capoeira -...

11
Famecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Porto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – ANO 8 – Nº 51 ANO 8 – Nº 51 ANO 8 – Nº 51 ANO 8 – Nº 51 ANO 8 – Nº 51 A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRA A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRA A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRA A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRA A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRACIA CIA CIA CIA CIA Comício de Lula em Porto Alegre, no Largo Glênio Peres Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin é o desafiante PÁGINAS 2, 6 E 7 PÁGINAS 2, 6 E 7 PÁGINAS 2, 6 E 7 PÁGINAS 2, 6 E 7 PÁGINAS 2, 6 E 7 Capoeira: um esporte com ginga Considerada marginal e Considerada marginal e Considerada marginal e Considerada marginal e Considerada marginal e agressiva no passado, agressiva no passado, agressiva no passado, agressiva no passado, agressiva no passado, hoje é praticada em hoje é praticada em hoje é praticada em hoje é praticada em hoje é praticada em academias e escolas academias e escolas academias e escolas academias e escolas academias e escolas PÁGINA 9 PÁGINA 9 PÁGINA 9 PÁGINA 9 PÁGINA 9 ANTÔNIO SCORZA/AFP FERNANDA FELL/HIPER Começa a F Começa a F Começa a F Começa a F Começa a Feira eira eira eira eira do Livro do Livro do Livro do Livro do Livro na Alfândega na Alfândega na Alfândega na Alfândega na Alfândega PÁGINA 8 PÁGINA 8 PÁGINA 8 PÁGINA 8 PÁGINA 8 PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 10 PÁGINA 10 PÁGINA 10 PÁGINA 10 PÁGINA 10 Liberada vacina Liberada vacina Liberada vacina Liberada vacina Liberada vacina do câncer de do câncer de do câncer de do câncer de do câncer de colo do útero colo do útero colo do útero colo do útero colo do útero A praça é dos leitores Projeto estuda Projeto estuda Projeto estuda Projeto estuda Projeto estuda mudanças mudanças mudanças mudanças mudanças na Ipiranga na Ipiranga na Ipiranga na Ipiranga na Ipiranga Ginecologista Fernando Anschau, do São Lucas CIDADE SAÚDE LITERATURA FOTO FOTO FOTO FOTO FOTO R R R R R AMON AMON AMON AMON AMON F F F F F ERNANDES ERNANDES ERNANDES ERNANDES ERNANDES /H /H /H /H /HIPER IPER IPER IPER IPER FERNANDA PUGLIERO/HIPER FERNANDA PUGLIERO/HIPER

Upload: dinhdieu

Post on 26-Jan-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

FFFFFamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Porto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – orto Alegre, outubro de 2006 – ANO 8 – Nº 51ANO 8 – Nº 51ANO 8 – Nº 51ANO 8 – Nº 51ANO 8 – Nº 51

A DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRAA DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRAA DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRAA DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRAA DECISÃO ENTRE PT E SOCIAL DEMOCRACIACIACIACIACIAComício de Lula em Porto Alegre, no Largo Glênio Peres Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin é o desafiante

PÁGINAS 2, 6 E 7PÁGINAS 2, 6 E 7PÁGINAS 2, 6 E 7PÁGINAS 2, 6 E 7PÁGINAS 2, 6 E 7

Capoeira:um esporte

com ginga

Considerada marginal eConsiderada marginal eConsiderada marginal eConsiderada marginal eConsiderada marginal eagressiva no passado,agressiva no passado,agressiva no passado,agressiva no passado,agressiva no passado,

hoje é praticada emhoje é praticada emhoje é praticada emhoje é praticada emhoje é praticada emacademias e escolasacademias e escolasacademias e escolasacademias e escolasacademias e escolas

PÁGINA 9PÁGINA 9PÁGINA 9PÁGINA 9PÁGINA 9

ANTÔNIO SCORZA/AFPFERNANDA FELL/HIPER

Começa a FComeça a FComeça a FComeça a FComeça a Feiraeiraeiraeiraeirado Livrodo Livrodo Livrodo Livrodo Livrona Alfândegana Alfândegana Alfândegana Alfândegana Alfândega

PÁGINA 8PÁGINA 8PÁGINA 8PÁGINA 8PÁGINA 8

PÁGINA 3PÁGINA 3PÁGINA 3PÁGINA 3PÁGINA 3

PÁGINA 10PÁGINA 10PÁGINA 10PÁGINA 10PÁGINA 10

Liberada vacinaLiberada vacinaLiberada vacinaLiberada vacinaLiberada vacinado câncer dedo câncer dedo câncer dedo câncer dedo câncer decolo do úterocolo do úterocolo do úterocolo do úterocolo do útero

A praça é dos leitores

Projeto estudaProjeto estudaProjeto estudaProjeto estudaProjeto estudamudançasmudançasmudançasmudançasmudançasna Ipirangana Ipirangana Ipirangana Ipirangana Ipiranga

Ginecologista FernandoAnschau, do São Lucas

CIDADE

SAÚDE

LITERATURAF O T OF O T OF O T OF O T OF O T O R R R R RAMONAMONAMONAMONAMON F F F F FERNANDESERNANDESERNANDESERNANDESERNANDES/H/H/H/H/HIPERI PERI PERI PERI PER

FERNANDA PUGLIERO/HIPER

FERNANDA PUGLIERO/HIPER

Page 2: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 200622222 EDITED ITED ITED ITED ITOR IALOR IALOR IALOR IALOR IAL HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOO

Jornal mensal da Faculdade de Comuni-cação Social (Famecos) da Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico,Porto Alegre, RS, Brasil.

E-mail: [email protected]: http://www.pucrs.br/famecos/

hipertexto/045/index.php

Reitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraDiretora da Famecos: Mágda Cunha

Coordenadora/Jornalismo: CristianeFinger

Produção dos Laboratórios de Jornalis-mo Gráfico e de Fotografia.

Professores responsáveis:Tibério Vargas Ramos e Ivone Cassol (re-

dação e edição), Celso Schröder (arte e editoraçãoeletrônica) e Elson Sempé Pedroso(fotojornalismo).

ESTAGIÁRIOSEditores: Fábio Rausch, Mariana Ramos e

Thaís Fernandes.Editora de fotografia: Fernanda FellEditoras de arte: Anahy Metz, Brenda

Parmeggiani, Juliana Borba e Sabrina P. Silveira.Repórteres: Alessandra Brites, Carine Da

Pieve, Estefânia Taschetto Martins, FábioRausch, Fernando Rotta Weigert, GabrielaRuiz, Giane Laurentino, Gustavo Orlandi,Ivana Gehlen, Lara Hausen Mizoguchi, LauraBrentano, Leila Boscato, Manoela Scroferneker,Marcelle Schneider, Mariana Ramos, MauroBello Schneider, Patrícia Lima, Paula Letícia,

Rodrigo Ribeiro, Sabrina P. Silveira, Sheila WeissOliveira, Stéphanie Parker, Tatiana Feldens,Thamys Trindade e Valéria Machado.

Repórteres fotográficos: EduardoMendez, Elisa Viali, Fernanda Fell, FernandaKist Pugliero, Jaqueline Sordi, Juliana Freitas,Manuela Kanan, Natália Ledur Alles, NicolasGambin, Pamilli Braga, Ramon Fernandes eRodrigo Pedroso Tolio.

Diagramadores: Brenda Parmeggiani,Juliana Borba, Rodrigo Ribeiro e Sheila WeissOliveira.

Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem: 5.000

As pesquisas eleitorais, principais meca-nismos de avaliação a respeito dos prováveisdesempenhos de cada candidato em um plei-to, surpreenderam eleitores e analistas polí-ticos pelos erros nas estimativas constata-dos na contagem dos votos. Nas urnas, areeleição do presidente Luiz Inácio Lula daSilva, no 1º turno, não se confirmou. Apesardisso, a maior surpresa ficou por conta daderrota do candidato do PMDB ao governodo Rio Grande do Sul , governadorGermano Rigotto, sempre apontado comovencedor na primeira etapa e que terminouem terceiro, atrás dos candidatos YedaCrusius, do PSDB, e Olívio Dutra, do PT.

No primeiro caso, o candidato tucanoGeraldo Alckmin já vinha em ascensão, en-quanto Lula se mantinha próximo a 50%. Amarca superior a 2,5% de CristovamBuarque, do PDT, contribuiu para a realiza-ção do 2º turno. Quanto ao resultado gaú-cho, houve uma expectativa vitoriosa em re-lação à candidatura do governador, o que le-vou adeptos a projetarem possíveis cenários

Menos pesquisas, mais propostas

FFFFFÁBIOÁBIOÁBIOÁBIOÁBIO R R R R RAUSCHAUSCHAUSCHAUSCHAUSCH, , , , , EDITOREDITOREDITOREDITOREDITOR

de confronto no turno se-guinte. Assim, uns votaramem Olívio, por considerá-loum adversário mais fácil deser derrotado. Pessoas tidascomo anti-petistas tentaramimpedir o ingresso deste can-didato no 2º turno, transfe-rindo votos para Yeda. O re-sultado da manobra mal-su-cedida de manipulação doquadro eleitoral foi a derrotade Rigotto.

A candidatura favorita para vencer noEstado, a 10 dias do novo pleito, é a RioGrande Afirmativo, encabeçada por Yeda,que se vale da projeção de alcançar, suposta-mente, o dobro dos votos válidos de Olívionas urnas. A tese ganhou força após apoiosamealhados pela tucana, como do PMDB,de Pedro Simon, reconduzido para o exercí-cio do quarto mandato de senador, e do PTB,de Sônia Santos, candidata a vice-governa-dora derrotada na chapa União pelo Rio

Grande, de Rigotto, bem comodo PP e parte do PDT.

Uma desvantagem paraYeda, contudo, é o fato de oseu vice de chapa, o ex-presi-dente da Federasul Paulo Afon-so Feijó ter adotado um dis-curso inicial direcionado à rea-lização de privatizações, caso daestatal Banrisul. Olívio, por suavez, na condição de funcioná-rio aposentado do banco, ex-

plora, na reta final da campanha da FrentePopular, a defesa do patrimônio público. Asprimeiras medidas da tucana foram de der-rubar as proposições de Feijó. Além disso,ela tem evitado a ligação da sua imagem coma dele.

No âmbito federal, o ex-governador deSão Paulo continua cerca de 10% de votosválidos atrás de Lula. Ele deve ampliar suaatuação pelos estados, sobretudo onde oPSDB está em vantagem. O discurso de Ge-raldo Alckmin continuará voltado a temas

de desenvolvimento econômico, além doapelo a uma suposta recuperação da ética napolítica. Lula seguirá apostando nas faixasda população de baixa de renda, através dapromessa de ampliação de programas, comoo Bolsa Família. De acordo com o InstitutoDatafolha, quem ganha até R$ 700 proporci-ona vantagem de 59% das intenções de votopara o atual presidente contra 34% deAlckmin. Mas o tucano lidera nos segmen-tos que recebem a partir de dois salários mí-nimos e alcança mais expressão no patamaracima de dez salários, com 69% ante 24%.

O que se deseja no término do períodoeleitoral, a 29 de outubro, é que os eleitoresvotem a presidente e governadores atentosàs propostas de gestão dos candidatos,projetados no futuro, sem se importaremcom eventuais favoritismos deste ou daque-le. A decisão individual, intransferível paraqualquer pesquisa, deve ser tomada com basena responsabilidade e consciência de cada um.

Na quente noite de 3 de outubro, o audi-tório da Faculdade de Comunicação Social(Famecos) da PUCRS foi tomado por cerca de300 pessoas que sentadas, agachadas ou de péassistiram ao debate sobre o jornal gaúcho dadécada de 70, Pato Macho. O evento contoucom alguns dos colaboradores da publicação:o professor, repórter e comentarista de televi-são Tatata Pimentel; o apresentador de TV JoséAntônio Pinheiro Machado, conhecido pelosquadros do Anonymus Gourmet; e o cronistae comentarista esportivo Ruy CarlosOstermann. Os relatos, lembranças e opiniõesdos três integrantes da bem humorada publi-cação reconstituíram uma época marcada pelacriatividade irônica e pela severa repressão daditadura militar brasileira. No final, sobraramaplausos e muitos celulares disparando fotos.

