boletim - igrejas lusófonas - 24

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ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO BOLETIM DA FEC - FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO | Nº 24 | DEZEMBRO 2011 ANGOLA | GUINÉ-BISSAU | CABO-VERDE | SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | MOÇAMBIQUE | TIMOR-LESTE | BRASIL | PORTUGAL 2011 IGREJAS LUSÓFONAS

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Page 1: Boletim - Igrejas Lusófonas - 24

ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

BOLETIM DA FEC - FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO | Nº 24 | DEZEMBRO 2011

ANGOLA | GUINÉ-BISSAU | CABO-VERDE | SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | MOÇAMBIQUE | TIMOR-LESTE | BRASIL | PORTUGAL

2011

IGREJAS LUSÓFONAS

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Este número do Boletim das Igrejas Lusófonas é dedicado ao voluntariado missionário, acompanhando a realização do Ano Europeu do Voluntariado, que a união europeia decidiu promover em boa hora.

O tema do voluntariado é um tema central de toda a actuação da FEC que ao longo dos seus 20 anos de existência sempre contou com o apoio de muitos que decidiram dar o seu tempo e o seu saber para conseguirmos concretizar a nossa missão.

Na verdade o tema do voluntariado, a capacidade de nos darmos gratuitamente aos outros, é parte integrante da história da Igreja, sempre na vanguarda da inovação social para responder aos problemas de cada tempo, e parte integrante da missão que a Igreja nos propõe hoje como caminho de vida.

É essa mesma certeza que todos os milhares de voluntários vivem, e que os jovens portugueses integrados em projectos de voluntariado missionário, cerca de 300 todos os anos, confirmam: Partem com o desejo de ajudar e regressam com a satisfação do trabalho realizado, mas também com a certeza que fomos tocados pela experiência do amor gratuito, que transforma a forma como olham o mundo e como querem viver a sua vida futura.

Como escreveu o Papa João Paulo II, na Redemptoris missio: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos factos do que nas teorias”, na verdade as palavras convencem mas só os actos arrastam e transformam.

Este Boletim das Igrejas Lusófonas é também o primeiro a ser publicado jdepois da alteração do nome da FEC - Fundação Fé e Cooperação. Um novo nome que reafirma que a FEC encontra na FÉ o sentido para a sua intervenção, a força mobilizadora para acção de cada um e a universalidade que promove a comunicação, o diálogo e a aproximação entre pessoas. Um novo nome que reafirma que tudo aquilo que fazemos é em cooperação com outros, num processo de capacitação e entreajuda, procurando que cada um possa assumir o seu papel, específico e essencial, na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Fazemos votos que este número do BIL onde olhamos diferentes formas de ser voluntário, em diferentes contextos e missões, seja um desafio para cada um ir mais além, partir das teorias para chegar à relação pessoal, arriscando sair do seu espaço de conforto e colocando ao serviço dos outros, daqueles que mais necessitam, os seus Dons e a sua Vida.

Se precisar de ajuda para dar este passo estamos disponíveis para ajudar…

SER VOLUNTÁRIOJorge Líbano Monteiro

Administrador ExecutivoFEC - Fundação Fé e Cooperação

NESTA EDIÇÃO

DESTAQUE

Ano Europeu do Voluntariado

Elza ChambelFernanda Freitas

DOSSIER

Voluntariado

Da Solidariedade ao Voluntariado | Susana Queiroga

Voluntariado em imagens

Voluntariado na construção da cidadania | Paulo Costa

Promoção e incentivo à práctica de voluntariado | Teresa Salema

Leigo e Missionário | D. António Couto

Ser voluntário... | Arminda Camate e Andreia Carvalho

Crescimento pessoal e social do jovem no Voluntariado Missionário | Sofia Lopes

“Grupo da Amizade” em Luanda | Maria João Ribeiro Telles

FEC

Guiné-Bissau

10 anos de caminhos partilhados e construídos | FEC Guiné-Bissau

Breves

FEC renova imagem

Presentes Solidários 2011

EDITORIAL

Page 3: Boletim - Igrejas Lusófonas - 24

3 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

A força transformadora do Voluntariado assenta na singularidade de, simultaneamente, mudar os seus agentes, os voluntários – capacitando-os como verdadeiros agentes de mudança das sociedades a que pertencem – e os seus destinatários.

Neste sentido, a Decisão do Conselho da União Europeia, de 27 de Novembro de 2009, que proclamou 2011 como Ano Europeu das Actividades de Voluntariado que promovam uma Cidadania Activa, assume enorme relevância, enquanto amplo reconhecimento da força transformadora do Voluntariado.

O AEV-2011 pretende, entre outros objectivos, sensibilizar os cidadãos europeus para a importância do voluntariado enquanto expressão de participação cívica que contribui para a coesão social e consequente desenvolvimento harmonioso das sociedades, em todos os Estados Membros.

Contudo, não haverá coesão social se não formos capazes de garantir a todos, e especialmente aos mais vulneráveis, uma vida digna com acesso aos direitos fundamentais, numa Europa que se quer dos cidadãos.

O Voluntariado fez, desde sempre, da entreajuda e da solidariedade um caminho de inovação. Pouco a pouco, foi capaz de encontrar respostas para muitas situações de carência e de ausência de direitos, nos domínios da Saúde, da Educação e do Apoio Social.

O Voluntariado assenta em 3 princípios: gratuitidade, compromisso e competência. Três pressupostos que poderão ser garantidos independentemente da idade, do género, das qualificações e da própria condição física.

O Voluntariado é uma actividade que está longe de ter esgotado todo o seu potencial: apenas 3 em cada 10 europeus fazem trabalho voluntário. Todavia, 8 em cada 10 consideram que ajudar os outros é um aspecto importante das suas vidas.

“SÊ VOLUNTÁRIO! FAZ A DIFERENÇA.”, é o desafio do slogan do AEV-2011. Cabe a cada um de nós a tarefa de o transformar num lema de vida.

Os voluntários são cidadãos comprometidos com causas, convictos de que a participação de todos é essencial a uma

DESTAQUEANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

2011, ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

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4FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

efectiva alteração de comportamentos e mentalidades. E por isso o Voluntariado assume-se como uma actividade a que os países e os governos prestam cada vez mais atenção, conscientes de que os voluntários constituem um dos mais valiosos recursos activos de qualquer país, por serem expressão essencial de participação cívica e de democracia, e reforçarem valores europeus como a solidariedade e não discriminação, contribuindo assim para o desenvolvimento harmonioso das sociedades.

Existem programas de voluntariado, ao nível europeu, que promovem o sentido de pertença, é o caso do programa “GRUNDVIQ” cujo objectivo é propiciar a aprendizagem ao longo da vida, apoiando e desenvolvendo projectos de voluntariado sénior entre instituições de dois países diferentes, participantes deste Programa.

