biblioteca publica e idoso
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XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,Documentao e Cincia da Informao
Sistemas de Informao, Multiculturalidade e Incluso SocialMacei, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011
Temtica 2: Direito Informao, Acesso Informao e Incluso Social
A Biblioteca Pblica e o Utilizador Idosorelato da experincia portuguesa
Fabola Maria Pereira [email protected]
Universidade do Porto
RESUMO A informao quando utilizada como ferramenta capaz de mudarvidas pode e deve ser apropriada como direito de todos eprincipalmente a uma faixa da populao considerada comoexcludos; dentre os grupos socialmente excludos esto osidosos, personagens a serem explorados ao longo da pesquisa tendocomo pano de fundo a escassez de polticas pblicas voltadas paraessa faixa da populao. O estudo em pauta faz parte de umapesquisa de doutoramento desenvolvido na Faculdade de Letras daUniversidade do Porto, em Portugal, cujo objeto de estudo aBiblioteca Pblica, o utilizador idoso e as polticas deinfoincluso. A relevncia da pesquisa consiste na necessidade de
rever o papel social da Biblioteca Pblica norteada nos seusprincpios universais decretados pela UNESCO.Rela
tosdeexperincia
PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca Pblica Portuguesa. Biblioteca Pblica e Idosos.
Biblioteca Inclusiva. Biblioteca Pblica e Impacto Social.
1 Introduo
O envelhecimento populacional tem-se tornado uma realidade mundial, decorrente de muitos
fatores, a melhoria da qualidade de vida uma delas. A esperana de vida passou de 55 anos,
em 1920, para mais de 80 anos, nos dias de hoje, segundo dados da Comisso Europeia, o
nmero de pessoas com idades compreendidas entre 65 anos e os 80 anos aumentar cerca de
40% entre 2010 e 2030.
Dentro desse contexto, Carvalho (2007, p.52) corrobora, quando afirma que esse cenrio de
mudana demogrfica contribuiu para o processo de reordenao da gesto da velhice,
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saindo da esfera privada da famlia, para a pblica onde o Estado passa a assumir a questo
do envelhecimento como gesto pblica.Diante dessa realidade, cabe s Bibliotecas direcionarem seus esforos para esse segmento da
sociedade. Suaiden (2000, p. 59) j apontava a segmentao de mercado, como alternativa dos
novos tempos e o caminho que possibilitaria biblioteca pblica ser uma entidade expressiva
na sociedade da informao.
As polticas pblicas de preparao para a Sociedade da Informao perpassam, por questes
alm de infra-estrutura tecnolgica, a democratizao da informao to fortemente
evidenciada atravs da Sociedade da Informao, realou a importncia do papel social da
Biblioteca Pblica e seu contributo para a formao de uma sociedade mais democrata, os
conceitos de Democracia e Cidadania, Aprendizagem ao Longo da Vida,
Desenvolvimento Econmico e Social, bem como a Diversidade Cultural e Lingustica,
esto evidenciados em muitos documentos produzidos nos ltimos anos que destacam o papel
da Biblioteca Pblica na Sociedade da Informao.
A UNESCO, atravs de seu Manifesto sobre as Bibliotecas Pblicas (IFLA/UNESCO, 1994),
afirma: a liberdade, a prosperidade e o progresso da sociedade e dos indivduos so valores
humanos fundamentais. E mais: Estes valores s sero alcanados, quando os cidados
estiverem de posse das informaes que lhes permitam exercer os seus direitos democrticos.
Para que isso acontea, os servios das bibliotecas pblicas devem ser oferecidos com base
na igualdade de acesso para todos, sem distino de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade,
lngua ou condio social. Suaiden (2000, p. 52) refora o Manifesto da UNESCO, quando
afirma:
Na sociedade da informao, o papel da biblioteca pblica passa a ser de
vital importncia na medida em que pode se tornar o grande centrodisseminador da informao, atuando principalmente para diminuir asdesigualdades existentes.
