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BARBALHA1234
CARACTERIZAÇÃO DA SECURITIZAÇÃO E ÍNDICES BANCÁRIOS: UMA ANÁLISE DO SETOR NO BRASIL
2011
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Índice
1. Introdução _______________________________________________________ 1
2. O sistema financeiro e o crédito _______________________________________ 2
2.1 – Mercado de Crédito Brasileiro___________________________________________ 4
3. Securitização _____________________________________________________ 6
3.2 A securitização no mundo e no Brasil ______________________________________ 8
4-Basiléia III e o Novo Marco Regulatório _______________________________ 11
5. Metodologia e Dados ______________________________________________ 14
1) Índice de Preferência pela Liquidez dos Bancos (PLB): _______________________ 15
2) Índice Lucro sobre Ativo_________________________________________________ 16
3) Índice Crédito sobre Ativo _______________________________________________ 16
4)Índice de concentração no setor____________________________________________ 16
5)TVM sobre ativo ________________________________________________________ 16
6) Instrumentos financeiros derivativos sobre ativo _____________________________ 17
7) Empréstimos sobre Ativo ________________________________________________ 17
8) Financiamento sobre Ativo _______________________________________________ 17
9)Imobiliário sobre Ativo___________________________________________________ 17
10)Ativo sobre Patrimônio Líquido __________________________________________ 18
11)Controle do capital social ________________________________________________ 18
12)Índices de qualidade da carteira de crédito _________________________________ 18
6. Análise dos Resultados_____________________________________________ 20
Cluster 1: Grandes Bancos Nacionais (GBN) __________________________________ 20
Cluster 2: Bancos de Empréstimos Consignado (BEC) __________________________ 21
Cluster 3: Bancos de Investimentos Nacionais (BIN) ____________________________ 22
Cluster 4: Bancos de Investimento Estrangeiro (BIE) ___________________________ 23
Cluster 5: Banco de Investimento Automibilístico (BFA) ________________________ 24
7. Considerações finais ______________________________________________ 25
8. Apêndice________________________________________________________ 27
Gráfico 1: Crédito / PIB - % ________________________________________________ 27
Gráfico 2: Inadimplência em operações de crédito / Crédito Total -% _____________ 27
Gráfico 3: Crédito – Pessoa Física – Por faixa de valor das operações ______________ 28
Gráfico 4: Crédito – Pessoa Jurídica – Por faixa de valor das operações____________ 28
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Gráfico 5: Cessão de crédito para securitizadoras ligadas ou não ligadas (Bilhões de R$)________________________________________________________________________ 29
Gráfico 6: Preferência pela liquidez dos bancos (Padronizado) ___________________ 29
Gráfico 7: Market Share – Ativos (Padronizado) _______________________________ 30
Gráfico 8: Market Share – Depósitos (Padronizado) ____________________________ 30
Gráfico 9: Market Share – Crédito (Padronizado) ______________________________ 31
Gráfico 10: Derivativos / Ativo (Padronizado) _________________________________ 31
Gráfico 11: Controle Acionário (Média) ______________________________________ 32
Gráfico 12: Avaliação da Carteira de Crédito (Média) __________________________ 32
Gráfico 13: Lucro / Ativo (Padronizado) ______________________________________ 33
Gráfico 14: Crédito / Ativo (Padronizado)_____________________________________ 33
Gráfico 15: Títulos e Valores Mobiliários / Ativo (Padronizado) __________________ 34
Gráfico 16: Empréstimo / Ativo (Padronizado)_________________________________ 34
Gráfico 17: Financiamento / Ativo (Padronizado) ______________________________ 35
Gráfico 18: Imobiliário / Ativo (Padronizado) _________________________________ 35
Gráfico 19: Alavancagem – Ativo / Patrimônio Líquido (Padronizado)_____________ 36
Gráfico 20: Média Cessão de Crédito – ao ano (em R$ Milhões)___________________ 36
Tabela 1: Cessão de crédito para securitizadoras ligadas ou não ligadas____________ 37
Tabela 2: Instituições financeiras por Cluster__________________________________ 37
9. Referências______________________________________________________ 38
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1. Introdução
A dinâmica do setor financeiro é, em economia moderna, fator chave para a
engrenagem da economia real. Além de atuarem como intermediários financeiros, os
bancos possuem em suas prerrogativas a capacidade de gerar moeda, conceder ou negar
crédito e acumular riquezas. As decisões destas instituições conseguem alterar de forma
determinante os rumos de outros setores da economia, o que leva autores como
Carvalho (2005) a classificar o setor como “especial”. Outros autores como Gomes
(2009) mostram que há diversos estudos que indicam uma correlação positiva entre o
Produto Interno Bruto e disponibilidade de crédito, apesar de a causalidade não ser
definida a priori.
Além disso, instituições financeiras também são empresas, e como qualquer empresa,
estão expostas, inerentemente, a riscos em suas atividades. O risco de default, o risco
sistêmico, o risco operacional, o risco de mercado, entre tantos outros, são exemplos de
como esta indústria está envolta em processos econômicos complexos. A caracterização
destas instituições como indústria também não é força de expressão, visto que sua
iniciativa exige criação de produtos diversos, a fim de mitigar os riscos e proporcionar
máxima lucratividade. Essa diligência característica leva o banco à atuação ativa de suas
operações, inclusive com a criação de inovações financeiras no setor.
O presente trabalho tem por objetivo hierarquizar 146 instituições financeiras por meio
do fenômeno das inovações financeiras no setor de crédito, especificamente a
securitização de recebíveis creditícios, e outros índices para a solidez bancária e
preferência de alocação ativos no setor. Para isso, foi utilizado o Método de Ward em
Cluster Hierárquico, a fim de alcançar uma divisão mais consistente de características
comuns entre estas instituições financeiras.
O artigo é dividido em 6 seções, incluindo a Introdução e Considerações Finais. A seção
2 exprime alguns marcos teóricos sobre o qual se embasa o trabalho e uma
caracterização do sistema financeiro e do crédito, com ênfase no caso brasileiro. A
seção 3 resume e tipifica o fenômeno da securitização, além de olhar com especial
atenção às formas como a securitização age no Brasil. A seção 4 mostra a evolução do
sistema regulatório, com os Acordos de Basiléia, para diversas operações bancárias e
seus reflexos na escolha do portfólio bancário. A seção 5 discute os clusters formados e
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suas características. Por último temos as Considerações Finais e o Apêndice, onde estão
os gráficos e tabelas utilizados para a análise.
2. O sistema financeiro e o crédito O mundo das relações econômicas é complexo e dinâmico, sendo pautado pela troca
entre agentes detentores de direitos e deveres financeiros, ou seja, de ativos e passivos.
Estes agentes (pessoas físicas, instituições financeiras, governos e grandes corporações)
impulsionam a economia ao mesmo tempo em que procuram individualmente atingir a
maior rentabilidade de seus empreendimentos. No momento em que algum destes
decide realizar um investimento, necessita procurar recursos internos, de sua posse, ou
externos, de terceiros, para realizá-lo. Na hipótese de serem necessários recursos
externos, o agente recorrerá ao sistema financeiro organizado, normalmente aos bancos,
os quais MINSKY (1986) chama de “mercadores de débito”.
KEYNES (1998) deixa bem claro em sua obra o papel das expectativas sobre o
investimento. A expectativa atual aliada ao capital existente determinariam o nível de
emprego. Em suas palavras, “a expectativa de um aumento no excesso do investimento
sobre a poupança, dado o volume anterior de emprego e produção, induzirá os
empresários a aumentar o volume de emprego e da produção”. Discute também sobre a
capacidade do banco em criar crédito, permitindo a realização do investimento sem
“nenhuma poupança genuína”. Para Keynes há três tendências desencadeadas pela
concessão de crédito por parte das instituições financeiras: ”(i)aumento na produção, (ii)
alta no valor da produção marginal expressa em unidades de salário (o que em
condições de rendimentos decrescentes deve necessariamente acompanhar um aumento
da produção); e (iii) alta da unidade de salários em termos de moeda (efeito que em
geral acompanha a melhoria do emprego)”.(KEYNES, 1988)
Em sua Teoria Geral, o autor coloca a instituição bancária como um agente que também
pauta suas ações baseado em expectativas. O contrato de empréstimo terá características
fundamentadas nas esperanças da instituição bancária quanto ao cenário econômico
futuro. O nível de demanda agregada será afetado tanto pelo preço quanto pelo tempo
de maturação dos empréstimos. Em momentos de otimismo, o banco irá preferir ativos
mais ilíquidos e com maior rentabilidade, como os adiantamentos, por exemplo. Já em
cenários pessimistas haveria um aumento na procura por ativos de maior liquidez
mesmo que a rentabilidade seja menor, como no caso de títulos do tesouro.
