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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS UFT PRÓ- REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GURUPI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA MESTRADO ELANNE COSTA GLÓRIA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DE MIRINDIBA (Buchenavia tomentosa Eichler), DO CERRADO TOCANTINENSE GURUPI TO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT

PRÓ- REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA – MESTRADO

ELANNE COSTA GLÓRIA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DE MIRINDIBA

(Buchenavia tomentosa Eichler), DO CERRADO TOCANTINENSE

GURUPI – TO

2014

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ELANNE COSTA GLÓRIA

Engenheira de Alimentos

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DE MIRINDIBA

(Buchenavia tomentosa) Eichler, DO CERRADO TOCANTINENSE

Orientador: Dr. Luiz Gustavo Lima Guimarães

GURUPI – TO

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Biotecnologia da Universidade

Federal do Tocantins, como um dos

requisitos para a obtenção do título de mestre

(a) em Biotecnologia.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

Sistema de Bibliotecas (SISBIB/UFT)

G566c

Glória, Elanne Costa

Caracterização físico-química de frutos de Mirindiba (Buchenavia tomentosa Eichler), do

Cerrado Tocantinense / Elanne Costa Glória. – Gurupi, TO, 2014.

71f.

Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade Federal do Tocantins, Câmpus de Gurupi - Programa de Pós - graduação Mestrado em Biotecnologia, 2014.

Orientador: Dr. Luiz Gustavo Lima Guimarães.

1. Frutos do Cerrado. 2. Mirindiba (Buchenavia tomentosa Eichler) - propriedades químicas.

3. Compostos bioativos. I. Título.

CDD 641.3

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio

deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é

crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato (a): Elanne Costa Glória

Título da Dissertação: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DE MIRINDIBA

(Buchenavia tomentosa) Eichler, DO CERRADO TOCANTINENSE.

A comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em

sessão pública realizada em 27 de Fevereiro de 2014 considerou a candidata:

( X ) Aprovado (a) ( ) Reprovado (a)

_______________________________________________

Examinador: Dr. Ildon Rodrigues do Nascimento

Universidade Federal do Tocantins - UFT

_______________________________________________

Examinador: Dr. Gil Rodrigues dos Santos

Universidade Federal do Tocantins - UFT

_______________________________________________

Examinador: Dr. Tarcísio Castro Alves de Barros Leal

Universidade Federal do Tocantins – UFT

________________________________________________

Presidente: Dr. Luís Gustavo Lima Guimarães

Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ

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AGRADECIMENTOS

Ao senhor Deus, pelo dom da fé e pela oportunidade de evolução.

Ao Professor Dr. Luiz Gustavo Lima Guimarães, pela orientação, ensinamentos,

oportunidades, por todo o incentivo e apoio técnico e científico, que foram de grande

importância para o meu crescimento profissional e intelectual.

Á Professora Dr.ª Elisângela Elena Nunes de Carvalho, pelas orientações,

ensinamentos e oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos.

Ao Professor Ms. Weligton Francisco, pelos ensinamentos em química, amizade e

principalmente pela ajuda nos momentos difíceis.

Aos Professores: Dr. Ildon Rodrigues do Nascimento, Dr. Gil Rodrigues dos Santos,

Dr. Tarcísio Castro Alves de Barros Leal por terem aceitado o convite de participar

desta banca de defesa de dissertação, contribuindo assim para o enriquecimento

deste trabalho.

Á Universidade Federal do Tocantins e todo o corpo docente, pela formação em

nível de graduação em Engenharia de Alimentos e ao campus de Gurupi, pela

oportunidade de realização do mestrado.

Ao laboratório de Análise de Alimentos, campus Palmas, pela oportunidade da

realização das análises e aprendizados. Em especial, ao engenheiro de alimentos:

Júlio Cesar, obrigada!

Á Universidade Federal de Lavras, em especial ao Departamento de Ciência dos

Alimentos, pela realização das análises e aprendizados concedidos.

Á Heloisa Siqueira pela condução das análises (pectinas, vitamina C, açúcares

totais) e pelos ensinamentos, apoio e amizade. Obrigada!

Á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Reuni,

pela concessão da bolsa de pós-graduação.

Ao Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, pelo aperfeiçoamento

profissional.

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Aos amigos, guardados no coração, obrigada, pela amizade sincera!

Aos amigos Aurenívia Bonifácio, Artenísia Cerqueira, Sidney Emilio e Jeferson

Costa, palavras de apoio, amizade e principalmente, ensinamentos.

Ás graduandas em Engenharia Biotecnológica: Talita, Tallyta, Ryahara, Rayssa,

Raiana e a engenheira agronômica Tatiani.

Aos colegas da pós-graduação em Biotecnologia (Marysa, Renata, Evilanna,

Rejanne, Bruna, Cândida, Damiana, Túlio, Suetônio, Marcos, Carlos Eduardo, Elisa,

Luís Fernando, Diego e Tiago Dias), pela convivência, ensinamentos e momentos

únicos.

Em especial, a minha família, pela educação, ensinamentos e incentivos. Meu

eterno amor, gratidão e respeito.

À minha flor, esperança, a rosa mais linda do meu jardim: Clarissa, sem sua

compreensão e seu amor a caminhada não teria razão, obrigada!

Ao Hemyllyanno, pelo apoio, incentivos.

A todos que me ajudaram, direta ou indiretamente, na realização deste trabalho. Os

mais sinceros agradecimentos e minha eterna gratidão!

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“Os dias prósperos não vêm ao acaso; são granjeados, como as searas, com muita

fadiga e com muitos intervalos de desalento.” (Camilo Castelo Branco)...

...“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão,

perder com classe e viver com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve, e a

vida é muito bela para ser insignificante” (Charles Chaplin).

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GLÓRIA, E. C. Caracterização físico-química de frutos de Mirindiba (Buchenavia

tomentosa Eichler). Gurupi, 2014. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) –

Universidade Federal do Tocantins.

RESUMO

As espécies silvestres nativas do cerrado possuem sabores atrativos e compostos

nutritivos. Dentre os gêneros das Combretaceaes, a Mirindiba desempenha papel

importante na medicina popular, no entanto, pouco se conhece sobre sua

composição química. Assim, a fim de uma prospecção químico-biológica em frutos

do cerrado tocantinense, este trabalho teve por objetivo caracterizar as polpas dos

frutos de mirindiba (Buchenavia tomentosa) quanto a seus constituintes químicos e

compostos bioativos.

Os frutos, para este estudo, foram coletados em duas regiões (Palmas e Gurupi), no

Estado do Tocantins e analisados quanto aos parâmetros: coloração, composição

centesimal, pectina, sólidos solúveis, pH e acidez e constituinte químico, vitamina C,

compostos fenólicos e minerais. Pelos resultados obtidos a mirindiba, quanto à

coloração das cascas e polpa, apresenta-se como fruto amarela-esverdeado. Ácidos

(pH 3,54), Adocicados, com °Brix 23,55, AT (1,95), AST (11,86); PT (0,50); PS

(0,29). Estes frutos apresentam características nutricionais: umidade (3,35%); fração

glicídica (20,86%), proteína bruta (0,32%); extrato etéreo (0,76%); fibra bruta

(0,08%); cinza (0,62%), com um valor calórico 91,57 kcal. E propriedades químicas:

vitamina C (6,70 mg GAE.100g-1); compostos fenólicos (3296,09 mg GAE . 100g-1) e

minerais, tais como, fluoreto (21,06); cloreto (118,58), nitrito (0,33); nitrato (14,35);

fosfato (43,31) e sulfato (0,38), demonstrando que a mirindiba apresentam teores

químicos relevantes.

Palavras-chave: frutos do Cerrado; composição; compostos bioativos; propriedades

químicas.

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GLÓRIA, E. C. Physico-chemical characterization of fruits Mirindiba (Buchenavia

tomentosa) Eichler. Gurupi, 2014. Dissertation (Master‟s degree in Biotechnology) –

Federal University of Tocantins.

ABSTRACT

The native wild species of the Cerrado have attractive flavors and nutritional

compounds. Among the genres of Combretaceaes the Mirindiba plays an important

role in folk medicine, however, little is known about their chemical composition. So, in

order for a chemical-biological prospecting in Tocantins seafood savannah, this study

aimed to characterize the pulp of the fruits of mirindiba (Buchenavia tomentosa) as

its chemical constituents and bioactive compounds.

The fruit for this study were collected in two regions (Gurupi and Palmas) in the State

of Tocantins and analyzed for parameters: color, chemical composition, pectin,

soluble solids, pH and acidity and chemical constituent, vitamin C, minerals and

phenolic compounds. The results obtained mirindiba, regarding color of bark and

pulp, appears as yellow-green fruit. Acidic (pH 3.54), sweetened with 23.55 ° Brix, TA

(1.95), AST (11.86); EN (0.50); PS (0.29). These fruits have nutritional

characteristics: moisture (3.35%); glicidic fraction (20.86%), crude protein (0.32%);

ether extract (0.76%); crude fiber (0.08%); ash (0.62%), with a calorific value of 91.57

kcal. And Chemical Properties: Vitamin C (6.70 mg GAE.100g-1); phenolics (GAE

3296.09 mg 1-100g) and minerals such as fluoride (21.06); chloride (118.58), nitrite

(0.33); nitrate (14.35); phosphate (43.31) and sulphate (0.38), demonstrating that

mirindiba present relevant chemical levels.

Keywords: Cerrado fruits; composition; bioactive compounds; chemical properties.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Alcalóides flavonólicos isolados de espécies Buchenavia e suas

respectivas estruturas................................................................................................29

Tabela 2. Valores médios em frutos de mirindiba, aonde “a*” (componentes da cor

vermelho-verde) e “b*” (componente amarelo-azul) coletados nas cidades Gurupi

(Amostras: 1, 2 e 3) e Palmas (Amostras: 4 e 5), UFT (2013)...................................44

Tabela 3. Valores médios de valor L*, cromaticidade (C*) e ângulo hue (h°) de frutos

da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades Gurupi (Amostras: 1, 2

e 3) e Palmas (Amostras: 4 e 5), UFT (2013)............................................................46

Tabela 4. Valores médios de potencial Hidrogeniônico (pH), sólidos solúveis totais

(SST); acidez titulável (AT) e ratio (SS/AT) de frutos da Buchenavia tomentosa

(Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e Palmas (4 e 5), UFT

(2013).........................................................................................................................48

Tabela 5. Valores médios de Açúcares Solúveis Totais (AST), pectina total (PT),

pectina solúvel (PS) e percentual de solubilização da pectina (SOL) de frutos da

Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e

Palmas (4 e 5), UFT

(2013).........................................................................................52

Tabela 6. Composição centesimal e Valor calórico da Polpa dos frutos Buchenavia

tomentosa (Mirindiba) na base úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa

(Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e Palmas (4 e 5), UFT

(2013).........................................................................................................................55

Tabela 7. Teores de vitamina C das amostras de frutos de Buchenavia tomentosa

(Mirindiba) na base úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados

nas cidades de Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e Palmas: (4 e 5), UFT (2013)...............58

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Tabela 8. Fenólicos totais de frutos de Buchenavia tomentosa (Mirindiba) na base

úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de

Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e Palmas: (4 e 5), UFT (2013)........................................59

Tabela 9. Composição em íons maiores da polpa de frutos da Buchenavia

tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e

Palmas: (4 e 5), UFT (2013).......................................................................................61

Tabela 10. Dados adicionais dos locais de coletadas dos frutos de Mirindiba

analisados e suas respectivas coordenadas, UFT (2012 e 2013).............................72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Plantas adultas de Buchenavia tomentosa (Mirindiba), A: Frutos verdes; B:

Folhas/árvore; C: tronco; D: Flores............................................................................27

Figura 2. Aspectos dos frutos de Buchenavia tomentosa colhidos em Palmas –

Amostra 4 e 5, sendo 4 (colhida no chão) e 5 (colhidas no pé)................................35

Figura 3. Aspectos dos frutos Buchenavia tomentosa colhidos em Gurupi (Amostra

2, frutos congelados -80°C)........................................................................................36

Figura 4. Representação. Representação dos parâmetros de cor, sistema CIALAB

no plano......................................................................................................................45

Figura 5. Gráfico da luminosidade (L*) para as polpas e os frutos das matrizes de

Buchenavia tomentosa...............................................................................................45

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LISTA DE ABREVIATURAS E LISTA DE SIGLAS

AST: açúcares solúveis totais

AT: Acidez titulável

AOAC: Associação Oficial de Química Analítica

CDB: Convenção sobre Diversidade Biológica

CIELAB: Internacional Comission on Illumination

CV: coeficiente de variação

DNA: Ácido desoxirribonucleico

EROS: Espécies reativas de oxigênio

FAS: Enzima ácido graxo sintase

GPS: Sistema de posicionamento global

HIV: Vírus da imunodeficiência humana

IAL: Instituto Adolfo Lutz

IC50: Metade da concentração inibitória máxima

IGPRI: Instituto Internacional de Recursos Fitogenéticos

PS: pectina solúvel

PT: pectina total

pH: potencial Hidrogeniônico

SST: sólidos solúveis totais

VET: valor energético total

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SUMÁRIO

Apresentação

RESUMO....................................................................................................................viii

ABSTRACT.................................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS...................................................................................................x

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................xii

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................18

2.1 Cerrado............................................................................................................18

2.2 Frutos do Cerrado............................................................................................19

2.3 Compostos Bioativos.......................................................................................21

2.4 Combretaceae..................................................................................................25

2.4.1 Buchenavia tomentosa.........................................................................27

Estudos Fitoquímicos de espécies de Buchenavia.................................28

3. OBJETIVO GERAL................................................................................................34

3.1 Objetivos específicos.......................................................................................34

4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................35

4.1 Obtenções dos frutos.......................................................................................35

4.2 Preparo das amostras..................................................................................... 36

4.3 Determinações da Cor das cascas e polpas....................................................36

4.4 Caracterização Química...................................................................................37

4.4.1 Umidade.............................................................................................. 28

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4.4.2 Lipídios ou extrato etéreo.....................................................................37

4.4.3 Proteínas (método kjeldahl)..................................................................38

4.4.4 Resíduo Mineral Fixo (Cinzas).............................................................39

4.4.5 Fibra bruta............................................................................................39

4.4.6 Carboidratos.........................................................................................39

4.5 Valores Energéticos Totais (VET)....................................................................39

4.6 Sólidos solúveis, pH, acidez titulável e ratio....................................................40

4.7 Pectina solúvel.................................................................................................40

4.8 Pectina total.....................................................................................................41

4.9 Açúcares totais.................................................................................................32

4.10 Vitamina C......................................................................................................42

4.11 Compostos Fenólicos.....................................................................................42

4.12 Minerais..........................................................................................................43

4.13 Análises estatísticas.......................................................................................43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 35

5.1 Cor...................................................................................................................44

5.2 Sólidos solúveis, pH, Acidez titulável...............................................................48

5.3 Açúcares solúveis totais, pectina total e pectina solúvel.................................51

5.4 Composição centesimal...................................................................................54

5.5 Vitamina C........................................................................................................57

5.6 Compostos fenólicos........................................................................................59

5.7 Minerais (Íons maiores)....................................................................................60

6. CONCLUSÃO........................................................................................................64

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................65

ANEXO I....................................................................................................................78

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1. INTRODUÇÃO

A biodiversidade agrícola é importante para a segurança alimentar e

nutricional. Podem oferecer fontes de nutrientes para melhorar a diversidade da

dieta e qualidade além de fortalecer os sistemas alimentares locais e

sustentabilidade ambiental (MATTEI; FANZO, 2012).