Ainda sobre o papel da biblioteca pblica, Correia (2005) alerta para o risco de uma excluso
por parte de setores significativos da populao, entre eles, a populao idosa, os jovens, as
pessoas com deficincia. Esta excluso tambm apontada no Livro Verde sobre a Sociedade
da Informao em Portugal (PORTUGAL, 1997, p.97), quando coloca a biblioteca pblica
como mediadora indispensvel para combater e prevenir esta infoexcluso:
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levar a cabo medidas que evitem a diviso da sociedade entre aqueles quetm acesso Sociedade da Informao e aos seus benefcios e os outros que
dela esto arredados.
Ao defender o papel da biblioteca pblica, no processo de combate infoexcluso das classes
menos favorecidas, Nunes (2005) acredita que estas bibliotecas devem assumir sua prestao
e promoo de servios, como requisito para levar a sociedade a uma superao no processo
de excluso. A autora mais enftica, quando reconhece a dificuldade que sempre foi
enfrentada pelas bibliotecas pblicas, em despertarem nas classes menos favorecidas o
interesse em utilizar seus bens e servios. Parece paradoxal esta falta de interesse, uma vez
que a biblioteca pblica um espao de interao social e produz impacto econmico nacomunidade local. Neste contexto, que Nunes (2005, p.4) afirma:
[...] ela um espao livre e seguro onde podem encontrar-se os excludos eas minorias de todo o tipo: mulheres, reformados, desempregados...e todo ognero de pessoas isoladas e com dificuldades financeiras que soautomaticamente excludas de outros pontos de encontro social, pblicos ouprivados, cuja frequncia ou uso dos servios so sempre pagos, como nosbares ou cafs, nos teatros, museus, lojas, etc. De fato, um dos aspectos maisimportantes do servio das bibliotecas pblicas, no demasiado claramente
afirmado no Manifesto da UNESCO, a gratuitidade, que se traduz na nicamaneira possvel de servir eficazmente os setores da comunidade que notm capacidade econmica para aceder aos recursos de informao.
Durante anos, a aplicao da Biblioteconomia voltava-se para questes tcnicas de
organizao de acervos. Os novos paradigmas conduzem as bibliotecas pblicas para uma
atuao como organizaes sociais, e passam a ser postas num novo contexto de geradoras e
disseminadoras do conhecimento. Corroborando com esse pensamento, Sequeiros (2005),
afirma que se devem repensar os espaos das bibliotecas pblicas, sem ignorar que grandeparte da populao adulta portuguesa no possui competncias de literacia bsicas. A autora
defende a tese de que a atuao do bibliotecrio deve ocorrer como papel de interveno
cultural e contextualizar a biblioteca pblica no processo de transio para uma sociedade
da informao. Os questionamentos de Sequeiros (2005, p.402) estendem-se tambm aos
deficientes:
[ ] e, referindo ainda outra situao que continua a ser de muita segregao,os deficientes que, mesmo tendo acesso a recursos econmicos, no tm
acesso a toda uma srie de outros recursos por barreiras fsicas e porestigmatizao social.
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Analisando as bibliotecas pblicas, dentro do contexto preconizado pelos autores acima
citados, percebemos a importncia de desenvolver pesquisa, que direcione aes concretascapazes de viabilizar a atuao das mesmas no processo de incluso, tanto do pblico idoso,
como de membros da sociedade, os quais, por motivos diversos, esto inseridos nos grupos de
infoexcluso.
2 Reviso de Literatura
A informao adquire uma dimenso social, a partir do momento em que as crenas, os
novos paradigmas, as perspectivas de cada cidado so determinadas pelo nvel de acesso que
ela proporciona aos indivduos. Corroborando esse pensamento Suaiden (2005, p.6) refora
que, quando se fala de dimenso social do conhecimento, est se identificando um nvel de
conscincia coletiva que exige a melhor distribuio dos saberes e das riquezas geradas pela
sociedade.
