bruna de carvalho sorrentino tiago henriques moreira fisiologia renal 3º período – medicina...
TRANSCRIPT
UROLITÍASE E HEPATOTOXICIDADE RELACIONADOS AO
TRANSPORTADOR DE ÂNIONS SAT1 EM CAMUNDONGOS
Bruna de Carvalho Sorrentino
Tiago Henriques Moreira
Fisiologia Renal
3º período – Medicina
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Macaé, 25 de Julho de 2012
Sat1: Transportador de ânion sulfato 1;
Também denominado Slc26a1;
Localizado na membrana basolateral dos rins e segmentos distais do intestino (íleo distal, ceco e cólon proximal); e na membrana sinusóide dos hepatócitos;
Medeia o transporte epitelial de oxalato e sulfato;
Importante papel na homeostase do oxalato e sulfato.
O gene do Sat 1 está localizado no Exon 2/ Íntron 2 do gene da alfa-L- iduronidase (IDUA).
Urolitíase:
O oxalato de cálcio, produto da excreção urinária, pode formar cristais que ao se agregarem podem formar cálculos renais no sistema urinário.
Hepatotoxicidade:
O sulfato é essencial para a fase II da detoxificação no fígado, e é altamente reabsorvido pelos rins.
Objetivo principal do estudo:
Determinar as funções fisiológicas do transportador Sat1 na regulação da homeostase do oxalato e do sulfato.
Métodos e
Resultados:
1. Construção do vetor alvo:
Fragmentos de Sat 1 foram multiplicados por PCR para se criar o fragmento alvo. A estratégia utilizada para a criação do fragmento alvo consiste da troca do Exon 3 por um cassete de resistência à Neomicina.
2. Criação e identificação de camundongos Sat1-/- : O fragmento alvo é eletroporado para
células embrioblásticas de camundongo;
Células embrioblásticas positivas são injetadas em blastócitos CD1, que são implantados na fêmea receptora;
Camundongos quiméricos foram cruzados com heterozigóticos, a fim de produzir camundongos Sat1-/-.
3. Determinação do genótipo dos
camundongos:
O fragmento do alelo recombinante de Sat 1 foi amplificado por PCR, a fim de se obter o genótipo dos camundongos;
O transportador Sat 1, nos camundongos Sat1-/-, encontra-se ausente nas vesículas da membrana basolateral dos rins, fígado, íleo distal, ceco, cólon proximal.
4. Análise do RNA:
RNA total é separado em gel em estado tampão, e transferido para membranas de nylon.
Os borrões formados são injetados com cDNA de Sat1;
RNA total foi transcrito reversamente usando hexâmeros aleatórios e transcriptase reversa virótica (Progen);
Primer P8 (exon 2) e P9 antisense (exon 4) foram usados para amplificar os fragmentos de cDNA Sat1;
5. Preparação da vesícula de membrana
e estudos de transporte: Vesículas de membrana basolateral (BLMVs) e da borda
em escova (BBMVs) foram isoladas do rim, fígado e intestino, e pré-incubadas em solução tampão;
A absorção de sulfato e oxalato foi medida pela técnica de filtração rápida;
Proteínas da BLMV foram separadas em gel e transferidas para a membrana de nylon;
Protéínas Sat1 foram detectadas usando anticorpos para Sat1.
Sat1-/- : Diminuição no transporte de oxalato e sulfato na membrana basolateral dos rins, fígado, íleo distal, ceco e cólon proximal.
6. Análise bioquímica: Sangue: coletado da veia submandibular; Urina: coletada por micção espontânea prévia à coleta de sangue; HCl foi adicionado a amostras de plasma e urina; as amostras
foram congeladas para evitar a precipitação de oxalato e oxalogênese.
Os níveis de atividade do gene IDUA no rim e fígado foram avaliados;
Foram medidos os níveis de:• Sulfato;• Oxalato;• Creatinina;• PO4- , Na+ , K+ , Cl- , Ca2+ plasmáticos;• Glicolato urinário;• Proteínas na urina;• pH;• H2O cecal;
7. Análise histopatológica:
Tecidos foram dissecados em ~ 50 volumes com 10% de tampão de formalina, fixados por 3 dias, e imersos em parafina;
Tecidos foram seccionados, marcados para detecção de cristais de oxalato de cálcio, e examinados por microscopia de luz;
Seções do fígado apresentaram degeneração e necrose severas.
