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“CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAL DE RISCO NA EUROPA1 “EUROPEAN VENTURE CAPITAL MARKET CHARACTERIZATIONElisabete Gomes Santana Félix 2 [email protected] Elisabete Gomes Santana Félix, Assistente do Departamento de Gestão de Empresas da Universidade de Évora. Doutoranda em Gestão no ISCTE na Especialização em Finanças. [email protected]. telef.: 266740892. Universidade de Évora, Departamento de Gestão de Empresas, Largo dos Colegiais, nº 2, 7000-803 Évora, Portugal. Elisabete Gomes Santana Félix, Assistant Professor of the Management School of the University of Évora. PhD student in Management in the ISCTE in the specialization of Finances. [email protected]. telef.: 266740892. Universidade de Évora, Departamento de Gestão de Empresas, Largo dos Colegiais, n.º 2, 7000-803 Évora, Portugal. 1 Publicado na Revista Economia Global e Gestão nº 3, vol. X, 2005, pp. 53-75. 2 A autora agradece os comentários efectuados pelos orientadores, Prof. Doutor José Paulo Esperança e Prof. Doutor Mohamed Azzim Gulamhussen. Agradece também os comentários realizados por um referee anónimo. A autora é, no entanto, responsável por quaisquer erros ou omissões que possam existir.

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“C ARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAL DE RISCO NA EUROPA” 1

“E UROPEAN VENTURE CAPITAL MARKET CHARACTERIZATION ”

Elisabete Gomes Santana Félix 2 [email protected]

Elisabete Gomes Santana Félix, Assistente do Departamento de Gestão de Empresas da Universidade de Évora. Doutoranda em Gestão no ISCTE na Especialização em Finanças. [email protected]. telef.: 266740892. Universidade de Évora, Departamento de Gestão de Empresas, Largo dos Colegiais, nº 2, 7000-803 Évora, Portugal. Elisabete Gomes Santana Félix, Assistant Professor of the Management School of the University of Évora. PhD student in Management in the ISCTE in the specialization of Finances. [email protected]. telef.: 266740892. Universidade de Évora, Departamento de Gestão de Empresas, Largo dos Colegiais, n.º 2, 7000-803 Évora, Portugal.

1 Publicado na Revista Economia Global e Gestão nº 3, vol. X, 2005, pp. 53-75. 2 A autora agradece os comentários efectuados pelos orientadores, Prof. Doutor José Paulo Esperança e Prof. Doutor Mohamed Azzim Gulamhussen. Agradece também os comentários realizados por um referee anónimo. A autora é, no entanto, responsável por quaisquer erros ou omissões que possam existir.

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“C ARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAL DE RISCO NA EUROPA” RESUMO Neste trabalho pretendeu-se realizar uma análise do mercado europeu de capital de risco nos últimos oito anos. Paralelamente a este objectivo, apresenta-se um pouco da história da indústria de capital de risco, realizando uma comparação entre os EUA e a Europa. Na análise do mercado europeu de capital de risco focam-se, por exemplo, aspectos relativos aos montantes de investimento, de captação de fundos, tipo de investidores e tipo de investimentos. Entre outras conclusões, verificam-se que são os bancos e os fundos de pensões os principais fornecedores de capital, que é um mercado tradicionalmente doméstico e que, em termos de montantes investidos, são os investimentos de tipo buyout que possuem maior representatividade, mas que quando analisados os números de investimentos efectuados são os do tipo de expansão que predominam. PALAVRAS -CHAVE : Mercado de capital de risco; Europa; EUA. JEL Classification: F00, G24, M13.

“E UROPEAN VENTURE CAPITAL MARKET CHARACTERIZATION ” ABSTRACT In this work it was intended to carry through an analysis of the European venture capital market in the last eight years. Also it was done a summary of the venture capital industry history, carrying through a comparison between U.S.A. and Europe. In the European venture capital market analysis it was pointed out aspects about the investment totals, fundraising, investors types and investments types. Among others conclusions, it was found that the banks and pension funds are the main suppliers of capital, that it is a market traditionally domestic and that, in totals invested, the buyout investments are the ones that possess greater representation, but when analyzed the numbers of realized investments it is the expansion investment that predominate. KEY WORDS: Venture Capital Market, Europe, USA. JEL Classification: F00, G24, M13.

