caderno-doutrinário-04.pdf

114
 POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS AJUDÂNCIA-GERAL SEPARATA DO BGPM Nº 91 BELO HORIZONTE, 01 DE DEZEMBRO DE 2011 Para conhecimento da Polícia Militar de Minas Gerais e devida execução, publica-se o seguinte:

Upload: luiz-mendes

Post on 05-Oct-2015

26 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • POLCIA MILITAR DE MINAS GERAISAJUDNCIA-GERAL

    SEPARATADO

    BGPM

    N 91

    BELO HORIZONTE, 01 DE DEZEMBRO DE 2011

    Para conhecimento da Polcia Militar de MinasGerais e devida execuo, publica-se oseguinte:

  • PRTICAPOLICIALBSICACadernoDoutrinrio4

    ABORDAGEMAVECULOS

  • PRTICAPOLICIALBSICACadernoDoutrinrio4

    ABORDAGEMAVECULOS

    BeloHorizonteAcademiadePoliciaMilitar

    2011

  • Direitos exclusivos da Polcia Militar de Minas Gerais (PMMG)Reproduo proibida circulao restrita.

    Comandante-Geral da PMMG: Cel.PM Renato Vieira de SouzaChefe do Estado-Maior: Cel. PM Mrcio Martins SantanaChefe do Gabinete Militar do Governador: Cel. PM Lus Carlos Dias MartinsComandante da Academia de Polcia Militar: Cel. PM Eduardo de Oliveira Chiari CampolinaChefe do Centro de Pesquisa e Ps-Graduao: Ten.-Cel. PM Adeli Slvio LuizTiragem: 1.000

    _________________________________________________MINAS GERAIS. Polcia Militar. Abordagem a veculos. Belo Horizonte: M663a Academia de Polcia Militar, 2011.

    112 p.: il. (Prtica Policial Bsica. Caderno Doutrinrio 4)

    ISBN 978-85-64764-03-3

    1. Abordagem a veculos. 2. Busca veicular. 3. Tcnica e ttica policial- militar. 4. Arma de fogo uso 5. Comunicao operacional. 6. Verbalizao. I. Ttulo. II. Srie. CDU 355.233 CDD 355.014

    _________________________________________________Ficha catalogrfica: Rita Lcia de Almeida Costa CRB 6 Reg. n.1730

    ADMINISTRAO:Centro de Pesquisa e Ps-graduaoRua Dibase 320 PradoBelo Horizonte MGCEP 30411-060Tel.: (0xx31) 2123-9513Vendas: Livraria APM (0xx31) 3335-4618e-mail: [email protected]

  • RESOLUON4145,DE09DEJUNHODE2011.

    Aprova o Caderno Doutrinrio 4, Cerco, Bloqueio e Abordagem a Veculos.

    OCOMANDANTE-GERALDAPOLCIAMILITARDE

    MINASGERAIS, no uso das atribuies que lhe so conferidas pelo inciso I, alnea I do artigo 6, item V, do Regulamento aprovado pelo Decreto n 18.445, de 15Abr77 (R-100), e vista do estabelecido na Lei Estadual 6.260, de 13Dez73, e no Decreto n 43.718, de 15Jan04, RESOLVE:

    Art.1 -Aprovaro Caderno Doutrinrio 4 Cerco, Bloqueio e Abordagem a Veculos.

    Art.2-Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Art.3-Revogam-se as disposies em contrrio.

    QCGemBeloHorizonte,09dejunhode2011.

    (a)RENATOVIEIRADESOUZA,CORONELPMCOMANDANTE-GERAL

  • Misso

    Assegurar a dignidade da pessoa humana, as liberdades e os direitos fundamentais, contribuindo para a paz social e para tornar Minas o melhor Estado para se viver.

    Viso

    Sermos excelentes na promoo das liberdades e dos direitos fundamentais, motivo de orgulho do povo mineiro.

    Valores

    a) Respeito aos direitos fundamentais e Valorizao das pessoas.b) tica e Transparncia.c) Excelncia e Representatividade Institucional.d) Disciplina e Inovao.e) Liderana e Participao.f ) Coragem e Justia.

  • Figura 1- vista area de veculo de 4 portas, com a marcao dos permetros da rea de conteno............................................................................................................. 24

    Figura 2 - Ttica de aproximao: policiais posicionados antes do raio de abertura da porta.................................................................................................................... 34

    Figura 3 PM Vistoriador recebendo os documentos do motorista..................... 35

    Figura 4 - Fiscalizao de equipamentos obrigatrios pelo PM Vistoriador, com a cobertura do PM Segurana............................................................................................. 37

    Figura 5 - Sequncia da abordagem pessoal. Alternncia de papis dos policiais: (A) Busca pessoal realizada pelo PM Verbalizador no motorista do veculo suspeito; (B) Busca pessoal realizada pelo PM Segurana no passageiro do lado direito.......................................................................................................................................... 39

    Figura 6 - Policiais em recuo ttico.................................................................................... 41

    Figura 7 - Viatura parada a 45 em relao ao veculo abordado............................ 43

    Figura 8 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 02 policiais.......................... 45

    Figura 9 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 03 policiais.......................... 47

    Figura 10 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 04 policiais........................ 48

    Figura 11 - Posicionamento ttico: viatura principal a 45, com 02 policiais e viatura de apoio paralela via, com 02 policiais.......................................................... 50

    Figura 12 - Posicionamento ttico: viatura principal a 45, com 02 policiais e viatura de apoio paralela via, com 04 policiais.......................................................... 52

    Figura 13 - Suspeito caminhando em direo viatura, com as mos sobre a cabea......................................................................................................................................... 54

    Figura 14 - Suspeito de costas, levantando a camisa com a mo esquerda, mostrando linha da cintura e PM Verbalizador recuando........................................ 55

  • Figura 15 - Busca pessoal no motorista (setor de busca)......................................... 56

    Figura 16 - PM Segurana mudando de posio, posicionando-se junto ao PM Comandante (abordado no setor de custdia e abordado sendo submetido busca pessoal)......................................................................................................................... 59

    Figura 17 - Tcnica de abertura do porta-malas.......................................................... 60

    Figura 18 - Abordagem motocicleta (ttica de aproximao)............................. 71

    Figura 19 - Abordagem motocicleta (ttica de viatura a 45)............................. 72

    Figura 20 - Abordagem a nibus/micro-nibus (operao educativa).............. 74

    Figura 21 - nibus sendo parado em um dispositivo ttico tipo Blitz................. 75

    Figura 22 - Posicionamento: policiais em abordagem nibus, sem roleta. Viso externa....................................................................................................................................... 76

    Figura 23 - Policiais caminhando no corredor de nibus, sem roleta, identificando pessoas em atitude suspeita.............................................................................................. 77

    Figura 24 - nibus sem roleta: PM Revistador vistoriando bagagem de mo de suspeito, tendo o PM Segurana sua retaguarda................................................... 79

    Figura 25- PM Revistador no corredor do compartimento traseiro, vistoriando bagagem de passageiro. nibus com roleta................................................................ 82

    Figura 26 - Posicionamento ttico de viatura com quatro policiais, a 45, frente de nibus................................................................................................................................... 84

    Figura 27 - Posicionamento ttico na abordagem a nibus/micro-nibus (nvel 3)....................................................................................................................................... 85

    Figura 28 - Dispositivo policial para o cerco da via...................................................105

    Figura 29 - Bloqueio de pista simples com uma viatura e dois policiais...........108

    Figura 30 - Bloqueio de pista dupla com duas viaturas e quatro policiais..... 108

  • 1APRESENTAO................................................................................................... 17

    2CONSIDERAESINICIAIS............................................................................ 21

    2.1 Nveis de abordagem a veculos.................................................................. 22

    2.2 Conceitos aplicveis rea de abordagem a veculos......................... 24

    2.3 Distribuio de funes................................................................................... 25

    3PROCEDIMENTOSPARAAABORDAGEMAVECULOS...................... 29

    3.1 Avaliao de riscos............................................................................................ 29

    3.2 Tticas de abordagem a veculo................................................................... 31

    3.2.1 Ttica de aproximao.................................................................................. 32

    3.2.1.1 Procedimentos........................................................................................... 32

    3.2.1.2 Busca pessoal............................................................................................. 37

    3.2.1.3 Identificao de ocupantes armados................................................ 41

    3.2.2 Ttica com posicionamento de viatura a 45.................................. 42

    3.2.2.1 Dispositivo ttico - viatura com dois policiais................................. 44

    3.2.2.2 Dispositivo ttico - viatura com trs policiais.................................. 46

    3.2.2.3 Dispositivo ttico - viatura com quatro policiais............................. 48

    3.2.2.4 Dispositivo ttico duas viaturas com dois policiais em cada

    uma................................................................................................................................ 49

    3.2.2.5 Dispositivo ttico duas viaturas com dois policiais na viatura

    principal e quatropoliciais na viatura de apoio............................................... 51

  • 3.2.2.6 Verbalizao................................................................................................ 53

    3.2.2.7 Vistoria em veculos.................................................................................. 62

    4ABORDAGEMAVECULOSCOMCARACTERSTICASESPECIAIS... 67

    4.1 Motocicletas e similares.......................................................................... 67

    4.1.1 Modelos de motocicletas e crimes correlatos................................. 68

    4.1.2 Procedimentos tticos para abordagem a motocicletas........... 69

    4.2 nibus/micro-nibus.............................................................................. 72

    4.2.1 Abordagem a nibus/micro-nibus nvel 1.................................... 74

    4.2.2 Abordagem a nibus/micro-nibus nvel 2.................................... 74

    4.2.3 Abordagem a nibus/micro-nibus nvel 3..................................... 83

    4.2.4 Vistoria em nibus/micro-nibus....................................................... 86

    5ABORDAGEMAVECULOS:OPERAODECERCOEBLOQUEIO...91

    5.1 Fundamentao legal.............................................................................. 91

    5.2 Planejamento e desenvolvimento...................................................... 94

    5.2.1 Caractersticas dos locais de Cerco e Bloqueio............................... 96

    5.2.2 Estados de Prontido............................................................................... 97

    5.2.3 Distribuio de Funes......................................................................... 98

    5.2.4 Comunicaes e Logstica..................................................................... 99

    5.3 Procedimentos tticos para a realizao da perseguio

    policial....................................................................................................................... 100

    5.4 Providncias para a realizao de cerco policial em decorrncia de

    evoluo daperseguio a veculo suspeito................................................. 103

  • 5.4.1 Montagem de dispositivo de cerco parcial da via...................... 104

    5.5 Providncias para a realizao de bloqueio policial em decor-

    rncia de evoluo da perseguio a veculo suspeito............................ 106

    5.5.1 Montagem do dispositivo de bloqueio na via............................. 107

    REFERNCIAS......................................................................................................... 111

  • APRESENTAO

    SEO1

  • CadernoDoutrinrio4

    17

    1APRESENTAO

    Em seu cotidiano operacional, o policial militar atende a diversas ocorrncias,

    por iniciativa ou determinao, envolvendo pessoas no interior de veculos.

