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CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E MISSÕES
ORLANDO GOMES DA SILVA
BIOGRAFIA DO PASTOR SEBASTIÃO LÚCIO GUIMARÃES
UM SERVO A SERVIÇO DE DEUS
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO/ 2012
ORLANDO GOMES DA SILVA
BIOGRAFIA DO PASTOR SEBASTIÃO LÚCIO GUIMARÃES
UM SERVO A SERVIÇO DE DEUS
Trabalho apresentado em cumprimento
às exigências da Disciplina Biografia
Missionária, do curso de Formação
Missionária, ministrada pelo professor
Josias Machado.
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO/ 2012
UM SERVO A SERVIÇO DE DEUS
Dr. Sebastião Lúcio Guimarães
Este homem a serviço de Deus é o Dr. Lúcio Guimarães, natural de Colatina, Espírito
Santo, pastor Batista e doutor em teologia (com especialização em missiologia), foi
missionário em Moçambique e África do Sul por doze anos e autor de diversas obras
importantes para o reino de Deus. Conferencista e professor em vários Seminários e Escolas
de Missões, casado com Rosalee Elbert, pai de três filhos (duas moças e um rapaz) e avô de
dois netos.
Dr. Sebastião Lúcio Guimarães é professor no Curso de Mestrado do Seminário Teológico
Batista de Itaperuna (SETEBI) que tem a sua sede à Rua Thomaz Teixeira dos Santos, 148 –
Bairro Cidade Nova em Itaperuna, professor convidado do CIEM, Centro Integrado de
Educação em Missões, no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, para atuar em seus cursos de
pós-graduação Lato senso e stricto senso.
Essa biografia tem por objetivo demonstrar a vida missionária de um grande homem de
Deus e, sua trajetória pelos campos nos quais Deus o enviou.
Esse homem se chama Sebastião Lúcio Guimarães, e nasceu na cidade de Colatina, no
Estado do Espírito Santo, no Brasil aos 15 dias de Abril de 1952.
Lúcio nasceu na família de Eugênio Guimarães e Francisca Teixeira Guimarães, e Deus
havia escolhido este menino, para ser um grande homem em Sua seara.
CONVERSÃO
Nascido em um lar dividido religiosamente, seu pai era espírita kardecista e sua mãe católica
não praticante, mas muito apegada aos santos e a algumas tradições do catolicismo popular,
como a devoção pelas almas por exemplo. Ainda que se apresentasse como católico, não era
de frequentar a igreja, ainda que tivesse feito a primeira comunhão e recebido a crisma. Até
aos quinze anos de idade nunca tinha lido a bíblia ou frequentado uma igreja evangélica.
Por volta dos seus quatorze anos de idade uma pessoa lhe perguntou se queria ler a Bíblia.
Recusou a oferta, mas se sentiu curioso por ela. Foi perguntar ao padre da igreja católica se
deveria ler a bíblia, e ele foi muito diretivo em sua resposta dizendo que ele não deveria ler
aquele livro, porque quem o lesse sem um preparo teológico poderia até mesmo ficar louco.
Aquele era um livro que exigia muito estudo para compreende-lo e que não lhe era
recomendável. Poucos dias depois , passando uma rua, ficou decepcionado ao ver o padre
com um grupo de jovens em uma rodada de cervejas. Na sua ingenuidade perguntou a si
mesmo “porque ele poderia ler a Bíblia e compreendê-la e eu não, mesmo estando cursando o
ultimo ano do ensino fundamental? Saiu dalí e foi direto ao evangélico que havia lhe
oferecido um exemplar da Bíblia. Recebeu o livro e foi direto para casa com o objetivo de lê-
lo.
Naquele mesmo dia iniciou a leitura e logo se sentiu atraído por ela. Começou a leitura pelo
livro de Gênesis, mas quando chegou nos livros dos Reis e Crônicas muitas vezes se irritava
com as ordens de matar e destruir os inimigos idólatras que habitavam a terra prometida. Por
várias vezes atirou o livro longe, sem poder compreender a ordem divina ao seu povo. Aqule
não era o Deus que julgava conhecer. Na sua opinião era sanguinário e não demonstrava amor
e piedade, ordenando a morte de crianças, jovens, adultos, idosos, animais, e mandando
destruir cidades e atear fogo. Mas sempre voltava a apanhar a Bíblia e a ler.
