cadeia produtiva da reciclagem e organizaÇÃo de redes de cooperativas de catadores

397
1 C C A A D D E E I I A A P P R R O O D D U U T T I I V V A A D D A A R R E E C C I I C C L L A A G G E E M M E E O O R R G G A A N N I I Z Z A A Ç Ç Ã Ã O O D D E E R R E E D D E E S S D D E E C C O O O O P P E E R R A A T T I I V V A A S S D D E E C C A A T T A A D D O O R R E E S S : : O O P P O O R R T T U U N N I I D D A A D D E E S S E E E E L L E E M M E E N N T T O O S S C C R R Í Í T T I I C C O O S S P P A A R R A A A A C C O O N N S S T T R R U U Ç Ç Ã Ã O O D D E E T T E E C C N N O O L L O O G G I I A A S S O O C C I I A A L L D D E E C C O O M M B B A A T T E E À À P P O O B B R R E E Z Z A A E E I I N N C C L L U U S S Ã Ã O O S S O O C C I I A A L L N N O O E E S S T T A A D D O O D D A A B B A A H H I I A A RELATÓRIO FINAL FAPESB Prof. João Damásio (Coord.) GERI/UFBA Centro de Referência de Catadores de Materiais Recicláveis PANGEA Salvador, novembro de 2008 UFBa

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Page 1: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

1

CCCAAADDDEEEIIIAAA PPPRRROOODDDUUUTTTIIIVVVAAA DDDAAA RRREEECCCIIICCCLLLAAAGGGEEEMMM EEE OOORRRGGGAAANNNIIIZZZAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE RRREEEDDDEEESSS DDDEEE CCCOOOOOOPPPEEERRRAAATTTIIIVVVAAASSS

DDDEEE CCCAAATTTAAADDDOOORRREEESSS::: OOOPPPOOORRRTTTUUUNNNIIIDDDAAADDDEEESSS EEE EEELLLEEEMMMEEENNNTTTOOOSSS CCCRRRÍÍÍTTTIIICCCOOOSSS PPPAAARRRAAA AAA CCCOOONNNSSSTTTRRRUUUÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE TTTEEECCCNNNOOOLLLOOOGGGIIIAAA SSSOOOCCCIIIAAALLL DDDEEE CCCOOOMMMBBBAAATTTEEE ÀÀÀ PPPOOOBBBRRREEEZZZAAA EEE

IIINNNCCCLLLUUUSSSÃÃÃOOO SSSOOOCCCIIIAAALLL NNNOOO EEESSSTTTAAADDDOOO DDDAAA BBBAAAHHHIIIAAA

RELATÓRIO FINAL

FAPESB

Prof. João Damásio (Coord.)

GERI/UFBA Centro de Referência de Catadores de Materiais Recicláveis

PANGEA

Salvador, novembro de 2008

UFBa

Page 2: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

2

Este trabalho não teria sido possível sem o apoio da

FAPESBFAPESBFAPESBFAPESB, de seus técnicos e

consultores, aos quais a Equipe Executora agradece.

Page 3: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

3

EQUIPE EXECUTORA Coordenação

• João Damásio - Coordenação Geral • Antonio Bunchaft - Supervisor • Adherbal de Almeida Regis - Adjunto da Supervisão

Pesquisadores Seniores

• Luiz Gustavo Delmont – Coordenador da Pesquisa Direta

• Lúcio Flávio da Silva Freitas – Pesquisador

• Roberto Maximiniano - Pesquisador

• Gracil Márcia Gonçalves Moreira – Pesquisadora

Auxiliares de Pesquisa

• Júlia Trindade Alves Cunha • Taise Luz Miranda • George Souza Santos Almeida • Ana Cristina Sacramento de Jesus

Page 4: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

4

AGRADECIMENTOS

A Equipe Executora agradece ao apoio da FAPESB – particularmente por entender que este trabalho ganharia em qualidade com a extensão do seu prazo de conclusão em um ano, sem ônus financeiros adicionais. A inclusão da PARTE C deste trabalho, sobre a REDE CATA RIO – originalmente não prevista – com certeza enriquece a busca por Tecnologias de Inclusão Social através da Comercialização Conjunta de materiais recicláveis.

Os agradecimentos ao PANGEA, ao Centro de Referência de

Catadores de Materiais Recicláveis e às cooperativas baianas da REDE CATABAHIA são obrigatórios: os inestimáveis serviços prestados foram vitais para a realização deste trabalho, e permitiram um grau de detalhamento da operação da REDE CATABAHIA – apresentado na PARTE D -- que seria de outra forma indisponível.

A Fundação AVINA disponibilizou recursos adicionais que

tornaram possíveis os levantamentos diretos e as análises apresentadas nas PARTES A e B deste trabalho, respectivamente sobre a REDE CATA SAMPA e o SISTEMA CAS. Estes apoios trouxeram riqueza de detalhes ao trabalho, e a Equipe Executora é muito grata por isso.

Finalmente, os agradecimentos devem ser dirigidos à

Petrobrás, ao Banco do Brasil e à Fundação Banco do Brasil que – através de financiamentos pontuais – possibilitaram os levantamentos diretos das trinta e três unidades de catadores de materiais recicláveis do Rio de Janeiro, que resultaram na proposta da REDE CATA RIO, constante da PARTE C deste trabalho.

Page 5: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

5

RESUMO A produção de bens através do reuso e da reciclagem já demonstrou ser uma prática

economicamente eficiente, tecnologicamente viável e ambientalmente correta. Além disso, apresenta-se como um potente instrumento de redução da pobreza e de inclusão social. A principal barreira à comercialização dos materiais coletados pelos catadores diretamente para as indústrias recicladoras – além da correta triagem – é a escala e a regularidade do suprimento para atender à demanda. As Redes de Comercialização introduzem estratégicas logísticas e organizativas no curto-prazo, amplamente capazes de gerar ganhos em eficiências, com razoável poder de difusão, e com potencial para melhorar o padrão de vida dos catadores filiados a cooperativas e associações ligadas a essas Redes. Uma Rede de Comercialização possibilita que certos tipos de materiais que são coletados por cooperativas que não

apresentam escala produtiva sejam vendidos a preços melhores. Uma Rede de

Comercialização junta os esforços de diferentes cooperativas e é, de fato, uma eficiente estratégia de negócios para enfrentar um mercado concentrado povoado por intermediários. Este trabalho é seccionado em quatro partes: a PARTE A apresenta a análise da REDE CATA SAMPA; a PARTE B trata da iniciativa empresarial do SISTEMA CAS paraguaio; a PARTE C descreve a proposta da REDE CATA RIO; e a PARTE D analisa o funcionamento da REDE CATABAHIA.

PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem, Resíduos Urbanos, Cooperativas, Redes de

Comercialização, Materiais Recicláveis.

ABSTRACT

The production of goods through re-use and recycling has already shown to be a

technologically feasible, environmentally correct and economically efficient practice. Besides, it is a potent instrument of social inclusion and poverty reduction. The main bottleneck to the direct sales of materials from catadores to the recycling industries – besides correct selection – is scale and regularity in delivery to attend demand. Trading Networks introduce organizational and logistic strategies in the short-run, fully able to generate gains in efficiencies, with reasonable diffusion power, and with a potential for improvement of the life standards of catadores affiliated to cooperatives and associations. A Trading Network allows that certain types of materials which are collected in cooperatives which do not display a

productive scale to be sold at better prices. A Trading Network puts together the efforts of different cooperatives and, in fact, is actually an efficient management strategy to face a concentrated market filled by middlemen. This work is sectioned in four parts: PART A deals with the analysis of CATA SAMPA Trading Network; PART B deals with the entrepreneurship of Paraguayan CAS SYSTEM; PART C deals with the proposal of CATA RIO Trading Network; and PART D analyses the functioning of CATABAHIA Trading

Network. KEY WORDS: Recycling, Urban Waste, Cooperatives, Trading Network, Recyclable

Materials

Page 6: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

6

ÍNDICE GERAL

EQUIPE EXECUTORA 3

AGRADECIMENTOS 4 RESUMO - ABSTRACTS 5

INTRODUÇÃO GERAL – ESTRUTURA DO TRABALHO 12

PARTE A: A REDE CATA SAMPA 29

SEÇÃO A.1: INTRODUÇÃO À PARTE A 29

A.1.1. COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA A.1.2. ESTRUTURA DA REDE CATA SAMPA A.1.3. O FUNCIONAMENTO DA CENTRAL DA REDE CATA SAMPA

31 34 36

SEÇÃO A.2: ANÁLISE DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZA-ÇÃO DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

44

A.2.1. PRODUÇÃO FÍSICA DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA A.2.2. VALORES DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS PELAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA A.2.3. AVALIAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO CONJUNTA: VOLUME E VALORES DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS NA REDE CATA SAMPA

44 52 58

SEÇÃO A.3: RETIRADAS DO GALPÃO A PARTIR DO PROCESSAMENTO DE GRANDES GERADORES, COLETA SELETIVA, FEIRAS E EVENTOS

66

SEÇÃO A.4: EFICIÊNCIAS FÍSICAS DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

70

SEÇÃO A.5: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DAS COOPERA-TIVAS DA REDE CATA SAMPA

74

SEÇÃO A.6: GANHOS DE EFICIÊNCIA NA REDE CATA SAMPA E EFICIÊNCIA GLOBAL

78

SEÇÃO A.7: ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA 86

Page 7: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

7

FÍSICA – CATA SAMPA

SEÇÃO A.8: ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA – CATA SAMPA

96

SEÇÃO A.9: A EFICIÊNCIA DE MERCADO DAS COOPERA-TIVAS DA REDE CATA SAMPA

109

PARTE B: UMA ESTRUTURA EMPRESARIAL – O PROJETO ALTERVIDA

112

SEÇÃO B.1: INTRODUÇÃO À PARTE B 112

SEÇÃO B.2: A VISITA A ASSUNÇÃO E A COLETA DE DADOS

117

SEÇÃO B.3: A ÓTICA DO CAS CENTRAL 118

B.3.1. PREÇOS DE COMPRAS E PREÇOS DE VENDAS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

118

B.3.2. PROCEDÊNCIA DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS ADQUIRIDOS PELO CAS CENTRAL

123

B.3.3. AS RECEITAS LÍQUIDAS E OS LUCROS BRUTOS DO CAS CENTRAL

132

B.3.4. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DO CAS CENTRAL

147

SEÇÃO B.4: A ÓTICA DOS CATADORES 149

B.4.1. AS RECEITAS DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁ-VEIS

149

B.4.1.1. CARRINHEIROS 151 B.4.1.2. OS CATADORES NOS GRANDES GERADORES 152 B.4.1.3. CATADORES DO VERTEDERO E OUTROS CATADORES 154 B.4.1.4. CARRINHEIROS, GRANDES GERADORES E CATADORES DO VERTEDERO: MÉDIAS PONDERADAS

157

B.4.2. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DOS TRÊS GRUPOS DE CATADORES

158

SEÇÃO B.5: A ÓTICA DO SISTEMA CAS 160

Page 8: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

8

B.5.1. A NATUREZA DO “SISTEMA CAS” 160 B.5.2. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DO SISTEMA CAS

161

B.5.3. ANÁLISE COMPARATIVA DAS EFICIÊNCIAS DOS SEGMEN-TOS DO SISTEMA CAS

167

SEÇÃO B.6: OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES 171

PARTE C: A REDE CATA RIO 176

SEÇÃO C.1: INTRODUÇÃO À PARTE C 176

SEÇÃO C.2: A AMOSTRA DAS UNIDADES DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

178

C.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DAS UNIDADES DE CATADORES

178

C.2.2. AS 33 UNIDADES DE CATADORES DA AMOSTRA DO UNIVERSO AMOSTRAL PESQUISADO

180

C.2.3. AS UNIDADES DO UNIVERSO AMOSTRAL NÃO-PESQUISADO 185 SEÇÃO C.3: AS UNIDADES DE CATADORES AGRUPADAS E SUAS EFICIÊNCIAS RELATIVAS

187

C.3.1. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 187 C.3.2. ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA 193 C.3.3. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA FÍSICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

198

C.3.4. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

202

C.3.5. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE MERCADO NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

206

C.3.6. SUMÁRIO DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA 212 SEÇÃO C.4: OS ENTREPOSTOS DA REDE CATA RIO: COMPOSIÇÃO E LOCALIZAÇÃO

213

C.4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 213 C.4.2. ASPECTOS ESTRATÉGICOS SOBRE OS ENTREPOSTOS E A CENTRAL CATA RIO

214

C.4.3. O ENTREPOSTO DAS DOCAS 218 C.4.4. O ENTREPOSTO NORTE 228

Page 9: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

9

C.4.5. O ENTREPOSTO DUTRA 242 C.4.6. O NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ 255 C.4.7. SUMÁRIO DOS QUATRO ENTREPOSTOS DA REDE CATA RIO 262 SEÇÃO C.5: ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS E PERSPECTIVAS DE LOGÍSTICA DA CENTRAL CATA RIO

265

C.5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 265 C.5.2. AS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS QUATRO ENTREPOSTOS 269 C.5.3. PERSPECTIVAS DE LOGÍSTICA DA CENTRAL CATA RIO 272 SEÇÃO C.6. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DOS QUATRO ENTREPOSTOS E DA CENTRAL CATA RIO

278

C.6.1. CARACTERIZAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS ANALISADOS

278

C.6.2. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO ENTREPOSTO DAS DOCAS

280

C.6.3. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO ENTREPOSTO NORTE

288

C.6.4. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO ENTREPOSTO DUTRA

294

C.6.5. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ

300

SEÇÃO C.7. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS RELATIVAS DOS QUATRO ENTREPOSTOS

306

C.7.1. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS FÍSICAS DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

306

C.7.2. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

311

C.7.3. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS DE MERCADO DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

316

C.7.4. SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: BENEFÍCIOS POTENCIAIS CONJUNTOS

322

PARTE D: PERSPECTIVAS DA REDE CATABAHIA 328

SEÇÃO D.1. INTRODUÇÃO À PARTE D 328

SEÇÃO D.2. HISTÓRICO DA REDE CATABAHIA 330

Page 10: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

10

SEÇÃO D.3. ESTRATÉGIA ADOTADA PELO PROJETO CATABAHIA

334

D.3.1. CAPACITAÇÃO 335 D.3.1.1. CONTEÚDO DA CAPACITAÇÃO 335 D.3.1.2. ASPECTOS PEDAGÓGICOS E PARTICIPATIVOS 336 D.3.2. INCUBAÇÃO 337 D.3.2.1. INCUBADORAS NA REDE CATABAHIA 337 D.3.2.2. LINHAS ESTRATÉGICAS DA INCUBAÇÃO 338 D.3.2.2.1. ASSISTÊNCIA SOCIAL INTEGRADA 338 D.3.2.2.2. COLETA SELETIVA E LOGÍSTICA 339 D.3.2.2.3. TRIAGEM DE MATERIAIS, COMERCIALIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

340

D.3.2.2.4. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 341 SEÇÃO D.4. ANALISE INDIVIDUAL DAS COOPERATIVAS 342

D.4.1. COOPERATIVA DE CATADORES E RECICLADORES DE ALAGOINHAS - CORAL

343

D.4.2. COOPERATIVA DE CATADORES DE ITAIRÓ 347 D.4.3. COOPERATIVA DE CATADORES DA UNIDADE DE CANABRAVA - COOPERBRAVA

352

D.4.4. COOPERATIVA DE CATADORES DE JEQUIÉ - COOPERJE 355 D.4.5. COOPERATIVA DE CATADORES AGENTES ECOLÓGICOS DE CANABRAVA - CAEC

359

D.4.6. COOPERATIVA DE BADAMEIROS DE FEIRA DE SANTANA - COOBAFS

367

D.4.7. COOPERATIVA DOS CATADORES RECICLA CONQUISTA – VITÓRIA DA CONQUISTA

370

D.4.8. COOPERATIVA DE RECICLAGEM E COMPOSTAGEM DA COSTA DOS COQUEIROS - VERDECOOP

375

SEÇÃO D.5. RESULTADOS SUMARIZADOS 376

D.5.1. ASSISTÊNCIA SOCIAL 377 D.5.2. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E RELACIONAMENTO EM GRUPO

377

D.5.3. ASSISTÊNCIA À SAÚDE 378 D.5.4. ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO DIGITAL 378 D.5.5. PROMOÇÃO DA CIDADANIA 379 D.5.6. COLETA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS 380 D.5.7. COMERCIALIZAÇÃO CONJUNTA 382 D.5.8. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 384 D.5.9. PONTOS DE DIVULGAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO 385

Page 11: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

11

D.5.10. PALESTRA E OFICINAS COM EXIBIÇÕES AUDIOVISUAIS 385 D.5.11. ABORDAGEM DOMICILIAR E SETORIAL 386 D.5.12. VISITA MONITORADA 386 D.5.13. CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

386

D.5.14. REDE DE MULTIPLICADORES E FÓRUNS LIXO E CIDADANIA

387

D.5.15. ÔNIBUS ITINERANTE E TEATRO 387 SEÇÃO D.6. RESULTADOS AMBIENTAIS 388

SEÇÃO D.7. IMPACTOS NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

390

SEÇÃO D.8. PERSPECTIVAS FUTURAS DA REDE CATABAHIA

392

D.8.1. SUSTENTABILIDADE 392

REFERÊNCIAS 395

Page 12: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

12

INTRODUÇÃO GERAL – ESTRUTURA DO TRABALHO

A pobreza e a desigualdade social ocupam um lugar central

nos debates acerca da recente experiência do desenvolvimento brasileiro, seus aspectos futuros e as opções disponíveis de políticas públicas.

Um fato marcante é que, comparado a outros países, o

Brasil se destaca em termos de desigualdade, representando uma parcela significativa da pobreza da América Latina. Segundo dados do IPEA, existem atualmente no Brasil cerca de 56,9 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, isto é, aproximadamente 31% da população e cerca de 24,7 milhões de pessoas abaixo da linha da indigência.

Seguindo uma metodologia diferente, o Programa Fome Zero

do Governo Federal divulga um resultado onde 58 milhões de pessoas estão vivendo em condições abaixo da linha da pobreza.

A inclusão sócio-econômica, ao incorporar grupos

populacionais menos favorecidos à dinâmica produtiva, além de constituir-se por si num objetivo fundamental a ser alcançado, está intimamente associada a ações pró-ativas de geração de emprego e renda.

Dessa forma -- se não bastassem considerações de caráter

ético -- a decisão de construir uma sociedade socialmente justa e coesa se impõe até mesmo por cálculo econômico, de modo que as ações voltadas para o desenvolvimento econômico e para o desenvolvimento social não sejam antagônicas entre si, mas, sobretudo, complementares.

A catação de materiais recicláveis é um fenômeno típico

de países em desenvolvimento variando de cidade para cidade em intensidade e complexidade, geralmente congregando péssimas condições de trabalho, falta de apoio do poder público e desprezo da população (MOTTA, 2002).

O quadro de desemprego no país vem aumentando o

contingente de pessoas inseridas em atividades informais -- destacada a de catação de materiais recicláveis -- que vem se configurando nos centros urbanos, como uma das atividades que recebe um significativo contingente de pessoas inseridas em

Page 13: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

13

situação de pobreza crítica. Registram-se hoje cerca de 800.000 catadores em todo o país (estimativa da ONG CARITAS) e cerca de 25.000 catadores na Bahia (estimativa da ONG PANGEA). Cabe ressaltar que tais catadores, na sua maioria, são advindos dos lixões das cidades, trabalhando nas piores condições possíveis, muitas vezes dividindo espaços com animais disseminadores de vetores patogênicos.

A reciclagem do lixo urbano apresenta relevâncias

ambientais, econômicas e sociais, com implicações que se desdobram em diversas esferas: na organização espacial; na preservação e economia de energia; na geração de empregos; no desenvolvimento de produtos; nas finanças públicas; no saneamento básico; na proteção da saúde pública; e na geração de renda e redução do desperdício de recursos ambientais.

De fato, a atividade de catação destaca-se por ter

matéria-prima abundante; por ser uma atividade rudimentar - sem necessidade de conhecimento técnico apurado - e por ter um mercado dinâmico, mesmo em tempos de constrangimento macroeconômico.

A simples observação dos números da reciclagem na Bahia

dá a dimensão do potencial dessa atividade. Limitando-se, a título de exemplo, à recuperação e reciclagem do plástico, no ano de 1999 eram 25 empresas instaladas no Estado, capazes de reciclar um total de 14.332 toneladas de plásticos por ano. Tal mercado já movimentava um total de 20 milhões de reais por ano e gerava 605 empregos formais diretos.

Contudo, esta população de catadores encontra-se

desorganizada, trabalhando em péssimas condições, em situação de pobreza crítica, lidando diariamente com o lixo sem a utilização de equipamentos de proteção, vivendo assim expostos a diversas doenças. Também patente é a exploração de seu trabalho, sua renda média não ultrapassa os U$ 30 mensais -- índice considerado pela ONU como de pobreza extrema.

Diante deste contexto algumas ações estruturantes vêm

modificando esta situação no Brasil e em particular no estado da Bahia:

a) Criação do Comitê Interministerial de Inclusão

Social e Econômica dos Catadores de Materiais Recicláveis: através desta iniciativa o Governo Federal, em 2003, coloca questão do catador como sujeito de política pública. O Movimento Nacional

Page 14: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

14

dos Catadores integra o comitê. Desde então, observa-se uma redefinição da política pública em prol do catador com abertura de programas e projetos junto a Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Ciência e tecnologia, Fundação Banco do Brasil, PETROBRÁS, BNDES, Fundação AVINA, Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outras agências nacionais e internacionais de fomento;

b) Implementação do Programa Reciclar para Crescer: programa da Secretaria Estadual de Combate à Pobreza e as Desigualdades Sociais explicitamente reconhece e afirma a atividade da reciclagem como uma estratégia de combate à pobreza e inclusão social dos catadores. Vem apoiando iniciativas de organização dos catadores no Estado da Bahia;

c) Criação do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis no Estado da Bahia: foi realizado nos dias 06 e 07 de fevereiro de 2004 o I Encontro de Catadores de Materiais Recicláveis do Estado da Bahia, fruto da parceria entre o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis e o PANGEA - Centro de Estudos Socioambientais (secretaria estadual do movimento na Bahia). Nos dias 01 e 02 de setembro de 2005 o encontro foi reeditado, o II Encontro de Catadores de Materiais Recicláveis do Estado da Bahia aprofundou propostas de busca da organização dos catadores em redes de comercialização como alternativa para a melhoria dos preços praticados;

d) Constituição da REDE CATABAHIA, originalmente formada por cooperativas de catadores de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, Itapetinga e Itororó. A REDE CATABAHIA responsabiliza-se incubação de cooperativas; capacitação em gestão cooperativa; educação ambiental; e sistema de logística da coleta seletiva visando à arrecadação do material nos diversos municípios. Destaca-se a comercialização conjunta e em escala dos materiais triados, ultrapassando os atravessadores e negociando diretamente com a indústria recicladora, permitindo a realização de melhores preços. A REDE CATABAHIA é uma iniciativa da ONG PANGEA, com patrocínio da PETROBRÁS e apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Page 15: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

15

Assim, o estudo da implementação de cooperativas de

reciclagem de resíduos sólidos como forma de geração de postos de trabalho surge como forma de integrar tais desenvolvimentos sociais e econômicos e ao mesmo tempo retirar uma parcela dessas pessoas em condição marginalizada, reintegrando-as à sociedade.

O estudo da viabilidade econômica e a implantação de

cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos urbanos -- como forma de geração de postos de trabalho -- destaca-se presentemente como estratégia para integrar o desenvolvimento econômico e social, recuperando à sociedade uma parcela dos catadores de materiais recicláveis informais no Brasil. Estudos desenvolvidos pelo GERI/UFBa em parceria com a ONG PANGEA, demonstram que tais cooperativas apresentam baixo custo de implementação e um dos menores custos de criação de postos de trabalho.

Ademais, o processo cooperado da catação e reciclagem de

resíduos sólidos urbanos possui um forte caráter de auto-sustentabilidade, gerando -- após sua implementação -- reais condições de combate à pobreza e de efetiva inclusão social, constituindo empregos formais, assegurando renda para estes catadores, resgatando sua dignidade e, mais importante ainda, viabilizando a mobilidade social de uma categoria miserável.

Para que existam ganhos de eficiência econômica e melhor

utilização dos materiais recicláveis – são necessárias informações prévias sobre o comportamento da produção total vis-à-vis as crescentes quantidades de recicláveis, por tipo de materiais, bem como uma caracterização mais detalhada dos atores envolvidos nesse processo.

Apesar da atividade de catação representar uma

potencialidade no combate à pobreza, a melhor delineação de políticas públicas relacionadas à atividade de catação de materiais recicláveis exige quesitos informacionais até então indisponíveis.

Em outras palavras, faltam dados e informações que possam

indicar em quais ramos da cadeia da reciclagem é possível obter maior agregação de valor e qual é o padrão tecnológico adequado, visando inserir as redes de comercialização num processo mais verticalizado.

Page 16: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

16

Observa-se um conjunto de pontos de estrangulamento que criam obstáculos para que esse processo possa tornar-se uma política pública ampla e eficaz, a saber:

a) Faltam estudos que permitam a mensuração dos

impactos sócio-econômicos e ambientais da atividade dos catadores, base da cadeia de reciclagem;

b) Ausência de informações que possam revelar como se realiza e qual a dimensão da apropriação do excedente gerado especificamente na cadeia da coleta do reciclável, onde se concentram os catadores e os atravessadores;

c) Inexistem medidas confiáveis de quantificação

dos custos locais e regionais para a criação de uma política de geração de postos de trabalho nesse segmento; Sem essas informações torna-se impossível conhecer as

escalas operacionais de eficiências adequadas. Como montar uma organização de catadores, diante dessas indagações?

Algumas questões básicas e muito importantes merecem uma

resposta: Qual é o tamanho ótimo de uma planta de beneficiamento de materiais recicláveis? Qual é o numero

ótimo de prensas e outros equipamentos adequados para esta planta? Qual é o número de catadores associados que podem estar inseridos nesta planta? Quais são os fluxos adequados de beneficiamento da produção que permitem otimizar o

processo produtivo e transformar mercadoria em dinheiro no mais curto espaço de tempo possível? Qual é a relação

capital/trabalho ótima numa planta de catadores compatível com os melhores níveis de eficiências? Como podem ser mensurados os níveis de eficiência física, econômica e de mercado de uma planta de materiais recicláveis?

As questões supracitadas foram alvo de estudo do grupo

GERI1 (Grupo de Estudos de Relações Intersetoriais) da UFBa (Universidade Federal da Bahia) – sob a coordenação do Prof. João Damásio -- e envolveu a articulação entre o saber acadêmico e científico, e a experiência de cooperativas e associações de catadores em 22 Estados da Federação de todas as Regiões do Brasil.

1 O GERI foi criado em 1983 e é registrado desde 1985 como um grupo de pesquisas consolidado pelo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. É um grupo de pesquisas da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia – Salvador – Brasil.

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O estudo foi realizado em parceria com o “Centro de Referência de Catadores de Materiais Recicláveis” ligado à ONG PANGEA (Salvador-Bahia) e encomendado/financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS2.

As respostas às questões acima aludidas apontaram para

uma direção segura: a criação de um módulo de unidade básica de cooperativa de catadores que -- embora adaptável às diferentes e específicas condições locais, culturais e regionais específicas – servisse de parâmetro padrão de referência, quando levados em consideração os pré-requisitos para a elevada produtividade e a alta eficiência.

O módulo de unidade básica procurou criar as condições de

rompimento do círculo vicioso de ineficiências no processamento de materiais recicláveis3.

Com referência a esses módulos básicos, foi então

proposto um investimento total de cerca de R$ 169 milhões4 com o objetivo de equipar 244 cooperativas e associações de catadores em 22 Estados Federais Brasileiros.

O estudo referido, desenvolvido em 2005-6, construiu e

propôs linhas mestras e blueprints – agregando referencial e sustentação teórica -- que permitiram ao governo brasileiro, através do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - tomar a inciativa de lançar um amplo programa de investimentos em capital físico para as cooperativas brasileiras de catadores.

Pela primeira vez na história do banco foi publicado um

edital nacional aberto às organizações de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo de apoiar financeiramente a capitalização de suas cooperativas, na forma de equipamentos e instrumentos de trabalho.

O site do BNDES:

http://www.bndes.gov.br/linhas/catadores.asp

2 “Análise do Custo de Geração de Postos de Trabalho na Economia Urbana para o Segmento dos Catadores de Materiais Recicláveis” elaborado pelo Prof. Dr. João Damásio para o PANGEA/ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2006. O estudo encontra-se no prelo, para publicação, com prefácio do Ministro Patrus Ananias, do MDS. 3 Favor referir-se a op.cit. pp. 87-112. 4 Cerca de US$ 105 milhões à taxa de câmbio corrente.

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anuncia um fundo social de “Apoio a Projetos de Catadores de Materiais Recicláveis” onde cita textualmente o seguinte:

“A participação do BNDES nas ações Federais voltadas para esse segmento iniciou-se em 2007, com a publicação do ‘I Ciclo de Apoio a Projetos de Estruturação Produtiva de Cooperativas’ no âmbito da iniciativa ‘Apoio a Projetos de Catadores de Materiais Recicláveis’. Foram apresentados 127 projetos, das quais 67 foram julgadas elegíveis para fins de enquadramento. Dentre estes, foram enquadrados 44 projetos, dos quais 34 foram aprovados, no valor de R$ 23 milhões5. Estima-se que estas operações resultarão em incremento de cerca de 2.300 postos de trabalho nas cooperativas e de 45% na renda médias dos cooperados”.6

5 Cerca de US$ 14.375.000,00 à taxa de câmbio corrente. 6 Grifo nosso, JD.

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FONTE: Capturado da Internet no endereço fornecido. 2008

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“O apoio do BNDES ao segmento foi estruturado com base no estudo intitulado"Análise do Custo de Geração de Postos de Trabalho na Economia Urbana para o Segmento dos Catadores de Materiais Recicláveis"7, em que foram tipificadas as cooperativas e as associações de catadores e proposto um módulo de unidade básica de investimentos para cada tipo, de acordo com seu estágio de desenvolvimento, visando a geração de novos postos de trabalho e aumento de eficiência no segmento”.

Esses foram os números do ano passado, 2007. Este ano o

processo está aberto novamente para submissão de propostas, para uma potencial concessão de valores semelhantes. Vale a pena lembrar que esses recursos não são destinados na forma de empréstimos: são recursos de investimento social,

executados a partir dos lucros do próprio banco.

Contudo, é a partir da análise ao longo de toda cadeia produtiva – e da comercialização – do material reciclável que são identificadas as barreiras e oportunidades de que depende o potencial presumido de geração de emprego e renda na atividade de catação de resíduos urbanos.

A capacidade de identificar os principais atores das

cadeias e sub-cadeias produtivas na comercialização de materiais recicláveis, por sua natureza e tipo, é uma necessidade inicial. Essa etapa leva à compreensão das diferentes formas de produção, de apropriação de valores, e dos ganhos relativos ao longo da cadeia – para uma dada logística na coleção, distribuição e triagem de cada um dos materiais recicláveis – e finalmente, às características das estruturas de mercado existentes.

O maior impedimento para que os catadores consigam vender

diretamente materiais recicláveis para a indústria recicladora reside, além da triagem adequada, em conseguir ter escala e regularidade de fornecimento.

A indústria não pode conviver com quantidades reduzidas e

irregularidade de fornecimento, sob pena de comprometer o seu processo produtivo. O controle de qualidade do material

7 Damásio, João (2006) - op.cit.

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reciclável exige volume, limpeza, acondicionamento correto e pontualidade.

Muitos catadores -- por não possuírem essas informações

disponíveis em suas cooperativas e associações -- são desorganizados economicamente e trabalham, em sua grande maioria, de forma isolada. Coletam os recicláveis na rua e no lixão, e vendem os materiais não-triados em pequenas quantidades a cada dia8, de forma atomizada, para a vantagem das estruturas de intermediação.

Os atravessadores e sucateiros estabelecem com os

catadores uma relação de trabalho que é precária e indigna, comprando os materiais coletados a preços irrisórios -- a exemplo do papelão e do PET que no Estado da Bahia é vendido respectivamente pelos catadores a R$ 0,07/kg e R$ 0,15/kg e posteriormente revendido pelos atravessadores a R$0,25/ kg e R$ 1,00 para a indústria recicladora.

Ao se encontrarem desprovidos de capital -- instrumentos

de trabalho, capacitação, organização social e econômica -- os catadores são submetidos a uma lógica perversa de exploração por parte de uma cadeia de atravessadores de materiais recicláveis, cuja base é informal -- mas que progressivamente vai se formalizando -- até alcançar cadeias dinâmicas da economia da reciclagem globalizada, como o setor do plástico, PET, alumínio e papel.

Esse quadro fomenta uma situação de estrutural

dependência e endividamento por parte dos catadores, apropriando um excedente fundamental do trabalho realizado pelos mesmos.

Mas, mesmo quando adquirem alguns equipamentos, organi-

zando-se em cooperativas ou associações, o volume por eles coletado ainda costuma ser pequeno, o que ainda os retêm como reféns da intermediação comercial. Não obtêm escala para atender a indústria.

Nessas circunstâncias, os catadores precisam adquirir

novas escalas em novos patamares: a venda conjunta de materiais recicláveis em Redes de Comercialização.

8 O horizonte diário de sobrevivência implica na venda cotidiana do material reciclável, o que impede a formação de estoque, subjuga o catador e reduz o preço dos materiais coletados.

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As Redes de Comercialização9 introduzem novas estratégias logísticas e organizacionais no curto-prazo, amplamente capaz de gerar ganhos em eficiência, com razoável poder de difusão, e com o potencial de melhorar o padrão de vida dos catadores filiados a cooperativas e associações ligadas a essas Redes.

Em uma Rede de Comercialização entram cooperativas que

são estruturalmente diferentes: são colocadas lado a lado cooperativas de elevada eficiência e grupos de catadores que ainda povoam as ruas e lixões, e que apresentam eficiências extremamente baixas.

Uma Rede de Comercialização possibilita que certos tipos

de materiais que são coletados por cooperativas que não apresentam escala produtiva sejam vendidos a preços melhores. O seu principal objetivo é agrupar – e em alguns casos estocar -- materiais recicláveis até que sejam obtidos os volumes necessários para atender às especificações de demanda das indústrias.

Em todos os casos, é evidente que os retornos são maiores

do que aqueles que seriam obtidos pela comercialização individual, descentralizada. Nesse sentido, uma Rede de Comercialização é uma agregação de valores, que junta os esforços de diferentes cooperativas e é, de fato, uma eficiente estratégia de negócios para enfrentar um mercado concentrado povoado por intermediários.

Não deve ser surpreendente que, apesar de haver exceções,

os maiores ganhos em eficiência econômica obtidos através da Comercialização em Rede são apresentados pelas cooperativas menores e menos estruturadas. Elas são as que mais lucram, pelas externalidades positivas do arranjo mercantil desse procedimento.

O aprendizado das características de uma Rede de

Comercialização passa a ser uma estratégia empresarial para os catadores. Constitui-se numa central de inteligência que articula as pequenas, médias e grandes organizações de catadores para uma comercialização simultânea e sistemática.

Se as Redes de Comercialização forem suficientemente

eficientes para alcançar grandes volumes mensais e

9 A REDE CATABAHIA foi a primeira Rede de Comercialização no Brasil. Para uma discussão mais detalhada de uma Rede de Comercialização funcionando em São Paulo, favor referir-se à PARTE A deste estudo. Para um diagnóstico e proposta de uma Rede de Comercialização na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, referir-se à PARTE C deste estudo.

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regularidade de fornecimento, podem ultrapassar as estruturas de intermediação, e vender diretamente para a indústria recicladora, obtendo melhores preços para o mesmo volume de materiais.

A compreensão e diagnóstico sobre a constituição e o

funcionamento de uma rede de comercialização também conseguem possibilitar a análise do mercado consumidor de reciclados de forma regional e/ou nacional. Ao viabilizar a construção de um sistema de informações sobre tendências atuais e futuras das cadeias e sub-cadeias produtivas, possibilita observar os movimentos de médio e de longo prazo – agregando informações sobre posicionamentos estratégicos das organizações dos catadores.

Porém, mesmo as Redes de Comercialização de cooperativas

de catadores ainda não são capazes de construir estoques produtivos para enfrentar sazonalidades do mercado, até porque, em geral, não têm as informações necessárias para compreender como se dá a formação de estoque no mercado por sub-cadeias, quais são e como operam as categorias de análise que incidem na formação e na variação do preço ao longo do tempo.10

Ainda existe uma grande ausência de dados e de

informações que pudessem indicar em quais segmentos das sub-cadeias de reciclagem seria possível agregar os maiores valores, e quais seriam os níveis tecnológicos adequados, de forma a inserir as Redes de Comercialização em um processo mais verticalizado. Podem ser observados diversos gargalos que se tornam obstáculos para que esse procedimento se torne uma política pública ampla e eficiente.

As Redes de Comercialização para cooperativas de

catadores de materiais recicláveis são um fenômeno de menos de três anos em toda a América Latina, ainda singulares, restritas quase ao Brasil, com muita dose de experimentação e pouco conhecidas academicamente.

Isto implica em que a construção de um conhecimento

articulado a esta experiência prática, significa um deslocamento do posicionamento estratégico dos catadores na cadeia produtiva, de meros fornecedores individuais, para

10 O preço da Nafta no mercado internacional impacta na resina virgem do PET que em certas situações pode ser mais barata do que a resina reciclagem, por mais paradoxal que seja.

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organizações econômicas regionais e nacionais de fornecimento de matéria prima para a indústria.11

Uma melhor compreensão das cadeias e sub-cadeias

produtivas do processo de reciclagem e a adoção de medidas que apóiem a organização de Redes de Comercialização para cooperativas e associações de catadores, certamente abrirá novas oportunidades para a acumulação de conhecimento crítico para a estruturação de uma tecnologia social de combate à pobreza, favorecendo a inclusão social.

Ademais, proposições de fortalecimento institucional e

consolidação de tecnologias de gestão em rede das cooperativas de catadores, garantindo a auto-sustentabilidade das mesmas, configuram-se em elementos chave para o sucesso de medidas que visem a inclusão social da população que hoje vive à margem do setor produtivo, retirando do lixo seu sustento.

A proposta desta pesquisa visa o preenchimento de algumas

dessas lacunas. Desta forma, o principal objetivo do presente estudo é

diagnosticar e analisar elementos críticos e oportunidades do mercado de reciclagem e de coleta de materiais recicláveis – a partir de experiências concretas e de dados primários.

A coleção de experiências bem e mal sucedidas visa

construir subsídios técnicos indispensáveis para a formulação de políticas públicas de Redes de Comercialização Conjunta como tecnologia social – que, por sua vez, viabiliza a inclusão sócio-econômica e proporciona a organização e valorização integrada dos materiais recicláveis coletados pelos catadores de rua e de lixão.

O material reciclável tem como característica geral pouco

peso e muito volume. Pagar para carregar ar é muito freqüente nas operações de coleta seletiva.

11 A REDE CATABAHIA, abordada na pesquisa deste projeto, é a primeira rede nacional que inaugurou esta estratégia, sendo referência para o Brasil. Foi considerada em 2007, pelas Nações Unidas, como uma das 50 melhores experiências visando alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do MILÊNIO -- na categoria do combate à miséria. Como experiência que é, acumulou um conjunto de práticas, que obteve sucesso. Trata-se aqui de analisar a experiência, enfatizar a natureza da comercialização conjunta, sistematizá-las junto com um conjunto de outras práticas e técnicas, visando constituir um modelo de agregação de valor em benefício da inclusão social.

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A densidade na distribuição do material reciclável num território se deve a três elementos fundamentais, a saber: a renda da comunidade que habita aquele território; a população daquela região/cidade; e a presença de grandes empresas.

Quanto mais elevada a renda de uma comunidade, maior é a

proporção entre materiais recicláveis e o lixo orgânico produzido nesse território. Da mesma forma, maior também será o valor econômico per capita contido nos resíduos domésticos. Qualquer catador de rua, organizado ou não, sabe disso -- o que pode ser observado pela sua efetiva distribuição territorial.

Quanto maior for a população de uma região e/ou cidade,

maior é a densidade territorial de resíduos existentes. O número de catadores nesse território tende a acompanhar essa densidade. O conhecimento do território e a forma de escoamento do material reciclável são necessidades logísticas essenciais à eficiência da atividade.

Quanto mais empresas existirem numa cidade/região maior

será a densidade de resíduos concentrada em pequenos espaços territoriais. A negociação do acesso aos resíduos dos grandes produtores de materiais recicláveis12 -- e a adequação da coleta e triagem in loco desses materiais -- é uma informação necessária para possibilitar o aumento das eficiências físicas e econômicas.

A modelagem correta de captação de materiais recicláveis

-- através da distribuição num território de um determinado conjunto numérico de entrepostos estrategicamente localizados, até chegar a um galpão central -- é conhecimento empírico muitas vezes não sistematizado, nem articulado aos modelos formais existentes.

A modelagem correta para um consorciamento articulado

para transbordo entre carrinhos de coleta através de tração humana e caminhões de recolhimento – com o objetivo de obter o maior volume de materiais recicláveis com menor custo econômico possível -- é também conhecimento empírico ainda não-sistematizado, nem agregado a modelos formais.

Atualmente, os registros de montagem de sistemas de

captação de materiais recicláveis que levem em conta ao mesmo tempo as variáveis de peso e volume são essencialmente

12 Supermercados, Shopping Centers, Cadeias Varejistas, Hotéis, Restaurantes e algumas indústrias.

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erráticos. Isso é devido principalmente à irregularidade temporal na distribuição dos resíduos urbanos quanto às variáveis territoriais e níveis de renda da região considerada. Aqui, novamente, o conhecimento empírico adquirido joga um papel determinante na eficiência da atividade.

Até o momento, modelos matemáticos de consorciamento para

fins logísticos através de rotinas computacionais -- que considerem variáveis como centrais / entrepostos / galpões e os transbordos entre carrinhos de coleta de tração humana e caminhões de recolhimento – em geral produziram resultados erráticos e pouco confiáveis.

Como dito acima, o conhecimento empírico das variações

sazonais específicas -- e mesmo dos períodos do dia favoráveis à coleta -- são determinantes para o sucesso da logística e de um desempenho eficiente13.

As questões apresentadas demonstram a importância de

reunir mais informações sobre o processo dinâmico de valoração de preços dos materiais recicláveis, em circunstâncias onde a logística tenha papel relevante.

