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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE ODONTOLOGIA EFEITO DA TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA COM INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA SOBRE A PREVALÊNCIA E GRAVIDADE DA PERIODONTITE CRÔNICA MONIQUE RODRIGUES, CD Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Periodontia), Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Odontologia (Periodontia). 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

EFEITO DA TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA COM INIBIDORES

DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA SOBRE A

PREVALÊNCIA E GRAVIDADE DA PERIODONTITE CRÔNICA

MONIQUE RODRIGUES, CD

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Odontologia (Periodontia), Faculdade

de Odontologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção

do Grau de Mestre em Odontologia

(Periodontia).

2015

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ii

EFEITO DA TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA COM INIBIDORES

DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA SOBRE A

PREVALÊNCIA E GRAVIDADE DA PERIODONTITE CRÔNICA

MONIQUE RODRIGUES

Orientadores: Prof. Dr. Eduardo Jorge Feres Filho

Prof. Dr. Gil Fernando Salles

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Odontologia (Periodontia), Faculdade

de Odontologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção

do Grau de Mestre em Odontologia

(Periodontia).

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iii

Rio de janeiro

Fevereiro/2015

RODRIGUES, Monique. Efeito da Terapia Anti-Hipertensiva Com Inibidores da

Enzima Conversora da Angiotensina Sobre a Prevalência e Gravidade da

Periodontite Crônica. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Odontologia-

Periodontia) – Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2015. Orientadores: Eduardo Jorge Feres Filho e Gil Fernando Salles.

PROFESSORES ORIENTADORES

Eduardo Jorge Feres Filho, DSc

Professor Titular de Periodontia do Departamento de Clínica Odontológica, FO/UFRJ.

Gil Fernando Salles, DSc

Professor Titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, HUCFF/UFRJ.

Margareth Maria Gomes de Souza

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da FOUFRJ

COORDENADOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

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iv

FICHA CATALOGRÁFICA

Rodrigues, Monique

Efeito da Terapia Anti-Hipertensiva Com

Inibidores da Enzima Conversora da

Angiotensina Sobre a Prevalência e

Gravidade da Periodontite

Crônica/Monique Rodrigues. Rio de Janeiro,

2015.

xix, 38 p.

Dissertação (Mestrado em Odontologia/Periodontia) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade

de Odontologia/Periodontia, 2015. Referências bibliográficas: f. 24-28.

Orientadores: Eduardo Jorge Feres Filho

Gil Fernando Salles

1. Inibidor da enzima conversora da angiotensina 2. iECA

3. Periodontite Crônica 4. Hipertensão arterial sistêmica 5.

Gingipaína – Teses. I. Feres Filho, Eduardo Jorge (orient). II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de

Odontologia. Pós-Graduação em Odontologia (Periodontia).

III. Título

CDD

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v

MONIQUE RODRIGUES

EFEITO DA TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA COM INIBIDORES

DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA SOBRE A

PREVALÊNCIA E GRAVIDADE DA PERIODONTITE CRÔNICA

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Jorge Feres Filho

Prof. Dr. Gil Fernando Salles

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Odontologia

(Periodontia), Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro -

UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em

Odontologia (Periodontia).

Aprovada por:

_________________________________________________________________________

Prof. Dr. Giuseppe Alexandre Romito, Doutor, Prof. Titular USP (Titular Externo)

_________________________________________________________________________

Profa. Dra. Anna Thereza Leão, Doutora, Prof. Associado UFRJ

_________________________________________________________________________

Prof. Dr. Leonardo Vieira Neto, Doutor, Prof. Adjunto UFRJ

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vi

O presente trabalho foi realizado na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, sob a orientação dos Professores Dr. Eduardo Jorge Feres Filho e Dr.

Gil Fernando Salles.

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vii

"O período de maior ganho em conhecimento e experiência é o período mais difícil da

vida de algúem."

Dalai Lama

“Para onde quer que vá, vá de todo coração.”

Confúcio

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viii

Dedico este trabalho:

À minha mãe e ao meu pai, meu porto seguro,

ao meu filho, Gabriel, meu tudo, e à minha amiga

e eterna professora Maria Lêlê, obrigada!

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ix

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me guiou durante toda minha vida.

Gabriel, meu filho, minha inspiração e insentivo para ser uma pessoa e uma profissional

digna de orgulho. Meu tudo. Minha vida. Amo você.

Ao meu pai, José Ricardo, pelo amor incondicional, paciência, dedicação. Pupy, através

dos seus exemplos, comportamento e amizade, você me mostrou exatamente o que

quero ser como mãe, pessoa e profissional. Te amo.

Mãe, você deveria ser eterna. Te amo. Espero que esteja orgulhosa de mim por esta

conquista. Sou nada sem você.

Aos meus familiares, pelo apoio e compreensão de sempre.

Dudu, obrigada pela ajuda e paciência.

À minha amiga e sempre professora, Maria Lêlê. Obrigada pelo incentivo. É um

exemplo de formação para mim. Eu não teria chegado até aqui sem você.

Professor orientador, Eduardo Jorge Feres Filho, agradeço a confiança, paciência e

ensinamentos. Obrigada pela oportunidade de realizar um grande sonho da melhor

maneira possível. Tenho muito carinho pelo senhor e jamais esquecerei todas as alegrias

vividas durante esses anos. Muito obrigada por tudo.

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x

Aos professores: Anna Thereza, Carmelo e Maria Cynésia Cy por serem solícitos e me

apoiarem. Pela amizade e respeito. Estarão para sempre no meu coração. São as razões

pela qual quero ficar. Faltam palavras para expressar minha gratidão e meu carinho por

vocês.

Professor Orientador, Gil Salles, que me recebeu de portas abertas. Obrigada pela

confiança e pela ajuda. O senhor é um profissional admirável. Um exemplo. Sempre

disponível a me ajudar e ensinar, espero ter correspondido tudo o que fez por mim.

Faltam palavras para expressar minha eterna gratidão.

Rosilda, Leila, Fernanda e Bianca, companheiras nessa jornada. Sem vocês tudo teria

sido mais difícil. Obrigada pelos momentos de alegria e descontração.

Juliana Llopis. Jú, eu não poderia ter recebido maior presente que você. Obrigada pelo

carinho, dedicação, sobretudo, amizade. Espero ter retribuído à altura. Levo você no

coração.

As amizades valiosas que fiz durante o mestrado, minhas veteranas, Clarisse e Gaby.

Muito obrigada. Sempre que me lembro de vocês, estou sorrindo, nada vale mais para

mim do que isso. Marcelo, obrigada pelo companheirismo. Adoro vocês. Agradeço

também aos demais colegas de mestrado que, nos intervalos de suas próprias pesquisas,

tinham sempre boa vontade em me ajudar. Obrigada de coração.

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xi

Mari e Davi, o dicionário diz que a definição de ‘amizade’ é afeição recíproca entre dois

entes, boas relações. O Aurélio que me desculpe, mas ele está incompleto, somos três.