Por meses seguidos lia a Bíblia, até que chegou as palavras de Paulo que declaram que temos
que confessar com nossa própria boca o nome de Jesus Cristo. Era madrugada e estava em seu
quarto sozinho .Ajoelhou-se ao pé da cama e declarou em voz alta que recebia Jesus Cristo
como seu seu Salvador pessoal e Senhor da sua vida. Pediu que o ajudasse a compreender
melhor a Bíblia para que pudesse viver como um verdadeiro Cristão. No momento nem
pensou em pertencer a uma igreja evangélica, mas logo depois muitas dúvidas começaram a
inundar seu coração e reconheceu que precisava procurar alguém que conhecesse a Bíblia e
pudesse lhe orientar.
Foi a uma igreja em que um pastor lhe deu um livro para ler e depois voltar a conversar com
ele. Não era o que desejava! Depois de alguns meses foi conversar com ele sem ter passado
do primeiro capítulo. Procurou outro pastor que lhe listou quantas coisas “não poderia mais
fazer” uma vez que agora “era crente.” Saiu dalí decepcionado porque nada havia sido dito a
respeito de como ser um Cristão, mas sim sobre o que um Cristão não pode fazer. Procurou
um terceiro pastor que lhe convidou a sentar e explicar o que havia acontecido consigo.
Contou-lhe a história da leitura da Bíblia e a oração de entrega. O Pastor tomou uma Bíblia e
passando por vários textos do Novo Testamento, lhe explicou o que acontece com alguém que
entrega a vida a Jesus Cristo. “Ele me fez compreender que na verdade Deus me havia
recebido e perdoado, e desejava me abençoar e transformar para viver como Cristão
comprometido com o evangelho”, declara. Saiu dalí confortado e este Pastor (Pastor David
Pereira Braga- hoje na glória) passou a ser seu doutrinador e discipulador. Oito meses depois
Lúcio foi batizado e se tornou membro de uma igreja evangélica (Primeira Igreja Batista de
Colatina-ES).
1. CHAMADO PARA O MINISTÉRIO
Desde sua filiação a igreja foi muito envolvido na vida eclesiástica, sobretudo nos trabalhos
de evangelização e de oração. Frequentava os cultos matutinos e as vigílias de oração mensais
que a igreja promovia . Dois anos depois da sua conversão, em um culto no mês de missões
nacionais, ficou muito incomodado quando o missionário que o visitava falou sobre a
consagração de vidas para o ministério. Durante alguns meses aquilo ficou em seu coração e
decidiu procurar seu pastor para orientação.
Conversaram e oraram juntos, pedindo que Deus confirmasse o que sentia. Se era um
chamado para o ministério Cristão. De vez em quando oravam juntos e conversavam sobre o
assunto. Ficava dividido porque havia sonhado outras coisas para sua vida. Tinha o desejo de
ser um “doutor” mas ainda não sabia em que área..
Certa noite, num domingo depois do culto, ele voltava para casa sozinho e conversava com
Deus.Seu coração ainda tinha dúvidas sobre seu futuro. Tinha 18 anos de idade e muitos
planos na cabeça. Gostava muito de ler e escrever. Escrevia poesias que eram admiradas por
colegas na escola, peças de teatro para a mocidade da igreja, pregava nos cultos da praça, da
prisão, e procurava evangelizar na escola, chegando a levar alguns colegas a aceitar a Cristo
como salvador pessoal de suas vidas. Porem Deus sabia da inquietação do seu coração.