O interesse, cada vez maior, de consumidores por substâncias de

origem vegetal, devido ao aumento da preocupação em torno de aditivos sintéticos,

potencialmente prejudiciais, resulta em uma melhor compreensão sobre as

propriedades químicas de plantas (CEVA-ANTUNES et al., 2006; FURTADO et al.,

2010).

Os produtos naturais, estudados em vegetais, constituem um grupo

complexo de substâncias químicas, capazes de agirem como protetores frente ao

estresse oxidativo (FERREIRA et al., 1997; FERRARI et al., 2001; CHAHOUD et al.,

2004).

Segundo Fenemma (2010) os produtos de origem vegetal costumam

apresentar uma densidade calórica ainda menor que a de produtos de origem

animal, de modo que seu IQN (índice de qualidade nutricional) geralmente é muito

elevado.

Belitiz et al. (1999) e Ayaz et al. (2007) relatam que as plantas

possuem açúcares livres, ácidos orgânicos, aminoácidos (livres e incorporados em

proteínas), lipídios, minerais e compostos do metabolismo secundário que são

componentes naturais de muitos produtos de origem vegetal, o que desempenha

papel importante na manutenção nutritiva da dieta humana.

Neste contexto, os frutos do cerrado são utilizados na alimentação

humana e na medicina popular (ALVES et al., 2008). Possuem sabores e

características sensoriais atrativas, porém com pouco ou nenhum valor comercial.

Estudos demonstram que estes frutos apresentam altos teores de umidade e

açúcares, assim como sais minerais, proteínas, ácidos graxos, vitaminas e

pigmentos (CARDOSO, 2011a; MALTA, 2013).

As espécies frutíferas do cerrado apresentam compostos com

propriedades químicas promotoras à saúde e a prevenção de várias doenças

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degenerativas (MIDDLETON et al., 2000; PUUPPON-PIMIA et al., 2001). Os

compostos presentes nestes frutos devem ser caracterizados, mediante, o estudo de

suas propriedades químicas e nutritivas, visando a sua aplicabilidade em produtos

naturais biologicamente ativos (CARDOSO 2011b; MALTA et al. 2012; GUPTA et al.,

2014). .

Rufino et al. (2010) relatam que à elevada concentrações de nutrientes,

em espécies frutíferas, desempenham um importante papel nutricional, funcional e

terapêutico. Os frutos nativos do cerrado tocantinense podem representar uma

importância econômica para a região Norte, visto que exercem fontes de recursos

genéticos que podem, economicamente, serem exploradas mediante o

conhecimento de sua composição química, visando à geração de produtos e

subprodutos biotecnológicos, farmacêuticos e medicinais.

A magnitude da biodiversidade do cerrado possui inúmeras espécies

vegetais consideradas importantes matérias-primas (CANUTO et al. 2010). Algumas

já incorporadas ao hábito alimentar outras, poucas conhecidas, como a mirindiba,

planta deste estudo.

Buchenavia tomentosa é uma planta do cerrado brasileiro, conhecida

popularmente como mirindiba, pertence à família da Combretaceae (MARQUETE,

VALENTE, 2005). No cerrado tocantinense é utilizada, pela população, com a

finalidade terapêutica ao tratamento de diabetes.

Esta espécie possui atividade farmacológica comprovada como:

atividade antimicrobiana, antifúngica, atividade anti-HIV e inibição da enzima

quinases dependentes de ciclinas (AHOUD et al., 1984; BLEUTER et al., 1992;

KHADEM, et al., 2012; NGUYEN et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2012).

A exploração de plantas de uso medicinal da flora nativa através da

extração direta nos ecossistemas podem reduzir a fragmentação e destruição das

populações naturais (MATTEI; FANZO, 2012), como no caso, do bioma Cerrado

tocantinense.

Nesta perspectiva, este estudo assume importância na compreensão

de suas propriedades química, pois mesmo possuindo estudo farmacológico e

relatos de uso etnomedicinal, não existe na literatura pesquisa com a caracterização

dos frutos de mirindiba e com a quantificação dos seus componentes bioativos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CERRADO

O Cerrado é um complexo mosaico de biodiversidade. Em um sentido

estrutural, é uma “savana” composta por uma vegetação xeromórfica; com floras

endemias e espécies endêmicas; restrita a uma única área continental. Representa

o segundo maior bioma do Brasil (EITEN, 1972; COUTINHO, 1978; RIBEIRO;

WALTER, 1998).

Esta ecorregião de savanas tropical abrange 22% do território brasileiro

(dois milhões de Km2), representa 25% do país, com 44% das plantas vasculares,

9,3% dos mamíferos e 3,5% da avifauna. É a segunda região biogeográfica

brasileira, caracterizada como clima tropical estacional, com vastas chapadas de

relevo plano e suave-ondulado, apresentando variações climáticas, acidez elevada,

baixa fertilidade dos solos, sendo estes da classe dos Latossolos (RATTER et al.,

1997; MISTRY, 1998; OLIVEIRA-FILHO, et al., 1995; FONSENCA; SANO, 2003;

FERREIRA; KLINK, MACHADO, 2005; JEPSON, 2005).

Ocupa a área do Brasil Central (Estados de Goiás, Tocantins, Mato

Grosso do sul, região sul de Mato Grosso, oeste e norte de Minas Gerais, oeste da

Bahia, áreas periféricas ao norte do Pará, Roraima, seções de São Paulo, sul do

Paraná e o Distrito Federal) (RATTER et al., 1997; CARAMORI et al., 2004).

Ratter et al.(1997) define o Cerrado como províncias vegetacionais, de

grande variação na estrutura e biomassa; com alta biodiversidade incluindo plantas,

animais e microrganismos. Ademais, Assunção et al. (2004), acrescenta o Cerrado

ao patrimônio natural genético brasileiro expresso em sua extensão continental, com

diversidade de espécies biológicas.

O Cerrado apresenta uma variação fisionômica, formada por três

biomas: o campo tropical, a savana e a floresta estacional. Este complexo de biomas

constitui grande fonte natural de recursos biológicos (RIBEIRO; WALTER, 1998;

CARAMORI et al., 2004) .

A fragmentação de grandes áreas de vegetação, nos últimos 60 anos,

tem resultado na perda da variabilidade genética de várias espécies deste bioma

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(EITEN, 1982; REDFORD; FONSECA, 1986; WARNKEN, 1999; MYERS et al., 2000;

FEARNSIDE, 2001; COLLEVATTI et al., 2001; KLINK; MACHADO, 2005). O

Cerrado é classificado, mundialmente, como ponto quente (hotspots), isto é, área de

espécies de elevada riqueza e endemismo, sob ameaça iminente de uso dos solos

(MYERS et al., 2000; COLLEVATTI, 2001; SILVA, BATES, 2002; BRIDGEWATER et

al., 2004).

Diante disto, este bioma guarda variedades silvestres de plantas ainda

inexploradas, com fontes importantes de compostos nutricionais e farmacológicos,

que podem ser utilizadas para agregar valores econômicos a produtos e

subprodutos oriundos desta biodiversidade (ROESLER et al., 2007; GIAMBELLUCA

et al., 2009). Desta forma, estudos que envolvam o aproveitamento econômico,

porém de forma sustentável dos recursos naturais, bem como a exploração das

espécies frutíferas, são essenciais para o desenvolvimento regional.

2.2 FRUTOS DO CERRADO

A integração entre a biodiversidade, segurança alimentar e políticas de

combate à fome geram benefícios socioeconômicos. Para isto, é necessário o

conhecimento do conteúdo de nutrientes dos alimentos, que são componentes

fundamentais para mudança de paradigma na abordagem à desnutrição

(GREENFIELD, SOUTHGATE, 2003; BURLINGAME et al., 2009; LUTALADION et

al., 2010).

Os estudos da composição de alimentos nativos são importantes para

determinar valores essenciais e recomendados na dieta humana (NORAT et al.,

2003; GARCIA-JIMENEZ, 2013). Assim, muitas frutas possuem um grande potencial

para a utilização como fonte de vitaminas, bem como, para extração de outras

substâncias úteis a diferentes indústrias. Com isto, a composição nutricional de

frutos do cerrado, formam dados que asseguram a segurança alimentar e a

biodiversidade agrícola (LORENZI et al., 2006; BURLINGAME et al., 2011).

É notório que a biodiversidade tem papel fundamental para projetos

relacionados com a nutrição, saúde, setor agrícola e ambiental e isto, leva a

produção e disponibilidade de nutrientes, ricos em alimentos tradicionais. No

entanto, faz se necessário assumirem importância para abordar micronutrientes,

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segurança alimentar da região, desnutrição e relação dieta versus doenças crônicas

(GREENFIELD et al., 2003; BURLINGAME et al., 2009; LUTALADIO et al., 2010;

SMITH et al., 2010; BURLINGAME et al., 2011).

Segundo Esquinas-Alcazer (2005), iniciativas internacionais do Instituto

de Recursos Fitogenéticos (IGPRI) e a Convenção sobre Diversidade Biológica

(CDB) promovem o desenvolvimento sustentável da biodiversidade, com a

segurança alimentar e nutrição humana. Destarte, os frutos do Cerrado contribuem

na integração da biodiversidade, nutrição, alimentação e agricultura, pois são

constituídos por potenciais nutrientes (CARAMORI et al., 2004; CARDOSO, et al.,

2011).

Os papéis dos produtos de origem vegetais na prevenção de doenças

têm sido atribuídos, em parte, devido às propriedades antioxidantes, principalmente,

de constituintes polifenóis (AMAROWICZ et al., 2004; MANACH et al., 2004;

FRESCO et al., 2006; SILVA et al., 2007; TANGOLAR, et al., 2011; CLERICI et al.,

2011; OLIVEIRA et al., 2012). Logo, estudos demonstram que os fitoquímicos

podem contribuir de forma significativa para os efeitos protetores (ROWLAND, 1999;

LAMPE et al., 1999; RAMASARMA, 2000; FERRARI, 2001; NORAT et al., 2003;

DAUCHET et al., 2006; YADA, et al., 2011; DEMBITSKY, 2011).

A preocupação da população sobre a relação dieta e saúde é

crescente. E ao saber que as frutas são consideradas componentes essenciais de

uma dieta saudável, torna-se inegável, que a diversificação da dieta, mediante, a

inclusão de alimentos regionais fornecem soluções para combater e previr a

desnutrição (AMOO et al., 2008; DEMBISTSKY et al., 2011). Consequentemente, o

reconhecimento nutricional e terapêutico, de frutas e seus subprodutos

desempenham oportunidades econômicas para produtores locais.

Chahaud et al. (2004) e Dauchet et al. (2006) demonstraram que o

consumo de matrizes alimentares vegetais, epidemiologicamente, estão associados

à um baixo risco de doenças cardiovasculares e cancerígenas.

Em concomitância, pesquisas científicas com espécies nativas deste

bioma concentram-se nas características sensoriais, bem como nas concentrações

elevadas de nutrientes. (VALLILO, 2006; ALVES et al., 2008; BARRETO et al. 2009;

RUFINO et al., 2010). Assim, os frutos ocupam destaque no Cerrado, pois

apresentam características organolépticas interessantes, sabores sui generis e

fitoquímicos que desempenham funções metabólicas no organismo, o que tornam

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interessante para aplicações biotecnológicas: fonte de vitaminas, extração de

substâncias úteis a diferentes indústrias (CARAMORI et al., 2004; ROESLER et al,.

2007; CARDOSO et al., 2011a; CARDOSO et al., 2011b; ).

Neste contexto, a, Guavira (Campomanesia adamantium), espécie da

família Myrtaceae, típica do bioma Cerrado, é utilizada na indústria de alimentos

como flavorizantes, apresenta elevada acidez, ácido ascórbico, minerais, fibras

alimentares e hidrocarbonetos monoterpênicos (α-pineno, limonemo, β-(z)-ocimeno)

presentes em seu óleo essencial. Estas características, segundo Vallilo (2006), lhe

confere atributos de qualidade.

Cardoso (2011a) revela a presença de nutrientes tais como proteínas,

lipídios, carboidratos, fibras dietéticas, carotenoides e vitamina C (ácido ascórbico),

na composição da cagaita (Eugenia dysenterica D.C.), demonstrando o potencial

alimentício desta fruta.

De maneira geral, as frutíferas nativas do cerrado brasileiras despertam

crescente interesse científico, devido às suas propriedades nutricionais e funcionais,

combinados com o potencial de agregar valor e conservar a biodiversidade deste

bioma (ROCHA et al., 2011). Por isto, apesar das espécies deste bioma, serem

constituídas de várias fontes de riquezas e de alimentos com potencial econômico,

as mesmas, precisa ser adequadamente preservada, estudadas e utilizadas

(ROESLER et al., 2007).

