catálogo mostra de cinema russo contemporâneo

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Catálogo da Mostra de Cinema Russo Contemporâneo. Caixa Cultural Rio de Janeiro, de 3 a 13 de fevereiro de 2015. Produção, Ars et Vita Identidade Visual e design gráfico, Phamela Dadamo

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A CAIXA é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira, e destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em seus espaços, com o foco atualmente voltado para exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional, e artesanato brasileiro.

Os eventos patrocinados são selecionados via Programa Seleção Pública de Projetos, uma opção da CAIXA para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio.

Ao longo de duas semanas, a Mostra de Cinema Russo Contemporâneo apresentará ao público brasileiro filmes representativos do cinema russo, no limite entre duas épocas da história deste país: o cinema soviético do período da Perestroika e o cinema russo dos últimos 20 anos. Serão exibidos 16 filmes, além de palestras com Andrey Plakhov, Irineu Franco Perpétuo, Elena Plakhova e com a cineasta Maria Saakyan.

Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 154 anos de atuação no país, e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação efetiva no presente, compromisso com o futuro do país, e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

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Há vinte anos atrás, o filme “Penitência” (Pokayanie), realizado em 1984 pelo diretor georgiano Tenguiz Abuladze, gerava uma grande polêmica em toda a União Soviética. Muitos acreditavam que, caso este filme fosse exibido nos cinemas, isto significava que realmente alguma coisa importante estava acontecendo no país e era possível acreditar na transparência (glasnost), nas mudanças e no que chamavam de “Perestroika” (reconstrução). “Penitência” foi exibido nos cinemas em 1987, e imediatamente tornou-se um símbolo audiovisual da sua época.

Se o “Degelo”, iniciado por Khrushchev, trouxe uma liberdade maior para as artes em geral, isto não aconteceu no cinema. Na década de 1960, muitos escritores e poetas aproveitaram a abertura de Khrushchev para expurgar o espírito stalinista da literatura, provocando o nascimento de um novo gênero literário, diferente do realismo soviético. No entanto, não se viu um análogo na sétima arte, em grande parte devido à natureza específica da produção e distribuição cinematográfica, que envolvia uma série de interdependências em todas as suas fases. O cinema do “Degelo”, mais suscetível ao controle e censura por parte do Estado, manteve-se conservador e o espírito stalinista pairou sob o cinema até a chegada de Gorbachev ao poder.

A Mostra de Cinema Russo Contemporâneo apresenta pela primeira vez no Rio de Janeiro, uma seleção de 16 filmes realizados durante a “Perestroika” e na Rússia da década de 1990 e do início do século XXI, possibilitando ao público carioca a oportunidade de conhecer um cinema que aborda pela primeira vez temas de grande importância da história do país durante o século XX. É impossível compreender o cinema russo contemporâneo, sem evocar o cinema da “Perestroika”, este cinema realizado entre duas épocas. Graças à produção dessa época, que praticamente aboliu a censura até então sempre presente na indústria cinematográfica soviética, cineastas de diversas origens e idades retrataram pela primeira vez o assassinato da família imperial russa, as perseguições stalinistas da década de 1930 e o trágico destino dos soldados russos na Guerra do Afeganistão. No entanto, esses diretores não se libertaram da censura somente ao tratar de assuntos passados, mas também ao falar do presente e do futuro. O cinema da “Perestroika” retrata de uma maneira visceral a realidade e angústias das pessoas na Rússia do final do século XX.

Nos dias atuais, quando os netos da Perestroika mostram-nos as consequências deste cinema nos seus filmes, a Rússia encontra-se novamente diante de uma encruzilhada e por vezes temos a impressão de vislumbrar um “déjà vu”. Porém o cinema na Rússia atual, com todas as suas diversidades e nuances, é, sobretudo, um cinema autoral sem nenhuma sombra do medo que rodeava o cinema soviético. Como Yuri Zhary, personagem inicial do filme “O Espelho”, de Andrey Tarkovsky, o cinema russo contemporâneo não gagueja e não tem medo de falar livremente.

Luiz Gustavo CarvalhoCurador da Mostra

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A vida do novo cinema russo e soviético começou a ser escrita em maio de 1986, durante o “Quinto Congresso de Cineastas”, quando foram escolhidos novos dirigentes, sob a presidência de Elem Klimov, os quais criticaram os «intocáveis» conservadores e apoiaram as reformas de mercado na indústria cinematográfica. Com isso, os estúdios de cinema ganharam independência artística e financeira e a censura foi praticamente liquidada.

Até esse momento histórico, apesar das suas indiscutíveis realizações, o cinema nacional passava por uma crise profunda, como consequência da estagnação social e política. Somente as pessoas que adulavam o poder, podiam trabalhar sem problemas. Os melhores cineastas, como inclusive Aleksey German e Kira Muratova, passaram anos sem trabalhar, após terem mais um de seus filmes “colocados na prateleira”. Outros, como Otar Iosseliani e Andrey Tarkovsky, foram para o estrangeiro e, por isso, banidos da sua pátria. Os jovens talentos, dentre eles Aleksander Sokurov, encontraram imensas dificuldades tentando ultrapassar a censura.

O número de pessoas que foram ao cinema assistir filmes soviéticos aprovados pelo poder oficial foi falsificado, mas mesmo assim o número de pessoas que iam ao cinema era bastante alto. A quantidade de filmes estrangeiros exibidos foi limitada e vídeos oficialmente proibidos não podiam circular pelo país, pois eram considerados ilegais. Mas não era mais possível manter um país inteiro sob um isolamento de informações e de cultura: a revolução tecnológica batia à porta.

