carÁter da revelaÇÃo -...
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SUMÁRIO
4 ADVERTÊNCIA
O MELHOR TEMPLO
A verdadeira religião não habita casas depedra e sim o coração dos homens
8 CONFORTO
YVONNE E DIVALDO
A mensagem de conforto à Divaldo pormeio de Yvonne
9 COMPORTAMENTO
FUMAR?A missão de um espírita fumante
10 REFLEXÃO
PENA DE MORTE À LUZ DO ESPIRITISMO
A vida não acaba com a destruição docorpo
14 CAPAO COMETA E A DOUTRINAA hora da verdade!
20 ESTUDO
O PATINHO FEIO E O ESPIRITISMO
A comemoração dos 200 anos de HansChristian Andersen
27 COM TODAS AS LETRAS
O BOM E O MAU USO DO MAL
As importantes dicas de nossa línguaportuguesa
19 ENTREVISTA
RAUL TEIXEIRA - PARTE 1A influência de Chico Xavier na vida deRaul Teixeira
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
Assinaturas
Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)
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CARÁTER DA REVELAÇÃOESPÍRITA
EDITORIAL
A
Edição
Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” – Depto. Editorial
Equipe Editorial
Adriana Levantesi
Rafael Dimarzio
Rodrigo Lobo
Sandro Cosso
Thais Cândida
Zilda Nascimento
Jornalista Responsável
Renata Levantesi (Mtb 28.765)
Assessoria Lingüística
Rosemary C. Cabral
Editoração
Rafael Augusto D. Rossi
Revisão
Zilda Nascimento
Administração e Comércio
Elizabeth Cristina S. Silva
Apoio Cultural
Braga Produtos Adesivos
Impressão
Citygráfica
O Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” responsabiliza-se
doutrinariamente pelos artigos
publicados nesta revista.
ssim como a Ciência propria-
mente dita tem por objeto o
estudo das leis do princípio
material, o objeto especial do Espiri-
tismo é o conhecimento das leis do
princípio espiritual. Ora, como este úl-
timo princípio é uma das forças da Na-
tureza, a reagir incessantemente so-
bre o princípio material e reciproca-
mente, segue-se que o conhecimento
de um não pode estar completo sem o
conhecimento do outro. O Espiritismo
e a Ciência se completam reciproca-
mente; a Ciência, sem o Espiritismo,
se acha na impossibilidade de expli-
car certos fenômenos só pelas leis da
matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência
faltariam apoio e comprovação. O es-
tudo das leis da matéria tinha que pre-
ceder o da espiritualidade, porque a
matéria é que primeiro fere os senti-
dos. Se o Espiritismo tivesse vindo an-
tes das descobertas científicas, teria
abortado, como tudo quanto surge
antes do tempo.
Todas as ciências se encadeiam e
sucedem numa ordem racional; nas-
cem umas das outras, à proporção que
acham ponto de apoio nas idéias e co-
nhecimentos anteriores. A Astrono-
mia, uma das primeiras cultivadas,
conservou os erros da infância, até ao
momento em que a Física veio revelar
a lei das forças dos agentes naturais; a
Química, nada podendo sem a Física,
teve de acompanhá-la de perto, para
depois marcharem ambas de acordo,
amparando-se uma à outra.
A Ciência moderna abandonou os
quatro elementos primitivos dos anti-
gos e, de observação, chegou à concep-
ção de um só elemento gerador de to-
das as transformações da matéria; mas,
a matéria, por si só, é inerte; carecen-
do de vida, de pensamento, de senti-
mento, precisa estar unida ao princípio
espiritual. O Espiritismo não descobriu,
nem inventou este princípio; mas, foi o
primeiro a demonstrar-lhe, por provas
inconcussas, a existência; estudou-o,
analisou-o e tornou-lhe evidente a
ação. Ao elemento material, juntou ele
o elemento espiritual, esses os dois prin-
cípios, as duas forças vivas da Nature-
za. Pela união indissolúvel deles, facil-
mente se explica uma multidão de fa-
tos até então inexplicáveis.
O Espiritismo, tendo por objeto o
estudo de um dos elementos
constitutivos do Universo, toca forço-
samente na maior parte das ciências;
só podia, portanto, vir depois da elabo-
ração delas; nasceu pela força mesma
das coisas, pela impossibilidade de tudo
se explicar com o auxílio apenas das leis
da matéria.
A Gênese. cap I, itens 16,17 e 18.
FEB - Tradução Guillon Ribeiro
ASSINE: (19) 3233-55964| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
O MELHOR TEMPLOpor Pe. Germano/ Amália Domingo Soler
“T
Padre Germano recebe uma carta de seus superiores advertindo-o da sua má
atuação como ministro do Senhor.
Nessa bela peça da literatura mediúnica o autor não está contra os verdadeiros
Templos de edificação do espírito humano, mas contrário à exploração do povo pela
religião. Mostra, nessa apologia, que a verdadeira religião não habita casas de pedra
e sim o coração dos homens.
Nota-se, no alerta da entidade espiritual, a advertência pré-claríssima para que, os
espíritas, não nos percamos como as velhas religiões se perderam, rendendo-se ao fausto
e ao império de Mamon.
Que Deus nos ajude a vivermos, em nossos núcleos, a mensagem cristã na mais pura
essência; e que empreendamos todos os esforços a fim de que cada Centro Espírita seja
uma instituição comprometida com o Consolador, patenteando não um templo de pedras,
mas um santuário da verdade libertadora.
endes aí, bem perto, um ma-
nancial milagroso, águas me-
dicinais que são um apelo de
Deus para reedificardes a sua igre-
ja, que a indiferença dos homens
(inclusive a vossa) deixa ruir, como
se não fora o lugar sagrado da ora-
ção, asilo dos pecadores, refúgio
bendito dos atribulados, e porta
única dos aflitos!
Vossa igreja desaba, paredes em-
penadas e ruinosas, e vós a deixais
cair porque não amais a Deus. Con-
siderando, entretanto, que vosso
pecado pode, talvez, ser filho
da ignorância, se quiserdes reaver
nossa graça, fazei um apelo aos vos-
sos paroquianos e dizei-lhes (sem
ADVERTÊNCIA
Nota doEditor
�
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 5Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
ADVERTÊNCIA
�
mentir) que os inspirados de Deus
vos ordenam a reedificação desse
templo e mais (isto convém), que
tivestes uma revelação na qual vos
fizeram uma promessa, a saber: que
a Fonte da Saúde dará alívio a to-
dos os enfermos dessa aldeia, e, não
só a eles, mas a quantos acudirem
em peregrinação ao santuário que
ides reedificar, visto que Deus con-
cede cem por um àqueles de seus
filhos que dele se lembrem...
Deste modo, servireis a Deus e
aos homens, visto como dareis vida
a essa aldeia, transformando-a num
lugar de peregrinação e recreio.
À sombra protetora da religião,
os desertos se convertem em
vergéis, em oásis os areais canden-
tes, que a graça de Deus abranda a
dureza da própria pedra e a penha
se transmuda em uberosa terra.
Dai cumprimento às nossas or-
dens, pois, do contrário, ver-nos-
emos obrigados a proclamar que
sois um mau servo do Senhor, qua-
lificativo que, na verdade, já
merecereis, por nada haverdes fei-
to em prol da Santa Causa”.
Eis o que dizem, Senhor, os meus
superiores:
- Que nada faço em proveito da
tua Santa Causa!
Mas, acaso necessitas tu do au-
xílio dos homens? Ou são estes que
não podem viver sem o teu auxílio?
Importa que o homem glorifique
o Autor de toda a Criação? Ou an-
tes é ele glorificado por sua própria
obra?
Como toda carta exige resposta,
eis o que respondi aos meus superi-
ores:
“Senhores:
Acusais-me de ser mau servo de
Deus e principiais por calcar a acu-
sação num falso princípio.
Sim, porque só os tiranos têm ser-
vos, e Deus, que ama a todos os seus
filhos, sem exceção, não pode ter
servos, ele que nunca foi tirano.
Deus não quer os homens de
joelhos, em inação beatífica, mas,
de pé, fitando o infinito!
Dizeis que abandono a velha
igreja de minha aldeia às
conseqüências da sua decrepitude,
essa igreja cujas paredes tremem ao
frio de centenas de invernos, dizeis
que não cuido da casa do Senhor...
E acaso necessita o Senhor des-
sas obscuras cabanas quando tem
por templo o universo?
Que outro melhor templo
quereis vós, que o da Criação? Aí
as lâmpadas são os sóis, os altares
são os mundos; as aves neles entoam
o hino da ressurreição e do turíbulo
das flores sobem incensos
Deus não quer os homens de joelhos,em inação beatífica, mas de pé, fitando
o infinito
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FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
ADVERTÊNCIA
do perfume!
E o musgo virente é o seu mais
rico tapete! E as orlas dos mares são
os seus melhores lugares de oração!
O oceano é, também, o melhor mos-
teiro, porque os navegantes são os
monges que mais se acercam de
Deus!
Que importam casas de pedra
Àquele que tem sua casa nos mun-
dos inumeráveis, a rolarem pelos in-
finitos?
