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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: http://www.researchgate.net/publication/264235602 O NOVO INCONSCIENTE E A TERAPIA COGNITIVA CHAPTER · FEBRUARY 2012 READS 739 1 AUTHOR: Marco Callegaro Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva 4 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE Availablefrom: Marco Callegaro Retrieved on: 12 December 2015

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ONOVOINCONSCIENTEEATERAPIACOGNITIVA

CHAPTER·FEBRUARY2012

READS

739

1AUTHOR:

MarcoCallegaro

InstitutoCatarinensedeTerapiaCognitiva

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O NOVO INCONSCIENTE E A TERAPIA COGNITIVA

Marco Montarroyos Callegaro

INTRODUÇÃO

Neste capítulo, explora-se a utilidade do conceito de processamento inconsciente

na estrutura teórica da Terapia Cognitiva, em especial na Terapia focada no Esquema

(Schema Therapy) de Jeffrey Young (1990; 1999), uma abordagem integrativa que

expande a Terapia Cognitivo-Comportamental tradicional (Young, Klosko & Weishaar,

2003). Examinaremos alguns conceitos da Terapia Cognitiva contemporânea e da Terapia

Focada em Esquemas, procurando demonstrar sua relação com o processamento

inconsciente. O modelo do novo inconsciente (new unconscious framework) será

apresentado e integrado como fundamento subjacente dos construtos teóricos da Terapia

Cognitiva e da Terapia Focada em Esquemas. Procura-se ilustrar alguns aspectos do novo

modelo do inconsciente com exemplos clínicos e estabelecer relações com conceitos

familiares aos terapeutas cognitivos como pensamentos automáticos, distorções

cognitivas, esquemas disfuncionais e mecanismos de evitação cognitiva, comportamental

e afetiva.

ASPECTOS HISTÓRICOS

Na visão atual das neurociências sobre o funcionamento do sistema cérebro-

mente, a maior parte da atividade mental é inconsciente e apenas uma pequena parte está

envolvida nos processos mentais conscientes (Damásio, 1999, 2000, 2003; Squire &

Kandel, 2003; Schacter, 2003; Squire, 1987). Na tradicional concepção Freudiana, esta

idéia é representada na metáfora do iceberg como modelo da mente, onde a maior parte

está submersa e a atividade mental consciente corresponderia ao topo visível. Embora a

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metáfora do iceberg seja válida, o modelo detalhado sobre o funcionamento mental

inconsciente que Freud concebeu, o inconsciente dinâmico, em sua maior parte não

corresponde aos conceitos atuais em Terapia Cognitiva. A evidência sobre os principais

componentes do inconsciente dinâmico não pode ser observada, mensurada com precisão

ou manipulada experimentalmente, tornando as hipóteses infalsificáveis (Hassan, 2005).

A maior parte da atividade mental é composta por computação neural inconsciente, mas

este processamento não corresponde ao conceito de inconsciente dinâmico, o que exige

uma nova formulação, um “novo inconsciente” (Hassin, Uleman e Bargh, 2005).

Do ponto de vista da história das idéias sobre o inconsciente, verifica-se que a

hipótese freudiana desde sua popularização foi o único referencial abrangente disponível,

uma vez que nenhuma teoria científica alternativa tinha sido formulada para explicar o

funcionamento mental inconsciente. No entanto, por volta década de 1980, a revolução

cognitiva na psicologia estava atingindo seu ápice, e a metáfora favorita para a mente era

o computador. Na literatura de ciências cognitivas e neurociências, cresciam as pesquisas

sobre processamento inconsciente nas áreas de “processos automáticos”, ou “memória

implícita”. Foi neste contexto que surgiu pela primeira vez a proposta de uma visão sobre

a mente inconsciente baseada nas ciências cognitivas, um modelo que foi chamado de

“Inconsciente Cognitivo”.

Esta nova teoria sobre os processos inconscientes, diferente da concebida por

Freud, foi formulada pelo psicólogo John Kihlstrom, que cunhou a expressão

“inconsciente cognitivo” em um artigo publicado na revista Science (Kihlstrom, 1987).

Fundando-se no conceito de mente como mecanismo de processamento de informação,

Kihlstrom utilizou a teoria computacional, a Psicologia Cognitiva e as Ciências

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Cognitivas como substrato teórico para entender o funcionamento consciente e

inconsciente. Para Kihlstrom, o funcionamento mental envolve processos inconscientes e

conteúdos conscientes. Os conteúdos conscientes provêm do processamento de

informações, mas não estamos conscientes do processamento em si, somente do resultado

final.