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“CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAL DE RISCO NA EUROPA”

Junho de 2005

1. ORIGEM DO CAPITAL DE RISCO

O capital de risco é originário dos EUA e surge no virar do século XX, quando

famílias abastadas como os Rockefellers e os Duponts forneceram capital de risco a

pequenas empresas em crescimento, tornando-se muitas delas em empresas de sucesso

como são o caso da Eastern Airlines e a Xerox. Após a II Guerra Mundial, formaram-se

algumas empresas institucionais de capital de risco das quais a mais notável foi a

“American Research and Development Corporation” em Boston no ano de 1946, cujos

fundadores foram o MIT, a Harvard Business School e empresas líderes locais. Esta

empresa tinha como objectivo comercializar as tecnologias desenvolvidas para a segunda

grande guerra.

Desde essa altura até aos dias de hoje a evolução do capital de risco não foi

constante. Constatou-se uma tendência cíclica relacionada com o fluxo de oferta e procura,

associada ao dinamismo do tecido empresarial norte-americano, bem como ao

desenvolvimento do mercado de capitais (Ferreira, 2003).

Até 1970 os fundos de capital de risco existentes nos EUA tinham origem em

famílias abastadas e em SBIC’s (Small Business Investment Companies) criadas em 1958

pelo SBA – Small Business Administration, no entanto os investidores do tipo SBIC’s

revelaram alguns problemas, nomeadamente na criação de expectativas irrealistas no

mercado, inexperiência de gestão e desadequação à regulamentação governamental

(Bygrave e Timmons, 1992; Norton, 1994).

No final da década de 70, verificou-se uma revitalização do mercado em virtude do

Revenue Act em 1978 e do Employment Retirement Income Security Act (ERISA) (1974,

1979, 1980). Em virtude do primeiro verificou-se uma diminuição da tributação das mais-

valias de 49% para 28%, assim como a criação de incentivos fiscais para os investimentos

de longo prazo. No caso do ERISA veio dar um novo quadro legal aos fundos de pensões e

permitindo aos mesmos efectuarem investimentos até 5% dos seus fundos em activos de

risco, o que veio a revelar-se numa das maiores fontes de capitais para o mercado do

capital de risco, permitindo assim a consolidação e surgimento da indústria de capital de

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risco como uma das maiores fontes de recursos financeiros para projectos inovadores, com

potencial crescimento e de elevado risco (Tavares, 2000; Ferreira, op. cit.).

Segundo as estatísticas da NVCA, em 1980 o mercado de capital de risco nos EUA

representava perto de um bilião de dólares em contraponto com os cem biliões de dólares

no ano de 2000. Este novo incremento na década de 80 terá surgido devido em parte ao

bull market de 1982-83, altura em que os investidores reconheceram a elevada

rendibilidade dos investimentos que tinham sido realizados na década de 70 (Sahlman,

1990; Ferreira op. cit.).

No ano de 2001 existiam nos EUA 800 empresas de capital de risco para mais de

2200 empresas participadas em estádio-inicial e em rápido crescimento, embora se tenha

verificado uma leve diminuição de 2000 para 2001 associado ao decréscimo da economia e

tecnologia (Sherman, 2001) tal como se pode observar pela figura 1.

Fonte: Venture Economics, Outubro de 2002. Figura 1. Níveis de montantes investidos em capital de risco (linha a tracejado) e montantes afectados dos fundos de investimento de capital de risco (linha a cheio) dos EUA em dólares.

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Nesta figura podemos observar, que no caso dos EUA, as entradas de dinheiro para

o capital de risco e montantes afectos às empresas participadas apresentaram dois períodos

de rápido crescimento. O primeiro período surgiu após a emenda anteriormente referida

que regulamentava os investimentos de fundos de pensão (permitindo aos fundos de

pensão investir em activos de elevado risco, incluindo capital de risco, tendo como

consequência o aumento do capital disponível para investimento em capital de risco)

(Gompers e Lerner, 1999b).