Baseado no pressuposto que a incluso da sociedade assume hoje um valor universal, e que
no existe incluso sem cultura, Guerreiro (2002, p.367) ressalta a importncia de que as
instituies culturais pblicas, destacando como exemplo a biblioteca, promovam
progressivamente seus servios em prol da incluso mediante a superao de barreiras,
disponibilizando em suportes acessveis toda a informao necessria. Esse pensamento
tambm defendido por Pimentel (2006, p. 22) quando descreve a Biblioteca como uma das
unidades culturais mais importantes de disseminao e democratizao da informao,
enquanto Barreto et al(2008) afirmam que, ao democratizar a informao, a Biblioteca exerce
seu papel no processo de incluso social.
Alm do papel formal de mediadora entre a informao e o utilizador, as Bibliotecas passam a
ser vistas como organizaes sociais, cujo espao propicia a socializao de diferentes grupos
sociais. Sequeiros (2005, p.1) afirma que O espao da Biblioteca caracterizado como um
espao de interao social e cultural, o que colocado numa perspectiva de vidas em
mudana e de direitos culturais. Pimentel (2006, p, 22) tambm descreve o espao das
Bibliotecas como alternativa de incluso social, medida que se configura como um
ambiente democrtico, independentemente da condio social, o autor acredita que a
informao desempenha um importante papel de conscientizao, medida que desperta umaconscincia no cidado, em relao aos seus direitos e deveres enquanto membros de uma
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sociedade. Laipelt el al (2006, p. 225) so mais enfticos quando afirmam que difcil
dissociar a funo social da Biblioteca de conceitos como democracia e cidadania.Cada biblioteca ao seu modo, independente de estar classificada na categoria de bibliotecas
pblicas, incorporou os princpios definidos pela UNESCO como responsveis pela
democratizao cultural. Motivadas por esse princpio, que muitas unidades de informao
tm diversificado sua forma de atuar para atender as lacunas existentes e cobrir as
necessidades de utilizadores com necessidades especiais, atuando cada vez mais com o carter
inclusivo.
Individualizando essa problemtica para o caso portugus, as bibliotecas pblicas
portuguesas, segundo afirma Calixto (2000) embora tenham desempenhado um importante
papel inclinado incluso social, sua atuao ainda pouco valorizada. O autor associa
algumas alteraes manifestadas na sociedade portuguesa, como fator determinante para que
haja um desempenho social das bibliotecas pblicas, sendo elas: o baixo nvel de vida de
muitas famlias portuguesas, tanto nos grandes centros como no mundo rural; deficincia na
condio cultural e educativa; alteraes econmicas que tm levado sucessivas vagas de
desemprego; existncia de minorias tnicas e culturais, entre outras.
3 Materiais e Mtodos
Para a pesquisa em questo, do ponto de vista da sua natureza, uma pesquisa bsica ou
aplicada, uma vez que objetiva gerar conhecimentos para aplicao prtica, dirigidos
soluo de problemas especficos; no caso da pesquisa, a incluso social dos idosos atravs da
atuao da biblioteca pblica. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema,
combinao de pesquisa qualitativa e quantitativa, mesmo no utilizando complexos mtodos
e tcnicas estatsticas. Do ponto de vista de seus objetivos, uma pesquisa exploratria pois
possibilitar um maior envolvimento com o problema pesquisado com aplicao prtica de
um estudo de caso; e finalmente do ponto de vista dos procedimentos tcnicos uma
combinao de pesquisas bibliogrfica; documental; estudo de caso e pesquisa participante.