    Essas intervenes variam desde operaes de carter educativo s ocorrncias

    de alta complexidade e requerem uma doutrina de emprego.

    O Caderno Doutrinrio 4 objetiva padronizar procedimentos operacionais e

    orientar os policiais militares para a tomada de decises sobre a ttica mais

    adequada nas abordagens a veculos, considerando os objetivos da interveno,

    as especificidades de cada tipo de veculo e o ambiente em que a abordagem

    ser realizada. Sua elaborao contou com contribuies de integrantes

    de toda a PMMG. As tcnicas e tticas apresentadas foram testadas por um

    grupo especfico de policiais, que analisaram e validaram a aplicabilidade dos

    procedimentos.

    O contedo versa sobre situaes rotineiras do patrulhamento e aponta

    detalhes importantes que norteiam a conduta do policial, sem inibir sua

    discricionariedade. Apresenta, ainda, dispositivos tticos para uma atuao

    segura, firme, e que respeite a dignidade da pessoa humana, as liberdades,

    direitos e garantias fundamentais do cidado.

    A leitura deste Caderno deve ser precedida da leitura do contedo desenvolvido

    nos demais Cadernos Doutrinrios, em especial, do Caderno 1 Interveno

    Policial, Verbalizao e Uso da Fora, 2 - Ttica Policial, Abordagem a Pessoas e

    Tratamento a Vtimas e 3 - Blitz Policial.

    A seo2 conceitua e classifica a abordagem veicular de acordo com os nveis

    de interveno policial, apresenta a fundamentao legal e os conceitos

    decorrentes da aplicao dos princpios do pensamento ttico nesse tipo de

    ocorrncia.

    Os procedimentos para abordagem a veculo esto apresentados na seo3,

    que traz orientaes sobre a aplicao da metodologia da avaliao de riscos,

    sobre os procedimentos para o desenvolvimento e a execuo das abordagens a automveis; montagem de dispositivos e posicionamento dos policiais.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    18

    Os procedimentos relativos abordagem a veculos com caractersticas especiais (motocicletas e similares, nibus e micro-nibus) sero detalhados na seo4.

    Por motivos didticos, evitando-se a fragmentao do conhecimento, o contedo que trata das operaes de perseguio policial, cerco e bloqueio, previsto para o Caderno Doutrinrio 5, ser tratado naseo5 deste Caderno Doutrinrio.

  • CONSIDERAESINICIAIS

    SEO2

  • CadernoDoutrinrio4

    21

    2CONSIDERAESINICIAIS

    A abordagem a veculos um tipo de interveno policial, cujos procedimentos

    preveem a aproximao dos meios de transporte de passageiros ou de carga,

    em via pblica, com objetivo de:

    orientar e prestar assistncia;

    distribuir folders Dicas PM ou peas grficas relacionadas

    segurana pblica;

    fiscalizar documentos de porte obrigatrio do condutor e do veculo;

    averiguar os equipamentos obrigatrios;

    notificar o condutor em casos de infrao de trnsito;

    adotar providncias quanto ao estado de embriaguez do condutor;

    vistoriar veculo na tentativa de localizar produtos ilcitos;

    efetuar a priso de condutor e passageiros que possuam mandado de

    priso em aberto, que estejam em fuga ou em estado de flagrncia;

    realizar busca pessoal nos ocupantes do veculos.

    A abordagem a veculos vem fundamentada no artigo 5 da Constituio

    Federal (CF/88) e nos artigos 240 a 250 do Cdigo de Processo Penal (CPP).

    A vistoria veicular e a busca pessoal so procedimentos que podem ocorrer

    ao longo de uma abordagem a veculos, principalmente naquelas que se

    configuram intervenes policiais de nvel 2 (preventiva) e 3 (repressiva).

    O artigo 244 do CPP descreve que a busca pessoal independer de mandado,

    e o artigo 245 condiciona a necessidade de mandado apenas para a busca

    domiciliar. Portanto, nos veculos em que o proprietrio/condutor no o utiliza

    como moradia, a busca pessoal e a vistoria veicular independem da necessidade

    de mandado.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    22

    Contudo, de acordo com os artigos 240 a 250 do Cdigo de Processo Penal

    (CPP), esses procedimentos sero realizados nas situaes em que houver

    fundada suspeita.

    A suspeio pode advir de algum critrio subjetivo (conduta do cidado,

    denncia annima, dentre outros) ou objetivo (dados do geoprocessamento

    como local, horrio, veculo de tipo ou modelo geralmente utilizado para

    prtica de crimes, dentre outros).

    Assim, durante uma abordagem a veculos, a busca pessoal e a vistoria veicular

    devem ocorrer de forma fundamentada e no aleatria, com a finalidade de

    preveno ou de represso qualificada a possveis delitos, diante da suspeita de

    que algum esteja ocultando consigo os seguintes objetos:

    arma proibida;

    coisas obtidas por meios criminosos;

    instrumentos de falsificao ou objetos falsificados e contrafeitos;

    armas e munies, instrumentos utilizados na prtica de crime ou

    destinados a fim delituoso;

    objetos necessrios prova de infrao ou defesa de ru;

    qualquer elemento que demonstre indcio de infrao penal.

    2.1Nveisdeabordagemaveculos

    De acordo com a classificao das intervenes policiais apresentada no

    Caderno Doutrinrio 1, a abordagem a veculo pode ser classificada em:

    a)abordagemaveculo-nvel1

    Ser empregada nas aes e operaes policiais de carter educativo e

    assistencial (risco nvel I). Nesse caso, o estado de prontido coerente o

    ateno(amarelo).

  • CadernoDoutrinrio4

    23

    Exemplos: distribuio de folders Dicas PM, no feriado de Carnaval;

    distribuio de folders Viagem Segura, em Blitz policial; policiais que

    prestam assistncia a veculo na via.

    b)abordagemaveculo-nvel2

    Ser empregada nas aes e operaes de carter preventivo (risco nvel II),

    em fatos que indiquem ameaa segurana pblica. o caso das abordagens

    baseadas em histrico de infraes (dados georeferenciados) ou situaes em

    que a infrao no foi consumada, mas h indcio de preparao para o seu

    cometimento. O estado de prontido coerente o alerta(laranja).

    Exemplos: aes e operaes de fiscalizao de documentos e equipamentos

    obrigatrios; abordagens de iniciativa decidida com base na avaliao de riscos;

    denncia de veculos em locais ermos ou parados em frente a estabelecimentos

    comerciais, causando suspeio de comerciantes; operaes com parada de

    veculos para fiscalizao de porte de armas, busca e apreenso de drogas,

    dentre outros.

    c)abordagemaveculo-nvel3

    Ser empregada nas aes e operaes de carter repressivo, caracterizado por

    situaes de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito (risco nvel

    III). O estado de prontido coerente o alerta(vermelho).

    Exemplos: veculo produto de furto ou roubo; veculo utilizado em sequestro;

    veculo utilizado ou tomado de assalto; denncia de ocupantes armados no

    interior do veculo; veculo utilizado para fuga; veculo utilizado para transporte

    de drogas e outros produtos ilcitos, dentre outros.

    ATENO! Independentemente da situao, os

    componentes da guarnio devem considerar que toda

    abordagem possui um potencial que a torna arriscada,

    devendo observar todas as orientaes tcnicas e

    doutrinrias, mantendo um estado de prontido

    coerente com cada situao

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    24

    2.2 Conceitos aplicveis rea de abordagem a veculos

    Para proceder abordagem a veculos, o policial deve observar os princpios do

    pensamento ttico, mapeando o local da interveno em funo da avaliao

    de riscos. (Ver Caderno Doutrinrio 1). Nesse sentido, considere:

    a)readeconteno: a rea de abrangncia da ocorrncia, em que os policiais devero manter constante monitoramento com objetivo de conter os abordados e isolar o local contra a interveno de terceiros;

    b) rea de risco: numa abordagem a veculos, compreende-se todo o espao livre em torno (360) do veculo abordado. Nessa rea, existem ameaas, reais ou potenciais, que colocam em risco a segurana dos envolvidos, pelo fato de o policial no deter, ainda, o domnio da situao;

    c) rea de aproximao: o espao que corresponde a uma faixa de aproximadamente 75 cm de largura, que se inicia na altura do para-choques traseiro (esquerdo/direito) do veculo abordado e termina antes do raio de abertura da porta do motorista ou das portas traseiras quando houver passageiros nos bancos de trs. o local que oferece menor risco ao policial durante a aproximao;

    d)readealcance: o espao situado dentro da rea de risco em que o policial estar vulnervel agresso fsica por parte de ocupantes do veculo (agresses com socos, com chaves de fenda, trancas de carro, dentre outros). Essa rea compreende um raio de extenso de aproximadamente um metro, partindo das janelas do veculo;

    Figura 1- vista area de veculo de 4 portas, com a marcao dos permetros da rea de conteno.

  • CadernoDoutrinrio4

    25

    e) setor de busca: o espao destinado realizao de busca pessoal

    e ser definido aps anlise do local e avaliao de riscos, de forma a

    garantir segurana tanto para os policiais quanto para os abordados. (Ver

    Caderno Doutrinrio 2);

    f)setordecustdia: o espao definido pelos policiais, dentro da rea

    de conteno, para onde os abordados sero encaminhados enquanto

    aguardam consultas de dados, busca pessoal, vistorias, entre outros.

    Recomenda-se que esses locais no possuam pontos de escape

    que permitam uma possvel evaso dos abordados. (Ver Caderno

    Doutrinrio 2).

    2.3 Distribuio de funes

    Para melhor compreenso dos procedimentos relativos abordagem a veculos,

    aplicam-se as seguintes funes:

    a)PMComandante: o militar de maior posto ou graduao, e dentre eles, o mais antigo; responsvel pela coordenao e pelo controle da operao;

    b)PMVerbalizador: o policial responsvel pela comunicao com os ocupantes do veculo abordado;

    c)PMVistoriador: o policial responsvel pela verificao de documentos e vistoria do veculo;

    d)PMRevistador: o responsvel pela realizao da busca pessoal nos ocupantes do veculo abordado, durante a interveno;

    e)PMSegurana: o policial responsvel pela integridade e segurana

    dos componentes da equipe durante toda a interveno.

    ATENO!Um policial poder acumular duas ou mais

    funes das descritas no item anterior, conforme o tipo

    de veculo, os objetivos a serem atingidos e o nmero

    de integrantes da equipe.