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Dessa forma, a instituição bancária necessariamente é passível de riscos. O banco irá
conceder crédito toda vez que avalie o fluxo de caixa esperado de um empreendimento
como sendo maior que o valor emprestado, somados aos encargos bancários e juros,
dado uma avaliação do histórico de inadimplência do tomador. O problema da lógica
nesse sistema é que os bancos não teriam a certeza do sucesso do empreendimento do
agente que tomará o crédito e, portanto, tendem a utilizar como critério para julgar o
mérito da operação, o histórico de pagamento dos clientes. Em períodos de euforia, o
número de operações inadimplentes cai, o que faz com que o banco amplie a oferta de
crédito e reduza substancialmente suas margens de segurança, sendo esta a diferença
entre o fluxo de caixa esperado do investimento e os compromissos financeiros do
tomador.
Com isso em mente, é possível citar duas particularidades sobre o sistema financeiro (i)
ele pode ser tanto estável como instável; (ii)após longos períodos de estabilidade, torna-
se inexoravelmente instável. O motivo explorado por MINSKY (1992) para a ocorrência
deste fenômeno é a confiança dos agentes sobre o duradouro estado dos negócios em
uma economia, o que faz com que os bancos sejam agentes desestabilizadores do
sistema econômico na fase ascendente do ciclo e um entrave à recuperação da economia
na fase descendente. Cenários de boom econômico levam o banco a ofertar crédito para
agentes cujo retorno esperado do investimento não pagaria os juros ou o principal do
empréstimo, na medida em que, como já foi explicado, os bancos tendem a olhar mais
para o histórico de pagamento de seus clientes do que para o risco associado ao seu
fluxo de caixa dos projetos de investimento. Além disso, em fases ascendentes do ciclo
a esperança da valorização das garantias apresentadas pelo tomador tende a cobrir a
lacuna monetária. Em um ambiente de juros muito baixos e economia aquecida, o
tomador poderia ainda pedir auxílio a outro banco, cobrindo a dívida com o primeiro
banco (KREGEL, 1997).
Uma forma de gestão de passivo realizado pelos bancos é a criação de inovações
financeiras. De acordo com PAULA (1999), este mecanismo consiste em gerenciamento
das “obrigações de modo a privilegiar o aumento da participação de componentes do
passivo que absorvam menos reservas e, ainda, introduzindo novas fórmulas de captar
recursos de clientes”. Entretanto, LLEWELLYN (2009) fornece uma taxonomia mais clara
para a compreensão do fenômeno. Segundo o autor, as inovações financeiras podem ser
divididas em três tipos, a saber: (i) inovações de produtos; (ii) inovações de
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transferência de risco; (iii) inovações de processo. O primeiro tipo se refere a novos
instrumentos, mercados e técnicas para utilização de produtos financeiros. O segundo
define-se por diferentes combinações de características específicas de instrumentos
financeiros. Por fim, o terceiro se refere a melhorias nas formas de distribuição e
transação de tais ativos.
As inovações financeiras, portanto, tornam maior a disponibilidade de recursos
disponíveis aos bancos, por meio da minimização da necessidade de obrigações de
reservas para a colaterização dos passivos bancários. Isso significa, em linhas gerais,
que os bancos teriam maior disponibilidade de recursos para financiamento de suas
operações ativas, ou seja, alavancariam a capacidade de atender a demanda por crédito
do público e suas próprias aplicações financeiras (PAULA, 1999). É importante notar que
o atendimento da demanda por crédito, dada a taxa de juros, é sempre para o tomador
marginal, ou seja, aquele que possui previsões e fluxo de caixa e garantias cada vez
menores. Além disso, segundo CARVALHO (2010), as aplicações financeiras são de
caráter especulativo com o objetivo de aumentar os preços dos ativos. Isso quer dizer
que o agente, que neste caso é o banco, adquire o ativo financeiro para a revenda, e não
para a apropriação de renda.
2.1 – Mercado de Crédito Brasileiro Por outro lado, a evolução do sistema financeiro nacional também deve ser analisado
brevemente no que se refere à sua concentração e disponibilidade para a oferta de
produtos financeiros, notadamente crédito e seus derivados.
Seguindo um movimento mundial, as instituições financeiras no Brasil vem sofrendo
um processo de concentração por meio da seleção competitiva. Em especial no setor
bancário, há um processo competitivo sobre o multiplicador monetário, com a tentativa
dos maiores bancos em torná-lo endógeno1 e acumular maior poder sobre o comando
das decisões econômico-financeiras. Desde a criação dos principais bancos brasileiros
em 1945, até por volta de 1988, o setor sofreu um processo de concentração simultâneo
ao de ampliação da rede nacional de agências, acarretando uma redução do número de
instituições bancárias. Com a abertura econômica ao fim da década de 80, houve a
entrada de muitos bancos estrangeiros que retomaram o crescimento do número de
1 Endógeno no sentido de criação de moeda no momento em que convier aos bancos.
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players. Durante o governo FHC, e pelos acontecimentos da crise bancária e da
desnacionalização, o setor voltou a concentrar-se. Ao fim de 2010 temos um total de
178 bancos, levando-se em conta bancos múltiplos, comerciais, de desenvolvimento,
investimento, de câmbio e caixa econômica. (DA COSTA, 2008)
No que concerne o fornecimento de crédito, a história econômica brasileira mostra
como o problema da alta inflação foi, desde a década de 60, um entrave ao
desenvolvimento do processo. A inflação descontrolada impossibilitou com que títulos
de dívida de médio e longo prazo pudessem ser negociados em maior número. O
mecanismo de proteção via correção monetária usado pelos bancos no período de
hiperinflação gerava lucros altos aos banqueiros, desestimulando-os a desenvolver
novos produtos financeiros para atender a outras necessidades da população de forma
mais eficiente.
O crédito de longo prazo, desde a fase de aceleração da industrialização, encontrou seu
maior ofertante no BNDE (DA COSTA, 2008). Ainda hoje, o BNDES concentra as
operações de crédito de longo prazo, com os bancos privados atuando mais fortemente
no crédito curto prazo e fluxo de caixa das empresas.
No gráfico 1, tem-se a razão entre o total de crédito e o PIB. Os dados poderiam ser
interpretados como a evolução da disponibilidade deste serviço em relação ao
crescimento do país, ao longo do período de Junho de 1988 até Outubro de 2009,
discriminado entre destinação pública e privada. Percebe-se que o crédito para o setor
público se manteve em patamares de 10% a 5% durante todo o período anterior à 1997.
A partir do governo FHC, o crédito ao setor público sofre uma queda significativa.
Podemos justificar a mudança de tendência através das políticas de responsabilidade
fiscal dos estados e municípios e pelas iniciativas de austeridade fiscal do governo. O
crédito ao setor privado mostrou crescimento ao longo do período de abertura
econômica, de 89 à 95. Depois disso, manteve-se estável em torno de 20 a 25% até o
ano de 2004, quando apresenta um crescimento vertiginoso até os dias atuais, chegando
a ficar em 2009 entre 40 e 45% do PIB. As instituições bancárias parecem ter começado
uma ruptura sobre a tendência que seguiam durante boa parte da nova democracia
brasileira.
Pelo gráfico 2, em que se ilustra a relação das taxas de inadimplência sobre o crédito
total entre os sistemas financeiros público, privado nacional e privado estrangeiro, é
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nítido o movimento declinante da inadimplência principalmente no público. Pelos
dados, o sistema privado demonstra ter uma taxa de inadimplência constante ao longo
do período de março de 2000 à março de 2011, em torno de 4% a 6%. Podemos opinar
quanto a incongruência demonstrada pelos dados entre a taxa de juros altas praticadas
pelo governo, que vigoram durante todo o período, e as taxas de inadimplência que não
demonstram ser discrepantes das internacionais. Desde 2008 até os dias atuais, parece
haver uma tendência de descolamento entre a inadimplência ao setor privado e a do
sistema financeiro público. Visto a distribuição de oferta de crédito de diferentes
bancos, também parece haver uma taxa de inadimplência maior nos empréstimos de
prazo de maturação menor, característicos de bancos privados. Analogamente, o sistema
público, que direciona parcela significativa de seus ativos creditícios para projetos de
investimento de longo prazo, parece sofrer menos com este fenômeno provavelmente
por construir uma carteira de crédito com empresas maiores e mais sólidas do que o
primeiro, além da taxa de juros praticada nestas operações serem geralmente menores.
Assim, como estas empresas possuem mais geração de caixa, sua maior presença na
carteira reflete-se na menor taxa de inadimplência que afeta o banco.
Os gráficos 3 e 4 sobre a evolução de crédito no país possibilitam visualizar o nível de
renda dos agentes que tiveram maior acesso ao crédito. Pressupondo uma correlação
positiva entre a renda do índivíduo e a faixa de valor dos empréstimos adquiridos pelo
mesmo, percebe-se uma tendência de queda no empréstimo a pessoas físicas de baixa
renda e um aumento da quantidade de dinheiro emprestado a pessoas físicas que são
capazes de adquirir empréstimos de valores acima de R$50 mil. Pelo lado das pessoas
jurídicas, a partir da metade do ano 2008 parece haver um aumento dos empréstimos a
empresas de grande porte em compensação à queda no empréstimo as de tamanho
médio. Desde 2004, pequenas empresas representam somente de 15 a 20% da
disponibilidade de crédito, evidenciando a indisponibilidade do setor bancário brasileiro
em estimular o empreendedorismo e a continuidade de pequenos investimentos no país.
