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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião. Miguel Panão22 - Semana de... Paulo Rocha24 - Dossier Cultura, Igreja e Jovens

26 - Entrevista Luis Miguel Cintra50 - Multimédia52 - Concílio Vaticano II54 - Estante56- Agenda58- Por estes dias60 - Programação Religiosa62 - Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Fátima 201770 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

O sonho da Paz eos militares[ver+]

Papa em Génova[ver+]

Jovens, Igreja eCultura[ver+] Miguel Oliveira Panão | Paulo Rocha| Octávio Carmo | Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | FernandoCassola Marques

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Cavfefe

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

As minhas filhas perguntaram-me se eu tinhauma palavra preferida e a resposta saiu semhesitações: Eyjafjallajökull. O famoso vulcão daIslândia que tantas dores de cabeça deu aosjornalistas, em 2010.Esta semana apareceu outra palavra, maisenigmática do que o vulcão da montanha de geloislandesa, porque, na verdade, ninguém sabecomo surgiu nem qual o seu objetivo. A verdadeé que a presença do presidente dos EUA numarede social como o Twitter personifica umaprofunda transformação da comunicação e dosfocos de atenção mediáticos, que nem sempreacontecem pelos melhores motivos ou com osmelhores resultados.Não duvido que o “cavfefe” teve muito maisimpacto nas redes sociais do que a ameaça deabandonar o Acordo de Paris sobre o clima. Isto,só por si, deveria ser assustador, dado que ofuturo do planeta e as implicações de uma taldecisão mereceriam, por certo, muito maisatenção do que um lapso, seja lapsus linguae oucalami.A Igreja Católica tem em curso uma reflexãomundial sobre os jovens, a sua cultura, as suasexpectativas para a vida. Um dos grandescontributos que pode dar é dar um passo atrás,parar, ver o quadro geral, respirar fundo, resistirà tentação da hipervelocidade e dahiperinformação. Mostrar o que se passa é muitodiferente de compreender o que se passa e,muito mais,

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de ser capaz de explicar osacontecimentos.O mundo tem vindo a perdermediadores. Pessoas que sepreocupem mais com o quadrogeral, com as interações dos váriosacontecimentos, com memória dosfactos e das pessoas. O imediatonão pode ser como o Chronos da

mitologia grega, que come os seuspróprios filhos. Faz falta um tempocom horizonte de sentido. Não maistempo, como tantas vezes gritamos,mas outro tempo. Que até pode sermenos para que seja melhor:podemos ir mais longe se nãoquisermos escolher todos osdestinos ao mesmo tempo.

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Papa Francisco saúda os trabalhadores da siderurgia Ilva em Génova

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-“Hoje, o trabalho está em perigo. No mundo, otrabalho não se considera com a dignidade que tem eque dá”Papa Francisco – Siderúrgica Ilva, Génova –27/05/2017 “Uberização” é o termo usado para designar o trabalhocoordenado por plataformas digitais. Pode-se hojeorganizar o trabalho de milhares de trabalhadorescom apps que põem em contacto os trabalhadorescom os clientes. (...) Os trabalhadores “uberizados”ficam excluídos da proteção social e jurídica do direitodo trabalho: rendimento estável, subsídio de férias ede desemprego, horários decentes, licenças parentais,relações coletivas de trabalho, etc. E sãotransformados em “microempresários” muito poucoautónomos: o preço dos serviços é fixado pelos donosdas apps, que ficam com uma percentagem dasreceitas, controlam os trabalhadores online e“despedem” os que têm más avaliações. Helena Lopes– Público 1/06/2017 A maior lição de Trump foi aquela bem resumida pelachanceler Merkel: no grande inverno do mundo, aEuropa só terá o futuro que souber conquistar com aspróprias mãos. Se isso ajudar a UE a sair da suapatológica menoridade, então talvez a históriaeuropeia acabe por registar Trump como umaimperdível oportunidade.Viriato Soromenho Marques – Público - 31/05/2017 A verdadeira "rede social" (propositadamente nosingular) não passa pela net. Trata-se de uma coisamuito mais vasta que tende a desfazer-se cada vezmais na vida social contemporânea. (...)Mesmo que os computadores e as tecnologias sejamcada vez mais próximos da realidade, nunca sesubstituirão a ela. Até porque nos limitam no acaso,que é uma parte importante e rica da condiçãohumana, para o bem e para o mal. Filipa Guimarães –Sábado – 1/06/2017

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Forças Armadas e Paz,uma combinação desejada

O bispo das Forças Armadas e dasForças de Segurança destacou, naAcademia Militar da Amadora, aimportância da mensagem deFátima para a busca e apreservação da paz no mundo. Naintervenção de abertura doSeminário ‘Paz e Futuro daHumanidade’, que teve lugar estaquarta-feira, com organização doOrdinariato Castrense, D. Manuel

Linda salientou que 100 anosdepois “Fátima afirma-se como omaior contributo para a nova ordemmundial que se pretende”.Destacando a “complexidade dasproblemáticas” que hoje marcam asociedade, com os numerososconflitos e outros desafios delesdecorrentes, o prelado apontou anecessidade de privilegiar na ação

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militar uma conduta “ética”, quepermita distinguir da melhor maneirao que fazer em cada situação eteatro de operações. E nessecampo lembrou a ação da IgrejaCatólica no meio militar, em especialdos inúmeros capelães militares queajudam a reforçar neste meio as“múltiplas dimensões do humano”,bem como “o espirito de corpo” detodas as forças que servem.O Seminário ‘Paz e Futuro daHumanidade’ teve como pano defundo o centenário das apariçõesde Fátima e o da I Grande Guerra(1914-18).Na Academia Militar, estiveramvários responsáveis cristãos quequiseram dar o seu contributo parao debate, a começar pelo bispo deLeiria-Fátima. D. António Martosalientou que Fátima permanececomo “promessa consoladora” paraum mundo onde “milhões depessoas vivem ainda no meio deconflitos insensatos” e em que“mesmo lugares outroraconsiderados seguros” estãotomados por “uma sensação geralde medo”.

“Fátima é uma mensagem demisericórdia da parte de Deus,sensível aos sofrimentos dahumanidade, para dizer que o mal ea guerra não são uma fatalidade,que é possível vencer esse malatravés de outras armas diferentesdas militares, que são as armas daconversão dos corações, dareparação do mal do mundo e daoração que transforma as pessoas ea cultura dos povos”, disse D.António Marto à Agência ECCLESIA.O ministro da Defesa Nacionalobservou, por sua vez, que conjugaros termos “Forças Armadas e paznão é um paradoxo” e salientou anecessidade de afirmar uma relaçãocada vez mais “clara” entre estesdois conceitos.José Alberto Azeredo Lopesdestacou o papel que Portugal temassumido nos vários teatros deguerra, na proteção e segurançadas populações. “O mais importanteé que, do ponto de vistareputacional, Portugal surge comofornecedor de paz e de segurança”,salientou.

O presidente da República Portuguesa disse que “a materialização dapaz” pede mais a toda a sociedade e não pode ser entendida apenascomo “um intervalo entre guerras”. No âmbito do Seminário ‘Paz e Futuroda Humanidade’, Marcelo Rebelo de Sousa realçou a necessidade de“debater a paz num mundo complexo, onde proliferam os conflitos e adesordem”. Frisou também que a cultura atual parece conformada com a“inevitabilidade da guerra”, e é preciso fazer mais, a começar peloslíderes mundiais.

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Eutanásia: Acrescentar coração àtécnicaO padre José António Pais, capelãodos Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC), diz que éfundamental encontrar soluçõespara “humanizar e dar dignidade” àspessoas, aos doentes, perante osofrimento e a morte. Em entrevistaà Agência ECCLESIA, o sacerdote,coordenador dos Capelães dosHospitais da Diocese de Coimbra,sublinhou que perante o debate queestá em curso sobre a eutanásianinguém terá “respostas definitivas”,o essencial é “perguntar como éque se pode dar dignidade aosúltimos momentos de uma pessoa”.Até porque, na opinião daqueleresponsável, é tão discutível aquestão “da eutanásia” como “a dadistanásia”, prática pela qual seprolonga através de meios artificiaise desproporcionais, a vida de umdoente incurável. “Por isso nãopodemos falar no geral, não temosreceitas, temos que analisar cadacaso por si”, sustentou o padre JoséAntónio, recordando que “cadapessoa sofre à sua maneira, deacordo com as suas circunstâncias”.“A dor não é igual para todos, hápessoas que sofrem sozinhas, quenão têm ninguém, como é quepodemos

acompanhar a pessoa, a famíliacomo é que podemos acompanhar,os profissionais de saúde comopodem acompanhar”, disse ocapelão hospitalar, para quem éimportante nesta matéria recorrer à“ciência” mas também ao “coração”.“Que os centros de cuidadospaliativos não sejam um depósito dedoentes em fim de vida”, alertouaquele responsável, para volta areforçar a tónica da humanização ea frisar que neste campo, não basta“a técnica e os medicamentos”, éprecisa também “a técnica docoração”.O padre José António Pais esteveenvolvido, nos dias 26 e 27 de maioem Fátima, na organização de umencontro alargado de profissionaisde saúde, promovido por váriosorganismos do setor, como asassociações de médicos, psicólogose farmacêuticos católicos.

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A Casa da Vida portuguesa emRomaO Pontifício Colégio Português, emRoma, foi distinguido esta terça-feira com o título ‘Casa de Vida’, daFundação Raoul Wallenberg,reconhecendo o papel da instituiçãocatólica durante a II Guerra Mundialno acolhimento aos perseguidospelo regime nazi.A cerimónia decorreu nas atuaisinstalações do colégio, propriedadeda Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP), com a presençado cardeal-patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente, presidente daCEP; do reitor da instituição, padreJosé Caldas; e da vice-presidenteda Fundação Internacional RaoulWallenberg, Silvia Costantini.O jornalista português AntónioMarujo, que em 2012 deu aconhecer a história do padreJoaquim Carreira e o seuacolhimento no Colégio Portuguêsde perseguidos pelo regime nazi, eLuigi Priolo, um dos beneficiáriosainda vivos do acolhimento, tambémestiveram presentes.A vice-presidente da FundaçãoRaoul Wallenberg disse que estemomento serviu fundamentalmentepara “celebrar a memória do bem ehonrar os que ajudaram osperseguidos”. Silvia Costantini faloudo Pontifício

Colégio Português como “uma casaque testemunha a coragem dosheróis silenciosos”, refere uma notaenviada à Agência ECCLESIA pelainstituição católica.A distinção ‘Casa da vida’ éatribuída a nível institucional depoisde o padre Joaquim Carreira, vice-reitor e reitor do Pontifício ColégioPortuguês entre 1940 e 1954, tersido considerado ‘Justo entre asNações’ a título póstumo, em 2010,pelo Memorial do Holocausto. Opadre Joaquim Carreira foirecordado pelo seu sobrinho, padreJoão Mónico, e por Luigi Priolo.Entre as pessoas que ficaramescondidas no colégio, de setembrode 1943 a junho de 1944, para alémde judeus, havia socialistas,resistentes antifascistas e outroscidadãos italianos que se opunhamao nazi-fascismo.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Bispo de Angra encerrou celebrações dos 400 anos do martírio do padroeiroda diocese