Obrigada pela amizade e lealdade, a companhia de vocês me trás coisas boas, isso é

tudo o que quero na vida, estar cercada por pessoas de bom coração. Jônatas, obrigada

pelo ‘novo velho’ ombro amigo.

Chelly, Josa, Leo, Luiz Eduardo e Wouter, os amo muito. Vocês fazem meus dias

alegres. Sou uma pessoa feliz e a culpa é toda de vocês. Obrigada pelo apoio e amizade.

À tia Arlene e aos demais funcionários, por torcerem por todos nós mestrandos.

Ao Beto e ao Sr Lucindo, sempre dispostos a ajudar com alegria.

Aos meus amigos, por torcerem por mim.

Aos pacientes que fizeram parte desse estudo, pois sem eles nada teria sido realizado.

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RESUMO

RODRIGUES Monique. Efeito da Terapia Anti-Hipertensiva com Inibidores da

Enzima Conversora da Angiotensina sobre a Prevalência e Gravidade da

Periodontite Crônica. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Periodontia) –

Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015. Orientadores:

Eduardo Jorge Feres Filho e Gil Fernando Salles.

Objetivo: Testar a hipótese de que drogas anti-hipertensivas inibidoras da enzima

conversora da angiotensina (iECA) causam aumento de prevalência e gravidade da

periodontite crônica. Metodologia: Sessenta e cinco pacientes hipertensos (trinta no

grupo teste e trinta e cinco no controle) que fazem uso regular de anti-hipertensivos

participaram desse estudo. Dados clínicos periodontais, incluindo nível clínico de

inserção (NCI), profundidade de bolsa à sondagem (PBS) e índices de sangramento à

sondagem (ISS), de placa visível (IPV), de cálculo (IC) e de sangramento marginal

(ISM), obtidos de 6 sítios/dente, foram submetidos a testes estatísticos paramétricos e

não-paramétricos, incluindo o Modelamento Linear Generalizado com Equações de

Estimação Generalizada (GLM/GEE). Resultados: Ambos os grupos apresentaram

médias de idade e de tempo de terapia anti-hipertensiva semelhantes, porém diferiram

na renda média e no IPV. Os pacientes que fazem uso dos iECA tiveram condições

periodontais piores e chances até 4 vezes maiores de apresentar PBS e NCI ≥ 5mm.

Além disso, observou-se que a prevalência de periodontite crônica neste grupo foi o

dobro da apresentada pelo grupo controle (63,4 % vs. 31,5 %, P < 0,001). Conclusão:

Pacientes sob terapia anti-hipertensiva com iECA apresentam prevalência e gravidade

aumentadas de periodontite crônica.

Palavras-chave: inibidor da enzima conversora da angiotenina, periodontite

crônica, hipertensão arterial sistêmica, iECA, gingipaína

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xiii

ABSTRACT

RODRIGUES, Monique. The Effect of Antihypertensive Therapy with Angiotensin

Converting Enzyme Inhibitors on the Prevalence and Severity of Chronic

Periodontitis. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Periodontia) –

Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015. Orientadores:

Eduardo Jorge Feres Filho e Gil Fernando Salles.

Aim: The objective of this study was to test the hypothesis that angiotensin-converting-

enzyme inhibitor (ACEi) drugs lead to higher prevalence and severity of chronic

periodontitis. Methodology: Sixty-five individuals with high blood pressure who make

regular use of antihypertensive drugs (thirty patients who used ACEi and thirty-five

controls using a different antihypertensive treatment), were selected to participate.

Periodontal clinical data, including clinical attachment loss (CAL), probing pocket

depth (PPD), and the presence of bleeding on probing (BOP), visible plaque (VP),

calculus (CI) and marginal gingival bleeding (MGB) obtained from 6 sites per tooth,

were submitted to parametric or non-parametric statistical tests, including the General

Linear Model with Generalized Estimated Equations (GLM/GEE) to compare the odds

ratio between groups for presenting PPD and CAL ≥ 5 mm. Results: Both groups

showed similar mean age and mean length of anti-hypertensive therapy, although mean

income and VP differed between groups. Patients under ACEi therapy showed

worsened periodontal conditions as well as an odds ratio around four for presenting

PPD and CAL ≥ 5mm. Furthermore, chronic periodontitis was two times more prevalent

in patients taking ACEi drugs compared to controls (63.4 % vs. 31.5 %, P < 0,001).

Conclusion: Patients under antihypertensive therapy with ACEi drugs show increased

prevalence and severity of chronic periodontitis.

Keywords: Angiotensin Converting Enzyme inhibitors, chronic periodontitis,

Systemic Arterial Hypertension, ACEi, gingipain.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACE: angiotensin-converting-enzyme

ACEi: angiotensin-converting-enzyme inhibitors

B1R: receptor B1 da bradicinina

B2R: receptor B2 da bradicinina

BK: bradicinina/bradykinin

BOP: bleeding on probing

CAL: clinical attachment loss

CPOD: cariados, perdidos e obturados

CS: calculus score

DCV: doenças cardiovasculares

ECA: enzima conversora da angiotensina

GEE: generalized estimating equations/Equações de estimação generalizada

GLM: general linear model/Modelamento Linear Generalizado

HAS: hipertensão arterial sistêmica

H.U.C.F.F.: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

IC: índice de cálculo

iECA: inibidores da enzima conversora da angiotensina

ICC: intraclass correlation

IPV: índice de placa visível

ISM: índice de sangramento marginal

ISS: índice de sangramento à sondagem

VP: visible plaque

LPS: lipopolissacarídeo

MGB: marginal gingival bleeding

MMP: metaloproteinases da matriz

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xv

NCI: nível clínico de inserção

OHIP: Oral Health Impact Profile

PBS: profundidade de bolsa à sondagem

PPD: probing pocket depth

P. gingivalis: Porphyromonas gingivalis

PMN: leucócitos polimorfonucleares

SPSS: Statistical Package for the Social Science

SRRA: sistema renina-angiotensina-aldosterona

SUS: Sistema Único de Saúde

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xvi

SUMÁRIO

Resumo .......................................................................................................................... xii

Abstract ......................................................................................................................... xiv

1. Introdução .................................................................................................................. 01

2. Proposição ................................................................................................................. 08

3. Material e Métodos .................................................................................................... 09

3.1. Desenho Experimental ................................................................................ 09

3.2. Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................. 09

3.3. Cálculo do Tamanho Amostral ................................................................... 10

3.4. Exame Clínico Periodontal e Calibração do Examinador .......................... 10

3.5. Definição de Presença e Gravidade da Periodontite ................................... 11

3.6. Questionário ................................................................................................ 11

3.7. CPOD .......................................................................................................... 11

3.8. Análise Estatística ....................................................................................... 12

4. Resultados .................................................................................................................. 13

4.1. OHIP ........................................................................................................... 18

5. Discussão ................................................................................................................... 19