Naquele momento, pediu a Deus uma confirmação inconfundível de que Ele o queria no
ministério Cristão. O céu estava estrelado, e no momento lhe ocorreu a ideia de pedir a Deus
que lhe falasse através das estrelas. Pediu que se pudesse ver uma estrela cadente naquele
momento, como uma manifestação de sua vontade. Ao terminar sua oração, uma grande
estrela cadente rasgou o céu de fora a fora. Naquele momento “congelei”,diz, e não pôde
segurar as lágrimas que rolaram por sua face. Agradeceu a Deus a resposta imediata que ele
havia dado a sua oração. No dia seguinte procurou seu pastor e contou a experiência da noite
anterior. Oraram juntos e ele começou a lhe orientar como se preparar para ir ao seminário, o
que aconteceu três anos depois. Começou a servir como evangelista, trabalhando com
congregações da igreja enquanto se preparava para os estudos ministeriais. Terminou o
segundo grau e foi enviado para estudar no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no
Rio de Janeiro, onde se formou em 1976, ano em que também foi ordenado ao ministério
pastoral.
Até hoje quando vê uma estrela cadente, o que acontece com muita frequência em sua vida,
sente como se Deus estivesse confirmando sua chamada ministerial.
2. CASAMENTO
Enquanto se preparava no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Lúcio
conheceu Rosalee Elbert, com a qual veio se casar em oito de Fevereiro de 1975.
3. FORMATURA
Um ano após seu casamento, Lúcio recebe o grau de Bacharel em Teologia, pelo
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Sua turma recebe o nome de J. Boyd Sutton.
Sebastião Lúcio Guimarães é da turma de formando de 1976 do Seminário Teológico
Batista do Sul do Brasil, Turma J. Boyd Sutton
TURMA J. BOYD SUTTON
FORMANDOS DE 1976
O casal tem três filhos: Priscila Elbert Guimarães (33 anos), solteira e é atualmente
missionária na África do Sul; Eunice Elbert Guimarães (30 anos), que é casada e também
missionária na África do Sul e Gerson Elbert Guimarães (28 anos) casado e trabalha em
Brasília.
4. GRAUS E TÍTULOS DE LÚCIO
Lúcio foi incansável em seu preparo, verdadeiramente um homem de estudos, sempre
pronto para se preparar cada vez melhor para estar atuando no reino de Deus, a fim de dar de
beber aos seus liderados, águas sempre de um rio corrente.
a. No ano de 1976, conclui seu curso de Teologia pelo seminário Teológico
Batista do Sul do Brasil, Rio de Janeiro-Brasil (1973-1976)
b. Lúcio, em sua vida se preocupou com aqueles que estavam enfermos e foi fazer
curso de capelania hospitar no Hospital Batista de Assunção no Paraguai em
dezembro de 1976. Com este curso ele pode se preparar para lidar
espiritualmente com enfermos em hospitais, clínicas etc.
c. Em 1990 conclui o curso de Educação Religiosa pela Faculdade Teológica
Batista de Campinas, São Paulo- Brasil (1989-90)
d. Desejando se aprofundar mais no conhecimento Teológico (1982-1988) torna-
se Mestre em Teologia(,M.A) com especialização em Teologia
Prática(Aconselhamento Pastoral) pelo Seminário Teológico do Sul do Brasil,
Rio de Janeiro-Brasil(1982-1988)- Dissertação: Uma análise da igreja como
fonte de ansiedade e a proposta de um método para ajudar aos ansiosos na sua
comunidade de relações religiosas.
e. Mestrado em Teologia(M. Th) com especialização em missiologia(Educação e
treinamento Missionário) pela Universidade do Cabo Oriental, Belville- África
do Sul(1993-94)- Dissertação: Mision as a subject and the curricula of the
Bible, Colleges in the cape península.
f. Doutorado em Teologia (Th.D) com especialização em Missiologia pela
Universidade do Cabo Oriental, Bellville- África do Sul (1995-1997)- Tese:A
model for missionary training in a two- thirds World context: A study of
Campinas Baptist Bible College(FTBC), Brasil.
5. VIDA MINISTERIAL
Sebastião Lúcio exerceu sua vida ministerial sendo pastor de algumas igrejas, sendo
missionário da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira.