3. Securitização Em termos gerais, “a securitização é uma modalidade de estruturação financeira em que
uma empresa obtém recursos diretamente no Mercado de Capitais através de cessão de
seus recebíveis” (PINHEIRO, 2008). FORTUNA (2003) afirma que o objetivo da
securitização de recebíveis em uma transação de securitização é permitir que uma
empresa obtenha recursos sem que seu limite de crédito seja comprometido e sem
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prejudicar os índices de endividamento dos balanços corporativos. Investidores
compram títulos lastreados por uma distinta fonte de recursos, um pacote de recebíveis
que será transmitido por uma entidade separada. Esta entidade é o que chamam de
agente fiduciário, responsável tanto por cobrar do originador dos recebíveis quanto por
repassar aos investidores os lucros obtidos pela compra dos títulos.
Na década de 90, a prática de securitização por países emergentes, tanto
latinoamericanos quanto asiáticos, era muita usada para atrair o investidor estrangeiro.
Em meio a crises por que passavam estes países, a securitização foi um meio encontrado
para que o capital estrangeiro pudesse continuar entrando. Em um cenário pessimista,
títulos de securitização podiam ser revendidos a relativamente baixas taxas para
investidores estrangeiros. Não havia o temor do risco político principalmente porque os
recebíveis não se encontravam dentro do país ou não eram denominados na moeda do
mesmo. Há, portanto, uma atração do investidor em momentos de incerteza
macroeconômica, sem apelar, no entanto, para a elevação excessiva dos juros.(HILL,
1998)
Segundo PINHEIRO (2008), a securitização pode ser dividida em três classes, conforme
existência do ativo objeto, a saber: (i) Securitização de ativos existentes; (ii)
Securitização de fluxo de caixa futuros; (iii) Securitização Sintética. O primeiro é o caso
mais simples, onde o recebível objeto não será substituído por nenhum outro e o ativo
objeto já existe. No Brasil, a securitização de crédito consignado e financiamento de
veículos são os melhores exemplos desta modalidade.
No processo chamado de securitização de fluxos futuros, os recebíveis que serão
securitizados ainda não existem. A firma que os gerou possui um contrato de provisão
de algum bem ou serviço que será liquidado no futuro. Algumas transações de
securitização de fluxos futuros foram feitas em países de baixo rating, como Filipinas e
Paquistão. (HILL, 1998). PINHEIRO (2008) chama a atenção para a necessidade de
continuidade dos negócios nesse tipo de securitização, para que haja garantia de
constantes fluxos monetários para os investidores.
Por último, temos a securitização sintética. Neste contrato, as contrapartes não
transferirão recursos entre si, mas trocarão os riscos de crédito em contratos utilizando
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derivativos de crédito. Comum nesses tipos de operações são os swaps de crédito, em
suas variadas modalidades.
Em medidas de gestão do risco, os bancos usariam a securitização para reduzir o risco
total empacotando e transferindo a incerteza dos títulos lastreados em recebíveis para os
investidores. Além da instituição originadora do crédito ser capaz de administrar a
maturidade de seus recebíveis com a de suas obrigações através da cessão dos créditos
com maturação discrepante para as securitizadoras.(RINNE, 2004)
Segundo PINHEIRO (2008), uma vantagem da securitização são os estímulos à
competição no setor bancário. “A securitização proporciona uma maior competitividade
no mercado de crédito, pois bancos de menor porte adquirem a capacidade de captar
recursos a um custo menor. Isto decorre da possibilidade de emissão de títulos de
elevado rating, superior inclusive à classificação obtida pelo próprio banco. Desta
forma, a securitização possibilita a redução dos spreads no longo prazo. BODIE ET AL
(2000) lembram também que a securitização proporcionou uma melhor distribuição dos
recursos para financiamento imobiliário nos EUA. Este benefício torna-se mais
relevante quando os bancos possuem caráter regional”.
3.2 A securitização no mundo e no Brasil
Até 2007, as emissões de títulos securitizados permaneciam em alta. Naquele ano,
somente nos EUA, estas emissões ultrapassavam cerca de US$ 2 trilhões, em diversos
ramos da economia. Com a eclosão da crise financeira, tal montante passou a ser de
US$ 400 bilhões, segundo a BIS2 (2011b).
Como a securitização permitia a segregação de diversos ativos por risco de crédito 3além de permitir a mitigação desses riscos na distribuição por uma gama de
investidores, o mecanismo emergiu como alternativa para agentes que procuravam altos
retornos aliado a diversos riscos, na sua maioria tido como baixos. A eclosão da crise
diminuiu o apetite por essa forma de investimento, e analistas estão divididos quanto à
2 Bank for Internacional Settlements
3 Risco de crédito neste caso refere-se a probabilidade de o tomador do crédito não honrar com os seus compromissos
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volta do crescimento da estruturação de ativos securitizados. De acordo com o BIS
(2011b), cita como pré-condição para este retorno as condições macroeconômicas
favoráveis, o aumento da rentabilidade de ativos securitizados contra produtos de renda
fixa, e a queda da percepção de que a securitização é um instrumento falho, o que
poderá ser contornado com novas medidas regulatórias. O fato é que não há novos
incentivos para que o crescimento do processo de securitização volte a voga.
Apesar disso, líderes do G20 declararam, em setembro de 2009, que seria interessante
para a volta da liquidez dos ativos securitizados que os originadores de tais ativos e
derivativos retivessem parte do risco de crédito, diminuindo o problema da assimetria
de informações e qualidade do produto entre originador e investidor. O conflito de
interesse entre as credit rating agencies 4e os investidores também foi contemplado em
documento da BIS (2011b).
No Brasil, as primeiras operações de securitização foram realizadas na década de 90 e
visavam o mercado internacional. A Embratel usou a inovação financeira sobre seu
fluxo futuro de crédito que teria com a empresa americana AT&T. Assim também fez a
Varig com seus créditos futuros provenientes das vendas de passagens aéreas feitas no
exterior e pagas com cartões de crédito. (UQBAR, 2011)
A securitização de crédito demonstra ser uma atividade em crescimento no país, como é
evidenciado pelo gráfico 5. As instituições de crédito brasileiras parecem ter começado
a utilizar mais esta ferramenta como meio de antecipação de recursos e dispersão de
riscos. Este processo manteve-se sempre bastante volátil, com picos e vales bem
discrepantes na representação dos dados. O gráfico parece demonstrar que esta operação
ainda não é rotineira aos bancos operando no Brasil. Como exemplo de operações
isoladas, registra-se uma cessão de crédito de mais de R$ 5,8 bilhões por parte do Banco
do Brasil somente no segundo trimestre de 2009, enquanto que nenhuma operação deste
tipo havia sido feita pelo mesmo banco no trimestre anterior.
LIMA E OLIVEIRA (2009) reforçam, por meio de dados da CVM sobre o mercado de
capitais, que ainda hoje os dois instrumentos mais antigos no mercado brasileiro, ações
e debêntures, continuam tendo o maior peso nas emissões primárias registradas na
4 Agências que atribuem notas a produtos financeiros conforme diferentes critérios de risco
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bolsa, sendo que em 2008 obteve um patamar de 58%. Estreando em 2002, as cotas de
Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) vem ganhando espaço nas
negociações de títulos, passando de emissões de R$200 milhões no ano de sua estréia
para emissões no valor total de R$10,22 bilhões em 2008. O FIDC seria o instrumento
que mais viabilizaria a prática de securitização, uma vez que simplifica as operações de
conversão de ativos já constituídos ou a serem constituídos em títulos negociáveis, é um
formato mais barato em questões de tributação e viabiliza a expansão dos benefícios
dessas operações a pequenas e médias empresas.
Pela questão do capital regulatório, houveram marcos internos e externos ao Brasil que
geraram as principais mudanças sobre a securitização. As leis brasileiras que legislam
sobre o assunto serão abordadas nos próximos parágrafos, enquanto os acordos
internacionais que regulamentaram a prática serão abordados em uma outra sessão deste
trabalho de forma mais detalhada.
Segundo FERNANDES (2010), o processo de securitização ganhou corpo no Brasil após
2001, quando regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo
Banco Central, por meio da Instrução 356 da primeira e pela Resolução 2.097 do
segundo. Após experiência prática, a Instrução 356 foi adaptada às necessidades do
mercado por meio das Instruções 393, 435, 446 e 458 da CVM.