6. Conclusão .................................................................................................................. 23

7. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 24

8. Anexos ....................................................................................................................... 29

8.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................ 29

8.2. Ficha de Anamnese Médica e Odontológica .............................................. 32

8.3. OHIP e CPOD ............................................................................................. 33

8.4. Ficha de Avaliação dos IPV, ISM e IC ....................................................... 34

8.5. Ficha de Periodontia ................................................................................... 36

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xvii

8.6. Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa ....................... 37

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xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação de características sócio-demográficas entre os grupos ............34

Tabela 2 - Comparação das características clínicas periodontais (mediana [min – max])

entre os grupos ................................................................................................................36

Tabela 3 - Avaliação de variáveis clínicas periodontais com a medicação anti-

hipertensiva, não ajustada ou ajustada para a prevalência de placa visível e renda

familiar ............................................................................................................................37

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xix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenho esquemático da anatomia periodontal e do exame da área afetada..26

Figura 2 - Fluxograma de pacientes ...............................................................................34

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1

1. INTRODUÇÃO

As doenças periodontais são infecções polimicrobianas mistas que desencadeiam

uma reação de caráter imuno-inflamatório nos tecidos adjacentes aos dentes

(periodonto). De fato, a cavidade bucal pode ser colonizada por centenas de

microorganismos, porém apenas algumas espécies bacterianas são associadas à doença

periodontal destrutiva (Aas et al 2005; Paster et al, 2006). Na placa supragengival

recém-formada sobre a superfície dental, há predominância de cocos e bastonetes Gram-

positivos, aeróbios e anaeróbios facultativos. A gengivite, inflamação restrita à gengiva

(periodonto de proteção), é caracterizada por edema, vermelhidão e sangramento

marginal. Nesse estágio, a remoção da placa dental leva ao desaparecimento dos sinais

clínicos da inflamação (Löe et al, 1965). Caso não tratada, em alguns indivíduos

suscetíveis, a gengivite pode evoluir para periodontite. Isso ocorre em consequência do

acúmulo e da maturação do biofilme bacteriano sobre a superfície radicular, na área

intra-sulcular, com predomínio de espécies Gram-negativas anaeróbias estritas de

grande potencial patogênico (Socransky & Haffajee, 2005). Com o aprofundamento do

sulco gengival e formação da bolsa periodontal, a doença periodontal evolui e atinge o

periodonto de sustentação, composto por osso alveolar, ligamento periodontal e

cemento radicular, ocasionando reabsorção óssea progressiva, destruição das fibras do

ligamento e, em última instância, perda dental (Cekice et al, 2014).

A presença de patógenos periodontais é condição necessária, mas não suficiente

para causar periodontite, já que esses são encontrados em indivíduos livres de doença,

em níveis relativamente mais baixos (Wilson & Konerman, 1996). A destruição dos

tecidos periodontais pode ser causada diretamente pelas células bacterianas e seus

fatores de virulência (proteases, endotoxinas e leucotoxinas, por exemplo) ou

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2

indiretamente pela resposta imuno-inflamatória (inata) do hospedeiro, desencadeada e

mantida pela presença dos microorganismos patogênicos do biofilme dental. Esses

microorganismos possuem habilidade de comprometer a migração de leucócitos

polimorfonucleares (PMN) e inibir o sistema imune (Cekici et al, 2014). Eles podem,

ainda, driblar a ação das células de defesa através da invasão tecidual e da degradação

de imunoglobulinas, por exemplo (Yilmaz, 2008). Os lipopolissacarídeos (LPS) de

membrana e algumas proteases dos microorganismos gram-negativos são capazes de

estimular a produção de citocinas pró-inflamatórias e outros mediadores químicos da

inflamação, causando aumento da permeabilidade vascular e migração das células de

defesa para o local da injúria, onde irão liberar mais agentes pró-inflamatórios. Há,

ainda, diversas moléculas envolvidas na destruição dos tecidos periodontais derivadas

do hospedeiro. Proteases e metaloproteinases de matriz (MMP), como a colagenase, são

responsáveis pela degradação de colágeno e remodelação constante de matriz

extracelular. Já, as interleucinas (citocinas pró-inflamatórias) são proteínas mensageiras

que, além de transmitir sinais para outras células, estimulam ou inibem formação óssea,

tem função quimiotática (quimiocinas) e infuenciam a resposta imunológica adquirida.

De um modo geral, a gravidade das doenças periodontais é determinada pela interação

entre os microorganismos e o hospedeiro, podendo sofrer influência, ainda, de fatores

de risco ambientais como o tabagismo, além de diversas condições sistêmicas como

diabetes mellitus, infecção por HIV, estresse psicossocial, obesidade e osteoporose

(Preshaw et al, 2012; Ryder et al, 2012 Vettore et al, 2003; Chaffee & Weston, 2010;

Kribbs, 1990).

As doenças gengivais e periodontais, combinadas, têm alta prevalência e

incidência nas populações mundial e brasileira, atingindo quase 100% dos indivíduos

(Gjermo et al, 2002), sendo que os casos avançados de periodontite podem atingir de

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3

10% a 20% da população adulta mundial (Petersen & Ogawa, 2005). No Brasil, a

prevalência dessas doenças alcança 91,4% (Chambrone et al, 2008). Uma das áreas de

investigação em periodontia que tem despertado grande interesse da comunidade

científica internacional é a que explora a associação das doenças periodontais com

eventos inflamatórios sistêmicos, incluindo a aterosclerose e outros distúrbios

cardiovasculares. No Brasil, ambas a periodontite crônica e a HAS são as doenças

crônicas mais prevalentes e incidentes na região Sudeste (Flores-de-Jacoby et al, 1998;

Passos et al, 2006; VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2012). Os dados estatísticos

apresentados no Plano de Organização da Atenção à Hipertensão indicam que a HAS

acomete de 11 a 20% da população brasileira com mais de 20 anos e sobe para 40%

para pacientes acima dos 40 anos (Brasil, Ministério da Saúde, 2001). Segundo a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE em 2008, a

prevalência da hipertensão em pessoas com mais de 60 anos na região Sudeste é de

55,3% e aumenta para 57,8% em paciente acima dos 75 anos. Estima-se um total de 27

milhões de hipertensos no país (SUS, 2011), sendo que a prevalência na região Sudeste

pode chegar a 37,9% (Lessa, 1993).

O tratamento da HAS é feito através da administração de fármacos anti-

hipertensivos, tais como diuréticos, antagonistas adrenérgicos (betabloqueadores),

antagonistas do cálcio e inibidores da enzima convertora da agiotensina (iECA). A

terapia pode ser feita usando-se apenas um desses fármacos ou de forma combinada,

envolvendo a administração de dois ou mais agentes anti-hipertensivos com diferentes

mecanismos de ação (VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2012). De modo geral,

66,1% dos hipertensos fazem uso do Captopril, 61,7% fazem uso do diurético

Hidroclorotiazida e 16,1% usam outro iECA (diferente do Captopril).