Em seu trabalho ministerial, Sebastião Lúcio treinou alguns plantadores de igrejas,
alunos do Instituto Bíblico de Maputo e do Instituto Teológico de Moçambique. Algumas
das igrejas são testemunhos vivos de conversões genuínas, onde até o dia de hoje
contribuem fortemente para transformação de vidas para o Reino de Deus.
a. Ordenação ao ministério Batista em 26 de junho de 1976- na Primeira Igreja
Batista de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro-Brasil, pela convenção Batista
Brasileira.
b. Pastor auxiliar da PIB de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro – Brasil(1976-77)
c. Pastor da Igreja Batista em Barão Geraldo, Campinas, São Paulo- Brasil(1977-
84).
d. Pastor auxiliar da igreja Batista em Barão Geraldo, Campinas- Brasil(1988-
1990)
e. Pastor da Igreja Batista da Esperança , Campo Grande , MS-Brasil (1990-92)
f. Capelão do Colégio Batista de Campo Grande, MS-Brasil (1990-92)
g. Pastor da Igreja Batista Luso Anglo, Goodwood, Cape Town- África do Sul-
Africa do Sul 1995-96.
h. Pastor de Missões da PIB de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil-
(1997-99)
i. Pastor da igreja Batista de Parow, Cape Town-África do Sul- 2005-2008
6. PASTORADO INTERINO
O Missionário Lúcio foi pastor interino de algumas igrejas, deixando ali sua
marca de um servo desejoso pelo crescimento sadio em Deus,clamando por homens
destinados à derrota e ao fracasso. Jamais. deixou de se intimidar pelos desafios,
grandes ou pequenos, sabendo sempre o tamanho do Deus que servia.
a. Igreja Batista de Bragança Paulista, São Paulo-1981
b. Igreja Batista de Aguaí, São Paulo -1082
c. Igreja Batista de Nampula, Moçambique-1984-85
d. Igreja Batista de Tete, Moçambique-1986-88
e. Igreja Batista do Castelo, Campo Grande-1993
7. TRABALHO MISSIONÁRIO
O pastor Sebastião Lúcio, não resistindo ao chamado ardente de Deus, é levado ao campo
missionário pela ação do Espírito Santo, onde almas clamavam pela presença do homem de
Deus. Desde minha conversão, declara, estive envolvido no trabalho de evangelização da
igreja local. Participava dos cultos ao ar livre, pregava nos cultos da prisão local, nos cultos da
emissora de rádio, nos cultos nos lares, nos cultos da mocidade e em outras oportunidades
quando era convidado. Depois de três anos de membro na igreja, começou a ajudar em uma
congregação da igreja em um dos distritos localizados a vinte quilômetros da cidade, onde
visitava famílias (visitas de conforto e de evangelização), ensinando na escola dominical,
dirigindo os cultos e eventualmente pregando a palavra, ajudando o evangelista responsável
pelo trabalho. Cada vez se envolvia mais e mais e se sentia bem servindo na obra de
evangelização.
Na ida para o seminário esteve lendo e estudando mais sobre o trabalho missionário
denominacional e teve a oportunidade de conversar diversas vezes com missionários na ativa
e missionários aposentados com quem teve a oportunidade de conviver ou de encontrar
durante o curso. Um deles em particular, Dr Antonio Maurício, veterano missionário em
Portugal e já aposentado que vivia nas dependências do seminário, o impressionou muito com
sua firmeza e consistência na consciência de chamado e de serviço missionário. Ainda que
tivesse pouco tempo, pois alem de estudar, trabalhava para seus sustento e para seus estudos ,
sempre que podia ia a sua casa para conversar e ler com ele, uma vez que já possuía
dificuldade de leitura devido sua idade.
Antes de terminar o curso, já ordenado ao ministério, teve a oportunidade de fazer uma
viagem missionária ao presídio de Ilha Grande, então em pleno funcionamento, onde Deus
falou muito diretamente ao seu coração sobre o desafio missionário.
Naquela mesma semana, pregando na capela do seminário, sua reflexão foi sobre missões, e já
sentia seu coração movido por um convite de servir como missionário da Igreja Evangélica
Batista Paulistana da capital paulista, na cidade de Campinas, nas proximidades da
UNICAMP.