A ausência dessas informações acarreta ineficiência e a

elevação de custos para os catadores de materiais recicláveis -- seja pela simples adoção de sistemas desarticulados de coleta, seja pela utilização ineficiente de caminhões de transbordo.

Os pontos acima elencados ensejam a necessidade de

construir um informações estruturadas sobre qual modelos de arranjo de circuitos logísticos de coleta seletiva sejam economicamente sustentáveis e operacionalmente viáveis para situações diversificadas, onde as variáveis supracitadas têm intensidades diferentes em cada território, em cada época do ano e até em cada hora do dia.

O presente estudo é estruturado em 4 partes, aqui

denotadas pelas letras maiúsculas do alfabeto latino A, B, C e D:

A PARTE A ocupa-se com um estudo diagnóstico da REDE CATA

SAMPA, uma Rede de Comercialização Conjunta que foi

13 Portanto, em acordo com a referência ao “desenvolvimento das capacidades locais de inovação, [e] modernização da infra-estrutura de disseminação da informação” - BID-Program Profile-Knowledge Economy (KE) Program-Feb, 2008 – item 2.7. Nossa tradução, JD.

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constituída na Região Metropolitana de São Paulo por dezenove cooperativas de catadores de materiais recicláveis em 2006/07. O estudo dessa rede tornou-se fundamental para os objetivos deste trabalho por ensejar a oportunidade de estudar comparativamente os ganhos em eficiências e em receitas obtidos pela comercialização conjunta. Um aporte de recursos da Fundação AVINA viabilizou a inclusão desta etapa neste trabalho.

A PARTE B foi diretamente inspirada pelo trabalho de

Márcio Magera14, que propõe e defende a empresarialização das cooperativas de catadores de materiais recicláveis – por ele consideradas ineficientes e incapazes de obter adequados níveis de produtividade. A virtual inexistência de experiências empresariais bem sucedidas nesse segmento no Brasil – aonde a maior parte das organizações de catadores tem a figura jurídica de cooperativas ou associações independentes – tornou necessário o levantamento de dados em uma experiência aparentemente bem sucedida que conta com financiamento do BID. Na PARTE B é apresentada a avaliação da experiência empresarial da ALTERVIDA em Assunção, Paraguai. Seus resultados são comparados com os obtidos pela REDE CATA SAMPA e os efeitos de inclusão social são justapostos. O mesmo aporte de recursos da Fundação AVINA também viabilizou a inclusão desta etapa neste trabalho.

A PARTE C analisa e propõe uma vasta Rede de

Comercialização Conjunta, composta por quatro Entrepostos e uma Central de Logística e Administração. Quando entrar em funcionamento poderá incorporar cerca de setenta e sete organizações de catadores de materiais recicláveis localizadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A análise das eficiências produtivas e de mercado dessas unidades possibilitou uma visão macroscópica que certamente será útil, no futuro, para compor uma mais ampla estrutura de comercialização em rede para o Estado da Bahia. Esta etapa foi viabilizada por aporte de recursos do Banco do Brasil e de sua Fundação, além da PETROBRÁS.

Finalmente, a PARTE D trata diretamente das cooperativas

que hoje constituem a REDE CATABAHIA. Essa rede é formada pela organização intermunicipal de dez plantas de cooperativas baianas de catadores de materiais recicláveis. Visa à implantação de um organismo específico para o desempenho de atividades relacionadas à coleta e

14 Cf. Magera, M. “ Os Empresários do Lixo – Um Paradoxo da Modernidade” – Editora Átomo – 2005.

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comercialização de materiais recicláveis, gerando novos postos de trabalho e definindo estratégias mais eficientes de inserção no mercado. A REDE CATABAHIA focaliza suas ações em projetos de geração de condições de competitividade para as cooperativas de catadores através da Comercialização Conjunta de materiais recicláveis.

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PARTE A: A REDE CATA SAMPA

A.1. INTRODUÇÃO À PARTE A

Durante a execução do presente trabalho, surgiu a oportunidade de efetuar o diagnóstico de uma rede de Comercialização Conjunta que começava a ser estruturada na Região Metropolitana de São Paulo, a REDE CATA SAMPA. Esta rede foi explicitamente inspirada nos moldes da REDE CATABAHIA – já pré-existente – mas exibia uma densidade de volumes de materiais recicláveis que apenas o conglomerado paulistano produz. Tornou-se evidente que analisar e entender os procedimentos implementados pela REDE CATA SAMPA seria instrumental para aumentar a robustez do presente trabalho, dando origem a esta PARTE A.

A REDE CATA SAMPA foi criada em 2006 com o objetivo de

congregar cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis na Região Metropolitana de São Paulo. Hoje conta com 17 cooperativas/associações/grupos-em-formação, além da chamada “Central”, um galpão no bairro do Glicério, que joga o papel de racionalizador logístico, apoio técnico, processamento e estocagem de materiais recicláveis. Realizar este diagnóstico não foi uma tarefa simples! Durante oito semanas foram efetuadas diversas campanhas de levantamento de dados primários, via preenchimento direto de questionários, entrevistas e envio eletrônico de dados adicionais. Assim, partiu-se de um número inicialmente avaliado em nove cooperativas/associações dentro da rede — as mais ativas – para logo elevá-lo para onze, com a inclusão da Coopamare e do galpão da REDE CATA SAMPA. Num segundo momento foram agregadas mais duas cooperativas (CooperGlicério e CooperSantos), o que exigiu uma nova rodada de levantamento de dados. Finalmente, ao ficar mais bem explicitados os mecanismos de “comercialização conjunta” e de “retiradas” a partir do processamento de materiais de grandes fornecedores no galpão da central e/ou provenientes de “feiras” e eventos, foram agregadas mais quatro grupos-em-formação, ainda não propriamente constituídos como cooperativas.15

15 Para facilitar a referência, todos essas cooperativas, associações e grupos-em-formação serão genericamente chamados de “cooperativas” neste diagnóstico, apenas com o efeito de evitar cansativa circunlocução.

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A tarefa de levantamento de dados no mês-base deste estudo (agosto de 2007) foi ainda prejudicada pela própria existência da Rede e da comercialização conjunta, uma vez que algumas informações traziam “dupla contagem” em relação aos dados fornecidos pela Central, ao passo que outras chegavam com a comercialização conjunta já deduzida. Várias rodadas de compatibilização das informações primárias foram necessárias para que fosse possível emergir um conjunto de dados conexos e depurados. Adicionalmente, o mecanismo das “retiradas” – proporcionais ao número de trabalhadores-horas empenhados por cada uma das cooperativas nas diversas empreitadas – contribuiu para turvar um pouco mais o quadro: neste caso, como veremos mais detalhadamente adiante, optou-se por considerar a proporção de “retiradas” de cada cooperativa em um período mais amplo, tomando-se aqui a média destinada a cada cooperativa no período julho/agosto/setembro de 2007. Dessa forma, embora o longo período de levantamento de dados, crítica, depuração e adição de novos dados tenha sido muito mais longo do que o inicialmente estimado, cremos que tenha sido finalmente possível a observação analítica de um quadro que manifesta de forma clara, a beleza e a complexidade dessa empreitada coletiva que resulta da REDE CATA SAMPA.

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A.1.1. COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

As dezessete cooperativas que hoje constituem a REDE CATA SAMPA são muito diversas entre si: vão desde organizações de alta eficiência, como é o caso da Coopamare, até grupos-de-rua, não-formalizados em etapas de organização e que apresentam baixíssima eficiência.

QUADRO A.1.1: DADOS GERAIS: NÚMERO DE COOPERADOS, PRODUÇAO FÍSICA E VENDAS TOTAIS DAS COOPERATIVAS – Agosto de 2007

FONTE: CATASAMPA – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

No QUADRO A.1.1 acima e nas FIGURAS A.1.1, A.1.2 e A.1.3

a seguir são apresentados os dados relativos aos números de cooperados; gravimetria do volume físico produzido; e do valor global das vendas de cada cooperativa para o mês de agosto de 2007:

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FIGURA A.1.1: NÚMERO DE COOPERADOS POR COOPERATIVA – REDE CATA SAMPA – Agosto de 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

É importante notar aqui que a “cooperativa” #18 -- aqui

representada como “REDE CATA SAMPA” -- refere-se ao galpão da Central no Glicério, e os seus dados correspondem aos processamentos que são coletivamente apropriados como “retiradas”. O seu número de cooperados é, portanto, uma média de catadores ativos no galpão no mês de agosto de 2007. Por razões metodológicas que permitam a comparação e avaliação relativas, a Central será aqui tratada como uma “cooperativa”. Entretanto é necessário sempre lembrar que NÃO se trata de uma cooperativa como as demais, uma vez que seus resultados são repartidos entre cooperativas participantes da REDE CATA SAMPA.

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FIGURA A.1.2: PRODUÇÃO FÍSICA DAS COOPERATIVAS – REDE CATA SAMPA – Agosto de 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A primeira constatação é a considerável desproporção entre a Coopamare e as demais cooperativas da rede. Por ser maior e muito mais eficiente que as demais, a agregação de seus dados sempre introduzirá um viés para mais que será, no mais das vezes, neutralizado pela comparação dos dados obtidos com a sua exclusão. Isto será observado sempre que o viés seja notável, como veremos adiante.

Ademais, a Coopamare não participa da comercialização

conjunta e suas retiradas em receitas, a partir do material processado no galpão, corresponde a apenas 5,3% do total rateado e a 2% do seu faturamento bruto.

Esta participação marginal da Coopamare em relação às

atividades desenvolvidas pela rede será evidente nas seções subseqüentes.

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FIGURA A.1.3: VALOR DAS VENDAS DAS COOPERATIVAS – REDE CATA SAMPA – Agosto de 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A.1.2. ESTRUTURA DA REDE CATA SAMPA

A REDE CATA SAMPA é estruturada ao redor de DUAS atividades: a Comercialização Conjunta, e o processamento de materiais arrecadados em grandes geradores, coleta seletiva,

feiras e eventos. A Comercialização Conjunta permite que alguns tipos de

materiais sejam arrecadados em diversas cooperativas que não tem escala produtiva que permita preços melhores: o objetivo é reunir – e se for o caso estocar – materiais recicláveis até que seja obtido o volume necessário para atender às demandas em níveis de comercialização superiores aos que seriam obtidos pela comercialização individual descentralizada. Nesse sentido, a comercialização conjunta une os esforços das diversas cooperativas e de fato é uma forma eficiente de fazer frente a um mercado concentrado e povoado por atravessadores.

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O processamento de materiais arrecadados em grandes geradores, coleta seletiva e feiras e eventos é feito no galpão da Central do Glicério. As cooperativas interessadas

FIGURA A.1.4: ESTRUTURA DA REDE CATA SAMPA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA

em participar nos resultados, enviam catadores para cada empreitada, e o número de horas dedicadas às tarefas comuns por seus cooperados serve de parâmetro de referência para a

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partilha dos recursos obtidos – descontados 5% relativos aos custos operacionais, que revertem à própria Central.

A FIGURA A.1.4 acima procura descrever essa estrutura. As

linhas azuis ligadas ao círculo demonstram as cooperativas que são beneficiadas pela comercialização conjunta. As linhas vermelhas indicam que existe alguma participação das cooperativas respectivas nas “retiradas” a partir do processamento de materiais arrecadados em grandes geradores e feiras e eventos.

As cores que preenchem os retângulos de cada cooperativa

indicam as suas eficiências relativas, e serão mais bem qualificadas na análise que se segue nas próximas seções. Entretanto, tomamos a liberdade de já explicitá-las desde logo, com o objetivo de denotar os diferentes níveis de eficiências globais relativas entre as cooperativas da REDE CATA SAMPA.

Notar que a cooperativa #13 CooperSantos ainda não

participa de nenhuma dessas duas atividades da rede, embora conste que ela é efetivamente coligada a ela.

A.1.3. O FUNCIONAMENTO DA CENTRAL DA REDE CATA SAMPA

A metodologia de funcionamento do galpão da Central da

REDE CATA SAMPA foi detalhadamente fornecida pela sua Assessoria de Logística.16 Quanto à comercialização conjunta:

“A venda conjunta no galpão não ocorre com datas pré-

estabelecidas. A comercialização no galpão ocorre somente quando se acumula uma quantidade interessante de material, suficiente para ser retirada ou entregue ao comprador. Essa quantidade varia de material para material, mas segue essa regra: papelão/papel branco/aparas plásticas - 5 ton.; copinho plástico - 2 a 3 ton.; PEAD/PP - 2 ton.; tetrapak - 10 a 12 ton. Os 5% são deduzidos após a venda dos materiais e antes do repasse às bases. Os custos com esta operação não são deduzidos da mesma, mas, os 5% teriam, teoricamente, esse papel. A dedução dos 5% ocorre sobre a receita bruta da comercialização, ou seja, da venda ocorre o desconto dos 5% na maioria dos casos, exceto quando se trata de Feiras e Eventos.

16 Os dados nesta seção são citados diretamente da correspondência com João Ruschel, Assessor de Logística da REDE CATA SAMPA e aqui reproduzidos.

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Neste caso, da venda dos materiais arrecadados são deduzidas as despesas operacionais (combustível, transporte, alimentação, pedágio, estacionamento, etc.), deduzido 5% e o restante é distribuído às cooperativas que participaram do processo, proporcionalmente às horas gastas por cada um de seus integrantes.”

O envio de catadores de cooperativas da REDE CATA SAMPA

para o galpão parece ser voluntário, embora não tenha sido possível estabelecer com clareza a natureza dos critérios que norteiam a escalação dos nomes que são enviados, nem sequer como o número de catadores de cada cooperativa à disposição do galpão é determinado. Nas palavras da Assessoria de Logística:

“Quando falamos nas cooperativas que enviam cooperados

para o galpão, temos duas situações: a) Quando ocorrem Feiras e Eventos, algumas cooperativas,

normalmente de 6 a 8 bases, costumam enviar pessoas para contribuir. As bases que normalmente não enviam pessoas não o fazem por localizarem-se muito distante das Feiras, o que encarece muito o transporte das pessoas, toma muito tempo e desgasta fisicamente, e outras não enviam pessoas por acabarem se prejudicando em suas atividades cotidianas (poucas pessoas);

b) Quando as bases trazem materiais ao galpão para prensagem, algumas enviam, ou não, pessoas para realizar este trabalho (fazer os fardos). Ultimamente, a maioria das bases que enviam materiais ao galpão não tem encaminhado pessoas. Neste caso, a equipe do galpão [...] realiza este trabalho e a base dona do material, abre mão, além dos 5% da Rede, mais 10% por não ter beneficiado seus materiais com sua própria mão-de-obra.

Quem normalmente envia pessoas para Feiras ou para prensar materiais é:

- #01 Cooperalto (participa de Feiras); - #03 Coures (participa de Feiras); - #07 Cruma (participa de Feiras); - #04 Cora (participa de Feiras); - #02 Chico Mendes (participa de Feiras); - #10 Fênix (participa de Feiras e prensa materiais no Galpão); - #09 Cruffi (participa de Feiras e prensa materiais no Galpão); - #05 Jacupia (participa de Feiras e prensa materiais no Galpão); - #14 Sempre Verde (participa de Feiras e prensa materiais no Galpão); - #15 Ame (prensa materiais no Galpão); - #16 Camare (prensa materiais no Galpão); - #18 Coopersampa (prensa materiais no Galpão).

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38

Quem não tem enviado pessoas ao galpão, ou a Feiras, é: - #13 Coopersantos; - #06 Ares; - #08 Coofemar; - #11 Coopamare; - #12 Cooperglicério; - #17 Magnália Dei.”

Aparentemente a declaração acima reflete uma posição de

momento, uma vez que os dados de repartição das retiradas referentes aos meses de julho, agosto e setembro de 2007 – enviados pela mesma Assessoria de Logística – incluem a #06 Ares, a #08 Coofemar, a #11 Coopamare, e a #11 CooperGlicério entre as participantes, e excluem a #14 Sempre Verde, a #15 Ame e a #16 Camare. Em outras palavras, os dados numéricos encaminhados após repetidas consultas não correspondem às descrições acima. Optou-se por aceitar os dados numéricos como descritivos e representativos do que se passou no período referido, e as declarações acima como uma avaliação momentânea da disponibilização de pessoal das cooperativas da rede no trabalho do galpão. Esta opção metodológica indica que podem existir flutuações sensíveis no médio prazo entre as efetivas fatias que são destinadas na forma de “retiradas” a cada uma das cooperativas que participam da REDE CATA SAMPA.

Para este trabalho, seguiremos a descrição para as formas

de participação das cooperativas na REDE CATA SAMPA apresentada no QUADRO A.1.2:17

17 Parece ser possível que esses tipos de participação possam ser alterados em períodos diferentes, porém esta foi a configuração que a equipe executora conseguiu levantar a partir dos dados recolhidos no período da pesquisa direta.

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QUADRO A.1.2: PARTICIPAÇÃO DAS COOPERATIVAS NAS REDE CATA SAMPA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Quanto às dinâmica e logística internas à rede,

reproduzimos abaixo a descrição mais detalhada fornecida pela administração da REDE CATA SAMPA:

“METODOLOGIA E ESTRUTURA DO GALPÃO E EQUIPE COOPERSAMPA I) Introdução A equipe e o galpão Coopersampa atendem a quatro tipos

diferentes de modalidade, que são: 1) Grandes Geradores; 2) Coleta Seletiva; 3) Comercialização Conjunta; 4) Fortalecimento a Grupos Pouco Estruturados. Abaixo, veremos, de forma breve, um pouco sobre cada

modalidade.

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II) Tipos de Modalidades 1) Grandes Geradores A modalidade Grandes Geradores pode ser compreendida

observando-se, de forma geral, dois aspectos: a) Como o conjunto de atividades e esforços despendidos por

dois ou mais grupos, envolvidos diretamente no processo de coleta e beneficiamento (triagem e enfardamento) de materiais recicláveis;

b) Como o processo de coleta e beneficiamento de materiais recicláveis oriundos de fontes com grande capacidade de geração de resíduos, onde grande capacidade pode ser entendida como um volume médio de, no mínimo, uma tonelada por dia, por gerador.

Com base nestas descrições, podemos classificar como

Grandes Geradores as seguintes possibilidades: i) Feiras e eventos de grande porte; ii) Grandes empresas privadas, de diversos setores,

produtivos ou não, como, por exemplo, indústria e varejo; iii) Entidades públicas de grande porte; iv) Condomínios, desde que atendam a pelo menos um dos

requisitos acima descritos. 2) Coleta Seletiva Pode ser compreendida como o processo de coleta e

beneficiamento de materiais recicláveis, onde o mesmo grupo de catadores realiza, de forma constante, esse trabalho.

Nesse contexto, podemos considerar como geradores as seguintes possibilidades:

a) Condomínios que não atendam a nenhum dos requisitos aos

Grandes Geradores; b) Residências; c) Programas municipais que gerem postos de trabalho aos

catadores locais.

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3) Comercialização Conjunta Trata-se do resultado prático da união de diversas

cooperativas que, agregando seus materiais recicláveis e tratando-os com padrões semelhantes de qualidade, conseguem vendê-los diretamente à indústria (início do ciclo produtivo), por um valor mais solidário e justo.

A Comercialização Conjunta pode ocorrer de duas formas: a) Com estocagem no galpão Coopersampa – as

cooperativas/associações vinculadas à REDE CATA SAMPA têm seus materiais beneficiados e estocados no galpão para uma comercialização futura, agregando materiais de bases diversas, até que se obtenha o volume mínimo necessário;

b) Sem estocagem – as vendas podem ocorrer diretamente das bases envolvidas na REDE CATA SAMPA, onde o(s) próprio(s) comprador(es) pode(m) ser responsabilizar pela retirada dos recicláveis.

4) Fortalecimento a Grupos Pouco Estruturados O galpão Coopersampa tem como uma de suas principais

finalidades o fortalecimento das bases vinculadas à REDE CATA SAMPA através:

a) Da disponibilidade da estrutura do galpão Coopersampa,

com bancadas de triagem, “bags”, prensas, área de estocagem, entre outros benefícios;

b) Da disponibilidade de veículos para o transporte de materiais recicláveis para beneficiamento ou mesmo comercialização dos mesmos;

c) Do auxílio de uma equipe técnica contratada pelo Projeto Cata Sampa, onde são disponibilizadas formações e o suporte na execução de tarefas específicas.

Considerações Finais É fundamental mencionarmos dois itens: a) O instrumento jurídico que regulará as normas e relações

inerentes ao galpão e à equipe Coopersampa é o Instituto de Base Orgânica Cata Sampa, devidamente constituído;

Está prevista a adoção de iniciativas educativo-sociais, como Programas de Inclusão Digital, capacitações gerais e formações diversas, que buscam propiciar o desenvolvimento dos catadores, comunidade local e sociedade em geral.”

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FIGURA A.1.5: ESTRUTURA DA ÁREA DE LOGÍSTICA DA REDE CATA SAMPA

ESTRUTURA DA ÁREA DE LOGÍSTICA

R O B E R T O

WILSON (KULA) LILIAN

JOÃO CARLOS (MOTORISTA)

JOÃO RUSCHEL(TÉC. LOGÍSTICA)

MARCOS(MOTORISTA)

ANTÔNIO CLAÚDIO (MOTORISTA)

FONTE: CATASAMPA 2007

FIGURA A.1.6: ESTRUTURA DO GALPÃO CATA SAMPA

ESTRUTURA DO GALPÃO COOPERSAMPA

COORD. OPERAC.

COOPERADOS EQUIPE COOPERSAMPA

COORD.GERAL

SEGURANÇAS

AUX. CONTÁBILSECRETÁRIA

LOGÍSTICACOMERCIALIZAÇÃO

MOTORISTAS

FONTE: CATASAMPA 2007

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FIGURA A.1.7: FLUXOGRAMA DE ENTRADA, BENEFICIAMENTO, ESTOQUE E SAÍDA DE MATERIAIS – REDE CATA SAMPA

FLUXOGRAMA DE ENTRADA, BENEFICIAMENTO, ESTOQUE E SAÍDA DE MATERIAIS

SECRETÁRIA / ADM.

MOTORISTAS COOPERADOSCOORD.

OPERAC.EQUIPE

COMERCIALIZ.COMPRADOR

AUX. CONTÁBIL

1) CONTATO PARA UTILIZAÇÃO DO GALPÃO

2) COLETA DOS MATERIAIS

3) TRANSPORTE DOS MATERIAIS AO GALPÃO

4) CHEGADA DO MATERIAL

5) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE ENTRADA

6) O MATERIAL É ENCAMINHADO À PESAGEM

7) A PESAGEM É RELACIONADA NO CONTROLE DE ENTRADA

8) O MATERIAL É ENCAMINHADO AO PRÉ-ARMAZENAMENTO

9) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE PRÉ-ARMAZENAGEM

10) O MATERIAL É ENCAMINHADO À TRIAGEM

11) O MATERIAL SEPARADO É ENCAMINHADO À PRENSAGEM

12) O MATERIAL É PRENSADO

13) O MATERIAL É ENCAMINHADO À PESAGEM

14) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE FARDOS

15) O MATERIAL É INSPECIONADO

16) O MATERIAL RETORNA À TRIAGEM

17) O MATERIAL RETORNA À PRENSAGEM

18) O CONTROLE DE FARDOS É CORRIGIDO, SE NECESSÁRIO

19) O MATERIAL É ENCAMINHADO AO ESTOQUE

20) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE ESTOQUE

21) O MATERIAL É COMERCIALIZADO

22) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE COMERCIALIZAÇÃO

23) O MATERIAL SERÁ RETIRADO NO GALPÃO

24) O MATERIAL SERÁ ENTREGUE AO COMPRADOR

25) O MATERIAL É RELACIONADO NO CONTROLE DE SAÍDA

26) SAÍDA DO MATERIAL

27) REPASSE DOS RECURSOS

28) O CONTROLE DE REPASSE DE RECURSOS É PREENCHIDO

29) OS CONTROLES SÃO ARQUIVADOS

LEGENDA : OPERAÇÃO INSPEÇÃO TRANSPORTE FONTE: CATASAMPA 2007

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A.2. ANÁLISE DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DA

REDE CATA SAMPA Nesta seção serão apresentadas as análises da produção e

comercialização das cooperativas da REDE CATA SAMPA, do ponto de vista da avaliação gravimétrica das produções físicas de materiais recicláveis, seguida da estimativa dos valores de comercialização bruta desses materiais. Em todos os casos são destacados vinte grupos de materiais recicláveis e os montantes desses comercializados com a rede, fora da rede e os valores totais produzidos e comercializados.

A.2.1) PRODUÇÃO FÍSICA DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

Nos QUADROS A.2.1 a A.2.6 a seguir são tabulados os

valores da gravimetria em Kg referentes às produções físicas de cada uma das cooperativas da REDE CATA SAMPA:

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QUADRO A.2.1: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (I) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.2: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (II) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Observar que, em cada caso, são explicitados os percentuais do que é comercializado através da REDE CATA SAMPA e o que é comercializado localmente, de forma descentralizada.

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QUADRO A.2.3: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (III) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.4: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (IV) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.5: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (V) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.6: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (VI) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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O QUADRO A.2.7 abaixo sumariza a produção física total dos grupos de vinte materiais recicláveis comercializados na rede, fora da rede e o total geral.

Observa-se que Vidro, Ferro, Metais Não-Ferrosos e

Plástico Misto, e Outros Materiais Não-Discriminados não são comercializados de forma conjunta pela REDE CATA SAMPA.

Os demais materiais são parcialmente comercializados

através da Rede e localmente. Notar que seis grupos de materiais recicláveis têm mais de dois terços de sua comercialização efetuada através da REDE CATA SAMPA.

Em termos globais a comercialização conjunta corresponde

a 22% do volume físico gravimétrico comercializados pelas cooperativas da rede.

QUADRO A.2.7: QUANTIDADES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (TOTAIS) - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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A.2.2) VALORES DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS PELAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

Nos QUADROS A.2.8 a A.2.16 a seguir são tabulados os

valores dos materiais comercializados pelas cooperativas da REDE CATA SAMPA. Deve ser observado que na última coluna (sombreada em rosa) de cada cooperativa estão listados valores que seriam obtidos pela comercialização local – com os preços individuais explicitamente declarados – caso a comercialização conjunta não existisse. Os percentuais apresentados na base dessas colunas deve ser interpretado como “ganho de escala” na comercialização conjunta auferido por cada cooperativa. Notar também que certos produtos são comercializados apenas na presença da rede, pois as cooperativas não teriam volumes nem mecanismos para efetivar a comercialização dos respectivos materiais recicláveis.

QUADRO A.2.8: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (I) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.9: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (II) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

QUADRO A.2.10: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (III) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.11: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (IV) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

QUADRO A.2.12: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (V) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.13: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (VI) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

QUADRO A.2.14: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (VII) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.2.15: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (VIII) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

QUADRO A.2.16: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (IX) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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O QUADRO A.2.17 abaixo sumariza os valores globais da comercialização de materiais recicláveis das cooperativas dentro e fora da REDE CATA SAMPA. Em valores correntes (R$) percebe-se que o percentual comercializado através da rede atinge 28 pontos percentuais, levando a um ganho de escala de cerca de 16% no agregado.

QUADRO A.2.17: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (TOTAIS) - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Embora esses valores possam parecer relativamente pequenos, é necessário entender que a não-participação da comercialização conjunta da Coopamare e de duas outras cooperativas menores viesam criticamente esses dados percentuais para baixo, como vemos no QUADRO A.2.18 abaixo.

Observa-se que o percentual dos valores da comerciali-

zação conjunta sobe para 38% quando excluída a Coopamare; e a 42% quando também excluídas a Chico Mendes e a CooperSantos:

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QUADRO A.2.18: VALORES DE MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE CATA SAMPA (TOTAIS) – Excluídas as que não fazem comercialização conjunta - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A.2.3) AVALIAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO CONJUNTA: VOLUME E VALORES DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS NA

REDE CATA SAMPA Na seção anterior foi possível observar que os níveis de

participação das cooperativas na comercialização conjunta é bastante desuniforme.

Em um extremo situam-se as cooperativas que não

participam da comercialização conjunta – ou que o fazem de uma maneira muito marginal.

É compreensível que cooperativas como a #13 CooperSantos

(que não participa) e a #3 Coures (que tem apenas 2% de suas vendas na rede) tenham dificuldades de integração à rede pelas distâncias envolvidas entre as suas sedes e o galpão da Central do Glicério. Afinal a primeira situa-se em Santos e a segunda em Suzano – não mais propriamente na Região Metropolitana de São Paulo. As distâncias envolvidas ainda dificultam o transporte dos materiais e podem inviabilizar uma logística eficiente.

Mas é possível calcular – dados os diferenciais de preços

dos materiais recicláveis obtidos pela comercialização local e a conjunta – que a CooperSantos poderia obter um ganho de até 42% através da rede, e a Coures realizar um benefício até 130% maior.

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Entretanto, parece mais difícil explicar a ausência de comercialização em rede da #02 Chico Mendes e da #11 Coopamare, ambas situadas na cidade de São Paulo: a primeira poderia ter uma vantagem até 25% maior, e mesmo a Coopamare – a maior e mais eficiente de todas elas – teria um potencial de ganhos até 20% maior, caso aderissem à comercialização conjunta.

QUADRO A.2.19: GANHOS COM A COMERCIALIZAÇÃO NA REDE CATA SAMPA – Agosto de 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

No outro extremo, pode ser observado no QUADRO A.2.19,

que algumas cooperativas vêm obtendo ganhos percentuais consideráveis com a comercialização conjunta: #15 Ame (67%); #06 Ares (54%); #16 Camare (52%); #14 SempreVerde (51%)— a maioria de grupos-em-formação e cooperativas ainda pouco estruturadas.

Assim, podemos tirar uma conclusão preliminar que a

comercialização conjunta vem sendo capaz de dar escala e preços melhores para cooperativas menos estruturadas e

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equipadas – ao mesmo tempo em que até grandes cooperativas como a Coopamare teriam a ganhar com o comércio em rede.

O QUADRO A.2.20 e as FIGURAS A.2.1 e A.2.2 ilustram e

sumarizam as participações de todas as cooperativas da REDE CATA SAMPA na comercialização conjunta:

QUADRO A.2.20: Quantidades e Valores de Materiais Comercializados Dentro e Fora da REDE CATA SAMPA - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.2.1: GRAVIMETRIA DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em KG - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.2.2: VALORES DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em R$ - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A presença da Coopamare na tabulação agregada – e sua ausência na comercialização conjunta – viesam os valores e dificulta a visualização dos gráficos.

A fim de evidenciar melhor o papel da comercialização

conjunta entre as cooperativas menores e menos eficientes, reproduzimos os mesmos dados sem a Coopamare no QUADRO A.2.21 e nas FIGURAS A.2.3 e A.2.5. As FIGURAS A.2.4 e A.2.5 explicitam comparativos da dispersão entre comercialização dentro e fora da REDE CATA SAMPA para volumes e valores: pode ser observado que ainda existem degraus de ampliação da comercialização conjunta a serem conquistados, dadas as assimétricas inserções das cooperativas nesse processo.

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QUADRO A.2.21: Quantidades e Valores de Materiais Comercializados Dentro e Fora da REDE CATA SAMPA - JUL/AGO/SET 2007 – SEM A COOPAMARE

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.2.3: GRAVIMETRIA DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em KG - JUL/AGO/SET 2007 – SEM A COOPAMARE

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

FIGURA A.2.4: COMPARATIVO DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em KG - JUL/AGO/SET 2007 – SEM A COOPAMARE

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.2.5: VALORES DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em R$ - JUL/AGO/SET 2007 – SEM A COOPAMARE

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

FIGURA A.2.6: COMPARATIVO DOS VALORES DOS MATERIAIS COMERCIALIZADOS DENTRO E FORA DA REDE - em KG - JUL/AGO/SET 2007 – SEM A COOPAMARE

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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A.3. RETIRADAS DO GALPÃO A PARTIR DO PROCESSAMENTO DE GRANDES GERADORES, COLETA SELETIVA, FEIRAS E EVENTOS.

Deve ter ficado bastante claro a partir da leitura da seção anterior que a “cooperativa” #18 REDE CATA SAMPA – que é a representação do galpão da Central aqui adotada – é a mais inserida na comercialização conjunta, uma vez que é a sua promotora quanto à logística e quanto às vendas para a indústria.

Como vimos também, o funcionamento do processamento no

galpão recruta catadores de diversas cooperativas da rede, contabiliza as horas dedicadas ao trabalho coletivo por cada um deles, e reverte 95% do apurado (no caso mais geral) às cooperativas fornecedoras da mão-de-obra na forma de “retiradas”. Essas retiradas são, em princípio, proporcionais às horas dedicadas pelos catadores de cada cooperativa à produção conjunta.

A obtenção de dados coerentes sobre essas retiradas não foi uma tarefa trivial, uma vez que este processo ainda se encontra em fase de implantação plena -- e aparentemente apresentando consideráveis flutuações em volume e valores produzidos e revertidos às cooperativas. É verdade que FEIRAS e EVENTOS podem ter ocorrência errática e ocasional, porém os materiais recicláveis procedentes de grandes geradores e da coleta seletiva devem prover considerável volume previsível que contribuísse eventualmente para a estabilização relativa desses procedimentos, aumentando o grau de sistematização das retiradas de cada cooperativa.

Isto dito, para os efeitos deste diagnóstico optou-se por

obter uma média das retiradas no período julho / agosto / setembro de 2007, para que fossem evitadas flutuações extremas. Ainda assim, deve-se ter em mente que os valores aqui apresentados são, por assim dizer, episódicos – como ainda parecem ser todos os valores de retiradas nesta fase de implantação da REDE CATA SAMPA. Desta forma, os dados apresentados a seguir devem ser vistos mais como uma “descrição fotográfica” de momento, do que uma estrutura ossificada de distribuição de resultados.

Com base nos dados apresentados pela Assessoria de

Logística da REDE CATA SAMPA foi possível estimar a

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67

participação média das cooperativas nas “retiradas”. O QUADRO A.3.1 descreve esses percentuais:

QUADRO A.3.1: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DAS COOPERATIVAS NAS

RETIRADAS DA CENTRAL – REDE CATA SAMPA – JULHO/AGOSTO/SETEMBRO DE 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Como pode ser imediatamente visto, as cooperativas #07

Cruma, #09 Cruffi e #12 CooperGlicério mantiveram elevadas participações nas atividades do galpão da Central, sendo a primeira beneficiada por mais de um quinto de todas as retiradas.

Com base nesses percentuais, torna-se possível a

construção de uma estimativa do faturamento bruto de cada uma das cooperativas no período. O QUADRO A.3.2 descreve as origens e montantes obtidos a partir de cada uma das atividades na REDE CATA SAMPA, enquanto o QUADRO A.3.3 avalia os GANHOS obtidos com a comercialização conjunta, com retiradas e ganhos totais com a REDE CATA SAMPA.

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QUADRO A.3.2: Faturamento Total: Valores de Materiais Comercializados Dentro e Fora da REDE CATA SAMPA – e Retiradas de Feiras e Galpão - AGO 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

QUADRO A.3.3: Avaliação Percentual dos Ganhos: Valores de Materiais Comercializados Dentro e Fora da REDE CATA SAMPA – e Retiradas de Feiras e Galpão - AGO 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 69: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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De forma semelhante ao que foi observado na comerciali-zação conjunta, pode-se perceber que a inclusão das retiradas exacerba as disparidades dos efeitos positivos da existência da REDE CATA SAMPA sobre as diferentes cooperativas.

De uma forma geral, parece que a rede exerce um efeito

positivo, mais visível sobre as cooperativas menos aparelhadas e mais desorganizadas, e isto soa desejável. A FIGURA A.3.1 descreve os “ganhos globais” quando rebatidos sobre os valores auferidos sem a REDE CATA SAMPA:

FIGURA A.3.1: GANHOS GLOBAIS PROPORCIONADOS PELA REDE CATA SAMPA - AGO 2007 – EM R$

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 70: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A.4. EFICIÊNCIAS FÍSICAS DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

Um critério muito caro à análise econômica é o critério

de eficiência. Existem muitas maneiras de se procurar medir a eficiência de um processo produtivo ou de uma organização. Uma das mais comuns é a utilização da relação (produto)/(trabalho) – tanto em termos físicos, como em termos de valoração (R$) – a fim de permitir que sejam avaliados eventuais diferenciais na produção per capita, ou seja, por trabalhador cooperado.

Essa é uma medida da produtividade média, ou

eficiência que passa a ser utilizada nesse trabalho.18 Nesta seção são apresentados os dados sobre a eficiência física, e na próxima seção as estimativas sobre a eficiência econômica.

As eficiências físicas das cooperativas da REDE CATA

SAMPA – ou suas produtividades médias da produção física per capita, ou seja, por cooperado, medidas em Kg/mês – são apresentadas no QUADRO A.4.1. Sombreados em amarelo estão os valores SEM a rede, e suas ordenações; em verde os valores COM a rede e as novas ordenações relativas, além dos percentuais de “ganhos” obtidos pela existência da rede.

18 Aqui é adotada a mesma conceituação apresentada no trabalho de Damásio, J. “ANÁLISE DO

CUSTO DE GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO NA ECONOMIA URBANA PARA O SEGMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS” – PANGEA 2006 – no prelo.

Page 71: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.4.1: Eficiências Físicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A visualização das alterações na ordenação relativa das cooperativas segundo as suas eficiências físicas SEM a rede e COM a rede é razoavelmente difícil de ser apreendida no QUADRO A.4.1. Assim, reordenando as cooperativas de acordo com suas eficiências físicas decrescentes finais COM a rede, obtemos os dados apresentados no QUADRO A.4.2, onde os movimentos relativos podem ser mais bem apreciados:

QUADRO A.4.2: Eficiências Físicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 - REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 72: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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As alterações nas eficiências físicas – que afetam as

ordenações relativas SEM e COM a REDE CATA SAMPA – podem ser ainda melhor percebidas observando a FIGURA A.4.1. Deve ser entendido que a variação nas ordenações relativas das eficiências físicas são resultantes dos efeitos de ganhos muito diferenciados obtidos pelas cooperativas em suas participações na rede. Basta lembrar que caso os ganhos fossem uniformemente distribuídos entre as cooperativas, a ordenação original não teria sido alterada.

Na próxima seção, com as evidências geradas pelas

ordenações das eficiências econômicas, o quadro ficará mais explícito.

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FIGURA A.4.1: Eficiências Físicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 - REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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A.5. EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

As eficiências econômicas – ou retornos brutos médios – são calculados pelos valores comercializados das produções físicas per capita, ou seja, por cooperado, medidos em R$/mês. O QUADRO A.5.1 apresenta os valores desses indicadores de eficiência econômica para as cooperativas da REDE CATA SAMPA.

Para tornar a leitura desse QUADRO mais imediata, é

necessário lembrar que agora as eficiências econômicas relativas são afetadas DUAS VEZES em suas ordenações, a partir de suas posições originais SEM a rede!

As colunas sombreadas em amarelo representam as

respectivas eficiências econômicas das cooperativas SEM a REDE CATA SAMPA. As colunas sombreadas em verde – após contabilização dos ganhos pela comercialização conjunta – representam as eficiências econômicas e suas variações em ordenações relativas COM a rede. Finalmente, após a adição das retiradas do galpão da Central, chega-se às colunas sombreadas em rosa, representando as eficiências econômicas finais, em uma nova reordenação relativa.

Novamente, como no caso das eficiências físicas, o QUADRO A.5.2 reapresenta os mesmos valores, agora reordenados segundo os valores decrescentes de suas eficiências econômicas finais.

A FIGURA A.5.1 descreve esses movimentos de variação das

eficiências econômicas e de suas ordenações relativas nas três etapas: sem a rede; com a comercialização conjunta; e a versão final, após a incorporação das retiradas.

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QUADRO A.5.1: Eficiências Econômicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.5.2: Eficiências Econômicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 - REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.5.1: Eficiências Econômicas das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 - REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 78: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A.6. GANHOS DE EFICIÊNCIA NA REDE CATA SAMPA E EFICIÊNCIA GLOBAL

Conforme apresentado nas Seções A.4 e A.5 anteriores,

observamos que a presença da REDE CATA SAMPA de fato adiciona logística, economias de escala e racionalidade ao processo de comercialização que são traduzidos em ganhos de eficiência para as cooperativas. Também foi observado que esses ganhos são muito diferentes entre as cooperativas da rede, e o QUADRO A.6.1 resume esses ganhos, além de suas ordenações relativas:

QUADRO A.6.1: Ganhos de Eficiência das Cooperativas da REDE CATA SAMPA pela Comercialização Conjunta e Central - AGO/2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Da mesma maneira que nas seções precedentes, o QUADRO A.6.2 reproduz os dados acima segundo uma reordenação das eficiências econômicas finais em ordem decrescente.

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QUADRO A.6.2: Ganhos de Eficiência das Cooperativas da REDE CATA SAMPA pela Comercialização Conjunta e Central - AGO/2007 – REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A FIGURA A.6.1 reordena as cooperativas da REDE CATA SAMPA segundo os ganhos em eficiência econômica final, após a inclusão da comercialização conjunta e das retiradas do galpão da Central do Glicério.

Observa-se que, embora haja exceções, os maiores ganhos

em eficiência econômica tendem a ser auferidos pelas cooperativas menores e/ou menos estruturadas. Em particular, observa-se que a Coopamare – a mais organizada e eficiente cooperativa de catadores de materiais recicláveis da cidade de São Paulo – quase não é beneficiada pela existência da REDE CATA SAMPA – até agora – sendo ainda uma incógnita saber se algum dia ela será devidamente integrada.

Do ponto de vista formal isto parece ser um contra-senso,

uma vez que a plena entrada da Coopamare na rede traria benefícios amplos tanto para ela mesma, como para as demais cooperativas da rede – uma vez que existe espaço para adicionais economias de escala e ganhos sinergéticos.

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FIGURA A.6.1: Ganhos de Eficiência das Cooperativas da REDE CATA SAMPA pela Comercialização Conjunta e Central - AGO/2007 – REORDENADA

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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Isto visto, cabe agora uma pergunta retórica: mas, se as cooperativas são beneficiadas pelos aumentos de suas eficiências físicas e econômicas (embora diferencialmente), alterando as suas respectivas ordenações relativas, o que é que isto significa em relação à categorização de suas eficiências absolutas? Em outras palavras, já sabemos que as eficiências físicas e econômicas são alteradas, mas, o que isto altera a situação original dessas cooperativas? Em geral, melhoram as suas posições, já sabemos, mas permanecem ineficientes? Ou serão capazes de apresentar saltos de produtividades que as façam mudar de categorias de eficiência?

