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PRÁTICAS PSICOLÓGICAS COM PACIENTES ONCOLÓGICOS
PSYCHOLOGICAL PRACTICES WITH ONCOLOGICAL PATIENTS
Everton Amorim MouraPsicólogo – Centro Universitário de Adamantina/SP
Maria de Fátima BelancieriDoutora em Psicologia Clínica
Centro Universitário de Adamantina/SP
E-mail: [email protected]
RESUMO
Este estudo teve como objetivo investigar as possíveis contribuições do psicólogo na
terapêutica de pacientes oncológicos. Trata-se de uma revisão bibliográfica, em que
a coleta de dados foi realizada em bases de dados eletrônicas, a partir dos
descritores, ‘psicologia e câncer’, ‘psicologia e oncologia’, ‘psicologia e neoplasias’.
Foram selecionados 22 artigos, cujos resultados revelam que as intervenções do
psicólogo com pacientes oncológicos ocorrem, em sua maioria, na abordagem
Cognitivo-Comportamental, seguidas da Psicanálise, Fenomenologia,
Existencialismo e Psicodrama, com pacientes, familiares e equipe de saúde. As
modalidades de intervenção que mais apareceram foram as grupais e a psicoterapia
breve, nas diferentes abordagens psicológicas. Observam-se ainda muitos desafios
nesta área, especialmente, relacionados à formação acadêmica e qualificação
profissional, além da necessidade de maior sistematização de práticas em pesquisa
sobre a temática.
Palavras-chave: Psicologia. Psiconcologia. Psicologia e Saúde.
1
ABSTRACT
This study aimed to investigate the possible contributions of the psychologist in the
therapy of cancer patients. This is a bibliographical review, in which the data collect
was done in electronic databases, from the descriptors, 'psychology and cancer',
'psychology and oncology', 'psychology and neoplasias'. Twenty-two articles were
selected, whose results reveal that the psychologist's interventions with cancer
patients occur mostly in the Cognitive-Behavioral approach, followed by
Psychoanalysis, Phenomenology, Existentialism and Psychodrama, with patients,
family members and health staff. The intervention modalities that appeared the most
were group and brief psychotherapy, in the different psychological approaches.
There are still many challenges in this area, especially related to academic training
and professional qualification, besides the need for a greater systematization of
research practices on the subject
KEY WORDS: Psychology. Psychoncology. Psychology and Health.
INTRODUÇÃO
Este estudo busca compreender as contribuições da psicologia na interface
com a oncologia, área em que o profissional psicólogo assume o desafio de buscar
novos conhecimentos e traçar novas formas e modalidades de intervenções, além
daquelas tradicionais.
As intervenções psicológicas com pacientes oncológicos visam à redução do
estresse, da dor e do sofrimento provocado pelas mudanças ocorridas na vida da
pessoa por ocasião do adoecimento, a partir de atendimentos individuais e/ou
grupais, desmistificando crenças errôneas acerca do diagnóstico e do tratamento,
sempre com uma escuta ativa, buscando os sentidos e significações do momento
vivenciado.
2
O apoio aos familiares e cuidadores, também se faz importante, uma vez que,
também são afetados e passam por um período de angústia e desgaste, o que pode
gerar níveis de estresse elevados e, consequentemente, poderão adoecer também.
Desse modo, este estudo tem como objetivo investigar as possíveis
contribuições do psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos.
Esperamos que os resultados possam ampliar os conhecimentos teóricos e
técnicos, além de qualificar a prática profissional do psicólogo nesta área.
Caracterizada como um estudo de revisão bibliográfica, a coleta dos dados foi
realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVSPsi), Periódicos
Eletrônicos de Psicologia (PEPsic), Scientific Electronic Library Online (SCieLO),
Bibliotecas On-line de Universidades, a partir das palavras-chaves: “psicologia e
câncer”, “psicologia e oncologia”, “psicologia e neoplasias”, no período
compreendido entre 1996 e 2016.
No total, foram encontrados 32 artigos, sendo que 8 estavam em duplicidade
nas bases SCieLO e PEPSIC. Assim, foram selecionados após leitura dos resumos
22 artigos para compor as analises, sendo esta realizada a partir da análise de
conteúdo de Bardin (1977), que consiste em
"um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” (BARDIN, 2009, p. 44).
1 A interface oncologia e psicologia
A oncologia é um campo de estudos sobre o câncer, de como a doença se
desenvolve, além do diagnóstico e seu prognóstico. A detecção da doença é
realizada por meio de exames laboratoriais e o tratamento médico em seus aspectos
clínicos é realizado pelo oncologista. No entanto, há necessidade de uma equipe
multidisciplinar, composta pelo radioterapeuta, o cirurgião oncológico, o psicólogo
entre outros profissionais, que devem atuar de forma conjunta (CARVALHO, 2002).