Esta iniciativa oferece uma nova forma de mobilidade aos cidadãos europeus séniors, permitindo-lhes aprender, partilhar conhecimento e experiência, num país europeu diferente do seu.

Esta acção tem por objectivo permitir que os cidadãos seniores participem como voluntários em actividades sem fins lucrativos noutro país europeu, como uma forma de aprendizagem informal mútua bem como, beneficiar as comunidades locais envolvidas no intercâmbio de voluntários através dos conhecimentos, competências e experiências dos cidadãos seniores.

Já o Serviço Voluntário Europeu (SVE) promove a mobilidade dos voluntários mais jovens, tendo como objectivo primeiro desenvolver a solidariedade e promover a cidadania activa e a compreensão mútua nesse grupo etário.

DESTAQUEANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

Sê voluntário! Faz a diferença

www.aev2011.euwww.europa.eu/volunteering

Ano Europeu doVoluntariado

Venhae participe!

Lona LISBOA 550X2m.indd 1 20/1/11 10:23:26

Podemos afirmar, sem controvérsia, que no

exercício de uma cidadania activa e responsável,

encontramos o espaço que acolhe a relação solidária

para com o próximo.

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5 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

O SVE permite aos jovens desenvolver, num período que pode ir até doze meses, uma acção de voluntariado num país diferente do seu. Fomenta, assim, a solidariedade entre os jovens e constitui um verdadeiro processo de aprendizagem. Para além do benefício para as comunidades locais, os voluntários adquirem novas competências e linguagens e descobrem outras culturas.

Podemos afirmar, sem controvérsia, que no exercício de uma cidadania activa e responsável, encontramos o espaço que acolhe a relação solidária para com o próximo.

A acção livre e pessoal do Voluntário está organizada em torno da solução dos problemas que afectam as sociedades. Nesta medida, o Voluntariado é capaz de alterar a realidade social, encontrando-se os seus agentes comprometidos com a construção de um mundo melhor, na convicção de que pelo bem de todos e de cada um, todos nós somos verdadeiramente responsáveis.

Na Europa Comunitária existem cerca de 94 milhões de voluntários. Em Portugal, os últimos dados conhecidos apontam para cerca de um milhão e quinhentos mil voluntários, dos quais cerca de 500 mil estão enquadrados em programas de voluntariado de forma continuada e com duração no tempo.

Em Portugal, queremos que o AEV-2011 contribua para despertar o sentido das Causas, causas que podem ser prosseguidas por mais novos e mais velhos, pessoas no activo e já reformadas, com vivências e qualificações diversificadas, na perspectiva do apoio ao outro, numa contribuição activa para a melhoria daquela parcela do mundo a que pertencemos.

Elza ChambelPresidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado

DESTAQUEANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

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6FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

Ser Voluntário e fazer a diferença é o desafio da jornalista da RTP, Fernanda Freitas que preside, em Portugal, ao Ano Europeu do Voluntariado. Na entrevista à FEC, Fernanda Freitas traça o retrato do voluntariado em Portugal e aponta caminhos para quem quer começar a ser voluntário.

FEC | Hoje fala-se muito de voluntariado. O voluntariado está na moda? Ou está a tornar-se um modo de vida para cada vez mais pessoas?

Fernanda Freitas | Prefiro um modo do que uma moda, porque as modas passam. Os modos de vida ficam. E ficam implementados no coração de cada um de nós. O meu desafio, o desafio do Ano Europeu para este ano é: seja voluntário. Nem que seja uma vez. Um dia. Experimente. Não custa nada. Porque a partir do momento em que sentimos que estamos a fazer a diferença na vida de alguém e na nossa própria vida, eu acho que é viciante, é contagioso. Eu contamino os meus amigos porque eu sou voluntária há mais de 6 anos e desafio os meus amigos e consigo com o meu entusiasmo levá-los a fazer um pouco de voluntariado. E o ideal não é todos querermos ser voluntários assistencialistas. Quando eu digo isto é, os voluntários que estão nos hospitais, nas

Santas Casas, a prestar assistência social a terceiros, que é fundamental, que é essencial à sobrevivência de um país e das instituições. Porque nós temos sempre aquele ideal romântico de atravessar o mundo para ser voluntário, que eu acho super válido, de uma imensa coragem e entrega. A minha pergunta é: e antes de atravessar o mundo, não podemos atravessar a rua? Porque às vezes nós temos mesmo ali à nossa beira um desafio local. E se calhar podemos até começar pelo nosso prédio. Ser voluntário é ser alguém que está disposto a ajudar, que conjuga o verbo ajudar todos os dias. Eu ajudo e tu ajudas. Este é o meu desafio. O verbo ajudar é o meu verbo preferido. Já era antes. Eu já sou voluntária há 6, 7 anos. Aliás é curioso, oficialmente eu sou voluntária há 6, 7 anos porque oficialmente estou numa organização que tem voluntários. Há que distinguir as pessoas que ajudam pontualmente, dos voluntários que têm uma série de regras, que têm formação, como eu tive, formação contínua. Têm, tendo em conta que eu trabalho em pediatria, nas alas pediátricas dos hospitais, necessariamente que ter um apoio psicológico. Nem sempre é fácil. Mas nem todos têm este perfil para poder trabalhar em hospitais.

DESTAQUEANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

ENTREVISTA COM FERNANDA FREITAS

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7 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

FEC | Quais os principais objectivos do Ano Europeu do Voluntariado e que desafios traz a Portugal e à sociedade civil portuguesa?

Fernanda Freitas | Muitos. Aliás, a UE lança este desafio, os países aceitaram todos e designaram que ao longo do ano os principais objectivos seriam: fazer isto que eu estou a fazer aqui, promover os vários tipos de voluntariado, dar hipótese a que as pessoas ouçam falar e possam falar e esclareçam as suas dúvidas, porque há muita gente que não sabe que pode ser voluntário, por exemplo, a pintar azulejos, ou a fazer outra coisa no domínio do desporto, mas é engraçado como é que a grande política da UE é que os voluntários conversem também entre si, troquem experiências e que haja um ambiente propício ao voluntariado. Porque às vezes são as instituições que encaram um núcleo de voluntários, como quase que “agora vêm estes perturbar aqui a nossa dinâmica diária”. Não temos que ser um empecilho, temos que ser uma mais-valia. Um voluntário tem que ter uma formação extraordinária nesse sentido, ou seja, tem que perceber qual é o seu lugar e as instituições também têm que perceber qual é o lugar do voluntário. O voluntário tem um compromisso com uma instituição ou para com uma pessoa, mas a instituição também não pode exigir que o voluntário seja trabalhador. É trabalho, é compromisso, mas não é trabalhador, não é colaborador efectivo da casa. Portanto, pode haver alturas em que o voluntário não tenha a disponibilidade que a instituição precise. Portanto, tem que ter uma bolsa de voluntários que possa colmatar essas falhas.