O Pato Macho foi um semanário experi-mental publicado em 1971. Teve 15 ediçõesidealizadas pelo jornalista Coi Lopes deAlmeida, já falecido. Lopes de Almeida foi oeditor de esportes de Zero Hora que publicoufoto do atleta Elias Figueroa nu, de costas. Aousadia fez o campeonato gaúcho parar emprotesto. Toda a coleção do Pato Macho foirecuperada e faz parte de um CD elaboradopelo Núcleo de Pesquisa em Ciência da Comu-nicação (Nupecc), da Famecos, coordenado pela

professora Maria Helena Castro, que organi-zou o debate com os alunos.

A história do periódico alternativo come-çou no “point” da noite sessentista porto-alegrense: o Encouraçado Butkin, que até hojeexiste na avenida Independência, 936. Inaugu-rado em 1961, com um show de Nara Leão, eraum empreendimento ousado, de Tatata e RuiSommer. A casa noturna de Porto Alegre reu-nia um público que gostava de dançar, conver-sar e beber. “Quem lançava as modas de músi-ca era o Encouraçado Butkin, depois iam paraas rádios”, lembra Tatata. O Encouraçado era,na época, uma boate tão sofisticada que a ElisRegina nunca foi convidada a cantar, por serconsiderada “muito popular”, admite o apre-sentador de Gente da Noite.

Pinheiro Machado admite que o Pato Ma-cho “não refletia problemas reais do estado edo país, eram problemas nossos, dali da Inde-pendência”. Tatata é enfático: “O Pato Machonão contestava nada, era um oba-oba de quemfreqüentava a Independência. Era completa-mente anárquico”. Ruy Carlos Ostermann, noentanto, modera essa opinião, ao relatar que odescompromisso com as coisas sérias “era umato de afirmação e rebeldia”, e por isso jádesafiante. Porém, concorda que “não foi umacoisa que sacudiu o Rio Grande do Sul”. Atéem função da pequena tiragem, quem lia era,realmente, o pessoal da sociedade porto-

alegrense da época, que ia dançar noEncouraçado.

Para Ruy Carlos Ostermann, é fundamen-tal entender o contexto em estava inserido oPato Macho, onde a ditadura brasileira atingiao seu ápice. “Era um jornal capaz de falar coi-sas que a grande imprensa jamais sonharia emfalar”, declara o professor. Embora reunissegrandes figuras do jornalismo rio-grandensena sua redação, Pato Macho teve dificuldade dese manter no mercado em função de seu con-teúdo altamente crítico e, por vezes,descompromissado. Os anunciantes que antescontribuíam com o periódico, passaram a termedo do vínculo com quem se opunha ao regi-me. Como outros jornais, Pato Macho foi vítimada censura e da ameaça constante do Departa-mento de Ordem Política e Social (DOPS).

Embora tivesse sofrido com a ditadura,Pinheiro Machado lembrou com alegria do se-manário: “Foi uma experiência emocionantepara mim. Um curso de pós-graduação em jor-nalismo.” Em menos de um ano, com 15 edi-ções publicadas, o projeto idealizado por mui-tos pensadores do nosso jornalismo havia seesgotado. “Quinze números foi mais do queimaginávamos”, pondera o AnonymusGourmet. “O Pato Macho sempre foi uma boaidéia, mas nunca um bom negócio”, acrescentaOstermann. A publicação teve também no seu“elenco” outros nomes conhecidos do jorna-lismo como Rogério Mendelski e Luis FernandoVerissimo. “As reuniões do Pato Macho eramna casa do Luis Fernando, depois do Ericodormir”, revelou Anonymus Gourmet, paraespanto de todos.

Um pato que encarou a ditaduraPORPORPORPORPOR J J J J JUAREZUAREZUAREZUAREZUAREZ S S S S SANTANTANTANTANT’A’A’A’A’ANNANNANNANNANNA N N N N NETOETOETOETOETO,,,,,JJJJJÚLIAÚLIAÚLIAÚLIAÚLIA T T T T TIMMIMMIMMIMMIMM EEEEE LLLLLUIZUIZUIZUIZUIZ F F F F FELIPEELIPEELIPEELIPEELIPE M M M M MELLOELLOELLOELLOELLO

Tatata, Pinheiro Machado, Maria Helena e Ruy reconstituem época do Pato Macho

JÚLIA TIMM/HIPER

Page 3: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006 33333G E R A LG E R A LG E R A LG E R A LG E R A L IPERIPERIPERIPERIPERTEXTTEXTTEXTTEXTTEXTOOOOOHHHHH

A Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária (Anvisa) autorizou acomercialização da primeira vacinacontra o câncer de colo do útero. Apartir da segunda quinzena destemês, começa a ser oferecida a vacinacontra o papilomavirus humano – HPV,vírus responsável pelos casos de cân-cer de colo do útero e verrugas geni-tais. No início, a vacina estará dispo-nível para centros que possuem maiorcontato com pesquisas na área, comoo Hospital São Lucas (HSL), emPorto Alegre. A extensão para redepública ainda está sob avaliação doMinistério da Saúde.

Todos os anos, aproximada-mente 470 mil mulheres têm diag-nóstico de câncer de colo do úterono mundo, segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS). Cerca dametade dos casos resulta na morteda paciente pela ausência de preven-ção ou diagnóstico tardio. No Bra-sil, em 2005, dados oficiais do Insti-tuto Nacional do Câncer (INCA) re-velam que 21 mil mulheres foramacometidas pela doença.

Os números apontam que estetipo de câncer é o terceiro mais co-mum, sendo superado apenas pelode pele e o de mama. No cenário ga-úcho, é o segundo que mais atinge aparcela feminina da população.

O vírus HPV, que incide no de-senvolvimento do câncer e de suaslesões precursoras, é facilmente con-traído durante relações sexuais, por-tanto, o uso de preservativo é umadas formas de se proteger. O exameginecológico, também conhecidocomo Papanicolau, é a principal es-tratégia para detecção da doença emfase inicial, que consiste “em umaraspagem no colo do útero, para a

País libera vacina contracâncer de colo do útero

retirada de células com uma escovaespecial”, explica Ari Tech, ginecolo-gista há 25 anos. “Este exame deveser feito periodicamente, através devisitas regulares ao médico, e nãoapós o surgimento dos primeirossintomas, como sangramento e do-res durante a relação”, conclui.

A pesquisaPara que ocorra prevenção de

todas as infecções do HPV, um estu-do vem sendo realizado com a cola-boração de mais de 11 mil voluntá-rias no mundo inteiro, em paísescomo EUA, Canadá, Inglaterra, Ve-nezuela, Itália, entre outros. O ser-viço de ginecologia do HSL é um doscentros colaboradores da pesquisapromovida pelo Laboratório MerckSharp & Dohme, sendo que em todoBrasil são 15 centros e no Estadoapenas dois. A vacina foi testada em60 voluntárias que recebem acompa-nhamento médico, além de orienta-ções sobre doenças sexualmentetransmissíveis.

A pesquisa, que iniciou em 2002e no Estado em 2003, tem comoobjetivo investigar a segurança, aimunidade e a eficácia de uma vacinapreventiva. Segundo o ginecologistaFernando Anschau, subinvestigadorda equipe que realiza a pesquisa noHSL, “a paciente fica imune àqueleagente agressor que causa alteraçõesque levam ao câncer”. Como nãoexistia até então nenhum tipo devacina nessa área, a expectativa é queela dê uma reviravolta na incidênciade câncer no Brasil e no mundo. “Eos resultados da pesquisa deram tãocerto, que será possível utilizar a va-cina antes do prazo previsto”, decla-ra.

Existem mais de 100 tipos de

PPPPPOROROROROR C C C C CARINEARINEARINEARINEARINE P P P P PREDIGERREDIGERREDIGERREDIGERREDIGER D D D D DAAAAA P P P P PIEVEIEVEIEVEIEVEIEVE

Em 2005, doença foi diagnosticada em 21 mil brasileiras

Empresa Merck Sharp & Doh-me desenvolve a vacina quadrivalen-te que age contra os vírus 16, 18, 6 e11. Foi aprovada nos EUA em 8 desetembro de 2005 pela FDA – Foodand Drug Administration, órgão queregulamenta a venda de drogas nopaís e o preço custa 360 dólares. NoBrasil, a Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa) concedeu aaprovação da vacina Gardasil, assimdenominada, no dia 28 de agostodeste ano, não tendo ainda o preçodefinido. Empresa GlaxoSmithKli-ne tem uma vacina semelhante, con-tra os vírus 16 e 18 de alto risco, commaior poder de resposta imunogê-nica, porém ainda está sob processode avaliação.

LABORATÓRIORESPONSÁVEL

vírus HPV detectados, entre eles oHPV16 e HPV18 que são responsá-veis por 70% dos casos de câncer, e oHPV6 e HPV11 que causam 90%dos casos de verrugas genitais. “Jáque exige tanto trabalho para desen-volver uma vacina, devemos focarnos tipos de HPV oncogênicos dealto risco, como o HPV 16 e 18”,revela o ginecologista Luciano Ham-mes, que faz parte do grupo de in-vestigadores da vacina do Laborató-rio GlaxoSmithKline, pelo Hospi-tal de Clínicas de Porto Alegre.

São necessárias três doses da in-jeção num período de seis meses e aindicação é para meninas e mulheresentre os nove e 26 anos. Os estudosconduzidos até agora garantem aprevenção de 100% das infecções doHPV num período que vai de qua-tro a cinco anos.

A 19ª edição de um dos maioreseventos universitários de Comuni-cação Social acontecerá este ano entreos dias 30 de outubro e 1° de no-vembro no Campus Central daPUCRS em Porto Alegre.  O Set Uni-versitário – Festival de Labora-tórios de Comunicação Social – é re-alizado desde 1988 pelos alunos eprofessores da Faculdade de Comu-nicação Social da PUCRS (Famecos)e coordenado pelo Laboratório deEventos da faculdade. A mostra es-timula a integração de alunos, pro-fessores e profissionais de Jornalis-mo, Publicidade e Propaganda, Rela-ções Públicas, Turismo, Hotelaria,Produção Audiovisual, Cinema e

Vídeo.Reconhecido nacional e interna-

cionalmente, o Set cresce a cada ano.Esta edição contará com várias ofici-nas de diversos temas: crônica, foto-grafia, organização de eventos,telejornalismo, cinema, design e pu-blicidade; além de palestras e debatescom grandes nomes da comunica-ção em uma grande estrutura prepa-rada especialmente para o evento. Osalunos ainda podem participar daMostra Competitiva, que premia osmelhores trabalhos curriculares emdiversas modalidades.

O Set recebe anualmente cerca demil participantes e já é um marco dosacontecimentos universitários detodo o Brasil.

PORPORPORPORPOR M M M M MARCELLEARCELLEARCELLEARCELLEARCELLE S S S S SCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDER

Começa mais uma ediçãoComeça mais uma ediçãoComeça mais uma ediçãoComeça mais uma ediçãoComeça mais uma ediçãodo Set Universitário na PUCdo Set Universitário na PUCdo Set Universitário na PUCdo Set Universitário na PUCdo Set Universitário na PUC

A revista MídiacomDemocraciafoi um dos cinco projetos impres-sos agraciados com o prêmio Cul-tura e Pensamento do Ministério daCultura. A seleção permite à revistaproduzir ainda mais, tendo de se-rem finalizados mais dois númerosaté o final do ano. A editora Ana RitaMarini afirma que essa é uma formade qualificar a revista, de reconhecero trabalho. Entre os integrantes dojúri estavam Boaventura de SouzaSantos, Ivan Izquierdo e Néstor Can-clinni, integrantes dos Ministérios daEducação e da Cultura que ao conce-derem o prêmio deram um novodesafio para uma equipe pequena,que produziu três edições em seismeses.