O inconsciente cognitivo apresentou-se como um modelo alternativo sobre a

mente inconsciente. A idéia central de Kihlstrom sobre o funcionamento do

processamento inconsciente é a de que o cérebro efetua muitas operações complexas cujo

resultado pode se transformar em conteúdo consciente, embora não tenhamos acesso às

operações que originam este conteúdo (Kihlstrom, 1984, 1985; Kihlstrom & Cantor,

1984). Segundo Kihlstrom (Glaser & Kihlstrom, 2005), desde sua formulação pioneira,

várias pesquisas importantes expandiram ainda mais o modelo inicial. Estudos

demonstraram que respostas avaliativas podem ocorrer automaticamente, e que esta

avaliação automática é um fenômeno comum. O afeto passou a ser enfocado, expandindo

a noção inicial, com ênfase predominantemente cognitiva, para um novo modelo, onde

todos os principais processos mentais podem operar automaticamente. Esta nova

conceitualização inclui processos como perseguição inconsciente de metas, por exemplo.

Segundo Uleman (2005, p. 6), as principais diferenças entre o inconsciente cognitivo e o

novo modelo estão relacionadas à ênfase na pesquisa do processamento inconsciente

envolvido no afeto, motivação, auto-regulação, e mesmo controle e metacognição.

Este novo modelo tem seu marco fundamental a partir do livro The New

Unconscious (Hassin, Uleman & Bargh, 2005), obra na qual os pesquisadores mais

importantes da área que examinam o novo conceito do inconsciente do ponto de vista

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social, cognitivo e neurocientífico, mostrando um quadro onde os processos inconscientes

podem perseguir metas e realizar processamento complexo de informação.

O novo modelo do inconsciente, ou como denominaremos doravante, o novo

inconsciente, é a alternativa teórica mais coerente e compatível com os fundamentos

científicos e epistemológicos da Terapia Cognitiva contemporânea. Não é possível

acomodar os conceitos psicanalíticos do inconsciente dinâmico com a teoria e pesquisa

de TC, uma vez que a psicanálise ou terapias de base dinâmica são as práticas que, em

nível psicoterápico, correspondem ao emprego destes conceitos, como, por exemplo, a

livre associação. O novo inconsciente é o modelo de funcionamento inconsciente que

oferece fundamento compatível com as teorias cognitivas.

Na literatura de Terapia Cognitiva, existe tendência de evitar o uso do termo

“inconsciente” pela conotação psicanalítica que invariavelmente é associada a este

conceito, empregando-se termos como processos automáticos ou implícitos. No entanto,

se utilizarmos o modelo do novo inconsciente como referencial teórico de suporte,

podemos empregar vantajosamente o termo “inconsciente” na teoria e pesquisa em

Terapia Cognitiva. Analisaremos a seguir a relação entre o novo inconsciente e um dos

conceitos mais utilizados em terapia cognitiva, a noção de esquema.

ESQUEMAS DISFUNCIONAIS INCONSCIENTES

Segal (1988) definiu um esquema como um conjunto de “elementos organizados

de reações e experiências passadas que formam um corpo de conhecimento relativamente

coeso e persistente, capaz de guiar a percepção e a avaliação subseqüente” (p.147).

Conforme Beck (1982/1979), o conceito de esquema em Terapia Cognitiva refere-se a

uma rede estruturada e inter-relacionada de crenças que podem ser ativadas ou

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desativadas conforme a presença ou ausência de experiências estressantes. Um esquema é

uma estrutura cognitiva que processa informação e que

(...) filtra, codifica e avalia os estímulos aos quais o organismo é submetido...

Com base na matriz de esquemas, o indivíduo consegue orientar-se em relação ao

tempo e espaço e categorizar e interpretar experiências de maneira significativa

(Beck, 1967, p. 283).

