bertato - correio popular - opinião - tradição - 26-09-2013

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RUYRILLO PEDRO DE MAGALHÃES FÁBIO MAIA BERTATO Jonas, o verde e os cidadãos Há uma nova tradição que ga- rante que nenhuma tradição é boa. Seus adeptos não perce- bem que é impossível viver sem seguir algum tipo de tradi- ção, nem que seja aquela que diz que nenhuma deve ser se- guida: a tradicional hostilida- de contra a tradição. Critica-se a educação tradicional, a famí- lia tradicional, a religião tradi- cional, os valores tradicionais etc. Parece que o adjetivo é si- nônimo de coisa ruim. Toda- via, todos estamos imersos em alguma tradição (ou em vá- rias). Posso não me dar conta disso, mas se uso o relógio no pulso esquerdo, estou seguin- do uma tradição. Se não uso relógio, também... Tradição (do latim tradere; entregar, transmitir) pode sig- nificar muitas coisas. Pode- mos considerá-la como algo que é trazido ou transmitido do passado para o presente. Chesterton dizia que tradição é o mesmo que dar direito a voto para a mais obscura de to- das as classes: nossos ances- trais. Tradição é a democracia dos mortos. É a recusa em acei- tar a aristocracia dos vivos. É o elo democrático que nos une com a totalidade dos seres hu- manos: “A democracia nos diz para não negligenciarmos a opinião de um bom homem, mesmo que ele seja nosso ca- valariço, a tradição nos pede para não negligenciarmos a opinião de um bom homem, mesmo que ele seja nosso pai”. Obviamente há péssimas tradições, como a da escravi- dão ou a da “iniciação” dos ra- pazes em prostíbulos. Não se trata da aceitação irrefletida da tradição. Esta pode ser boa ou má, verdadeira ou falsa, mas certamente algo que deve ser levado em conta. A recusa da tradição é uma consequência da crença de que tudo que existe é imperfei- to e, portanto, precisa ser transformado. Reformas, revo- luções e inovações estão na or- dem do dia. Alguns reformado- res estão certos sobre o fato de que algumas coisas precisam mudar, todavia estão engana- dos sobre o que precisa ou não ser mudado. Contraria- mente ao hábito medieval de disfarçar ideias novas com rou- pagens velhas, o homem mo- derno especializou-se em cha- mar novos os mais antigos far- rapos, apresentando velhos er- ros como verdades novas. Assumem os opositores da tradição que a sociedade se- gue uma lei de evolução, em constante aprimoramento. Se- gundo eles, estamos no ápice da História e nossos antecesso- res estavam em estágios mais primitivos. Todavia a socieda- de é um sistema composto de indivíduos livres, os seres hu- manos, e estes são capazes de aprendizagem, que pode criar hábitos positivos (virtudes) e hábitos negativos (vícios). As sociedades podem, por- tanto, melhorar ou piorar, po- dem prosperar ou ser extintas. Evolução e História não po- dem ser confundidas. As tradi- ções são compostas dessas vir- tudes e vícios, adquiridas pela liberdade, ainda que tenham se consolidado almejando ape- nas a plenitude do todo, isto é, a busca do bem, a felicidade. Poderíamos denominar Tradi- ção, com “T” maiúsculo, ao conjunto das virtudes ou ver- dades morais comuns às tradi- ções oriental, platônica, aristo- télica, estoica, cristã, etc. Algu- mas dessas são: a caridade, o respeito aos mais velhos, a jus- tiça, a misericórdia, o respeito à vida, dentre outras. Esta Tra- dição deveria ser considerada a doutrina mínima do valor ob- jetivo, medida de nossos atos e reflexões. Se alguém não tem muito respeito pelos idosos, é necessário reconhecer que, diante da Tradição, isso é um defeito. Do mesmo modo que um indivíduo pode reconhe- cer-se daltônico. A não ser que deseje impor filosofias ou leis que digam que o mundo é pre- to e branco... Cabe a cada geração ouvir os votos de seus antepassados e julgar criticamente qual con- teúdo deve ser mantido e qual deve ser extinto, qual está de acordo com a Tradição, ou não. Entre a negação a priori e a aceitação irrefletida de valo- res tradicionais, parece salutar eleger aquela tradicional via do meio, estabelecida por Aris- tóteles, Buda e São Paulo, que garante que “a virtude está no meio” e