Aproximadamente 80% desses pacientes fazem uso regular desses medicamentos por

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4

um período mínimo de 18 meses (Iuppen et al, 2011). O Enalapril é o iECA de escolha

ambulatorial indicado pelo Ministério da Saúde para o tratamento da HAS, mas o

Captopril é o utilizado pela maioria dos hipertensos no Brasil e fornecido gratuitamente

pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O mecanismo de ação dos iECA não foi completamente elucidado, mas a

supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) resulta em concentrações

séricas diminuídas de angiotensina II e aldosterona, promovendo efeitos benéficos na

hipertensão arterial e na insuficiência cardíaca (Ribeiro & Muscará, 2001; Borges et al,

2007). Esses efeitos podem também ser consequência da ação dessas drogas sobre

outros sistemas como o das cininas. A bradicinina (BK), por exemplo, é um agente

hipotensor importante que atua na vasodilatação e no aumento da permeabilidade da

parede dos vasos sanguineos. A BK está associada também a processos inflamatórios já

que esses eventos biológicos facilitam a migração de leucócitos para o tecido afetado.

Além disso, a BK atua como hormônio polipeptídeo pró-inflamatório via receptor

celular B2 (B2R) expresso na superfície de várias células do sistema imune (Monteiro et

al., 2009). O B2R é expresso constitutivamente, enquanto a expressão do receptor B1

(B1R) da BK é limitada a tecidos inflamados (Leeb-Lundberg et al, 2005). Esta cinina é

formada a partir da clivagem do cininogênio pela calicreína (ou cininogenase) e é

rapidamente inativada por enzimas extremamente potentes, encontradas tanto no plasma

quanto nos tecidos, sendo a ECA a principal delas (Ramalho, 2000). Uma vez que a BK

promove vasodilatação arterial e aumento da permeabilidade capilar, essas ações se

somam aos efeitos anti-hipertensivos esperados como resultado do uso do Captopril

(Ribeiro & Muscará, 2001). Existem outros fármacos que agem sobre o SRAA, porém

não exercem nenhum efeito sobre a ECA, como, por exemplo, os inibidores de renina,

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os bloqueadores da aldosterona e os bloqueadores do receptor de angiotensina 2 (VI

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010).

Enzimas bacterianas também são capazes de induzir a liberação da BK

diretamente de seu precursor (Morais et al, 1999; Rubinstein et al, 2000). Esse

fenômeno pode ser visto como uma vantagem evolutiva de algumas bactérias não-

sacarolíticas, já que sua fonte energética é proveniente da proteólise de moléculas

originadas de processos inflamatórios e plasma extravasado. Uma dessas,

Porphyromonas gingivalis, um bastonete anaeróbico gram-negativo que apresenta

intensa atividade proteolítica, é um dos principais agentes infecciosos associados às

periodontites avançadas, crônica e agressiva (Pike et al, 1994). P. gingivalis possui

diversos fatores de virulência que causam danos diretos ou indiretos aos tecidos,

incluindo LPS, fimbria, gingipaína, colagenase, endotoxina, fator inibidor de

fibroblasto, ácidos graxos, fator indutor de reabsorção óssea e hemolisina. Dentre esses,

a gingipaína é uma enzima do tipo cisteíno-protease que desempenha papel fundamental

na patogênese e na progressão da doença periodontal, sendo responsável por mais de

85% da atividade proteolítica dessa bactéria (Travis et al, 1997; Kuramitsu, 1998;

Imamura, 2003). Além disso, a gingipaína tem múltiplos efeitos nos elementos da

resposta imune, sendo capaz de desencadear reações imunológicas intensas, de inibir

migração de leucócito PMN e de degradar componentes da matriz extracelular, além de

citocinas, imunoglobulinas e proteínas do complemento (Potempa et al, 2000; Kitamura

et al, 2002). A capacidade da gingipaína de formar cininas, a partir tanto do cininogênio

plasmático quanto do tecidual, proporciona aumento da permeabilidade vascular e do

estado inflamatório, favorecendo a disseminação bacteriana pelos tecidos e a invasão

celular (Hu et al, 2006), o que pode contribuir para o agravamento da peridontite.

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6

Normalmente, a presença e a gravidade das doenças periodontais são registradas

através de medidas clínicas como profundidade de bolsa a sondagem (PBS, distância

entre a margem gengival e o fundo da bolsa periodontal) e nível clínico de inserção

(NCI, distância entre um ponto fixo do dente, comumente a junção cemento-esmalte, e o

fundo da bolsa periodontal). Outros indicadores clínicos dessas doenças inflamatórias

são sangramento à sondagem e sangramento da margem gengival, além de supuração e

de presença de placa visível e cálculo sobre as superfícies dentárias. As doenças

periodontais podem apresentar, ainda, sintomas que afetam a qualidade de vida dos

indivíduos, como mobilidade dentária, migração dos dentes, vermelhidão na gengiva,

incômodo doloroso e halitose. Estudos recentes têm demonstrado que indivíduos com

periodontite relatam limitações funcionais, desconforto, insatisfação com a aparência e

constrangimentos sociais (Ng & Leung, 2006; Lopez & Baelum, 2007; Drumond-

Santana et al, 2007; O’Doud et al 2010; Bernabé & Marcenes, 2010). Diversos

instrumentos foram desenvolvidos para avaliar o impacto da saúde bucal na qualidade

de vida (Slade, 2007). O Oral Health Impact Profile (OHIP-14) foi um deles e é

amplamente utilizado (Slade, 2007). O mesmo já foi traduzido e adaptado culturalmente

para vários países, inclusive o Brasil (Oliveira & Nadanovsky, 2005). Estes

instrumentos também estão sendo usados para avaliar a saúde periodontal da população.

Através deles, o impacto da doença em diferentes grupos sociais tem sido observado

(Bernabé & Marcenes, 2010; Lopez & Baelum, 2007; Ng & Leung, 2006; O’Doud et al

2010; Lawrence et al, 2008). No entanto, alguns trabalhos não consideraram fatores de

confundimento como idade, sexo e condição sócio-econômica (Ng & Leung, 2006),

apesar de estes serem associados à doença periodontal (Lopez & Baelum, 2007) e à

percepção do impacto desta sobre a qualidade de vida (Von Rueden et al, 2006).

Estudos também usaram instrumentos diversos, o que dificulta a comparação de

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resultados. Além disso, diferentes classificações e formas de tratamento em periodontia

têm sido comparadas de acordo com o ponto de vista do paciente (Dávila et al, 2005;

Saito et al, 2011; de Pinho et al, 2012). Portanto, uma melhor compreensão dos efeitos

da doença periodontal na vida diária dos indivíduos orienta o planejamento para um

atendimento mais adequado a estes pacientes e a um tratamento direcionado às suas

necessidades.

Figura 1. Desenho esquemático da anatomia periodontal e do exame da área afetada.