É evidente que para tentar dar uma resposta minimamente

satisfatória a essas perguntas, NÃO podemos apenas continuar a tomar como referências tão-somente as próprias cooperativas da REDE CATA SAMPA – já que isto simplesmente resultaria em raciocínio circular, passível de falseamento empírico. Tampouco é o caso de buscar a introdução de análises estatísticas mais rebuscadas, uma vez que a comercialização conjunta e os mecanismos de retiradas introduzem capilaridades entre as cooperativas que impedem que sejam tratadas como unidades isoladas e auto-suficientes.

Por outro lado, é justamente a existência dessas

capilaridades que trazem à luz o mérito da REDE CATA SAMPA... A atitude que permite uma saída desse raciocínio circular

é tomar como quadro-de-fundo (framework) alguma amostra de cooperativas de catadores de materiais recicláveis que fosse representativa do quadro nacional, sobre o qual então fossem sobrepostas as cooperativas da REDE CATA SAMPA, em suas etapas de ganhos de eficiência. Se isso fosse feito, então seria possível não apenas categorizar os respectivos ganhos de eficiência, como também seria possível estimar as eficiências globais e eventuais mudanças de categorização.

Para lançar um pouco de luz a essas questões, utilizamos as mesmas vinte cooperativas desidentificadas, amostradas em um estudo anterior.19 Naquele estudo foram estudadas três cooperativas de alta produtividade global; oito cooperativas de média produtividade global; e nove cooperativas de baixa produtividade global. O QUADRO A.6.3 apresenta o cruzamento

19 Favor consultar Damásio, J. “ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE POSTOS DE

TRABALHO NA ECONOMIA URBANA PARA O SEGMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS” – PANGEA 2006 – no prelo.

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QUADRO A.6.3: Eficiência Comparativa das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - Ordenação - AGO/2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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dos dados daquele estudo com as dezessete cooperativas da REDE CATA SAMPA.

Na primeira coluna estão situadas as vinte cooperativas

da amostra daquele estudo, identificadas por abreviaturas como COOP 01 a COOP 20, e estratificadas segundo as suas eficiências globais em alta eficiência global (faixa horizontal sombreada em azul; média eficiência global (sombreado verde); e baixa eficiência global (sombreado amarelo). Observar que a análise multivariada aqui aplicada agrupou a COOP 01 – naquele estudo considerada como de baixa eficiência global, a uma nova categoria que se tornou necessária: a área horizontal sombreada em rosa, significando cooperativas de baixíssima eficiência global.

A segunda coluna apresenta as vinte cooperativas daquela

amostra agrupadas estatisticamente com as dezoito cooperativas da REDE CATA SAMPA, sem a consideração dos ganhos da rede. Observamos que no grupo de alta eficiência global encontramos as COOP 18 a 20 (do estudo anterior) mais a #11 Coopamare e a #18 REDE CATA SAMPA (o galpão da Central) – que de resto apresenta a mais alta produtividade global dentre todas – aliás, como deveríamos esperar que fosse, graças às características favoráveis peculiares (grandes fornecedores, coleta seletiva, feiras, eventos). No grupo de média eficiência global situam-se as COOP 10 a 17 e as cooperativas (em ordem decrescente) #02 Chico Mendes e #03 Coures. No grupo de baixa eficiência global colocam-se as COOP 02 a 09 e as cooperativas #06 Ares; #05 Jacupia; #04 Cora; #12 CooperGlicério; #07 Cruma; #13 CooperSantos; #08 Cofemar; #09 Cruffi; e #01 Cooperalto. Finalmente, no último grupo, de baixíssima eficiência global, encontramos a COOP 01, além das cooperativas #17 Magnália Dei; #10 Fênix; #15 Ame; #16 Camare; e #14 SempreVerde. Essa filiação a grupos de eficiência global será a utilizada daqui por diante para proceder às análises agregadas. Em outras palavras, apenas uma cooperativa (a Coopamare) mais a Central serão consideradas de alta eficiência global; duas outras de média eficiência global; nove cooperativas de baixa eficiência global; e cinco de baixíssima eficiência global.

Com o quadro das vinte cooperativas do estudo anterior

mantido estático, as duas últimas colunas explicitam os movimentos relativos “para cima” das cooperativas da REDE CATA SAMPA, na medida em que são computados os “ganhos de eficiências” físicas e econômicas obtidos pela comercialização conjunta e pelas retiradas do galpão.

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Pode ser agora observados, em toda a sua extensão, os

benefícios gerados pela REDE CATA SAMPA às suas cooperativas: a última coluna mostra como algumas delas foram “promovidas” entre categorias, resultando no seguinte quadro final: três (inclusive o galpão) entre as de alta eficiência global; cinco entre as de média eficiência global; sete de baixa eficiência global; e três ainda entre as de baixíssima eficiência global.

O QUADRO A.6.4 procura explicitar esses “movimentos de

ganhos de eficiência global” com a utilização das mesmas cores do QUADRO A.6.3.

QUADRO A.6.4: Eficiência Global das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - Ordenação - AGO/2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Esses resultados parecem explicitar de forma cabal que a REDE CATA SAMPA -- na forma em que foi concebida, e na forma em que atuou no período no qual foram coletados os dados – de

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fato contribui de forma positiva para o aumento da eficiência das cooperativas filiadas. Ademais, destaca-se o fato que, em geral, as cooperativas que mais ganham são justamente as que estão com eficiências inferiores.

Embora não se defenda que a correta aquisição de equipa-

mentos e instalações que dotem cada uma dessas cooperativas da infra-estrutura necessária para a sua relativa autonomi-zação seja substituída pela rede20, é necessário reconhecer que a REDE CATA SAMPA introduz uma estratégia organizativa e logística de curto prazo, plenamente capaz de gerar ganhos de eficiência, com razoável poder de difusão, e com potencial de melhorar a qualidade de vida dos catadores filiados às suas cooperativas.

20 O que significaria abandonar as premissas do estudo anterior. Entretanto, trata-se aqui de reafirmá-lo!

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A.7. ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA FÍSICA – CATA SAMPA

Nesta seção procederemos à agregação dos grupos de

cooperativas conforme as suas eficiências globais, de forma a entender como são analisados comparativamente os grupos segundo suas distintas eficiências físicas.

O QUADRO A.7.1 apresenta a agregação das cooperativas de alta eficiência global, conforme descrito anteriormente. Cabe, entretanto, lembrar que a #18 REDE CATA SAMPA entra aqui como “coringa”, apenas para que esteja explicitado o efeito de eficiência que é transmitido via capilaridade por toda a rede, em maior ou menor proporção.

QUADRO A.7.1: Grupos de Eficiência Física das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Alta Eficiência

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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O grupo de média eficiência global é apresentado em sua agregação no QUADRO A.7.2: QUADRO A.7.2: Grupos de Eficiência Física das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Média Eficiência

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Os QUADROS A.7.3 e A.7.4 apresentam as cooperativas que foram agregadas no grupo de baixa eficiência global. O QUADRO A.7.5 agrupa as cooperativas que originalmente apresentaram baixíssima eficiência global.

A seguir é apresentado o QUADRO A.7.6, que sumariza os

grupos de eficiência física na produção de materiais recicláveis na REDE CATA SAMPA.

Page 88: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.7.3: Grupos de Eficiência Física das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixa Eficiência (I)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 89: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.7.4: Grupos de Eficiência Física das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixa Eficiência (II)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.7.5: Grupos de Eficiência Física das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixíssima Eficiência

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 91: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.7.6: SUMÁRIO DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA FÍSICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS (KG)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA - JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 92: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A consulta ao QUADRO A.7.6, evidencia que o viés introduzido ao agregar a cooperativa #18 REDE CATA SAMPA ao grupo de alta eficiência mascara o fato da #11 Coopamare não manter comercialização conjunta na rede. Assim, a verdadeira participação do grupo de alta eficiência é nula! Se adicionarmos o fato de que o grupo de média eficiência participa com apenas 1% do total de sua produção física na comercialização conjunta, concluímos que as cooperativas que de fato são atingidas – e beneficiadas – com a logística da venda coletiva de materiais recicláveis são as dos grupos de baixa eficiência (27% do material produzido) e de baixíssima eficiência (30% do total produzido). Assim, a rede parece definitivamente ser direcionada para as cooperativas de menor eficiência global da REDE CATA SAMPA.

Ao analisar os níveis de eficiência física no QUADRO

A.7.8 – onde os dados da produção per capita (KG por cooperado) são explicitados – podemos estabelecer uma análise comparativa da produção de materiais por grupos de eficiência física.

Notar que o QUADRO A.7.7 – que deve ser lido com

referência ao QUADRO A.7.8, ao qual se refere – sumariza os valores desses índices:

QUADRO A.7.7: COMPARATIVO DOS ÍNDICES PER CAPITA DE EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS: EFICIÊNCIA FÍSICA Nome => MATERIAL Kg per capita

Baixíssima Eficiência

Baixa Eficiência

Eficiência Média

Alta Eficiência

AZUL: > 2x média

0 2 5 9

PRETO: acima da média

1 14 6 5

VERMELHO: abaixo da média

17 4 3 0

NÃO PRODUZ 2 0 6 4 FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 93: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A FIGURA A.7.1 apresenta um comparativo da eficiência física nos totais comercializados, discriminados por grupos de vinte materiais recicláveis.

Page 94: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.7.8: COMPARATIVO DE MATERIAIS DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA FÍSICA (KG/COOP)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA – JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 95: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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FIGURA A.7.1: Comparativo da Eficiência Física nos Totais Comercializados (KG/COOP)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 96: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A.8. ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA – CATA SAMPA

A exemplo do que foi apresentado na seção anterior, nesta

seção procederemos à agregação dos grupos de cooperativas conforme as suas eficiências globais, de forma a entender como são analisados comparativamente os grupos segundo suas distintas eficiências econômicas.

O QUADRO A.8.1 apresenta a agregação das cooperativas de

alta eficiência. O QUADRO A.8.2 agrega as cooperativas de média eficiência. As cooperativas de baixa eficiência são descritas nos QUADROS A.8.3 e A.8.4, enquanto as de baixíssima eficiência são explicitadas nos QUADROS A.8.5 e A.8.6.

Os sumários dos valores da produção e comercialização de

materiais são tabulados nos QUADROS A.8.7 e A.8.8.

Page 97: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.1: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Alta Eficiência

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 98: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.2: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Média Eficiência

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 99: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.3: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixa Eficiência (I)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 100: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.4: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixa Eficiência (II)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 101: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.5: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixíssima Eficiência (I)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 102: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.6: Grupos de Eficiência Econômica das Cooperativas da REDE CATA SAMPA - AGO/2007 – Baixíssima Eficiência (II)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 103: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.7: SUMÁRIO DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA: VALOR DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS (R$)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA - JUL/AGO/SET 2007 (I)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 104: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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QUADRO A.8.8: SUMÁRIO DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA: VALOR DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS (R$)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA - JUL/AGO/SET 2007 (II)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 105: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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Aqui também, a consulta aos QUADROS A.8.7 e A.8.8 demonstra que, considerando que a Coopamare não mantém comercialização conjunta na rede a participação do grupo de alta eficiência é nula. O grupo de média eficiência mantém apenas 1% do total do valor econômico de sua produção na comercialização conjunta. Novamente, as cooperativas que de fato são atingidas – e beneficiadas – com a logística da venda coletiva de materiais recicláveis são as dos grupos de baixa eficiência (33% do material produzido) e de baixíssima eficiência (42% do total produzido), valores mais elevados do que os estimados a partir da produção física. As cooperativas de menores eficiências globais da REDE CATA SAMPA são de fato as que mais retiram proveito da comercialização conjunta.

Ao analisar os níveis de eficiência econômica nos QUADROS

A.8.10 e A.8.11 – onde os dados do faturamento bruto per

capita (R$ por cooperado) são explicitados – também podemos estabelecer uma análise comparativa da produção de materiais por grupos de eficiência econômica.

Aqui, outra vez, favor notar que o QUADRO A.8.9 abaixo

deve ser lido com referência aos QUADROS A.8.10 e A.8.11, ao quais se refere, e que sumariza os valores desses índices:

QUADRO A.8.9: COMPARATIVO DOS ÍNDICES PER CAPITA DE EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS: EFICIÊNCIA ECONÔMICA Nome => MATERIAL Kg per capita

Baixíssima Eficiência

Baixa Eficiência

Eficiência Média

Alta Eficiência

AZUL: > 2x média

0 4 4 10

PRETO: acima da média

1 12 5 4

VERMELHO: abaixo da média

17 4 5 1

NÃO PRODUZ 2 0 6 4 FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

A FIGURA A.8.1 apresenta um comparativo da eficiência

econômica nos totais comercializados, discriminados por grupos de vinte materiais recicláveis.

Page 106: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

106

QUADRO A.8.10: COMPARATIVO DE MATERIAIS DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA (R$/COOP)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA – JUL/AGO/SET 2007 – (I)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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QUADRO A.8.11: COMPARATIVO DE MATERIAIS DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA (R$/COOP)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA – JUL/AGO/SET 2007 – (II)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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FIGURA A.8.1: Comparativo da Eficiência Econômica nos Totais Comercializados (KG/COOP)

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

Page 109: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A.9. A EFICIÊNCIA DE MERCADO DAS COOPERATIVAS DA REDE CATA SAMPA

Nesta seção é definido um outro índice de eficiência: o índice de eficiência de mercado.

A eficiência de mercado representa a capacidade da

cooperativa em colocar os seus produtos recicláveis de forma vantajosa no mercado. Pouco adianta um volume per capita de coleta elevado, se não existe escala para fazer frente ao intermediário21, ou se os canais de comercialização estão obstruídos por questões estruturais como logística e transporte. Como veremos, a existência da REDE CATA SAMPA procura exatamente atacar esses pontos de estrangulamento, provendo logística e transporte e possibilitando estocagem para a obtenção de melhores preços de comercialização – procurando evitar o atravessador e vendendo diretamente para a indústria.

Os índices de eficiência de mercado, nada mais são do que

a razão entre os índices de eficiência econômica e os índices de eficiência física22. Assim definido, este índice tem um sabor de “preço médio”, embora na maioria das vezes não o seja, por tratarem-se de agregados de materiais diferentes.23

A consulta ao QUADRO A.9.1 evidencia o papel redentor que a comercialização conjunta traz para o conjunto das cooperativas da REDE CATA SAMPA: a venda coletiva faz com que na maioria dos grupos de materiais sejam obtidos preços melhores do que quando ocorre a comercialização local.

Ainda assim -- como estamos trabalhando com grupos de

materiais recicláveis -- seria desejável uma explicitação mais detalhada dos materiais componentes de cada grupo, de forma a esclarecer algumas flutuações ainda subjacentes. Um estudo mais detalhado, com mais longo prazo de gestação pode ser instrumental em melhor esclarecer estes aspectos.

21Estamos genericamente chamando de “intermediários” a uma não rara estrutura de comercialização em forma de pirâmide, voltada à apropriação de parte do excedente diferencial gerado na cadeia da reciclagem. 22 É evidente que o mesmo valor seria obtido pela simples divisão entre o montante obtida pela comercialização da produção em reais pelo valor da produção física em Kg. 23 Favor conferir com Damásio, J. “ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO NA ECONOMIA URBANA PARA O SEGMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS” – PANGEA 2006 – no prelo.

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QUADRO A.9.1: COMPARATIVO DE MATERIAIS: EFICIÊNCIA DE MERCADO (R$)- Cooperativas da REDE CATA SAMPA – JUL/AGO/SET 2007

FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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Por fim, o QUADRO A.9.2 desnuda os efeitos positivos da comercialização conjunta sobre a eficiência de mercado: os índices nas colunas (C) são quase que sistematicamente superiores aos das colunas (L) – em especial para os grupos de baixa e baixíssima eficiências – espargindo seus efeitos para as colunas (T), e demonstrando de forma cabal e clara como a venda coletiva afeta diretamente a eficiência de mercado total nas cooperativas da Rede.

QUADRO A.9.2:COMPARATIVO DOS ÍNDICES PER CAPITA DE EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS:EFICIÊNCIA DE MERCADO: VENDAS CONJUNTAS(C), VENDAS LOCAIS(L) e TOTAL DAS VENDAS(T) Nome => MATERIAL Kg per capita

Baixíssima Eficiência

Baixa Eficiência Eficiência Média Alta Eficiência

VENDAS C L T C L T C L T C L T

AZUL: > 2x média

0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0

PRETO: acima da média

14 2 12 15 13 14 1 6 6 9 8 10

VERMELHO: abaixo da média

0 11 6 0 7 6 0 7 7 0 4 5

NÃO PRODUZ 6 7 2 5 0 0 19 6 6 11 8 5 FONTE: CATASAMPA 2007 – Dados trabalhados pelo projeto - PANGEA

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PARTE B: UMA ESTRUTURA EMPRESARIAL - O PROJETO ALTERVIDA

B.1. INTRODUÇÃO À PARTE B A PARTE B do presente estudo foi diretamente inspirada

pelo trabalho de Márcio Magera24, que propõe e defende a empresarialização das cooperativas de catadores de materiais recicláveis – por ele consideradas ineficientes e incapazes de obter adequados níveis de produtividade.

A virtual inexistência de experiências empresariais bem

sucedidas nesse segmento no Brasil – aonde a maior parte das organizações de catadores tem a figura jurídica de cooperativas ou associações independentes – tornou necessário o levantamento de dados em uma experiência aparentemente bem sucedida que conta com financiamento do BID.

Aqui é apresentada a avaliação da experiência empresarial

da ALTERVIDA em Assunção, Paraguai. Seus resultados são comparados com os obtidos pela REDE CATA SAMPA e os efeitos de inclusão social são justapostos. O mesmo aporte de recursos da Fundação AVINA também viabilizou a inclusão desta etapa neste trabalho.

O CAS (Centro de Acopio y Segregación) surgiu do Projeto

PROCICLA, como iniciativa da ALTERVIDA.25Desde a sua concepção -- como pode ser observado pela leitura dos materiais relativos ao projeto – tomou como ponto de partida a compra de materiais recicláveis de catadores não-empregados pelo CAS. Nesse sentido – embora a discussão sobre atividade cooperada seja recorrente, mesmo entre funcionários da ALTERVIDA/CAS – é importante ressaltar desde logo que os quarenta catadores que hoje têm função operacional no CAS não são cooperados nem há qualquer proposta de transformar o CAS em uma cooperativa em futuro previsível.

Isto dito, é bom lembrar que no Plano de Negócios é

explicitamente frisado que:

24 Cf. Magera, M. “ Os Empresários do Lixo – Um Paradoxo da Modernidade” – Editora Átomo – 2005. 25 Consultar “CAS Plan de Negocios” – PROCICLA – ALTERVIDA – Novembro de 2006

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“ A forma jurídica que o CAS adotará é a de uma Sociedade Anônima, já que deve gerar lucros e alcançar a rentabilidade necessária para fazer frente aos compromissos financeiros.”26

Uma Sociedade Anônima NÃO é uma cooperativa e não há

porque insistir em confundir o que hoje ocorre com os processos operados no CAS com uma atividade de trabalho cooperativo. Assim, desde a sua criação, NÃO houve a intenção de transformar o CAS em unidade cooperada. Dessa forma, não se pode criticar a forma jurídica adotada pelo CAS por NÃO ser cooperada: o móvel de sua criação sempre foi o lucro privado, como qualquer outra empresa competitiva do mercado capitalista. Uma análise imparcial e não-viesada necessita então estar voltada para a viabilidade econômica da atividade de reciclagem desenvolvida pelo CAS, explicitando a sua inserção no mercado e avaliando as implicações de sua entrada em operação.

O surpreendente, entretanto, é que o CAS sequer foi

constituído como uma Sociedade Anônima – ao contrário do explicitamente afirmado no citado Plano de Negócios! De acordo com o que pode ser levantado pela equipe de pesquisadores que visitou o projeto em Assunção, o CAS é uma ficção jurídica, sem figura legal própria, apenas um nome-de-fantasia utilizado pela própria ALTERVIDA. Embora apresente uma contabilidade em separado, a sua movimentação financeira é legalmente interna à ALTERVIDA e não pode dela ser juridicamente separada.

Assim, a tarefa de entender e avaliar a viabilidade

econômica do CAS termina por se confundir com o manejo de recursos da ALTERVIDA – legítima figura jurídica proprietária do CAS. Como este diagnóstico não se propõe – e nem pode se propor – a fazer uma auditoria das contas da ALTERVIDA, torna-se impossível discernir as aplicações financeiras efetivamente destinadas ao CAS daquelas que são operacionalmente voltadas para as demais atividades da ALTERVIDA. Em outras palavras, não existe uma contabilidade legalmente independente do CAS, porque NÃO existe um CAS como pessoa jurídica. Tampouco existe um processo ou planejamento que permita entender quando e como o CAS irá se transformar um uma pessoa jurídica independente da ALTERVIDA.

26 Op.cit p.3 – Nossa tradução.

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Assim, nessas linhas iniciais buscou-se dirimir dúvidas em relação a duas questões que deverão nortear o restante das análises que se seguirão:

a) O cooperativismo está fora de questão: o objetivo do

projeto PROCICLA é o lucro privado; b) O CAS não existe juridicamente, senão como apêndice

operacional da ALTERVIDA. Isso significa que – embora sejam apresentadas contas específicas como representativas do CAS – não existe contabilidade legal individualizada e independente. O princípio e o fim dos procedimentos legais e financeiros estão na ALTERVIDA e não no CAS.

Diante desse aparente paradoxo – uma vez que o PROCICLA é

apresentado como “criador de riqueza de sensível impacto na sociedade na qual se desenvolve”27, cabe perguntar para quem será criada essa riqueza, e de que forma ela será alocada.

Para superar este impasse – cuja motivação parece

evidente – neste diagnóstico apenas trataremos o CAS como unidade produtiva, procurando entender a sua inserção na atividade de catação e reciclagem de materiais. Ademais, serão genericamente chamados de “catadores” todos as pessoas dedicadas a atividades de catação, separação, prensagem, compra e venda de materiais recicláveis que não sejam profissionalmente ocupadas em tarefas administrativas e de direção. Esta observação se faz necessária, pois no CAS nenhum catador tem qualquer função no processo decisório e administrativo. São apenas empregados, pagos por trabalho semanal despendido, sem relação funcional estável e sem qualquer participação nos resultados da produção.

Com o objetivo de nortear esta análise, optou-se por

destacar três óticas distintas:

I) A Ótica do CAS CENTRAL. Nessa ótica, o CAS será analisado como Central de aquisições, processamento e revenda de materiais recicláveis procedentes de três tipos de fornecedores: os carrinheiros que recolhem o que foi possível obter até hoje na forma de “coleta seletiva” em ruas e bairros escolhidos de Assunção; os catadores ligados à coletas de Grandes Geradores; e os catadores que recolhem o material que chega ao “Vertedero” – onde caminhões despejam o lixo urbano

27 Op Cit p. 4

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recolhido e destinado ao aterro sanitário municipal. Nessa ótica, o CAS será temporariamente entendido como entidade autônoma (o que, já foi dito, não é)atuando como interface entre grupos de catadores e a indústria. A intermediação será analisada de forma a explicitar as fontes de valorização e lucros obtidos a partir da centralização de materiais recicláveis. Esta ótica permite entender a origem e dimensão dos excedentes apropriados na Central;

II) A Ótica dos Catadores. Nessa ótica avaliaremos cada um dos “fornecedores” como unidades autônomas de catação -- submetidos a uma lógica de subordinação que os mantém presos a um círculo vicioso -- sem perspectivas de vantagens financeiras, ou progressão social. Esta ótica permite avaliar a situação específica de cada tipo de “fornecedor”;

III) A Ótica do SISTEMA CAS. Nessa ótica todo o processo de catação ligado direta ou indiretamente ao CAS será analisado em conjunto, como um sistema interligado. É também a ótica que permitirá visualizar a canalização dos recursos financeiros obtidos a partir da catação de materiais recicláveis e sua destinação à ALTERVIDA sob título de “amortização da dívida”. Aqui, novamente será necessário retornar à realidade, na qual o CAS não é pessoa jurídica independente da ALTERVIDA, havendo sobreposição de contabilidade.

A FIGURA B.1.1 na página seguinte será seqüencialmente

utilizada como referência e sumariza essas três óticas.

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FIGURA B.1.1: ORGANOGRAMA DO PROCICLA/ALTERVIDA: CAS CENTRAL, FORNECEDORES E SISTEMA CAS

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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B.2. A VISITA A ASSUNÇÃO E A COLETA DE DADOS

A visita a Assunção foi extremamente intensa e produtiva.

Houve um planejamento hábil por parte da ALTERVIDA, que foi iniciado por uma apresentação do projeto PROCICLA, feita pessoalmente pelo Diretor Jorge Abatte. Ele e sua gerente Cármen Moreira responderam gentilmente às questões e perguntas propostas com educação, rapidez e eficiência. Na tarde do primeiro dia, o questionário já previamente preenchido foi projetado e discutido ponto-a-ponto. Ao final de um dia, já possuíamos os principais dados do CAS, como Central.

Durante a visita ao CAS, a pronta participação de dois

funcionários da ALTERVIDA, Victor e Alberto, tornou possível o entendimento de detalhes de funcionamento do projeto. Ademais, foi permitido o acesso a informações que viabilizaram a estimativa das proporções de materiais recicláveis originados nos três tipos de “fornecedores”: carrinheiros; grandes geradores; e catadores do Vertedero.

Ao final do segundo dia, novamente com a presença do

Diretor Jorge Abatte, duas questões ficaram bastante claras: a) que existem tensões internas legítimas sobre a atual e eventual situação jurídica do CAS; b)que – nas palavras do mesmo Diretor – o CAS “nunca será uma cooperativa”.

Embora dois “grandes geradores” tenham sido visitados,

não foi possível efetuar uma visita ao Vertedero – sob o argumento que a entrada era controlada pela Prefeitura de Assunção.

Após o retorno ao Brasil, Cármen, Victor e Alberto

prontamente responderam a solicitações de dados adicionais e esclarecimentos.

Deve ficar claro que questões relativas à destinação dos

recursos apropriados por doação ou empréstimos à ALTERVIDA em nome do projeto CAS/PROCICLA pelo BID, USAID e Prefeitura – embora mencionados – jamais puderam ser devidamente equacionadas. Não havia mandato para proceder à auditoria da ALTERVIDA – nem isso seria possível. Por ser impossível, esta avaliação financeira deixou de ser parte dos objetivos deste diagnóstico. Em outras palavras: recursos do BID a fundo-

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perdido parecem ser assuntos internos da ALTERVIDA. Por outro lado, recursos tomados simultaneamente por empréstimos ao BID, são atribuídos formalmente ao CAS – que assume internamente o papel de prover os recursos para a amortização da dívida.28

B.3. A ÓTICA DO CAS CENTRAL

B.3.1. PREÇOS DE COMPRAS E PREÇOS DE VENDAS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

Como afirmado anteriormente, esta ótica permite entender

o CAS como uma Central, comprando de catadores e vendendo a indústrias. No processo, é apropriada a valorização referente à diferença de preços entre compra e venda.

No QUADRO B.3.1 são apresentados esses valores. Os níveis

de agregação são os resultantes dos dados apresentados pela ALTERVIDA como resposta ao instrumento de pesquisa direta.

Comparando os valores em Guaranis, observa-se que o lucro

bruto médio ponderado é de 90%, variando de um mínimo de 61% na compra, processamento e comercialização do PET Óleo até 287% na reciclagem de garrafas.

28 “Hay que pagar la deuda!” foi repetido inúmeras vezes como um mantra...

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QUADRO B.3.1: COMPARATIVO DE PREÇOS DE COMPRA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE CATADORES E VENDAS À INDÚSTRIA – Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

A FIGURA B.3.1 expressa esses diferenciais de preços em

um gráfico de percentuais, onde é possível avaliar essas disparidades em base comum:

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FIGURA B.3.1: COMPARATIVO DE PREÇOS DE COMPRA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE CATADORES E VENDAS À INDÚSTRIA – Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Entretanto, os montantes absolutos só podem ser avaliados

quando somos apresentados aos dados constantes DO QUADRO B.3.2, que explicita os valores de custos de materiais recicláveis adquiridos de catadores; as receitas brutas e líquidas do CAS CENTRAL; e as mesmas taxas de lucros brutos obtidas anteriormente. Os dados monetários expressos em Guaranis foram também convertidos para Reais pelo câmbio dos dias da visita: R$1,00 = Gs 2.550,00.

A FIGURA B.3.2 apresenta esses mesmos dados na forma de

gráfico de barras.

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QUADRO B.3.2: MATERIAL ADQUIRIDO PELO CAS CENTRAL E LUCROS NA COMERCIALIZAÇÃO – Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.3.2: MATERIAL ADQUIRIDO PELO CAS CENTRAL E LUCROS NA COMERCIALIZAÇÃO – Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Page 123: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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B.3.2. PROCEDÊNCIA DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS ADQUIRIDOS PELO

CAS CENTRAL

Após haver sido tornado claro que o CAS era antes de tudo uma central de aquisição, processamento e venda de materiais recicláveis, tornou-se indispensável obter informações quanto à procedência desses materiais. Não apenas essas informações não constavam dos questionários (organizados para servirem de instrumentos de pesquisa diretas sobre cooperativas de

catadores que coletam eles mesmos os materiais...) como logo ficou claro que o próprio pessoal técnico do CAS não dispunha de informações que fossem perfeitamente compatíveis com os dados anteriormente fornecidos no questionário.

A alternativa metodológica adotada foi efetuar o

levantamento das procedências de materiais recicláveis nas quatro semanas imediatamente prévias às datas da visita a Assunção (de meados de Julho a meados de Agosto de 2007), utilizando os percentuais relativos como ponderadores para aplicação sobre os dados dos questionários. Dessa forma foram obtidas as estimativas sobre as procedências dos materiais recicláveis do CAS, como central de aquisição.

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QUADRO B.3.3: PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS SEGUNDO ORIGEM – DADOS PARA 4 SEMANAS – JUL/AGO 2007 - KG

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Os QUADROS B.3.3 e B.3.4 reúnem os dados agregados referentes às procedências dos materiais recicláveis nas quatro semanas a que nos referimos, e seus respectivos percentuais.

QUADRO B.3.4: PERCENTUAIS DA PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS SEGUNDO ORIGEM – DADOS PARA 4 SEMANAS – JUL/AGO

2007 - %

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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A partir desses dados foi possível obter as estimativas descritas NO QUADRO B.3.5, com as totalizações originária dos questionários. Notar que – a partir dos dados sobre as procedências dos materiais recicláveis – tornou-se possível passar a tratar de 12 grupos de materiais, ao invés dos 8 grupos anteriormente apresentados.

Adicionalmente, a disparidade encontrada entre os QUADROS

B.3.3 e B.3.5 é de cerca de 4% para menos, plenamente justificada pela comparação de totais de 28 dias com totais de 30 dias. Assim, os percentuais foram considerados robustos o suficiente para gerar estimativas com alto nível de confiabilidade estatística.

O QUADRO B.3.6 sumariza os dados estimados para os 12

grupos de materiais recicláveis, além de seus preços de compra e venda por parte do CAS CENTRAL.

QUADRO B.3.5: ESTIMATIVA DA PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS SEGUNDO ORIGEM – AGO 2007 – KG/Mes

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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QUADRO B.3.6: ESTIMATIVA DOS PREÇOS MÉDIOS E PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS – AGO 2007 – KG/Mês e Gs

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Os QUADROS B.3.7 e B.3.8 apresentam os valores agregados pagos a fornecedores pelo CAS Central, em Guaranis e em Reais:

QUADRO B.3.7: ESTIMATIVA MENSAL DE VALORES PAGOS A

FORNECEDORES Gs – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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QUADRO B.3.8: ESTIMATIVA MENSAL DE VALORES PAGOS A FORNECEDORES R$ - Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Os QUADROS B.3.9 e B.3.10 apresentam as receitas brutas do CAS Central após as vendas dos materiais recicláveis processados, em Guaranis e Reais, respectivamente:

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QUADRO B.3.9: Receita Bruta do CAS Central – Estimativa Mensal Gs – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe – PANGEA - 2007

QUADRO B.3.10: Receita Bruta do CAS Central – Estimativa Mensal R$ – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Page 129: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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São apresentadas as estimativas das receitas líquidas do CAS Central nos QUADROS B.3.11 e B.3.12, em Guaranis e Reais, respectivamente: QUADRO B.3.11: Receita Líquida do CAS Central – Estimativa

Mensal – Gs – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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QUADRO B.3.12: Receita Líquida do CAS Central – Estimativa Mensal – R$- Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Com o objetivo de calcular os rendimentos gerados por

cada grupo de materiais procedentes de cada fornecedor, são apresentados os resultados sumarizados para o CAS Central nos QUADROS B.3.13 e B.3.14, em Guaranis e Reais, respectivamente:

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QUADRO B.3.13: Sumário do CAS Central – Estimativa Mensal – Gs - Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

QUADRO B.3.14: Sumário do CAS Central – Estimativa Mensal –

R$ Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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B.3.3. AS RECEITAS LÍQUIDAS E OS LUCROS BRUTOS DO CAS CENTRAL

A FIGURA B.3.3 permite a expressão visual da valorização de materiais no CAS Central, a partir dos recicláveis provenientes de cada tipo de fornecedor. Observa-se que – longe de ser marginal, o CAS Central age como intermediário entre os catadores e a indústria, concentrando materiais e recursos e apropriando os excedentes de forma privada. Não há efeito redistributivo dos valores assim amealhados.

Nesse sentido, não há diferenças significativas entre as

atividades do CAS Central e os atravessadores tipicamente encontrados nesses mercados – senão pela organização e capacitação de seus gerentes e dirigentes.

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FIGURA B.3.3: COMPARATIVO DE VALORES PAGOS NA COMPRA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE CATADORES E RECEITAS LÍQUIDAS – CAS

CENTRAL – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

As FIGURAS B.3.4 e B.3.5 apresentam os comparativos por gravimetria e das receitas dos catadores que fornecem os materiais recicláveis ao CAS Central, através de suas vendas a preços aviltados. Notar que os catadores ocupados junto aos grandes geradores e os carrinheiros que operam os resultados da coleta seletiva são responsáveis por cerca de 24% do volume gravimétrico e recebem apenas 19% do que é gasto em compra de materiais recicláveis pelo CAS Central.

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FIGURA B.3.4: COMPARATIVO PERCENTUAL DA GRAVIMETRIA DA PRODUÇÃO FÍSICA DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS

RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – KG/MÊS – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007 FIGURA B.3.5: COMPARATIVO PERCENTUAL DAS RECEITAS BRUTAS DOS

CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – KG/MÊS – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

É fácil depreender que o grosso do volume físico (76%) e

do valor pago pelo CAS Central (81%) provém, em sua maioria,

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dos catadores do Vertedero, embora outros catadores eventualmente também ofereçam materiais de forma menos sistemática. Para os efeitos deste diagnóstico chamaremos de “Catadores do Vertedero” ao conjunto de catadores de baixo nível de organização que utilizam o Vertedero do Aterro Sanitário de Assunção como fonte principal da catação de materiais recicláveis. Como observado no Plano de Negócios do CAS, esses catadores “são pessoas de alta necessidade (pobreza) e vendem [os materiais] por qualquer dinheiro”29.

Assim, os altíssimos níveis de lucratividade do CAS –

entendido aqui como uma Central de intermediação e de apropriação privada de excedentes – não devem surpreender. O mesmo Plano de Negócios afirma que “o rendimento [...] do mesmo é muito superior ao de qualquer outra oportunidade de aplicação financeira”30.

O QUADRO B.3.15 apresenta as estimativas de taxas de

lucros

29 Op.Cit. p.7. “Alta necesidad (pobreza) de su gente venden al que le da la plata” – Nossa tradução. 30 Op.Cit. p.3. Nossa tradução.

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QUADRO B.3.15: Lucro Bruto do CAS CENTRAL - % - Estimativa Mensal por Material e Fornecedor – Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

brutos mensais por grupos de materiais recicláveis e por tipo de catadores-fornecedores, além dos lucros brutos médios em cada categoria.

Observa-se que, de longe, os catadores-carrinheiros são

os mais explorados (152% de lucros brutos médios), pois dependem de forma mais intensa de seu único comprador – o CAS – também proprietário dos carrinhos por eles utilizados.

Porém mesmo os demais grupos de catadores geram

excedentes consideráveis: 78% para os catadores que operam junto aos grandes geradores; e cerca de 82% para os catadores do Vertedero. A FIGURA B.3.6 destaca esses valores:

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FIGURA B.3.6: LUCRO BRUTO DO CAS CENTRAL POR PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS(%)- Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Com base nos doze grupos de materiais que estamos

analisando, pode-se agora estimar as médias ponderadas de lucratividades brutas por tipo de materiais recicláveis, do ponto de vista do CAS Central, como comprador e vendedor. O QUADRO B.3.16 resume esses valores, e a FIGURA B.3.7 os representa em suas grandezas percentuais respectivas:

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QUADRO B.3.16: Lucro Bruto do CAS CENTRAL - % - Estimativa Mensal por Tipo de Material Reciclável – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

FIGURA B.3.7: LUCROS BRUTOS DO CAS CENTRAL POR GRUPOS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS(%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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Torna-se, aqui, interessante analisar mais detalhadamente as procedências e a natureza das receitas líquidas do CAS Central, de forma a explicitar suas origens e proporções relativas.

Retornemos, por um instante, à estimativa da procedência

dos materiais recicláveis do CAS Central, mas agora sob o ponto de vista dos percentuais da gravimetria de cada tipo de material e cada tipo de catador-fornecedor. Essas porcentagens estão calculadas NO QUADRO B.3.17.

QUADRO B.3.17: Estimativa da Procedência dos Materiais

Recicláveis do CAS CENTRAL - % da Gravimetria – Ago/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

A FIGURA B.3.8 na página seguinte ilustra os valores

deste QUADRO de difícil visualização:

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FIGURA B.3.8: PROCEDÊNCIA DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS DO CAS CENTRAL - % DA GRAVIMETRIA – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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A partir dos dados do QUADRO B.3.17 torna-se possível analisar as receitas líquidas do CAS Central do ponto de vista da composição dos diversos grupos de materiais e de suas procedências. Esses valores estão expressos NO QUADRO B.3.18:

QUADRO B.3.18: Receita Líquida do CAS CENTRAL - % -

Estimativa Mensal por Tipo de Fornecedor – Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Nas páginas seguintes, as FIGURAS B.3.9, B.3.10, e

B.3.11, exibem os percentuais das receitas líquidas do CAS originadas de cada fração de catadores.

Observa-se que os carrinheiros são os únicos a catar

quantidades significativas de garrafas de vidro e de bolsas de ráfia – através da coleta seletiva. Como seria de se esperar, a contribuição distintiva dos grandes geradores para a receita líquida do CAS é proveniente do papelão e do vidro, embora componham uma parte própria significativa de PET/Plásticos. Este material, entretanto é o carro-chefe dos catadores do Vertedero, e – como veremos a seguir – é o principal elemento componente das receitas líquidas (e do lucro bruto) do CAS Central.

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FIGURA B.3.9: RECEITA LÍQUIDA DO CAS CENTRAL POR PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS - CARRINHEIROS(%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007 FIGURA B.3.10: RECEITA LÍQUIDA DO CAS CENTRAL POR PROCEDÊNCIA

DE MATERIAIS – GRANDES GERADORES(%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.3.11: RECEITA LÍQUIDA DO CAS CENTRAL POR PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS – CATADORES DO VERTEDORO E OUTROS CATADORES(%)

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

As percentagens das médias ponderadas das receitas líquidas provenientes da intermediação executada pelo CAS em cada um dos grupos de materiais recicláveis são apresentadas NO QUADRO B.3.12. Mais de um terço da receita líquida – no conjunto dos catadores-fornecedores – é proveniente da comercialização de PET/Plásticos (35%). Mais de um quarto da receita líquida provém da comercialização de metais (26%). Polietileno e PET Óleo são responsáveis por outros 21% da receita líquida, enquanto papéis e papelão respondem por apenas 5% dessa receita. Garrafas e bolsas -- provenientes principalmente da coleta seletiva – são responsáveis por 12%, em boa parte pelo alto nível de exploração dos diferenciais de preços sobre os carrinheiros.

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FIGURA B.3.12: RECEITA LÍQUIDA DO CAS CENTRAL POR PROCEDÊNCIA DE MATERIAIS – MÉDIA PONDERADA (%)

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Pode-se agora explicitar as origens das receitas líquidas

do CAS Central, por tipo de material reciclável e por catador-fornecedor, de forma que sua totalização resulte em 100% da receita líquida. Esses dados constam DO QUADRO B.3.19, a seguir:

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QUADRO B.3.19: Origens das Receitas Líquidas do CAS CENTRAL - Estimativa por Tipo de Fornecedor e Grupo de Material

Reciclável - % - Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

A FIGURA B.3.13, na página seguinte, mostra a segmentação

das receitas líquidas do CAS Central, por grupos de materiais e por procedência, em termos percentuais aditivos a 100%. É assim possível traçar o significado das parcelas de excedentes extraídas do processo de intermediação e subordinação exercido pelo CAS Central sobre os três segmentos de catadores.

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FIGURA B.3.13: ORIGENS DAS RECEITAS LÍQUIDAS DO CAS CENTRAL(%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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B.3.4. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DO CAS CENTRAL

Em particular, devido à sua posição centralizadora na compra, processamento e revenda de materiais recicláveis – jogando o efetivo papel de atravessador nesse mercado – o CAS Central, à primeira vista, exibe impressionantes níveis de eficiências físicas e econômicas.

Por um lado, a entrada em operação de uma unidade

organizada inserida entre os catadores e a indústria, colabora com a petrificação dos diferenciais de preços entre os materiais recolhidos pelos catadores e vendidos ao CAS, e os materiais processados vendidos pelo CAS à indústria.

Nesse sentido, a existência do CAS expande e perpetua

esses diferenciais, contribuindo ativamente para perpetuar as condições de exclusão social dos efetivos catadores de materiais recicláveis de Assunção. Assim, o CAS Central assume o seu papel de atravessador dos atravessadores, por demonstrar invejável capacidade de atuação na extração de lucros nessa atividade, ao mesmo tempo em que mantém uma retórica de integração social31. Esse discurso esvazia-se na medida em que se constata que no CAS – e ao seu redor – os catadores não são protagonistas em nenhum sentido. São, isto sim, descartáveis, na medida em que deixem de cumprir os seus papéis dentro da lógica de valorização privada de capitais aplicados na reciclagem de materiais.

Por outro lado, o fato do CAS Central não gerar materiais

recicláveis de maneira autônoma, faz com que os custos de aquisição sejam deduzidos de suas receitas brutas32. Os valores das receitas líquidas são aqueles sobre os quais a eficiência econômica deve ser inicialmente avaliada.