Em relação ao processamento inconsciente, Beck (1967) argumenta que os

esquemas disfuncionais podem explicar o fenômeno da repetição de padrões de

comportamento que os psicanalistas identificaram clinicamente, e sobre o qual Freud

teorizou. As imagens, sonhos e associações livres apresentam temas recorrentes ligados

aos esquemas, que podem ficar inativos e depois serem “energizados ou desenergizados

rapidamente, como resultados de mudanças no tipo de input do ambiente” (p. 284). Os

esquemas disfuncionais podem infiltrar-se na arquitetura mental do sujeito e passar a

conduzir sua forma de interpretar os acontecimentos, resultando em uma percepção

distorcida e tendenciosa, refletindo-se “nas típicas concepções errôneas, atitudes

distorcidas, premissas inválidas, metas e expectativas pouco realistas” (p. 284).

Podemos seguramente concluir que esquemas disfuncionais são mecanismos

inconscientes, mas de um novo inconsciente, não do inconsciente dinâmico da

psicanálise. A razão principal que leva os teóricos a evitarem o termo é, provavelmente, o

cuidado para evitar confusão conceitual ocasionada por um problema semântico – o

termo inconsciente praticamente subentende o inconsciente dinâmico concebido e

popularizado por Freud. O terapeuta cognitivo Arthur Freeman (1998) argumenta que os

esquemas são mecanismos inconscientes que afetam nosso comportamento, cognição,

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fisiologia e emoções, e se tornam, com o passar do tempo, a própria definição da pessoa

(individualmente e como parte de um grupo). Referindo-se aos esquemas, Freeman

acredita que “pode-se dizer que eles são inconscientes, usando-se uma definição do

inconsciente como idéias das quais não temos consciência” (p. 32). Ou seja, os esquemas

podem ser adequadamente descritos como mecanismos inconscientes, se adotarmos a

noção de um novo inconsciente.

Os esquemas manifestam-se em padrões complexos de pensamentos, que são em

geral empregados mesmo na ausência de dados ambientais, e podem servir como um

mecanismo cognitivo que transforma os dados que chegam, fazendo com que fiquem em

conformidade com idéias preconcebidas (Beck, 1963; 1964; Beck & Emery, 1985).

Na terapia cognitiva, são examinados os pensamentos automáticos do paciente

para conceitualizar o caso, inferindo-se as crenças condicionais e as centrais, que refletem

esquemas implícitos mais antigos, os esquemas iniciais desadaptativos. Os pensamentos

automáticos são resultados conscientes do processamento esquemático inconsciente, que

emerge na vida mental explícita como imagens ou pensamentos verbais. Produtos

declarativos do processamento inconsciente, os pensamentos automáticos são resultado

da tradução em palavras, ou em imagens mentais conscientes, dos resultados da operação

de mecanismos de avaliação implícitos, produzidas por esquemas tácitos. Quando

distorcidos e enviesados, os pensamentos automáticos são chamados de disfuncionais,

enquanto aqueles que refletem a realidade e encontram corroboração em evidências não

recebem atenção clínica, por serem considerados funcionais. Os pensamentos

automáticos disfuncionais podem ser reavaliados pelo pensamento consciente e assim

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reestruturados, ocasionando novas interpretações mais condizentes com a realidade e

mais adaptativas.

No caso de pacientes com psicopatologias, falhas características no

processamento de informação mantêm distorções nas experiências de vida, e Beck adotou

o termo distorções cognitivas para descrever o conjunto de erros sistemáticos de

raciocínio presentes durante o sofrimento psicológico (Beck, 1987; Beck, Rush, Shaw &

Emery, 1982/1979). As crenças disfuncionais são perpetuadas através das distorções,

modos mal-adaptativos de processar informações como, por exemplo, a hipervigilância

em relação a ameaças ambientais dos pacientes ansiosos ou a excessiva e indevida

responsabilização pessoal pelas falhas e erros cometidos pelos sujeitos com depressão.

Apesar do desuso do termo “inconsciente” pela conotação psicanalítica que está

freqüentemente associada a esta expressão, adotando o modelo do novo inconsciente

podemos relacionar os modelos cognitivos da TC com o processamento inconsciente.

Veremos a seguir que os modelos cognitivos podem úteis para compreender os processos

mentais inconscientes (Hassin, Uleman & Bargh, 2005) e para o desenvolvimento de

técnicas e estratégias terapêuticas eficazes na modificação dos resultantes padrões

disfuncionais cognitivos, comportamentais e emocionais.