FEC | Para terminar, quer deixar uma mensagem para todos aqueles que ponderam o voluntariado?

Fernanda Freitas | Eu quando era miúda sempre ajudei os outros. O meu irmão tem paralisia cerebral e então sempre precisou da ajuda de terceiros para conseguir atravessar a rua. O meu exemplo do atravessar a rua não é por acaso. E sempre me questionei: “Será que eu posso ajudar também outras pessoas a atravessar a rua, assim como ajudo o meu irmão?”. Começa-se por ajudar a atravessar a rua, depois ajuda-se a pessoa a subir as escadas e a levar os sacos, depois entendemos que dentro da casa se calhar podemos fazer outras coisas: podemos ajudar a arrumar a casa, podemos ajudar a ler o livro que a pessoa já não consegue ler, depois percebemos que essa pessoa está num lar de 3ª idade e vai lá 2 horas por semana, acompanhamo-la, e há outras pessoas que precisam de jogar dominó, de contar histórias, depois percebemos que essa instituição trabalha com uma outra IPSS que tem crianças, que precisam de um monitor voluntário para ir à praia no Verão, e lá vou eu que adoro praia, e lá vou com as crianças e uma dessas crianças tem a mãe que trabalha com uma outra associação… isto é um círculo vicioso. O desafio deste Ano é que entremos. E não tenhamos nem vergonha, nem medo de ser contagiados. Andamos sempre com o pânico da gripe A. Vamos ser o contrário da gripe A: a gripe O. Optimismo. Ou gripe V: voluntário. O desafio é que 2011 seja o ano TGV: Toda a Gente Voluntária. Não é por acaso que, o símbolo do Ano Europeu, são 3 mãos unidas. Temos que dar a mão ao próximo. Acho que é a grande resposta. Toda a gente fala da crise, da crise financeira. Eu acho que o dinheiro é um pormenor. E o Ano Europeu da Pobreza falava nisso. Pobreza é ficar indiferente. Portanto, se conseguirmos encontrar as tais respostas e se as tais respostas estiverem mais dentro de nós do que dentro da nossa conta bancária, eu acho que já estamos a marcar a diferença. O desafio do Ano é: ”Ser Voluntário e Fazer a Diferença”. Esta é a minha mensagem e o desafio para todos.

Pode escutar a totalidade desta entrevista em:http://www.fecongd.org/radios_programa.asp?noticiaid=3

603&tipo_id=142

DESTAQUEANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

A partir do momento em que sentimos que estamos a fazer a diferença na vida de alguém e na nossa própria vida, eu acho que é viciante, é contagioso.

O verbo ajudar é o meu verbo preferido.

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8FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

A definição de voluntariado proposta no Decreto-Lei nº 389/99 de 30 de Setembro, que coloca o Voluntariado como “uma actividade inerente ao exercício de cidadania que se traduz numa relação solidária para com o próximo, participando, de forma livre e organizada, na solução de problemas que afectam a sociedade em geral”, remete-nos para o conceito de solidariedade. A fase contemporânea deste conceito integra aquilo que se pode considerar como uma disposição moral da consciência individual e da consciência colectiva para uma participação interventiva, se assim lhe podemos chamar, nas situações graves ao nível material e psicológico de outros. São exemplo disto as iniciativas de mobilização de esforços financeiros e materiais para auxílio a catástrofes. Apesar de tudo, o voluntariado consegue ser um pouco mais do que a solidariedade e por isso vai mais longe.

A acção voluntária tem uma componente de riqueza individual extremamente forte. Falar de voluntariado é falar numa maneira de o indivíduo se tornar mais humano: é um ethos responsável e solidário, já que a acção voluntária assenta numa atitude altruísta perante o real, em que o indivíduo se compromete a assumir uma resposta concreta e contínua face a numa necessidade real, baseada numa entrega gratuita. O altruísmo da acção voluntária é uma responsabilidade social e devemos considerá-la uma questão civilizacional, de cristãos e não cristãos. E como questão civilizacional que é, o voluntariado não pode ser comparado à mera solidariedade. O voluntariado é uma visão alternativa de reconstruir o sistema social em que vivemos. Acima de tudo, confere uma nova formulação da identidade que atribui à esfera existencial do indivíduo um significado prioritário, implicando uma relação directa com os outros, longe do anonimato e da relação asséptica que as instâncias colectivas mantêm por si só.

Neste ano comemorativo vamos certamente tomar mais consciência desta realidade e, neste sentido colocam-se, na minha perspectiva, dois desafios: por um lado, a motivação da população em geral para as acções voluntárias, no sentido de se instituir uma “cultura natural de voluntariado”, onde se deverão incluir as acções de voluntariado realizadas por crianças e adolescentes e que, neste momento, infelizmente, nem sequer têm qualquer enquadramento legal; por outro lado, a mudança radical

na visão que as organizações têm acerca do voluntariado, introduzindo na sua política e estratégia, modelos de gestão de voluntários que, não só respondam às suas necessidades de voluntariado (e não necessidades laborais, como muitas vezes acontece) da organização, mas essencialmente, dignifiquem inequivocamente a presença dos voluntários.

Os desafios colocados só muito possivelmente serão superados se as organizações promotoras agirem de forma concertada. Neste sentido, e com a colaboração das suas associadas, a Confederação Portuguesa do Voluntariado tem vindo a fazer caminho para se assumir como interlocutor principal e referência no âmbito do voluntariado português. Um exemplo efectivo desta colaboração, foi a convergência verificada em torno do I Congresso Português do Voluntariado, realizado em Dezembro de 2010. Acredito que, em 2011, a partir do plano de actividades da CPV, continuarão a acontecer as acções convergentes.

DOSSIERVOLUNTARIADO

DA SOLIDARIEDADE AO VOLUNTARIADO

Falar de voluntariado é falar numa maneira de

o indivíduo se tornar mais humano. A acção

voluntária assenta numa atitude altruísta perante o

real, em que o indivíduo se compromete a assumir

uma resposta concreta e contínua face a numa

necessidade real, baseada numa entrega gratuita.

Susana Queiroga

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9 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

DOSSIERVOLUNTARIADO

1130 Portugueses

em Projectos de Voluntariado Missionário em 2011

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10FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

Nas últimas décadas do século vinte nasceu um movimento que alguns chamam de “voluntariado missionário” e outros ainda,”leigos” ou “missionários”. Este movimento não estará separado de duas novas e recentes realidades como o papel dos leigos na missão da igreja e a crescente globalização e interdependência mundial.