Urolithiasis in Sat1–/– mice. (A and B) Representative H&E-stained kidney sections showing infiltration of leukocytes (arrow) around the renal cortical vessels in 100% of Sat1–/– mice (n = 8), absent in Sat1+/+ mice.(C–F) Representative Yasue-stained kidney (C and D) and bladder (E and F) sections showing calcium oxalate stones (dark staining) in kidney tubules of 47% Sat1–/– mice (n = 15) and bladders of 26% Sat1–/– mice (n = 19), but not in any Sat1+/+ mice (n = 10). Gross histological analyses of additional tissues in which Sat1 is expressed (liver and brain) showed no structural differences between Sat1–/– and Sat1+/+ mice (not shown). Scale bars: 100 ìm (A and B); 500 ìm (C and D); 2 mm (E and F).
8. Administração de APAP:
Acetaminofeno (APAP) foi dissolvido em soro, filtrado e esterilizado;
Com ~ 3 meses, os camundongos receberam injeção de APAP, morrendo entre 2 a 12 hs após administração.
(C and D) Representative H&E-stained liver sections of Sat1+/+ and Sat1–/– mice (n = 6–7 per group) 12 hours after administration of 250 mg/kg APAP, showing liver necrosis in Sat1–/– mice.
Necrose hepática após administração de APAP:
Não aconteceram diferenças no peso corporal, tamanho do rabo ou outra característica corporal que distinguisse camundongos Sat1-/- dos Sat1+/- ou Sat1+/+. Porém, foram observadas diferenças histológicas;
As veias corticais renais sofreram infiltração por leucócitos: sugestiva de obstrução ureteral ou uropatia obstrutiva;
Cristais de oxalato foram observados nos túbulos corticais renais e na bexiga;
Aumento da concentração plasmática do oxalato e diminuição da concentração do sulfato;
Aumento do sulfato e diminuição do oxalato no conteúdo cecal.
Nos camundongos Sat1-/- :
Sat1 e IDUA:
Os genes Sat1 e IDUA são sobrepostos;
Distorções seletivas no gene IDUA não levaram a alterações nos níveis de RNAm para Sat1;
Ausência de mudanças na atividade funcional do IDUA em Sat1-/- sugere que efeitos antisense não atuem de forma relevante na regulação da expressão dos genes Sat1 e IDUA.
Sat1-/- e oxalato:
Os níveis elevados de oxalato no plasma,
aumento da razão oxalato/creatinina na urina,
manutenção da razão glicolato/creatinina na urina (indicador da produção hepática de oxalato),
e redução no transporte de oxalato na membrana basolateral de segmentos do intestino distal:
SUGEREM QUE >
Hiperoxalúria e hiperoxalemia:
A hiperoxalúria
nos camundongos Sat1-/-
é devido à hiperoxalemia,
e não a alterações do oxalato
nos túbulos renais.
Sat1-/- e sulfato:
Diminuição significante do sulfato no soro,
aumento da razão sulfato/creatinina na urina,
e aumento no índice de excreção fracionada (FEI) de sulfato:
SUGEREM QUE >
Hiposulfatemia:
Ocorre provavelmente devido à elevada excreção renal de sulfato em camundongos Sat1-/-.
Há grande redução do transporte de sulfato através da membrana basolateral renal e sinusoidal hepática,
sugerindo que Sat1 é o transportador de sulfato predominante na membrana basolateral do túbulo proximal renal, e na membrana sinusoidal dos hepatócitos.
Sat1-/- e a hepatotoxicidade:
O esgotamento de sulfato pela ausência de Sat1 nas membranas sinusoidais dos hepatócitos, onde facilitam o importe de sulfato para as reações de sulfonação, e a hiposulfatemia, acarretam em lesões hepáticas induzidas por fármacos como o APAP.
Referência bibliográfica:
Dawson PA, Russell CS, Lee S, McLeay SC, Van Dongen JM, Cowley DM, Clarke LA, Markovich D. Urolithiasis and hepatotoxicity are linked to the anion transporter Sat1 in mice. J Clinical Investigation. 2010; 120 (3):706-712.