Como tcnicas de coleta de dados utilizmos a anlise de contedos, a observao
participante e o inqurito por questionrio. A coleta atravs da observao defendida por
Martins e Thophilo (2007) quando afirmam que ao mesmo tempo permite a coleta de dados
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de situao, envolve a percepo sensorial dos observados, distinguindo-se, enquanto prtica
cientfica de observao diria.Foram elaborados dois tipos de questionrios: um especfico para as Bibliotecas Municipais e
um outro direcionado aos idosos que frequentam a Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
Para a elaborao dos questionrios, foram observados os objetivos geral e especficos da
pesquisa, de modo que, pudesse fornecer dados que permitissem validar as hipteses da
pesquisa. Levando-se em conta distncia geogrfica das Bibliotecas a pesquisar e a
impossibilidade da aplicao dos inquritos de forma presencial, optamos por enviar o
questionrio s Bibliotecas Municipais utilizando o recurso do correio electrnico. No
questionrio dos idosos, foi feita a abordagem de forma presencial, porm deixando-os livres
para responderem, havendo no entanto interveno medida que surgiram dvidas ou
solicitao de esclarecimento pelos mesmos.
Para definir quais Bibliotecas Pblicas portuguesas deveriam fazer parte da pesquisa e
posterior envio dos questionrios, utilizamos como referncia a lista oficial do Diretrio das
Bibliotecas Pblicas1 Portugal. O questionrio foi composto por questes abertas, fechadas
e de mltipla escolha, basicamente, o questionrio das bibliotecas foi dividido em trs blocos:
o primeiro deles identificava a Biblioteca por nome e por concelho; no segundo bloco tratou-
se de averiguar a existncia de utilizadores idosos na biblioteca pesquisada e, no terceiro
bloco, foram levantadas as questes do problema pesquisado. O inqurito dos idosos
procurou-se no primeiro bloco identific-los por faixa etria, escolaridade e sexo; no segundo
bloco procurou-se identificar qual a relao existente entre o idoso e a biblioteca e no terceiro
bloco abordaram-se questes diretamente relacionadas com o assunto principal da pesquisa.
O campo de experimentao emprica foi a Biblioteca Municipal Almeida Garrett, situada na
cidade do Porto, Portugal, na Rua de Entrequintas, 268, integrada nos jardins do Palcio de
Cristal (atual Pavilho Rosa Mota). Trata-se de uma biblioteca com ambiente informal,
acessvel e convidativo para uma boa leitura. A Biblioteca vinculada administrativamente
Cmara Municipal do Porto.
O total do universo pretendido para a pesquisa eram 358 Bibliotecas, uma situao ocorrida
no envio dos inquritos e que merece destaque que, desse total de Bibliotecas a pesquisar,
24 apresentaram erro no endereo eletrnico. Como no foi possvel obter um outro e-mail
destas Bibliotecas, no enviamos o inqurito, sendo ento reduzido o universo total da
1http://bibliotecas.wetpaint.com/page/BIBLIOTECAS+P%C3%9ABLICAS+-+Lista+por+Distrito.
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pesquisa para 334 Bibliotecas. Obtivemos 97 respostas para os questionrios, o que
corresponde em termos percentuais a 29,04% do universo pretendido.
4 Resultados Parciais
Como a pesquisa est em fase de andamento, apresentaremos dados parciais levantados at o
presente momento, atravs da anlise do questionrio, lembrando que, as informaes aqui
apresentadas no representam a totalidade dos pontos de investigao levantados ao longo da
pesquisa, relataremos apenas sobre existncia de idosos nas bibliotecas pblicas portuguesas
e a forma como as bibliotecas fazem essa interao com os usurios idosos.
No mbito da pesquisa em foco, a faixa etria estudada na categoria de utilizadores idosos,
cobriu a faixa que corresponde dos 61-90 anos. Segundo os questionrios respondidos pelas
Bibliotecas, 94,84% afirmaram possuir utilizadores idosos, o que comprova a teoria inicial da
pesquisa quando se afirmava empiricamente a existncia de utilizadores idosos no ambiente
das Bibliotecas Pblicas em Portugal, e vai ao encontro da realidade j comprovada em
muitos estudos sobre a populao portuguesa, bem como aos estudos de projees
desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estatstica de Portugal que indicam uma estrutura
etria envelhecida da populao portuguesa.