Templos de terra, efêmeros
como tudo que é terreno, não da-
rei um passo para os edificar, por-
que, sob as suas abóbadas, o homem
sente frio!
Cristo escolheu, antes, o cume
dos montes e os frágeis barquinhos
para neles fazer suas prédicas, pro-
vando-nos, assim, que a cátedra do
Espírito Santo não necessita de lu-
gares privilegiados; que para anun-
ciar aos homens o reino da verdade,
na época da justiça, bastava haver
apóstolos do Evangelho. Não faltam
casas de pedra nem lugares de ora-
ção; o que falta são homens de fé, que
tenham fogo no coração, e na mente
centelhas de amor. Ainda assim, tais
homens são úteis a si mesmos, não a
Deus.
Deus de nada necessita dos ho-
mens!
Onde se viu a luz reclamar o auxí-
lio da sombra?
Quando foi que o oceano pediu às
nuvens uma gota de orvalho?
E os mundos, quando reclamaram
eles o sustento de um grão de areia?
Como, pois, Deus, que é maior do
que todo o criado, há de precisar que
o homem lhe renda uma adoração for-
çada?
Ao que tudo, nada lhe falta. Não
reclameis casas para Deus, a fim de
não parecerdes aquele louco que pre-
tendia guardar num cesto grande os
raios vivificadores do sol.
Não espereis que eu dê um
passo para reedificar minha ve-
lha igreja, pois, cogito de levan-
tar outros templos mais duradou-
ros.
Sabeis quais são? - São os Es-
píritos dos meus paroquianos, as
almas simples destes camponeses,
que hão de regressar à Terra tan-
tas vezes quantas forem necessá-
rias ao progresso do seu Espírito.
Ensino-lhes que amem a Deus
sobre todas as coisas e o próximo
como a si mesmos; procuro
prepará-los para a vida espiritu-
al, falando-lhes, não dessa outra
vida de que fala a Igreja, mas da-
quela que a razão nos dita. Ini-
cio-os nos mistérios da imortali-
dade, falando-lhes da vida do Es-
pírito, nessa formosa realidade.
Ensino-lhes a rezar no
recôncavo dos vales, no topo das
colinas, no fundo dos abismos;
quando se reúnem em torno da
lareira, quando comem, quando
descansam, quando despertam
para o trabalho; sempre, constan-
temente, os faço pensar em Deus,
e, devo dizê-lo, o meu pequeno
rebanho não ora com os lábios e
sim com o pensamento fíxo no
bem. Por isso, meus fiéis também
não precisam ir à igreja rezar,
cada qual tem um templo no pró-
prio coração.
Crede-me, senhores: a missão
do sacerdote é educar o homem,
não para o presente, mas para o
futuro. Nós outros, bem o sabeis,
somos os iniciados, porque nossa
vida contemplativa e estudiosa
nos permitiu ouvir a voz dos que
se foram; sabemos que as almas
vivem, como sabemos que
Deus criou a humanidade para oprogresso e deixa-lhe a liberdade paraprogredir
�
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Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
ADVERTÊNCIA
os templos de pedra não são os lu-
gares prediletos do Senhor.
Deus não tem preferências:
criou a humanidade para o progres-
so e deixa-lhe a liberdade para pro-
gredir.
Próximos vêm os tempos. Espíri-
tos de luz encarnarão na Terra, e
nós, os vigários de Cristo, somos os
encarregados de preparar os ho-
mens para a nova era. Nós, os que
temos a luz, não a escondamos de-
baixo do alqueire, pois, amanhã nos
pedirão contas do mau uso que fi-
zermos dos nossos conhecimentos.
Quereis que preconize como
milagroso o tênue regato da minha
aldeia, propondo-me com isso uma
torpe impostura, esquecido de que
não sirvo a causa tão nobre por tão
baixos meios!
Certo, deixarei pobre, muito po-
bre mesmo a minha aldeia; entre-
tanto, seus habitantes abençoarão
minha memória, quando houverem
de trocar este pouso de trevas pela
serena tranqüilidade da vida eter-
na.
Se me for possível, antes de par-
tir deste vale de lágrimas, hei de
construir uma casa, não para Deus,
que de casas prescinde, mas para
os pobres, para os mendigos atribu-
lados, para as crianças órfãs, para
os velhos enfermos, para todos, em
suma, que padeçam do
alquebramento do corpo ou do es-
pírito.
Acreditai-me, senhores, sois vós
que não ides por bom caminho: o
verdadeiro sacerdote deve instruir
o povo, deve iniciá-lo nos mistérios
da outra vida, apresentando-lhe a
eternidade tal qual é.
Até agora, sinto-me disposto a
cumprir minha missão e nem pedi-
dos nem ameaças poderão demover-
me do meu nobre empenho.
Fazei de mim o que vos aprouver,
destruí meu corpo, que é o mais que
podereis fazer, porque meu Espíri-
to, esse sobreviverá e não faltará
com quem me comunique na Ter-
ra, para continuar a afirmar o que
vos digo: que o melhor templo de
Deus é a sua Criação.
Eis o que lhes respondi. Que fa-
rão eles de mim? Não sei; entretan-
to, se me tirarem a vida, estou em
afirmar que quase me prestarão um
benefício.(...)
Perdoa-me, Senhor! Sou egoís-
ta, pois que me esqueço dos pobres
da minha aldeia!... Ingrato que é o
homem!... Só quer viver para si,
quando devemos viver para outrem.�
Meu espírito sobreviverá, e não faltarácom quem me comunique na Terra,para continuar a afirmar o que digo
Centro Espírita na cidade de Minei-ros do Tietê - SP, dirigido pelo respei-tável e conhecido confrade OrsonPeter Carrara. Símbolo deFidelidadESPÍRITA e de simplicidadecristã aos moldes desta matéria.
SOLER, Amália Domingo. Memó-
rias do Padre Germano. Pág. 162-
167. Feb. RJ. 1998.
Fonte
ASSINE: (19) 3233-55968| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
YVONNE E DIVALDO
CONFORTO
por Orson Peter Carrara
s dois médiuns que
intitulam essa matéria
são dignos, entre outros,
de nosso maior respeito e gratidão.
Seja pelo exemplo mediúnico, seja
pela dedicação, seja pela fidelida-
de à causa espírita ou pelo conteú-
do de suas produções literárias e
verbais em favor da divulgação es-
pírita.
Desde meni-
no acostumei-
me a ver meus
pais lerem os
livros de
Yvonne. In-
clusive che-
guei a
corresponder-
me com ela.
Com Divaldo não foi diferente: sua
oratória vibrante, sua coerência e
lucidez nas palestras e seminários,
sempre empolgaram-me e seus li-
vros são sempre grande sucesso edi-
torial.
Eis que um novo livro biográfi-
co, sobre Yvonne, chega-me às
mãos. E, interessante, há um capí-
tulo referindo-se aos dois médiuns.
Pelo carinho, admiração e gratidão
que sinto por ambos, não pude fur-
tar-me de trazer aos leitores trans-
crição parcial do referido capítulo:
“(...) Em 1962, Divaldo passou
por uma difícil provação. Embora não
sendo solicitada pelo orador baiano,
Yvonne Pereira pediu aos Espíritos
amigos que ditassem palavras de con-
forto para o médium. Daí a alguns
minutos, ela recebia a seguinte men-
sagem, gentilmente fornecida por
Divaldo, que passo a publicar pelo seu
ineditismo:
Cabeçalho feito por Yvonne:
Divaldo Pereira Franco – Salva-
dor – Bahia
Se possível, rogamos uma palavra
de conforto para ele.
Mensagem recebida:
Meu amigo e filho querido, Deus
nos abençoe.
Por que te admiras dos espinhos
que circundam os teus caminhos, se o
teu Mestre de Nazaré foi coroado com
os mesmos espinhos?
Por que te admiras que as lágri-
mas corram dos teus olhos, confran-
gido que está o teu coração, se teus
irmãos do início do Apostolado
Messiânico se viram frente aos leões
dos circos da iniqüidade, para
satisfação das trevas?
Por que desejamos encontrar ape-
nas sedas e arminhos se desde o início
da Terceira Revelação foi anunciado
que os adeptos mais responsáveis se-
riam atingidos pela zombaria e o ridí-
culo, visto que passara a época dos
gládios e dos circos romanos? Dê gra-
ças a Deus por mereceres sofrer fren-
te ao serviço do Senhor. Reaja à tua
fronte abatida, certo de que depois da
borrasca surgirá a bonança. Lembra-
te de que ao Cordeiro seguiu-se a
Ressurreição, para que a Doutrina do
Cristo imperasse nos corações.
Resigna-te ao presente e espera que
a luz rebrilhe em teus futuros cami-
nhos. Na Seara do Cristo nem só os
que escrevem são eleitos. Os que cho-
ram e sofrem também o são,
porventura com maiores méritos. Tua
missão maior é junto aos que sofrem,
como o teu Mestre Jesus Nazareno, e
não ao pé dos letrados do século.
Prossegue, pois, enxugando lágri-
mas. Revigorando corações, amando,
perdoando, esperando... e o mais vir-
te-á por acréscimo de misericórdia.