TC E PROCESSOS MENTAIS INCONSCIENTES

A Associação Americana de Psicologia (American Psychology Association –

APA) realizou em 2000 a sua convenção anual em Washington, onde ocorreu um

encontro entre dois clínicos de grande influência no cenário mundial da psicoterapia,

Albert Ellis e Aaron Beck. Ambos reconheceram, neste encontro, o valor de algumas

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idéias de Sigmund Freud para suas teorias, particularmente o papel de destacar a

relevância dos processos mentais inconscientes na determinação do comportamento

(Chamberlin, 2000). Beck afirmou ter recebido forte influência da “idéia do

determinismo psicológico” e Ellis declarou sobre Freud que “uma das principais coisas

que ele fez foi chamar a atenção para a importância do pensamento inconsciente”

(Chamberlin, 2000).

O conceito de processamento automático de informação, proveniente da Ciência

Cognitiva e Psicologia Cognitiva, influenciou o construto de pensamento automático em

TC. Os pensamentos automáticos são resultados conscientes do processamento

esquemático inconsciente, que emerge na vida mental explícita como imagens ou

pensamentos verbais. Aaron Beck, bem como outros teóricos da Terapia Cognitiva

contemporânea, vem dedicando mais atenção aos processos mentais inconscientes,

baseando-se na idéia de uma natureza inconsciente no processamento cognitivo de

informação (Beck & Alford, 2000).

A memória implícita, também chamada de não-declarativa ou inconsciente

(Squire & Kandel, 2003; Schacter, 1987, 1992, 1996, 2003), tem sido citada por teóricos

importantes em TC (por exemplo, Jeremy Safran, 2002) como substrato teórico

fundamental para compreender cognições que não são acessíveis à percepção consciente

do paciente, mas que podem ser modificadas pela identificação e testagem das crenças

relacionadas aos problemas clínicos apresentados.

Uma memória explícita, conforme Kilhstrom definiu, é aquela que se refere a uma

lembrança consciente de algum episódio prévio, onde o sujeito lembra deliberadamente

de algum aspecto da experiência quando questionado (Kihlstrom & cols, 1992, p. 21).,

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Uma memória implícita em contraste é demonstrada por qualquer mudança no

pensamento ou ação que é atribuível a alguma experiência passada, mesmo sem

lembrança consciente do evento ocorrido.

Os esquemas disfuncionais envolvem memórias implícitas, e depois de

desenvolvidos, servem como modelos para o processamento das experiências ulteriores, e

acabam desembocando em confirmações automáticas e circulares dos próprios

esquemas.

Como um exemplo da atuação de esquemas disfuncionais inconscientes, podemos

citar uma paciente que estruturou uma auto-imagem como incapaz de ser amada. Esta

pessoa vai processar a experiência de uma rejeição amorosa como evidência da

veracidade de suas crenças, reconfirmando-as a cada experiência negativa de tal forma

que parecem certas e reais suas crenças sobre si mesmo, em um processo que cria um

circuito de retroalimentação ampliando a idéia de ser indigna de amor. O comportamento

é negativamente influenciado por este conjunto de crenças, fazendo a pessoa agir de

modo a confirmar sua profecia catastrófica (a previsão sem fundamento de que algo

catastrófico acontecerá), o que gera continuamente aquilo que é percebido como

evidência confirmatória dos esquemas. Se o sujeito considera-se indigno de amor, agirá

de forma tímida, não olhará nos olhos e falará baixo em uma situação social, conduta que

aumenta sua chance de rejeição. As rejeições que ocorrem confirmam os esquemas em

um círculo vicioso autoperpetuador.

Os esquemas estão alojados nos alicerces do self, processando inconscientemente

os dados da realidade, de forma que estão sempre embutidos em nossas percepções,

julgamentos, desejos, necessidades, pensamentos e sentimentos. Os esquemas estão

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presentes no funcionamento mental de todos, mas quando são disfuncionais muitas vezes

estão envolvidos com transtornos de personalidade (um conjunto de transtornos que

envolvem padrões persistentes e dificuldades crônicas, como personalidade evitativa,

paranóide, dependente, histriônica, esquizóide ou borderline, por exemplo).

Normalmente, não estamos conscientes da operação dos esquemas, nem mesmo de sua

existência, somente dos resultados produzidos, que acabam compondo o núcleo de nossa

personalidade. Nossa auto-imagem é estruturada pelos esquemas que tem um caráter

circular, como enfatizam Guidano e Liotti (1983), pois “a seleção de dados da realidade

externa que são coerentes com a auto-imagem obviamente confirma – de maneira

automática e circular – a identidade pessoal percebida...” (p. 88-89).