Praticamente, após o “Quinto Congresso de Cineastas”, foi criada uma comissão para lidar com os assuntos criativos do cinema. Eu, por exemplo, soube que havia sido indicado para ser o presidente dessa comissão, quando voltei de Tbilissi, para onde eu tinha viajado no dia seguinte ao encerramento do congresso. Em Tbilissi, eu já havia começado a trabalhar na tentativa de trazer para Moscou a cópia de «Penitência», filme proibido de Tenguiz Abuladze. A sua legalização foi uma das ações de maior impacto dessa comissão. Um total de 250 filmes que haviam sido censurados, foram legalizados nessa ocasião. Os mais importantes entre eles foram “A longa despedida”, de Kira Muratova, “A voz solitária do homem”, de Aleksander Sokurov, “Anjo”, de Andrey Smirnov, “A lancha de Ivan”, de Mark Ossepian, “Comissário”, de Aleksander Askoldov e, obviamente, “Penitência”, uma farsa trágica anti-stalinista que apelava para fazer as contas com o passado totalitário, e para propor uma renovação social. Apesar da resistência dos conservadores, “Penitência”, foi exibido nos cinemas da Rússia e representou a União Soviética no Festival de Cannes, ganhando o Grande Prêmio.

CINEMA DA “PERESTROIKA”:REVOLUÇÃO OU EVOLUÇÃO?Andrey Plakhov

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No final dos anos 80, apareceram os primeiros filmes que foram realizados sem os tabus impostos pela censura. Eles legalizaram temas proibidos como “sexo” (como em “A pequena Vera”, de Vassily Pitchul), “violência”, dentre outros. Não só os jovens cineastas, mas também diretores conceituados abordaram temas importantes da vida dos jovens: Eldar Riazanov filma “Querida Elena Sergueevna” e Petr Todorovsky, “Garota internacional”, um filme no qual a heroína principal é prostituta e, ainda assim é ilustrada com compaixão. Estes filmes despertaram um grande interesse por parte do público, tornando-se líderes de bilheteria.

Outra repercussão interessante desses eventos deu-se na obra de Serguei Soloviev, mais um famoso cineasta da época. Antes da Perestroika, ele, adaptando clássicos da literatura para o cinema, filmava um cinema nostálgico sobre o destino dos intelectuais russos (intelligentsia) de uma maneira bastante pitoresca (“Cem dias depois da infância”, “Salvador” e “A herdeira”). No entanto, ainda em 1986, como um artista intuitivo, Soloviev realiza uma mudança abrupta em seu estilo. Filmado nos estúdios do Cazaquistão, o filme “A pomba branca”, não esconde as influências de cineastas tais como Aleksey Guerman e Aleksander Sokurov, nem as “vacinas” que o cineasta recebeu durante o seu contato com alunos da lendária classe cazaque (dirigida pelo diretor no VGIK*, alunos esses que realizaram estreias famosas tais como “La-kha” e “Agulha”, de Rashid Nugmanov). A mistura entre “grande estilo” e técnicas de vanguarda eternas e transitórias, fórmulas características da época do nascimento do pós-modernismo russo, são os principais elementos, através dos quais Serguei Soloviev conseguiu romper os grilhões do neoclassicismo e virar o representante mais brilhante deste estilo. O seu filme “Assa” (1987) estava repleto de uma ânsia por mudanças, de ações guerrilheiras undergrounds contra a arte oficial, do exotismo da “contra-cultura” jovem e dos códigos distintivos do tempo de transição. O próprio Soloviev chamou esse filme, que tornou-se um filme da moda, de o início da “Trilogia do marasmo” ou “Três canções sobre a Pátria”, seguido por “Rosa preta, emblema de tristeza; rosa vermelha, emblema do amor” e “A casa sob o céu estrelado”.

Na década de 90, após a queda da União Soviética, o cinema russo enfrenta novas dificuldades: o sistema de distribuição de filmes está falido e a velha ideologia e mitologia são preenchidas por um vazio. Os cineastas tentam preencher esse vazio refletindo sobre a história soviética e sobre a atualidade que viviam. Karen Shakhnazarov, no filme “Assassino do Czar”, busca achar a chave da tragédia das lutas revolucionárias, que tomaram o lugar do culto cristão com violência sob a bandeira da luta entre as classes. Nikita Mikhalkov realiza “O Sol enganador”, um análogo russo do filme “E o vento levou”. Trata-se de um romance com intrigas amorosas acompanhando a história de perseguições stalinistas da década de 30. A atmosfera de uma casa quase tchekhoviana lembra a última ilha de felicidade no Arquipélago GULAG: em breve esta ilha estaria condenada a afundar.

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Ao longo da última década do século XX, na sociedade russa, onde não se aprendeu as lições de democracia, acumulam-se a sensação de instabilidade, insegurança e medo diante de agressões tanto na geração mais velha quanto na geração mais jovem. O homem esconde-se no seu mundo interior, como é retratado, por exemplo, no filme “O País dos Surdos”, de Valery Todorovsky, que expressa muita bem a vida turbulenta de Moscou dos meados dos anos 90. A obra, “A idade meiga”, de Serguey Soloviev, é uma tentativa de mostrar uma época de fortes emoções através da experiência pessoal do jovem protagonista. A alforria sexual dos adolescentes tem como fundo a agonia dos rituais dos “Pioneiros”. As deusas do “Komsomol” viram prostitutas e os meninos de boas famílias trabalhando como caminhoneiros, transportando drogas. Por causa de um amor infeliz, o protagonista corre para a Guerra do “Cáusaso” para voltar meio louco, cortar as veias, salvar-se, ir para Paris e entender que a felicidade existe.