Deus seja contigo. Não estás só.
Amigos do invisível velam por ti.
Paz
Vianna de Carvalho (...)”. �
Os dois médiuns que intitulam estamatéria são dignos, entre outros, denosso maior respeito e gratidão
A transcrição, parcial, é do livro Yvonne
uma Heroína Silenciosa, páginas 99 e
100, autoria de Pedro Camilo, edição
IDEBA
Fonte
O
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 9Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
COMPORTAMENTO
ontar-lhes-ei como deixei
de fumar.
Fui um fumante inveterado.
Meu pai não fumava e se horroriza-
va ao me ver fumar. Eu tinha cigar-
ros, fumos e cachimbos de quase
todas as partes do mundo. Funcio-
nário da agência de propaganda N.
W. Ayer-Son, com sede em Filadél-
fia, EUA, com o cargo de chefe da
mídia, recebia de meus pares das
agências de outros países, pelo Na-
tal, pacotes de cigarros, caixas de
charutos, latas de fumo para ca-
chimbos, dos quais eu tinha alguns
bem valiosos, em retribuição às coi-
sas brasileiras que eu lhes enviava.
E durante o ano eu me deliciava
fumando tudo aquilo.
Escutem só!
Uma noite, durante uma sessão
pública de espiritismo evangélico,
nosso diretor espiritual, José Caval-
cante de Oliveira, tomou um mé-
dium e disse-me:
- Eliseu, estamos aqui no plano
invisível articulando uma campa-
nha contra o fumo nos meios espí-
ritas. Bem sabemos que extinguir
totalmente esse vício é impossível
no momento. Dia virá, quando a
humanidade estiver mais
esclarecida e menos animalizada,
que esse e outros vícios desapare-
cerão da face da terra. Portanto,
limitaremos nossa campanha ao
meio espírita. É desagradável ver-
se um médium recendendo a cigar-
ros, dar passes num “paciente”; ou
com os dedos impregnados de ni-
cotina fluidificar uma água; ou um
orador com os bolsos cheios de ci-
garros, a pregar contra os vícios e
imperfeições do Espírito. Você quer
ajudar?
- Si... sim... que... quero... ga-
guejei, com o pensamento nos dois
finíssimos maços de cigarros ameri-
canos nos bolsinhos de meu paletó.
- Pois bem. Você escreverá arti-
gos contra o fumo, e os enviará aos
jornais e revistas espíritas. Em suas
preleções e conferências, reservará
alguns parágrafos para esta campa-
nha. Contamos com você.
Retirou-se; todos os olhares con-
vergiram para mim
interrogativamente. Pudera! Eu era
o fumante número um dentre eles!
Duas medidas tomei para dei-
xar de fumar:
A primeira: logo que cheguei ao
escritório, ditei um memorando à
minha secretária, dirigido aos meus
FUMAR?por Eliseu Rigonatti
colegas correspondentes, avisando-
os de que não mais aceitaria cigar-
ros ou qualquer espécie de fumos
nas trocas natalinas; mandassem o
que quisessem, menos fumo.
A segunda: fumei todo o meu
estoque; não perdi um cigarro se-
quer. E ao fumar o último cigarro, o
último charuto, a última
cachimbada, nunca mais fumei.
Agora na velhice avalio o quanto
isso me fez bem. Que reserva de
saúde acumulei para a tranqüilida-
de de meus derradeiros anos de
encarnado!
Livre do vício atirei-me com
entusiasmo à campanha. Sucede-
ram-se artigos, conferências, pales-
tras. Não sei se deram resultados; o
certo é que meu pessoal deixou de
fumar, todos, menos dois. �
C
Fonte:
RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das
Recordações. Pág. 52-53. Pensamento. São
Paulo/SP.
ASSINE: (19) 3233-559610| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
REFLEXÃO
�
PENA DE MORTE À LUZ DOESPIRITISMO
por Cassia Braguieri - Campinas/SP
Uns dizem que ela é a “solu-
ção” para os males relacio-
nados à violência, outros que
é um “remédio social”, mas será a
pena de morte o meio mais eficaz
no combate à violência em nosso
planeta?
Freqüentemente, em conversas
informais, nota-se o quanto as pes-
soas aceitam e concordam com a
pena de morte; isso nos permite per-
guntar: o que leva as pessoas a pen-
sarem assim?
Dados da Anistia Internacional
afirmam que mais da metade da po-
pulação é favorável à pena capital,
considerada, pelos humanistas, uma
punição cruel, desumana e degra-
dante porque viola o direito à vida.
Eliseu da Mota Júnior1, em sua
obra Pena de Morte e Crimes Hedi-
ondos à Luz do Espiritismo, relata al-
guns argumentos daqueles que se
colocam em posição favorável à
pena de morte:
1) Não são todos os crimes que
a reclamam, somente aqueles con-
siderados hediondos ou “odiosos”;
2) Ainda assim, somente nos ca-
sos de reincidência no mesmo deli-
to;
3) Tais criminosos vivem nos pre-
sídios às expensas dos contribuin-
tes, da família e da própria vítima,
através dos tributos;
4 Com a pena de morte, a
criminalidade ficaria sob controle.
À primeira vista, esses argumen-
tos impressionam, todavia todos são
refutáveis e o autor em questão
apresenta sua contra-argumenta-
ção:
a) Mesmo nos casos de crimes
hediondos, ao executar friamente
um ser humano, com requintes de
Dados afirmam que mais da metade dapopulação é favorável à pena capital
1 Promotor de justiça da Infância e Juven-tude e de Proteção ao Meio Ambienteem Franca, onde também leciona Direi-to Penal na Faculdade Municipal de Di-reito.
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 11Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
REFLEXÃO
crueldade, o Estado age como um
criminoso, igualando-se à ele pela
crueldade ou sendo ainda pior;
b) Ainda, quando se trata de
reincidência, o erro judiciário não
pode ser afastado, e é irreparável
depois da morte do sentenciado;
c) Nas prisões os condenados
devem trabalhar pelo menos para o
seu sustento;
d) A pena de morte, como já
comprovada por inúmeras pesqui-
sas, não inibe ou diminui a
criminalidade. E, mais uma vez,
com a Anistia Internacional é
irreversível, podendo ser infligida
a inocentes. Nunca se provou que
fosse capaz de diminuir o crime mais
eficazmente do que outras formas
de punição.
Existem muitos tipos de penas de
morte que foram e são utilizados
nos países em que ela é permitida:
� Crucificação: era o tipo mais
penoso, pois o sofrimento era enor-
me. A pessoa desencarnava por as-
fixia. A posição dos braços, o peso
do corpo, fazia acumular líquido
nos pulmões, por isso que quando o
soldado lancetou o tórax de Jesus
saiu sangue e água;
� A fogueira: no séc. V. a.C. já
era usada;
� Damnatio ad bestias: princi-
palmente os cristãos foram assim
mortos. Os supliciados eram joga-
dos às feras no centro do circo ro-
mano.
�Decapitação: em latim poena
capitis (cortar a cabeça), de onde
vem o termo pena capital (pena de
morte);
� Lapidação: matar o condena-
do através do apedrejamento.
Na atualidade, outros métodos
são utilizados, como por exemplo:
� A cadeira elétrica;
� Câmara de gás;
� Fuzilamento;
� Injeção letal.
Todavia, aproximadamente 76
países já a aboliram para todos os
crimes (aproximadamente metade
das nações do globo), e cerca de
83 são retencionistas, isto é, para
alguns crimes ainda é aplicada. E,
dentre esses, está infelizmente o Bra-
sil, visto que, há previsão de pena
de morte (por fuzilamento) em ca- �
O Brasil tem, em sua Constituição, aprevisão de pena de morte
ASSINE: (19) 3233-559612| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
REFLEXÃO
�
sos de guerra declarada (para
desertores, presos, etc.), em nossa
Constituição da República, artigo
56 do Código Penal.
A percentagem de abolição au-
mentará em alguns anos, pois na úl-
tima década aproximadamente três
países por ano oficializam sua
extinção. E uma vez abolida rara-
mente é reintroduzida.
Como espíritas temos condições
de avaliar, além das circunstâncias
imediatas, a causa da criminalidade
e a repercussão da pena de morte.
Análise Espírita
O primeiro ponto é que a vida
acaba somente para o corpo físico,
mas o espírito é imortal. A violên-
cia que gera violência poderá cau-
sar mais revolta e indignação na-
quele que foi sentenciado.
Dessa forma, o criminoso mais
violento nada mais é que um espí-
rito moralmente doente, precisan-
do de ajuda; afinal pode trazer con-
sigo não somente suas tendências
e desequilíbrios, mas também
obsessores espirituais. Quantos ma-
tadores em série comentam que
ouviram vozes, estimulando-os a
matar.
Não temos acesso irrestrito aos
bastidores espirituais, assim, não te-
mos condições de avaliar as situa-
ções.