Falar de voluntariado é falar acima de tudo de uma acção que é mais do que ela própria, pois é reflexo de uma opção de vida. Voluntários serão todos aqueles que, por opção de vida, fizeram, fazem ou farão acções concretas e enquadradas de trabalho para o Bem Comum. O voluntariado é apenas uma das expressões da cidadania.

A opção pelo internacional, por todos aqueles que estão longe, não pode ser vista meramente como uma acção estanque a realizar no outro lado, onde os voluntários ou missionários, heróis ou santos, vão ajudar. O terceiro mundo, aquele que é longe, onde há problemas, ausências, dificuldades, “pecados”, falta de conhecimento, não existe. A opção pelo internacional é essencialmente pela consciência e afirmação de uma interdependência crescente, de que tudo está ligado e que em cada local somos muito responsáveis pelo todo e por todos.

Citando o papa Paulo VI, “O desenvolvimento é o novo nome da paz”. Porém, não se trata de um desenvolvimento meramente tecnológico e económico, mas acima de tudo o desenvolvimento de todo o homem e do homem todo, em todas as suas dimensões. O voluntariado internacional, através da promoção da justiça, da paz e mais recentemente da integridade da criação (a dimensão ambiental) é uma das expressões da busca desse desenvolvimento centrado no homem, que o valoriza e liberta. Expressão fundamental de uma cooperação internacional que vai além das dimensões técnicas e financeiras, mas que proporciona um verdadeiro encontro de culturas e de saberes, da família humana.

Mas para que serve então o voluntariado e acima de tudo quais os impactos do mesmo? Acredito que são três: nos locais de origem dos voluntários, nos locais onde o voluntariado se desenvolve, ditos de missão, e na pequena aldeia global, a terra!

Acredito profundamente que o maior impacto do envio de voluntários é em Portugal. Depois do regresso, depois da missão, ao longo da vida inteira! Os voluntários voltam de missão mais ricos e com uma visão marcada pela relação intercultural, multi-étnica, de respeito e valorização das diferentes culturas. Muitos desses voluntários são hoje, em Portugal, agentes experimentados e sensibilizados para valores interculturais e inter-étnicos na vida pública.

Menos visível mas sem grandes dúvidas da extrema importância é a acção dos voluntários em muitas crianças, jovens, adultos e mais velhos, homens e mulheres, com quem se cruzam na missão. Não podemos esquecer que a centralidade humana nesta acção faz estar de outra maneira, sendo perceptível pela presença contínua, simples e próxima nos locais, que traz consigo o conhecimento desses mesmos locais, das pessoas, da cultura e das tradições. Muitas são as sementes que ficam nos caminhos da vida de milhares de pessoas por esse mundo fora.

Contudo o impacto e a semente com mais potencial não é nem cá, nem lá, mas o que estamos todos a construir. Estas experiências vão, todas à sua maneira, cá e lá, criando e construindo uma cidadania global, cada vez mais necessária e urgente. O voluntariado tem alargado as fronteiras para alcançarmos uma verdadeira nação global, onde estejamos de facto e realmente mais próximos, mais solidários e mais comprometidos com o bem comum.

Paulo Costa

DOSSIERVOLUNTARIADO

VOLUNTARIADO NA CONSTRUÇÃO DE CIDADANIA

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11 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

A responsabilidade social da Portugal Telecom tem como premissa fundamental o respeito pelos valores das sociedades onde está inserida e baseia a sua actuação no compromisso de contribuir para o equilíbrio social, nomeadamente através de programas de apoio à inclusão digital da população e à inerente promoção do conhecimento, da saúde, da segurança de pessoas, bens e do ambiente. Esta actuação é fundamentalmente dirigida para faixas da população mais carenciada, e, entre estes, para crianças, jovens e seniores.

É neste contexto que surgem os programas de voluntariado promovidos e organizados pela PT, que envolvem colaboradores, mas também as suas famílias, e que visam incentivar o espírito e a prática de uma cidadania mais activa.

No Ano Europeu de Voluntariado, que ocorre num ambiente de forte contracção económica, as campanhas internas e externas têm-se multiplicado porque queremos mobilizar cada vez mais participantes a darem um pouco do seu tempo a favor de quem mais precisa.

Através do SAPO a PT participou na preparação e na divulgação do site de inscrição de voluntários, www.bolsadovoluntariado.pt, que permite a qualquer voluntário e a qualquer instituição encontrar o espaço de partilha rápido e mais ajustado entre quem precisa e quem se sente motivado a colaborar.

Internamente, para os seus colaboradores, a PT promove a adesão às iniciativas de voluntariado através de um banco de horas, o programa Aurora, consagrando a possibilidade de cada um oferecer cinco dias de trabalho voluntário, por ano, para participar em projectos de desenvolvimento social, durante o horário laboral, sem que isso afecte a respectiva retribuição e/ou assiduidade.

Um dos exemplos de voluntariado empresarial de maior impacto é o “Comunicar em Segurança”. Esta iniciativa pretende sensibilizar os jovens para uma utilização segura e correcta da internet e do telemóvel. No ano de 2010, mais de 6000 alunos e 120 voluntários em todo o país, participaram nesta iniciativa.

Adicionalmente em 2010 criámos um novo programa de voluntariado que possibilita aos colaboradores e às suas famílias a participação em acções sociais e ambientais fora do horário laboral, nomeadamente aos fins-de-semana.

A política e as iniciativas de voluntariado estendem-se também a nível internacional, às diferentes geografias onde a PT opera. Atendendo às necessidades específicas das populações e respeitando os valores das comunidades locais, as empresas participadas oferecem diversos programas de voluntariado nas áreas da educação, saúde, desporto e desenvolvimento social, nomeadamente em Cabo Verde, Moçambique e Namíbia.

Estas são algumas acções de voluntariado que evidenciam a forma como incorporamos valor social no trabalho que fazemos, contribuindo para a melhoria da vida de todos.

Teresa SalemaResponsável pela Sustentabilidade Empresarial da Portugal Telecom

DOSSIERVOLUNTARIADO

PROMOÇÃO E INCENTIVO À PRÁTICA DE VOLUNTARIADO

A responsabilidade social da Portugal Telecom tem como premissa

fundamental o respeito pelos valores das

sociedades onde está inserida e baseia a sua

actuação no compromisso de contribuir para o

equilíbrio social.

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12FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

A Missão ad gentes não é tanto uma maneira de demarcar espaços a que haja que levar o primeiro anúncio do Evangelho, mas é mais o modo feliz, ousado, pobre, despojado e dedicado de o cristão sair de si para levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja quem for, seja onde for.

1. A Igreja é toda missionária. São-no todos os baptizados, sempre e em toda a parte. Ser missionário é o verdadeiro cartão de identidade de cada cristão, de acordo com o intenso dizer de Paulo VI na sua inesquecível Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), n.º 14: «Evangelizar é a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda. A Igreja existe para evangelizar».