Em fevereiro de 2006, surgiu oprimeiro número da revista que co-meçou a ser pensada no ano anteior,através de um projeto da FundaçãoFord. No início, a idéia era produzirum jornal, após algumas discussõeso impresso virou revista. O objeti-vo, porém, se manteve o mesmo:discutir as questões da área da comu-

nicação e formas de democratizá-la,sendo o material impresso do Fó-rum Nacional pela Democratizaçãoda Comunicação. O Fórum, criadoem julho de 1991 como movimentosocial, reunindo entidades da socie-dade civil para enfrentar problemasdas comunicações, também formu-lou e apresentou ao governo federalum programa para a área, com basena construção da democracia, da ci-dadania e da nacionalidade no País.

Através de matérias de cunhoanalítico e reflexivo, a revista abrangetodo o país e mesmo segmentadachega a pessoas que não são da área.Exemplo disto é o e-mail recebidopor Ana Rita com comentários deum morador de Belford Roxo, soli-citando formas de adquirir a revista.Atingindo as 124 entidades associa-das ao Fórum, mais universidades,sindicatos de jornalistas, Fenaj, Con-gresso Nacional, assembléias legisla-tivas e associações de radiodifusão,MídiacomDemocracia recebe, atra-vés do prêmio, “o aval de estar fa-zendo certo pelo democracia da mí-dia”, afirma Ana Rita Marini.

MídiacomDemocracia ganhaMídiacomDemocracia ganhaMídiacomDemocracia ganhaMídiacomDemocracia ganhaMídiacomDemocracia ganhaapoio para novos númerosapoio para novos númerosapoio para novos númerosapoio para novos númerosapoio para novos números

PORPORPORPORPOR R R R R RAÍSSAAÍSSAAÍSSAAÍSSAAÍSSA G G G G GENROENROENROENROENRO

A exposição dos destaques dodécimo concurso Sioma Breitman defotografia ocorreu entre os dias 4 desetembro e 4 de outubro noMemorial da Câmara de Porto Ale-gre. Foram 21 trabalhos que resga-tam a tradição da fotografia em pre-to e branco e película.

Previsto na legislação da capital,o concurso teve como objetivo in-centivar as novas gerações de fotó-grafos e divulgar a cidade que servecomo tema para as produções. O

PORPORPORPORPOR L L L L LEILAEILAEILAEILAEILA B B B B BOSCATOOSCATOOSCATOOSCATOOSCATO G G G G GARCIAARCIAARCIAARCIAARCIA

Capital em preto e brancoCapital em preto e brancoCapital em preto e brancoCapital em preto e brancoCapital em preto e brancono estilo de Sioma Breitmanno estilo de Sioma Breitmanno estilo de Sioma Breitmanno estilo de Sioma Breitmanno estilo de Sioma Breitman

imigrante ucraniano Sioma Breitmanconhecido como fotógrafo-poeta efalecido em 1980, mostrou atravésda fotografia cenas do cotidiano, per-sonagens e paisagens de Porto Ale-gre e do Rio Grande do Sul para oresto do mundo.

Para prestigiar a foto sem mani-pulação, concurso exigiu dos partici-pantes, fotógrafos profissionais eamadores, a entrega dos negativos.A organizadora do concurso, FátimaCarapeços, não crê que seja um retro-cesso investir em P&B na era digital.

JAQUELINE SORDI/HIPER

Ginecologista Fernando Anschau participa das pesquisas no Hospital São Lucas da PUCRS

Page 4: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 200644444 Ú LÚ LÚ LÚ LÚ LT IMAST IMAST IMAST IMAST IMAS HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOO

RECORTESRECORTESRECORTESRECORTESRECORTES

SSSSSTEPHANIETEPHANIETEPHANIETEPHANIETEPHANIE P P P P PARKERARKERARKERARKERARKER

Os invernos não são mais comoantes. Com o aquecimento global, atemperatura média do planeta cres-ceu 0,6 °C . O aumento vem causan-do fenômenos ainda sem previsão,apesar de toda tecnologia desenvol-vida pelo homem. Devido à eleva-ção das temperaturas noturnas, noinverno são registradas temperatu-ras mais amenas. Em contrapartida,no verão, não ocorrem mudanças sig-nificativas.

 O professor Fernando Pohl-mann Livi, do Núcleo de PesquisasAntárticas e Climáticas (Nupac) daUniversidade Federal do Rio Grandedo Sul (UFRGS), explica que o efeitoestufa é responsável por manter ocalor na atmosfera. Esse é um fenô-meno natural sem o qual não have-ria vida na Terra. Gases, como o dió-xido de carbono (CO2) e metano(CH4), fazem parte desta camadaprotetora e auxiliam na retenção decalor. Nos últimos 100 anos, o ho-mem se utilizou da queima de com-bustíveis fosseis como o petróleo ecarvão, liberando CO2 e CH4 na at-mosfera, tornando-a mais espessa.

A dinâmica do planeta foi clara-mente alterada. “Há 10 anos algumaspessoas não acreditavam no aqueci-mento global como algo irreversível,mas, nos últimos cinco anos, os si-nais são evidentes”, revela Livi . Osefeitos aparecem em toda parte, asgeleiras estão derretendo e a tempe-ratura média dos oceanos aumenta,prova de que o planeta absorve ener-gia térmica em excesso.

Entre os cientistas existem dúvi-das se a responsabilidade do aqueci-mento global é só humana. Muitosalegam que as mudanças podem serparte de um ciclo natural do planeta.Sendo o estudo do clima uma áreacientífica que trabalha com fenôme-nos naturais, afirmar algo sem análi-se mais profunda é trabalhar com

Observados sinais deaquecimento globalO clima do planeta subiu 0,6C° nos últimos 100 anosO clima do planeta subiu 0,6C° nos últimos 100 anosO clima do planeta subiu 0,6C° nos últimos 100 anosO clima do planeta subiu 0,6C° nos últimos 100 anosO clima do planeta subiu 0,6C° nos últimos 100 anos

hipóteses. “Não temos sensores paramaterializar a prova das nossas hi-póteses. Analisamos fisicamente osfenômenos, tentamos explicá-los,mas é difícil prever se estes vão setornar rotineiros”, diz o professor.

Alheia as hipóteses cientificas, anatureza segue dando sinais de quesua rotina está mudando. Em 2005,a região Amazônica sofreu com umaseca que não ocorria há décadas. Acausa deste acontecimento pode es-tar no aquecimento do oceano Atlân-tico norte que modificou a circulaçãode ar na atmosfera, dissipando a for-mação de nuvens úmidas na área.

O clima do planeta está interliga-do, quando uma anomalia climáticaocorre pode desencadear diversas al-terações. A estiagem que assola oEstado e promove grandes debatespolíticos tem como principal causa oaquecimento global. As correntes dear úmido vindas da Amazônia en-contram a frente fria proveniente daArgentina e provocam chuvas emtodo o Sul do Brasil.

Fatos que acontecem na outraponta do País afetam o cotidiano doEstado. Nos últimos três anos, cho-veu abaixo da média no Rio GrandeSul. A recuperação do volume de águanão ocorreu e causa conflitos, comodos arrozeiros que consumiam águado rio Gravataí. Como o Estadodepende economicamente da agricul-tura, o professor acredita ser necessá-rio investir em núcleos de estudo cli-máticos para precisar se a situação daestiagem é definitiva ou episódica.

As mudanças parecem irreversí-veis. O professor Livi pondera que“irreversível é uma palavra muito pe-sada, mas essa tendência é muito di-fícil de ser revertida”. Há tentativaspara amenizar os impactos humanosno aquecimento mundial, o proto-colo de Kyoto é uma dessas. Eleestabelece uma redução de 5% naemissão de gases na atmosfera emrelação a 1990. Os cientistas conside-

ram a redução muito modesta pararecuperação completa, os países de-veriam reduzir 50% da emissão. OsEstados Unidos consomem anual-mente 25% de combustível fóssil noplaneta e não aderiram ao protocolo.

A ONG Greenpeace lançou acampanha “Mudanças de Clima,mudanças de Vidas” que visa alertara população brasileira sobre as con-seqüências do aquecimento global nopaís. Faz parte da campanha um do-cumentário que mostra os impactosque alteram vidas da Amazônia aoRio Grande do Sul. Nos EUA, o ex-vice-presidente Al Gore corre seu paíscom palestras que alertam para asconseqüências ao aquecimento glo-bal, este interesse mostra que a preo-cupação não é mais assunto de ati-vistas de cabeludos de sandálias. Ajornada de palestras deu origem aodocumentário Uma Verdade Inconve-niente, do diretor Davis Gugge-nheim.

O que é possível fazer para rever-ter este quadro? Existem alternati-vas para amenizar a ação do homemno planeta. A preservação de áreascom floresta e o reflorestamento éuma opção para que a Terra mante-nha as suas temperaturas amenas.Amazônia é uma grande área de re-frigeração do planeta e sua preserva-ção traz benefícios ao mundo. O in-centivo ao uso de energias renová-veis e limpas como a eólica, solar etermoelétrica, utilizadas de maneiraconjunta, beneficiam o meio ambi-ente. Combustíveis, como o álcool,são uma alternativa limpa para auto-móveis, além de promover auto-su-ficiência das regiões agrícolas cultiva-das com cana-de-açúcar.

O homem é o maior agente nasmudanças do clima. Para estar aten-to ao clima não basta assistir a previ-são do tempo nos telejornais. A Ter-ra está com febre. A previsão tempopara as próximas estações é de res-ponsabilidade de todos.

POR GIANE LAURENTINO

FERNANDA UGLIERO/HIPER

Sobremesa musical

Plutão, planeta anão

Quem passa pelo átriodo prédio 9 do CampusCentral da PUCRS todasas quartas-feiras, das 13hàs 13h30min, tem ouvidoo som de diferentes ins-trumentos musicais daOrquestra da PUCRS. Aprimeira apresentação foicom a Orquestra comple-ta, assim como a última,que acontecerá no dia 13

de dezembro. Já se apre-sentaram o quarteto detrombones, tuba e percus-são, quinteto de cordas esão esperados ainda osgrupos de metais, cordase chorinhos.

O projeto integra umconjunto de ações que têmo objetivo de implantaruma política cultural naUniversidade.

O Exame Nacional deDesempenho de Estudan-tes (Enade), o antigo pro-vão, será realizado emâmbito nacional no dia 12de novembro, às 13h,com a participação demais de 900 mil alunos.

O exame tem o objeti-vo de avaliar o rendimen-to dos estudantes doscursos de graduação emrelação aos conteúdosprogramáticos, suas habi-

lidades e competências.Participam da avaliaçãoacadêmicos do primeiro eúltimo ano dos cursos deAdministração, Arquivolo-gia, Biblioteconomia, Bio-medicina, Ciências Contá-beis, Ciências Econômi-cas, Comunicação Soci-al, Design, Direito, Música,Formação de Professo-res, Psicologia, Secretari-ado Executivo, Teatro eTurismo.

Enade faz avaliação dia 12Enade faz avaliação dia 12Enade faz avaliação dia 12Enade faz avaliação dia 12Enade faz avaliação dia 12

Desde 24 de agosto, osistema solar foi reduzidoa oito planetas. Plutão, queera o nono e mais distanteastro em órbita do Sol, pas-sou a ser classificadocomo planeta-anão. A de-cisão aconteceu durante a26ª assembléia geral daUnião Astronômica Inter-nacional (UAI), em Praga,na República Tcheca.

No dia 16 de agosto, aproposta apresentada porum comitê de especialistasmanteria Plutão e incluiriamais três corpos-celestesno sistema solar, aumen-tando-os para 12 . Mas, aclassificação não obteve ovoto da maioria dos partici-

STEPHANIE PARKER/HIPER

pantes da assembléia, pre-valecendo, assim, três ca-tegorias principais: a primei-ra com os oito planetas clás-sicos, a segunda para osasteróides e a terceira paraos objetos esféricos não do-minantes em suas órbitas.