No questionrio, foi indagado os motivos que levam os idosos a frequentarem as Bibliotecas
portuguesas, 88 das bibliotecas pesquisadas afirmou saber o motivo, o que evidncia, por
parte da Biblioteca, o conhecimento da preferncia de cada utilizador. Era uma questo aberta
e os motivos apontados pelas Bibliotecas esto agrupados por maior quantidade de indicaes,
a saber:
Interesse na leitura de publicaes peridicas 62 indicaes Solido; Ocupao do tempo livre; Fuga rotina 20 indicaes Emprstimo domiciliar 19 indicaes Participao nas atividades da Biblioteca 18 indicaes Gosto pela leitura 11indicaes Uso da Internet 9 indicaes Sees de cinema 8 indicaes Participao nas atividades direcionadas aos idosos 7 indicaes
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Formaes na utilizao de computadores 6 indicaes
Exposies 6 indicaes Aprofundar conhecimentos 5 indicaes Consulta diversas 4 indicaes Interesse em ler os livros 3 indicaes A procura de espao privilegiado de informao e leitura - 3 indicaes Acompanhar os netos 3 indicaes Por lazer 2 indicaes Leitura de livros e peridicos de forma gratuita 2 indicaes Colaborao entre instituies, Biblioteca e Lares/dia 2 indicaes Necessidade de uma rotina diria - 1 indicao Consulta de legislao 1 indicao
Sobre o resultado acima, gostaramos de comentar sobre dois itens especificamente: o
primeiro deles e o quarto. Foi curioso perceber que o motivo que mais agrega motivao para
utilizao da Biblioteca pelos usurios idosos foi a leitura de peridicos. J faz parte da
cultura portuguesa o hbito de ler os jornais nos cafs, o que no justificaria a permanncia
dos idosos nas Bibliotecas apenas por esse motivo. Em 1986, por ocasio do relatrio do
estudo desenvolvido para implantao da Rede de Bibliotecas Municipais em Portugal foi
apontada como fatores negativos das bibliotecas municipais ento existentes, alm do carcter
estritamente conservador das bibliotecas municipais, a inexistncia de atividades de
animao bem como a utilizao das bibliotecas apenas para leitura de peridicos.
(MOURA, 1986, p. 12). Se em 1986 j foi considerado como fator negativo a utilizao das
bibliotecas apenas para a leitura de peridicos, como justificar que essa preferncia dos
utilizadores continue 25 anos depois? As atividades desenvolvidas pela Biblioteca ocuparam o
quarto lugar, com apenas 18 indicaes, o que no consideramos ser um nmero
representativo, uma vez que deveria teoricamente encabear o ranking das preferncias dos
utilizadores.
Cabral (1999, p. 40), em sua obra sobre os problemas e propostas de desenvolvimento para as
Bibliotecas Pblicas portuguesas, j chamava ateno para algumas caractersticas que
considerava tpicas na realidade portuguesa, a fraca expectativa e exigncia da parte dosutilizadores relativamente qualidade do servio e uma percentagem mnima de pessoas
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que usa realmente as bibliotecas pblicas.O fato de existir pouco interesse dos idosos em
relao s atividades da Biblioteca, leva-nos a um questionamento sobre que tipo de serviose/ou atividades est sendo ofertados para eles e sobretudo a forma como esses
servios/atividades tm sido ofertados.