A explosão de capital de risco em finais dos anos 90 superou por completo o

primeiro período de crescimento. Nos anos de 1998 a 2000 viveu-se uma forte expansão

das indústrias de Internet e afins a seguir ao IPO da Netscape’s em Agosto de 1995 (Seppä,

2003).

O mercado de IPOs favorável que durou até Março de 2000, altura do colapso do

Nasdaq e das acções da Internet, terá sido a maior contribuição para a aparente expansão

ilimitada da indústria de capital de risco dos EUA.

Na medida em que as IPO’s são uma das formas de desinvestimento de capital de

risco que permitirão realizar saídas com sucesso, então esse mercado de IPO’s favorável

permitiu a existência de um mercado de saídas de investimentos de capital de risco

atractivo, elevando as expectativas relativas ao potencial de valorização das saídas de

novos investimentos de capital de risco. No entanto, a queda brusca do mercado de acções

após os inícios do ano 2000 causou uma queda drástica das actividades do capital de risco.

Em 2001 e inícios do ano 2002, a oportunidade das IPO já não se encontrava aberta e o

número crescente de falências de empresas de Internet elevou as dúvidas dos investidores

com respeito à sustentabilidade do nível actual da actividade de capital de risco. Os

investimentos diminuíram rapidamente. A captação de fundos e os montantes de

investimento afectos ao capital de risco nos EUA caiu rapidamente entre 60% a 70% do

pico de 2000 (Seppä, op. cit.). No entanto, o ano de 2001 e primeiros trimestres do ano de

2002 não deixam de ser dos melhores nos EUA quer em termos de fundos angariados, quer

em termos de montante investido pelos investidores de capital de risco, como podemos

constatar pela figura 1.

Segunda a NVCA a quebra registada desde 2001 deveu-se a vários factores,

nomeadamente:

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� Ao arrefecimento da dinâmica das IPOs e do mercado das fusões e

aquisições nos EUA, em virtude da quebra ocorrida no NASDAQ e dos acontecimentos de

11 de Setembro, o que veio a afectar a confiança e optimismo dos investidores;

� Os investidores de capital de risco terem centrado a sua atenção no

acompanhamento das empresas participadas e não na análise e prospecção de potenciais

investimentos. As estatísticas da NVCA vêm comprovar esta situação, é que em 2001

verificaram-se 81% de investimentos em reforços, contra 51% em 1996 e 66% em 2000.

Tal é acompanhado por um aumento dos investimentos em projectos de expansão (que

cresceram em média 50%) e uma quebra das operações do tipo start-up’s e seed-capital

(que rondou os 30%);

� A ocorrência de uma diminuição das taxas internas de rendibilidade

associadas aos fundos de capital de risco, nalguns casos para valores negativos. Estes

investimentos deixaram de apresentar taxas de valores considerados anormais e

sobrevalorizados. No entanto, a rendibilidade média de longo prazo mantém-se

aproximadamente nos 20%;

� A ocorrência de uma maior diversificação dos investimentos realizados

pelos operadores em termos de sectores de actividade. O segmento de mercado das

tecnologias de informação deixou de apresentar um peso excessivo, atingindo no entanto

os 79,6% em 2001 (com destaque para a indústria do software), tendo os sectores

associados a ciências da vida (como a biotecnologia, os serviços e equipamentos de

medicina, por exemplo), crescido entre 7% e 10% nesse mesmo ano, representando 18,5%

do investimento total da indústria. Só a biotecnologia cresceu 8,2% em 2001, fruto do

vasto conjunto de oportunidades criadas pelos recentes desenvolvimentos nos segmentos

dos fármacos, genomas e proteómicos.

Nos EUA os investimentos de capital de risco continuam a ser caracterizados por

serem efectuados por investidores privados, pela tomada de posições minoritárias nas

empresas e pela sua independência relativamente à política governamental (Ferreira, op.

cit.).