Interescolas 2017 em Fátima

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Visita a Génova, junto dos maisdesfavorecidos

O Papa Francisco viveu estesábado um dia de festa em Génova,onde saiu em defesa de quemtrabalha e recordou os mártires dehoje. Foi com grande emoção quecomeçou a primeira visita do PapaFrancisco à cidade do noroeste daItália, alertando para os problemasque afetam o mundo do trabalho.Simbolicamente, o encontro tevelugar junto ao porto desta cidade,na siderurgia ILVA.“Hoje, o trabalho está em perigo.Este é um mundo onde o trabalhonão se

considera com a dignidade que teme que dá”.Francisco apresentou-se como filhode imigrantes italianos e confessoua sua emoção: “Estar tão perto doporto lembra-me de onde saiu omeu pai. Isso emociona-me muito.Obrigado pelo vosso acolhimento”.Perante centenas de membros doclero e de institutos religiososreunidos na Catedral de SãoLourenço, o Papa evocou oscristãos coptas ortodoxos que forammortos,

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no Egito, num ataque armado.Franciscos afirmou que os mártiresde hoje são mais do que nostempos antigos. “Convido-vos arezar juntos pelos nossos irmãoscoptas, egípcios, que foram mortosporque não quiseram renegar a fé.Em união com eles, com os seusbispos, ao meu irmão Tawadros II,convido-vos a rezar, juntos, emsilêncio, e depois uma Ave-Maria”O Papa convidou depois os jovenscatólicos a rejeitar uma sociedadede exclusão que fecha as portas aquem sofre. Às palavras, somou-seo gesto: Francisco almoçou nacidade italiana 120 pessoas entrepobres, refugiados, sem-abrigo epresos. “Há tantos irmãos nossoscom o rosto, a face

desfigurada por uma sociedade quese defende apenas com a exclusão,isolando as pessoas, ignorando”.A agenda papal incluiu umapassagem pelo hospital pediátrico‘Giannina Gaslini’ de Génova, nonoroeste da Itália, onde esteve comas crianças e cumprimentou pais eprofissionais da instituição. “Osofrimento das crianças écertamente o mais difícil de aceitar,por isso, o Senhor chama-me aestar, ainda que brevemente, aolado destas crianças e adolescentese dos seus familiares”.O Papa encerrou a sua visita aGénova, perante milhares depessoas, pedindo que a Igreja sejacapaz de sair de si mesma e deservir o mundo, também através daoração.

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Viver com esperança ao encontrode quem sofreO Papa Francisco disse no Vaticanoque a vida dos católicos deve sermarcada pela esperança,projetando a celebração doPentecostes, com comunidades doRenovamento Carismático, queassinalam o seu 50.º aniversário.“Cheios de confiança, seremoscapazes de enfrentar qualquertribulação e de ser semeadores daesperança entre os nossos irmãos,consolando, defendendo eassistindo todos, como o Paráclitonos ensina”, disse, perante milharesde pessoas reunidas na Praça deSão Pedro para a audiência públicasemanal.A intervenção recordou emparticular os pobres, os “excluídos enão amados”, para além de desafiaros católicos a serem “defensores"da "criação" e dos "descartados"."Que a próxima festa dePentecostes - que é o aniversárioda Igreja -, esta próxima festa doPentecostes nos encontre unidosem oração com Maria, Mãe da Igrejae nossa. E o dom do Espírito Santonos faça abundar na esperança,direi mais: nos faça esbanjaresperança", desejou.A Igreja Católica assinala este

domingo o Pentecostes, 50 diasdepois da Páscoa, um diaparticularmente dedicado à oração ecelebração do Espírito Santo,terceira pessoa da SantíssimaTrindade na doutrina cristã.O Papa quis assinalar a “relaçãoque existe entre o Espírito Santo e aesperança”, sublinhando que é oEspírito que “move a Igreja, caminhacom ela”.Em português, deixou umasaudação particular a grupos defiéis de Angola, Sendim, Serrinha,Florianópolis e Minas Gerais.“Queridos amigos, nestes dias depreparação para a festa dePentecostes, peçamos ao Senhorque derrame em nósabundantemente os dons do seuEspírito, para que possamos sertestemunhas de Jesus até osconfins da terra. Obrigado pelavossa presença”, disse.

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50.º aniversário do RenovamentoCarismático CatólicoFrancisco saudou os vários gruposque estão em Roma para participarcom ele na Vigília de Pentecostes,este sábado, por ocasião dos 50anos do Renovamento CarismáticoCatólico (RCC). “Exorto-vos aperseverar na oração, juntamentecom Maria, nossa Mãe, pedindo aJesus que o dom do Espírito Santonos faça sobreabundar naesperança”, apelou.O Papa vai participar na festainternacional marcada para o CircoMáximo. “Por expressa vontade doPapa, vão intervir, para além dasvárias realidades do RenovamentoCarismático, representantes domundo evangélico e pentecostal,pelo que será um grandeacontecimento ecuménico”, refereum comunicado do RCC.O programa das celebrações levoucentenas de pessoas à Praça deSão Pedro, esta quarta-feira, para aaudiência geral com o PapaFrancisco, prosseguindo com váriosencontros, simpósios e celebraçõesno centro de Roma até domingo,com a festa de Pentecostes naPraça de São Pedro.Em julho de 2015, o Papa rezou noVaticano pela unidade dos cristãoscom bispos, sacerdotes e leigos das

várias Igrejas, durante umaaudiência com os membros doRenovamento Carismático de Itália.Durante a iniciativa, Francisco fezvotos de que “o Espirito Santoconduza todos os cristãos apercorrerem a estrada da unidade”,como uma “diversidade reconciliada”.O RCC nasceu durante um retiro deestudantes da UniversidadeDuquesne de Pittsburgh(Pensilvânia – EUA), em 1967 e estáhoje presente em mais de 200países, incluindo Portugal, com maisde 120 milhões de membros. Aolongo da sua história, a Igreja tempresenciado o surgimento de muitosmovimentos de “renovação”, emmuitos dos quais “irrompe avitalidade pentecostal da Igreja”.Trata-se de um desejo da presençacriadora e libertadora do Espírito.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Afeganistão: Papa condena ataque «abominável»

Dia Mundial das Comunicações Sociais

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Gerir o tempo ou a nós próprios?

Miguel Oliveira Panão Professor Universitário

Quantos de nós não temos tanta coisa para fazere falta-nos tempo? A agenda está cheia, tudo emcima da hora, ainda não terminei um trabalho epenso já no próximo...Quando pensamos em países desérticos, a águaé o bem mais precioso porque é essa que fazfalta. Nas sociedades tecnológicas, o bem maisprecioso deve ser o tempo porque muitos sequeixam da falta dele. A gestão do tempo é umdos maiores desafios actuais, mas será que oproblema estará em gerir o tempo, ou estaráantes na gestão que fazemos de nós próprios?Existem hoje muitas apps para nos ajudar a geriras finanças. E para o tempo? Existe algumacoisa? De facto, plataformas como oRescueTime, uma vez instaladas no computador,avaliam a nossa produtividade com base no tipode aplicações que usamos e sites queconsultamos. Porém, esta abordagem apenasnos dá uma visão do modo como usamos otempo que passamos diante de um computador,mas não avalia quando vemos televisão, ou oconteúdo do tempo que estamos no PC. Existemduas ferramentas que pode ajudar-nos a gerirmelhor o nosso tempo. Ferramenta 1 - Redescobir oanalógicoRecentemente, Michael Hyatt, um mentor virtualnas áreas da produtividade lançou um produtointitulado Full Focus Planner . A ideia éredescobrir o valor das aplicações analógicaspara registar o nosso progresso em termos deprodutividade e

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fazê-lo escrevendo à mão. Sim, àmão. Existem alguns estudos quemostram como escrever à mão leva-nos a aprender mais e a reter aquiloque aprendemos, do que usarportáteis para esse efeito. A razãoprende-se com o uso de partesdiferentes do cérebro, forçando-nosa processar melhor as mensagensque recebemos, criando mais emelhores pistas nas memórias paranos lembrarmos mais tarde, edando-nos um algo mais nacompreensão e memorização deconceitos. Os aparelhos digitaisdistraem-nos mais nesse sentido.Há quem pense que ser produtivosignifica ter a capacidade de fazermuitas coisas em pouco tempo, oumuitas coisas ao mesmo tempo, masnão. Ser produtivo é fazer bem otemos para fazer, de modoorganizado, sem falhar um prazo ousacrificar o tempo para estar com osque mais amamos, ou o tempo paraa nossa vida espiritual. E uma dasferramentas melhores para nosajudar a ser produtivos são oshábitos diários. Ferramenta 2 - A PotênciaDos Hábitos DiáriosOs hábitos que temos definem-nos,reduzem o stress, ajudam-nos a

concentrar no que é importante efomentam relacionamentos maissaudáveis. Quando as rotinas fazemparte da nossa vida, não pensamosmais sobre elas e a vida desenrola-se sem atropelos, valorizando onosso tempo e, assim, gerindo-omelhor. O desafio é adquirir hábitosque perdurem. E o segredo é saberpor que razão queremosdesenvolver um determinado hábito,começar por pequenas coisas,escrevendo-as.Há algum tempo que gostaria deescrever mais regularmente, masnão tinha tempo. A rotina matinalcom toda a logística familiar éintensa, o trabalho é exigente erequer uma gestão da minhaatenção em coisas muito diferentes,e quando chego ao final do dia, oumesmo de noite, estavasimplesmente cansado e escrevernão era a primeira coisa que melembraria de fazer. Talvez umepisódio de uma série, ou um filmepara relaxar. Conclusão: o tempovoava e não encontrava forma deconseguir escrever. Nessa alturadecidi escrever todos os passos daminha rotina matinal e descobri quese levantasse 1h mais cedo teriatempo suficiente para escrever. Ouseja, funciona! Hoje, escrevertornou um hábito diário.

