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Sexta-feira, depois das aulas
Querido Diário,
Sabes quando há dias melhores do que outros? Bem,
hoje foi um desses dias. Foi um dia excecionalmente
excelente, extraordinário, soberbo e muito, muito BOM.
Todos os anos temos um Dia das Profiss es. No ano
passado, foi o Dia dos Serviços Especiais, com polícias
e bombeiros, e condutores de ambulância e um
CARRO DOS BOMBEIROS
A SÉRIO
Bombeiro
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Pensávamos que o carro dos bombeiros era dos
bombeiros que tinham vindo falar connosco. Mas depois
descobrimos que o carro a final afinal pertencia a um
OUTRO grupo de bombeiros, que foi lá à escola
combater um incêndio a sério. O professor Artur, sem
querer, pegou fogo à sala dos
professores, quando estava
a mostrar à professora
Diana como se fazia
um foguete com uma
saqueta de chá.
BombeiroSALA DOS PROFESSORES
Saquetade chá
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Mas, no Dia das Profiss es deste ano, todas as pessoas
que vieram falar connosco eram especialistas em
animais. Eu animais ACIMA DE TUDO
(exceto acima de bolo de chocolate, talvez). Passo
a vida a perguntar aos meus pais se podemos ter
mais animais, mas, infelizmente, a resposta deles
é sempre n o.
Fico de CORAÇÃO PARTIDO, querido Diário.
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Houve pessoas que trouxeram para a nossa escola
os animais com que trabalham. Fiquei MUITO ENTUSIASMADA. Foram estas as pessoas
que conhecemos:
O Carlos (tratador no
Jardim Zoológico) e
a Érica, uma tarântula gigante
da Queensland tropical que
ladra e assobia.
A Zizi (treinadora de c es
de terapia) e a Kika,
uma cachorrinha cruzada
de labrador com caniche.
A Joana (moça
de estrebaria
e exercitadora de cavalos).
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O Ângelo (conservador
da natureza) e o Óscar,
um filhote de vombate resgatado.
A Elsa (herpetologista) e a Sissi,
uma serpente viscosa.
A Lia ficou muito desgostosa porque a Joana
n o levou cavalos para nós montarmos. A Lia é
LOUCA POR CAVALOS.
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Mas ficou toda pálida e com tremeliques quando viu
a Sissi. A Lia tem montes de medo de cobras, desde que quase pisou uma por acaso num piquenique de
família no bosque e ela lhe silvou.
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A Kika, a cadela cruzada de labrador com caniche,
era t o FOFA! A Zizi disse que podíamos fazer-lhe
festinhas, desde que fosse com muita meiguice.
É claro que a Preciosa Princesa Clementina Paiva
(a pessoa mais implicativa, irritante, enlouquecedora
e enfurecedora da história do mundo galáxia Universo)
teve de pegar-lhe e ficar com ela ao colo por uma
ETERNIDADE, por isso mais ninguém pôde fazer
o mesmo.
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N o parava de dizer à Zizi que tinha imenso jeito
para todos os animais, mas sobretudo para
os cachorrinhos, e que também queria ser treinadora
de c es de terapia quando fosse grande, e estava
sempre a fazer montes de perguntas, do tipo: «Com
que idade é que começam a ser treinados?»
e «Há quanto tempo é que os treinas?»
Qualquer pessoa com
um cérebro do tamanho
de uma ervilha saberia
as respostas, porque a Zizi já nos tinha dito tudo isso.
A Clementina estava só a ser
éreb od
erv lh
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Seja como for, eu daria uma treinadora de c es
de terapia MUITO melhor do que a Clementina.
Ela nem sequer tem c es
em casa, ao passo que eu
tenho o Tobias*, que tenho
de treinar A TODA A HORA, todos os dias.
* O Tobias é um golden
retriever muito grande, que
precisa de MONTES de treino especializado para
o manter afastado de situaç es difíceis.
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A Elsa escolheu dois miúdos para experimentarem pegar
na Sissi**. Mas na aranha Érica já ninguém quis
tocar. Nem sequer a Clementina, amante de todos
os animais (infelizmente).
** Embora a Elsa deva ser muito inteligente, porque
o trabalho dela é estudar répteis e anfíbios, escolher
o Rui Relvas para segurar numa serpente foi MUITO MÁ ideia. A professora Alice pediu ao Rui para descrever a toda a gente como era o toque da pele da Sissi e
ele disse que era escorregadio e viscoso. E foi ent o
que a professora perguntou: «Tens a certeza?
As serpentes n o têm a pele viscosa.»
E o Rui respondeu: «Mas está mesmo viscosa,
professora. Porque é que está viscosa?
Estará a fazer chichi em cima de mim?»
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Depois do fim das palestras de todos os especialistas
em animais, a professora Alice perguntou se alguém
da nossa turma queria trabalhar com animais quando
fosse grande.
Quatro pessoas puseram a m o no ar.
Eu, claro.
A Amélia (que é
LOUCA por vombates).
O Gabriel (mas esse n o conta,
porque estava só a pedir para
ir à casa de banho).
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A lambe-botas Princesa
Clementina (que só
deve ter posto a m o
no ar porque gosta de
ter atenç o).
E depois foi-nos permitida uma
pergunta a cada um.
A Amélia perguntou quanto
tempo vivem os vombates.
E a resposta foi de 5 a mais
de 30 anos! Ela ficou muito feliz por causa disso,
sobretudo quando o Ângelo a deixou pegar no Óscar,
t o fofinho, e dar-lhe biber o. Ficou toda a gente cheia
de inveja, principalmente a tu sabes quem.
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E foi ent o que eu perguntei se podia começar
a fazer já alguma coisa que me ajudasse a
arranjar um trabalho com animais quando acabasse
a escola. E a Clementina gritou, com a sua voz
muito dramática, bajuladora e lamuriante: «Sim,
eu também quero saber a resposta a isso, por
favor, porque TODA A MINHA VIDA andei
DESESPERADA por trabalhar com animais.
E quero que todos os animais em perigo deixem
de o estar.»
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E os especialistas em animais viraram-me as costas
e sorriram à Clementina, de uma maneira enjoativa.
Fiquei
E depois disseram à Clementina que a melhor maneira
era começar já a estudar os diferentes animais,
enquanto ainda andava na escola. E uma boa forma
de o fazer era escolher um animal de que gostasse e
escrever um Factuário acerca dele, com informaç es
sobre o seu tamanho e comportamento e o seu
habitat natural (que é o termo científico chique para
o sítio onde os animais
vivem na natureza).
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