No código civil brasileiro, Lei 10.406/2002, são encontradas disposições relativas a
títulos de crédito e cessão de crédito. Pelo artigo 893 “A transferência do título de
crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes”. O artigo seguinte afirma
que “o portador de título representativo de mercadoria tem o direito de transferi-lo, de
conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou de receber aquela
independentemente de quaisquer formalidades, além de entrega do título devidamente
quitado”. Contrariamente às cessões de crédito com coobrigação, o artigo 296 impõe
que “salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor”. Além do mais, legislando sobre os créditos cedidos com coobrigação, o artigo
297 diz que “o cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não
responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito em cobrança”.
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A MNI5 do Banco Central de 02/01/04 afirma que “Podem ser cedidos créditos oriundos
de operações praticadas por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de
investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades de arrendamento mercantil, companhias hipotecárias,
associações de poupança e empréstimo e pela Caixa Econômica Federal a sociedades
anônimas que tenham por objeto exclusivo a aquisição de tais créditos”.
Toda a gama de legislações que buscam coordenar e padronizar os produtos oriundos da
securitização são de grande importância para o mercado destes títulos, na medida em
que possibilitam uma avaliação mais clara pelas agências de rating e a possibilidade de
comparação por parte do investidor para escolher o pacote de recebíveis que mais lhe
convêm.
4-Basiléia III e o Novo Marco Regulatório
A industria financeira parece ter uma característica que a difere de todas as industrias na
economia: dela depende todo o funcionamento da economia monetária de produção. Os
bancos são depositários de grande parte da moeda disponível, financiam operações,
emprestam moeda, capital de giro e aplicam em setores no qual acreditam que a
probabilidade de lucro é grande
Segundo o Bank for International Settlements- BIS (2011), a severidade da crise
financeira de 2008 deve-se, grande parte, ao fato de o sistema financeiro ter assumido
uma quantidade de risco em suas operações incompatível com a quantidade de core
capital6 disponível. Além disso, também cita a má qualidade do risco tomado pelos
bancos, o que culminaria na eclosão da crise financeira, na medida em que o nível de
alavancagem de operações on e off sheet dessas insitituições, em um período pró-cíclico
da economia, foram considerados excessivos.
Com isso, o Comitê de Basileia lançou base para um Terceiro Acordo com aperto no
marco regulatório que inclui a maior qualidade, consistência e transparência do capital,
além de maior cobertura para o capital de risco e a complementação do requerimento de
capital baseado em um índice de alavancagem (BIS,2011).
5 Manual de Normas e Instruções
6 Neste contexto, capital de nível I.
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A regulação bancária da qual trata-se aqui é, majoritariamente, prudencial, dentro dos
moldes dos acordos da Basileia anteriores. A regulação bancária prudencial difere da
regulação derivada de instrumentos e medidas que visam a contenção de um evento que
se caracterizaria como uma crise, ou seja, é a forma de regulação que envolve as
autoridades monetárias nacionais e sua capacidade de salvaguardar as instituições
financeiras e seus depositários de um evento econômico adverso. O pressuposto da
regulação prudencial é que o sistema financeiro tem caráter internacional e globalizado,
ou seja, a rede que forma a indústria bancária tem alcance global e, por isso, afeta todos
os países do mundo, sem conter por outro lado, uma autoridade monetária que seja
depositária em última instância, como os Banco Centrais.
Quando se criou o primeiro Acordo de Basiléia, em 1988, sob responsabilidade do Bank
for Internacional Settlements, teve-se por objetivo a redução da arbitragem regulatória
e do risco sistêmico da indústria bancária (SANTIN, 2010). O primeiro refere-se ao
deslocamento de bancos de um país para outro a fim de aproveitar legislações
regulatórias bancárias mais brandas. Por outro lado, o risco sistêmico se refere ao efeito
que a bancarrota de uma instituição financeira pode causar em outra. Na medida em que
as instituições assumem caráter global, o risco sistêmico torna-se motivo de
preocupação para diversos países, visto o papel do banco na engrenagem da economia
real.
Dessa forma, o Acordo de Basiléia I teve como preocupação central regulamentar o
capital mínimo necessário para fazer frente aos riscos de crédito inerentes a essa
operação. Assim, o BIS definiu dois tipos de capital, sendo o básico ou nível I composto
pelo patrimônio de acionistas preferenciais e ordinários e o lucro retido pelo banco
(SANTIN, 2010). O capital suplementar ou nível II é composto por reservas de
reavaliação, provisões gerais, instrumentos híbridos de capital e instrumentos da dívida
subordinada. Para se observar a capacidade de solvência de um banco, ter-se-ia que
estipular um nível mínimo de capital para operações diversas. Este seria 8% dos ativos
ponderados pelo seu risco de crédito. A ponderação desses ativos variaria de 0, 20, 50 e
100%.
No que concerne as operações off balance, também houveram regras para a estipulação
de capital mínimo, de forma que seriam convertidas tais operações em registros de
crédito equivalentes. Para os títulos securitizados, por exemplo, ter-se-ia uma
13
ponderação de 100% do risco; obrigações de curto prazo para operações comerciais
teriam 20% de conversão, enquanto operações com prazo de maturação superior a um
ano teriam fator de conversão de 50%; e, de forma semelhante, operações contigenciais,
teriam fator de conversão na ordem de 50% (SANTIN, 2010).
Assim, o primeiro acordo de Basileia tinha por finalidade homogeneizar uma norma
regulatória a todos os bancos internacionalmente ativos, conforme ressalta CARVALHO (
2005).
“A definição de uma exigência de coeficientes de capital próprio para os
bancos não tinha como razão central a busca de normas prudenciais
alternativas ao foco sobre liquidez, que tinha sido característico do
período anterior, mas, sim, a equalização de condições competitivas entre
bancos americanos, europeus e japoneses.”(CARVALHO, 2005)
Notável como o Acordo de Basileia I tinha foco em uma coluna de sustentação, que era
majoritariamente a questão da liquidez/solvência envolvida e contrapartes de operações
de crédito. Entretanto, a evolução do sistema financeiro, a partir deste primeiro Acordo
de Basileia, tornou necessário novas regras de adequação. Em primeiro lugar, houve em
1995 uma emenda ao Acordo original, que estabelecia como foco de regulação o risco
de mercado, que seria variação do valor de face de um título presente no portfólio da
instituição financeira. Apesar disso, a metodologia de cálculo de risco era
responsabilidade do próprio banco, em um ato de auto regulação, ou disciplinamento
do mercado. A necessidade de novas formas de regulação emerge de eventos como as
crises cambiais de fim dos anos 90 e o aumento dos recursos monetários em circulação
no fim do mesmo período, fruto do engenho inovador da indústria bancária. Nascia
Basileia II.
SANTIN (2010), citando NETO E RIBEIRO (2006), confirma as mudanças de proposição na
metodologia de regulação que surgiram em Basileia II, na medida em que o foco passa a
ser do mercado disciplinador, com métodos de mensuração flexíveis, baseados em
modelos de mitigação de risco. O requerimento de capital mínimo permaneceu com o
mesmo percentual de 8% para ativos ponderados pelo risco, segundo a BIS (2004).
Tivemos a inclusão de capital mínimo para risco operacional, métodos mais sensíveis
para a exigência de capital mínimo em operações com derivativos de crédito e
14
securitização. Além disso, a grande novidade foi a transferência ou avaliação de risco
para agências especializadas.
O requerimento mínimo de capital continua sendo um dos pilares de sustentação do
Acordo de Basiléia II, sendo inclusive aprimorados os modelos de mensuração de risco.
O outro pilar do Acordo pode ser resumido em um processo de revisão e supervisão
bancária, que abarcaria constantes avaliações sobre os riscos tomados individualmente,
o que significa que tal pilar pode ser caracterizado como um processo interno do banco,
ou auto regulatório. Por último, o terceiro pilar pode ser condensado em transparência e
disponibilidade de informação pelos bancos. Tais informações seriam divulgadas com
uma periodicidade fixa, o que daria maior segurança quanto à solvência das instituições
financeiras.
Em 2008, entretanto, emerge a crise financeira do subprime, apesar dos esforços para o
estabelecimento de um novo marco regulatório para o sistema financeiro com o
Segundo Acordo de Basileia. Obviamente, a alta lucratividade em processos de
securitização e ressecuritização de crédito foi incentivo a diversos bancos para se
lançarem em processos de inovação financeira. A má qualidade do risco tomado por
diversas instituições em operações com derivativos de crédito contaminou o sistema em
dimensões globais.
5. Metodologia e Dados
Baseado na discussão acima pode-se perceber que os condicionantes para um sistema
econômico saudável são diversos e atuam, basicamente, em conjunto. O índice de
liquidez e alavancagem de um banco podem ser sinalizações para a capacidade de
pagamento de um banco, ou seja, sua solvência. Da mesma forma, a experiência da crise
de 2008 mostrou que pela prática da securitização os bancos podem atribuir
características quanto às suas operações que diferem de outros que não cedem seus
créditos às securitizadoras.