Muitas vezes, quando se mostra
um criminoso na televisão, as pes-
soas têm o ímpeto de clamar pela
pena de morte, entretanto, temos
que nos educar. Quando o desejo,
de julgamento, vier à nossa mente
devemos rechaçá-lo com bons pen-
samentos, por exemplo: “Deus o
abençoe e que não tarde a oportu-
nidade de reparação”; “Que a mi-
sericórdia do Senhor possa cair so-
bre ele”. Afinal, segundo a lei de
evolução, mais cedo ou mais tarde,
ele se tornará um bom espírito, as-
sim como toda a humanidade, atra-
vés da reencarnação. Além disso,
não lembramos de nossas últimas
encarnações. E se nossas faltas fo-
rem tão graves quanto às dele?
Allan Kardec descreve na 2ª Par-
te, cap. VI de O Céu e o Inferno
Criminosos Arrependidos o caso de
Verger:
Kardec dialoga com ele em dois
momentos, o primeiro é exatamen-
te no dia em que morreu por exe-
cução.
Verger, padre que assassinou o
Mons. Sibour, nessa ocasião de-
monstra perturbação pós-
desencarne, não compreendendo
sua condição, se vivo ou morto, sen-
te-se confuso.
Após três dias, o Codificador o
evoca novamente e, na ocasião, ele
revela todo seu arrependimento,
sofre pelo remorso e sente vergo-
nha do ocorrido.
Allan Kardec revela que o
A violência que gera violência poderácausar mais revolta e indignaçãonaquele espírito que foi sentenciado
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
REFLEXÃO
Mons. Sibour apresentou–se tam-
bém e disse que perdoava o seu as-
sassino e que orava por ele.
Assim, como o caso que citamos
há outros nessa mesma parte do li-
vro O Céu e o Inferno que demons-
tram o arrependimento, a vergo-
nha, o remorso e o desejo de repa-
ração.
O Espiritismo ensina-nos que
acima de tudo é preciso amar o se-
melhante e, se num primeiro mo-
mento isso não for possível, que
possamos, pelo menos, não nos im-
pressionar e sim compreender, pois,
quando um espírito desencarnado
se manifesta na reunião mediúnica
temos por ele a compreensão e afa-
bilidade, por que então não fazer o
mesmo com os espíritos encarna-
dos?
O Espiritismo esclarece-nos ain-
da que podem existir hoje, no cor-
redor da morte, pessoas inocentes
e quantas poderão morrer
indevidamente?
A justiça humana não é tão sá-
bia e onipotente como pensam al-
guns, por isso, coloquemo-nos no
lugar daqueles que injustamente
foram ou estão sendo sentenciados
à morte!
Segundo a Anistia Internacio-
nal, cerca de 107 pessoas foram li-
beradas do corredor da morte nos
EUA, pois tiveram a inocência com-
provada.
Para refletirmos acerca da pre-
cariedade do sistema judiciário no
planeta, não precisamos recorrer a
tantas estatísticas. Haja vista a exe-
cução de Jesus que, inocente, deu
sua vida em holocausto a Humani-
dade.
Assim, a pena de morte sempre
esteve presente na história da hu-
manidade e, nos casos em que era
aplicada àqueles que haviam co-
metido delito, não fazia com que a
criminalidade fosse reduzida,como
demonstram várias pesquisas.
Contudo chegará o dia em que
ela desaparecerá deste planeta,
como nos revelam os espíritos da
codificação em O Livro dos Espíri-
tos:
Livro 3º (Leis Morais) cap. VI Lei
de Destruição:
760-A pena de morte desapare-
cerá um dia da legislação humana?
R.: A pena de morte desaparece-
rá incontestavelmente e sua supressão
marcará um progresso na Humani-
dade. Quando os homens estiverem
mais esclarecidos, a pena de morte será
completamente abolida sobre a Ter-
ra. Os homens não terão mais neces-
sidade de serem julgados pelos ho-
mens. �
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espí-
ritos. 3º tomo, leis morais. Cap. VI
item 760. Feb.
KARDEC, Allan. O Céu e o Infer-
no. 2ª Parte, cap. VI.Criminosos
Arrependidos. Feb.
JÚNIOR, Eliseo da Motta. Pena de
Morte e Crimes Hediondos à luz do
Espiritismo. O Clarim.
XAVIER, Francisco Cândido /
EMANNUEL/. Ave Cristo. Feb.
OLIVEIRA, Therezinha Estudos
Espíritas do Evangelho
Bíblia de Jerusalém
Revista Fidelidade Espírita nos. 18
e19
Site da Anistia Internacional –
www.amnesty.org/actnow -
acessado em outubro de 2004
ASSINE: (19) 3233-559614| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar.2005
por Dr. Lauro Péricles Gonçalves
O COMETA E A DOUTRINA
| 15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
Se tudo correr bem como o
planejado, no dia 4 de julho
próximo, um domingo, às
duas horas da manhã, a nave não
tripulada, denominada Impacto
Profundo, disparará uma bala de co-
bre, pesando cerca de 150 quilos,
com uma força de milhares de to-
neladas de dinamite, contra o nú-
cleo do cometa Tempel- 1.
O cometa
Foi descoberto pelo astrônomo
alemão Guilherme Tempel, em
1867, e a nave foi construída pela
Agência Espacial Americana, a ex-
traordinária NASA. A data do bom-
bardeio, 4 de julho, é uma home-
nagem à independência america-
na. Assim, os homens, não satisfei-
tos em jogar bombas contra si mes-
mos nas guerras, agora vão bombar-
dear um belo corpo celestial, via-
jante dos espaços infinitos. É o pro-
gresso da ciência...
A rota
O cometa Tempel, com número
1, como que adivinhando as inten-
ções dos homens, vem mantendo
uma tortuosa andança pelo nosso
sistema solar e, quiçá, visitando até
outros sistemas vizinhos.
Vejamos um pouco de sua recen-
te história: descoberto na data aci-
ma citada, sendo visto por mais
duas vezes em 1873 e 1879. É um
cometa classificado como periódico,
já que visita a nossa Terra e
adjacências de tempos em tempos.
Ele sai das proximidades de nosso
sol, vai até os confins do sistema
solar, dá uma “olhada” rápida em
Plutão, esse desconhecido, escuro
e triste planeta, e retorna ao velho
e querido sol. No ano de 1881 ele
vinha chegando perto de nós, quan-
do Júpiter, o maior planeta de nos-
so sistema, 1.300 vezes maior que o
nosso mundinho, o “capturou” gra-
ças à sua tremenda força
gravitacional, alterando completa-
mente a sua órbita. Ficamos a ver
navios!
Em 1963, o astrônomo Brian
Marsten estudou mais
detalhadamente a sua órbita, usan-
do instrumentação mais aprimora-
da e anunciou seu retorno à Terra
em 1967 e 1972; só que, em 1967,
todo mundo se preparou para
fotografá-lo... mas ele não compa-
receu. É um astro errático. Em ju-
nho do ano seguinte, foi avistado
pela astrônoma Elizabeth Roemer,
mas somente através de
astrofotografias muito sensíveis, in-
visível à vista humana. Finalmen-
te, há poucos anos atrás, foi
“redescoberto”, teve sua órbita per-
feitamente traçada e estudada. Os
cientistas da astronomia, da geolo-
gia e da biologia, convenceram,
então, a NASA a enviar uma nave
ao seu encontro e... bombardeá-lo.
A Agência Espacial aceitou a pro-
Em julho, uma nave americanadisparará uma bala de cobre, com uma
força de milhares de toneladas dedinamite, contra um cometa
�
ASSINE: (19) 3233-559616| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar.2005
Depois do sono que vos aguarda,acordarás com asas de puroarminho, refletindo o esplendorsolar
�
posta e montou um projeto, ao cus-
to de 267 milhões de dólares, para
que o cometa seja atingido com o
tiro a 4 de julho de 2005. Se ele
não nos enganar mais uma vez, al-
terando a sua rota, será atingido
com precisão astronômica.
A missão
Mas, qual é o objetivo dessa mis-
são espacial? Analisar cientifica-
mente e estudar o núcleo de um
cometa.
Teoricamente, um cometa é
composto em seu interior por um
núcleo duro, de rocha. Cortando o
espaço a uma velocidade incrível,
ele provoca atrito nas atmosferas ra-
refeitas, gerando uma
luminescência que nós, aqui da
Terra, chamamos de cauda. A
“rocha” seria envolvida por uma ilu-
minação que se chama cabeleira.
Essa cauda e cabeleira são ilumina-
das pelo nosso sol e são sempre vis-
tas do lado oposto do astro rei. Há
cometas lindíssimos cortando o in-
finito, oferecendo uma visão mara-
vilhosa, que nos faz admirar e res-
peitar a mecânica celeste criada por
Deus.