3
Esse campo de estudos e atuação multidisciplinar é denominado de
psiconcologia, que, de acordo com Scannavino et al., (2013) e Veit e Carvalho
(2010), compreende a área de interface entre a psicologia e a oncologia, envolvendo
as questões psicossociais e comportamentais do adoecimento e as intervenções ao
longo do processo terapêutico.
Carvalho (2002) afirma que o diagnóstico do câncer tem usualmente um efeito
devastador sobre a pessoa, trazendo a ideia de morte, embora atualmente ocorram
muitos casos de cura. Traz o medo de mutilações e desfiguramento, dos
tratamentos dolorosos e das muitas perdas provocadas pela doença. Esta situação
de sofrimento conduz a uma problemática psíquica com características especificas.
Os processos emocionais desencadeados nestes pacientes exigem um profissional
especializado para lidar com essa realidade singular, o psicólogo da saúde.
Nesse sentido, o profissional utiliza-se de “princípios, técnicas e
conhecimentos” (CFP, 2007) relacionado ao processo saúde-doença nos contextos
de saúde, estabelecendo estratégias de intervenção que objetivam auxiliar o
paciente e seus familiares no enfrentamento dessa nova realidade, promovendo,
dessa forma, o bem estar e a qualidade de vida.
Existem várias técnicas e programas de intervenção, bem como uma
pluralidade de abordagens psicológicas que visam uma terapêutica fundada na
compreensão do processo, enfrentamento e superação deste momento singular na
vida do paciente e da família, como o Programa Simonton (CARVALHO, 1996), a
Psiconeroimunologia (COUTINHO; COSTA JUNIOR; KANITZ, 2000) e a
Psicoeducação (SCORLINI-COMIN et al,2008), além das intervenções grupais
realizadas com pacientes e familiares (MANTOVANI; MANTOVANI, 2008).
Ferreira, Lopes e Melo (2011) ressalta ainda, a intervenção do psicólogo
como integrante da equipe multidisciplinar nos cuidados paliativos em pacientes com
câncer, assumindo um papel de mediador entre a equipe de saúde, os familiares e o
paciente.
Nesse sentido, considera-se importante buscar as possíveis contribuições do
psicólogo neste momento de dor e sofrimento, seja por meio de intervenções e/ou
4
mediações tanto com o paciente, como com familiares e equipe multiprofissional de
saúde, visando a promoção de saúde e qualidade de vida.
2 Resultados e Discussão
A partir da busca realizada foi possível recuperar 32 artigos e, após leitura
dos resumos, foram selecionados 22 artigos para compor as análises.
Assim, entre 2000 e 2016, pode-se observar maior número de publicações no
ano de 2010, totalizando 5 artigos, sendo que em 2012 e 2015 houve 3 publicações
para cada ano. Em 2013 e 2014, é contabilizada 2 publicações respectivamente e
nos demais anos, tem-se apenas uma publicação para cada ano (2000, 2001, 2002,
2007, 2009, 2011, 2016), sendo que, a maioria dos estudos é de revisão teórica.
Importante ressaltar que entre 2003 e 2006 não foram encontrados artigos sobre a
temática em estudo.
2.1 Possíveis contribuições do psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos.
Embora a proposta deste estudo tenha sido a investigação das possíveis
contribuições do psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos, na coleta dos
dados, observa-se outros aspectos importantes para serem discutidos. Dessa forma,
os resultados foram organizados em 3 categorias de análise: 1) “Abordagens
psicológicas utilizadas na intervenção com pacientes oncológicos”, 2) “Contribuições
do Psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos, e 3) “Desafios enfrentados
pelo psicólogo na atuação junto aos pacientes oncológicos”.
Categoria 1 - Abordagens Psicológicas utilizadas na intervenção com pacientes oncológicos.
No quadro 1 são apresentadas as abordagens utilizadas na prática psicológica com
pacientes oncológicos.
5
Abordagens utilizadas Nº de artigosCognitivo-Comportamental 5Fenomenológica 3Psicanalítica 2Existencialista 1Psicodrama 1Não especificada 10
Quadro 1 - Abordagens Psicológicas utilizadas com pacientes oncológicos.
De acordo com os dados, os resultados apontam para maior utilização da
abordagem Cognitivo-Comportamental na terapêutica dos pacientes oncológicos,
seguida da Fenomenológica e Psicanalítica. O existencialismo e o psicodrama
aparecem citados em apenas um dos artigos, respectivamente. Dos 22 artigos, 10
não especificaram a abordagem utilizada.