  • PROCEDIMENTOSPARAAABORDAGEMAVECULOS

    SEO3

  • CadernoDoutrinrio4

    29

    3PROCEDIMENTOSPARAAABORDAGEMAVECULOS

    Aabordagemaveculosocorre:

    a) durante uma operao de blitz policial, quando a viatura e os policiais

    montam um dispositivo apropriado para direcionar e diminuir a

    velocidade do fluxo do trnsito, de forma a facilitar a escolha e a ordem

    de parada dos veculos pelo PM Selecionador, de acordo com o objetivo

    e o nvel da interveno (Ver Caderno Doutrinrio 3);

    b) durante o patrulhamento, por acionamento ou de iniciativa, o

    comandante da guarnio, com a viatura em movimento, decide pela

    realizao da abordagem (parada ou em movimento).

    c) durante perseguio policial, numa operao de cerco e bloqueio.

    A anlise prvia de todos os dados levantados e dos aspectos legais ir orientar

    os policiais quanto deciso de iniciar ou no a abordagem e quanto escolha

    dos dispositivos tticos e ao emprego de nveis de fora, coerentes com a

    situao apresentada.

    3.1 Avaliao de riscos

    Toda e qualquer interveno policial, seja simples ou complexa, deve ser

    precedida de anlise criteriosa das informaes, de forma que sejam organizadas,

    trabalhadas e transformadas em dados, aplicando-se a metodologia de

    avaliao de risco (Ver Caderno Doutrinrio 1)

    A primeira anlise que o policial deve fazer a identificaodedireitos e

    garantiassobameaa. Para tanto, numa abordagem a veculo, deve observar,

    dentre outros aspectos: presena de crianas, gestantes e idosos no veculo

    ou nas proximidades; se o local e as condies da via oferecem segurana; o

    comportamento do condutor (cooperativo ou resistente, a direo ofensiva;

    possveis alteraes provocadas por ingesto de substncias como lcool,

    drogas, medicaes); se h presena de refns.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    30

    Para avaliar ameaas, o policial deve considerar as caractersticas de cada tipo de veculo que ser abordado (de transporte de passageiros ou cargas; de duas ou quatro rodas; nmero de portas), o que influenciar, sobremaneira, no plano de ao. Alm disso, deve identificar quantas pessoas esto visveis no interior do veculo, para definir os pontos de foco e pontos quentes a serem monitorados. Dentre outras medidas importantes para avaliar ameaas, o policial deve analisar as caractersticas fsicas dos ocupantes e fazer a correlao com dados j conhecidos, consultar a placa para averiguar se o veculo furtado, identificar se existe algum veculo dando cobertura ou acompanhando aquele que est sendo abordado, observar se foi dispensado algum material do interior do veculo ou imediaes e se h armas, com tipos e quantidade utilizada pelos infratores.

    Quanto mais especficas forem as respostas s questes anteriores e as informaes colhidas, antes da abordagem, mais precisa ser a classificaoderisco. Esses fatores contribuiro para o preparo mental e para a adoo de um estado de prontido adequado, alm de subsidiar a elaborao de um plano de ao mais eficaz.

    A quarta etapa da metodologia de avaliao de riscos a anlise dasvulnerabilidades. A abordagem a veculo consiste em verificar se h supremacia de foras, averiguar se o armamento e os equipamentos existentes na viatura so suficientes, analisar se h necessidade de cobertura, escolher o local e o momento da abordagem, de forma a garantir a segurana de todos os envolvidos.

    Por fim, a avaliaodepossveis resultados consiste em analisar os riscos que a abordagem acarretar para a guarnio, para terceiros e para a via, bem

    como os resultados e possveis reflexos da ao policial. Trata-se de avaliar a

    real necessidade de abordar o veculo em funo da relao custo-benefcio da

    interveno.

    ATENO! Deve-se evitar a abordagem em regies

    com grande fluxo de pessoas (locais prximos a grandes

    eventos, estdios, escolas, hospitais, bares ou bancos).

    Aglomerados urbanos, em decorrncia da topografia do

    terreno, tambm podem oferecer risco a terceiros.

  • CadernoDoutrinrio4

    31

    Ao iniciar uma abordagem veicular, o policial deve:

    repassar central de operaes a localizao exata da guarnio;

    procurar fazer com que o veculo abordado pare em um local fora da pista de rolamento (ou onde haja menos trfego);

    estar atento quanto s possveis rotas de fuga;

    evitar abordar prximo a locais onde pessoas hostis possam interferir

    na abordagem;

    noite, quando possvel, escolher locais j conhecidos e com luminosidade favorvel;

    evitar reas com prdios que possuam vidraas refletivas, pois podero anular a vantagem ttica;

    se possvel e necessrio, pedir auxlio central de comunicaes

    para direcionar o veculo para local mais apropriado, por meio dos

    recursos informatizados de geografia urbana;

    verificar a existncia de outros veculos, que podero dar cobertura ao veculo abordado.

    3.2 Tticas de abordagem a veculoNa abordagem a veculos, sero empregadas trs tticas principais:

    ttica de aproximao;

    ttica com posicionamento de viatura a 45;

    ttica de cerco e bloqueio. Essa ltima ser tratada na seo 5 deste

    Caderno Doutrinrio

    ATENO! A classificao de risco poder ser alterada

    no transcorrer de uma interveno policial, consoante

    elevao ou diminuio da gravidade da ocorrncia.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    32

    Os procedimentos iniciam-se com a ordemdeparada, caso o veculo a ser abordado esteja em movimento, utilizando a verbalizao e sinais sonoros e gestuais. Durante uma operao blitz policial, o PM Selecionador levanta o brao direito e, como advertncia, emite um silvo longo para que os veculos diminuam a marcha. Quando estiver prximo, efetua dois silvos breves e aponta para o Box de Abordagem, local onde o veculo deve parar. (Ver Caderno Doutrinrio 3). Durante o patrulhamento, com a viatura e o veculo abordado em movimento, o giroflex e a sirene devem ser ligados e o megafone deve ser utilizado para determinar ordem de parada. No havendo megafone, o motorista da viatura pisca os faris e sinaliza com o brao esquerdo. Caso o veculo no obedea ordem de parada ou tente evadir-se de uma operao policial do tipo Blitz, seguir os procedimentos descritos no Caderno Doutrinrio 3 e na seo 5 deste Caderno que trata do acompanhamento e monitoramento

    durante a perseguio policial.

    3.2.1Tticadeaproximao

    Consiste no deslocamento do policial at o veculo parado, posicionando-se na readeaproximao para a verbalizao e abordagem.

    Ser empregada em abordagem a veculos, nveis 1 (carter educativo e assistencial) e 2 (em operaes preventivas com parada de veculos para fiscalizao de documentos e equipamentos obrigatrios ou com objetivo de apreender armas de fogo, drogas e outros produtos ilcitos).

    As demais situaes de abordagemaveculos-nvel2, em que existe uma fundada suspeita, porm sem a certeza da existncia de um delito, dever ser empregada a tticacomposicionamentodeviaturaa45, que vem descrita no item 3.2.2 deste Caderno Doutrinrio.

    3.2.1.1Procedimentos

    Mantendo uma distncia de aproximadamente 3 metros do automvel, o PM

    Verbalizador(o motorista da viatura, que acumula a funo de PMVistoriador)

    identifica-se, anuncia o motivo da abordagem e orienta que o veculo seja

    desligado, antes de sua aproximao.

  • CadernoDoutrinrio4

    33

    Sugere-se a seguinte verbalizao:

    _ Bomdia (noite)! EusouoCabo ... (dizer posto / graduao

    e o nome), da Polcia Militar (utilize o complemento

    POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, caso esteja em

    abordagem prxima divisa /fronteira do Estado).

    _Tudobem?Estamosemumaoperaopreventiva.

    _Porgentileza,sigaasnossasorientaes.

    _Motorista,desligueoveculo!

    (Conforme avaliao de risco, o PMVerbalizador dever

    determinar ao motorista e aos demais passageiros que

    abaixem os vidros e coloquem as mos sobre a cabea)

    Aps o motorista do veculo desligar o motor, o PMVerbalizador seguir pela

    rea de aproximao, posicionar-se- antes do raio de abertura da porta

    do motorista (prximo coluna da porta), do lado esquerdo, e solicitar os

    documentos obrigatrios.

    Nesse momento, o PM Verbalizador/Vistoriador, estando no estado de

    prontido de ateno (amarelo), dever manter sua arma de fogo na posio 1

    arma localizada, com o lado do cinto de guarnio que porta a arma afastado

    do alcance dos passageiros. As portas e vidros do lado esquerdo do veculo

    abordado so seus pontos de foco e os ocupantes que estiverem tambm do

    lado esquerdo so seus pontos quentes, com nfase para as mos que devero

    estar sempre visveis.

    ATENO! Conforme avaliao de risco, quando houver

    passageiro no banco traseiro, o policial poder se

    posicionar antes do raio de abertura da porta traseira

    esquerda e determinar que o motorista entregue

    os documentos ao passageiro, para que lhe sejam

    repassados.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    34

    Figura 2- Ttica de aproximao: policiais posicionados antes do raio de abertura da porta

    Ao mesmo tempo da aproximao do PMVerbalizador, o PM Segurana

    (comandante da viatura) dever estar no estado de prontido de ateno

    (amarelo)e se posicionar na rea de aproximao do lado direito do veculo,

    onde permanecer observando todo e qualquer movimento em seu interior. A

    arma de fogo dever estar na posio1armalocalizadaounaposio2

    armaemguardabaixa, de acordo com a avaliao de risco. Considerando os

    elementos do pensamento ttico, dever considerar os ocupantes do veculo

    com pontosdefoco e as mos os pontosquentes.

    A disposio de um policial em cada lado do veculo abordado confere maior

    capacidade de controle e segurana, sendo, portanto, ttica dissuadora de

    ao reativa por parte dos ocupantes do veculo. O PMVistoriador e o PM

    Seguranano devem se manter apoiados ou mesmo encostados no veculo.

    Essa postura evitar que os policiais tenham a roupa presa em partes do veculo

    e sejam arrastados ou lesionados caso o motorista tente arrancar e evadir-se

    com o veculo. O PMVistoriador e o PMSegurana no devem se posicionar

    na readealcance, evitando assim possvel agresso fsica (soco, uso de arma

    branca como faca, chaves de fenda, trancas de carro, entre outros) por parte de

    algum dos ocupantes do veculo.

  • CadernoDoutrinrio4

    35

    Na readeaproximao, o PMVistoriador dever perguntar ao motorista do

    veculo abordado o seu nome e onde se encontram os documentos de porte

    obrigatrio, antes de solicitar que os apanhe, facilitando assim um melhor

    controle dos seus movimentos:

    _Qualoseunome...?

    _ Senhor ... (nome), onde se encontram os documentos de

    porteobrigatrio?

    Aguarde resposta.