2. Sendo a Igreja toda missionária, e sendo mesmo essa a sua mais genuína e intensa maneira de ser, a sua marca identificadora, a sua graça, os fiéis leigos não podem deixar de se sentirem envolvidos também nesta «torrente da missão» que brota da santidade, dado que «santidade significa missão», conforme o belo dizer de Bento XVI, Jesus de Nazaré, II, 2011, p. 87-88. E já o Papa João Paulo II tinha aberto o Novo Milénio propondo a todos a santidade, que então definiu magistralmente como «a “medida alta” da vida cristã ordinária» (Novo Millennio Ineunte, 2001, n.º 31).

3. Está bom de ver e é belo ver que «o empenho evangelizador dos leigos está a mudar a vida eclesial», como constatou e registou o Papa João Paulo II na sua Carta Apostólica Redemptoris Missio, 1990, n.º 2., designando mesmo este novo empenho como uma «nova primavera missionária» (Redemptoris Missio, n.os 2 e 86, e Novo Millennio Ineunte, n.º 40), ou uma «nova estação missionária», nas palavras de Bento XVI (Verbum Domini, 2010, n.º 96). Mas já o Papa Paulo VI, em 1975, dez anos após o Concílio, saudava com particular afecto os fiéis leigos envolvidos na actividade missionária da Igreja. Escreveu, de facto, na Evangelii Nuntiandi, n.º 73: «Devemos também a nossa particular estima a todos os fiéis leigos que aceitam dedicar uma parte do seu tempo, das suas energias, e, por vezes, a vida inteira, ao serviço das missões».

4. Mas já o Decreto Conciliar Ad Gentes, n.º 21, salientava, a seu tempo, a importância da presença imprescindível dos fiéis leigos, do testemunho que devem dar, e o

cuidado que se deve pôr na sua formação: «A Igreja não está fundada verdadeiramente, nem vive plenamente, nem é o sinal perfeito de Cristo entre os homens se, com a hierarquia, não existe e trabalha um laicado autêntico. De facto, sem a presença activa dos leigos, o Evangelho não pode gravar-se profundamente nos espíritos, na vida e no trabalho de um povo. Por isso, é necessário desde a fundação da Igreja prestar grande atenção à formação de um laicado cristão amadurecido (…). O principal dever deles, homens e mulheres, é o testemunho de Cristo, que eles têm obrigação de dar, pela sua vida e palavras, na família, no grupo social, no meio profissional».

5. No seguimento do Documento Conciliar, Paulo VI leva mais longe e afina melhor o alcance e as áreas sensíveis, onde a acção evangelizadora dos fiéis leigos pode ser determinante: «O campo próprio da sua actividade evangelizadora é o mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, mas também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos “mass media”, e ainda outras realidades abertas à evangelização, como são o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento» (Evangelii Nuntiandi, n.º 70).

DOSSIERVOLUNTARIADO

LEIGO E MISSIONÁRIO

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13 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

6. E o Papa Bento XVI lembrou recentemente em Portugal que «os tempos em que vivemos exigem um novo vigor missionário dos cristãos, chamados a formar um laicado maduro, identificado com a Igreja e solidário com a complexa transformação do mundo», e insistiu em que «há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo», e salientou a propósito os meios «políticos, intelectuais e dos profissionais da comunicação» (Discurso no Encontro com os Bispos de Portugal, Fátima, 13 de Maio de 2010).

7. É, portanto, imperioso constituir, preparar e formar grupos consistentes de evangelização, também por áreas profissionais, uma verdadeira rede de evangelização, que, no coração do mundo, sinta a alegria de levar o Evangelho a todos os sectores da vida, desde a família, à escola, ao trabalho, aos tempos livres, à solidão, à dor.

8.Neste contexto, e com particular incidência nos leigos, é de considerar a metodologia nuclear ou atómica proposta por D. Francesco Lambiasi. Escreve ele: «Os leigos são a energia nuclear do cristianismo. A energia atómica obtém-se pela fissura de um átomo bombardeado por um neutrão: é assim que o átomo se divide em dois. Por sua vez, as duas partículas subdividem-se, e, de duas, formam-se quatro, e assim se vão multiplicando de forma exponencial. Um leigo que acredita e que não se envergonha do Evangelho contagiará inevitavelmente outro; e estes dois contagiarão outros dois. É assim que se difunde o Evangelho». E explica esta firme aposta nos leigos: «Na condição secular do nosso tempo, não haverá profecia se não voltar a ser profética a vida do cristão comum. Porque a sociedade secular desconfia das Igrejas e já não compreende a sua linguagem» (Congregação para os Bispos, Duc in

altum. Pellegrinaggio alla Tomba di San Pietro. Incontro di Riflessione (Roma, 15-23 settembre 2008), 2008, p. 275). De resto, esta metodologia personalizada e dedicada já tinha sido salientada por Paulo VI: «Haverá outra forma de transmitir o Evangelho do que comunicar a outrem a sua própria experiência de fé?» (Evangelii Nuntiandi, n.º 46). A comunicação apaixonada e o testemunho pessoal permanecem, também na sociedade dos multimédia, a linguagem basilar e mais eficaz da evangelização.

9. É urgente saber aproveitar todas as oportunidades, mas também saber provocá-las, e lançar mão de capacidades e aptidões, mas também saber cultivá-las, para oferecer o Evangelho a este mundo. Neste domínio, as crianças e os jovens, quando devidamente preparados e estimulados, parecem particularmente aptos para criar relações de simpatia e de acolhimento, de modo a saberem dar o Evangelho juntamente com a sua própria vida (cf. 1 Ts 2,8), estabelecendo relações significativas com as pessoas que frequentam a Igreja, com as que estão «à porta», e também no caminho ou na estrada. Neste sentido, as crianças e os jovens podem tornar-se os mais eficazes evangelizadores das crianças e dos jovens, mas também dos adultos e idosos, dado o seu interesse pelos outros e por tudo o que é novo. Neste sentido, também os jovens ouviram palavras de estímulo do Papa Bento XVI: «Jovens amigos […], testemunhai a alegria desta sua [de Jesus Cristo] presença forte e suave, a todos, a começar pelos da vossa idade. Dizei-lhes que é belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-l’O» (Homilia da Santa Missa, Terreiro do Paço, Lisboa, 11 de Maio de 2010).

