baruzzi, f. design conceitual de um veículo aéreo não tripulado movido a energia solar capaz de...

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA ENGENHARIA MECÂNICA FILIPE ANDRADE BARUZZI DESIGN CONCEITUAL DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO MOVIDO A ENERGIA SOLAR CAPAZ DE REALIZAR VOO CONTÍNUO São Paulo - SP 2016

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Page 1: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ESCOLA DE ENGENHARIA

ENGENHARIA MECÂNICA

FILIPE ANDRADE BARUZZI

DESIGN CONCEITUAL DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO MOVIDO A

ENERGIA SOLAR CAPAZ DE REALIZAR VOO CONTÍNUO

São Paulo - SP

2016

Page 2: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

FILIPE ANDADE BARUZZI

DESIGN CONCEITUAL DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO MOVIDO A

ENERGIA SOLAR CAPAZ DE REALIZAR VOO CONTÍNUO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Engenharia Mecânica da Escola de

Engenharia da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção

do Título de Engenheiro Mecânico.

ORIENTADOR: PROF. DR. EDVALDO ANGELO

São Paulo - SP

2016

Page 3: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

Ao meu pai José Octávio (in memoriam),

minha homenagem especial.

Dedico este trabalho aos meus pais. Mãe, Ana

Cristina, a quem muito me ensina e me inspira com

seu exemplo de conquistas e trabalhos, obrigado,

promoveu sozinha toda minha formação. Pai, que

mesmo em sua eterna ausência, ecoam seus

ensinamentos e exemplos que me moldam e

acompanham.

Page 4: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Edvaldo Angelo, pela confiança, presteza, apoio e generosidade em compartilhar

seus conhecimentos no decorrer do trabalho. Obrigado, seu exemplo de professor é o maior

dentre os aprendizados que me forneceu.

A todos os professores da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Sempre dedicados e cuidadosos para que seus ensinamentos fossem propagados da melhor

maneira, obrigado.

À Prof.ª Dr. ª Ana Cristina Oliveira Andrade, minha mãe, quem sempre me apoia e inspira com

exemplo de trabalho, dedicação e amor. Não há agradecimento que possa ser textualizado, meu

eterno obrigado por tudo o que proporcionou ao longo de toda minha formação.

Ao Prof. Dr. Roberto Badaró, meu padrasto, a quem me inspira, ensina e guia: mostrou na

engenharia um bom caminho para mim, mesmo com tantas boas influências para a medicina.

Ao Dr. Antônio Cláudio do Amaral Baruzzi, meu tio, quem espelho com seu exemplo de

trabalho: me ensinou a buscar sempre no estudo e dedicação os caminhos para o sucesso.

Aos meus irmãos, Amanda e Diogo, pelo apoio e paciência na convivência à distância em meus

estudos em outro estado, e pelos momentos de intensa alegria em nossos raros encontros.

Aos meus avós, que, a suas maneiras, me forneceram importantes exemplos de trajetórias de

vida.

Aos meus tios e tias, que sempre ensinaram e me acolheram como um filho, com seus bons

conselhos e exemplos.

Aos meus primos e primas, sempre promovendo momentos de alegria em nossos encontros.

À Nicole Duzzi, por todo apoio, paciência e companheirismo ao longo do trabalho.

Ao José Genario Oliveira Júnior, por todo apoio e amizade.

Aos meus poucos amigos, que provam para mim a máxima de que devemos buscar amigos

como bons livros: são de pouca quantidade, porém ótima companhia e conteúdo.

Page 5: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

“Quem é rico em sonhos não envelhece nunca.

Pode até ser que morra de repente. Mas morrerá

em pleno voo...”

(Rubem Alves)

Page 6: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

RESUMO

Este trabalho realiza o design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) com

células fotovoltaicas em suas asas de modo a gerar sua própria energia e possuir a capacidade

de permanecer em voo continuamente. É embarcado com câmera desenvolvida para VANTs,

de modo que sua principal aplicação é de captura de imagens em missões de variadas

aplicações. O projeto conceitual foi realizado utilizando critérios de eficiência e baixo custo, de

modo a obter uma aeronave de grande autonomia, com a capacidade de monitorar territórios de

quaisquer dimensões do Brasil. O trabalho utiliza uma adaptação da metodologia proposta na

literatura técnica e seu resultado é de uma aeronave autossuficiente energeticamente, com 3,44

metros de envergadura, painéis solares na asa totalizando 120 W de potência, e estimativa total

de massa da aeronave em 2,536 kg. Entre os parâmetros avaliados para o dimensionamento

preliminar da aeronave estão a massa total, o consumo energético da carga transportada, o

sistema de aviônicos, a altitude máxima de operação, a irradiância global do local de voo por

localização e época do ano, os coeficientes aerodinâmicos para asa finita, a densidade

energética das baterias, as células fotovoltaicas, o Maximum Power Point Tracker e o sistema

de propulsão. O resultado é um projeto preliminar de um VANT solar relativamente leve e com

elevada autonomia de voo.

Palavras-chave: Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT). Célula Fotovoltaica. Aeronave

Sustentável. Movido a Energia Solar. Voo Contínuo.

Page 7: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

ABSTRACT

This work carries out the conceptual design of an Unmanned Aerial Vehicle (UAV) with

photovoltaic cells on its wings to generate their own power and have the ability to stay in flight

continuously. It is shipped with camera developed for UAVs, so that its main application is to

capture pictures on the varied applications missions. The conceptual design was performed

using criteria of efficiency and low cost in order to get an aircraft long endurance, with the

ability to monitor territories of any size in Brazil. The work uses a methodology of the technical

literature with some proposed adjustment, and its result is a self-sufficient energy aircraft, with

3.44 meters of wingspan, solar panels on the wing totaling 120 W of power, and total mass

estimated in 2.536 kg. Among the parameters evaluated for the preliminary design of the aircraft

is the total mass, energy consumption of the load, the avionics system, the maximum altitude

operation, the global irradiance, flight location and time of the year, the aerodynamic

coefficients for finite wing, the energy density of batteries, photovoltaic cells, the Maximum

Power Point Tracker and the propulsion system. The result is a preliminary design of a relatively

light solar UAV with high flight range.

Keywords: Unmanned Aerial Vehicle (UAV). Photovoltaic Cell. Sustainable Aircraft. Moved

by Solar Energy. Continuous flight.

Page 8: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Desenho 1 – Projeto de balão não tripulado ............................................................................. 32

Fotografia 1 – Curtiss N-9 (acima) e o Kettering Bug (abaixo) ............................................... 33

Desenho 2 – Detalhes do Firebee ............................................................................................. 34

Fotografia 2 – Modelo do Compass Arrow .............................................................................. 34

Fotografia 3 – MQ-9 Reaper taxiando em base militar ............................................................ 35

Fotografia 4 – BQM-1BR exposto no Museu Asas de um Sonho da TAM Linhas Aéreas ..... 36

Fotografia 5 – Yamaha Rmax realizando pulverização agrícola .............................................. 37

Fotografia 6 – Quadcóptero Phanton 3 ..................................................................................... 38

Fotografia 7 – Engenheiros da ETH e os protótipos do Atlantik-Solar ................................... 40

Desenho 3 – VANTs tipo HALE e sua altitude de operação ................................................... 41

Fotografia 8 – VANT solar Aquila, desenvolvido pelo Facebook ........................................... 42

Desenho 4 – Titan, VANT tipo HALE da Alphabet ................................................................ 42

Fotografia 9 – NASA Helios em ensaio de voo ....................................................................... 43

Fotografia 10 – Boeign SolarEagle em voo.............................................................................. 44

Esquema 1 – Sequência didática da teoria aerodinâmica básica .............................................. 45

Esquema 2 – Classificação inicial das aeronaves ..................................................................... 46

Desenho 5 – Principais componentes dos aviões ..................................................................... 47

Desenho 6 – Tipos de fuselagem .............................................................................................. 48

Fotografia 11 – Classificação das asas quanto a quantidade de pares ...................................... 49

Desenho 7 – Elementos estruturais da asa ................................................................................ 51

Desenho 8 – Formas geométricas das asas em planta .............................................................. 52

Desenho 9 – Nomenclatura dos componentes de um perfil aerodinâmico .............................. 53

Desenho 10 – Nomenclatura das cordas na asa em planta ....................................................... 54

Desenho 11 – Progressão básica no desenvolvimento de um perfil assimétrico...................... 55

Esquema 3 – Séries de perfis NACA e suas nomenclaturas..................................................... 56

Desenho 12 – Componentes da empenagem ............................................................................ 57

Desenho 13 – Tipos de empenagens ........................................................................................ 58

Desenho 14 – Tipos de trem de pouso ...................................................................................... 59

Desenho 15 – Principais componentes do grupo motopropulsor ............................................. 59

Fotografia 12 – Motor elétrico desenvolvido pela Siemens ..................................................... 60

Page 9: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

Desenho 16 – Nomenclatura da posição do motor em relação ao sentido de movimento da

aeronave .................................................................................................................................... 61

Desenho 17 – Passo da hélice de uma aeronave ....................................................................... 62

Desenho 18 – Tipos de hélices conforme o passo .................................................................... 63

Desenho 19 – Os dois sistemas de coordenadas aeronáuticas .................................................. 64

Desenho 20 – Sistema de coordenadas fixas e movimentos aeronáuticos ............................... 65

Desenho 21 – Exemplo de ação do profundor no movimento de arfagem .............................. 66

Desenho 22 – Forças aerodinâmicas devido à pressão (esquerdo) e tensão de cisalhamento

(direito) numa superfície exposta a um escoamento de fluido ................................................. 66

Desenho 23 – Forças de sustentação, arrasto e resultante aerodinâmica.................................. 67

Desenho 24 – Momento torsor em um quarto da corda do perfil ............................................. 68

Desenho 25 – Obtenção do centro aerodinâmico a partir de um quarto da corda de um perfil

genérico .................................................................................................................................... 75

Desenho 26 – Vórtices nas pontas das asas .............................................................................. 76

Desenho 27 – Efeito downwash em asas finitas ....................................................................... 77

Esquema 4 – Etapas gerais do desenvolvimento de aeronaves ................................................ 86

Esquema 5 – Balanço de massa e energia na metodologia utilizada ....................................... 87

Desenho 28 – Ângulo de incidência dos raios solares nas células fotovoltaicas ao longo do

perfil da asa ............................................................................................................................... 92

Esquema 6 – Representação da metodologia para design conceitual de uma aeronave solar 106

Desenho 29 – Câmera Tetracam ADC Snap .......................................................................... 111

Desenho 30 – A exposição solar do polo norte em diferentes meses ..................................... 114

Desenho 31 – Perfil SD7032 gerado com 244 pontos utilizando software XFLR5® ............ 118

Fotografia 13 – MPPT utilizado na aeronave Sky-sailor ....................................................... 133

Fluxograma 1 – Metodologia para seleção da combinação ótima entre motor, redutor e hélice

................................................................................................................................................ 146

Desenho 33 – Motor Maxon número 405795 selecionado para o VANT solar ..................... 150

Fotografia 14 – Controlador eletrônica da Maxon Motor, número de série 446925 .............. 150

Desenho 34 – Alguns componentes do sistema de aviônicos do VANT solar AtlantikSolar 153

Desenho 35 – Mapa da região de voo contínuo em todo o ano do VANT solar .................... 162

Desenho 36 – Representação do VANT solar estudado realizando coleta de dados para

agricultura de precisão em lavoura de cana-de-açúcar ........................................................... 170

Desenho 37 – VANT solar em estudo realizando aquisição de dados para agricultura de

precisão em plantação de cana-de-açúcar ............................................................................... 171

Page 10: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação massa versus potência do grupo motopropulsor para aeronave SkySailor,

levando em consideração duas condições distintas de decolagem ......................................... 105

Tabela 2 – Características do sistema de captura de imagem ................................................ 110

Tabela 3 – Parâmetros de altitude para design conceitual do VANT ..................................... 111

Tabela 4 – Parâmetros relacionados com a missão da aeronave ............................................ 115

Tabela 5 – Número de Reynolds e respectivo comprimento de corda do perfil .................... 120

Tabela 6 – Variação de 𝐶𝑙 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032 para Re de 110.000 ................................. 123

Tabela 7 – Comparativo de baterias com alta densidade energética ...................................... 130

Tabela 8 – Comparativo células fotovoltaicas ........................................................................ 132

Tabela 9 – Características do MPPT. ..................................................................................... 134

Tabela 10 – Motores da Maxon Motor selecionados para análise ......................................... 141

Tabela 11 – Tabela com os parâmetros para combinação ótima entre motor, redutor e hélice

................................................................................................................................................ 148

Tabela 12 – Relação de massa no sistema propulsor.............................................................. 151

Tabela 13 – Parâmetros referente à massa estrutural da aeronave ......................................... 152

Tabela 14 – Massa e potência dos componentes do sistema de aviônicos da aeronave Sky-

Sailor ....................................................................................................................................... 153

Tabela 15 – Parâmetros relacionados com a tecnologia ......................................................... 154

Tabela 16 – Aplicação da metodologia para cidades brasileiras de latitudes altas ................ 161

Tabela 17 – Configuração ótima entre motor, redutor e hélice para o motor 28 supondo voo de

10,1 m/s e força de arrasto de 0,733 N ................................................................................... 165

Tabela 18 – Síntese dos resultados do design conceitual do VANT movido a energia solar 172

Tabela 19 - Seleção de componentes para design conceitual de VANT solar ....................... 172

Tabela 20 – Coordenadas de 61 pontos do perfil Selig-Donovan 7032 ................................. 183

Page 11: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Altura das asas, vantagens e desvantagens ............................................................ 50

Quadro 2 – Posições das empenagens na aeronave .................................................................. 57

Quadro 3 – Posições do propulsor na aeronave ........................................................................ 61

Quadro 4 – Aeronaves selecionadas para escolha dos coeficientes aerodinâmicos preliminares

................................................................................................................................................ 117

Page 12: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Aplicações civis para VANTs ............................................................................... 38

Gráfico 2 – Coeficiente de sustentação versus ângulo de ataque de perfil genérico ................ 71

Gráfico 3 – Coeficiente de momento versus alpha para um perfil genérico ............................ 72

Gráfico 4 – Coeficiente de arrasto versus alpha para um perfil genérico ................................. 72

Gráfico 5 – Coeficiente de sustentação versus número de Mach para um perfil genérico ....... 73

Gráfico 6 – Coeficiente de arrasto versus número de Mach para um perfil genérico .............. 74

Gráfico 7 – Fator de arrasto induzido em função do afilamento para asas de diferentes razões

de aspecto ................................................................................................................................. 80

Gráfico 8 – Obtenção da relação de área molhada e área da forma plana da asa para diferentes

tipos de aeronaves ..................................................................................................................... 82

Gráfico 9 – Coeficiente de atrito na superfície em função do número de Reynolds baseado na

corda média............................................................................................................................... 83

Gráfico 10 – Polar de arrasto de uma aeronave ........................................................................ 84

Gráfico 11 – Ponto de design da aeronave ............................................................................... 85

Gráfico 12 – Exemplo da comparação do modelo de irradiância de forma trigonométrica e

polinomial ................................................................................................................................. 91

Gráfico 13 – Análise da tendência do peso estrutural em relação à área de asa para planadores

radio-controlados e com humanos embarcados ........................................................................ 93

Gráfico 14 – Grande Diagrama de voo e as curvas de tendência de Noth (2008) e Tennekes

(1992) ....................................................................................................................................... 96

Gráfico 15 – Relação entre massa e potência em MPPTs de alta eficiência ............................ 98

Gráfico 16 – Relação entre massa e potência de motores elétricos ........................................ 100

Gráfico 17 – Relação entre potência e eficiência em motores elétricos ................................. 100

Gráfico 18 – Relação entre massa e potência em caixas de transmissão ............................... 101

Gráfico 19 – Relação entre redução e eficiência em caixas de transmissão........................... 102

Gráfico 20 – Relação massa e potência de controladores eletrônicos tipo brushless ............. 103

Gráfico 21 – Relação massa versus potência de aeronaves civis e VANTs solares ............... 104

Gráfico 22 – Evolução da massa específica e preço das baterias de íon-lítio utilizadas em

projetos de aeronaves movidas a energia solar ao longo dos anos ......................................... 116

Gráfico 23 – Coeficientes aerodinâmicos de VANTs solares ................................................ 117

Page 13: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

Gráfico 24 – Curva de 𝐶𝑙 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032, simulada no software XFLR5 para

diferentes números de Reynolds ............................................................................................. 122

Gráfico 25 – Curva de 𝐶𝑙𝐶𝑑 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032, simulada no software XFLR5 para

Reynolds de 110.000 .............................................................................................................. 125

Gráfico 26 – Evolução da razão de aspecto de aeronaves movidas a energia solar, aeronaves

movidas a combustão e planadores ao longo dos anos ........................................................... 126

Gráfico 27 – Variação do empuxo em relação a velocidade da aeronave e da rotação no eixo

da hélice .................................................................................................................................. 135

Gráfico 28 – Variação da potência absorvida pelo fluido em relação a velocidade da aeronave

e da rotação no eixo da hélice ................................................................................................. 136

Gráfico 29 – Variação da eficiência em relação a velocidade da aeronave e da rotação no eixo

da hélice .................................................................................................................................. 136

Gráfico 30 Variação do rendimento global com mudança de relação de transmissão ........... 149

Gráfico 31 – Irradiação média anual para o município de Santa Vitória do Palmar (RS),

utilizando o software Radiasol 2® desenvolvido pela UFRGS ............................................. 156

Gráfico 32 – Irradiância global média em junho no município de Santa Vitória do Palmar

(RS), utilizando o software Radiasol 2® desenvolvido pela UFRGS .................................... 157

Gráfico 33 – Influência da energia solar, energia requerida e capacidade da bateria. Onde: (a)

voo contínuo não é possível, é calculado a autonomia máxima, (b) Voo contínuo é possível, o

e o tempo extra de voo é calculado......................................................................................... 159

Gráfico 34 – Força de arrasto em voo de cruzeiro em relação a envergadura da asa para

diferentes razões de aspecto ................................................................................................... 163

Gráfico 35 – Variação da velocidade de cruzeiro em relação a envergadura da asa para

diferentes razões de aspecto ................................................................................................... 164

Gráfico 36 – Potência da hélice em relação a envergadura da asa para diferentes razões de

aspecto .................................................................................................................................... 164

Gráfico 37 – Área em planta da asa em relação a sua envergadura para diferentes razões de

aspecto .................................................................................................................................... 165

Gráfico 38 – Variação da porcentagem de célula fotovoltaica na asa em relação à variação da

envergadura para diferentes razões de aspecto ....................................................................... 166

Gráfico 39 – Massa total do VANT solar em relação a envergadura da asa para diferentes

razões de aspecto .................................................................................................................... 167

Gráfico 40 – Distribuição de massa dentre os componentes da aeronave para diferentes

envergaduras de asa ................................................................................................................ 168

Page 14: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

Gráfico 41 - Curva de C_l vs α do perfil SD7032, simulada no software XFLR5® para

diferentes números de Reynolds. ............................................................................................ 184

Page 15: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD Altitude Densidade

AP Agricultura de Precisão

APA Área de Proteção Ambiental

BEC Battery Eliminator Circuit

CTA Centro Tecnológico de Aeronáutica

DC Direct Current

ETH Eidgenössische Technische Hochschule Zürich

EUA Estados Unidos da América

HALE High Altitude Long Endurance

GPS Global Positioning System

IMU Inertial Measurement Unit

ISA International Standard Atmosphere

ISR Intelligence, Surveillance and Reconnaissance

MIT Massachusets Institute of Technolgy

MPPT Maximum Power Point Tracker

NACA National Advisory Committee for Aeronautics

NASA National Aeronautics and Space Administration

PR Paraná

RGB Red, Green, Blue

RS Rio Grande do Sul

SAE Society of Automotive Engineers

SD Selig-Donovan

SI Sistema Internacional de Unidades

SIG Sistemas de Informações Geográficas

SP São Paulo

SR Sensoriamento Remoto

TAM Transportes Aéreos Marília

UAV Unmanned Aerial Vehicle

UC Unidade de Conservação

UCAVs Unnmaned Combat Air Vehicles

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Page 16: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

VANT Veículo Aéreo Não Tripulado

ZCVCA Zona de Cautela para Voo Contínuo Anual

Page 17: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

LISTA DE SÍMBOLOS

b Envergadura

𝑣𝑐𝑟 Velocidade de cruzeiro

Ʌ Enflechamento

cr Corda na raiz

ct Corda na ponta

λ Afilamento

c Corda

t Espessura do perfil

s Superfície

p Força devido à pressão

τ Força devido ao cisalhamento

V∞ Vento relativo

α Ângulo de ataque

R Resultante aerodinâmico

L Força de sustentação

D Força de arrasto

n Vetor normal à superfície

k Vetor tangente à superfície

𝑀𝑐/4 Momento torsor em ¼ da corda

CP Centro de pressão

𝜌∞ Densidade do fluido

𝜇∞ Viscosidade dinâmica do fluido

ν Viscosidade cinemática do fluido

𝑎∞ Compressibilidade do fluido

𝐶𝐿 Coeficiente de sustentação da asa

𝐶𝐷 Coeficiente de arrasto da asa

𝐶𝑀 Coeficiente de momento da asa

𝑞∞ Pressão dinâmica

𝑅𝑒 Número de Reynolds

𝑀∞ Número de Mach

𝑆𝑤𝑒𝑡 Área molhada

Page 18: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

𝐶𝑙 Coeficiente de sustentação do perfil

𝐶𝑑 Coeficiente de arrasto do perfil

𝐶𝑚 Coeficiente de momento do perfil

𝑎0 Coeficiente angular da curva do coeficiente de sustentação do perfil versus

ângulo de ataque

∝𝑙=0 Ângulo de ataque para sustentação nula

(𝐶𝑙)𝑚𝑎𝑥 Coeficiente de sustentação máximo

𝑚0 Coeficiente angular da curva do coeficiente de momento versus ângulo de

ataque

(𝐶𝑑)𝑚𝑖𝑛 Coeficiente de arrasto para perfil mínimo

a.c. Centro aerodinâmico do perfil

𝑥𝑎.𝑐. Cota em relação ao centro aerodinâmico do perfil

AR Razão de aspecto

S Forma plana da asa

𝛼𝑖 Ângulo de incidência

𝛼𝑒𝑓𝑓 Ângulo de ataque efetivo

𝛼𝑔 Ângulo de ataque geométrico

a Coeficiente angular da curva do coeficiente de sustentação da asa versus

ângulo de ataque

𝑒 Fator de eficiência de envergadura

𝐶𝑁 Coeficiente de força normal

l Comprimento da asa em delta

𝐶𝑓 Coeficiente de atrito na superfície molhada

𝐶𝑑.𝑝 Coeficiente de arrasto devido à pressão causada pela separação do

escoamento

𝐶𝐷𝑖 Coeficiente de arrasto induzido

δ Fator de arrasto induzido

W Peso da aeronave

𝐶𝐷0 Coeficiente de arrasto parasita para sustentação nula

𝐶𝐷,𝑒 Arrasto parasita

𝐶𝐷,𝑤 Arrasto da onda de choque

K Constate de proporcionalidade no cálculo das parcelas dos arrastos

Page 19: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

𝐶𝐷,𝑒,0 Arrasto parasita para sustentação nula

𝐶𝐷,𝑤,0 Arrasto da onda de choque para sustentação nula

𝐴𝑖 Variável genérica utilizada na metodologia

V Velocidade

T Empuxo

𝑚 Massa

𝑔 Aceleração da gravidade local

𝑃𝑙𝑒𝑣 Potência para voo reto e nivelado

𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 Potência elétrica total consumida

𝜂𝑚𝑜𝑡 Eficiência do motor

𝜂𝑐𝑡𝑟𝑙 Eficiência do controlador eletrônico

𝜂𝑔𝑟𝑏 Eficiência da caixa de transmissão

𝜂𝑝𝑙𝑟 Eficiência da hélice

𝜂𝐵𝐸𝐶 Eficiência do battery eliminator circuit

𝑃𝑎𝑣 Potência consumida pelos sistemas aviônicos

𝑃𝑝𝑙𝑑 Potência consumida pela carga útil

𝐸𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 Energia diária requerida

𝜂𝑐ℎ𝑟𝑑 Eficiência de carga da bateria

𝜂𝑑𝑐ℎ𝑟𝑑 Eficiência de descarga da bateria

𝑇𝑑𝑎𝑦 Horas de irradiância solar em um dia

𝑇𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡 Horas sem irradiância solar em um dia

𝐼𝑚𝑎𝑥 Irradiância máxima

𝐸𝑑𝑎𝑦 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑡𝑦 Energia solar diária por metro quadrado

𝜂𝑤𝑡ℎ𝑟 Fator de margem de irradiância

𝐴𝑆𝐶 Área da superfície das células fotovoltaicas

𝜂𝑆𝐶 Eficiência das células fotovoltaicas

𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 Eficiência do Maximum Power Point Tracker

θ Ângulo de incidência da irradiância solar nas células fotovoltaicas

𝜃1 Menor ângulo de incidência da irradiância solar nas células fotovoltaicas

𝜂𝑐𝑏𝑟 Eficiência da curvatura

𝑚𝑓𝑖𝑥𝑒𝑑 Massas fixas na aeronave

𝑚𝑝𝑙𝑑 Massa da carga útil

Page 20: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

𝑚𝑎𝑣 Massa do sistema de aviônicos

𝑊𝑎𝑓 Peso dos planadores analisados

𝑀𝑎𝑓 Massa dos planadores analisados

𝑘𝑎𝑓 Constante da massa estrutural

𝑥1 Expoente da envergadura na massa estrutural

𝑥2 Expoente da razão de aspecto na massa estrutural

𝑚𝑆𝐶 Massa das células fotovoltaicas

𝑘𝑆𝐶 Densidades de área das células fotovoltaicas

𝑘𝑒𝑛𝑐 Densidades de área de encapsulamento

𝑘𝑚𝑝𝑝𝑡 Relação entre massa e potência do Maximum Power Point Tracker

𝑚𝑀𝑃𝑃𝑇 Massa do Maximum Power Point Tracker

𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑑𝑐𝑑𝑐 Rendimento da conversão de corrente contínua para corrente alternada

𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑎𝑙𝑔𝑜 Rendimento do algoritmo de rastreamento

𝑚𝑏𝑎𝑡𝑡 Massa da bateria

𝑘𝑏𝑎𝑡 Densidade energética gravimétrica da bateria

𝑚𝑚𝑜𝑡 Massa do motor de corrente contínua

𝑃𝑝𝑙𝑟 Potência desenvolvida pelas hélices

𝑘𝑚𝑜𝑡 Relação entre massa e potência do motor de corrente contínua

𝑘𝑝𝑟𝑜𝑝 Relação entre massa e potência do grupo motopropulsor

𝑚𝑝𝑟𝑜𝑝 Massa do grupo motopropulsor

m Massa total da aeronave

H Altitude máxima de operação

Z Altitude geopotencial

E Raio da Terra

𝑇𝐾 Temperatura do ar

𝑇0 Temperatura padrão do ar ao nível do mar

L Fator linear de queda de temperatura

𝑙𝑤𝑒𝑡 Comprimento de um perfil bidimensional

𝑃𝑚 Relação entre potência e massa na célula fotovoltaica

𝑃𝐴 Relação entre potência e área na célula fotovoltaica

𝑃𝑈𝐴𝑉 Índice de performance da célula fotovoltaica

F Densidade de empacotamento

Page 21: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

𝜂𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 Rendimento global

𝑛𝑝𝑙𝑟 Rotação da hélice

U Voltagem

𝑀𝑒𝑚 Momento eletromagnético

i Corrente elétrica

𝑟𝑎 Resistência terminal

𝑘𝑚 Constante de torque

𝑤𝑚𝑜𝑡 Velocidade angular de rotação do eixo do motor

𝑘𝑢 Constante de voltagem

𝑘𝑛 Constante da velocidade

𝑀𝑚𝑜𝑡 Momento efetivo do motor

𝑀𝑅 Momento de fricção do motor

𝑖0 No Load Current

r Redução

𝑃𝑚𝑜𝑡 Potência de saída do motor

𝑤𝑝𝑙𝑟 Velocidade angular da hélice

𝑀𝑝𝑙𝑟 Torque no eixo da hélice

𝑃𝑚𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥 Potência máxima do motor

𝑀𝑚𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥 Torque máximo do motor

𝑇𝑚𝑖𝑛 Empuxo mínimo

𝑛𝑝𝑙𝑟𝑚𝑖𝑛 Rotação mínima da hélice

𝑛𝑝𝑙𝑟𝑚𝑎𝑥 Rotação máxima da hélice

𝜂𝑒𝑛𝑔 Rendimento do par de engrenagens

𝜂𝑚𝑎𝑛 Rendimento do par de mancais

𝑁𝑒𝑛𝑔 Número de pares de engrenagens no redutor

I Corrente elétrica total consumida pelo motor

𝑃𝑚𝑜𝑡𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 Potência na entrada no motor

𝑈ó𝑡𝑖𝑚𝑜 Voltagem ótima que o motor deve estar submetido

𝑟ó𝑡𝑖𝑚𝑜 Relação de transmissão ótima para o redutor

𝑛𝑝𝑙𝑟ó𝑡𝑖𝑚𝑜 Rotação ótima da hélice

𝐸𝑏𝑎𝑡 Capacidade da bateria

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27

1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 27

1.1.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 27

1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 28

1.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 28

1.3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 28

1.4 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................... 29

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 29

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 31

2.1 O VANT .................................................................................................................... 31

2.2 O VANT EM APLICAÇÕES CIVIS ........................................................................ 36

2.3 VANTS MOVIDOS A ENERGIA SOLAR .............................................................. 39

3 BREVE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE AERONAVES ........................... 45

3.1 CONCEITOS E NOMENCLATURAS .................................................................... 45

3.1.1 Fuselagem ................................................................................................................. 47

3.1.2 Asas ........................................................................................................................... 48

3.1.2.1 Quantidade de asas .................................................................................................... 48

3.1.2.2 Fixação na fuselagem ................................................................................................ 49

3.1.2.3 Estrutura das asas....................................................................................................... 50

3.1.2.4 Formas geométricas das asas em planta .................................................................... 51

3.1.2.5 O perfil da asa ............................................................................................................ 53

3.1.2.6 Nomenclatura dos perfis e suas famílias ................................................................... 54

3.1.3 Empenagem .............................................................................................................. 56

3.1.4 Trem de pouso .......................................................................................................... 58

3.1.5 Grupo motopropulsor ............................................................................................. 59

Page 23: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

3.1.5.1 Motores ...................................................................................................................... 60

3.1.5.2 Posicionamento do grupo motopropulsor .................................................................. 60

3.1.5.3 Hélices ....................................................................................................................... 62

3.1.6 Sistema de coordenadas utilizado na indústria aeronáutica ............................... 63

3.1.6.1 Movimentos da aeronave em voo .............................................................................. 64

3.1.6.2 Superfícies de controle .............................................................................................. 65

3.2 ESTUDO AERODINÂMICO DOS PERFIS ............................................................ 66

3.2.1 Força de sustentação, arrasto e momentos ............................................................ 67

3.2.2 Coeficientes aerodinâmicos ..................................................................................... 68

3.2.3 Curvas características de um perfil ....................................................................... 70

3.2.4 Centro aerodinâmico do perfil ............................................................................... 74

3.3 ESTUDO AERODINÂMICO DE ASAS FINITAS ................................................. 75

3.3.1 Força de sustentação para uma asa finita ............................................................. 75

3.3.2 Força de arrasto para uma asa finita .................................................................... 78

3.4 POLAR DE ARRASTO ............................................................................................ 81

4 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE UM VANT .................. 86

4.1 ENERGIA DIÁRIA REQUERIDA .......................................................................... 88

4.1.1 Energia para voo reto e nivelado ........................................................................... 88

4.1.2 Cálculo da Energia Diária Requerida ................................................................... 89

4.2 ENERGIA DIÁRIA OBTIDA .................................................................................. 90

4.2.1 Modelo de irradiância ............................................................................................. 90

4.2.2 Cálculo da energia solar diária .............................................................................. 91

4.3 MODELOS DE PREVISÃO DE MASSA ................................................................ 92

4.3.1 Massas fixas .............................................................................................................. 92

4.3.2 Massa da estrutura da aeronave ............................................................................ 93

4.3.3 Massa das células fotovoltaicas .............................................................................. 97

4.3.4 Massa do Maximum Power Point Tracker ............................................................. 97

Page 24: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

4.3.5 Massa das baterias ................................................................................................... 99

4.3.6 Grupo motopropulsor ............................................................................................. 99

4.3.6.1 Motores elétricos ....................................................................................................... 99

4.3.6.2 Caixa de transmissão ............................................................................................... 101

4.3.6.3 Controlador eletrônico ............................................................................................. 102

4.3.6.4 Hélices ..................................................................................................................... 103

4.3.6.5 Adaptações necessárias para condições de decolagem............................................ 104

4.4 RESOLUÇÃO DOS BALANÇOS DE MASSA E ENERGIA .............................. 105

5 DESIGN CONCEITUAL DE VANT MOVIDO A ENERGIA SOLAR .......... 109

5.1 MISSÃO DA AERONAVE .................................................................................... 109

5.2 PARÂMETROS REFERENTES À MISSÃO ........................................................ 109

5.2.1 Carga transportada e seu consumo energético ................................................... 110

5.2.2 Altitude máxima de operação ............................................................................... 111

5.2.3 Densidade do ar ..................................................................................................... 112

5.2.4 Modelo de incidência solar e duração do dia ...................................................... 113

5.3 PARÂMETROS RELACIONADOS À TECNOLOGIA ....................................... 115

5.3.1 Coeficientes aerodinâmicos preliminares ............................................................ 116

5.3.2 Densidade enérgica das baterias .......................................................................... 129

5.3.3 Células fotovoltaicas .............................................................................................. 131

5.3.4 Parâmetros relacionados ao MPPT ..................................................................... 133

5.3.5 Sistema de propulsão ............................................................................................. 134

5.3.5.1 Hélice ....................................................................................................................... 134

5.3.5.2 Comportamento matemático de motores elétricos de corrente contínua ................. 137

5.3.5.3 Metodologia para obtenção da melhor combinação entre motor, redutor e hélice .. 140

5.3.5.3.1 Determinação da faixa de rotação da hélice .......................................................... 141

5.3.5.3.2 Determinação das potências e rendimentos da hélice ............................................ 142

5.3.5.3.3 Relação de transmissão do redutor e sua eficiência energética ............................. 142

Page 25: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

5.3.5.3.4 Cálculo dos parâmetros do motor ........................................................................... 143

5.3.5.3.5 Cálculo do rendimento global e armazenamento de seu melhor resultado ............ 145

5.3.5.3.6 Diagrama de blocos da metodologia do sistema motopropulsor ............................ 145

5.3.5.3.7 Resultados da escolha da combinação ótima entre motor, redutor e hélice ........... 147

5.3.5.4 Controlador eletrônico ............................................................................................. 150

5.3.5.5 Relação entre massa e potência do grupo propulsor................................................ 151

5.3.6 Massa estrutural da aeronave .............................................................................. 152

5.3.7 Massa do grupo do sistema de aviônicos ............................................................. 152

5.3.8 Síntese dos parâmetros relacionados com a tecnologia ...................................... 154

5.4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DO DESIGN CONCEITUAL .................... 155

5.4.1 Estudo da região mais crítica para voo contínuo................................................ 155

5.4.2 Fator de margem de irradiância .......................................................................... 157

5.4.3 Resultados da primeira aplicação da metodologia ............................................. 158

5.4.4 Região brasileira que VANT solar pode realizar voo contínuo anualmente ... 160

5.4.5 Determinação das dimensões do VANT movido a energia solar ...................... 162

5.4.6 Resultado do Design Conceitual de VANT solar ................................................ 169

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 173

7 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................. 175

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 176

APÊNDICE 1 ......................................................................................................... 183

APÊNDICE 2 ......................................................................................................... 184

ANEXO 1 ................................................................................................................ 185

ANEXO 2 ................................................................................................................ 187

ANEXO 3 ................................................................................................................ 189

ANEXO 4 ................................................................................................................ 191

ANEXO 5 ................................................................................................................ 192

ANEXO 6 ................................................................................................................ 193

Page 26: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

ANEXO 7 ................................................................................................................ 195

ANEXO 8 ................................................................................................................ 197

ANEXO 9 ................................................................................................................ 200

Page 27: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

27

1 INTRODUÇÃO

O Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) é uma tecnologia em constante

evolução. Como o nome sugere, consiste em toda aeronave que não possui um humano

embarcado. Tal característica atribui diversas vantagens à aeronave: desde a economia de

espaço destinado ao alojamento de humano, assim como na interface para seu controle, até a

segurança em não expor ao risco vidas quando o VANT for designado para atuar em missões

consideradas perigosas. Não possuindo um ser vivo, é possível também atribuir missões de

maior duração, pois não há necessidade de retorno para obtenção de suprimentos. Essas

características únicas dos VANTs fomenta o seu desenvolvimento a fim de possibilitar o

cumprimento dessas missões. A autonomia é um fator ainda limitante na utilização dessas

aeronaves. Existem duas tecnologias predominantes para a propulsão dos VANTs: a combustão

e a elétrica. Aeronaves movidas a combustão possuem como grande desvantagem a necessidade

de embarcar combustível, normalmente de origem fóssil, que demanda espaço e peso adicional

a ser transportado, além da emissão de gases considerados poluentes. As aeronaves elétricas

possuem como fator limitante a capacidade de suas baterias, que ainda não são eficientes o

bastante para possibilitar missões de longa duração. Um modo de permitir a maior autonomia

dos VANTs é o emprego de células fotovoltaicas em aeronaves elétricas a fim de recarregar

suas baterias e permitir a aeronave realizar missões de longa duração.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Desenvolver o design conceitual1 de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido

com o auxílio de um motor elétrico, embarcado com células fotovoltaicas a fim de recarregar

suas baterias, de modo que a aeronave possa permanecer em voo por mais de 24 horas,

característica do voo contínuo.

1 Como o nome sugere, o design conceitual foca apenas nas configurações gerais da aeronave, como suas

dimensões básicas. Evoluções posteriores no projeto como refinamento aerodinâmico e estrutural tendem a

conduzir melhor as dimensões finais do projeto (NOTH, 2008).

Page 28: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

28

1.1.2 Objetivos específicos

Desenvolver o design conceitual de um VANT leve2 operando em baixas

altitudes e velocidades, através da abordagem analítica. Estabelecer critérios para uma missão

alvo, estudar e selecionar principais parâmetros dos componentes da aeronave de modo que a

mesma possa realizar voo contínuo. Desenvolver métodos próprios de otimização de

determinados parâmetros, como melhor combinação de parâmetros de entrada dos componentes

do sistema de propulsão, de modo a poder obter o melhor desempenho da aeronave. Utilizar

modelamento analítico para análise dos parâmetros aerodinâmicos de asa finita.

1.2 JUSTIFICATIVA

A importância do VANT devido ao seu grande potencial em cumprir as mais

variadas missões tem crescido em todo o mundo. Estudar uma tendência de sua evolução,

visando maximizar sua autonomia de forma sustentável é uma alternativa para desenvolvimento

de projetos mais adequados obtendo veículos capazes de execução de tarefas com maior

duração e superior autonomia.

1.3 METODOLOGIA

Existem diversas metodologias para o projeto aeronáutico de uma aeronave. As

principais características de um VANT movido a energia solar são ser leve, voar a baixas

velocidades e, principalmente, possuir autonomia de voo estendida. Teoricamente é possível

que a autonomia de voo seja indefinida, ou seja, que a aeronave seja capaz de voar

ininterruptamente. Para tanto é necessário que ocorra um balanço energético entre geração e

consumo de energia, assim como a capacidade da aeronave estocar a energia e suprimir aos

2 A aeronave é considerada leve quando é simples de operar e fácil de voar (OLIVEIRA, 2012).

Page 29: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

29

componentes nos períodos de não geração de energia elétrica. Para tanto foi utilizado a

metodologia proposta por Noth (2008) para o desenvolvimento de um VANT movido a energia

solar. Essa metodologia é referente apenas a algumas etapas de um projeto completo da

aeronave, como mostrado na metodologia proposta por Barros (2001), em sua tese de

doutorado.

1.4 MOTIVAÇÃO

O estudo de novas óticas para transformar métodos já convencionais é o que

motiva esse trabalho, de modo a poder contribuir positivamente no impacto ambiental através

missões como de agricultura de precisão (AP), pela utilização mais eficiente de agrotóxicos, na

maior produtividade agrícola e mediante de uma nova cadeia de profissionais e habilidades

relacionados a operação dos VANTs solares, além da correta interpretação dos dados gerados.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em sete seções. A segunda seção é dedicada à revisão

de literatura. Onde é apresentada brevemente a história do desenvolvimento dos VANTs, assim

como suas aplicações. São indicados, através de apresentação sucinta, alguns relatos, os

esforços atuais na implementação de células fotovoltaicas em aeronaves que o autor deste

trabalho conseguiu encontrar nas pesquisas bibliográficas realizadas.

A terceira seção indica brevemente os componentes básicos de uma aeronave,

algumas configurações e nomenclaturas clássicas, assim como uma breve introdução ao projeto

aerodinâmico através da apresentação de conceitos básicos da aerodinâmica.

Na quarta seção a metodologia utilizada para design conceitual de VANT solar

é apresentada, em que são detalhadas todas suas etapas.

Na quinta seção ocorre o estudo dos parâmetros necessários para o design

conceitual, a saber: massa da carga transportada e sua potência energética, atitude máxima de

operação e as respectivas características do fluido nessa condição, modelo de incidência solar,

seleção de perfil aerodinâmico da asa e seus respectivos modelos analíticos dos coeficientes

Page 30: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

30

aerodinâmicos da mesma, seleção da bateria e da célula fotovoltaica embarcada, Maximum

Power Point Tracker (MPPT), componentes do grupo motopropulsor e seus parâmetros ótimos

de funcionamento para maior desempenho, modelo para estimativa da massa estrutural da

aeronave, massa do grupo de sistemas aviônicos e sua potência energética.

A sexta e sétima seção são destinadas, respectivamente, às conclusões e as

recomendações para trabalhos futuros.

Page 31: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

31

2 REVISÃO DE LITERATURA

Com a demanda de soluções eficientes em diversos setores da sociedade

(agricultura, segurança, lazer, logística, comunicação, entre outros), ocorre o surgimento de

novas tecnologias assim como a evolução das já defasadas. Esse processo ocorre na sociedade

de forma acelerada a partir da sistematização do trabalho, aliado com o uso científico para o

progresso tecnológico (PIRRÓ, 2010). Todas as indústrias sofrem essa evolução, desde que a

demanda pela solução exista, caso contrário estará estagnada. Como resultado do avanço

tecnológico, surge a maior necessidade por energia elétrica. Sua geração pode ser feita de

diversas maneiras, porém o impacto da mesma assim como sua disponibilidade a longo prazo

induz uma tendência global na utilização de fontes limpas e renováveis. O uso da energia solar

se tornou um tema relevante na busca da humanidade para uma energia limpa e eficiente

(FAZELPOUR, 2013). Na indústria aeronáutica tal processo evolutivo fomentou o

desenvolvimento e produção de veículos em escala, e o seu consequente barateamento. Aliar o

desenvolvimento dessa tecnologia com a geração limpa de energia é um desafio para a

continuidade de sua evolução.

2.1 O VANT

O Veículo Aéreo Não Tripulado, tradução da sigla americana UAV (Unmanned

Aerial Vehicles), é o nome que se refere as aeronaves que não necessitam de pilotos embarcados

para seu funcionamento. Existem, ainda, outras nomenclaturas para o mesmo, se destacando o

termo drone por ser empregado numa escala global para essa tecnologia (STANLEY, 2013).

Na esfera militar, a classificação ocorre de diversas maneiras, podendo destacar três grandes

grupos: os drones utilizados como alvos em treinamentos, os ISR (Intelligence, Surveillance

and Reconnaissance) utilizados de forma não letal em operações de monitoramento, e os

UCAVs (Unnmaned Combat Air Vehicles) que possuem como finalidade o uso letal em

operações de combate (KEANE; CARR, 2013). O controle dessas aeronaves pode ocorrer de

duas maneiras: de forma remota por meios eletrônicos sob a supervisão e governo humano, ou

através de um controle pré-programado com uso de softwares computacionais.

Page 32: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

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O surgimento do VANT ocorreu intrinsicamente com a evolução da aviação.

Como muitas tecnologias, seu desenvolvimento foi feito inicialmente para fins militares. O

primeiro registro do uso dessa tecnologia data de 15 de julho de 1849. Forças austríacas sitiando

a cidade de Veneza, Itália, lançaram um ataque aéreo utilizando balões carregados com

aproximadamente 13,5 kg de explosivos. O acionamento da bomba ocorreu com o uso de

fusíveis cronometrados em trinta minutos e o seu deslocamento ocorreu pelas forças do vento.

O lançamento ocorreu num navio de guerra, porém o ataque foi frustrado devido ao forte vento

e muitos balões passaram pela cidade e foram detonados sob o acampamento austríaco no

continente (OVERY, 2010). O desenho 1 indica uma ilustração artística de um protótipo de

balão não tripulado.

Desenho 1 – Projeto de balão não tripulado

Fonte: BONNER, 2015

Os próximos VANTs foram desenvolvidos no início da Primeira Grande Guerra,

somente 8 anos após o surgimento das aeronaves com humanos embarcados. Elmer Sperry,

pioneiro na tecnologia dos giroscópios, desenvolveu com auxílio da marinha americana uma

aeronave batizada de Curtiss N-9 (veja fotografia 1). Em 17 de outubro de 1918 a aeronave

conseguiu alçar voo, voar por mais de 13 quilômetros, porém falhou no pouso e colidiu no mar.

Mesmo com um desdobramento catastrófico, esse foi a primeira aeronave menos densa que o

ar radio controlada e seu estudo permitiu o desenvolvimento de projetos bem-sucedidos em

seguida, como o Kettering Bug, indicado também na fotografia 1, capaz de atingir mais de 190

km/h, desenvolvido por Charles Kettering, Orville Wright e Child Wills da Ford Motor

Company. (KEANE; CARR, 2013).

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33

Fotografia 1 – Curtiss N-9 (acima) e o Kettering Bug (abaixo)

Fonte: KEANE; CARR, 2013

Nos anos subsequentes houve grande avanço em diversos setores de tecnologia

como aeronáutica, eletrônica e computação, impulsionados pela corrida armamentista. O

interesse pelos VANTs aumentou sua evolução originou aeronaves cada vez mais sofisticadas

capazes de executar missões complexas.

Na década de 1960 os Estados Unidos da América (EUA) começaram a

desenvolver os drones de forma sistemática com a finalidade de obtenção de aeronaves de

espionagem e reconhecimento na guerra fria. O principal drone desenvolvido foi o Firebee,

indicado no desenho 2, propulsionado com um motor a jato feito pela Ryan Aeronautical

Company (BHATT, 2012). O design do Firebee ainda é encontrado nos VANTs mais modernos

tornando-o um marco em sua história (KEANE; CARR, 2013).

Page 34: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

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Desenho 2 – Detalhes do Firebee

Fonte: BONNER, 2015

Com o surgimento de mais conflitos armados o uso e desenvolvimento dos

drones foi praticamente contínuo. A Guerra do Vietnam foi a primeira que possuiu o uso

extensivo de VANTs, sendo estimadas 3.435 operações de reconhecimento entre 1964 e 1975.

Aproximadamente um terço das missões americanas utilizaram o Lighting Bug, VANT

multitarefa utilizado principalmente para captação de fotos a baixas e altas altitudes. Devido a

demanda por maiores sistemas embarcados, foi desenvolvido o modelo 154, Compass Arrow,

indicado na fotografia 2, desenvolvido para voar a 23.000 metros de altitude, e o primeiro

VANT desenvolvido com tecnologia de mínima emissão de calor e baixa refletividade em

radares. Houveram, porém, problemas técnicos nas missões desse drone o que resultou na baixa

aprovação de seu uso. Concomitante, ocorreu uma forte redução orçamentária o que resultou

na redução do desenvolvimento de VANTs pelos EUA por quase uma década (KEANE; CARR,

2013).

Fotografia 2 – Modelo do Compass Arrow

Fonte: NATIONAL MUSEUM OF THE US AIR FORCE, 2015

Page 35: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

35

O interesse nessa tecnologia foi resgatado após o uso eficaz de VANTs pelo

exército israelense na Guerra do Golfo. Israel coordenou um ataque eficaz destruindo 86

aeronaves Sírias num pequeno período de tempo no Vale de Bekaa. Os VANTs foram utilizados

como chamarizes e bloqueadores eletrônicos, assim como forneceram vigilância em tempo real.

Desde então o uso de VANTs foi amplamente aceito e empregado, assim como o contínuo

desenvolvimento de sua tecnologia (TETRAULT, 2009).

Na década de 2010 tem ocorrido um extensivo uso militar de VANTs. No

governo do presidente americano Barak Obama houve um significante aumento na relevância

de sua utilização, de forma que esses veículos já se tornaram instrumentos essenciais da

estratégia moderna americana nos conflitos em que estão envolvidos. Em 2013 houve o

investimento pelo Departamento de Defesa americano de cerca de US$ 6 bilhões em sistemas

não tripulados (BECKER, 2013).

O resultado de todo esse investimento nos VANTs é consequência de sua atual

relevância na estratégia militar moderna. Em 2015 já é possível observar uma corrida

armamentista no desenvolvimento de VANTs mais sofisticados. A República Popular da China

exibiu seu VANT batizado de Wing Loong II, desenvolvido de modo a competir com o mais

avançado VANT americano, o MQ-9 Reaper, fotografia 3. Ambos são movidos a um turboélice,

possuem sistema de comunicação via satélite e o sistema primário de captura de imagem em

sua proa, assim como adotam os estabilizadores tipo V. Ainda que as especificações sejam mais

avançadas no VANT americano, já é possível concluir que essa corrida está acelerando a

evolução dos VANTs. (BAKER, 2015).

Fotografia 3 – MQ-9 Reaper taxiando em base militar

Fonte: HANLEY, 2007

Houve também o desenvolvimento de VANTs no Brasil. Na década de 1980 a

Companhia Brasileira de Tratores, sediada em São Carlos, SP, encomendou ao então Centro

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Tecnológico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos, SP, o desenvolvimento de uma

turbina de pequeno porte, com aproximadamente 30 kgf de empuxo, a fim de ser instalada num

VANT com envergadura (b) de 3,38 metros, como mostrado na fotografia 4. O objetivo da

missão desse VANT brasileiro era o treinamento militar, a fim de substituir o modelo similar

norte-americano até então empregado com alto custo. Dessa maneira foi concebido o BQM-

1BR, primeiro VANT construído em solo brasileiro (PAULA, 2009).