ensina que devemos testar todas as coisas e ficar com o que é bom. É sempre bom ter um referencial, mes- mo que seja a velha democra- cia estendida aos mortos, afi- nal, nesta vida, todos somos “como um violinista em um te- lhado — tentando arranhar uma simples e bela melodia, sem quebrar o pescoço”. TRADIÇÃO O prefeito Jonas Donizette a exemplo do ex-alcaide Jacó Bittar, quando teve a iniciativa da campanha “Plantar um mi- lhão de árvores”, guardadas as devidas proporções, ao anun- ciar investimentos dirigidos, especialmente, a praças e árvo- res colocando mil homens pa- ra delas cuidar, dá demonstra- ção de respeito aos princípios norteadores das presentes e fu- turas gerações, como manda a Constituição Federal. Assim, a esperança cresce nos rumos da atual adminis- tração, em um simbolismo muito apropriado, no que se refere à melhor urbanização de nossa Cidade. Essa atitude me faz lembrar ideias e ações do meu avô ad- vogado e vereador Pedro de Magalhães Júnior e do meu pai advogado e professor de Teoria Geral da Administra- ção, que desde pequeno me orientavam da importância da natureza e a consequente e ne- cessária administração públi- ca voltada ao meio ambiente saudável. Aliás, durante o período em que meu pai Ruyrillo de Maga- lhães foi secretário da Educa- ção do então prefeito Francis- co Amaral (1976/1982), se ins- tituiu em caráter pioneiro o Paisagismo Pedagógico e a criação dos Santuários Ecológi- cos nas creches e escolas mu- nicipais. Esse posicionamento da atual administração munici- pal é muito bem-vindo e lou- vável, mas ao par disso há im- periosa necessidade de que a imprensa se envolva em cam- panha educativa. Campanha educativa, porque cidadãos desprovidos de formação éti- co-cívica insistem em depre- dar e em jogar o lixo de suas residências e empresas nos canteiros, praças e jardins pú- blicos do município. Na verda- de, eles são uns “porcos”, pois não conseguem entender a equivocada atitude de péssi- mo exemplo social. Esses lixos dos maus cida- dãos acabam por onerar ain- da mais a Prefeitura e, em con- sequência, gastos maiores que poderiam ser dirigidos para outras finalidades do serviço público municipal. Nesse diapasão, uma forte campanha educativa pode e deve, aproveitando esse mo- mento ímpar da administra- ção municipal, ser acolhida pe- la Secretaria de Educação, in- centivando aos seus alunos às práticas de educação moral e cívica e o exercício de normas relativas à defesa do meio am- biente, com o objetivo de criar consciências nobres e patrióti- cas. Com certeza, Campinas ga- nhará. O cidadão se beneficia- rá e os “lixeiros” do verde se envergonharão ou, ao menos, se afastarão das suas pocilgas. A urbanização de Campi- nas, passa, indubitavelmente, pelo verde. A moderna Ciência da Ad- ministração indica que cida- des mais bem urbanizadas se tornam mais higiênicas e, por- tanto, mostrando mais civilida- de, mais desenvolvidas e pro- gressistas. Oxalá, os cidadãos enten- dam a medida certa e adequa- da do governo Jonas Donizet- te. Democracia dos vivos e dos mortos Opinião É a bravata de sempre DIREITO E ADMINISTRAÇÃO “Só vou me sentir aliviada com justiça e é nisto em que estou me apegando” Maria de Lourdes Papa Casagrande, mãe do estudante assassinado durante festa no campus da Unicamp. dalcio zeza amaral E é sempre o mais do mesmo. Ou nos envergonhamos ou nos retratamos perante nos- sos filhos, netos e amigos, vis- to que deixamos tudo isso acontecer, acreditando na in- falibilidade da voz do povo. E deu no que deu. E a presiden- te Dilma Rousseff não fugiu ao roteiro eleiçoeiro ao discur- sar na Assembleia da ONU, na última terça-feira. Cerca de 190 representantes de Estado ouviram-na reclamar do pro- grama de espionagem dos Es- tados Unidos dizendo que o “Meu governo fará tudo o que estiver a seu alcance para de- fender os direitos humanos de todos os brasileiros e de to- dos os cidadãos do mundo e os frutos da engenhosidade dos trabalhadores e das em- presas brasileiras.” Discurso de palanque eleitoral, sem dú- vida. Mesmo porque, diante de meia dúzia de páginas diá- rias da Abin, a nossa agência tupiniquim