2.3 COMPOSTOS BIOATIVOS

Os compostos bioativos compreendem as substâncias nutrientes e / ou

não nutrientes que possuem ação metabólica ou fisiológica específica, melhorando

as condições de saúde, promovendo o bem-estar e prevenindo o surgimento

precoce de doenças degenerativas (LAMPE; CHANG, 2007; BIESALSKI, et al.

2009).

O conhecimento das propriedades funcionais é uma diretriz relevante

na seleção dos alimentos benéficos à saúde, à medida que estes compostos

apresentam uma grande variedade de propriedades biológicas tais como: atividade

sequestrante de metais, captadores de radicais livres, modulação do sistema

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enzimático, inibição da proliferação celular, apresentando benefícios em rotas da

saúde humana (MIDDLETON et al., 2000; PUUPPON-PIMIA et al., 2001).

A hipótese de que as propriedades destes compostos diminuem o risco

de doenças crônicas foram desenvolvidos, a partir de estudos epidemiológicos na

qual, demonstram que o consumo de alimentos, tais como: frutas, legumes e grãos

integrais são fortemente associados à redução do risco de doença cardiovascular e

câncer (YUSUF et al., 2000).

As substâncias anticarcinogênicas constituem um dos principais grupos

de alimentos com propriedades funcionais conhecidos também, como nutrâceuticos

ou fármaco-alimento. Sendo que uma dieta rica em flavonoides, antocianinas,

quercetina, rutina, luteolina, mirecetina, licopeno, ácidos orgânicos dentre outros,

apresentam elevada propriedades bioativas que protegem o DNA (Ácido

desoxirribonucleico) de lesões induzidas por espécies reativas de oxigênio

(SOOBRATTE, 2005; SZAJDEK et al., 2008; CANUTO et al., 2010; PAREDES-

LOPEZ et al., 2010; ALMEIDA et al., 2011).

Dentre estes compostos, aqueles com ação antioxidante, como as

vitaminas e os compostos fenólicos, atraem grande interesse devido a seus efeitos,

comprovados, na proteção contra o estresse oxidativo, pois o consumo regular de

alimentos ricos em compostos bioativos diminui a peroxidação lipídica e

provavelmente, reduz o risco de morte por doenças cardiovasculares e cânceres

(HASLAM, 1996; LAIRON, 1999; MORTON, 2000; PARR, 2000; SCHIEBER et al.,

2001; OUDE GRIEP et al., 2010).

A vitamina C (ácido ascórbico) desempenha funções como formação

de tecido conjuntivo, produção de hormônios e anticorpos, biossíntese de

aminoácidos e atividade antioxidante, sendo desta forma importante para a nutrição

humana. (PÉNICAUD et al., 2010; OLIVEIRA; GODOY; PRADO, 2012;).

No organismo a vitamina C, após a transferência de um elétron da

molécula de ácido ascórbico, é comumente encontrada na forma de ascorbato,

sendo assim, este radical é capaz de converter as espécies reativas de oxigênio e

nitrogênio em substâncias pouco reativas. Por causa desta propriedade, muitos

autores têm evidenciado que a ingestão diária de frutas está associada à redução do

risco de desenvolvimento de várias enfermidades (FISK II 2011; WCRH, AICR, 2007;

WOOTTON-BEARD et al., 2011; FISK II, 2011).

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A determinação do conteúdo de ácido ascórbico em vegetais é um

importante atributo da qualidade, sendo que a sua presença no alimento indica,

provavelmente, que os demais nutrientes estejam preservados e ainda, a sua

degradação pode favorecer o escurecimento não enzimático, por isto é uma vitamina

termolábil e utilizado como um conservante e estabilizador antioxidante (ABD ALLAH

et al., 1974; CASTRO et al., 2004; SARANG et al., 2007).

Em relação aos compostos fenólicos, segundo Ignat et al. (2011) são

metabólitos secundários de plantas e apresentam em sua estrutura química um anel

aromático, tendo um ou mais grupos hidroxila podendo assim, variar de uma simples

molécula fenólica a um polímero complexo de alto peso molecular.

Dentre os compostos funcionais encontrados na literatura, os principais

representantes dos compostos fenólicos são: fenólicos simples, ácidos

hidroxibenzóicos, ácidos hidroxicinâmicos, ácidos fenilacéticos, flavonóides,

estilbenos, taninos condensados, lignanas e ligninas. Sendo que os flavonóides

constituem o maior grupo identificado, classificados em: flavonas (apigenina,

luteolina), flavonóis (quercetina, miricetina), catequinas ou flavanóis (epicatequina,

galacatequina), flavononas (narigenina, hesperitina), antocianinas (cianidina e

pelargonidina), isoflavonas (genisteína, daidzeína) e chalconas (TULIPANI et al.,

2008; MARTINS et al., 2011).

Os flavonóides são conhecidos como os principais responsáveis pela

capacidade antioxidantes em frutas, pois apresenta elevado potencial de oxidação e

redução de sua estrutura química, o que lhes permite atuar como agentes redutores

e como quelante de metais (AMAROWICZ et al., 2004; IGNAT et al., 2011).

Neste ponto de vista, Gong e seus colaboradores (2010) investigaram

os efeitos da rutina, um flavonóides amplamente encontrado nos alimentos, contra

apoptose de células endotelial humana induzida por hidroperóxidos, e de acordo

com os autores, sugeriram que este composto inibiu a apoptose das células, reduziu

a produção de hidroperóxidos e aumentou a atividade de enzimas antioxidantes,

como a glutationa peroxidase.

Assim, o controle e a diminuição da produção de radicais livres e dos

danos provocados por eles estão intimamente relacionados à atuação de

substâncias antioxidantes, como o ácido ascórbico e os compostos fenólicos

(BIESALSKI, et al., 2009; DEMBITSKY et al., 2011).

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Neste ponto de vista, é válido destacar que o conteúdo de compostos

bioativos, nas frutas, está fortemente correlacionado com a capacidade antioxidante,

sendo que amostras com maior teor de compostos bioativos apresentam maior

capacidade antioxidante (CANUTO et al., 2010; RUFINO et al., 2010; SOUZA et al.,

2012). Desta forma, o teor de ácido ascórbico e de compostos fenólicos são bons

indicadores da capacidade antioxidante da grande maioria das espécies frutíferas.

Quantos aos minerais, em sistemas biológicos, são classificados como

elementos principais ou traços, dependendo de suas concentrações em plantas e

animais (DAMODARAM, et al., 2010).

Em frutos, os elementos principais encontrados incluem K (potássio),

Mg (magnésio), Na (Sódio), Cloreto (Cl-), Ca (Cálcio) e os elementos traços incluem

Ferro (Fe), Iodo (I), Zinco (Zn), Selênio (Se), Cromo (Cr), Cu (Cobre), F (Flúor) e Sn

(Estanho), (DAMODARAM, et al., 2010).

Gupta et al. (2014) relatam que os alimentos vegetais contêm quase

todos os nutrientes minerais estabelecidos como essenciais para a nutrição humana,

os quais são críticos para os processos do corpo, servindo como co-fatores para

certo número de enzimas. Sendo exigidos em quantidade pequena e precisa pelo

organismo.

Uma combinação ideal de vitaminas, minerais, fibras dietéticas e

fitoquímicos bioativos, como alcalóides, carotenoides e polifenóis podem contribuir

para as propensões fitoquímicas de espécies frutíferas do cerrado (MIDDLETON et

al., 2000; LINDSAY; ASTLEY, 2002; DAUCHET et al., 2006).

Nesta perspectiva, Park et al. (2008) mostraram que o caqui (Diospyros

kaki Thunb.) contém grandes quantidades de fibras dietéticas, polifenóis e ácidos

fenólicos. Segundo os autores, dietas suplementadas com a fruta inteira

influenciaram positivamente alguns índices de aterosclerose em ratos alimentados

com uma dieta contendo colesterol.

Estudos realizados por MALTA et al. (2012 e 2013), com três espécies

do bioma Cerrado, murici, gabiroba e guapeva, demonstraram que as polpas dos

três frutos apresentam compostos funcionais, principalmente compostos fenólicos.

Ensaios biológicos demonstram a capacidade inibidora na proliferação de células

cancerosas. Esta atividade pode ser devido à alta concentração de compostos

fenólicos analisados.

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Segundo Souza et al. (2012) ao analisarem jenipapo, murici, marolo, e

maracujá-doce os autores observaram a presença de altos teores de fibras

dietéticas (Murici), ferro e fósforo (maracujá-doce), magnésio e potássio (Marolo);

cálcio (Jenipapo).

O Brasil possui uma das maiores biodiversidade do mundo, o que inclui

um grande número de espécies de frutos, sendo que muitas destas espécies são

subexploradas. Por conseguinte, ainda há no Cerrado frutífero desconhecido e que

podem ser disponíveis comercialmente (LETERME et al. 2006; MATTIETTO et al.,

2010).

2.4 COMBRENTACEAE

A família Combretaceae está inserida na classe das Myrtales, que

consiste em 20 gêneros e aproximadamente 600 espécies de árvores, arbustos ou

lianas, às vezes com troncos eretos e monopodiais sustentando uma série de ramos

horizontais e simpodiais (JUDD, 2009).

As Combretaceas são caracterizadas devido à presença de pêlos, de

diversas morfologias, sendo alguns longos, retos e de ponta aguda, unicelulares, de

paredes muito espessas esbeltas e providas de um compartimento interno cônico na

base. Apresentam folhas alternas e espiraladas, ou opostas, inteiras, com venação

peninérvea, frequentemente com domácias, pecíolo ou base da lâmina foliar com

duas cavidades em forma de garrafa, cada uma contendo um par de glândulas de

néctar; estípulas pequenas ou ausentes. Suas inflorescências são determinadas,

terminais ou axilares. As flores são uni ou bissexuais (plantas monóicas, dioicas ou

polígamas), geralmente radiais, com hipanto ligeira ou conspicuamente prolongado

além do ovário. Sépalas geralmente 4 ou 5 livres, imbricadas ou valvadas, às vezes

ausentes. Fruto drupa 1-seminadas, um pouco achatada, costada e / ou alada;

semente grande, exotesta fibrosa, com endosperma ausente (STACE 1965; TILNEY

2002; JUDD 2009; ANGEH 2007; LORENZI 2008).

Esta família ocorre em regiões tropicais e subtropicais da África;

Europa Central, Sul da Ásia, norte da Austrália e América do Sul. As plantas

pertencentes a esta família são distribuídas em diversos biomas, até em mangues e

regiões áridas (BARROSO 1991; JUDD et al., 2009).

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Os gêneros mais estudados, desta família são: Combretum, Terminalia

e Quisqualis. No Brasil, ocorrem cinco gêneros nativos Buchenavia, Combretum,

Conocarpus, Terminalia e Thiloa e dois exóticos Bucida e Quisqualis (SOUZA;

LORENZI 2005; MCGAW 2001; KLOPPER et al., 2006; ELOFF; KATERERE;

McGAW 2008).

Muitas espécies da Combretaceae são utilizadas medicinalmente em

vários continentes do mundo. Estudos científicos estão concentrados na

confirmação das propriedades medicinais da família Combretaceae. Pesquisas

referentes aos extratos e compostos isolados desta família apresentam fortes

atividades biológicas (antibacteriana; antimicrobiana; anti-inflamatória; ansiolítica;

anfíosidica; antiprofilerativa; citotóxica; ação moluscidas) (ROGERS 1995; ANGEH

et al., 2007; AGRA 2007; ELOFF; KATERERE; McGAW, 2008).

Em países do continente Africano e Asiático, muitas espécies

pertencentes a esta família são utilizadas na medicina popular para o tratamento de

diversas doenças (infecções fúngicas; hipertensão, malária, eczema; lepra;

tuberculose; tratamentos dermatológicos, lesões na pele; infecções microbianas,

antídoto) (MCGAW et al.,2001).

Segundo Baba-Moussa et al. (1999) sete espécies de Combretaceae

(folhas de Combretum glutinosum; C. hispidum, C. molle; folhas e raízes de C.

nigricans; casca do caule Pteleopsis suberosa; folhas, casca do caule e raiz

Terminalia avennioides e folhas, casca do caule de T. mollis) foram avaliadas quanto

à atividade antifúngica e todas mostraram atividades frente às cepas testadas.

Em estudo semelhante, Batawila et al. (2005) observaram atividade

antifúngica nos extratos de folhas, ao pesquisar as espécies Anogeissus leiocarpus,

Combretum fragrans, Terminalia laxiflora, Terminalia glaucescens e Terminalia

macroptera. Conforme Fernandes et al. (2007), o extrato das frutas de Cobretum

leprosum demonstrou propriedades antiofídicas ao inibir a atividade proteolítica do

veneno de Bothrops jararacuçu e também, hemorragia causada pelo veneno de B.

jararaca.

Ao isolarem o glicosídeo ácido móllico das folhas de Combretum molle,

Ojewole et al. (2008a; 2008b;), demonstraram que o composto apresentou atividade

anti-inflamatória, analgésica e propriedades hipoglicemiante (anti-diabéticos). Em

pesquisas realizadas por Fagundo et al. (2005), o ácido arjunólico (composto

isolados de Combretum leprosum (Mofumbo) apresentou atividade anti-inflamatória).

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2.4.1 Buchenavia tomentosa

A biodiversidade do Cerrado é fonte de muitas espécies de plantas que

desempenham um papel importante na medicina popular. O uso medicinal de

plantas para o tratamento de muitas doenças é bem disseminada mundialmente. A

espécie neotropical Buchenavia tomentosa, conhecida popularmente como

mirindiba, boca-boaboca-o a ou tanimbuca é muito utilizada na medicina popular no

Estado do Tocantins no tratamento de diabetes.

Trata-se de uma espécie arbórea, que apresenta folhas alternas, com o

ápice aglomerado. Sendo uma das características deste gênero a presença somente

de tricomas combretéceo-compartimentados. Esta espécie apresenta as

inflorescências em espigas, flores sem pétalas e estames com antera adnata aos

filetes. Seus frutos são dupóides, arredondados, apresentando sementes com

cotilédones convolutos (FIGURA 1).

Figura 1. Plantas adultas de Buchenavia tomentosa (Mirindiba), A: Frutos verdes; B:

Folhas/árvore; C: tronco; D: Flores. Fonte: GLÓRIA, E. C. (2013).