D. António CoutoBispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga

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14FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

Arminda CamateCEPAC - Centro Padre Alves CorreiaConheci o Centro Padre Alves Correia (CEPAC) logo que cheguei a Portugal. Recordo-me como se fosse hoje: fui recebida com simpatia, depois elaboraram um dossier com os meus dados e envolveram-me na procura de emprego nos jornais. Fui respondendo a anúncios através do telefone disponibilizado pelo CEPAC. Acabaria por encontrar emprego e local para residir. Senti-me acolhida e apoiada. Logo que estabilizei a minha vida e vim trabalhar e morar para a Lapa, tornei-me voluntária do CEPAC, apoiando o trabalho relacionado com o Banco Alimentar.A pouco e pouco fui percebendo o trabalho extraordinário que o CEPAC faz no combate à pobreza e à exclusão social. Esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) foi fundada pelos Missionários do Espírito Santo que desenvolvem muito do seu trabalho em inúmeras missões em todo o mundo, entre as quais em Angola, presentes já há mais de cem anos.

Pessoas sem documentos, vindas de todo o mundo, chegam ao CEPAC, sem nada, e muitas vezes com grandes

traumas. Depois de inscritas, recebem apoio jurídico e uma visita ao domicílio para verificar a real situação em quem vivem. A Instituição disponibiliza ajudas de muitas formas: atribuição de roupa, alimentos e medicamentos. Para além disso, os técnicos e voluntários acompanham-nas no processo burocrático em ordem a uma possível legalização, quando se trata de pessoas que ali chegam sem documentos. Põem-nas à procura de trabalho, hoje tão difícil de encontrar e mais complicado ainda quando se é estrangeiro e não se tem documentos em ordem. Garantem também apoio psicológico, quando necessário, o que acontece com frequência, uma vez que muitos imigrantes chegam a Lisboa vindos de países marcados pela guerra ou pela violência.

Quando ajudo no Banco Alimentar, percebo as carências de muita gente. A exclusão social de que muitas pessoas são vítimas cria situações de pobreza, graves e o CEPAC é sensível aos inúmeros problemas que afectam os imigrantes em Portugal.Como ex-cliente e como actual voluntária no CEPAC lanço um apelo a todos e a todas no apoio a esta e outras instituições que trabalham a favor dos mais desfavorecidos.

Mais informações sobre o CEPAC em www.cepac.pt

SER VOLUNTÁRIO...

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15 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

Andreia CarvalhoLeigos para o Desenvolvimento

Ser voluntário dos Leigos para o Desenvolvimento, não implica apenas dispor de tempo e de vontade. Não é o que parte para “fazer umas coisas” ou “ajudar no que puder”, não é o voluntarista, o que apaga fogos, o que dá prendas ou (só) recebe sorrisos. Não somos voluntários apenas até ao momento em que correr bem. Não somos voluntários para o que queremos, mas para o mais necessário, para o que nos é pedido, para o que mais leva a Amar e Servir.

Pela positiva, ser voluntário envolve Envolver-se. Comprometer-se. Co-responsabilizar-se. Assumir um projecto que não é nosso mas que passa por nós e que de nós depende que passe bem. Dar-se, não dar tudo mas dar-se todo. Acolher cada pessoa a quem somos enviados a servir, como se fosse a mais importante do mundo, como se fosse Jesus. Que nas dificuldades esteja presente a mesma entrega, a mesma determinação e a mesma convicção em permanecer que nos momentos mais felizes.

Por todas estas razões apostamos numa formação de voluntários tão intensa como transformadora que implica o aprofundamento a três níveis:

• “De Deus e da Igreja que nos chamam e enviam emmissão;

• Da história, espiritualidade, filosofia de acção eprojectos dos LD;

• Desimesmoedosoutroscandidatos”.

Acredito profundamente que ser voluntário LD faz mesmo a diferença e que essa diferença começa nesta predisposição inicial que queremos garantir em cada um e que penso que, recentemente, se conseguiu traduzir num dos valores inerentes ao nosso trabalho: “Espírito de Serviço e Desenvolvimento – Os Leigos para o Desenvolvimento assumem a sua missão como um combate à desigualdade, à pobreza e à exclusão social, colocando-se ao serviço do desenvolvimento de comunidades e povos mais fragilizados. O seu conceito de serviço enquadra-se num modelo de desenvolvimento que procura autonomização, capacitação e empowerment das pessoas, grupos e organizações locais, por acreditar genuinamente nas suas capacidades, talentos e criatividade”.

Não é um serviço “qualquer” e muito menos de qualquer forma. Seja na área da Educação/Capacitação, seja na Saúde ou na Promoção Social, ser voluntário LD é aderir, tomar como seu um sonho que já tem história. É grande o “peso” da camisola que nos é entregue, sentia-a colada à minha pele, sinto-a colocada ao meu coração. Por isso, seja em Moçambique ou em Lisboa, o valor das pequenas coisas, a entrega genuína a cada um e a cada causa, a simplicidade, a partilha de vida, a pobreza cristã, a abertura à diferença, a proximidade e a participação obrigam-nos a um discernimento constante do Bem Maior para o qual queremos contribuir. Tudo porque nunca nos podemos esquecer de que “não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos, por amor de Jesus”

Quem é voluntário não tem poucas responsabilidades nem falta de brio no seu trabalho só porque o faz gratuitamente, é precisamente por isso que o seu papel deve ser mais cuidado e implica um maior investimento e atenção.

O voluntário é uma das maiores, senão a maior, mais-valia de qualquer organização, mas é necessário que esteja consciente das suas responsabilidades, da vastidão de possibilidades dos seus contributos e centrado no que (em Quem) o chama ao serviço e por isso o nosso empenho na formação.

Que possamos sempre estimar os nossos voluntários antes, durante e depois do seu caminho nas nossas organizações!

Estamos juntos!

Mais informações sobre os Leigos para o Desenvolvimento em www.leigos.org

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O voluntário é uma das maiores, senão a maior, mais-valia de qualquer

organização, mas é necessário que esteja

consciente das suas responsabilidades.

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16FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

O Voluntariado Missionário (VM) é o trabalho social feito com a consciência de que se está a aplicar na prática o que Jesus ensinou, e com o sentido de que Deus é o centro da vida.

Qualquer um de nós, no nosso dia-a-dia pode ser voluntário missionário. No entanto, em Portugal, existem cerca de 60 grupos organizados, que promovem projectos de voluntariado com o cariz missionário. Estes grupos, que pertencem à Rede de Voluntariado Missionário coordenada pela FEC, têm projectos em Portugal e em países em desenvolvimento, como Guiné-Bissau, Moçambique ou Timor-Leste.

Em 2010 foram enviados 360 jovens para países em desenvolvimento, sendo que a grande maioria tinha entre 18 e 25 anos, e deslocou-se em projectos de curta duração (1 a 6 meses).

O voluntariado em si é uma oportunidade de contribuir para um mundo mais justo, colmatando necessidades da

sociedade, quando as instituições e as comunidades não têm

capacidade de resposta devido à falta de recursos

financeiros, falta de vontade política, etc.