As revistas científicas america-
nas e européias criam artisticamente
a visão do Tempel-1, sendo atingi-
do pela bala de cobre, com peda-
ços de rocha voando pelo espaço,
fazendo-nos crer que ele é mesmo
composto de um núcleo duro,
granítico, quente e luminoso. Na
antiguidade, os cometas eram
anúncio de catástrofes, de mau
agouro, portadores de infortúnio. As
gravuras medievais e renascentistas
mostram os cometas queimando a
Terra, trazendo o Apocalipse. Não
é nada disso. Os cientistas, que par-
ticipam desse projeto, crêem real-
mente que a composição dura e
metálica contenha elementos de
estudos que os ajudarão a enten-
der a origem do Universo. Por isso,
darão um tiro nele. Os melhores te-
lescópios espaciais do mundo, como
o Hubble, o Chandra e o Spitzer vão
observar e filmar o acontecimento
antes, durante e após o evento. É
um acontecimento único na histó-
ria. Não poderemos apreciá-lo, pois,
o cenário estará a 133 milhões de
quilômetros de nós. Mas, belas fo-
tografias serão enviadas por esses
aparelhos e a imprensa especializa-
da mostrará tudo.
O Espiritismo
O que a Doutrina Espírita tem
a ver com esse acontecimento, a
ponto de uma revista como a nossa
agasalhar um artigo como este?
Não seria melhor ocupar este
espaço tratando de assuntos real-
mente religiosos e filosóficos, que
cabem no arcabouço de nossa Dou-
trina, conferindo a seus adeptos
assuntos mais presentes, como a an-
gústia que domina a sociedade
humana, suas razões e seus remé-
dios? Nossa Doutrina é
consoladora, e o estudo do apare-
cimento de um cometa nada
As gravuras medievais e renascentistasmostram os cometas queimando aTerra, trazendo o Apocalipse
| 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
Depois do sonoque vos aguarda,acordarás com asasde puro arminho,refletindo oesplendor solar
�
contribui com o alivio de nossos so-
frimentos e dores. Sim, sem dúvi-
da. Acontece que Jesus, um dia,
disse a seus discípulos: “Não se tur-
be o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de
meu Pai há muitas moradas; se não
fosse assim, eu vô-lo teria dito.”
(João 14:1-2). Abrindo para nós, es-
píritas ou não, as portas para a in-
vestigação de mundos e mundos,
sóis e sóis, galáxias e mais galáxias.
Não nos esqueçamos de que a Dou-
trina Espírita abriga em seus postu-
lados três componentes: Religião,
Ciência e Filosofia. Se a Ciência,
através da Astronomia, amplia
cada vez mais o Infinito de Deus
ao nosso humilde entendimento,
nada mais faz do que confirmar a
assertiva do Mestre. Os astrônomos
estão aturdidos com as revelações
que a moderna aparelhagem
telescópia e fotográfica está trazen-
do. E estamos só no começo! A Ter-
ra, nossa morada querida, é apenas
uma gotícula no seio de nossa Ga-
láxia que aninha cerca de 100 bi-
lhões de sóis.
Os astrônomos já descobriram,
com comprovação científica, mais
de 100 planetas girando em torno
de outras estrelas. Um deles já foi
até fotografado. O Criador, que tra-
balha incessantemente, não criou
tudo isso por um mero capricho. É
obra infinita da Criação.
A Gênese
Allan Kardec, o insigne
Codificador de nossa Doutrina, um
homem ligado à ciência, escreveu
cinco livros que são a base do Espi-
ritismo. Um deles chama-se A Gê-
nese, publicado em 1868. Em sua
abertura está escrito: “A Doutrina
Espírita é o resultado do ensino co-
letivo e concordante dos Espíritos.
A Ciência é chamada a construir a
Gênese de acordo com as leis da
Natureza. Deus prova a sua gran-
deza e seu poder pela imutabilidade
das suas leis e não pela ab-rogação
delas. Para Deus, o passado e o fu-
turo são o presente”.
Quando li sobre Tempel-1, re-
cordei-me do capitulo V, item 28,
desta magnífica obra, que é uma
transcrição de uma série de comu-
nicações à Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, fundada por
Kardec em 1858, no decorrer de
1862 e 1863, sob o título “Estudos
Uranográficos” e assinado por
Galileu. O médium que a
psicografou foi o reputado astrôno-
mo Camille Flamarion, colaborador
de Kardec. Ali está escrito: “A lei
de variedades se aplica em tão lar-
ga escala aos trabalhos da Nature-
za, que admira hajam os naturalis-
tas, os astrônomos e os filósofos fa-
bricados tantos sistemas para assi-
milar os cometas aos astros plane-
tários e para somente verem neles
astros em graus mais ou menos adi-
antados de desenvolvimento ou de
caducidade. Entretanto, os quadros
da Natureza deveriam bastar
amplamente para afastar o observa-
Os melhores telescópios do mundovão observar e filmar o acontecimento
antes, durante e após o evento
ASSINE: (19) 3233-559618| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Fev. 2005
Não turbeis os vossos corações. Nacasa de meu Pai há muitas moradas.Se assim não fosse eu vos teria dito
dor da preocupação de perquirir re-
lações inexistentes e deixar aos co-
metas o papel modesto, porém útil,
de astros errantes, que servem de
exploradores aos impérios solares.
Porque os cometas são coisa muito
diversa dos corpos planetários: não
têm destinação de servir de habi-
tação a humanidade. Vão sucessi-
vamente de sóis em sóis, enrique-
cendo-se, às vezes, pelo caminho,
de fragmentos planetários reduzidos
ao estado de vapor, haurir, nos fo-
cos solares, OS PRINCÍPIOS
VIVIFICANTES E RENOVADO-
RES QUE DERRAMAM SOBRE
OS MUNDOS TERRESTRES1”.
(Grifos meus)
Vejam, meus amigos, o que é
que a NASA vai “metralhar”. Nada
mais, nada menos que um corpo
celeste portador de “fluidos” sola-
res benéficos à Terra e a outros
mundos que visita. Porém, pelas li-
ções que recebemos nessa leitura,
não vai bombardear nada, pois os
cometas não são compostos de cor-
pos sólidos e sim gasosos, benefica-
mente fluídicos. Se o nosso cometa
Tempel- 1 se chocasse eventual-
mente com a Terra, nada aconte-
ceria. A Terra o atravessaria como
se passasse através de um nevoei-
ro. Em 1861, um cometa atraves-
sou a órbita de nosso mundo num
ponto de apenas 20 horas de dis-
tância. Nosso planeta esteve, por-
tanto, mergulhado em sua atmos-
fera sem que disso resultasse qual-
quer problema.
Finalizando, quero dizer que,
embora respeite profundamente as
pesquisas da NASA e os preciosos
esforços de seus cientistas, não
acredito que o “núcleo” de um co-
meta seja feito de rocha e, portan-
to, a bala não vai estilhaçar o co-
meta, pois ele é gasoso. Agora, se
ele for composto de metais e mine-
rais diversos, se a bala da nave di-
namitar seu núcleo esparramando
cacos de granito por todos os lados,
como esperam os cientistas, então,
teremos que cobrar de Galileu in-
formações mais sólidas.�
1- A Gênese, cap VI, item 30.
Nota do Editor
Muitas informações dos Es-píritos Reveladores foramconsoantes à capacidade deentendimento dos homensnaquele período. Todavia, oEspiritismo tem um caráterprogressivo que nos permiteuma perfeita união entre asinformações reveladas e oprogresso dos homens, afian-çando a aliança entre ciên-cia e religião. É o que atestaesta assertiva de Kardec:
“Caminhando de par com oprogresso, o Espiritismo jamaisserá ultrapassado, porque, senovas descobertas lhe demons-trassem estar em erro acerca deum ponto qualquer, ele se mo-dificaria nesse ponto. Se umaverdade nova se revelar, ele aaceitará.” (A Gênese, cap. I,item 55.)
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
RAUL TEIXEIRA -PARTE 1aul Teixeira fala da impor-
tância de Chico Xavier em
sua vida
1) COMO VOCÊ AVALIA AIMPORTÂNCIA DE CHICOXAVIER PARA O ESPIRITISMO?
Indiscutivelmente, o nosso sau-
doso Chico Xavier representa para
o Espiritismo, em sua feição de
Movimento, um marco de
grandíssimo valor. Jamais poderemos
nos referir, no Brasil, possivelmen-
te no mundo, ao Movimento Espí-
rita sem considerarmos o que ele
era antes e o que ficou após a vali-
osa e vultosa contribuição de Chico.
A fidelidade com que realizou sua
tarefa, a sobriedade com que en-
frentou os episódios mais difíceis da
sua jornada, o carinho que demons-
trava a todos que o buscavam, tan-
to em Pedro Leopoldo quanto em
Uberaba e onde quer que se encon-
trasse, o respeito à opinião alheia,
e mais um sem número de atribu-
tos, fizeram de Chico Xavier uma
luminosa referência para tantos
quantos desejam pautar sua cami-
nhada no Movimento Espírita, com
firmeza, boa disposição e indispen-
sável autenticidade, sem fazer con-
cessões aos disparates e às incoe-
rências, muitas vezes abundantes
em searas que crescem muito, como
é o caso no nosso Movimento.
2) QUAL FOI A INFLUÊNCIADE CHICO XAVIER EM SUAVIDA?