A importância que o capital de risco teve e continua a ter para a economia dos EUA

é indiscutível e comprovável por um estudo elaborado pela DRI-WEFA no ano de 2000 e

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apresentado pela NVCA, no qual se refere a importância em termos de criação de postos de

trabalho bem como na criação de receita bruta. Segundo esse estudo os números associados

ao investimento de capital de risco representam 13,1% do PNB dos EUA e 7,9% da receita

agregada gerada pela totalidade das empresas do país (Ferreira, op. cit.).

Black e Gilson (1998) apresentam-nos alguns dos motivos que poderão ter

possibilitado tal feito relativamente à evolução do capital de risco nos EUA. Verificou-se

que à medida que o volume de fundos foi aumentando na indústria de capital de risco dos

EUA foi ocorrendo um deslocamento do segmento alvo dessa indústria para estádios de

ciclo de vida dos investimentos mais avançados. Outro aspecto reside no facto de nos EUA

as novas tecnologias terem sido sempre o sector preferencial para investimentos de capital

de risco, sector esse que é caracterizado por elevadas taxas de crescimento e consideráveis

índices de inovação. Por último, e um dos principais aspectos referidos por estes dois

autores bem como outros seguidores das suas teorias, a facilidade de saída dos

investimentos existente nos EUA. Estes autores apresentaram a existência de uma

correlação positiva entre os níveis de desenvolvimento dos mercados de capitais e dos de

capital de risco.

Este último aspecto referido verifica-se também no caso da Europa em que, tal

como poderemos verificar mais à frente, a Inglaterra é desde o início um dos principais

países em termos de volumes de investimentos de capital de risco pelo desenvolvimento

existente nos mercados de capitais que possibilitou a ocorrência de saídas mais facilitadas

e rentáveis.

2. O CAPITAL DE RISCO NA EUROPA

No caso da Europa a grande parte da indústria de capital de risco desenvolveu-se

muito rapidamente nos inícios dos anos 80. Hoje em dia o capital de risco encontra-se

numa fase de elevado desenvolvimento na Europa. Prova disso são as várias iniciativas de

apoio e desenvolvimento levadas a cabo pela União Europeia, veja-se por exemplo o

documento elaborado, em Agosto de 2002, pelo Centre for Strategy & Evaluation

Services, a pedido da Comissão Europeia, cujo título é: “Guide to Risk Capital Financing

in Regional Policy”, o qual é dedicado ao financiamento das pequenas e médias empresas

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(PMEs), encontrando-se nele uma secção relativa a investimento/financiamento de Capital

de Risco.

Observe-se a figura 2 que nos evidencia o elevado crescimento do investimento de

capital de risco na Europa, traduzido em termos de “portfolio at cost”.

Fonte: EVCA. Figura 2. Dimensão do investimento de capital de risco europeu, calculado em termos do “portfolio at cost” (líquido de desinvestimento).

Se procedermos a uma análise em termos percentuais aos valores apresentados na

figura 2 observamos o crescimento do investimento de capital de risco referido por vários

analistas e investigadores na Europa, mas também a resposta dos mercados à queda dos

investimentos nos EUA evidenciada na figura 4.

Na figura 3 consta a evolução do crescimento do investimento de capital de risco

europeu em termos percentuais relativos ao ano de 1988. Como se pode observar desde

1988 até 2003 verificou-se um aumento percentual da ordem dos 1355,93%.

É de realçar a linha crescente bastante evidenciada a partir de 1997. Este

crescimento acentuado ficou a dever-se à realização de várias formas de buyout pan-

europeus de grande dimensão (Yli-Renko e Hay, 1999).

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Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 3. Crescimento percentual do investimento de capital de risco europeu (calculado em termos do “portfolio at cost”) relativo ao ano de 1988.

Na figura 4 é apresentado o crescimento anual percentual do investimento de capital

de risco europeu (calculado em termos do “portfolio at cost”). Observe-se que o ano em que

ocorreu o maior crescimento foi 2000.