31 O mesmo Plano de Negócios do CAS afirma “o alto impacto social em um meio com pouco desenvolvimento real. Assim pode-se concluir que além de rentável, é sustentável, criador de riqueza de sensível impacto na sociedade na qual se desenvolve” – Op.cit. p. 4. Basta lembrar que – ao contrário da maioria das cooperativas de catadores de materiais recicláveis existentes no Brasil, os catadores-vendedores nada recebem além dos preços aviltados pelos materiais comprados pelo CAS. Nem sequer os quarentas catadores do próprio CAS têm direito a refeições diárias gratuitas em seu local de trabalho (!). 32 É curioso que – por seu discreto distanciamento do coletivo dos catadores – o CAS tenha que despender recursos financeiros para remunerar os catadores ligados tanto aos grandes geradores quanto à coleta seletiva executada por carrinheiros, aos quais fornecem os carrinhos, e dos quase são os únicos e cativos compradores. Esse dispêndio acaba por excluir os catadores de quaisquer participações sobre os lucros da atividade, porém exige que esses dispêndios sejam deduzidos da receita bruta.

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O QUADRO B.3.20 exibe as eficiências do CAS – na ótica de central compradora e revendedora de materiais recicláveis – tanto para valores de suas receitas brutas, como para valores de suas receitas líquidas:

QUADRO B.3.20: EFICIÊNCIAS FÍSICA E ECONÔMICA DO CAS CENTRAL – VALORES BRUTOS E LÍQUIDOS DAS RECEITAS - AGOSTO de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Como os catadores ocupados no CAS Central são apenas 40,

tanto a produtividade física como a produtividade econômica são espantosas, por serem resultados per capita! Em valores brutos resultam em eficiências superiores à mais eficiente dentre todas as vinte cooperativas amostradas na Brasil em outro trabalho executado pelo PANGEA33. Mesmo em valores de suas receitas líquidas, suas eficiências são superiores às demais dezenove cooperativas amostradas no mesmo trabalho, sendo ultrapassada apenas pela mais produtiva e eficiente das cooperativas brasileiras de catadores de materiais recicláveis. Mas – como argumentaremos mais tarde – esses valores são ilusórios, e obtidos por prestidigitação e ocultação dos sujeitos ativos no processo de catação, que acabam sendo, um tanto ardilosamente, retirados do denominador dos cálculos de eficiência per capita...

Retornaremos ao assunto quando da apresentação da ótica

do SISTEMA CAS34. Passemos agora à breve discussão da Ótica dos Catadores.

33 Favor consultar Damásio, J. “ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO NA

ECONOMIA URBANA PARA O SEGMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS” – PANGEA 2006 – no prelo. 34 Expressão cunhada para evitar que seja tomada pelo Projeto PROCICLA, objeto interno `a ALTERVIDA.

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B.4. A ÓTICA DOS CATADORES Nessa ótica avaliaremos cada um dos “fornecedores” como

se fossem unidades autônomas de catação. Esta ótica permite avaliar a situação específica de cada tipo de “fornecedor” com instâncias de articulação relativamente autônomas e diferenciadas – embora com o vínculo comum de estarem condicionados aos preços de compra oferecidos pelo CAS. Essa vinculação acaba por submetê-los a uma lógica de subordinação que os mantém presos a um círculo vicioso -- sem perspectivas de vantagens financeiras, ou progressão social.

B.4.1. AS RECEITAS DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

Com essa perspectiva de observação, o que é custo para o

CAS, é entendido como receita pelos catadores de cada uma dessas instâncias.

Os QUADROS B.4.1 e B.4.2 apresentam, respectivamente, os

valores das receitas mensais dos catadores que fornecem materiais recicláveis ao CAS, e as proporções nas quais cada grupo de materiais contribui com suas receitas.

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QUADRO B.4.1: RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – R$ - Agosto/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

QUADRO B.4.2: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL –(%)-

Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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B.4.1.1. CARRINHEIROS

Os aqui chamados de “carrinheiros” compõem um grupo de apenas onze pessoas, literalmente “recrutadas” pelo CAS para operar um sistema de coleta seletiva, ainda pouco eficiente, parcialmente implementado a partir de 13 bairros da cidade de Assunção. Nesta primeira etapa, em etapa piloto, o CAS trabalha em seis bairros, que são: Recoleta; Mcal. Estigarribia; Tembetary; Villa Morra; Los Laureles e San

Cristóbal35. Embora dependam crucialmente do CAS, pelo fornecimento dos carrinhos e, por isso mesmo, pela compra dos materiais coletados, esses carrinheiros não são considerados funcionários do CAS, e não têm qualquer vantagem adicional.

As FIGURAS B.4.1 e B.4.2 apresentam, respectivamente, as

estimativas percentuais das composições físicas e das receitas mensais dos catadores carrinheiros que fornecem materiais recicláveis para o CAS:

FIGURA B.4.1: ESTIMATIVA PERCENTUAL DA COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA

O CAS CENTRAL – CARRINHEIROS (%)- Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

35 Op.cit. p.3

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FIGURA B.4.2: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL –

CARRINHEIROS (%)- Agosto de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

B.4.1.2. OS CATADORES NOS GRANDES GERADORES

Apesar da gerência do CAS haver declarado que recebem materiais recicláveis de onze “grandes geradores”, apenas sete deles constam das relações de materiais efetivamente processados pela unidade: o Shopping; a Unilever; a Polpar; a Mimbi; a Abasto; a Coyote; e a Comico. Oito catadores estão ligados permanentemente às atividades de catação dos materiais desses grandes geradores e são remunerados de acordo com o volume de material recolhido.

Pela própria natureza de sua operação, são de fato

funcionalmente atrelados à existência do CAS. Porém, não mantém com o CAS qualquer vínculo de natureza empregatícia, nem auferem quaisquer outras vantagens adicionais. Por essa especificidade, dependem da natureza e dos volumes dos materiais recicláveis recolhidos a partir dos grandes geradores. Por esse fato, podem ser, com essas especificidades, diferenciados como grupo de catadores com funções peculiares.

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As FIGURAS B.4.3 e B.4.4 apresentam, respectivamente, as estimativas percentuais das composições físicas e das receitas mensais dos catadores ligados ao recolhimento nos grandes geradores que fornecem materiais recicláveis para o CAS:

FIGURA B.4.3: ESTIMATIVA PERCENTUAL DA COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA

O CAS CENTRAL – GRANDES GERADORES (%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.4.4: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – CATADORES NOS GRANDES GERADORES (%)- AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

B.4.1.3. CATADORES DO VERTEDERO E OUTROS CATADORES

Nesta denominação encontram-se 95 catadores de materiais recicláveis que recolhem os seus materiais principalmente no Vertedero da Cateúra. Esses catadores foram selecionados dentre um universo que é situado entre 500 e 600 pessoas que atuam no Vertedero e seus arredores. É relatado que na época da inauguração do CAS, até 400 catadores buscaram cadastramento para vender materiais. Diante de uma forte oferta – muito superior à capacidade de processamento hoje instalada no CAS – foram selecionados os atuais 95 catadores.

Não existe qualquer tipo de estabilidade ou de

compromisso entre o CAS e os catadores, que são tratados individualmente, independentemente do fato de serem ligados ou filiados a alguma associação ou cooperativa de catadores. Assim, o fato de reputadamente existirem cinco associações /

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cooperativas de catadores, as relações se dão ao nível pessoal, e jamais ao nível institucional36.

Como nenhuma das associações / cooperativas ligadas à

coleta no vertedouro ou imediações possui qualquer espaço físico próprio ou equipamento, a venda direta à indústria é difícil, senão impossível. Os catadores que atuam nessas condições não são obrigatoriamente atrelados ao CAS, já que – pelo menos em tese – podem optar por vender os seus materiais recicláveis a outros atravessadores. Porém, o CAS utiliza a sua proximidade física ao Vertedero da Cateúra como diferencial locacional, oferecendo vantagens de acesso e beneficiando-se de vantagens preferenciais: os catadores que têm os seus produtos comprados pelo CAS julgam-se favorecidos e recompensados...

Assim, esses 95 catadores acabam por permanecer

relativamente incorporados à lógica de funcionamento do CAS, que, entretanto, não guarda com eles qualquer compromisso formal de compra em volumes ou prazos determinados.

As FIGURAS B.4.5 e B.4.6 apresentam, respectivamente, as

estimativas percentuais das composições físicas e das receitas mensais dos catadores ligados ao recolhimento de materiais recicláveis no Vertedero da Cateúra – ou seus arredores – e que são fornecedores do CAS:

36 Entre as associações identificadas, encontram-se a COSIGAPAR (Comité sindical de ganchero particular); a ASOTRAVERMU (Asociación de Trabajadores de Vertedero Municipal) e a ASOGAPAR (Asociación de Ganchero Particular). É alegado que, embora trabalhem todas em mesmos lugares, com horários semelhantes, o que as distingue seria o acesso a determinados caminhões de coleta de lixo urbano e/ou suburbano.

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FIGURA B.4.5: ESTIMATIVA PERCENTUAL DA COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – CATADORES DO VERTEDERO E OUTROS CATADORES (%)

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.4.6: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL –

CATADORES DO VERTEDERO E OUTROS CATADORES (%)

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

B.4.1.4. CARRINHEIROS, GRANDES GERADORES E CATADORES DO VERTEDERO:

MÉDIAS PONDERADAS Agora é possível – na ótica dos catadores de materiais

recicláveis – calcular as médias ponderadas para a composição das receitas mensais dos catadores que vendem para o CAS. A FIGURA B.4.7 descreve essa composição:

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FIGURA B.4.7: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS MENSAIS DOS CATADORES QUE FORNECEM MATERIAIS RECICLÁVEIS PARA O CAS CENTRAL – MÉDIA

PONDERADA DOS TRÊS GRUPOS DE CATADORES (%)

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

B.4.2. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DOS TRÊS GRUPOS DE CATADORES A partir dos dados de produção física e de receitas

auferidas calculados e apresentados nas seções anteriores, torna-se possível estimar as eficiências físicas e econômicas de cada um dos três grupos de catadores-fornecedores do CAS.

O QUADRO B.4.3 apresenta esses resultados:

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QUADRO B.4.3: EFICIÊNCIAS FÍSICA E ECONÔMICA DOS TRÊS GRUPOS DE CATADORES – CARRINHEIROS, GRANDES GERADORES E VERTEDERO -

AGOSTO de 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

Deste QUADRO, pode-se concluir, sem surpresa, que todos

os três grupos de catadores apresentam baixíssimas eficiências econômicas – embora tenham médias eficiências físicas. Salta aos olhos o fato que poderiam apresentar melhores eficiências econômicas caso apresentassem melhores eficiências de mercado.37

Porém, suas eficiências econômicas são baixíssimas pelas

mesmas razões que as eficiências econômicas do CAS Central (apresentadas na seção anterior) são altíssimas! Uma conclusão NÃO É independente da outra, uma vez que uma causa a outra, ao mesmo tempo em que é conseqüência da outra.

Em outras palavras: as eficiências econômicas dos três

grupos de catadores são baixas para permitir que a eficiência econômica do CAS seja alta: um aumento na eficiência econômica de qualquer desses três grupos, inevitavelmente implicaria em uma redução da eficiência econômica do CAS!

Esta constatação apenas ressalta o artificialismo

utilizado nas duas óticas anteriormente apresentadas: nem o CAS CENTRAL é independente dos grupos de catadores; nem esses catadores podem ser vistos como independentes do CAS CENTRAL. Suas eficiências físicas e econômicas são atreladas de forma inextrincável, e a oposição de seus comportamentos apenas evidencia a natureza exploratória da atividade do CAS. Ao privatizar os benefícios do processamento e venda dos

37 Observe-se que os cálculos das respectivas eficiências de mercado – nesse caso – resultariam em tautológico raciocínio circular, uma vez que a estrutura do CAS mantém esses três grupos de catadores atrelados a preços vis para a compra de seus materiais recicláveis.

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materiais recicláveis, e ao contribuir para ossificar a distribuição muito desigual dos rendimentos dessa atividade, o CAS só poderá ser inteiramente apreciado se tomarmos o conjunto das atividades de catadores-fornecedores-processamento-venda à indústria como um todo consistente. Isto significa a conceituação do SISTEMA CAS, que passamos a discutir brevemente na seção seguinte.

B.5. A ÓTICA DO SISTEMA CAS. Nessa ótica todo o processo de catação ligado direta ou

indiretamente ao CAS será analisado em conjunto, como um sistema interligado, o “SISTEMA CAS”. Assim, as eficiências físicas e econômicas serão calculadas de forma conjunta – aliás, como ocorreria se a opção institucional de organização jurídica fosse a cooperada.

Esta também é a ótica que permitirá visualizar a

canalização dos recursos financeiros obtidos a partir da catação de materiais recicláveis e sua destinação à ALTERVIDA sob título de “amortização da dívida”. Aqui, novamente será necessário retornar à realidade, na qual o CAS sequer é pessoa jurídica independente da ALTERVIDA, havendo sobreposição de contabilidade.

B.5.1. A NATUREZA DO “SISTEMA CAS” O SISTEMA CAS é composto por um total de 154 catadores –

segregados em quatro grupos diferentes:

• 40 catadores ocupados no CAS CENTRAL; • 11 catadores-carrinheiros atrelados à coleta seletiva; • 08 catadores atrelados aos grandes geradores; e • 95 catadores selecionados no Vertedero e arredores. Qualquer análise que deixe de considerar esse complexo de

instâncias articuladas, será incapaz de capturar o conjunto do processo de trabalho humano que é capaz de recolher, processar e comercializar 127.135 Kg de materiais recicláveis mensalmente, ao valor agregado de R$ 53.359,22.

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Fracionar a análise, sem dúvida esclarece as partes e componentes, mas deixar de compreender a sua totalidade, além de contribuir para fraudar e obscurecer a natureza do processo em sua dinâmica, e em suas partes constitutivas.

Assim procedendo, os custos de aquisições de materiais

embutem-se – pela consideração das produtividades físicas e econômicas do conjunto dos trabalhadores envolvidos direta e indiretamente nas atividades do CAS. Como conseqüência, a receita líquida do CAS – tão importante para o cálculo da rentabilidade e dos lucros brutos do empreendimento – precisa ser substituída pela receita bruta, nos cálculos das eficiências econômicas do SISTEMA CAS.

B.5.2. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA DO SISTEMA CAS

Antes que possamos apresentar os resultados dos cálculos

das eficiências física e econômica do SISTEMA CAS, é necessário fazer uma observação:

Com respeito à eficiência econômica: uma coisa é calculá-

la considerando a valoração per capita bruta, sem penalizá-la com encargos e amortizações. Outra coisa é introduzir uma dedução compulsória sobre todo o valor da produção bruta, a título de amortização da dívida contraída com o BID.

Somos informados que no momento um montante equivalente a

US$ 800 semanais38 são transferidos à ALTERVIDA a título de amortização dessa dívida. Na prática – diante da inexistência de figura jurídica de um CAS independente da ALTERVIDA – isto significa apenas transferência interna de caixa dentro da própria empresa. Mas este fato, obviamente, influencia nos valores economicamente disponíveis para os cálculos da eficiência econômica.

Para evitar dúvidas e ambigüidades, optou-se por

apresentar ambos os cálculos: a) no primeiro caso, a eficiência econômica foi calculada a partir do SISTEMA CAS conjunto, a partir dos valores brutos da produção, sem qualquer dedução39; b) no segundo caso, a eficiência econômica

38 Algo como US$ 3.200 mensais, ou, ao câmbio da época, uns R$ 6.400,00 por mês. 39 Aliás, como é tradicionalmente feito nos cálculos de eficiências econômicas apresentadas em outros trabalhos das equipes do GERI/UFBA e do PANGEA

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foi calculada a partir dos valores brutos da produção, deduzidos dos R$ 6.400,00 mensais, retirados a título de amortização da dívida contraída com o BID.40 As eficiências físicas são idênticas em ambos os casos.

Deve-se repetir que nenhuma consideração pode ser feita a

respeito dos recursos transferidos a fundo-perdido pelo mesmo BID à ALTERVIDA por conta do Projeto PROCICLA41; dos recursos alocados pela USAID42; ou dos montantes transferidos pela Prefeitura de Assunção43. Nenhuma destinação dessas alocações é conhecida nem suas formas de aplicações, financeiras ou não. Assim, tampouco qualquer benefício é adicionado ao cálculo da eficiência econômica do SISTEMA CAS. Se benefícios existem, eles devem estar incorporados ao patrimônio da ALTERVIDA que – embora juridicamente ligada ao CAS, e dele indistinguível – é considerada como externa ao SISTEMA CAS, para efeito desses cálculos.

Não é necessário voltar a declarar que esclarecimentos

adicionais a este respeito exigiriam uma auditoria das contas do Projeto PROCICLA no âmbito da ALTERVIDA – tarefa que extrapola os limitados objetivos deste diagnóstico e de muito excede as competências da equipe executora.

O QUADRO B.5.1 apresenta os resultados dos cálculos

efetuados para as eficiências físicas e econômicas do SISTEMA CAS, respectivamente SEM, e COM a dedução da parcela de “amortização da dívida” com o BID.

QUADRO B.5.1: EFICIÊNCIAS FÍSICAS E EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DO

SISTEMA CAS – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

40 Declarada como sendo US$ 238.000,00. 41 Esta parcela não-reembolsável é declarada como equivalente a US$ 300.000,00. 42 Não foi possível obter os valores não-reembolsáveis transferidos pela USAID à ALTERVIDA. 43 Tampouco foi possível obter dados definitivos sobre os montantes desta contribuição, assim como de outros possíveis financiadores cujas logomarcas aparecem nos folders do Projeto PROCICLA.

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Esses valores para as eficiências físicas e econômicas

colocam ambas as situações em enquadramento de atividades de baixas eficiências, muito ao contrário do que foram os resultados obtidos na análise do CAS CENTRAL. E este é efetivamente o caso do conjunto das atividades de catação, processamento e venda de materiais recicláveis para a indústria, no bojo do Projeto PROCICLA, de responsabilidade da ALTERVIDA. O projeto, entretanto, é extremamente rentável – do ponto de vista da lucratividade privada – como já foi demonstrado anteriormente.

O QUADRO B.5.2 coteja as diferentes eficiências físicas e

econômicas dos diversos segmentos nos quais se pode seccionar o conjunto das atividades do SISTEMA CAS:

*01 - CAS CENTRAL - Valores Brutos *02 - CAS CENTRAL - Valores Líquidos *03 - Carrinheiros *04 - Grandes Geradores *05 - Catadores do Vertedero *06 - TOTAL FORNECEDORES *07 - SISTEMA CAS CONJUNTO - V. Brutos *08 - SISTEMA CAS CONJUNTO – V. Brutos Após Amortização da Dívida

As FIGURAS B.5.1 e B.5.2, respectivamente, justapõem as

eficiências físicas e as eficiências econômicas desses oito segmentos, diferencialmente conceituados.

Page 164: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

164

QUADRO B.5.2: EFICIÊNCIAS FÍSICAS E EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS DIVERSOS SEGMENTOS DO SISTEMA CAS – AGOSTO DE 2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.5.1: EFICIÊNCIAS FÍSICAS DAS SECÇÕES DO SISTEMA CAS(KG/CATADOR)-AGOSTO/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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FIGURA B.5.2: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DAS SECÇÕES DO SISTEMA CAS(R$/CATADOR)-AGOSTO/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe - PANGEA - 2007

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B.5.3. ANÁLISE COMPARATIVA DAS EFICIÊNCIAS DOS SEGMENTOS DO SISTEMA CAS

Com o que foi exposto nas seções anteriores, pode-se

entender – fazendo agora o raciocínio inverso -- como é possível partir de um sistema de baixas produtividades física e econômica (itens *07 e *08 DO QUADRO B.5.2); segmentar o conjunto dos catadores envolvidos em três grupos, excluídos dos cálculos pela compra de seus materiais a preços vis (itens *03, *04, *05 e a sua totalização no item *06); e finalmente exibir níveis altíssimos de produtividades física e econômica, ao considerar como base apenas os 40 catadores remunerados de forma proto-assalariada na central do CAS (itens *01 e *02 da mesmo QUADRO).

É evidente que a razão subjacente para que esses fatos

possam ter lugar – à parte certo grau de prestidigitação contábil – reside no isolamento dos benefícios gerados no processo, mais coerente com uma lógica de apropriação privada do que com a repartição solidária dos resultados.

Resta, entretanto, estabelecer uma relação comparativa

com outras unidades de catadores de materiais recicláveis existentes, e já estudadas – e que fossem capazes de prover um pano-de-fundo para que o que se passa no SISTEMA CAS possa ser mais bem evidenciado.

No âmbito do Centro de Referência do Catador de Material

Reciclável do PANGEA, existem dois estudos prévios que podem servir a esta função: a) O estudo amostral executado em 2006 para o conjunto das cooperativas / associações de catadores brasileiras ligadas ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis44, e; b) O recém concluído estudo sobre as cooperativas paulistas ligadas à REDE CATA SAMPA45.

Com base nesses dois estudos, torna-se possível aquilatar

as eficiências globais comparadas das diversas segmentações do SISTEMA CAS, e que podem ser mais bem apreciadas.

44 Damásio, J. “ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO NA ECONOMIA URBANA

PARA O SEGMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS” – PANGEA 2006 – no prelo. 45 “RELATÓRIO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DO PROJETO REDE CATA SAMPA, SÃO PAULO, BRASIL” – Salvador – Novembro de 2007.

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O QUADRO B.5.3 apresenta as eficiências globais, de forma comparativa, das diversas secções do SISTEMA CAS, cotejando-as com aquelas das 20 cooperativas da amostra representativa do Brasil.

QUADRO B.5.3: EFICIÊNCIA COMPARATIVA DAS SECÇÕES DO SISTEMA CAS EM RELAÇÃO À AMOSTRA BRASIL(*) – ORDENAÇÃO – AGO/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe – PANGEA *Consultar Damásio(2006)

Observa-se que – ao apresentar-se como unidade isolada, o CAS CENTRAL – tanto em sua versão com valores das receitas

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brutas, quanto em sua versão com valores das receitas líquidas – exibe uma altíssima eficiência global (itens *01 e *02).

Os segmentos dos catadores-fornecedores situam-se na zona

de baixa eficiência – particularmente pela baixíssima eficiência de mercado que lhes é imposta pelo CAS CENTRAL (itens *03, *04, *05, e sua totalização *06).

Ao ser integrado aos seus catadores-fornecedores, o CAS

CENTRAL passa a demonstrar a verdadeira eficiência global do sistema: cai da faixa de alta e altíssimas eficiências, ultrapassa toda a faixa de média eficiência, e vem alocar-se em plena faixa de baixa eficiência (itens *07 e *08). Em particular, os valores obtidos para o SISTEMA CAS conjunto -- analisado após a retirada dos valores para a amortização da dívida com o BID, item *08 – coloca-se acima apenas da eficiência dos catadores do Vertedero, item *05 ( e de sete das vinte cooperativas da amostra-Brasil) e abaixo até mesmo da produtividade do conjunto dos segmentos catadores-fornecedores, item *06.

Efetuando-se a comparação com outra base de dados – a das

cooperativas paulistas associadas à REDE CATA SAMPA – são obtidos os dados constantes DO QUADRO B.5.4.

De forma semelhante ao anteriormente descrito, o CAS

CENTRAL em sua contabilidade de receitas brutas (item *01) demonstra uma eficiência global superior mesmo à da Central da REDE CATA SAMPA. Mesmo ao serem consideradas apenas as suas receitas líquidas (item *02)– descontando os pagamentos efetuados aos catadores-fornecedores – a sua eficiência global permanece na faixa de alta eficiência, abaixo apenas da Central da REDE CATA SAMPA e da Coopamare.

Porém, como já sabemos, essas são avaliações ilusórias da

eficiência global do CAS, adequadas apenas para ilustrar a capacidade de extrair excedentes privatizáveis da atividade de catação de materiais recicláveis. Nessas mensurações são eliminadas quaisquer possibilidades de capilaridade dos rendimentos, na forma que a REDE CATA SAMPA procurou instituir -- seja via dos mecanismos da comercialização conjunta, seja via das participações nas retiradas de resultados obtidos a partir dos grandes geradores, feiras e eventos.

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Pelo lado dos catadores-fornecedores, observa-se que os segmentos dos catadores alocados aos grandes geradores (item *04) e os carrinheiros (item *03) inserem-se na faixa de baixa produtividade global, abaixo da CooperGlicério e da Cruffi e imediatamente acima da CORA.

QUADRO B.5.4: EFICIÊNCIA COMPARATIVA DAS SECÇÕES DO SISTEMA CAS EM RELAÇÃO À REDE CATA SAMPA(*) – ORDENAÇÃO – AGO/2007

FONTE: ALTERVIDA – Pesquisa Direta – Cálculos da Equipe – PANGEA *Consultar PANGEA(2007)

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Os catadores do Vertedero (item *05) aproximam-se perigosamente da faixa de baixíssima produtividade -- acima apenas da AME, ainda na faixa de baixa produtividade, mas abaixo de todas as demais.

O SISTEMA CAS em seu conjunto, após a dedução das

amortizações da dívida com o BID (item *08) insere-se em faixa de produtividade global baixa, abaixo da CORA, e acima da CooperSantos.

Acreditamos que as comparações de eficiências globais

relativas, que foram acima apresentadas, resumem o verdadeiro estatuto da CAS – unidade central do Projeto PROCICLA – em suas articulações sistêmicas com as atividades de catação, processamento e comercialização de materiais recicláveis em Assunção.

B.6. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

� As baixas eficiências do SISTEMA CAS são – antes de tudo – atribuíveis aos seus baixos níveis de investimento em produtividade operacional. Isto é evidenciado pela pequena disponibilidade de equipamentos – até mesmo na planta da unidade central do CAS. Isto parece injustificável, diante dos montantes que são citados como tendo sidos investidos no processo. No CAS existe apenas uma prensa46, assim mesmo declaradamente tomada por “emprestada” e não-legalmente de propriedade do CAS / ALTERVIDA. O responsável pela contabilidade paralela do CAS declara explicitamente que uma prensa adicional reduziria em muito os custos operacionais, uma vez que “as luzes não precisariam ficar acesas a noite inteira para permitir a prensagem do material a tempo: os custos

com o consumo de energia elétrica diminuiriam muito” (!!). Imaginar que uma unidade de catação que gera um excedente mensal de US$ 3.400 – apenas a parcela da amortização, desconsiderados outros excedentes -- não disponha de recursos para a aquisição de uma prensa adicional a sete ou oito mil dólares – e que aumentaria a sua eficiência financeira – beira as raias do ridículo e do surreal.

� Não existem argumentos razoáveis para explicar o porquê da não existência de uma cozinha comunitária no CAS, que

46 Uma prensa nova pode ser adquirida por valores entre US$ 7.000,00 e US$ 8.000,00.

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172

permitisse aos catadores efetuar as suas refeições no local do trabalho, reduzindo os seus custos pessoais. Apenas a mais tacanha mentalidade de “privatização das vantagens” e “distribuição das desvantagens” pode explicar este fato. É urgente a criação e instalação de cozinha-comunitária no CAS, extensiva aos catadores efetivamente ligados à atividade.

� Apenas dois dos quatros barracões previstos no projeto foram construídos. Mesmo assim, um deles está ocupado com uma estrutura de salas para o pessoal administrativo, deixando pouca área útil para o processamento de materiais. Um terceiro barracão existe apenas em forma estrutural -- coberto de forma precária -- utilizado como espaço emergencial. Pergunta-se: por que os investimentos necessários para a construção de espaços adequados não foram efetuados a partir dos recursos obtidos pelo Projeto PROCICLA juntos às entidades que o apoiaram financeiramente? Não sabemos, e é claro que apenas uma auditoria das contas da ALTERVIDA responderia a essa questão. Novamente lembrar – e pedimos desculpas pela repetição – que o CAS não tem personalidade jurídica própria.

� Mesmo admitindo-se que seja correto retirar mensalmente dos valores líquidos gerados pelo CAS uma parcela referente à amortização da dívida com o BID; e mesmo admitindo que essas parcelas de fato remunerem o BID e amortizem a citada dívida. Resta, entretanto uma pergunta: como obviamente essa amortização está sendo efetuada a partir do trabalho coletivo dos catadores do SISTEMA CAS – ou pelo menos a partir do trabalho dos 40 catadores diretamente ocupados no CAS CENTRAL – ao final dessa amortização quem serão os proprietários efetivos da unidade de processamento, enfim, do CAS? Parece-nos que a resposta é óbvia: não serão os catadores. Nem os quarenta trabalhadores que hoje atuam na central (e que, afinal, nem têm estabilidade), nem muito menos os 114 catadores-fornecedores. A unidade certamente permanecerá na propriedade jurídica da ALTERVIDA, privada, a não ser que imediatamente sejam apresentadas propostas que demonstrem as formas de transferência dessa propriedade aos catadores. Ou – o que nos parece mais de acordo com o espírito que hoje norteia a implementação do Projeto PROCICLA – que sejam explicitamente abandonados a “retórica social” e o “discurso de integração com os catadores” e seja declarada a natureza de “empreendimento privado” desse projeto. Assim, o verdadeiro papel de “atravessador eficiente” que a

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implantação da unidade do CAS vem implementando tornar-se-ia explícita, e poderia ser mais bem avaliada pelas entidades de financiamento.

� Na unidade do CAS existem funcionários administrativos formalmente contratados que legitimamente esperam estar contribuindo para a construção de uma atividade de fato

cooperada. Isto ficou bastante claro e patente durante as conversas mantidas no período de nossa visita. Como a direção da ALTERVIDA lhes parece distante e inatingível, mantêm a “esperança” de que um dia o CAS vire uma cooperativa. Não estão a par, no entanto, de qualquer iniciativa ou proposta que lhes indique essa direção. Declaram que se soubessem que isso jamais acontecerá, deixariam a unidade. E a equipe que efetuou o trabalho direto foi testemunha – ao lado do Dr. Eduardo Rotella – de trocas conflituosas de opiniões a respeito, entre a direção da ALTERVIDA e esses funcionários. A tensão interna entre esses “esperançosos sinceros” e a pragmática direção centralizadora da ALTERVIDA aparentemente continuará presente por algum tempo.

� A unidade central do CAS está localizada em um terreno de 1.500 m2, cedido pela prefeitura de Assunção, situado SOBRE o aterro sanitário da Cateúra. Isto significa que não há como obter água pura a partir de poços artesianos, uma vez que os lençóis freáticos da região estão profundamente contaminados pelo “chorume” do lixo ali depositado – e mais recentemente enterrado – por décadas de utilização. A necessidade de adquirir água a partir da rede pública de Assunção aumenta os custos e limita a expansão de atividades água-intensiva no processamento de alguns materiais recicláveis. Ademais, existe a preocupação local – fundada ou não – que os barracões possam eventualmente sofrer abalos em suas fundações, pelas especiais características do terreno sobre as quais foram os mesmos erigidos. A própria existência de “fossas sépticas” fica comprometida.

� A única unidade de transporte de materiais recicláveis reputadamente adquirida como parte do investimento em equipamentos para o CAS é uma camioneta de cabine dupla – declarada como comprada de “segunda-mão” - mais adequada para passeios em fins-de-semana do que para o eficiente transporte de materiais. Como a propriedade do veículo está registrada na ALTERVIDA, a equipe tampouco se sentiu habilitada para tecer comentários adicionais a respeito...

� Os quarenta catadores ocupados na unidade central do CAS não falam. As seguidas tentativas, da equipe que esteve

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em Assunção, de estabelecer um diálogo com eles foram frustradas. Olhares fugidios, respostas monossilábicas e disposição em encerrar logo a conversa. Talvez seja timidez. Talvez seja o contato com o “estrangeiro”. Talvez a convicção de não serem protagonistas. Talvez a sensação de não serem interlocutores legítimos. Talvez seja outra coisa qualquer...

� A presença da unidade do CAS -- com sua situação privilegiada junto ao VERTEDERO da Cateúra -- em nada contribui para minorar a exclusão social dos catadores, ou para eliminar ou atenuar a exploração que os intermediários e atravessadores do mercado de materiais recicláveis de Assunção exercem sobre os catadores. Pelo contrário: a presença do CAS – e a sua eventual ampliação e estabilização nos moldes jurídicos e operacionais no qual hoje se encontra – significa a formalização de uma eficiente atividade de exploração e marginalização dos catadores de materiais recicláveis de Assunção. Na verdade, parece ser provável que os únicos agentes que de fato sintam quaisquer impactos pela presença do CAS sejam as indústrias (efeitos positivos, pela melhor qualidade do material recebido, e pela regularidade das entregas); e os demais atravessadores de Assunção (efeitos negativos) pela presença de um novo concorrente mais eficiente, o CAS. Do ponto de vista dos catadores de Assunção, o efeito de curto prazo é majoritariamente neutro: não melhora nem piora a sua situação atual. Porém, do ponto de vista prospectivo, o efeito é amplamente negativo, pois significará a eliminação da possibilidade de mobilidade social e do escape ao círculo vicioso da pobreza e exclusão.

� Recomenda-se que futuros aportes financeiros destinados ao Projeto PROCICLA sejam devidamente analisados quanto à sua efetiva destinação. A perdurar a identidade jurídica entre o CAS e a ALTERVIDA – e a curiosa mescla/separação de valores não-retornáveis e amortizações de dívidas assumidas – parece uma fonte de risco destinar novos aportes47. É óbvio que a unidade operacional do CAS necessita maior volume de investimentos em equipamentos, e que pelo menos uma prensa adicional é imediatamente vital. Porém, antes de efetuar aporte adicional, cabe indagar sobre as destinações efetivas de aportes anteriores, que definitivamente não são fisicamente evidenciados na

47 Há que distinguir entre aportes earmarked e aqueles de destinação geral.

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estrutura física operativa do CAS, na forma em que ele hoje existe.

� Para os efeitos do presente trabalho, esta análise apresentada na PARTE B explicita que a alternativa do estabelecimento de empresas privadas como vetores de reciclagem de materiais pode ser, sim, muito lucrativo. Mas NÃO É – em qualquer ótica que se procure apreciar – um instrumento de integração, de inclusão social e muito menos de combate à pobreza! Não se trata aqui de questão ideológica, tampouco. Os dados numéricos obtidos na PARTE A deste trabalho – resultantes de análise de uma Rede de Comercialização Conjunta legitimamente composta por cooperativas – quando cotejados com os resultados desta PARTE B – a experiência empresarial do SISTEMA CAS da ALTERVIDA – remetem a uma única conclusão: para a obtenção de efeitos duradouros de integração e inclusão social a privatização dos excedentes da reciclagem de materiais tem efeitos deletérios. Isto será levado em conta na discussão da REDE CATABAHIA a ser apresentada na PARTE D abaixo.

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PARTE C: A REDE CATA RIO

C.1. INTRODUÇÃO À PARTE C

A gestação do presente trabalho foi suficientemente longa

para que pudessem ser observadas diversas mudanças no comportamento operacional de conjuntos de cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Brasil.

A PARTE A deste trabalho deteve-se sobre a experiência

paulistana, na construção de uma Rede de Comercialização Conjunta – composta por dezenove cooperativas – na região metropolitana de São Paulo, a REDE CATA SAMPA. Na análise da dinâmica dessa rede, foram apreendidas algumas importantes lições – já amplamente discutidas então.

No segundo semestre de 2007 – quando estava próxima a

data de conclusão do presente trabalho – um novo desafio tornou-se patente: como diagnosticar e propor uma complexa logística regional para a Comercialização Conjunta de materiais recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro?

Como fazê-lo de forma a que esta rede fosse ampliável

regionalmente de maneira a comportar a futura dinâmica induzida pela iminente implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí? Como compor um conjunto de unidades de catadores de materiais recicláveis – com organizações jurídicas muito diversas – em uma rede coerente e logisticamente eficiente?

Como preservar o processo decisório representativo de até

setenta e sete cooperativas, associações, ONGs, unidades assistencialistas, grupos de bairros e donas-de-casa, lado-a-lado com alguns pequenos grupos privados empresariais?

Diante do desafio, tornou-se logo patente que o presente

trabalho apenas teria a ganhar em qualidade ao incluir as propostas que agora constituem a PARTE C.

Tornou-se inevitável solicitar à FAPESB um aditivo para

extensão em um ano do prazo de conclusão – sem quaisquer ônus financeiros adicionais – para que houvesse tempo físico que

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177

permitisse a gestação dessas propostas. Hoje fica claro que esta foi a opção correta!

No que se segue são apresentadas propostas para a

constituição de uma ampla Rede de Comercialização Conjunta de materiais recicláveis centrada no Estado do Rio de Janeiro, a partir da região metropolitana de sua capital.

A fim de permitir vantagens logísticas e operacionais,

que compusesse racionalmente os interesses de setenta e sete unidades de catadores de materiais recicláveis, optou-se por sugerir a implementação de quatro Entrepostos regionais, coordenados por uma Central administrativa – constituindo a REDE CATA RIO. O projeto de implantação dessa rede conta com o decisivo apoio financeiro de instituições que, no momento, solicitam discrição.

Foram estudadas e explicitadas as vantagens relativas de

cada uma das unidades de catadores amostradas e demonstradas as viabilidades econômicas da Comercialização Conjunta de materiais recicláveis.

Espera-se que as lições apreendidas nesta PARTE C possam

ser instrumentais para a futura ampliação da REDE CATABAHIA, através da constituição de Entrepostos regionais e estabelecimento de uma Central comum no estado da Bahia – a exemplo da iniciativa fluminense, aqui descrita.

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C.2. A AMOSTRA DAS UNIDADES DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

C.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DAS UNIDADES DE CATADORES

Para construir uma amostra das unidades de

catadores/associações – e outras formas de organização -- de catadores de materiais recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram adotados alguns critérios48:

a) Quanto à forma das suas caracterizações jurídicas

– foi adotado o termo comum “UNIDADE” como forma geral de referência para todos os casos. Trata-se apenas de simplificação terminológica, não indicando uma opção preferencial por uma ou outra forma de organização;

b) Existem organizações de catadores que possuem várias unidades operacionais -- de forma geograficamente dispersas -- funcionando com variáveis graus de autonomia, muitas vezes elevado. Para os efeitos deste trabalho, cada unidade foi singularizada, de maneira a ser ela própria caracterizada individualmente. Isto visou captar o grau de heterogeneidade existente entre “matriz” e unidades “periféricas”, que, de resto, é aparente em um grande número de casos. Deve, entretanto ficar claro desde logo, que alguma externalidade positiva dessa relação passa a não ser captada – entretanto sem prejuízo para os objetivos deste trabalho;

c) Dados os limitados recursos para proceder a um extenso levantamento de dados primários – e dada a exigüidade do tempo no qual foi executado este trabalho (seis meses), optou-se por efetuar uma amostragem intencional estratificada não-

48 Os critérios aqui adotados são espelhados naqueles utilizados na elaboração do trabalho “Análise do Custo de Geração de Postos de Trabalho na Economia Urbana para o Segmento dos Catadores de Materiais Recicláveis” elaborado pelo Prof. Dr. João Damásio para o PANGEA/ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2006. O referido estudo encontra-se no prelo, para publicação, com prefácio do Ministro Patrus Ananias, do MDS.

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aleatória, procurando obter uma distribuição territorial e dimensional – quanto ao tamanho das unidades pesquisadas – razoavelmente proporcional em relação ao Universo presumido de setenta e sete49 unidades de catadores de materiais recicláveis.

d) Essa estratificação levou em consideração � os portes relativos das unidades; � as eficiências diferenciais das unidades,

evidenciadas pelos seus estágios de organização; � os volumes físicos de equipamentos das unidades,

de forma a preservar a diversidade na amostra; � a sua localização espacial dentro da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro; � a presença ou não de entidades mantenedoras,

incubadoras ou financiadoras, de forma a obter a necessária heterogeneidade.

� Outros fatores presentes incluem a impossibilidade de acesso a unidades, devido a restrições policiais (Rocinha, Maré); recusa peremptória em participar do levantamento de dados; ou a presença de valores quantitativos que não resistiram à crítica estatística. Entretanto esses foram casos minoritários, que não afetam significativamente a robustez dos dados primários, como será evidenciado.

e) Durante dezesseis semanas foram efetuadas diversas campanhas de levantamento de dados primários, via preenchimento direto de questionários, entrevistas e envio eletrônico de dados adicionais. Assim, partiu-se de um número inicialmente avaliado em vinte unidades de catadores/associações dentro da rede — as mais visíveis e ativas – para logo elevá-lo para vinte e oito, e finalmente o número final de unidades pesquisadas: trinta e três, em um Universo de setenta e sete.

49 O Universo é referido como sendo composto por setenta e sete unidades de catadores de materiais recicláveis. Entretanto, como o índice de mortalidade e de surgimento dessas unidades pode ser elevado em regiões periféricas, é possível que algumas dessas unidades tenham se tornado inoperantes durante a realização deste estudo, assim como é possível que outras hajam sido criadas. A implementação da Rede Cata Rio deverá devotar recursos para diagnosticar e cadastrar todas as unidades operantes.

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C.2.2. AS 33 UNIDADES DE CATADORES DO UNIVERSO AMOSTRAL PESQUISADO

Com base nessa disposição de critérios, são apresentados a seguir os valores descritivos do conjunto amostral utilizado, referentes às 33 unidades pesquisadas. Nesse quadro – assim como nos demais quadros apresentados ao longo deste trabalho – devem ser observadas as seguintes convenções:

a) Número de CATADORES: Indica o número de catadores efetivamente declarados em atividade – formalizados, ou não -- pelas administrações das unidades de catadores;

b) PRODUÇÃO Kg: Representa a magnitude em peso média do volume mensal de material reciclado efetivamente recolhido, triado, enfardado e comercializado pelas respectivas unidades de catadores;

c) VALOR DA PRODUÇÃO R$50: Representa o valor obtido pela venda média do volume mensal de material reciclado efetivamente recolhido, triado, enfardado e comercializado pelas respectivas unidades de catadores;

As trinta e três unidades, que hoje compõem o Universo

amostral pesquisado, são muito diversas entre si: vão desde organizações de alta eficiência até grupos-de-rua -- não-formalizados e em etapas de organização -- que apresentam baixíssima eficiência. O QUADRO C.2.1, na página seguinte apresenta esses resultados. Notar que os números de ordem originalmente atribuídos apenas indicam a precedência de retorno dos questionários.

Os dados apresentados nesse QUADRO 1.1 são descritos

graficamente na FIGURAS C.2.1, C.2.2 e C.2.3. O exame dos dados do quadro e das figuras explicita a

ampla diversidade das unidades de catadores de materiais recicláveis presente no Universo amostral pesquisado. É importante notar que não existe uma ordenação única dessas unidades, seja com referência ao número de catadores envolvidos no processo, seja no valor bruto da produção

50 O faturamento bruto médio mensal corrente das respectivas unidades de catadores muitas vezes é idêntico ao da PRODUÇÃO R$/mês, porém – naquelas unidades de catadores de maior grau de organização – também espelham valores adicionais percebidos pela venda de materiais processados. Na RM do Rio de Janeiro essa prática ainda é bastante episódica.

