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________________________________________________________ CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Por
João Cardoso Ribeiro Moraes Filho
O presente trabalho apresenta os resultados domapeamento geológico, na escala 1:100.000, emuma área de 4.128km2, correspondente aos municí-pios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, situadosna região extremo sul do estado da Bahia. Essa áreaestá compreendida entre os paralelos 16000’ e 17000’de latitude sul e entre os meridianos 39000’e 40000’de longitude oeste, como mostra a Figura 1.1, ondetambém estão indicados os principais acessos às se-des dos referidos municípios.
Durante a elaboração deste trabalho, a metodo-logia adotada constou das seguintes atividades:
• levantamento, compilação, análise e integraçãodos dados existentes sobre a área, aí incluídos relató-rios de pesquisa, artigos técnicos e dissertações demestrado (Figura 1.2);
• interpretação de imagens Landsat-TM na es-cala 1:100.000 e de fotografias aéreas na escala1:108.000; confecção dos mapas Fotogeológico e deLineamentos Estruturais;
• trabalhos de campo com coleta de amostras paraanálises petrográficas e análises químicas, além de ca-dastramento das principais ocorrências minerais;
• alimentação das bases de dados AFLO, PETRe META, integrantes do sistema MICROSIR (geridopela CPRM);
• elaboração dos produtos finais: Mapa Geológi-co e Mapa de Direitos Minerários, ambos na escala1:100.000, e texto explicativo.
Na área abrangida pelos municípios de Porto Segu-ro e Santa Cruz Cabrália ocorrem rochas pré-cambrianas (gnaisses migmatíticos, gnaisses kinzigíti-cos, quartzitos, xistos aluminosos e leucogranitóides) eformações superficiais cenozóicas, dentre as quais sedestaca o grupo Barreiras, cujos sedimentos recobremcerca de 80% da superfície total estudada.
Tendo em vista sua situação geológica (Figura1.3), limítrofe entre as províncias estruturais SãoFrancisco e Mantiqueira (Almeida et al., 1977), aárea estudada apresenta um panorama bastante con-trovertido. Vários autores incluíram, total ou parci-almente, as rochas pré-cambrianas anteriormentereferidas no cinturão móvel costeiro Atlântico (Mas-carenhas, 1973, 1979), na faixa de dobramentosAraçuaí (Almeida, 1978), na região de dobramentosAraçuaí (Inda & Barbosa, 1978), no domínio estru-
tural marginal ao Cráton (Litwinski, 1985); e nasubprovíncia Araçuaí da província geológica Manti-queira (Silva et al., 1987).
Recentemente, Barbosa & Dominguez (1996)consideraram os gnaisses kinzigíticos e gnaissesmigmatíticos como pertencentes ao cinturão Itabuna,tido como integrante do embasamento arqueano-paleoproterozóico do cráton do São Francisco, e re-lacionaram os metassedimentos xistosos e quartzíti-cos à faixa Araçuaí-Piripá. Para Soares & Pedreira(1996), tanto as rochas gnáissicas quanto os litótiposxistosos estão inseridos na faixa Araçuaí. Segundoesses autores, as primeiras representam o embasa-mento da faixa (complexo Juiz de Fora), de idadearqueana a paleoproterozóica, ainda que retrabalha-do durante o ciclo Brasiliano, enquanto os xistos sãoidentificados com o grupo Macaúbas, constituídopor metassedimentos neoproterozóicos.
Mais recentemente, Pinto et al. (1997), a partir demapeamento geológico realizado na região leste doestado de Minas Gerais (Projeto Leste – 1:100.000;convênio CPRM/Governo Estadual de Minas Gerais),propuseram, devido igualmente à controvérsia do tema,a denominação genérica de faixa Móvel, no sentido deKroner (1977), para incluir as associações litológicasaté então abrangidas tanto pela faixa Araçuaí comopelo cinturão costeiro Atlântico. Os referidos autoresorganizaram as seqüências supracrustais aflorantesnaquela região, e por eles consideradas neoproterozói-cas, nas zonas Externa, constituída pelos grupos Ma-caúbas e Rio Doce, e Interna, composta pelo complexoGnáissico-Kinzigítico.
Devido à relativa proximidade da área-objeto desterelatório com aquela do estado de Minas Gerais e àsimilaridade dos tipos litológicos aflorantes, sobretudoos gnaisses kinzigíticos, que se estendem de formacontínua de uma a outra região, será adotada no pre-sente trabalho, com as devidas adaptações, a divisãotectonoestratigráfica proposta por Pinto et al. (1997).
Desse modo, na área correspondente aosmunicípios de Porto Seguro e Santa Cruz Ca-brália ocorrem granitóides e gnaisses migmatíti-cos paleoproterozóicos, granitos e rochas supra-crustais neoproterozóicas, que constituem a de-nominada faixa Móvel, além das formações su-perficiais terciárias e quaternárias (Figura 1.4).