Tal como se observou na figura 1 relativa aos EUA, também na Europa ocorreu um

decréscimo dos valores efectuados em investimento de capital de risco decorrido na

sequência do sucedido no mercado americano como resposta aos mercados de capitais. No

entanto observe-se que de 2001 para 2003 já se pode observar uma ligeira tendência

crescente, encontrando-se agora os valores de investimento de capital de risco, em termos

percentuais, aos níveis do ano de 1997.

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Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 4. Crescimento anual percentual do investimento de capital de risco europeu (calculado em termos do “portfolio at cost”).

Na figura 5 é apresentada a evolução relativa a capital de risco mas em termos de

captação de fundos e de afectação desses fundos a novos investimentos. Como se pode ver

continua-se a observar a mesma evolução apresentada nas figuras anteriores relativas à

Europa. Maioritariamente constata-se que a afectação de fundos não acompanha a

totalidade do crescimento da captação de fundos, tal é justificado por uma forte liquidez

dos fundos de capital de risco europeus em geral (segundo a EVCA existem avultados

montantes dos fundos de capital de risco por serem afectados a novos investimentos) (Yli-

Renko e Hay, op. cit.).

Observe-se que relativamente aos montantes afectados a novos investimentos

verificou-se uma ligeira subida de 2001 para 2003. Em termos quer de captação de fundos

quer de afectação de fundos a novos investimentos o ano de 2002 encontra-se acima do

nível dos valores do ano de 1999, e os referentes a 2003 reflectem um crescimento.

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Fonte: EVCA. Figura 5. Montantes anuais de captação de novos fundos e montantes anuais afectados a fundos na Europa de 1988 a 2003.

Na figura 6 é apresentada uma comparação entre os anos 1997 e 2003 da evolução

do investimento de capital de risco em percentagem do PNB (Produto Nacional Bruto)

para alguns países europeus.

Fonte: EVCA. Figura 6. Investimento de capital de risco em percentagem do PNB nos países Europeus em 1997 e 2003.

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Observa-se um forte crescimento do investimento de capital de risco de 1997 para

2003. Apenas a Holanda, Noruega, Portugal e Grécia apresentam quase os mesmos valores

para os dois anos. Não se obtiveram valores para a Irlanda

Tal como em 1997, em 2003 é o Reino Unido o país que apresenta os valores mais

elevados relativamente ao seu PNB.

3. CARACTERIZAÇÃO DO CAPITAL DE RISCO NA EUROPA

Tendo em atenção ainda a figura 6 a indústria europeia de capital de risco é muito

diferenciada entre os vários países europeus, quer no que respeita à dimensão quer no que

respeita à fase de desenvolvimento.

Os países europeus são diferentes no que diz respeito ao grau de encorajamento

para o empresário ao nível de ambiente cultural e político. Tal é reflectido nas diferentes

condições fiscais e legais existentes entre os vários países (Yli-Renko e Hay, op. cit.).

A introdução da moeda única na Europa, uma política fiscal comum e a continuada

harmonização de regulamentação terá um efeito diminuidor nas diferenças nacionais na

indústria de capital de risco. Por outro lado, a Comissão Europeia está a aumentar o

desenvolvimento de esquemas pan-europeus como forma de encorajamento do

investimento de capital de risco, em particular nas fases iniciais de investimento (Yli-

Renko e Hay, op. cit.).

Assim importa analisar e caracterizar para os vários países o investimento em

capital de risco.

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Fonte: EVCA. Figura 7. Dimensão do portfolio de investimento de capital de risco dos países europeus, calculado segundo o portfolio at cost (líquido dos desinvestimentos)

A figura 7 compara a dimensão dos portfolios de capital de risco nos países

Europeus. Verificamos que o Reino Unido é o país que apresenta maiores valores, sendo

assim o mercado mais dominante, seguido da França e da Alemanha. A Suécia é um país

que tem apresentado um forte crescimento. Para o ano 2003 a Espanha apresenta também

um elevado crescimento.

Na figura 8 comparam-se os valores dos novos fundos captados para investimentos.

Também aqui o Reino Unido, a França e a Alemanha continuam a dominar o mercado.