Adaptado de pt.wikipedia.org/wiki/processoalveolar. Cortesia da Drª. Daniela Cia.

Com base nas informações descritas aqui, pode-se teorizar que indivíduos

hipertensos fazendo uso de drogas iECA tenham condições periodontais piores do que

aqueles sob medicação anti-hipertensiva que não atue sobre a ECA. Além disso, a

avaliação do impacto dessas doenças na qualidade de vida pode auxiliar num melhor

planejamento de tratamento para esta população.

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2. PROPOSIÇÃO

Testar a hipótese de que drogas anti-hipertensivas iECA causam aumento na

prevalência e na gravidade da periodontite crônica.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Desenho Experimental

Neste estudo transversal para comparar a prevalência e a gravidade da

periodontite crônica em pacientes hipertensos fazendo uso de medicação iECA (grupo

teste) com as daqueles que fazem uso de outro anti-hipertensivo que não um iECA

(grupo controle), a população alvo foi representada por uma amostra de conveniência

formada por indivíduos que procuraram atendimento no ambulatório de Clínica Médica

do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do

Rio de Janeiro. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

HUCFF sob protocolo número 12158713.6.0000.5257.

Para um indivíduo ser considerado hipertenso, o valor de referência mínimo é de

140 mmHg para a pressão sistólica e de 90 mmHg para a pressão diastólica (VI

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010).

3.2. Critérios de Inclusão e Exclusão

Para serem incluídos, os indivíduos deveriam ter entre 30 e 80 anos de idade, um

número mínimo de 14 dentes em ambas as arcadas, fazer uso de agente anti-

hipertensivo e concordar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (em

anexo).

Foram excluídos do estudo os indivíduos com as seguintes características:

1. Diabetes Mellitus (informação obtida nos prontuários dos pacientes);

2. Tabagistas e ex-tabagistas;

3. Condições sistêmicas graves que possam afetar a progressão da periodontite;

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4. Emprego de iECA por mais de 6 meses antes de utilizar outras classes de anti-

hipertensivos (para o grupo controle);

5. Uso contínuo de drogas imunossupressoras ou antiinflamatórias que possam

influenciar diretamente o mecanismo da inflamação;

6. Tratamento periodontal prévio (realizado nos últimos 6 meses);

7. Uso de antibióticos nos últimos 6 meses.

3.3. Cálculo do Tamanho Amostral

Tendo em vista que não há na literatura pesquisas referentes ao assunto da forma

proposta aqui, o cálculo do tamanho amostral foi estimado a partir da prevalência de

periodontite crônica como sendo de 50% no grupo exposto (teste) e de 20% no grupo

não exposto (controle). Para um teste unicaudal com potência de 80% e valor de α de

5% seriam necessários, pelo menos, 30 indivíduos por grupo para se evitar erro

estatístico do tipo II.

3.4. Exame Clínico Periodontal e Calibração do Examinador

Os exames foram realizados nas instalações da Disciplina de Periodontia do

Departamento de Clínica Odontológica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e

incluiram anamnese médica e odontológica (em anexos 2, 4 e 5). As medições clínicas

periodontais foram realizadas utilizando-se espelho duplo (MIR5DS, Hu-Friedy) e

sonda periodontal milimetrada Carolina do Norte (UNC-15, Hu-Friedy). Todos os

exames foram executados por um único operador (Monique Rodrigues), treinado e

calibrado até alcançar concordância intra-examinador ≥ 0,75 do índice ICC (“intraclass

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correlation”) para as medidas contínuas de PBS e NCI. A calibração foi realizada em

dois tempos com intervalo de meia hora, em cinco pacientes que não fizeram parte do

estudo principal, mas que apresentavam características clínicas semelhantes às da

população alvo. Uma segunda calibração foi realizada 6 meses após a primeira. Os

parâmetros clínicos periodontais incluiram a presença ou ausência de placa visível e

cálculo e de sangramento marginal, além de nível clínico de inserção, profundidade de

bolsa à sondagem e presença de sangramento após a sondagem. As medições foram

efetuadas em seis sítios por dente (mésio-vestibular, vestibular, disto-vestibular, mésio-

lingual, lingual, disto-lingual), de todos os dentes, com exceção dos terceiros molares.

3.5. Definição de Presença e Gravidade da Periodontite

Para ser considerado portador de periodontite crônica, o indivíduo deveria ter,

pelo menos, dois dentes com PBS ≥ 5 mm em sítios interproximais (Page & Eke, 2007).

Já a gravidade da doença periodontal foi estimada com base na frequência de sítios com

PBS ≥ 5 mm.

3.6. Questionário

Um questionário (OHIP-14) para avaliar o impacto da saúde bucal na qualidade

de vida do indivíduo foi aplicado na forma de entrevista (anexo 3). As 14 perguntas do

questionário foram feitas pela mesma examinadora (Monique Rodrigues) antes do início

do exame clínico.

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3.7. CPOD

O total de dentes cariados, perdidos e obturados (restaurados) foi contabilizado

para cada paciente e anotado juntamente com o questionário OHIP-14 (anexo 3).

3.8. Análise Estatística

As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa SPSS

(Statistical Package for Social Science) versão 20.0.0 (SPSS Brasil, São Paulo, SP,

Brasil). Os dados clínicos de toda a arcada foram registrados na planilha do SPSS por

um pesquisador (Monique Rodrigues). Os dados contínuos (PBS e NCI) foram

computados em médias ou medianas para cada paciente/grupo. Os dados categóricos

(IPV, ISM, ISS e IC) foram registrados como presentes ou ausentes (1 ou 0,

respectivamente) e suas frequências transformadas em médias ou medianas para cada

paciente/grupo.

O teste estatístico Kolmogorov-Smirnov foi utilizado a fim de verificar o padrão

de distribuição das variáveis entre os grupos. Aplicou-se o teste T de Student para

análise das médias das diferenças das variáveis, tempo de terapia anti-hipertensiva e

renda, que apresentaram distribuição normal. Para as variáveis clínicas (PBS, NCI,

ISM, IPV, IC e ISS) o teste Mann-Whitney foi realizado e, finalmente, fez-se o teste

qui-quadrado para as variáveis categóricas cor, gênero, escolaridade e prevalência da

periodontite crônica, com a finalidade de comparar suas médias entre os grupos. A

associação de variáveis clínicas periodontais (PBS e NCI ≥ 5mm) com a medicação

anti-hipertensiva foi testada através do Modelo Linear Generalizado (GLM) com

Equações de Estimação Generalizada (GEE). Para todos os casos estabeleceu-se o nível

de significância em 5%.