Os filmes mais importantes do período pós-soviético foram realizados por Aleksey Balabanov, cineasta que pode ser considerado filho da “Perestroika”. No final dos anos 90, apareceu “Irmão”, um filme de revanche social das classes que foram levadas pela Perestroika para os abismos da existência. Já em 2007, Balabanov filmou “Mercadoria 200”, um filme-metáfora do final da sociedade soviética, quando a URSS afundou-se na guerra do Afeganistão e na estagnação social. Nesta obra, o diretor usa como enredo uma história patológica sobre um capitão da polícia, perverso e assassino. Esse personagem seria a representação de um coágulo extremo do subconsciente que cresce sempre em um império, que manda seus filhos para o moedor de carnes bélico e que mata o seu tempo em conversas bêbadas sobre a “Cidade do Sol”. O filme “Mercadoria 200” é o testemunho de que os miasmas da época soviética continuam até hoje envenenando o ar.

Contudo, as reformas realizadas no cinema russo graças à energia da Perestroika não foram em vão. Graças a ela, os artistas receberam vinte anos de uma liberdade quase absoluta. Muitos mestres da velha escola, habituados a trabalhar no sistema soviético através de doações estatais, ficaram desamparados no mercado livre. Entretanto, não há dúvida de que cineastas como Sokurov, Valery Todorovsky, Balabanov e muitos outros tiveram oportunidade de trabalhar somente graças às reformas no cinema.

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O desenvolvimento futuro do cinema, a partir do século XXI, percorreu mais o caminho de evolução do que o da revolução. Surgiu na Rússia, no início deste século, uma “nova onda” de cineastas: isto também é um eco da Perestroika. Diretores tais como Boris Khlebnikov, Piotr Popogrebsky, Aleksey Mizguirev, Maria Saakyan e Valeria Gai-Guermanika, não são filhos da Perestroika, mas são netos dela. Graças a ela, apesar de quaisquer mudanças das condições econômicas e políticas que possam ter surgido, a principal vertente do cinema russo continua a ser a ideia da obra autoral.

* VGIK – Instituto Estatal Russo de Cinema. Mais antiga universidade de cinema do mundo, fundada em 1919.

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Drama Filosófico . URSS, 1984, 153 min. LIVREDireção . Tenguiz Abuladze

PENITÊNCIA (Pokayanie) 03 15h cine1

Drama . URSS, 1988, 94 min. LIVREDireção . Eldar Riazanov

QUERIDA ELENA SERGUEEVNA(Dorogaya Elena Sergueevna) 03 19:15h cine1

06 15h cine2

MELODIA DAS NOITES BRANCAS(Melodii beloi notchi)Drama . URSS, Japão, 1976, 97 min. LIVREDireção . Serguei Soloviev

04 15:30h cine1

05 16h cine2

07 19h cine2

08 19h cine2

ASSA 04 18:30h cine1

10 17h cine2Drama . URSS, 1987, 153 min. 14 ANOSDireção . Serguei Soloviev

*

ESSA NÃO SOU EU 05 16h cine1

07 16:30h cine2Drama . Rússia/Arménia, 2012, 102 min. LIVREDireção . Maria Saakyan

*

FAROL (Mayak) 05 19:15h cine1

12 19h cine1Drama. Rússia/Armênia/Holanda, 2006, 98 min. LIVREDireção . Maria Saakyan

*

ENTROPIA 06 17h cine1

11 16:30h cine1Comédia . Rússia, 2012, 75 min. 14 ANOSDireção . Maria Saakyan

Drama . Rússia, 2007, 90 min. 18 ANOSDireção . Aleksey Balabanov

MERCADORIA 200 (Gruz 200) 06 19:30h cine1

* Sessão comentada seguida da exibição do filme

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Drama . Rússia, 2000, 130 min. 14 ANOSDireção . Serguei Soloviev

A IDADE MEIGA (Nezhnii vozrast) 06 18h cine2

11 18h cine2

Drama . URSS, 1986, 95 min. LIVREDireção . Serguei Soloviev

A POMBA BRANCA(Tchuzhaia Belaya e Ryaboi) 07 16h cine1

12 16h cine2

Drama . Rússia, França, 1994, 151 min. 14 ANOSDireção. Nikita Mikhalkov

O SOL ENGANADOR(Utomlennie solntsem) 07 18h cine1

13 15:30h cine1

Drama . URSS, 1989, 139 min. LIVREDireção . Serguei Soloviev

ROSA PRETA, EMBLEMA DA TRISTEZA; ROSA VERMELHA, EMBLEMA DO AMOR(Tchernaya rosa - emblema petchali, krasnaya roza - emblema lubvi)

08 15h cine110 16h cine1

Drama . Rússia, 1998, 92 min. 14 ANOSDireção . Valery Todorovsky

O PAÍS DOS SURDOS (Strana glukhikh) 08 16:30h cine2

Drama histórico-psicológicoGrã-Bretanha/URSS, 1991, 104 min. LIVREDireção . Karen Shakhnazarov

O ASSASSINO DO CZAR (Tzareubitsa) 08 18h cine1

12 17h cine1

Drama . URSS, 1991, 121 min. 14 ANOSDireção . Serguei Soloviev

A CASA SOB O CÉU ESTRELADO(Dom pod zvezdnim nebom) 10 18:45h cine1

13 16h cine2

Drama . Suécia e URSS, 1989, 151 min. 16 ANOSDireção . Piotr Todorovsky

GAROTA INTERNACIONAL(Interdevotchka) 11 18:30h cine1

13 18:30h cine1

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Aravidze é um sobrenome criado por nós. Na realidade, não existem georgianos com este sobrenome. Aravidze foi criado a partir da palavra “ara-vin”, que significa “ninguém”. Varlam Ninguém. Ele representa uma imagem coletiva de vilões e ditadores de todos os tempos e povos. Onde isso acontece? Em lugar algum e em todos os lugares. Nunca e sempre. É aí que surge a “incompatibilidade” consciente de indícios cotidianos, e a imagem máxima generalizada de Varlam atinge máscaras expressivas. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, quanto mais generalizada, mais concreta percebe-se a imagem. Qual é o gênero do filme? Creio que é uma triste fantasmagoria, uma tragicomédia grotesca, ou talvez uma farsa trágico-lírica.