NASA/AFP

Livi diz que efeito estufa é responsável pelo acúmulo de calor, mas os motivos não estão comprovados

Page 5: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006 55555M U N D OM U N D OM U N D OM U N D OM U N D O IPERIPERIPERIPERIPERTEXTTEXTTEXTTEXTTEXTOOOOOHHHHH

Do outro lado do mundo, a18.422 quilômetros de distância, cer-ca de 30 horas de viagem entre espe-ras em aeroportos e vôo, a diferençade 11 horas no fuso-horário, um bra-sileiro vive uma nova experiência naChina. Estudante de jornalismo daFamecos, Rafael Codonho está des-de o mês de agosto em um país quemescla a cultura oriental milenar coma modernidade ocidental.

A capital Pequim é o paradeirode Codonho por um ano. Atravésdo programa de Intercâmbio, ofere-cido pela PUCRS em convênio coma Communication University of China,o estudante está, desde o dia 5 desetembro, tendo aulas diárias demandarim na universidade que é re-ferência na formação de jornalistas eapresentadores de TV.

As restrições impostas pelo mo-delo político aparecem dentro dasuniversidades. Os alunos chinesesencontram dificuldades para exercero debate acadêmico ou questionar osprofessores em sala de aula. RafaelCodonho diz que não há liberdadeentre alunos chineses e professores,mas que o tratamento aos estrangei-ros é diferenciado. A participação dealunos de nacionalidades variadas nasuniversidades é visível. Rafael citacolegas vindos de pelo menos 15países, entre eles Turquia, França,Rússia, Irã e Estados Unidos.

A influência da cultura ocidental,do consumismo, está presente na

Cultura milenarconvive coma modernidade

México sofre com revoltas políticas há quase um século

arquitetura chinesa moderna, que res-tringe os rebuscados palácios e pa-godes (templos budistas) a zonas deturismo, como a Cidade Proibidalocalizada no centro de Pequim e cer-cada por muralhas de dez metros dealtura; a Muralha da China e o Tem-plo de Lama. O estudante diz quevisitou um templo budista em Han-gzhou, a 11 horas de trem da capital,além do centro de Pequim e muitosshoppings. Salienta que as redes defastfood como McDonald‘s, KFC ePizza Hut e as grandes marcas oci-dentais de acessórios como Lacoste,Hugo Boss e Dior estão presentesna cidade. “Pequim é muito maisevoluído do que as pessoas pensamno Brasil. O centro é repleto de sho-ppings e alguns deles são muito lu-xuosos”, completa.

Os supermercados oferecemprodutos conhecidos dos brasileirose por preços inferiores. “Quando fuipara China, levei uma mala cheia decoisas que encontrei lá e, ainda porum preço muito menor, roupas ecomida são muito baratas”. Rafaelalmoça por cerca de 7 yuan, nas canti-nas da faculdade, cada real equivale a3,7 yuan, a moeda chinesa.

Ao mesmo tempo é possívelencontrar os traços da diferença nasiguarias da culinária chinesa cotidia-na, que apresenta espetos de escor-pião, estrela-do-mar, cavalo marinho,entre outros pratos considerados bi-zarros por Codonho, que revela játer experimentado língua, sangue de

pato cozido e enguia.Ser o centro das atenções foi uma

das dificuldades enfrentadas pelo es-tudante. “As pessoas me olham de-mais, de cima a baixo, ininterrupta-mente e não fazem questão de dis-farçar”, conta, incomodado. Mas,demonstrando um certo encanta-mento com a singularidade do local,manda dizer aos alunos da Famecosque a China é um lugar para quemgosta de novidades, para pessoasabertas, que consigam compreendere aceitar uma cultura tão diferente.

Felicidade, quase gaúchaDos 18 chineses que estiveram

por um ano na PUCRS para aperfei-çoar seu conhecimento na línguaportugues, a Felicidade Li Fei, desta-cou-se pela simpatia. Ela retornouao seu país dia 5 de julho, apósuma

viagem de dois dias, e foi recebidacom festa. “Todos os meus familia-res ficaram muito felizes e fizemosuma grande janta com pratos delici-osos”, conta a chinesa.

Passada a saudade de casa, agoraé do Brasil, do Rio Grande do Sul eem especial da Universidade que Fe-licidade sente falta. “Me lembro sem-pre dos dias em que estava na PUC,da amizade que fiz com os colegasbrasileiros, dos passeios na Reden-ção, do pôr do sol na beira do rio edas festas divertidas”, revela.

Ao chegar em Pequim, Felicida-de teve que cmprir seu compromis-so para com o país e foi para o exér-cito participar do treinamento mili-tar. Em setebro, dando continuida-de aos estudos, iniciou um novo se-mestre na faculdade. Ela já pensaem voltar ao Brasil para fazer mes-

trado na PUCRS.Mais do que melhorar o desem-

penho na língua portuguesa, Felici-dade diz que aprendeu muito sobrea cultura brasileira e gaúcha. Descreveo Brasil como um país maravilhoso,onde ela aprendeu a “encarar e supe-rar as dificuldades da vida e convivercom os outros”. Entre as novas prá-ticas, tomar chimarrão, comer chur-rasco e ver os jogos do Inter e doGrêmio estão entre as preferidas.

Agradecimentos e abraços sãodistribuídos a uma lista de profes-sores da Famecos e da Faculdade deLetras, além dos colegas e amigos quea acompanharam em sua jornadapelo Brasil. “Gostaria muito de agra-decer a todos que me apresentaramtanto os conhecimentos de jornalis-mo e da cultura brasileira”, ernfatizaa jovem.

PPPPPOROROROROR L L L L LEILAEILAEILAEILAEILA B B B B BOSCATOOSCATOOSCATOOSCATOOSCATO G G G G GARCIAARCIAARCIAARCIAARCIA

A China é um lugar para pessoas abertas, quecompreendem e aceitam hábitos diferentes

Nas Muralhas: o estudante de Jornalismo da Famecos, Rafael Codonho, ficará um ano no país oriental

ARQUIVO PESSOAL

PPPPPOROROROROR F F F F FERNANDOERNANDOERNANDOERNANDOERNANDO R R R R ROOOOOTTTTTTTTTTAAAAA W W W W WEIGEREIGEREIGEREIGEREIGERTTTTT

Desde a eleição presidencial em2 de julho, o México é um país, outravez, dividido. O pleito foi vencidopor Felipe Calderón, do Partido daAção Nacional (PAN), de direita,com uma diferença de 233 mil vo-tos sobre o oponente Andrés Ma-nuel López Obrador, de esquerda.

Isto ocorreu depois de mais dedois meses de espera por uma deci-são da justiça mexicana, que no dia5 de setembro declarou não ter ha-vido fraude nas eleições, assimcomo propunha o Partido da Re-volução Democrática (PRD) e seucandidato López Obrador.

O México, desde o início do sé-culo passado, sofre com revoltasvinculadas às eleições. Em 1910, oditador Portifirio Díaz caiu devido

a protestos eleitorais. Novas discór-dias envolvendo pleitos separaramos revolucionários triunfantes de1910 e provocaram levantes milita-res em 1919, 1923, 1927 e 1929. Nes-ta época surgem as bases do partidoque comandaria o país até o ano2000, Partido RevolucionárioInstitucional (PRI). Percebe-se, comisso, que os fatos, que estão a assolara nação, neste momento, não sãonovos para os mexicanos.

PAN continuano poder

Em 2000, após 71 anos de po-der nas “mãos” de um só partido, oMéxico elegeu Vicente Fox (PAN)para presidente. Ele não teve um go-verno fácil, pois com minoria no

Congresso, não conseguiu promo-ver as três reformas mais importan-tes que havia planejado (a fiscal, aenergética e a trabalhista). Em maiode 2006, recebeu críticas nacionais einternacionais, por ter dado declara-ções racistas durante um discursosobre os mexicanos que vão para osEstados Unidos à procura de opor-tunidade.

Inaugurou a nova Biblioteca doMéxico José Vasconcelos, no fim doseu mandato, ao custo de US$ 100milhões, a maior obra de seu gover-no. Fato que gerou polêmica em todoo país, e suscitou a esquerda a acusarFox de ter quebrado a neutralidadepresidencial, agindo como uma es-pécie de cabo eleitoral do seu candi-dato Felipe Calderón. Mesmo assim,terminou seu governo com 60% a

popularidade.Calderón se aproveitou ao máxi-

mo da imagem de Fox, teve ajudaexplícita da maior associação empre-sarial do seu país e, além disso, ga-nhou o apoio de uma novela de gran-de sucesso no México, onde a perso-nagem principal defendia o voto nele.

A campanha focalizou na manu-tenção da economia, e ataques ao seuoponente Obrador, o comparandoa Hugo Chávez (presidente daVenezuela).

Conservador, Calderón é contrao aborto, o casamento entre pessoasdo mesmo sexo e a pílula anticon-cepcional. Mesmo com a vitória jádeclarada de López Obrador, ex-pre-feito da Cidade do México, a esquer-da convocou uma assembléia geral,para decidir a formação de governo

paralelo. Os oposicionistas alegamque as eleições em 2006 foram mui-to conturbadas e a diferença peque-na, se levado em conta o universo de41 milhões de votantes. O candida-to de esquerda teve votação prepon-derante no sul podre e agrário, en-quanto o de direita foi vitorioso nonorte rico e industrializado, o queacentua a divisão mexicana.

Apesar da derrota, parece que aesquerda se fortaleceu. Tanto que emassembléia popular, na Praça Zócalo,na Cidade do México, comparecerammais de um milhão pessoas, segun-do estimativas, e proclamaramObrador como novo presidente doPaís. Enquanto isso, Calderón, elei-to formalmente, toma posse no dia1º de dezembro, mesmo que os opo-sicionistas ainda tentem evitar.

Page 6: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

HHHHHPPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 200666666 ESPEC IA LESPEC IA LESPEC IA LESPEC IA LESPEC IA L 77777 HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOO

PT e PSDB disputam eleiçãoa presidente pela quarta vez

O mandato presidencial serádecidido, outra vez, entre PT ePSDB no 2º turno, marcado para29 de outubro. A d i sputabipartidária, como ocorre há qua-tro pleitos consecutivos, foi con-firmada nas urnas que apuraram or esu l t ado do 1º tu r no. Com48,61% dos votos válidos, o pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva,do PT, viu serem contrariadas asprojeções dos principais institutosde pesquisa do país, que indicamsua reeleição na primeira etapa. Ocandidato do PSDB à Presidência,Geraldo Alckmin, rompeu a bar-reira dos 40%, o que estava foradas p rev i sões , e somou39.392.976 contra 46.662.365 dopetista. Mais um fator inesperadofo i o cand ida to do PDT,Cristovam Buarque, que alcançou2,64% ante 1% previsto.

Ambos os candidatos buscamapoios para a última etapa das elei-ções. O PMDB estará divido no-vamente. De um lado, o presiden-te pemedebista, Michel Temer, e agovernadora do Rio de Janeiro,Rosinha Mateus, e o ex-pré-can-didato a presidente Anthony Ga-rotinho apóiam o tucano. O pre-s idente do Senado, RenanCalheiros, por outro, permanece-rá a favor de Lula. Tanto PDTquanto P-Sol decidiram ficar neu-tros na disputa. Portanto, HeloísaHelena e Buarque não deverão es-tar nos palanques de Lula ouAlckmin.

O professor de Ética e Políticada Unicamp Roberto Romanoprojetou, para a jornalista LarissaSantana, da revista Exame, um diaapós o 1º turno, um final de cam-panha mais favorável ao candida-to do PSDB. Na sua análise, a su-cessão de irregularidades no atualgoverno, como o dossiê Cuiabá,documento sobre suposta tenta-tiva de prejudicar a candidaturaAlckmin, que resultou no afasta-mento de quatro petistas e a saídado deputado Ricardo Berzoini dapresidência da sigla, pode reforçara possibilidade. “Outro pecado foiacreditar que as classes C e D e aregião Nordeste seriam suficientespara reeleger Lula”, ressaltou. Opresidente fez 66,78% dos votoscontra 26,15% do adversário, semalcançar, todavia, a margem de 6x1prevista nas pesquisas, devido à“pouca força” nas capitais nordes-tinas. Romano acrescentou que ocarisma do petista continuará sen-do um fator eficiente de campa-nha.