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física, seja ainda nas receitas brutas decorrentes da venda dos materiais recicláveis coletados e processados.

QUADRO C.2.1: DADOS GERAIS: NÚMERO DE CATADORES, VENDAS TOTAIS E PRODUÇAO FÍSICA DAS UNIDADES PESQUISADAS – AGO 2008

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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FIGURA C.2.1: NÚMERO DE CATADORES POR UNIDADE – JUN/JUL/AGO 2008

NÚME R O DE C AT ADOR E S P OR UNIDADE

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

SARAIVA

RIO C

OOPGRAM

ACHORECIC

LAACAM

JG

QUITUNGO

GUARABU

RANGEL

CPSOCIAL

CASTELOCOOPCAL

TRANSFORMCOTRABOM

BEIJA-F

LOR

COTRAMUB

LIBERDADE

COPCARMO

COOPERCT

ELIZABETH

RECICOOP

COOPERIO

COOPERNVI

CLAUDETE

NAVARRO

RECOOPERCOOPAR

COPMIS

TACOOPAM

A

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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FIGURA C.2.2: PRODUÇÃO FÍSICA DAS UNIDADES DE CATADORES (Kg) – JUN/JUL/AGO 2008

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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FIGURA C.2.3: VALOR DAS RECEITAS DAS UNIDADES DE CATADORES (R$) – JUN/JUL/AGO 2008

VAL OR DAS R E C E IT AS DAS UNIDADE S (R $)

J UN/J UL /AG O 2008

R $ -

R $ 10.000,00

R $ 20.000,00

R $ 30.000,00

R $ 40.000,00

R $ 50.000,00

R $ 60.000,00

R $ 70.000,00

R $ 80.000,00

R $ 90.000,00

R $ 100.000,00

SARAIVA

RIO C

OOPGRAM

ACHORECIC

LAACAM

JG

QUITUNGO

GUARABU

RANGEL

CPSOCIAL

CASTELO

COOPCAL

TRANSFORMCOTRABOM

BEIJA-F

LOR

COTRAMUB

LIBERDADE

COPCARMO

COOPERCT

ELIZABETH

RECICOOP

COOPERIO

COOPERNVI

CLAUDETE

NAVARRO

RECOOPERCOOPAR

COPMIS

TA

COOPAMA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.2.3. AS UNIDADES DO UNIVERSO AMOSTRAL NÃO-PESQUISADO

Como já foi mencionado anteriormente, foram identificadas

setenta e sete unidades de catadores de materiais recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trinta e três dessas unidades foram incluídas na amostra intencional estratificada apresentada na seção anterior.

As quarenta e quatro unidades não incluídas na pesquisa

quantitativa são, entretanto, relevantes do ponto de vista da constituição de uma rede de entrepostos e central de

comercialização e transformação de materiais recicláveis. Embora as adesões de quaisquer unidades de catadores à

rede sejam obviamente opcionais – quer tenham ou não sido incluídas na amostra do presente trabalho -- o conhecimento prévio de suas existências é decisivo para as adequadas alocações nos sistemas de entrepostos, do ponto de vista logístico.

As unidades não-pesquisadas foram geo-referenciadas pelos

seus endereços declarados, o que possibilitou estabelecer suas afinidades geográficas e logísticas. De fato -- no que se segue -- as unidades não-pesquisadas foram preliminarmente alocadas aos entrepostos de maior viabilidade logística, em cada caso, apesar dos cálculos apresentados referirem-se ao Universo amostrado.

Deve ser destacado que uma melhor caracterização dessas

unidades não-amostradas é essencial para as suas efetivas inclusões e devem ser objeto de investigação adicional, em paralelo às ações de implementação dos entrepostos, da rede de comercialização, e da central de transformação.

O QUADRO C.2.2 apresenta os nomes dessas unidades de

catadores de materiais recicláveis não incluídas na amostra. Novamente os seus números de ordem são incidentais, e não devem ser interpretados de qualquer forma.

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QUADRO C.2.2: UNIDADES DE CATADORES NÃO-INCLUÍDAS NA AMOSTRA, PORÉM ALOCADAS AOS ENTREPOSTOS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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187

C.3. AS UNIDADES DE CATADORES AGRUPADAS E SUAS EFICIÊNCIAS RELATIVAS C.3.1. EFICIÊNCIA FÍSICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA O melhor critério para tipificar o desempenho das

unidades de catadores e agregar as unidades de catadores da amostra NÃO É o seu tamanho, expresso no numero de trabalhadores efetivamente envolvidos no processo de reciclagem. Pode-se imaginar uma unidade com poucos catadores, mas com equipamentos e instalações adequadas, que apresente um melhor desempenho do que uma outra unidade com muitos membros, porém desassistida de equipamentos e instalações minimamente funcionais.51

Um critério muito caro à análise econômica é o critério

de eficiência. Existem muitas maneiras de se procurar medir a eficiência de um processo produtivo ou de uma organização. Uma das mais comuns é a utilização da relação (produto)/(trabalho) – tanto em termos físicos, como em termos de valoração (R$) – a fim de permitir que sejam avaliados eventuais diferenciais na produção per capita, ou seja, por trabalhador envolvido. O QUADRO C.3.1 apresenta esses valores para as unidades da amostra.

Essa é uma medida da produtividade média, ou

eficiência que passa a ser utilizada nesse trabalho. Assim, foi formulado um critério que buscou classificar as unidades de catadores da amostra por dois critérios:

a) A eficiência física – ou produtividade média – da

produção física per capita, ou seja, por catador, medida em Kg/mês. A FIGURA C.3.1 apresenta os valores desse indicador de eficiência física para as unidades de catadores da amostra.

b) Outro indicador de eficiência é o de eficiência econômica – ou retorno bruto médio – calculado pelo valor comercializado da produção física per capita, ou seja, por catador, medido em R$/mês. A FIGURA C.3.2 apresenta os valores desse indicador de eficiência física para as unidades de catadores da amostra.

51 Cf. op. cit. p. 22-3. No que se segue, os conceitos aqui adotados são idênticos aos utilizados no trabalho citado.

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QUADRO C.3.1: PRODUTIVIDADES FÍSICAS E ECONÔMICAS DAS UNIDADES DA AMOSTRA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Embora sejam correlacionados, esses dois critérios não

são coincidentes, uma vez que as condições objetivas dos processos de comercialização dos materiais recicláveis variam muito, de unidade para unidade de catadores, de bairro para bairro, de cidade para cidade, além de terem a haver com o poder de barganha de cada organização em seu mercado local de venda. A observação das FIGURAS C.3.1 e C.3.2 explicita que os critérios de eficiência física e de eficiência econômica

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não geram uma mesma ordenação das unidades de catadores, uma vez utilizados.

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FIGURA C.3.1: ORDENAÇÃO DAS UNIDADES POR PRODUTIVIDADES FÍSICAS (Kg/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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FIGURA C.3.2: ORDENAÇÃO DAS UNIDADES POR PRODUTIVIDADES ECONÔMICAS (R$/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.3.2. ANÁLISE DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA A ordenação conjunta das unidades de catadores por

produtividades combinadas não é um problema trivial: exige técnicas de estatísticas multivariadas para a adequada composição de critérios desiguais.

Utilizando as técnicas da Análise Fatorial e a observação

do Discriminante Canônico dos dados, foi possível chegar a uma ordenação conjunta das produtividades combinadas das unidades de catadores de materiais recicláveis no Universo amostrado na Região Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Esses resultados são apresentados – já na ordenação de produtividades combinadas – no QUADRO C.3.2, a seguir:

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QUADRO C.3.2: ORDENAÇÃO DAS UNIDADES POR PRODUTIVIDADES COMBINADAS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A partir dos dados do QUADRO C.3.2, torna-se possível

detectar agrupamentos específicos – por critérios de produtividades combinadas – que permitem segmentar as unidades de catadores recicláveis da amostra em quatro grupos distintos de eficiências combinadas52. O QUADRO C.3.3 apresenta esses quatro grupos de eficiência:

52 Cf. op. cit. pp.78-86. As unidades da presente amostra foram adicionalmente cotejadas às unidades do estudo original – devidamente ajustadas pela inflação – de forma a evitar distorções paramétricas regionais.

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QUADRO C.3.3: GRUPOS DE EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Neste QUADRO C.3.3, é utilizada uma convenção de cores

para identificar a qual grupo de eficiência cada unidade de catadores pertence originalmente:

AZUL : As unidades possuem altas eficiências combinadas. VERDE : As unidades possuem médias eficiências combinadas. AMARELO : As unidades possuem baixas eficiências combinadas.

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ROSA : As unidades possuem baixíssimas eficiências combinadas.

Essa convenção será utilizada neste presente trabalho

sempre que sejam feitas referências a grupos de eficiências, ou quando cada respectiva unidade seja alocada a algum dos entrepostos.

A seguir são apresentados nos QUADROS C.3.4, C.3.5,

C.3.6 e C.3.7 os grupos de eficiência existentes na amostra das unidades de catadores da Região Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro:

QUADRO C.3.4: UNIDADES DE CATADORES DE ALTA EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

QUADRO C.3.5: UNIDADES DE CATADORES DE MÉDIA EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.3.6: UNIDADES DE CATADORES DE BAIXA EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

QUADRO C.3.7: UNIDADES DE CATADORES DE BAIXÍSSIMA EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.3.3. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA FÍSICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS:

DETALHAMENTO POR PRODUTOS Durante o levantamento primário, feito através de

questionários, foram obtidos dados sobre a produção e a venda de 89 materiais recicláveis.

Para que esses dados pudessem ser tratados de uma maneira

mais sistemática e visível, esses 89 materiais foram agrupados em 21 categorias de materiais recicláveis. Essas categorias são as mesmas utilizadas anteriormente em trabalhos executados pela equipe técnica do PANGEA, com a exceção do Óleo de Cozinha que – devido ao seu crescente papel como insumo para a fabricação de biocombustíveis – foi desagregado da categoria Outros Materiais.

O QUADRO C.3.8 descreve as produtividades físicas médias

nos diversos grupos de eficiência, segmentadas por categorias de materiais. Observar a legenda – que será utilizada sempre que QUADROS desse tipo sejam apresentados – que permite avaliar imediatamente os resultados.

Os valores médios das produtividades físicas para cada

categoria de materiais estão apresentados na última coluna. Nas demais colunas – comparativamente aos valores da média – aparecem em vermelho os valores abaixo da média; em preto os valores acima da média; e em azul os valores que sejam pelo menos o dobro da média.

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QUADRO C.3.8: EFICIÊNCIAS FÍSICAS POR MATERIAIS (Kg/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Essa convenção permitirá perceber de imediato o que

ocorre em termos de produtividade média per capita de cada caso.

O QUADRO C.3.9 sumariza o número de ocorrências de cada

nível de produtividades físicas das categorias de materiais, em cada grupo de eficiência.

LEGENDA

ABAIXO DA MÉDIA

ACIMA DA MÉDIA

MAIS DO QUE O DOBRO DA MÉDIA

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QUADRO C.3.9: QUADRO DE EFICIÊNCIAS FÍSICAS RELATIVAS

Kg por catador Alta

Eficiência Física

Média Eficiência

Física

Baixa Eficiência

Física

Baixíssima Eficiência

Física

AZUL: > 2x média 11 3 3 0

PRETO: acima da média 7 9 8 0

VERMELHO: abaixo da média

1 7 7 18

NÃO PRODUZ 2 2 3 3

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

NESSE QUADRO fica evidente que o grupo de unidades de

catadores de alta eficiência consegue ter vantagens em ONZE materiais cujas produtividades são mais do que duas vezes superiores á média, seja pela sua diversificação, seja pelos maiores volumes comercializados – contra três, três e zero dos outros três grupos. Percebe-se assim, que a eficiência física é fortemente disseminada, e não apenas concentrada em poucos materiais. O grupo de baixíssima eficiência, em geral, concentra-se em alguns poucos materiais, e mesmo assim, não consegue uma produtividade física muito elevada em nenhum deles – permanecendo sistematicamente abaixo da média. Os grupos de médias e baixas eficiências até conseguem sair-se com altos e baixos, mas ainda distantes da maior produtividade física. Ambos apresentam apenas 3 materiais com alta produtividade em relação à média e 7 materiais abaixo da média.

Embora a visualização não seja simples, a FIGURA C.3.3

apresenta os valores comparados das eficiências físicas por categorias de materiais, nos quatro grupos de eficiência – nos quais foram agregadas as unidades de catadores da RM do Rio de Janeiro.

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FIGURA C.3.3: COMPARATIVO DAS EFICIÊNCIAS FÍSICAS NOS TOTAIS COMERCIALIZADOS (Kg/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.3.4. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS:

DETALHAMENTO POR PRODUTOS O QUADRO C.3.10 descreve as produtividades econômicas

médias nos diversos grupos de eficiência, segmentadas por categorias de materiais.

Da mesma forma, os valores médios das produtividades

econômicas para cada categoria de materiais estão apresentados na última coluna. Nas demais colunas – comparativamente aos valores da média – aparecem em vermelho os valores abaixo da média; em preto os valores acima da média; e em azul os valores que sejam pelo menos o dobro da média.

QUADRO C.3.10: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS POR MATERIAIS (R$/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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O QUADRO C.3.11 sumariza o número de ocorrências de cada nível de produtividades econômicas das categorias de materiais, em cada grupo de eficiência.

QUADRO C.3.11: QUADRO DE EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS RELATIVAS

R$ por catador Alta

Eficiência Econômica

Média Eficiência Econômica

Baixa Eficiência Econômica

Baixíssima Eficiência Econômica

AZUL: > 2x média 12 2 3 0

PRETO: acima da média 6 8 6 0

VERMELHO: abaixo da média 1 10 9 18

NÃO PRODUZ 2 2 3 3

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008 Vê-se que após a comercialização da produção, o grupo de

alta eficiência melhora ainda mais a sua posição relativa, ficando os grupos de médias e baixas eficiências ainda piores. Como traduzir isto em termos simples? Bem, a análise dos índices de eficiência da produção desagregada demonstra que as unidades de catadores do grupo de alta eficiência não apenas consegue uma produtividade física muito maior do que a média, mas que – no processo de comercialização – obtém vantagens adicionais. No outro extremo, as unidades de baixa produtividade não apenas têm baixo índice de eficiência na produção física de materiais, como perdem duplamente no processo de comercialização.

A FIGURA C.3.4 apresenta os valores comparados das

eficiências econômicas por categorias de materiais, nos quatro grupos de eficiência – nos quais foram agregadas as unidades de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Page 204: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES
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FIGURA C.3.4: COMPARATIVO DAS EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS NOS TOTAIS COMERCIALIZADOS (R$/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.3.5. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE MERCADO NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS:

DETALHAMENTO POR PRODUTOS Com base nos resultados das seções anteriores,

sumarizamos assim: as unidades de catadores de alta eficiência tendem a ser fisicamente eficientes de forma ampla, em toda uma gama de materiais recicláveis distintos.

As unidades de catadores de médias e baixas eficiências

parecem até obter um desempenho razoável – do ponto de vista da produtividade física, em geral com baixos índices de capitalização – mas perdem boa parte desses ganhos de eficiência no processo de comercialização – o que leva a índices de eficiência econômica inferiores.

No outro extremo, as unidades de catadores de baixíssima

eficiência perdem duplamente: apresentam baixos índices gerais de produtividade física – pela evidente

descapitalização de seu processo de produção -- e perdem ainda mais no processo de comercialização.

Faz-se necessária a introdução de um conceito adicional:

a eficiência de mercado. A eficiência de mercado tem justamente a haver com a capacidade da unidade de catadores de obter melhores valores pelas mesmas quantidades do mesmo material reciclável. A eficiência de mercado é expressa pelo preço médio obtido por cada material reciclável na etapa da comercialização.

A eficiência de mercado representa a capacidade da

unidade de catadores em colocar os seus produtos recicláveis de forma vantajosa no mercado. Pouco adianta um volume per capita de coleta elevado, se não existe escala para fazer frente ao intermediário53, ou se os canais de comercialização estão obstruídos por questões estruturais como logística e transporte. Os índices de eficiência de mercado, nada mais são do que a razão entre os índices de eficiência econômica e os índices

53Estamos genericamente chamando de “intermediários” a uma não rara estrutura de comercialização em forma de pirâmide, voltada à apropriação de parte do excedente diferencial gerado na cadeia da reciclagem.

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de eficiência física54. Assim definido, este índice tem um sabor de “preço médio”, embora na maioria das vezes não o seja, por tratarem-se de agregados de materiais diferentes.

O QUADRO C.3.12 descreve as eficiências de mercado médias

nos diversos grupos de eficiência, segmentadas por categorias de materiais.

Da mesma forma, os valores médios das eficiências de

mercado para cada categoria de materiais estão apresentados na última coluna. Nas demais colunas – comparativamente aos valores da média – aparecem em vermelho os valores abaixo da média; em preto os valores acima da média; e em azul os valores que sejam pelo menos o dobro da média.

QUADRO C.3.12: EFICIÊNCIAS DE MERCADO POR MATERIAIS (R$/Kg)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

54 É evidente que o mesmo valor seria obtido pela simples divisão entre o montante obtida pela comercialização da produção em reais pelo valor da produção física em Kg.

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O QUADRO C.3.13 sumariza o número de ocorrências de cada nível de eficiência de mercado das categorias de materiais, em cada grupo de eficiência.

QUADRO C.3.13: QUADRO DE EFICIÊNCIAS DE MERCADO RELATIVAS

R$ por Kg Alta

Eficiência de Mercado

Média Eficiência

de Mercado

Baixa Eficiência

de Mercado

Baixíssima Eficiência

de Mercado

AZUL: > 2x média 0 0 0 0

PRETO: acima da média 14 7 8 6

VERMELHO: abaixo da média 5 11 10 12

NÃO PRODUZ 2 2 3 3

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Nota-se que as unidades de catadores do grupo de alta

eficiência vendem 14 das 21 categorias de materiais que produz (67%) a preços acima da média; cifra atingida por, respectivamente 7, 8 e 6 das 21 categorias de materiais das unidades de média, baixa e baixíssima eficiências -- correspondentes a (33%), (38%) e (29%).

Mais incisivo ainda: nenhum grupo de eficiência consegue

comercializar os seus produtos por valores superiores ao dobro da média – privilégio esse ainda monopolizado, no Rio de Janeiro, pelos intermediários existentes no mercado de produtos recicláveis.

Compreende-se assim, que uma elevada eficiência na

produtividade física é necessária, mas não suficiente para garantir uma elevada eficiência na produtividade econômica.

Pode-se dizer que a eficiência econômica é o produto da

eficiência física pela eficiência de mercado55. E esta última só é adquirida com volume de produção, logística, transporte, instalações e equipamentos adequados – o que apenas uma minoria das unidades de catadores de materiais recicláveis a Região Metropolitana do Rio de Janeiro dispõe hoje.

55 Na verdade, por definição: (eficiência econômica) = (eficiência física) x (eficiência de mercado).

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A FIGURA C.3.5 apresenta os valores comparados das eficiências de mercado por categorias de materiais, nos quatro grupos de eficiência – nos quais foram agregadas as unidades de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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FIGURA C.3.5: COMPARATIVO DAS EFICIÊNCIAS DE MERCADO NOS TOTAIS COMERCIALIZADOS (R$/Kg)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.3.6. SUMÁRIO DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA Cumpre-se assim, o objetivo desta Seção: o de demonstrar

que as unidades de catadores de materiais recicláveis são operacionalmente muito diferentes, e que o principal fator que as diferencia não é o seu tamanho, seu número de catadores, ou a sua localização espacial. De fato, o que foi demonstrado nesta seção é que a eficiência é o fator que gera essas importantes diferenças. Os conceitos de eficiência física, eficiência econômica e eficiência de mercado foram apresentados, analisados e testados – e corroboraram o seu papel segmentador.

O QUADRO C.3.14 sumariza os resultados para os quatro

grupos de eficiência nas unidades de catadores de materiais recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

QUADRO C.3.14: MÉDIAS DOS GRUPOS DE EFICIÊNCIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.4. OS ENTREPOSTOS DA REDE CATA RIO: COMPOSIÇÃO E LOCALIZAÇÃO

C.4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Antes de proceder à análise propositiva, faz-se

necessária uma observação importante: o tema central deste trabalho refere-se à constituição de uma Rede de Comercialização Conjunta e de Transformação de Materiais Recicláveis, a REDE CATA RIO. Concentra-se – através da ordenação logística e espacial -- em procurar agregação de unidades de catadores de maneira a obter volumes, escalas e qualidades que permitam o incremento das eficiências de mercado conjuntas – de início no seio de cada Entreposto, e depois no âmbito de toda a Central.

Com a elevação das eficiências de mercado – através da

Rede de Comercialização Conjunta -- obviamente surgirá um acréscimo nas eficiências econômicas! E esses incrementos nas eficiências econômicas são os resultados mais expressivos que a implementação dos Entrepostos e da Central da REDE CATA RIO vão demonstrar. E todas as unidades de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro que aderirem à Rede devem ser beneficiadas.

Entretanto, cabe lembrar que as eficiências econômicas

são diretamente atingidas pelas variadas eficiências físicas hoje existentes nas unidades de catadores. Essas eficiências físicas só podem ser aumentadas através do aumento de organização e capitalização em instalações e equipamentos dessas unidades – fator que o presente trabalho NÃO TRATA, especificamente56.

Embora seja evidente que investimentos adicionais sejam

necessários em consideráveis montantes para a efetiva elevação das eficiências físicas médias das unidades de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nenhuma consideração conjunta desses investimentos será aqui tratada. Os investimentos aqui propostos referem-se à implementação das infra-estruturas dos Galpões dos Entrepostos e à

56 A questão da capitalização das unidades de catadores de materiais recicláveis foi explicitamente considerada em um trabalho anterior, que serviu de referência para a criação da linha do BNDES de financiamentos a fundos-perdidos beneficiando essas unidades. Favor Cf. op. cit.

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viabilização da CENTRAL CATA RIO -- tratando apenas pontualmente de investimentos em equipamentos em unidades específicas ligadas a esses Entrepostos.

C.4.2. ASPECTOS ESTRATÉGICOS SOBRE OS ENTREPOSTOS E A CENTRAL CATA RIO

É necessário ressaltar que as análises de eficiências até

aqui apresentadas NÃO PODEM ser os únicos critérios para a determinação das composições e das localizações dos Entrepostos e da Central da REDE CATA RIO.

Os aspectos logísticos e a necessidade de obtenção de

volume, escala e qualidade são decisivos na correta alocação das unidades visando o bem sucedido estabelecimento de uma Rede de Comercialização de Materiais Recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Por outro lado, uma visão perspectiva mais ampla é

necessária -- a partir de considerações estratégicas de médio e de longo prazos – decorrentes da implantação do COMPERJ, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro em Itaboraí. Diante da discussão do Plano Diretor do COMPERJ, explicita-se o seu caráter decisivo na transformação e agregação de valor aos derivados do refino do petróleo resultantes das explorações já existentes – e das recentes divulgações das chamadas reservas do pré-sal.

Nessa perspectiva mais ampla – do ponto de vista regional

– e mais extensa – do ponto de vista temporal – a implementação da REDE CATA RIO revela a sua oportunidade estratégica de forma mais decisiva! A reciclagem de materiais -- em particular os petroquímicos -- ensejará economias de escala, de recursos e de energia; promoverá a inclusão social em escala considerável; e encorajará práticas ambientalmente mais eficientes -- não apenas na Região Metropolitana, mas em todo o Estado do Rio de Janeiro e regiões adjacentes.

Foi com essa perspectiva estratégica mais ampla que as

considerações logísticas foram efetuadas, assim como a determinação das localizações e composições dos Entrepostos da REDE CATA RIO.

Vale ressaltar que durante a realização do presente

trabalho foram colocados à disposição da Rede de

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Comercialização das unidades de catadores, ora em gestação, TRÊS galpões já existentes: um galpão na região das docas do porto do Rio de Janeiro; um galpão na região norte do Rio de Janeiro, entre a Ilha do Governador e Duque de Caxias; e um terceiro galpão no município de Itaboraí. Assim, a localização física de três Entrepostos foi condicionada à disponibilidade prévia das instalações existentes.

Este fato auspicioso, por um lado reduz consideravelmente

os custos de implantação da REDE, ao mesmo tempo em que torna o seu processo de implementação mais imediato.

Por outro lado, restringe espacialmente as contingências

logísticas, criando a necessidade estratégica da criação de um outro Entreposto ao longo da rodovia Presidente Dutra, nas proximidades de Belfort Roxo, Mesquita ou Nilópolis.

Após essas considerações, são aqui propostos QUATRO

ENTREPOSTOS, para a REDE CATA RIO assim descritos: A) ENTREPOSTO DAS DOCAS: Este Entreposto será

fisicamente situado em galpão existente do armazém das docas do porto do Rio de Janeiro, na Avenida Rodrigues Alves. Sua composição compreende as unidades de catadores existentes no Centro; dos bairros ao longo da Av. Getúlio Vargas; e de toda a Região Sul até o início da Barra da Tijuca, ao redor da Lagoa do Joá. Os seus acessos serão efetuados pelos túneis Dois Irmãos, Santa Bárbara e Rebouças; Elevado Paulo de Frontim e Estrada Lagoa-Barra; Avenida Beira-Mar, Avenida Francisco Otaviano, e início da Av. Brasil; além de outras artérias.

B) ENTREPOSTO NORTE: Este Entreposto – aqui preliminarmente chamado de NORTE por falta de nome mais adequado – será fisicamente situado em galpão existente disponibilizado na rua do Alho, ao norte da entrada da Ilha do Governador, nas proximidades de Duque de Caxias. Sua composição compreende as unidades de catadores existentes nas imediações; ao longo da Linha Vermelha; ao longo da linha Amarela, inclusive trechos da Barra da Tijuca, Taquara, Vargem Grande e Vargem Pequena; e as unidades situadas ao longo da rodovia Washington Luís; além de outras artérias. A inclusão das unidades situadas ao sul – viabilizada pela Linha Amarela tornou-se logisticamente necessária pela

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inexistência de escala produtiva nessas unidades que justificasse a criação de um Entreposto adicional.

C) ENTREPOSTO DUTRA: Este Entreposto deve ser fisicamente situado ao longo da rodovia Presidente Dutra -- em terreno e galpão ainda não disponíveis – nas imediações dos municípios de Belfort Roxo, Mesquita ou Nilópolis. Entretanto a sua

importância estratégica não pode ser desprezada: servirá futuramente de eixo de recepção de produtos provenientes da BR-116 e da BR-101 SUL, além dos subúrbios mais distantes a sudoeste da cidade do Rio de Janeiro. Eventualmente pode ainda ser importante na destinação da reciclagem de produtos não-petroquímicos de toda a REDE CATA RIO (Vidro, Papéis e Papelão; Metais) junto a indústrias com preços mais favoráveis no eixo Rio-São Paulo. Os custos de sua implementação devem ser amplamente compensados pela sua localização estratégica! Sua composição inicial compreende as unidades de catadores situadas nas imediações da rodovia Presidente Dutra, inclusive Nova Iguaçu, Queimados, Seropédica e Paracambi; ao longo da Av. Brasil, até Bangu, Santíssimo, Itaguaí e Campo Grande.

D) NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: Este Entreposto será fisicamente situado em galpão existente no município de Itaboraí. Aqui, fala-se em NÚCLEO porque o número de unidades de catadores pesquisadas na amostra da Região Metropolitana do Rio de Janeiro a ele ligadas é ainda reduzido. A incorporação de unidades de catadores situadas fora da Região Metropolitana do Rio de Janeiro deve dar ao Entreposto os volumes e as escalas necessárias para o seu efetivo desempenho. A presença de um Entreposto no município de Itaboraí é estratégica por duas razões: a) a proximidade com a Central de Comercialização e de Transformação a ser localizada nas imediações do COMPERJ, também no município de Itaboraí; b) a sua localização privilegiada, do ponto de vista logístico, para servir de eixo de integração com as unidades do fundo da Baía da Guanabara; da Região Serrana; da Região dos Lagos; e das unidades dos municípios ao longo da BR-101 Norte. Sua composição inicial será constituída pelas unidades de catadores de Niterói, São Gonçalo e

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Magé – devendo ser ampliada após estudos adicionais em 2009, que permitam avaliar mais adequadamente as unidades adicionais da região mais ampla a serem fortalecidas e agregadas.

A criação física da CENTRAL CATA RIO de Comercialização Conjunta e Transformação nas imediações do COMPERJ, no município de Itaboraí, deve ser precedida pela constituição administrativa formal de sua operação, de forma a tornar o processo de implementação eficiente e racional.

Em termos esquemáticos preliminares, a REDE CATA RIO é

apresentada na FIGURA C.4.1. Nessa figura podem ser vistos os quatro Entrepostos acima descritos; a Central (representada por uma estrela); e futuros Entrepostos hipotéticos que eventualmente favoreçam a expansão da Rede.

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FIGURA C.4.1: LOGÍSTICA ESQUEMÁTICA SIMPLIFICADA DA REDE CATA RIO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Nas seções seguintes serão apresentadas as propostas para

os Entrepostos acima descritos sumariamente.

C.4.3. O ENTREPOSTO DAS DOCAS Como mencionado na Seção C.4.2, esse Entreposto será

fisicamente situado em galpão existente do armazém das docas do porto do Rio de Janeiro, na Avenida Rodrigues Alves. Sua composição compreende as unidades de catadores existentes no Centro; dos bairros ao longo da Av. Getúlio Vargas; e de toda a Região Sul até o início da Barra da Tijuca, ao redor da Lagoa do Joá. Os seus acessos serão efetuados pelos túneis

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Dois Irmãos, Santa Bárbara e Rebouças; Elevado Paulo de Frontim e Estrada Lagoa-Barra; Avenida Beira-Mar, Avenida Francisco Otaviano, e início da Av. Brasil; além de outras artérias.

O QUADRO C.4.1 apresenta a composição das onze unidades

de catadores correspondentes a esse Entreposto. Notar que, novamente, aqui foi seguida a convenção de cores anteriormente apresentada onde:

AZUL : As unidades possuem altas eficiências combinadas. VERDE : As unidades possuem médias eficiências combinadas. AMARELO : As unidades possuem baixas eficiências Combinadas (não presente neste Entreposto) ROSA : As unidades possuem baixíssimas eficiências combinadas. QUADRO C.4.1: ENTREPOSTO DAS DOCAS: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A FIGURA C.4.2 apresenta essas unidades de catadores geo-

referenciadas no Google Earth, assim como a localização do ENTREPOSTO DAS DOCAS. Notar que a cor rosa foi substituída no geo-referenciamento pela cor vermelha, de mais fácil visualização.

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FIGURA C.4.2: ENTREPOSTO DAS DOCAS: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

O QUADRO C.4.2 apresenta as mesmas unidades de catadores

ligadas ao ENTREPOSTO DAS DOCAS e as entidades a que são respectivamente ligadas:

QUADRO C.4.2: ENTREPOSTO DAS DOCAS: ENTIDADES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Os QUADROS C.4.3 e C.4.4 apresentam os volumes

gravimétricos da produção física bruta mensal (em Kg) – desagregados pelas 21 categorias de materiais para as onze unidades de catadores de materiais recicláveis alocadas ao ENTREPOSTO DAS DOCAS.

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Os QUADROS C.4.5 e C.4.6 apresentam os valores das receitas mensais obtidas pela venda dos materiais recicláveis (em R$)– também desagregada pelas 21 categorias de materiais para essas mesmas unidades.

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QUADRO C.4.3: ENTREPOSTO DAS DOCAS: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.4: ENTREPOSTO DAS DOCAS: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.5: ENTREPOSTO DAS DOCAS: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.6: ENTREPOSTO DAS DOCAS: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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A inclusão adicional das unidades de catadores de materiais recicláveis pertencentes ao Universo amostral não-pesquisado permite a visualização mais amplificada da área de influência do ENTREPOSTO DAS DOCAS.

O QUADRO C.4.7 apresenta a relação completa das unidades

alocadas a esse Entreposto. Com a adição dessas sete unidades, o número total de unidades passa de onze para dezoito. Entretanto, os valores utilizados para caracterizar o Entreposto continuam a ser referenciados apenas às unidades pertencentes ao Universo amostral pesquisado.

Para evitar quaisquer alusões às suas respectivas

produtividades e eficiências, optou-se por apresentá-las com a cor LARANJA.

QUADRO C.4.7: ENTREPOSTO DAS DOCAS COMPLETO: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A FIGURA C.4.3 apresenta as unidades de catadores ligadas

ao ENTREPOSTO DAS DOCAS completo, com o respectivo geo-referenciamento das unidades pesquisadas, e das unidades não-pesquisadas. Essas últimas também aqui aparecem em cor LARANJA.

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FIGURA C.4.3: ENTREPOSTO DAS DOCAS COMPLETO: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.4.4. O ENTREPOSTO NORTE Como mencionado na Seção C.4.2, este Entreposto – aqui

preliminarmente chamado de NORTE por falta de nome mais adequado – será fisicamente situado em galpão existente disponibilizado na rua do Alho, ao norte da entrada da Ilha do Governador, nas proximidades de Duque de Caxias.

Sua composição compreende as unidades de catadores

existentes nas imediações; ao longo da Linha Vermelha; ao longo da linha Amarela, inclusive trechos da Barra da Tijuca, Taquara, Vargem Grande e Vargem Pequena; e as unidades situadas ao longo da rodovia Washington Luís; além de outras artérias.

A inclusão das unidades situadas ao sul – viabilizada

pela Linha Amarela tornou-se logisticamente necessária pela inexistência de escala produtiva nessas unidades que justificasse a criação de um Entreposto adicional.

O QUADRO C.4.8 apresenta a composição das doze unidades

de catadores correspondentes a esse Entreposto. Notar que, novamente, aqui foi seguida a convenção de cores anteriormente apresentada onde:

AZUL : As unidades possuem altas eficiências combinadas. VERDE : As unidades possuem médias eficiências combinadas. AMARELO : As unidades possuem baixas eficiências combinadas. ROSA : As unidades possuem baixíssimas eficiências combinadas.

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QUADRO C.4.8: ENTREPOSTO NORTE: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A FIGURA C.4.4 apresenta essas unidades de catadores geo-

referenciadas no Google Earth, assim como a localização do ENTREPOSTO NORTE. Notar que aqui também a cor rosa foi substituída no geo-referenciamento pela cor vermelha, de mais fácil visualização.

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FIGURA C.4.4: ENTREPOSTO NORTE: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

O QUADRO C.4.9 apresenta as mesmas unidades de catadores

ligadas ao ENTREPOSTO NORTE e as entidades a que são respectivamente ligadas:

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QUADRO C.4.9: ENTREPOSTO NORTE: ENTIDADES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Os QUADROS C.4.10 e C.4.11 apresentam os volumes

gravimétricos da produção física bruta mensal (em Kg) – desagregados pelas 21 categorias de materiais para as doze unidades de catadores de materiais recicláveis alocadas ao ENTREPOSTO NORTE.

Os QUADROS C.4.12 e C.4.13 apresentam os valores das

receitas mensais obtidas pela venda dos materiais recicláveis (em R$)– também desagregada pelas 21 categorias de materiais para essas mesmas unidades.

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QUADRO C.4.10: ENTREPOSTO NORTE: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.11: ENTREPOSTO NORTE: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.12: ENTREPOSTO NORTE: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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QUADRO C.4.13: ENTREPOSTO NORTE: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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A inclusão adicional das unidades de catadores de materiais recicláveis pertencentes ao Universo amostral não-pesquisado permite a visualização mais amplificada da área de influência do ENTREPOSTO NORTE.

O QUADRO C.4.14 apresenta a relação completa das unidades

alocadas a esse Entreposto. Com a adição dessas vinte e uma unidades, o número total de unidades passa de doze para trinta e três. Entretanto, os valores utilizados para caracterizar o Entreposto continuam a ser referenciados apenas às unidades pertencentes ao Universo amostral pesquisado.

Para evitar quaisquer alusões às suas respectivas

produtividades e eficiências, novamente optou-se por apresentá-las com a cor LARANJA.

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QUADRO C.4.14: ENTREPOSTO NORTE COMPLETO: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A FIGURA C.4.5 apresenta as unidades de catadores ligadas

ao ENTREPOSTO NORTE completo, com o respectivo geo-referenciamento das unidades pesquisadas, e das unidades não-pesquisadas. Essas últimas também aqui aparecem em cor LARANJA. Observar que para facilitar o enquadramento o Norte magnético foi inclinado cerca de 45o à esquerda.

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FIGURA C.4.5: ENTREPOSTO NORTE COMPLETO: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Adicionalmente são apresentados mais dois detalhamentos

das posições geo-referenciadas das unidades de catadores componentes do ENTREPOSTO NORTE. A FIGURA C.4.6 possibilita uma visão mais próxima das unidades nas vizinhanças do galpão do Entreposto. A FIGURA C.4.7 explicita as unidades de catadores que estarão ligadas ao ENTREPOSTO NORTE através da LINHA AMARELA.

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FIGURA C.4.6: ENTREPOSTO NORTE COMPLETO: VIZINHANÇAS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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FIGURA C.4.7: ENTREPOSTO NORTE COMPLETO: LINHA AMARELA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

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C.4.5. O ENTREPOSTO DUTRA Como mencionado na Seção C.4.2, esse Entreposto deve ser

fisicamente situado ao longo da rodovia Presidente Dutra -- em terreno e galpão ainda não disponíveis – nas imediações dos municípios de Belfort Roxo, Mesquita ou Nilópolis.

Entretanto a sua importância estratégica não pode ser

desprezada: servirá futuramente de eixo de recepção de produtos provenientes da BR-116 e da BR-101 SUL, além dos subúrbios mais distantes a sudoeste da cidade do Rio de Janeiro.

Eventualmente pode ainda ser importante na destinação da

reciclagem de produtos não-petroquímicos de toda a REDE CATA RIO (Vidro, Papéis e Papelão; Metais) junto a indústrias com preços mais favoráveis no eixo Rio-São Paulo.

Os custos de sua implementação devem ser amplamente

compensados pela sua localização estratégica! Sua composição inicial compreende as unidades de catadores situadas nas imediações da rodovia Presidente Dutra, inclusive Belfort Roxo, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, Seropédica e Paracambi; e ao longo da Av. Brasil, até Bangu, Santíssimo, Itaguaí e Campo Grande.

O QUADRO C.4.15 apresenta a composição das oito unidades

de catadores correspondentes a esse Entreposto. Notar que, novamente, aqui foi seguida a convenção de cores anteriormente apresentada onde:

AZUL : As unidades possuem altas eficiências combinadas (não presente neste Entreposto). VERDE : As unidades possuem médias eficiências combinadas. AMARELO : As unidades possuem baixas eficiências combinadas. ROSA : As unidades possuem baixíssimas eficiências combinadas.

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QUADRO C.4.15: ENTREPOSTO DUTRA: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

A FIGURA C.4.8 apresenta essas unidades de catadores geo-

referenciadas no Google Earth, assim como a localização aproximada desejável do galpão do ENTREPOSTO DUTRA. Notar que aqui também a cor rosa foi substituída no geo-referenciamento pela cor vermelha, de mais fácil visualização.

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FIGURA C.4.8: ENTREPOSTO DUTRA: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

O QUADRO C.4.16 apresenta as mesmas unidades de catadores

ligadas ao ENTREPOSTO DUTRA e as entidades a que são respectivamente ligadas:

QUADRO C.4.16: ENTREPOSTO DUTRA: ENTIDADES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA - 2008

Page 245: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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Os QUADROS C.4.17 e C.4.18 apresentam os volumes gravimétricos da produção física bruta mensal (em Kg) – desagregados pelas 21 categorias de materiais para as oito unidades de catadores de materiais recicláveis alocadas ao ENTREPOSTO DUTRA.

Os QUADROS C.4.19 e C.4.20 apresentam os valores das

receitas mensais obtidas pela venda dos materiais recicláveis (em R$)– também desagregada pelas 21 categorias de materiais para essas mesmas unidades.

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QUADRO C.4.17: ENTREPOSTO DUTRA: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.4.18: ENTREPOSTO DUTRA: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.4.19: ENTREPOSTO DUTRA: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 1 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.4.20: ENTREPOSTO DUTRA: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$) – 2 de 2

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Page 251: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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A inclusão adicional das unidades de catadores de materiais recicláveis pertencentes ao Universo amostral não-pesquisado permite a visualização mais amplificada da área de influência do ENTREPOSTO DUTRA.

O QUADRO C.4.21 apresenta a relação completa das unidades

alocadas a esse Entreposto. Com a adição dessas treze unidades, o número total de unidades passa de oito para vinte e um. Entretanto, os valores utilizados para caracterizar o Entreposto continuam a ser referenciados apenas às unidades pertencentes ao Universo amostral pesquisado.

Para evitar quaisquer alusões às suas respectivas

produtividades e eficiências, novamente optou-se por apresentá-las com a cor LARANJA.

QUADRO C.4.21: ENTREPOSTO DUTRA COMPLETO: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A FIGURA C.4.9 apresenta as unidades de catadores ligadas

ao ENTREPOSTO DUTRA completo, com o respectivo geo-referenciamento das unidades pesquisadas, e das unidades não-pesquisadas. Essas últimas também aqui aparecem em cor LARANJA. Observar que para facilitar o enquadramento o Norte magnético foi novamente inclinado cerca de 45o à esquerda.

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FIGURA C.4.9: ENTREPOSTO DUTRA COMPLETO: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

As FIGURAS C.4.10 e C.4.11 fornecem perspectivas

regionais mais amplas que explicitam a importância logística e estratégica do ENTREPOSTO DUTRA. Nessas figuras percebe-se o papel futuro que esse Entreposto poderá desempenhar ao articular o encaminhamento de materiais recicláveis de unidades de catadores regionalmente dispostas. Ao Norte da via Dutra, nos municípios de Vassouras e Barra do Piraí e arredores; ao longo da via Dutra, Volta Redonda, Barra Mansa e Resende; ao Sul, via BR-101 SUL e sua junção à via Dutra, Mangaratiba, Angra dos Reis e Parati.