    _ Senhor ... (nome), lentamente,pegueosdocumentoseme

    entregue.Parasuasegurana,nofaamovimentosbruscos.

    Figura 3 PM Vistoriador recebendo os documentos do motorista.

    ATENO! A adoo dessas posturas, alm de aumentar

    a segurana dos policiais, poder, inclusive, contribuir

    para que o abordado se torne cooperativo. Caso o risco da

    abordagem evolua, proporcionalmente tambm dever

    evoluir o nvel de fora empregada pelos policiais.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    36

    Com a mo livre, o PMVistoriadordever pegar os documentos e realizar as

    seguintes aes:

    verificar os documentos do veculo e do condutor (Carteira Nacional de

    Habilitao e Carteira de Identidade);

    em caso de suspeio, consultar o nome dos ocupantes do automvel e

    placa na central de comunicaes, via rdio HT (Hand-Talk), ou se dirigir

    at a viatura para operar o rdio;

    caso a consulta venha a ocorrer via rdio da viatura, o PMVistoriador,

    em nenhum momento, dever voltar suas costas para o veculo abordado

    e, ao retornar, dever seguir os mesmos procedimentos de segurana de

    uma nova abordagem, ou seja, abordar pela rea de aproximao e no

    se posicionar na readealcance;

    durante toda a abordagem, o PMSegurana dever permanecer na

    readeaproximao do lado direito do veculo, com arma na posio1

    armalocalizada ou 2 armaemguarda-baixa, com foco nas mos e

    na movimentao do motorista e dos passageiros no interior do veculo.

    Aps avaliar os documentos de porte obrigatrio, o PMVistoriador dever

    devolv-los ao condutor, momento em que dever agradecer a colaborao e

    explicar a importncia da interveno policial. Se o abordado manifestar algum

    comportamento de resistncia, o policial dever considerar as orientaes para

    verbalizao e uso de fora descritos nos Cadernos Doutrinrios 1, 2 e 3.

    Caso a abordagem policial objetive a fiscalizao de equipamentos obrigatrios,

    o PM Vistoriador determinar que apenas o condutor desembarque para

    acompanhar esse procedimento.

    Durante a fiscalizao dos equipamentos obrigatrios, o PMVistoriador no

    dever dar as costas ao motorista, mantendo-se a uma distncia de segurana.

    O PMSegurana dever ficar com a ateno voltada para os demais ocupantes

    que permanecerem no interior do veculo. Conforme nvel de risco, caso seja

    necessrio proceder a uma vistoria veicular, esta dever ocorrer somente aps

    o desembarque e a busca pessoal de todos os ocupantes do veculo.

  • CadernoDoutrinrio4

    37

    Figura 4. Fiscalizao de equipamentos obrigatrios pelo PM Vistoriador, com a cobertura do PM Segurana.

    3.2.1.2Buscapessoal

    No raras vezes, durante abordagem com emprego datticadeaproximao,

    os policiais podem, aps posicionados na reade aproximao, identificar

    ou obter informaes de indcios de fundada suspeita que recaia sobre os

    ocupantes do veculo fiscalizado, com necessidade de realizao de busca

    pessoal.

    Dentre os motivos que justificam a busca pessoal nos ocupantes do veculo,

    podemos citar:

    movimentos bruscos e sugestivos de ocultao de objetos ilcitos;

    informao de antecedentes criminais;

    existncia de mandado de priso em aberto;

    confirmao / deteco de veculo furtado;

    identificao de chassi adulterado;

    violao do lacre da placa;

    percepo de odores sugestivos de substncia entorpecente;

    operao preventiva com parada de veculos cujo objetivo seja

    apreenso de armas, drogas e outros produtos ilcitos.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    38

    No caso de necessidade de busca pessoal durante emprego da ttica de

    aproximao, os policiais devero realizar os procedimentos, ilustrados a seguir.

  • CadernoDoutrinrio4

    39

    Figura 5. Sequncia da abordagem pessoal. Alternncia de papis dos policiais: (A) Busca pessoal realizada pelo PM Verbalizador no motorista do veculo suspeito; (B) Busca pessoal realizada pelo PM Segurana no passageiro do lado direito

    O PMVistoriador dever avisar ao PMSegurana da necessidade de busca

    nos ocupantes do veculo e, em seguida, comunicar central de comunicaes

    sobre a suspeita e a realizao da busca pessoal, informando se h necessidade

    de reforo.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    40

    Ambos, PM Vistoriador e PM Segurana, devero elevar o estado de

    prontido, permanecendo na rea de aproximao do automvel, devendo

    variar a posio da arma de fogo, conforme avaliao de risco.

    Na readeaproximao, o PMVistoriador determinar aos ocupantes que

    permaneam no interior do veculo com as mos visveis, avisando-os que

    sero submetidos a uma busca pessoal:

    _Motoristaepassageiro(s)...

    Para sua segurana, no faam movimentos bruscos,

    permaneam no interior do veculo e coloquem as mos

    sobreacabea,ondeeupossav-las.Vocsserosubmetidos

    aumabuscapessoal.

    Na readeaproximao, o PMVistoriador determinar que um a um, cada

    qual a seu tempo, saia do veculo com as mos sobre a cabea e se posicionem

    um ao lado do outro, no setordecustdia(passeio / acostamento existente do

    lado direito do veculo abordado).

    _ Motorista (passageiro tal) ...

    _Retirelentamenteocintodeseguranaedesembarque.

    _ Abra a porta e saia do veculo com as mos e os dedos

    entrelaadossobreacabea.

    _Caminhelentamenteemdireocalada(acostamento)!

    _Vire-se de costas e aguarde nesta posio at que seja

    iniciadaabuscapessoal.

    Aps todos os ocupantes sarem do veculo e se posicionarem para a busca

    no setordecustdia, devero permanecer sob a guarda do PMSegurana,

    que se movimentar na rea de aproximao e far, juntamente com o

    PMRevistador (antes da busca denominado PMVistoriador), a tcnica de

    aproximao triangular para a busca pessoal. (Ver Caderno Doutrinrio 2).

  • CadernoDoutrinrio4

    41

    O PMRevistador, aps a retirada de todos os ocupantes do veculo, far a busca

    dos suspeitos um a um, no setordebusca. Nesse momento, o PMSegurana

    assume a verbalizao.

    3.2.1.3Identificaodeocupantesarmados

    Depois de posicionados na rea de aproximao, caso os policiais verifiquem que os ocupantes do veculo esto armados, dever ser empregada a ttica policial complementar, descrita a seguir.

    O PMVistoriador dever avisar ao PMSegurana que os ocupantes do veculo esto armados e ambos devero elevar o estado de prontido para alarme(vermelho), posicionar a arma na posio 4 - pronta resposta, e sair rapidamente da rea de aproximao, efetuando o recuo ttico, posicionando-se atrs da viatura ou se protegendo em outro tipo de abrigo existente na via. Figura 6.

    Figura 6. Policiais em recuo ttico.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    42

    Aps abrigados, o policial que estiver com rdio transceptor HT repassar a

    situao central de comunicaes e, caso necessrio, solicitar reforo.

    Em caso de acionamento de reforo, at a chegada da viatura de apoio, os

    policiais devero verbalizar com o motorista e os passageiros, mantendo-os

    contidos no interior do veculo, enquanto aguarda a cobertura policial.

    Neste tipo de abordagem com indivduos armados, devero ser empregados os

    princpios da tticacomviaturaa45, naquilo que couber.

    3.2.2 Tticacomposicionamentodeviaturaa45

    Ser empregada em abordagens a veculos nvel 2 (risconvel II), quando o

    policial dever estar no estado de prontido alerta (laranja). Exemplos:

    abordagem a veculo que avanou sinal em alta velocidade; abordagem a

    veculo parado em local ermo; abordagem a veculo circulando reiteradas

    vezes ou parado prximo a estabelecimento comercial, em atitude suspeita;

    abordagem a veculo cujas caractersticas dos ocupantes faam presumir serem

    usurios de droga, entre outros.

    Esta ttica tambm dever ser empregada em abordagens a veculos nvel 3 (risco

    nivel III). Exemplos: abordagem a veculos com caractersticas semelhantes

    a veculo utilizado em fuga logo aps cometimento de crime; abordagem a

    veculo em que a denncia aponta que os ocupantes esto portando armas

    de fogo; abordagem a veculo em que o relatrio de informao do disque-

    denncia afirma se tratar de transporte de grande quantidade de drogas, entre

    outros. Nesse caso, o estado de prontido o de alarme(vermelho).

    A ttica com posicionamento de viatura a 45 utiliza a prpria viatura como

    formadora de uma rea de segurana, permitindo que a abordagem ocorra

    mesmo em locais abertos, sem a presena de abrigos fsicos, possibilitando que

    os policiais verbalizem e abordem devidamente cobertos e abrigados.

    A parte frontal da viatura o local mais seguro porque onde est localizado

    o bloco do motor, composto por vrias peas metlicas que diminuem a

    velocidade e eficcia do projtil.

  • CadernoDoutrinrio4

    43

    A parte central dos veculos onde esto localizadas as portas que, por suas

    caractersticas fsicas (vidros e chapa prensada), no oferecem proteo contra disparos de arma de fogo.

    A parte traseira dos veculos onde geralmente se encontra o porta-malas que, tambm por suas caractersticas fsicas, no oferecem proteo contra disparos de arma de fogo, a no ser que esteja acondicionado em seu interior material capaz de bloquear ou diminuir significativamente a velocidade e eficcia do projtil.

    Alm do bloco do motor, a outra parte dos veculos que oferece proteo contra disparos de arma de fogo so as rodas que, no ngulo correto e devidamente emparelhadas, podem tornar-se uma proteo contra tiros.

    No emprego da ttica com posicionamento de viatura a 45, a viatura que iniciar a abordagem dever posicionar-se a uma distncia entre 3 e 5 metros atrs do veculo abordado, na diagonal, com a parte frontal voltada para a direo do fluxo da via e a parte traseira para o passeio, formando um ngulo aproximado

    de 45 em relao ao veculo a ser abordado (figura 7).

    Figura 7. Viatura parada a 45 em relao ao veculo abordado. Posicionamento de viatura a 45

    Estrategicamente, esse posicionamento ttico da viatura favorece:

    a formao de uma readesegurana. A viatura ser utilizada como

    abrigo, haja vista que o bloco do motor, as rodas e as partes macias

    oferecem proteo fsica aos policiais;

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    44

    a celeridade no desembarque e embarque dos policiais;

    o controle visual (pontos de foco e pontos quentes) das portas e janelas do veculo, sem necessidade de exposio na rea de risco;

    uma posio segura para emprego da tcnica de verbalizao. Essa funo ficar, prioritariamente, sob a responsabilidade do PM Verbalizador (motorista), que ter a melhor posio ttica em relao ao motorista do veculo, enquanto o outro policial (PM Comandante da viatura) executar a cobertura e a segurana do permetro;

    maior facilidade no caso de necessidade de uma sada rpida da viatura.