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Fonte: EVCA. Figura 8. Montantes anuais de captação de novos fundos nos países Europeus de 2000 a 2003.

A figura 9 relaciona a captação de fundos com a afectação desses fundos a novos

investimentos no ano de 2003 e permite compará-los entre países. Nesta figura e neste ano

o Reino Unido e a França dominam em termos de valores.

Na figura podemos verificar que, em aproximadamente 40% dos países, no ano de

2003 os montantes investidos superaram a captação de novos fundos. Tal poderá ser

explicado pela reaplicação em novos investimentos dos ganhos alcançados com os fundos

de investimentos.

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Países

2000 2001 2002 2003

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15

Fonte: EVCA. Figura 9. Montantes anuais de captação de novos fundos e montantes anuais afectados a fundos nos países Europeus em 2003.

Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 10. Montantes investidos e número de investimentos efectuados nos países Europeus em 2003.

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Reino

Unido

França

Aleman

haItá

lia

Suécia

Holan

da

Espan

haSuí

ça

Bélgica

Finlân

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Norueg

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Dinam

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Polónia

Grécia

Portugal

Áustria

Repúb

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Checa

Hungria

Eslov áqu

ia

Países

Milh

ões

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Núm

ero

de

Inve

stim

ento

s

(Milhões €) (Número)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

Milh

ões

de E

uros

Rei

no

Uni

do

Fra

nça

Ale

man

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uéc

iaIt

ália

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Su

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Po

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slov

áqu

ia

Países

2003 Captação de Novos Fundos 2003 Investimento

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16

Na figura 10 é apresentada a relação entre os montantes anuais investidos e o

número de investimentos efectuados no ano de 2003. Nem sempre os países com maiores

valores de investimentos foram os que realizaram maiores números de investimentos. Com

excepção de países como o Reino Unido e Itália.

Interessa-nos analisar quais são os principais fornecedores de capital para a

indústria de capital de risco na Europa. Tal poderá determinar algumas das características

respeitantes ao tipo de investimento e desinvestimento que é efectuado na Europa.

Na figura 11 apresenta-se a evolução anual de 1999-2003 da captação de fundos

por tipo de investidor.

Fonte: EVCA. Figura 11. Montantes anuais de captação de novos fundos por tipo de investidor entre 1999-2003.

Na Europa, nestes últimos quatro anos, os principais investidores foram os fundos

de pensões e os bancos, seguidos pelas companhias de seguros e pela reaplicação dos

fundos provenientes de outros fundos de investimento.

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

Milh

ares

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Eur

os

Em

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sas

Inve

stid

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ticul

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ões

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ica

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do

de

Cap

itai

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ão D

isp

oní

vel

Gan

ho

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e C

apit

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ealiz

ados

Fontes de Capital

1999 2000 2001 2002 2003

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No caso do ano 2003 verifica-se que são os bancos os principais investidores de

capital de risco na Europa.

Na figura 12 apresentam-se para um ciclo de oito anos os principais investidores de

capital de risco europeus e como podemos verificar são os bancos e os fundos de pensões

os principais investidores.

Fonte: EVCA. Figura 12. Montantes de captação de novos fundos, por tipo de investidor, entre 1996-2003.

Na figura 11 no ano de 2000 verificou-se um forte crescimento no que diz respeito

aos montantes investidos por empresas, embora nos dois seguintes anos tenha ocorrido

uma diminuição, reflexo de todo o decréscimo verificado no mercado de capital de risco

mundial nesses anos. No entanto, como podemos verificar pela figura 12 as empresas

encontram-se em quarto lugar como investidores de fundos de capital de risco.

Este é um bom sinal e uma tendência bastante positiva para o mercado europeu.

Na figura 13 são apresentados os montantes captados de fundos para investimento

em capital de risco segundo a origem desses fundos. Como podemos observar o mercado

Empresas Seguradoras 12,8%

Fundos de Pensões 23,1%

Empresas 8,5%

Investidores Particulares 6,3%

Agências Governamentais 6,1%

Bancos 25,7%

Não Disponível 7,0%Instituições

Académicas 1,1%

Mercado de Capitais 0,5%

Fundos de Fundos 9,0%

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europeu de capital de risco é caracterizado por capital resultante de países europeus. Tendo

vindo a verificar-se um aumento de capitais provenientes de outros países que não

europeus.