O pleno funcionamento do ENTREPOSTO DUTRA permitirá

adicionalmente que ele funcione como estação de transbordo para a eficiente destinação de materiais diferentes – particularmente não-petroquímicos – para reciclagem industrial no eixo Rio-São Paulo. Por outro lado -- se seu porte e eficiência eventualmente comportarem – poderá também se converter em nó de adensamento de materiais petroquímicos recicláveis destinados à CENTRAL CATA RIO em Itaboraí, via Dutra, trecho da Avenida Brasil, Ponte Rio-Niterói e BR-101-NORTE.

Page 253: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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FIGURA C.4.10: ENTREPOSTO DUTRA COMPLETO: PERSPECTIVA REGIONAL

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.4.11: ENTREPOSTO DUTRA COMPLETO: PERSPECTIVA REGIONAL AMPLIADA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.4.6. O NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ Como mencionado na Seção C.4.2, esse Entreposto será

fisicamente situado em galpão existente no município de Itaboraí.

Aqui, fala-se em NÚCLEO porque o número de unidades de

catadores pesquisadas na amostra da Região Metropolitana do Rio de Janeiro a ele ligadas é ainda reduzido. A incorporação de unidades de catadores situadas fora da Região Metropolitana do Rio de Janeiro deve dar ao Entreposto os volumes e as escalas necessárias para o seu efetivo desempenho.

A presença de um Entreposto no município de Itaboraí é

estratégica por duas razões: a) a proximidade com a Central de Comercialização e

de Transformação a ser localizada nas imediações do COMPERJ, também no município de Itaboraí;

b) a sua localização privilegiada, do ponto de vista logístico, para servir de eixo de integração com as unidades do fundo da Baía da Guanabara; da Região Serrana; da Região dos Lagos; e das unidades dos municípios ao longo da BR-101 Norte.

A sua composição inicial será constituída pelas unidades

de catadores de Niterói, São Gonçalo e Magé – devendo ser ampliada após estudos adicionais em 2009, que permitam avaliar mais adequadamente as unidades adicionais da região mais ampla a serem fortalecidas e agregadas.

O QUADRO C.4.22 apresenta a composição das duas unidades de catadores correspondentes ao Núcleo do Entreposto de Itaboraí. Notar que, novamente, aqui foi seguida a convenção de cores anteriormente apresentada onde:

AZUL : As unidades possuem altas eficiências combinadas (não presentes neste Entreposto). VERDE : As unidades possuem médias eficiências combinadas. AMARELO : As unidades possuem baixas eficiências combinadas. ROSA : As unidades possuem baixíssimas eficiências Combinadas (não presentes neste Entreposto).

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QUADRO C.4.22: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A FIGURA C.4.12 apresenta essas unidades de catadores

geo-referenciadas no Google Earth, assim como a localização do galpão do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ.

FIGURA C.4.12: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

O QUADRO C.4.23 apresenta as mesmas unidades de catadores

ligadas ao ENTREPOSTO DUTRA e as entidades a que são respectivamente ligadas:

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QUADRO C.4.23: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: ENTIDADES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

O QUADRO C.4.24 apresenta os volumes gravimétricos da

produção física bruta mensal (em Kg) – desagregados pelas 21 categorias de materiais para as duas unidades de catadores de materiais recicláveis alocadas ao NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ.

O QUADRO C.4.25 apresenta os valores das receitas mensais

obtidas pela venda dos materiais recicláveis (em R$)– também desagregada pelas 21 categorias de materiais para essas mesmas unidades.

Page 258: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

258

QUADRO C.4.24: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: PRODUÇÃO FÍSICA DE MATERIAIS (Kg)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.4.25: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: RECEITAS DESAGREGADAS POR MATERIAIS (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A inclusão adicional das unidades de catadores de

materiais recicláveis pertencentes ao Universo amostral não-pesquisado permite a visualização mais amplificada da área de influência do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ.

O QUADRO C.4.26 apresenta a relação completa das unidades

alocadas a esse Entreposto. Com a adição dessas três unidades, o número total inicial de unidades passa de duas para cinco. Entretanto, os valores utilizados para caracterizar o Entreposto continuam a ser referenciados

Page 260: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

260

apenas às unidades pertencentes ao Universo amostral pesquisado.

QUADRO C.4.26: NÚCLEO INICIAL DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ COMPLETO: COMPOSIÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A FIGURA C.4.13 apresenta as unidades de catadores

ligadas ao NÚCLEO INICIAL DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ completo, com o respectivo geo-referenciamento das unidades pesquisadas, e das unidades não-pesquisadas. Essas últimas também aqui aparecem em cor LARANJA. Observar que a figura também inclui uma representação não geo-referenciada da CENTRAL CATA RIO, em área desejavelmente próxima ao COMPERJ, no município de Itaboraí.

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FIGURA C.4.13: NÚCLEO INICIAL DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ COMPLETO: LOCALIZAÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Durante o ano de 2009 deve ser executado um levantamento

e análise das unidades de catadores de materiais recicláveis presentes na área de influência do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ – fora da Região Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro -- de forma que o futuro ENTREPOSTO DE ITABORAÍ possa ser devidamente composto.

Parece evidente que o ENTREPOSTO DE ITABORAÍ poderá jogar

um papel estratégico instrumental na logística e racionalização dos fluxos de materiais recicláveis oriundos de:

a) unidades situadas ao longo da BR-116 na região

serrana do estado do Rio de Janeiro, incluindo Teresópolis, Guapimirim e chegando a Magé, no fundo da Baía da Guanabara;

b) unidades na região serrana ao redor de Nova Friburgo, Muri e Mauá, através da RJ-116;

c) unidades na região dos Lagos, desde Rio das Ostras, até Maricá, passando por Araruama, Cabo

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262

Frio, Búzios, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Saquarema.

d) Unidades do norte fluminense ao redor da BR-101 NORTE.

A FIGURA C.4.14 apresenta uma visão possível do futuro

ENTREPOSTO DE ITABORAÍ, com a agregação de unidades adicionais representadas em VIOLETA. A efetiva caracterização dessas unidades, seus números e as eficiências de suas atividades só serão de fato conhecidas ao término do levantamento aqui proposto.

FIGURA C.4.14: ENTREPOSTO DE ITABORAÍ COMPLETO: PERSPECTIVA REGIONAL

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

C.4.7. SUMÁRIO DOS QUATRO ENTREPOSTOS DA REDE CATA RIO

Nesta breve seção são apresentados os dados dos quatro ENTREPOSTOS sugeridos neste estudo para a implantação da REDE CATA RIO.

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Os QUADROS C.4.27 e C.4.28, respectivamente, apresentam os volumes gravimétricos da Produção (em Kg) e os valores das Receitas (em R$) dos quatro Entrepostos, além de suas totalizações. Essas tabelas são desagregadas nas 21 categorias de materiais recicláveis anteriormente apresentadas.

O QUADRO C.4.29, por sua vez, sumariza os dados globais

de cada ENTREPOSTO, lado a lado com suas respectivas produtividades médias físicas e econômicas.

QUADRO C.4.27: SUMÁRIO DOS 4 ENTREPOSTOS: PRODUÇÃO FÍSICA(Kg)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.4.28: SUMÁRIO DOS 4 ENTREPOSTOS: RECEITAS TOTAIS(R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

QUADRO C.4.29: SUMÁRIO DOS 4 ENTREPOSTOS: PRODUTIVIDADES MÉDIAS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.5. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS E PERSPECTIVAS DE LOGÍSTICA

DA REDE CATA RIO

C.5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Após as proposições apresentadas nas seções anteriores,

faz-se oportuno discutir preliminarmente alguns aspectos relacionados às áreas de influência dos Entrepostos e à perspectiva da logística de curto e médio prazos da REDE CATA RIO e sua CENTRAL.

Parte-se da seguinte constatação estratégica diacrônica: a) Se, por um lado, a criação da REDE DE

COMERCIALIZAÇÃO CONJUNTA é, sem dúvida, um mecanismo organizativo que potencializa em curto prazo os rendimentos das unidades de catadores -- fortalecendo-as e contribuindo para a disseminação de boas práticas administrativas e produtivas;

b) Por outro lado, as ações encaminhadas no presente devem levar em consideração os focos estratégicos de médio prazo – diante da implantação e operação do COMPERJ. A presença do Complexo Petroquímico viabilizará a plena capacidade da CENTRAL CATA RIO -- então não mais apenas uma racionalizadora da

comercialização conjunta -- como o eixo da transformação e pré-industrialização de parte crescente dos materiais recicláveis recolhidos pelas unidades de catadores associadas.

Nessa perspectiva, fica claro que as ações tomadas nos

anos de 2009 e 2010 serão não somente remediais, de curto prazo, mas decisivas na estratégia de médio prazo. Os efeitos de longo prazo estarão, sem dúvida, condicionados e delimitados pelas opções e oportunidades que surgirem ao longo do caminho nos próximos dez anos.

Cabe lembrar que existem alguns empecilhos formais,

legais e estruturais, cuja resolução pode alterar profundamente alguns pontos de estrangulamento no quadro logístico mais geral. Como exemplo citamos:

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266

I) Hoje o transporte e o transbordo de materiais recicláveis entre unidades seria essencialmente executado através de caminhões trafegando por ruas, avenidas e rodovias. Isto, de imediato significa que o desempenho de uma Rede de Comercialização Conjunta estará sempre subordinado à dependência dos preços dos combustíveis. A adoção de um sistema multi-modal de transporte de materiais recicláveis – com a utilização de ferrovias e barcaças – pode, eventualmente, proporcionar economias de escala e maior estabilidade na operação e nos níveis das receitas líquidas;

II) Ainda com referência a transporte e transbordo de materiais, cabe lembrar que é considerada no Plano Diretor do COMPERJ, a possibilidade de implantação de uma linha de metrô do Rio de Janeiro – passando por sob a Baía da Guanabara – e atingindo os municípios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Por ousada que seja a proposta – e considerados os tempos e custos envolvidos – esta seria uma alternativa apenas considerável no longo prazo. Nesse caso, não se deve descartar a possibilidade da introdução de um transbordo noturno em altas velocidades, em carros especiais do metrô, e a custos baixíssimos entre o Centro do Rio de Janeiro e a CENTRAL CATA RIO em Itaboraí;

III) A atual legislação ainda não isenta de impostos diversos os transportes interestaduais e alguns tipos de processamento de materiais recicláveis. Isto dificulta e encarece o transbordo de materiais recicláveis, por exemplo, do sul de Minas Gerais – na região de Juiz de Fora e Leopoldina – para a CENTRAL CATA RIO. Também cria empecilhos para a eventual incorporação de unidades do sul do Espírito Santo e possivelmente afetaria a capacidade da própria CENTRAL em comercializar recicláveis não-petroquímicos a preços mais competitivos junto a indústrias de outros estados;

IV) Diante de imprecisões na Lei Federal que regulamente a matéria, devem ser envidados esforços junto aos poderes públicos estadual e municipais para garantir que seja interrompido o processo de destinação de materiais recicláveis para os Aterros Sanitários, sem que sejam previamente efetuadas a separação e a coleção

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seletiva do lixo urbano bruto. As práticas atuais levam à consideráveis perdas no potencial de volumes brutos de materiais recicláveis, hoje enterrados com custos para o erário público. Entretanto, a superação deste tipo de estrangulamento pode eventualmente criar conflitos com as diversas empresas terceirizadas na coleta do lixo urbano, vale ressaltar;

V) A importação e a exportação de determinados tipos de materiais recicláveis podem ser um tópico logístico adicional não levado explicitamente em conta neste trabalho. Existem dificuldades tarifárias e estruturais a superar. A eventual incorporação de fluxos procedentes do -- e direcionados ao -- mercado externo pode ser fator importante de ganhos de produtividades;

Explicitadas essas dificuldades logísticas de curto

prazo, procedamos à discussão sumária dos procedimentos operacionais de implantação da REDE CATA RIO:

� No curtíssimo prazo devem ser estabelecidos

dois Entrepostos: os ENTREPOSTOS DAS DOCAS e NORTE. As unidades presentes em suas áreas de influência são numerosas e potencialmente provêem os volumes de materiais necessários para obter economias de escala adequadas. Os galpões destinados a estes Entrepostos estão disponíveis, e os valores de investimentos imediatos em equipamentos e instalações são pontuais e relativamente pequenos.

� Também no curtíssimo prazo, estabelecer a estrutura administrativa da CENTRAL CATA RIO, que, provisoriamente será alojada em escritório na cidade do Rio de Janeiro. Esta CENTRAL atuará na coordenação logística e operacional da comercialização conjunta e na implementação dos quatro Entrepostos aqui mencionados.

� Iniciar de imediato a procura de um local adequado para a implantação do ENTREPOSTO DUTRA. Caso não seja encontrado galpão disponível nas imediações sugeridas, avaliar a oportunidade de obter doação de terreno público que seja destinado à construção da infraestrutura física do Entreposto. O

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estabelecimento definitivo do ENTREPOSTO DUTRA depende do tempo que for envolvido para solucionar esses entraves e dos volumes de investimentos disponíveis. Vale, entretanto lembrar outra vez, a característica estratégica da existência desse Entreposto.

� O ENTREPOSTO DE ITABORAÍ, no ano de 2009, será singularmente um NÚCLEO – consideradas apenas as unidades de catadores da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro situadas em

sua área de influência. Investimentos devem ser feitos para equipar o galpão existente e para fortalecer as unidades que compõem esse NÚCLEO. Durante o ano de 2009 deverá ser efetuado levantamento analítico amplo e exaustivo das unidades de catadores de materiais recicláveis – já existentes ou em formação – fora da Região Metropolitana do

Rio de Janeiro, mas dentro de sua área de

influência. Não é necessário salientar novamente a importância estratégica do ENTREPOSTO DE ITABORAÍ.

� As disposições acima fornecem um panorama temporal sumário das etapas de implantação dos quatro ENTREPOSTOS e da CENTRAL CATA RIO. Na seção C.6 serão discutidos os benefícios dessa implantação em dois momentos: i) após a implantação de cada Entreposto, considerados apenas os ganhos em eficiência de mercado e eficiência econômica de suas próprias unidades de catadores; ii) após a implantação dos quatro Entrepostos e da plena operação da

CENTRAL CATA RIO no processo de

comercialização conjunta, então considerados todos os ganhos conjuntos em eficiências.

� No médio prazo devem ser estabelecidos os critérios e os custos para a implantação de ENTREPOSTOS adicionais, situados em outras áreas do estado do Rio de Janeiro, e, possivelmente, em regiões de outros estados que sejam adjacentes, e que demonstrem vantagens logísticas em serem agregadas à REDE CATA RIO. O estabelecimento de relações formais e comerciais com outras redes de comercialização de materiais recicláveis já existentes deve ser considerado.

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269

C.5.2. AS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS QUATRO ENTREPOSTOS

As áreas de influência de cada um dos Entrepostos aqui

discutidos podem ser vistas na FIGURA C.5.1. A área de influência do ENTREPOSTO DAS DOCAS aqui aparece em azul; a área de influência do ENTREPOSTO NORTE em amarelo; a área de influência do ENTREPOSTO DUTRA em verde; e a área de influência do ENTREPOSTO DE ITABORAÍ em vermelho57. Observar que para facilitar o enquadramento o Norte magnético foi inclinado cerca de 45o à esquerda.

FIGURA C.5.1: ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS: REGIÃO DA BAÍA DA GUANABARA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Essas mesmas áreas de influência podem ser vistas na

FIGURA C.5.2, onde foram acrescentadas as principais artérias de transporte rodoviário da região considerada.

57 Os tons das cores utilizadas foram diferentes dos anteriormente convencionados para evidenciar eficiências diferenciais, embora possam haver objeções.

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FIGURA C.5.2: ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS: REGIÃO DA BAÍA DA GUANABARA – PRINCIPAIS ARTÉRIAS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

As FIGURAS C.5.3 e C.5.4 incluem os galpões dos Entrepostos. A primeira figura limita-se a uma visão mais próxima do lado sul da Baía da Guanabara, incluindo a maior parte do município do Rio de Janeiro e os três Entrepostos situados nessa área geográfica. A segunda figura fornece uma visão mais ampla da situação espacial dos quatro Entrepostos.

Deve ser observado que a área de influência do ENTREPOSTO

DAS DOCAS é seguramente a menor em Km2, porém é a mais densamente habitada e a de maior poder aquisitivo – importando em maior volume de materiais recicláveis em seus lixos urbanos. Adicionalmente, a sua localização junto ao porto do Rio de Janeiro pode abrir futuras perspectivas de transbordos por meio aquático.

A área de influência do ENTREPOSTO NORTE é francamente ao

longo de um eixo norte-sul, grosso modo, ao longo da rodovia Washington Luís, trecho da Avenida Brasil e Linha Amarela ao sul. Notar que -- até que o ENTREPOSTO DE ITABORAÍ seja definitivamente estabelecido -- o ENTREPOSTO NORTE pode ancorar temporariamente as unidades da Região Serrana.

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FIGURA C.5.3: ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS: LOCALIZAÇÃO DOS GALPÕES DAS DOCAS, NORTE E DUTRA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

O ENTREPOSTO DUTRA tem a sua área de influência definida

ao longo da rodovia Presidente Dutra, mas potencialmente também deve ancorar as unidades próximas à Avenida Brasil na direção da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Essas últimas unidades de catadores podem temporariamente ser abrigadas no ENTREPOSTO NORTE, se for o caso, diante do tempo necessário para a definitiva implantação do ENTREPOSTO DUTRA.

O ENTREPOSTO DE ITABORAÍ – dada a sua relativa distância

com os demais Entrepostos – tem a vocação de abranger uma área de influência superior à representada na FIGURA C.5.4. Esse potencial deverá ser demonstrado pela incorporação de unidades de catadores de regiões relativamente densas em população, porém dispersas do ponto vista espacial.

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FIGURA C.5.4: ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS ENTREPOSTOS: LOCALIZAÇÃO DOS QUATRO GALPÕES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

C.5.3. PERSPECTIVAS DE LOGÍSTICA DA CENTRAL CATA RIO

A logística é um instrumento de planejamento estratégico

que necessita ser adaptada às circunstâncias objetivas e revisada periodicamente. Desta forma é prematura a elaboração detalhada de ações que visem implementar canais de escoamento; estações de transbordo diferenciadas por materiais; ou a incorporação de mecanismos de controle que proporcionem a regularização dos fluxos e a manutenção de estoques.

Entretanto, algumas perspectivas de logística para a

atuação da CENTRAL CATA RIO e dos seus quatro Entrepostos iniciais são visíveis.

Em um primeiro momento – com a constituição do ENTREPOSTO

DAS DOCAS e do ENTREPOSTO NORTE – a comercialização conjunta

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deve ter o seu início. Num segundo momento -- com a implantação do ENTREPOSTO DE ITABORAÍ -- novos fluxos de materiais são viabilizados. A FIGURA C.5.5 representa esses fluxos.

FIGURA C.5.5: PERSPECTIVAS DA LOGÍSTICA REGIONAL: ENTREPOSTO DE ITABORAÍ

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A FIGURA C.5.6 apresenta uma perspectiva da logística

regional, apresentando os quatro galpões, além da CENTRAL CATA RIO, já implantada. Os fluxos de materiais recicláveis -- representados através de setas vermelhas e azuis claras – seguem as principais artérias da região.

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FIGURA C.5.6: PERSPECTIVAS DA LOGÍSTICA REGIONAL: REDE CATA RIO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

A consolidação da REDE CATA RIO possibilitará a sua

eventual ampliação através da implantação de novos Entrepostos Regionais, ampliando a sua área de influência. A FIGURA C.5.7 ilustra uma possível ampliação dessa área de atuação, através da adição de mais seis Entrepostos no Estado do Rio de Janeiro e de um Entreposto na região Sul do estado de Minas Gerais.

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FIGURA C.5.7: PERSPECTIVAS DA LOGÍSTICA REGIONAL DA REDE CATA RIO AMPLIADA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Nessa perspectiva de ampliação da REDE CATA RIO a médio e

a longo prazos, a logística esquemática básica da rede em plena operação pode ser representada pela FIGURA C.5.8. Observar os papéis estratégicos que os Entrepostos Dutra e de Itaboraí passam a jogar nessa situação:

a) O ENTREPOSTO DUTRA passa a ser o eixo de

integração com os Entrepostos ou unidades de catadores ao longo da via Dutra e da BR-101-Sul;

b) O ENTREPOSTO DE ITABORAÍ passa a ser o eixo de integração com os Entrepostos ou unidades da região dos Lagos, da região Serrana e do Norte Fluminense.

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FIGURA C.5.8: LOGÍSTICA ESQUEMÁTICA SIMPLIFICADA DA REDE CATA RIO AMPLIADA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.6. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DOS QUATRO ENTREPOSTOS E DA CENTRAL CATA RIO

C.6.1. CARACTERIZAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS ANALISADOS

A implementação de uma estrutura complexa como o conjunto

de quatro Entrepostos e da CENTRAL CATA RIO trará uma infinidade de benefícios organizativos e administrativos ao processo de reciclagem de materiais. Os impactos sociais e ambientais também são consideráveis.

Nesta Seção, são tratados os benefícios potenciais de

natureza econômica que serão decorrentes da implantação dos Entrepostos e da Central de Comercialização Conjunta. Entretanto, faz-se necessário explicitar a metodologia de mensuração desses impactos econômicos potenciais.

Em primeiro lugar, é necessário entender como as três

eficiências – anteriormente discutidas na Seção C.3 -- estão interligadas. A FIGURA C.6.1 explicita de maneira objetiva esta relação.

FIGURA C.6.1: RELAÇÃO ENTRE AS EFICIÊNCIAS

FONTE: OP. CIT. – GERI/PANGEA – 2006

Fica evidente que a eficiências econômicas dependem

diretamente das eficiências físicas e das eficiências de mercado.

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Assim, quaisquer acréscimos nas eficiências físicas ou nas eficiências de mercado serão diretamente refletidos sobre as eficiências econômicas.

Em geral, uma unidade de catadores isolada só tem meios

de procurar aumentar as suas eficiências econômicas através do aumento de suas eficiências físicas. Mesmo isso é dificultoso e custoso, pois implica na capitalização da unidade para viabilizar a aquisição de equipamentos e instalações. Sem financiamento externo – preferivelmente a fundo perdido – torna-se impossível o incremento em eficiências físicas, dada a incapacidade de efetuar poupanças e acumulações internas. Ademais, as necessidades específicas de investimentos em equipamentos e instalações (galpões, prensas, balanças, carrinhos ou caminhões) são requisitos

individuais de cada unidade de catadores. Entretanto – pela característica oligopsônica do mercado

de materiais recicláveis, povoada por intermediários escalonados – mesmo o aumento nas eficiências físicas encontram obstáculos na comercialização, por inexistência de escala e capacidade de estocagem. Em outras palavras, as eficiências de mercado são relativamente inelásticas ao aumento das produtividades físicas.

É evidente que, com os acréscimos obtidos nas eficiências

físicas, uma unidade de catadores também alcança ganhos em suas eficiências econômicas. Mas esses ganhos acabam sendo limitados pela impossibilidade de alteração significativa nas suas eficiências de mercado.

Uma Rede de Comercialização Conjunta – a exemplo da REDE

CATA RIO – rompe com essas limitações sobre as eficiências de mercado, amplificando suas escalas e volumes e gerando capacidade de estocagem de alguns materiais. De certa forma, a implantação da rede -- embora não dispensando investimentos no aumento das produtividades físicas de cada unidade – inverte o processo: rompe os obstáculos existentes pela concentração do mercado de recicláveis. Assim -- ainda que as eficiências físicas das unidades de catadores associadas à Rede de Comercialização Conjunta permaneçam as mesmas -- surgem ganhos em eficiências econômicas derivados dos acréscimos obtidos nas eficiências de mercado.

É evidente que o ideal é a simultânea melhoria nas

eficiências físicas e de mercado, gerando impactos bastante relevantes sobre as eficiências econômicas globais.

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Entretanto – como já mencionado anteriormente – os investimentos em acréscimos de produtividades físicas ainda permanecem dependentes de suas alocações específicas e pontuais.

Assim, diante das considerações acima, nesta Seção serão

examinados apenas os benefícios em eficiências econômicas derivados de ganhos em eficiências de mercado, obtidas:

a) por ocasião da entrada em operação de cada

Entreposto, consideradas apenas as unidades de catadores componentes de cada Entreposto;

b) por ocasião da entrada em plena operação da Central de Comercialização Conjunta, composta pelos quatro Entrepostos, sob a coordenação administrativa da CENTRAL CATA RIO.

Nos próximos itens desta Seção, serão analisados esses

benefícios econômicos potenciais decorrentes da implantação de cada um dos quatro Entrepostos.

C.6.2. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO

ENTREPOSTO DAS DOCAS

O QUADRO C.6.1 apresenta os benefícios econômicos

potenciais auferidos por cada uma das unidades de catadores componentes do ENTREPOSTO DAS DOCAS. Na primeira coluna estão as receitas atualmente auferidas por cada unidade de catadores deste Entreposto. A segunda e a terceira colunas avaliam os benefícios auferidos pela entrada em operação do Entreposto. A quarta e a quinta colunas evidencia os benefícios adicionais a serem alcançados com a plena operação da Central de Comercialização Conjunta CATA RIO. A última coluna apresenta os benefícios econômicos totais, em pontos percentuais.

A FIGURA C.6.2 evidencia os benefícios comparativos em

receitas (R$) obtidos por cada uma das unidades ligada ao ENTREPOSTO DAS DOCAS com a sua entrada em operação; com a entrada em operação da Central de Comercialização; e os benefícios potenciais totais. A FIGURA C.6.3 apresenta os

Page 281: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

281

mesmos benefícios acrescidos, avaliados em pontos percentuais.

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QUADRO C.6.1: ENTREPOSTO DAS DOCAS: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.2: ENTREPOSTO DAS DOCAS: COMPARATIVO DE RECEITAS (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.3: ENTREPOSTO DAS DOCAS: ACRÉSCIMO DE RECEITAS (%)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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Do ponto de vista dos catadores de materiais recicláveis ligados a cada uma das unidades do ENTREPOSTO DAS DOCAS cabe avaliar os benefícios potenciais de sua implantação sobre o faturamento per capita. Na maior parte dos casos, esse valor coincide com a receita bruta por catador, indicador da eficiência econômica.

O QUADRO C.6.2 apresenta esses benefícios potenciais em

termos monetários correntes (R$) nas duas últimas colunas: a primeira decorrente da implantação do Entreposto e a segunda após a plena operação da Central de Comercialização. A FIGURA C.6.4 possibilita avaliar esses benefícios de forma gráfica.

QUADRO C.6.2: ENTREPOSTO DAS DOCAS: BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.4: ENTREPOSTO DAS DOCAS: COMPARATIVO DE BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.6.3. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO

ENTREPOSTO NORTE

O QUADRO C.6.3 apresenta os benefícios econômicos

potenciais auferidos por cada uma das unidades de catadores componentes do ENTREPOSTO NORTE. Na primeira coluna estão as receitas atualmente auferidas por cada unidade de catadores deste Entreposto. A segunda e a terceira colunas avaliam os benefícios auferidos pela entrada em operação do Entreposto. A quarta e a quinta colunas evidenciam os benefícios adicionais a serem alcançados com a plena operação da Central de Comercialização Conjunta CATA RIO. A última coluna apresenta os benefícios econômicos totais, em pontos percentuais.

A FIGURA C.6.5 evidencia os benefícios comparativos em

receitas (R$) obtidos por cada uma das unidades ligada ao ENTREPOSTO NORTE com a sua entrada em operação; com a entrada em operação da Central de Comercialização; e os benefícios potenciais totais. A FIGURA C.6.6 apresenta os mesmos benefícios acrescidos, avaliados em pontos percentuais.

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QUADRO C.6.3: ENTREPOSTO NORTE: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.5: ENTREPOSTO NORTE: COMPARATIVO DE RECEITAS (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.6: ENTREPOSTO NORTE: ACRÉSCIMO DE RECEITAS (%)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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Do ponto de vista dos catadores de materiais recicláveis ligados a cada uma das unidades do ENTREPOSTO NORTE cabe avaliar os benefícios potenciais de sua implantação sobre o faturamento per capita. Na maior parte dos casos, esse valor coincide com a receita bruta por catador, indicador da eficiência econômica.

O QUADRO C.6.4 apresenta esses benefícios potenciais em

termos monetários correntes (R$) nas duas últimas colunas: a primeira decorrente da implantação do Entreposto e a segunda após a plena operação da Central de Comercialização. A FIGURA C.6.7 possibilita avaliar esses benefícios de forma gráfica.

QUADRO C.6.4: ENTREPOSTO NORTE: BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Page 293: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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FIGURA C.6.7: ENTREPOSTO NORTE: COMPARATIVO DE BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Page 294: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

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C.6.4. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO

ENTREPOSTO DUTRA

O QUADRO C.6.5 apresenta os benefícios econômicos

potenciais auferidos por cada uma das unidades de catadores componentes do ENTREPOSTO DUTRA. Na primeira coluna estão as receitas atualmente auferidas por cada unidade de catadores deste Entreposto. A segunda e a terceira colunas avaliam os benefícios auferidos pela entrada em operação do Entreposto. A quarta e a quinta colunas evidenciam os benefícios adicionais a serem alcançados com a plena operação da Central de Comercialização Conjunta CATA RIO. A última coluna apresenta os benefícios econômicos totais, em pontos percentuais.

A FIGURA C.6.8 evidencia os benefícios comparativos em

receitas (R$) obtidos por cada uma das unidades ligada ao ENTREPOSTO DUTRA com a sua entrada em operação; com a entrada em operação da Central de Comercialização; e os benefícios potenciais totais. A FIGURA C.6.9 apresenta os mesmos benefícios acrescidos, avaliados em pontos percentuais.

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QUADRO C.6.5: ENTREPOSTO DUTRA: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.8: ENTREPOSTO DUTRA: COMPARATIVO DE RECEITAS (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.9: ENTREPOSTO DUTRA: ACRÉSCIMO DE RECEITAS (%)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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Do ponto de vista dos catadores de materiais recicláveis ligados a cada uma das unidades do ENTREPOSTO DUTRA cabe avaliar os benefícios potenciais de sua implantação sobre o faturamento per capita. Na maior parte dos casos, esse valor coincide com a receita bruta por catador, indicador da eficiência econômica.

O QUADRO C.6.6 apresenta esses benefícios potenciais em

termos monetários correntes (R$) nas duas últimas colunas: a primeira decorrente da implantação do Entreposto e a segunda após a plena operação da Central de Comercialização. A FIGURA C.6.10 possibilita avaliar esses benefícios de forma gráfica.

QUADRO C.6.6: ENTREPOSTO DUTRA: BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.10: ENTREPOSTO DUTRA: COMPARATIVO DE BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.6.5. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DO

ENTREPOSTO DE ITABORAÍ

O QUADRO C.6.7 apresenta os benefícios econômicos

potenciais auferidos por cada uma das unidades de catadores componentes do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ. Na primeira coluna estão as receitas atualmente auferidas por cada unidade de catadores deste Entreposto. A segunda e a terceira colunas avaliam os benefícios auferidos pela entrada em operação do Entreposto. A quarta e a quinta colunas evidenciam os benefícios adicionais a serem alcançados com a plena operação da Central de Comercialização Conjunta CATA RIO. A última coluna apresenta os benefícios econômicos totais, em pontos percentuais.

A FIGURA C.6.11 evidencia os benefícios comparativos em

receitas (R$) obtidos por cada uma das unidades ligada ao NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ com a sua entrada em operação; com a entrada em operação da Central de Comercialização; e os benefícios potenciais totais. A FIGURA C.6.12 apresenta os mesmos benefícios acrescidos, avaliados em pontos percentuais.

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QUADRO C.6.7: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.6.11: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS POTENCIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.12: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: ACRÉSCIMO DE RECEITAS (%)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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Do ponto de vista dos catadores de materiais recicláveis ligados a cada uma das unidades do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ cabe avaliar os benefícios potenciais de sua implantação sobre o faturamento per capita. Na maior parte dos casos, esse valor coincide com a receita bruta por catador, indicador da eficiência econômica.

O QUADRO C.6.8 apresenta esses benefícios potenciais em

termos monetários correntes (R$) nas duas últimas colunas: a primeira decorrente da implantação do Entreposto e a segunda após a plena operação da Central de Comercialização. A FIGURA C.6.13 possibilita avaliar esses benefícios de forma gráfica. QUADRO C.6.8: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: BENEFÍCIOS

POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.6.13: NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ: COMPARATIVO DE BENEFÍCIOS POTENCIAIS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.7. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS RELATIVAS DOS QUATRO ENTREPOSTOS

C.7.1. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS FÍSICAS DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

Como mencionado na Seção C.5 as eficiências físicas dos Entrepostos só serão alteradas através de investimentos pontuais em algumas unidades de catadores. A desejável alteração nas produtividades físicas de todas as unidades é substancialmente dispendiosa – dado o volume da capitalização necessário -- e necessita de alguns anos para a sua completa e adequada implementação. Assim, somente a médio e longo

prazos será possível esperar significativos ganhos em eficiências físicas para a maioria das unidades de catadores.

Torna-se assim, bastante importante analisar as

eficiências físicas que seriam hoje existentes caso os Entrepostos fossem resultantes da agregação justaposta das unidades de catadores da amostra pesquisada, conforme anteriormente discutido.

O QUADRO C.7.1 apresenta as eficiências físicas dos

Entrepostos assim constituídos. Observa-se que os produtos são desagregados nas 21 categorias de materiais e que os volumes gravimétricos são expressos per capita, ou seja, por catador envolvido em cada unidade.

Novamente foi adotada a legenda que permite interpretar

os resultados rapidamente. Os valores médios das eficiências físicas para cada categoria de materiais estão apresentados na última coluna. Nas demais colunas – comparativamente aos valores da média – aparecem em vermelho os valores abaixo da média; em preto os valores acima da média; e em azul os valores que sejam pelo menos o dobro da média.

Como anteriormente, essa convenção permitirá perceber de

imediato o que ocorre em termos de produtividade média per capita de cada caso.

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QUADRO C.7.1: EFICIÊNCIAS FÍSICAS DOS ENTREPOSTOS: MATERIAIS – (Kg/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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O QUADRO C.7.2 sumariza o número de ocorrências de cada nível de eficiências físicas das categorias de materiais, em cada Entreposto, comparadas com a média geral.

LEGENDA

ABAIXO DA MÉDIA

ACIMA DA MÉDIA

MAIS DO QUE O DOBRO DA MÉDIA

QUADRO C.7.2: EFICIÊNCIAS FÍSICAS DOS ENTREPOSTOS: QUADRO DE EFICIÊNCIAS RELATIVAS (Kg/Cat)

EFICIÊNCIAS FÍSICAS

Kg/Catador DOCAS NORTE DUTRA ITABORAÍ

AZUL: > 2x média 0 4 3 5

PRETO: acima da média 10 9 1 2

VERMELHO: abaixo da média 8 7 15 9

NÃO PRODUZ 3 1 2 5

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Comparando os resultados das duas tabelas acima

apresentadas, observa-se que embora o ENTREPOSTO DAS DOCAS apresente a maior eficiência física média agregada (consulte o QUADRO C.7.1, por favor), ele não demonstra nenhuma eficiência que corresponda ao dobro das médias das produtividades dos materiais, quando desagregados. O resultado é obtido pela maior constância em produtividades acima das médias em 10 das 21 categorias de materiais.

O ENTREPOSTO NORTE, de perfil bem diferente, atinge

resultados desagregados ainda superiores. Isto faz desses dois Entrepostos as âncoras iniciais da REDE CATA RIO.

O ENTREPOSTO DUTRA demonstra eficiências físicas quase

que sistematicamente abaixo das médias e suas altas produtividades ocorrem em materiais menos tradicionais. Isto

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309

evidencia a necessidade de destinar recursos pontuais às unidades do ENTREPOSTO DUTRA de forma a contribuir para a sua melhor eficiência física.

O NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ apresenta valores

extremos concentrando-se em um menor número de materiais. Tratando-se de um núcleo com apenas duas unidades iniciais, alguns desses valores podem ser representativos de apoio pontual similar, visando o aumento de sua eficiência física.

A FIGURA C.7.1 retrata esses diferenciais expressivos

hoje existentes nas eficiências físicas entre os Entrepostos, quando os seus produtos são desagregados em 21 categorias de materiais.

Nesse sentido, a instalação dos Entrepostos e a

constituição da Rede de Comercialização Conjunta podem ter um efeito de dispersão de técnicas e práticas que melhorem a eficiência física média conjunta. Esse resultado, entretanto, dependerá crucialmente da forma em que cada Entreposto seja administrado e do processo de decisão interno adotados58.

58 Por exemplo, através da co-utilização de equipamentos e/ou meios de transporte de materiais recicláveis.

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FIGURA C.7.1: EFICIÊNCIAS FÍSICAS DOS ENTREPOSTOS: GRÁFICO COMPARATIVO POR MATERIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.7.2. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

A eficiência econômica será a mais diretamente afetada

pela implantação dos Entrepostos e pela criação da CENTRAL CATA RIO. A melhoria das eficiências econômicas das unidades de catadores nessas duas etapas dar-se-á primordialmente através do aumento, em curto prazo, de suas respectivas eficiências de mercado.

Com o objetivo de servir de base para comparações, torna-

se oportuno analisar as eficiências econômicas que seriam hoje existentes caso os Entrepostos fossem resultantes da agregação justaposta das unidades de catadores da amostra pesquisada, conforme anteriormente discutido.

O QUADRO C.7.3 apresenta as eficiências econômicas dos

Entrepostos assim constituídos. Observa-se que os produtos são desagregados nas 21 categorias de materiais e que os valores são expressos per capita, ou seja, por catador envolvido em cada unidade.

Novamente foi adotada a legenda que permite interpretar

os resultados rapidamente. Os valores médios das eficiências econômicas para cada categoria de materiais estão apresentados na última coluna. Nas demais colunas – comparativamente aos valores da média – aparecem em vermelho os valores abaixo da média; em preto os valores acima da média; e em azul os valores que sejam pelo menos o dobro da média.

Como anteriormente, essa convenção permitirá perceber de

imediato o que ocorre em termos de produtividade média per capita de cada caso.

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QUADRO C.7.3: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS ENTREPOSTOS: MATERIAIS – (R$/Cat)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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O QUADRO C.7.4 sumariza o número de ocorrências de cada nível de eficiências econômicas das categorias de materiais, em cada Entreposto, comparadas com a média geral.

LEGENDA

ABAIXO DA MÉDIA

ACIMA DA MÉDIA

MAIS DO QUE O DOBRO DA MÉDIA

QUADRO C.7.4: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS ENTREPOSTOS: QUADRO DE EFICIÊNCIAS RELATIVAS (R$/Cat)

EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS

R$/Catador DOCAS NORTE DUTRA ITABORAÍ

AZUL: > 2x média 0 5 2 3

PRETO: acima da média 7 9 2 4

VERMELHO: abaixo da média 11 6 14 9

NÃO PRODUZ 3 1 3 5

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008 Comparando os resultados das duas tabelas acima

apresentadas, observa-se que o ENTREPOSTO DAS DOCAS apresenta uma eficiência econômica média agregada bastante abaixo do demonstrado em sua eficiência física (consulte os QUADROS C.7.1 e C.7.3, por favor). Novamente ele não demonstra nenhuma entrada que corresponda ao dobro das médias das eficiências econômicas, quando desagregados os materiais. Na verdade este Entreposto demonstra uma eficiência econômica abaixo das médias em 11 das 21 categorias de materiais, demonstrando grandes dificuldades de comercialização a preços adequados.

O ENTREPOSTO NORTE, atinge bons níveis de eficiências

econômicas para diversos produtos, demonstrando sair-se bem melhor em termos de comercialização em condições mais

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favoráveis. Ainda assim, esses dois Entrepostos apresentam as maiores eficiências econômicas dentre todos os quatro.

Novamente, o ENTREPOSTO DUTRA demonstra eficiências econômicas sistematicamente abaixo das médias e suas altas produtividades ocorrem em materiais menos tradicionais.

Similarmente, embora demonstrando uma eficiência

econômica média próxima à do ENTREPOSTO DAS DOCAS, o NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ apresenta valores extremos concentrando-se em um menor número de materiais. Tratando-se de um núcleo com apenas duas unidades iniciais, alguns desses valores podem ser episódicos, merecendo uma nova avaliação quando da constituição final do ENTREPOSTO DE ITABORAÍ.

A FIGURA C.7.2 retrata diferenciais hoje existentes

também expressivos nas eficiências econômicas entre os Entrepostos, quando os seus produtos são desagregados em 21 categorias de materiais.

Como já foi referido na Seção C.6 – e será demonstrado

mais adiante -- a instalação dos Entrepostos e a constituição da Rede de Comercialização Conjunta terão efeitos considerável sobre as eficiências econômicas das unidades dos Entrepostos, em cada uma dessas etapas.

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FIGURA C.7.2: EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS DOS ENTREPOSTOS: GRÁFICO COMPARATIVO POR MATERIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.7.3. ANÁLISE DAS EFICIÊNCIAS DE MERCADO DOS ENTREPOSTOS: DETALHAMENTO POR PRODUTOS

A eficiência de mercado será a mais diretamente afetada

pela implantação dos Entrepostos e pela criação da CENTRAL CATA RIO. A melhoria das eficiências econômicas das unidades de catadores nessas duas etapas dar-se-á primordialmente através do aumento, em curto prazo, de suas respectivas eficiências de mercado.

Isto significa que as variações percentuais dos ganhos em

eficiências econômicas serão idênticas aos das variações das eficiências de mercado59. Por essa razão as alterações nas

eficiências de mercado podem ser diretamente observadas nas variações das eficiências econômicas.

Com o objetivo de servir de base para a avaliação dos

benefícios da Rede de Comercialização Conjunta, torna-se oportuno analisar as eficiências de mercado que seriam hoje existentes caso os Entrepostos fossem resultantes da agregação justaposta das unidades de catadores da amostra pesquisada, conforme anteriormente discutido.

O QUADRO C.7.5 apresenta as eficiências de mercado dos

Entrepostos assim constituídos. Observa-se que os produtos são desagregados nas 21 categorias de materiais e que os valores são expressos per capita, ou seja, por catador envolvido em cada unidade.

59 Na ausência de variações significativas nas eficiências físicas, é claro. Caso haja variações nas eficiências físicas os benefícios nas eficiências econômicas e de mercado diferirão.

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QUADRO C.7.5: EFICIÊNCIAS DE MERCADO DOS ENTREPOSTOS: MATERIAIS – (R$/Kg)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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O QUADRO C.7.6 sumariza o número de ocorrências de cada nível de eficiências de mercado das categorias de materiais, em cada Entreposto, comparadas com a média geral.