de informações, ela sempre reclama que “são notícias de ontem”. Quando o presidente Evo Morales, da Bolívia, tomou na “mão grande” uma refinaria da Petrobras, Lula da Silva, en- tão presidente da República, piou fino e, meses depois, aprovou um milionário em- préstimo federal para que o seu parceiro e colega bolivaria- no construísse uma estrada para escoar a produção de fo- lhas de coca — vale dizer, cocaína—, até o Pacífico, o que não quer dizer que tal di- nheirama tenha sido realmen- te empregada para isso. Na- quele momento, a voz da im- prensa independente criticou a decisão presidencial e uma crítica mundana a isso tatuou profundamente a minha me- mória: Chico Buarque, em en- trevista, disse que o Brasil gos- tava de piar fino com os Esta- dos Unidos e falar grosso com a Bolívia. Agora, anos depois, Dilma Rousseff fala grosso com os Estados Unidos e con- tinua piando fino com a Bolí- via, conforme demonstrado no discurso que proferiu na abertura anual da Assembleia da ONU. Com um detalhe: em nenhum momento Dilma citou os Estados Unidos como os responsáveis por tal espio- nagem, o que considero uma covardia diplomática. Ou seja: falou grosso e piou fino, ao mesmo tempo, o que é bem a marca dos omissos que se es- condem sob a real mortalha dos nossos verdadeiros patrio- tas. E mais um importante de- talhe: responsável para sediar a próxima Copa do Mundo, o governo brasileiro vem se ser- vindo do sistema de inteligên- cia norte-americano para ga- rantir a segurança do evento, se prevenindo contra grupos locais de incontestável e notó- ria radicalização e violência ur- bana e, mais ainda, e o que é ainda mais importante, con- tra terroristas internacionais. E aqui vai um outro detalhe vergonhoso: o Brasil não tem uma única lei que venha a combater o terrorismo em seus domínios, nas ruas, calça- das e praças de suas cidades. Não me envergonha o dis- curso da presidente Dilma porque há quase doze anos sei muito bem o que o lulope- tismo é capaz de fazer para se manter no poder: rastejar no capacho populista que uma boa parte dos ditadores do pla- neta estendem aos seus cupin- chas latino-americanos nos amplos e solenes salões da ONU, a entidade maior da hi- pocrisia diplomática do plane- ta, dominada por países gover- nados por pequenos tiranetes que vendem a peso de ouro suas estratégias geográficas e econômicas. Vergonha tenho mesmo é saber que o petismo usa di- nheiro público para pagar blo- gueiros que não se incomo- dam em enfiar seus focinhos na lama ideológica e dela as- sim se alimentar. Um deles, o Blog da Dilma, que se intitula o “maior do Brasil”, publicou uma foto do presidente Joa- quim Barbosa, do STF, ao la- do de um chimpanzé, na se- mana passada. Escárnio. Tal blog foi criado quando Dilma saiu candidata à presidência da República e até hoje ela não moveu uma palha para ti- rá-lo da Internet — ou pelo menos mudar o seu nome. Lu- la já reclamou do negro que ele colocou no Supremo e ain- da hoje o petismo reclama da não subserviência do presi- dente de um dos Poderes da República, o Judiciário. Embargos infringentes se- guem sendo embargos inde- centes e ministros que o de- fendem que se expliquem lá com seus amigos, filhos e fa- miliares. Tecnicalidades jurídi- cas são preceitos de Onã para conseguir algum prazer mo- mentâneo para este ou aquele ente jurídico que se rebusca em latim o que a sua alma re- clama na ribalta iluminada pe- los holofotes da política, e que bem ofusca o bom e velho por- tuguês que bem entendemos. E segue a vida e a vergonha que anda comigo. E segue a esperança de que um dia tu- do isso acabe. Bom dia. A2 CORREIO POPULAR Campinas, quinta-feira, 26 de setembro de 2013 Editor: Rui Motta [email protected] - Editora-assistente: Ana Carolina Martins [email protected] - Correio do Leitor [email protected] ■■ Ruyrillo Pedro de Magalhães é advogado, delegado de polícia de classe especial aposentado e professor de direito da Anhanguera Educacional ■■ Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico ■■ Fábio Maia Bertato é pesquisador da Unicamp e coordenador-adjunto do IFE-Campinas opiniã[email protected]