Depois de servir oito anos em Campinas, de plantar uma igreja e estar envolvido em dois
outros trabalhos, teve contato com um pastor Angolano que se hospedou em sua casa por
alguns dias. Nas longas conversas que sua esposa e ele tiveram sobre as necessidades da
igreja na África, começaram a orar e conversar sobre ir ao continente para servir ao Senhor,
ali. Deus colocou um grande amor pelo continente, particularmente pelos países da língua
Portuguesa, onde sabiam que as dificuldades eram muito grande. Depois de dois anos dos
primeiros encontros com o pastor Adelino Chilundulo, se apresentaram à JMM, onde foram
aprovados e seguiram para o campo missionário, onde estiveram servindo diretamente em
diversos ministérios até o ano de 20008 e ainda continuam servindo como professores
visitantes. Ainda amamos o continente que Deus colocou em nossos corações, diz, e
procuramos ajudar estimulando pessoas a se envolver no trabalho de Deus no continente
Africano, onde não é fácil mas é possível, como em outra cultura qualquer.
NO TEMPO DA CÓLERA- UMA EXPERIENCIA MARCANTE
Lembro de uma experiência marcante que foi o tempo da cólera. A guerra civil em
Moçambique foi um dos períodos mais difíceis da sua história. Ela trouxe muita morte não
sòmente pelas poderosas armas de fogo, mas também pelas muitas mazelas que acompanham
conflitos prolongados. Além da destruição da infraestrutura do País, das plantações,das
reservas econômicas, a saúde também sofria. O lixo raramente era recolhido nas cidades e a
saúde pública entrou em colapso. Muitas enfermidades logo começaram a fazer as suas
vítimas, a começar pelas crianças, que sempre são a parte mais frágil da sociedade.
Servíamos em Moçambique neste tempo e tínhamos três filhos pequenos e quase nenhum
recurso médico disponível. Os hospitais estavam constantemente cheios, os médicos eram
poucos, os remédios escassos, as vezes se resumindo a remédios básicos para tratamento da
malária. Depender da saúde pública era temerário, pois a atenção básica era dirigida para as
vítimas da guerra como urgência máxima : feridos a balas e mutilados por minas. Nossos
filhos estavam sujeitos as mesmas limitações que todas as crianças do país naquele momento
difícil.
Um dos grandes temores era o risco da cólera. A doença implacável, assolava, disseminando
pela falta de cuidados sanitários e os esgotos que corriam a céu aberto.As fossas sépticas
transbordantes traziam sujeiras, mau cheiro, moscas e riscos de contaminação da pele, vias
respiratórias e dos intestinos.
Ouvíamos casos em várias partes do País e orávamos para que nossas crianças fossem
poupadas, embora soubéssemos que estavam expostas a todo tipo de ameaças de
contaminação. “Missionários com filhos pequenos em muitos dos campos de trabalho tem que
conviver com esta realidade.” Nossa filha do meio caiu doente . Numa tarde ela se mostrou
abatida e começou a sofrer com diarreia e vômitos. Tratamos com soro caseiro, na expectativa
que fosse uma simples indisposição estomacal, mas não era. Ela piorou rapidamente durante a
noite. A diarreia e o vômito ficaram mais fortes, e ao amanhecer sua pele estava macilenta e
com o corpo minguado. O diagnóstico médico foi suspeita de cólera e como não havia recurso
local disponível, o conselho foi retirá-la o mais rápido possível do país para ser tratada.
Estávamos na cidade da Beira, no centro do país, dando um seminário para a liderança da
igrejas. Grande preocupação: não havia nenhum vôo disponível; as estradas estavam fechadas
e não havia combustível à venda que nos permitisse a aventura de sair por terra para a
fronteira mais próxima. Não desesperamos! Ainda que muito preocupados, confiamos no
cuidado de Deus. Mas nossa filha murchava a cada hora. Nada parava a diarreia e os vômitos
eram cada vez mais frequentes e violentos. As missionárias locais que nos hospedavam, nos
ajudavam em oração e nos encorajavam.