Dessa forma, foram pesquisados índices baseados em características bancárias que
seriam as mais importantes e que de alguma forma poderiam sofrer influência da
15
securitização. A partir de dados do COSIF7, disponibilizados no site do Banco Central,
foram consolidadas as informações necessárias de uma amostra de 146 bancos que
compõem o sistema financeiro nacional para que os índices fossem construídos. Como
proxy de securitização, usou-se o dado de cessão de crédito para securitizadoras ligadas
ou não ligadas à instituição. Tal dado está disponível nas Informações Financeiras
Trimestrais divulgado pelo Bacen também em seu sítio eletrônico. Essa última
informação foi coletada para os mesmos bancos para os quais foram construídos os
supracitados índices.
Os dados coletados são em referência aos anos de 2001, 2005, 2008 e janeiro a abril de
2011. As datas foram escolhidas sob a égide dos Acordos de Basileia , sendo a primeira
ainda sob o Primeiro Acordo; 2005 sob os requerimentos do Segundo Acordo; 2008
devido à crise econômica e os dados mais atualizados de 2011. Assim, os índices
calculados foram:
1) Índice de Preferência pela Liquidez dos Bancos (PLB):
Segundo CAVALCANTE, CROCCO E JAYME (2006), o Índice de Preferência pela Liquidez
Bancário reflete a escolha do banco entre alocações de maior e menor liquidez. A conta
“Depósitos à Vista” reflete a intenção dos depositantes em deixar seus ativos o mais
líquidos possíveis. Já a conta “Operações de Crédito” reflete a intenção do banco quanto
à operação de empréstimo. Dessa forma, mede-se como o banco gerencia no seu
balancete a sua preferência pela liquidez dado a intenção do público em manter seus
ativos o mais líquidos possíveis. Quanto maior o índice, maior a preferência pela
liquidez, sendo que os bancos estão emprestando menos, ou o público preferindo os
depósitos à vista aos depósitos à prazo ou poupança. Dessa maneira, o PLB pode captar
a necessidade de adaptação do portfólio dos bancos em diferentes períodos de tempo,
inclusive com o aumento proporcional de operações que poderiam ser securitizadas,
como as operações de crédito, em relação ao montante de depósitos líquidos que o
banco recebe.
CATÃO (2006) utiliza outra metodologia preconizada por ASSAF (2004), que torna o
índice de liquidez a soma das disponibilidades de liquidez em relação aos depósitos à
7 Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional
16
vista. Dessa forma, o autor pensa a liquidez como os encaixes em caixa, aplicações
interfinanceiras de liquidez e TVM sobre o volume de depósitos.
Esse artigo difere do de CATÃO (2006) por considerar a PLB como fruto da adaptação
do banco frente à preferência dos depositantes entre diferentes produtos financeiros.
Dessa forma, consideramos mais adequada a metodologia de Crocco, Jayme e
Cavalcante.
2) Índice Lucro sobre Ativo
O índice Lucro sobre o Ativo foi pensando de modo a cobrir algumas exigências do
Comitê de Basiléia no que tange a sua solidez. Como o núcleo duro do capital, ou
capital tipo I, é entendido como a parcela de lucro retido e ações ordinárias e
preferenciais, é importante notar qual a razão do lucro sobre o total de ativos de um
banco, de modo a captar seu sucesso na escolha de portfólio dos ativos, o que pode
motivar ou desmotivar o banco a se engajar em outras atividades, como a própria
securitzação.
3) Índice Crédito sobre Ativo
A parcela de operações de crédito mostra a evolução dos ativos considerados menos
líquidos sobre o total de operações dentro da soma do ativo. Desse modo, consegue-se
perceber o comportamento bancário no referente à tendência de fazer este tipo de
operação.
4)Índice de concentração no setor
Este índice foi escolhido como ferramenta de controle para descriminar os elementos da
amostra quanto seu tamanho.
Market-share de depósitos dos bancos = depósitos/depósitos totais
Market-share de ativos dos bancos = ativo /ativo total
Market-share de crédito dos bancos = crédito / crédito total
5)TVM sobre ativo
17
CROCCO ET AL (2011), mostra que o índice TVM sobre Ativo se relaciona com a escolha
da instituição financeira em alocar os recursos do ativo em atividades relacionadas à
especulação financeira. A introdução deste índice vai ao sentido de controlar e
monitorar este tipo de operação no ativo.
6) Instrumentos financeiros derivativos sobre ativo
Da mesma forma que o índice TVM sobre Ativo, este índice pretende captar a parcela
referente a derivativos dentro da soma total dos ativos, visto que este instrumento
financeiro pode proporcionar ao banco uma maior alavancagem ou operações de hedge8,
inclusive para instrumentos financeiros securitizados
7) Empréstimos sobre Ativo
Segundo CROCCO ET AL (2011), a proporção Empréstimos sobre Ativo pode ser
interpretada como a parcela do ativo que é dedicada a crédito de curto prazo, sendo
índice importante no apontamento das preferências do banco quanto à concessão de
crédito, que podem ser facilmente securitizados
8) Financiamento sobre Ativo
Este índice nos mostra qual banco tem na sua alocação de recursos a preferência por
crédito de longo prazo, segundo CROCCO ET AL (2011). Da mesma forma que o índice 7,
aponta a preferência do banco em operar produtos de financiamento e que podem ser
securitizados.
9)Imobiliário sobre Ativo
A razão entre o financiamento imobiliário e o ativo da instituição nos indica o quanto do
capital em seu poder foi usado para financiar a compra de imóveis pelo público. Apesar
da Conta de Financiamento Imobiliário estar contida em Financiamento, escolhemos
tratá-la de forma separada pois, de acordo com um relatório divulgado pela
Standard&Poor’s no ano de 2010, a securitização de financiamentos imobiliários
corresponderia a quase 50% do estoque global de emissões estruturadas e por ter havido
um ajuste significativo neste mercado a partir da crise de 2008. Pelo Anuário de
8 Entende-se por hedge, proteção contra bruscas variações de preço.
18
Securitização e Financiamento Imobiliário 2011 construído e divulgado pela UQBAR,
há dados do setor de certificados de recebíveis imobiliários que demonstram um
crescimento exponencial deste mercado dentro do território brasileiro a partir de 2004
(UQBAR,2011).
10)Ativo sobre Patrimônio Líquido
A proxy mais adequada para o nível de alavancagem foi estabelecida como sendo a
alocação do total do ativo em razão de seu patrimônio líquido. Embora a bibliografia
tenha aceitado índices de alavancagem como sendo “Operações de Crédito” em razão
do “Patrimônio Líquido” , como visto em CATÃO (2006), entende-se neste artigo que a
opção do banco dar ou não crédito passa por uma escolha de ativos que refletem
rentabilidade e liquidez, sendo, portanto, mais adequado utilizar a totalidade do Ativo
da instituição em razão do seu Patrimônio Líquido.
11)Controle do capital social
Para perceber o efeito do controle do capital do banco, introduziu-se uma variável
qualitativa. Se o valor da variável é igual a zero o banco é público; igual a um o banco
possui controle privado nacional; se igual a dois, o controle seria privado estrangeiro.
12)Índices de qualidade da carteira de crédito
“Sabendo da possibilidade de venda futura dos empréstimos realizados, as instituições poderiam tornar-se menos criteriosas no processo de concessão de crédito piorando a qualidade de sua carteira. Da mesma forma, visando assegurar a atratividade dos novos títulos emitidos com lastro em recebíveis, os bancos estariam vendendo os melhores créditos de sua carteira, piorando a qualidade dos créditos remanescentes, uma vez que os empréstimos de pior risco continuariam em seu portfólio”. (CATÃO, 2006)
Dessa forma, foram selecionadas as contas do COSIF que discriminam o nível de risco
das operações de crédito. Tais contas foram dividas pelo total da carteira de crédito e
ponderadas pela sua avaliação de acordo com a tabela abaixo:
Avaliação Ponderação
AA 9
A 8
B 7
19
C 6
D 5
E 4
F 3
G 2
H 1
Assim, fez se uma média ponderada das contas de cada instituição, conforme a equação:
45 çãoãoxPonderaParticipaç
O resultado variando de 0,2 , caso 100% da carteira tivesse nota igual a AA, e 0,022 ,
caso 100% da carteira tivesse nota H. Com um intervalo para mudança de classificação
de 0,02, criou-se uma tabela de referência com números ordinais entre 9 e 1 para se
atribuir a nota. Com isso avaliou-se mudanças no nível do risco de crédito entre os
grupos de bancos que praticam a securitização e aqueles que não a praticam.
A partir desses índices, realizou-se um agrupamento por Cluster Hierárquico. Este
método consiste na divisão de elementos da amostra em grupos, de forma que os
elementos constituintes sejam semelhantes entre si (MINGOTI, 2005). Usamos para
isso, o critério de correlação semiparcial, conhecido como método de Ward.
Segundo MINGOTI (2005), para cada passo do agrupamento, calcula-se o coeficiente
de correlação semiparcial, traçando-se um gráfico do passo versus o valor do
coeficiente, que é definido por
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20
Para tanto, utilizou-se o pacote Estatístico SPSS para a montagem dos clusters e se
padronizou todos os índices para que fosse feita a comparação gráfica entre eles, com
exceção de “Controle Acionário” e “Avaliação da Carteira de Crédito” que possuem
valores qualitativos. A padronização torna-se essencial, na medida que se compara não
os valores absolutos, mas os desvios em torno da média dos clusters.