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Ser, estar, fazer com…

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A conversa corria solta sobre modos de viver econviver, de estar e de relacionamentos. Falava-se do trabalho, da família, de grupos de amigos etambém de instituições ou associações, casosonde todos partilham interesses comuns,prestam tributo às mesmas causas e colocamtodos os esforços em tornos de projetossemelhantes. Assim é ou assim deveria ser(parece)! Mas não…! Repetem-se episódios deegoísmos entre parceiros, divisões entre iguais erivalidades estéreis entre colaboradores.Porque assim acontece, uma voz dessa conversasolta rapidamente se levantou para afirmar acerteza da possibilidade de proximidadesabsolutas em torno de ideais apenas numacircunstância: quando “partilhados” por umaúnica pessoa… É: viver uma doutrina, cumpriruma carta de princípios ou seguir umregulamento torna-se completamente

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transparente e simples quandoacontece de forma isolada,individualmente. No momento emque esse itinerário acontece emrelação, em grupo ou comunidade,aparentemente no mesmo trilho ecom pistas comuns, todas as regrasganham duplas ou triplas leituras eo que parecia um horizonte comumem torno da mesma meta descobre-se de forma cada vez mais ambígua.E tem de ser assim? Nos casos emque a pena corrige desvios deordens superiores, não (e mesmoassim, nem sempre…); mas quandoo juízo está confiado a outro Reino,o decorrer dos acontecimentossegue a tensão entresubjetividades, pareceres, opiniões,visões iluminadas sobre tudo o queestá para vir.

Assim também acontece emcomunidades de fé! Aquelaconversa solta teve esse contexto,para dizer que viver uma experiênciacrente sozinho éextraordinariamente simples! Vivê-laem relação, em comunidade, diantede “manias” de um e de outro é que“é obra”.E porque “é obra”, vale a pena! Pordois motivos: porque há muitoscasos de trabalho conjunto emcurso, onde se olha ao interessecomum, a conquista de objetivosentre todos, projetos de um grupo aconcretizar (a última semanamostroou isso, na Ecclesia); etambém porque o mundo melhorque todos, ou quase todos, procura,começa ao pé da porta. E acontecesempre que duas partes se juntampara criar união!

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O Semanário ECCLESIA centra hoje o seu dossier sobre a próximaJornada Nacional da Pastoral da Cultura, que decorre a 3 de junho,em Fátima, com o tema «'Out of the box': A relação dos jovens com aCultura». O evento culmina com a entrega do prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes ao encenador Luís Miguel Cintra,entrevistado nesta edição.Os textos e reportagens projetam o próximo Sínodo dos Bispos, queem outubro de 2018 estará centrado nos desafios das novasgerações e que o Papa quer que seja um evento “para todos osjovens”, independentemente da sua condição de fé ou relação com aIgreja Católica.

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“É como se a Igreja me desse umabraço” O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Conferência EpiscopalPortuguesa, atribuiu este ano o “Prémio Árvore da Vida-Padre ManuelAntunes” a Luís Miguel Cintra. Em entrevista à Agência Ecclesia, oencenador e ator afirma que receber um galardão da Igreja Católica, quetem por patrono um “apaziguador dos conflitos”, é uma afirmação de diálogocom quem foi “tão adepto como crítico”.

Entrevista conduzida por Paulo Rocha Agência Ecclesia – Que significadotem a atribuição do Prémio deCultura ‘Árvore da Vida – PadreManuel Antunes”?Luís Miguel Cintra - Agrada chamar-se ‘Padre Manuel Antunes’. Fuialuno dele, era visita da casa demeus pais, uma pessoa que conhecimuito bem e com quem converseimuitas vezes e, de certa maneira,funcionava como uma espécie deapaziguador dos conflitos em que agente se movia, na minha família.Há uma espécie de um “estar emfamília” com a atribuição do prémio.Claro que é o nome do prémio, nãoé ele que me atribui o prémio. Tudoo que eu sei da história da culturaclássica foi ele que me ensinou.Aprendi muito com ele.Por outro lado, é atribuído por

uma Igreja com quem dialoguei todaa vida, de quem fui tão adepto comofoi crítico, que acaba por dizersimbolicamente “não estamoszangados contigo!” AE – Afirma também a possibilidadedo diálogo?LMC – Não é possível o diálogo comtoda a gente, mas o prémio vemalargar esse âmbito…

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AE – É um prémio de cultura dado aum homem do teatro. Quesignificado tem?LMC – Isso também é engraçado,porque o teatro foi um território aque a religião foi sempre muitoavessa, a não ser nas cerimóniasreligiosas que integravam osespetáculos, a começar pelo teatrode Gil Vicente, que tem tantaspeças religiosas que eramintegradas em cerimónias religiosas,como o ‘Auto da Alma’, que eu tivehá poucos anos o prazer de fazer,justamente no momento em queestava a por muita coisas em causae me apetecia rever a minhaposição perante a Igreja e perante afé. Somos herdeiros ou dadoutrina cristã ou dadeformação da doutrinacristãAE – Teatro e religião estão emrelação permanente?LMC – O teatro e toda a vida daspessoas. Quer queiram quer não, avida dos portugueses e europeusestá impregnada de uma civilizaçãoque foi profundamente cristã.Somos herdeiros ou da doutrinacristã

ou da deformação da doutrinacristã. E como o teatro lida com avida, porque temos de recriar a vida,seres humanos em cena, textosantigos, épocas que já não são asnossas, tudo isso me faz pensarmuito sobre o que fazemos, comonos organizamos, como nosrelacionamos uns com os outros… Equando pensamos no teatro dessamaneira, não temos paciência paraoutras coisas mais superficiais. AE – Basta estarmos no seuescritório de trabalho, onde nosencontramos, para vermos muitossinais dessa cultura cristã. E esteespaço, cheio arte cristã, entreoutras, mostra também o que foi aconstrução do seu itinerário devida?LMC – Isto é como se fosse umquarto de brinquedos. Não tenhodevoção por nenhuma das imagensque aqui estão, que estão muitomisturadas, umas sacras e outrasprofanas. É a minha privada divinacomédia. AE- Isso mostra que o palco danossa vida é feito de todos esteselementos?LMC – Claro que é! O que me dápena é que cada vez tenha menoselementos destes. Eles não estãona

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atualidade, onde o que manda é odinheiro, o lucro, onde tudo émedido pela sua eficácia e nada égeneroso em si próprio, por bem,prazer e para engrandecimento doser humano. Eu aprendi isto com acultura! Não se pode meter isto nacabeça das pessoas ou fazerdoutrinação com isto.

Ao longo da história, vemos que aarte antecipa muitas coisas, amaneira de pensar, a maneira comovemos os outros e a evolução domundo. Em grande parte, são osartistas que abrem portas. Depois,as outras pessoas fecham, porquenão querem saber. Apesar de tudovai ficando um lastro…

O valor de um prémio

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O teatro é uma atividadelúdicaAE – Qual o contributo específicodo teatro?LMC - Uma das coisas fundamentaisdo teatro é que a gente está semprea lidar com os outros. É umaatividade lúdica, no sentido maiselevado da palavra. Somosobrigados a jogar com os outros namedida em que estamos arepresentar uma interpretação domundo que queremos compartilhar

com outras pessoas e tambémporque estamos a jogar com outraspersonalidades que pensam outrascoisas. É uma atividade fantástica! AE – Em “O Estado do Bosque” háessa interação permanente entre osatores e o público?LMC – “O Estado do Bosque” é umcaso muito especial. Não consideroque seja uma peça de teatro, masum poema dramatizado, onde se põe

O papel da Igreja é unir

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o problema do que é ser condutorde homens. O problemafundamental é o do guia de umafloresta: a floresta é a vida e o guiaé ou o papel da Igreja ou de algumser que ajuda os outros a entrar nafloresta.A personagem, John Wolf, temmuitas dúvidas, não sabe nada, écego. Portanto, nem sequer vêcomo é guia. E essa ideia é umametáfora poética: o cego é quemmais vê. Ou seja, quem temconfiança e acredita que acondução das coisas não é feitaapenas pela vontade nem porrelações de poder, mas por relaçõesde amor, amizade. Por confiança,por alguma coisa superior à própriavida e que não podemos entender oque é. AE – O que diz esta obra do seuitinerário de vida?LMC – Presta testemunho e explicacomo é que as coisas se passam.Essa personagem cruza-se comoutras, que querem fazer a viagemna floresta e é o confronto entrediferentes pontos de vista que trazalgum pensamento a quem assiste.A peça é escrita pelo PadreTolentino, de quem sou muitoamigo, e que tem sido um grandecompanheiro na discussão destesassuntos.

AE – É um guia?LMC – Ele não quer ser guia, masacaba por guiar muito, porque temuma atitude completamente aberta,disponível, como o John Wolf, quenão tem certeza nenhuma, mas acapacidade de, dentro dodesconhecido e ignorado, acolhertudo. O que é uma coisa muitointeressante e muito certa.

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“A minha vida está todamisturada de influênciasde muita gente” AE – O percurso do Luís MiguelCintra deve-se muito à educação, àspropostas dos pais?LMC – Imensíssimo. Não só dosmeus pais, mas também dos meusprofessores. Fui integrado numsistema de ensino de direita, mesmofascista, nos seus princípios, masde muito boa qualidade. O reitor doLiceu Camões era um ótimo reitor,de

incrível capacidade de trabalho eorganização. Ele tinha a ideia de terde formar elites e para isso formouturmas com os melhoresprofessores. Eu fui aluno deimensos deles, como Mário Dionísio,que me marcou imenso. AE – Formar a pessoa, no seutodo?LMC – Não era só ensinar amatéria, era justamente formar apessoa. Muitos colegas têm hojecargos de responsabilidade, comoAntónio Guterres, que foi meucolega de turma deste o primeiroano do liceu. Éramos os doismelhores alunos da turma…

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Ele tinha normalmente as melhoresnotas a ciências e eu a letras,apesar dele também escrever muitobem! Outra pessoa que era muitomeu amigo era o doutor AntónioRendas, que chegou a ser aquelaespécie de super-reitor de todas asuniversidades durante algum tempo. AE – Continuou esse ambiente naFaculdade de Letras?LMC – Na Faculdade era diferente.Tínhamos também professoresótimos, como já não há: orlandoRibeiro, Manuel Antunes, o meupróprio pai e muitos professores daFaculdade de Letras tinham uma

noção do que era o ser humano e oque era o seu próprio saberintegrado nos outros saberes, o quese chama uma educação humanista. AE – Começou a fazer teatro naFaculdade de Letras…LMC – Comecei… A minha vida estátoda misturada de influências demuita gente e dos meus próprioscolegas. A Faculdade era importantenão só pelos professores, mas pelavida universitária: reuníamo-nos nobar, conversávamos muito temposobre tudo e mais algumacoisa, vivíamos em conjunto, o queteve muita importância.

Da primeira peça à Cornucópia

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Os Evangelhos são deuma modernidade incrível AE – Dizer a Bíblia é uma das artesque o distingue, como na recenteapresentação d’ “As sete últimaspalavras de Cristo na Cruz”. O querepresenta esse contacto com otexto bíblico?LMC – Representa muitíssimo.Tenho um prazer que não podemimaginar!Quando se lê em voz alta e se tema

noção do que se está a ler, comuma bocadinho de capacidade deanálise, fica-se deslumbrado! OsEvangelhos são de uma obra primaabsoluta! E de uma modernidade deescrita incrível, independentementedo seu conteúdo religioso.Quando leio, tento passar o meusentimento em relação ao texto.Como na arte sacra: as diferentesrepresentações, de imagens, dão-me noção do que significa construiruma imagem sagrada. Com a voz agente também faz a mesma coisa.