Fui ao aeroporto da cidade e esperei por horas. Tentei falar com dois pilotos Ingleses que
chegaram em um pequeno avião das Nações Unidas. Um deles parou para me ouvir e falei da
nossa necessidade, mas ele disse que os aviões não podiam conduzir ninguém a não ser
delegados da ONU. Fiz um outro apelo: Pedi que ao chegar a Harare, capital do Zimbábue,
ele telefonasse para o escritório da Visão Mundial e comunicasse a necessidade da família
missionária Brasileira na cidade da Beira. Ele prometeu telefonar, mas eu não tinha certeza se
ele se lembraria ou mesmo se encontraria alguém nos escritórios da organização àquela hora.
Confiei que o Senhor nos ajudaria.
Voltei para casa mais confortado, ainda que com o coração apertado. Nossa filha não tinha
mais força para ficar assentada e os seus olhos estavam fundos. Ela sòmente balbuciava e não
chorava mais. Eu e minha esposa oramos entregando sua vida nas preciosas mãos de Deus.
Foi mais uma noite longa e penosa! Uma noite preocupante. Minha esposa e eu não dormimos
e cuidamos de nossa filha até vermos o clarão do dia. Nos olhávamos sem mais comentários.
Nada mais podíamos fazer senão ficar com ela, tentando colocar algumas gotas de água na
boca e limpando cuidadosamente o seu corpinho que já expunha toda sua formação óssea.
O dia amanhecia. Alguém chamou na entrada do prédio com sotaque Brasileiro. Fui atender e
me deparei com dois jovens Brasileiros que serviam na Visão Mundial em Harare . O piloto
não havia esquecido. Telefonou e encontrou um Brasileiro no outro lado da linha que
convocou um amigo e os dois rumaram para Moçambique usando as credenciais com foro
diplomático para entrar no país. Enfrentaram os quase mil quilômetros noite adentro, os
perigos das estradas minadas e cheias de guerrilheiros, trechos esburacados, desvios das
pontes destruídas e chegaram para nos socorrer. Enquanto nos preparávamos para a viagem,
eles tomaram café e voltaram para a estrada levando toda a nossa família para o Zimbábue.
Era uma longa corrida contra o tempo e contra a morte. Acomodados no banco traseiro
iniciamos a viagem rumo a tentativa de salvar a vida de nossa preciosa filha.
Quando chegamos à cidade de fronteira no território Zimbabuano fomos ao hospital
local,onde fomos aconselhados a seguir imediatamente para a capital. Isto significava
percorrer mais quinhentos quilômetros. Retomamos a estrada.
Em Harare fomos levados para a clínica de um médico missionário experiente em doenças
tropicais, que atendeu nossa filha com muita atenção, recolheu amostra para exames e a
colocou no soro. Agora era continuar esperando....no Senhor!
Os resultados do laboratório revelaram que não era cólera, mas um outro parasita igualmente
violento. Dois dias depois nossa filha voltou a falar novamente e a se alimentar por via oral.
Ficou sob tratamento por mais vinte e cinco dias e aos poucos voltou a correr, brincar e a
dançar, o que gostava de fazer. Ainda hoje seu organismo manifesta a presença do vírus, e
louvamos a Deus que tenha sobrevivido aquela situação. Hoje, casada e mãe de duas lindas
crianças, a família serve ao Senhor como missionários no continente Africano. Só por Deus
mesmo!
Lucio, atendendo ao chamado de Deus, atuou ainda em diversos locais como missionário a
saber;
a. Missionário da igreja Batista Paulina, São Paulo, trabalhando em Barão Geraldo,
Campinas, como plantador de igrejas(1977-80)
b. Missionário da JMM da CBB em Moçambique, servindo em Educação Teológica e
plantação de Igrejas no contexto urbano de Maputo(1984-88)
c. Missionário da Igreja Batista em Barão Geraldo, Campinas, servindo como plantador de
igrejas em Paulínia, São Paulo(1989-90)
d. Missionário independente servindo no Cornerstone Christian College, Cidade do Cabo,
Africa do Sul, (1993-96)
e. Missionário da JMM da CBB servindo na cidade de Cape Town, África do Sul (2005-
2008).