    3.2.2.1Dispositivottico-viaturacomdoispoliciais

    O PMComandante da viatura compartilhar com os demais integrantes da guarnio sua deciso em realizar a abordagem.

    Em seguida, o PMComandante dever ligar o giroflex e a sirene e determinar ao motorista da viatura que se aproxime do veculo abordado pela retaguarda. O motorista da viatura no dever ultrapass-lo ou emparelhar-se a ele.

    O PMComandante dever utilizar o megafone para ordem de parada. Caso a viatura no disponha de megafone, o motorista da viatura dever piscar os faris e sinalizar com o brao esquerdo para que o condutor pare o veculo.

    Na sequncia, o motorista da guarnio dever posicionar a viatura a 45, descrita anteriormente, e os policiais devero desembarcar rapidamente, com

    a arma nas posies2armaemguardabaixa ou 3 armaemguardaalta,

    variando de acordo com a avaliao de risco. Sem desviar a ateno do veculo

    abordado, ocuparo as seguintes posies, conforme Figura 8.

    ATENO! No perodo noturno, caso necessrio, a

    viatura poder ser posicionada de forma paralela

    via, com o objetivo de utilizar o facho de luz dos faris

    para dificultar a viso dos abordados em relao aos

    policiais.

  • CadernoDoutrinrio4

    45

    Figura 8 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 02 policiais.

    a) motoristadaviatura: dever desembarcar, deixando o rdio de comunicao do lado de fora da janela para facilitar os chamados e se posicionar, ajoelhado, logo atrs da roda dianteira esquerda. Ele ser o responsvel pela verbalizao e abordagem do motorista e do passageiro, que se encontrarem posicionados do lado esquerdo do veculo abordado (PMVerbalizador). Considerando o pensamento ttico, h momentos distintos de monitoramento e desempenho de funes:

    enquanto os passageiros estiverem no interior do veculo abordado,

    deve considerar as portas e vidros do lado esquerdo como pontode

    foco, e os ocupantes do lado esquerdo do veculo como pontoquente,

    dando nfase para as mos que devero estar sempre visveis;

    durante a retirada dos ocupantes para a busca pessoal, seu pontode

    foco ser o abordado e os pontos quentes sero as mos, pernas e

    cinturas dessa pessoa;

    realizar a busca pessoal (PMRevistador) em todos os ocupantes do

    veculo com a cobertura do PMSegurana (comandante da viatura).

    b)comandantedaviatura: desembarcar, seguindo de costas em direo

    traseira da viatura (abrigo). Ficar ajoelhado ou de silhueta baixa, atrs

    da extremidade direita do para-choques traseiro. Ser o responsvel

    pela verbalizao e abordagem dos ocupantes do lado direito do veculo

    abordado.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    46

    Considerando o pensamento ttico, h momentos distintos de monitoramento

    e desempenho de funes:

    enquanto os passageiros estiverem no interior do veculo abordado,

    deve considerar as portas e vidros, do lado direito, como ponto de foco,

    e os ocupantes do lado direito do veculo, como ponto quente, dando

    nfase para as mos que devero estar sempre visveis;

    durante a retirada dos ocupantes para a busca pessoal, seu ponto de foco

    ser o abordado e os pontos quentes sero as mos, pernas e cinturas

    dessa pessoa;

    far a cobertura durante a realizao da busca pessoal (PM Segurana).

    3.2.2.2Dispositivottico-viaturacomtrspoliciais

    Quando a guarnio for composta por trs policiais, o motorista e o comandante

    da viatura assumiro a mesma posio do dispositivo ttico da viatura composta

    por dois policiais, descrito no item anterior.

    O terceiro policial, quando embarcado, o patrulheiro que fica posicionado

    atrs do motorista. Aps desembarcar da viatura, seguir para a extremidade

    esquerda do para-choques traseiro da viatura policial, devendo ficar ajoelhado e

    de costas em relao ao veculo abordado. Assumir a funo de PMSegurana

    responsvel pela retaguarda, com a arma na posio 2 arma emguarda

    baixaou3armaemguardaalta. As pessoas e veculos que estiverem nas

    imediaes sero seus pontosdefoco. Portas e janelas dos veculos e, cintura,

    mos e pernas de pessoas que tentarem se aproximar da rea de conteno

    ATENO! Durante a busca pessoal e em outro

    momento, caso seja necessrio, o comandante da

    viatura poder assumir a funo de PMVerbalizador,

    deixando o motorista da viatura na funo de PM

    Segurana.

  • CadernoDoutrinrio4

    47

    sero considerados os pontosquentes.

    Alm de focar sua ateno para a retaguarda da viatura, dar cobertura ao PM

    Revistador, durante a busca pessoal. Portanto, sua posio ser varivel.

    Figura 9 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 03 policiais.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    48

    3.2.2.3Dispositivottico-viaturacomquatropoliciais

    Figura 10 - Posicionamento ttico: viatura a 45, com 04 policiais.

    Quando a guarnio composta por quatro policiais, o motorista e

    comandante da viatura assumem a mesma posio do dispositivo ttico da

    viatura composta por dois policiais, descrita anteriormente.

    Neste dispositivo, o terceiro policial assumir a funo de PM Segurana,

    sendo o responsvel por dar cobertura, quando da verbalizao e abordagem

    do motorista e demais passageiros, alm dar segurana ao PMRevistador no

    momento da busca pessoal. Sua posio ser, portanto, varivel:

  • CadernoDoutrinrio4

    49

    ficar posicionado do lado direito do PM Vistoriador, quando da verbalizao e abordagem do motorista e do passageiro que ocupa o lado esquerdo do veculo abordado;

    ficar posicionado do lado esquerdo do PMComandante, quando da verbalizao e abordagem dos passageiros que estavam assentados do lado direito do veculo abordado.

    O quartopolicial, quando embarcado, o patrulheiro que fica posicionado atrs do comandante. Aps desembarcar da viatura, assumir a funo de PMSegurana da retaguarda, posicionando-se junto extremidade esquerda do para-choques traseiro da viatura policial, devendo ficar ajoelhado e de costas em relao ao veculo abordado, com a arma na posio 2 armaemguardabaixa ou 3 armaemguarda alta. As pessoas e veculos que estiverem ou se aproximarem da rea de conteno sero seus pontosdefoco. Consequentemente, portas e janelas dos veculos e, cintura, mos e pernas de pessoas que tentarem se aproximar desse local sero considerados os pontosquentes.

    3.2.2.4Dispositivotticoduasviaturascomdoispoliciaisemcadauma

    Neste tipo de abordagem, a viatura principal ir se posicionar como j foi

    explicado anteriormente, formando um ngulo de 45 em relao ao veculo

    a ser abordado. Assim os policiais dessa viatura iro se posicionar conforme

    abordagem com uma viatura e dois policiais, descrita no item 3.2.2.1.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    50

    Figura 11 - Posicionamento ttico: viatura principal a 45, com 02 policiais e viatura de apoio paralela via, com 02 policiais.

    A viaturadeapoio ir parar atrs da viatura principal, paralela e na direo

    do fluxo da via, mantendo uma distncia de aproximadamente 3 a 5 metros

    da viatura que iniciou a abordagem. Os policiais devero assumir o seguinte

    dispositivo ttico:

    ocomandantedaviaturadeapoio descer rapidamente e assumir

    a funo de PMSegurana, sendo o responsvel pela cobertura do PM

    Vistoriador/Revistadore PMComandanteda viatura principal durante

    o emprego da tcnica de verbalizao e conduo dos suspeitos at

    a rea de segurana (setor de custdia), bem como da segurana no

    momento da busca pessoal nos suspeitos;

    omotoristadaviaturadeapoioser o PMSeguranadaretaguarda,

    posicionando-se frente dessa viatura, do lado esquerdo do para-

    choques dianteiro, de frente para a retaguarda da viatura principal, sendo

    responsvel pela segurana retaguarda e manuteno do isolamento

    da rea de conteno afeta a seu campo de viso. Essa posio, prxima

    ao seu assento, facilitar a operao do rdio e uma sada rpida com a

    viatura, em caso de tentativa de fuga dos ocupantes do veculo abordado.

  • CadernoDoutrinrio4

    51

    A dinmica da retirada dos ocupantes do veculo abordado e demais procedimentos seguir, no que couber, os passos j descritos anteriormente.

    o PM Vistoriador/Verbalizador (motorista da viatura principal) determinar que um a um, cada qual a seu tempo, saia do veculo com as mos sobre a cabea;

    os ocupantes do veculo abordado sero posicionados um ao lado do outro no setor de custdia e permanecero sob a guarda do PMSegurana (comandante da viatura de apoio);

    o PMSegurana (comandante da viatura de apoio) e o PM Vistoriador utilizaro a tcnica de aproximao triangular para a busca pessoal (Ver Caderno Doutrinrio 2).

    3.2.2.5Dispositivotticoduasviaturascomdoispoliciaisnaviaturaprincipalequatropoliciaisnaviaturadeapoio

    Neste tipo de abordagem, a viatura principal ir se posicionar como j foi explicado anteriormente, formando um ngulo de 45 em relao ao veculo a ser abordado, com os policiais posicionando-se conforme preceitua o item 3.2.2.1 deste Caderno Doutrinrio.

    A viaturadeapoio ir parar atrs da viatura principal, na direo do fluxo da

    via, mantendo uma distncia de aproximadamente 3 a 5 metros da viatura que

    iniciou a abordagem e os policiais assumiro o seguinte dispositivo ttico:

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    52

    Figura 12 - Posicionamento ttico: viatura principal a 45, com 02 policiais e viatura de apoio paralela via, com 04 policiais.

    o comandante da viatura de apoio, to logo desembarque, dever

    se posicionar junto ao comandante da viatura principal, ficando

    responsvel por sua segurana durante a verbalizao;

    o motorista da viatura de apoio, to logo desembarque, dever se

    posicionar junto ao PM Vistoriador (motorista da viatura principal),

    ficando responsvel por sua segurana, durante a verbalizao;

    oterceiropolicialdaviaturadeapoio posicionar-se- frente dessa

    viatura, junto ao para-choques esquerdo, de frente para a retaguarda da

    viatura principal. Ser responsvel pela segurana da lateral esquerda e

    da retaguarda da viatura de apoio;

  • CadernoDoutrinrio4

    53

    oquartopolicialdaviaturadeapoio, to logo desembarque, dever se posicionar frente dessa viatura, junto ao para-choques direito, de frente para a retaguarda da viatura principal. Ser o responsvel pela segurana da lateral direita e da retaguarda da viatura de apoio. Dever, ainda, auxiliar na segurana no momento da busca pessoal dos ocupantes do veculo abordado.