Esta espécie, B. tomentosa, é uma das 25 espécies pertencentes ao

gênero Combretaceae. As espécies pertencentes a este gênero são distribuídas na

América Tropical, desde a América Central (Cuba, Trinidad, Panamá, Índias

Ocidentais), Venezuela, Colômbia, Guianas, Brasil, Peru, Bolívia. Na região

amazônica, há a maior concentração de espécies deste gênero, sendo encontradas

A

AB

A

D

A

C

,

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20 espécies, seis espécies ocorrem no sudeste e apenas uma pode ser encontrada

na região sul do Estado de Santa Catarina (MARQUETE; VALENTE, 2005).

Estudos fitoquímicos de espécies de Buchenaveas

Diversos estudos com as propriedades medicinais das espécies

Buchenavia demonstram a presença de alcaloides flavonólicos (AHOND et al., 1984;

BLEUTER et al., 1992; VLIENTINCK et al., 1998; KHADEM, 2012). Segundo os

autores, estas espécies (Tabela 1), apresentaram atividade anti-HIV, sendo o O-

dimetilbuchenavianina, composto mais ativo, no entanto, estudos toxicológicos

demonstraram um modesto grau de citotoxicidade diferencial para o mesmo.

A forma mais comum de classificar quimicamente os alcaloides é pelo

tipo de anel no qual se encontra o átomo de nitrogênio, no caso dos alcaloides de

cromonas, Houghton (1987) define os mesmo como compostos que apresentam em

sua estrutura química, a fusão de um anel benzênico ligado ao nitrogênio

heterocíclico, com o anel pirano.

Neste contexto, o autor classifica os alcaloides flavonólicos como um

subgrupo dos alcaloides cromonas, na qual suportam um grupo de flavonóides no

carbono 2 (C-2) do anel pirano.

Segundo as literaturas, outros alcaloides flavonólicos foram isolados a

partir de plantas. A ficine e isoficine, isolados das folhas de Ficus pantoniana

(JOHNS et al. ,1965); lialine isolados por Masterová et al. (1987), a partir das flores

de Lilium candidun e aquiledine e isoquiledine isolados de Aquilegia ecalcarata

(CHEN et al., 2001).

Conforme Houghton (2000) estes alcaloides flavonólicos exibem

grande espectro para atividades biológicas, pois representam um grupo incomum de

estruturas diversas de metabólitos secundários, decorrente da convergência das

vias múltiplas biossintéticas, amplamente distribuída nos reinos animal e vegetal.

Sendo assim, espécies Buchenavia apresentam valores nutricional e medicinal.

Oliveira et al. (2012) realizaram prospecção fitoquímica de folhas de

Buchenavia tetraphylla, esta espécie demonstrou a presença de flavonoides

(luteolina), protocianidinas, leucoantocianidina, triterpenos, carboidratos e taninos ,

sendo que os extratos e suas frações inibiram, fortemente, o crescimento de

Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Salmonella enteritidis, Mycobacterium

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smegmatis, Micrococcus luteus e Pseudomonas aeruginosa, revelando assim

atividade antimicrobiana do mesmo. Ainda, segundo os autores, Buchenavia

tetraphylla não mostrou atividades hemolíticas, o que defende assim, a sua

segurança no uso terapêutico.

Tabela 1. Alcalóides flavonólicos isolados de espécies Buchenavia e suas respectivas estruturas.

Espécie e Parte Compostos Estrutura

Buchenavia

macrophylla

e Buchenavia capitata

Eichl. Folhas; Frutos

Buchenavianine

Buchenavia capitata e

B. macrophylla. Folhas;

Frutos

O-Demethylbuchenavianine

B. macrophylla Eichl.

Folhas

N-Demethylbuchenavianine

B. macropylla. Frutos. N, O –

Didemethylbuchenavianine

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B. macropylla. Frutos. N-Demethylcapitavine

B. macrophylla. Frutos 2,3-dihydrocapitavine [5,7-

dihydroxy-6-(N-methyl-2‟‟-

piperidinyl) flavanone]

B. macrophylla. Frutas N-Demethylbuchenavianine

B. macropylla. Frutos N, O-

bisdemethylbuchenavianine

[5,7-dihydroxy-8-2-(2-

piperidinyl) flavone.

Buchenavia capitata

Eichl. Sementes

Capitavine

B. capitata. Sementes 4‟-hydroxycapitavine [5,7,4‟-

trihydroxy-6-(N-methyl-2‟‟-

piperidinyl)flavone]

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B. capitata. Sementes 2,3-dihydro-4‟-

hydroxycapitavine [5, 7,4‟-

trihydroxy-6-(N-methyl-2‟‟-

piperidinyl) flavanone].

Fonte: AHOND et al. (1984); BEUTLER (1992); HOUGTON (2000); KHADEM (2012).

A enzima ácido graxo sintase (FAS) tem sido identificada como um alvo

potencial antifúngico, ao ser altamente expressa em vários tipos de neoplasias

malignas humanas. Bitencourt et al. (2013), em seus estudos, exploraram a

atividade antifúngica da quercetina e de cinco outros flavonoides descritos como

inibidores da FAS, contra dermatófito Trichophyton rubrum desta forma, estas

substâncias demonstraram modulação marcada na transcrição de vários genes, uma

vez que, inibiram simultaneamente a síntese de ácidos graxos e ergosterol, o que

torna um alvo promissor para o desenvolvimento de novas drogas antifúngicas.

Segundo as literaturas, os inibidores da FAS são isolados de várias

plantas medicinais, sendo representado por cinco quimiotipos: isofllavonas, flavonas,

flavonóides, triterpenos e compostos fenólicos. Adicionalmente, os produtos naturais

podem ser uma importante fonte para o desenvolvimento de drogas antimicrobianas

inibidoras de FAS.

Conforme Li et al. (2012), que utilizaram a levedura Saccharomyces

cerevisiae para extraírem a enzima ácido graxo sintase (FAS), em busca de

protótipos para novos compostos antitumorais, assim como, antifúngicos frente à

Candida albicans e Cryptococcus neoforman. Os constituintes químicos dos extratos

etanólicos das raízes de Buchenavia parviflora Spruce resultaram na identificação e

isolamento de compostos de ácido elágico 4-α-L-ramnopiranosídeo, triterpenóides e

chebulosideo II. Através do ensaio da atividade FAS, determinou que o derivado de

ácido elágico exibiu valores de IC50 de 7,5 µg/mL. Conforme os autores, a atividade

dos compostos isolados em inibir a enzima ácido graxo sintase (FAS) não está

diretamente relacionada à atividade antifúngica, sendo assim, a atividade inibidora

dos compostos isolados não mostram tão potentes como as dos extratos brutos.

Identificar novas substâncias com atividade antitumoral procede-se ao

estudo de seu mecanismo de ação, de sua toxidez e de seu efeito sobre o

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desenvolvimento de tumores em modelos experimentais (SANTOS JÚNIOR et al.,

2010). Inibidores de quinases atraem interesse por causa do envolvimento em

processos fisiológicos essenciais a várias doenças humanas, como câncer e

doenças neurodegenerativas, o que representa a estes inibidores alvo terapêutico

(PADILLA-DIAZ et al., 2009).

Nguyen et al. (2012), realizaram uma triagem em cinco quinases

dependentes de ciclinas (CDK1, CDK5, GSK3, CLK1 e DYRK1A), os resultados

levaram a seleção de dois alcalóides flavonoidal, O-dimetilbuchenavianina e N, O-

dimetilbuchenavianina isolados a partir dos extratos de frutos da espécie Buchenavia

macropylla e das folhas de Buchenavia capitata, na qual conforme os autores, o

composto O-dimetilbuchenavianina apresentou atividade inibitória sobre as quinases

dependentes da ciclina CDK1/ciclina B e CDK5/p5.

Em concomitância, os autores desenvolveram sínteses para um acesso

a racêmica natural e não natural de alcalóides flavonoidol e a fim de obter mais

detalhes sobre a relação estrutura-atividade, assim, demonstraram que o composto

O-dimetilbuchenavianina foi ativo em quinase CDKI, CDK5. As diferenças na

atividade dos alcalóides flavonoidais podem ser explicadas por estudos de

acompanhamento molecular de cada enantiômero no sítio ativo de cada quinase.

Oliveira et al. (2012), realizaram estudos fitoquímicos das folhas de B.

tetrapylla e detectaram em extratos (hidroalcoólico bruto e suas frações) a presença

de flavonóides (luteolina), proantocianidina, leucoantocianidina, triterpenos,

carboidratos e taninos. Perante estudos do potencial antimicrobiano, todas as

frações mostraram atividade antimicrobiana, sendo os extratos capazes de inibir o

crescimento de S. aureus; B. subtilis, S. enteritidis, M. smegmatis, M. luteus e P.

aeruginosa. O extrato bruto e suas frações não mostraram atividade hemolítica, o

que defende as sim, a sua segurança e o uso terapêutico.

Nunes et al. (2010), relataram que a ingestão a 10% de frutos secos

explicarem melhor como foi esta exposição, B. tomentosa, induziu ligeira toxicidade

em ratas e sua prole. Segundo os autores, esta toxicidade é devido aos flavonóides

Buchenavianine e catequinina presentes na família Combretaceae.

A composição química e ação biológica dos frutos de Buchenavia

tomentosa foram determinada por Batista et al. (2012). Conforme os estudos, os

autores isolaram e identificaram ácidos fenólicos, taninos hidrolisáveis e lignana

furofurânicas e nas frações dos frutos, o composto buchenavina, que demonstrou

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atividade antimicrobiana promissora frente à Candida parapsilosis. A substância

corilagina, também foi isolada, e mostrou atividade contra Candida glabrata. Estas

substâncias isoladas de B. tomentosa evidenciam a possível utilização destas

espécies do cerrado na medicina popular (BATISTA et al., 2012). Estudos com

caraterização e quantificação de frutos de Buchenavia tomentosa mostraram

quantidades significativa e valiosa de ácidos fenólicos, flavonóides, vitamina C e

atividade antioxidantes (VILAS BÔAS, 2013). Isto significa inúmeros benefícios para

a saúde, contudo há a necessidade de conhecer as propriedades deste fruto.

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3. OBJETIVO GERAL

Caracterizar as polpas dos frutos de mirindiba quanto a seus

constituintes químicos e bioativos.

3.1 Objetivos específicos

Determinar a coloração da polpa e da casca dos frutos da espécie de

Buchenavia tomentosa.

Avaliar a composição centesimal e estabelecer o valor energético total

(VET).

Determinar os valores de °Brix, açúcares totais; pH; Acidez; ratio

(SS/AT); pectina solúvel e total.

Quantificar os valores de vitamina C, compostos fenólicos totais e teor

de minerais para as polpas de mirindiba.

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4. MATÉRIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Análises de

Alimentos (LANA/ UFT); Laboratório de Fisiologia Pós Colheita de Frutas e

Hortaliças, no Departamento de Ciência de Alimentos (UFLA) e Laboratório de

Química Orgânica (UFT/Gurupi).

4.1 Obtenções dos frutos

As matrizes analisadas, aleatoriamente, foram coletadas em duas

regiões do Estado do Tocantins: Palmas e Gurupi. As coordenadas foram obtidas

com o auxílio do GPS Map 60 CSX, marca GARMIN, conforme o ANEXO I.

Neste experimento as matrizes de Palmas, amostras quatro e cinco,

foram coletadas maduras. Porém amostra quatro, os frutos foram colhidos no chão e

a cinco, os frutos foram colhidos no pé, conforme a Figura 2. As matrizes de Gurupi:

amostras um, dois e três foram coletadas maduras, no chão.

FIGURA 2. Aspectos dos frutos de Buchenavia tomentosa colhidos em Palmas – Amostra 4

e 5, sendo 4 (colhida no chão) e 5 (colhidas no pé).

A colheita foi realizada nos anos de 2012 e 2013 entre os meses de

julho a outubro; época em que a planta atinge seu pico de produtividade. Os frutos

foram colhidos manualmente, nas primeiras horas da manhã, e acondicionados em

sacos plásticos e/ou caixas. Em seguida, transportados para o laboratório de

Química Orgânica da Universidade Federal do Tocantins, em Gurupi, TO, para as

análises de coloração e depois, armazenados em freezer a -18°C. Os frutos colhidos

no ano de 2012 foram armazenados a -80°C (Figura 3).

Amostra 4 Amostra 5

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FIGURA 3. Aspectos dos frutos Buchenavia tomentosa colhidos em Gurupi - Amostra 2

(frutos congelados -80°C).

4.2 Preparo das amostras

No laboratório, os frutos foram lavados em água destilada,

selecionados mediante o seu estado de conservação e ausência de defeitos

causados por pragas e reduzidos manualmente, por quarteamento conforme

CECCHI (2003). Os frutos foram separados em três repetições, com cada repetição

formada por vinte frutos.

Posteriormente, os frutos foram analisados quanto às características

físicas de coloração. Na sequência, os frutos foram armazenados em ultra freezer a

temperatura de -80°C e freezer -18°C, antes de serem analisados no Laboratório de

Análises de Alimentos da Universidade Federal do Tocantins (Palmas) e no

Laboratório de Pós-colheita de Frutas e Hortaliças, no Departamento de Ciência dos

Alimentos da Universidade Federal de Lavras.

4.3 Determinações da Cor da casca e polpa

A coloração dos frutos foi realizada através da média de duas leituras,

efetuadas em pontos aproximadamente equidistantes, utilizando-se o colorímetro

MINOLTA CR-400, com a determinação no modo CIE L*a*b*. Os valores de L*

(claridade), a* (componente vermelho-verde) e b* (componente amarelo-azul) foram

obtidos diretamente no colorímetro e utilizados para o cálculo da tonalidade

cromática (H*=arctan b*/a*) e croma [C*=(a*2+b*2)]1/2. O parâmetro L* varia de 0 a

100, em que o valor zero (0) indica o preto (ou cor escura) e o 100, o branco (cor

clara). Para H*, o zero (0) representa vermelho puro; o 90°, o amarelo puro; o 180°,

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o verde puro e o 265°, o azul puro. Com relação ao croma, quanto mais altos os

valores de C*, mais viva a cor observada (LAWLESS; HEYMANN, 2010). As

variáveis a* e b* foram utilizadas para o cálculo do valor C* (cromaticidade) e h°

(ângulo de cor), conforme metodologia MACGUIRE (1992).