8. ENSINO
Além de ser pastor e missionário, Sebastião Lúcio, gasta parte de seu tempo
ensinando em algumas instituições, aquilo que tem aprendido com Deus.
a. Instituto Bíblico de Campinas, São Paulo- Brasil - (1979-84)
b. Equipe de Treinamento de Educação Cristã da convenção Batista do Estado de São
Paulo- Brasil (1978-83)
c. Faculdade Teológica Batista de Campinas, São Paulo (1978-84; 1988-90)
d. Instituto Bíblico de Maputo, Moçambique(1984-86)
e. Instituto Teológico Batista de Maputo, Moçambique (1985-88)
f. Seminário Teológico Batista do Oeste do Brasil, Campo Grande, MS-Brasil (1990-
93)
g. CEM- Centro Evangélico de Missões, Viçosa-Minas Gerais, Brasil (2000-20004)
h. CETEBES (Centro de ensino teológico Batista do Estado do Espírito Santo),
Vitória- ES, Brasil- Programa de mestrado em teologia desde 2000
i. Universidad Evangélica Boliviana, Santa Cruz de la Sierra – Programa de mestrado
em Teologia(desde 2000)
j. Seminário Teológico Escola de Pastores- Niterói-RJ
CCMT- Centro de Capacitacion Missionera Transcultural, Córdoba, Argentina (desde
2001)
k. ISTEL- Instituto Superior de Teologia Evangélica do Lubango, Angola (desde
1993)
l. Centro de treinamento missionário da igreja de Lagoinha, Belo Horizonte (2001-
05)
m. CIEM- Centro integrado de Educação e Missões, Rio de Janeiro desde (2002)
n. Professor visitante no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (Ministério
integral e treinamento missionário da JMM)
9. LIDERANÇA
Além de missionário, professor e pastor, esse homem de Deus chamado
Sebastião Lúcio tem desenvolvido grande trabalho também na obra da liderança de
várias instituições, demonstrando assim um caráter exemplar e frutífero no reino de
Deus.
Instituições que exerceu liderança debaixo da missão que Deus lhe confiou:
a. Diretor interino da Faculdade Teológica Batista de Campinas, SP (1982)
b. Diretor do curso pastoral do Instituto Bíblico de Campinas, São Paulo (1981-
84)
c. Diretor da faculdade Teológica Batista de Campinas, São Paulo (1983-84)
d. Diretor do instituto Bíblico de Maputo, Moçambique (1984-86)
e. Diretor do Instituto Teológico Batista de Maputo, Moçambique (1985-87)
f. Diretor da Faculdade Teológica Batista de Campinas, São Paulo (1988-90)
g. Coordenador do Departamento de Projetos Especiais da Faculdade Teológica
Batista do Oeste do Brasil, Campo Grande, MS, trabalhando com treinamento
missionário (cursos,projetos, viagens missionárias e orientação pessoal a
candidatos-1990-93)
h. Deão Acadêmico da faculdade Teológica Batista do Oeste do Brasil, Campo
Grande(1992-93)
i. Assessor de recursos Teológicos (programas e treinamentos) para a América
Latina do Overseas Council International(1988-2005)
j. Diretor da Escola de Missões Transculturais do CEM, Viçosa, Minas Gerais-
Brasil(2000-2005)
LIVROS ESCRITOS
Esse gigante de Deus além de tantas atividades, teve também, inspiração de Deus para
escrever várias obras que tem abençoado muitas vidas ao redor do mundo, tais como:
k. CRÔNICAS MISSIONÁRIAS
“Moçambique continua em nosso coração. Que cada leitor possa ser motivado a unir
suas orações às nossas em favor do seu povo e, se o Senhor de missões chamar, unir suas
forças àqueles que continuam o trabalho missionário naquele país” (Sebastião Lúcio
Guimarães).
O livro Crônicas Missionárias não é uma obra de ficção, uma vez que narra fatos reais
vividos pelo autor e sua família durante anos de dedicação à obra do Senhor em tempos de
guerra, fome, sofrimento e muito perigo em continente africano.