O prémio da Igreja Católica é um abraço

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AE – É necessário algum estudo etreino específico?LMC – Leio muitas vezes… Mas osEvangelhos não são o mais difícil deler. Estão muito bem traduzidos. AE – O seu percurso de vida temsido distinguido por muitasinstituições, agora também pelaIgreja Católica. Que relevânciaatribui a estes galardões?LMC – Os prémios são muitodiferentes uns dos outros. Não temnada a ver receber um ‘Globo deOuro’ ou receber o prémio da Igreja,ou mesmo o ‘Prémio Pessoa’.O prémio da Igreja católica estáligado a coisas essenciais. AE – E são essas que sedistinguem?LMC – Sim. Não espero muitasconsequências práticas. Prefiropensar que é mais generoso do queisso. É como se a Igreja me desseum abraço! Isso é agradável porquetenho nostalgia de uma Igrejadiferente.Há um filme que gosto imenso deRosselini, que se chama “o Santodos pobrezinhos”, sobre SãoFrancisco. É o filme mais pobre quese possa

imaginar, mais simplório do mundo,onde uns amadores com um atorprofissional estão a fazer defranciscanos e os episódios da vidade São Francisco. Isso representapara mim a ideia de Igreja: o maisfraterno, mais simples, maisgeneroso que se possa imaginar. Etenho essa nostalgia…Que a Igreja não se zangue comcoisas que eu diga, antes pelocontrário, dá-me gosto!

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A relação dos jovens com a Cultura"«Out of the box»: A relação dosjovens com a Cultura" é o tema da13.ª Jornada Nacional da Pastoralda Cultura, que decorre a 3 dejunho, em Fátima. A iniciativa doSecretariado Nacional da Pastoralda Cultura (SNPC), organismo daIgreja Católica em Portugal,enquadra-se na próxima assembleiageral do Sínodo dos Bispos, que emoutubro de 2018 vai refletir sobre‘Os jovens, a fé e o discernimentovocacional’.José Carlos Seabra Pereira, diretordo SNPC, refere à AgênciaECCLESIA que o tema da jornada játinha sido escolhido, pelo que falanuma “boa coincidência” com aspreocupações do Papa Francisco.O responsável fala na importânciade procurar “estar na dianteira”deste debate, tomando a iniciativade discutir ideias e questões,mormente num espaço de “fronteira”como é o das culturas juvenis, com“maior relatividade dos padrões dogosto”, por exemplo.“São realidades fluídas, nas suasfronteiras”, realçou.O diretor do SNPC alude ainda ao“inconformismo” das novasgerações, que traz desafiosparticulares

quando estão em causa a definiçãode caminhos de “continuidade oumudança”.A Jornada Nacional acabou por serdesenhada de forma “algodiferente”, em 2017, com apresença de oradores de váriasgerações, com “longa experiênciade relação com jovens” e depessoas que “têm algo a dizer”sobre a relação dos mais jovenscom a Cultura.José Carlos Seabra Pereira esperaque exista um “encontro”, um“dueto” de perspetivas diferentes,por força dos vários trajetos de vidados participantes, dando comoexemplo o episódio que aconteceuapós a ressurreição de Jesus, comos discípulos Pedro e João acaminho do túmulo: São João, maisjovem, correu e chegou primeiro,mas não entrou sem São Pedro.Para o diretor do SNCP, é precisoidentificar e refletir sobre as“presenças ou ausências” da IgrejaCatólica neste campo da Cultura,identificando “potencialidades deevangelização”.A conferência de abertura éproferida pelo padre CarlosCarneiro, jesuíta. À semelhança dosanos anteriores,

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aos debates segue-se aintervenção do público e a interaçãocom os conferencistas.Além dos agentes da Pastoral daCultura, o tema da Jornada abre-sea professores, educadores eresponsáveis pela juventude deparóquias, organismos emovimentos.A iniciativa culmina com a entregado prémio ‘Árvore da Vida-PadreManuel Antunes’ ao encenador LuísMiguel Cintra. Para o diretor doSNPC, este vai ser um momento“muito gratificante, do ponto de vistacultural e cristão”.

No contexto dos jovens no mundo atual, “as antigas abordagens já nãofuncionam e a experiência transmitida pelas gerações precedentes torna-se rapidamente obsoleta. Oportunidades válidas e riscos insidiososentrelaçam-se num enredo não facilmente solúvel. Tornam-seindispensáveis instrumentos culturais, sociais e espirituais adequados, afim de que os mecanismos do processo decisório não se bloqueiem e deque, talvez por medo de errar, não se acabe por se submeter à mudançaem vez de a orientar”, lê-se no documento preparatório do próximoSínodo de 2018.

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13.ª Jornada Nacionalda Pastoral da Cultura 09h00Acolhimento 10h00AberturaD. Pio Alves, presidente daComissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociaisJosé Carlos Seabra Pereira, diretordo Secretariado Nacional daPastoral da Cultura 10h15ConferênciaP. Carlos Carneiro, SJ, diretor doCentro Reflexão e EncontroUniversitário Inácio de Loiola 11h00Debate 11h30Painel 1Fátima Pimparel, referente daPastoral da Cultura da Diocese deBragança-Miranda

Fernando José Cassola Marques,doutorando em Informática, Diocesede Aveiro P. Ricardo Tavares, referente daPastoral da Cultura da Diocese deAngra 12h15Debate 14h30Momento musicalBeatriz Cortesão, harpista Quarteto de Saxofones da EscolaProfissional ARTAVE Grupo de Fados da AssociaçãoAcadémica de Coimbra 15h00Painel 2Catarina Farinha, licenciada emFarmácia Biomédica, voluntária emprojetos com crianças e jovens

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Manuel Pinto, professor catedráticoda Universidade do Minho, Institutode Ciências Sociais, Departamentodas Ciências da Comunicação Maria Helena Vieira, professora daUniversidade do Minho, Instituto deEducação, Departamento de Teoriada Educação, Educação Artística eFísicaJoaquim Franco (Moderador),jornalista

15h45Debate 16h30Entrega do Prémio Árvore daVida - Padre Manuel Antunes aLuís Miguel Cintra

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Os jovens são muito inquietose nada conformadosA irmã Ana Paula Conceição,assistente do movimento juvenil‘Giofrater’ ligado às FranciscanasMissionárias de Nossa Senhora,afirma que os jovens “são muitoinquietos e nada conformados” comdesejo de uma Igreja “aberta atodos, essencialmente à diferença”.“Os jovens de hoje, e aqueles quevou contactando, são muitoinquietos e nada conformados, têmo desejo de algo grande, de ideais esão muito disponíveis e envolvidosnaquilo que sentem que é justo e ébom para todos”, disse emdeclarações à Agência ECCLESIA.Numa época em que os jovensestão “muito dispersos” pelas redessociais e têm diversas “solicitaçõese oportunidades” na sua vida, areligiosa considera que a dispersão“cria maior dificuldade” que ajuventude perceba “o seu espaçona Igreja, como Igreja e o seuenvolvimento na mesma”.“Aqueles com quem voucontactando têm muitoscompromissos eclesiais e muitodesejo de uma Igreja aberta a todose, essencialmente, à diferença, aisão muito sensíveis”, acrescenta.

A irmã Ana Paula Conceição éassistente do ‘Giofrater’, movimentojuvenil ligado às FranciscanasMissionárias de Nossa Senhora,refere que o “testemunho de vida”com conteúdo é o mais importante eexplica que têm atividades onde osjovens são desafiados a “convidaramigos” que podem não ter vidaeclesial.“Quando conseguem trazer um ououtro eles percebem que amensagem passa mais porquetrouxeram-nos para estar, para ver,e alguns sentem que faz sentido,outros continuam sem contexto deIgreja e envolvimento”, desenvolve.Para a religiosa a pastoral é feitatambém “muito tu a tu, não é umacoisa de massas”, como é óbvio nãovão a uma universidade e envolvertodos de uma vez mas é preciso umcontato que “personaliza muito apresença de Jesus na vida de cadaum”.O Papa Francisco convocou paraoutubro de 2018 a 15.ª assembleiageral ordinária do Sínodo dosBispos dedicada ao tema ‘Osjovens, a fé e o discernimentovocacional’.

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A irmã Ana Paula Conceição explicaque a reunião dos bispos é umaoportunidade que começa já na suapreparação porque os documentose trabalhos preparatórios que jáestão com os jovens ajudam-nos “apensar na sua realidade” e àprópria Igreja “como pode estarcom” porque “trata-se sempre decaminhar em comunhão”.“É importante não apontarmos só oserros dos jovens e da juventude eos problemas que têm, que têmmuitos como em todas as épocasmas olhar o quanto de positivo tême podem dar à Igreja e como Igrejae comprometer no que a Igreja temcomo missão”, desenvolve.A partir da sua experiência destacaque os jovens “estão muito abertos”

ao voluntariado, à ação pastoral ena entrega aos outros, “sãomuito disponíveis” e a Igreja tambémtem espaço e cria nas comunidades“locais de abertura à mudança”.“Têm horizontes diferentes ecapacidade de tolerância e aberturamuito maior”, realçou a entrevistadasobre os jovens, identificandotambém “desafios” como a falta deemprego, “não terem facilidadespara dar resposta, fazem um curso enão têm saída para essa formaçãoem Portugal”.A religiosa formada em enfermagemsalienta que os jovens são “muitoaudaces”, aventuram-se pelo mundoà procura de oportunidades, são“empreendedores” e “muito capazesde se dar e construir coisas novas”.