Vale tambm ressaltar que, somente 7 Bibliotecas atribuem a frequncia dos idosos associada
diretamente s atividades direcionadas para eles, o que evidncia uma falta de rotina
associada a essa prtica. Munhoz (2007, p.1) acredita que para que possamos desenvolver
qualquer produto ou servio, necessrio criarmos um conceito. Como inexiste o "conceito"
desse servio na mente do utilizador idoso, no existe uma lacuna, e muito menos a
necessidade da existncia dela (atividade), o autor afirma ainda, que atravs do conceito
de um produto ou servio, que se cria uma necessidade at ento inexistente, Biblioteca
nesse aspecto no necessria, pois no existe uma necessidade ou desejo por parte dos
idosos em relao a essas atividades ou servios.
Outro aspecto levantado na pesquisa foi sobre a existncia de interao entre a Biblioteca e o
utilizador idoso, resultando numa percentagem de 76,28% de respostas positivas. A interao
um processo de influncia mtua, a diminuio percentual desse dado em relao as
questes anteriores novamente demonstra a forma isolada que os idosos utilizam as
bibliotecas, evidenciando mais uma vez uma ao sem interaco entre as partes. Os
entrevistados apontaram algumas situaes em que pode ocorrer essa interaco:
a) Algumas Bibliotecas acreditam que atravs da divulgao das ATIVIDADESdirecionadas para os idosos, podem gerar uma situao que propicia essa interao;
b) Outras Bibliotecas utilizam como ferramenta para facilitar a interaco, DINAMIZAO DO PROCESSO DE LEITURA.
c) Algumas justificativas apresentadas pelas Bibliotecas afirmam existir umaATENO ESPECIAL AOS IDOSOS: umas associadas ao fato de existir uma empatia
com os idosos pelo fato de eles frequentarem diariamente Biblioteca; outras justificativas
que sugerem existirem esse atendimento especial pelo simples fato de serem idosos;
d) Outras justificativas apresentadas pelas Bibliotecas acreditam que essa interaoacontece atravs das ATIVIDADES INTERGERACIONAIS;
e) O SERVIO DE REFERNCIA tambm foi apontado por algumas bibliotecascomo forma de facilitar a interao com os idosos;
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f) Outra forma utilizada por algumas Bibliotecas para interagir com os utilizadoresidosos, atravs das VISITAS AOS CENTROS DIA.
Quando falamos em interao Biblioteca X Utilizador, no advogamos a tese do Bibliotecrio
paternalista, mas principalmente o desempenho do profissional bibliotecrio com uma base
mais humanista e menos tecnicista, podendo assim exercer seu papel fundamental como
agente de mudana e, como defende Cabral (1999), atravs da criao progressiva de um
profissionalismo activo.
5 Consideraes Finais
O papel social da biblioteca, no processo de incluso social, ficou muito mais evidenciado
atravs da Sociedade da Informao, assim como ficou consolidado o conceito de Sociedade
Inclusiva como aquela que inclui todas as pessoas independentemente de suas caractersticas
pessoais e/ou socioeconmicas. Dentro desse contexto, que o papel das bibliotecas de
suma importncia, medida que possibilita o acesso livre informao. O que falta
efetivamente nas bibliotecas pblicas portuguesas so boas prticas emergentes na
implantao de servios e na sua forma de atuao, aproveitando-se de uma srie de
iniciativas da Comisso Europeia que destacam polticas direcionadas para a incluso; para a
melhoria dos servios aos cidados e a qualidade de vida, onde potencializa a atuao das
bibliotecas pblicas como agentes essenciais nas estratgias de Aprendizagem ao Longo da
Vida.
ABSTRACT: The information when used as a tool capable of changing lives can and must be appropriated asright for all and firstly to a population range considered as the excluded; amongst the groups socially excludedare the seniors, characters to be explored throughout the research having as background the scarcity of publicpolicies directed toward this segment of the population. The current study is part of a phD research developed atthe University of Porto in Portugal, whose object of study is the Public Library, the senior user and the policiesof 'infoinclusion'. The relevance of this research is based on the necessity to review the social paper of the guidedPublic Library in following the universal principles determined by UNESCO.
KEYWORDS: Portuguese public library, Public library and senior; Library inclusive; Public library and socialimpact
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