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4. RESULTADOS

Ao iniciar o presente estudo o examinador demonstrou estar calibrado, atingindo

concordâncias superiores a 80% (ICC) para os parâmetros clínicos avaliados. Na fase de

triagem dos pacientes, 479 indivíduos foram avaliados segundo os critérios de inclusão

e exclusão. Destes, 65 foram incluídos na pesquisa. Tabagismo, diabetes mellitus,

doenças sistêmicas graves, crescimento gengival induzido por bloqueador de canais de

cálcio, uso prévio de iECA (grupo controle) e outros foram responsáveis por um total de

81 pacientes excluídos no grupo teste e 77 no controle, quando contabilizados de forma

que não estivessem associados ao número mínimo necessário de dentes para serem

incluídos (Figura 2). Os dados foram coletados entre janeiro de 2013 e setembro de

2014.

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Figura 2. Fluxograma de pacientes.

A comparação entre os grupos das características sócio-demográficas (Tabela 1)

demonstra que não houve diferença estatisticamente significante para a maioria delas.

No entanto, a média da renda familiar foi estatisticamente superior no grupo controle.

Houve, ainda, predominância do gênero feminino em ambos os grupos. Mais

interessante, o grupo teste apresentou uma prevalência de periodontite crônica duas

vezes maior que a do grupo controle.

Pacientes triados

N = 479

Grupo Teste

N = 30

Incluídos

N = 65

Excluídos

N = 414

Grupo Controle

N = 35

Grupo Teste

N = 238

Grupo Controle

N = 176

Nº insuficiente

de dentes

N = 157

Nº insuficiente

de dentes

N = 99

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Tabela 1. Comparação de características sócio-demográficas entre os grupos.

* Valor de P referente ao teste estatístico T de Student; ** Valor de P referente ao teste

estatístico qui-quadrado.

Variáveis

Grupos

P

Teste

N = 30

Controle

N = 35

Idade (anos, média ± DP) 54,4 ± 13,3 50,2 ± 10,8 0,160*

Tempo de terapia anti-hipertensiva

(anos, média ± DP)

7,5 ± 5,8

6,1 ± 4,7

0,300*

Cor (% indivíduos)

Branca

Não Branca

56,5

43,5

35,7

64,3

0,137**

Gênero (% indivíduos)

Feminino

Masculino

70

30

68,6

31,4

0,901**

Renda (salários mínimos, média ± DP) 2,9 ± 1,8 4,3 ± 3,0 0,043*

Nível de Escolaridade (% indivíduos)

Fundamental

Médio

Superior

39,1

56,5

4,3

39,3

32,1

28,6

0, 051**

Periodontite Crônica (% indivíduos)

63,4% 31,5%

< 0,001**

Dentes

Cariados

Perdidos

Obturados

0,9 ± 1,4

8,0 ± 4,3

7,7 ± 5,6

0,5 ± 1,2

6,9 ± 4,6

6,2 ± 4,9

0,260*

0,124*

0,283*

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Em relação aos dados clínicos, apresentados na Tabela 2, é possível observar

que houve diferença estatisticamente significante entre os grupos nas medianas (min –

max) de prevalência de sítios com PBS e NCI iguais ou superiores a 5 mm, assim como

nas medianas de boca toda. Da mesma forma, o grupo teste apresentou medianas

estatisticamente superiores na prevalência de sítios com sangramento marginal e

sangramento à sondagem. Por outro lado, não houve diferença significante entre as

medianas de prevalência de sítios com presença de cálculo entre os grupos.

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Tabela 2. Comparação das características clínicas periodontais (mediana [min – max])

entre os grupos.

* valor de P referente ao teste estatístico Mann-Whitney. PBS, profundidade de bolsa a

sondagem; NCI, nível clínico de inserção; ISM, índice de sangramento marginal; IPV,

índice de placa visível; IC, índice de cálculo; ISS, índice de sangramento a sondagem.

Por fim, através de modelamento linear generalizado com GEE (GLM/GEE), foi

estabelecido que a chance de pacientes sob terapia anti-hipertensiva com iECA

apresentarem PBS e NCI ≥ 5 mm é de, aproximadamente, 3 a 4 vezes maior do que

aqueles sob terapia anti-hipertensiva com medicamentos não iECA. Mesmo após ajustar

a análise para os fatores de confundimento IPV e renda, esse risco permaneceu em cerca

de 3 vezes superior (tabela 3).

Variáveis

Grupos

P*

Teste

N = 30

Controle

N = 35

PBS

3,01 (2,24 - 5,25)

2,54 (1,95 - 4,38)

< 0,001

NCI

2,69 (1,98 - 4,99)

2,43 (1,95 - 4,07)

0,004

PBS ≥ 5 mm

4,3 (0 - 60,7)

0,6 (0 - 40,2)

0,004

NCI ≥ 5 mm

10,7 (0 - 70,4)

11,4 (0,64 - 67,65)

< 0,001

ISM

52,9 (0 - 100)

31,1 (4,3 - 100)

0,014

IPV

75,1 (10,7 - 100)

50,0 (16,7 - 100)

0,005

IC

30,2 (0 - 100)

17,9 (0 - 100)

0,091

ISS

60,2 (22,2 - 100)

32,5 (11,5 - 91,18)

< 0,001

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Tabela 3. Associação de variáveis clínicas periodontais com a medicação anti-

hipertensiva, não ajustada ou ajustada para prevalência de placa visível e renda familiar.

Variável Nᵃ RCᵇ ICᵈ 95% Β P*

Não ajustada

PBS ≥ 5 mm 535 3,947 1,58 - 9,82 1,373 0,003

NCI ≥ 5 mm 846 3,518 1,82 - 6,75 1,258 < 0,001

Ajustada

PBS ≥ 5mm 535 3,215 1,33 - 7,71 1,168 0,009

NCI ≥ 5mm 846 2,98 1,60 - 5,51 1,092 0,001

ᵃ Número de sítios; ᵇ Razão de Chance; ᵈ Intervalo de confiança; *Referente ao

modelamento linear generalizado com GEE. PBS, profundidade de bolsa a sondagem;

NCI, nível clínico de inserção.

4.1. OHIP

Não houve diferença estatisticamente significante para o somatório total do

OHIP ou para sua média entre os grupos, independentemente do estado da doença

periodontal. Mesmo com a média de perda dentária superior a seis elementos em ambos

os grupos, isso não parece ter impactado a qualidade de vida dos indivíduos, assim

como a quantidade de dentes cariados e perdidos (P = 0,46 e P = 0,23,

respectivamente). Além disso, não houve diferença estatisticamente significante entre os

grupos para número de dentes obturados e para os parâmetros clínicos periodontais

avaliados.

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5. DISCUSSÃO

A associação entre doenças periodontais e doenças cardiovasculares (DCV) tem

sido investigada ao longo das últimas décadas. Possíveis mecanismos que expliquem a

razão de pacientes com periodontite terem risco aumentado de desenvolver DCV têm

sido apresentados na literatura (Beck et al, 2001; Mattila, 1993). Há, também,

evidências limitadas de que o tratamento periodontal tem efeitos benéficos para as

DCV, reduzindo os níveis de seus marcadores (D´Aiuto et al, 2013; Mattila et al, 2002).

