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Trabalho Livre sobre CenografiaTRANSCRIPT
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Paula Luiza Ferreira
A CENOGRAFIA DO SÉCULO XXI
O olhar através da disciplina de Arquitetura e Urbanismo sobre
a cenografia.
Trabalho Integrado apresentado à professora Phamela Dadamo como com ênfase Livre no segundo semestre de 2013 no curso de Arquitetura e Urbanismo da Univer-
sidade Federal de São João Del Rei
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Introdução
O Trabalho aborda a mudança na concepção espacial no último século, abordando a formação conceitos visu-ais cênicos, tendo como ponta pé inicial um pensamen-to criativo e inovador sobre o espaço cenográfico e sua interação com as artes visuais, arquitetura e urbanismo.
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O olhar através da disciplina de Arquitetura e Urbanismo sobre a cenografia é essencial no sentido que por ser uma disciplina que possui ferramentas consolidadas sobre os as-pectos que dizem respeito à visualidade, apropriação do es-paço, cultura, sociedade e outras noções técnicas e práticas. Dentro do campo específico do teatro, a fim de acrescen-tar parâmetros para a discussão da cenografia e da cena contemporânea, devemos levar em conta um dos pilares de sustentação dos novos processos teatrais: A relação encenação – espectador. Nesse sentido é necessário com-preender a existência de uma emancipação do espectador na cenografia do século XXI que se diferencia da cenografia de outros tempos. O espectador deixa a condição passiva de mero observador de imagens capturadas, para passar a agir ativamente, confrontando o espetáculo como algo estranho a si, como um enigma que deve ser investigado. A cenografia na atualidade faz parte da encenação, envolvendo atores, criando o ambiente onde se dá o en-contro entre atores e público, que pode ter elementos construídos ou escolhidos diretamente para a cena. Esta transforma o espaço real em um espaço fictício, ligan-do o mundo físico ao da fantasia ou imaginação e que pode ser entendido de várias formas dependendo de como os atores trabalham naquele espaço, como eles se posicionam perante a cena e exercem suas funções.
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Uma cenografia se completa com a ação no tempo da peça, podendo ser até mesmo transformada durante a representação dos atores.
“Tal espaço-tempo é tanto concreto (espaço teatral e tem-po da representação) como abstrato (lugar funcional e temporalidade imaginária). A ação que resulta desse par é ora física, ora imaginária. O espaço-tempoação é, pois percebido como um mundo concreto e em uma “outra cena” como um mundo possível imaginário.” (PAVIS, 2003, p. 139).
Para o a compreensão dos espaços da encenação con-temporânea é necessário entender como é a experiência espacial do expectador, que podem ser entendidas como duas possibilidades: A concepção do espaço como espaço vazio que deve ser controlado, expressável e preenchi-do ou a compreensão do espaço como invisível, ilimita-do e ligado aos seus utilizadores a partir de uma dinâmi-ca, de deslocamentos, de sua trajetória a ser entendida.
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Patrice Pavis, ainda em Dicionário de teatro, define o espaço cênico como :
“(...) o espaço real do palco onde evoluem os atores, quer eles se restrinjam ao espaço propriamente dito da área cênica, quer evoluam no meio do público” (PAVIS, 2005, p. 132)
A cenografia passou a ter ainda mais importância em uma nova tendência de mostras brasileiras neste ultimo século. No século XXI há apreciação de diferentes es-paços em variados contextos históricos e sociais além da manipulação do espaço expositivo de forma versátil. É extremamente importante a observação da interação entre os elementos do Espaço, Tempo e Ação na en-cenação, pois são de difícil descrição na encenação contemporânea. Além disso, é necessário ressaltar que nenhum elemento existe sem os outros dois. Eles constituem o corpo da encenação, e, ao redor dele, transitam os demais elementos da representação.
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O trinômio espaço/tempo/ação encontra-se na in-terseção do mundo concreto da cena e da ficção imagina-da pelo encenador. Encontra-se tanto na representação que está acontecendo no espaço e tempo real quanto no mundo da história que está sendo apresentada, com o tempo e o espaço que lhe são peculiares.