Fotografia 4 – BQM-1BR exposto no Museu Asas de um Sonho da TAM Linhas Aéreas

Fonte: PAULA, 2009

2.2 O VANT EM APLICAÇÕES CIVIS

O uso de VANTs em aplicações civis é um emprego recente. Entende-se como

uso civil qualquer utilização de uma tecnologia com finalidade não militar, seja em estado de

guerra ou não. O inicial desenvolvimento de uma nova tecnologia para fins militares antes do

desenvolvimento para aplicações civis é comum na história de diversas tecnologias (SEARLE,

2014).

O investimento em startups de tecnologia de VANTs nos EUA duplicou entre

os anos de 2012 e 2013, assumindo cifras superiores a US$ 40,9 milhões (KHARIF, 2013).

Esse recente interesse aliado com diversos projetos surgindo concomitantemente resultam em

VANTs atuando nos mais diversos setores.

Na indústria agrícola o VANT permite o emprego da agricultura de precisão.

Esta tem como objeto aumentar a eficiência tratando de forma distinta cada área de uma

plantação, de forma a entender suas particularidades e reduzindo seu impacto ambiental. Para

tanto, diversos sensores devem ser embarcados na aeronave, se destacando o Sensoriamento

Remoto (SR), Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e o Sistema de Posicionamento

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37

Global (ou GPS sigla em inglês: Global Position System). Nesse setor destaca o VANT

fabricado pela Yamaha, o RMAX, em voo na fotografia 5, com configuração de asas rotativas

com rotores na horizontal, tipo helicóptero, capaz de realizar pulverizações em lavouras de

arroz. Seu destaque é a capacidade de atingir distâncias de até 10 km ou uma autonomia de 90

minutos, com uma carga de aproximadamente 30 kg. Esta especificação permite a pulverização

de 30 hectares/dia, ou de forma menos eficiente 8 hectares/hora (MATSUO, 2011).

Fotografia 5 – Yamaha Rmax realizando pulverização agrícola

Fonte: MATSUO, 2011

Na indústria fotográfica diversos VANTs foram lançados nos últimos anos. A

fim de permanecerem estáticos e garantirem a melhor imagem, neste setor são empregados de

forma predominante a configuração com uso de rotores múltiplos horizontais, também

chamados de multicópteros. Esses veículos possuem categorias populares, assim como os mais

sofisticados. A maior diferença é o sistema de estabilização, que funciona a fim de garantir

imagens nítidas ao longo do voo (TOSETTO, 2013). Neste setor se destaca o Phanton 3 (veja

fotografia 6), dotado de um sistema de quatro rotores e chamado, portanto, de quadcóptero.

Possui integração com smartphones, assim como câmeras profissionais capazes de realizar

filmagens em altas resoluções de até 4K. Sua autonomia é de até 2 km e possui ainda sistemas

embarcados com sistema GPS (AGUILAR, 2015).

Page 38: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

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Fotografia 6 – Quadcóptero Phanton 3

Fonte: AGUILAR, 2015

Existem, ainda, diversas outras aplicações civis, que foram agrupadas e

indicadas no gráfico 1.

Gráfico 1 – Aplicações civis para VANTs

Fonte: CREPALDI, et al., 2013

A engenharia tem como objetivo atender a demanda por soluções e inovações

em diversos setores da sociedade, e um VANT possui características e vantagens que o

promovem como importante agente de melhorias em diferentes áreas. É importante destacar a

aplicação dentro do quesito ambiental, devido à necessidade de manutenção dos recursos

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naturais. O Brasil possui Unidades de Conservação (UCs), que consistem em áreas de proteção

ambiental dividas em cinco categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional,

Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. O principal intuito é a manutenção dos

ecossistemas sem as alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso

indireto de seus atributos naturais (BRASIL, 2000). O monitoramento de uma determinada UC

por um VANT permite melhor controle dos agentes competentes para que sejam preservadas

suas áreas, biomas, e características naturais. Existe o déficit no monitoramento em velocidade

suficientemente rápida, pois o modelo atual é composto principalmente por equipe em terra.

Exemplo da pouca eficiência do atual modelo é a duração de dias para uma equipe em terra

fiscalizar uma área como a do Parque Nacional Pau Brasil, no sul da Bahia. Alguns países já

utilizam os VANTs para vigiar sua fauna e flora. Na África do Sul houve uma queda de 92%

na morte de rinocerontes após o uso dos drones (PAMPLONA, 2015). O Brasil é um país farto

em áreas ambientais, porém a fiscalização das ocupações de habitação ilegal em áreas de

preservação ainda é ineficaz. Somente no estado de São Paulo existem 1.513.267,08 hectares

correspondendo à Área de Proteção Ambiental (APA). Diversas APAs são invadidas como a

de Banhado, no município de São José dos Campos, em que houve a ocupação de 1.600 pessoas

em 2014 (PEREIRA, 2014).

2.3 VANTS MOVIDOS A ENERGIA SOLAR

Um dos maiores desafios enfrentados pelas indústrias do século XXI é o

desenvolvimento de tecnologias de modo a causarem os menores danos ambientais possíveis.

Dentre as soluções de geração de energia sustentável, se destaca o uso de células fotovoltaicas

que transformam a radiação incidente do sol em energia elétrica. Esse processo é chamado de

forma popular de energia solar, e é, sem dúvidas, uma das mais limpas do mundo. Esse uso já

está distribuído em diversas indústrias, sejam de aplicações civis ou militares. É esperado que

no futuro a energia solar torne-se uma fonte energética primária no planeta (SHIAU, 2009).

O uso da energia solar tem limitações, isso porque os painéis solares só podem

gerar energia elétrica durante um determinado período do dia. Dessa forma, o mais importante

é maximizar seu desempenho durante seu funcionamento diário, e armazenar a energia em

baterias para uso noturno, por exemplo. Essa estratégia permite o maior aproveitamento da

energia solar, solucionando problemas de autonomias de diversos sistemas. Nos VANTs, a

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autonomia é uma de suas maiores limitações. Um veículo aéreo deve possuir essencialmente

uma ótima relação de peso e capacidade de sustentação. Embarcar combustíveis fósseis é uma

solução não apenas pouco sustentável, mas também um desafio técnico visto que para longos

deslocamentos a quantidade de combustível embarcado é considerável. No sistema célula

fotovoltaica/bateria, a fonte de energia será apenas a radiação solar, e o sistema a ser otimizado

é a relação de geração e armazenamento de energia.

Soluções de VANTs utilizando células fotovoltaicas estão surgindo de forma

acelerada. Diversas indústrias líderes em tecnologia estão investindo nesses veículos, pois

possuem aplicações promissoras visto que podem permanecer em voo por diversas horas, e até

dias. O projeto Atlantik-Solar, desenvolvido por engenheiros do Instituto Federal de Tecnologia

de Zurique (ETH, do alemão Eidgenössische Technische Hochschule), tem como objetivo a

primeira travessia do Oceano Atlântico por um VANT (veja fotografia 7). Os testes

preliminares já demonstraram que a solução empregada no projeto está próxima de atingir os

objetivos impostos (ATLANTIKSOLAR, 2015).

Houve no mês de outubro de 2015 um teste realizado no Brasil em que o veículo

monitorou um desastre ambiental provocado pelo naufrágio de um navio no porto de Vila do

Conde, Pará. Na Amazônia houve um voo de teste que o VANT foi capaz de percorrer cerca de

330 km de forma sustentável (PÓVOA, 2015).

Fotografia 7 – Engenheiros da ETH e os protótipos do Atlantik-Solar

Fonte: ATLANTIKSOLAR, 2015

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Gigantes da tecnologia também acreditam no potencial dos VANTs sustentáveis,

e estão investindo para que existam serviços sendo supridos por esses veículos. O Facebook,

empresa de tecnologia que possui a rede social mais popular do planeta, com mais de um bilhão

de usuários cadastrados, quer expandir ainda mais seu alcance ao fornecer acesso à internet em

localidades remotas, ou carentes economicamente (PARSONS, 2015). Como o projeto de

colocar diversos satélites de comunicação em órbita no planeta é caro, a solução encontrada foi

desenvolver VANTs que operem em elevadas altitudes e de forma contínua. Esses veículos são

conhecidos na indústria aeronáutica como HALE (High Altitude Long Endurance), cuja altitude

de operação de até 30 quilômetros é ilustrada no desenho 3. A fim de manter o voo de forma

contínua, o uso de baterias aliadas com células fotovoltaicas é a solução proposta pela indústria

(RUNGE, et al., 2007). O protótipo em desenvolvimento pelo Facebook chama-se Aquila,

realizando voo na fotografia 8, e possui como uma de suas principais características o

comprimento entre pontas de asas de 40 metros. A previsão é que a aeronave consiga se manter

em voo por três meses, quando preventivamente pousará para manutenções. A fim de vencer

os desafios técnicos, o projeto utiliza soluções pioneiras, assim como uso extensivo de materiais

compostos como fibra de carbono, permitindo que esse veículo de grande porte pese menos de

um terço de um carro popular (PARSONS, 2015).

Desenho 3 – VANTs tipo HALE e sua altitude de operação

FONTE: PARSONS, 2015, adaptado pelo autor

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Fotografia 8 – VANT solar Aquila, desenvolvido pelo Facebook

Fonte: NEWTON, 2016

O Alphabet, holding de várias empresas vinculadas ao Google, incluindo o

mesmo, também está desenvolvendo um VANT tipo HALE com o objetivo de fornecer acesso

à internet. O seu protótipo é popularmente batizado de Titan e também possui como solução o

uso de painéis solares para recarregar baterias embarcadas (veja desenho 4). Segundo Simonite

(2016), o desenvolvimento do protótipo está avançado, porém encontra barreiras burocráticas

de diversos países que contestam se a aeronave também irá praticar espionagem.

Desenho 4 – Titan, VANT tipo HALE da Alphabet

Fonte: SIMONITE, 2016

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O desenvolvimento de VANTs movidos a energia solar é realizado também por

grupos voltados diretamente à tecnologia aeroespacial. A Administração Nacional da

Aeronáutica e Espaço (NASA em inglês National Aeronautics and Space Administration),

desenvolveu o Helios (veja fotografia 9), já o seu quarto protótipo desse tipo de aeronave. Este

avião é capaz de manter voo em altitudes de até 30 km de altura, com autonomia de voo de

mais de um dia. Outro protótipo da NASA é o Pathfinder, cujo objetivo é o estudo para evolução

da tecnologia dos HALEs.

Fotografia 9 – NASA Helios em ensaio de voo

Fonte: DRICUS, 2015

A Boeing, corporação multinacional norte-americana de desenvolvimento

aeroespacial e de defesa, desenvolveu o SolarEagle, exposto na fotografia 10, VANT tipo

HALE capaz de manter voo por até cinco anos. É estimado que a Boeing já tenha investido

cerca de 90 milhões de dólares nesse projeto. A envergadura dessa aeronave é de 120 metros,

sua velocidade de cruzeiro (𝑣𝑐𝑟) é de 80 km/h e possui capacidade de geração de 5 kwh de

energia (ROOIJ, 2015).

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Fotografia 10 – Boeign SolarEagle em voo

Fonte: ROOIJ, 2015

Existe ainda o esforço de diversas empresas, como a Airbus, no desenvolvimento

desse tipo de aeronave. Esses veículos ainda estão em fase de testes e ainda estão enfrentando

problemas na legislação por desconfiança de algumas nações quanto à segurança na utilização.

O seu custo de fabricação e de operação, porém, compensam todos os esforços para

implementar essa tecnologia, que possivelmente irá substituir o uso de satélites em órbita, assim

como evoluir diversos setores de tecnologia. A maior revolução é, contudo, na indústria que a

desenvolve, a aeroespacial (SULLIVAN, 2006).

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3 BREVE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE AERONAVES

Esta seção tem como finalidade a exposição de conceitos referentes aos estudos

aeronáuticos, a fim de facilitar a assimilação e entendimento das demais seções. Será abordado

desde o conceito dinâmico que possibilita o voo controlado de uma aeronave, assim como suas

características e configurações que possibilitam classificá-la de formas distintas. No esquema

1 é exposto a sequência didática desta seção.

Esquema 1 – Sequência didática da teoria aerodinâmica básica

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

3.1 CONCEITOS E NOMENCLATURAS

Existem diversas máquinas voadoras, cujos princípios de funcionamento são

diferentes. A primeira classificação das aeronaves é em dois grupos: os mais leves que o ar e

Breve introdução aos estudos de aeronaves

Conceitos e nomenclaturas

Estudo aerodinâmico dos perfis

A origem das forças aerodinâmicas e

momentos

Definição dos coeficientes aerodinâmicos

Centro aerodinâmico

Estudo aerodinâmico de asas finitas

Polar de arrasto

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os mais pesados. O primeiro se referem aos balões e dirigíveis, que obtém a sustentação

necessária para voo através da força de empuxo devido à diferença de densidades de fluidos. O

segundo grupo são veículos que possuem densidades maiores que o ar, e necessitam de forças

externas para obter voo. Estes podem possuir diversos formatos e diferentes métodos de

obtenção da capacidade de voar. Alguns exemplos dos mais pesados que o ar são: foguetes,

planadores, paraquedas e aviões, conforme esquema 2.

Esquema 2 – Classificação inicial das aeronaves

Fonte: Elaborado pelo autor

As forças necessárias para originar o voo, em veículos mais pesados que o ar,

são de origens distintas. Nos foguetes, por exemplo, a reação da exaustão de gases devido à

oxidação de combustíveis é a responsável para o veículo iniciar voo e colocar satélites em

órbita. Em altitudes mais baixas existem aeronaves que utilizam do ar como um meio de alçar

voo, utilizando as forças aerodinâmicas. Estes veículos são variados: os paraquedas permitem

que o passageiro regresse ao solo numa velocidade segura, os planadores conseguem aproveitar

das correntes ascendentes de ar para obter energia mecânica necessária para voo, os aviões

utilizam propulsão mecânica para obter energia cinética necessária para voo.

Rodrigues (2011, p. 13) afirma que: “um avião é definido como uma aeronave

de asa fixa mais pesada que o ar, movida por propulsão mecânica, que é mantido em condição

de voo devido à reação dinâmica do ar que escoa através de suas asas”.

Existem aviões de diversos formatos cujas finalidades são distintas. A maioria,

porém, possuem componentes principais em comum, são eles: fuselagem, asas, empenagem,

trem de pouso e o grupo motopropulsor, conforme ilustrado no desenho 5.

Veículos que voam

Mais leves que o ar

Balões, dirigíveis

Mais pesados que o ar

Foguetes, paraquedas, aviões

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Desenho 5 – Principais componentes dos aviões

Fonte: RODRIGUES, 2011

3.1.1 Fuselagem

A fuselagem é a estrutura que engloba a cabine de comandos, o compartimento

de carga, assim como os demais sistemas presentes no corpo da aeronave. Essa estrutura pode

ser de três formas: treliçada, monocoque ou semi-monocoque, conforme desenho 6.

A estrutura treliçada, como o nome sugere, utiliza treliças ao longo do corpo da

aeronave. É uma estrutura cuja resistência e rigidez são obtidos por barras ligadas em uma série

de modelos triangulares em pontos conhecidos como nós. Os esforços e reações são

considerados, de forma simplificada, apenas nesses nós.

A estrutura monocoque utilizam cavernas que são estruturas no formato

aerodinâmico desejado. Estas estruturas são colocadas paralelas umas às outras e unidas por um

revestimento.

A estrutura semi-monocoque é composto por cavernas em formato

aerodinâmico, em conjunto com demais estruturas como longarinas e revestimentos que

fornecem a estrutura necessária para a aeronave.

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Desenho 6 – Tipos de fuselagem

Fonte: RODRIGUES, 2011

3.1.2 Asas

As asas são artefatos mecânicos destinados à sustentação aerodinâmica. São

fundamentais da aeronave e estão unidas de cada lado da mesma. Existem diversos projetos

aeronáuticos com diferentes tamanhos, quantidade e formato de asas. Existe um motivo para

tantas variações, no estudo aerodinâmico pequenas mudanças de suas configurações afetam

drasticamente seus desempenhos.

3.1.2.1 Quantidade de asas

Como o número de asas pode variar, são classificadas como monoplano a

aeronave com um par de asas, biplano com dois pares e multiplanos com demais pares de asas.

O aumento do número de asas certamente aumenta a capacidade da aeronave em produzir mais

força de sustentação. As asas, porém, também produzem a força de arrasto, e com maiores

quantidades de asas, mais resistência a aeronave terá em seu voo. Existe também a questão

estrutural, em que conforme aumenta-se o número de asas, o ganho de peso para o avião

também é expressivo. A fotografia 11 possui exemplo de aeronave monoplano e biplano.

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Fotografia 11 – Classificação das asas quanto a quantidade de pares

Fonte: RODRIGUES, 2011

Cabe ao estudo do projeto estabelecer a implementação de múltiplas asas, tendo

em conta suas vantagens e desvantagens. De forma generalizada, o emprego de mais de um par

de asas é incomum, pois o ganho de força de sustentação é possível também de outras maneiras3.

3.1.2.2 Fixação na fuselagem

Existem também variações quanto à posição de fixação na fuselagem, podem

ser: asa alta, asa média ou asa baixa. Para cada uma dessas posições existem vantagens e

desvantagens, como exemplificado no quadro 1.

3 É possível obter maiores forças aerodinâmicas alterando geometrias da asa, otimizando-a.

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Quadro 1 – Altura das asas, vantagens e desvantagens

Fonte: BARROS, 2001, adaptado pelo autor

3.1.2.3 Estrutura das asas

Estruturalmente as asas devem ser rígidas o suficiente de modo a suportarem as

solicitações mais severas de voo, decolagem e pouso, assim como os componentes nelas

instalados (winglests, flaps, sistemas de alteração do perfil aerodinâmico como speed breaks, e

possíveis componentes do grupo motopropulsor), levando em consideração também o efeito da

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vibração. Para atenderem tantos fatores, a robustez é a solução mais prática. O peso, contudo,

deve ser o mínimo possível, de modo a não comprometer o desempenho da aeronave. As

soluções mais comuns, de acordo com Rodrigues (2011), é o uso de nervuras, longarina, bordo

de ataque e bordo de fuga, todos cobertos por uma tela de revestimento, conforme representação

no desenho 7.

Desenho 7 – Elementos estruturais da asa

Fonte: RODRIGUES, 2011

As nervuras são responsáveis pela forma aerodinâmica da asa, assim como a

transmissão dos esforços do revestimento para a longarina. Esta, é o principal componente

estrutural da asa e é dimensionada de modo a resistir os esforços de cisalhamento, flexão e

torção devido as cargas aerodinâmicas de voo. Os bordos de ataque e fuga representam,

respectivamente, a região dianteira e traseira da asa.

3.1.2.4 Formas geométricas das asas em planta

O formato geométrico das asas em planta impacta de forma significativa no

desempenho e comportamento da aeronave. Cada formato possui vantagens e desvantagens, em

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que a segurança do voo está diretamente relacionada à escolha da geometria (BARROS, 2011).

Existem diversos formatos geométricos da asa em planta, conforme desenho 8, sendo os mais

comuns são o retangular, trapezoidal e elíptico (RODRIGUES, 2011). As asas também podem

possuir ângulo em relação à fuselagem da aeronave, chamado de enflechamento (Ʌ).

Consequentemente asas sem enflechamento são chamadas de asas retas.

A) Asa retangular: Possui baixas eficiência aerodinâmica4, se comparado com as

demais geometrias. Como possui um bom aproveitamento de sua área em planta

(S), produz uma quantidade considerável de força de sustentação. A fabricação

também é mais simples, com menor custo, portanto. Isso porque as seções da asa

são contínuas por toda sua extensão;

B) asa trapezoidal: Possui boa eficiência aerodinâmica, se comparado com a asa

retangular. A fabricação é complexa visto que toda seção da asa possui tamanho

diferente, necessitando de nervuras específicas para cada posição e aumentando

os custos para fabricação e,

C) asa elíptica: Representa a asa ideal em termos de eficiência aerodinâmica. É a

mais complexa, dentre as três, figura geométrica para fabricação. O custo para

fabricação dessa geometria, assim como a estrutura necessária para suportar

tornam a configuração com maiores custos de fabricação.

Desenho 8 – Formas geométricas das asas em planta

Fonte: CREPALDI, et al., 2012

4 Eficiência aerodinâmica é a relação entre forças de sustentação e arrasto, são detalhadas na seção 3.4.

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3.1.2.5 O perfil da asa

O perfil, ou seção transversal, da asa é o responsável pelo formato da mesma. A

escolha do perfil no projeto de uma aeronave é de extrema importância, e o mesmo terá

implicações diretas nos demais componentes do avião. Cada perfil se comporta de uma maneira

única numa determinada condição de voo, e saber escolher o formato que melhor adequa a

missão da aeronave é um processo de extensa pesquisa. O desenho 9 possui uma representação

de um perfil de uma asa e a nomenclatura de seus componentes.

Desenho 9 – Nomenclatura dos componentes de um perfil aerodinâmico

Fonte: CREPALDI, et al., 2013

O escoamento de ar ocorre no sentido do bordo de ataque para o bordo de fuga.

Cada alteração no formato geométrico altera o perfil e, portanto, confere uma identidade única

para o mesmo.

Na vista superior da aeronave, conforme desenho 10, é possível entender como

a corda do perfil influencia no formato da asa, e a variação da mesma possibilita obter os

formatos diversos em planta. A corda próxima à fuselagem é chamada de corda na raiz (cr) e a

no fim da asa, corda na ponta (ct). A relação de afilamento (λ) é a divisão entre a corda de ponta

e a corda na raiz, como indicado na equação 1. A distância entre pontas de asa, ou seja, a

distância máxima entre as asas, é definida como envergadura.

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𝜆 =𝑐𝑡

𝑐𝑟 (1)

Desenho 10 – Nomenclatura das cordas na asa em planta

Fonte: RODRIGUES, 2011

3.1.2.6 Nomenclatura dos perfis e suas famílias

Muitos dos perfis desenvolvidos hoje na indústria aeronáutica possuem

geometrias próprias a fim de atender as necessidades únicas de cada projeto. Para seu

desenvolvimento são utilizados softwares computacionais especializados em obter suas

características aerodinâmicas. Antes da “era da computação” os perfis utilizados em projetos

aeronáuticos eram escolhidos segundo séries, ou famílias, de geometrias já estudadas. Esses

estudos foram desenvolvidos por agências governamentais, principalmente EUA, Alemanha e

Reino Unido, através de um grande esforço experimental em inúmeros túneis de vento. Muitas

aeronaves que ainda operam utilizam esses perfis previamente desenvolvidos, assim como

muitos perfis customizados os possuem como origem (ANDERSON JR., 1999).

A fim de padronizar os perfis, alguns parâmetros básicos são utilizados conforme

listagem:

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A) Corda (c);

B) linha média;

C) espessura (t) e distribuição ao longo da corda;

D) raio do bordo de ataque e,

E) ângulo do bordo de fuga.

Dentre as principais agências que desenvolveram a série de perfis, se destaca a

americana NACA (National Advisory Committee for Aeronautics). Na década de 1930, a

contribuição inicial dessa agência foi definir esses parâmetros básicos. Fixando a linha média

do perfil, e adicionando a ela a espessura desejada, foi possível obter perfis simétricos para

linhas médias retas, e perfis assimétricos com linhas médias segundo uma curva. Esse processo

de criação é exemplificado no desenho 11.

Desenho 11 – Progressão básica no desenvolvimento de um perfil assimétrico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

Com a alteração sistemática das variáveis, foram desenvolvidas diferentes

geometrias. Dessa forma, as agências criaram inúmeros perfis cuja categorização ocorreu em

séries, ou famílias, cujos dígitos em sua nomenclatura possuem o significado de como foram

escolhidas suas variáveis. Algumas das principais séries dos perfis NACA, e suas respectivas

nomenclaturas, são exemplificados no esquema 3.

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Esquema 3 – Séries de perfis NACA e suas nomenclaturas

Fonte: DA ROSA, 2006, adaptado pelo autor

Existem ainda outros desenvolvedores de perfis, cujas nomenclaturas também

possuem significados próprios. Mesmo com o menor significado histórico que a NACA, muitas

de suas geometrias também são estudadas e utilizadas como base para geração de novos perfis.

Alguns dos principais desenvolvedores são: Drela, Eppler, Hepperle, Larrabbe, Liebeck,

Lissaman, Selig e Wortmann (DA ROSA, 2006).

3.1.3 Empenagem

A empenagem é o componente da aeronave responsável por estabilizar e

controlar o avião durante o voo. É dividida em duas superfícies: o estabilizador horizontal e

vertical, conforme desenho 12. Ambas superfícies possuem componentes que permitem o avião

realizar determinados movimentos, a horizontal possui o profundor e os compensadores, a

vertical o leme de direção. Os componentes da empenagem também possuem um perfil

aerodinâmico, cujas características devem satisfazer o equilíbrio dinâmico da aeronave em voo.

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Desenho 12 – Componentes da empenagem

Fonte: RODRIGUES, 2011, adaptado pelo autor

Existem variações quanto a posição que os componentes da empenagem estão

dispostos na aeronave, ocorrendo alterações no comportamento de voo com vantagens e

desvantagens como exemplificado no quadro 2.

Quadro 2 – Posições das empenagens na aeronave

Fonte: BARROS, 2001, adaptado pelo autor

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Além das posições em relação a aeronave, as empenagens podem configurações

próprias, que também alteram o comportamento da aeronave de maneiras distintas. Essas

posições são exemplificadas no desenho 13.