LEGENDA

ABAIXO DA MÉDIA

ACIMA DA MÉDIA

MAIS DO QUE O DOBRO DA MÉDIA

QUADRO C.7.6: EFICIÊNCIAS DE MERCADO DOS ENTREPOSTOS: QUADRO DE EFICIÊNCIAS RELATIVAS (R$/Kg)

EFICIÊNCIAS DE MERCADO

R$/Kg DOCAS NORTE DUTRA ITABORAÍ

AZUL: > 2x média 0 1 0 1

PRETO: acima da média 9 14 5 6

VERMELHO: abaixo da média 9 5 13 9

NÃO PRODUZ 3 1 3 5

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

Observa-se que, com a provável exceção de alguns poucos produtos comercializados pelo ENTREPOSTO NORTE e pelas unidades componentes do NÚCLEO DO ENTREPOSTO DE ITABORAÍ, as eficiências de mercado apresentadas são bastante baixas. Mais do que isso, a maioria dos produtos de todos os Entrepostos é comercializada de forma muito diferencial, gerando disparidade de eficiências de mercado consideráveis.

São justamente esses diferenciais de eficiências de

mercado que potencialmente podem ser uniformizados, gerando os ganhos de eficiências econômicas nas etapas de constituição dos Entrepostos, e na entrada em plena operação da Central de Comercialização Conjunta.

A FIGURA C.7.3 retrata diferenciais hoje existentes

bastante expressivos nas eficiências de mercado entre os

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Entrepostos, quando os seus produtos são desagregados em 21 categorias de materiais.

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FIGURA C.7.3: EFICIÊNCIAS DE MERCADO DOS ENTREPOSTOS: GRÁFICO COMPARATIVO POR MATERIAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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C.7.4. SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: BENEFÍCIOS POTENCIAIS CONJUNTOS

Neste item serão sumarizadas as informações geradas nos itens anteriores desta seção, compondo-os com os resultados da Seção C.6.

O QUADRO C.7.4 sumariza os benefícios potenciais

conjuntos dos Entrepostos. As FIGURAS C.7.4 e C.7.5 apresentam os benefícios

potenciais em receitas brutas, respectivamente em valores monetários correntes e em termos percentuais. Em ambos os casos existem dois degraus: o primeiro degrau representa os benefícios potenciais advindos da implantação dos entrepostos; o segundo degrau representa os benefícios potenciais totais após a operacionalização da Central de Comercialização Conjunta.

O QUADRO C.7.5 sumariza, para os Entrepostos, os

benefícios potenciais médios por catador das unidades desses Entrepostos.

Fechando a Seção C.7, a FIGURA C.7.6 permite visualizar,

em termos percentuais, os acréscimos de benefícios potenciais médios por catador das unidades componentes de cada Entreposto.

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QUADRO C.7.4: SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: BENEFÍCIOS POTENCIAIS CONJUNTOS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.7.4: SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: COMPARATIVO DE RECEITAS TOTAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.7.5: SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: ACRÉSCIMOS MÉDIOS DE RECEITAS – (%)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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QUADRO C.7.5: SUMÁRIO DOS ENTREPOSTOS: BENEFÍCIOS POTENCIAIS MÉDIOS POR CATADOR (R$)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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FIGURA C.7.6: ACRÉSCIMOS DE BENEFÍCIOS POTENCIAIS MÉDIOS POR CATADOR

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2008

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PARTE D: PERSPECTIVAS DA REDE CATABAHIA

D.1. INTRODUÇÃO À PARTE D Após as análises apresentadas nas PARTES A, B e C deste

estudo duas conclusões destacam-se:

a) Redes de Comercialização Conjunta de organizações de catadores de materiais recicláveis aumentam radicalmente suas eficiências de mercado, com efeito direto sobre todas as eficiências econômicas. Este é um fator de agregação de valor que potencializa a inserção social desse segmento social. Assim, as Redes de Comercialização Conjunta são um instrumento estratégico de Tecnologia Social;

b) Formas cooperadas de organização jurídica das unidades dos catadores não são necessariamente menos eficientes do que formas empresariais de estruturação. Pelo contrário: cooperativas de catadores de materiais recicláveis são mais afeitas à inclusão social de seus membros, uma vez que os excedentes gerados são distribuídos -- na maioria dos casos – através de um sistema de pontos correspondentes ao trabalho efetuado. A PARTE B deste trabalho explicitou uma iniciativa empresarial eficiente, que, entretanto, marginaliza o conjunto dos catadores ligados à atividade, privatizando os lucros. Cabe aqui uma decisão importante, caso a atividade seja concebida como tecnologia social de inclusão.

As lições acumuladas nas três PARTES anteriores devem

servir de referência para o avanço da Comercialização Conjunta na Bahia – para a REDE CATABAHIA em particular, e para o conjunto dos trabalhadores deste segmento da atividade de reciclagem no estado.

Parece evidente que a cooperação entre cooperativas de

catadores de materiais recicláveis é muito superior à

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concorrência entre elas, seja por disputa de territórios, seja por especificidades geográficas, seja por elementos advindos do processo de constituição de suas organizações.

O mercado de reciclagem é povoado por um grande número de

intermediários – estratificados e oligopsônicos – e apenas a adesão a uma proposta de unificação de seus recursos poderá superar o atual vazamento de parcela considerável dos excedentes gerados pela atividade. E, argumenta-se aqui, uma Rede de Comercialização Conjunta de materiais recicláveis é um primeiro passo gigantesco nessa direção.

A partir da experiência da REDE CATABAHIA, observou-se

que com o expressivo volume de material reciclável coletado – conforme o tipo de resíduo -- bastaria a inserção de uma tecnologia de baixa relação capital/trabalho para gerar uma agregação de valor significativa -- tendo como conseqüência estratégica o aumento da participação dos catadores no excedente gerado na cadeia da reciclagem.

A REDE CATABAHIA tem a primazia de ter sido a primeira

Rede de Comercialização Conjunta de materiais recicláveis provenientes de cooperativas de catadores no Brasil. Por esta razão, dedica-se nesta parte do trabalho, uma atenção particular à sua constituição e evolução no tempo – detalhando mais precisamente as unidades que hoje a compõem.60

Com esse objetivo, esta PARTE D visa avaliar e

diagnosticar a atual situação das dez plantas de cooperativas da REDE CATABAHIA nos municípios de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, Itapetinga, Itororó, Lauro de Freitas, Alagoinhas, Entre Rios e Mata de São João.

Procura-se combinar uma variedade de evidências

qualitativas e quantitativas que permitam montar um quadro descritivo das condições objetivas dos processos de trabalho dos catadores de materiais recicláveis da REDE CATABAHIA, identificando e qualificando o desempenho do trabalho cooperativo de coleta e reciclagem e/ou avaliando as possibilidades de replicação de sua implantação, caso ele ainda não exista de forma organizada.

60 A evolução da comercialização conjunta na Bahia pode depender de um amplo concerto de interesses das cooperativas de catadores hoje existentes no Estado da Bahia, sob a luz dos diagnóstico e propostas apresentados neste trabalho.

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330

Através da aplicação de questionários e outros levantamentos em pesquisa direta in loco junto aos catadores e suas unidades foram agregadas informações sócio-econômicas que permitem avaliar a estrutura organizativa das cooperativas de catadores de materiais recicláveis da REDE CATABAHIA. Foram objetos da análise aqui apresentada, DEZ cooperativas de catadores que, em seu total, somam 870 cooperados, dos quais 65% são mulheres.

A Seção D.2. apresenta uma descrição acerca do surgimento

da REDE CATABAHIA, suas origens e contexto histórico. Na Seção D.3. são apresentadas as estratégias adotadas

para a incubação e capacitação dos cooperados das unidades da REDE CATABAHIA.

A Seção D.4. é destinada a analisar individualmente as

cooperativas da REDE CATABAHIA em seus mais variados aspectos. Referem-se às visitas realizadas em cada uma das organizações durante a execução deste trabalho.

As Seções seguintes – D.5. e D.6. -- são destinadas a

apresentar os resultados sociais, econômicos e ambientais das cooperativas da REDE CATABAHIA.

A Seção D.7. apresenta os impactos ma constituição de

políticas públicas para a inclusão produtiva dos catadores da REDE CATABAHIA.

Na Seção D.8. são divulgadas as perspectivas logísticas

propostas para a REDE CATABAHIA.

D.2. HISTÓRICO DA REDE CATABAHIA Foi durante as décadas de 70 e 80 que a cidade de

Salvador começou a destinar o lixo urbano produzido por seus cidadãos no lixão que se situava no bairro de Canabrava. Durante vinte anos, essa área foi degradada pela inadequada disposição do lixo, com reflexos negativos em seu entorno, principalmente nas questões referentes ao meio-ambiente e à qualidade de vida da comunidade que ali residia.

O local passou a ser conhecido como o “Lixão de

Canabrava”, onde a presença de catadores -- então chamados de badameiros – chegou a cerca de 1.000 pessoas, entre adultos e

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331

crianças, que sobreviviam dessa atividade em condições precárias e de indigência.

Uma das principais características deste tipo de

atividade – ainda tão comum na Bahia e no Brasil -- é o seu alto grau de insalubridade, pois os catadores de lixões estão expostos a diversas doenças e riscos associados ao contato com resíduos urbanos.

Nesse tipo de trabalho, quando realizados em lixões, são

comuns situações onde crianças e adultos alimentam-se de frutas e de produtos descartados por estarem fora do prazo de validade que foram descarregados nos aterros e lixões. A presença próxima à maquinaria utilizada para o aterramento do lixo (caçambas e tratores) expõe todos a risco de morte, havendo registros de graves acidentes, inclusive fatais.

Tendo em vista que a presença dos lixões traz consigo

graves problemas ambientais em qualquer lugar no mundo, no ano de 2001, a LIMPURB (Empresa de Limpeza Urbana do Salvador) extinguiu o Lixão de Canabrava, passando a direcionar todo o lixo coletado de Salvador para a região do CIA - Aeroporto, onde foi instalado o Aterro Metropolitano do Centro. O processo de extinção do lixão trouxe como conseqüência o fim da única forma de sobrevivência para centenas de catadores que ali sobreviviam.

No ano de 2002, a ONG PANGEA passou a desenvolver

contatos com os catadores do antigo Lixão de Canabrava para construir uma proposta de inclusão social e econômica dessas pessoas.

O objetivo desta proposta foi constituir uma cooperativa

de catadores como forma de eliminar os atravessadores e realizar a venda direta dos materiais recicláveis de forma agregada, melhorando a renda, a auto-estima e a qualidade de vida desses catadores.

Foi neste cenário que foi fundada – em 29 de maio de 2003

- a Cooperativa de Agentes Ecológicos de Canabrava (CAEC), com a missão de promover a inclusão social e econômica de uma população marginalizada socialmente, composta principalmente por antigos catadores que moravam e literalmente catavam seu sustento no antigo Lixão de Canabrava. O objetivo era contribuir para resgatar a dignidade desses trabalhadores, promovendo a melhoria da qualidade de vida e, paralelamente, promover ações em prol do meio ambiente urbano de Salvador.

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Nos anos seguintes, 2003 e 2004, o PANGEA e a CAEC

tomaram um conjunto de iniciativas voltadas para o intercâmbio de experiências de organizações de catadores, encaminhando lideranças de catadores de Salvador para Belo Horizonte (no Festival Nacional Lixo e Cidadania) e Pernambuco (Encontro Estadual dos Catadores, organização do movimento dos catadores na Região Nordeste), bem como percorreram algumas cidades do Estado da Bahia.

Essas visitas serviram para mobilizar os catadores de

lixões e de rua para o I Encontro Estadual dos Catadores de Material Reciclável, que ocorreu nos dias 06 e 07 de fevereiro de 2004 na sede da cooperativa CAEC, sediada em Salvador.

Nesse encontro foram discutidos os principais problemas

que afligiam os catadores da Bahia e quais os melhores caminhos para superá-los. A partir dessa experiência, deu-se início à estruturação do projeto REDE CATABAHIA, formada através da organização intermunicipal das cooperativas de catadores da Bahia, visando à implantação de um organismo específico para o desempenho de atividades relacionadas à comercialização de materiais recicláveis e à geração de condições de competitividade para as cooperativas.

Destaca-se nesse ano a valiosa parceria efetuada com a

PETROBRÁS, através do programa PETROBRÁS Fome Zero. Foi no ano de 2004 que a CAEC ganhou seu primeiro prêmio de Melhor Cooperativa do Nordeste, fornecido pelo Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE).

A passagem do ano 2004 para o ano 2005 é marcada pela

estruturação do projeto REDE CATABAHIA. A estratégia adotada, concebida para ser efetuada em etapas, previu um conjunto de metas que garantissem resultados econômicos, ambientais e sociais sustentáveis -- tanto para as cooperativas quanto para os catadores ao longo do decurso do projeto. As seis principais metas delineadas foram:

I) Realização de rápido diagnóstico participativo

sobre o circuito econômico-social dos materiais recicláveis nos municípios da Bahia;

II) Implantação, fortalecimento e incubação de cooperativas de catadores de material recicláveis nos municípios;

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III) Capacitação dos catadores em Habilidades Básicas, Específicas e de Gestão;

IV) Promoção de Assistência Social e Segurança Alimentar e Nutricional aos cooperados e familiares;

V) Operacionalização de uma rede de coleta seletiva de materiais recicláveis nos municípios selecionados;

VI) Implantação de uma Rede de Comercialização Solidária de materiais recicláveis nos dez municípios baianos operadas pelas cooperati-vas.

A primeira etapa do projeto, em 2005 -- mesmo ano em que

se iniciou o patrocínio da PETROBRÁS -- ocorreu com a união das cooperativas COOBAFS; Recicla Conquista; ITAIRÓ; e CAEC; que, respectivamente, representam os municípios de Feira de Santana; Vitória da Conquista; Itapetinga / Itororó; e Salvador, em torno da REDE CATABAHIA.

Ao final do referido ano, tais cooperativas possuíam em

conjunto aproximadamente 340 catadores, que motivaram cerca de 250.000 pessoas a iniciar campanhas de coleta seletiva e mobilização social para o Meio Ambiente.

A REDE CATABAHIA consolidou-se em 2006, atingindo em seu

segundo ano de funcionamento cerca de 540 agentes ecológicos. Esse salto no número de cooperados está associado ao ingresso de outras quatro cooperativas na Rede: a CORAL de Alagoinhas; a COOPERJE de Jequié; a CAEC no município de Lauro de Freitas; e a VERDECOOP de Entre Rios. Ao final deste ano foram mobilizadas cerca de 500.000 pessoas em campanhas sócio-educativas em defesa do meio ambiente e em favor da coleta seletiva. Foi nesse ano que a CAEC e a REDE CATABAHIA foram premiadas e selecionadas como modelos de cooperativismo inclusivo social, econômico e ambiental.

Logo no início de 2007 cerca de 40 novos cooperados

ingressaram na Rede através da adesão da cooperativa COOPERBRAVA. O foco do projeto, nesse momento, estava voltado para estruturação da Comercialização Conjunta. Em agosto de 2007, a REDE CATABAHIA já contava um total de 870 catadores, distribuídos em nove cooperativas, representando dez municípios da Bahia. Com a mais recente adesão da VERDECOOP – e a ampliação das cooperativas da REDE CATABAHIA, esse número já ultrapassa a casa dos mil cooperados.

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D.3. ESTRATÉGIA ADOTADA PELO PROJETO DA REDE CATABAHIA

O Projeto da REDE CATABAHIA previa na sua implantação

duas dimensões distintas, porém articuladas entre si: a capacitação e a incubação.

A capacitação visa qualificar os catadores, preparando-os

para a redefinição do próprio papel na sociedade -- donos de seus próprios negócios, articuladores e protagonistas de suas vidas.

A incubação das cooperativas se materializa através de

ações de assistência técnica de caráter multidisciplinar, voltadas para as áreas temáticas da gestão cooperativa; educação ambiental; triagem de materiais recicláveis; logística; e agregação de valor. Além de aulas de alfabetização, fazem parte dessa atividade, oficinas de cidadania e apoio sócio-educativo aos cooperados e seus familiares, fomentando o protagonismo dos catadores e visando alcançar a auto-sustentabilidade do empreendimento do ponto de vista econômico e social.

A capacitação e a incubação fazem parte do mesmo

processo, não podendo seus respectivos conteúdos estar dissociadas um do outro. Portanto, não devem ser entendidos como partes isoladas, mas sim articuladas e integradas entre si.

A capacitação, nesse processo, é elemento transversal que

esteve presente ao longo de todo o projeto, ou seja, exercida de forma intensiva e cotidiana. Ela funciona principalmente como um despertar de conhecimentos gerais, específicos, e de valorização da identidade, que são aprofundados e concretizados no processo de incubação. A capacitação atua na construção da identidade coletiva da cooperativa -- variável muitas vezes sub-dimensionada -- porém decisiva para a auto-sustentabilidade social e econômica do grupo.

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D.3.1 CAPACITAÇÃO

D.3.1.1. CONTEÚDO DA CAPACITAÇÃO O Projeto da REDE CATABAHIA trabalhou a Capacitação em

três áreas temáticas centrais: Habilidade Básica (HB); Habilidade Específica (HE); e Habilidade de Gestão (HG) -- totalizando 140 horas de formação.

O módulo Habilidades Básicas (HB) contemplou em seu

conteúdo os seguintes temas: cidadania; auto-estima; segurança no trabalho; higiene; saúde; ética; capacidade de liderança; aprimoramento da compreensão da linguagem oral e escrita; e desenvolvimento do raciocínio lógico.

O módulo de Habilidade Específica (HE) teve como conteúdo

a tecnologia disponível para o trabalho do grupo. A Habilidade Específica foi dividida em duas etapas. A primeira etapa trabalhou as técnicas de coleta seletiva dos materiais recicláveis; a educação ambiental como componente estratégica para o processo de doação dos materiais recicláveis por parte da população; e a montagem de um plano operacional da coleta nos bairros. A segunda etapa trabalhou com os modos de beneficiamento dos materiais recicláveis, em especial as técnicas de enfardamento e agregação de valor.

O módulo de Habilidade de Gestão (HG) foi desenvolvido em

dois blocos. O primeiro bloco tratou da Psicologia Social Comunitária e o segundo debruçou-se sobre a natureza do Cooperativismo. O bloco de Psicologia Social Comunitária teve como objetivo preparar o grupo para a absorção dos conteúdos do módulo sobre cooperativismo, fortalecendo a relação entre os treinandos; o compromisso inter-grupal; e, principalmente, criando as condições para a construção de uma identidade coletiva -- aspecto fundamental para a efetividade do projeto no médio e longo prazo. O segundo bloco diz respeito às temáticas do cooperativismo e gestão de negócios; comercialização; formação de preços; técnicas de administração; e análise do mercado.

A carga horária por participante foi assim distribuída:

� Habilidade Básica: 30 horas. � Habilidade Específica: 30 horas � Habilidade de Gestão: 80 horas

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D.3.1.2. ASPECTOS PEDAGÓGICOS E PARTICIPATIVOS A proposta metodológica empregada considerou um dos

objetivos do projeto, ou seja, gerar trabalho e renda para adultos, com fins de se organizarem nos moldes de uma cooperativa.

A base da proposta cooperativista da REDE CATABAHIA é

expressamente o ser humano e não o lucro – que se afirma baseada na participação democrática e igualitária de cada um dos cooperativados. Esses deixam de ser empregados e/ou desempregados -- quase sempre envolvidos em atividades informais na perspectiva da luta diária pela sobrevivência -- para serem, como sujeito coletivo, donos de seus próprios negócios.

Tendo em vista as características acima apontadas, a

proposta pedagógica da procurou trabalhar através do enfoque construtivista - interacionista, baseado na contribuição teórica de Piaget e Vygotsky, que consideram o treinando como centro do seu próprio percurso em direção ao conhecimento.

Seguindo esta perspectiva declarada pela REDE CATABAHIA,

o desenvolvimento cognitivo e emocional se realiza através da relação entre sujeito e objeto de estudo, ou seja, na interação social, pois o organismo e o meio exercem influência recíproca, o que gera conflitos que – por sua vez -- geram mudanças e elaborações conduzindo à aquisição de novos conhecimentos, que -- apreendido nestes termos -- estará de acordo com a real necessidade dos educandos. Para isso, no entanto, respeitou-se, também, a maturação e os ritmos individuais de cada um, possibilitando, assim, os avanços necessários para o crescimento e aprendizagem mútua.

Neste sentido é que a proposta curricular e pedagógica da

REDE CATABAHIA abordou e valorizou os temas de auto-estima, cidadania e ética, como base para erigir as fundações da cooperativa. A construção de uma proposta cooperativista implica, fundamentalmente, numa mudança de atitude, de comportamento, o que significa uma nova postura de educação.

Para alcançarmos na prática os resultados esperados, da

REDE CATABAHIA propôs uma metodologia participativa, possibilitando ao treinando demonstrar todas as suas emoções e sentimentos. Ao ouvir, falar, dialogar -- através de

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dinâmicas e trabalhos de grupo, discussões e análises de situações relacionadas ao cotidiano e a vida social – é privilegiada, desta forma, a reflexão sobre o exercício da cidadania. Assim, a relação instrutor-treinando se constitui numa relação horizontal, na qual o instrutor tem o papel de mediador, catalisador, que oferece constantes desequilíbrios (situações problemas) aos alunos visando o estímulo e a busca destes na superação das dificuldades apresentadas; descobrindo as respostas; ou seja, o novo conhecimento a ser adquirido.

Considerando que o trabalho pedagógico deve ser realizado

no equilíbrio e na harmonia do desenvolvimento de cada ser humano -- e ciente de que as mudanças sociais e econômicas interferem na formação de valores -- a proposta pedagógica da REDE CATABAHIA propiciou o aguçamento do senso crítico, da criatividade e a expressividade dos treinandos para que atuem na sociedade de maneira sábia e justa, transformando a realidade existente e atual em dias melhores.

D.3.2 INCUBAÇÃO

D.3.2.1. INCUBADORAS NA REDE CATABAHIA Segundo a filosofia da REDE CATABAHIA a incubação deve

ser entendida como um processo que assume complexidades diferentes ao longo do tempo. Se no primeiro ano a incubação pode estar centrada na viabilização de renda mínima para os cooperados, no segundo ou terceiro ano pode estar focada na organização de serviços mais especializados como o de logística reversa; industrialização; agregação de valor, dentre outros -- que requerem atualizações no conteúdo da incubação.

Outro entendimento necessário que a REDE CATABAHIA tem da

incubação é que ela é um processo que assume ritmos concomitantes ao longo do tempo: o ritmo que o negócio requer nem sempre é o ritmo que os associados da cooperativa são capazes de assumir. Este dilema foi e é decisivo quando a entidade incubadora tem um prazo estabelecido pelo projeto para apresentar resultados. Como solucionar este dilema?

Para dar respostas à questão supracitada a entidade

incubadora tem que assumir a complexidade dos dois desafios:

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a gestão da empresa na velocidade que o negócio/projeto requer e a necessidade de que os gestores-associados da cooperativa absorvam o conhecimento e se tornem capazes de gerenciar o processo ao longo de um determinado tempo

Para assumir a complexidade dos dois desafios, algumas

medidas são decisivas. A incubação de uma cooperativa envolve a gestão operacional do empreendimento junto com os cooperados, acompanhando o seu dia a dia. Já a gestão operacional está nas dimensões do administrativo-financeiro; do comercial; da logística; e da assistência social integrada -- áreas que demandam um acompanhamento especializado e próximo.

Na REDE CATABAHIA é de fundamental importância que o

profissional possa estar lotado fisicamente nas unidades das cooperativas, pois é nesse processo diário – no contato entre o técnico e o cooperado -- que se realiza a formação continuada junto aos seus filiados, onde, portanto, são criadas as condições de auto-sustentabilidade.

É dessa relação, eminentemente presencial e profissional,

que são criadas as condições da substituição progressiva, onde aquelas tarefas que antes eram executadas pelo profissional incubador, passam a ser executadas preponderantemente pelo cooperado–diretor -- até serem criadas as condições para o repasse completo da gestão na velocidade que o negócio requer.

Assim, na ótica da REDE CATABAHIA a relação da incubadora

com os cooperados é uma relação dialética, que prevê horizontalidade, parceria, co-responsabilidade e clara diferença de papéis. Estas características são fundamentais para o processo de substituição progressiva e, portanto, da auto-sustentabilidade social e econômica da cooperativa.

D.3.2.2. LINHAS ESTRATÉGICAS DA INCUBAÇÃO

D.3.2.2.1. ASSISTÊNCIA SOCIAL INTEGRADA A Assistência Social dada ao Projeto da REDE CATABAHIA

está fundamentada numa concepção de totalidade sintética do sujeito, compreende que o ser humano na sua trajetória de desenvolvimento e amadurecimento necessita desenvolver sua capacidade de interação consigo mesmo e com o meio que o circunda.

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Para isso, é necessária a construção de um ambiente institucional que oportunize o fortalecimento do respeito aos direitos humanos, capacitando os catadores para o exercício da cidadania.

Tendo em vista a construção desse espaço, o setor realiza

tanto o atendimento individualizado quanto abordagem grupal. No primeiro caso são utilizados instrumentos como triagem, entrevistas, encaminhamentos e visitas domiciliares. No segundo caso são realizadas oficinas, palestras e grupos informativos -- tendo como finalidade a orientação e o desenvolvimento sócio-cultural e terapêutico.

Na REDE CATABAHIA o Serviço Social também busca um

trabalho conjunto na prevenção, formação e re-inserção social do catador, realizando visitas às instituições -- empresas públicas e privadas -- para o reconhecimento dos recursos da comunidade que serão disponibilizados para o grupo. Dessa forma as ações do Serviço Social estão estruturadas em núcleos de atuação que contemplam os principais objetivos do setor: o desenvolvimento pessoal e profissional do catador e a sua relação com o grupo; a assistência às necessidades básicas do grupo tais como saúde, educação e cidadania; além do suporte institucional, através das parcerias.

D.3.2.2.2. COLETA SELETIVA E LOGÍSTICA

� Análise da composição gravimétrica do lixo orgânico e

reciclável

Para analisar qual é de fato a produção de materiais recicláveis e construir cenários de viabilidade financeira e operacional da coleta para as cooperativas de catadores nos municípios, foi fundamental para as cooperativas da REDE CATABAHIA realizar a caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos gerados, sendo este um importante instrumento de planejamento.

O objetivo desta atividade foi a de obtenção dos valores

de contribuição de materiais recicláveis por dia, da densidade aparente (kg/m³) e dos percentuais da composição gravimétrica dos resíduos gerados (matéria orgânica, materiais recicláveis e rejeitos), objetivando o planejamento da infra-estrutura e logística necessária para a implantação da coleta seletiva nos municípios.

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A caracterização qualitativa dos resíduos constituiu-se na determinação dos materiais presentes no lixo e do percentual em que os mesmos ocorrem. Refere-se às porcentagens das várias frações do lixo, tais como papel (e os diferentes tipos de papel), papelão, plástico, PET, metal ferroso, metal não-ferroso, vidro, matéria orgânica e outros.

A caracterização quantitativa dos resíduos constitui-se

na quantificação de lixo gerado num período de tempo especificado, tendo como importância fundamental o planejamento de todo sistema de gerenciamento do lixo, principalmente no dimensionamento de instalações e equipamentos necessários para implantação da coleta seletiva.

� Análise dos Fluxos dos Resíduos Recicláveis em

Condomínios ou Empresa Na REDE CATABAHIA a análise reconstrói o circuito do lixo

orgânico e reciclável (em seus diferentes tipos) desde as fontes geradoras até o destino final, observando a forma de descarte por condomínios, bairros, indústrias ou empresas potenciais doadoras de material reciclável e os sucessivos sistemas de acondicionamento até chegar ao destino final. A partir desta trajetória era proposta uma forma ótima de captação e acondicionamento dos recicláveis, definindo quantidades de coletores, entre outros equipamentos necessários para cada unidade geradora.

� Elaboração e Implantação do Plano de Coleta

A partir dos dados coletados em cada unidade da REDE

CATABAHIA são organizados planos operacionais de coleta seletiva definindo roteiros e estabelecida a periodicidade da coleta, entre outros aspectos.

D.3.2.2.3. TRIAGEM DE MATERIAIS, COMERCIALIZAÇÃO E

ADMINISTRAÇÃO No centro de triagem das cooperativas da REDE CATABAHIA,

os materiais oriundos da coleta seletiva são selecionados segundo as tipologias: papel, papelão, plástico PET, ferro, alumínio dentre outros; e, posteriormente, prensados e comercializados.

É realizada especialização de funções entre os catadores

e gradual modificação das modalidades de trabalho no Centro de Triagem, buscando aumentar a produtividade interna,

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agregar valor ao processo de separação e transformar o resíduo reciclado em mercadoria no mais rápido tempo possível.

São realizadas, também, ações de cadastramento dos

compradores de materiais recicláveis, visando à venda direta para as indústrias de reciclagem, o que gera melhores preços de comercialização -- já que antes os catadores revendiam seus materiais para atravessadores e intermediários.

O treinamento técnico – gerencial é diário fazendo com

que ao lado da equipe técnica do projeto os diretores da cooperativa na área administrativa-financeira pudessem apreender e progressivamente absorver novas competências gerenciais e comerciais, abrindo portas para o processo de desincubação da cooperativa.

D.3.2.2.4. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Além de gerar renda e de melhorar as condições de

trabalho e vida dos catadores e de seus familiares, o Projeto REDE CATABAHIA envolve também ações ambientais nos municípios onde atua. O objetivo é estimular a responsabilidade social e ambiental e a mudanças de hábitos com relação ao lixo, propondo a separação dos materiais recicláveis e a conseqüente adoção da Coleta Seletiva.

O Projeto busca a adesão de moradores, alunos,

educadores, empresários, funcionários e formadores de opinião através de visitas domiciliares, palestras, grupos de discussão e apresentações de teatro. Através do diálogo com a comunidade e da identificação de voluntários, são propostas atividades que integrem cidadania e ecologia, voltadas para a formação e informação da população.

O Programa de Educação Ambiental apóia o sistema de

Coleta Seletiva implantado e operado pelas cooperativas de catadores, divulgando nas comunidades a importante função desenvolvida pelos agentes ecológicos, valorizando seu papel e, ao mesmo tempo, incentivando a população a efetuar a separação do lixo produzido em suas casas, escolas e escritórios. Para isso, foi elaborado material de divulgação voltado especificamente para a temática abordada: coleta seletiva do lixo, cidadania, inclusão social e preservação ambiental.

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Esses instrumentos apóiam as ações de informação promovidas pelo projeto, além de servir de consulta para estudantes e educadores. O material de divulgação é claro, prático e didático, com informações que proporcionam a separação adequada do material reciclável recolhido pelas cooperativas. As peças divulgam também o destino dos resíduos arrecadados e o caráter social do projeto.

D.4. ANALISE INDIVIDUAL DAS COOPERATIVAS Esta etapa constituiu na visita in loco, isto é, todas as

cooperativas integrantes da REDE CATABAHIA foram visitadas e fotografadas com o objetivo de validar as informações recebidas nos questionários aplicados. Assim, foram visitados dez empreendimentos cooperados que totalizaram, juridicamente, oito cooperativas de catadores. Essa diferença se faz, pois a cooperativa CAEC possui três unidades operacionais: a sede no bairro de Pirajá; e duas filiais, no bairro da Calçada; e no município de Lauro de Freitas.

QUADRO D.4.1: COOPERATIVAS VISITADAS E SUAS LOCALIZAÇÕES

FONTE: PESQUISA DIRETA – Dados trabalhados pelo projeto – PANGEA – 2007

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D.4.1. COOPERATIVA DE CATADORES E RECICLADORES DE ALAGOINHAS - CORAL

D.4.1.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA A cooperativa CORAL possui um galpão grande, parcialmente

coberto, cedido pela prefeitura, onde são operadas as prensas para enfardamento, o elevador de carga e a balança. Possui 20 carrinhos de catadores e 2 computadores.

A CORAL recebe apoio do governo municipal através do

galpão cedido e do custeio do combustível do caminhão, da água e energia utilizada pela cooperativa.

Todo o processo de gestão é efetuado pelos próprios

cooperados, de forma transparente e participativa. São utilizadas planilhas financeiras para registro de todo material prensado e destinado à comercialização.

No processo de triagem é utilizada uma bancada, na qual

os cooperados, de forma estruturada, separam os materiais conforme o tipo e a cor dos resíduos recebidos.

A cooperativa possui parceria com o SUS para marcação de

exames e participa do Programa MOVA da PETROBRÁS para alfabetização e educação básica. Os cooperados têm desempenhado suas funções em condições adequadas de higiene.

Com relação à segurança, há a necessidade dos cooperados

utilizarem de forma correta os EPIs – eles os possuem, mas nem sempre os utilizam de forma adequada. A cooperativa relata que a chegada da ONG PANGEA foi de extrema relevância para o aumento da coleta seletiva e a melhoria em sua produtividade.

D.4.1.2. DIMENSÃO AMBIENTAL Todo o material recebido pela cooperativa é proveniente

de coleta seletiva efetuada na fonte geradora dos resíduos. Essa característica permite aos cooperados o aproveitamento completo dos materiais doados, não apresentando problemas com saneamento ambiental nem problemas com materiais que

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necessitam de procedimentos especiais. O único problema destacado é o galpão que não é integralmente coberto, ficando parte dos materiais expostos às intempéries.

Para que a coleta seletiva fosse feita diretamente na

fonte geradora, garantindo assim a participação da população, foi efetuado com os catadores ações de sensibilização ambiental para que atuem junto à comunidade de Alagoinhas. A CORAL ressalta que apesar de estar coletando em 15 bairros do município, a abrangência ainda é pequena, podendo ser ampliada.

Os catadores obtiveram cursos de capacitação para a

implementação de tais iniciativas no momento do ingresso à REDE CATABAHIA.

D.4.1.3. DIMENSÃO SOCIAL A cooperativa é membro titular do Conselho Municipal de

Assistência Social. Existe também o apoio do PANGEA, e das Universidades e faculdade locais.

Não existe nenhum programa de geração de emprego ou renda

na cooperativa e não existe compra de materiais recicláveis de outros catadores.

As ações efetuadas pela CORAL trouxeram uma boa relação

com a comunidade onde o projeto está inserido, tanto que todo o material é coletado principalmente em residências. As únicas atividades complementares e de formação são implementadas pela REDE CATABAHIA através de seus parceiros.

D.4.1.4. DIMENSÃO ECONÔMICA Desde o início da cooperativa existe o processo de

controle dos materiais comercializados. Um ponto positivo é que mesmo com oscilações de demanda a

CORAL se mantém estável, pois possui local para armazenamento e estocagem de materiais. A regularidade no volume de material coletado sofre oscilações.

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A cooperativa não possui problemas com a comercialização dos materiais recicláveis (única fonte de renda), pois está perto dos demandantes desses materiais e também está na fase de venda conjunta com outras cooperativas integrantes da REDE CATABAHIA.

Existe a presença de atravessadores, principalmente em

relação aos mercados de papel e papelão, mas já estão tentando a venda conjunta para acabar com a figura do intermediário.

D.4.1.5. FOTOGRAFIAS

FOTO D.4.1.1: COOPERADOS UNIFORMIZADOS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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FOTO D.4.1.2: CAMINHÃO DA COOPERATIVA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.1.3: VISTA INTERNA DO GALPÃO E DOS CARRINHOS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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FOTO D.4.1.4: VISTA DA BALANÇA E DO CONTROLE DE PRODUÇÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

D.4.2. COOPERATIVA DE CATADORES DE ITAIRÓ A ITAIRÓ é uma cooperativa de catadores que fica

localizada em Itapetinga, no interior do Estado da Bahia, mas que também recolhe os seus materiais em Itororó.

D.4.2.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA Os galpões onde funcionam a cooperativa foram cedidos

pelas prefeituras locais através de comodato. A cooperativa possui prensas, caminhão, balanças, carrinhos de catadores, fragmentadora de papel, computadores e acesso a internet.

O processo de gestão é efetuado pelos próprios

cooperados, de forma transparente e participativa, através de

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seus conselhos. Todo o material prensado e destinado à comercialização é registrado em demonstrativos contábeis.

O processo de triagem é efetuado com o auxilio de mesas,

onde os cooperados separam os materiais conforme o tipo e a cor dos recicláveis recebidos.

Os cooperados estão participando do programa educacional

MOVA BRASIL, em parceira com a PETROBRÁS e o Governo Federal. Em relação à saúde dos cooperados está sendo preparado um mutirão em parceira com a 14ª DIRES, do município. Os cooperados têm desempenhado suas funções em condições adequadas de higiene e segurança. Todos utilizam de forma adequada os EPIs e os uniformes.

D.4.2.2. DIMENSÃO AMBIENTAL O material que a cooperativa utiliza é proveniente de

coleta seletiva efetuada principalmente em residências, não gerando resíduos perigosos. A quantidade de rejeitos não-aproveitados é quase nula, sendo destinado aos locais de descarte existente no município, não apresentando problemas com saneamento ambiental.

No momento de ingresso na REDE CATABAHIA os catadores

receberam cursos de capacitação para a implementação de ações de sensibilização e educação ambiental, garantindo assim a participação da população. Tal iniciativa teve apoio das prefeituras locais de Itapetinga e Itororó.

Está em fase de estudo a ampliação da abrangência da

cooperativa para mais bairros dos municípios. O galpão da cooperativa é integralmente coberto e possui tamanho adequado para as atividades, sendo todos os materiais armazenados de forma segura.

D.4.2.3. DIMENSÃO SOCIAL A cooperativa ITAIRÓ é apoiada técnica e financeiramente

pela REDE CATABAHIA através da sua incubadora, o PANGEA. A prática de compra de materiais recicláveis de outros

catadores é proibida pelo Estatuto e pelo Regimento Interno

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da cooperativa. As ações efetuadas pela ITAIRÓ trouxeram uma boa relação com a comunidade onde o projeto está inserido, pois se verifica o aumento da participação da população na coleta seletiva.

Outra parceira bastante importante -- como grande doadora

de materiais recicláveis -- é a empresa Azaléia, que fica situada em Itapetinga. As atividades complementares e de formação são implementadas pela REDE CATABAHIA.

D.4.2.4. DIMENSÃO ECONÔMICA Desde o início das atividades da cooperativa ITAIRÓ

existe o controle dos materiais comercializados, apresentando regularidade no volume de material coletado. Diante de oscilações de demanda por materiais recicláveis, a organização se mantém estável, pois possui local adequado para armazenamento e estocagem dos materiais já enfardados.

A cooperativa não possui problemas com a comercialização

dos materiais recicláveis, sua única fonte de renda, pois esta já está na fase de venda conjunta dos materiais recicláveis com outras cooperativas integrantes da REDE CATABAHIA. Existe a presença de atravessadores, mas estes não afetam o andamento da cooperativa.

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D.4.2.5. FOTOGRAFIAS

FOTO D.4.2.1: COOPERADOS UNIFORMIZADOS E FRAGMENTADORA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.2.2: ENTRADA DA COOPERATIVA

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FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.2.3: SALA DE TREINAMENTO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.2.4: CAMINHÃO DA COOPERATIVA

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FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

D.4.3. COOPERATIVA DE CATADORES DA UNIDADE DE CANABRAVA - COOPERBRAVA

A COOPERBRAVA é uma cooperativa de catadores localizada

no município de Salvador, no bairro de Canabrava.

D.4.3.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA O galpão bem como os atuais equipamentos da cooperativa

foram cedidos pela LIMPURB – Empresa de Limpeza Urbana de Salvador. A cooperativa possui uma prensa, uma esteira que precisa de manutenção, um caminhão de pequeno porte e uma balança.

Os cooperados efetuam a própria gestão da cooperativa,

registrando o material prensado e destinado à comercialização em planilhas financeiras acessíveis aos demais cooperados.

Os cooperados da COOPERBRAVA têm recebido serviços de educação e saúde, fornecidos pela REDE CATABAHIA e pelo

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353

PANGEA. Os cooperados têm desempenhado suas funções em condições adequadas de higiene.

Em relação à segurança, há a necessidade da colocação de

extintores de incêndio no local. Os cooperados possuem os EPIs, mas ainda não os utilizam de forma plenamente adequada.

A COOPERBRAVA foi incorporada ao programa de incubação de

cooperativas do PANGEA e recentemente ingressou na REDE CATABAHIA.

D.4.3.2. DIMENSÃO AMBIENTAL A totalidade do material trabalhado pela cooperativa é

proveniente de coleta seletiva efetuada nas fontes geradoras dos materiais recicláveis. Dessa forma os materiais apresentam pouca quantidade de rejeitos, sendo aproveitados quase em sua totalidade. Assim não apresentam resíduos que necessitem de cuidados especiais, não apresentando problemas ambientais. Todo o material é armazenado de forma segura.

Estão sendo efetuadas ações de sensibilização e educação

ambiental em sua área de abrangência, no bairro de Canabrava, seus arredores, e demais bairros próximos em Salvador.

Os catadores obtiveram recentemente cursos de capacitação

para a implementação de tais iniciativas no momento do ingresso à REDE CATABAHIA.

D.4.3.3. DIMENSÃO SOCIAL O PANGEA apóia técnica e financeiramente os catadores

essa cooperativa. A coleta e a venda de materiais recicláveis é a única

fonte de renda da cooperativa. As ações efetuadas pela COOPERBRAVA trouxeram uma boa relação com a comunidade onde o projeto está inserido, e todo o material trabalhado é proveniente de coleta seletiva. As demais atividades complementares e de formação são implementadas pelo PANGEA, como instituição incubadora.

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354

D.4.3.4. DIMENSÃO ECONÔMICA O processo de implantação do controle dos materiais

comercializados é recente, a partir do momento em que a cooperativa passou a ser incubada pelo PANGEA.

A COOPERBRAVA declara ter tido menos problemas com

relação às oscilações de demanda associados à comercialização/logística, desde a sua recente entrada na REDE CATABAHIA. Não existe a presença de atravessadores.

D.4.3.5. FOTOGRAFIAS

FOTO D.4.3.1: GALPÃO E DO LOCAL DE TRIAGEM

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.3.2: CATADORES DA COOPERBRAVA

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355

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

D.4.4. COOPERATIVA DE CATADORES DE JEQUIÉ - COOPERJE

A COOPERJE é uma cooperativa de catadores localizada no

município de Jequié, no interior da Bahia.

D.4.4.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA A cooperativa possui os equipamentos e infraestrutura

adequadas, com galpão; ecopontos dispostos pelo município para auxílio na coleta; caminhão; prensas; balança; esteira elétrica; entre outros -- que são utilizados para recebimento, triagem, prensagem e estocagem dos materiais recicláveis.

Têm recebido apoio da prefeitura principalmente no espaço

que foi cedido. Todo o processo de gestão é efetuado pelos próprios cooperados, de forma transparente e participativa.