4.4 Caracterizações químicas

A composição centesimal dos frutos de Buchenavia tomentosa foi

determinada conforme os métodos propostos pela Association of Offical Analytical

Chemists, AOAC (1992).

4.4.1 Umidade

A umidade foi determinada segundo a técnica gravimétrica, tendo sido

empregado o calor em estufa ventilada, de acordo com o método recomendado pelo

AOAC (1992) e Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008); com algumas modificações.

Foram pesados 10g da amostra in natura e homogeneizada, em

triplicata, em uma cápsula de porcelana previamente tarada. Colocou-se a cápsula

com a amostra em estufa a 65°C por 6 horas, em seguida retirou-se da estufa,

resfriou-se em dessecador por 30 min e pesou-se. A operação de aquecimento e

resfriamento foi repetida até peso constante.

4.4.2 Lipídios ou extrato etéreo

A fração extrato etéreo foi determinada em extrator intermitente de

Soxhlet, utilizando-se hexano P.A. como solvente (AOAC, 1992).

Foram pesados 3g de amostra, em triplicata, e colocada em um

reboiler, e este em um aparelho extrator tipo Soxhlet, marca TECNAL, modelo TE-

044. O extrator foi acoplado a um balão previamente tarado a 105°V e pesado. Em

seguida foram adicionados 150 mL de hexano. A chapa elétrica foi mantida sob

aquecimento e realizada extração contínua por quatro horas e meia com

temperatura em torno de 60°C. Após o término da extração recuperou-se o solvente

e o balão contendo o resíduo extraído foi transferido para a estufa a 105°C, durante

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uma hora. Em seguida o mesmo foi resfriado em dessecador por 30 minutos e

pesado.

4.4.3 Proteínas (método Kjeldahl)

Foram determinadas pelo método de Kjeldahl (semimicro), o qual se

baseia na destruição da matéria orgânica seguida de destilação, sendo o nitrogênio

dosado por volumetria. O fator (6,25) foi utilizado para converter o teor de nitrogênio

total em proteína AOAC (1992); IAL (2008).

Foi pesado 1 g da amostra, colocada em papel manteiga, e adicionada

ao tubo de Kjeldahl juntamente com ácido sulfúrico concentrado (5 mL) e 2 g de

mistura catalítica (4% de sulfato de cobre e 96% de sulfato de potássio). Este

método consiste em três etapas:

Digestão: o tubo de kjeldahl foi acoplado ao sistema do digestor de macro

Kjeldahl, no qual a temperatura foi ajustada elevando-a gradualmente de 50

em 50°C, até 350°C até viragem completa da amostra para coloração

esverdeada límpida, em sequência foi resfriada e destilada.

Destilação: a amostra digerida presente no tubo digestor foi adicionada

algumas gotas de fenolftaleína a 1%, em seguida acoplada ao destilador e

por meio de um funil, do próprio aparelho, adicionado à amostra uma solução

de 30% de hidróxido de sódio (NaOH) para neutralização do meio ácido (até

aparecimento de um a solução de coloração avermelhada).

Foram transferidos 20 mL de ácido sulfúrico 0,05 M para um

erlenmeyer de 250 mL, acrescentado 3 gotas do indicador (vermelho de metila 0,2%

e verde de bromocresol 0,2%). O erlenmeyer foi acoplado ao destilador para

recuperar o nitrogênio destilado até obter um volume de 2/3 do volume inicial.

Titulação: o excesso de ácido sulfúrico (solução do item “destilação”) foi

titulado com solução de NaOH 0,1M com indicador vermelho de metila. O

volume de NaOH utilizado foi anotado e utilizado para se realizar os cálculos.

4.4.4 Resíduo Mineral Fixo (Cinzas)

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A fração cinza foi determinada por gravimetria em mufla a 550°C até

peso constante, segundo AOAC (1992) e Instituto Adolfo Lutz (2008).

Foi pesado 1g da amostra, em triplicata, em cadinho previamente

tarado. Os cadinhos com as amostras foram colocados para incineração (em fogão

comum), até fazer a carbonização da amostra. Em seguida, os cadinhos foram

colocados na mufla a 550°C até o desaparecimento de pontos pretos na amostra. Ao

final, os cadinhos com amostra incinerada foram colocados em dessecador, para

esfriar, por 40 min e em seguida pesados.

4.4.5 Fibra bruta

A determinação de fibra bruta foi feita por hidrólise ácida, pelo método

gravimétrico, segundo o método descrito por Van de Kamer e Van Ginkel (1952).

4.4.6 Carboidratos

A fração glicídica (teor de carboidratos) foi obtida por diferença

segundo a equação: % F.G. = 100 – (% umidade + % extrato etéreo + % proteína

bruta + % fibra bruta + % fração cinzas), segundo AOAC (1992) e Instituto Adolfo

Lutz (2008).

4.5 Valores Energéticos Totais (VET)

O VET foi calculado pela soma das calorias (kcal) fornecidas por

carboidratos, lipídios e proteínas, multiplicando-se seus valores em gramas pelos

fatores de Atwater 4 Kcal, 9 Kcal e 4 Kcal, respectivamente (Instituto Adolfo Lutz -

IAL, 2008).

4.6. Sólidos solúveis, acidez titulável, ratio e pH

Foram pesados 5 g dos frutos, homogeneizados com 45 mL de água

destilada e em seguida, filtrado em organza. O filtrado foi utilizado para

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determinação de pH, sólidos solúveis e acidez titulável. O pH foi determinado por

meio de potenciômetro Schott Handylab, calibrado com soluções tampão de pH 4 e

7 marca Vetec, conforme técnica AOAC (1992).

A acidez titulável foi determinada por titulação com solução de

hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 N, usando como indicador a fenolftaleína, de acordo

com o Instituto Adolfo Lutz (2008). Os resultados foram expressos em porcentagem

de ácido cítrico. Os sólidos solúveis foram determinados por refratometria, utilizando-

se refratômetro digital ATAGO PR-100, com compensação de temperatura

automática a 25 °C e os resultados foram expressos em °Brix, conforme a AOAC

(1992); IAL (2008).

O ratio (SS/AT) foi calculado segundo a Fórmula (1), em que SS

representa os sólidos solúveis e AT à acidez titulável.

Ratio = SS/AT (1)

4.7 Pectina solúvel

Para a extração da pectina solúvel, foram pesados 5 g de polpa fresca

foram dissolvidos em 45 mL álcool etílico 95% e homogeneizados com Politron. Em

seguida, deixado em repouso por 15 horas para remoção dos açúcares totais. O

homogenato foi filtrado em papel filtro quantitativo e o resíduo lavado por duas

vezes, com 30 mL de álcool 95% e novamente filtrado, sendo este filtrado utilizado

na determinação de açúcares totais.

O resíduo do filtro foi colocado em erlenmeyer e adicionado de 50 mL

de água destilada. Em seguida, homogeneizado em agitador, por 1 hora, a 100 rpm

e filtrado em papel filtro quantitativo novamente. O filtrado foi utilizado para a

determinação de pectina solúvel segundo a técnica padronizada por McCready e

McComb (1952) e o doseamento pela técnica de Bitter e Muir (1962) por meio de

método colorimétrico, baseado na formação de produto, mediante a condensação

colorida da reação da pectina hidrolisada (ácido galacturônico) com o carbazole. A

leitura foi realizada em espectrofotômetro Beeckam 640B, com sistema

computadorizado. Os resultados foram expressos em mg de ácido poligalacturônico

/ 100g polpa.

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4.8 Pectina total

Foi realizada a extração dos açúcares da mesma forma que a pectina

solúvel. Em seguida, foram adicionados 50 mL de solução de Versene 0,5% (EDTA)

e elevado o pH até 11,5% com solução de NaOH, nas concentrações de 0,1 N e 1N.

A mistura foi deixada em repouso por meia hora e, em seguida, o pH foi reduzido até

5,5 com ácido acético (70%). Adicionou-se pectinase obtida de Aspergilus niger

(aproxidamente 100 mg) e agitou-se por 1 hora. Logo após, a mistura foi filtrada em

papel de filtro quantitativo, o filtrado teve seu volume completado para 100 ml com

solução de Versene 0,5%, novamente foi filtrado e o teor de pectina foi determinado

segundo Bitter e Muir (1962), com os resultados expressos em g. 100g-1.

4.9 Solubilização da Pectina

A solução da pectina foi calculada segundo a Fórmula (2), em que PT e

PS representam os teores de pectina total e pectina solúvel, respectivamente. O

resultado foi expresso em percentual.

% de solubilização = PS / PT x 100 Fórmula (2)

4.10 Açúcares totais

O primeiro filtrado obtido na extração de pectina solúvel foi aquecido

para evaporação do álcool até ter seu volume reduzido para cerca de 10 mL. Em

seguida, o volume foi completado para 100 mL de água destilada. Essa solução foi

utilizada para a quantificação de açúcares pelo método colorimétrico Antrona

(DISCHE, 1962).

A leitura foi realizada em espectrofotômetro Beckiman 640B, com

sistema computadorizado e os resultados foram expressos em porcentagem

(g.1001).

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4.11 Vitamina C

Analisou-se o teor de Vitamina C (mg/100g) conforme a técnica de

OLIVEIRA et al.(2010).

1° Método (Ácido Oxálico)

Foram pesados 5 g da amostra, adicionados 50 mL de ácido oxálico

0,5% e uma pitada de Kiesselgur. A mistura foi triturada em politron e

homogeneizada em agitador por 30 minutos. Após foi filtrada em papel de filtro.

2° Método de extração (Ácido metafosfórico 1%)

Foram pesados 5 g da amostra, adicionados 50 mL MPA 1%. A mistura

foi triturada em politron e homogeneizada em agitador (banho-maria ultrassom) por 3

minutos. Após centrifugou-se por 5 minutos a 3000 rpm e o sobrenadante foi filtrado

em papel de filtro.

4.11.1 Determinação da vitamina C

A vitamina C foi determinada segundo Strohercher e Henning (1976),

método pelo qual o ácido ascórbico é oxidado a ácido de- hidroascórbico através do

2,6-diclorofenol-indofenol, conferindo cor azul a solução. Em seguida, o ácido de-

hidroascórbico reage com 2,4-nitrofenil-hidrazona. O papel da tioreia é evitar a

decomposição do ciclo de-hidroascórbico durante a condensação com a 2,4-

dinitrofenil-idrazina. Esta é dissolvida em ácido sulfúrico 85%, originando coloração

vermelhada. O máximo de absorbância se dá entre 520 e 525nm.

4.12 Compostos Fenólicos

4.12.1 Obtenção dos extratos

A 5 g da amostra (matrizes analisadas) adicionou-se 40 mL de metanol

50%. Agitou em politron, colocou no banho-maria com ultrassom por 60 minutos. Em

seguida, centrifugou-se por 15 minutos a 14000 RPM. Após a centrifugação a

solução foi filtrada em papel de filtro.

4.12.2 Determinação do teor de fenólicos totais

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A quantificação dos fenólicos totais foi realizada segundo

WATERHOUSE (2002), utilizando-se o reagente de Folin-Ciocalteau. Baseia-se na

reação de redução de uma heteropoliânion ([XM12O40]x-8) que contém molibdênio

(SINGLETON et al., 1999). Os resultados foram interpolados em uma curva de

calibração com o padrão ácido gálico, sendo os resultados expressos em

equivalentes de ácido gálico, g EAG.100g-1 (PEREZ-JIMENEZ, 2007).

4.13 Minerais

Foram determinados por espectrometria de troca iônica.

4.14 Análises estatísticas

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado. Os

resultados foram expressos na forma de média ± desvio padrão, em que três

repetições foram utilizadas. Para análise estatística dos resultados foram

submetidos à análise de variância seguida por teste de comparação de médias

(Tuckey p ≤ 0,05). Os dados foram analisados pelo programa estatístico Sistema de

Análise de Variância (ANAVA) – Sisvar (FERREIRA, 2003).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5. 1 Cor.

A cor é o primeiro atributo de qualidade utilizado na aceitação ou

rejeição de um produto alimentício pelo consumidor (BATISTA, 1994; CHITARRA;

CHITARRA, 2005). Na maioria dos frutos, o avanço da maturação é caraterizado

pela perda da cor verde devido à degradação das clorofilas, pela ativação das

clorofilases e evolução características da biossíntese de pigmentos de várias

tonalidades, como os carotenoides e as antocianinas (PALIYATH et al., 2008).

Os dados obtidos Tabela 2 representam os parâmetros de cor “a*” e

“b*”. Segundo Coultate (2004) “a*” representa a coordenada horizontal, sendo que

parte de “–a” (valor negativo, representa a cor verde) passando pelo cinza e “+a”

(valor positivo, representa a cor vermelho) enquanto que coordenada horizontal “b*”

parte de “–b” (valor negativo, na qual representa a coloração azul) até “+b” (valor

positivo representa a coloração amarelo).

Tabela 2. Valores médios em frutos de mirindiba, aonde “a*” (componentes da cor vermelho-verde) e “b*” (componente amarelo-azul), coletados nas cidades Gurupi (Amostras: 1, 2 e 3) e Palmas (Amostras: 4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

analisadas

Parte do

Fruto

a* b*

Amostra 1 Polpa** -2,19 ± 2,18 9,86 ± 1,88

Amostra 2 Polpa** -3,47 ± 1,67 16,28 ± 1,39

Amostra 3 Polpa** -2,61±0,911 14,10 ± 0,58

Amostra 1 Casca -7,39 ± 2,17 16,40 ± 2,41

Amostra 2 Casca -4,85 ± 1,61 16,28 ± 1,40

Amostra 3 Casca -6,45 ± 1,66 17,44 ± 4,09

Valores expressos em média ± desvio padrão.

Diante disto, ao observar as coordenadas do Sistema CIELAB no plano

(Figura 4) com resultados obtidos neste estudo, pode-se inferir que em relação à

coordenada “a*”, percebeu-se que as matrizes analisadas apresentaram valores

negativos, tendendo para o verde, sendo que para a coordenada “b*”, verificou-se

que as amostras apresentaram valores positivos, o que leva a uma maior presença

de pigmentação de tons amarelos.