Desenho 13 – Tipos de empenagens

Fonte: CREPALDI, et al., 2013

3.1.4 Trem de pouso

A principal função do trem de pouso é permitir o contato da aeronave com o

solo, permitindo o avião realizar manobras para taxiamento5, decolagem e pouso. Existem

diferentes configurações no trem de pouso, podendo também variar o número de rodas a

depender das dimensões da aeronave. Existem dois componentes essenciais: rodas principais e

bequilha. As primeiras são dimensionadas para suportarem o peso integral da aeronave sozinha,

a segunda tem como função o apoio em solo para poder realizar manobras em pista. O trem

de pouso pode ser fixo ou móvel, em que ele é retraído ao longo do voo. Pode ser na

configuração triciclo, as duas rodas principais abaixo das asas e a bequilha na dianteira da

aeronave, ou a configuração convencional, com as rodas principais na dianteira e a bequilha na

parte traseira da aeronave, conforme ilustrado no desenho 14.

5 O taxiamento é o termo aeronáutico para descrever a movimentação do avião em pista, preparando-se para

decolar, ou depois de pousar (Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 1998).

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Desenho 14 – Tipos de trem de pouso

Fonte: ROSKAM, 2000, adaptado pelo autor

3.1.5 Grupo motopropulsor

O grupo motopropulsor, como o nome sugere, é o responsável por fornecer força

para movimentar a aeronave, seja em solo ou em voo. Os componentes principais são:

carenagem, parede de fogo, motor, hélice e spinner, conforme desenho 15.

Desenho 15 – Principais componentes do grupo motopropulsor

Fonte: RODRIGUES, 2011

A carenagem possui a função de proteger o motor, isolar acusticamente, assim

como promover melhores características aerodinâmicas à essa região. A parede de fogo deve

ser isolada o suficiente para manter afastado todo calor proveniente do motor à fuselagem. O

motor será o responsável em desenvolver a energia mecânica a ser transmitida à hélice. Esta

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60

deverá fornecer empuxo o suficiente para a aeronave permanecer em voo controlado. O spinner

deve proteger a hélice, assim como conferir melhores características aerodinâmicas à aeronave.

3.1.5.1 Motores

Existem diferentes métodos de propulsão em aeronaves, sendo que a maioria

utiliza combustíveis para obtenção de energia mecânica. Dentre os mais usuais são os

turbojatos, turbofan, turbo-hélice e pistão. O uso de motores elétricos nas aeronaves civis ainda

ocorre de maneira experimental na indústria aeronáutica, isso porque ainda não foi

desenvolvido um método eficiente e seguro de armazenamento de energia para operar uma

aeronave comercial, por exemplo. A fotografia 12 possui exemplo de um motor elétrico para

aeronave desenvolvido pela Siemens.

Fotografia 12 – Motor elétrico desenvolvido pela Siemens

Fonte: MARTINI, 2015

3.1.5.2 Posicionamento do grupo motopropulsor

O posicionamento do grupo motopropulsor na aeronave influencia diretamente

o comportamento da mesma em voo, como é observado no quadro 3.

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Quadro 3 – Posições do propulsor na aeronave

Fonte: BARROS, 2001, adaptado pelo autor

O propulsor dianteiro difere do intermediário e do traseiro quanto ao sentido de

voo e sua orientação do motor, as nomenclaturas que determinam esses posicionamentos do

motor relativo ao movimento da aeronave são exemplificadas no desenho 16.

Desenho 16 – Nomenclatura da posição do motor em relação ao sentido de movimento da aeronave

Fonte: CREPALDI, et al., 2013

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No chamado tipo tractor, o motor está orientado no mesmo sentido de

deslocamento da aeronave. A desvantagem desta configuração é o aumento de arrasto

proveniente do fluxo de ar proveniente da hélice contra a fuselagem. No tipo pusher, o motor

está orientado de forma contrária ao movimento do avião, e o escoamento proveniente da hélice

não encontra a fuselagem da aeronave, reduzindo efeitos do arrasto (BARROS, 2001).

3.1.5.3 Hélices

Algumas aeronaves utilizam hélices acoplado ao motor. Segundo Rodrigues

(2011), a hélice tem a missão de fornecer força de tração necessária ao voo, sendo um aerofólio

trabalhando em trajetória circular. A geometria da hélice deve ser estudada, assim como nas

asas, e uma mudança em sua característica afetará o comportamento da aeronave em voo. Homa

(2010) explica que teoricamente a hélice deve trabalhar realizando a trajetória como num

parafuso, em que avança uma determinada distância a cada revolução. Essa distância é chamada

de passo teórico. Como o ar é um fluido compressível, a distância real é diferente do passo

teórico e sua denominação é de passo efetivo ou avanço. A diferença entre esses passos é

denominada recúo. O desenho 17 ilustra o passo da hélice de uma aeronave.

Desenho 17 – Passo da hélice de uma aeronave

Fonte: HOMA, 2010

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Existem diferentes configurações de ajustes de hélices conforme seus passos,

possibilitando alteração da performance de voo conforme necessidade da aeronave, conforme

ilustrado no desenho 18.

Desenho 18 – Tipos de hélices conforme o passo

Fonte: HOMA, 2010

3.1.6 Sistema de coordenadas utilizado na indústria aeronáutica

A indústria aeronáutica adota o sistema de coordenadas cartesianas

tridimensionais de modo a descrever o movimento e direção da aeronave em voo. A origem do

sistema é sempre adotada no centro de gravidade do avião, e os três eixos de coordenadas se

interceptam no centroide, formando ângulos de 90 graus entre si. O sentido do sistema de

coordenadas é utilizando a regra da mão direita. São utilizados dois sistemas de coordenadas

distintos, no primeiro o sistema é fixo segundo um referencial inercial na terra e é utilizado para

analisar o movimento da aeronave em relação à um ponto fixo. O segundo sistema é fixo na

aeronave e é conhecido como sistema de coordenadas do corpo (NELSON, 1989). Como o

sistema mais usual é o fixo, é adotado de forma generalizada as coordenadas sem complemento

para especificar a que sistema ela pertence, conforme desenho 19.

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Desenho 19 – Os dois sistemas de coordenadas aeronáuticas

Fonte: NELSON, 1989, adaptado pelo autor

3.1.6.1 Movimentos da aeronave em voo

Existem seis tipos diferentes que a aeronave pode realizar em voo, em relação

aos três eixos de referência. O avião pode, portanto, ser modelado como um sistema com seis

graus de liberdade. Dentre os possíveis movimentos, três são lineares e três de rotação

(RODRIGUES, 2011).

Os seis possíveis movimentos são:

a) Para frente e para trás ao longo do eixo x (eixo longitudinal), movimento linear;

b) para esquerda e para direita ao longo do eixo y (eixo lateral), movimento linear;

c) para cima e para baixo, ao longo do eixo x (eixo vertical);

d) movimento rotativo ao longo do eixo longitudinal. Movimento de rolamento;

e) movimento rotativo ao longo do eixo lateral. Movimento de arfagem e,

f) movimento rotativo ao longo do eixo vertical. Movimento de guinada.

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3.1.6.2 Superfícies de controle

As superfícies de controle são as responsáveis a permitir que a aeronave realize

determinados movimentos. Os ailerons são os responsáveis pelo movimento de rolamento, o

profundor é responsável pelo movimento de arfagem e o leme de direção o responsável elo

movimento de guinada, conforme desenho 20.

Desenho 20 – Sistema de coordenadas fixas e movimentos aeronáuticos

Fonte: RUSSELL, 1996, adaptado pelo autor

Os ailerons estão localizados nas extremidades das asas, são estruturas móveis

que são capazes de atuar um binário capaz de movimentar a aeronave a realizar o movimento

de rolamento. O profundor atua com a finalidade de movimentar a aeronave verticalmente,

movimento de arfagem. O leme é capaz de retirar a aeronave de sua direção em voo original

através da rotação do eixo z, movimento de guinada, como ilustrado no desenho 21.

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Desenho 21 – Exemplo de ação do profundor no movimento de arfagem

Fonte: RODRIGUES, 2011

3.2 ESTUDO AERODINÂMICO DOS PERFIS

Os aviões são máquinas fascinantes devido à sua característica essencial: podem

voar. O motivo para o mesmo é devido à ação aerodinâmica na aeronave. Sem a aerodinâmica,

aviões não voariam, pássaros não sairiam do chão e moinhos não existiriam.

Um bom exemplo para entender a origem da força aerodinâmica é o proposto

por Anderson Jr. (1999) ao fazer um paralelo com as forças de contatos convencionais presentes

no cotidiano. Ao segurar um livro, as forças das mãos são aplicadas no livro devido ao seu

contato direto com o mesmo. A força aerodinâmica, similarmente, é a força exercida num corpo

imerso em um fluxo de fluido devido as mãos da natureza, que são, na realidade, forças devido

à pressão e às tensões de cisalhamento atuando por toda a superfície exposta do corpo (s). As

forças devido a pressão “p” atuam perpendicularmente, enquanto as forças devido ao

cisalhamento “τ” ocorrem paralelo à superfície de contato, conforme ilustrado no desenho 22.

O valor resultante da força aerodinâmica devido a pressão e tensões de cisalhamento é o

somatório de sua distribuição integrado pelo total de superfície exposta ao escoamento.

Desenho 22 – Forças aerodinâmicas devido à pressão (esquerdo) e tensão de cisalhamento (direito)

numa superfície exposta a um escoamento de fluido

Fonte: ANDERSON JR., 1999

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67

3.2.1 Força de sustentação, arrasto e momentos

Para melhor entendimento de como surge a força de sustentação num perfil

aerodinâmico o mesmo é retratado no desenho 23 em um escoamento livre com direção

horizontal. O escoamento é denotado como “V∞”, e é chamado popularmente chamado de

vento relativo. A corda do perfil possui em relação ao vento relativo um ângulo “α”, chamado

de ângulo de ataque. A resultante aerodinâmica (R), é inclinada em relação a vertical, e sua

componente vertical é chamada de força de sustentação (L), do inglês lift. A componente de R

paralelo ao vento relativo é denominada arrasto (D), do inglês drag, conforme ilustrado no

desenho 23 (ANDERSON JR., 1999).

Desenho 23 – Forças de sustentação, arrasto e resultante aerodinâmica

Fonte: ANDERSON JR., 1999

A formulação da força resultante aerodinâmica pode ser escrita conforme

equação 2.

𝑅 = −∫∫𝑝 ∙ 𝒏 ∙

𝑠

𝑑𝑠 + ∫∫𝜏 ∙ 𝒌 ∙

𝑠

𝑑𝑠 (2)

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Onde n e k são vetores normais e tangentes, respectivamente, à superfície

exposta ao escoamento.

Ao analisar as forças atuantes não somente no perfil, mas sim nas asas, é

possível notar que surgirá no eixo normal ao perfil um momento torsor. Caso escolha,

arbitrariamente, uma posição na corda do perfil para transmitir os esforços, essa posição terá

um valor único de momento torsor transmitido. No desenho 24 a posição escolhida foi de um

quarto da corda do perfil, em relação ao bordo de ataque6, para quantizar o momento torsor do

perfil. Esse momento é chamado de 𝑀𝑐/4 (ANDERSON JR., 1999).

Desenho 24 – Momento torsor em um quarto da corda do perfil

Fonte: ANDERSON JR., 1999

Como a resultante representa o efeito combinado devido a carga distribuída da

pressão e tensão de cisalhamento, existe um lugar geométrico no perfil em que ela possa ser

representada como carga pontual. Este lugar é denominado centro de pressão (CP). Caso trace

um eixo perpendicular a esse ponto, o mesmo não possuirá um momento torsor atuante. Uma

possível definição do centro de pressão, segundo Anderson Jr. (1999), é o lugar geométrico do

perfil aerodinâmico cujo momento torsor é nulo.

3.2.2 Coeficientes aerodinâmicos

Anderson Jr. (1999) afirma que é intuitivo alguns fatores influenciarem nas forças

aerodinâmicas. A velocidade, a densidade do fluido (𝜌∞), o tamanho do corpo com determinada

área de contato com escoamento, o ângulo de ataque do corpo em relação a orientação da

corrente, a viscosidade dinâmica ambiente do fluido (𝜇∞) e a viscosidade cinemática do fluido

(ν) são alguns desses fatores. Não tão intuitivo, mas também importante na composição das

6 Bordo de ataque é a região que o perfil aerodinâmico, em análise em duas dimensões, ou a asa, em três dimensões,

realiza o primeiro contato com o fluido em escoamento (ANDERSON JR., 1999).

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forças aerodinâmicas, é a compressibilidade do meio em que o corpo está imerso (𝑎∞)7. Dessa

maneira é possível obter as variáveis das funções das forças e momento aerodinâmico,

conforme indicado nas equações 3, 4 e 5.

𝐿 = 𝐿(𝜌∞, 𝑉∞, s, α, 𝜇∞, 𝑎∞) (3)

𝐷 = 𝐷(𝜌∞, 𝑉∞, s, α, 𝜇∞, 𝑎∞) (4)

𝑀 = 𝑀(𝜌∞, 𝑉∞, s, α, 𝜇∞, 𝑎∞) (5)

Através de uma série de análises adimensionais, surgem coeficientes que

relacionam essas variáveis com os esforços atuantes, são chamados de coeficientes

aerodinâmicos. Onde 𝐶𝐿, 𝐶𝐷 e 𝐶𝑀 são, respectivamente, os coeficientes aerodinâmicos de

sustentação, arrasto e momento, conforme indicado nas equações 6, 7 e 8, respectivamente.

𝐶𝐿 =𝐿

𝑞∞ ∙ 𝑠(6)

𝐶𝐷 =𝐷

𝑞∞ ∙ 𝑠(7)

𝐶𝑀 =𝑀

𝑞∞ ∙ 𝑠 ∙ 𝑐(8)

Onde c é a corda do perfil. O coeficiente 𝑞∞ é chamado de pressão dinâmica, e

é definido segundo equação 9.

𝑞∞ = 1

2∙ 𝜌 ∙ 𝑉∞

2 (9)

As demais variáveis estão presentes na determinação dos números de Reynolds

(Re) e de Mach (𝑀∞), conforme equações 10 e 11.

7 A compressibilidade do meio (𝑎∞) varia conforme a velocidade do som no mesmo. Maior a compressibilidade,

menor a velocidade do som (ANDERSON JR., 1999).

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𝑅𝑒 =𝜌∞ ∙ 𝑉∞ ∙ 𝑐

𝜇∞=𝑣 ∙ 𝑐

𝜈(10)

𝑀∞ =𝑉∞𝑎∞

(11)

Os coeficientes aerodinâmicos simplificaram o estudo dos esforços

aerodinâmicos num determinado corpo. Como o número de variáveis para o cálculo das forças

eram muitos, conseguir simular experimentalmente cada corpo era inviável. Como os

coeficientes aerodinâmicos possuem três variáveis (α, Re e 𝑀∞), sendo essas funções das

demais, é possível calcular a característica do corpo para sustentação, arrasto e momento de

forma simplificada. Um exemplo prático proposto por Anderson Jr. (1999) para entendimento

da praticidade dos coeficientes aerodinâmicos é que para obter os coeficientes de uma aeronave

voando à uma certa altitude e velocidade, basta desenvolver um modelo em escala num túnel

de vento que possua o mesmo ângulo de ataque de voo da aeronave real, e que as condições de

escoamento possuam os mesmos números de Reynolds e Mach da aeronave em voo. Os

coeficientes aerodinâmicos obtidos nesses experimentos serão, hipoteticamente8, os mesmos da

aeronave em escala real nessas condições de voo.

É importante ressaltar que S estudada não é referente à superfície, ou área,

molhada (𝑆𝑤𝑒𝑡)9 da aeronave. Isso porque é de grande dificuldade quantizar toda 𝑆𝑤𝑒𝑡 da

aeronave devido à geometria complexa de um avião. Para perfis, S é referente ao perímetro do

contorno de sua geometria.

3.2.3 Curvas características de um perfil

O estudo de como os coeficientes aerodinâmicos variam é fundamental para a

seleção do melhor perfil em um projeto de aeronave. Existem curvas características usuais que

8 Ensaios em túnel de vento dificilmente resultam em resultados idênticos aos reais, visto que existem erros

associados em cada teste. A maioria dos projetos aeronáuticos utilizam diferentes túneis a fim de reduzir o erro

associado ao experimento (ANDERSON JR., 1999, p. 60). 9 Superfície, ou área, molhada é a área total que está em contato com o fluido que o corpo está imerso

(ANDERSON JR., 1999, p. 60).

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compara o desempenho de cada perfil, em relação aos seus coeficientes aerodinâmicos para

uma determinada situação de voo.

No estudo aerodinâmico bidimensional é considerado apenas a geometria do

perfil, e a nomenclatura dos coeficientes são adotadas utilizando as letras minúsculas (𝐶𝑙, 𝐶𝑑 e

𝐶𝑚). Analogamente, para o estudo de corpos ocupando o espaço tridimensional, esses

coeficientes terão seus índices com letras maiúsculas.

A curva 𝐶𝑙 versus α, também conhecida como curva de lift, demonstra como o

coeficiente de sustentação do perfil varia com a mudança do ângulo de ataque. Uma de suas

principais características é a variação do coeficiente de sustentação ser linear em um

determinado período do ângulo de ataque. O coeficiente angular dessa reta é denominado 𝑎0.

Também existe um ângulo em que o coeficiente de sustentação é nulo, chamado de ∝𝑙=0. Em

muitos perfis o coeficiente de sustentação só é nulo para ângulos de ataque negativos. O valor

de máximo da curva é conhecido como coeficiente de sustentação máximo (𝐶𝑙)𝑚𝑎𝑥, e logo

após, com o aumento do ângulo de ataque, ocorre uma brusca queda do coeficiente de

sustentação conhecida como estol, conforme gráfico 2 (ANDERSON JR., 1999).

Gráfico 2 – Coeficiente de sustentação versus ângulo de ataque de perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

É importante ressaltar que o gráfico 2 é de um perfil genérico, à uma determinada

condição de voo. Existem perfis em que o ângulo de ataque para sustentação nula é zero ou até

positivo, por exemplo.

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A curva do coeficiente de momento versus alpha também possui singularidades,

conforme gráfico 3. Na região linear é obtido o coeficiente angular da reta, denominado 𝑚0.

Quando ocorre a separação de fluido, na região superior ou inferior do perfil, o comportamento

de reta deixa de existir e a curva possui comportamentos distintos variando em cada perfil.

Gráfico 3 – Coeficiente de momento versus alpha para um perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

O gráfico 4 relaciona coeficiente de arrasto à variação do ângulo de ataque, e,

diferentemente dos gráficos anteriores, não possui, de forma generalizada, uma região linear.

O ponto de mínimo é denominado (𝐶𝑑)𝑚𝑖𝑛, e não ocorre necessariamente para ângulo de ataque

zero. Seu valor é único para cada perfil, com suas variáveis de voo determinadas.

Gráfico 4 – Coeficiente de arrasto versus alpha para um perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

Como dito os coeficientes aerodinâmicos variam em relação o ângulo de ataque,

o número de Reynolds e o número de Mach. Os comportamentos que foram expostos são para

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73

escoamentos com números de Mach menores que um, ou seja, para escoamentos subsônicos

incompressíveis10. O comportamento dos coeficientes para velocidades acima do som, ou

próximos a ela, possuem comportamentos diferentes. Com o aumento de 𝑀∞, o coeficiente de

sustentação tente aumentar visto que a força de sustentação ocorre basicamente devido à

distribuição de pressão na superfície da asa, quanto maior o 𝑀∞, maior a diferença de pressão

em um determinado ponto do perfil. Segundo Anderson Jr. (1999), a regra de Prandl-Gaulert diz

que o coeficiente de sustentação e arrasto podem ser aproximados conforme equacionamentos

expostos nos gráficos 5 e 6.

Gráfico 5 – Coeficiente de sustentação versus número de Mach para um perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

10 O regime de fluidos subsônicos incompressíveis é para números de Mach menor que 0,3 (ANDERSON JR.,

1999, p. 82).

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Gráfico 6 – Coeficiente de arrasto versus número de Mach para um perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

3.2.4 Centro aerodinâmico do perfil

O centro aerodinâmico de um perfil (a.c., do inglês aerodynamic center) é o

lugar geométrico em que o momento torsor é constante, independentemente o ângulo de ataque

do perfil. A presença do a.c. é muito importante para o estudo aerodinâmico, pois o mesmo

permite um valor fixo de momento torsor gerado pelo perfil, dentre as especificações de voo da

aeronave. Desta forma é possível dimensionar os demais componentes do avião a fim de obter

seu equilíbrio estático e dinâmico. O lugar geométrico do a.c. pode ser obtido ao encontrar um

ponto arbitrário, muitas literaturas escolhem um quarto da corda do perfil segundo o bordo de

ataque, e estipula uma cota 𝑥𝑎.𝑐.. Após uma série de simplificações, é obtido a equação 12 para

obtenção do a.c., é importante ressaltar que essa equação só é válida para perfis que, no número

de Reynolds desejado, possuem o aumento dos coeficientes de sustentação e arrasto de forma

linear (ANDERSON JR., 1999). O desenho 25 ilustra a obtenção do centro aerodinâmico a partir

de um quarto da corda de um perfil genérico.

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Desenho 25 – Obtenção do centro aerodinâmico a partir de um quarto da corda de um perfil genérico

Fonte: ANDERSON JR., 1999

𝑥𝑎.𝑐.𝑐= −

𝑑𝐶𝑚𝑐4

𝑑𝛼𝑑𝐶𝑙𝑑𝛼

= −𝑚0

𝑎0(12)

3.3 ESTUDO AERODINÂMICO DE ASAS FINITAS

O estudo aerodinâmico dos perfis é essencial para desenvolver a melhor

geometria para uma determinada característica de voo. Analisar a asa, e não somente a sessão

da mesma, contudo, existe análise de fatores diferentes. Isso porque o escoamento sobre um

perfil é somente sobre duas dimensões, e na asa três. Essa terceira dimensão exige para o projeto

de uma aeronave o entendimento de como é o fluxo de fluido e como o mesmo pode ser

otimizado para o melhor projeto aerodinâmico.

3.3.1 Força de sustentação para uma asa finita

A análise dos perfis, bidimensional, pode ser entendida como a análise de uma

asa de envergadura infinita. Essa afirmação só é válida desde que seja desconsiderado no

momento do voo quaisquer perturbações no eixo ortogonal ao do perfil estudado. Segundo

Anderson Jr. (1999), é comum denominar o resultado da análise dos perfis como dados de asa

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infinita. Como as aeronaves possuem asas finitas, por motivos óbvios, algumas propriedades

geométricas surgem. A relação de razão de aspecto, ou do inglês aspect ratio (AR), possui a

relação entre a envergadura e a forma plana da asa (S), conforme equação 13.

𝐴𝑅 =𝑏2

𝑆 (13)

Como existem diferenças no estudo aerodinâmico de uma asa infinita e finita,

existe diferença na performance de cada caso. A sustentação de uma asa finita, com um

determinado perfil e situação de voo, fornece valores diferentes e menores que de uma asa

infinita. Isso porque surgem vórtices11 nas pontas de asas que diminuem seus desempenhos,

conforme ilustrado no desenho 26.

Desenho 26 – Vórtices nas pontas das asas

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

Segundo Anderson Jr. (1999), os vórtices nas pontas das asas formam um efeito

chamado de downwash, representado no desenho 27, que é a componente da velocidade do

vórtice que age em sentido oposto à força de sustentação. Esse efeito de vento relativo é

combinado com o escoamento livre, num ângulo de incidência (𝛼𝑖), resultando num escoamento

relativo local. Esse escoamento resulta em uma determinada secção transversal da asa um

ângulo de ataque relativo (𝛼𝑒𝑓𝑓), menor que o ângulo de ataque geométrico (𝛼𝑔) do perfil.

Como o coeficiente de sustentação é diretamente proporcional ao ângulo de ataque, o

coeficiente de sustentação para asas finitas (𝐶𝐿) é menor que o coeficiente de sustentação de

perfis (𝐶𝑙).

11 Vórtices são análogos à pequenos tornados que alteram o escoamento, induzindo mudanças em sua velocidade

e pressão sobre a asa (ANDERSON JR., 1999, p. 79).

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77

Desenho 27 – Efeito downwash em asas finitas

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

Segundo Anderson Jr. (1999), a perda de coeficiente de sustentação nas asas

finitas depende dos tipos de asas utilizados na aeronave. É possível agrupar as asas em quatro

categorias: asas retas com grande12 razão de aspecto, asas retas de baixa razão de aspecto, asas

com enflechamento e asas em delta. Similarmente à curva do coeficiente de sustentação de

perfil em relação ao seu ângulo de ataque, também existe um coeficiente angular (a) para uma

região reta na curva do coeficiente de sustentação para asas finitas em relação ao ângulo de

ataque da mesma. A seguir serão apresentados os coeficientes angulares de acordo com o tipo

de asa, sendo todos para escoamentos subsônicos incompressíveis.

Asas retas e grande razão de aspecto, coeficiente angular representado na

equação 14.

𝑎 = 𝑎0

1 +𝑎0

(𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅)

(14)

Asas retas com baixa razão de aspecto, coeficiente angular representado na

equação 15.

12 É considerado asas com grande razão de aspecto quando for maior ou igual à quatro (ANDERSON JR., 1999,

p. 82).

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𝑎 =𝑎0

√1 + [𝑎0

(𝜋 ∙ 𝐴𝑅)]2

+𝑎0

(𝜋 ∙ 𝐴𝑅)

(15)

Asas com enflechamento, coeficiente angular representado na equação 16,

𝑎 =𝑎0 ∙ cos Ʌ

√1 + [𝑎0 ∙ cos Ʌ(𝜋 ∙ 𝐴𝑅)

]2

+𝑎0 ∙ cos Ʌ(𝜋 ∙ 𝐴𝑅)

(16)

Asas em delta, coeficiente angular representado na equação 17.