O cenário do 2º turno, confor-me os institutos Ibope e VoxPopuli, indica vitória de Lula, commargem entre 10 e 13 pontospercentuais de vantagem, em vo-tos válidos, sobre Alckmin. Opresidente deve direcionar suaagenda de campanha para os esta-dos onde não venceu, caso do RioGrande do Sul, que garantia lide-rança ao petista, desde o pleito de1989, quando, no total de votosapurados no Brasil, perdeu a Pre-sidência para Fernando Collor deMelo, agora eleito ao Senado, porAlagoas, na volta ao cenário polí-tico, depois do impeachment quesofreu em 1992. Os gaúchos so-maram 1.408.074 de votos favo-ráveis ao tucano, na comparaçãocom Lula, que, em votos totaispelo país, mantém margem su-perior a 50%, ante 40% do adver-sário.

Com problemas de adesãopartidária no início da campanha,exemplo de Lúcio de Alcântara, go-vernador do Ceará, que apoiouLula e perdeu a reeleição para ocandidato do PSB, Cid Gomes,este ajudado pelo presidente doPSDB, Tasso Jereissati, Alckmintenta ampliar o engajamento degovernadores tucanos. Aécio Ne-ves, reeleito em Minas Gerais, eJosé Serra, eleito governador em

O presidente Lula, candidato à reeleição, em campanha no Rio Grande do Sul

VANDERLEI ALMEIDA/AFP

São Paulo, são possíveis colabora-dores no 2º turno. Serra perdeupara Lula, no último pleito presi-dencial, ocorrido em 2002.

Alckmin superou previsões de pesquisas e garantiu presença na disputa do segundo turno à Presidência

Cobertura da mídiaEmbora admita que as pesqui-

sas centralizem a cobertura da im-prensa, o jornalista e sociólogo

Congresso tem poucas alterações

O senador Pedro Simon foi reeleito ao quarto mandato consecutivo

EDUARDO MENDEZ/HIPER

Os escândalos políticos mais re-centes não alteraram de forma signifi-cativa o percentual de renovação naCâmara Federal. O índice de mudançade 46% (236 cadeiras de 513), foi mui-to próximo ao de eleições passadas(41,6% em 2002 e 41,9% em 1998).Dos 19 deputados federais investiga-dos pelas CPIs, a respeito domensalão, 11 tentaram se reeleger, setetiveram êxito nas urnas e se perpetu-am no cargo, entre eles João PauloCunha, que teve a maior votação detodos, os que permanecem, sendo in-clusive o mais votado da coligaçãopetista em São Paulo, e Valdemar Cos-ta Neto, presidente nacional do PL,um dos pivôs da crise, foi eleito comuma votação de 104.157 no mesmoestado.

Com os acusados no caso dossanguessugas, o eleitor foi mais seve-ro. Quarenta e sete acusados, de umtotal de 69, se candidataram, entretan-to apenas cinco reconquistaram a vaga.Os três gaúchos sob suspeita (EdirOliveira, PTB; Érico Ribeiro, PP; Pau-lo Gouvêa, PL) não voltam paraBrasília. Edir Oliveira, acusado de serbeneficiário de R$ 30 mil no esquema,ainda conseguiu 36.246 votos, sendoo mais bem votado entre os três, oresultado ficou longe dos 75 mil fei-tos na última eleição.

Foram abertos, na Câmara, pro-cesso de cassação contra 67 deputados,por suposto envolvimento no esque-

ma de fraude nas licitações de ambu-lâncias (chamado esquema dos san-guessugas).

Como destes só cinco deputadosvão compor a nova casa, todos os pro-cessos que não forem finalizados atéo recesso de dezembro serão arquiva-dos. Em fevereiro de 2007, MarcondesGadelha (PSB/PB), Pedro Henry(PP/MT), Wellington Fagundes (PL/MT), Wellington Roberto (PL/PB),João Magalhães (PMDB/MG), CarlosDunga (PTB/PB), os cinco remanes-centes, responderão processo normal-mente.

Outro escândalo que refletiu nasurnas foi o envolvendo o ex-presiden-te da Câmara Severino Cavalcante, querenunciou ao cargo e ao seu mandato,em dezembro de 2005, após sofreracusação de receber propina para man-ter um restaurante ilegalmente na Câ-mara. Severino obteve 53.715 votos,metade do esperado pelo próprio can-didato, em declaração ao jornal Folhade São Paulo.

A derrota do grupo político deAntonio Carlos Magalhães na Bahia,também foi curiosa na eleição. ACMmantinha o poder no estado sobre atutela do PFL há 16 anos. O partidonão perdeu apenas o governo estadu-al, com a vitória de Jacques Wagner(PT) ainda no primeiro turno, obten-do percentual de 52,89% dos votosválidos, mas também uma cadeira noSenado, com vitória e eleição de JoãoDurval (PDT) sobre Rodolfo

Tourinho (PFL).Especialistas políticos explicam

que o clã de ACM perde força, devidoà modernização da política, e ainda aoaumento de disputa interna no PFL,fatores que influenciaram na derrota.Mesmo assim o partido elegeu 19 de-putados federais, dos 39 referentes aoestado, e 34 estaduais dos 63 que for-mam o parlamento baiano.

Entre os eleitos dois êxitos cha-mam atenção. A eleição do ex-presi-dente Fernando Collor de Melo parao Senado, e do ex-prefeito e ex-gover-nador de São Paulo Paulo Maluf comodeputado federal. Collor, presidenteque sofreu o impeachment em 1992,e teve seus direitos políticos casadospor oito anos, já havia ensaiado a vol-ta à política, concorrendo ao governode Alagoas em 2002, sendo derrota-do. Eleito para o Senado com mais demeio milhão de votos (550.725), nolugar antes ocupado por Heloisa He-lena, fez campanha tentando conven-cer o eleitor que seu afastamento em1992 foi injusto.

Paulo Maluf fez uma votação gi-gantesca para a Câmara 739.827 devotos, sendo o deputado mais vota-do em São Paulo. Ele é acusado deformação de quadrilha, corrupção pas-siva, lavagem de dinheiro e evasão dedivisas. O ex-governador ainda foipreso ano passado, por medo que in-fluenciasse no seu julgamento, ocul-tando provas e/ou coagindo testemu-nhas, se livre estivesse.

Simon sempre

De um terço é a renovação no Se-nado. Ney Suassuna (PMDB), únicosenador envolvido no caso dos san-guessugas, foi superado por CíceroLucena (PSDB) que representará aParaíba por uma diferença de mais de70 mil votos. Em São Paulo, Eduar-do Suplicy se elegeu com uma mar-gem de 774 mil votos. AgneloQueiroz (PC do B), ex-ministro dosEsportes, perdeu no Distrito Federalpara Roriz (PMDB) ex-governador. Oex-presidente Sarney segue no Sena-do depois da vitória apertada noAmapá, diferença de 29 mil votos.Pedro Simon (PMDB) continua repre-sentando os gaúchos em Brasília, per-petuou o direito sobre MiguelRossetto (PT), ex-ministro do Desen-volvimento Agrário, com uma vanta-gem por volta de 300 mil votos. Alémdisso, Fernando Collor é o novo se-nador por Alagoas.

Homem do tempo

O mais votado dos deputados es-taduais foi o “ex-homem do tempo”da RBS-TV, Paulo Borges (PFL) quefez 113.151 votos. No segundo lugarpara Assembléia Legislativa do RioGrande do Sul ficou o presidente doGrêmio, Paulo Odone (PP), com83.680 votos. Raul Pont (PT), ex-pre-feito de Porto Alegre, renovou seucargo sendo o terceiro melhor coloca-do com 73.268 votos. Fato curiosofoi a eleição do cantor, do grupo mu-sical Comunidade Nin-Jitsu, ManoChanges pelo PP, com 42.671 votos,após uma ampla campanha no site derelacionamento Orkut. Deixou fora oex-governador Jair Soares. O P T, mes-mo sendo o mais votado, perdeu trêscadeiras em relação a 2002. O PFL,devido à grande votação de PauloBorges elevou o coeficiente eleitoral,passando de um para três. PDT ePMDB mantiveram as cadeiras.

Manuela D’ Ávila, a deputada mais votada do BrasilPPPPPOROROROROR M M M M MARIANAARIANAARIANAARIANAARIANA R R R R RAMOSAMOSAMOSAMOSAMOS

Os expressivos 271.939 votos querecebeu não foram suficientes paraManuela Pinto D’ Ávila se considerarum fenômeno eleitoral. “A votaçãoque obtive é reflexo do trabalho dequase dois anos na Câmara de Verea-dores e, principalmente, da solidez de84 anos de nosso partido. Não se tra-ta de ser um fenômeno eleitoral”, ana-lisa. Manuela esclarece que não vai tro-car de partido após assumir o manda-to de deputada na Câmara Federal: “OPC do B não vai mudar (em virtudeda cláusula de barreira) e eu não voumudar de partido. Este é o meu parti-do, o lado que estou, que meus eleito-res escolheram. Não vou abrir mãodo que acredito”.

O primeiro lugar na votação noEstado aumentou a curiosidade emtorno da jovem deputada de 25 anos,formada em jornalismo na Famecos ecom a matrícula trancada no sexto se-mestre de Ciências Sociais na UFRGS.Desde que se tornou a deputada commaior votação em todo o País admiteque jamais deu tantas entrevistas. Natentativa de repudiar os rótulos que aimprensa lhe atribui, ela se descreveigual aos outros jovens, que sonha emver seu país justo e soberano.

Manuela D’ Ávila é hoje uma dascoordenadoras da campanha de Lulano Rio Grande do Sul. Destaca queestá em jogo, no segundo turno, a es-colha de dois projetos absolutamentedistintos. “As forças agrupadas emtorno da candidatura de Lula queremaprofundar o desenvolvimento naci-onal e diminuir desigualdades sociaise regionais. O lado representado porAlckmin nos oferece um retrocesso aostempos da dependência e da subordi-nação aos interesses externos”.

Indagada sobre os escândalos vol-vendo o governo de Lula, Manueladiz que, em geral, foram poucos ossetores da imprensa que se preocupa-ram em apurar os fatos denunciados.“A grande mídia noticiou muitas de-núncias irresponsavelmente e não pro-curou checar suas procedências”, crê.

Os projetos políticos da agora de-putada comunista estão relacionadosdiretamente à educação. Garantir aqualidade, além do acesso e perma-nência dos jovens nas escolas e uni-versidades, é responsabilidade primor-dial de seu mandato. “Meu partidotem uma bancada muito representati-va na Câmara e com isso trabalhareijunto com outros deputados para odesenvolvimento do nosso estado epaís”, completou.

Juremir Machado da Silva atribuià legislação eleitoral a falta de qua-lidade na abordagem por rádio etelevisão, na campanha. “Participode vários debates, mas o que cons-tato é uma quase censura, por nãoser possível avaliar candidaturas epropostas partidárias”.

O DataMídia, grupo de análiseda cobertura dos jornais nas elei-ções , formado por a lunos daFamecos, sob a coordenação doprofessor Celso Schröder, con-cluiu que os meios de comunica-ção se pautaram pela divulgação eanálise das pesquisas eleitorais.Desse modo, pretenderam de-monstrar imparcialidade. Mesmoassim, o grupo observou que, aocontrário dos periódicos gaúchos,em outros estados, alguns veícu-los mostram pontos de vista fa-voráveis a este ou àquele candida-to.

Juremir Machado entende que,nos jornais, houve mais discussãoprogramática, sobretudo peloscolunistas, com a pluralidade deopiniões. Entretanto, “interessescomerciais” levaram os veículos anão adotar uma postura explícita,para satisfazer leitores. “O idealseria que um jornal, mesmo isen-to na sua abordagem, declarasseuma posição, mas com o cuidadode preservar a neutralidade da co-bertura”.