Ao mesmo tempo em que edifica e informa sobre alguns aspectos do trabalho
missionário em Moçambique entre os anos 80 e 90, o livro desafia a missões e constrange ao
amor cristão.
l. COMO ORGANIZAR O MINISTÉRIO DE MISSÕES EM SUA IGREJA
Neste livro, o autor argumenta que é preciso organizar o Conselho Missionário da
Igreja local, uma vez que é preciso que haja um relacionamento saudável entre o pastor da
igreja e o Conselho Missionário, através do planejamento de conferências desafiadoras. Passo
a passo, o autor apresenta sugestões práticas, que tornam o livro uma espécie de manual para
quem deseja servir nessa área tão importante, mas muitas vezes colocada em segundo plano.
m. DIRETRIZES PARA MONOGRAFIA E DISSERTAÇÕES, ESCRITO EM
1999
Nesta obra o autor orienta aos estudantes a respeito de normas para desenvolver
trabalhos acadêmicos relacionados a dissertação e monografias, um recurso facilitado para
principiantes, livro em bom estado, assinatura do antigo dono, grifos e anotações, cortes
levemente escurecidos
n. SELUGUH: UMA HISTÓRIA MISSIONÁRIA
Nesta obra, o autor narra a conversão de um menino pastor de ovelhas, em Botsuana,
África, e como ele se tornou um servo fiel a Deus. A leitura oferece ótima oportunidade para
nossas crianças e adolescentes aprenderem a diversidade cultural existente na África.
o. OS APÓSTOLOS – JANELAS ABERTAS PARA CONHECER JESUS
Neste livro o autor narra que através dos apóstolos de Jesus, podemos conhecer a
história do Salvador, que foi escrita e reproduzida por eles de maneira magistral em suas
vidas, e compreender seu caráter, sua missão e a sua estratégia para a salvação do mundo.
p. SALVE AGRACIADA! A VIDA DE MARIA, MÃE DE JESUS: UMA
PERSPECTIVA BÍBLICA.
Este livro tem o objetivo de mostrar que Maria foi uma mulher especial, para uma
missão especial, em um tempo próprio. Foi obediente e se dispôs para o cumprimento dos
propósitos de Deus. Jesus cresceu e se desenvolveu, tendo o carinho, a orientação e os
cuidados de Maria, sua mãe, até chegar o tempo de consumar os planos de ser crucificado,
ressuscitar ao terceiro dia, ser assunto aos Céus e se tornar o Cordeiro Perfeito de Deus para a
redenção da humanidade.
Em Salve, Agraciada!, com muita propriedade, pr. Sebastião Lúcio une fatos bíblicos e
informações culturais da época e nos dá um texto claro e agradável de ler. Confira cada
palavra e inspire-se com a mensagem que Deus colocou no coração do pr. Sebastião Lúcio e
que ele, com talento especial, reparte conosco.
q. CHAMADO À ESPIRITUALIDADE
Em "Chamados a espiritualidade", o pastor batista Lúcio Guimarães fala da necessidade
de o homem contemporâneo desenvolver a sua espiritualidade a partir dos princípios
encontrados na Bíblia.
11 ATUALMENTE
Atualmente, o Dr. Sebastião Lúcio se dedica ao professorado visitante em seminários e
centros de treinamento na América do Sul e África, e produzindo literatura Cristã (artigos e
livros).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GUIMARÃES, Sebastião Lúcio. Os apóstolos - Janelas abertas para conhecer Jesus.
Londrina: Descoberta, 2011.
____________, Crônicas Missionárias. Viçosa: Ultimato, 2011.
____________, Seluguh, Ultimato, 2010.
____________, Salve Agraciada, UFMBB-2009.
____________, Como organizar um ministério de missões em sua igreja-Ultimato, 2003.
____________, Diretrizes para monografias e dissertações, Ultimato, 1999.
E-mail – selu_ [email protected]
Entrevista com o Dr. Sebastião Lúcio Guimarães