O voluntário, ao dar o seu tempo, amor e conhecimento, sente-se útil e por isso feliz, e aprende muito. Ao

contactar com outra realidade (o estar

num lar de idosos, o contactar com uma pessoa portadora de deficiência

profunda, o estar em contexto africano,

etc.) tem oportunidade de vivenciar situações que doutra forma não o faria. Põe-se à prova a si próprio, desafia os seus limites, estende os seus horizontes e percebe que o mundo não gira apenas à volta da sua realidade, é muito mais do que isso.

Devido à aprendizagem de novas competências sociais e pessoais, o voluntariado é algo muito valorizado pelas empresas, e que enriquece o currículo. Mas o voluntariado também é, simplesmente, uma forma de fazer amigos, e de conhecer novos locais.

E quanto aos grupos de voluntariado missionário? Perguntam-me: todos esses jovens que participam nos grupos sentem mesmo esse chamamento de Deus, vão todos os domingos à missa e rezam muito?

Não. A maioria dos jovens entra nos grupos pelo simples desejo de fazer voluntariado e também pela aventura/desejo de conhecer África. Ou até porque o amigo participa, e é giro estar entre amigos. A parte cristã – o rezar antes das refeições, o ir à missa -, ao início, é vista como a parte mais “chata”.

Os grupos com projectos em países em desenvolvimento têm em comum uma formação de no mínimo 8 meses que passa tanto pela vivência espiritual (a importância de rezar, de escutar o interior, de falar com Deus, de valorizar a mensagem da Bíblia, etc.), como pela formação sobre Missão, Cooperação para o Desenvolvimento, Interculturalidade, etc.

As entidades que promovem projectos em Portugal podem não ter uma formação tão extensa, mas o carisma missionário está presente quando, por exemplo, ao final do dia de voluntariado, se faz uma oração onde se partilha tudo o que de bom e menos bom se vivenciou.

É nessa caminhada e vivência de grupo que o jovem faz um trabalho interior muito forte.

A partilha entre amigos, o escutar o testemunho dos outros, o despertar da formação, o parar para olhar para

CRESCIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO JOVEM NO VOLUNTARIADO MISSIONÁRIO

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17 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

dentro e rezar vão, aos poucos, na continuidade do tempo, trabalhando o jovem, e transformando-o num cidadão mais pleno, mais consciente, mais integrado em próprio. De tal forma que a parte “chata” de rezar, deixa de ser “chata” e passa a fazer mais sentido na sua vida, passa inclusive a ser uma prioridade.

Esta redescoberta da importância de estar com Deus acontece porque, nestes grupos, a fé é vivenciada de uma forma menos formal, mais descontraída, envolvendo todos e fazendo a ponte com a realidade do dia-a-dia. Por exemplo, as missas e orações têm cânticos muito alegres, são os participantes que constroem as orações dos fiéis e constroem dinâmicas que podem envolver a representação. Com frequência, numa Eucaristia, o jovem pode partilhar a sua opinião sobre a leitura. Há também uma parte de introspecção, através da música de fundo e das simbologias.

Não é só dizer ao jovem que é bom ser-se cristão, é preciso saber chegar a ele, utilizando metodologias da educação não-formal e envolvendo-o.

Muitos destes grupos são formados no seio de paróquias, de dioceses e de congregações religiosas.

Quando há uma ligação do grupo de voluntariado missionário à comunidade católica local, a própria comunidade fica mais sensibilizada para o voluntariado. Há ainda jovens que fazem o crisma e depois, ao integrar um grupo de VM, começam a fazer voluntariado de forma mais frequente. Muitos dos grupos VM participam nas actividades da igreja local e contam com os membros dessas comunidades para apoiar os seus projectos.

O VM é relevante, tanto para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens de hoje, quanto para o fomento do voluntariado no seio da igreja.

Sofia LopesPlataforma do Voluntariado Missionário

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18FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO NOVEMBRO 2011 | Nº 24

O Grupo da Amizade que presidi desde 2008 a 2011, é um grupo criado por cidadãs estrangeiras residentes em Angola e tem como finalidade ajudar sem fins lucrativos os grupos mais desfavorecidos, desenvolvendo acções de apoio e reforço a projectos que visem a formação integral do Homem e que garantam melhores condições de vida às camadas mais desfavorecidas, especialmente as crianças. Os seus membros colaboram com o seu trabalho voluntário e com o pagamento de uma quota anual.

Desde Novembro de 1990 que o Grupo tem vindo a desenvolver acções de âmbito social em Angola. Foi constituído como uma Organização Não Governamental reconhecida pelo governo angolano em Setembro de 1997.

De acordo com os Estatutos que o regulamenta, o Grupo reúne anualmente em Assembleia Extraordinária para eleições, os seus membros reúnem em Assembleia Geral uma vez por mês e a Direcção eleita reúne uma vez por semana.

A Direcção do Grupo em articulação com as organizações da sociedade civil tem como objectivos: reforçar projectos já em execução que apresentem capacidade de gestão na aplicação dos fundos; identificar e diagnosticar novos pedidos de apoio; avaliar e decidir quais os projectos que apresentam os requisitos necessários para serem apoiados bem como estratégias de financiamento de acordo com as linhas orientadoras do Governo.

A Amizade na prossecução dos seus objectivos organiza campanhas de angariação de fundos nomeadamente um Jantar de Gala em Junho e um Bazar de Natal em

Dezembro. Com os fundos obtidos apoia financeiramente projectos em várias valências: saúde preventiva, nutrição, educação, reabilitação e construção de infra-estruturas, fornecimento de equipamentos, artigos de primeira necessidade. Os seus membros trabalham em equipa na organização destas actividades e estão envolvidos em alguns dos projectos. Das funções do Grupo da Amizade fazem parte visitas regulares ao local dos projectos para diagnóstico, avaliação e acompanhamento das acções que se querem adaptadas ao contexto e às necessidades de onde e como se desenvolve a intervenção.

O trabalho de voluntariado requer dedicação, sentido de responsabilidade e organização sendo fundamental a coordenação de esforços com quem dirige a responsabilidade social das empresas. São associações como o Grupo da Amizade que conhecem o terreno e podem constituir uma mais-valia nas orientações e decisões para a aplicação dos fundos.

O trabalho de voluntariado ajuda-nos a compreender as diferenças mas para isso temos de as viver de forma plena ajudando a transformar derrotas em vitórias ensinando a ganhar pequenas batalhas ao longo do caminho.

Olho para a experiência de trabalho voluntário como um processo, uma oportunidade para recriar capacidades como a flexibilidade, a observação, mantendo uma dúvida saudável que nos impede de cair no conformismo.

Maria João Ribeiro Telles Embaixatriz de Portugal em Luanda

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“GRUPO DA AMIZADE” EM LUANDA

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19 NOVEMBRO 2011 | Nº 24FEC | FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO

A FEC é uma instituição portuguesa criada no âmbito da comemoração dos 500 anos de Evangelização cujo objectivo primordial é o serviço aos países lusófonos, sobretudo a partir das necessidades da população identificadas pelo seu principal parceiro, a Igreja Católica.