TERAPIA FOCADA NO ESQUEMA

A terapia focada no esquema foi desenvolvida por Jeffrey Young como uma

expansão da teoria inicial da TC de curto prazo, e compartilha os elementos que

caracterizam a terapia cognitiva, como um papel mais ativo para o terapeuta, o uso de

técnicas de mudança sistemáticas, ênfase nas tarefas de casa, relacionamento terapêutico

colaborativo e uso de uma abordagem empírica, onde a análise das evidências tem papel

importante na mudança de esquemas (Young & Klosko, 1994).

A expansão teórica da terapia focada em esquemas envolve elementos ajustados

para tratamento dos transtornos de personalidade, sendo portanto mais longa do que a

TC, dedicando maior tempo para identificar e superar a evitação cognitiva, afetiva e

comportamental. O modelo desenvolvido por Young enfatiza a confrontação, a

experiência afetiva, o relacionamento terapêutico como um veículo de mudança, e a

discussão de experiências iniciais da vida. O modelo de Young se mostra importante para

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o desenvolvimento de uma abordagem psicoterápica (alternativa à psicanálise) para

abordar em profundidade os processos inconscientes.

Jeffrey Young propõe cinco construtos teóricos para expandir o modelo cognitivo

de Beck, os Esquemas Iniciais Desadaptativos, a sistematização de domínios dos

esquemas, e os conceitos de manutenção, evitação e compensação do esquema.

Examinaremos a seguir mais detalhadamente estes construtos, procurando enfatizar a

contribuição da compreensão dos mecanismos mentais inconscientes a partir deste

modelo.

ESQUEMAS INICIAIS INCONSCIENTES

Segundo Young (2003, p. 16), os Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) ou

esquemas primitivos são “crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo em

relação ao ambiente”, representando o nível mais profundo da cognição, e “operam de

modo sutil, fora de nossa consciência” (p. 75). Os EIDs estruturam núcleos profundos do

self refletidos na auto-imagem tácita, como uma visão de si mesmo inquestionável e

orgânica.

Os EIDs se referem a “temas extremamente estáveis e duradouros que se

desenvolvem cedo durante a infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais

em um grau significativo” (Young, 2003, p. 15). São esquemas inconscientes rígidos e

incondicionais, como, por exemplo, quando o paciente sente que, não importa o que

possa fazer, não será amado, mas sim traído em sua confiança e abandonado. O sujeito

percebe os produtos conscientes de um EID como uma verdade irrefutável sobre si

mesmo, que é aceita a priori como uma realidade intrínseca e essencial.

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A definição revisada e compreensiva de um Esquema Inicial Desadaptativo

apresentada por Young e colaboradores (2003, p. 7) caracteriza o EID como um padrão

disfuncional (em grau significante) amplo e pervasivo, envolvendo a si mesmo e a

relação com os outros, composto de memórias, emoções, cognições e sensações

corporais. Este padrão foi desenvolvido durante a infância ou adolescência, e depois

elaborado através da trajetória de vida da pessoa.

O núcleo da auto-imagem é integrado pelos EIDs, e estes esquemas vão realizar

uma série de manobras cognitivas, distorcendo o processamento de dados da realidade

para manter os esquemas. Isto confere outras características importantes dos EIDs, que

são seu caráter autoperpetuador e sua resistência a mudança. Desta forma, mesmo que o

sujeito seja enormemente bem sucedido na vida, isto não acarretaria alteração do

esquema disfuncional. Os produtos conscientes dos EIDs estruturam um sistema de

crenças e um conjunto de expectativas rígidas sobre si mesmo e o mundo.

Os Esquemas Iniciais Desadaptativos são ativados por eventos significativos para

a pessoa, como, por exemplo, uma tarefa difícil para uma pessoa com esquema de

fracasso, que pode acionar pensamentos autoderrotistas com elevada carga emocional

(“não vou conseguir” ou “vou falhar”). Os EIDs implicam em disfuncionalidade

importante, gerando muitas vezes transtornos mentais ou sofrimento psicológico

subclínico.