As duas siglas confirmam uma polarização partidária nacional de 12 anos consecutivos

PPPPPOROROROROR F F F F FÁBIOÁBIOÁBIOÁBIOÁBIO R R R R RAUSCHAUSCHAUSCHAUSCHAUSCHFERNANDA FELL/HIPER

PPPPPOROROROROR F F F F FERNANDOERNANDOERNANDOERNANDOERNANDO R R R R ROOOOOTTTTTTTTTTAAAAA W W W W WEIGEREIGEREIGEREIGEREIGERTTTTT

“O PC do B não vai mudar e eu não trocarei de partido”, garante a comunista recordista de votos

ELSON SEMPÉ PEDROSO/HIPER

Page 7: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 200688888 C I DC I DC I DC I DC I D A D EA D EA D EA D EA D E HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOO

Projeto estuda melhorias na IpirangaMoviman prevê medidas para reduzir os congestionamentos nas proximidades da PUCRS

PPPPPOROROROROR L L L L LARAARAARAARAARA H H H H HAUSENAUSENAUSENAUSENAUSEN M M M M MIZOGUCHIIZOGUCHIIZOGUCHIIZOGUCHIIZOGUCHI

Carona programada, sistema deinformação sobre o transporte pú-blico, painéis indicando a lotação dosestacionamentos junto à PUCRS efaixas exclusivas para transporte co-letivo são alguns dos projetos emestudo para reduzir os congestiona-mentos na avenida Ipiranga, em Por-to Alegre. O projeto Moviman, comrecursos da Comunidade Econômi-ca Européia, é executado pela Prefei-tura de Porto Alegre e tem o apoioda PUCRS e da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS).

Porto Alegre é uma das cidadesbrasileiras participantes do projeto eo foco agora é o entorno da PUCRS,onde circulam cerca de 100 mil pes-soas e 30 mil veículos por dia. A ten-dência é aumentar esse número, pio-rando mais o trânsito na região.

No dia 4 de setembro, foi reali-zado um evento, com a apresentaçãode propostas para que o trânsito emvolta da PUCRS pudesse melhorar.As palestras abordaram temas comoo uso da carona programada, a colo-cação de um painel que informasseaos usuários dos estacionamentos asua disponibilidade e como melho-rar a qualidade das calçadas.

O processo iniciou-se em 2005com pesquisas feitas com estudan-tes, empregados e clientes que circu-lam nessas áreas. A partir do estudofoi desenvolvido um projeto paramelhorar o tráfego da zona. Ques-tões sobre o meio de locomoção uti-lizado e a qualidade das calçadas fo-

Soluções incluem faixas exclusivas para ônibus e bicicletários

ram as bases para o início do projeto.Após, foram estudadas as duas ave-nidas mais críticas: a Ipiranga e a Ben-to Gonçalves. Estiveram em análisea quantidade de automóveis, ônibus,

transportes públicos e melhorias nasinalização vertical e horizontal tam-bém estão sendo analisadas.

Segundo a engenheira DanielaFacchini, há projetos em estudo eoutros já em fase de implantação. Éo caso do Sistema de Informações,que em breve fará parte das duas pa-radas da PUCRS, localizadas naIpiranga.

A equipe da UFRGS, que auxiliana realização do projeto, simulou ouso da carona programada através dequestionários respondidos por alu-nos, funcionários e professores daPUCRS e trabalhadores da FEPPS,empresa privada que se localiza naIpiranga. A pesquisa demonstrou “ogrande potencial de usuários destamedida, que pode beneficiar emmuito a rede de estudo, principal-mente nas entradas dos estaciona-mentos”, explica Daniela, que com-pleta: “Porém, esta medida ficou ape-nas na simulação, já que a real im-plantação necessita de um banco dedados interno das empresas e a ela-boração de um software paracompatibilizar as viagens”.

Daniela também frisa que, alémdessas medidas, é necessário realizarpalestras nas empresas para que hajauma constante educação econscientização dos usuários. O pro-jeto Moviman conta com recursosvindos da Comunidade Européia,que participa com aproximadamen-te 70% de um valor total de 150 mileuros. Porto Alegre contribui comos 30% restantes.

FERNANDA FELL/HIPER

Felinos à procura de um larPPPPPOROROROROR M M M M MANOELAANOELAANOELAANOELAANOELA S S S S SCROFERNEKERCROFERNEKERCROFERNEKERCROFERNEKERCROFERNEKER

O crescente número de gatosabandonados e maltratados temuma explicação: a falta de responsa-bilidade das pessoas. Organizaçõesnão-governamentais tentam contor-nar este problema, incentivando aadoção saudável.

Somente de janeiro a julho de2004, 2.739 animais foram recolhi-dos das ruas, segundo relatório doCentro de Controle Zoonoses(CCZ) de Porto Alegre. Desse nú-mero, 459 são felinos. Apesar dosdados não serem atuais, o problemaé cada vez mais preocupante. “Oabandono se apresenta em situaçõesonde a opção mais fácil é a de nãoresolver o problema, e sim fugirdele”, afirma a diretora de marketingdo Projeto Bicho de Rua, MarciaSimch.

A maior parte dos abandonosacontece no verão, período em que afêmea dá cria. Para evitar asuperpopulação de animais, a esteri-lização continua sendo a melhor so-lução. Além de aumentar alongevidade dos gatos em cinco anos,

evita que eles venham a ter outrasdoenças, como o câncer de útero emfêmeas. O valor para realizar a cirur-gia, entretanto, é muito caro. Pensan-do nisso, os hospitais veterinários daUniversidade Federal do Rio Grandedo Sul (Ufrgs) e da UniversidadeLuterana do Brasil (Ulbra) oferecemcastrações gratuitas, através demutirões. O primeiro aconteceu noem setembro, em parceria com oHospital Veterinário da Ufrgs, onde92 felinos foram esterilizados.

A Comissão de Saúde e MeioAmbiente (Cosmam) da Câmara deVereadores de Porto Alegre promo-ve, mensalmente, o Fórum peloBem-Estar dos Animais, em queprocura soluções para os problemasdos maus-tratos e abandono, entreoutros. Até agora, o Fórum já teve oprojeto que trata da posse responsá-vel, sancionado pelo prefeito JoséFogaça (PPS), e a lei que proíbe a uti-lização de animais em espetáculos decirco na cidade.

Enquanto resoluções efetivaspara amenizar a questão do abando-no não são encontradas, entidades

tentam contornar e minimizar o pro-blema, realizando feiras de adoções,a fim de que gatos ganhem um larsaudável para viver.

Existindo desde 1999 emPelotas, a SOS Animais encaminhadenúncia de maus tratos ao Ministé-rio Público e cooperam na elabora-ção de leis que protejam os animais.Desde a sua fundação, aproximada-mente 1000 animais foram encami-nhados para adoção. Para arrecadarfundos, a entidade realiza rifas e ven-da de adesivos. “Todos os nossosrecursos oriundos também das men-salidades dos sócios são gastos coma manutenção dos animais que ficamabrigados na nossa chácara”, salientaPaula Soares Ferro, presidente da SOSAnimais.

O problema do abandono degatos no Parque Farroupilha há maisde 40 anos foi solucionado com acriação, em 2001, do MovimentoGatos da Redenção. Até agora, maisde 300 felinos foram adotados e ou-tros 60 esperam pela adoção. En-quanto isso não ocorre, ficam soltose os filhotes e gatos doentes vivem

em gaiolas do Mini Zôo que o par-que possui. São oito voluntários tra-balhando diariamente, promovendofeiras de adoção, festas beneficentes ebrechós para arrecadar fundos. “Nos-sa meta é tirar todos os animais da-qui do parque, mas sabemos que essatarefa é difícil. Então, se pudermospelo menos diminuir esse número,já ficamos felizes”, destaca a volun-

Um problema: a proliferação de gatos em locais públicos

tária Taís Duranti Pereira.Apesar da falta de apoio gover-

namental, de estrutura e de dinheiro,as entidades trabalham paraconscientizar a população da impor-tância da esterilização e da adoção, naexpectativa de assegurar um poucode dignidade a esses animais, quetambém podem vir a ser o melhoramigo do homem.

lotações e caminhões que utilizamessas avenidas, além das velocidadesmédias nos horários de pico.

O estudante de Mestrado daUFRGS, Rafael Shimidt, propôs a

carona programada. “As pessoas quemoram perto e vão para o mesmolugar em horários parecidos utiliza-riam um único carro, diminuindo,assim, o número de veículos no ho-rário de pico”, ponderou.

O estudante ainda citou a utili-zação de um Sistema de Informa-ções, em que houvesse nas paradasde transporte público ou dentro dosônibus quadros informando os iti-nerários, guias das linhas com fre-qüências e horários, distribuição demapas das rotas, além dadisponibilização da informação naInternet.

Painéis indicativosO arquiteto Henrique Rocha, vin-

culado à PUCRS, sugeriu a colocaçãode painéis que informem a lotaçãodos estacionamentos utilizados porestudantes, funcionários, professo-res e visitantes da Universidade Ca-tólica. “Assim, as pessoas poderiamse dirigir diretamente para aquele queestivesse mais vazio”, explica. Os pa-inéis seriam colocados nas avenidasde maior movimento. Esse projetoproposto pela PUCRS, teve apoio doProjeto Moviman.

Ciclovias e bicicletários tambémestão sendo estudados pelo projeto.Antes de sua implantação, porém, énecessário saber a real utilização des-se meio pelas pessoas que circulamna área. Para os pedestres, as solu-ções encontradas foram a melhoriadas calçadas e das faixas de seguran-ça. A criação de faixas exclusivas para

JULIANA FREITAS/HIPER

Page 8: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006 99999 IPERIPERIPERIPERIPERTEXTTEXTTEXTTEXTTEXTOOOOOHHHHH ESPORESPORESPORESPORESPORTETETETETE

Capoeira: um esporte cheio de gingaNo início considerada marginal e agressiva, hoje a capoeira é praticada em academias e escolas

PPPPPOROROROROR P P P P PAAAAATRÍCIATRÍCIATRÍCIATRÍCIATRÍCIA L L L L LIMAIMAIMAIMAIMA

Genuinamente brasileira, acapoeira surgiu como um gritode liberdade entre os negros es-cravos vindos da África, por vol-ta dos séculos 18 e 19. Muitassão as hipóteses sobre sua ori-gem. A mais conhecida é quenasceu da mistura de rituais edanças das diversas culturas afri-canas em contato no Brasil. Po-rém, não existem documentosque comprovem essas teorias.

Após a abolição da escrava-tura em 1888, muitos negros fo-ram lançados nas cidades sememprego, tornando a capoeira omeio utilizado para a sobrevi-vência. Alguns ex-escravos ga-nhavam a vida fazendo apresen-tações em praça pública. Outrosa utilizavam para roubar e saque-ar. Foi assim que em 1890 a ca-

RAMON FERNANDES/HIPER

O esporte é mania entre homens e mulheres, mas o sucesso da capoeira é ainda maior com as crianças

Tradição, flexibilidade, ritmoe arte na academia popular

Tradicional no Brasil e no Mun-do, a Associação Brasileira de Apoioe Desenvolvimento da Arte-Capo-eira (Abadá-Capoeira), foi fundadapelo baiano Mestre Camisa. Hojeestá presente em todos os estadosbrasileiros e em 36 países, com maisde 100 mil membros.

O professor de educação físicaAlfredo Bermúdez, 24 anos, ou ain-da Psico, como é conhecido na ca-poeira, iniciou-se na prática há noveanos, por gostar da musicalidade,das acrobacias e dos movimentos doesporte. Esses elementos trazem vá-rios benefícios para o corpo como:agilidade, flexibilidade, resistênciamuscular localizada e auxiliam naperda de peso.