A Ecclesia procura perceber que caminho é feito e que instrumentosexistem para que os jovens continuem a ser Igreja. Essa é a proposta domais recente livro da coleção Youcat, nesta edição dedicado à DoutrinaSocial da Igreja. Conversamos com o sacerdote paulista José AndréFerreira, responsável em Portugal pela dinamização desta proposta. [Para ouvir]

(CAIXA)A Ecclesia procura perceber que caminho é feito e que instrumentos existem para que

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A Ecclesia procura perceber que caminho é feito e que instrumentos existem para queos jovens continuem a ser Igreja. Essa é a proposta do mais recente livro da coleçãoYoucat, nesta edição dedicado à Doutrina Social da Igreja. Conversamos com osacerdote paulista José André Ferreira, responsável em Portugal pela dinamizaçãodesta proposta.Para ouvir: http://sites.ecclesia.pt/radio/bo/arquivos/ecclesia_30mai2017.mp3

Perceber mais e melhor a IgrejaCatólica

A preparação do Sínodo dos Bisposdedicado aos jovens, que o PapaFrancisco marcou para outubro de2018, está a decorrer com a fase deauscultação nas dioceses eparóquias em todo o mundo. Ementrevista à Agência ECCLESIA,Fernando Lopes, um jovem de 22anos, escuteiro, ligado aoAgrupamento 45 de Caxias, naregião de Lisboa, realça que estainiciativa mostra a preocupação da

Igreja Católica em “estar maispróxima de todos”.Depois do encontro sinodaldedicado à temática da Família,entre 2014 e 2015, está nohorizonte uma nova reunião, sobre arelação dos jovens com a IgrejaCatólica, os seus anseios einterpelações, o enquadramentocom a fé, a resposta à propostavocacional.Para Fernando Lopes, dizer que osmais novos andam afastados da

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Igreja Católica não traduz arealidade atual, antes pelocontrário. “Há cada vez maismovimentos associados aocatolicismo, há um aumento donúmero de jovens católicos, e issonotou-se claramente na presençado Papa em Fátima, onde vimosmassas gigantes de grupos, dediversas idades”, recorda oescuteiro.O cerne da questão, de acordo comeste caminheiro, está nanecessidade de cada estruturacatólica atualizar linguagens emétodos para melhor ir ao encontrodas novas gerações, sem com issomudar aquilo que é próprio, que é achave da religião e da fé. “Acho quehá toda uma parte protocolar daIgreja que não muda e se calharnão é atualizada, mas também tem asua quota-parte de importância”,admite Fernando Lopes.Mas o futuro da Igreja Católicatambém depende da oportunidadeque é dada aos mais novos, departicipar, de se exprimir. “Tudo oque os jovens vão trazer para aIgreja será moderno mas semprecom as ligações da tradição, e trarámais jovens para a Igreja”,complementa.Fernando Lopes entre aos 11 anosnos escuteiros, tem portanto metadeda vida dedicada ao CNE, e dedica-se

neste momento à formação dos maisnovos, dos lobitos, entre os 6 e os10 anos. Os pequenos identificam-se com os escuteiros, e com as suasregras e valores, porque “veem queé algo que podem pôr em prática nasua vida”.Assim também tem de ser em toda aIgreja Católica, aponta FernandoLopes, que reconhece hoje umamudança de paradigma na iniciaçãodos mais novos na fé. “Hoje osjovens juntam-se mais tarde à Igreja,por vontade própria, porque os paisjá não o fazem, e porque queremperceber mais e melhor”, observa omembro do agrupamento 45 deCaxias.Sobre o documento preparatório do“Sínodo da juventude”, e oquestionário que foi disponibilizadopela Santa Sé, este escuteirodestaca uma linguagem que“qualquer um consegue entender”,muito “contemporânea” e adequadaaos “desafios” atuais.A forma como o Papa Franciscoalerta para a “crise de valores” queestá na origem de todas as outrascrises, da pobreza à guerra, dafamília aos jovens. “Há crises quenão são crises políticas oueconómicas, são crises humanas enão podemos olhar aos númerosmas às pessoas”, recorda FernandoLopes.

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Desafiar os jovens à proatividadeO responsável nacional das EquipasJovens de Nossa Senhora diz que oSínodo que a Igreja Católica vaidedicar às novas gerações, em2018, é um teste à capacidade dajuventude católica dar voz aos seusanseios e inquietudes.“O Papa pede-nos tantas vezes quesaiamos do sofá e façamos ascoisas por nós próprios, e depoisnão podemos ser incoerentes aoponto de ter uma atitude de espera,de esperar que as coisas sejamfeitas por nós”, frisa AntónioBrandão Vasconcelos, para quem oSínodo é antes de mais um apelo à“proatividade”.Formado em Economia e Gestão,com 24 anos, António Vasconcelosconsidera que o Sínodo dos Bispos,que vai refletir sobre a relação dosmais novos com a Igreja Católica,surge numa “fase excelente” paraos jovens portugueses.Em primeiro lugar pela mobilização eresposta que tem havido àspropostas pastorais, que são“muitas” e para todas as idades.Desde “movimentos” juvenis comoos “Escuteiros”, ou as própriasEquipas Jovens de Nossa Senhora,a projetos que têm ganho “força”nas dioceses e paróquias, tambémno meio

“universitário” que tão bem conhecee onde surgem as questões mais“complicadas”.“Há decisões muito grandes a tomar,a entrada na faculdade, a escolhado curso, o acabar o curso ecomeçar a trabalhar, a vocação.Mas perguntar é bom sinal, o piorseria não perguntarmos nada,dormir à sombra da bananeira àespera que tudo aconteça”,sustenta António Vasconcelos.O Sínodo dos Bispos virado para ajuventude, que o Vaticano vaiacolher em outubro de 2018, vemna sequência de um outro encontrode responsáveis católicos de todo omundo, que a Santa Sé dedicou àFamília entre 2014 e 2015.Por agora, o evento está ainda nasua fase preparatória, com o envio atodas as dioceses do mundo deum questionário através do qual sepretende perceber como é que osmais novos podem ser hojeanimados a uma presença e a umaparticipação mais efetivas nasociedade e na Igreja Católica.António Vasconcelos sublinha oconvite à “partilha” de contributos,muito ao estilo do método dasEquipas jovens de Nossa Senhora.

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Um movimento que, à semelhançade outros que existem pelo país, é“uma riqueza da Igreja” e uma“resposta clara àquilo que são asnecessidades dos jovens”. “Muito do carisma das Equipas étrabalhar temas de fé para aspessoas crescerem juntas nestecaminho” e, no caso do Sínodo, “émuito importante fazer uma reflexãoséria

sobre aquilo que os jovens estão aprecisar”, acrescenta.‘Os jovens, a fé e o discernimentovocacional’, é o tema reservadopara o próximo Sínodos dos Bispos,que o Papa Francisco já disse quequer “aberto a todos os jovens,também os agnósticos ou ateus”.

Um movimento que, à semelhança de outros que existem pelo país, é “uma riqueza daIgreja” e uma “resposta clara àquilo que são as necessidades dos jovens”.

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Igreja” e uma “resposta clara àquilo que são as necessidades dos jovens”. “Muito do carisma das Equipas é trabalhar temas de fé para as pessoas cresceremjuntas neste caminho” e, no caso do Sínodo, “é muito importante fazer uma reflexãoséria sobre aquilo que os jovens estão a precisar”, acrescenta.‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, é o tema reservado para o próximoSínodos dos Bispos, que o Papa Francisco já disse que quer “aberto a todos os jovens,também os agnósticos ou ateus”.O diálogo entre os jovens e a cultura

Vejo a relação dos jovens com acultura como um diálogo, emque cada uma destas partes éum dos interlocutores. Para quedê frutos é necessário procurarsinergias, mas também é essencialconhecer as várias características econdicionantes que influenciam odiálogo e todas as partesenvolvidas.A cultura como uma expressãohumana vive de várias dimensões,

sendo uma das mais relevanteso tempo. Citando Vergílio Ferreira,“Toda a cultura é um diálogo com oseu tempo”. Esta é uma afirmaçãoque faz sentido se for aplicada aoconceito de juventude. Esta, comomanifestação de energia,irreverência e curiosidade, étambém reflexo do seu tempo. Assimé essencial que este diálogoconsidere o tempo, que viva aatualidade, cresça com as lições dopassado e se

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transcenda de olhos postos nofuturo que cada vez chega maisrápido.Outra condição para a formação deum bom diálogo prende-se com asua utilidade. Tanto a cultura comoos jovens precisam de ver nesteencontro algo que lhes permitaevoluir. Esta utilidade pode parecertrivial, mas nem sempre épercecionada se uma ou ambas aspartes não estiverem sintonizadasna mesma frequência.Neste ponto é necessário aintervenção de terceiros, a quechamaria de facilitadores, elementosmais experientes que sabemestabelecer vias de entendimentoaproximando linguagens emotivações. O conceito defacilitadores recorda-me osmecenas do Renascimento, umaépoca muito prolifera a nível culturalonde a irreverência de muitosjovens artistas de várias áreasimpulsionou não só a dimensãoartística, mas transbordou paraoutras ciências como a medicina e aengenharia e fez avançar o mundopara a modernidade. Um dessesmecenas foi a Igreja Católica, queconfiou em jovens artistas comoMichelangelo ou Caravaggio para

levarem por diante as suas criações,pintando igrejas ou esculpindo earquitetando as suas obras e ideias.A história mostra-nos que estediálogo já decorre há muito tempo, eque em alguns períodos foi de talforma audível, útil e contemporâneoque foi impulsionador de grandesmudanças.É por isso necessário, que com aajuda de facilitadores e a entregaautêntica e honesta dosinterlocutores, se encontremcaminhos para que esta conversavolte a acontecer.Como músico, que encara ajuventude como público alvo,procuro viver verdadeiramente estediálogo, refletindo no meu trabalhoas preocupações e os interessesdos que me ouvem e sobretudoproduzindo algo que possa ser útil epositivo a todos.

Pedro Mota

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Ler para ver!Muito se fala e comenta sobre arelação que os mais novos têm eterão com a leitura. As opiniõespoderão dividir-se. Pode haverquem julgue que os jovens nãoestão a ler o suficiente ou não estãoa dedicar-se a leitura de qualidade.Tantas vezes submersos nummundo cada vez mais tecnológico,que recursos literários sobram aosmais novos? Saberão encontrar olivro que lhes vai mudar a vidamesmo estando mergulhados emteclas e teclados?Quero acreditar que sim. Queroconvencer-me que os mais novosainda têm os olhos acordados esuficientemente despertos para aleitura e para os livros. Claro queesse estado de maior alerta para aleitura também é influenciado pelogrupo de adultos que partilha a vidacom a criança ou com o jovem. Pais,avós, outros familiares, professorese educadores assumirão um papelrelevantíssimo no processo queenvolve o contacto dos mais novoscom os livros e os mundos queestes têm dentro. Cabe-nos a nós aresponsabilidade de educar para lere para ver. Na verdade, quem tem a

oportunidade de viver a sua vida apar com a vida de um livro poderáser profundamente mais feliz. Dentrode um livro cabem histórias efotografias imaginadas. Dentro deum livro há ferramentas paraaprender a ver melhor tudo o quehá no mundo.Então, em termos práticos, como éque se convence uma criança a lerum livro? Como é que se competecom o embate visual e interativo datecnologia? É fácil. Se pensarmosbem, é bastante fácil. Um livroconquista uma criança pelo impactoque a história pode ter nela. Assim,basta-nos contar-lhe uma história.Encher a boca e o coração damagia que têm as palavras quemoram dentro de um livro e de umahistória. Abrir os braços e os olhos edeixar-se ser também criança.Contar uma história. Tão simplesassim. Quem ouve uma história, vaiquerer ouvir mais. Depois, vaiquerer ler e procurar outrashistórias. Depois, vai compreenderque o que se descobre dentro deum livro não poderá nuncadescobrir-se em mais lugar nenhum.Em conclusão, não valerá a penadeclarar guerra às novastecnologias

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nem tão pouco considerá-las umadesvantagem em comparação coma simplicidade das páginas de umlivro. O mais prudente será,provavelmente, aliar a inovação domundo de hoje à cultura e, nestecaso, à leitura. As aventuras quesaltam de dentro das

páginas de um livro sãoinsubstituíveis. O carrossel em quese entra quando se vive a par comuma história pode mudar, parasempre, a forma como cada umpercebe e vê o mundo.