DOMÍNIOS DE ESQUEMA

Jeffrey Young (2003) acredita que os esquemas iniciais disfuncionais originam-se

pela ação combinada de fatores biológicos e de temperamento com os estilos parentais e

as influências sociais às quais a criança é exposta. Como exemplos, podemos citar uma

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criança biologicamente hiper-reativa à ansiedade que pode ter dificuldade de superar a

dependência em direção à autonomia, ou um adolescente de temperamento tímido, que

pode estar predisposto a apresentar um esquema de isolamento social.

A teoria do esquema identificou até o momento 18 Esquemas Iniciais

Desadaptativos, que são agrupados em cinco amplos domínios de esquema. Young (2003,

p. 24) argumenta que existem cinco tarefas desenvolvimentais primárias que a criança

necessita realizar para se desenvolver de forma sadia – conexão e aceitação, autonomia e

desempenho, auto-orientação, limites realistas e auto-expressão, espontaneidade e

prazer. Uma criança pode desenvolver EIDs em um ou mais domínios de esquema,

quando não consegue progredir de forma sadia em função de experiências parentais e

sociais inadequadas e predisposições temperamentais. Um exemplo disto seria quando os

problemas no estabelecimento de conexão com as outras pessoas e de um sentimento de

aceitação por parte dos outros leva a desenvolver EIDs no domínio Desconexão e

Rejeição. Outro exemplo ocorre quando as dificuldades na aprendizagem de autocontrole

e senso de limites podem induzir EIDs no domínio Limites Prejudicados.

PROCESSOS DE ESQUEMAS

Os EIDs contêm “memórias, emoções, sensações corporais e cognições” (Young,

Klosko & Weishaar, 2003, p. 32), mas não envolvem as respostas comportamentais; o

comportamento não é parte do esquema, é parte do estilo de enfrentamento. Segundo

Young e colaboradores (2003, p. 33), todos os organismos apresentam basicamente três

respostas quando percebem uma ameaça: luta, fuga ou congelamento (freeze). A ameaça

é a frustração de uma necessidade emocional profunda no desenvolvimento afetivo da

criança (como ligação segura com os outros, autonomia, auto-expressão livre,

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espontaneidade e limites realísticos) ou mesmo o medo das intensas emoções que o

esquema desencadeia. Sentindo-se ameaçada, a criança reage com um estilo de

enfrentamento (coping style) que naquele momento é adaptativo, mas torna-se

disfuncional à medida que a criança cresce, com as mudanças das condições. O padrão de

comportamento que era adaptativo na infância passa a ser desadaptativo para o adulto, e o

paciente fica aprisionado na rigidez de seu estilo de enfrentamento.

Portanto, os estilos de enfrentamento desadaptativos, apesar de auxiliarem o

sujeito a não experimentarem as emoções intensas e opressivas engendradas pelos

esquemas, servem como elementos importantes da perpetuação dos mesmos.

Os três estilos de enfrentamento dos EIDs, que são a supercompensação, a

subordinação, e a evitação do esquema, podem ocorrer no plano afetivo, comportamental

ou cognitivo. Os três estilos correspondem às respostas comportamentais de luta, fuga ou

congelamento. Lutar contra o esquema equivale a supercompensar, fugir é equivalente a

subordinar-se e o congelamento equivale a evitação. Os três estilos de enfrentamento

geralmente operam inconscientemente, e em cada situação, o paciente provavelmente

utiliza um deles, mas pode exibir diferentes estilos de enfrentamento em diferentes

situações ou com diferentes esquemas (Young, Klosko & Weishaar 2003, p. 33).

Fig. 1.1. Estilos inconscientes de enfrentamento dos EIDs

SUPERCOMPENSAÇÃO (LUTA)

SUBORDINAÇÃO (FUGA)

EVITAÇÃO (CONGELAMENTO)

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Estes construtos tornam o modelo cognitivo mais flexível e aberto à identificação

de elementos sutis no funcionamento mental inconsciente, mas adotando o novo modelo

do processamento inconsciente, uma vez que um EIDs se configura como uma estrutura

inconsciente cujos processos e operações dão origem a produtos conscientes, como

pensamentos automáticos.