Na cena da igreja, soa pelo rádio o texto de uma entrevista, gravada no leito de morte de Albert Einstein. Mal termina a transmissão, e sem qualquer pausa, pelo rádio é transmitido um concerto de música leve. Isso impede o pensamento. E antes da leitura do testamento de Einstein, no qual o cientista adverte a humanidade sobre a catástrofe nuclear universal, vemos entre as grandes esculturas e exemplos de estética e técnica colocadas na igreja, outra figura de Bosch: rapidamente passa uma mulher em um vestido verde e azul. Ela arrasta uma cauda longa, tem um livro grosso na cabeça e no livro está sentado um rato. Esta é a imagem do cientista que come a si próprio. Este é outro tema importante para mim no filme: o aviso. Todas essas imagens não são grotescas ou surreais, porém elementos do conteúdo. De outra forma eu não teria conseguido transmitir a realidade absurda da “era de Varlam” no filme.

comentáriodo diretor

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Drama FilosóficoURSS, 1984, 153 min. LIVRECom . Jeinab Botsvadze, Ketevan Abuladze, Quachi Kavsadze, Avtandil Maxaradze, Sofiko Thiaureli

Exibição digital

Grande Prêmio Especial no Festival Internacional de Moscou, 1987Prêmio FIPRESSI no Festival Internacional de Cannes, 1987 Apesar de ter sido realizado em 1984, “Penitência”, o último filme do diretor georgiano Tenguiz Abuladze, só pôde ser exibido ao público em 1987. Artistas como Sandro Barateli e sua esposa são os primeiros a sofrer com o regime totalitarista instaurado em seu país. Anos depois, a filha decide vingar a morte dos pais e três gerações de uma família pagam pelos pecados dos seus antepassados. “Penitência” representa o final de uma época no cinema soviético e anuncia uma nova página na história do país, sendo considerado um dos primeiros marcos na arte audiovisual da época da Perestroika.

PENITÊNCIA (Pokayanie)Tenguiz Abuladze

Nasceu na Georgia, em 1924. Estudou direção teatral no Instituto de Teatro de Shota Rustaveli, em Tblissi, e cinema no Instituto Estatal Russo de Cinema (VGIK), em Moscou, onde obteve o seu diploma como diretor em 1952. Em 1980, recebeu o prêmio “Artista do Povo da União Soviética”. Já o seu primeiro curta-metragem «O burro de Magdana» foi premiado no renomado Festival de Cannes, em 1956. Sua trilogia (“Suplício”, “A árvore do desejo” e “Penitência”), trouxe-lhe o prêmio “Lenin” e o “Prêmio NIKA” (por melhor fotografia), além do prestigiado “Prêmio Especial do Júri” no Festival de Cannes, em 1987. Tenguiz Abuladze faleceu em 1994.

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Drama . Suécia e URSS, 1989, 151 min. 16 ANOSCom . Elena Yakovleva, Tomas Laustiola, Irina Rosanova, Anastassia Nemolyaeva, Ingeborga Dapkunaite, Maria Vinogradova

Exibição digital

“Garota internacional” é um dos primeiros filmes na história do cinema soviético que aborda um dos temas tabus da URSS: a prostituição. Tânia trabalha oficialmente como enfermeira, mas ganha a sua vida como prostituta. Em busca de um novo começo, ela quer fugir da difícil realidade soviética. Porém, a única saída para ser independente é deixar o país e casar-se com um estrangeiro.

GAROTA INTERNACIONAL(Interdevotchka)

Nascido em 1925, Piotr Todorovsky iniciou-se no cinema durante a Segunda Guerra Mundial, decidindo após a guerra tornar-se profissional. Graduou-se no VGIK no início da década de 50, trabalhando então durante dez anos nos estúdios de Odessa. Todorovsky foi diretor e cenarista de todos os seus filmes. O seu filme “Garota Internacional” foi considerado o filme do ano na União Soviética, em 1989.

Page 17: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Drama . URSS, 1988, 94 min. LIVRECom . Marina Neelova, Natalia Schukina, Fedor Dunaevskiy, Dmitry Marijanov, Andrey Tikhomirnov

Exibição digital

Elena Sergueevna, professora de um ginásio russo, recebe no dia do seu aniversário uma inesperada visita de quatro alunos. Grata e surpresa, ela os convida para a sua casa, e só durante a noite percebe o verdadeiro motivo da visita. Um filme importante para se compreender as mudanças no sistema escolar durante a época da Perestroika.

Nascido em 1927, o cineasta russo Eldar Aleksandrovitch Riazanov alcançou um grande renome e popularidade na URSS, através de comédias que exploram de maneira satírica o cotidiano da sociedade soviética. Recebeu o Prêmio Estatal Socialista em 1977 e o prêmio “Artista do Povo da URSS” em 1984. Entre os seus filmes mais conhecidos estão “Noite de Carnaval”, “Atenção com o Automóvel”, “Ironia do Destino” e “A Garagem”.

QUERIDA ELENA SERGUEEVNA(Dorogaya Elena Sergueevna)

Page 18: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

“Assassino do Czar” não é uma simples adaptação cinematográfica dos acontecimentos da derrota do regime czarista. De alguma maneira, é uma nova apreciação destes acontecimentos através do prisma da atualidade. Se acreditarmos em estudos de psicoterapia, que afirmam que a sensação de culpa é o único sentimento humano negativo, pois ela destrói totalmente a mentalidade, é sensato supor que o doente Timofeev virou paciente de um hospital psiquiátrico por causa da sensação de culpa de algo feito por um outro “ele”. A sua tortura, agora, consiste em lembrar destes acontecimentos.