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  • RUYRILLO PEDRO DEMAGALHES

    FBIOMAIABERTATO

    Jonas, o verde e os cidados

    H uma nova tradio que ga-rante que nenhuma tradio boa. Seus adeptos no perce-bem que impossvel viversem seguir algum tipo de tradi-o, nem que seja aquela quediz que nenhuma deve ser se-guida: a tradicional hostilida-de contra a tradio. Critica-sea educao tradicional, a fam-lia tradicional, a religio tradi-cional, os valores tradicionaisetc. Parece que o adjetivo si-nnimo de coisa ruim. Toda-via, todos estamos imersos emalguma tradio (ou em v-rias). Posso no me dar contadisso, mas se uso o relgio nopulso esquerdo, estou seguin-do uma tradio. Se no usorelgio, tambm...

    Tradio (do latim tradere;entregar, transmitir) pode sig-nificar muitas coisas. Pode-mos consider-la como algoque trazido ou transmitidodo passado para o presente.Chesterton dizia que tradio o mesmo que dar direito avoto para amais obscura de to-das as classes: nossos ances-trais. Tradio a democraciadosmortos. a recusa em acei-tar a aristocracia dos vivos. oelo democrtico que nos unecom a totalidade dos seres hu-manos: A democracia nos dizpara no negligenciarmos aopinio de um bom homem,mesmo que ele seja nosso ca-valario, a tradio nos pedepara no negligenciarmos aopinio de um bom homem,mesmo que ele seja nossopai. Obviamente h pssimastradies, como a da escravi-do ou a da iniciao dos ra-pazes em prostbulos. No setrata da aceitao irrefletidada tradio. Esta pode ser boaou m, verdadeira ou falsa,

    mas certamente algo que deveser levado em conta.

    A recusa da tradio umaconsequncia da crena deque tudo que existe imperfei-to e, portanto, precisa sertransformado. Reformas, revo-lues e inovaes esto na or-demdo dia. Alguns reformado-res esto certos sobre o fato deque algumas coisas precisammudar, todavia esto engana-dos sobre o que precisa ouno ser mudado. Contraria-mente ao hbito medieval dedisfarar ideias novas com rou-pagens velhas, o homem mo-derno especializou-se em cha-mar novos os mais antigos far-rapos, apresentando velhos er-

    ros como verdades novas.Assumem os opositores da

    tradio que a sociedade se-gue uma lei de evoluo, emconstante aprimoramento. Se-gundo eles, estamos no picedaHistria e nossos antecesso-res estavam em estgios maisprimitivos. Todavia a socieda-de um sistema composto deindivduos livres, os seres hu-manos, e estes so capazes deaprendizagem, que pode criarhbitos positivos (virtudes) ehbitos negativos (vcios).

    As sociedades podem, por-tanto, melhorar ou piorar, po-dem prosperar ou ser extintas.Evoluo e Histria no po-dem ser confundidas. As tradi-

    es so compostas dessas vir-tudes e vcios, adquiridas pelaliberdade, ainda que tenhamse consolidado almejando ape-nas a plenitude do todo, isto ,a busca do bem, a felicidade.Poderamos denominar Tradi-o, com T maisculo, aoconjunto das virtudes ou ver-dadesmorais comuns s tradi-es oriental, platnica, aristo-tlica, estoica, crist, etc. Algu-mas dessas so: a caridade, orespeito aosmais velhos, a jus-tia, a misericrdia, o respeito vida, dentre outras. Esta Tra-dio deveria ser consideradaa doutrinamnima do valor ob-jetivo, medida de nossos atose reflexes. Se algum no temmuito respeito pelos idosos, necessrio reconhecer que,diante da Tradio, isso umdefeito. Do mesmo modo queum indivduo pode reconhe-cer-se daltnico. A no ser quedeseje impor filosofias ou leisque digam que omundo pre-to e branco...

    Cabe a cada gerao ouviros votos de seus antepassadose julgar criticamente qual con-tedo deve ser mantido e qualdeve ser extinto, qual est deacordo com a Tradio, ouno. Entre a negao a priori ea aceitao irrefletida de valo-res tradicionais, parece salutareleger aquela tradicional viadomeio, estabelecida por Aris-tteles, Buda e So Paulo, quegarante que a virtude est nomeio e ensina que devemostestar todas as coisas e ficarcom o que bom. semprebom ter um referencial, mes-mo que seja a velha democra-cia estendida aos mortos, afi-nal, nesta vida, todos somoscomo um violinista em um te-lhado tentando arranharuma simples e bela melodia,sem quebrar o pescoo.