As diferentes abordagens utilizadas pelo psicólogo na área da oncologia
podem ter uma contribuição especifica para o enfrentamento e a busca de sentido
em relação ao momento vivenciado seja na recepção do diagnóstico, nas
alternativas de tratamento ou prognóstico. Segundo Lourenção, Santos Junior e
Luiz. (2010) a abordagem cognitivo-comportamental contribui para o manejo do
estresse e adaptação ao tratamento por meio de técnicas de reestruturação
cognitiva, manejo de raiva e treino de assertividade, entre outras contribuições.
Na perspectiva fenomenológica e existencialista, Langaro, Pretto e Cirrelli
(2012) ressaltam que, o paciente oncológico após compreender suas vivências ao
longo do tratamento, tem seu projeto de ser-no-mundo reorganizado. Já na
psicanálise, se prioriza o momento da angústia do paciente, restaurando e
sustentando seu ego. O medo e a angústia, segundo Petrilli (2015), causam nos
pacientes reações adversas, em que o profissional deverá, a partir de uma escuta
qualificada, auxiliar o paciente na reestruturação do ego.
De acordo com Câmara e Amato (2014), no psicodrama, o profissional,
contribuirá para com o paciente oncológico na compreensão de suas vivências e a
percepção seu papel enquanto uma pessoa doente e quais papéis precisam de
reparação.
6
Diante do exposto, observar-se que cada abordagem, de acordo com sua
visão de homem e de mundo, contribui para as intervenções psicológicas, criando
condições para a compreensão do momento vivenciado e, consequentemente,
atuará na minimização do sofrimento, promovendo o bem estar e qualidade de vida
ao paciente e sua família.
Categoria 2 - Contribuições do Psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos.
No quadro 2 são apresentadas, especificamente, as contribuições do
Psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos.
É importante ressaltar que nesta categoria, foi encontrada uma diversidade de
aspectos, sendo necessário organizá-la em subcategorias. Assim, a contribuição do
psicólogo aos pacientes oncológicos envolve desde as modalidades de intervenção,
como a psicoterapia breve, a psicoeducação, além da prática grupal, com técnicas
de enfrentamento ou visando à compreensão e busca de sentidos para a situação
vivenciada. As intervenções visam não apenas o paciente, mas também os
familiares e a equipe multiprofissional de saúde.
Contribuições do Psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos.
Subcategorias Nº de artigos
Psicoterapia Breve Modalidades da intervenção
3 Psicoeducação 3 Grupos informativos para familiares Grupo como de apoio à família Atendimento de grupos aos familiares Construir grupo familiar integrado Grupo Educacional Grupo terapêutico com familiares e com a equipe grupo de
conversas informais
Grupos 06
Elaborar conflitos existentes, como promotor de mecanismos de enfrentamento
Trabalhar impactos emocionais no paciente Estimular buscando recursos internos Estratégias de enfrentamento
Técnicas de enfrentamento
4
Prática terapêutica efetiva aquela que propõe reconstruções de sentidos
Compreender os sentidos atribuídos à morte Reorganizar seu projeto-de-ser, após ter sido capaz de
compreender aspectos importantes
Compreensão e busca de sentidos
05
7
Restaurando o acesso à palavra e protegendo-o do excesso de angústia
Sujeito que ele se perceba em seus diferentes papéis arte-terapia, hipnose relaxamento, distração dirigida, visualização, modelação Estratégias de prevenção e de intervenção com cuidadores. fortalecendo a implementação de estratégias de avaliação
álgica por meio do autorrelato Programa Simonton
Estratégias e Técnicas
4
atendimento das principais queixas psicossociais associadas ao tratamento de câncer
favorece o desempenho não apenas dos papéis psicossomáticos, mas também dos psicodramáticos e sociais
Situação psicossocial
02
assistência para familiares e equipe intervenção com cuidadores suporte á família intervenção á família Atendimento à familiares facilitador da comunicação entre a equipe-paciente-família
Equipe de saúde e Família
6
Quadro 2 - Contribuições do Psicólogo na terapêutica de pacientes oncológicos
A técnica de psicoeducação da abordagem cognitivo-comportamental,
encontrada em três dos artigos, pode ser uma boa estratégia para que o paciente ou
a família possa lidar com o sofrimento e o medo da doença. A psicoterapia breve,
também mencionada em 3 dos artigos, utilizada nas abordagens Fenomenológica,
Psicanalítica e Cognitivo-Comportamental, de acordo com Veit e Carvalho (2010)
está respaldada em numerosas pesquisas clínicas, associada a outras técnicas
como a hipnose e psicoeducação. Levando-se em conta a condição em que o
paciente se encontra, não será possível a demora na intervenção, uma vez que, o
medo, a dor e o desamparo são angustiantes para o paciente, necessitando,
portanto, estratégias que tragam um alívio em curto prazo, como é o caso da
psicoterapia breve.