𝐶𝑁

(𝑠 𝑙⁄ )2= 2 ∙ 𝜋 ∙ (

𝛼

𝑠 𝑙⁄) + 4,9 ∙ (

𝛼

𝑠 𝑙⁄)1,7

(17)

Sendo 𝑒 o fator de eficiência de envergadura, depende da geometria da forma

plana da asa, incluindo a razão de aspecto e o afilamento. Em asas em delta, é utilizado o

coeficiente de força normal (𝐶𝑁), o comprimento da asa em delta (l), similar à sua corda de raiz,

e sua meia envergadura.

O coeficiente de sustentação para uma asa finita pode ser escrito, portanto, de

acordo com a equação 18.

𝐶𝐿 = 𝑎 ∙ (𝛼 −∝𝑙=0) (18)

3.3.2 Força de arrasto para uma asa finita

Ao visualizar uma aeronave em voo, o efeito de se manter no ar faz com que ao

pensar em aerodinâmica a sustentação seja a principal área de estudo. Possuir sustentação com

eficiência, por outro lado, é muito mais importante. Para tanto deve-se estudar com cautela o

arrasto gerado pela aeronave. Anderson Jr. (1999) afirma que ainda não existem modelos

analíticos, ou mesmo numéricos ou empíricos, que consigam traduzir de forma eficiente o

arrasto gerado pela aeronave. A quantização exata de arrasto é obtida principalmente por

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experimentos. Existem métodos analíticos que é possível fazer uma análise preliminar do

projeto, sendo mais assertivo na determinação dos componentes em etapas experimentais

futuras. O número de Mach é muito utilizado para estimar o arrasto gerado pela aeronave, e

com três grupos possíveis de voo (subsônico, transônico e supersônico) o estudo ocorre de

formas diferentes para cada um. Como o objeto de estudo é um VANT sustentável, apenas o

entendimento subsônico será apresentado.

As forças aerodinâmicas (sustentação e arrasto) possuem como origem os efeitos

devido a distribuição de pressão e tensão de cisalhamento. É intuitivo atribuir a tensão de

cisalhamento como a responsável pelo arrasto, porém existe também uma parcela da pressão

que produz sustentação cuja componente horizontal é na direção e sentido da força de arrasto.

Portanto ao analisar o arrasto gerado por um perfil, ou uma asa infinita, o

coeficiente de arrasto (𝐶𝑑) é o somatório de duas componentes: coeficiente de atrito na

superfície molhada (𝐶𝑓) e coeficiente de arrasto devido à pressão causada pela separação do

escoamento (𝐶𝑑.𝑝), conforme indicado na equação 19. O atrito da superfície molhada é

originário da tensão de cisalhamento agindo na superfície externa do perfil. O arrasto devido à

diferença de pressão na separação do escoamento ocorre no momento que a camada limite é

deslocada na região final do perfil, e as redistribuições de pressões dos dorsos superior e inferior

ocorrem de tal modo que surge uma baixa pressão originando uma componente da força de

arrasto (ANDERSON JR., 1999).

𝐶𝑑 = 𝐶𝑓 + 𝐶𝑑.𝑝 (19)

Para cálculo do coeficiente de arrasto devido atrito na superfície molhada, é

necessário estabelecer se o escoamento na asa é laminar ou turbulento. Segundo Anderson Jr.

(1999), não há definição analítica clara para determinar onde ocorre essa transição, sendo

adotado de forma generalizada o uso em escoamentos turbulentos devido ao número de

Reynolds ser usualmente elevado. Para o coeficiente de arrasto devido à pressão causada pela

separação do escoamento ainda não existem desenvolvimentos concretos para seu cálculo, e

seu valor é usualmente atribuído após experimentos.

O estudo da força de arrasto para uma asa finita também leva em consideração

os vórtices nas pontas das asas. Esses resultam em um arrasto adicional à aeronave, chamado

de coeficiente de arrasto induzido (𝐶𝐷𝑖). Segundo Anderson Jr. (1999), esse fenômeno ocorre

somente devido à perturbação da pressão nas asas pelo vórtice de tal modo que sua distribuição

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nas superfícies das asas aumenta a componente responsável pelo arrasto. Para asas retas de alta

razão de aspecto, seu equacionamento é exposto na equação 20.

𝐶𝐷𝑖 =𝐷𝑖

𝑞∞ ∙ 𝑆=

𝐶𝐿2

𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅(20)

Onde o fator de eficiência de envergadura é calculado pela equação 21.

𝑒 =1

1 + 𝛿(21)

O fator de arrasto induzido (δ) é obtido pelo gráfico 7, que relaciona o afilamento

e razão de aspecto.

Gráfico 7 – Fator de arrasto induzido em função do afilamento para asas de diferentes razões de

aspecto

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

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81

3.4 POLAR DE ARRASTO

A relação entre 𝐶𝐷 e 𝐶𝐿 existe em qualquer corpo aerodinâmico e pode ser

expressada através de uma equação ou um gráfico. O nome dessa relação é polar de arrasto. O

ponto culminante no design aerodinâmico de uma aeronave é a determinação de sua polar de

arrasto pois caso o corpo possua uma baixa relação entre sustentação e arrasto, o mesmo é

pouco eficiente. Conseguir minimizar o arrasto, portanto, é um dos principais objetivos do

projeto aerodinâmico de uma aeronave. Para tanto é necessário entender a origem dessa força

que reduz diretamente a eficiência de um avião. O arrasto possui diferentes causas, porém

apenas duas origens (devido às diferenças de pressões no sentido oposto ao deslocamento, ou

devido às tensões de cisalhamento). Segundo Anderson Jr. (1999), é chamado arrasto parasita o

somatório do arrasto devido ao atrito da área molhada, à componente da diferença de pressão

nas asas no sentido oposto ao movimento, a interferência mútua entre fuselagem, e demais

componentes, com a asa, e ao ganho de arrasto ao alterar o ângulo de ataque para obter maior

sustentação. As diferentes formas de agir do arrasto são exemplificadas no diagrama 1, em que

as porcentagens das parcelas de arrasto, em relação ao arrasto parasita total, são relacionadas

para uma aeronave da Airbus® nas situações de voo reto nivelado (𝑀∞ ≅ 0,8) e decolagem.

Diagrama 1 – Parcelas de arrastos em relação ao arrasto total para duas situações de uma mesma

aeronave

Fonte: JOBE, 1985, adaptado pelo autor

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Para dimensionamento inicial da polar de arrasto, segundo Anderson Jr. (1999),

é necessário estimar o atrito parasita de toda a aeronave, e esse cálculo envolve a aproximação

da área molhada da aeronave. Esta pode ser estimada utilizando um gráfico 8, da relação

histórica de aeronaves que representam de forma exemplar diferentes categorias de aviões em

relação à sua carga alar13 (𝑊 𝑆⁄ ), onde W é o peso da aeronave.

Gráfico 8 – Obtenção da relação de área molhada e área da forma plana da asa para diferentes tipos de

aeronaves

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

Para estimar o coeficiente de arrasto parasita para sustentação nula (𝐶𝐷0), é

utilizado a equação 22.

𝐶𝐷0 =𝑆𝑤𝑒𝑡𝑆∙ 𝐶𝑓 (22)

Onde o coeficiente de atrito na superfície é obtido em função do número de

Reynolds e o comprimento médio da corda no gráfico 9.

13 Carga alar é a relação entre o peso total da aeronave em relação à sua forma plana da asa (ANDERSON JR.,

1999, p. 128).

Page 83: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

83

Gráfico 9 – Coeficiente de atrito na superfície em função do número de Reynolds baseado na corda

média

Fonte: JOBE, 1985, adaptado pelo autor

Segundo HULL (2007), para escoamento turbulento é possível estimar o

coeficiente de atrito da superfície molhada de maneira analítica através da equação 23, desde

que possua o número de Reynolds do fluido em escoamento sobre a asa.

𝐶𝑓 =0,455

(log𝑅𝑒)2,58 (23)

Similarmente, Anderson Jr. (1999) propõe para o mesmo tipo de escoamento o

equacionamento 24.

𝐶𝑓 =0,42

[ln(0,056 ∙ 𝑅𝑒)]2 (24)

Page 84: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

84

Para simplificação dos arrastos presentes em um avião, Anderson Jr. (1999)

sugere a equação 25, que representa a soma das parcelas de: arrasto parasita (𝐶𝐷,𝑒), arrasto da

onda de choque (𝐶𝐷,𝑤) e arrasto induzido.

𝐶𝐷 = 𝐶𝐷,𝑒 + 𝐶𝐷,𝑤 +𝐶𝐿2

𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅(25)

Após uma série de simplificações em cada parcela, o coeficiente de arrasto da

aeronave para voo subsônico pode ser expresso de acordo com a equação 26.

𝐶𝐷 = 𝐶𝐷0 +𝐶𝐿2

𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅(26)

E 𝐶𝐷0 também é a soma de 𝐶𝐷,𝑒,0 e 𝐶𝐷,𝑤,0, que são os coeficientes de arrasto

parasita e de onda de choque, para sustentação nula, respectivamente. O gráfico 10 representa

a relação entre sustentação e arrasto em uma aeronave, ou seja, sua polar de arrasto.

Gráfico 10 – Polar de arrasto de uma aeronave

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

É importante ressaltar que o ângulo θ presente no gráfico 10 é o valor da

inclinação da resultante das forças na aeronave em relação ao deslocamento da mesma, para

um determinado α. O valor máximo da polar de arrasto da aeronave, conforme representado no

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85

gráfico 11, é a tangente da curva a partir da origem dos sistemas, chamada de coeficiente de

design da aeronave, e seu respectivo ponto de intersecção, ponto de design da aeronave.

Gráfico 11 – Ponto de design da aeronave

Fonte: ANDERSON JR., 1999, adaptado pelo autor

O correto cálculo da polar de arrasto é muito importante para projeto de uma

aeronave. Seus cálculos preliminares, que moldarão o desenvolvimento dos demais

componentes do avião, devem conseguir retratar com precisão sua eficiência, ou seja, o ponto

de design obtido deve atender fielmente as necessidades do projeto.

Page 86: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

86

4 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE UM VANT

O desenvolvimento de uma aeronave deve seguir uma metodologia, em que

diversos aspectos da mesma são definidos através de um modelo sistemático. Existem

bibliografias renomadas quanto ao desenvolvimento de um avião, de autores como Frati (1946),

Vandaele (1962), Wood (1968), Torenbeek (1981), Stinton (1983), Roskan (1985) e Raymer

(1989). Essas metodologias abrangem todos os tipos de aeronaves, principalmente as de

aplicação militar, pois essa categoria locomoveu grande esforço da evolução da indústria

aeronáutica. As aeronaves subsônicas leves, contudo, possuem singularidades de tal modo que

as metodologias para desenvolvimento de um caça supersônico se tornam incompatíveis, pois

possuem etapas desnecessárias para essa categoria. Barros (2001) desenvolveu uma

metodologia geral envolvendo todas etapas do desenvolvimento de um avião com base nos

autores citados, porém com o foco em aeronaves leves e subsônicas, características comuns do

VANT em estudo nesse trabalho. Essa metodologia, exposta no esquema 4, exemplifica o

processo completo do desenvolvimento de uma aeronave, porém são necessárias metodologias

específicas para as etapas intermediárias. Noth (2006), Leutenegger (2014) e Barbosa (2014)

desenvolveram metodologias similares e específicas para o dimensionamento inicial de um

VANT movido a energia solar, englobando até a etapa anteprojeto de Barros (2011).

Esquema 4 – Etapas gerais do desenvolvimento de aeronaves

Fonte: BARROS, 2001, adaptado pelo autor

Especificações e Requisitos

Estudos preliminares

Anteprojeto

Projeto

Fabricação

Ensaios no solo

Ensaios em voo

Certificação

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87

Noth (2006) propõe a metodologia para o design conceitual, que engloba apenas

as três primeiras etapas do desenvolvimento de uma aeronave proposta por Barros (2001), cujo

objetivo otimizar o balanço de energia produzida e consumida na aeronave, de modo a possuir

o menor peso próprio e, consequentemente, melhor desempenho de voo. Este trabalho adota

como principal referência essa metodologia, devido que a mesma desenvolve de forma

específica o design conceitual de um VANT movido a energia solar. É importante ressaltar que

o fator de escala dessa metodologia foi estudado no trabalho desse autor e se demonstrou

bastante versátil quanto as suas possíveis aplicações. A metodologia é exemplificada no

esquema 5, e é baseada em dois simples balanços:

Balanço de massa: a força de sustentação deve ser igual ao somatório do peso de

todos os componentes da aeronave;

Balanço de energia: a energia gerada pelos painéis solares ao longo do dia deve

ser maior ou igual à energia elétrica consumida pela aeronave.

Esquema 5 – Balanço de massa e energia na metodologia utilizada

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentre os métodos sugeridos por Noth (2008), foi adotado a metodologia

analítica e contínua, que consiste em estabelecer relações entre os componentes utilizando

equações analíticas de modelos que descrevem suas características. A metodologia começa ao

estabelecer a expressão da potência necessária para a aeronave permanecer em voo nivelado,

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88

ou seja, com altitude constante. Depois é proposto um modelo de irradiância solar, em que será

possível estimar a energia solar diária disponível. A seguir os modelos de massa de cada

componente são apresentados, que completa o ciclo para que seja desenvolvido a solução

analítica e, em seguida, a solução da metodologia.

Noth (2008) sugere substituir as equações para cálculo desse balanço por

variáveis 𝐴𝑖, no lugar de longas fórmulas de modo a manter a didática do processo, assim como

possibilitar uma visualização gráfica dos resultados. Essa variável foi adotada nesse trabalho

com a letra maiúscula a fim de poder distinguir do coeficiente angular da curva 𝐶𝑙 versus α.

4.1 ENERGIA DIÁRIA REQUERIDA

A energia diária requerida, como o nome sugere, consiste na demanda energética

necessária para que a aeronave possa realizar voo ao longo de um dia.

4.1.1 Energia para voo reto e nivelado

No voo reto e nivelado, a força de sustentação gerada pelas asas deve ser igual

ao peso dos componentes constituintes da aeronave, assim como o empuxo gerado pela hélice

deve compensar a força de arrasto. A velocidade (v) pode ser obtida ao ser isolada na equação

da força de sustentação, conforme indicado na equação 27. O empuxo (T) foi calculado

conforme indicado no equacionamento 28, onde 𝑚 e 𝑔 são, respectivamente a massa e

aceleração da gravidade local.

𝑣 = √2 ∙ 𝑚 ∙ 𝑔

𝐶𝐿 ∙ 𝜌 ∙ 𝑆 (27)

𝑇 = 𝐶𝐷 ∙𝜌

2∙ 𝑆 ∙ 𝑣2 (28)

Page 89: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

89

Substituindo a equação 27 em 28, foi obtido a equação 29, onde 𝑃𝑙𝑒𝑣 é a potência

para voo reto e nivelado.

𝑃𝑙𝑒𝑣 = 𝑇 ∙ 𝑣 =𝐶𝐷

𝐶𝐿3 2⁄

∙ √(𝑚 ∙ 𝑔)3

𝑆∙ √2

𝜌(29)

Utilizando a relação da razão de aspecto, é possível reescrever a equação 29,

obtendo a equação 30.

𝑃𝑙𝑒𝑣 =𝐶𝐷

𝐶𝐿3 2⁄

∙ √2 ∙ 𝐴𝑅 ∙ 𝑔3

𝜌⏟

𝐴0

∙𝑚3 2⁄

𝑏(30)

4.1.2 Cálculo da Energia Diária Requerida

Para o cálculo da potência elétrica total consumida (𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡), indicado na

equação 31, as eficiências dos componentes: motor (𝜂𝑚𝑜𝑡), controlador eletrônico (𝜂𝑐𝑡𝑟𝑙), caixa

de transmissão (𝜂𝑔𝑟𝑏), da hélice (𝜂𝑝𝑙𝑟) e BEC (𝜂𝐵𝐸𝐶) devem ser conhecidas. O BEC, do inglês

battery eliminator circuit, é um dispositivo eletrônico que possui a finalidade de fornecer

energia aos servos motores que podem necessitar uma alta demanda repentina de corrente. A

potência consumida por sistemas aviônicos (𝑃𝑎𝑣) e de carga útil (𝑃𝑝𝑙𝑑) também devem ser

calculados.

𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 =1

𝜂𝑐𝑡𝑟𝑙 ∙ 𝜂𝑚𝑜𝑡 ∙ 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝜂𝑝𝑙𝑟⏟ 𝐴1

∙ 𝑃𝑙𝑒𝑣 +1

𝜂𝐵𝐸𝐶∙ (𝑃𝑎𝑣 + 𝑃𝑝𝑙𝑑)

⏟ 𝐴2

(31)

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90

O cálculo da energia diária requerida (𝐸𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡), ou energia elétrica total,

indicado na equação 32, deve levar em consideração a potência elétrica total consumida, assim

como a eficiência de carga (𝜂𝑐ℎ𝑟𝑑) e descarga (𝜂𝑑𝑐ℎ𝑟𝑑) da bateria para o período noturno. Nos

períodos de alvorecer e crepúsculo, ambas fontes de energia (células fotovoltaicas e baterias)

estão ativas. De modo a simplificar as equações, Noth (2008) adota essa transição de períodos

diários como instantâneas, dividindo o dia no período diurno (𝑇𝑑𝑎𝑦) e noturno (𝑇𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡).

𝐸𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 = 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 ∙ (𝑇𝑑𝑎𝑦 +𝑇𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡

𝜂𝑐ℎ𝑟𝑔 ∙ 𝜂𝑑𝑐ℎ𝑟𝑔) (32)

4.2 ENERGIA DIÁRIA OBTIDA

4.2.1 Modelo de irradiância

Segundo Noth (2008), o modelo de irradiância depende de diversas variáveis,

como a localização geográfica, data e horário, condições climáticas, assim como a reflexão da

superfície da Terra. Foi adotado o modelo de comportamento trigonométrico da irradiância,

com apenas dois parâmetros a serem extraídos: irradiância máxima (𝐼𝑚𝑎𝑥) e duração do dia. A

energia solar diária por metro quadrado (𝐸𝑑𝑎𝑦 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑡𝑦), é a área abaixo da curva no gráfico 12,

e pode ser facilmente calculada aplicando a equação 33. A fim de levar em consideração dias

nublados, a constante 𝜂𝑤𝑡ℎ𝑟, chamada de fator de margem de irradiância, foi adicionada, sendo

seu valor máximo os dias sem nuvens, e mínimo os dias encobertos.

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Gráfico 12 – Exemplo da comparação do modelo de irradiância de forma trigonométrica e polinomial

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

𝐸𝑑𝑎𝑦 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑡𝑦 =𝐼𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑇𝑑𝑎𝑦

𝜋 2⁄∙ 𝜂𝑤𝑡ℎ𝑟 (33)

4.2.2 Cálculo da energia solar diária

A energia elétrica total foi obtida ao multiplicar o resultado da equação 33 com

a área da superfície das células fotovoltaicas (𝐴𝑆𝐶), com suas eficiências (𝜂𝑆𝐶) e com a eficiência

do Maximum Power Point Tracker (𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇), conforme equação 34. É importante ressaltar que

as células estão dispostas em uma superfície abaulada, devido ao formato do perfil da asa. Dessa

forma a incidência solar sobre a superfície das células ocorrem de modo heterogêneo, com

ângulos (θ) que variam ao longo da mesma (desenho 28). A célula que obter o menor ângulo

de incidência (𝜃1), a depender do arranjo elétrico entre as demais células, pode penalizar o

rendimento do conjunto. Noth (2008) sugere que a montagem seja feita em série a fim de que

possuam a mesma orientação. O autor afirma que simulações foram realizadas e que o impacto

dessa disposição em relação à uma superfície plana é de 10% ao longo do dia, na região central

da Europa. Portanto é adotado a eficiência da curvatura (𝜂𝑐𝑏𝑟) como de aproximadamente 90%.

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Desenho 28 – Ângulo de incidência dos raios solares nas células fotovoltaicas ao longo do perfil da

asa

Fonte: NOTH, 2008

𝐸𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 = 𝐸𝑑𝑎𝑦 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑡𝑦 ∙ 𝐴𝑆𝐶 ∙ 𝜂𝑆𝐶 ∙ 𝜂𝑐𝑏𝑟 ∙ 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 (34)

4.3 MODELOS DE PREVISÃO DE MASSA

4.3.1 Massas fixas

Existem massas fixas na aeronave (𝑚𝑓𝑖𝑥𝑒𝑑), que não dependem do

dimensionamento dos demais componentes da aeronave. Essas massas são a carga útil (𝑚𝑝𝑙𝑑)

e os sistemas aviônicos da aeronave (𝑚𝑎𝑣), como os servos motores e sistema de piloto

automático, por exemplo. Seu cálculo é exemplificado na equação 35.

𝑚𝑓𝑖𝑥𝑒𝑑 = 𝑚𝑎𝑣 +𝑚𝑝𝑙𝑑⏟ 𝐴3

(35)

Page 93: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

93

4.3.2 Massa da estrutura da aeronave

Noth (2008) sugere um método alternativo para a modelagem e estimativa da

massa dos componentes da aeronave. A abordagem utiliza método empírico seguindo análise

estatística da distribuição de massa de diversas aeronaves que mais se aproximam à um VANT

solar. Os parâmetros (envergadura, área da asa, razão de aspecto, peso estrutural e peso vazio)

foram analisados primeiro para a série histórica de 415 planadores de diversas dimensões,

depois foi analisado a aproximação empírica obtida para o histórico generalizado de aeronaves

no Grande Diagrama de Voos. Na primeira análise, os planadores foram divididos em dois

grupos: o primeiro, com 92 aeronaves, apenas planadores radio-controlados. O segundo grupo,

com 323 aeronaves, somente planadores com humano embarcado.

No gráfico 13, referente à primeira análise, a região inferior esquerda referem-

se às aeronaves radio-controladas, e na região oposta, as aeronaves com humano embarcado.

Noth (2008) propõe a equação empírica 36 para obter a tendência, e utiliza a equação 37 a fim

de mitigar os erros. Onde 𝑊𝑎𝑓 e 𝑀𝑎𝑓 são, respectivamente, o peso e a massa dos planadores

analisados.

Gráfico 13 – Análise da tendência do peso estrutural em relação à área de asa para planadores radio-

controlados e com humanos embarcados

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

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94

𝑊𝑎𝑓 = 𝑔 ∙ 𝑀𝑎𝑓 = 𝑔 ∙ 𝑘𝑎𝑓 ∙ 𝑆𝑥1 ∙ 𝐴𝑅𝑥2 (36)

∑1

𝑊𝑖2 ∙ (𝑊𝑖 −𝑊)

2

𝑛

𝑖=1

(37)

Onde 𝑘𝑎𝑓, 𝑥1 e 𝑥2 são constantes a serem determinadas. Após a refinamento pela

equação 37, a equação 38 foi obtida.

𝑊𝑎𝑓 = 5,58 ∙ 𝑆1,59 ∙ 𝐴𝑅0,71 (38)

A fim de obter maior precisão no resultado, Noth (2008) propõe refinar o espaço

amostral com planadores com melhor qualidade construtiva (pois possuem a menor relação de

carga alar). Para tanto foram divididos dois novos grupos, os que possuem carga estrutural

menor que o obtido na equação 38, e os com maiores cargas estruturais. O primeiro grupo, com

melhor qualidade construtiva, possui 260 planadores. O refinamento pela equação 37 é

executada novamente e são obtidas novas constantes para a equação 36. O resultado é dividido

em dois novos grupos, obtendo os mais leves. Esse processo foi repetido até que a quantidade

de planadores remanescentes represente aproximadamente 5% da quantidade original de

planadores (415 aeronaves). O resultado foram apenas 19 planadores representando o grupo

com melhor qualidade construtiva, e a equação 33 foi recalculada obtendo as equações 39 e 40.

𝑊𝑎𝑓 = 0,44 ∙ 𝑆1,55 ∙ 𝐴𝑅1,30 = 0,44 ∙ 𝑏3,10 ∙ 𝐴𝑅−0,25 (39)

𝑊𝑎𝑓 𝑆⁄ = 0,59 ∙ 𝑊𝑎𝑓0,35 ∙ 𝐴𝑅0,84 (40)

Page 95: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

95

Na segunda análise foi utilizado o Grande Diagrama de Voo, gráfico 14, em que

os mesmos parâmetros são analisados em uma série histórica para objetos voadores de todas as

naturezas: desde o voo de um inseto até aeronaves comerciais de grandes dimensões, como o

Boeing® 747. Tennekes (1992) propões, utilizando esse diagrama, a equação 41, relacionando

carga alar com o peso dos objetos voadores. Este conceito de correlacionar seres voadores de

naturezas diversas parte do pressuposto que existem similaridades geométricas entre todos

objetos voadores.

𝑊 𝑆⁄ = 47 ∙ 𝑊1 3⁄ (41)

Os resultados obtidos por Tennekes (1992) e Noth (2008), demonstram as

similaridades geométricas dos objetos voadores, visto que o expoente do peso obtido pelo

segundo, 0,35, foi aproximadamente o obtido pelo primeiro, 0,33. O equacionamento genérico

da massa estrutural é exposto na equação 42, sendo um simples desenvolvimento da equação

36 e este trabalho utiliza as constantes como obtida por Noth (2008). 𝑘𝑎𝑓 é chamado de

constante da massa estrutural da aeronave. 𝑥1 e 𝑥2 são chamados, respectivamente, de expoente

da envergadura e expoente da razão de aspecto na massa estrutural.