“(...) constitui um mundo concreto e um mundo possível no qual se misturam todos os elementos visuais,sonoros e textuais da cena.” (PAVIS, 2003, p. 139). Há uma tendência de artistas e curadores brasilei-ros de propor novos conceitos de exposição, no uso de linguagens teatrais e das artes plásticas, o que trans-forma o espaço gerando uma série de questionamentos provenientes da interação de linguagens. A mescla dessa linguagem com as exposições transforma o espaço não somente em dimensões estéticas (físicas), mas também no espaço conceitual e psicossocial. A função da Cenografia é criar uma atmosfera fa-vorável, que ofereça o máximo de sugestão e obtenção de adesão coletiva. A cenografia é particular e passa a ser um mundo criado especificamente para uma encenação. Ela é gerada pelo encontro do texto com o diretor e com os atores, podendo um mesmo texto ser montado de di-versas maneiras, por diferentes pessoas.
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Nesse sentido, não só a cenografia de obras e peças teatrais, mas também as obras de arte, um conjunto de exposição abre portas para questionamentos e subjetivi-dade inevitáveis. As exposições atuais apostam não só nas experiências da mente, mas também nas impressões físicas para propor determinada discussão conceitual ou problemática. Os elementos que compõem o mundo criado em uma montagem são fundamentais para a comunicação entre os atores e a imaginação dos espectadores, que acompan-ham e criam vínculos emocionais com os acontecimentos. Eles fornecem a unidade da linguagem da montagem, e não apenas a unidade visual da imagem do espetáculo.Segundo Pamela Howard (2005):
“o cenógrafo libera visualmente o texto e a história por trás do texto, criando um mundo em que os olhos vêem o que os ouvidos não podem escutar” (HOWARD, 2005, p. 33).
A cenografia, portanto, configura-se como algo imate-rial, apesar de nascer da articulação de relações pauta-das na materialidade do espaço. È dessa materialidade que surge o conceito de cenário, que se coloca no es-paço cênico. Não existe espetáculo teatral sem cenogra-fia, mas podem existir espetáculos sem cenários.
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A cenografia nasce sozinha quando o teatro acontece e sua linguagem se concretiza no momento do espetácu-lo, resultado da interação de elementos que compõem o espetáculo e da presença do público.
“Cenografia não é apenas a ambientação, nem suporte. Tem que haver integração entre pessoas e cenografia, os personagens também são cenográficos. Na minha vivên-cia, a cenografia é humana e se integra na música e na Dança” (Joãozinho 30, cenógrafo e carnavalesco)
O maior ganho da cenografia contemporânea foi a apro-priação de outras linguagens para o espaço cênico, como no caso do Gerald Thomas, Daniela Thomas e Bia Lessa, que se apropriam de recursos circenses e da mágica, por exemplo, para com poucos elementos construir espaços cênicos de genial dramaticidade. Há também, nas novas tendências propostas pela ge-nial cenografia dos comerciais de televisão, inclusive os cenários virtuais os comerciais, com suas fantásticas ver-bas que concentram talentos insaciáveis. É como um gi-gantesco laboratório mundial de soluções cenográficas.
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As tendências são múltiplas, acompanham a diversi-dade estética dos diretores e artistas atuais. Mas posso destacar a intenção, usual entre diretores como Daniela Thomas, Enrique Diaz e, sobretudo, José Celso Martinez Corrêa que dissolvem as fronteiras entre o real e o im-aginário, o que passa pela ruptura dos limites da “quarta parede” e dos palcos italiano e elisabetano. O cenógra-fo, na contemporaneidade, cada vez mais trabalha próxi-mo do diretor e dos atores criando obras afinadas com a gramática cênica desejada.
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Peça vestido de Noiva. Cenografia assi-nada por Daniela Thomas
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Com OsGêmeos e Bia Lessa, exposição de cenografia premiada em Praga
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O Banquete, José Celso Martinez Corrêa
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CASTILLO, Sonia Salcedo del. Cenário da Arquitetura da Arte: montagens e espaços de exposições. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
HOWARD, Pamela. What is scenography? London and New York: Routledge,2005.
PAVIS, Patrice. A análise dos espetáculos. Trad. Sérgio Sálvia Coelho. São Paulo: Perspectiva, 2003.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. Maria Lucia Pereira e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2005
Bibliografia