Meu contato pessoal com Chico
Xavier deu-se bem no início de
minha jornada espírita. Tendo-me
tornado espírita, já iniciando as ta-
refas de pregação em 1967, estive
com o querido médium pela primei-
ra vez em Uberaba, em 1968, quan-
do fui àquela aprazível cidade para
proferir palestra no Centro Espírita
À Caminho da Luz, no Bairro das
Mercês, dirigido na época pela sau-
dosa médium Nair Costa Dorça, a
sempre lembrada Tia Nair. Após as
atividades que me ocupavam, fui
conduzido por amigos daquela ci-
dade à reunião na Comunhão Es-
pírita Cristã, onde o Chico atendia
até altíssimas horas a uma multi-
dão de almas que acorriam dos mais
variados pontos do Brasil e de di-
versos países. A alegria com que
Chico atendia a todos, a simplici-
dade com que revestia sua ação,
sem barateá-la, sem torná-la piegas,
junto aos confrades, causavam-me
profunda admiração. Para todos ele
tinha uma mensagem, nada
messiânica, nada que pudesse
mostrá-lo em situação de superio-
ridade. Ao contrário, sua mensa-
gem era bem ao nível do que as
pessoas podiam entender. Falava a
cada um de conformidade com as
condições de entendimento do
interlocutor. Com isso, cada um saía
do contato com Chico crendo ser a
pessoa que ele mais amava, com a
sensação de ser ela de quem ele
mais gostava. Particularmente, es-
sas características do nosso velho e
doce Mineiro contribuíram muito
com minha iniciante formação, uma
vez que passei a visitar Uberaba
duas vezes ao ano, aproveitando-
me das férias escolares para pregar
a Doutrina Espírita e conviver, ain-
da que fosse por poucas horas, com
o amor sem fronteiras exalado da
alma de Chico Xavier.�
Continua na próxima edição...
R
Particularmente, as caraterísticas doChico contribuiram muito com minha
iniciante formação
Fonte:
Revista Literária Candeia nº 25. de julho
de 2002.)
ENTREVISTA
ASSINE: (19) 3233-559620| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
O PATINHO FEIO E O ESPÍRITISMO:200 ANOS DE HANS CHRISTIANANDERSEN
por equipe fidelidadeESPÍRITA
“Nascido em 2 de abril de
1805, na cidade de
Odense, Dinamarca,
Hans Christian Andersen ganha-
ria o mundo como o mais importante
escritor de contos de fadas.
Seu pai era sapateiro e sua mãe
lavadeira. Hans herdara do genitor
o gosto pela literatura, toda sua in-
fância fora povoada de lendas e
apólogos imaginários.
Um dia, aos quatorze anos, can-
tou e recitou para o príncipe do rei-
no solicitando-lhe, ao final, um be-
nefício: o de escrever dramas poé-
ticos e representar no Teatro Real.
O nobre o desiludiu aconselhan-
do-o a procurar uma profissão mais
útil, como marcenaria. O pai de
Andersen era um homem de inte-
lecto, que escolheu um ofício útil,
abandonou seus sonhos e arrepen-
deu-se pelo resto da vida.
O sapateiro, com muita dedica-
ção, narrava para o filho as históri-
as das mil e uma noites, sem saber
que estava preparando um dos mais
profícuos escritores do século XIX.
Depois que o pai morreu,
Andersen foi tentar a sorte em
Copenhagen. Bateu à porta de to-
das as pessoas ilustres que conhe-
cia, tentou dançar para uma baila-
rina famosa, mas, tomando-o por
saltimbanco, ela ordenou que o co-
locassem na rua.
Um dia Hans recitou para um
famoso dramaturgo as tragédias que
escrevera. Ele possuía, também,
uma bela e cristalina voz de sopra-
no e foi essa voz que tocou o
“Não importa que se nasça num
terreiro de patos, desde que se saia de
um ovo de cisne”
ESTUDO
�
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
ESTUDO
Professor Siboni, do conservatório
de música, que lhe conferiu uma
bolsa, destinada à manutenção do
rapaz durante seus estudos. Entre-
tanto, estava a poucos meses da pu-
berdade e perdera a voz de soprano
para sempre.
Hans era um garoto desajeita-
do, todo pés e mãos, além de um
nariz protuberante. Sem perder as
esperanças, sob a tutela do Profes-
sor Collin, matriculou-se numa es-
cola próxima ao castelo de Hamlet,
em Elsinore, mantida por um certo
Simon Meisling, com quem passou
a residir. O mantenedor da escola
era um poeta fracassado que mal-
tratava e humilhava Andersen, pe-
los seus dotes naturais e pela bri-
lhante capacidade literária.
Não faltaram os que o
desestimularam dizendo-lhe para
abandonar aquela bobagem de es-
crever, dedicando-se então a uma
vaga de funcionário público. O que
eles disseram Christian registraria
na boca dos seus personagens:
“- Falo para o teu próprio bem”,
disse a Galinha ao Patinho Feio,
“deves aprender a pôr ovos como
eu”. Nesse seu conto, talvez o mais
famoso, o escritor dinamarquês con-
ta com certa ironia sua própria his-
tória.
Os apólogos de Andersen abor-
dam os problemas ético-sociais que
nos envolvem e, por isso, tornaram-
se respeitados e famosos. Foi a par-
tir de 1835 que seus textos foram
publicados pela primeira vez, sem
grandes expectativas. Entretanto,
durante 37 anos, no Natal, surgia
um novo volume de sua lavra, para
alegria das crianças e admiração
dos adultos.
O dia mais feliz de sua vida foi
quando retornou ao “terreiro dos
patos” na condição de “cisne” da
literatura infantil, após cinqüenta
anos de ausência. Toda cidade de
Odense, sua terra natal, o recebeu
com grande festa. O filho do sapa-
teiro e da lavadeira ganhara reno-
me mundial e o povo cantava e gri-
tava seu nome; ao que Hans
Christian Andersen respondia: “A
Deus e aos homens o meu agrade-
cimento e o meu amor”.
O Espiritismo
A história de O Patinho Feio ilus-
tra, sobremaneira, as dificuldades
de alguém em regime de provas e
expiações. Conquanto Andersen
tenha registrado nesse conto sua
própria história, ela mostra também
a realidade de milhões de pessoas.
A Terra é um grande
educandário e todos nós, espíritos
encarnados, necessitamos trabalhar
e desenvolver nossas qualidades.
Aprendemos, com o Espiritismo,
que o corpo físico é o nosso grande
instrumental ou veículo de evolu-
ção. Será adequado às nossas ne-
cessidades de desenvolvimento. É
assim que corpos bonitos oferece-
rão a prova da beleza ao seu porta-
dor, enquanto que corpos menos
elaborados, desprovidos de qualida-
des físicas, ensejarão a condição do
exercício da resignação. Muitos es-
píritos, com tarefas junto a huma-
nidade, por vezes, solicitaram cor-
pos sem nenhum compromisso como
Apolo e Vênus, para que sem os�
Nesse seu conto, talvez o maisfamoso, o escritor dinamarquês conta
com certa ironia sua própria história
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FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
ESTUDO
�
imperativos da beleza tivessem a
tranqüilidade no desenvolvimento
de suas tarefas.
Entretanto, a lenda de O Pati-
nho Feio interpreta uma sociedade
exclusivista, preconceituosa, do
culto ao corpo. Essas são caracte-
rísticas de um mundo pouco desen-
volvido.
Todavia, o que está nas entreli-
nhas do conto é mais importante e
de perfeito acordo com o Espiritis-
mo. Todos temos potencialidades
para desenvolver; muitos espíritos
sofrem, no início de uma existên-
cia, para serem compreendidos pe-
los contemporâneos. Verdadeiros
cisnes em terreiro de patos. Foi o
que aconteceu com os grandes ho-
mens e mulheres da história, como:
Jesus Cristo, Galileu Galilei, John
Huss, Martinho Lutero, Willen
Huttegen, Floresce Nightingale,
Joana D´Arc, Anna Jarves, Eusápia
Paladino, e muitos outros.
A humanidade inteira foi cria-
da com o germe da perfeição, ne-
cessário trabalharmos para que essa
potência apareça em nossos atos.
Esse labor compete-nos a fim de ter-
mos o mérito pela nossa própria
transformação.
Podemos afirmar que já estamos
sentindo a aurora do mundo de re-
generação de que nos fala Santo
Agostinho, em o Evangelho Segun-
do o Espiritismo. Governantes já se
levantam anunciando: guerras não
mais, a medicina avança vertigino-
samente, comitês de ética e cida-
dania se agigantam por todos os con-
tinentes, sem contar os avanços
tecnológicos. Quando o momento
ético, preconizado por todos os lí-
deres religiosos de todo o mundo,
se efetivar a humanidade transfor-
mada será legatária de um mundo
melhor e menos preconceituoso,
enfim, um mundo de cisnes.
A Lenda
“Era verão e os dias estavam lin-
dos. O feno formava pilhas nos pra-
dos e campinas. As cegonhas ca-
minhavam com suas longas pernas
vermelhas, tagarelando umas com
as outras. No meio de um grande
bosque havia um lindo lago. No
ponto mais ensolarado, à beira do
lago, via-se uma velha mansão. A
grama, muito bem aparada, ia da
casa até a beira da água. A paisa-
gem era realmente encantadora.