Na figura 14 podemos verificar a mesma tendência pela análise de um ciclo de oito

anos.

Fonte: Da autora com dados da EVCA.

Figura 13. Montantes de captação de novos fundos, por origem geográfica, entre 1996-2003.

Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 14. Montantes de captação de novos fundos, por origem geográfica, entre 1996-2003.

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

40.000.000

45.000.000

50.000.000

€ *

1000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

Doméstico Outros Países Europeus Países Não Europeus

Outros Páises Europeus19%

Doméstico52%

Países Não Europeus29%

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Na figura 15 apresentam-se os investimentos iniciais e investimentos follow-on

quer por montante investido quer por número de empresas que realizaram esse

investimento para o ciclo de 1999-2003.

Ainda na mesma figura podemos verificar que os montantes de investimentos

iniciais são superiores aos de follow-on, mas neste último tem-se verificado uma pequena

tendência crescente.

Tal tendência é reforçada pela análise respeitante ao número de empresas que

realizaram investimentos. Verifica-se um aumento do número de empresas que efectuaram

investimentos follow-on nos dois últimos anos.

O que acaba por ser justificado pelo amadurecimento do mercado de capital de

risco europeu, levando à ocorrência de um maior número de rounds de investimento.

Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 15. Investimento Inicial e Investimento Follow-on, pelo montante de investimento e número de empresas, entre 1999-2003.

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

Investimento Inicial Investimento Follow -on

€ *

1000

0

2.000

4.000

6.000

Núm

ero

de

empr

esas

1999 Montante de Investimento 2000 Montante de Investimento 2001 Montante de Investimento

2002 Montante de Investimento 2003 Montante de Investimento 1999 Nº de Empresas

2000 Nº de Empresas 2001 Nº de Empresas 2002 Nº de Empresas

2003 Nº de Empresas

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Nas figuras 16 e 17 apresentam-se os montantes investidos segundo as formas de

investimento de capital de risco.

Como se observa na figura 16 o mercado europeu de capital risco é caracterizado

por investimento do tipo buyout, seguido de investimento do tipo expansão.

Investimentos do tipo Buyout oferecem oportunidades mais fáceis e rentáveis de

alcançar rendimentos do que investimentos em fases mais iniciais.

Pela figura 17 confirmamos que no ciclo de oito anos têm sido também os

investimentos do tipo buyout e expansão que dominaram.

Fonte: EVCA. Figura 16. Evolução dos montantes investidos por formas de investimento de capital de risco.

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

9.000.000

10.000.000

11.000.000

12.000.000

13.000.000

14.000.000

€*10

00

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

Seed Star-up Expansion Replacement Capital Buyout

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Fonte: EVCA. Figura 17. Total dos montantes investidos por formas de investimento de capital de risco, entre 1996-2003.

Atentemos nas figuras 18 e 19. A primeira, mostra-nos o número de empresas que

investiram segundo as formas de investimento em capital de risco; a segunda dá-nos a

conhecer, não o número de empresas, mas antes o número de investimentos por estas

efectuados tendo em conta, mais uma vez, as formas de investimento em capital de risco.

Em ambas as figuras, são a expansão e o start-up as formas de investimento que

captam maior número de empresas interessadas e, bem assim, o número de investimentos

no período considerado.

Tal acontece pois os investimentos do tipo Buyout consistem em negócios de

elevados montantes e não necessariamente de elevados números de negócios.

Seed2% Star-up

11%

Expansion30%

Replacement Capital5%

Buyout52%

Seed Star-up Expansion Replacement Capital Buyout

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Fonte: EVCA. Figura 18. Número de empresas que efectuaram investimentos, por formas de investimento de capital de risco, entre 1999-2003.

Fonte: EVCA. Figura 19. Número de investimentos efectuados, por formas de investimento de capital de risco, entre 1999-2003.