Dentre as contribuições dos psicólogos, observa-se que a prática grupal
ocorre tanto com os pacientes como com os familiares e a equipe multiprofissional
de saúde. Com os familiares, a intervenção ocorre no sentido de amparar e dar
suporte, utilizando-se de informativos e orientações quanto ao estado clínico do ente
querido. Com a equipe de saúde pode intervir nos conflitos que emergem na rotina
médico-hospitalar e na sobrecarga do trabalho, ambos considerados fatores de
estresse por Belancieri (2011).
8
Estudos de Scannavino et al. (2013) ressaltam a importância do trabalho em
grupos sendo focado por especialidade médica, pelo tipo de tratamento, afim de
ajudar pacientes e familiares a compreender a doença e desmistificar mitos
existentes. Souza e Araújo (2010) utilizaram intervenções psicoeducacionais em
oncologia na modalidade grupal, visando promover à qualidade de vida, o
enfrentamento do distresse provocado pelo adoecimento e hospitalização, com a
finalidade de buscar a adaptação às novas situações vividas pelo paciente.
De acordo com Câmara e Amato (2014) o psicólogo auxiliará o paciente na
situação psicossocial, intervindo de forma que ele possa compreender que é
possível viver com a doença, e que existem chances de cura e formas de
tratamento. Assim, o pai de família poderá continuar desempenhando o seu papel, e,
uma das técnicas utilizadas para isso é a inversão de papéis do Psicodrama. Mas,
também quando o paciente está em um estágio avançado da doença, o psicólogo
poderá intervir no âmbito da busca do sentido de suas vivências, falando
abertamente sobre a questão da morte e do morrer.
As técnicas de enfrentamento também são importantes na medida em que o
paciente busca recursos para lidar com conflitos internos e aspectos emocionais que
estão alterados pela situação vivenciada, que de acordo com Fonseca e Castro
(2016), são necessárias na terapêutica do paciente, identificando possíveis
estressores e de que maneira poderão ser minimizados.
Coutinho, Costa Junior e Kanitz (2000) relatam estratégias e técnicas, como a
hipnoterapia para intervir no manejo da dor. O programa Simonton também pode ser
utilizado na terapêutica de pacientes oncológicos, a visualização e relaxamento, por
exemplo, os quais consistem em que o paciente possa visualizar, por meio de
imagens mentais, o medicamento combatendo as células cancerígenas,
reestruturando, dessa forma, a cognição do paciente para o seu restabelecimento.
Em relação à equipe de saúde e a família, cabe ao psicólogo ser um
mediador entre estes e o paciente. De acordo com Ferreira, Lopes e Melo (2011)
articular essa tríade relacional faz com que o psicólogo possa dar um suporte
durante as fases do câncer que deverão enfrentar. Em relação à família é essencial
9
estarem cientes do quadro clínico do paciente, pois, a falta de informações poderão
causar ansiedade e angústia nos familiares.
A equipe de saúde, por vezes, também precisará de suporte psicológico, uma
vez que, segundo Carvalho (2002), o trabalho requer cuidados específicos,
tratamentos invasivos, mutiladores, quimioterapia entre outros, elevando-se o nível
de estresse do trabalhador da área da saúde.
Categoria 3 - Desafios enfrentados pelo psicólogo na atuação junto aos pacientes oncológicos.
Nesta categoria, são apresentados os dados relativos aos desafios que o
psicólogo enfrenta na sua prática profissional com pacientes oncológicos.
Desafios enfrentados pelo psicólogo Subcategorias Nº de artigos
Falta de reconhecimento por muitos médicos e enfermeiros Modelo biomédico Manter o equilíbrio nas suas relações com outros
profissionais
Relação do Psicólogo com a
equipe multiprofissional
3
aprimorar as intervenções realizadas na assistência, bem como apontar necessidades ligadas ao ensino e gerenciamento das atividades do psicólogo.
