para o parto vaginal (59,8%),
enquanto que, as com mais de sete para o parto cirrgico (71,3%). 37
Durante o perodo estudado, houve 4 bitos fetais e nenhum bito materno. Porm ao
consultar os dados referentes h mortalidade materna em Maring 38
constou-se que no
mesmo perodo, houve 9 bitos materno. Diante desses dados visualizam-se duas possveis
explicaes: grande parte das gestantes de alto risco residentes em Maring e regio so
atendidas em um hospital filantrpico, o qual no foi alvo do estudo, podendo essas gestantes
ter vindo ao bito neste local. Outra justificativa para divergncia dos dados encontrados
que de acordo com os critrios de excluso, 100 pronturios foram retirados da anlise,
podendo os casos de bito estar inseridos dentre os excludos.
45
46
CONCLUSO
Ao avaliar o perfil das gestantes de alto risco atendidas no Hospital Universitrio de
Maring entre janeiro de 2010 a janeiro de 2014, verificou-se que maioria delas encontrava-se
na faixa etria de quinze a trinta e cinco anos, possuam o ensino fundamental completo,
tinham um relacionamento conjugal estvel, baixo nvel scio econmico, moravam em
residncia prpria e no consumiram drogas durante a gestao.
Em relao aos dados obsttricos a maior parte era primigesta, no tiveram abortos
anteriores, realizaram mais que quatro consultas de pr natal com inicio do acompanhamento
no segundo trimestre e via de parto predominante foi a cesariana. A DHEG foi a patologia
mais prevalente nesta populao. No se verificou bito materno e houve 7 bitos fetais.
Diante do exposto, conclui-se que a importncia de se estudar a gestao de alto risco
caracteriza-se pelo fato de que esse tipo de gestao est diretamente ligada a um aumento na
morbimortalidade materna e perinatal. Se as condies geradoras do risco forem identificadas
precocemente, elas podem ser minimizadas ou at mesmo eliminadas. Portanto, identificar o
perfil de gestantes de risco uma medida que permite conhecer a situao local e a partir
disso, propor polticas e prticas especficas, a fim de gerar aes preventivas e benficas para
reduzir as taxas de mortalidade materna e neonatal
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REFERENCIAS:
1- Martins CA, Rezende LPR, Vinhas DCS. Gestao de alto risco e baixo peso ao nascer em
Goinia. Revista Eletrnica de Enfermagem. 2003; 5 (1): 49-55.
2- Ministrio da Sade (BR). Pr-natal e puerprio: ateno qualificada e humanizada:
manual tcnico. Braslia: Ministrio da Sade; 2006.
3- Ministrio da Sade (BR). Gestao de alto risco: manual tcnico. Braslia: Ministrio da
Sade; 2012.
4- Ministrio da Sade (BR