DISTORÇÕES COGNITIVAS

Nossa visão de nós mesmos, ou nosso modelo do self está fundamentado no

conjunto de crenças profundamente enraizadas que Young chamou de esquemas

primitivos ou EID. Os esquemas primitivos lutam por sua manutenção através de

processos de distorção no processamento de informações, comparando os dados de

entrada (a realidade do seu próprio comportamento e a do mundo) com o modelo de self

(o comportamento esperado e as reações do mundo social e físico). Para reduzir a

dissonância cognitiva (Festinger, 1964) produzida pela distância entre o modelo

internalizado do self e a realidade são empregados mecanismos de distorção cognitiva.

Segundo Jeffrey Young (2003), em nível cognitivo

(...) a manutenção do esquema acontece salientando-se ou exagerando-se

informações que confirmam o esquema, e negando-se e minimizando-se

informações que contradizem o esquema. Muitos desses processos de

manutenção do esquema já foram descritos por Beck como distorções cognitivas

(p. 25).

As distorções cognitivas identificadas por Beck (1967) na TC são importantes

mecanismos mantenedores do esquema, sendo as informações distorcidas para mantê-lo

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intacto, no processo que Young denominou subordinação ao esquema. O paciente pode

resistir ao exame de seus esquemas e esforçar-se para demonstrar que o mesmo é

verdadeiro, mesmo sem ter consciência de que está magnificando alguns elementos da

sua percepção, minimizando alguns outros, supergeneralizando e sendo vítima de outras

distorções.

Os EIDs são mantidos, em grande parte, por padrões de comportamento

autoderrotistas. Uma mulher, por exemplo, pode escolher sempre parceiros arrogantes e

dominadores, em decorrência de um esquema subjacente de subjugação. Sem ter

consciência deste processo, age de forma tal que reforça sua visão de si mesma como

submissa e impotente. Os comportamentos autoderrotistas e as distorções cognitivas são,

portanto, os principais mecanismos de subordinação que perpetuam e tornam rígidos e

inflexíveis os esquemas primitivos.

A evitação do esquema é um dos mecanismos mais interessantes descritos por

Young. Os EIDs acionam alto nível de afeto quando ativados, despertando reações

emocionais aversivas intensas como culpa, ansiedade, tristeza ou raiva. Estas reações

emocionais funcionam como conseqüências aversivas que, por um processo de

condicionamento, acabam com menor probabilidade de serem despertadas novamente,

graças à evitação dos esquemas. A alta intensidade emocional pode ser dolorosa e o

sujeito “cria processos tanto volitivos quanto automáticos para evitar acionar o esquema

ou sentir o afeto a ele conectado” (Young, 2003, p. 26).

A evitação pode ocorrer na esfera cognitiva, afetiva ou comportamental. Evitação

cognitiva refere-se às tentativas automáticas ou volitivas de bloquear pensamentos ou

imagens que poderiam acionar o esquema. Uma pessoa pode evitar intencionalmente a

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focalização de acontecimentos dolorosos ou mesmo aspectos negativos de sua

personalidade. No entanto, Young enfatiza o processamento inconsciente e o papel da

memória na evitação cognitiva;

Também existem processos inconscientes que ajudam as pessoas a excluir

informações demasiado perturbadoras. As pessoas tendem a esquecer

acontecimentos particularmente dolorosos. Por exemplo, as crianças que foram

sexualmente abusadas muitas vezes não tem nenhuma lembrança da experiência

traumática (Young, 2003, p. 79).

A hipótese de que a memória consciente ou explícita tenha sido enfraquecida é

bastante provável no caso de lembranças traumáticas. Um correlato neural de alguns

mecanismos de evitação cognitiva é o sistema de memória explícita do lobo temporal

medial, composto pelo hipocampo e regiões adjacentes, sistema este bastante danificado

por níveis cronicamente elevados do hormônio cortisol. A liberação acentuada de cortisol

faz parte da reação de estresse que normalmente acompanha experiências traumáticas

(Sapolsky, 1998; 2003), o que pode explicar, em parte, o esquecimento das lembranças

dolorosas (LeDoux, 1996).

É possível estabelecer um paralelo importante da noção de evitação com conceitos

análogos pertencentes ao domínio da psicanálise. Young considera que “alguns destes

processos cognitivos de evitação sobrepõe-se ao conceito psicanalítico de mecanismo de

defesa. Exemplos disto seriam repressão, supressão e negação” (2003, p. 26). Na evitação

cognitiva, pensamentos ou imagens que possam acionar o esquema são bloqueados.