No meio da folhagem do bos-
que, uma pata, no seu ninho, aguar-
dava os patinhos que iam nascer.
Já estava bem cansada de estar ali
tanto tempo. Além disso, quase não
recebia visitas, pois os outros patos
gostavam mais de nadar do que sen-
tar em baixo das folhas para taga-
relar com ela. Afinal, os ovos co-
meçaram a estalar, um após o ou-
tro. Os patinhos puseram as
cabecinhas para fora e saltaram da
casca. Dona Pata grasnou de con-
tentamento e eles responderam bai-
xinho: “Quá, quá, quá!!!”
Muito admirados olhavam para
todos os lados. A mamãe deixou-os
olhar tanto quanto quisessem, pois
a cor verde das folhas faz muito bem
aos olhos.
A história de O Patinho Feio ilustra asdificuldades de alguém em regime deprovas e expiações
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Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
ESTUDO
- Como é grande e claro o mun-
do cá fora! exclamaram os patinhos.
- Vocês pensam que o mundo é
só isso? perguntou Dona Pata. Ele
se estende para o outro lado do bos-
que e vai seguindo até se perder
de vista. Bem, penso que vocês já
estão todos aqui, não é?
Ela se levandou e olhou à volta.
- Não, ainda falta um. O ovo
maior está intacto. Quanto tempo
levará?
Dizendo isto, Dona Pata sentou-
se novamente no ninho.
- Olá, como vai passando? per-
guntou uma pata velha que veio
fazer-lhe uma visita.
- Vou bem, obrigada, apenas um
pouco aborrecida porque a casca
deste ovo ainda não se partiu. En-
tretanto, você já pode olhar os ou-
tros patinhos. São os mais lindos que
já vi, exatamente iguais ao pai.
Aquele maroto há muito não me
aparece...
- Deixe-me olhar o ovo que ain-
da não se abriu, disse a velha pata.
Huuummm! você pode ter certeza
que é ovo de perua. Eu já fui enga-
nada assim, uma vez, e só tive abor-
recimentos, pois perus têm medo de
água. Grasnei e mordi-os, mas não
consegui atirá-los na água. Deixe-
me ver o ovo. Não resta dúvida, é
de perua! Não perca seu tempo,
deixe-o sozinho e ensine os outros
a nadarem.
- Chocá-lo-ei mais um pouco,
disse a pata.
- Desejo-lhe boa sorte. Passe
bem.
A velha pata foi-se embora. Daí
a algum tempo, o ovo começou a
estalar e, de lá de dentro, foi sain-
do um patinho muito grande e
simplesmente feio. Dona Pata
olhou-o muito desapontada e ex-
clamou:
- Que patinho monstruoso! Não
se parece com nenhum dos outros.
Será que é filho de perua? Bem, logo
descobrirei isto. Irá para a água,
nem que eu tenha que empurrá-lo.
O dia seguinte amanheceu lin-
do. O sol brilhava sobre a folhagem.
A mamãe pata foi com sua ninha-
da até o lago. Atirou-se na água e
chamou os filhinhos:
- Quá! Quá! Quá! disse ela e
eles, uns atrás dos outros, foram-se
atirando. A água cobriu suas
cabecinhas mas eles levantaram-se
e flutuaram lindamente. Suas pati-
nhas moveram-se e lá foram eles
nadando. Até o feioso nadou.
- Não, este não é peru, disso
Dona Pata. Sabe usar muito bem as
patas e mantém-se ereto sobre a
água. Afinal de contas, é meu filho
e, talvez, quando crescer não seja
tão feio. Quá! Quá! Quá! Venham
comigo. Vou apresentá-los no�
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FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
quintal. Fiquem sempre perto de
mim, para não serem pisados, e
muito cuidado com o gato.
Foram, então, ao quintal. Havia
lá uma horrível confusão.
- Endireitem as patinhas, disse
ela. Grasnem apropriadamente e
inclinem a cabeça diante da velha
pata. Ela é a mais importante de
todas nós aqui. Tem sangue espa-
nhol nas veias. Tem uma argola
vermelha numa das patas, o que
indica sua boa raça. Lá vem ela.
Vamos, grasnem, inclinem a cabe-
ça.
Eles fizeram exatamente o que
a mãe recomendou. Os outros patos
olharam-se e comentaram:
- Agora teremos que suportar
esta outra tribo, como se não
fossemos suficientes! Cruzes! Que
patinho feio aquele lá atrás! Dizen-
do isto, um dos patos saiu correndo
e bicou o pobre bichinho no pesco-
ço.
- Deixe-o em paz! pediu Dona
Pata. Ele não lhe está causando
nenhum dano.
- Realmente não está, mas acon-
tece que ele é tão feio e esquisito
que não pude controlar-me, respon-
deu o malvado.
- Seus filhinhos são lindos,
exceto aquele ali, disse a pata ve-
lha. Está se vendo que não é de boa
raça.
- Realmente ele não é bonito,
mas é muito bonzinho e nada tão
bem quanto os outros. Talvez no
futuro ele melhore, disse Dona Pata
e acariciou o pescoço do filhinho.
- Fiquem à vontade crianças, e
se acharem uma minhoca podem
trazê-la para mim.
Depois disso, os patinhos senti-
ram-se mais à vontade. O feioso,
coitado, levou bicadas e foi sacu-
dido pelos outros patos e até pelas
galinhas. Estava desesperado e não
sabia que rumo tomar. Servia de
galhofa para todos. Os dias foram-
se passando e, cada vez, ele se via
mais atropelado. Até seus irmãos
costumavam aborrecê-lo, dizendo:
- Se ao menos o gato pegasse esta
coisa horripilante...
Sua própria mãe disse um dia:
- Eu desejava vê-lo bem longe
de mim.
Os patos o bicavam, as galinhas
o espicaçavam e a menina que os
alimentava sempre o deixava de
lado.
Certo dia, não aguentando mais
aquela situação, ele fugiu e che-
gou à sebe onde os passarinhos se
aninhavam.
- Não tenho culpa de ser tão
feio! pensou ele, muito, muito tris-
te.
Continuou a andar até que che-
gou a um campo, onde viviam pa-
tos selvagens. Estava tão cansado
que passou a noite lá. Pela manhã,
os patos selvagens foram inspecio-
nar seu novo companheiro.
- Que espécie de bicho é você?
Perguntaram-lhe assim que ele os
cumprimentou. Você é horrivel-
mente feio, mas isto não tem im-
portância. Pode ficar aqui, desde
que não pretenda casar-se em nos-
sa família.
Pobre patinho! Absolutamente
não havia pensado em casamento.
Ele desejava apenas permissão para
ficar ali no meio da folhagem e be-
ber um pouco de água. Ficou lá dois
dias inteiros. No fim desse tempo,
dois gansos selvagens, muito mal
educados, chegaram e disseram:
- Você é tão feio, camarada, que
até temos pena de você. Há outro
lago, aqui perto, onde vivem gan-
sas encantadoras! São doces cria-
turas que sabem grasnar de modo�
Cruzes! Que patinho feio aquele láatrás
ESTUDO
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Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
especial. Reúna-se ao nosso grupo
e vamos até lá. Com a sua feiura
elas se divertirão bastante!
Nesse momento, ressoou um tiro, no
alto, depois outro e outro... bandos
de gansos selvagens voavam assus-
tados. Havia uma grande caçada.
Os caçadores estavam escondidos
no arvoredo, à volta do lago. Os
cães farejavam, patinhando no
pantano. Tudo isso alarmava horri-
velmente o pobre patinho feio. Ele
enroscou o pescoço para esconder
a cabeça debaixo da asa e ficou lá
escondido entre os arbustos. Já era
tarde quando o barulho cessou.
Apesar disso, o patinho não ousava
levantar-se. Esperou muitas horas
ali sentado. Finalmente tomou co-
ragem, olhou à sua volta e vôou o
mais depressa que pôde. Correu por
campos e prados. Ventava tanto que
era difícil equilibrar-se. Tarde da
noite, chegou a um casebre. Era tão
miserável que se mantinha em pé
por milagre. O vento assobiava tão
ferozmente, e de repente ele notou
que o vento abrira a porta do case-
bre. Resolveu, então, entrar para se
abrigar.
Lá vivia uma senhora idosa, com
um gato e uma galinha. O gato,
que se chamava Mimi, arqueava as
costas, ronronava e seus olhos lan-
çavam chispas, pedindo que o aca-
riciassem. A galinha tinha patas tão
curtas que era, por isso, chamada
Baixotinha. Punha ovos deliciosos
e a senhora gostava dela como se
fosse sua filha. Pela manhã, o pati-
nho foi descoberto. O gato come-
çou a ronronar e a galinha cacare-
jou.
- Que será isto? perguntou a se-
nhora, olhando ao redor. Ela não
enxergava bem e pensou que o pa-
tinho fosse uma pata grande que ti-
vesse fugido de algum lugar.
- Que bom achado! exclamou a
senhora. Agora terei ovos de pata,
caso não seja um pato. Esperemos
para ver. Durante três semanas o
patinho esteve em observação, mas
os ovos não apareceram.