Apesar da presença em todos os países lusófonos, a Guiné-Bissau é, sem dúvida, o país lusófono onde a FEC se instalou com maior força, quer ao nível da quantidade e dimensão dos projectos, quer mesmo ao nível do número de elementos das equipas presentes, contando já com dezassete colaboradores a tempo inteiro (entre expatriados e guineenses) e trinta e seis a tempo parcial (todos guineenses).

A aposta neste país ficou a dever-se ao pedido de apoio da Igreja Católica guineense à FEC no âmbito do reforço de competências dos professores e directores das suas escolas e com a necessidade de apoio demonstrada pelo Ministério da Educação Nacional guineense ao Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)/Cooperação Portuguesa.

A FEC inicia a sua actividade na Guiné-Bissau, de forma organizada, em 2001. No entanto, como nos recorda o Pe. Casal Martins, um dos primeiros interlocutores da FEC na Guiné-Bissau, os primeiros contactos foram realizados já nos meados da década de 90: «Eu estava à frente de uma escola em Canchungo, o meu superior perguntou-me se eu não queria aproveitar a vinda de alguns voluntários da FEC que vinham para dar a sua colaboração; e eu, claro, achei óptimo. O que eu desejava, nesse momento, era exactamente ter alguém que pudesse apoiar os nossos professores na escola, porque necessitavam muito de formação, e isso deu-se no ano de 1995-1996, se não estou em erro. Elas vieram até em condições muito fracas. (…) Trabalharam durante um ano completo na escola de Canchungo. Trabalharam sobretudo nas áreas da matemática, da língua portuguesa, pedagogia; foi também pelo ‘impulso’, pela ‘força’ delas, que se montou a biblioteca, já prevista, mas que ainda não era para esse ano. Trabalharam também na melhoria da organização da escola e no acompanhamento pedagógico dos alunos. Portanto, foi fundamentalmente esta a acção delas, durante um ano inteiro, em condições não muito ‘famosas’, mas que elas aceitaram generosamente». Este é um comentário

curioso porque, de facto, a aposta na qualidade dos recursos humanos, foi sempre um compromisso assumido desde o início da intervenção, sobretudo com um espírito de empenho e crença nos valores humanísticos, que permite aos colaboradores da FEC ultrapassar algumas das dificuldades, inevitáveis, encontradas no dia-a-dia guineense.

Ao longo destes 10 anos, a acção da FEC manteve o seu enfoque na área da Educação, alargando o seu público-alvo às escolas de carácter comunitário. Tendo como grande objectivo a melhoria da qualidade do ensino e a disseminação da língua portuguesa, os projectos da FEC têm tido como grande objectivo a melhoria da qualidade do ensino em língua portuguesa, apostando na formação de professores na área da Língua Portuguesa e da Didáctica e directores, comités de gestão e inspectores em Gestão e Administração Escolar.

Ler o artigo completo em http://www.fecongd.org/noticia.asp?noticiaid=33916&tipo_id=141

La Salete CoelhoEx-Coordenadora da Comunicação da FEC Guiné-Bissau

Com base na entrevista dada pelo Pe. Casal Martins e no discurso do Embaixador de Portugal, António Ricoca Freire,

no âmbito da comemoração dos 10 anos FEC Guiné-Bissau

FECGUINÉ-BISSAU

10 ANOS DE CAMINHOSPARTILHADOS E CONSTRUÍDOS

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FICHA TÉCNICAEDIÇÃO E PROPRIEDADE:

FEC - Fundação Fé e Cooperação | Quinta do Cabeço, Porta D | 1885-076 Moscavide Tlf: (+351) 218 861 710 | Fax: (+351) 218 861 708 | [email protected] | www.fecongd.org

DIRECTOR: José Martins Maia | COORDENAÇÃO: Ana Patrícia Fonseca | DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO: Emanuel Oliveira SoeiroDEPÓSITO LEGAL: 236835/05 | REGISTO E.R.C.: 125620 | TIRAGEM: 1.000 exemplares | IMPRESSÃO: Vigaprintes

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FECBREVES

FEC RENOVA IMAGEM

Depois da adopção de um novo nome, a Fundação Fé e Cooperação lança uma nova imagem e reafirma o seu posicionamento: a Fé como sentido para a sua intervenção e força mobilizadora e a Cooperação como motor de desenvolvimento e processo de capacitação e diálogo.

Enquanto organização católica, a FEC encontra na FÉ o sentido para a sua intervenção, a força mobilizadora da sua acção, e um instrumento que possibilita a comunicação, o diálogo e a aproximação entre comunidades e pessoas. No mais absoluto respeito por todos os credos religiosos e culturas, a FEC centra o fundamento da sua forma de actuação nos valores do Evangelho e nos princípios da

Doutrina Social da Igreja. O modo de trabalhar da FEC, tanto no Sul como no Norte, sintetiza-se na palavra COOPERAÇÃO. Através de uma co-operação, materializada em parcerias sólidas, no trabalho em Rede e na partilha de competências, responsabilidades e aprendizagens, a FEC contribui para uma maior justiça social e para um maior envolvimento de todos na construção de uma sociedade equitativa. Consciente da importância da participação de todos os actores sociais no desenvolvimento sustentável, a FEC entende a cooperação como uma forma de intervenção que valoriza a inclusão da diversidade individual e institucional, promovendo a cidadania activa, a participação e a solidariedade. A nova denominação FEC – Fundação Fé e Cooperação – consegue manter a mesma identidade, sintetizando a base de acção, dando rosto à Visão e corpo à Missão. A nova imagem é reflexo disso mesmo. A cruz que identifica a FÉ, é também sinal de comunhão, de encontro entre diferentes caminhos, ocasião e convite permanente para o diálogo entre diferentes pessoas e sociedades. A ponte, elemento fundamental para ligar espaços fisicamente distantes, é também sinal do trabalho de COOPERAÇÃO que é sempre uma procura constante de encontro entre diferentes culturas. Esta variedade cultural que marca o quotidiano do trabalho da FEC, é também expressa pelas várias cores usadas na nova imagem. O Verde, o Castanho, o Vermelho e o Amarelo são igualmente símbolo da esperança, do trabalho, da entrega e da alegria que a FEC coloca nos seus projectos.

FundaçãoFé e CooperaçãoFEC

PRESENTES SOLIDÁRIOS 2011

Já estão disponíveis em www.presentessolidarios.pt os novos Presentes Solidários de 2011. Contamos com algumas novidades como a inclusão do Sudão do Sul como um dos países contemplados com esta campanha, e também contamos com vários rostos novos na lista de figuras públicas que apadrinham esta campanha. Visite o novo site e dê a duplicar!