𝑚𝑎𝑓 = 𝑘𝑎𝑓 ∙ 𝐴𝑅𝑥2⏟

𝐴4

∙ 𝑏𝑥1 (42)

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96

Gráfico 14 – Grande Diagrama de voo e as curvas de tendência de Noth (2008) e Tennekes (1992)

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Page 97: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

97

4.3.3 Massa das células fotovoltaicas

Noth (2008) propõe dimensionar 𝐴𝑆𝐶 como a área exata para que seja possível

realizar o balanço de energia. A partir das equações 32 e 34 foi obtida a área da superfície das

células fotovoltaicas, equação 43.

𝐴𝑆𝐶 =𝜋

2 ∙ 𝜂𝑆𝐶 ∙ 𝜂𝑐𝑏𝑟 ∙ 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 ∙ 𝐼𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝜂𝑤𝑡ℎ𝑟 ∙ (1 +

𝑇𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡

𝑇𝑑𝑎𝑦 ∙ 𝜂𝑐ℎ𝑟𝑔 ∙ 𝜂𝑑𝑐ℎ𝑟𝑔)

⏟ 𝐴9

∙ 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 (43)

As células fotovoltaicas estão encapsuladas em duas superfícies transparentes e

não reflexivas. O cálculo da massa das células fotovoltaicas (𝑚𝑆𝐶) é obtido ao multiplicar 𝐴𝑆𝐶

pelas densidades de área das células fotovoltaicas (𝑘𝑆𝐶) e de encapsulamento (𝑘𝑒𝑛𝑐), segundo

equação 44.

𝑚𝑆𝐶 = 𝐴𝑆𝐶 ∙ (𝑘𝑆𝐶 + 𝑘𝑒𝑛𝑐)⏟ 𝐴5

(44)

4.3.4 Massa do Maximum Power Point Tracker

O Maximum Power Point Tracker, tem como função adaptar a voltagem dos

painéis solares de modo que consigam produzir o máximo de energia possível. Como a maioria

dos MPPTs presentes no mercado mão são otimizados para VANTs solares, Noth (2008) sugere

uma análise histórica dos MPPTs utilizados em aeronaves e carros solares, domínios que

necessitam de pouca massa e alta eficiência energética, exemplificado no gráfico 15. Deste, foi

obtido a relação entre massa e potência (𝑘𝑚𝑝𝑝𝑡), exposta na equação 45.

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Gráfico 15 – Relação entre massa e potência em MPPTs de alta eficiência

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

𝑘𝑚𝑝𝑝𝑡 =1

2368∙𝑘𝑔

𝑊 (45)

Segundo Noth (2008), a massa do MPPT (𝑚𝑀𝑃𝑃𝑇), em voo reto e nivelado, é

proporcional aos rendimentos da curvatura do perfil, células fotovoltaicas, seu rendimento, à

irradiância máxima e área da superfície das células fotovoltaicas, segundo equação 46.

𝑚𝑀𝑃𝑃𝑇 = 𝑘𝑚𝑝𝑝𝑡 ∙ 𝜂𝑆𝐶 ∙ 𝜂𝑐𝑏𝑟 ∙ 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 ∙ 𝐼𝑚𝑎𝑥⏟ 𝐴6

∙ 𝐴𝑆𝐶 = 𝐴6 ∙ 𝐴𝑆𝐶 (46)

Noth (2008) afirma também que o rendimento do MPPT é o produto do

rendimento da conversão de corrente contínua/corrente contínua (𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑑𝑐𝑑𝑐) e o rendimento

do algoritmo de rastreamento (𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑎𝑙𝑔𝑜). O autor analisou para o primeiro rendimento, em

MPPTs de alta eficiência, 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑑𝑐𝑑𝑐 > 97% e, para o segundo rendimento, 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝑎𝑙𝑔𝑜 >

98%, obtendo para 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 a eficiência sempre superior à 95%.

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99

4.3.5 Massa das baterias

A metodologia de Noth (2008) estima a massa das baterias (𝑚𝑏𝑎𝑡𝑡) como sendo

proporcional à energia que necessita ser estocada, e inversamente proporcional ao seu

rendimento e sua densidade energética14 gravimétrica (𝑘𝑏𝑎𝑡), como exposto na equação 47.

𝑚𝑏𝑎𝑡𝑡 =𝑇𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡

𝜂𝑑𝑐ℎ𝑟𝑔 ∙ 𝑘𝑏𝑎𝑡⏟ 𝐴7

∙ 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡 (47)

4.3.6 Grupo motopropulsor

4.3.6.1 Motores elétricos

Noth (2008) levantou o histórico de diversos fabricantes, tendo como critério

motores de alta qualidade desenvolvido por grandes fabricantes, assim como motores

desenvolvidos especificamente para aeromodelos por pequenos fabricantes. A pesquisa obteve

mais de dois mil motores elétricos, relacionando a massa (𝑚𝑚𝑜𝑡) com suas respectivas

potências, gráfico 16, e potência com eficiência, gráfico 17.

14 Densidade de energia é quanto de energia a bateria é capaz de armazenar em relação ao seu peso próprio. Sua

unidade é Wh/kg.

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Gráfico 16 – Relação entre massa e potência de motores elétricos

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Gráfico 17 – Relação entre potência e eficiência em motores elétricos

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

A análise desses gráficos permite obter as relações para determinados tipos de

motores. Os motores desenvolvidos por grandes fabricantes, destacados em vermelho no

gráfico, possuem uma relação de potência e massa de aproximadamente 0,09 𝑘𝑊 𝑘𝑔⁄ , ou

11,1 𝑘𝑔 𝑘𝑊⁄ . Já os motores desenvolvidos especificamente para aeromodelos, destacados em

verde nos gráficos, obtiveram uma média de aproximadamente 3,40 𝑘𝑊 𝑘𝑔⁄ , ou 0,29 𝑘𝑔 𝑘𝑊⁄ .

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101

Noth (2008) analisa essa grande diferença como sendo devido ao propósito de cada fabricante.

Os motores desenvolvidos para aeromodelos devem possui a maior eficiência em termos de

massa o possível, de modo a reduzir o peso da aeronave.

4.3.6.2 Caixa de transmissão

Noth (2008) fez um levantamento da relação de potência e massa de dois

fabricantes de caixa de transmissão, Maxon e Faulhaber, exemplificado no gráfico 18. Também

obteve a relação entre redução e eficiência, gráfico 19, para os mesmos fabricantes.

Gráfico 18 – Relação entre massa e potência em caixas de transmissão

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

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Gráfico 19 – Relação entre redução e eficiência em caixas de transmissão

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Foi possível observar que maiores relações de transmissão resultam em maiores

perdas de eficiência. Portanto Noth (2008) sugere que o projeto do VANT solar utilize relação

de transmissão baixa. Também sugere que o redutor seja fabricado no projeto do VANT solar,

visto o peso dos redutores comerciais analisados são elevados para uma aeronave que necessita

ser o mais leve possível.

4.3.6.3 Controlador eletrônico

O controlador eletrônico do motor também faz parte do grupo motopropulsor, e

a previsão de sua massa também deve ser levada em consideração. Os motores tipo brushless

são ligeiramente mais complicados de controlar do que os motores tipo brushed. Isso porque o

primeiro necessita de três sinais senoidais que devem estar sincronizados com a posição do

rotor e, portanto, a posição deste deve estar sempre medida. O segundo somente necessita de

uma voltagem constante para seu controle (NOTH, 2008).

Noth (2008) levantou o histórico de 170 controladores eletrônicos para motores

tipo brushless, gráfico 20, obtendo como resultado a proporcionalidade de 0,026 𝑘𝑔 𝑊⁄ .

Afirma, porém, que na prática um controlador otimizado necessita melhores componentes, e

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103

melhores indutores e capacitores de modo a reduzir as perdas. O valor adotado para esse

componente é, portanto, 0,06 𝑘𝑔 𝑊⁄ .

Gráfico 20 – Relação massa e potência de controladores eletrônicos tipo brushless

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

4.3.6.4 Hélices

Noth (2008) sugere a análise histórica em relação à potência desenvolvida pelas

hélices (𝑃𝑝𝑙𝑟) a fim de poder correlacionar a massa das hélices com sua respectiva potência.

Utilizou os dados de 669 aeronaves civis, e também aeronaves solares como Icaré 2, Velair e

SunBeam, presentes no gráfico 21. Como resultado obteve a relação 0,25 𝑘𝑔 𝑘𝑊 ∙ 𝑃𝑝𝑙𝑟⁄ .

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104

Gráfico 21 – Relação massa versus potência de aeronaves civis e VANTs solares

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Em relação à eficiência, Noth (2008) afirma que seu valor depende de sua

potência. Para aeronaves cuja potência é da ordem de 10 W, suas eficiências estão entre 85% a

95%. Também afirma que caso ocorra a redução de escala, sua eficiência tende a também

reduzir. A aeronave SunBeam, cuja envergadura é de 50 cm e possui apenas 3 W de potência,

sua eficiência de hélice é de aproximadamente 58%.

4.3.6.5 Adaptações necessárias para condições de decolagem

Noth (2008) afirma ser necessário adaptações dos valores obtidos nas etapas

anteriores dessa metodologia pois as potências levadas em consideração são os valores

máximos contínuos desenvolvidos por cada componente. Nesse regime de potência máxima,

ocorre a perda de eficiência devido ao efeito Joule por aumento de temperatura. Uma regra

geral apresentada é que a eficiência máxima ocorre a aproximadamente um sétimo do torque

em regime de estol, e um terço à metade da potência máxima. Portanto a relação entre massa e

potência do motor (𝑘𝑚𝑜𝑡) para voo reto e nivelado possui melhor aproximação como

0,71 𝑘𝑔 𝑘𝑊⁄ do que 0,29𝑘𝑔 𝑘𝑊⁄ apresentado anteriormente tendo em relação a potência

máxima contínua. Outra adaptação sugerida por Noth (2008), é que a variação de potência

necessária para uma decolagem de uma aeronave em uma pista extensa, e em sua condição de

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105

voo, é baixa, visto que a mesma desenvolve sua velocidade de forma contínua até obter

sustentação necessária para voo. No VANT cuja decolagem é realizada por impulso manual do

operador, é necessário o ganho de velocidade, e altitude, de forma brusca. O motor deve

fornecer uma potência, nessa situação de decolagem, maior que a utilizada posteriormente em

voo reto e nivelado. Analisar se as demandas energéticas no motor nessas situações estão dentro

das especificações do fabricante é, portanto, necessário para que a aeronave esteja preparada

para possíveis anormalidades como encontro de ventos de nariz e turbulências. Para a aeronave

desenvolvida por Noth (2008), a tabela 1 exemplifica essa variação para as duas condições de

decolagem.

Tabela 1 – Relação massa versus potência do grupo motopropulsor para aeronave SkySailor, levando

em consideração duas condições distintas de decolagem

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

A constante 𝑘𝑝𝑟𝑜𝑝, relação entre massa e potência do grupo motopropulsor, foi

utilizada para obter a massa do grupo moto propulsor (𝑚𝑝𝑟𝑜𝑝), segundo a equação 48.

𝑚𝑝𝑟𝑜𝑝 = 𝑘𝑝𝑟𝑜𝑝 ∙ 𝑃𝑙𝑒𝑣 = 𝑘𝑝𝑟𝑜𝑝⏟ 𝐴8

∙ 𝑎0 ∙ 𝑎1 ∙𝑚32

𝑏 (48)

4.4 RESOLUÇÃO DOS BALANÇOS DE MASSA E ENERGIA

Após a formulação da energia diária requerida, energia solar obtida diariamente

e a previsão das massas dos principais componentes da aeronave, Noth (2008) desenvolveu a

abordagem matemática dos balanços de massa e energia segundo o esquema 6. Este possui a

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106

síntese da metodologia utilizada, com todas as equações envolvidas para cálculo e

dimensionamento, para o design conceitual de uma aeronave movida a energia solar.

Esquema 6 – Representação da metodologia para design conceitual de uma aeronave solar

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Noth (2008) sugere dividir os parâmetros envolvidos na metodologia em três

classes. A primeira são os parâmetros que estão relacionados à tecnologia utilizada e são

considerados constantes no design conceitual. A segunda classe sugerida são os parâmetros

relacionados à missão da aeronave. A última classe possui os parâmetros que variam ao longo

da otimização e são, portanto, também chamados de variáveis. Estes são os responsáveis pelo

resultado da metodologia e estabelecimento do layout da aeronave. A primeira e segunda classe

estão destacadas em verde e vermelho no esquema 5, respectivamente.

A solução matemática do loop proposto na metodologia inicia ao considerar,

como dito, AR, b e m (massa total da aeronave) como variáveis da aeronave e todos os outros

valores como parâmetros. Noth (2008) inicia a resolução ao somar todas as massas da aeronave

em situação de decolagem, segundo equação 49.

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𝑚 = 𝑚𝑓𝑖𝑥𝑒𝑑 +𝑚𝑎𝑓 +𝑚𝑆𝐶 +𝑚𝑀𝑃𝑃𝑇 +𝑚𝑏𝑎𝑡 +𝑚𝑝𝑟𝑜𝑝 (49)

Desenvolvendo e substituindo pelas variáveis 𝐴𝑖 a fim simplificar a visualização

da equação, foi obtido a equação 52.

𝑚 = 𝐴3 + 𝐴4 ∙ 𝑏𝑥1 + 𝐴0 ∙ 𝐴1 ∙ 𝐴9 ∙ (𝐴5 + 𝐴6) ∙

𝑚32

𝑏+ 𝐴2 ∙ 𝐴9 ∙ (𝐴5 + 𝐴6) (50)

+𝐴0 ∙ 𝐴1 ∙ 𝐴7 ∙𝑚32

𝑏+ 𝐴2 ∙ 𝐴7 + 𝐴0 ∙ 𝐴1 ∙ 𝐴8 ∙

𝑚32

𝑏

𝑚 − 𝐴0 ∙ 𝐴1 ∙ (𝐴7 + 𝐴8 + 𝐴9 ∙ (𝐴5 + 𝐴6))⏟ 𝐴10

∙𝑚32

𝑏= 𝐴2 ∙ (𝐴7 + 𝐴9(𝐴5 + 𝐴6)) + 𝐴3⏟

𝐴11

+ 𝐴4 ∙ 𝑏𝑥1 (51)

𝑚 − 𝐴10 ∙1

𝑏⏟ 𝐴12

∙ 𝑚32 = 𝐴11 + 𝐴4 ∙ 𝑏

𝑥1⏟ 𝐴13

(52)

A equação 52 pode ser reescrita como uma equação cúbica após a substituição

pela variável z, equação 53, foi obtido a equação 54.

𝑧 = 𝑚12 (53)

𝐴12 ∙ 𝑧3 − 𝑧2 + 𝐴13 = 0 (54)

∴ 𝑧3 −1

𝐴12∙ 𝑧2 +

𝐴13𝐴12

= 0 (55)

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108

Existe apenas uma única solução positiva não complexa da equação 55, que deve

respeitar a inequação 56, sendo novamente ampliado nas inequações 57 e 58.

𝐴122 ∙ 𝐴13 ≤

4

27 (56)

𝐴102 ∙1

𝑏2∙ (𝐴11 + 𝐴4 ∙ 𝑏

𝑥1) ≤4

27 (57)

𝐴102 ∙ 𝐴11 ∙

1

𝑏2+ 𝐴10

2 ∙ 𝐴4 ∙ 𝑏𝑥1−2 ≤

4

27 (58)

Noth (2008) afirma que para uma determinada configuração da aeronave, a

viabilidade de um voo contínuo e permanente é possível caso as inequações anteriores são

respeitadas, assim como a área das células fotovoltaicas deve ser menor que a área das asas.

Resumidamente, as principais etapas do design conceitual são: (1) definição dos requisitos da

missão e da tecnologia embarcada (classes 1 e 2 dos parâmetros), (2) determinação através de

iterações de dimensões importantes para elementos principais do avião, b e AR, que respeitem

as necessidades energéticas (inequação 58) e, (3) avaliação dos valores das massas dos

componentes do avião (resolvendo a equação 52).

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109

5 DESIGN CONCEITUAL DE VANT MOVIDO A ENERGIA SOLAR

Esta seção tem como objetivo o desenvolvimento do design conceitual de um

VANT movido a energia solar, capaz de realizar voo contínuo, aplicando a metodologia

desenvolvida por Noth (2008) e os conhecimentos de aerodinâmica expostos anteriormente.

5.1 MISSÃO DA AERONAVE

Existem inúmeras possibilidades de aplicação dos VANTs solares, este trabalho

desenvolve uma aeronave versátil capaz de ser adaptada para missões que exigem o uso de

aquisição de imagens por câmera em uma determinada área. A captura imagem em aeronave

de alta autonomia possibilita realizar missões como monitoramento ambiental, monitoramento

de fronteiras, vistoria de instalações industriais, mapeamento e topografia, agricultura de

precisão, entre outros. Essa versatilidade proporciona a aeronave imersão em diferentes

mercados, sendo seu maior diferencial, dentre os drones convencionais, a possibilidade de

realizar voos de grande duração, característica do VANT solar. A transmissão de imagens em

tempo real não é adotada nesse trabalho devido ao alto consumo de energia do transmissor da

câmera, assim como a limitação de alcance do mesmo ao receptor em terra. Exemplo disso é o

transmissor do sistema Connex ProSight, em que o transmissor possui potência de consumo de

4,1 W e seu raio de alcance é de apenas 1 km ao receptor fixo em solo (AMIMON, 2016).

5.2 PARÂMETROS REFERENTES À MISSÃO

Para o design conceitual da aeronave, foi necessário estabelecer os parâmetros

relacionados à missão (massa da carga transportada e seu consumo energético, fator de margem

de irradiância, densidade do ar, e duração do dia). O critério de escolha para todos os parâmetros

sempre ocorre para o caso mais crítico, o que constitui um coeficiente de segurança de operação

da aeronave.

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5.2.1 Carga transportada e seu consumo energético

A carga transportada constitui essencialmente o elemento que permite a

aeronave realizar sua missão específica. É importante ressaltar que esses sistemas delimitam o

desempenho da aeronave, pois a massa a ser transportada pela aeronave, ou seja sua carga,

assim como o consumo energético desses sistemas, 𝑃𝑝𝑙𝑑, como demonstrado na metodologia,

afetam diretamente o design conceitual da aeronave. A fim de possibilitar a aeronave obter

imagens em faixas de luz distintas, o que possibilita sua aplicação na agricultura de precisão,

foi escolhido para a aquisição de imagens a câmera Tetracam® ADC Snap, modelo RGB

(Red, Green, Blue) de baixo consumo energético e peso reduzido, sendo capaz de tirar fotos em

movimento com boa definição, sendo ideal para uso no VANT solar. Bernardi, et al. (2014)

afirma que o uso de câmeras RGB, conforme a selecionada, permite a obtenção de dados para

detecção de falhas em plantio, desenvolvimento de cultura, formação da planta, modelo de

elevação do terreno, assim como a imagem sobre a lavoura para a faixa de frequência visível.

Segundo Tetracam (2016), a câmera foi especialmente desenvolvida para uso em VANT,

possuindo a resolução do objeto à altitude de voo de 122 metros e 72,36 mm por pixel. A tabela

2 possui os dados dos parâmetros referente à câmera escolhida.

Tabela 2 – Características do sistema de captura de imagem

Fonte: TETRACAM, 2016

O desenho 29 possui ilustração da câmera escolhida para executar a missão do

VANT solar estudado.

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Desenho 29 – Câmera Tetracam ADC Snap

Fonte: TETRACAM, 2016, adaptado pelo autor

5.2.2 Altitude máxima de operação

A fim de possibilitar a aeronave monitorar todas as unidades de conservação,

assim como quaisquer plantações do território nacional, foi utilizado como referência de solo

para o design conceitual do VANT o ponto culminante do Parque Nacional do Pico da Neblina,

com 2.995,30 metros de altitude em relação ao nível do mar (ABDALA, 2016), sendo também

o ponto culminante de todo o território nacional, permitindo que a aeronave sobreponha

quaisquer obstáculos naturais que encontrar no território nacional. A altitude relativa ao solo a

fim de monitoramento não deve ser grande, pois a qualidade dos detalhes da captura de imagem

reduz com o distanciamento. Foi adotada altitude relativa de voo igual a 100 metros, e

aproximado para altitude máxima de operação (H) em 3.100 metros. Portanto a tabela 3

exemplifica os parâmetros da missão em relação altitude.

Tabela 3 – Parâmetros de altitude para design conceitual do VANT

Fonte: Elaborado pelo autor

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112

5.2.3 Densidade do ar

A densidade do ar é um dos parâmetros referente à missão, pois está relacionado

com a altitude de operação da aeronave. O parâmetro altitude densidade (AD), muito utilizado

na indústria aeronáutica, é definido como a altitude para qual a densidade definida pelo ISA

(International Standard Atmosphere) é igual à densidade do ar a ser estudado. A densidade

definida pelo ISA nada mais é, portanto, que o modelo matemático da atmosfera, normalizando-

a com o objetivo de possibilitar cálculos matemáticos de suas propriedades de modo simples.

Calcular AD significa calcular a densidade real do ar em questão e atribuir a altitude que fornece

a densidade correspondente no padrão ISA. A equação 59 correlaciona a densidade do ar com

a respectiva altitude geopotencial (Z). Esta altitude não é a altitude geométrica da aeronave e

sim a utilizada em cálculos matemáticos para obter a energia potencial gravitacional de um

objeto na atmosfera terrestre. A equação 60 correlaciona H, Z e E, onde E é o raio da Terra e é

adotado o valor estabelecido em 1976 pelo ISA, segundo equação 61 (SHELQUIST, 2016).

𝑍 = 44,3308 − 42,2665 ∙ 𝜌0,234969 (59)

𝐻 =𝐸 ∙ 𝑍

𝐸 − 𝑍 (60)

𝐸 = 6356,766 𝑘𝑚 (61)

Para a altitude geométrica de operação em relação ao nível do mar, exposto na

tabela 3, foi calculado a densidade do ar no padrão ISA na equação 65.

3,100 =6356,766 ∙ 𝑍

6356,766 − 𝑍 (62)

∴ 𝑍 = 3,098 𝑘𝑚 (63)

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113

3,098 = 44,3308 − 42,2665 ∙ 𝜌0,234969 (64)

∴ 𝜌 = 0,899938 𝑘𝑔 𝑚3⁄ (65)

É importante ressaltar que a formulação proposta é baseada na normalização ISA

sendo aplicada somente para a troposfera, região da atmosfera referente ao nível do mar até a

altitude aproximada de 11 km (SHELQUIST, 2016).

5.2.4 Modelo de incidência solar e duração do dia

O modelo de incidência solar foi obtido utilizando o software Radiasol 2®

desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os principais

parâmetros de entrada nesse software são a localização e o respectivo mês para análise. Barbosa

(2014) mostra que maiores latitudes possuem menor incidência solar, em determinado mês,

devido à inclinação do eixo de rotação da terra em relação a incidência dos raios solares. No

desenho 30 foi possível observar que a região polar norte possui no mês de dezembro pouca

incidência de raios solares, o que justifica períodos contínuos de claridade e escuridão em

nessas regiões a depender da época do ano. Regiões com maiores latitudes possuem em

determinados meses, portanto, menor incidência solar que regiões de latitudes amenas.

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Desenho 30 – A exposição solar do polo norte em diferentes meses

Fonte: BARBOSA, 2014, adaptador pelo autor

A região com as maiores latitudes do território brasileiro na época do inverno

foi, portanto, escolhida como região crítica para operação do VANT solar. Caso a região não

forneça radiação solar o suficiente para a aeronave realizar voo contínuo, ou seja, não convergir

valores na aplicação da metodologia utilizando o software MATLAB®, será analisado a

radiação do município presente no software Radiasol 2® com latitude mais próxima do

anterior. Esse critério é repetido até obter convergência no resultado das simulações. O

programa fornece como resultado três tipos de irradiância: global, direta e difusa. Segundo

INPE (2016), a irradiância global, também chamado de irradiância média nesse trabalho,

consistem na irradiância descendente numa superfície horizontal, em que é constituída pelas

irradiâncias diretas e difusas. Destas, a primeira consiste no produto entre a irradiância

ortogonal ao feixe direto no nível de observação pelo cosseno da distância zenital, que é o

complementar do ângulo entre o sol e a linha do horizonte. A irradiância difusa decorre do

espalhamento de constituintes atmosféricos (moléculas, material particulado, entre outros). As

simulações ocorreram tendo como referência uma placa plana e horizontal, o que configura o

pior caso visto que uma possível inclinação na direção do sol aumentaria a irradiação média

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115

obtida. O resultado da análise de radiância só ocorre, portanto, após a determinação dos demais

parâmetros da aeronave a fim de verificar convergências de resultados.

5.2.5 Síntese dos parâmetros relacionados à missão

A tabela 4 possui a síntese dos parâmetros relacionados a missão. O parâmetro

fator de margem de irradiância, também relacionado com a missão da aeronave, é discutido na

seção 5.4.2.

Tabela 4 – Parâmetros relacionados com a missão da aeronave

Fonte: Elaborado pelo autor

5.3 PARÂMETROS RELACIONADOS À TECNOLOGIA

Os parâmetros relacionados à tecnologia são aqueles, como o nome sugere, cuja

limitação está relacionada com o avanço da tecnologia no momento do projeto. Foram

classificados na metodologia na primeira das classificações dos parâmetros. Um bom exemplo

proposto por Noth (2008) é a massa específica da bateria, ou seja, a relação entre a massa da

bateria e o quanto de energia a mesma é capaz de armazenar. O gráfico 22 demonstra que com

o avanço tecnológico, a massa específica tende a reduzir, ou seja, as baterias se tornam cada

vez mais eficientes em relação ao seu peso-próprio. O preço das baterias também tende a

reduzir, uma vez que novas formas de manufatura surgem com o tempo, assim como o aumento

natural da oferta devido à concorrência. O projeto de um VANT solar tende a se tornar cada

vez mais otimizado ao longo dos anos, de modo que seja possível obter configurações cada vez

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116

mais minimalistas no futuro capazes de desenvolver as mesmas tarefas para aeronaves de

grandes dimensões do passado.