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Figura 4. Representação dos parâmetros de cor, sistema CIALAB no plano.

Fonte: COULTATE (2004).

Foi observado que em relação aos valores das coordenadas e ângulo

de cor, as matrizes analisadas diferenciaram-se significativamente (p≤0,05), porém

esta diferença significativa ocorreu devido à cor da epiderme dos frutos analisados.

Os dados referentes à avaliação instrumental de cor encontram-se na Tabela 3 onde

todos os valores atribuídos à coloração dos frutos localizaram-se dentro do segundo

quadrante (Figura 4), com valores negativos de “a*” e positivo, para “b*” desta forma,

a cor tendem para verde com tons amarelado. Contudo, as coordenadas “a*” e “b*”

não são independentes, o que há a necessidade de se calcular os valores L*

(luminosidade), C* (croma) e °hue (ângulo hue).

Figura 5. Gráfico da luminosidade (L*) para as polpas e os frutos das matrizes de

Buchenavia tomentosa. Dados de Luminosidade (L*) expressos em média ± erro padrão, para matrizes (cascas e

polpas) de Buchenavia tomentosa.

41,00

42,00

43,00

44,00

45,00

46,00

47,00

48,00

49,00

0 1 2 3 4 5 6

Lu

min

osi

dad

e (L

*)

Matrizes dos frutos de Buchenavia tomentosa

L* (Polpas)

L* (Frutos)

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Os resultados obtidos para as coordenadas de cor L* e dos índices

colorimétricos C* e H* estão descritos na Tabela 3. No que corresponde à

luminosidade (L*), os valores obtidos das matrizes analisadas, apresentaram valores

abaixo do branco puro (100), o que leva a caracterizar cores com pouca claridade,

pois este parâmetro representa o brilho da superfície Contudo, pode-se inferir que

para as polpas houve pequena variação entre as amostras, sendo o valor médio

obtido de 44,71, com coeficiente de variação de 1,83% assim, os maiores valores

foram para as polpas das amostras dois e quatro (com 47,62 e 47,46,

respectivamente).

Enquanto, que para os frutos a luminosidade (L*) não diferiram

estatisticamente entre si, apresentando valores de 42,81 a 45,43. Desta forma, o

valor L* indica quão claro ou quão escuro está um produto e seus valores variam de

0 (preto) a 100 (branco). Não houve diferença estatística significativa para o valor L*

quando medido na casca e houve diferença estatística significativa entre as polpas,

(Figura 5; Tabela 3).

Como não existem dados na literatura sobre este parâmetro do fruto

em estudo, foram relacionados para comparação outros frutos.

Tabela 3. Valores médios de valor L*, cromaticidade (C*) e ângulo hue (h°) de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades Gurupi (Amostras: 1, 2 e 3) e Palmas (Amostras: 4 e 5), UFT (2013).

**Polpa= frutos sem casca. *** Fruto = frutos com casca.

Dados expressos como média de triplicatas ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).

O fruto em estudo apresenta-se uma tonalidade de cor clara, pois o

parâmetro de L* foi de 45,58 próximos a de frutos considerados claros, para Canuto

Matrizes Parte do

Fruto

L* C* h° Parte do fruto

L* C* h°

Amostra 1 Polpa** 44,30 a 14,56 a 101 ab Fruto 45,07 a 15,56 a 108 bc

Amostra 2 Polpa** 47,62 b 17,27 b 103 b Fruto 42,81 a 17,95 bc 107 b

Amostra 3 Polpa** 45,14 a 14,36 a 100 ab Fruto 45,35 a 17,63 bc 110 a

Amostra 4 Polpa** 47,46 b 17,21 b 98 a Fruto 45,43 a 18,89 c 110 b

Amostra 5 Polpa** 43,37 a 16,63 b 100 ab Fruto 44,91 a 17,11 b 104 c

Média 45,58 16,01 100,67 44,71 17,43 108,20

CV (%) 1,83 3,15 1,66 2,20 3,18 0,72

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et al (2010), frutos como: Abiu (46,2), Araçá-boi (40,7); Cajá (47,9) e Murici (45,8)

enquanto, que frutos com tonalidades escura apresentam L* 16,6 a 26,8 para o Açaí

e a bacaba.

A cromaticidade (C*) representa a intensidade da cor, variando de

cores impuras (acinzentadas), com baixos valores, a cores puras, com altos valores.

De acordo com a Tabela 2 e 3, pode-se observar para as polpas, uma variação no

croma de 14,36 a 17,27, com média geral de 16,01.

A amostra dois, com 17,27 apresentou maior intensidade na coloração,

porém verificou-se pequena variação quando comparado com a amostra quatro,

cinco, um e três (17,21; 16,63; 14,56 e 14,36, respectivamente). Enquanto, que

neste parâmetro para os frutos (Tabela 4) houve diferença significativa (p≤0,05)

entre as amostras analisadas, com valor médio obtido de 17,43, coeficiente de

variação 3,18%, sendo os maiores valores para amostras quatro (18,89), dois

(17,95) e três (17,63) seguidos pelas amostras cinco (17,11) e um (15,56).

Valores de C* obtidos por Canuto et al. (2010), variaram de 3,2

(graviola) até 42,9 (buriti). Segundo os resultados neste estudo, pode-se inferir que a

Mirindiba, apresenta uma coloração mais viva que graviola, porém mais opaca que a

do buriti.

Com relação ao ângulo °hue, valores próximos de 0° representam

tonalidades mais próximas ao vermelho, valores próximos a 90° representam frutos

mais amarelos, enquanto que valores próximos a 180° representam frutos mais

verdes. Desta forma, o ângulo °hue entre as matrizes analisadas tendem a uma cor

amarela com variação de tonalidades, pois os valores obtidos para as polpas foram

de 98° a 103°, com coeficiente de variação de 1,66% e quanto aos frutos, houve

diferença significativa entre si, apresentaram valores superiores a 100°, com

coeficiente de variação 0,72%, provavelmente devido à cor da epiderme da casca

dos frutos analisados (Tabela 3).

Segundo Canuto et al. (2010) frutos como: Araçá-boi (56,0), bacaba

(79,6), Cajarana (85,4), Abiu (80,6) e Murici , caracterizaram-se por uma tonalidade

amarelo avermelhada. Estes valores foram inferiores ao da mirindiba, o que

representa a presença de pigmentos alaranjados neste fruto, o que já era esperado,

visto que os frutos foram coletados maduros, ou seja, alteração da cor, devido à

destruição da clorofila e a revelação de carotenóides.

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5.2 Sólidos solúveis, potencial Hidrogeniônico, Acidez titulável.

Os sólidos solúveis representam índices de açúcares totais e o grau de

amadurecimento das frutas. São constituídos por compostos solúveis em água

(açúcares, ácidos, vitamina C e algumas pectinas) desta forma, altos valores de SS

(Sólidos solúveis) são desejáveis industrialmente (MOURA et al, 2005).

Os frutos mirindiba apresentaram diferenças significativas entre si

(p≤0,05), com valor médio de 23,55 °Brix e coeficiente de variação de 2,34%. A

amostra quatro (25,33 °Brix) foi a que apresentou maiores valores de sólidos

solúveis, seguidos de um (23,42 °Brix), três (23,67 °Brix), cinco (23,00 °Brix) e dois

(22,33°Brix), conforme a Tabela 4.

Tabela 4. Valores médios de potencial Hidrogeniônico (pH), sólidos solúveis totais (SST); acidez titulável (AT) e ratio (SS/AT) de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e Palmas (4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

Analisadas

pH

SST AT **

SS/AT**

Amostra 1 3,73 c 23,42 a 1,66 a 14,11

Amostra 2 3,61 b 22,33 a 1,75 a 12,76

Amostra 3 3,48 a 23,67 a 2,18 a 10,85

Amostra 4 3,44 a 25,33 b 2,17 a 11,67

Amostra 5 3,44 a 23,00 a 2,01 a 11,44

Média 3,54 23, 55 1,95

CV (%) 0,42 2,34 13,88

Dados expressos como média de triplicatas ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma

letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). **Equivalente em ácido cítrico.

As enzimas envolvidas na degradação do amido são principalmente, as

hidrolases (α e β-amilases) assim como, as fosfatases e fosforilases. Desta forma, a

mobilização dos carboidratos de reserva na forma de amido, ácidos ou na própria

forma de sacarose é translocada da planta para o fruto, levando ao acúmulo de

açúcares, um dos principais eventos bioquímicos durante a fase do amadurecimento

(ÁREAS et al., 1981; LELIÉVRE et al., 1997; LOHANI, et al., 2004; THARANATHAN

et al., 2006; ZEEMAN, et al., 2004).

g. 100-1

° Brix

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Segundo Oliveiras Junior et al. (2004), relataram uma diminuição da

atividade da enzima amilase durante o amadurecimento da fruta-de-lobo, (Solanum

lycocarpum), devido ao aumento dos teores de açúcares solúveis totais e não

redutores, verificando que a enzima é uma das principais responsáveis pela hidrólise

do amido do fruto em oligossacarídeos.

Na Tabela 4, elevados teores de sólidos solúveis, podem ser atribuídos

principalmente a hidrolise dos carboidratos de reserva, que acumulam açúcares

solúveis durante o crescimento do fruto na planta, desta forma, os valores de SST

são utilizados como indicador de maturidade.

Villas Boas (2013) relatou que os frutos de mirindiba apresentaram

valores em média de 20,83 °Brix, o que corrobora com os obtidos neste estudo.

Como não existem dados na literatura sobre SST do fruto em estudo, foram

relacionados para comparação outros frutos nativos do cerrado.

Valores inferiores foram encontrados por Braga Filho et al. (2014), que

analisaram SST de frutos do araticunzeiro (Annona crassiflora Mart.), onde

encontraram valores de 16,89 a 20,91 ° Brix e Damiani et al. (2011) para frutos de

araçá (Psidum), com resultados obtidos de 10,7 °Brix. Oliveira e seus colaboradores

(2011) também encontraram valores inferiores de 6,4 a 9,0 °Brix em frutos de

carambola (Averrhoa carambola). Borges (2012) relatou valores mais aproximados

do fruto em estudo, de 25,67 °Brix, para puçá-preto (Mouriri pusa).

Na Tabela 4 verifica uma variação muito pequena entre as amostras

para o potencial Hidrogeniônico (pH), com coeficiente de variação de 0,42%, sendo

assim, observa-se uma homogeneidade entre os frutos de B. tomentosa. Todas as

matrizes desse estudo apresentaram valores médios de pH de 3,54, o que faz com

que estes frutos sejam considerados ácidos.

Villas Boas (2013) ao analisar frutos de mirindiba, encontrou valores de

pH de 3,5 o que corrobora com os resultados obtidos neste estudo. Valores de pH

abaixo do valor de 3,54, foram mencionados por Alves et al. (2000) em maracujá-

roxo (2,88), cupuaçu (3,30), seriguela (3,44), bacuri (3,37), cajá (3,17) e camu-camu

(2,54). Valores acima dessas médias foram encontrados por Souza (2007) em açaí

(5,25) e pinha (5,23), por Alves et al. (2000) em carambola (4,3) , sendo que os

frutos murici (3,6) relatados por Silva et al. (2012) mostraram semelhante ao

encontrado neste estudo.

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Em relação à acidez titulável (AT), não houve diferença significativa

(p≤0,05) para as amostras de Palmas (4 e 5) assim como, as de Gurupi (1, 2 e 3). A

média geral destas matrizes foi de 1,95, com coeficiente de variação de 13,88%.

Assim, os maiores valores de AT foram para a amostra 3, 4 (2, 18 g/100 e 2,17

g/100, respectivamente), seguidos pelas amostras: 5 (2,01 g/100), 2 (1,75 g/100) e 1

(1,66 g/100), conforme os dados descritos na Tabela 4.

A acidez nos frutos de mirindiba, encontrados por Villas Bôas (2013),

foi de 1,86 corroborando com os valores obtidos neste estudo. Alves e seus

colaboradores (2000) determinaram AT em frutos de mangaba (1,77%) e ao

comparar com os valores de acidez dos frutos de mirindiba, percebe-se que os

valores são próximos à média geral. Enquanto, que os frutos de araçá (0,52%), açaí

(0,31%), laranja (1,23%), e cajá (1,03%) apresentaram valores inferiores (DAMIANI

et al., 2011; ALEXANDRE et al., 2004; BRANCO et al., 2007 e ALVES et al., 2000).

A relação ratio (SS/AT) apresentou os maiores valores para amostra

um (14,11) e menor valor, para amostra três (10,85). A relação SS/AT é a mais

representativa que a medição isolada de açúcares ou da acidez, visto que esta

relação além de dar uma boa ideia do equilíbrio entre esses dois componentes,

indica o sabor dos frutos (CHITARRA; CHITARRA, 2005).

Desta forma, quanto maior for SS/AT, mais representativa é a

quantidade de sólidos na forma de açúcares, em relação, à quantidade de ácidos

orgânicos presentes no fruto.

É importante notar a intensidade deste valor, relativamente elevado,

indica a ação do etileno na degradação dos ácidos orgânicos. Em frutos do tipo

climatérico, este hormônio, antecipa o amadurecimento e por consequência a

senescência. Em frutos não climatéricos ocorre aumento na atividade respiratória,

seguida de queda imediata, o que não se reflete em amadurecimento (TUCKER et

al., 1993; KADER et al., 2002).

Desta forma, a mirindiba pode ser classifica entre o grupo climatérico,

logo o etileno atuará na degradação dos ácidos orgânicos, que atuam como

substratos para os processos respiratórios durante o amadurecimento, o que resulta

em acúmulo de açúcares.

A amostra um, caracterizou-se com alto teor de doçura e pouca acidez,

apresentando maior grau de doçura em relação aos demais estudados, porém seu

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SST não foi o maior, mas apresentou um valor menor de AT, teores esses que

contribuíram significativamente para esse valor alto da relação SS/AT.

Valores encontrados em sapoti (216,10) e pinha (80,14) de acordo com

Alves et al. (2000) foram superiores ao obtidos neste estudo. Lima et al. (2002)

encontraram valor de SS/ATT de 6,29 para umbu-cajá maduro, inferiores a este

estudo.