Marta Arrais

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Setúbal iniciou caminho depreparaçãopara o Sínodo da JuventudeA Diocese de Setúbal, a par dasoutras dioceses do país, já iniciou ocaminho de preparação para oSínodo dos Bispos que se irárealizar em 2018, com o tema: "Osjovens, a fé e o discernimentovocacional".De acordo com o Pe. João NabaisDias, diretor do SecretariadoDiocesano da Pastoral daJuventude de Setúbal, “o primeirodesafio desta fase de preparação éo de congregar os grupos emovimentos que trabalhamdiretamente com os jovens e osajudam no seu discernimento evocação”.A primeira sessão de auscultaçãodecorreu, assim, no passadosábado, dia 27 de maio, ondeestiveram reunidos os secretariadosdiocesanos ligados à pastoraljuvenil e vocacional, e osmovimentos juvenis com açãopastoral na diocese. O Bispo daDiocese, D. José Ornelas, marcoupresença no início para dar umapalavra de incentivo a estestrabalhos.Nas próximas sessões que aPastoral da Juventude vai realizarestarão representados os Institutosde Vida Consagrada e asInstituições que cuidam de jovensem situação de

risco. Serão ainda realizadassessões com os responsáveis degrupos de jovens, nas diferentesvigararias, incluindo-se, aqui,algumas instituições não eclesiais. Colocar a Igreja deSetúbal na lógica sinodalCom estas sessões de auscultação,diz ainda o Pe. João Dias, “oobjetivo é que, partilhandoconhecimento e experiênciasvariadas, se procure entender arealidade do mundo dos jovens,nomeadamente as dificuldades eêxitos com que estes agentes sedeparam”.O diretor do secretariado diocesanodiz, ainda, que “mais do que umamera resposta ao inquérito propostono documento preparatório, e a vivoconselho do nosso Prelado, aimportância desta fase éprecisamente colocar a Igreja deSetúbal no espírito e na lógicasinodal”.De futuro, assinala ainda o diretor,“é importante continuar com estaatitude dos agentes pastorais de,em conjunto, refletir a pastoral nabusca da

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renovação, complementaridade ecooperação, de modo que, nadiversidade de carismas, ajudemosos jovens a descobrir o dom davida, o sentido e a profundidade dafé que esta acresce e conduz à vidaem Cristo”.Por outro lado, indica, “é importanteter adultos bem preparados eformados, para que possamverdadeiramente ser uma mais-valiaao discernimento e vocação dosjovens”. Sínodo é “lufada de arfresco”Rita Lopes é vice-presidente daregião sul dos Jovens SemFronteiras e participou na primeirasessão de auscultação da Pastoralda Juventude de Setúbal. Para ajovem, “este Sínodo vem como umalufada de ar fresco e a esperançade poder levar este Amor de Cristomais além”.“Os jovens têm questões, têmdúvidas, têm mitos que os media ouaté alguém em totaldesconhecimento lançou comosemente e germinou. É bom ver quea Igreja se prepara, agora, não sópara ouvir os jovens, mas tambémpara se aproximar deles, ajudá-los,questioná-los para que estespossam obter resposta”, refereainda Rita Lopes.

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Redes Sociais DigitaisAinda tendo presente o Dia Mundialdas Comunicações Sociais, quevivemos no passado domingo, ondeo Papa Francisco nos apelou a‘Comunicar a esperança e aconfiança no nosso tempo’,quebrando a lógica de “notíciasmás” e rejeitando osensacionalismo, esta semanaproponho abordar uma temática queestá na ordem do dia.Todo o ser humano é por naturezaem ser social, que necessita deestar em contacto com o outro. Arelação com o outro é umacaracterística intrínseca a toda apessoa. No espaço virtual o cenárionão é diferente, dado que estamosa tratar com pessoas, mudandosomente o campo de interação.Como grande vantagem, o facto dacomunicação ser imediata,ultrapassando barreirasinimagináveis.As redes sociais são portanto, umreflexo dessa necessidade decomunicação, feita através dainternet. A pessoa apresenta-se aomundo virtual através de páginaspessoais, blogues ou serviçosespecíficos para esse efeito(facebook, twitter, instagram, whatsup, etc.), tudo isto, utilizando asmais recentes tecnologias ao nívelde som, texto e imagem.

O grande objetivo presente naexistência de uma rede social passapor permitir ao utilizador apresentar-se de um modo pessoal,expressando-se com outrosindíviduos que partilhem interessescomuns. Portanto, os sítios nainternet criados específicamentepara o efeito, foram concebidospara que os utilizadores partilheminformações acerca de si (dadospessoais, opiniões e gostospessoais – livros, músicas, filmes),existindo normalmente apossibilidade de outros efetuaremcomentários aos diversos assuntoscolocados nesse espaço virtual,criando assim a tal rede.A maioria destes serviços sãofornecidos de forma gratuita, sendoapenas necessário que o utilizadorse registe num sítio web. Os dadospessoais são pedidos logo nomomento da inscrição, no entantopodemos escolher aqueles quepretendemos que fiquem visíveispara a comunidade. Através dosdados partilhados, procuram-seafinidades, denominadores comuns,criando assim a tal “rede deamig@s”. Essa rede vai sendoalargada na medida em que osnossos amigos ficam visíveis aosamigos dos outros, o conceito

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“traz outro amigo também”, noestado mais puro!Como facilmente podemosdepreender, o conceito de amizadenas redes sociais, é usado de umaforma bastante alargada, sendo quequalquer semelhança com arealidade física, não passa dissomesmo.Nós cristãos temos uma missão

urgente a realizar nas redes sociais.Somos desafiados a não sermosprofetas das desgraças e acima detudo, temos a obrigação, deespalhar esta esperança alicerçadana Boa Nova que é Jesus Cristo.

Fernando Cassola [email protected]

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II Concílio do Vaticano: Portuguêsteve direito a um bilhete especial

O cardeal português José Saraiva Martins estava nacapital italiana no decorrer dos trabalhos conciliares(1962-65) e conseguiu assistir às discussões destaassembleia magna nos últimos três dias, “embora nãotivesse qualquer direito a isso”, mas pediu autorizaçãoa monsenhor Pericle Felici, o futuro cardeal, que erasecretário-geral do Concílio.“Ele acedeu e deu-me um bilhete que me permitiaassistir aos trabalhos conciliares. Eu estava muitointeressado nos debates, porque um dos temas maisdiscutidos era o da colegialidade episcopal” (In:Andrea Tornielli; «Quando a Igreja Sorri - UmaBiografia do Cardeal José Saraiva Martins», Lisboa,Alêtheia Editores). Um colega espanhol do padre JoséSaraiva Martins “opunha-se bastante à ideia dacolegialidade”, mas o futuro cardeal português tinhauma “opinião diferente, e estava convencido de que oproblema não se podia pôr apenas em termosestritamente jurídicos”.O debate de ideias era uma constante e, no referidolivro, o padre José Saraiva Martins, missionárioclaretiano, escreve que esse seu colega espanholredigiu um opúsculo contra a colegialidade. Oportuguês fez o mesmo, mas a defender acolegialidade. A articulação da defesa estava bemredigida e o “grande teólogo Yves Congar” –nomeado cardeal por João Paulo II, numa idadeavançada – escreveu-lhe dizendo que “apreciara osestudos sobre o tema e que depois os citou nos seuspróprios artigos”.Em 1959, mal se licenciou em Teologia, o jovem

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sacerdote iniciou o seu magistériodocente a ensinar metafísica napequena e risonha cidade deMarino (nos castelli Romani). Apartir do ano letivo de 1959-60lecionou Teologia Fundamental, oTratado «de Revelatione» eDogmática Sacramental no InstitutoTeológico Claretiano de Roma,situado na Via Aurelia Nuova efiliado na Faculdade de Teologia daPontifícia UniversidadeLateranense, primeiro comoprofessor convidado (1959-64),depois como professorextraordinário (1964-66) e,finalmente, como professor ordinário(1966-69).A sua atividade docentecaracterizou-se sempre “pelo rigorcientífico” e por uma notável clarezade exposição, fruto de umaprofundado estudo e de “cuidadapreparação das aulas”. Foiprecisamente esse rigor científico,ou seja, o desejo de aprofundar osproblemas teológicos, que o levou a“pedir autorização para lerdeterminados livros, que na alturaeram severamente proibidos pormotivos doutrinais” (In: AndreaTornielli; «Quando a Igreja Sorri -Uma Biografia do Cardeal JoséSaraiva Martins», Lisboa, AlêtheiaEditores). O pedido foi “deferido”;“com efeito, João XXIII concedeu-lhe,por meio da então «SupremaCongregação do Santo Ofício»,autorização”.

O professor John Egbulefu sintetizabem as capacidades do padre eprofessor português e onde se situaas suas diretrizes teológicas: “Umateologia viva, que respira com doispulmões: o tomismo e a patrística”.Encontramo-nos perante um teólogovigoroso […], profundo e serenocomo um mar tranquilo, perante umverdadeiro dogmático, que nãovacila nem hesita”, referiu um dia D.José Policarpo sobre o cardeal JoséSaraiva Martins.