alcançar a meta de melhoria do manejo clínico da dor. metodologias de mensuração de eficácia a curto e longo
prazo necessidade da especialização do psicólogo em Psicologia
Hospitalar e em Psico-oncologia, para que o trabalho em Oncologia Pediátrica possa ser mais bem-sucedido
Novos modelos de intervenções 4
Necessários mais estudos experimentais de estrutura metodológica
necessidade de pesquisas que possam aprofundar a compreensão sobre fatores potencialmente protetores ao desenvolvimento de transtornos psicológicos
ampliar investigações Profissionais se dediquem mais a tornar suas experiências
públicas, para o avanço da ciência. futuras pesquisas: os rituais funerários tradicionais no sertão Sugerem mais estudos
Necessidades de estudos e pesquisas
6
obrigatoriedade de cobertura pelos planos de saúde de até 40 atendimentos psicológicos ao ano
inexistência de políticas públicas mais adequadas
Situações que implica a
atuação do profissional de forma eficiente
2
Quadro 3 - Desafios enfrentados pelo psicólogo na atuação junto aos pacientes oncológicos.10
De acordo com o Quadro 3, os desafios que os profissionais da psicologia
enfrentam em sua prática profissional estão relacionados às intervenções em
equipes multiprofissionais, aos modelos de intervenções, as necessidades de
estudos e pesquisas, bem como a condições que interferem na prática qualificada
do profissional.
Em relação ao primeiro desafio, ou seja, a prática profissional compondo
equipes multiprofissionais de saúde, o psicólogo muitas vezes não é reconhecido
por outros profissionais, justamente por não terem clareza quanto ao seu papel
dentro de hospitais, ficando apenas reduzido a psicologia clínica. Costa Júnior
(2001) faz um alerta para que mais estudos possam explicitar como é realizado o
trabalho do psicólogo, justamente para que outros profissionais entendam a
importância da psicologia nas equipes de saúde em oncologia. Outro ponto a ser
discutido é o modelo biomédico, em que os outros profissionais se sentem invadidos
com a presença do profissional em psicologia.
Com relação aos novos modelos de intervenção, Scannavino et al. (2013)
alertam para maior cuidado na formação de profissionais que atuam na área da
oncologia para que possam aprimorar suas intervenções. Coutinho, Costa Junior e
Kanitz (2000) revelam que o programa proposto por Simonton possa auxiliar, à
medida que estabelece, a partir de técnicas cognitivas, um alívio para a dor e o
sofrimento advindo do momento vivenciado. Formas de intervenções e
aprimoramento nas técnicas são discutidas nos artigos como forma de cooperar. O
estudo de Ferreira, Lopes e Melo (2011) refere-se a importância de estudos nos
cuidados paliativos com pacientes oncológicos, em especial o trabalho do psicólogo
na minimização do sofrimento e da angústia daqueles que compartilham a condição
da enfermidade.
As necessidades de estudos e pesquisas se referem a outro desafio para o
profissional na área da oncologia. Há necessidade de novos estudos na área e o
compartilhamento das experiências dos profissionais com outros, buscando apontar
falhas e corrigir, como forma de qualificar as intervenções. Kohlsdorf e Costa Junior
11
(2012) ressaltam a necessidade de estudos relacionados a vivência de pais e mães
de crianças em tratamento de câncer.
Em relação às condições que interferem na prática qualificada do profissional
está a questão da inexistência de políticas públicas. Ferreira (2015) m estudo
realizado como projeto de extensão universitária aponta para essa questão, em que
os pacientes tinham que se deslocar dos municípios distantes em que moravam, até
onde o projeto estava sendo ofertado. Uma crítica relevante do autor se refere à
possibilidade de implantação dos serviços de psiconcologia em seus municípios.
Veit e Carvalho (2010) ressaltam a obrigatoriedade dos planos de saúde oferecer ao
paciente quarenta atendimentos ao ano, favorecendo ao paciente um suporte
psicológico. Mas a questão é, 40 atendimentos são suficientes? Há muito que se
discutir nesse sentido.
No contexto geral, pode se notar a importância do profissional de psicologia
no âmbito da saúde e especificamente na área da oncologia, muito já foi realizado,
mas ainda há muito que se trabalhar, visando a contribuições do psicólogo junto aos
pacientes oncológicos.
CONCLUSÕES
O objetivo do estudo foi alcançado na medida em que pode mostrar as
contribuições, possíveis formas de intervenções com pacientes oncológicos e
desafios encontrados pelo psicólogo. A partir da análise dos dados pode-se observar
que os estudos apontam para uma necessidade para maior publicação de
experiências profissionais, tanto para apontar erros, corrigir falhas, como par buscar
novas formas de intervenções. Além da contribuição junto ao paciente oncológico,
poderá ainda contribuir em relação à família e a equipe de saúde, que podem se
beneficiar dos serviços prestados pelo psicólogo.
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