Num contexto próximo, este é o primeiro estudo que testou se drogas anti-hipertensivas

iECA causariam aumento na prevalência e na gravidade da periodontite crônica. Essa

hipótese de trabalho foi baseada em experimentos realizados em camundongos, por

alguns de nosso grupo, que demonstraram que a infecção aguda por P. gingivalis,

levava a liberação de BK pela sua principal protease, gingipaína, causando edema da

mucosa mandibular vestibular e gengivite. Nesse estudo foi necessário o emprego de

captopril que, ao inibir a ECA, aumentava a meia vida da BK e possibilitava a

realização dos experimentos (Monteiro et al. 2009). De fato, a maioria dos dados

reportados aqui aponta para uma piora do quadro clínico periodontal em pacientes que

fazem uso dos iECA, sugerindo que esta diferença na gravidade, além da maior

prevalência da periodontite crônica, possa ser atribuída ao uso desses medicamentos

anti-hipertensivos.

A obtenção da amostra, no tamanho necessário para realizar o presente estudo,

foi uma das dificuldades encontradas já no seu início e pode ser atestada observando-se

na Figura 2 o número de indivíduos incluídos em relação ao número de triados. As

razões diferiram entre os grupos, sendo que no caso do controle a maioria dos pacientes

já havia feito uso de medicação anti-hipertensiva iECA. No grupo teste a principal razão

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para não inclusão dos indivíduos foi o número insuficiente de dentes (aproximadamente

15% de indivíduos a mais com essa restrição quando comparado com os do grupo

controle), o que pode reforçar o conceito de que a causa da perda dentária tenha sido a

doença periodontal e esta, por sua vez, estar associada à terapia anti-hipertensiva com

iECA. No entanto, outras explicações, incluindo a condição socioeconômica, devem ser

consideradas para uma saúde bucal mais comprometida no grupo teste. De fato, a renda

e o nível de escolaridade foram superiores no grupo controle e esses dois fatores se

correlacionam, já que maiores salários são atribuídos a indivíduos com maior nível de

escolaridade (Borrell & Crawford, 2012). Além disso, a placa visível está aumentada no

grupo teste o que também poderia explicar a periodontite mais grave nesse grupo de

pacientes. Essas inconsistências podem ser consideradas limitações do presente estudo.

Por outro lado, quando se analisou a associação das variáveis clínicas com o tipo de

terapia anti-hipertensiva, ajustando-se para as variáveis, renda e placa visível, ainda

assim, o risco de o grupo teste apresentar periodontite mais grave foi, aproximadamente,

três vezes maior que o do grupo controle.

Por possuir um conceito teórico único, já que não há na literatura relato da

possível relação entre a periodontite e o uso de medicações anti-hipertensivas iECA,

além de um tamanho amostral limitado, pode-se considerar este trabalho um estudo

piloto nessa área de investigação clínica. Portanto, pesquisas adicionais se fazem

necessárias para que essa associação seja confirmada. Os mecanismos celulares e

moleculares envolvidos devem ser descritos. Em relação a isso, existe alguma evidência

de que pacientes com periodontite crônica apresentam expressão aumentada de

receptores do tipo B2R e B1R em biópsias gengivais, o que confirmaria a participação da

BK no mecanismo etiopatogênico da doença periodontal (Ramos Junior, 2014). No

entanto, faz-se necessária uma análise microbiológica nesses pacientes para confirmar a

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presença de P. gingivalis em níveis aumentados, o que reforçaria a tese de que a

gingipaína contribui para a maior disponibilidade de cininas nos sítios infectados

(Rapala-Kozik et al, 2011). Além disso, estudos longitudinais com tamanho amostral e

com potência adequados, particularmente prospectivos, que acompanhem os indivíduos

desde o início do tratamento medicamentoso para HAS (antes da exposição ao fator de

risco em potencial), poderiam corroborar a hipótese aqui levantada. Caso a doença

periodontal destrutiva seja mesmo mais prevalente e mais grave, em indivíduos sob

terapia anti-hipertensiva com iECA, é necessário investigar, ainda, se esses pacientes

respondem ao tratamento periodontal de maneira semelhante a dos pacientes hipertensos

que fazem uso de outras medicações ou, ainda, dos pacientes com pressão arterial

normal.

O fato de não ter sido demonstrado através do OHIP que a doença periodontal

possui impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes avaliados neste estudo pode

estar associado à falta de sintomas claros dessa patologia. Na maioria dos casos, o

impacto causado pela periodontite na qualidade de vida dos pacientes ocorre em

estágios avançados da doença (Brauchle et al, 2013), quando já há mobilidade dentária

e/ou estética bucal comprometida, sintomas percebidos mais facilmente. Mesmo não

tendo havido diferença nas médias de dentes perdidos e obturados entre os grupos, esses

parâmetros parecem ser mais relevantes quando se avalia o impacto da saúde bucal nos

indivíduos, fato que se deve, muito provavelmente, à sintomatologia dolorosa da lesão

de cárie e ao apelo estético que a ausência dentária traz à vida social das pessoas. O

impacto parece estar diretamente relacionado à quantidade de dentes perdidos, à perda

de dentes anteriores (Batista et al, 2014) e, ainda, à substituição ou não desses dentes

por próteses ( Palma et al, 2013).

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22

A possibilidade de haver efeitos colaterais bucais causados por drogas anti-

hipertensivas iECA estreitaria a relação médico/paciente/dentista e exigiria uma

abordagem multidisciplinar. Nesse caso, em pacientes doentes periodontais ou

suscetíveis à periodontite, a substituição do iECA por outra classe de anti-hipertensivo,

sempre que viável, deveria ser considerada para a manutenção da saúde periodontal

desses indivíduos. De qualquer modo, confirmando-se os achados aqui descritos, o

clínico/cardiologista deverá informar ao paciente sobre o impacto dos iECA na

manutenção da sua saúde bucal com o objetivo de incentivar o paciente a visitar

regularmente o cirurgião-dentista/periodontista que será capaz de realizar um plano de

tratamento odontológico, incluindo um regime de manutenção da saúde periodontal

específico para pacientes com esse perfil.

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23

6. CONCLUSÃO

Os dados reportados aqui indicam que pacientes sob terapia anti-hipertensiva

com iECA podem apresentar prevalência e gravidade de periodontite crônica superiores

a daqueles que utilizam medicação anti-hipertensiva não inibidora da ECA.

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8. ANEXOS

8.1. Anexo 1

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Faculdade de Odontologia

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Periodontite Crônica como Efeito Colateral da Terapia Anti-hipertensiva com Drogas

Inibidoras da Enzima Conversora da Angiotensina

Prezado(a) participante,

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa “Periodontite Crônica como Efeito

Colateral da Terapia Anti-hipertensiva com Drogas Inibidoras da Enzima Conversora da

Angiotensina”.

Desenvolvida pela Drª Monique Oliveira Rodrigues, aluna de Mestrado em Odontologia

com área de concentração em Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, sob orientação do Professor Dr. Eduardo Jorge Feres

Filho.