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Editorial Cáritas na Feira do LivroNos próximos dias 8 e 16 de junho,pelas 18h00, a Editorial Cáritasestará na Praça Amarela da Feira doLivro para a apresentação de duasdas suas mais recentes obras. Nodia 8 de junho, a obra de FranciscoVaz, “João Paulo II – O Compromissopela Paz”, será apresentada pelo Professor Doutor Américo Pereira, que nasemana seguinte, dia 16, regressará ao mesmo local para lançar um livrocoordenado por si - “Entendimento Global e Compromisso com asPeriferias”-, um conjunto de textos resultantes de intervenções de diferentesautores na edição de 2016 da Summer School organizada pelas Faculdadesde Teologia e de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. Caritas Diocesana do Porto cria Fundo para a SaúdeA Caritas Diocesana do Portoanunciou esta semana a criaçãode um Fundo para a Saúde,depois de ter identificado que asnecessidades a este nívelrepresentam a maior fatia deinvestimento financeiro dos grupossocio-caritativos da diocese.Este Fundo pretende assim apoiaros grupos sócio caritativos e osserviços de Cáritas Paroquial nodesenvolvimento da sua ação juntode pessoas em situação de pobreza. [Saber mais]

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Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima tem novo Serviçode Apoio à Maternidade em DificuldadeO Serviço de Apoio à Maternidade em Dificuldade(SAMD) é uma resposta da Cáritas de Leiria-Fátima para o apoio a mulheres grávidas quemanifestam a intenção de realizar uma interrupçãovoluntária da gravidez por não encontraremreunidas as condições económicas para acolherum filho.O SAMD é um serviço gratuito que pretendeproporcionar meios e estratégias para aprossecução de uma gravidez no seio de famíliasmais vulneráveis, garantindo o acompanhamento individual de cadamulher/família durante a gravidez e até aos 3 anos de idade da criança,apoiando a inserção profissional das mães no mercado de trabalho e aarticulação com instituições/serviços que potenciem a promoção da criança. [Saber mais]

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Junho 2017Dia 03 junho*Portalegre - Conselho Diocesanode Pastoral *Lisboa - Lumiar (MonjasDominicanas) - Conferência sobre«O barro e o tesouro, parábola dahistória e do reino» pelo padreTolentino Mendonça *Porto - A ‘Elenco Produções’ vaiapresentar o musical ‘Entre o Céu ea Terra’, sobre os 100 anos dasAparições de Fátima. *Porto – Canelas - O Grupo deJovens da Paróquia de São JoãoBaptista de Canelas, Vila Nova deGaia, Diocese do Porto, promove o«GodTellers», encontro de músicade inspiração cristã. *Vaticano – O Papa Franciscorecebe crianças de localidadesitalianas atingidas por terramotos *Fátima - Domus Carmeli - AJornada Nacional da Pastoral daCultura culmina com a entrega doprémio Árvore da Vida-PadreManuel Antunes ao encenador LuísMiguel Cintra tem como tema «'Outof the box': A relação dos jovenscom a Cultura».

*Braga - Vigília de Pentecostes cominício na Basílica dos Congregadose encerramento na Sé de Braga epresidida por D. Francisco SenraCoelho *Itália - Roma (Circo Máximo) -Celebração do 50.º aniversário doRenovamento Carismático Católicopresidida pelo Papa Francisco *Fátima - Jubileu das Vocaçõespresidido por D. António Marto,bispo de Leiria-Fátima. *Faro - A Diocese do Algarvepromove a jornada da Igrejadiocesana, uma iniciativa prevista noprograma pastoral deste anoinspirado em Maria “comoconvergência do caminhopercorrido”. *Braga - Claustros do Mosteiro deSão Miguel de Refojos - Concerto«Oratória Mariana» interpretado porTeresa Salgueiro *Leiria - Santuário de NossaSenhora da Encarnação - A Vigíliade Pentecostes na Diocese deLeiria-Fátima vai realizar-se noSantuário de Nossa Senhora daEncarnação e vai juntar osmovimentos e comunidadespresentes neste território eclesial.

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*Lisboa – Sé - Vigília dePentecostes promovida pelo Serviçoda Juventude do Patriarcado deLisboa *Beja – Sines - Sessão do Festival«Terras Sem Sombra» leva músicaa Sines e promove patrimóniohistórico e natural (03 e 04) *Lisboa - Paróquia de São Tomásde Aquino - A Paróquia de SãoTomás de Aquino, em Lisboa, vaiacolher, de 03 de junho a 31 dejulho, a exposição «Síria, revista eaumentada». A mostra contém 18fotografias de Pedro Barros comtextos de Álvaro Figueiredo,resultado de uma viagem feita em2007. Dia 04 de junho*Lisboa - Lourinhã – Ribamar - Osmovimentos da Ação Católica doPatriarcado de Lisboa realizam afesta da família rural, na Casa doOeste, em Ribamar, Lourinhã. Esteano, a encíclica «PopulorumProgressio» vai estar em destaquecom uma conferência de Guilhermed´Oliveira Martins sobre ocinquentenário deste documento doPapa Paulo VI *Porto - Santuário do Monte daVirgem - Dia da «Voz Portucalense»com celebração presidida por D.António Francisco Santos

*Lisboa - Seminário da Torred´Aguilha - Os Missionários doEspírito Santo estão a assinalar os150 anos de missão em Portugal ecelebrar o "Pentecostes Jubilar" emLisboa e em Braga. A celebraçãojubilar de Lisboa vai decorrer noSeminário da Torre d´Aguilha, emSão Domingos de Rana (Cascais), ea de Braga no Seminário NossaSenhora da Conceição. Dia 05 de junho*Porto - Centro Paroquial de Sanfinsde Ferreira - Sessão do ciclo «AAlegria do Amor no Cinema» Dia 06 de junho*Portalegre - Conselho Presbiteralda Diocese de Portalegre-CasteloBranco

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- O Centro Nacional do Graal, na Golegã, recebe este

sábado dia 03 de junho às 11h00 uma conferência edebate intitulada ‘O Pentecostes e o tempo de hoje’,com intervenção do professor Luís Moita, investigadorem relações internacionais na Universidade Autónomade Lisboa. - A música-sacra vai ecoar este domingo, dia 04 dejunho, no espaço do Mosteiro dos Cardaes em Lisboa,com um concerto que reunirá um conjunto de obras-primas do reportório coral nascido na Europa, comdestaque para peças de autores como FelixMendelsson, Edvard Grieg, Anton Arensky e ClaudioMonteverdi. O espetáculo começa às 19h00, cominterpretação do grupo Capela Nova. - Quer conhecer a história e a vivência dos frades doConvento dos Capuchos, na Serra de Sintra? Entãotem oportunidade de o fazer também no domingo, apartir das 17h15, numa iniciativa que conta cominvestigação e organização de Miguel Boim, e quedepende de inscrição prévia através do email:[email protected]. - A Fundação S. João de Deus vai abrir dia 8 de junhoao público, no Museu Pio XII em Braga, uma exposiçãodedicada à vida e obra de S. João de Deus. Comentrada gratuita no primeiro dia, esta mostra estarádisponível até ao dia 16 de junho. - No campo da literatura, saiba que no dia 10 de junhoàs 16h00, o Museu de Lamego acolhe a apresentaçãoda obra ‘A Diocese de Lamego em Três Histórias’, umtrabalho do padre Joaquim Correia Duarte, queapresenta três documentos essenciais sobre o legadoda Igreja Católica na região, e dos bispos que aserviram, desde o século XVI.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 04 junho, 13h30 -Entrevista a Luís MiguelCintra - Prémio Árvore daVida Padre Manuel Antunes. Segunda-feira, dia 05, 15h00 - Entrevista com FernandoMoita, João Barros e Matildesobre as aulas de EMRC. Terça-feira, dia 06, 15h00 - Informação e entrevista aopadre Manuel Barbosa sobre a Carta Pastoral daConferência Episcopal Portuguesa sobre a catequese. Quarta-feira, dia 07, 15h00 - Informação e entrevistaà José Luís Nunes Martins sobre a Feira do Livro deLisboa. Quinta-feira, dia 08 junho, 15h00 - Informação ecomentário à atualidade Sexta-feira, dia 09, 15h00 - Entrevista de análise àliturgia de domingo com o padre João Lourenço e JuanAmbrosio. Antena 1Domingo, 04 de junho - O percurso de Luís MiguelCintra, prémio Árvore da Vida Padre Manuel Antunes. Segunda a Sexta-feira, 05 a 09 junho - Editoras naFeira do Livro de Lisboa

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Ano A – Solenidade do Pentecostes Dons doEspírito para obem comum

O tema deste domingo de Pentecostes é,evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todosos crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma,constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a leinova que orienta a caminhada dos crentes e cria anova comunidade do Povo de Deus.Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é afonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Eleque concede os dons que enriquecem a comunidade eque fomenta a unidade de todos os seus membros.O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã,reunida à volta de Jesus ressuscitado: umacomunidade viva, recriada, nova, a partir do dom doEspírito, que nos convida a dar testemunho do amorque Jesus viveu até às últimas consequências.Olhemos a situação da Igreja e da sociedade concretaem que vivemos. A presença do Espírito só podeprovocar em nós um novo olhar de esperança, derenovação, de compromisso.A Palavra de Deus dá-nos os elementos essenciaisque definem a Igreja: uma comunidade de irmãosreunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito doSenhor ressuscitado e que testemunha na história, deforma efetiva e coerente, o projeto libertador de Jesus.Desse testemunho resulta a comunidade universal dasalvação, que vive no amor e na partilha, apesar dasdiferenças culturais e étnicas.A Palavra de Deus diz-nos que os dons querecebemos não podem gerar conflitos e divisões, masdevem servir para o bem comum e para reforçar avivência comunitária. As nossas comunidadesdeveriam ser

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sempre espaços de partilha fraternae nunca campos de rivalidades cominteresses próprios, atitudesegoístas, tentativas de afirmaçãopessoal. Isto vale para o nossocompromisso na Igreja e nasociedade.A Palavra de Deus diz-nos que acomunidade cristã só existe deforma consistente, se está centradaem Jesus. Jesus é a sua identidadee a sua razão de ser. É n’Ele quesuperamos os nossos medos, asnossas incertezas, as nossaslimitações, para partirmos àaventura de testemunhar a vidanova no Espírito.A Palavra de Deus diz-nos que ascomunidades construídas à volta

de Jesus são animadas peloEspírito: sopro de vida quetransforma o barro inerte numaimagem de Deus, que transforma oegoísmo em amor partilhado, quetransforma o orgulho em serviçosimples e humilde. O Espírito faz-nos superar as cobardias, medos efracassos, derrotar o ceticismo e adesilusão, reencontrar a orientaçãode vida, readquirir a audáciaprofética, testemunhar o amor,sonhar e construir uma Igrejagerada no Espírito de Jesus Cristo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Fátima e a história do século XXportuguês

O secretário de Estado da Culturadisse na Academia Portuguesa daHistória que o estudo do centenáriode Fátima significa também “estudaro século XX português”, pelaimportância que os acontecimentosda Cova da Iria ganharam. MiguelHonrado falava na abertura docolóquio ‘Fátima. História ememória’, uma iniciativa conjunta daAcademia Portuguesa da História edo Santuário de Fátima, quecomeçou sexta-feira em Lisboa eprosseguiu no sábado em Fátima.Para o secretário de Estado daCultura, Fátima deixou um legado“determinante” para a história dos

últimos 100 anos, que “ultrapassagrandemente” a dimensão religiosa.O padre Carlos Cabecinhas, reitordo Santuário de Fátima, disse porsua vez que este é um “tema deflagrante atualidade”, dando comoexemplo as mais de 21 mil notíciaspublicadas a respeito da visita doPapa Francisco, a 12 e 13 de maio.Fátima, prosseguiu, é um dado“incontornável” para a historiografiaatual, elogiando a “pluralidade deleituras” e sublinhando anecessidade, por parte dosresponsáveis do Santuário, depromover o conhecimento das“fontes” e de criar condições paraum