Dá aulas em academias, escolase pré-escolas para crianças a partirde três anos. Em uma aula para adul-tos, são ensinadas técnicas de umaforma objetiva. Para as crianças, osmovimentos são explicados de umamaneira lúdica. Os nomes dos mo-vimentos são modificados, para que

Os golpes e a surpresaOs golpes e a surpresaOs golpes e a surpresaOs golpes e a surpresaOs golpes e a surpresaO jogo da capoeira é o mo-

mento que o capoeirista apresen-ta o que aprendeu durante a práti-ca. Além de executar os golpescom um companheiro, entra emjogo a surpresa, pois não se sabeo que o outro vai fazer. Os golpesjá não são mais ditados pelo pro-fessor, por isso o capoeirista deveestar preparado e atento no jogodo outro para não ser atingido.

As rodas são ritmadas pelo to-que do berimbau que é a figuraprincipal numa roda de capoeira,

Uma filosofiaUma filosofiaUma filosofiaUma filosofiaUma filosofiade vidade vidade vidade vidade vida

Graduado, Psico diz que quan-do entrou na capoeira ela signifi-cava apenas um esporte. Com opassar do tempo percebeu que eramuito mais. “Meu professor, cos-tuma dizer que a capoeira é o jogoda vida, pois muitas das situaçõesque ocorrem na roda podem sercomparadas com situações que en-contramos no cotidiano. A formacomo encaramos estas situações ea nossa postura na roda refletemmuito a nossa personalidade e onosso caráter”, expl ica. “NaAbadá, compara-se o capoeiristacom um camaleão, que muda con-forme a situação. Como a capoeiraque se modifica com o tempo, semperder suas tradições e rituais”.

“Hoje sou um profissional dacapoeira e espero poder passarpara os meus alunos tudo aquiloque aprendi através dela.” A me-lhor definição sobre o que é a ca-poeira foi dada pelo grande Mes-tre Pastinha: “Capoeira é tudoaquilo que a boca come”, conclui.

ORIGEM DO NOMEA origem do nome vem dos

capoeiros que eram lugares compouco mato onde os negros fugi-dos enfrentavam seus perseguido-res. Outra definição é que capo-eira seria uma pequena perdiz ha-bitante das matas brasileiras.

OS ESTILOS

poeira foi considerada fora da leipelo Código Penal republicano.

No governo Getúlio Vargas,década de 1930, medidas foramtomadas para conquistar a sim-patia da população, como a li-beração de uma série de mani-festações populares. Vargas con-vidou Mestre Bimba criador dacapoei ra reg iona l , para umaapresentação no Palácio do Go-verno. Per mit indo, assim, aabertura da primeira academiade capoeira legalizada do mun-do, denominada “Centro de Cul-tura Física e Regional Baiana”.Como não levava a palavra Ca-poeira no nome, ela não tinhacomo ser proibida.

A partir de 1972 foi reconhe-cida como esporte, se espalhan-do pelo Brasi l , na década de1980.

sejam compreendidos mais facil-mente. “Muitos movimentos ga-nham o nome de animais, algo quea criança gosta muito”, comenta.

Ele explica, ainda, que a capoei-ra ajuda muito no desenvolvimentomotor e cognitivo da criança. “Tra-balhar com crianças é maravilhoso,pois elas estão sempre nos surpre-endendo. Às vezes ela reproduz ummovimento, só de olhar, sem quevocê tenha ensinado. Ou você pedeum movimento e ela cria outro di-ferente”, diz o professor.

Com o público adulto é diferen-te, conforme Psico. Em uma mes-ma turma, é possível encontrar pes-soas com os mais diversos objeti-vos no aprendizado da capoeira.Alguns treinam para seremcapoeiristas profissionais, outrosbuscam saúde ou lazer.

“Muitos chegam para conhecere acabam se apaixonando por essaarte, que nos ensina um pouco dahistória e cultura do nosso povo”,explica.

RAMON FERNANDES/HIPER

Angola: jogada num ritmo rastei-ro, lento e malicioso, é mais antiga;Regional: Jogo mais em pé, comgolpes mais rápidos e objetivos.

dando tom ao ritmo das cantigas.Ele comanda o toque a ser execu-tado de acordo com a ocasião. Obatizado representa o momentoem que o indivíduo recebe sua pri-meira graduação na capoeira.

Os capoeiristas são graduadosde acordo com os seus conheci-mentos e com o tempo na prática.É representada por uma corda,amarrada na calça do jogador.Cada grupo define o conjunto dascores que irá representar sua gra-duação.

RAMON FERNANDES/HIPER

Page 9: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 20061 01 01 01 01 0 VVVVVAR I EDAR I EDAR I EDAR I EDAR I EDADESADESADESADESADES HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOOCULTURA

O livro Harry Potter e o PríncipeMestiço vendeu 6,9 milhões de exem-plares apenas no primeiro dia de lan-çamento, cerca de 250 mil por hora.O Código da Vinci teve mais de 60milhões de cópias ao redor do mun-do. Tamanho sucesso coloca esses li-vros como exemplares da worldliterature, tal qual definiu o escritor ecrítico literário francês Pierre Lepape.

Nesta categoria, o sucesso dasobras é medido pelo volume de suasvendas, sem depender necessaria-mente do reconhecimento pela suaqualidade. “A idéia é de uma litera-tura palatável para todos os gostos,que seja bem aceita em todos os lu-gares”, define o escritor e professorda PUCRS, Juremir Machado da Sil-va.

Para Pierre Lepape, o principal dofenômeno é a mudança visível de prio-ridades. Em termos comerciais, em vezde se concentrar na qualidade do pro-duto (livro), o que passou a ter maisimportância é o volume esperado dedemanda (a quantidade de pessoas quepodem se interessar). Ou seja, quantomais vendas melhor, independente daqualidade.

Isso não significa, entretanto, queapenas livros ruins podem fazer partedessa megaindústria cultural. “O Nomeda Rosa, de Umberto Eco, é um livromuito bom e com ótimas vendas. Tra-ta-se da consagração de um escritor, pro-duzir algo de alto nível e que seja bemaceito pelo público. Também é o casode outros autores, como Paul Auster”,explica o escritor e professor Luiz An-tonio de Assis Brasil.

De fato, os primeiros livros quepodem ser considerados como best-sellers planetários são os romancespoliciais – Agatha Christie, PatriciaCornwell – obras em geral bem es-critas. Autores como Milan Kundera,Gabriel García Márquez e Philip Roth,por exemplo, seguiram um caminhodiferente para entrar na indústriamundial.

Primeiro foram reconhecidoscomo grandes escritores, para depoisfazerem sucesso nos mais diferentespaíses. “Qualquer livro, do melhorao pior, pode entrar na world literature.Basta que aqueles que decidem (asmultinacionais de comunicação esuas cadeias de jornal, televisão, cine-ma) vejam na obra elementos de se-dução para as diversas culturas e, alémdisso, não encontrem obstáculos àsua propagação”, constata Lepape.

Risco à diversidade

O fenômeno carrega um aspectopreocupante. Chefe da editora ameri-cana The New Press e antigo diretorda francesa Pantheon, André Schiffrin,afirmou recentemente que hoje, nosEstados Unidos, nenhum grandeeditor correria o risco de publicarWillian Faulkner. É sensato imaginarque o mesmo raciocínio possa seraplicado a outros escritores com ven-das imprevisíveis, como James Joyceou Robert Musil.

O francês Pierre Lepape enxergaum perigo à diversidade literária. “Acriação e o desenvolvimento demultinacionais da comunicação reduza diversidade e a agilidade da ofertaeditorial. Pode existir uma seleção que

PORPORPORPORPOR R R R R RODRIGOODRIGOODRIGOODRIGOODRIGO R R R R RIBEIROIBEIROIBEIROIBEIROIBEIRO

Literatura de consumo mundial vende milhões de exemplares

tire das livrarias obras com vendas fra-cas ou lentas”.

Mas não há apenas visões pessi-mistas sobre a world literature. Mos-trando-se otimista com os rumos daescrita contemporânea, o escritor LuizAntonio de Assis Brasil ressalta queo público é quem decide o que desejaler. Para ele, os livros bem feitos terãosempre o seu espaço. Ele lembra, in-clusive, que existem pessoas cuja por-ta de entrada no mundo dos livros sedeu por best-sellers bastante criticados.

A partir de 27 de outubro até 12de novembro, todo dia será dia deFeira do Livro de Porto Alegre na Pra-ça da Alfândega. A 52º edição temcomo patrono Alcy José de VargasCheuiche, um dos autores do cursode extensão em Literatura Gaúcha daFaculdade de Letras da PUCRS.

Alcy Cheuiche nasceu em Pelotasem 21 de julho de 1940, mas foi Ale-grete que se tornou sua terra adotivaaos quatro anos de idade: lá começoua amar a vida no campo, ler e escrever.

Formado em Veterinária, foi es-tudar em Paris. De lá, seguiu parauma pós-graduação na Alemanha.Críticos literários afirmam que a obra-prima de Cheuiche está na romancehistórico, sendo seu melhor expo-ente Sepé Tiarajú – Romance dos SetePovos das Missões (1978), publicado na

Alfândega volta a sera praça das palavrasPPPPPOROROROROR R R R R RAÍSSAAÍSSAAÍSSAAÍSSAAÍSSA G G G G GENROENROENROENROENRO Alemanha e editado também em

quadrinhos aqui no Brasil.Para ele, a explicação do sucesso é

de que quando escreveu Sepé Tiarajuestava consciente do que desejava:contar os principais fatos sobre asMissões Guaranis de uma maneirapara-didática, isto é, fazer com que aficção não interferisse na realidadedos fatos históricos. “Já nesse livro,a crítica percebeu que foi o primeiroromance sobre os nossos índios des-de o século 19. Mas bem diferente ecom outra intenção que O Guarani,de José de Alencar, graças a Deus!”,afirma o escritor.

Na hora de escrever, ele conta queprecisa se sentir cativado pelo tema, poisirá dedicar dois a três anos de pesquisae redação ao livro. “Ana Sem Terra, porexemplo, nasceu de uma pergunta queeu fiz a mim mesmo: se a Ana Terrado Erico Veríssimo chegasse hoje ao

Rio Grande do Sul, numa carreta debois e sem recursos, onde iria parar?Certamente debaixo da lona preta dossem-terra. A partir dessa idéia, foi pre-ciso estudar a fundo a questão agrária ecom ela toda a problemática social epolítica brasileira, principalmente noperíodo ditatorial de 1964/1985, épo-ca em que se passam os principais acon-tecimentos do livro”.

Apesar do envolvimento com aliteratura a paixão pela Veterinária nãofoi deixada para trás, tanto que ele édiretor, junto com a esposa MariaBerenice Gervasio, da revista A HoraVeterinária, feita em convênio cultu-ral com a França e que recentementecompletou 22 anos de publicação.

Entre outras entidades culturais,é membro vitalício da AcademiaRio-Grandense de Letras e sóciofundador da Associação Gaúcha deEscritores. Alcy Cheuiche, o patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 2006

“Conheço vários casos de indivíduosque começaram na leitura com PauloCoelho, e depois mudaram. Passarama escolher autores como GracilianoRamos, por exemplo, e perceberamque era melhor”, relata.

Funcionário do sebo Martins Li-vreiro há 23 anos, Ivo AlbertoAlmansa tem opinião semelhante.Para ele, os grandes clássicos da litera-tura têm lugar reservado einsubstituível na preferência de mui-tos leitores. Com a experiência de

NICOLAS GAMBIN/HIPER

FERNANDA PUGLIERO/HIPER

Feira começa dia 27 e termina em 12 de novembro

quem passou mais de duas décadastrabalhando com livros, ele não crêque haja perigo de um retrocesso nonível das obras por causa dos best-sellers. “Os bons livros sempre existi-rão. Eu sou um exemplo. Podem atéme pagar que mesmo assim eu nãoleria livros do Paulo Coelho, ou deficção científica. Da mesma forma quehá quem ame esse tipo de publicação,existem também aqueles que adoramos grandes livros. Cada categoria terásempre o seu espaço”, conclui.