Page 19: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Drama histórico-psicológicoGrã-Bretanha/URSS, 1991, 104 min. LIVRECom . Oleg Yankovsky, Olga Antonova, Malcolm McDowel, Armen Dzhigarchanian

Exibição digital

Um novo médico assume a direção de um hospital psiquiátrico em uma província russa. Ele desperta um interesse especial por um doente que alega ter matado Nikolai II, o último Czar da Rússia. Ao longo das conversas com o paciente, ele compreende que a tragédia da família imperial é também a sua tragédia. “O Assassino do Czar” é o primeiro filme russo realizado sobre o fatídico destino do último Czar e da sua família.

O ASSASSINO DO CZAR(Tzareubitsa)Karen Shakhnazarov

Karen Shakhnazarov nasceu em Krasnodar em 1952. Graduou-se no Instituto Cinematográfico da Rússia e iniciou o seu trabalho como cineasta nos estúdios Mosfilm. Os filmes “Uma noite de inverno em Gagra” e “O mensageiro” tornaram-no conhecido em toda a Rússia. “O Mensageiro” foi premiado no 15º Festival de Cinema de Moscou. Karen Shakhnazarov é diretor do maior estúdio cinematográfico da Rússia, Mosfilm e integra o júri dos mais importantes festivais de cinema no mundo.

Page 20: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Meu desejo de fazer este filme veio em resposta a todas as acusações trazidas ao longo dos anos sobre o meu país. Que direito temos nós, olhando com o recuo histórico da década de 90, para analisar qualquer das eras passadas e condená-las pelo que aconteceu em seguida? Em 1917, os bolcheviques condenaram tudo o que havia precedido a sua revolução, e da mesma forma os “Novos bolcheviques”, em 1991 decidiram retratar como horrível, tudo o que aconteceu depois de 1917.

Com o filme “O Sol enganador”, eu não tento julgar uma era. Eu só estou tentando mostrar através de uma perspectiva

trágica, o charme de uma existência simples: de crianças que continuam a nascer, de pessoas que se amam vivendo momentos da sua vida e tendo fé que tudo o que estava acontecendo ao redor deles era o melhor. Em 1936, as pessoas na Rússia viviam sob um “Sol Enganador”. Todos foram atores e vítimas do que aconteceu, do que haviam criado. Aparentemente, Stalin era um gênio diabólico, mas ele foi criado pelas mãos do homem. As pessoas não perceberam que elas foram as criadoras da sua própria destruição. No filme, Serguei Petrovitch Kotov, coronel do Exército Vermelho e herói da revolução, não inspira a imagem de alguém que poderia ser acusado de traição. Quando a polícia política de Stalin, o NKVD, vem prendê-lo, Serguei continua calmo, com a expectativa de resolver tudo com um simples telefonema para o Kremlin. Somente quando os policiais tornam-se violentos, ele percebe o que acontece. Esta não é uma tragédia de um homem culpado, mas a tragédia de um homem cego pelo sol.

comentáriodo diretor

Page 21: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

DramaRússia, França, 1994, 151 min. 14 ANOSCom . Oleg Menshikov, Nikita Mikhalkov, Ingeborga Dapkunaite, Evgueniy Mironov, Nina Arhipova, Lubov Rudneva, Vatheslav Tihonov, Marat Bashirov

Exibição digital

Vencedor do Oscar como melhor filme estrangeiro em 1994Grand-prix do júri no Festival Internacional de Cannes em 1994

Durante o verão de 1936, o premiado drama de Nikita Mikhalkov retrata as perseguições stalinistas da década de 30. O legendário militar Kotov, camarada preferido de Stalin, passa as férias com sua família em uma “datcha” (casa de campo). Tudo muda com a inesperada chegada de Mitia, quem a família não via durante muitos anos.

O SOL ENGANADOR(Utomlennie solntsem)Nikita Mikhalkov

O escritor, diretor e ator Nikita Mikhalkov nasceu em uma família de artistas, em Moscou, em 1945. Estudou teatro na Escola Shuksin do Teatro Vakhtangov e cinema no VGIK. Conquistou prestígio internacional com o filme “Um escravo do amor”, aclamado pela crítica na Europa e nos Estados Unidos. Seus filmes foram premiados em diversos festivais de cinema internacional, tais como o Festival de Cannes e o Oscar Americano.

Page 22: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Em 1983, eu servi no transporte aéreo e nós fomos anexados à divisão de força de desembarque que foi para o Afeganistão. Eu próprio voei para o Afeganistão, e nós trouxemos soldados e cadáveres de volta. No quartel, eu morava com um homem que tinha grande experiência de guerra e ele me contou várias histórias. Por exemplo, de que os cadáveres muitas vezes desapareciam e não havia nenhum controle real sobre o transporte de volta para casa. É assim que a imagem do corpo do soldado morto roubado veio à minha mente.

Eu não pensei na Rússia contemporânea ao fazer este filme. Eu não sou um professor e não é minha tarefa ensinar as pessoas quaisquer lições de moral.

Os dois meninos andando juntos no final do filme tornaram-se oligarcas. Este é o início do capitalismo. Eu não amo o capitalismo e tão pouco amo o comunismo. Eu gosto das pessoas quando elas são honestas e dignas.

comentáriodo diretor

Page 23: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

DramaRússia, 2007, 90 min. 18 ANOSCom . Agnya Kuznetsova, Aleksei Poluyan, Leonid Gromov, Aleksei Serebryakov, Leonid Bichevin, Natalya Akimova

Exibição digital

Inspirado em um pequeno artigo de jornal, “Mercadoria 200” é, provavelmente, o filme mais importante na carreira de Balabanov, que faz, aqui, uma autópsia do seu país. Tendo como fundo a guerra do Afeganistão, este ‘thriller’ conta a história de um policial maníaco, sua mãe, um professor universitário ateu, o líder do partido local e sua filha desaparecida, entre outros habitantes da pequena cidade soviética de Leninsk.