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ESP. SANTO
SALVADOR
MetrópoleCidadeAeroportoRodovia pavimentada federalRodovia pavimentada estadualRodovia estadual implantadaLimite interestadualLimite intermunicipalLimite intermunicipal sujeito a alteraçãoCurso d'água permanente
LEGENDA
41°00' 12°00'
41°00'
40°00'
12°00' 40°00' 39°00' 38°00'
13°00'
14°00'
15°00'
16°00' 16°00'
17°00' 17°00'
18°00'
15°00'
14°00'
13°00'
37°37'
BAHIA
BRASIL
0 500 1000 km
0°
10°
20°
30°
70° 60° 50° 40° 30°
30°
20°
10°
0°
70° 60° 50° 40°
MAPA DE SITUAÇÃO
RUI BARBOSA
ITABERABA
IBIQUERA
IAÇU
MARCIONÍLIOSOUZA
NOVAITARANA
AIQUARA
POÇÕES
IGUAÍ
ITAPETINGA
MACARANI
MAIQUINIQUEITARANTIM
CAMACÃ
UNA
MASCOTE
CANAVIEIRAS
BELMONTEITAPEBI
ITAGIMIRIM
STA. CRUZCABRÁLIA
PORTO SEGURO
EUNÁPOLIS
ITABELA
ITAMARAJU
ITANHÉM
MEDEIROS NETO
IBIRAPOÃ
LAJEDÃO
PRADO
ALCOBAÇA
CARAVELAS
NOVA VIÇOSA
MUCURI
TEIXEIRA DEFREITAS
GUARATINGA
POTIRAGUÁ
PAUBRASIL
ITAMBÉ
ITORORÓ
NOVACANAÃ
PLANALTO
VITÓRIA DACONQUISTA
DÁRIOMEIRA
IPIAÚ
UBAITABA
CAMAMU
ITACARÉ
MARAÚ
URUÇUCA
ILHÉUS
SÃO JOSÉDA VITÓRIA
ITAJÚ DOCOLÔNIA
ITABUNA
COARACI
BREJÕES
AMARGOSA
STA. INÊS
MILAGRES
ITATIM
CASTROALVES
SAPEAÇU
SANTOAMARO
DIAS D'ÁVILA
CATU
POJUCA
MATA DESÃO JOÃO
ITANAGRAARAÇÁS
ALAGOINHAS
TEODOROSAMPAIO
IRARÁ
FEIRA DESANTANA
CAMAÇARI
SIMÕES FILHO
LAURO DE FREITAS
ITAPARICA
MADREDE DEUS
NAZARÉ
ARATUIPE
LAGE
CAIRÚ
VALENÇA
ITUBERÁGANDÚITAMARI
JAGUAQUARA
MARACÁS
JEQUIÉ
S.ANTONIODE JESUS
MACAJUBA
IPIRÁ
OC
C
E
A
Â
A
N
O
O
T
TI
L
N
Fonte: Mapa da Divisão Político-Administrativa do estado da Bahia, CEI / 1994.
OC
E
A
AT
LÂ
T
ICO
N
NO
BA-052
BR-116
BR-11
6
BR-324
BA-0
99
BA-
093
BR-101
BA-504BR-407
BA-488
BA-046
BR-242
BA-2
46
BA-026
BA-250 BR-1
01
BR-330
BR-330
BA-260
BA-650
BA-262
BR-415
BA-275
BR-367
BA-989
BA-284
BA-290
BA-696
BR-418
BR-418
BA-698
BR-489
BA-262
BA-263
BA-1
30
BA-670
R i o J eq u t inhon
ha
i
15 0 15 30 45kmESCALA
MIN
AS G
ERAI
S
BAHIA
Figura 1.1 Mapa de situação da área do projeto.
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Figura 1.2 Principais fontes de informações.
1 - Mapa Geológico do Quaternário Costeiro do Estado da Bahia, escala 1:250.000, CPM/SME, 1980.
2 - Projeto Sul da Bahia; escala 1:250.000. Geologia da folha SE-24-V-B, DNPM-CPRM,1974.
4 - Projeto Cadastramento de Ocorrências Minerais do Estado da Bahia: Área Itabuna. CBPM, 1974.
3 - Projeto RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais; Folha SE.24. Rio Doce. IBGE, 1987.
8
4
13
12
5
6
120
160
440
0 200 400
Fonte: SCHOBBENHAUS, C. et al. Geologia do Brasil - DNPM, 1984 (Modificado).
Figura 1.3 Contexto geológico regional.
Cráton do São Francisco
Área do Projeto
Coberturas sedimentares do cráton do São Franciscocorrelativas ao Ciclo Brasiliano
Ribeira
Brasília
AraçuaíSergipana
Riacho do Pontal
Rio Preto
Regiões, Sistemas e Faixas de Dobramentos
CONVENÇÕES
OC
EA
NO
AT
LÂ
NT
I CO
32
Coberturas Fanerozóicas
9
0 4 8km
Falha
Depósitos areno-siltosos com matéria orgânica
Depósito arenosos residuais ou transportados
Depósitos colúvio-eluvionares lateritizados
Depósitos fluviais
23
4
1
6
5 Areias litorâneas
Depósitos de pântanos e mangues atuais
7 Arenitos de praia
Grupo Barreiras - Arenitos imaturos comníveis argilosos e conglomeráticos9
10
11
12
13
Recifes de corais e algas coralinas
Grupo Macaúbas - xistos e quartzitos
Biotita granitóides
Complexo kinzigítico
Complexo gnáissico-granítico
Contato
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Legenda
Figura 1.4 Mapa geológico simplificado.