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“estudo científico e pluridisciplinar”. A conferência inaugural esteve acargo de Marco Daniel Duarte,diretor do Serviço de Estudos eDifusão do Santuário de Fátima,para quem a Cova da Iria ganhouinquestionavelmente um lugar novoapós 1917.A intervenção, com o título ‘O tempoe o Espaço – Micro e macro-históriado acontecimento «Fátima»’,realçou a riqueza de análises, quetem gerado debates “frutíferos”,apesar do “prejuízo dos olharessempre comprometidos”.Segundo Marco Daniel Duarte, abase “inicial” para o entendimentodos acontecimentos de Fátima é “anotícia”. “Foi pela notícia que ofenómeno teve a difusão querapidamente o transmuta”,permitindo-lhe ganhar dimensãonacional e internacional, precisou.Para o membro da AcademiaPortuguesa da História, osacontecimentos chegaram amilhares de pessoas “de formavertiginosa”.No sábado, o bispo da Diocese de

Leiria-Fátima, D. António Marto,sublinhou hoje a importância dainvestigação histórica para evitarvisões redutoras a respeito dosacontecimentos de 1917, na Covada Iria. O responsável, que falavana abertura do segundo dia docolóquio, sublinhou que este é umfenómeno “complexo” e sujeito ao“conflito de interpretações”, peloque deve ser “analisado com rigorhistórico” que previna “reduções”.D. António Marto deixou uma palavrade apreço pela AcademiaPortuguesa da História,“congregadora de diferentesescolas e visões”, e sublinhou aimportância desta “preciosa efrutífera parceria”. O preladoentende que o colóquio possibilitou“o cruzamento de olhares e odebate” sobre o fenómeno deFátima, que, pela sua importância,gera “múltiplas leituras”.“Fátima é na verdade um fenómenoe um acontecimento que se foi e sevai desvelando e revelando aolongo da história”, precisou.

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Fátima, Portugal e o mundo

O cardeal-patriarca de Lisboaencerrou em Fátima o colóquiohistórico dedicado ao centenáriodas aparições, sublinhando adimensão universal que osacontecimentos da Cova da Iriaconquistaram. D. Manuel Clementefalou do “século português deFátima”, na conferência final docolóquio ‘Fátima. História e Memória’,

observando que na ideia deconsagração do mundo ao CoraçãoImaculado de Maria, proposta emFátima, está o conceito de“reconstrução” do mundorepresentada nesta devoção e noseu “desígnio providencial”A consagração, acrescentou, é“repor nas mãos de Deus”, algoque, tal

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como todos os acontecimentos deFátima, se inserem numa “visãobíblica”. Na Cova da Iria, adimensão local ganhou umarepercussão universal por força deuma história coincidente com“expectativas gerais”.D. Manuel Clemente recordou que,em 1917, Portugal atravessava ummomento “muito difícil”, onde “poucosobrava além da resistência de umpovo”, e disse que os últimos 100anos foram “um século desobrevivência”, perante condiçõesadversas de origem “interna eexterna”. “Tudo isto se reflete e serefletiu em Fátima”, precisou.O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa afirmou aindaque, neste século, se chegou a uma“melhor compreensão” do que éEstado e o do que é a Igreja.

O professor catedrático AdrianoMoreira falou, por sua vez, da“questão religiosa”, tendo recordadoque, durante o Estado Novo, o“receio crescente do avanço doSovietismo” levou ao reforço da“linha católica”. O antigo ministrofalou da “influência determinante” daIgreja Católica na definição doEstado no Ocidente e dos valores“cristãos” nesta evolução política.Dado que “nunca foi possívelestabelecer um Estado-modeloúnico”, realçou Adriano Moreira, ahumanidade procura uma “ordeminternacional”.Nesse sentido, concluiu, éimportante compreender aprogressiva importância de Fátimaem relação com a situaçãointernacional do século XX.

O delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), D. CarlosAzevedo, disse em Lisboa que os historiadores têm de “sujar as mãos”nos arquivos e nos documentos de Fátima para continuar o seu trabalhosobre os acontecimentos de 1917. “Nenhum discurso histórico podeprescindir do contacto direto com as fontes”, sustentou o bispo português,que esteve ligado à publicação da Documentação Crítica de Fátima,durante o colóquio ‘Fátima. História e memória’.D. Carlos Azevedo sustentou que “continua a haver ignorância das fontespor parte dos escritores de Fátima”, lamentando a “ligeireza” com quealguns falam dos acontecimentos, “repetindo olhares apriorísticos eideológicos”.

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Bispo de Bangassou arrisca a vida para salvar milharesde muçulmanos

Escudo humanoA República Centro-Africana estánum absoluto caos, com cidadese aldeias tomadas por gruposarmados que espalham o medo ea morte. Há apenas trêssemanas, em Bangassou, graçasà coragem do bispo local e àatuação pronta de militaresportugueses ao serviço da ONU,não foram chacinadas centenasde pessoas. Eram quase todasmuçulmanas. Agora estãorefugiadas em igrejas e noseminário local. Foi na segunda-feira, dia 8 de maio,que a situação começou a tornar-seexplosiva. Grupos de jovensarmados começaram a atacar váriaslocalidades na República Centro-Africana. Nada parecia ser capaz dedeter o ódio com que disparavam asarmas. Conotados com grupos de“autodefesa”, estes “anti-balaka”procuram semear o medo entre acomunidade muçulmana no país. Nosábado, dia 13, atacaram a cidadede Bangassou, correndo casa acasa, procurando eliminar o maiornúmero possível de pessoas. Nomeio do caos, centenas demuçulmanos fugiram procurandosalvar as próprias vidas. O Bispode

Bangassou, o comboniano espanholD. Juan José Aguirre, abriu asportas da própria Catedral, da casaepiscopal e do seminário abrigandoassim cerca de 2 mil pessoasassustadas. Muitos refugiaram-setambém na mesquita. Os jovensarmados – cerca de 600 – cercaramentão a mesquita, disparando parao seu interior. Ninguém conseguiasair dali. Estavam encurralados. Ládentro já havia um númeroconsiderável de pessoas feridas.Era preciso evitar um massacre.Então, D. Juan José Aguirreavançou para a porta da mesquita,enfrentando as milícias armadas,oferecendo-se como um escudohumano na tentativa de salvar todasaquelas pessoas. “Eu mesmo fuipara lá e coloquei-me diante damesquita pedindo para pararem comos disparos.” Em declarações àFundação AIS, ao telefone, desdeBangassou, D. Juan Aguirre lembraque o seu principal objetivo era“negociar a saída dos muçulmanos”que estavam abrigados namesquita. Mas, de repente, os “anti-balaka” voltam a disparar. Por sorte,D. Aguirre não é atingido, mas umlíder muçulmano,

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que estava mesmo a seu lado, nãoteve a mesma sorte e morreu. Sónão se verificou uma tragédiaimensa graças à chegada,entretanto, de um grupo decomandos portugueses – uma forçade reação rápida – ao serviço dasNações Unidas, que permitiuresgatar o prelado e libertar osmuçulmanos que se encontravamna mesquita. Futuro incertoO Bispo de Bangassou não temmãos a medir. Todos osmuçulmanos que lhe pediramrefúgio estão numa situaçãodramática. “Temos mais de duas milpessoas que não fazem ideia decomo estão as suas coisas, os seusbens, as suas casas. Provavelmenteroubaram-lhes tudo. Nós, emconjunto com a Cruz Vermelha, jáenterrámos mais de cinquentacorpos… Nestes trinta e cinco quevivi aqui – acrescenta o prelado –nunca vi nada assim.” O PapaFrancisco já manifestou a suatristeza por esta violênciadescontrolada. “Rezo pelosdefuntos e feridos e renovo o meuapelo: que as armas se calem eprevaleça a boa vontade emdialogar para trazer paz edesenvolvimento ao país.” Contraos grupos armados

que semeiam o terror e a morte,a Igreja tem apenas as armas dapalavra, do perdão e da caridade. Oexemplo do Bispo de Bangassou,que arriscou a própria vida parasalvar centenas de muçulmanos, iráajudar a fazer esse caminho dereconciliação, que é a única viapossível para a paz. Contra aviolência ergue-se o poder daoração.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Lúcia, Jacinta e Francisco,a força das crianças!

Tony Neves Espiritano

Viram Nossa Senhora em Fátima e as suas vidasmudaram. Foram portadoras de uma mensagemde paz e de esperança. Eram de desgraçaaqueles tempos com a guerra a dizimar o mundoe a pobreza a fazer outro tanto.Naquela Cova da Iria, as fracas pastagens dostempos da primavera obrigavam rebanhos epastores a deambular por montes e vales àprocura do alimento para as ovelhas. Assim seasseguraram os leites e as crias, a carne ovina ealguma perspetiva de futuro. É a três destascrianças que Deus decide mandar Maria com umaviso à navegação, que mais não é que umavivar de páginas do Evangelho maisesquecidas: a paz depende do amor com que sevive, das mudanças que se operam nas vidasque fogem do essencial do humano.E, com coração e cabeça de crianças, ospastorinhos recebem a mensagem e comunicam-na da melhor forma que sabem. As dúvidas dosinícios são mais que compreensíveis, de tãoinesperado que é o evento. Mas o que estesmiúdos dizem ter visto e escutado não dava parainventar, porque é limitada a capacidade humanade criar nestas idades tão tenras. Por isso,espalha-se a notícia como boa nova. O povocomeça a correr para a Cova da Iria e asautoridades locais entram em pânico, uma vezque a mensagem de Fátima se opunharadicalmente aos ideias republicanos

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anticlericais que, naquele tempo enaquela terra, se tentavam impor atodo o custo.O nosso povo diz que a verdade écomo o azeite na água: vem sempreao de cima! Estou profundamenteconvencido que foi por isso queFátima cresceu tanto e tãodepressa a partir do testemunhovivo e feliz dos pastorinhos, estastrês crianças que partilharam com omundo inteiro uma mensagem tãodensa, tão intensa, tão urgente.O Dia Mundial da Criança,celebrado a 1 de Junho, diz-nos queos miúdos são o melhor do mundo:pela simplicidade, pela inocência,pela ternura, pelo sinal deesperança que dão ao mundo,apontando caminhos de futuro. ALúcia, a Jacinta e o

Francisco, há cem anos, deramcorpo a esta esperança. Afragilidade que esconde umacriança merece cuidado, dedicação,apoio, protecção, oportunidade.Mensagens que nos cheguem pormeio delas, como a de Fátima,exigem de nós coração, acolhimentoe cumprimento.O papa Francisco pediu: ‘Faz-nosseguir o exemplo de Francisco eJacinta, e de todos os que seentregam à mensagem doEvangelho’.Faz sentido evocar o refrão quehoje se canta, em Fátima e nomundo, pedindo a intercessão dosnovos santos, as crianças de maistenra idade a chegar aos altares:’cantemos alegres a uma só voz,Francisco e Jacinta, rogai por nós!’.

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