    3.2.2.6Verbalizao

    Os aspectos gerais da verbalizao policial seguiro as orientaes prescritas no Caderno Doutrinrio 1 Interveno policial, Verbalizao e Uso de fora. Entretanto, considerando as peculiaridades da abordagem a veculos, importante fazer alguns apontamentos e reforar o pressuposto de que o preparo mental, o posicionamento ttico correto e a verbalizao adequada evitaro o emprego de nveis de fora inadequados situao.

    De acordo com os dispositivos tticos descritos anteriormente, o PMVerbalizador/Vistoriador ser o responsvel por realizar a verbalizao com o motorista e passageiros que sarem do lado esquerdo do veculo para serem abordados. O PMComandante ser o responsvel por realizar a verbalizao com os passageiros que sarem do lado direito do veculo para serem abordados.

    Ao iniciar a verbalizao, os policiais devem estar atentos, pois o nervosismo dos ocupantes do veculo pode dificultar a compreenso das ordens, fazendo com que apresentem diferentes comportamentos face s mesmas determinaes policiais, como:

    infratores: alguns podem ser cooperativos, acatando as determinaes dos policiais, enquanto outros podem tentar a fuga a p, efetuar disparos contra os policiais ou tomar refns;

    vtimas: algumas entram em pnico e correm de forma indiscriminada, inclusive em direo aos policiais. Outras assumem comportamento cooperativo e seguem as orientaes. Podem, ainda, entrar em estado de choque e ficar paralisadas frente situao e apresentar dificuldades de se comunicar.

    Alm disso, no momento da verbalizao, geralmente, os policiais no possuem

    informaes precisas a respeito do grau de envolvimento de cada abordado, ou

    seja, quem so os autores ou as vtimas.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    54

    A tcnica de verbalizao em uma abordagem com emprego da ttica com

    posicionamento de viatura a 45 possui caractersticas especficas, que

    abordaremos a seguir, em uma sequncia exemplificada numa abordagem

    executada por guarnio policial composta por trspoliciaismilitares que,

    por sua clareza, ser facilmente adaptada s abordagens realizadas com efetivo

    diferenciado. Inicialmente, considere que, nesse exemplo, h apenas um

    ocupante no veculo abordado.

    A verbalizao se inicia com o PMVerbalizador fazendo a seguinte advertncia:

    _Atenoocupantedoveculo ... (cor, modelo, localizao

    na via).... AquiaPolciaMilitar!

    _Motorista!Desligueoveculodesacomasmospara

    cimaounacabea.

    _Vocsersubmetidobuscapessoal.

    Figura 13- Suspeito caminhando em direo viatura, com as mos sobre a cabea.

    Em seguida, o PM Verbalizador emite comandos para o desembarque e

    inspeo visual do motorista do veculo abordado:

  • CadernoDoutrinrio4

    55

    _Caminhe,lentamente,emminhadireo!

    (Na metade do caminho, o PMVerbalizador dever determinar que o motorista pare. Iniciar imediatamente os comandos para

    a inspeo visual frente e costas.)

    Figura 14- Suspeito de costas, levantando a camisa com a mo esquerda, mostrando

    linha da cintura e PM Verbalizador recuando.

    Neste momento, o PM Verbalizador dever averiguar se h indcios de

    arma na cintura do motorista e aproveita para recuar-se, posicionando-se a

    aproximadamente 2 metros atrs da viatura, ainda do lado esquerdo, com

    silhueta baixa, determinando, aps inspeo visual das costas do abordado:

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    56

    _Vire-senovamentedefrenteecaminheemminhadireo.

    Quando o motorista do veculo abordado estiver no setor de busca, o PM

    Comandante, assumindo a funo de PM Verbalizador, dever orient-lo

    de maneira que fique na posio de conteno mais adequada, em funo da

    avaliao de risco. Quando o abordado estiver devidamente posicionado, o PM

    Comandante o avisar de que o PMVistoriador/Revistador ir submet-lo

    busca. Tal procedimento se faz necessrio para evitar sustos e movimentos

    bruscos por parte do abordado.

    _ Motorista,fiquetranquilo!Meucompanheirofaruma

    buscapessoalemvoc.

    Figura 15- Busca pessoal no motorista (setor de busca).

  • CadernoDoutrinrio4

    57

    O PMVistoriador/Revistador coloca a arma no coldre e realiza a busca no

    motorista, enquanto o PMSeguranadaretaguarda far a sua segurana (Ver

    Caderno Doutrinrio 2).

    Aps a busca pessoal, o PMVistoriador/Revistadorconduzir o motorista e o

    colocar assentado ou ajoelhado no setordecustdia (prximo roda traseira

    esquerda da viatura principal), onde dever permanecer enquanto estiver

    sendo realizada a busca pessoal nos demais passageiros.

    O PMVistoriador/Revistador, neste momento, dever questionar o motorista

    abordado sobre o nmero de ocupantes do veculo e demais informaes

    complementares que venham a auxiliar na conduo da ocorrncia.

    Caso haja mais de um ocupante no veculo, o PMVistoriador / Revistador

    dever conduzir o processo de desembarque. Todos sero desembarcados,

    cada um a seu tempo, e conduzidos para o setordebusca.

    _Atenoocupantesdoveculo...(cor, modelo, localizao

    na via)....AquiaPolciaMilitar!

    _Motorista!Desligueoveculoe coloqueasmospara

    cima.

    _Vocsserosubmetidosbuscapessoal.

    _ Motorista! Com apenas uma das mos, lentamente,

    retire a chave da ignio e coloque-a sobre o teto do

    veculo,eemseguidarecoloqueasmossobreacabea!

    _Passageiro(s),fique(m)calmo(s)!Aguardemnointerior

    doveculo,comasmossobreacabea.

    _Motorista, com suamo ESQUERDA, retire o cinto de

    segurana,bemdevagar,eretornecomasmossobrea

    cabea!

    _ComsuamoESQUERDA,abraaportapeloladodefora

    edesembarque,comasmossobreacabea!

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    58

    Aps o desembarque do motorista, sugere-se a seguinte sequncia:

    passageiro ocupante do banco dianteiro;

    passageiro ocupante da lateral esquerda do banco traseiro;

    passageiro ocupante da lateral direita do banco traseiro.

    Depois que os ocupante forem submetidos busca pessoal, um a um, pelo

    PMRevistador, sero encaminhados ao setordecustdia. O PMSegurana

    da retaguarda far a segurana do policial que conduz a busca e o PM

    Comandanteauxiliar na vigilncia dos abordados que ficaro assentados ou

    ajoelhados no setordecustdia.

  • CadernoDoutrinrio4

    59

    Figura 16- PM Segurana mudando de posio, posicionando-se junto ao PM Comandante (abordado no setor de custdia e abordado sendo submetido busca pessoal).

    Estando os abordados contidos no setordecustdia, os policiais iniciaro a

    vistoria veicular.

    Enquanto o PM Comandante permanecer prximo viatura, vigiando os

    abordados no setor de custdia, o PM Segurana da retaguarda e o PM

    Vistoriador se aproximaro do veculo abordado.

    O PM Segurana se aproximar pelo lado direito do veculo abordado,

    enquanto o PMVistoriador se aproximar pelo lado esquerdo. Ambos devero

    deslocar-se com a arma na posio2armaemguardabaixa ou 3armaem

    guardaalta, posicionando-se na readeaproximao.

    Aps realizar a varredura no interior do veculo e constatarem que no h a

    presena de outros passageiros, os policiais devero realizar a vistoria no porta-

    malas do veculo abordado.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    60

    Figura 17 - Tcnica de abertura do porta-malas

  • CadernoDoutrinrio4

    61

    Caso identifiquem a presena de passageiro escondido no interior do veculo,

    devero executar o recuo ttico e iniciar um novo processo de verbalizao na

    readesegurana.

    Para vistoria do porta-malas, caso suspeite que ali possa estar escondido um

    suspeito ou uma vtima, o PM Vistoriador se posicionar na extremidade

    direita traseira do veculo abordado, com arma na posio3 guardaalta e

    abrir o porta-malas, enquanto recebe a cobertura do PMSegurana.

    Terminado a vistoria do porta-malas, o PMVistoriador e o PM Segurana

    devero realizar a averiguao da parte externa do veculo abordado. A vistoria

    externa dever seguir as diretrizes do item 3.2.2.7, deste Caderno.

    Aps a vistoria externa, o PMSegurana se deslocar at o setordecustdia,

    onde determinar ao motorista do veculo abordado que o acompanhe na

    vistoria interna. Caso o motorista esteja algemado e preso, o PMComandante

    dever arrolar uma testemunha idnea para acompanhar a vistoria interna.

    A vistoria interna dever seguir as diretrizes que sero apresentadas no item

    3.2.2.7, deste Caderno.

    Aps a vistoria interna, devero ser consultados, via central de comunicaes,

    os antecedentes criminais dos ocupantes do veculo abordado.

    Caso a suspeita no se confirme, o comandante da viatura dever agradecer a

    colaborao e explicar a importncia da abordagem policial para a manuteno

    da ordem pblica.

    Os recursostecnolgicos que estejam disposio para comprovar a atuao

    legtima do policial e a resistncia do abordado podero ser utilizados. o caso

    de aparelhos telefnicos celulares que fotografam, filmam, gravam udio. Na

    utilizao desses recursos, o policial deve proceder de maneira especial com

    relao postura e segurana, de maneira que no se torne vulnervel na

    interveno. Esses registros eletrnicos s podero ser utilizados de maneira

    oficial, sendo vedada a divulgao ou distribuio destes imprensa ou a

    outros rgos.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    62

    3.2.2.7Vistoriaemveculos

    A vistoria veicular dever se iniciar pelo porta-malas, observando a existncia

    de objetos no assoalho, as laterais internas, pintura mal encoberta nos cantos

    e no compartimento do guarda-estepe. Posteriormente, segue-se a vistoria da

    parte externa, da parte interna, prosseguindo at a regio do motor. O policial

    deve considerar que o porta-malas o local no veculo onde haver a maior

    possibilidade de ocultao de pessoas ou materiais ilcitos.

    a) Vistoria externa

    O policial iniciar a vistoria pela parte externa na seguinte ordem (sentido

    horrio): porta dianteira direita, lateral traseira direita; traseira; lateral traseira

    esquerda, porta dianteira esquerda; cap, observando:

    se existem avarias, para identificar a ocorrncia ou no de acidente de

    trnsito recente;

    se a suspenso traseira encontra-se rebaixada, sugerindo a existncia de

    algum peso no porta-malas;

    outras peculiaridades externas como o lacre rompido e avarias na placa

    (placa ilegvel, letras irregulares, entre outras) e perfuraes causadas por

    disparos de arma de fogo.