    TRADIO

    O prefeito Jonas Donizette aexemplo do ex-alcaide JacBittar, quando teve a iniciativada campanha Plantar ummi-lho de rvores, guardadas asdevidas propores, ao anun-ciar investimentos dirigidos,especialmente, a praas e rvo-res colocando mil homens pa-ra delas cuidar, d demonstra-

    o de respeito aos princpiosnorteadores das presentes e fu-turas geraes, comomanda aConstituio Federal.

    Assim, a esperana crescenos rumos da atual adminis-trao, em um simbolismomuito apropriado, no que serefere melhor urbanizaode nossa Cidade.

    Essa atitude me faz lembrarideias e aes do meu av ad-vogado e vereador Pedro deMagalhes Jnior e do meupai advogado e professor deTeoria Geral da Administra-

    o, que desde pequeno meorientavam da importncia danatureza e a consequente e ne-cessria administrao pbli-ca voltada ao meio ambientesaudvel.

    Alis, durante o perodo emquemeu pai Ruyrillo deMaga-lhes foi secretrio da Educa-o do ento prefeito Francis-co Amaral (1976/1982), se ins-tituiu em carter pioneiro oPaisagismo Pedaggico e acriao dos Santurios Ecolgi-cos nas creches e escolas mu-nicipais.

    Esse posicionamento daatual administrao munici-pal muito bem-vindo e lou-vvel, mas ao par disso h im-periosa necessidade de que aimprensa se envolva em cam-panha educativa. Campanhaeducativa, porque cidadosdesprovidos de formao ti-co-cvica insistem em depre-dar e em jogar o lixo de suasresidncias e empresas noscanteiros, praas e jardins p-blicos domunicpio. Na verda-de, eles so uns porcos, poisno conseguem entender a

    equivocada atitude de pssi-mo exemplo social.

    Esses lixos dos maus cida-dos acabam por onerar ain-damais a Prefeitura e, em con-sequncia, gastos maiores quepoderiam ser dirigidos paraoutras finalidades do serviopblicomunicipal.

    Nesse diapaso, uma fortecampanha educativa pode edeve, aproveitando esse mo-mento mpar da administra-omunicipal, ser acolhida pe-la Secretaria de Educao, in-centivando aos seus alunos sprticas de educao moral ecvica e o exerccio de normasrelativas defesa do meio am-biente, com o objetivo de criarconscincias nobres e patriti-cas.

    Com certeza, Campinas ga-

    nhar. O cidado se beneficia-r e os lixeiros do verde seenvergonharo ou, ao menos,se afastaro das suas pocilgas.

    A urbanizao de Campi-nas, passa, indubitavelmente,pelo verde.

    A moderna Cincia da Ad-ministrao indica que cida-des mais bem urbanizadas setornammais higinicas e, por-tanto, mostrandomais civilida-de, mais desenvolvidas e pro-gressistas.

    Oxal, os cidados enten-dam amedida certa e adequa-da do governo Jonas Donizet-te.

    Democracia dos vivos e dosmortos

    Opinio

    a bravatade sempre

    DIREITO EADMINISTRAO

    S vou me sentir aliviada com justia e nisto emque estoume apegandoMaria de Lourdes Papa Casagrande, me do estudante assassinado durante festa no campus da Unicamp.

    dalcio

    zeza amaral

    E sempre omais domesmo.Ou nos envergonhamos ounos retratamos perante nos-sos filhos, netos e amigos, vis-to que deixamos tudo issoacontecer, acreditando na in-falibilidade da voz do povo. Edeu no que deu. E a presiden-te Dilma Rousseff no fugiuao roteiro eleioeiro ao discur-sar na Assembleia da ONU,na ltima tera-feira. Cerca de190 representantes de Estadoouviram-na reclamar do pro-grama de espionagem dos Es-tados Unidos dizendo que oMeu governo far tudo o queestiver a seu alcance para de-fender os direitos humanosde todos os brasileiros e de to-dos os cidados do mundo eos frutos da engenhosidadedos trabalhadores e das em-presas brasileiras. Discursode palanque eleitoral, semd-vida. Mesmo porque, diantede meia dzia de pginas di-rias da Abin, a nossa agnciatupiniquim de informaes,ela sempre reclama que sonotcias de ontem.