Diante do exposto, os valores de sólidos solúveis, pH, acidez titulável,

ratio, representam parâmetros de qualidade dos componentes do sabor.

5.3 Açúcares solúveis totais (AST), pectina total (PT), pectina solúvel (PS).

De acordo com a Tabela 5, os valores de Açúcares solúveis totais

(AST), expressos em percentagem, apresentaram uma pequena diferença entre si

(p≤0,05), com valor médio de 11,86 e coeficiente de variação de 4,84. A amostra

dois, com 14,48 g/100, apresentou maior valor quanto aos teores de AST, seguidas

pelas amostras amostra 4 (11,88 g/100), 3 (11,52 g/100), 1(11,08 g/100)

respectivamente.

Espécies frutíferas acumulam açúcares oriundos da fotossíntese

quando seus frutos ainda se encontram ligados à árvore, bem como no período de

pós-colheita. O processo de amadurecimento é complexo, coordenados por diversos

níveis metabólicos correlacionados ao desenvolvimento na planta. Os açúcares tem

um papel crítico na vida útil da fruta e no desenvolvimento de qualidade, o que

resultará em mudanças nas propriedades físico-químicas. Com isto, ocorre à

degradação das paredes celular e solubilização dos polissacarídeos no fruto.

Segundo Sigrist (1992) o aumento no teor de SST durante a maturação

é atribuído principalmente à hidrólise dos carboidratos de reserva acumulados

durante o crescimento do fruto na planta. O resultado desta hidrólise é a produção

de açúcares solúveis totais (AST).

Valores inferiores ao fruto em estudo foram encontrados por Alves et

al. (2000) com o bacuri (11,27%), por Abreu (2007) em pedúnculos de clones de

cajueiro (10,51) e por Souza (2007) com açaí (8,85%).

A amostra dois, com 14,48 g/100 de AST, apresentou valores

superiores aos de mangaba (12,98%), entretanto, inferiores ao fruto sapoti, com

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22,46%, 19,23% em pinha, 18,68% em seriguela, valores determinados por Alves et

al. (2000).

Tabela 5. Valores médios de Açúcares Solúveis Totais (AST), pectina total (PT), pectina

solúvel (PS) de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e Palmas (4 e 5), UFT(2013).

Matrizes

analisadas

AST PT PS

Amostra 1 11,08 a 0,41 a 0,19 a

Amostra 2 14,48 b 0,58 b 0,27 b

Amostra 3 11,52 a 0,51 ab 0,23 ab

Amostra 4 11,88 a 0,51 ab 0,29 b

Amostra 5 10,34 a 0,48 ab 0,47 c

Média 11,86 0,50 0,29

CV (%) 4,84 12,43 7,88

Dados expressos como média de triplicatas ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).

Vilas Bôas (2013) caracterizou frutos de mirindiba provenientes de

Gurupi/TO, segundo os seus resultados para AST foi de 15,55 ± 3,87, valores

acimas dos encontrados neste experimento, porém, a amostra dois foi o valor que

mais aproximou destes resultados.

Segundo Chitarra e Chitarra (2005) existe uma relação direta entre a

quantidade de SS e a AST. Neste experimento, pode-se inferir que frutos de

mirindiba apresentaram teores de sólidos solúveis significativos, o que pode

favorecer o grau de doçura em relação ao ácido. Assim, os frutos em estudo podem

ser caracterizados como ácidos, levemente, adocicados, o que pode demonstrar

uma oportunidade para biotecnologia.

Os resultados obtidos para pectinas total demonstram variação

moderada entre as matrizes estudadas (Tabela 5), com coeficiente de variação de

12,43% e média geral de 0,50 g.100-1. Entre as amostras estudadas, a amostra um,

com 0,41 g/100, apresentou o menor valor, enquanto que a amostra dois (0,58

g/100) foi o valor mais elevado para a pectina total e as amostras três e quatro,

apresentaram valores iguais de 0,51%.

g.100-1

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Xisto et al (2004) ao avaliarem goiabas, submetidas à aplicação de

cloreto de cálcio, obtiveram teores de pectina total variando de 0,40 a 0,43%, o que

demonstrou valores menores do que a média os frutos deste experimento, enquanto

que Teixeira et al. (2001) obtiveram valores de (0,43% a 0,60%) em estudos com

mamão „Formosa‟.

Comparando os resultados obtidos nesta pesquisa, com os de outras

frutas, Damiani et al. (2011) avaliando polpa de araçá (Psidium guineenses Sw.),

encontraram valores superiores de pectina total iguais (0,72%). Já para o açaí

(Euterpe oleraceae Mart), Souza (2007) encontrou valores mais altos, com média

geral de 0,94%. Os relatos dos estudos de Alves et al. (2000) determinaram valores

mais altos que a média geral de mirindiba, em sapoti (Manilka zapota), com 0,74% e

em pinha Annona squamosa (0,66%). Enquanto que para mangaba Hancornia

speciosa (0,54%) os valores foram próximos e em cupuaçu Theobroma

grandoflorium (0,43%) os valores foram inferiores. Rufino et al (2009), analisando o

teor de pectina total na polpa de 18 frutos tropicais, encontraram valores de pectina

que variaram de 0,15% (caju) a 1,27% (murici).

Segundo Taiz e Zeiger (2004) as pectinas constituem um grupo

heterogêneo de polissacarídeos, contendo açúcares (ramnose, galactose e

arabinose) e ácido (ácido galacturônico), sendo que em frutos imaturos, os grupos

dos ácidos carboxílicos encontram-se ligados ao cálcio, o que resulta na formação

de pectato de cálcio e das protopectinas à medida que os frutos vão amadurecendo,

o cálcio é liberado e a protopectina é solubilizada da parede celular.

Em relação à protopectina, Chitarra e Chitarra (2005) descrevem-na

como insolúvel em água, contudo produz as pectinas solúveis (ácidos pécticos) por

hidrolise parcial. Com relação ao teor de pectina solúvel, pode-se verificar (Tabela 5)

que houve diferença significativa entre si (p≤0,05), com média geral de 0,29 e

coeficiente de variação de 7,88% e amostra cinco, apresentou o maior valor de

pectina solúvel igual a 0,47 g.100g-1. Enquanto, que a amostra um, apresentou o

menor valor de pectina solúvel de 0,19 g.100g-1.

Os frutos de mirindiba apresentam valores de pectina solúvel

superiores em relação às outras frutas como cajá (0,07%) e ainda, valores próximos

aos de frutas como pinha (0,31%), bacuri (0,19%), mangaba (0,24%), e valores

inferiores aos dos frutos do sapoti (0,60%), citadas por Alves et al. (2000). Damiani

et al. (2011) ao trabalharem com os frutos de araçá, obtiveram valores de pectina

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solúvel de 0,24% portanto, próximos à média para pectina solúvel dos frutos

analisados.

Fennema (2010) relata que as pectinas solúveis são consideradas de

baixo teor metoxílicos, pois podem formar géis estáveis, na ausência de açúcares.

Esse tipo de gel é adequado em produtos com baixa concentração de açúcar e

dietéticos.

De acordo com Silveira (2008) índices maiores de pectina total são

importantes para a conservação de fruta pós-colheita, visto que as pectinas

influenciam a textura dos frutos e sua conservação, sendo assim importante matéria-

prima destinada à indústria, pois conferem palatabilidade e boa aparência a

alimentos processados principalmente, para elaboração de geleias e doces em

massa (CHITARRA; CHITARRA, 2005).

5. 4 Composição centesimal.

A Tabela 6 demonstra a composição centesimal e o valor calórico das

cinco amostras de frutos de mirindiba analisadas. Este parâmetro corresponde à

proporção dos grupos homogêneos de substâncias presentes em 100 g de um

alimento.

Os resultados obtidos para a umidade apresentaram moderada

variação entre si (p<0,05), com coeficiente de variação de 0,29% e média geral de

73,35%. Entre as matrizes analisadas amostra um (78,51%) e a dois (78,43%)

apresentaram o maior percentual de umidade seguida pela amostra cinco (77,29%),

três (77,26%) e quatro (75,27), respectivamente (Tabela 6).

Os valores encontrados estão coerentes com a média de água livre

que existe na maioria das polpas de frutas, na qual os valores podem variar entre 65

a 95% (CECCHI, 2003).

Comparando os resultados encontrados nesta pesquisa com os de

outras frutas, tais como: araçá (82,36%), cagaita (93,34%), caju-do cerrado (86,57),

mangaba (82,40), murici (80,64), pitomba (83,16), puçá (85,13), açaí (86,01), estes

apresentaram valores maiores do que a média geral para os frutos de mirindiba.

Valores menores foram encontrados aos de chichá (6,95) e macaúba (34,32)

enquanto, que banha de galinha (Swartzia langdorfii), com (76,21%) e araticum

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(76,05%), apresentaram valores próximos aos matrizes analisadas (ALEXANDRE et

al., 2004; ROESLER et al., 2007a, 2007b; SILVA et al., 2008).

Tabela 6. Composição centesimal e Valor calórico da Polpa dos frutos Buchenavia tomentosa (Mirindiba) na base úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (1, 2 e 3) e Palmas (4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

analisadas*

Umidade

Extrato

etéreo

Proteína

bruta

Fibra

bruta

Cinza Fração

glicídica

VET

Amostra 1 78,51 a 0,06 d 0,10 b 0,04 c 0,02 b 20,21 b 81,78

Amostra 2 78,43 a 0,38 c 0,11 b 0,04 cb 0,71 a 20,26 b 84,86

Amostra 3 77,26 b 0,98 b 0,11 b 0,05 cb 0,78 a 20,72 b 92,14

Amostra 4 75,27 c 1,38 a 0,12 b 0,07 b 0,80 a 20,87 b 96,38

Amostra 5 77,29 b 1,01 b 1,15 a 0,18 a 0,80 a 22,25 a 102,69

Média 73,35 0,76 0,32 0,08 0,62 20,86 91,57

CV (%) 0,29 5,02 4,50 17,32 14,20 1,29

Médias seguidas de mesma letra na vertical não possuem diferença significativa pelo teste de Tukey.* Teores médios desvio padrão, expressos em matéria integral.

De acordo com a Tabela 6, os teores de extrato etéreo diferiram

significativamente (p<0,05), com média geral de 0,76 e coeficiente de variação de

5,0%, sendo que as polpas de mirindiba analisadas podem ser consideradas

hipocalóricas, pois 1 g de lipídeo fornece aproximadamente 9 kcal (SHILS et al.,

2003).

Os resultados para o teor de lipídios (extrato etéreo) estão próximos do

à de outros frutos tais como: cagaita (0,82%), caju-do-cerrado (0,63%), e açaí (7,0%)

(SILVA et al., 2008; GORDON et al., 2012). Valores de extrato etéreo das polpas

dos frutos de mirindiba foram mais altos em relação a araçá (0,49%), a banha de

galinha (0,46%), araticum (0,32%) e lobeira (0,40) (SILVA et al., 2008; ROESLER et

al., 2007a, 2007b).

De acordo com a Tabela 6, pode-se inferir que quanto aos teores de

proteínas, houve uma pequena diferença significativamente entre si (p<0,05), com

média geral de 0,32 e coeficiente de variação de 4,50%, sendo que os valores

maiores e menores obtidos foram das amostras um e cinco (1,15 e 0,10,

respectivamente).

g.100g-1

Kcal

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Silva et al (2008) encontraram valores mais altos que a média geral dos

frutos de mirindiba, em araçá (0,50%), araticum (1,22.%), cagaita (0,82%), caju-do-

cerrado (1,18%), mangaba (1,20%) e murici (0,72%). Em açaí, Gordon (2012)

encontrou valores mais altos com média geral de (21%) e segundo Roesler e seus

colaboradores (2007a e 2007b), em frutos de araticum (1,80%) e lobeira (1,79%)

mostram valores superiores ao do fruto em estudo.

Segundo Sartorelli et al. (2003) as fibras são constituídas por uma

associação de polímeros de alto peso molecular, compreendendo dois grupos

químicos: um com estrutura de polissacarídeos (celulose, a hemicelulose e as

pectinas); e outro sem a referida estrutura, como a lignina, as gomas e mucilagens.

Os carboidratos resistentes ao tratamento sucessivo com ácido e base

diluídos representam a grande parte da fração fibrosa dos alimentos (SILVA;

QUEIROZ, 2004) Sendo assim, compreende os componentes da parede celular dos

vegetais que não são digeridos pelos organismos humano.

Os teores para fibra bruta, conforme Tabela 6, diferiram

significativamente entre si (p≤0,05), com média geral de 0,08 e coeficiente de

variação de 17,32%, sendo que o maior valor encontrado foi para a amostra cinco,

com 0,18 g/100 e ao comparar com os resultados determinados em frutos de

mirindiba, Vilas Bôas (2013) obtiveram 4,46 g/100 de fibras brutas desta forma, os

teores de fibra bruta neste estudo foram inferiores assim como, em açaí (31,67%),

valores superiores obtidos por Alexandre et al. (2004).

Com relação às cinzas, os valores descritos na Tabela 6, demonstram

que houve uma diferença significativa entre as amostras, com valores de média igual

a 0,62 e coeficiente de variação 14,20 desta forma, os maiores valores obtidos foram

para amostra quatro e cinco, ambas com 0,8 g/100 e os menores valores, foram

para amostra um, com 0,02 g/100. O conteúdo de cinzas representa apenas a fração

que resiste à carbonização a 550 °C (CHITARRA; CHITARRA, 2005).

Na Tabela 6, pode-se verificar que houve moderada variação entre as

amostras para o parâmetro de carboidratos, ou fração glicídica, com média geral de

20,86 e coeficiente de variação de 1,29%. Os valores de carboidratos obtidos neste

estudo foram superiores, quando comparados em médias, aos determinados em

espécies de puçá (6,64), araticum (3,83%) mangaba (1,20%), por Silva et al. (2008)

e em gabiroba (11,6%), por Vallilo (2006), porém inferior ao encontrados em chichá

(38,10), por Silva et al. (2008).