MERCADORIA 200 (Gruz 200)Aleksey Balabanov

Alexey Balabanov nasceu em 1959, em Sverdlovsk. Em 1981, terminou a faculdade de tradução do Insituto de Pedagogia de Gorky e em 1990, o Curso Superior de cineastas, com especialização em «cinema de autor». Entre 1983 e 1987 trabalhou como assistente de diretor. Desde 1990 vivia em São Petersburgo. Foi um dos fundadores do estúdio e empresa «STV» onde realizou a maior parte dos seus filmes. Ele foi o membro da Academia de Cinema Europeu.

Page 24: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo
Page 25: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Drama . Rússia, 1998, 92 min. 14 ANOSCom . Tschulpan Hamatova, Dina Korzun, Maksim Sukhanov, Aleksey Gorbunov, Nikita Tiunin, Alexandr Yatsko

Exibição digital

Na busca de dinheiro para pagar as dívidas de jogo do namorado, Rita, a heroína principal do drama de Valery Todorovsky, conhece a surda-muda Yaya. Juntas, as duas vivenciam diversas oportunidades que permitirão Rita ajudar o namorado ou viajar para o “País dos surdos”.

O PAÍS DOS SURDOS(Strana glukhikh)

Filho do diretor Piotr Todorovsky, Valery Todorovsky nasceu em Odessa, em 1962. O seu primeiro longa-metragem, “País dos surdos” foi exibido no 48º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Seus filmes receberam o “Prêmio Nika” e a “Prêmio Águia Dourada”, assim como o Grande Prêmio do Festival Internacional de Cinema Heidelberg-Mannheim. Em 1999, integrou o júri do 21º Festival Internacional de Cinema de Moscou.

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Serguey Soloviev é uma das figuras mais importantes no cenário cinematográfico russo atual. Nascido em 25 de agosto de 1944, na cidade de Kem, Soloviev ganhou o prêmio “Artista do povo da Rússia”. Após completar os seus estudos no Instituto Estatal Russo de Cinema, ganhou, em 1975, o “Urso de Prata” como melhor diretor no 25º Festival Internacional de Berlim pelo filme “Cem dias depois da infância”. Foi diretor de importantes peças teatrais, tais como “Tio Vânia” (Pequeno Teatro) e “A Gaivota” (Teatro Taganka). Entre 1994 e 1997, lecionou no Instituto Estatal Russo de Cinema. Integrou o júri do 22º Festival Internacional de Cinema de Moscou. A sua filmografia inclui mais de 19 filmes.

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DramaURSS, Japão, 1976, 97 min. LIVRECom . Komaka Kurihara, Yuri Solomin, Aleksandr Zbruev, Elizaveta Solodova, Andrei Leontovitch, Serguey Polezhaev

Exibição digital

O maestro e compositor russo Ilya e a jovem pianista japonesa Yuko conhecem-se em Leningrado. Após o seu regresso para o Japão, Yuko tenta esquecê-lo, porém durante uma gravação ressurgem sentimentos, acompanhados das lembranças das noites brancas do verão russo e a consciência de um obstáculo que os separa.

MELODIA DAS NOITES BRANCAS(Melodii beloi notchi)Serguei Soloviev

DramaURSS, 1986, 95 min. LIVRECom . Slava Ilyushenko, Vladimir Steklov, Ludmila Savelyeva, Ilya Ivanov, Liubomiras Lauciavicius, Andrey Bitov, Sultan Banov, Boris Olekhonovitch

Exibição digital

Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Filmes de Veneza, 1986.

Em 1946, na pobre cidade de Poinciana, as crianças são confrontadas com a formação militar, a elite local ostenta falsas histórias nas salas de bilhar e bandos de divertem-se com brigas sangrentas. É neste contexto que aparece na cidade uma linda pombinha branca. Quase morrendo, Ivan consegue apanhá-la e logo passa a ser cobiçado pela “máfia dos pombos”.

A POMBA BRANCA(Tchuzhaia Belaya e Ryaboi)Serguei Soloviev

Page 28: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Entre imagens que mostravam a estagnação dos tempos de Brezhnev e cenas do Czar Pavel I nos últimos dias antes do seu assassinato, Soloviev previa o fim, onde muitos, ingenuamente, estavam vendo o início. Na sociedade soviética da década de 80 ainda era possível evitar o contato com a realidade e continuar a viver a sua vida. Na sua estreia, “Assa” anunciou a queda de um império, através do caráter de Krymov, um leitmotiv persistente em toda a trama, uma forma de realização concreta das forças de estagnação no filme. A canção de Viktor Tsoi sobre a esperança de mudanças foi considerada um hino pela geração da Perestroika. Mas o espectador de “Assa” na época, não conseguiu entender que as “mudanças”, e em conseqüência a “liberdade”, não seria o futuro ideal pelo qual todos esperavam. Problemas morais não podem ser resolvidos através de mudanças sociais. Este ciclo nietzchiano é virtuosamente abordado através da introdução do assassinato de Pavel I na narrativa. Em 1801, o czar russo sente que o fim do seu reinado está perto, e Krymov identifica-se com este sentimento. Embora o assassinato de Pavel I e o golpe de Estado estejam visualmente em paralelo ao assassinato de Bananan pelos homens de Krymov, o assassinato de Pavel faz alusão, na verdade, ao posterior assassinato de Krymov. Ambos os assassinatos, obviamente, têm um significado simbólico de mudança: o colapso de valores antigos e o início da nova época.

Serguey Soloviev chamou os seus filmes “Assa”, “Rosa preta, emblema da tristeza; rosa vermelha, emblema do amor” e “A casa sob o céu estrelado”, de “Três canções sobre a Pátria”, pois retratavam a realidade da Rússia na época da Perestroika. A trilogia é construída de forma lógica e consequente: “Assa” é uma canção sobre os tempos passados, “Rosa preta, emblema da tristeza; rosa vermelha, emblema do amor” um brilhante carnaval dos tempos de mudança e “A casa sob o céu estrelado” um réquiem, cantado com uma amargura seca e lágrimas invisíveis, pelos sonhos que nunca se tornaram realidade.