    Quando o presidente EvoMorales, da Bolvia, tomou namo grande uma refinariada Petrobras, Lula da Silva, en-to presidente da Repblica,piou fino e, meses depois,aprovou um milionrio em-prstimo federal para que oseuparceiro e colega bolivaria-no construsse uma estradapara escoar a produo de fo-lhas de coca vale dizer,cocana, at o Pacfico, oque no quer dizer que tal di-nheirama tenha sido realmen-te empregada para isso. Na-quele momento, a voz da im-prensa independente criticoua deciso presidencial e umacrtica mundana a isso tatuouprofundamente a minha me-mria: Chico Buarque, em en-trevista, disse que o Brasil gos-tava de piar fino com os Esta-dos Unidos e falar grosso coma Bolvia. Agora, anos depois,Dilma Rousseff fala grossocom os Estados Unidos e con-tinua piando fino com a Bol-via, conforme demonstradono discurso que proferiu naabertura anual da Assembleiada ONU. Com um detalhe:em nenhum momento Dilmacitou os EstadosUnidos comoos responsveis por tal espio-nagem, o que considero umacovardia diplomtica. Ou seja:falou grosso e piou fino, aomesmo tempo, o que bem amarca dos omissos que se es-condem sob a real mortalhados nossos verdadeiros patrio-tas.

    E mais um importante de-talhe: responsvel para sediara prxima Copa do Mundo, ogoverno brasileiro vem se ser-vindo do sistema de intelign-

    cia norte-americano para ga-rantir a segurana do evento,se prevenindo contra gruposlocais de incontestvel e not-ria radicalizao e violncia ur-bana e, mais ainda, e o que ainda mais importante, con-tra terroristas internacionais.E aqui vai um outro detalhevergonhoso: o Brasil no temuma nica lei que venha acombater o terrorismo emseus domnios, nas ruas, cala-das e praas de suas cidades.

    No me envergonha o dis-curso da presidente Dilmaporque h quase doze anossei muito bem o que o lulope-tismo capaz de fazer para semanter no poder: rastejar nocapacho populista que umaboaparte dos ditadores do pla-neta estendemaos seus cupin-chas latino-americanos nosamplos e solenes sales daONU, a entidade maior da hi-pocrisia diplomtica do plane-ta, dominada por pases gover-nados por pequenos tiranetesque vendem a peso de ourosuas estratgias geogrficas eeconmicas.

    Vergonha tenho mesmo saber que o petismo usa di-nheiro pblico para pagar blo-gueiros que no se incomo-dam em enfiar seus focinhosna lama ideolgica e dela as-sim se alimentar. Um deles, oBlog da Dilma, que se intitulao maior do Brasil, publicouuma foto do presidente Joa-quim Barbosa, do STF, ao la-do de um chimpanz, na se-mana passada. Escrnio. Talblog foi criado quando Dilmasaiu candidata presidnciada Repblica e at hoje elanomoveu uma palha para ti-r-lo da Internet ou pelomenosmudar o seu nome. Lu-la j reclamou do negro queele colocou no Supremo e ain-da hoje o petismo reclama dano subservincia do presi-dente de um dos Poderes daRepblica, o Judicirio.

    Embargos infringentes se-guem sendo embargos inde-centes e ministros que o de-fendem que se expliquem lcom seus amigos, filhos e fa-miliares. Tecnicalidades jurdi-cas so preceitos de On paraconseguir algum prazer mo-mentneo para este ou aqueleente jurdico que se rebuscaem latim o que a sua alma re-clamana ribalta iluminada pe-los holofotes da poltica, e quebemofusca o bome velhopor-tugus que bem entendemos.

    E segue a vida e a vergonhaque anda comigo. E segue aesperana de que um dia tu-do isso acabe.

    Bomdia.

    A2 CORREIO POPULARCampinas, quinta-feira, 26 de setembro de 2013 Editor: Rui Motta [email protected] - Editora-assistente: Ana Carolina Martins [email protected] - Correio do Leitor [email protected]

    Ruyrillo Pedro de Magalhes advogado, delegado de polcia de classeespecial aposentado e professor de direito daAnhanguera Educacional

    Zeza Amaral jornalista, escritor emsico Fbio Maia Bertato pesquisador daUnicamp e coordenador-adjunto do

    IFE-Campinas

    [email protected]