6. Análise dos Resultados
Cluster 1: Grandes Bancos Nacionais (GBN)
O agrupamento gerou cinco diferentes clusters, conforme Tabela 1, no Apêndice. No
GBN, ficaram os maiores bancos em termos de Market Share de Ativos, Depósitos e
Crédito Bancário: Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil, os dois primeiros de controle privado nacional e os dois últimos públicos. Estes
tiveram baixa PLB nos anos de 2001, 2008 e 2011, com valores entre -0,10 e -0,30
desvios- padrão abaixo da média dos clusters Pode-se especular que a crise não tenha
atingido patamares tão agudos no Brasil, principalmente com a percepção que o país
estaria melhor blindado em relação à crise. A própria política anticíclica do governo
durante o período, feita principalmente através dos dois bancos públicos que
representam 50% do cluster poderia em parte explicar o fenômeno de baixa preferência
pela liquidez. Entretanto, 2005 foi ano de interregno, onde o índice ficou 0,70 desvio-
padrão acima da média.
Os dados indicam, da mesma forma, que estes bancos não adotaram comportamento
mais agressivo que a média em operações com “Derivativos”, ficando sempre abaixo da
média, conforme gráfico 10. Em relação a operações de TVM há discrepância: os dois
primeiros anos, 2001 e 2005, tem-se um comportamento de -0,4 a -0,5 desvios-padrão
em relação à média. O que se vê em 2008 e 2011, segundo o gráfico 15, é uma mudança
de tendência, sendo que esses bancos maiores ficam acima da média nos respectivos
anos, o que pode indicar uma fuga para ativos mais líquidos, conforme sugere a teoria
keynesiana. Com isso, o lucro obtido em comparação com a média de todos os bancos
em outros clusters não empolga: chega a estar 1 desvio-padrão abaixo em 2005. Nos
outros anos o índice fica perto de 0,5 desvio- padrão negativos.
Os índices de Empréstimo e Financiamento também ficam sempre abaixo da média,
enquanto o índice que mede o Financiamento Imobiliário é sempre acima da média que,
21
analisando pelos dados brutos, fora puxado pela Caixa Econômica Federal, conforme
Gráficos 16, 17 e 18.
O que se torna curioso nesta análise é que o índice de alavancagem do grupo é sempre
maior que a média dos outros clusters. Pode-se relacionar este fato com a Cessão de
Crédito do setor, sempre acima da média dos outros clusters, sendo que em 2008 a
diferença torna-se discrepante.
Porém, a tendência de crescimento exponencial da prática de cessão de crédito para
securitizadoras que o GBN mantinha desde 2001 parece sofrer uma quebra entre o
período da crise e o ano mais recente. Valores acima da média de quase 30 desvios-
padrão em 2008 retomaram a normalidade para valores junto da média no ano de 2011.
Pelos dados brutos, os quatro bancos em questão securitizaram no primeiro trimestre de
2008 algo em torno de R$1,94 bilhões, um aumento de 254% com relação ao mesmo
período do ano passado. No primeiro trimestre de 2011 ainda não haviam cedido às
securitizadoras nenhuma quantia de crédito.
Cluster 2: Bancos de Empréstimos Consignado (BEC)
O BEC engloba um total de 47 instituições bancárias. Dentre elas, poderíamos citar
como as mais conhecidas: Banco Panamericano, Banco de Brasília, Banco BMG e
Banco do Estado de Sergipe. Pelos exemplos acima, concluímos que a maioria dos
bancos agregados neste cluster são voltados para o mercado de crédito para as classes
média e baixa. Os dados de controle acionário mostram que a maioria deles seriam
banco privados nacionais, com apenas alguns sendo poucos bancos públicos.
Este grupo manteve um patamar de securitização um pouco mais alto do que os outros,
excetuando o GBN. Pelos dados, cedeu em média R$9 milhões ao ano em créditos à
securitizadoras durante o período estudado. Em relação ao market share de ativos, temos
um valor abaixo da média. São portanto bancos nacionais pequenos e que possuem um
nível alto de securitização.
A disposição de crédito ao público é característica marcante deste aglomerado, como é
evidente no gráfico 14. Aumentando ao longo dos anos e perdendo somente para os
grandes bancos que compõe o GBN. Pelos gráficos 16 e 17 é evidente que a maioria do
crédito destas instituições estaria na forma de empréstimos e não de financiamento.
22
Muito se deve por vários componentes do grupo, como o BMG e o Panamericano,
possuírem o empréstimo consignado como produto chefe.
Os bancos em questão trabalham com margens de alavancagem bem abaixo da média
dos outros. Um movimento interessante de 2005 até este ano vem acontecendo com os
mesmos que, mesmo após a implementação do Basiléia 2 e 3, permanecem aumentando
seus níveis de alavancagem.
O gráfico de avaliação de sua carteira de crédito mostrou uma queda entre os períodos
de 2001 e 2005. Condiz, portanto, com o movimento pró-ciclico dos bancos explicitado
por Minsky. Em momentos de aquecimento da economia, as instituições financeiras
procurariam agentes menos qualificados para compor sua carteira. Acompanhando o
mesmo ciclo, durante a crise em 2008 até os dias atuais de desaquecimento, estes
mesmos parecem preencher suas carteiras apenas com agentes que possuem avaliação
exímia ao crédito, evidenciado pela tendência da curva que ilustra o BEC dentro do
gráfico 12.
Durante o ano de 2001, os bancos do grupo 2 parecem ter usado os derivativos com
maior intensidade. Mas já no ano de 2005, e adiante, passam a não mais ser
característica do plano de investimento das instituições. Um pouco mais tarde, em 2008,
a composição do ativo por títulos e valores mobiliários também sofre o mesmo
movimento, como é visto no gráfico 15.
Cluster 3: Bancos de Investimentos Nacionais (BIN)
O BIN contém 65 instituições financeiras. O seu market-share não foi expressivo, o que
se confirma quando se observa qual o grupo de agentes mais representativos no interior
do agrupamento. O cluster engloba diversos bancos de investimento, como BTG
Pactual, Banco Fator, Credit Suisse Brasil, Banco Safra, além de bancos ligados
fortemente a corretoras, como Prosper, BANIF, J.P. Morgan, entre outros. Outros
integrantes que chamam atenção são as administradoras de cartão de crédito como
Itaucard e Citicard. Supreendentemente, o Banco Santander e HSBC também se
encontram no grupo, talvez pelo baixo nível de cessão de crédito das duas instituições.
Outra característica representativa é o controle acionário, majoritariamente, de bancos
privados, sendo quase a metade composta de bancos estrangeiros.
23
O índice PLB do BIN, em 2001 e 2005, é elevado, o que se confirma pelas poucas
operações de crédito nos anos, com desvios-padrão entre -0,5 e -1 no índice crédito
sobre o ativo. Entretanto, 2008 e 2011 mostram a PLB mais alta, o que foi
acompanhada também pela menor parcela do índice lucro sobre o ativo, conforme
gráficos 6 e 13.
O BIN sempre esteve abaixo da média padronizada nos índices de empréstimos,
financiamentos, imobiliários e crédito, demonstrando que frente aos outros clusters,
suas operações são mitigadas neste aspecto, como se pode perceber nos gráficos 14, 16,
17 e 18. Por outro lado, ele sempre se destacou acima da média na razão TVM sobre
ativo, mesmo em anos de crise como 2008. Seus desvios-padrão ficaram entre 0,10 a
0,4 acima da média padronizada.
No que tange a cessão de crédito, a média dos quatro anos analisados foi de R$ 2,79
milhões, um dos menores dentre os analisados. Entretanto, entre todos os bancos
analisados, estes possuem a melhor avaliação de carteira de crédito, ou seja, podem ser
considerados bancos sólidos. Mesmo assim, dado o tamanho de seu Patrimônio Líquido,
o montante de ativo alocado na economia é grande, o que nos gera valores acima da
média no Índice de Alavancagem.
Assim, o BIN pode ser caracterizado como Bancos de Investimento, com o interregno
do HSBC e Santander, além de subsidiárias de outros bancos que realizam pouca
securitização de crédito, tem na especulação financeira grande parte de seu ativo, e alto
Índice de Alavancagem.
Cluster 4: Bancos de Investimento Estrangeiro (BIE)
O BIE conta com 21 agentes, na sua maioria Bancos Múltiplos e Holdings. Destacam-se
Goldman Sachs, Morgan Stanley, Bank of América, Itaú Unibanco Holding, entre
outros em ação no território brasileiro. Seu controle é similar ao BIN, com
predominância de capital estrangeiro privado.