O gato e a galinha eram donos
da casa e, por isto, julgavam-se
muito importantes. A galinha per-
guntou ao patinho:
-Você põe ovos?- Não, respondeu
o patinho humildemente.
- Você sabe arquear as costas e
ronronar? perguntou o gato.
- Também não, tornou a respon-
der o patinho.
- Pois então, fique sabendo que
é um grande tolo, disse a galinha.
O patinho sentou-se num can-
to, cozinhando o seu mau humor.
De repente, apossou-se dele um
grande desejo de nadar ao sol, sen-
tindo o frescor da manhã. E então
ele resolveu ir embora novamente.
Atirou-se na água, nadou e mer-
gulhou, sentindo-se mais calmo
depois disto. Entretanto, continu-
ava a ser olhado com indiferença
pelas outras criaturas, por causa da
sua feiura. O outono chegou. As
folhas foram ficando amareladas.
Os dias foram passando, o vento so-
prava sempre mais forte e o céu es-
tava ficando cada vez mais pesado
de nuvens. O patinho ficou ame-
drontado.
Chegou o inverno. Uma tarde,
quando o sol se punha, um bando
de bonitos pássaros surgiu do arvo-
redo. O patinho nunca tinha visto
animais tão belos. Eram deslum-
brantemente brancos, com pesco-
ços longos e curvos. Eram cisnes.
Espalhavam suas largas asas e voa-
vam das regiões frias para as terras
quentes. Voavam tão alto, que o
patinho sentiu-se estranhamente
inquieto. Durante muito tempo
nadou, acompanhando os vôos dos
cisnes. Não os conhecia, mas sen-
tia-se estranhamente atraído para
perto deles. Intimamente desejou
ser assim tão bonito.
Dois gansos muito mal educadosdisseram: - Você é tão feio, camarada,
que até temos dó de você
ESTUDO
�
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FidelidadESPÍRITA | Mar. 2005
O inverno estava tão amarga-
mente frio, que o patinho teve que
nadar muitas vezes, em torno do
lago, para se aquecer. Entretanto,
a superfície do lago diminuia cada
vez mais e, finalmente, congelou-
se. O patinho teve que agitar as pa-
tinhas para não virar sorvete, mas
acabou ficando cansado. Pela ma-
nhã, um camponês vinha andando
e viu-o ali, quase morto. Apanhou-
o e levou-o para casa, entregando-
o à esposa. Lá ele reviveu. As cri-
anças quiseram brincar com ele,
mas o coitado teve medo de ser mal-
tratado. Por isso, meteu-se na pa-
nela do leite, esparramando-o por
todos os lados. A mulher do cam-
ponês gritou e sacudiu as mãos, dei-
xando-o ainda mais assutado.
Vôou, então, para a batedeira de
manteiga, fazendo novo estrago. A
mulher, aborrecida, quis bater-lhe
com uma vara. As crianças esbar-
ravam umas nas outras, na tentati-
va de segurá-lo. Por sorte, a porta
estava aberta, e o patinho saiu vo-
ando. Meteu-se no meio das árvo-
res, mas acabou caindo outra vez
na neve. Estava exausto. Seria mui-
to triste descrever todas as priva-
ções que ele teve que suportar até
o final do inverno.
Quando o sol começou a brilhar
novamente, o patinho foi para o
lago. As cotovias cantavam e a pri-
mavera vinha chegando. Ele já es-
tava mais crescido e sacudia as asas
com mais força do que antes. Vôou
e encontrou-se num bonito pomar,
onde as macieiras estavam em flor.
No ar, sentia-se o perfume dos lila-
ses. O frescor da primavera estava
delicioso! Exatamente à sua fren-
te, encontrou três cisnes, que avan-
çavam em sua direção, deslizando
suavemente sobre a superficie do
lago. O patinho logo os reconhe-
ceu. Eram os mesmos cisnes que ele
havia visto voando. Ficou possuido
de uma estranha melancolia.
- Voarei até os pássaros reais e,
com certeza, virar-me-ão as costas,
por causa da minha feiura, mas não
faz mal. Prefiro ser morto por eles
do que mordido pelos patos, bica-
do pelas galinhas, espancado pela
mulher do camponês e ainda supor-
tar a rigidez do inverno.
Assim pensando, vôou em direção
dos cisnes. Eles o viram e se aproxi-
maram, gentilmente, ruflando as
asas.
- Matem-me, disse ele.
Abaixou a cabeça e ficou espe-
rando a morte, mas, através da
água transparente, o que ele viu?
Com grande surpresa, viu sua pró-
pria imagem refletida na água. Ele
não era mais aquele patinho feio,
cinzento e desajeitado. Era um belo
cisne!
Ficou verdadeiramente
emocionado.
Os cisnes grandes nadavam à
sua volta, como se quisessem ren-
der-lhe homenagem. Algumas cri-
anças vieram ao lago trazendo pe-
dacinhos de pão para eles.
A menor exclamou:
- Hoje há mais um cisne, e como
é bonito!!!
As outras crianças disseram:
- Ele é o mais belo de todos e é
muito jovem.
Os velhos cisnes inclinaram as
cabeças, em sinal de respeito, e de-
pois acariciaram-no com o bico.
O cisnezinho ficou encabulado
e escondeu a cabecinha debaixo
da asa. Apesar de muito contente,
não estava orgulhoso, pois quem
tem bondade no coração não sente
orgulho.
Lembrou-se de tudo o que so-
frera e deu graças a Deus por ser
agora tão feliz! �
ESTUDO
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Mar.2005 | FidelidadESPÍRITA
por Eduardo Martins
ocê já ouviu dizer que há
muitos anos as pessoas
pescavam e tomavam ba-
nho no Tietê, aqui mesmo, dentro
da cidade de São Paulo? Como nem
tudo que é bom dura para sempre,
isso aconteceu com o rio.
Se você for escrever sobre ele
hoje, no que vai pensar em primei-
ro lugar?
Talvez no cheiro. E tem certeza
quanto à forma a usar? Mau chei-
ro ou mal cheiro? Se escolheu mau
cheiro, parabéns.
Há uma regra prática para sa-
ber quando se deve usar mal ou
mau. Qual é o contrário de mal? É
bem. E o oposto de mau? É bom.
Então, guarde a diferença:
a) Quando puder usar bom, a
grafia correta é mau (o contrário
de bom).
b) Quando puder usar bem, o
certo é mal (o contrário de bem).
Veja alguns exemplos: Ele é mau.
Ele é bom./ Ele vive de mau humor.
Ele vive de bom humor./ O jogador
teve mau desempenho. O jogador teve
bom desempenho./ O carro estava em
mau estado. O carro estava em bom
estado./ Fez mau uso dos livros.
Agora, acerte no uso de mal: Ele
vive mal-humorado. Ele vive bem-
humorado. (Assim, nunca se deve
escrever “mau-humorado”.) / Ele é
muito mal-intencionado. Ele é muito
bem-intencionado./ O artista anda
mal-arrumado. O artista anda bem-
arrumado./ Procurava o bem-estar
das pessoas. Procurava evitar o mal-
estar das pessoas./ Vive a praticar o
mal. Vive a praticar o bem.
Conheça cada uma das pala-
vras
Para completar as noções sobre
mau e mal, convém você saber como
utilizar cada uma dessas palavras.
Mau, adjetivo, qualifica uma
pessoa ou coisa: Ele é mau./ Deu mau
jeito no pescoço./ Era um mau aluno.
Mal tem número muito maior de
funções.
Pode ser advérbio, quando equi-
vale a insuficientemente, de modo
irregular: Ele escreve mal./ O time
jogou mal./ Estava mal de vida.
Como conjugação, designa tem-
po: Mal o viu, mudou de calçada.
Finalmente, como substantivo,
equivale a coisa que prejudica,
ação má, tormento: Seu mal é viver
fingindo./ A desonestidade é um mal
sem cura./ Vivia a praticar o mal.
Ainda como substantivo, pode
ser sinônimo de doença: A aids é
um mal terrível./ O mal que contraiu
nas matas era incurável.
Quando usado para designar um
tipo de doença, identificado em
geral pelo nome do cientista que
estudou a moléstia, mal tem inici-
al minúscula: mal de Chagas; mal
de Alzheimer; mal de Parkinson. �
COM TODAS AS LETRAS
V
Fonte:
MARTINS,Eduardo. Com Todas as Le-
tras. Pag. 10. Editora Moderna. São Pau-
lo/SP.
NOTA DO EDITOR - AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da
linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras”.
Allan Kardec / L.E. Introdução
Da mesma forma que Kardec se preocupou com os vocábulos, julgamos oportuno
compartilhar com o leitor algumas regras básicas da língua portuguesa, como contribuição
à cultura e à valorização da nossa língua. Por isso, inauguramos, a partir deste número, a
coluna: Com Todas as Letras, reproduzindo textos de Eduardo Martins, editor do jornal
O Estado de São Paulo.
Esta revista entende que as palavras são as vestimentas das idéias; o verbo correto e bem
empregado é poderoso instrumento de educação, que também deve estar a serviço do Espiritismo.
O BOM E O MAU USO DE MAL