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O valor calórico de um alimento refere-se à quantidade de calorias que

este pode oferecer ao organismo, de forma a proporcionar ao corpo a energia

suficiente para realização das atividades diárias. Quanto ao valor calórico observa-

se que as polpas de mirindiba apresentam valores de 81,78 Kcal a 102,69 kcal.

Sendo estes valores superiores aos valores energético em araçá (37 kcal), cagaita

(20 kcal) e valores inferiores aos de araticum (90,47) obtidos por (Souza, 2008).

5.5 Vitamina C.

Segundo Andrade et al. (2002) as fontes de ácido ascórbico são

classificadas em diferentes níveis, tais como: fonte elevada (contém de 100-

300mg/100g de fruta); fontes médias (contêm de 50-100mg/100g de fruta) e fontes

baixas (contém de 25-50mg/100g de fruta).

As polpas dos frutos de Buchenavia tomentosa tiveram elevado teor de

vitamina C (Tabela 7). Observou que as médias dos teores de vitamina C, das

amostras, diferiram significativamente entre si (p<0,05), com coeficiente de variação

de 6,70% e média geral de 2374,16 mg. 100g-1. Os menores valores médios

encontrados foram de 1261,59 mg.100g-1 e 1703,40 mg.100g-1 nas amostras uma e

quatro, respectivamente.

Desta forma, como não há muitos dados na literatura sobre esse

parâmetro para o fruto em estudo, buscou-se frutos com melhores fontes de

vitamina C para comparação.

A polpa do fruto que apresentou maior teor de vitamina C foi amostra

três, com 3573,50 mg de ácido ascórbico/100 g de polpa. De acordo com a Tabela

7, os resultados das amostras dois (2737,61), três (3573,50) e cinco (2630,69) foram

superiores quando comparados aos teores de vitamina C das polpas de acerola

(Malpighia emarginata) encontrados por Mezadri et al. (2008), com valores entre 632

a 920 mg.100 g-1 assim como, por Feire et al. (2013), com 1457,69 mg.100g-1.

Os frutos de B. tomentosa possuem valores de ácido ascórbico

superiores aos frutos tropicais exóticos: Bacuri (Plantonia insignis) com 2,4 mg/100g;

Cajá (Spondias mombin) com 26,5 mg/100g; Carnaúba (Copernicia prunifera) com

78,1 mg/100g; Gurguri (Mouriri guianensis) com 27,5 mg/100g; Jambolão (Syzygium

cumini) com 112 mg/100 g; Jussara (Euterpe edulis) com 186 mg/100g; Murta

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(Blepharocalyx salicifolius) com 181 mg/100g (RUFINO et al., 2011) e cupuaçu

(Theobroma grandiflorum) com 3,3 mg/100g (CANUTO et al.,2010).

Tabela 7. Teores de vitamina C das amostras de frutos de Buchenavia tomentosa (Mirindiba) na base úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e Palmas: (4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

Analisadas

Vitamina C

(mg GAE . 100g-1)

Amostra 1 1703,40 c

Amostra 2 2737,61 b

Amostra 3 3573,50 a

Amostra 4 1261,59 d

Amostra 5 2630,69 b

Média 2374,16

CV (%) 6,70

Dados expressos como média de triplicatas ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma

letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).

Outro fruto que é uma das melhores fontes de vitamina C é o camu-

camu (Myrciaria dubia), que em estudos realizado por Alves et al. (2000) apresentou

valor de 2061,04 mg/100g, em frutos predominantemente vermelhos e Rufino et al.

(2011), com polpas de 1882 mg/100g. Contudo, estes valores foram inferiores aos

determinados em frutos de mirindiba.

A determinação da vitamina C em alimentos é importante tanto pelo

seu valor nutricional, como pelo fato de ser usada pela indústria de alimentos como

um alimento antioxidante (BIANCHI; ANTUNES, 2009). O ácido ascórbico é um

composto bioativo com importantes funções fisiológicas. Constitui vitamina

hidrossolúvel com papel relevante na manutenção de tecidos, assimilação de ferro e

aminoácidos, síntese de proteínas e metabolismo de carboidratos (GUÇLU et al,

2006).

Segundo Aguiar (2001) a importância de ingredientes ricos em ácido

ascórbico é ainda mais relevante, considerando-se que a vitamina C não é

sintetizada pelo organismo humano, sendo indispensável sua ingestão pela dieta.

Estudos evidenciam que a redução no risco de desenvolvimento de doenças

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degenerativas se dá pela combinação de micronutrientes, antioxidantes, substâncias

fitoquímicas e fibras presentes nos alimentos de origem vegetal. Diante disto, frutos

com boas fontes de vitamina C, representa alternativa à inserção na dieta alimentar

dos brasileiros.

5.6 Compostos fenólicos.

De acordo com a Tabela 8, observa-se diferenças significativas entre

as amostras (p≤0,05), com coeficiente de variação de 7,4% e médias do teor fenólico

de 3296,09 mgGAE . 100g-1.

Dentre as frutas consideradas como excelentes fontes de compostos

fenólicos totais, tem-se o baru (Dipteryx alata Vog.) com 568,9 mg GAE/100g

(LEMOS et al., 2012) e espécies frutífera chinesa bayberry (Myrica rubra) com 253,9

mg GAE/ 100g (BAO et al., 2005; ZHOU et al., 2009) todavia os fenólicos totais

encontrados neste estudo foram superiores.

As amostras: uma (3117,91) e três (3270,80) mostraram valores

próximos aos fenólicos totais do açaí (Euterpe oleraceae Mart.), com 3437,00 mg

GAE.100g-1 determinados nos estudos de Gordon et al., 2012, e a amostra quatro

apresentou valores superiores, com 4200,33 mgGAE.100g-1.

Tabela 8. Fenólicos totais de frutos de Buchenavia tomentosa (Mirindiba) na base úmida, de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e Palmas: (4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

Analisadas

Compostos fenólicos

(mg GAE . 100g-1)

Amostra 1 3117,91 b

Amostra 2 2957,88 b

Amostra 3 3270,80 b

Amostra 4 4200,33 b

Amostra 5 2933,51 b

Média 3296,09

CV (%) 7,14

Dados expressos como média de triplicatas ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).

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Villa Bôas (2013) quantificou e identificou os principais constituintes

fenólicos da mirindiba concluindo que compostos de maior concentração nesta

espécie frutífera foram ácido elágico (41,00 mg/100g) e a epicatequina (37,18

mg/100g).

Os compostos fenólicos são antioxidantes primários que agem como

terminais para os radicais livres (XING et al., 1996). Possuem propriedades de

óxido-redução que desempenham um papel importante na absorção e neutralização

de radicais livres ao quelar o oxigênio triplete e singlete ou decompor os mesmos em

peróxidos (DEGÁSPARI; WASZCZYNSKYJ, 2004).

Conforme Roesler et al. (2007a e b) os fenólicos contribuem para a

baixa e significativa redução da incidência de doenças crônicas e degenerativas

encontradas em populações com a ingestão na dieta destes compostos. Os

fenólicos quando inclusos na dieta, além da atividade antioxidante, são também

responsáveis por capacidade anti-inflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica

(ABE et al., 2007).

5.7 Minerais (Íons maiores).

Dentre os vários compostos identificados nas frutas, incluem-se os

minerais. A análise deste parâmetro é relevante, já que há pouca informação sobre

os teores e perfis destes compostos em frutas nativas e com potencial econômico.

De acordo com a Tabela 9, as médias para teores de fluoreto

apresentaram diferenças significativas entre si (p<0,05), com média geral para íons

de fluoreto de 21,06 e coeficiente de variação 2,14%. Entre as amostra analisadas, a

5 (25,57 mg.100g-1) e 1 (22,48 mg.100g-1) apresentaram os maiores valores. O

fluoreto é importante para a integridade óssea do esqueleto, mas causas toxicidade

em consumo em excesso (fluorose).

Outro composto inorgânico detectado na polpa dos frutos de mirindiba

foi o cloreto, visto que é um dos mais comuns ânions inorgânicos e pode ser

utilizado como conservantes em alimentos. Observou-se que houve diferença

significativa entre as amostras (p<0,05), com coeficiente de variação de 1,31 e

média geral de 118,58. Entre as amostras estudadas, um e quatro, apresentaram os

maiores valores (164,95 mg/100g) e (150,64 mg/100g), respectivamente (Tabela 9).

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Tabela 9. Composição em íons maiores da polpa de frutos da Buchenavia tomentosa (Mirindiba) coletados nas cidades de Gurupi (amostras: 1, 2 e 3) e Palmas: (4 e 5), UFT (2013).

Matrizes

analisadas

Fluoreto Cloreto Nitrito Brometo Nitrato Fosfato Sulfato

Amostra 1 22,48 b 164,95

a

0,00 b 0,00 a 9,28 d 64,44 c 0,00 b

Amostra 2 13,28 d 79,52 c 0,00 b 0,00 a 18,31 b 19,76 e 1,91 a

Amostra 3 21,45 b 61,31 e 1,64 a 0,00 a 21,65 a 27,45 d 0,00 b

Amostra 4 22,50 b 150,64

b

0,00 b 0,00 a 11,40 c 50,84 b 0,00 b

Amostra 5 25,57 a 136,46

d

0,00 b 0,00 a 11,11 c 54,09 a 0,00 b

Média 21,06 118,58 0,33 0,00 14,35 43,31 0,38

CV (%) 2,14 1,31 6,43 0,00 2,03 0,54 6,85

Medidas seguidas de mesma letra na vertical não possuem diferença significativa,

pelo teste de Tukey.

Na Tabela 9, para os íons de nitrito, apenas a amostra três, com 1,64

mg/100g, apresentou valores, com média de 0,33 e coeficiente de variação de 6,13.

Para os teores de Nitratos houve diferença significativa entre as amostra, com

coeficiente de variação de 2,03 e médias de 14,35 sendo que os maiores valores

foram para amostra três (21,65) e o menor valor foram para um, com 9,28 mg/100 g.

O fosfato também esteve presente nos resultados encontrados na

polpa de mirindiba. Observou-se que entre as amostras, houve diferença

significativa entre si (p<0,05), com média de 43,31 e coeficiente de variabilidade de

0,54. O fosfato é elemento estrutural em certos componentes biológicos, pois fazem

parte da estrutura dos açúcares dos ácidos nucleicos. Desta forma, é interessante

devido representar uma moeda universal de energia em organismos vivos. Os

valores obtidos variaram de 19,76 a 64,44 mg/100g (Tabela 9), sendo que estes

compostos estão presente na maioria dos alimentos e ainda, são usados como

fertilizantes concomitantemente, na forma de fosfato condensados são compostos

utilizados como acidulante alimentar (FENNEMA, 2010).

Oliveira Junior et al (2004) analisaram alguns nutrientes da fruta do

lobo e observaram teores de fósforo de 35,5mg/100g ao comparar com resultados

mg.100g-1

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obtidos neste estudo, (Tabela 9), a polpa dos frutos de mirindiba apresentam

valores, em médias, superiores ao encontrado nesta outra espécies frutífera do

cerrado.

Um constituinte comum e natural em muitos alimentos é o nitrato,

sendo os vegetais as principais fontes de nitrato na dieta humana. Contudo, o

nitrato, em nível elevado atua como reservatório para a produção de nitrito e

consequentemente, formaram as nitrosaminas, que são cancerígenas. Desta forma,

este composto em excesso aumenta o risco do aparecimento de mermoglobinemia.

Observou-se que as médias das amostras variaram significativamente, os resultados

foram de 9,28 a 11,40 mg/100g sendo que, a recomendação pela organização

mundial da saúde determina 220 mg de nitrato para uma pessoa adulta com cerca

de 60 kg.

Os minerais são elementos químicos que ocorrem naturalmente no

corpo para ajudar executar determinadas reações químicas, formam uma parte

integrante funcionalmente importante de composto orgânico, tais como o ferro (Fe)

na hemoglobina e zinco (Zn) zinco (Zn) em insulina. Assim como para a execução

normal do funcionamento dos músculos, coração, nervos e na manutenção da

composição do fluido do corpo entre outros, bem como para a construção de ossos

fortes.

Ao saber, que o alimento é uma mistura heterógena de complexo de

substâncias químicas desta forma, o isolamento e medições de compostos químicos

individuais em alimentos representam uma tarefa difícil.

Portanto, os resultados obtidos (Tabela 9), demostram que as polpas

de mirindiba apresentam de elementos traços, tais como: fluoreto, cloreto, nitrato,

fosfato. Em virtude disto, mais estudos correlacionados a biodisponibilidade destes

minerais e sua toxicidade são necessárias, tanto para poder inserir este fruto na

dieta quanto, aos benefícios que podem trazer à saúde, como alimento funcional.

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6. CONCLUSÃO

Os compostos químicos e bioativos dos frutos de mirindiba foram

obtidos no presente estudo. Nesta perspectiva, os frutos de B. tomentosa destacam-

se pela quantidade de açúcares (carboidratos), compostos fenólicos, vitamina C e

também pela presença de minerais tais como fluoreto, cloreto, nitrato e fosfatos.

Contudo, estudos adicionais serão necessários para poder entender,

principalmente, os compostos bioativos (vitamina C e fenólicos) presentes nestes

frutos. Desta forma, etapas de isolamento e elucidação do mecanismo de ação

destes compostos serão necessários, assim, como a avaliação da citotoxicidade dos

mesmos. É importante ressaltar, que os frutos avaliados neste estudo, são utilizados

pela população regional, apenas como planta medicinal, o que representa motivos

para futuros estudos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO I

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Tabela 10. Dados adicionais dos locais de coletadas dos frutos de Mirindiba

analisados e suas respectivas coordenadas, UFT (2012 e 2013).

Matrizes analisados

Localidade Latitude Longitude

Amostra 1 Gurupi 11°53‟20.6‟‟S 048°39‟49.6‟‟W Amostra 2 Gurupi 11°53‟20.7‟‟S 048°39‟50.2‟‟W Amostra 3 Gurupi 11°53‟20.7‟‟S 048°39‟50.2‟‟W Amostra 4 Palmas 11°53‟25.3‟‟S 048°40‟28.7‟‟W Amostra 5 Palmas 10°13‟24.8‟‟S 048°19‟15,5‟‟W

Dados obtidos com auxílio de GPS, Map 60 CSX, marca GARMIN.