Gráfico 22 – Evolução da massa específica e preço das baterias de íon-lítio utilizadas em projetos de

aeronaves movidas a energia solar ao longo dos anos

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

5.3.1 Coeficientes aerodinâmicos preliminares

Os primeiros dentre os parâmetros relacionados com a limitação tecnológica

estudados são os coeficientes aerodinâmicos preliminares. São considerados preliminares, pois,

esses parâmetros tendem a ser aperfeiçoados posteriormente ao design conceitual, como

mostrado por Barros (2001) nas etapas compreendendo o projeto da aeronave, de modo a

otimizar VANT solar, o que permite atingir coeficientes aerodinâmicos similares ou até

superiores. Para este último caso, a aeronave será beneficiada na execução da missão

estabelecida no design conceitual, podendo até expandir limitações estabelecidas nesta primeira

etapa.

Foi analisado o histórico dos coeficientes de sustentação e arrasto de aeronaves

movidas a energia solar, em situação de voo reto e nivelado (voo de cruzeiro). Os projetos

selecionados para análise estão resumidos no quadro 4, sendo todas aeronaves movidas a

energia solar. O gráfico 23 possui os coeficientes aerodinâmicos de cada um desses projetos,

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117

sendo possível selecionar a aeronave com bom desempenho a fim de estudar seu perfil

aerodinâmico.

Quadro 4 – Aeronaves selecionadas para escolha dos coeficientes aerodinâmicos preliminares

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 23 – Coeficientes aerodinâmicos de VANTs solares

Fonte: Elaborado pelo autor.

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O gráfico 23 mostra que alguns projetos diferentes possuem coeficientes

aerodinâmicos semelhantes. Isso ocorre porque como todas as aeronaves são VANTs solares,

todas possuem características geométricas similares. Desenvolver os coeficientes

aerodinâmicos preliminares utilizando essas aeronaves como referência é, portanto, viável visto

que a aeronave em desenvolvimento também é um VANT movido a energia solar. A aeronave

SunSailor possui bom desempenho e foi a escolhida como referência para aerodinâmica da asa.

Segundo Weider, et al. (2016), utiliza um perfil de domínio público, o Selig-Donovan 7032, ou

SD7032. O desenho 31 existe a representação desse perfil gerado com 244 pontos utilizando

software XFLR5®, as coordenadas desse perfil estão disponíveis no Apêndice 1.

Desenho 31 – Perfil SD7032 gerado com 244 pontos utilizando software XFLR5®

Fonte: Elaborado pelo autor

A fim de obter as curvas características desse perfil, é necessário determinar o

número de Reynolds para a simulação. Para tanto foi necessário estabelecer as viscosidades

dinâmica e cinemática. Segundo Dixon (2014), é possível calcular a viscosidade cinemática a

partir da dinâmica, segundo equação 66, sendo a viscosidade dinâmica do ar calculada pela

equação 67, onde 𝑇𝐾 é a temperatura do ar.

𝜈 =𝜇

𝜌 (66)

𝜇 =1,458 ∙ 10−6 ∙ 𝑇𝐾

1,5

𝑇𝐾 + 110,4 (67)

Para o cálculo da temperatura do ar na altitude de operação da aeronave,

Shelquist (2016) propõe a equação 68, sendo 𝑇0 a temperatura padrão ar ao nível do mar em

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119

Kelvin, cujo valor normalizado pela ISA é de 288,15 K, e L é o fator de queda linear de

temperatura, cuja unidade é K/km. O autor novamente afirma que esse equacionamento

somente é válido na troposfera, até 11 km em relação ao nível do mar.

𝑇𝐾 = 𝑇0 − 𝐿 ∙ 𝐻 (68)

Portanto é calculado a temperatura na altitude máxima de operação do VANT

solar na equação 70.

𝑇𝐾 = 288,15 − 6,5 ∙ 3,1 (69)

∴ 𝑇𝐾 = 268 𝐾 (70)

Portanto a aeronave ao atingir sua altitude máxima de operação pode estar sujeita

à uma temperatura de aproximadamente -5,15ºC. Foi calculado para essa temperatura a

viscosidade dinâmica do ar na equação 72.

𝜇 =1,458 ∙ 10−6 ∙ 2681,5

268 + 110,4 (71)

∴ 𝜇 = 16,9 𝑥10−6 𝑁 ∙ 𝑠 𝑚2⁄ (72)

Portanto ao utilizar a densidade do ar calculada na equação 65, foi obtido o valor

da viscosidade cinemática do ar na equação 74.

𝜈 =16,9 ∙ 10−6

0,899938(73)

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120

∴ 𝜈 = 18,78 𝑥 10−6 𝑚2 𝑠⁄ (74)

A fim de obter a ordem de grandeza do número de Reynolds que o perfil está

sujeito, foi utilizado a equação 10 onde relaciona a velocidade da aeronave, a corda do perfil e

a viscosidade cinemática do fluido. A aeronave Sky-Sailor, VANT movido a energia solar com

missão similar, possui velocidade de cruzeiro de 8,3 m/s. Esse valor foi aproximado para 8,0

m/s e foi adotado como referência no design conceitual em estudo até a aplicação da

metodologia, quando é definida a razão de aspecto e envergadura desejada para a aeronave, de

modo que é calculado a velocidade de cruzeiro para essa nova situação. Como o valor da corda

do perfil é um dos resultados obtidos após a aplicação da metodologia, foram utilizados

comprimentos de cordas apenas como referência a fim de analisar a ordem de grandeza dos

números de Reynolds para simulação do perfil aerodinâmico. Na tabela 5 foram obtidos,

portanto, os números de Reynolds da aeronave nessas condições em função do comprimento

hipotético da corda do perfil, variando até 80 centímetros, com incremento de 10 centímetros.

Tabela 5 – Número de Reynolds e respectivo comprimento de corda do perfil

Fonte: Elaborado pelo autor

Foram calculados apenas os valores dos números de Reynolds até o

comprimento da corda de 80 centímetro devido ao tamanho demasiadamente grande que o perfil

possui ao ultrapassar esse comprimento. Os máximos números de Reynolds utilizados por

Weider, et al. (2006) e Noth (2008) para o perfil da asa são, respectivamente, 335.000 e 300.000.

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121

Portanto o número de Reynolds máximo calculado de 340.805 está de acordo com a ordem de

grandeza dos máximos utilizados por esses autores.

A obtenções das curvas características do perfil foi obtida ao simular seu

comportamento conforme a variação do número de Reynolds. Foi escolhido para a simulação

o software XFLR5®. Segundo Deperrois (2016), esse software foi desenvolvido de modo a

possuir uma interface amigável do XFoil®, software de análise de perfil desenvolvido por

Mark Drela do Massachusets Institute of Technolgy (MIT), sendo o seu algoritmo exatamente

o mesmo do software ao qual foi baseado. Para realizar a simulação foi necessário obter o

número de Reynolds mínimo e máximo, o incremento para cada simulação, assim como a

variação do ângulo de ataque e seu respectivo incremento. De modo a obter a ordem de grandeza

similar da determinada na tabela 4, foi escolhido o número de Reynolds mínimo de 50.000, o

máximo de 350.000, e o incremento entre simulações de 10.000. Para o ângulo de ataque, foi

escolhido o valor mínimo de -5º e máximo de 15º, sendo o incremento de 0,5º. É importante

ressaltar o número de coordenadas do contorno de perfil é aumentada via interpolação, passando

de 61 para 244 pontos, de modo a melhorar a malha e obter melhor resolução nos resultados.

5.3.1.1 Análise da sustentação

Foi, portanto, plotado o perfil SD7032 no software XFLR5®, e simulado

escoamento bidimensional para diferentes números de Reynolds. A curva característica 𝐶𝑙 𝑣𝑠 𝛼

do perfil SD7032 foi desenvolvida conforme gráfico 24. No Apêndice 2 possui a mesma curva

em maior dimensão, de modo a facilitar sua visualização.

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122

Gráfico 24 – Curva de 𝐶𝑙 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032, simulada no software XFLR5® para diferentes

números de Reynolds

Fonte: Elaborado pelo autor

Para pequenos números de Reynolds, ocorre o stall a ângulos de ataque menores

do que para valores maiores do número de Reynolds. Esse comportamento para de ocorrer a

partir de Reynolds igual a 110.000, e foi mantido para os demais Reynolds o ângulo de stall

igual a aproximadamente 13,5º. É vantajoso simular para a aeronave o menor número de

Reynolds que fornece um comportamento estável ao variar o ângulo de ataque, pois permite

que a aeronave opere de forma estável a menores velocidades caso comparado mesmos

comprimentos de cordas. Foi analisado, portanto, o comportamento das características do perfil

para Reynolds igual a 110.000, a tabela 6 possui a variação do coeficiente de sustentação do

perfil em relação ao seu ângulo de ataque, e é obtido o seu coeficiente angular, 𝑎0, assim como

o ângulo de ataque para sustentação nula, ∝𝑙=0, e o (𝐶𝑙)𝑚𝑎𝑥.

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Tabela 6 – Variação de 𝐶𝑙 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032 para Re de 110.000

Fonte: Elaborado pelo autor

Para a região de 4º a 6º foi calculado o coeficiente angular na equação 76.

𝑎0 =1,071804 − 0,872465

6 − 4 (75)

∴ 𝑎0 = 0,099669 (76)

Para ∝𝑙=0, foi interpolado entre 𝛼 de -3º e -2,5º, a fim de obter 𝐶𝑙 = 0, conforme

equação 77 e foi calculado na equação 78.

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∝𝑙=0= −3 + {[0 − (−0,03514)

0,043992 − (−0,03514)] ∙ [(−2,5) − (−3)]} (77)

∴∝𝑙=0 ≅ −2,78° (78)

No ângulo de ataque de 13,5º foi obtido o máximo coeficiente de sustentação do

perfil para esse número de Reynolds, conforme equação 79.

(𝐶𝑙)𝑚𝑎𝑥 = 1,464346 (79)

Para determinar o ângulo de ataque do perfil para voo reto e nivelado foi

utilizado o gráfico 25, da relação 𝐶𝑙 𝐶𝑑⁄ 𝑣𝑠 𝛼, a fim de obter o ângulo de ataque de melhor

eficiência aerodinâmica. Também é importante que a aeronave possua margem para possíveis

aumentos de 𝛼, caso a aeronave necessite voar a baixas velocidades, como em situações de

decolagem e pouso.

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Gráfico 25 – Curva de 𝐶𝑙 𝐶𝑑⁄ 𝑣𝑠 𝛼 do perfil SD7032, simulada no software XFLR5® para Reynolds

de 110.000

Fonte: Elaborado pelo autor

O ponto de máximo do gráfico 25 é para o ângulo de ataque de 5,5º, com relação

𝐶𝑙 𝐶𝑑⁄ de aproximadamente 59. De acordo com a tabela 5, para este ângulo de ataque foi obtido

um coeficiente de sustentação do perfil de 1,023254.

A metodologia apresentada na seção 4 utiliza o cálculo da potência de modo que

toda a área da asa possui o mesmo coeficiente de sustentação. Isso só é possível caso a asa

possua a sua geometria em planta retangular, portanto asa reta. Para análise da razão de aspecto,

Barbosa (2014) também mostra que as aeronaves solares possuem a tendência de possuir grande

AR, como mostrado no gráfico 26.

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126

Gráfico 26 – Evolução da razão de aspecto de aeronaves movidas a energia solar, aeronaves movidas a

combustão e planadores ao longo dos anos

Fonte: BARBOSA, 2014, adaptado pelo autor

Portanto foi possível aplicar a equação 14 e obter em função de 𝑒 e AR o

coeficiente angular da curva 𝐶𝐿 𝑣𝑠 𝛼, como mostrado na equação 80.

𝑎 = 0,099669

1 +0,099669(𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅)

(80)

Foi, portanto, possível equacionar o coeficiente de sustentação para asa finita,

conforme mostrado na equação 18 na seção 3.3.1, utilizando os dados simulados para esse

perfil, obtendo a equação 81.

𝐶𝐿 =0,099669

1 +0,099669(𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅)

∙ [5,5 − (−2,78)] (81)

Page 127: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

127

É importante ressaltar que a abordagem analítica do coeficiente de sustentação

desse trabalho é diferente da escolhida por Noth (2008). Os parâmetros para utilização na

metodologia são o coeficiente angular para asa retangular finita, em que com a iteração da razão

de aspecto é obtido, para cada iteração, um valor único do coeficiente de sustentação da asa.

Essa abordagem está de acordo com o que foi apresentado na seção 3 através das equações de

Anderson Jr. (1999). Na aeronave Sky-Sailor, Noth (2008) utilizou no coeficiente de

sustentação da asa finita o próprio coeficiente de sustentação do perfil. Essa abordagem é

questionável, visto que o coeficiente de sustentação do perfil, como mostrado na seção 3, é

maior que esse coeficiente para a asa finita, assim como também não leva o efeito das diferentes

razões de aspectos e o ângulo de ataque para sustentação nula. Portanto a abordagem utilizada

nesse trabalho para obter o coeficiente de sustentação de asa finita do VANT solar resulta em

um valor certamente abaixo do obtido caso utilizasse a abordagem de Noth (2008), o que

certamente melhora a assertividade do design conceitual da aeronave em relação ao seu

comportamento após a etapa de projeto.

5.3.1.2 Análise do arrasto

Para determinação do arrasto da aeronave, foi necessário obter o valor do

coeficiente de arrasto para sustentação nula, conforme mostrado na equação 21 na seção 3.3.2.

Por se tratar de asa retangular, foi possível obter a relação 𝑆𝑤𝑒𝑡 𝑆⁄ como sendo igual à relação

entre o comprimento de um perfil bidimensional, simbolizado como 𝑙𝑤𝑒𝑡, e sua respectiva

corda. Isso porque em asas retangulares o componente de comprimento para o cálculo da área

molhada e da área em planta é a envergadura da asa, que é cancelada na divisão, como mostrado

na equação 82. Com as coordenadas de 244 pontos do perfil SD7032, obtidas ao interpolar os

61 pontos originais (expostos no Apêndice 1), foram obtidos com boa precisão o comprimento

do perfil e sua respectiva corda, representados, respectivamente, nas equações 84 e 85.

𝑆𝑤𝑒𝑡𝑆

=𝑙𝑤𝑒𝑡 ∙ 𝑏

𝑐 ∙ 𝑏(82)

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128

∴ 𝑆𝑤𝑒𝑡𝑆

=𝑙𝑤𝑒𝑡𝑐 (83)

𝑙𝑤𝑒𝑡 = 2,0354888 𝑢. 𝑐. (84)

𝑐 = 0,99991 𝑢. 𝑐. (85)

Portanto foi calculado na equação 86 a relação 𝑆𝑤𝑒𝑡 𝑆⁄ .

𝑆𝑤𝑒𝑡𝑆

=2,0354888

0,99991≅ 2,035672 (86)

A equação 23, proposta por Anderson Jr (1999) a fim de obter o coeficiente de

atrito da superfície molhada para escoamento turbulento é utilizada no equacionamento 87.

𝐶𝑓 =0,42

[ln(0,056 ∙ 𝑅𝑒)]2 (87)

∴ 𝐶𝑓 ≅ 0,0055 (88)

Desse modo foi possível determinar o coeficiente de arrasto para sustentação

nula, expresso na equação 90.

𝐶𝐷0 = 2,035672 ∙ 0,0055 (89)

∴ 𝐶𝐷0 ≅ 0,011228 (90)

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129

Foi, portanto, possível desenvolver a equação 26 da seção 3.4, e obter em função

de 𝑒 e AR o coeficiente de arrasto para asa finita, conforme equação 91.

𝐶𝐷 = 0,011228 +

{0,099669

1 +0,099669(𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅)

∙ [5,5 − (−2,78)] }

2

𝜋 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴𝑅 (91)

O fator de eficiência de envergadura, como mostrado na equação 21 na seção

3.3.2, é em função do fator de arrasto induzido, que por sua vez depende do afilamento e razão

de aspecto, como mostrado no gráfico 7. Como a razão de aspecto é um dos resultados a serem

obtidos no design conceitual dessa aeronave, foi utilizado como referência o fator de eficiência

escolhido por Oettershagen, et al. (2015) na aeronave AtlantikSolar, com o valor de 0,92, pois

também se trata de VANT movido a energia solar, com asa reta e grande razão de aspecto, cuja

missão também é de monitoramento a baixas altitudes.

Assim como ocorreu para o coeficiente de sustentação da asa finita, o 𝐶𝐷 é uma

função da razão de aspecto que será iterada ao longo da simulação ao aplicar a metodologia da

seção 4. A abordagem utilizada segue a proposta por Anderson (1999), levando em

consideração fatores não utilizados por Noth (2008), como o coeficiente de atrito da superfície

molhada e a relação entre área molhada e área em planta. A abordagem realizada nesse trabalho

possui, portanto, o modelo com maior assertividade, se comparados com a utilizada por Noth

(2008), o que permite o melhor pré-dimensionamento da aeronave na etapa de design

conceitual.

5.3.2 Densidade enérgica das baterias

Foram comparadas baterias de diversos fabricantes a fim de determinar qual a

mais indicada para uso na aeronave. Foi estipulado o ganho de 20% de peso para cabeamento,

e todas baterias confrontadas em arranjo com voltagem nominal na ordem de 29,6 V. A bateria

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130

que possuir a maior densidade energética, ou seja, a que for capaz de armazenar mais energia

possuindo menos peso foi a selecionada.

A tabela 7 possui a comparação entre as baterias estudadas, sendo que os valores

financeiros das baterias não são significativamente altos, como indicado no gráfico 22. Com a

queda de custo de componentes que envolvem os parâmetros relacionados com a tecnologia, é

possível a logo prazo o desenvolvimento de um VANT movido a energia solar capaz de realizar

voo contínuo com custo de fabricação cada vez mais baixos.

As eficiências de carga e descarga da bateria foram adotadas para o design

conceitual o mesmo valor utilizado por Noth (2008), sendo ambas iguais à 0,95.

Tabela 7 – Comparativo de baterias com alta densidade energética

Fonte: Elaborado pelo autor

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131

A bateria com maior densidade energética analisada é a Panasonic NCR18650B

com aproximadamente 241,83 Wh/kg e foi a selecionada para o design conceitual da aeronave.

5.3.3 Células fotovoltaicas

Assim como as baterias, as células fotovoltaicas também sofrem grande

evolução ao longo dos anos, de modo que surgem novas tecnologias e métodos de obter energia

elétrica a partir da radiação solar. Essa indústria é dominada por grandes empresas que fabricam

em grande quantidade determinados tipos de células fotovoltaicas a fim de atender a demanda

de geração de energia elétrica em mercados industriais, comerciais e residenciais. O mercado

voltado a aeronaves movidas a energia solar é, contudo, pequeno, se comparado com os demais,

e as células fotovoltaicas disponíveis nem sempre atendem da melhor maneira para essa

aplicação. Como o principal objetivo de um VANT solar é transportar uma determinada carga

que executará sua missão, qualquer excesso de peso compromete sua carga útil de transporte.

A fim de poder comparar as células que melhor atendem as características das aeronaves

solares, foram utilizados três parâmetros: relação entre potência e massa (𝑃𝑚), cuja unidade é

𝑊 𝑘𝑔⁄ , relação entre potência e área (𝑃𝐴), cuja unidade é 𝑊 𝑚2⁄ , e o índice de performance

(𝑃𝑈𝐴𝑉), cuja unidade é 𝑊 ∙ 𝑚−1 ∙ 𝑘𝑔−0,5, que relaciona a média geométrica entre os dois

parâmetros anteriores segundo equação 94. O primeiro, equação 92, considera o peso das

células fotovoltaicas, assim como o peso referente ao seu encapsulamento para proteção de

modo que possa sobreviver ao ambiente de operação. Caso a célula fotovoltaica possua uma

grande relação de 𝑃𝑚, resultara também no ganho de massa na estrutura da aeronave,

comprometendo ainda mais sua capacidade de transporte de carga. O segundo parâmetro,

equação 93, considera o 𝜂𝑆𝐶 , pois caso possua baixo rendimento será necessária uma área ainda

maior, o que também eleva o peso devido a estrutura da aeronave, assim como pode resultar

em forças de arrasto ainda maiores. A densidade de empacotamento (F) foi utilizada no cálculo

do segundo parâmetro. F considera o tamanho individual da célula fotovoltaica em relação a

asa, de modo que menores células possuam maiores densidades. Fabricantes capazes de

fornecer tamanhos personalizados possuem a vantagem de obter F maiores, sendo importante

para o design conceitual da aeronave (ALTA DEVICES, 2015).

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132

𝑃𝑚 =𝑃𝑒𝑙𝑒𝑐 𝑡𝑜𝑡𝐴5

(92)

𝑃𝐴 = 𝜂𝑆𝐶 ∙ 𝐹 ∙ 1000 (93)

𝑃𝑈𝐴𝑉 = √𝑃𝑚 ∙ 𝑃𝐴 (94)

A tabela 8 possui a comparação das células fotovoltaicas analisadas. O material

escolhido para encapsulamento foi a película Oralight®, desenvolvido pela Oracover, que

segundo o fabricante sua densidade de área de encapsulamento é de 36 g/m².

Tabela 8 – Comparativo células fotovoltaicas

Fonte: Elaborado pelo autor

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133

Com valores mais próximos dos demais, porém ainda se destacando, está a célula

desenvolvida pela Alta Devices, que utiliza camadas finas de arsenieto de gálio15, cuja principal

aplicação, segundo o fabricante, são VANTs solares. O seu custo, no entanto, é de

aproximadamente US$ 25.000,00 o metro quadrado, o que torna o valor inviável para o projeto

da aeronave (informação pessoal)16. A célula fotovoltaica selecionada para o projeto foi,

portanto, a SunPower C60 de Silício cristalino, possui baixo custo e características boas o

suficiente para aplicação em VANTs solares. Exemplo disto é que essa célula fotovoltaica

também foi a selecionada na aeronave AtlantikSolar, desenvolvida por Oettershagen, et al.

(2015).

5.3.4 Parâmetros relacionados ao MPPT

O sistema MPPT utilizado foi o desenvolvido por Noth (2008), e suas

características estão exemplificadas na tabela 9. O motivo para essa escolha foi devido à sua

otimização para aplicação em um VANT solar, possuindo boa relação de massa e potência,

rendimento e baixo peso próprio. É possível observar seu tamanho reduzido na fotografia 13.

Fotografia 13 – MPPT utilizado na aeronave Sky-sailor

Fonte: NOTH, 2008

15 O arseneto de gálio, GaAs, é um metal que consiste em uma estrutura cristalina cúbica de face centrada, que

possui grande estabilidade atômica e confere manter seu estado sem necessidade de implementar energia em seu

sistema. Possui estabilidade térmica superior aos semicondutores atualmente utilizados e possui, ao ser associado

a outros metais, propriedades ferromagnéticas e paramagnéticas que o tornam importantes armazenadores de

energia em seu nível quântico, podendo ter diversas configurações de componentes eletrônicos para o ramo

industrial. (HANAOKA, A. et al., 2007). 16 LENAIL, B. University UAV projects. Mensagem recebida por [email protected] em 25 de abril de 2016.

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134

Tabela 9 – Características do MPPT.

Fonte: NOTH, 2008

Como mostrado na equação 46, a massa do MPPT só é obtida após o cálculo da

área de células fotovoltaicas e da irradiação máxima obtida pela aeronave. A irradiação será

determinada, como dito em 5.2.4., após análise das localidades que convergem resultadas pela

aplicação da metodologia. A área de células fotovoltaicas também depende da análise da

metodologia e definição das configurações que constituirão o design conceitual da aeronave.

5.3.5 Sistema de propulsão

O sistema de propulsão é constituído pela hélice, motor, redutor, assim como um

controlador eletrônico do motor. Inicialmente foi estudado a hélice da aeronave, obtendo seu

desempenho em situações diferentes, após é apresentado o equacionamento matemático de

parâmetros de motor de corrente contínua (DC, do inglês Direct Current), e finalmente é

desenvolvido um método para seleção da melhor combinação dos componentes do sistema de

propulsão de modo a obter o maior rendimento global (𝜂𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙), e obtendo os parâmetros

relacionados ao grupo motopropulsor necessários para a metodologia apresentada na seção 4.

5.3.5.1 Hélice

A fim de obter desempenho semelhante dos demais VANTs solares, foram

utilizados os dados da hélice utilizada por Oettershagen, et al. (2015), que possui diâmetro de

0,66 m e passo de 0,6 m. Para análise da hélice foi utilizado o software AeroDesign Propeller

Selector®. Esse programa também foi utilizado no projeto de um VANT desenvolvido por

Balbino, et al. (2013), demonstrando que é apto para o design conceitual do VANT solar por já

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135

ter sido testado. Esse software possui como principal vantagem para o estudo da hélice o

fornecimento de resultados como a potência absorvida pelo fluido através da hélice, a potência

no eixo da hélice, o rendimento da hélice e o empuxo gerado. Os dados de entrada para cálculo

são o diâmetro e passo da hélice, sua rotação (𝑛𝑝𝑙𝑟) e a velocidade da aeronave em voo em

relação a referencial estático em solo. Os dados obtidos são o empuxo da hélice, a potência

absorvida pelo fluido e a eficiência da hélice. Uma desvantagem desse software é que cada

iteração é feita individualmente, de modo que para obter o comportamento da hélice foi

necessário realizar diversas combinações, o que torna o trabalho manual, extenso e cansativo.