O livro como um negócio globalizado, independente da qualidade do produto

Page 10: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006 1111111111C U LC U LC U LC U LC U LT U R AT U R AT U R AT U R AT U R A IPERIPERIPERIPERIPERTEXTTEXTTEXTTEXTTEXTOOOOOHHHHH

Talento no uso das palavras une três mulheres jornalistas apaixonadas pelo que fazem

Elas não escolheram cursar Le-tras, nem tão pouco imaginavam queseriam escritoras. O jornalismo foi aprimeira opção dessas meninas, masa paixão e o talento pela escrita fize-ram Renata Peppl, Manuela Sawitzke Eliane Brum seguirem distintoscaminhos, ambos de sucessos.

O sorriso espontâneo ilumina orosto e revela o jeito despojado deser. Sinais de uma personalidade forteque se divide entre as palavras dopalco e as palavras do jornalismo.Renata Peppl, estudante do últimosemestre de jornalismo da PUC, dei-xa à mostra o que leva para suas pe-ças de teatro. Com apenas 24 anos,Renata já escreveu duas histórias quefizeram sucesso em casas teatrais dePorto Alegre:Solteríssima e Casadíssi-ma. Como se não fosse suficiente,ainda atua nas duas montagens. Ainspiração veio, segundo ela, da suaprópria vida, “com 18 anos me sen-tia encalhadissíma e resolvi escrever”,brinca.

Na época, Renata fazia teatro naCompanhia Teatro Novo, na Capi-tal, e escreveu a história das trapalha-das de Susane para arranjar um na-morado em apenas uma noite. Acontinuação veio com Casadíssima,peça cuja temporada foi encerrada emjulho último, o que resultou no ca-samento da personagem, conformepedido do público. Agora, veio asurpresa: o produtor carioca IsraelLinhares resolveu levar a peça para oRio de Janeiro. “Não queria trancarnovamente a faculdade, mas essa éuma experiência irrecusável”, desaba-fa a autora e estudante.

Apesar da inclinação para escre-ver divertidas ficções, Renata se dizapaixonada pela profissão que esco-lheu. “Minha primeira paixão sem-pre foi o jornalismo. No teatro, ascoisas foram acontecendo, mas sem-pre quis ser jornalista”. Desde crian-ça, Renata gostava de escrever e sem-pre teve o apoio do pai coruja. Oprimeiro conto? “O boto rosa”, con-ta entre risos.

Utopia ganha formaDa mesma forma, as letras con-

quistaram a jornalista Manuela Sa-witzk ainda na adolescência, quandocomeçou a esboçar textos como for-ma de se expressar. Encantada como poder das palavras, esse interesse afez abraçar o jornalismo como for-mação profissional.

“Contar histórias através daprofissão era algo heróico e uma for-ma de poder trabalhar com a pala-vra”, conta. Escrever profissional-mente era mais uma utopia de me-nina do que um objetivo concreto.Hoje, Manuela já tem um livro pu-blicado e uma peça teatral que esteveem cartaz de maio a julho deste anoem Porto Alegre, chamada Calami-dade. A obra Nuvens de Magalhães, es-crita em 2002, começou a ser escritaquando ainda estava na faculdade.“O professor Juremir Machado foium grande incentivador, sempre liameus textos, elogiava e me encora-java a escrever”, lembra com carinho.Com o apoio do então secretário deCultura Charles Kiefer, com quemfazia estágio, a obra pode se tornarrealidade. “Ele me deu muita força eajudou a publicar meu livro. Sem ele,

não teria conseguido”.A inspiração para escrever não

nasce apenas como resultado das ex-periências pessoais, como foi o casoda criação da cômica personagem deRenata. Observar, ouvir, perceber,tudo é inspiração para Manuela, queaproveitou essas qualidades para cri-ar seu romance.

“Acho que não tenho talentopara ser repórter. Gosto de escrever

histórias e prezo o tempo que tenhopara escrevê-las”, admite. Formadaem 2004, a escritora sempre traba-lhou na área de assessoria cultural eatualmente atua no setor que cuidada programação artística do TheatroSão Pedro. Além disso, também co-labora para a Revista Aplauso, ondeescreve uma série de artigos sobre avida e a obra de Mário Quintana.

A jornalista conta que descobriu

Jovens escritoras contam suas histórias

“Olhar significa sentir o cheiro,tocar as diferentes texturas, perceberos gestos, as hesitações, os detalhes,apreender as outras expressões doque somos... Olhar é um ato de si-lêncio”. Palavras de uma jornalista quecrê em uma forma de contar históri-as diferente do jornalismo clássico.A menina tímida que quase marcouCiências da Computação quando fezinscrição para o vestibular, hoje defi-ne sua escolha como a “melhor pro-fissão do mundo”. Ela estará profe-rindo palestra para os alunos de Jor-nalismo da Famecos, em 28 de ou-tubro, pela manhã, e no dia seguin-

te, autografa na Feira do Livro.A jornalista Eliane Brum, que se

formou na Famecos e até o últimoano era descrente de sua capacidadepara escrever, publicou neste ano Avida que ninguém vê. A obra é um apa-nhado das melhores crônicaspublicadas na Zero Hora, no finaldos anos 90. A coluna das crônicastinha o mesmo nome do livro. Eramhistórias de pessoas que geralmentenão teriam espaço como notícia, pes-soas normais, dramas anônimos,que aos olhos da repórter tornavam-se vidas extraordinárias.

Essa percepção ela deve a umprofessor da faculdade que a ajudoua despertar para sua potencialidadede escrever bem. “Ele mudou a mi-nha vida”, afirma convicta. Duranteum estágio com o professor Mar-ques Leonam, Eliane escreveu a re-portagem Esperando na fila da exis-tência e conta que ele adorou. “Eu vique realmente sabia escrever”. Em1988, o texto foi premiado no SetUniversitário.

Desde 2000, Eliane trabalhacomo repórter da revista Época, emSão Paulo, e tem outro livro publica-do em 1994. Coluna Prestes – O avessoda lenda foi fruto de uma vigem emque a repórter refez a trajetória, poronde passou o exército de CarlosPrestes nos anos 20, entrevistando opovo pelo caminho. Estilo Eliane defazer seus textos, como ela mesmadiz no seu último livro: “Sempregostei das histórias pequenas, das quese repetem, das que pertencem à gen-te comum”. O próximo livro, pre-visto para março de 2007, terá umacoleção das melhores reportagens quefez para revista Época.

Gostar da leitura foi uma dasparticularidades que acredita ter in-fluenciado no seu talento. “Quandoera menina, me trancava no quartocom quatro ou cinco livros e ficavalendo”. Eliane nunca escreveu ficção,mas lembra bem do único romanceque criou. Era a autobiografia de umabarata, aos nove anos. “Esse, graçasa Deus, nunca foi publicado”, ri ela.

Um olhar diferente de Eliane Brum

Renata já escreveu duas histórias que fizeram sucesso em Porto Alegre: Solteríssima e Casadíssima

ELSON SEMPE PEDROSO/HIPER

PORPORPORPORPOR S S S S SABRINAABRINAABRINAABRINAABRINA S S S S SILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRA

outras formas de usar seu talento,tanto através do teatro, quanto emum de seus atuais trabalhos comoroteirista. Quanto aos planos para opróximo livro, que está pronto eaguarda publicação, o mais impor-tante é a paciência. “Quero fazer maispor esse livro. Aprendi muito comNuvens de Magalhães”. E o futuro, “cer-tamente estará ligado à palavra. Es-tou muito feliz”.

Lançamento do livro com textospublicados em Zero Hora

FERNANDA FELL/HIPER

Page 11: Capoeira - projetos.eusoufamecos.netprojetos.eusoufamecos.net/.../2013/04/cod1_60hipertexto_2006_10.pdf PÁGINA 10 Liberada vacina do câncer de colo do útero A praça é dos leitores

PPPPPorto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006orto Alegre, outubro de 2006 HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXT1212121212 PONTPONTPONTPONTPONTO FINALO FINALO FINALO FINALO FINAL OOOOO

Chope une festasalemãs no mundoOktoberfest, em outubro, seguiu modelo original

PPPPPOROROROROR T T T T TATIANAATIANAATIANAATIANAATIANA F F F F FELDENSELDENSELDENSELDENSELDENS

Com a cidade e o parque decorados, SantaCruz do Sul recebeu este ano recorde de públi-co nos 11 dias da maior celebração germânicado Estado: a Oktoberfest. Mais de 422 milpessoas cantaram e dançaram ao som debandinhas alemãs na 22ª edição do evento quemantém a idéia original de celebração dos cos-tumes germânicos, apesar das influências deoutras culturas locais.

Os números falam por si. Segundo a orga-nização do evento, foram 2,8 mil dançarinosem mais de 80 grupos folclóricos que brilha-ram na segunda maior celebração alemã doBrasil e a maior do Rio Grande do Sul. Alémda sonoridade vinda de vários cantos do País,as danças típicas e a gastronomia apurada, re-pleta de wurtz (salsichas), Sauerkraut (chucrute)e Kuchen (cucas), contribuíram para intensifi-car as semelhanças entre a festa realizada há pelomenos dois séculos no velho mundo.“Estamos muito felizes com o resultado dafesta, que se confirma como a maior do gênerono Estado”, sintetizou o presidente da 22ªOktoberfest, Ruben Toillier.

Consagrada como a festa mais tradicional

da Alemanha, a Oktoberfest teve início na ci-dade de München (Munique), no Estado daBavária, no começo de 1800. Hoje, existe empraticamente todos os continentes, seguindoas linhas de imigração alemã para o mundo.Além de ponto de referência e palco para a ex-pressão da cultura germânica, o evento celebraa estima pela cerveja. Poucos sabem, mas a fa-mosa “Bier” já foi proibida no evento. Em2006, mais de 177 mil litros de chope foramconsumidos em Santa Cruz do Sul. Na versãoalemã, em Munique, superou sete milhões.

O excesso no apreço pela bebida (abusoetílico) tende a causar mal estar e complicaçõesaos foliões, principalmente em adolescentes atra-ídos pela fácil aquisição da bebida no evento.Nos postos de venda, em respeito à lei, umafaixa diz: “É proibida a venda de bebida alcoó-lica para menores de 18 anos”. Mas, um dosbalconistas que preferiu não se identificar reco-nheceu: “não há condições de controle”. AOktoberfest não se define apenas pelo consu-mo de cerveja, como é o propósito de muitos.Antes que a primeira gota de cerveja saia dosbarris de chope, a festa se inicia com o tradicio-nal desfile de abertura. Carros típicos, como o

Bierwagen e a bicicleta Zick Zack Zuck, circulampela cidade convidando os moradores a prestigiarmais uma edição. Saúdam o público com dança,comida, música e diversão garantida.

Casamento do Rei Luis IA Oktoberfest teve início em 12 de outu-

bro de 1810, quando o Rei Luis I, mais tardeRei da Baviera (Bavária), casou-se com a prince-sa Tereza da Saxônia. Para festejar o enlace, or-ganizou uma corrida de cavalos. O sucesso foitanto, que a festa passou a ser realizada todosos anos com a participação do povo da região.Em homenagem à princesa, o local foi batiza-do com o nome de Gramado de Tereza.

Em 1940, a festa ganhou nova dimensão

com a chegada a Munique do primeiro tremtransportando visitantes para o evento. Com aexpansão, passaram a ser montadas barracascom comidas típicas e promovidas várias atra-ções. Neste local apareceram também os pri-meiros fotógrafos alemães, que ali encontra-ram um excelente ambiente para fazerem suasexposições. A cerveja, proibida nos primeirosanos, só começaria a ser servida em 1918.

Em conseqüência das guerras e devido àepidemia de cólera, a Oktoberfest ficou 25 anossem ser promovida. Desde 1945 é realizadaininterruptamente, tendo se convertido namaior festa popular do mundo, recebendoanualmente cerca de 10 milhões de turistas vin-dos de todo o planeta.

MANUELA KANAN/HIPER