O material prensado e destinado à comercialização é

registrado em livros-caixa, planilhas financeiras e através de recibos de movimentação bancários -- que são

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356

periodicamente apresentados pela tesoureira e pela comissão de venda aos cooperados.

Atualmente o processo de triagem é realizado através de

mesas, mas já está em fase de instalação uma esteira elétrica, fazendo com que o processo se torne extremamente sofisticado se comparado aos de outras cooperativas.

Existe uma parceria com a Secretaria de Saúde do

município, que disponibiliza atendimento médico e odontológico aos cooperados.

No quesito segurança a COOPERJE está adequada, inclusive

com a utilização dos EPIs por parte dos cooperados. A cooperativa se orgulha de ter surgido da luta de um

grupo que vivia catando dentro do antigo lixão, mas que agora possui sua sede própria e condições dignas de trabalho.

D.4.4.2. DIMENSÃO AMBIENTAL A totalidade do material trabalhado pela cooperativa é

proveniente de coleta seletiva efetuada nas fontes geradoras dos materiais recicláveis. Essa característica permite aos cooperados o aproveitamento completo dos materiais doados, não apresentando problemas com saneamento ambiental nem problemas com materiais que necessitam de procedimentos especiais. A pequena quantidade de rejeitos é coletada pela prefeitura municipal.

Os materiais da cooperativa são armazenados de forma

segura e higiênica. Para que a coleta seletiva fosse feita diretamente na fonte geradora -- garantindo assim a participação da população -- foram efetuadas pelos próprios catadores ações de sensibilização ambiental junto à comunidade onde atuam no município de Jequié.

D.4.4.3. DIMENSÃO SOCIAL Existe a presença de iniciativas que apóiam a cooperativa

através da doação de seus resíduos. O PANGEA apóia técnica e financeiramente a associação.

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Não existe a compra de materiais recicláveis de outros

catadores. Os cooperados também são apoiados pelos programas federais como o Bolsa Família.

As ações efetuadas pela COOPERJE trouxeram uma boa

relação com a comunidade onde o projeto está inserido, garantindo assim a doação dos materiais recicláveis.

Como ocorre nas demais cooperativa da REDE CATABAHIA, as

atividades complementares e de formação foram implementadas pelo PANGEA.

D.4.3.4. DIMENSÃO ECONÔMICA A prática do controle dos materiais comercializados é

efetuada desde a estruturação da cooperativa. Isso possibilita averiguar a regularidade no volume coletado. Ainda assim existem problemas relacionados às oscilações da demanda associados à comercialização/logística, que por vezes prejudica a venda dos materiais recicláveis. Isso tem sido corrigido pelo processo progressivo de integração da COOPERJE à REDE CATABAHIA. A catação e a venda de materiais é a única forma de sobrevivência da cooperativa. Não existe a presença de atravessadores.

D.4.4.5. FOTOGRAFIAS FOTO D.4.4.1: CAMINHÃO UTILIZADO PELA COOPERATIVA

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358

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.4.2: VISTA INTERNA DO GALPÃO – ÁREA DE TRIAGEM

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359

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.4.3: VISTA EXTERNA E LATERAL DA COOPERATIVA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.4.4: VISTA EXTERNA E FRONTAL DA COOPERATIVA

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360

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

D.4.5. COOPERATIVA DE CATADORES AGENTES ECOLÓGICOS DE CANABRAVA - CAEC

A CAEC é a cooperativa central da REDE CATABAHIA, sendo

referência para as demais.61 Tem localizações em dois bairros distintos de Salvador e possui também uma filial no município de Lauro de Freitas.

D.4.5.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA A área atual de 11.000 m² onde funciona a sede da CAEC é

própria. Possui galpões grandes, área administrativa dotada de cozinha e banheiros, salas de reunião e de alfabetização digital.

A cooperativa possui prensas, caminhões e balanças.

Possui também um galpão no bairro da Calçada em Salvador e outro no município de Lauro de Freitas cedido pela prefeitura local.

61 Enquanto o presente Relatório Final estava sendo redigido (24/10/2008), a CAEC recebeu o primeiro lugar no PRÊMIO VALORES DO BRASIL, concedido em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil. A premiação foi matéria extensivamente coberta pela revista ISTO É da semana subseqüente.

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Todo o processo de gestão é efetuado pelos próprios

cooperados com auxílio de técnicos do PANGEA -- de forma transparente e participativa -- sendo todo o material prensado e destinado à comercialização registrado em livros-caixa e planilhas de produção.

Os cooperados da CAEC possuem oferta de serviços de saúde

com periodicidade semanal. Com relação à segurança pessoal, todos os cooperados tem utilizado de forma correta os EPIs.

A CAEC se orgulha de ter recebido diversos prêmios como

modelo de cooperativa de catadores de materiais recicláveis, entre os quais o de ter sido selecionada pela Organização das Nações Unidas como uma das 50 melhores práticas compreendida entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM na categoria combate à miséria.

D.4.5.2. DIMENSÃO AMBIENTAL A maior parte do material trabalhado pela cooperativa é

proveniente de coleta seletiva efetuada em grandes geradores de recicláveis, como rede de supermercados, grandes empresas, órgãos federais e em condomínios residenciais.

Assim os resíduos apresentam como principal

característica o baixo volume de rejeitos, propiciando condições adequadas de higiene, principalmente no local de trabalho.

A mobilização e a educação ambiental são pontos fortes da

CAEC, garantindo assim a participação das empresas e da população em toda região metropolitana de Salvador. Os catadores recebem periodicamente cursos de capacitação para a implementação de tais iniciativas.

Os materiais recicláveis ficam estocados de forma

bastante segura, existindo espaços específicos para tal.

D.4.5.3. DIMENSÃO SOCIAL

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362

Existe a presença do MNCR62 e do PANGEA – que apóia

técnica e financeiramente a cooperativa. A compra de materiais recicláveis de outros cooperados

são práticas proibidas pelo Estatuto e Regimento Interno, sendo passíveis de punição.

As ações efetuadas pela CAEC trouxeram uma boa relação

com a comunidade onde o projeto está inserido. Seguindo a metodologia da proposta de Comercialização Conjunta, as atividades complementares e de formação foram implementadas pelo PANGEA no âmbito do Projeto REDE CATABAHIA.

D.4.5.4. DIMENSÃO ECONÔMICA O controle dos materiais comercializados é uma prática

realizada desde o início da cooperativa, apresentando regularidade no volume coletado.

Não foram constatados problemas de oscilações de demanda

nem da comercialização dos materiais recicláveis. A catação e venda de materiais é a única forma de remuneração dos catadores.

D.4.5.5. FOTOGRAFIAS

62 Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR. Este Movimento fundamenta-se na proposta de articulação entre proteção ambiental e cidadania, reciclando resíduos e vidas, através do desenvolvimento de projetos de inclusão social que resgatem a auto-estima e permitam a criação de mecanismos geradores de renda e trabalho para os catadores das mais diversas regiões do país. Dentre as bandeiras levantadas pelo Movimento, destaca-se a sua ênfase no fortalecimento de políticas específicas para o tratamento de resíduos sólidos e a necessidade de organização e das associações e cooperativas existentes, fomentando a criação de novas unidades.

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363

FOTO D.4.5.1: CAEC SEDE - FACHADA DO ESCRITÓRIO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.2: CAEC SEDE - SALA DE ALFABETIZAÇÃO DIGITAL

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.3: CAEC SEDE - SALA DE ASSEMBLÉIA E REFEITÓRIO

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364

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.4: CAEC SEDE - GALPÃO DE TRIAGEM E PRENSAGEM DE PAPEL E PAPELÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.5: CAEC SEDE - GALPÃO DE TRIAGEM E PRENSAGEM DOS PLÁSTICOS

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FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.6: CAEC SEDE - PÁTIO EXTERNO DE RECEBIMENTO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.7: CAEC LAURO DE FREITAS – CATADORES UNIFORMIZADOS

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FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.8: CAEC LAURO DE FREITAS – PRENSAGEM DE PAPELÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.9: CAEC LAURO DE FREITAS – CATADORES TRABALHANDO

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FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.5.10: CAEC LAURO DE FREITAS – FACAHADA DO GALPÃO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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D.4.6. COOPERATIVA DE BADAMEIROS DE FEIRA DE SANTANA - COOBAFS

A COOBAFS é uma associação de catadores localizada no

município de Feira de Santana, Bahia.

D.4.6.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA A área atual onde funciona a COOBAFS foi cedida através

de comodato pela prefeitura de Feira de Santana. A cooperativa possui prensas, caminhão médio, balanças e carrinhos de catadores.

Todo o processo de gestão é efetuado pelos próprios

cooperados com auxílio de técnicos do PANGEA, de forma transparente e participativa. O material prensado e destinado à comercialização é registrado em livros-caixa, notas fiscais de venda e movimentação bancária. O Conselho de Vendas e Conselho Administrativo da cooperativa coordena e supervisiona todo o procedimento.

Os cooperados da COOBAFS têm recebido ofertas de serviços

de educação e saúde, através do programa MOVA BRASIL e do Posto Móvel de Saúde do município. Os catadores desta cooperativa utilizam os EPIs de forma adequada.

D.4.6.2. DIMENSÃO AMBIENTAL Como os materiais recicláveis trabalhados pela

cooperativa são recebidos e doados através dos programas de coleta seletiva, eles não apresentam problemas de saneamento ambiental. Isso permite aos cooperados trabalharem em condições adequadas de higiene e saúde. O rejeito que é inadequado à reciclagem é coletado pelo sistema municipal de limpeza.

Os cooperados foram capacitados, no âmbito da REDE

CATABAHIA, para efetuarem as ações de educação e mobilização de forma que a coleta seletiva fosse feita diretamente nas fontes geradoras -- fundamentais para garantir o acesso aos materiais recicláveis.

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A área de abrangência da cooperativa é a região de Feira

de Santana. Os materiais são armazenados de forma segura nos galpões da COOBAFS.

D.4.6.3. DIMENSÃO SOCIAL Existe a presença do MNCR, da Fundação Banco do Brasil e

do PANGEA, que apóiam a iniciativa com doações e fortalecimento das ações de educação ambiental. A REDE CATABAHIA apóia técnica e financeiramente a cooperativa através da incubação.

Não existe a prática de compra materiais recicláveis de

outros catadores. As ações efetuadas pela COOBAFS trouxeram uma boa relação com a comunidade onde o projeto está inserido, tanto que todo o material é coletado principalmente em residências. As atividades complementares e de formação foram implementadas pela REDE CATABAHIA através do PANGEA.

D.4.6.4. DIMENSÃO ECONÔMICA Desde o início a cooperativa sempre prezou pelo controle

dos materiais comercializados, apresentando regularidade no volume coletado.

As oscilações de demanda e a logística de comercialização

não representam dificuldades, pois a cooperativa já tem vendido seus materiais juntamente com a REDE CATABAHIA.

A catação e venda de materiais é a única forma de

sobrevivência da cooperativa. Não existe a presença de atravessadores.

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370

D.4.6.5. FOTOGRAFIAS

FOTO D.4.6.1: FACHADA EXTERNA DA COOPERATIVA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.6.2: CAMINHÃO UTILIZADO PELA COOPERATIVA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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FOTO D.4.6.3: ENFARDAMENTO E PESAGEM DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

D.4.7. COOPERATIVA DOS CATADORES RECICLA CONQUISTA – VITÓRIA DA CONQUISTA

A RECICLA CONQUISTA é uma cooperativa de catadores

localizada no município de Vitória da Conquista, Bahia.

D.4.7.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA Atualmente a RECICLA CONQUISTA possui um galpão de porte

médio -- cedido pela prefeitura local como forma de apoio e subsídio -- prensas, carrinhos de catadores, caminhão, balanças e demais equipamentos necessários para realizar seu trabalho de forma digna.

Os cooperados -- em parceria com técnicos do PANGEA --

efetuam e controlam todo o processo de gestão e comercialização da cooperativa de forma transparente e participativa.

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A comercialização dos materiais recicláveis bem como a movimentação financeira é registrada em planilhas de receitas e de produção.

O processo de triagem é bastante simplificado, sendo

processado sobre mesas. Os cooperados da RECICLA CONQUISTA têm recebido serviços

de educação e saúde, mantidos destacadamente pela prefeitura local.

Desempenham suas funções em locais adequados de higiene e

segurança, inclusive com a utilização de forma correta dos EPIs.

D.4.7.2. DIMENSÃO AMBIENTAL A coleta seletiva é a principal fonte de insumos da

cooperativa. Esses materiais recicláveis, por serem triados já na fonte geradora, possuem alto teor de limpeza, sendo quase todo aproveitado. A quantidade de rejeitos é mínima e não existe a necessidade de procedimentos especiais com resíduos perigosos.

A cooperativa possui condições adequadas de higiene e

saúde no local de trabalho. Para que a coleta seletiva seja feita de forma melhor -- diretamente na fonte geradora, garantindo assim a participação da população -- foi efetuado pelos próprios catadores ações de sensibilização ambiental junto à comunidade onde atuam na região de Vitória da Conquista.

Os catadores receberam cursos de capacitação para a

implementação de tais iniciativas no momento do ingresso na REDE CATABAHIA.

D.4.7.3. DIMENSÃO SOCIAL A Cooperativa RECICLA CONQUISTA possui um trabalho em

conjunto com o Núcleo de Economia Popular Solidária do Município. Existe a presença de outras instituições e organizações que apóiam a iniciativa com a doação de seus materiais recicláveis e fortalecimento das ações de educação

Page 373: CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM E ORGANIZAÇÃO DE REDES DE COOPERATIVAS DE CATADORES

373

ambiental. O PANGEA apóia técnica e financeiramente a cooperativa através da atuação da REDE CATABAHIA.

A coleta e a comercialização de materiais recicláveis é a

única fonte de renda dos cooperados, portanto não existe a compra de materiais recicláveis de outros catadores.

As ações efetuadas pela RECICLA CONQUISTA trouxeram uma

boa relação com a comunidade onde o projeto está inserido, tanto que todo o material é coletado principalmente em residências e comércios locais.

As atividades complementares e de formação, alfabetização

e cooperativismo, foram implementadas pelo PANGEA.

D.4.7.4. DIMENSÃO ECONÔMICA Desde o início a cooperativa sempre prezou pelo controle

dos materiais comercializados, apresentando regularidade no volume coletado. Não apresenta problemas relacionados à comercialização nem com oscilações de demanda, garantindo um fluxo continuo de materiais recicláveis. Existe a presença de atravessadores.

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374

D.4.7.5. FOTOGRAFIAS

FOTO D.4.7.1: ENFARDAMENTO E PESAGEM

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.7.2: TRIAGEM E SEPARAÇÃO DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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FOTO D.4.7.3: ÁREA INTERNA – PRENSA HIDRÁULICA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007 FOTO D.4.7.4: COLETA SELETIVA PORTA A PORTA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

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D.4.8. COOPERATIVA DE RECICLAGEM E COMPOSTAGEM DA COSTA DOS COQUEIROS - VERDECOOP

A VERDECOOP é uma cooperativa de catadores localizada no

município de Entre Rios, na chamada costa dos coqueiros situada no Litoral Norte da Bahia.

D.4.8.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA COOPERATIVA A VERDECOOP está presentemente atuando com um galpão,

prensas, carrinhos de catadores, caminhão, balanças e demais equipamentos necessários para realizar seu trabalho de forma digna.

Os catadores declaram que antes do recente ingresso da

VERDECOOP na REDE CATABAHIA os cooperados realizavam de forma precária o controle de gestão da unidade. Atualmente estão sendo assessorados pelos técnicos do PANGEA e passaram a realizar o controle diário através de planilhas financeiras, de receitas e de produção, e de notas fiscais.

Os cooperados da VERDECOOP ainda não recebem serviços de

educação e saúde. Estão desempenhando suas funções em locais semi-adequados de higiene e segurança, com a utilização de EPIs. A REDE CATABAHIA procura sanar essas questões através do incentivo a parcerias.

D.4.8.2. DIMENSÃO AMBIENTAL A VERDECOOP efetua não só a coleta seletiva nos hotéis da

Costa do Sauípe e no município de Entre Rios, mas também a coleta convencional de todos os materiais recicláveis do complexo. Assim, esses resíduos possuem alto teor de matéria orgânica e de rejeitos e, por conseqüência, geram material que é destinado ao programa de compostagem que existe na unidade; e rejeitos não recicláveis que são enviados para destinação final. Não existe a necessidade de procedimentos especiais com resíduos perigosos.

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A cooperativa possui condições semi-adequadas de higiene e saúde no local de trabalho devido, principalmente, a trabalharem com matéria orgânica procedentes do lixo.

O alcance geográfico é considerado pela cooperativa como

satisfatório, não necessitando ampliar a abrangência da coleta. Todos os materiais recicláveis são armazenados de forma correta.

D.4.8.3. DIMENSÃO SOCIAL Não foi constatada a compra de materiais recicláveis de

outros cooperados. A VERDECOOP têm conseguido uma boa relação com a comunidade e com o complexo hoteleiro onde o projeto está inserido. Foi constata a presença de algumas atividades complementares e de formação.

D.4.8.4. DIMENSÃO ECONÔMICA A cooperativa possui histórico de comercialização de seus

materiais recicláveis desde o início de suas atividades. Pelos registros pode ser constatado que a VERDECOOP não possui flexibilidade para atender oscilações de demanda -- isto se configurando como um problema a ser resolvido.

Por outro lado não apresenta problemas relacionados à

comercialização, garantindo um fluxo contínuo e adequado de materiais recicláveis. A catação e venda de materiais não é a única fonte de renda dos cooperados. Eles efetuam outros serviços como a coleta convencional de todos os resíduos do complexo hoteleiro da Costa do Sauípe. Existe a presença de atravessadores.

D.5. RESULTADOS SUMARIZADOS A implantação da REDE CATABAHIA obteve resultados

extremamente relevantes para o processo de alteração do quadro social das cooperativas dos catadores a ela associadas, e na melhoria da qualidade do meio ambiente urbano no Estado da Bahia.

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378

D.5.1. ASSISTÊNCIA SOCIAL A REDE CATABAHIA desenvolve um conjunto de atividades

para o benefício dos cooperados em seu âmbito:

� Ações de assistência sócio-sanitária, em parceria com os agentes sanitários de saúde dos municípios, para o público dos catadores e familiares;

� Retirada de crianças dos lixões, incorporado-as em programas municipais de assistência social;

� Alfabetização, resultando em redução do índice de analfabetismo dos catadores em 30%;

� Inclusão dos catadores nos programas Bolsa Família em forte articulação com o Ministério do Desenvolvimento Social;

� Incentivo ao aumento da auto-estima dos catadores;

� Regularização dos documentos -- identidade, CPF, Certidão de Nascimento e outros documentos -- de todos os catadores/agentes ecológicos envolvidos nas ações, tornando-os cidadãos para o Estado Brasileiro.

D.5.2. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E RELACIONAMENTO EM GRUPO

A REDE CATABAHIA declara que o objetivo dessas ações é

estimular -- através da aplicação integrada dos processos de Serviço Social e da utilização de técnicas subsidiárias -- a integração dos cooperados às suas respectivas cooperativas, proporcionando condições adequadas e satisfatórias para o desenvolvimento das atividades laborais.

São desenvolvidas atividades sócio-educativas, tais como

seminários, palestras, debates, oficinas e encontros, relacionados à questão do catador que buscam ampliar o universo informacional e de ação participativa dos cooperados.

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Com isso, os cooperados são capacitados para enfrentar de forma mais eficaz seus problemas sociais, pessoais e de relacionamento com o meio social e para participar -- de acordo com suas aspirações e capacidades -- das atividades da cooperativa.

D.5.3. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. Np âmbito da REDE CATABAHIA foram implementadas ações de

melhoria da saúde do catador. Na Cooperativa CAEC, em Salvador, foi implantado um Serviço Médico com consultório, onde um médico clínico realiza atendimento preventivo semanal. Além disso, são viabilizadas vacinações sistemáticas dos cooperados em parceria com órgãos municipais competentes e acompanhamento fisioterápico para o grupo e seus familiares.

Diariamente são servidas refeições nas cooperativas da

REDE CATABAHIA. As refeições são preparadas pelas equipes das cozinhas -- formadas por cooperados capacitados através de cursos como o de reaproveitamento de alimentos, oferecido pelo SESI – Serviço Social da Indústria -- às cooperativas.

No momento, as cozinhas das cooperativas estão sendo

reestruturadas seguindo as orientações sanitárias e nutricionais. Além disso, as cooperativas possuem parceria com programas locais de segurança alimentar, a exemplo do Programa Municipal Prato Amigo, em Salvador, que realiza doações periódicas de alimentos perecíveis à Cooperativa CAEC.

Essas e outras ações têm possibilitado uma redução nos

casos de afastamento dos cooperados das suas atividades laborais por motivos de saúde, o que agrega um ganho real na produtividade do grupo e conseqüente aumento da renda individual.

D.5.4. ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO DIGITAL A sustentabilidade de um empreendimento solidário está

diretamente relacionado ao grau de escolaridade dos seus integrantes e a capacidade dos mesmos em estarem sintonizados com as novas tecnologias de comunicação.

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380

Foram criadas turmas para o curso de alfabetização de

adultos em parceria com o Programa Mesa Brasil -- iniciativa do Governo Federal através da PETROBRÁS -- nos municípios onde o Projeto REDE CATABAHIA atua.

Outra ação de capacitação dos catadores são os cursos de

formação específica para os membros do Conselho de Ética, Conselho Administrativo e Coordenadores de Equipe das Cooperativas. As aulas têm como foco trabalhar os temas e conteúdos centrais de cada uma dessas instâncias, além de promover a capacidade de liderança desses membros, responsáveis por grande parte das decisões internas da cooperativa.

Foram implantados nas cooperativas Centros de Inclusão

Digital que dispõem de computadores conectados à Internet -- para acesso livre dos cooperados -- e são periodicamente oferecidos cursos ministrados por professores de informática. Os cursos contemplam do nível básico ao avançado e organiza as turmas conforme a demanda de novas capacitações direcionados aos catadores recém incluídos nas cooperativas dos diferentes municípios.

D.5.5. PROMOÇÃO DA CIDADANIA. No intuito de assessorar o catador quanto aos seus

direitos e garantias como cidadão -- e da sua importância dentro da sociedade -- o núcleo do Serviço Social da REDE CATABAHIA realiza o levantamento e a regularização de documentos de todos os cooperados que ingressam nas cooperativas num prazo estimado de um mês. Todos os cooperados foram inscritos nos Programas Bolsa Família e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI.

Em outro Projeto do Governo Federal, o Programa de

Habitação da Caixa Econômica Federal, prevê a construção de casas populares em Salvador através de financiamento do banco com parcelas acessíveis e juros irrisórios. Assim o sonho da casa própria, até então distante para muitos dos catadores, fica mais próximo de se tornar realidade.

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D.5.6. COLETA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS A coleta de materiais recicláveis, ao incorporar grupos

populacionais menos favorecidos à dinâmica produtiva, além de ser um objetivo fundamental a ser alcançado pela REDE CATABAHIA, está intimamente associada a ações de geração de emprego e renda.

A FIGURA D.5.1 apresenta a evolução do número de

cooperados da REDE CATABAHIA desde sua existência. Como pode ser verificado, em agosto de 2003 - período da fundação da Cooperativa CAEC - existiam 49 cooperados, todos provenientes do antigo lixão de Canabrava. Em setembro de 2007 estavam atuando no sistema cooperativista da Rede 867 pessoas, divididas entre as nove organizações de catadores. Esse total, se comparado à quantidade inicial de 79, representa um crescimento de 1.106% do número de postos de trabalho.

FIGURA D.5.1: EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE COOPERADOS DA REDE CATABAHIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

Essa quantidade de cooperados proporciona atualmente uma

coleta média mensal de 840.000 quilos de resíduos sólidos urbanos recicláveis, isto é, 4.206% a mais do que no início

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da cooperativa, que era de apenas 19.800 quilos. A FIGURA D.5.2 ilustra esse crescimento. FIGURA D.5.2: EVOLUÇÃO DO VOLUME DA COLETA DE MATERIAIS

RECICLÁVEIS DA REDE CATABAHIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

Essa evolução do volume coletado possui uma forte

correlação com o número de cooperados e com os investimentos em máquinas e equipamentos. Devemos destacar também, para justificar esse crescimento, a quantidade e qualidade das parcerias firmadas pela cooperativas da rede, sejam elas o setor privado, a sociedade civil ou o poder público, sem os quais não seria possível obter tais números.

Desde o início do Projeto REDE CATABAHIA foram coletados

aproximadamente 12.555 toneladas de resíduos, dos quais 596 de vidro, 3.033 de plástico, 7.705 de papel e papelão, 1.150 de metais e 69 de alumínio. A FIGURA D.5.3 reflete a composição gravimétrica do material coletado.

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FIGURA D.5.3: COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA PERCENTUAL DO MATERIAL RECICLÁVEL COLETADO

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

Esses são os principais materiais recicláveis coletados

pelas cooperativas da REDE CATABAHIA, mas não os únicos. Ademais, a composição gravimétrica exposta na figura

acima possui uma importância direta na vida dos cooperados e da sociedade como um todo, pois cada tipo de material possui um valor de venda diferente, impactando diretamente no faturamento das cooperativas, e o total de materiais recicláveis coletados e vendidos representam economia de recursos naturais.

D.5.7. COMERCIALIZAÇÃO CONJUNTA A organização em cooperativas provoca uma mudança radical

no papel do catador na cadeia da reciclagem: de um papel marginal, inserido numa condição de pobreza crítica; para o papel de catador de material reciclável, reconhecido como agente ecológico pela sociedade -- protagonista ativo nas discussões sobre a cadeia da reciclagem e o meio ambiente --

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com níveis de renda significativamente melhores. Isso ocorre, dentre outros motivos, devido à eliminação dos atravessadores dessa cadeia, que obtêm lucro através da super-exploração da mão-de-obra dos catadores. Dessa forma são assegurados preços melhores, aumentando assim a renda dos catadores.

A Comercialização Conjunta, introduzida pela REDE

CATABAHIA, é capaz de eliminar os excedentes dos intermediários, aumentando as receitas brutas e líquidas – ao mesmo tempo em que reduz os custos operacionais devido ao aumento de eficiência logística. A FIGURA D.5.4 reproduz a evolução no tempo dessas categorias.

FIGURA D.5.4: EVOLUÇÃO DA RECEITA BRUTA, LÍQUIDA E DAS DESPESAS OPERACIONAIS

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

Na verdade, ocorreu uma diminuição da parcela referente

as despesas: antes ela representava parte considerável do faturamento, agora representa cerca de um quinto do total. Isto significa a incorporação integral dos custos da cooperativa, sinal de sustentabilidade econômica.

Esse fato representa para as cooperativas da REDE

CATABAHIA, para os cooperados, e para os parceiros do projeto, um dos maiores ganhos promovidos pelo programa de

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incubação realizado pelo PANGEA. Ao internalizar esses custos às cooperativas -- sem inviabilizar suas operações -- elas atingem o ponto de auto-sustentação econômica.

Vale ressaltar que no caso de uma cooperativa, o valor da

receita líquida equivale à renda a ser distribuído entre os cooperados. Essa renda média líquida por cooperado, durante o período de incubação do projeto, cresceu 555%.

Cabe nesse momento efetuar uma breve explicação acerca

dessa renda média líquida por cooperado, pois a mesma é ainda mais representativa do que parece ser.

O primeiro ponto refere-se ao sistema de pagamentos

adotado pelos próprios cooperados da REDE CATABAHIA. Esse sistema é efetuado por horas trabalhadas, assim, cada cooperado recebe de acordo com sua produtividade.

O segundo vincula-se à renda média, na qual não estão

embutidos os custos referentes à alimentação e os custos de vales-transportes, ambos fornecidos a todos os cooperados da REDE CATABAHIA por suas próprias cooperativas.

Um terceiro ponto a ser assinalado é a ação de

assistência social integrada que o projeto realizou e que já se encontra integrada institucionalmente às cooperativas da rede. Esta componente é responsável pelo desenvolvimento de ações de alfabetização; captação de doação de alimentos, livros e vestuário para os cooperados e seus filhos; acompanhamento e inclusão das famílias nos programas de transferência de renda do Governo Federal, como o bolsa-família. Todas essas ações contribuem para o aumento da renda familiar efetiva. Enfim, trata-se de recursos (monetários e não-monetários) que constituem um capital social fundamental, base para constituição de uma rede de assistência social solidária aos cooperados e seus familiares, muito difícil de ser reproduzida fora deste contexto.

D.5.8. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL Nas cooperativas ligadas à REDE CATABAHIA foram

elaboradas atividades diferenciadas de mobilização para a educação ambiental dos diferentes atores envolvidos, aonde foram consideradas categorias de estratificação, tais como

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residência, trabalho ou instituição de ensino, além da faixa etária e foco da ação.

As ações de comunicação, educação ambiental e mobilização

têm como objetivo sensibilizar as pessoas para a formação de grupos comunitários voltados para valorização da reciclagem nas suas comunidades.

D.5.9. PONTOS DE DIVULGAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO Nos estandes de divulgação da Coleta Seletiva Solidária

são distribuídos panfletos e cartilhas estimulando a população a realizar a separação e trazer os materiais recicláveis para os Ecopontos espalhados pelas cidades.

Assim o Estande é um Ponto de divulgação, educação

ambiental e esclarecimento quanto aos procedimentos para a Coleta Seletiva desenvolvida na comunidade.

D.5.10. PALESTRAS E OFICINAS COM EXIBIÇÕES AUDIOVISUAIS.

Ministradas por técnicos do PANGEA, as palestras contam

com a participação dos catadores que sempre contribuem com explanações referentes ao histórico de catação e suas novas experiências na Cooperativa -- além da exibição do vídeo institucional do Projeto e outras produções audiovisuais de cunho educativo.

Outra dinâmica muito utilizada é a Oficina de Recicláveis

-- uma apresentação mais descontraída do Projeto, com a participação do público em uma atividade de separação dos recicláveis e classificação dos mesmos por tipo. O público é convidado a “por a mão na massa” e praticar no ato a Coleta Seletiva.

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D.5.11. ABORDAGEM DOMICILIAR E SETORIAL Consiste na realização de visitas nas residências (porta

em porta) e aos setores das empresas e instituições, bem como às unidades comerciais de shoppings e centros empresariais.

A abordagem é realizada pelos catadores que distribuem

materiais explicativos e esclarecem como proceder na separação dos materiais recicláveis. Esta atividade é uma oportunidade das pessoas conhecerem os beneficiados diretos do Projeto.

D.5.12. VISITAS MONITORADAS A proposta é proporcionar aos cidadãos uma visita ao

Centro de Triagem das cooperativas de catadores da REDE CATABAHIA. Assim, as populações dos municípios podem observar as etapas de beneficiamento de todo material reciclável que chega ao Centro e o sistema de auto-gestão da Cooperativa.

A relevância dessa atividade se dá, principalmente, pelo

interesse das pessoas em conhecer o destino final do resíduo reciclável produzido e separado por elas em seus domicílios, escritórios e escolas. Traz também a oportunidade de contato com os catadores e suas experiências de vida e trabalho.

D.5.13. CAMPANHAS DE ARRECADAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

As Campanhas de Arrecadação de Materiais Recicláveis

baseiam-se na mobilização dos cidadãos, através de instituições de bairro, ensino e comerciais, para que tragam de suas casas garrafas plásticas, latinhas, revistas e jornais.

Dessa forma são estimuladas extensivamente a separação

dos materiais recicláveis num curto espaço de tempo -- momento no qual muitas pessoas que nunca praticaram a separação se dispõem a fazê-la – esperando que esta se torne uma prática habitual incorporada ao cotidiano do público participante.

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D.5.14. REDE DE MULTIPLICADORES E FÓRUNS LIXO E CIDADANIA

Nos municípios onde atua, o Projeto REDE CATABAHIA

estimula a participação voluntária da população em grupos de discussão com objetivo que formar multiplicadores -- interessados em incentivar e conhecer melhor a gestão municipal dos resíduos e a realidade dos catadores de materiais recicláveis.

Dessa forma, o projeto contribuiu para a constituição dos

Fóruns Lixo e Cidadania nos municípios de Feira de Santana e Vitória da Conquista, além de participar do Fórum Estadual Lixo e Cidadania.

D.5.15. ÔNIBUS ITINERANTE E TEATRO AMBULANTE Em Salvador, o Projeto REDE CATABAHIA incrementou suas

ações de Educação Ambiental e Mobilização Social através da Parceria com o Projeto Teatro Ambulante. O Teatro Ambulante consiste na estrutura móvel de ônibus preparado para apresentações de teatro, dança e música, proporcionando ampla divulgação da campanha de Coleta Seletiva nas comunidades.

Divertida e didática, a peça “Caminhando e Catando” pode

ser encenada em diferentes ambientes: condomínios, shoppings, supermercados e escolas. O texto emociona ao contar a história de vida dos ex-badameiros, hoje fundadores das cooperativas, e explica passo-a-passo os procedimentos para a Coleta Seletiva.

O Projeto REDE CATABAHIA mobiliza mais de 400

instituições, entre associações de bairro, escolas, universidades, indústrias, empresas, centros comerciais, atingindo um público total de 1 milhão de pessoas com as atividades de Educação Ambiental e Mobilização Social nos municípios aonde atua.

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D.6. RESULTADOS AMBIENTAIS Um dos maiores problemas enfrentados atualmente pelas

cidades, causado principalmente pelo enorme crescimento populacional, é o relacionado à qualidade do meio ambiente, mais precisamente no que se refere à geração, coleta e destino final do lixo.

Um ganho ambiental de extrema relevância, contudo de

difícil medição econômica, é a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera e água decorrente da reutilização de matéria prima. O quadro abaixo resume essas informações.

O QUADRO D.6.1 abaixo demonstra o potencial de redução da

poluição da água e do ar nos processos de produção a partir da utilização de resíduos reciclados.

QUADRO D.6.1: REDUÇÃO DA POLUIÇÃO ATRAVÉS DA RECICLAGEM

RESÍDUOS

REDUÇÃO DA POLUIÇÃO

AGUA AR

Lata de Alumínio 97% 95%

Vidro 50% 20%

Papel 35% 74%

Lata de Aço 76% 85% Fonte: Powelson, 1992, apud Calderoni, 2003, pg. 265.

A implantação de sistemas de coleta seletiva traz

benefícios diretos para os municípios, pois aumenta a vida útil dos aterros sanitários, reduz a contaminação do solo, ar e água e a proliferação de vetores transmissores de doenças.

Além disso, sabemos que as reservas de matérias primas --

sejam elas minérios ou petróleo -- são finitas. Em paralelo a este fato, vive-se hoje sob a iminência de crises de fornecimento de energia elétrica.

Portanto a reciclagem de materiais pode ensejar

considerável economia de energia: por exemplo, o papel produzido a partir da reciclagem permite redução de 71% da energia total necessária para a sua produção a partir da celulose; o plástico 78,7%; o alumínio 95%; o aço 74% e o vidro 13%.

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Diante desse contexto o Projeto REDE CATABAHIA, além de

gerar trabalho e renda e promover com isso a inclusão social, vem contribuindo sensivelmente para a redução desses impactos no meio ambiente.

O volume de materiais coletados seletivamente e

encaminhados para a reciclagem pelas cooperativas de catadores da Rede tem apresentado uma expressiva economia de recursos naturais, energia elétrica e água tratada.

Os dados subseqüentes, apresentados na FIGURA D.6.1,

apresentam uma estimativa do total de materiais recicláveis coletados no período de três anos, classificados por tipo -- Alumínio, Papel, Plástico, Metal e Vidro – durante os anos de atuação da REDE CATABAHIA.

FIGURA D.6.1: VOLUME DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COLETADOS (KG)

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

O QUADRO D.6.2 abaixo representa as economias de recursos

naturais promovidas pela coleta seletiva efetuada pelas Cooperativas de Catadores da REDE CATABAHIA nos respectivos municípios, considerando-se que os materiais recicláveis foram utilizados como insumos introduzidos novamente na cadeia produtiva dos produtos industrializados.

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QUADRO D.6.2: ECONOMIA DE RECURSOS NATURAIS DO PROJETO REDE CATABAHIA

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

É importante lembrar que esses resultados são frutos de

parcerias fundamentais, desde o patrocínio da PETROBRÁS, até a mobilização de centenas de empresas e milhares de pessoas em todos os municípios que aderiram ao sistema de coleta seletiva proposto pelo projeto CATA BAHIA, bem como do esforço e do trabalho de cada catador que diariamente realiza com dignidade o seu trabalho em benefício ao meio ambiente.

D.7. IMPACTOS NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

O Projeto REDE CATABAHIA foi marco importante para a

construção de políticas públicas de inclusão social dos catadores, tornando-se referência nacional deste segmento. Nesse sentido, o Projeto REDE CATABAHIA obteve reconhecimento através da conquista de premiações importantes, dentre as quais cabe destacar: 3° Prêmio CEBDS de Desenvolvimento Sustentável (2007); Concurso Nacional Ministério das Cidades - Secretaria de Saneamento Ambiental, Selecionado dentre as Experiências mais bem sucedidas em Educação Ambiental para o Saneamento (2006); Prêmio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES/BA com o 1º Lugar Excelência em Gestão dos Resíduos Sólidos (2006);

Além disso, a CAEC- Cooperativa de Catadores, que faz

parte do Projeto REDE CATABAHIA, foi selecionada para integrar a publicação da ONU “50 Jeitos Brasileiros de Mudar

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o Mundo” -- organizada pelo PNUD e publicada em 2007. A mesma cooperativa recebeu o Prêmio CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem – Categoria Comunidade como Melhor do Nordeste em 2004.

A FIGURA D.7 sumariza esses prêmios.

FIGURA D.7: PRÊMIOS RECEBIDOS PELA REDE CATABAHIA E PELA CAEC

FONTE: PESQUISA DIRETA – Equipe do Projeto – PANGEA – 2007

Em termos nacionais, a REDE CATABAHIA tornou-se

referência para o desenvolvimento e reprodução desta experiência em outros estados do Brasil. A experiência da REDE CATABAHIA é considerada referencial para a política federal de apoio aos catadores.

Do ponto de vista da organização dos catadores de

materiais recicláveis, o Projeto REDE CATABAHIA foi fundamental para a realização do I e II Encontro de Catadores de Materiais Recicláveis do Estado da Bahia, que congregou mais de 1.500 catadores do estado, tendo a presença de representantes de Prefeituras, Governo do Estado e Governo Federal.

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Existem hoje cerca de 1 milhão de catadores no Brasil (CEMPRE). Trata-se de uma estratégia de sobrevivência que pode ser observada em toda a América Latina, África e Ásia. Exemplo como o do Projeto REDE CATABAHIA podem orientar a construção de políticas multilaterais de combate à pobreza em diversos continentes, auxiliando na construção de um mundo mais justo e sustentável e um meio ambiente melhor para todos nós.

D.8. PERSPECTIVAS FUTURAS DA REDE CATABAHIA

D.8.1. SUSTENTABILIDADE Por possuir experiência como incubadora de projetos

focados no meio ambiente e na geração de renda, através da implantação de cooperativas de trabalho, a coordenação executiva da REDE CATABAHIA foi atribuída ao PANGEA, que avalia de forma sistemática a situação atual da REDE e sua articulação com demais atores envolvidos.

Em todas as esferas - econômica, social, e institucional

- este projeto apresenta um forte caráter sustentável, na medida em que apresenta indicadores e ações que asseguram a sua longevidade e seus benefícios. Dentre eles podemos destacar:

� O faturamento obtido pela REDE CATABAHIA com

a Comercialização Conjunta dos materiais reciclados é obtido pelo aumento das eficiências de mercado das cooperativas associadas – a exemplo do encontrado na REDE CATA SAMPA e REDE CATA RIO, apresentadas e discutidas nas PARTES A e C deste trabalho;

� Como se tratam de cooperativas – e não de empresas provadas -- os faturamentos líquidos provenientes das vendas dos materiais recicláveis coletados são revertidos diretamente para cotização entre os cooperados;

� Todos os catadores integrados diretamente à REDE CATABAHIA foram incluídos socialmente, pois estes são, em sua maioria, provenientes

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de lixões e das ruas -- uma população discriminada e marginalizada socialmente;

� Paralelamente podemos citar também o combate ao analfabetismo (67 pessoas); ao trabalho infantil (crianças são retiradas dos lixões e matriculadas em escolas); melhoria da saúde dos cooperados (100% das cooperativas possuem visitas médicas); e provimento de refeições para todos os cooperados;

� Organização dos cooperados, anteriormente atuavam de forma marginalizada -- trabalhando sozinhos ou para intermediários -- e hoje possuem uma organização em forma de rede, dando visibilidade e criando uma nova categoria de trabalhadores na economia;

� A construção de um amplo arco de parcerias, que inclui o poder público; a sociedade civil; a iniciativa privada; organismos internacionais; universidades, institutos e fundações privadas;

� As instituições que se apresentam como parceiras no desenvolvimento da REDE CATABAHIA, tem contado com o apoio de diversos outros organismos da sociedade no exercício de atividades relacionadas ao resgate de cidadania de membros excluídos, utilizando como instrumento básico de inclusão projetos geradores de trabalho e renda, aliados a preservação das condições ambientais e culturais;

� Muitos desses parceiros -- organizados em rede e através da mobilização social atuante -- garantem a doação dos materiais recicláveis para as cooperativas, principal meio de sobrevivência das mesmas;

� Na REDE CATABAHIA a ação de incubação de cooperativas consistiu primordialmente no fornecimento de assistência técnica aos cooperados visando repassar os conhecimentos técnicos para que a cooperativa possa ser auto-suficiente após o término do projeto;

� Fica demonstrado que o processo cooperado da catação e reciclagem de resíduos sólidos urbanos possui um forte caráter de auto-sustentabilidade -- gerando reais condições de combate à pobreza; promoção da inclusão social; constituindo empregos formais e

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assegurando renda para esses catadores; e, mais importante ainda, resgatando suas dignidades;

� Os catadores cumprem, de fato, o papel de verdadeiros agentes de desenvolvimento ambiental sustentável, com todos os benefícios que essa prática encerra. Destacam-se aí os ganhos relativos à saúde pública e qualidade de vida nos grandes centros urbanos;

� As proposições de fortalecimento institucional e consolidação de tecnologias sociais de gestão de Redes de Comercialização Conjunta das cooperativas de catadores configura-se em elementos chave para o sucesso do processo de reciclagem de materiais, aliados ao resgate e inclusão social deste segmento marginalizado.

� A REDE CATABAHIA proporcionou um diagnóstico adequado das oportunidades de combate à pobreza e inclusão social, oferecidas pelo mercado da reciclagem e de coleta de materiais recicláveis no estado da Bahia

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