Objetivo Central

O objetivo central do estudo é investigar se os remédios para pressão alta como o Captopril e

o Enalapril (inibidores da enzima conversora da angiotensina) podem causar ou piorar

doenças periodontais (inflamação ao redor dos dentes).

Razão Pela Qual Você Está Sendo Convidado(a)

O convite à sua participação se deve ao fato de o(a) Sr(a). fazer uso de remédios para pressão

alta, ter um número mínimo de 14 dentes, não ter fumado e não ter outras doenças graves que

a prejudiquem a saúde geral, como por exemplo a Diabetes.

Sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória e você tem plena autonomia para

decidir se quer ou não participar, bem como retirar seu consentimento (no caso da aceitação) a

qualquer momento, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição.

Você não será penalizado de nenhuma maneira caso decida não consentir sua participação, ou

desistir da mesma. Contudo, ela é muito importante para a execução da pesquisa.

Mecanismos para Garantir o Sigilo e Privacidade

Serão garantidas a confidencialidade e a privacidade das informações por você prestadas.

Qualquer dado que possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da pesquisa e

o material armazenado em local seguro. Seus dados pessoais oriundos da participação na

pesquisa serão utilizados apenas para fins propostos em seu protocolo.Os resultados dos

exames, bem como suas avaliações, somente serão de competência dos pesquisadores

envolvidos no projeto e dos profissionais que possam vir a ter relacionamento de atendimento

e/ou de cuidados com você, ficando vetado o acesso de terceiros às suas informações.

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30

A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar do

pesquisador informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que poderá ser feito

através dos meios de contato explicitados neste Termo.

Procedimentos Detalhados que Serão Utilizados na Pesquisa

A sua participação consistirá em responder um questionário de 14 perguntas sobre o impacto

da saúde bucal na sua qualidade de vida à pesquisadora do projeto. Além disso, você passará

por um exame clínico periodontal simples que vai verificar se você apresenta sangramento da

gengiva, presença de placa e cálculo dental (tártaro) e sondagem (medição) do sulco

gengival/bolsa periodontal.

Fica assegurado a você o direito de recusar-se a responder as perguntas do questionário que

ocasionarem constrangimentos de qualquer natureza.

Tempo de Duração dos Procedimentos

O tempo de médio de duração do exame clínico é de 40 (quarenta) minutos e o do

questionário é de 5 (cinco) minutos.

Guarda dos Dados e Material Coletados na Pesquisa

Todos os dados serão transcritos e armazenados, em arquivos digitais, mas somente terão

acesso aos mesmos a pesquisadora e seu orientador. Ao final da pesquisa, todo material será

mantido em arquivo, por pelo menos 5 (cinco) anos, conforme Resolução 196/96 e

orientações do CEP/ENSP.

Está garantido também o compromisso da utilização dos seus dados e do material coletado

somente para esta pesquisa. Caso seja preciso utilizar o material armazenado (biológico ou

não), seu emprego será justificado, assim como seu o destino e a necessidade da utilização

para estudos futuros.

Benefícios Diretos (individuais ou coletivos) aos Sujeitos da Pesquisa

Os benefícios relacionados com a sua colaboração nesta pesquisa são o de receber

informações sobre a condição geral de sua saúde bucal, o que são as Doenças Periodontais,

suas causas, consequências, como preveni-las e tratá-las, receberá instruções de higiene bucal

e de como manter a saúde bucal. Além disso, se houver alterações em sua saúde periodontal,

você deverá ser encaminhado para tratamento.

Caso haja confirmação da associação entre o uso do Captopril e do Enalapril e a Doença

Periodontal, os benefícios se estenderão à todos pacientes com pressão alta (hipertensos) que

poderão ter a chance de conciliar a saúde bucal com a saúde geral de duas formas: alterando a

medicação para hipertensão quando possível e sob orientação médica e/ou submetendo-se a

visitas regulares ao periodontista para estabelecimento e manutenção da saúde periodontal,

uma vez que saberá desse efeito colateral do remédio.

Previsão de Riscos ou Desconfortos

As informações que serão coletadas, tanto no questionário médico quanto no exame clínico,

serão objeto de cuidados quanto a sua confidencialidade e sigilo, portanto, os riscos inerentes

à pesquisa serão minimizados ao máximo.

Durante o procedimento de sondagem periodontal você poderá sentir um leve e rápido

desconforto na gengiva. A sondagem é um exame clínico simples de rotina que consiste na

colocação de um instrumento específico com marcação em milímetros, semelhante à uma

régua, entre o dente e a gengiva para verificar a profundidade do sulco gengival.

Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos propostos neste estudo

(nexo causal comprovado), você terá o direito a tratamento médico/odontológico na

Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas.

Sobre Divulgação dos Resultados da Pesquisa

Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa, quando

em estudos abertos ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores.

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Os resultados serão divulgados em artigos científicos e na dissertação/tese, bem como

qualquer alteração na sua saúde bucal será informada a você. Além disso, qualquer alteração

na sua saúde bucal será informada a você.

Despesas e Compensações

Poderá ocorrer ressarcimento, ou seja, cobertura em compensação exclusiva de despesas

decorrentes da sua participação no projeto.

Contato com a Pesquisadora Responsável:

Endereço: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rua Prof.

Rodolpho Paulo Rocco 325 / 2º andar. Ilha da Cidade Universitária – Rio de Janeiro - RJ –

Cep: 21.941-913 E-mail: [email protected] Telefone: (21) 8104-6278

Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

(HUCFF – UFRJ) Rua Prof Rodolpho Paulo Rocco, nº 255 - Cidade Universitária - Ilha do

Fundão - Sala 01D-46/1º andar - Rio de Janeiro – CEP:21941-913 / Telefone (21) 2562-

2480, de segunda a sexta-feira, das 8 às 15 horas, E-mail: [email protected]

Consentimento

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações sobre o estudo acima

citado que li ou que foram lidas para mim.

Eu discuti com a Drª Monique Oliveira Rodrigues, sobre a minha decisão em participar nesse

estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem

realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos

permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho

garantia de acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em

participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem

penalidades ou prejuízos e sem a perda de atendimento nesta Instituição ou de qualquer

benefício que eu possa ter adquirido. Eu receberei uma cópia desse Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com o pesquisador responsável por essa pesquisa.

Além disso, estou ciente de que eu (ou meu representante legal) e o pesquisador responsável

deveremos rubricar todas as folhas desse TCLE e assinar na última folha.

________________________________________

Nome do Sujeito da Pesquisa

Data ____/____/____

Assinatura do Sujeito da Pesquisa

_________Monique Oliveira Rodrigues________

Nome do Pesquisador Responsável Data ____/____/____

________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

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8.2. Anexo 2

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8.3. Anexo 3

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8.4. Anexo 4

(frente)

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(verso)

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8.5. Anexo 5

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8.6. Anexo 6

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