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000N

úmer

o de

em

pres

as

Seed Star-up Expansion ReplacementCapital

Buyout

Formas de Investimento de Capital de Risco

1999 2000 2001 2002 2003

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Núm

ero

de in

vest

imen

tos

Seed Star-up Expansion ReplacementCapital

Buyout

Formas de Investimento de Capital de Risco

1999 2000 2001 2002 2003

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23

Observando a figura 20 verificamos que em termos de montante investido no ano

de 2003 são as grandes empresas que dominam os investimentos. No entanto, e

relativamente ao número de investimentos realizados, as pequenas empresas representam

aproximadamente 70% dos mesmos.

Fonte: EVCA. Figura 20. Investimento pelo número de empregados nas empresas que investiram no ano de 2003.

Na figura 21 verifica-se que os investimentos de capital de risco foram

maioritariamente realizados na Europa. O mercado de capital de risco europeu é

tradicionalmente um mercado doméstico.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Montante de Investimento Nº investimentos

0-19 20-99 100-199 200-499 500-999 1000-4999 5000+

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Fonte: EVCA. Figura 21. Montantes de investimentos efectuados, por origem geográfica, entre 1996-2003.

Fonte: Da autora com dados da EVCA. Figura 22. Montantes de investimentos efectuados, por sectores de indústria, entre 1999-2003.

Na figura 22 apresentam-se os montantes de investimento divididos pelos vários

sectores de actividade.

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

€ *

1000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

Doméstico Outros países europeus Países não europeus

€ * 1000

ComunicaçõesRelacionados com computadores

Outros componentes electrónicos relacionadosBiotecno logia

Relacionados M edicina/SaúdeEnergia

Relacionados co m consumoP rodutos e serviços industriais

Químicos e M ateriaisAutomação indústrial

Outros manufacturaçõesTransportes

Serviços FinanceirosOutros Serviços

AgriculturaConstrução

Outros

Sect

ores

de

indú

stria

2000 2001 2002 2003

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Verifica-se que existem quatro categorias de sectores que têm dominado os

investimentos de capital de risco nos últimos anos. Essas categorias são os investimentos

em produtos relacionados com o consumo, com as comunicações, com computadores e,

por fim, os investimentos em produtos e serviços industriais.

Se aglomerarmos os sectores segundo a classificação de high-tech ou não high-tech

obtemos a figura 23, na qual observa-se que na Europa os investimentos de capital de risco

não são caracterizados como sendo de high-tech, embora se tenha vindo a verificar um leve

crescimento nesse tipo de investimentos, encontrando-se hoje já próximo dos 50% do total

de investimentos de capital de risco.

Fonte: EVCA. Figura 23. Montantes de investimentos efectuados em sectores de indústria High-Tech e não High-Tech, entre 1999-2003.

Os investimentos classificados de high-tech encontram-se normalmente

concentrados em torno de universidades com algum peso em investigação e

desenvolvimento na comunidade em que se inserem. A confirmação deste facto é a história

no capital de risco, já aqui apresentada, nos EUA, em que os investimentos se encontram

associados a concentrações de famílias abastadas com algumas das melhores universidades

americanas.

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

€ *

1000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

High-Tech Não High-Tech

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Na Europa já vão surgindo vários parques industriais e “silicon valleys”, nos quais

se verificam uma forte concentração de empresas tecnológicas e de divisões de pesquisa e

desenvolvimento de grandes empresas, bem como instituições de pesquisa. Alguns

exemplos destes clusters tecnológicos são a concentração de empresas de biotecnologia em

Cambridge, o “silicon Glen” na Escócia e a concentração de empresas de

telecomunicações em Sophia Antipolis (Nice) e em Oulu (Norte da Finlândia). Estas

regiões poderão também vir a ser centros para actividades de capital de risco do tipo early-

stage (Yli-Renko e Hay, op. cit.).

No entanto, no caso europeu estes clusters tecnológicos continuam a ser dominados

por divisões de grandes empresas e não por novos start-ups.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLACK, B. S. e R. J. GILSON (1998), «Venture capital and the structure of capital

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