    ATENO! Caso a guarnio seja acionada para

    abordagem a veculo suspeito que esteja parado entre

    veculos, impossibilitando a posicionamento da viatura

    a 45, os policiais devero desembarcar a certa distncia

    e aproximar-se utilizando o deslocamento ttico. (Ver

    Caderno Doutrinrio 2).

  • CadernoDoutrinrio4

    63

    b) Vistoria interna

    O policial realizar a vistoria interna, comeando pela porta dianteira direita. O

    PM Vistoriador realizar a vistoria interna como se segue:

    levantar o vidro (se estiver abaixado) e utilizar uma folha de papel atrs

    da superfcie do vidro para verificar a numerao gravada do chassi, e

    conferir se o nmero existente corresponde ao nmero constante no

    documento do veculo;

    localizar o nmero do chassi, no assoalho e no motor do veculo, e

    confront-lo com a documentao, bem como verificar se existem

    indcios aparentes de adulterao;

    abrir a porta ao mximo e verificar, principalmente nos cantos, a

    existncia, de pintura encoberta do veculo;

    balanar levemente a porta, a fim de verificar, pelo barulho, se existe

    algum objeto solto em seu interior;

    verificar se existe algum objeto escondido no forro das portas, usando o

    critrio da batida na superfcie, com recurso das mos, para escutar se o

    som uniforme;

    verificar o porta-luvas, quebra-sol, tapetes, parte baixa do banco,

    entradas de ar, cinzeiros, lixeiras e todos os compartimentos que possam

    esconder objetos ilegais: chaves falsas, cartes magnticos e documentos

    falsificados, presena de armas, produtos de contrabando, dentre outros;

    prosseguir a vistoria pela porta e compartimento traseiro do lado direito;

    seguir para a porta do lado esquerdo e, aps, para o assento do condutor,

    verificando: o(s) banco(s), assoalho, lateral do forro e o que se fizer

    necessrio.

    Compartilhar com os demais policiais sobre a localizao de objetos ilcitos no

    interior do veculo, principalmente a presena de armas de fogo.

  • ABORDAGEMAVECULOSCOM

    CARACTERSTICASESPECIAIS

    SEO4

  • CadernoDoutrinrio4

    67

    4ABORDAGEMAVECULOSCOMCARACTERSTICASESPECIAIS

    Esta seo descreve os procedimentos para abordagem a motocicletas e

    nibus /micro-nibus, que por suas peculiaridades, demandam procedimentos

    especficos.

    4.1 Motocicletas e similares

    Com o passar dos anos, houve um aumento vertiginoso nos crimes como

    homicdios, transporte de drogas e entorpecentes, sequestro relmpago e,

    principalmente, na prtica de assaltos, envolvendo as motocicletas como meio

    de transporte.

    Os motivos principais do uso de motocicletas em prticas criminosas so:

    permitem transitar com rapidez entre veculos, mesmo em situaes de congestionamentos das vias;

    permitem ao condutor transitar em becos, escadarias e vielas, bem como converses rpidas, em espao reduzido e com poucas manobras, se a compararmos aos automveis;

    possuem poucos dispositivos de segurana, o que permite facilidade de criminosos cometerem furto ou roubo de motocicletas que podero ser utilizadas na prtica de outros crimes;

    a utilizao do capacete de segurana permite a aproximao dos

    criminosos sem identificao e sem despertar suspeita.

    Frente a essas variveis, as abordagens a motociclistas devem ser precedidas de

    um planejamento cauteloso que considere, dentre outros aspectos da avaliao

    de riscos, o modelo da motocicleta, pois este fator define sua potncia, fluidez

    e mobilidade nas vias. Essas informaes permitem ao policial prever possveis

    reaes do abordado.

    Os procedimentos tticos e tcnicos aqui apresentados daro nfase

    abordagem a motocicleta, contudo, em situaes de abordagem a ciclistas e

    triciclos, devem-se adotar os mesmos procedimentos naquilo que couber.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    68

    4.1.1Modelosdemotocicletasecrimescorrelatos

    H uma grande variedade de modelos e marcas de motocicletas, nacionais ou

    importadas, porm sob o aspecto do servio operacional, podemos dividi-las em quatro grandes grupos:

    a)Motos esportivas: estes tipos de motocicleta, conhecidos popularmente como motos esportivas ou motos de corrida, so utilizados em campeonatos de moto velocidade, possuindo design prprio para atingir grandes velocidades podendo chegar aos 300 km por hora. So motos tpicas de via pavimentada e no teriam boa estabilidade em estradas. Esses modelos no so comumente utilizados para a prtica de crimes, bem como no so veculos visados para furtos e roubos. Por serem relativamente pesadas, tm menor mobilidade no meio urbano, na transposio de canteiros ou obstculos.

    b)MotostipoCustom: estes tipos de motocicleta, conhecidos popularmente como motos chopper ou motos estradeiras, tm um design prprio para serem utilizadas em estradas para viagens de grandes percursos e so preferidas por um pblico mais tradicional. So mais voltadas ao conforto, onde o piloto fica recostado para trs, ps para frente e as costas geralmente apoiadas em encostos. So motocicletas cujos proprietrios tm como hobby a utilizao em viagens e encontros de fim de semana. Tambm so motos tpicas de via pavimentada e no teriam boa estabilidade em estradas. Esses modelos no so comumente utilizados para a prtica de crimes, bem como no so veculos visados para furtos e roubos.

    c) Motos de trilha: estes tipos de motocicleta, conhecidos popularmente como Trail ou motos fora de estrada, possuem motores e potncia varivel

    entre 125 e 600 cilindradas (cc), tm um design prprio para serem utilizadas

    em meio rural, estradas, por terem uma suspenso mais alta e mais resistente.

    So motocicletas cujos proprietrios tm como hobby o esporte eco-radical.

    Alguns modelos, apesar de desenhados originalmente para o meio rural (no

    dotadas de faris, placas, carenagens), aps adaptadas, so utilizadas nas

    cidades pela robustez e preparo de sua suspenso diante das ms condies

    em que se encontram nossas ruas e avenidas, pois no perdem estabilidade

    na via pavimentada. Elas so utilizadas por infratores para a prtica de crimes, principalmente na rea rural ou que utilizem como rota de fuga via rural,

  • CadernoDoutrinrio4

    69

    pois so motocicletas com boa potncia e grande versatilidade para transpor obstculos, canteiros de avenidas, meio-fios, lombadas, dentre outras situaes.

    d)Motosderua: estes tipos de motocicleta, conhecidos popularmente como street, possuem motores entre 50 e 750 cc, tm um design prprio para serem utilizadas no trnsito urbano e, desta forma, so a grande maioria. Apresentam modelos das trs verses anteriores, porm apenas no design. Em linhas gerais, dividem-se em trs tipos:

    125cc a 150cc: utilizadas na maioria por moto-boys, para o trabalho em geral, pequenos passeios e trajetos urbanos. Possuem custo de compra e manuteno relativamente baixo, sendo amplamente utilizadas no trfico de drogas;

    250cc a 500cc: mais utilizadas para passeios. Esses tipos so comumente usados na prtica de delitos devido velocidade que alcanam, bem como so bastante visados por autores de furto devido aceitao no mercado;

    600cc a 750cc: so esportivas e mais caras, sendo pouco utilizadas na prtica de ilcitos.

    4.1.2 Procedimentostticosparaabordagemamotocicletas

    As abordagens a motocicletas so basicamente idnticas s abordagens a automveis, descritas na seo 3 deste Caderno Doutrinrio, sendo as tticas

    empregadas diferentes apenas nos seguintes aspectos:

    ATENO! Atualmente, as motocicletas tm sido

    amplamente utilizadas pelo trabalhador rural,

    principalmente por causa da deficincia do transporte

    urbano regular nesses logradouros que, somado carncia

    de presena policial e consequente fiscalizao de trnsito,

    tm sido desaguadouro de peas e motocicletas, produtos

    de furto. Neste nterim, devem ser intensificadas operaes

    preventivas de fiscalizao de documentos e equipamentos

    obrigatrios das motocicletas e condutores nas reas rurais.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    70

    a)Tticadeaproximao:

    Nas abordagens a motocicletas, a rea de aproximao do policial dever

    ser um metro, na diagonal, retaguarda e do lado esquerdo do condutor do

    veculo.

    Antes de se aproximar, o policial dever determinar que o passageiro e motorista

    retirem os capacetes e os coloquem no guido.

  • CadernoDoutrinrio4

    71

    Figura 18 - Abordagem motocicleta (ttica de aproximao).

    b)Tticacomposicionamentodeviaturaa45

    O passageiro ser o primeiro conduzido ao setor de busca, na rea de segurana,

    devendo, antes de se sair da motocicleta, retirar o capacete, deixando-o com o

    condutor.

    O ltimo a sair da motocicleta ser o condutor, aps deixar os capacetes sobre

    o guido e colocar a moto no descanso.

    Aps a abordagem, o policial verificar a documentao da motocicleta e dos

    passageiros. Dever, ainda, ser feita a vistoria na motocicleta, observando as

    condies gerais do veculo, o lacre da placa, chassi, o compartimento do filtro

    de ar, carenagem, compartimento localizado embaixo do banco e outras partes

    desmontveis da motocicleta (comumente utilizados para o transporte de

    produtos ilcitos).

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    72

    Figura 19- Abordagem motocicleta (ttica de viatura a 45).

    4.2 nibus/micro-nibus

    nibus/micro-nibus so veculos com capacidade para transportar

    passageiros em p, em seu interior, caracterstica esta que impe uma ttica

    policial especfica.

    Por suas peculiaridades, qualquer delito que ocorra no interior dos nibus/

    micro-nibus, imediaes ou que atinja seus usurios, causa grande sensao

    de insegurana na comunidade, principalmente quando envolve violncia ou

    perturbao da ordem pblica, que atinge um grande nmero de vtimas.

    Este tipo de transporte envolve um elevado fluxo de pessoas, variedade de

    linhas, alternncia de itinerrios, bem como a circulao de bens e valores,

  • CadernoDoutrinrio4

    73

    que se transformam num grande atrativo para cometimento de diversos tipos

    de delitos. O infrator ainda se apoia na sensao de impunidade causada pela

    dificuldade de sua identificao no interior do coletivo.

    As aes criminosas podem causar reflexos diretosouindiretos no sentimento

    de segurana das pessoas. Nesse sentido, os crimes de furto, roubo, roubo a

    mo armada, bem como os relacionados a eventos esportivos e greves, atingem

    diretamente os usurios dos coletivos. Entretanto, alguns crimes influenciam

    indiretamente os usurios, que, apesar de no serem atingidos no momento

    da ao delitiva, sofrero suas consequncias. o caso do transporte de

    substncias entorpecentes e armas ilcitas, bem como de materiais provenientes

    de contrabando e descaminho.