Outras estratégias de evitação cognitiva incluem a despersonalização (um processo

através do qual o paciente “se remove psicologicamente da situação que desencadeia um

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EID” (2003, p. 26) e os comportamentos compulsivos, que tem a função de distrair o

paciente de pensamentos perturbadores que acionam os EIDs.

A evitação afetiva, da mesma forma que a cognitiva, pode envolver tentativas

conscientes ou inconscientes de bloquear sentimentos ativados pelos esquemas iniciais. A

evitação afetiva diferencia-se da cognitiva pelo foco em bloquear sentimentos

desencadeados pelos esquemas primitivos. O paciente relata uma experiência de vida

perturbadora, embora negue experimentar emocionalmente a situação, ou seja, existe

evitação dos aspectos afetivos sem o bloqueio da cognição associada.

Duas características evidenciam a evitação afetiva do esquema (Young, 2003, p.

39), a dificuldade de identificar o conteúdo de sintomas ou emoções experienciadas (o

paciente sente-se irritado ou triste, mas não consegue relatar a que se referem estes

sentimentos) e a presença de sintomas somáticos vagos como tonturas, vertigem, febre,

amortecimento ou despersonalização. Os sintomas difusos estão presentes em vez de

emoções primárias como raiva, medo ou tristeza, o que pode indicar evitação do

esquema. A evitação afetiva levaria a mais sintomas psicossomáticos e a manutenção

mais prolongada de emoções difusas.

Outro tipo de evitação do esquema envolve esquivar-se de situações ou

circunstâncias reais que ativam esquemas dolorosos, ou evitação comportamental, que

pode ser descrita como esquiva de situações aversivas. A evitação comportamental

manifesta-se pelo isolamento nas relações humanas, por fobias e inibições que limitam a

vida profissional e familiar. Um sistema de crenças contaminado com um esquema de

fracasso, por exemplo, leva o sujeito a evitar desafios e situações competitivas, levando

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ao insucesso e a confirmação de suas crenças sobre si mesmo, de forma circular e

autoperpetuadora.

Todas as formas de evitação, seja afetiva, cognitiva ou comportamental, servem

para escapar da dor desencadeada pela ativação de um esquema primitivo. No entanto, ao

evitar experiências de vida o sujeito também é impedido de refutar a validade de suas

crenças, e o esquema pode nunca ser examinado de forma racional. Podemos perceber

que estas conseqüências introduzem círculos viciosos fundamentais na psicopatologia e

que a evitação, na teoria do esquema, é um mecanismo chave, da mesma forma que o

conceito de repressão para Freud representava um papel crucial na gênese das desordens

mentais.

A supercompensação do esquema, o último processo de um EID, envolve a

adoção de estilos cognitivos ou padrões comportamentais opostos aos prescritos pelos

esquemas. A partir de um esquema inicial desadaptativo de privação emocional, um

paciente pode comportar-se narcisisticamente, em uma forma de compensação exagerada.

Segundo Young (2003, p.27), o conceito está relacionado à noção psicanalítica de

formação reativa. O paciente tenta lutar contra o esquema pensando, sentindo e

comportando-se de forma oposta ao esquema. Se o sujeito foi controlado, esforça-se para

rejeitar todas as formas de influência; se foi subjugado, quando adulto tenta desafiar a

todos; se foi abusado, abusa dos outros, sempre contra-atacando o esquema.

CONCLUSÕES

Examinamos neste capítulo alguns conceitos da Terapia Cognitiva contemporânea

e da Terapia Focada em Esquemas, procurando demonstrar sua relação com o

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processamento inconsciente. Contrastando com o inconsciente dinâmico, um modelo do

processamento inconsciente que se mostra epistemologicamente incompatível com a

teoria cognitiva, o modelo do novo inconsciente foi apresentado e integrado como

fundamento subjacente aos construtos teóricos da Terapia Cognitiva e da Terapia Focada

em Esquemas. Através dos conceitos familiares aos terapeutas cognitivos como

pensamentos automáticos, esquemas disfuncionais, processos do esquema e mecanismos

de evitação cognitiva, comportamental e afetiva, foi possível estabelecer relações com

alguns aspectos do novo modelo do inconsciente, ilustrando com exemplos clínicos uma

estrutura teórica que cada vez mais vem se consolidando como um fundamento

conceitual importante para a Terapia Cognitiva contemporânea.

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