Oleg Kovalov

(Nova história do cinema nacional. 1986-2000.

Cinema e contexto, T.S. São Petersburgo, Seans, 2001)

TRÊS CANÇÕES SOBRE A PÁTRIA

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DramaURSS, 1987, 153 min. 14 ANOSCom . Serguey Bugaev, Tatiana Drubitch, Stanislav Govorukhin, Dmitri Shumilov, Viktor Beshlyaga, Anita Zhukovskaya

Exibição digital

Um mafioso intelectual vai à cidade de Yalta para roubar um precioso violino. Bananan, um jovem e talentoso músico, apaixona-se por Alika, amante do velho bandido. O filme narra o conflito entre duas épocas, o velho mafioso que incorpora a URSS e o rapaz sonhador da Rússia, na época da Perestroika. Uma das principais obras de Serguei Soloviev, o filme relata o fim do antigo império, e mostra-nos como tudo de positivo e atraente dos novos tempos nada mais é do que o resultado deste sistema e, por isso, é também condenado a naufragar com ele.

ASSASerguei Soloviev

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Drama . URSS, 1989, 139 min. LIVRECom . Aleksandr Abdulov, Aleksandr Bashirov, Viktor Beshlyaga, Mikhail Danilov, Tatiana Drubitch, Aleksandr Zrubev

Exibição digital

Este filme é um hino tragicômico de uma época louca. Querendo proteger a filha, os pais de Alexandra a trancam na casa do avô. Isto não impede que ela conheça o dissidente Tolik, que acabou de sair do manicômio, e o extravagante órfão Mitia. “Rosa preta, emblema da tristeza; rosa vermelha, emblema do amor” passou a ser também o emblema de uma marcha da luta e do entusiasmo de artistas que descrevem com veemência uma época caótica e de mudanças.

ROSA PRETA, EMBLEMA DA TRISTEZA; ROSA VERMELHA, EMBLEMA DO AMOR(Tchernaya rosa - emblema petchali, krasnaya roza - emblema lubvi)Serguei Soloviev

Page 31: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Drama . URSS, 1991, 121 min. 14 ANOSCom . Aleksandr Bashirov, Mikhail Ulyanov, Ilya Ivanov, Marina Anikanova, Dmitri Soloviev, Aleksandra Turgan

Exibição digital

O último filme da trilogia que começa com “Assa” e “Rosa preta, emblema da tristeza; rosa vermelha, emblema do amor”. Trata-se de uma comédia trágica sobre a família do próspero cientista Bashkirtsev, sobre as suas aspirações em se livrar da sensação de falta de esperança e sua vontade de proteger a sua própria casa.

A CASA SOB O CÉU ESTRELADO(Dom pod zvezdnim nebom)Serguei Soloviev

Page 32: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Drama . Rússia, 2000, 130 min. 14 ANOSCom . Dmitri Soloviev, Elena Kamaeva, Olga Sidorova, Ivan Berzin, Andrey Savostyanov, Irina Grigorievna

Exibição digital

Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um grupo de jovens nos anos noventa, na Rússia, e a tragédia da juventude que viveu esta época. Ivan, protagonista do filme, é encenado por Dmitri Soloviev, filho do diretor, que contou ao pai o que tinha acontecido com ele próprio e com os seus amigos durante a Perestroika. Uma história de amor, ambição, medo e desespero passada durante os primeiros passos incertos de um país que respirava e embriagava-se com a liberdade.

A IDADE MEIGA(Nezhnii vozrast)Serguei Soloviev

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Maria Saakyan vem se destacando no cenário cinematográfico russo e europeu como um dos talentos mais promissores da nova geração. Nascida em 1980 em Yerevan, Armênia, aos doze anos mudou-se para Moscou com a sua família. Em 1996, iniciou seus estudos no Instituto Estatal Russo de Cinema (VGIK), na classe de Vladimir Kobrin. Graduou-se em 2003 com o filme “O adeus”, o qual recebeu um prêmio no Festival de Cinema de Rotterdam e o prêmio “Golden Apricot” no Festival de Cinema de Yerevan. O seu primeiro longa-metragem, “Farol”, foi premiado em diversos festivais internacionais de cinema. Maria Saakyan tem recebido convites para participar de importantes festivais de cinema internacionais tais como o Festival Internacional de Filme de Moscou, o Festival de Cinema de Belgrado e a Berlinale.

Page 35: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

DramaRússia/Armênia/Holanda, 2006, 98 min. LIVRECom . Anna Kapaleva, Olga Yakovleva, Sos Sarkissyian, Sofiko Thiaureli

Exibição digital

Lena, originária de uma pequena cidade cáucasa, foi procurar a sua felicidade em Moscou. Ela regressa para a sua cidade natal, onde moram os seus avós e onde eclodiu a guerra. Todos preferem não falar sobre a guerra, mas é impossível ignorá-la e, agora, Lena tem que descobrir o mundo dentro da guerra e compreender que fugir não quer dizer se salvar ou salvar os outros. O destino dela agora é encontrar a si própria nesta situação.

No filme “Farol”, mesmo quando falam da guerra, falam bem baixinho, sussurrando, olhando com cautela. Maria Saakyan não se aprofunda nos detalhes políticos, ela vê a guerra sem divisão entre os seus e outros, de uma maneira feminina e muito pessoal (ela própria mudou-se com a sua família para a Rússia, em 1993, fugindo da guerra na Armênia). Ao mesmo tempo, é um filme muito pitoresco. Cada imagem é feita como se fosse um quadro e chega o momento quando não estamos mais em um cinema, mas passeamos por um museu.