    O policial precisa de um preparo especfico que considere todas as

    particularidades que envolvem a abordagem a coletivos, tais como: diferentes

    tipos de coletivos, capacidade de passageiros, diferentes finalidades do

    transporte. Geralmente, nesse tipo de interveno, o nmero de envolvidos

    ser superior ao de policiais.

    Os micro-nibus tm capacidade de at vinte passageiros e os nibus

    capacidade maior.

    Os nibus podem ter uma, duas ou trs portas. Aqueles que possuem apenas

    uma porta no possuem sistema de roleta, j os que possuem duas e trs portas

    possuem esse dispositivo que, por suas caractersticas, dividem os nibus em

    dois compartimentos, dificultando ainda mais a abordagem.

    As abordagens a nibus/micro-nibus, por suas caractersticas fsicas e

    capacidade de transporte de elevado nmero de passageiros, exigem o

    emprego de efetivo mnimo de quatro policiais.

    ATENO! Para efeito de segurana nas abordagens a

    coletivos com trs portas, independente da avaliao de

    risco (nveis I, II e III), recomenda-se que a porta central

    permanea fechada.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    74

    4.2.1Abordagemanibus/micro-nibusnvel1

    A abordagem a nibus/micro-nibus de nvel 1 ocorrer nas operaes

    educativas e nas aes de carter assistencial.

    As abordagens de carter educativo a nibus/micro-nibus, em sua maioria,

    ocorrem em operaes conjuntas, em que a Polcia Militar atua como

    garantidora do poder de polcia dos integrantes de outros rgos.

    Para essas operaes, sugere-se o emprego do dispositivo ttico Blitz Policial,

    que garante segurana e eficincia em operaes com parada de veculos. (Ver

    Caderno Doutrinrio 3)

    As abordagens de carter assistencial geralmente ocorrero em aes isoladas

    de guarnies bsicas, por iniciativa ou empenho via Central de Operaes.

    Figura 20- Abordagem a nibus/micro-nibus (operao educativa)

    4.2.2Abordagemanibus/micro-nibusnvel2

    Este tipo de abordagem a nibus/micro-nibus nvel 2 se caracteriza por aes

    e operaes de carter preventivo com parada obrigatria de nibus/micro-

    nibus para fiscalizar documentos, equipamentos obrigatrios ou averiguar

    pessoas em atitude suspeita, que possam estar conduzindo drogas, armas e

    outros produtos ilcitos, bem como identificar infratores. Dever ser utilizado o

    dispositivo ttico tipo BlitzPolicial (Ver Caderno Doutrinrio 3).

  • CadernoDoutrinrio4

    75

    Figura 21 - nibus sendo parado em um dispositivo ttico tipo Blitz

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    76

    Nessas operaes, os policiais no podem precisar se h ou no suspeitos no interior dos nibus/micro-nibus. Essa averiguao ocorre durante a abordagem, por meio do reconhecimento de cidado infrator j conhecido no meio policial ou da confirmao de sua identificao junto central de comunicaes.

    Na execuo dos procedimentos de abordagem, o policial dever considerar os princpios do uso de fora (Ver Caderno Doutrinrio 1), balanceando as tcnicas e tticas relacionadas segurana dos envolvidos e o bem-estar coletivo.

    No planejamento de operaes preventivas, sugere-se o emprego de quatro policiais: 01 PMVerbalizador, 01 PMRevistador e 01 PMSegurana, que adentraro o coletivo, ficando o quartopolicial da guarnio responsvel pela seguranaexterna.

    Face s caractersticas fsicas, para fins de estudo, dividiremos as abordagens a nibus/micro-nibus nvel 2, em dois tipos:

    a)Abordagemanibus/micro-nibus,semroleta

    Aps a parada do veculo, o comandante, que dever ser o PMVerbalizador, juntamente com outros dois policiais, dever se aproximar da porta dianteira do nibus/micro-nibus, e determinar ao motorista que abra a porta.

    Um quarto policial dever se posicionar sob a calada/acostamento, assumindo a funo de PMSegurana, onde permanecer com a ateno voltada para o interior do nibus/micro-nibus.

    Figura 22- Posicionamento: policiais em abordagem nibus, sem roleta. Viso externa.

  • CadernoDoutrinrio4

    77

    No interior do nibus, o PMVerbalizador dever se posicionar prximo ao

    assento do motorista, momento que se identificar e anunciar o motivo da

    abordagem. Sugere-se a seguinte verbalizao:

    _Senhores,bomdia(tarde/noite)!EusouoCabo/Sargento

    ... (dizer posto / graduao e o nome), daPolciaMilitar.

    _ Esta uma operao policial preventiva. Com a colaborao

    de todos, seremos breves!

    _ Senhores passageiros, para a segurana de todos, pedimos

    que no faam movimentos bruscos.

    Os dois policiais que estiverem junto com o PMVerbalizador (comandante)

    realizaro vistoria visual no interior do coletivo, caminhando em conjunto pelo

    corredor, cada qual responsvel por uma das laterais de assento de passageiros,

    de forma a identificar possveis situaes de suspeio.

    Figura 23 - Policiais caminhando no corredor de nibus, sem roleta, identificando pessoas em atitude suspeita

    Aps a vistoria, os policiais assumiro a funo de PM Segurana, que

    permanecer no fundo do corredor, e PM Revistador, que dever iniciar a

    busca ligeira e vistoria na bagagem de pessoas em atitude suspeita a partir do

    ltimo assento at a frente do nibus. Nesse momento, o PMRevistador ter a

    cobertura de dois policiais: o PMComandantee oPMSegurana.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    78

    O PMRevistador dever se posicionar junto lateral do encosto do banco do

    suspeito e iniciar a verbalizao a seguir:

    _ Sr. (a)... Vou verificar sua bagagem. H algum objeto ilcito

    ou de valor em sua bolsa (mala)?

  • CadernoDoutrinrio4

    79

    Figura 24 - nibus SEM roleta: PM Revistador vistoriando bagagem de mo de suspeito, tendo o PM Segurana sua retaguarda.

    Caso esteja portando arma, determine ao abordado que coloque as mos sobre a cabea e solicite ao PMSegurana que lhe d cobertura, para que a vistoria da bolsa seja feita com segurana, principalmente pela probabilidade de deteco de armas de fogo. Pode ser que o policial se depare com alguns objetos relativos intimidade do abordado que, se expostos, causaro constrangimentos. Nesse caso, atente-se ainda para o fato de que o abordado seguir no coletivo, se no houver nada de ilegal em seu desfavor. Por isso, aja com profissionalismo.

    Caso no encontre objeto ilcito, devolva a bolsa. Considere que pode haver bolsas, malas e mochilas da pessoa em atitude suspeita no bagageiro interno, acima dos bancos, ou mesmo embaixo dos assentos.

    Aps a revista nas bolsas, o PMRevistador dever submet-lo a uma busca ligeira na prpria rea do assento. Caso o suspeito esteja posicionado no assento da janela, dever ser determinado que troque de lugar com o passageiro ao seu lado para que a busca prossiga. Poder, ainda, determinar ao abordado que retire bons, lenos, jaqueta, que levante a barra da cala, dentre outros procedimentos. No caso de nibus interestaduais e intermunicipais, deve-se proceder vistoria das malas do suspeito, que se encontrarem no bagageiro

    externo. O trocador ou motorista do nibus dever ser acionado para a

    conferncia da etiqueta de identificao da bagagem e ser arrolado como

    testemunha da ao policial.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    80

    Aps a averiguao, o PM Verbalizador agradecer a colaborao dos

    ocupantes do coletivo:

    _Senhores, a Polcia Militar deseja a todos uma boa viagem

    e um bom dia...

    b)Abordagemanibus/micro-nibus,comroleta

    A tcnica para este tipo de abordagem abranger os coletivos:

    Com mais de uma porta de acesso

    Os nibus que possuem roletas dividem o veculo em dois compartimentos

    com duas ou trs portas, requerendo maior ateno para o controle visual

    e verbalizao com os passageiros. Para essa abordagem, sugere-se o

    posicionamento ttico com quatro policiais:

    01 PMVerbalizador e 01 PMRevistador: parte dianteira do coletivo;

    01 PMSegurana interna: parte traseira do coletivo;

    01 PMSeguranaexterna: do lado externo, sob o passeio/calada, na parte

    central do coletivo.

    ATENO! Caso persista a suspeio de que o

    abordado traz consigo objetos ilcitos, no detectveis

    por meio da busca ligeira, o PM Revistador poder

    determinar que ele desembarque do coletivo, para que

    seja submetido a uma busca minuciosa ou completa,

    requerendo, esta ltima, local adequado para a sua

    realizao. (ver Caderno Doutrinrio 2).

  • CadernoDoutrinrio4

    81

    A abordagem aos suspeitos ser dividida em duas fases. Primeiro, ser feita

    a inspeo visual e a identificao de passageiros em atitudes suspeita,

    localizados na parte dianteira do nibus, assentados ou em p, antes da roleta.

    Ao trmino, ser realizado o mesmo procedimento nos passageiros localizados

    na parte traseira, aps a roleta.

    Os procedimentos de verbalizao seguiro, no que couber, o adotado nos

    procedimentos para nibus/micro-nibus, sem roleta.

    Aps a parada do veculo, o PMComandante, que acumula a funo de PM

    Verbalizador, juntamente com o PM Revistador, dever se aproximar da

    porta dianteira do nibus/micro-nibus, solicitar ao motorista que abra apenas

    as portas dianteira e traseira e que mantenha fechada a porta central, quando

    houver. Nesse momento, anunciar o motivo da abordagem.

    O PMSegurana interna adentrar o coletivo pela porta traseira e se posicionar

    no fundo do nibus, a fim de manter o controle dos passageiros para que o PM

    Comandante e PMRevistador faam seu trabalho.

    O PMSegurana Externa dever se posicionar sob a calada/acostamento,

    prximo porta central, se houver, onde permanecer com a ateno voltada

    para o interior do nibus/micro-nibus.

    Realizada a primeira fase, (busca ligeira e vistoria de pertences na parte

    dianteira do nibus), o PMComandante permanecer na parte dianteira do

    coletivo, mantendo a ateno nos passageiros. O PMRevistador desembarcar

    e se deslocar para a porta traseira do coletivo, enquanto os demais policiais

    mantm o posicionamento.

    Por estar posicionado atrs dos passageiros, o PMRevistador far, num nico

    ato, a inspeo visual para a identificao de indivduos em atitude suspeita,

    a busca ligeira e a vistoria de bagagem, sem a necessidade de caminhar at a

    roleta.

  • PRTICAPOLICIALBSICA

    82

    Figura 25- PM Revistador no corredor do compartimento traseiro, vistoriando bagagem de passageiro. nibus com roleta.