Este Grupo parece acompanhar mais de perto os eventos econômicos globais, visto que
o índice PLB tem drástica mudança entre 2001/2005 e 2008/2011. Nos dois primeiros
anos analisados tem-se uma baixa preferência pela liquidez, com desvios-padrão na
ordem de -0,14 e -0,41. À medida que a crise do subprime se instala, a preferência pela
24
liquidez se torna alta, chegando a mais de 1 desvio-padrão acima da média em 2008,
conforme gráfico 6. Além disso, possui o pior nível de avaliação da carteira de crédito
entre todos os clusters a partir de 2008.
O setor concentra seu ativo em operações de TVM e Derivativos, com as razões sobre o
ativo muito maiores do que a média dos outros grupos. Entretanto, parece possuir uma
razão Ativo/Patrimônio Líquido baixo, o que garante baixo nível de alavancagem até
2008, conforme gráfico 19. No que tange às operações de crédito, o grupo 4 apresenta
valores muito pequenos ou nulos. Os gráficos 14, 16 e 17 demonstram que estes bancos
não atuam de forma significante no mercado de crédito. A tesouraria dos mesmos é
muito mais importante para compor seus ativos do que os produtos de crédito oferecidos
ao público.
A média para Cessão de Crédito não foi significativa, ficando em R$ 3,5 milhões no
período em questão. Mais uma vez, o GBN fica bem acima dos outros, que possuem
outras operações mais significativas em seu balanço. Pode-se perceber, portanto, que
este cluster não engloba players significativos no mercado de securitização.
Cluster 5: Banco de Investimento Automibilístico (BFA)
No BFA encontram-se apenas 9 instituições financeiras, são elas: Banco CNH Capital,
Banco PSA Finance Brasil, Banco Honda, Banco Volvo Brasil, Banco Volkswagen
Brasil, Banco Pecúnia, Banco Investcred Unibanco, Banco Fidis e Banco Ford. Ou seja,
a grande maioria do grupo seriam bancos de financiamento automobilístico. Assim
como a totalidade das montadoras instaladas no país é controlada por capital
estrangeiro, a grande maioria dos bancos deste grupo também o é.
Assim, o financiamento é a maior característica deste cluster, comprovado ainda mais
pelos dados do gráfico 17. A razão da quantidade de financiamento para o total do ativo
do aglomerado em questão é maior do que a média dos outros grupos. Porém, no que
tange a securitização dentro dos mercados de crédito brasileiro, o BFA é o que menos
cedeu para securitizadoras durante o período em estudo. Em média ao ano um total de
R$1,4 milhões em créditos cedidos.
É perceptível, analisando o gráfico 14, que estas instituições sentiram a contração do
crédito a partir da crise no ano de 2008. Neste ano a relação Crédito/Ativo estava em
25
quase 3 desvios-padrão acima da média, no ano de 2011 esta diferença caiu para menos
de 2 desvios-padrão. A situação pode não ter se agravado tanto devido as ações anti-
cíclicas do governo, como a redução do IPI para automóveis.
Uma outra característica interessante do BFA está expressa no gráfico 19. Em relação à
média da razão entre ativo e patrimônio líquido das instituições bancárias durante todo o
período, estes bancos atuaram muito pouco alavancados. Pode-se pensar que grande
parte desta característica deve-se pela ausência de depósitos do público e pela baixa
aplicação em títulos e valores mobiliários dentro destes bancos.
7. Considerações finais O método de hierarquização por clusters parece ter sido adequado para o agrupamento
de bancos com características semelhantes entre si. A primeira conclusão do trabalho
seria a de que os grandes bancos privados nacionais e públicos são os que, além de
possuírem maior volume de securitização de crédito, utilizam com maior freqüência esta
ferramenta financeira.
Os outros bancos parecem se agrupar por área de atuação, na medida em que a maioria
dos bancos representativos em cada cluster tem atuação específica dentro do mercado
brasileiro. Os elementos do cluster 2 são bancos conhecidos por oferecer empréstimos
na forma de crédito consignado, muitas vezes voltadas para o consumo e gastos
imediatos, o que o caracterizaria como emprestadores de curto prazo. O cluster 3 e 4
possuem, notadamente bancos de investimento e múltiplos, sendo o primeiro, em sua
maioria, de controle privado nacional e o segundo, privado estrangeiro. Por fim, o
cluster 5, contém players subordinados a grandes conglomerados automobilísticos que
se engajam em financiamento de bens duráveis.
A relação desses grupos com a atividade de securitização pode ser derivada desses
próprios ramos em que atuam. O empréstimo de curto prazo parece se relacionar com
uma maior atividade de securitização, enquanto investimentos e financiamentos de
longo prazo não. A insipiência de um mercado secundário de títulos lastreados nestes
créditos de longo prazo provavelmente afetou o escopo das instituições que praticariam
securitização. A exceção estaria justamente nas instituições que tem a possibilidade de
securitizar ativos de financiamento imobiliário, visto que no Brasil o mercado para tais
títulos é mais desenvolvido.
26
Finalmente, conclui-se que a prática e o mercado de securitização ainda estão muito
concentrados e pouco desenvolvidos no Brasil. Poucas instituições a fazem com
freqüência e em poucos ramos da economia. É certo que os eventos econômicos
internacionais mostraram que a prática de securitização precisa ser acompanha por uma
regulação que ainda não está completamente consolidada. Entretanto, tem-se a
consciência que esta ferramenta poderia tornar mais dinâmica a relação do mercado de
capitais com o mercado de bens e serviços. É necessário, portanto, achar um ponto de
equilíbrio entre expansão e regulação da securitização.
27
8. Apêndice
Gráfico 1: Crédito / PIB - %
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
jun/88fev/8
9
out/89
jun/90fev/9
1
out/91
jun/92fev/9
3
out/93
jun/94fev/
95
out/95
jun/96fev/9
7
out/97
jun/98fev/
99
out/99
jun/00fev/
01
out/01
jun/02
fev/03
out/03
jun/04
fev/05
out/05
jun/06
fev/07
out/07
jun/08
fev/09
out/09
Total ao setor público/PIB - % Total ao setor privado/PIB - %
Gráfico 2: Inadimplência em operações de crédito / Crédito Total -%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
mar/00jul/0
0
nov/00
mar/01jul/0
1
nov/01
mar/02jul/0
2
nov/02
mar/03jul/0
3
nov/03
mar/04jul/0
4
nov/04
mar/05jul/0
5
nov/05
mar/06jul/0
6
nov/06
mar/07jul/0
7
nov/07
mar/08jul/0
8
nov/08
mar/09jul/0
9
nov/09
mar/10jul/1
0
nov/10
mar/11
Sistema financeiro público Sistema financeiro privado nacional Sistema financeiro estrangeiro
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BACEN
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BACEN
28
Gráfico 3: Crédito – Pessoa Física – Por faixa de valor das operações
Gráfico 4: Crédito – Pessoa Jurídica – Por faixa de valor das operações
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BACEN
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BACEN
29
Gráfico 5: Cessão de crédito para securitizadoras ligadas ou não ligadas (Bilhões de R$)
Gráfico 6: Preferência pela liquidez dos bancos (Padronizado)
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IFT (BACEN)
30
Gráfico 7: Market Share – Ativos (Padronizado)
-20
-10
0
10
20
30
40
50
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 8: Market Share – Depósitos (Padronizado)
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
31
Gráfico 9: Market Share – Crédito (Padronizado)
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 10: Derivativos / Ativo (Padronizado)
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
32
Gráfico 11: Controle Acionário (Média)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 12: Avaliação da Carteira de Crédito (Média)
6,5
6,7
6,9
7,1
7,3
7,5
7,7
7,9
8,1
8,3
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do BACEN
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
33
Gráfico 13: Lucro / Ativo (Padronizado)
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 14: Crédito / Ativo (Padronizado)
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
34
Gráfico 15: Títulos e Valores Mobiliários / Ativo (Padronizado)
-1
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 16: Empréstimo / Ativo (Padronizado)
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
35
Gráfico 17: Financiamento / Ativo (Padronizado)
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 18: Imobiliário / Ativo (Padronizado)
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
36
Gráfico 19: Alavancagem – Ativo / Patrimônio Líquido (Padronizado)
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
2001 2005 2008 2011
GBNBECBINBIEBFA
Gráfico 20: Média Cessão de Crédito – ao ano (em R$ Milhões)
R$ 9,06R$ 2,80 R$ 3,55 R$ 1,44
R$ 114,77
R$ 0,00
R$ 20,00
R$ 40,00
R$ 60,00
R$ 80,00
R$ 100,00
R$ 120,00
R$ 140,00
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do COSIF
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do IFT (BACEN)
GBN BEC BIN BIE BFA
37
Tabela 1: Cessão de crédito para securitizadoras ligadas ou não ligadas Cluster 2001 2005 2008 2011 Média