Daniil Smolev

crítico de cinema

FAROL (Mayak)Maria Saakyan

Page 36: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

DramaRússia/Arménia, 2012, 102 min. LIVRECom . Evgeny Tsyganov, Arina Adju, Maria Atlas-Popova

Exibição digital

Um retrato de duas gerações femininas. Uma mãe, diretora de um coral de renome internacional, e sua filha, perdida entre a solidão e a tecnologia. Indiferentes aos seus próprios sentimentos, a distância entre ambas leva-as a arriscarem suas vidas, sem pensar nas consequências.

ESSA NÃO SOU EU (I’m going to change my name)Maria Saakyan

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ComédiaRússia, 2012, 75 min. 14 ANOSCom . Evgeny Tsyganov, Diana Dell, Valerya Gay Germanika, Danila Polyakov, Ksenia Sobtchak

Exibição digital

Cinco pessoas vivem em uma casa inacabada, reunidos para esperar pelo Apocalipse. Entre bagunças, brigas, paixões e amizades, eles entendem que o fim do mundo já chegou. Acreditam na salvação, sabendo que não precisam dela. Nesta comédia absurda, ‘thriller’ místico, drama social, paródia, ‘Big Brother’ e manifesto político, cada um tenta encontrar o seu próprio apocalipse.

ENTROPIAMaria Saakyan

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Jornalista e tradutor, colaborador da revista Concerto e do jornal Folha de São Paulo. Ministra palestras nos concertos internacionais da Sociedade de Cultura Artística e nas óperas do Teatro Municipal de São Paulo. Publicou, pela Editora Globo, a tradução, diretamente do russo, de dois livros de A. S. Púchkin: Pequenas Tragédias (2006) e Boris Godunov (2007). Traduziu ainda, diretamente do russo, Memórias de Um Caçador (Editora 34), de Ivan Turguêniev, e Vida e Destino (Editora Alfaguara), de Vassili Grossman.

MESA REDONDAO cinema soviético da Perestroika e o cinema russo contemporâneo

Irineu Franco Perpétuo

03 18h

Com Andrey Plakhov, Elena Plakhova, Maria Saakyan, Irineu Franco Perpetuo e Luiz Gustavo Carvalho

É crítico, historiador de cinema e colunista do jornal Kommersant. Entre 2005 e 2010, foi presidente da Federação Internacional de Críticos de Cinema. Durante a Perestroika, Plakhov era secretário da “União de Cineastas de URSS” e chefe do comitê que lançou mais de 200 filmes proibidos pela censura soviética. Ele atua como conselheiro, programador e membro do júri de vários festivais internacionais de cinema, incluindo Berlim, Veneza, Tóquio, San Sebastian, Xangai, São Petersburgo e Moscou. É membro da Academia de Cinema Europeu.

Andrey Plakhov

Concluiu o Instituto Estatal Russo de Cinema (VGIK) e é membro da União dos Cineastas da Rússia. Autora de inúmeros artigos dedicados ao cinema, ela é membro do júri de vários festivais internacionais de cinema. Junto com Andrey Plakhov, é autora de um livro sobre a obra de Aki Kaurismaki.

Elena Plakhova

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18hApós terminar seu mestrado em filologia da língua e literatura portuguesa, em 2004, a russa Maria Vragova vem contribuindo como produtora cultural em diversos projetos relacionados com arte, estabelecendo um grande elo cultural entre o Brasil e a Rússia. Através da fundação “Russian Avangarde”, organizou a primeira retrospectiva de Oscar Niemeyer no Museu de Arquitetura de Moscou. No Brasil, foi responsável pela direção executiva da exposição “Antanas Sutkus: Um Olhar” e da exposição “Assim Vivíamos”, de Vladimir Lagrange.

Maria Vragova

Realizou os seus estudos de piano em Belo Horizonte, Viena e Moscou, com Magdala Costa, Oleg Maisenberg e Elisso Virsaladze. A sua carreira pianística leva-o às principais salas de concerto da América Latina e Europa, tais como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Tonhalle de Zurique ou a Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky. O seu vivo interesse por outras linguagens artísticas, proporcionaram-no um intensivo contato com importantes artistas, tais como os fotógrafos Antanas Sutkus e Vladimir Lagrange, os atores Charles Gonzalès e Chulpan Khamatova, o poeta Tomaz Salamun e o cineasta Algimantas Puipa.

Luiz Gustavo Carvalho

SESSÃO COMENTADAASSA, de Serguei Soloviev

04 17:30h

Com Elena Plakhova e Maria Vragova

SESSÃO COMENTADAESSA NÃO SOU EU e FAROL, de Maria Saakyan

05 18:15h

Com Maria Saakyan

Page 42: Catálogo Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Presidente da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Ministro da FazendaJoaquim Levy

Presidente da Caixa Econômica FederalJorge Fontes Hereda

Curadoria e Direção ArtísticaLuiz Gustavo Carvalho

Direção Executiva Maria Vragova

Direção Financeira Marcos Antônio Miranda

Identidade Visual e Design GráficoPhamela Dadamo

Assessoria de imprensaBárbara Chataignier

Revisão de textosFrancisco César

LegendagemMarcus Rodrigues (Studio Cerri)

Revisão TécnicaFrancisco César

AgradecimentosAlessandro Cerri, Andrey Plakhov, Anton Melnik, Dmitri Davidenko, George Ribeiro, Marcus Rodrigues, Maria Saakyan, Marina Kosinova, MOSFILM, Nádia Azevedo Carvalho, Naum Kleiman, Rafael Macedo, Serguey Soloviev, Valery Todorovsky.

CAIXA Cultural Rio de JaneiroAv. Almirante Barroso, 25 . Centro

Verifique a faixa etária dos filmes na programaçãofacebook/caixaculturalriodejaneirobaixe o aplicativo CAIXA Cultural#vivamaiscultura

patrocínioprodução apoio

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