1 R$ 5.233.250,63 R$ 84.422.221,88 R$ 369.420.812,50 R$ - R$ 114.769.071,25
2 R$ 5.166.545,80 R$ 18.954.416,49 R$ 5.006.956,38 R$ 7.095.496,17 R$ 9.055.853,71
3 R$ 826.460,31 R$ 1.081.349,00 R$ 4.364.446,15 R$ 4.918.896,92 R$ 2.797.788,10
4 R$ 69.822,74 R$ - R$ - R$ 14.138.476,19 R$ 3.552.074,73
5 R$ 373.194,44 R$ 3.688.663,06 R$ 1.696.716,11 R$ - R$ 1.439.643,40
Tabela 2: Instituições financeiras por ClusterCNPJ INSTITUICAO Cluster
0 BCO DO BRASIL S.A. 1
360305 CAIXA ECONOMICA FEDERAL 1
60701190 ITAÚ UNIBCO S.A. 1
60746948 BCO BRADESCO S.A. 1
208 BRB - BCO DE BRASILIA S.A. 2
517645 BCO RIBEIRAO PRETO S.A. 2
558456 BCO BGN S.A. 2
795423 BCO SEMEAR S.A. 2
2318507 BCO KEB DO BRASIL S.A. 2
3012230 HIPERCARD BCO MÚLTIPLO S.A. 2
3532415 BCO CR2 S/A 2
4184779 BCO IBI S.A. - BCO MÚLTIPLO 2
4913711 BCO DO ESTADO DO PARÁ S.A. 2
7207996 BCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.
2
7450604 BCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. 2
10995587 BCO SIMPLES S.A. 2
13009717 BCO DO ESTADO DE SERGIPE S.A. 2
14388334 PARANÁ BCO S.A. 2
15173776 BCO CAPITAL S.A. 2
17184037 BCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. 2
17351180 BCO TRIANGULO S.A. 2
27937333 BCO BRJ S.A. 2
28127603 BANESTES S.A. BCO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
2
28195667 BCO ABC BRASIL S.A. 2
31880826 BCO GUANABARA S.A. 2
31895683 BCO INDUSTRIAL DO BRASIL S.A. 2
32254138 BCO BVA S.A. 2
33124959 BCO RURAL S.A. 2
33132044 BCO CEDULA S.A. 2
33349358 BCO CACIQUE S.A. 2
33485541 BCO BOAVISTA INTERATLANTICO S.A. 2
33603457 BCO RODOBENS S.A. 2
50585090 BCO SCHAHIN S.A. 2
57839805 BCO TRICURY S.A. 2
59118133 BCO LUSO BRASILEIRO S.A. 2
59285411 BCO PANAMERICANO S.A. 2
60889128 BCO SOFISA S.A. 2
61024352 BCO INDUSVAL S.A. 2
61071387 UNICARD BCO MÚLTIPLO S.A. 2
61186680 BCO BMG S.A. 2
61199881 BCO DIBENS S.A. 2
62144175 BCO PINE S.A. 2
62232889 BCO DAYCOVAL S.A. 2
62421979 BCO GE CAPITAL S.A. 2
68900810 BCO RENDIMENTO S.A. 2
71027866 BCO BONSUCESSO S.A. 2
74828799 NBC BANK BRASIL S. A. - BCO MÚLTIPLO
2
78626983 BCO VR S.A. 2
92702067 BCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A.
2
92874270 BCO A.J. RENNER S.A. 2
92894922 BCO MATONE S.A. 2
253448 BCO POTTENCIAL S.A. 3
1023570 BCO RABOBANK INTERNATIONAL BRASIL S.A.
3
1181521 BCO COOPERATIVO SICREDI S.A. 3
1522368 BCO BNP PARIBAS BRASIL S.A. 3
1701201 HSBC BANK BRASIL S.A. - BCO MULTIPLO
3
2038232 BCO COOPERATIVO DO BRASIL S.A. – BCOOB
3
2977348 BCO TOYOTA DO BRASIL S.A. 3
3017677 BCO J. SAFRA S.A. 3
3323840 BCO ALFA S.A. 3
3609817 BCO CARGILL S.A. 3
4902979 BCO DA AMAZONIA S.A. 3
5040481 BCO DE LAGE LANDEN BRASIL S.A. 3
7237373 BCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A. 3
7441209 BCO MONEO S.A. 3
15114366 BCO BBM S/A 3
17192451 BCO ITAUCARD S.A. 3
17298092 BCO ITAÚ BBA S.A. 3
30306294 BCO BTG PACTUAL S.A. 3
30723886 BCO MODAL S.A. 3
32062580 BCO CREDIT SUISSE (BRASIL) S.A. 3
33042151 BCO DE LA NACION ARGENTINA 3
33042953 CITIBANK N.A. 3
33172537 BCO J.P. MORGAN S.A. 3
Fonte: Elaboração Própria, a partir de dados do IFT (BACEN)
38
33479023 BCO CITIBANK S.A. 3
33644196 BCO FATOR S.A. 3
33700394 UNIBCO - UNIÃO DE BCOS BRASILEIROS S.A.
3
33857830 BCO OPPORTUNITY S.A. 3
33870163 BCO ALVORADA S.A. 3
33876475 BCO PROSPER S.A. 3
33884941 BANIF - BCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (BRASIL), S.A.
3
33923111 BCO BRASCAN S.A. 3
33923798 BCO MÁXIMA S.A. 3
34098442 BCO CITICARD S.A. 3
34270520 BCO IBM S.A. 3
44189447 BCO DE LA PROVINCIA DE BUENOS AIRES
3
48795256 BCO BRACCE S.A. 3
49336860 ING BANK N.V. 3
49925225 BCO ITAULEASING S.A. 3
51938876 BCO DE LA REPUBLICA ORIENTAL DEL URUGUAY
3
54403563 BCO ARBI S.A. 3
58160789 BCO SAFRA S.A. 3
58497702 BCO INTERCAP S.A. 3
58616418 BCO FIBRA S.A. 3
59274605 BCO GMAC S.A. 3
59461152 BCO ITAUCRED FINANCIAMENTOS S.A. 3
59588111 BCO VOTORANTIM S.A. 3
60419645 BCO BANKPAR S.A. 3
60498557 BCO DE TOKYO-MITSUBISHI UFJ BRASIL S.A.
3
60518222 BCO SUMITOMO MITSUI BRASILEIRO S.A.
3
60814191 BCO MERCEDES0BENZ DO BRASIL S.A. 3
61033106 BPN BRASIL BCO MÚLTIPLO S.A. 3
61088183 BCO WESTLB DO BRASIL S.A. 3
61190658 BCO FIAT S.A. 3
61348538 BCO FICSA S.A. 3
61533584 BCO SOCIETE GENERALE BRASIL S.A. 3
61820817 BCO PAULISTA S.A. 3
62136254 BCO CRUZEIRO DO SUL S.A. 3
62153721 BCO PORTO SEGURO S.A. 3
62331228 DEUTSCHE BANK S.A. - BCO ALEMAO 3
69141539 BCO CREDIBEL S.A. 3
75647891 BCO CRÉDIT AGRICOLE BRASIL S.A. 3
78632767 BCO OURINVEST S.A. 3
80271455 BCO MAXINVEST S.A. 3
90400888 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 3
91884981 BCO JOHN DEERE S.A. 3
997185 BCO BM&F DE SERVIÇOS DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA S.A.
4
2801938 BCO MORGAN STANLEY S.A. 4
4332281 GOLDMAN SACHS DO BRASIL BCO MULTIPLO S.A.
4
6271464 BCO BRADESCO BBI S.A. 4
7656500 BCO KDB DO BRASIL S.A. 4
8357240 BCO CSF S.A. 4
9516419 BCO JBS S.A. 4
10866788 BCO BANDEPE S.A. 4
11703662 BCO CONFIDENCE DE CÂMBIO S.A. 4
29030467 DRESDNER BANK BRASIL S.A. BCO MULTIPLO
4
31597552 BCO CLASSICO S.A. 4
33074683 BCO RURAL MAIS S.A. 4
33254319 HSBC FINANCE (BRASIL) S.A. - BCO MÚLTIPLO
4
33885724 BCO BANERJ S.A. 4
43818780
BCO COMMERCIAL INVESTMENT TRUST DO BRASIL S.A. - BCO MÚLTIPLO
4
46518205 JPMORGAN CHASE BANK, NATIONAL ASSOCIATION
4
59438325 BCO BRADESCO CARTÕES S.A. 4
60394079 BCO ITAUBANK S.A. 4
60872504 ITAÚ UNIBCO HOLDING S.A. 4
61146577 BCO BARCLAYS S.A. 4
62073200 BANK OF AMERICA MERRILL LYNCH BCO MÚLTIPLO S.A.
4
2992446 BCO CNH CAPITAL S.A. 5
3502961 BCO PSA FINANCE BRASIL S.A. 5
3634220 BCO HONDA S.A. 5
58017179 BCO VOLVO BRASIL S.A. 5
59109165 BCO VOLKSWAGEN S.A. 5
60850229 BCO PECUNIA S.A. 5
61182408 BCO INVESTCRED UNIBCO S.A. 5
62237425 BCO FIDIS S/A 5
90731688 BCO FORD S.A. 5
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