A variação da velocidade da aeronave em relação ao solo ocorreu de zero à vinte metros por

segundo, com incremento de 2 m/s, e a rotação do eixo da hélice de 0 a 3.000 rpm, com

incremento de 50 rpm, obtendo 671 valores para o desenvolvimento de cada gráfico, totalizando

2013 valores simulados individualmente, a fim de poder analisar o comportamento da hélice.

Os resultados dessas simulações foram expostos nos gráficos 27, 28 e 29, respectivamente. É

importante ressaltar que a fim de possibilitar a melhor visualização gráfica desses resultados,

foi gerado gráfico para variação da rotação do eixo da hélice até 2.000 rpm, com incremento de

100 rpm.

Gráfico 27 – Variação do empuxo em relação a velocidade da aeronave e da rotação no eixo da hélice

Fonte: Elaborado pelo autor

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136

Gráfico 28 – Variação da potência absorvida pelo fluido em relação a velocidade da aeronave e da

rotação no eixo da hélice

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 29 – Variação da eficiência em relação a velocidade da aeronave e da rotação no eixo da

hélice

Fonte: Elaborado pelo autor

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137

A maior eficiência teórica obtida nas simulações foi de aproximadamente 84,5%.

Ao analisar o desempenho dessa hélice com os parâmetros de voo de cruzeiro da aeronave Sky-

Sailor, cuja rotação nessa condição de voo é de aproximadamente 800 rpm, foi obtido o

rendimento próximo do máximo, o que confirma que essa hélice também poderia ter sido

utilizada na aeronave projetada de Noth (2008) em termos de eficiência, e esse resultado indica

que também está apta a ser utilizada no design conceitual desse trabalho.

5.3.5.2 Comportamento matemático de motores elétricos de corrente contínua

O comportamento matemático de motores elétricos de corrente contínua foi

desenvolvido tendo como referência o equacionamento exposto por Noth (2008). As equações

95 e 96 descrevem a voltagem (U) e o momento eletromagnético (𝑀𝑒𝑚), onde i é a corrente

elétrica, 𝑟𝑎 é a resistência terminal, 𝑘𝑚 a constante de torque, 𝑤𝑚𝑜𝑡 a velocidade angular de

rotação do eixo do motor. A constante de voltagem 𝑘𝑢 é expressa em [𝑉𝑠 𝑟𝑎𝑑⁄ ], que é o inverso

da constante da velocidade 𝑘𝑛 [𝑟𝑎𝑑 𝑉𝑠⁄ ].

𝑈 = 𝑟𝑎 ∙ i + 𝑘𝑢 ∙ 𝑤𝑚𝑜𝑡 (95)

𝑀𝑒𝑚 = 𝑘𝑚 ∙ 𝑖 (96)

Ao isolar a rotação do eixo motor, foi obtido a equação 97.

𝑤𝑚𝑜𝑡 =𝑈 − 𝑟𝑎 ∙ 𝑖

𝑘𝑢 (97)

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138

Para obter o momento efetivo do motor (𝑀𝑚𝑜𝑡), foi necessário subtrair do

momento eletromagnético o momento de fricção do motor (𝑀𝑅), conforme equação 98. Onde

𝑖0 é a corrente no motor quando não há solicitação de carga no mesmo, no inglês chamado de

no load current.

𝑀𝑚𝑜𝑡 = 𝑀𝑒𝑚 −𝑀𝑅 = 𝑘𝑚 ∙ 𝑖 − 𝑘𝑚 ∙ 𝑖0 = 𝑘𝑚 ∙ (𝑖 − 𝑖0) (98)

Ao isolar i na equação 98 e substituir na equação 95, foi observado que com a

corrente fixa, o torque e a velocidade angular da rotação do eixo do motor são linearmente

dependentes, expresso na equação 99.

𝑈 = 𝑟𝑎 (𝑖0 +𝑀𝑚𝑜𝑡𝑘𝑚

) + 𝑘𝑢 ∙ 𝑤𝑚𝑜𝑡 (99)

O uso de um redutor foi necessário a fim de fornecer à hélice a rotação necessária

para sua faixa de rendimento máximo, como exposto no gráfico 26. Noth (2008) recomenda a

fabricação de um redutor devido à possibilidade de redução do peso desse componente, assim

como a possibilidade de obter a relação de redução (r) ótima para o projeto. A potência na hélice

foi calculada como o produto da potência de saída do motor (𝑃𝑚𝑜𝑡) e o rendimento do redutor,

como visto na equação 100.

𝑃𝑝𝑙𝑟 = 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑃𝑚𝑜𝑡 (100)

O desenho 32 possui a representação do conjunto motor, redutor e hélice, assim

como alguns parâmetros dos componentes desse sistema.

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139

Desenho 32 – Sequencia da transmissão de torque do motor elétrico até a hélice

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

Através do equacionamento de transmissão de potência expresso na equação

101, foram obtidos os equacionamentos da velocidade angular da hélice (𝑤𝑝𝑙𝑟) em função da

velocidade angular do motor, assim como o torque no eixo da hélice (𝑀𝑝𝑙𝑟) em relação ao do

motor, representados nas equações 102 e 103, respectivamente.

𝑀𝑝𝑙𝑟 ∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟 = 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑀𝑚𝑜𝑡 ∙ 𝑤𝑚𝑜𝑡 (101)

𝑤𝑝𝑙𝑟 =𝑤𝑚𝑜𝑡𝑟 (102)

𝑀𝑝𝑙𝑟 = 𝑟 ∙ 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑀𝑚𝑜𝑡 (103)

As equações 102 e 103 foram substituídas na equação 99 e foram obtidas as

equações 104 e 105. Segundo Noth (2008), 𝑘𝑢 = 𝑘𝑚 para motores DC, quando expressas no

Sistema Internacional de unidades (SI).

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𝑤𝑝𝑙𝑟 = −𝑟𝑎

𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑟2 ∙ 𝑘𝑚2 ∙ 𝑀𝑝𝑙𝑟 +

𝑈 − 𝑟𝑎 ∙ 𝑖0𝑟 ∙ 𝑘𝑚

(104)

𝑀𝑝𝑙𝑟 = −𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑟

2 ∙ 𝑘𝑚2

𝑟𝑎∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟 + 𝑟 ∙ 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝑘𝑚 ∙ (

𝑈

𝑟𝑎− 𝑖0) (105)

5.3.5.3 Metodologia para obtenção da melhor combinação entre motor, redutor e hélice

A combinação dos componentes motor, redutor e hélice deve ser tal que possua

o maior rendimento global a fim de poder obter o conjunto mais eficiente para a aeronave.

Portanto foi desenvolvido nesse trabalho um método de iteração, cuja execução ocorre

utilizando o software MATLAB®, ao analisar 30 motores submetidos a diferentes voltagens,

acoplados a redutores com diferentes relações de transmissão, permitindo que a hélice trabalhe

a diferentes rotações, e resultando em diversos rendimentos globais para cada combinação.

Além da maior eficiência, a determinação do motor elétrico, e de seus parâmetros, deve ser tal

que seja uma unidade leve, com torque e rotação nominal suficiente para a aeronave realizar

sua missão, assim como conseguir manter uma temperatura de utilização baixa, ou seja, não

deve superaquecer devido à sua potência máxima (𝑃𝑚𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥), ou o seu torque máximo

(𝑀𝑚𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥) serem excedidos.

O fabricante de motor elétrico escolhido foi o Maxon Motor. Foram selecionados

30 motores cujas potências máximas variam de 0,2W até 480W. Os parâmetros de cada motor

foram expostos na tabela 10.

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141

Tabela 10 – Motores da Maxon Motor selecionados para análise

Fonte: MAXON MOTOR, 2016

5.3.5.3.1 Determinação da faixa de rotação da hélice

O primeiro parâmetro analisado foi a faixa de rotação que a hélice pode

trabalhar, de modo que possa fornecer o empuxo necessário para a aeronave operar em voo reto

e nivelado. Portanto existe um empuxo mínimo (𝑇𝑚𝑖𝑛) que deve igualar, a uma determinada

velocidade, o arrasto da aeronave nessa condição de voo. Esta situação fornece, por sua vez, a

rotação mínima da hélice (𝑛𝑝𝑙𝑟𝑚𝑖𝑛). Rotações maiores resultam também em maiores empuxos

para uma mesma velocidade, conforme gráfico 27, também satisfazendo as necessidades

mínimas de voo da aeronave. A maior rotação analisada que fornece empuxo que sobrepõe 𝑇𝑚𝑖𝑛

foi definida como a rotação máxima da hélice (𝑛𝑝𝑙𝑟𝑚𝑎𝑥). Assim como a velocidade de cruzeiro,

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142

o arrasto do voo reto e nivelado também foi baseado na aeronave Sky-Sailor, nas mesmas

condições de voo. Foi, portanto, definido 𝑇𝑚𝑖𝑛 e exposto na equação 106.

𝑇𝑚𝑖𝑛 = 2,0 𝑁 (106)

Com a velocidade de cruzeiro e empuxo mínimo estabelecidos, foi obtido a

rotação mínima igual à 900 rpm e máxima 3.000 rpm.

5.3.5.3.2 Determinação das potências e rendimentos da hélice

Ao estabelecer a faixa de rotação da hélice, foi possível também obter as

respectivas potências absorvidas pelo fluido e o rendimento da hélice para cada rotação. Para

tanto é mantida a velocidade de cruzeiro estabelecida e utilizado as curvas dos gráficos 28 para

obtenção da potência absorvida pelo fluido, e gráfico 29 para obtenção do rendimento da hélice

para cada rotação.

5.3.5.3.3 Relação de transmissão do redutor e sua eficiência energética

Ao analisar a transmissão energética de forma regressiva, o componente antes

do eixo da hélice é o redutor. Segundo Stipkovic Filho (1973), para engrenagens de dentes retos

e dentes inclinados (helicoidal), a relação de transmissão máxima não deve exceder 1:8. Foi

estabelecido a relação de transmissão máxima por par engrenado de 1:6 nesse trabalho, de modo

que r varia de 1 a 6 ao utilizar um par de engrenagens, e a partir desse valor até a relação de

transmissão de 36, o redutor possui dois pares de engrenagens. Para cada iteração das possíveis

combinações ocorre o incremento nessa relação em 0,1, o que permite a análise de 351 relações

de transmissão para o sistema. O uso de redutores com mais de 2 pares de engrenagens não é

estudado pois além da perda excessiva de rendimento no redutor, também ocorre o aumento

considerável de peso desse componente. Para o cálculo do rendimento do redutor foi utilizada

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143

a equação 107, sendo 𝜂𝑒𝑛𝑔 o rendimento do par de engrenagens, 𝜂𝑚𝑎𝑛 o rendimento do par de

mancais e 𝑁𝑒𝑛𝑔 o número de pares de engrenagens do redutor. Também segundo Stipkovic

Filho (1973), cada par de engrenagens de dentes reto ou helicoidal possui o rendimento

variando de 0,95 a 0,99. Foi adotado o rendimento do par de engrenagens em 0,97 e cada par

de mancais o rendimento de 0,98.

𝜂𝑔𝑟𝑏 = (𝜂𝑒𝑛𝑔)𝑁𝑒𝑛𝑔

∙ (𝜂𝑚𝑎𝑛)𝑁𝑒𝑛𝑔+1 (107)

5.3.5.3.4 Cálculo dos parâmetros do motor

Para cada um dos motores, submetidos a uma rotação e relação de transmissão,

foram calculados os seus parâmetros de funcionamento de forma iterativa. A potência no eixo

de saída do motor pôde ser obtida ao dividir a potência no eixo da hélice pelo rendimento do

redutor, conforme a equação 100. A potência do eixo da hélice, por sua vez, pôde ser obtida ao

dividir a potência absorvida pelo fluido pelo rendimento da hélice, o que resultou na equação

108.

𝑃𝑚𝑜𝑡 =𝑃𝑙𝑒𝑣

𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝜂𝑝𝑙𝑟 (108)

Substituindo a equação 101 na equação 105, foi cancelado o rendimento do

redutor e obtido a equação 109.

𝑃𝑚𝑜𝑡 = −𝑟2 ∙ 𝑘𝑚

2 ∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟2

𝑟𝑎+ 𝑟 ∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟 ∙ 𝑘𝑚 ∙ (

𝑈

𝑟𝑎− 𝑖0) (109)

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144

O próximo parâmetro do motor calculado foi a voltagem que o mesmo é

submetido, calculado ao isolar a tensão no equacionamento 109, conforme exposto na equação

110.

𝑈 = {[(𝑃𝑚𝑜𝑡 +𝑟2 ∙ 𝑘𝑚

2 ∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟2

𝑟𝑎) ∙ (

1

𝑟 ∙ 𝑤𝑝𝑙𝑟 ∙ 𝑘𝑚)] + 𝑖0} ∙ 𝑟𝑎 (110)

Também foi calculado a rotação de saído no motor ao multiplicar a rotação do

eixo da hélice pela relação de transmissão do redutor, através da equação 102. Dessa forma foi

possível obter o torque do motor ao dividir a potência de saída do motor por sua rotação de

saída, conforme equação 111.

𝑀𝑚𝑜𝑡 =𝑃𝑚𝑜𝑡𝑤𝑚𝑜𝑡

(111)

A corrente elétrica total consumida pelo motor (I) pôde ser calculada conforme

a equação 112.

𝐼 = 𝑖0 +𝑀𝑚𝑜𝑡𝑘𝑚

(112)

Foi calculado a potência de entrada no motor (𝑃𝑚𝑜𝑡𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡), através da equação

113.

𝑃𝑚𝑜𝑡𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 = 𝑈 ∙ 𝐼 (113)

Finalmente foram calculados o rendimento do motor para a voltagem calculada

e o respectivo torque que o motor é submetido, conforme equação 114.

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145

𝜂𝑚𝑜𝑡 =𝑃𝑚𝑜𝑡

𝑃𝑚𝑜𝑡𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 (114)

5.3.5.3.5 Cálculo do rendimento global e armazenamento de seu melhor resultado

Foi realizado o cálculo do rendimento global entre motor, redutor e hélice,

realizado conforme equação 115.

𝜂𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 𝜂𝑚𝑜𝑡 ∙ 𝜂𝑔𝑟𝑏 ∙ 𝜂𝑝𝑙𝑟 (115)

A metodologia de escolha da combinação ótima funciona de modo que foi

iterado para cada motor e cada rotação, dentro da faixa estabelecida, suas possíveis

combinações com as relações de transmissão, e o resultado desse método iterativo foi o cálculo

dos parâmetros desse conjunto para cada componente. Caso o rendimento global exceda o valor

da simulação anterior, o programa salva os dados de parâmetros como os ótimos. Esse método

realizou a análise de todas as possíveis combinações, de modo que caso uma iteração futura

possua rendimento global superior, automaticamente os dados de seus parâmetros foram

sobrepostos pelo anterior. Esse método iterativo ocorreu até que o último motor foi simulado

na rotação máxima da hélice, com a máxima relação de transmissão dentre as possíveis.

5.3.5.3.6 Diagrama de blocos da metodologia do sistema motopropulsor

O fluxograma 1 possui a representação da metodologia desenvolvida nesse

trabalho para obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes motor, redutor

e hélice.

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Fluxograma 1 – Metodologia para seleção da combinação ótima entre motor, redutor e hélice

Fonte: Elaborado pelo autor

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147

O fluxograma 1 sintetiza as etapas que estão sendo iteradas de modo a facilitar

o entendimento da metodologia proposta para seleção da combinação ótima, e seus parâmetros

de uso, para motor, redutor e hélice. O script da metodologia no software MATLAB® está

disponível nos anexos de 1 a 5.

5.3.5.3.7 Resultados da escolha da combinação ótima entre motor, redutor e hélice

Após programação e execução no software MATLAB®, foi verificado que

somente a partir do motor de número 13 foi possível obter alguma combinação que atendesse

as necessidades da aeronave de modo a não ultrapassar suas especificações divulgadas pelo

fabricante. Os resultados das simulações forneceram a voltagem ótima que o motor deve estar

submetido (𝑈ó𝑡𝑖𝑚𝑜), a relação de transmissão ótima para o redutor acoplado (𝑟ó𝑡𝑖𝑚𝑜), a rotação

ótima que a hélice (𝑛𝑝𝑙𝑟ó𝑡𝑖𝑚𝑜), o rendimento do motor e da hélice nessas condições, o

rendimento global e a potência de entrada no motor nessas condições. O resultado foi

exemplificado na tabela 11.

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Tabela 11 – Tabela com os parâmetros para combinação ótima entre motor, redutor e hélice

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi observado no resultado que alguns motores possuem como combinação

ótima o uso de redutores com a máxima relação de transmissão, e outros não. A fim de poder

entender esse comportamento, foi desenvolvido o gráfico da variação do rendimento global

para cada mudança na relação de transmissão utilizada para cada motor, conforme gráfico 30.

Este mostra que para alguns motores, conforme é aumentado a relação de transmissão, é

possível obter um rendimento global maior. Outros motores, de modo distinto, possuem uma

relação de transmissão que resulta em rendimento global máximo antes que ocorra uma

contínua perda de rendimento com o aumento da relação de transmissão.

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149

Gráfico 30 Variação do rendimento global com mudança de relação de transmissão

Fonte: Elaborado pelo autor

O critério de seleção para a combinação ótima de motor, redutor e hélice foi

estabelecido como o conjunto que possuir melhor rendimento global. O motor 28 foi, portanto,

o escolhido para o projeto, exposto no desenho 33. O seu rendimento global é de

aproximadamente 66,77%, sendo um rendimento bastante alto levando em consideração que o

redutor ótimo para esse motor utiliza dois pares engrenados. Noth (2008) conseguiu em seu

trabalho um rendimento global de aproximadamente 70,08%, sendo que adotou para o redutor

o rendimento de 0,97. Caso fosse utilizado o critério de rendimento de redutor desse trabalho,

o rendimento global do conjunto motor, redutor e hélice cairia para 67,32%, menor que o

rendimento obtido nesse trabalho.

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Desenho 33 – Motor Maxon número 405795 selecionado para o VANT solar

Fonte: MAXON MOTOR, 2016

5.3.5.4 Controlador eletrônico

Segundo Maxon Motor (2016), o controlador correto para o motor selecionado

é o ESCON Module 50/4 EC-S, representado na fotografia 14, cujo número de série do

fabricante é 446925. Segundo as especificações do fabricante, este controlador eletrônico pesa

11 gramas e possui rendimento de 97%.

Fotografia 14 – Controlador eletrônica da Maxon Motor, número de série 446925

Fonte: MAXON MOTOR, 2016

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151

5.3.5.5 Relação entre massa e potência do grupo propulsor

A fim de poder calcular a relação entre massa e potência do grupo propulsor, foi

necessário definir a massa de seus componentes. O redutor foi estimado como a mesma massa

do fabricado por Noth (2008). A massa da hélice não é informada por Oettershagen, et al.

(2015), porém foi obtido por Amazon (2016) o peso de uma hélice de fibra de carbono com o

mesmo diâmetro, porém passo diferente. O passo depende principalmente da geometria da

hélice, como ângulo de ataque. Como o diâmetro da hélice o principal fator para composição

do peso da mesma, é plausível seu uso estimar a massa da hélice desse trabalho. A tabela 12

fornece a síntese das massas do sistema propulsor, assim como a relação entre massa e potência

do grupo propulsor.

Tabela 12 – Relação de massa no sistema propulsor

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi, portanto, calculado a relação entre massa e potência do grupo propulsor,

conforme equação 116.

𝑘𝑝𝑟𝑜𝑝 =0,3167

43,16≅ 0,007 [𝑘𝑔 𝑊⁄ ] (116)

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152

5.3.6 Massa estrutural da aeronave

Os parâmetros relacionados com a massa estrutural da aeronave foram adotados

seguindo a curva proposta por Noth (2008) ao realizar a análise dos 5% dos planadores mais

eficientes, conforme descrito na seção 4.3.2. A tabela 13 exemplifica os parâmetros

relacionados com a massa estrutural da aeronave.

Tabela 13 – Parâmetros referente à massa estrutural da aeronave

Fonte: NOTH, 2008, adaptado pelo autor

5.3.7 Massa do grupo do sistema de aviônicos

O grupo do sistema aviônicos é composto pelos servos motores, o cabeamento e

sistemas eletrônicos como receptor de rádio controle, antena do rádio controle, BEC, chave

liga/desliga, GPS, sensores e sistemas de medição inercial (do inglês, Inertial Measurement

Unit, IMU). Muitos desses componentes, como por exemplo os servos motores, dependem do

dimensionamento de esforços que os mesmos estarão sujeitos. Porém somente é possível

ocorrer a seleção durante a etapa de projeto da aeronave, quando os cálculos de estruturas,

estabilidade e controle, aerodinâmica, desempenho de voo da aeronave estiverem fornecerem

dados para o dimensionamento do sistema eletrônico da aeronave. Como a etapa desse trabalho

é o design conceitual, o sistema de aviônicos foi baseado em sistemas já testados em aeronaves

similares, de modo que dificilmente na etapa de projeto da aeronave os resultados serão muito

divergentes, tornando o design conceitual do VANT solar ainda mais assertivo. O desenho 34

é exposto de modo a ilustrar melhor alguns dos componentes desse sistema embarcados em um

VANT solar.

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Desenho 34 – Alguns componentes do sistema de aviônicos do VANT solar AtlantikSolar

Fonte: OETTERSHAGEN, et al., 2015, adaptado pelo autor

A aeronave em que será baseada os valores de massa e consumo energético do

sistema de aviônicos é a Sky-Sailor. Foi adotado o BEC modelo LM2576-12 da National

Semiconductor (2004), cuja eficiência é de 88%. A tabela 14 exemplifica as massas e consumo

energético dos componentes desse sistema.

Tabela 14 – Massa e potência dos componentes do sistema de aviônicos da aeronave Sky-Sailor

Fonte: NOTH, 2008

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5.3.8 Síntese dos parâmetros relacionados com a tecnologia

Os parâmetros relacionados à tecnologia para aplicação da metodologia do

design conceitual de VANT movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo foram,

portanto, estabelecidos e expostos na tabela 15. Os coeficientes aerodinâmicos preliminares não

estão expostos na tabela devido ao fato de que são uma função da razão de aspecto da aeronave,

e para que sejam estabelecidos é necessário realizar a iteração ao aplicar a metodologia. Os

parâmetros para seus cálculos, porém estão presentes na tabela 15.

Tabela 15 – Parâmetros relacionados com a tecnologia

Fonte: Elaborado pelo autor

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155

5.4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DO DESIGN CONCEITUAL

Como dito na seção 5.2.4., a metodologia aplicada no software MATLAB® pode

convergir em resultados, caso os parâmetros de entrada permitam uma configuração de

aeronave que realize voo contínuo, ou não, significando que os parâmetros de entrada devem

ser alterados. Os parâmetros relacionados à tecnologia, mesmo que revistos, dificilmente vão

fornecer valores muito diferentes, porque existe a limitação da tecnologia acessível ao projeto

do VANT solar. Os parâmetros relacionados à missão da aeronave, por outro lado, podem ser

reajustados, sendo as alterações diretamente relacionadas com a mudança na missão da

aeronave. Os parâmetros relacionados à altitude de operação são fixos, a fim de possibilitar a

aeronave o voo sobre qualquer solo do território brasileiro. Os parâmetros que dependem da

localidade e da época do ano (parâmetros de incidência de radiação solar máxima e a duração

do dia) são adotados como variáveis. Essa abordagem permite que ocorra o estudo das possíveis

configurações do VANT solar, e em quais e regiões do Brasil e época do ano o mesmo pode

operar.

É importante ressaltar que os parâmetros podem ser alterados ao longo da

execução do projeto do VANT, pois como apresentado na metodologia de Barros (2001), o

design conceitual é apenas uma etapa na execução do desenvolvimento de uma aeronave. Porém

toda mudança posterior de parâmetro deve ser tal que não prejudique o design conceitual da

aeronave, e desenvolva uma aeronave com características mais eficientes para sua missão.

5.4.1 Estudo da região mais crítica para voo contínuo

Foi escolhida para primeira análise da aplicação da metodologia no software

Radiasol 2®, as características de incidência solar para o município de Santa Vitória do

Palmar (RS), que possui a latitude -33,5º e longitude 53,4º oeste, no mês de junho. Este

município não possui precisamente a maior latitude do país, sendo a cidade Chuí a mais

meridional. Possui a fim de dimensionamento, entretanto, praticamente a mesma latitude pois

são municípios vizinhos, o que não compromete a obtenção das características de irradiância

solar. É preciso observar sua importância em termos de preservação ambiental a aplicabilidade

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156

do VANT nessa região, tornando apta a missão da aeronave nesse município. No extremo sul

do Brasil existe a Estação Ecológica do Taim, e ainda 220 quilômetros de praia com estudo

para se tornar o Parque Nacional Marinho de Albardão (BRAGANÇA, 2016). Pereira et al.

(2013) apresenta o impacto ambiental em municípios da fronteira sul do Brasil, na região da

Barra do Chuí, afetados por grande quantidade de lixo promovido pelo comércio na fronteira

entre Brasil e Uruguai. Existe, portanto, grande potencial de aplicação da missão de

monitoramento ambiental por um VANT solar na região e é valido a obtenção do parâmetro de

irradiância global máxima para esse município. O gráfico 31 apresenta a irradiação média anual

para esse município, obtido a partir de simulação no software Radiasol 2®.

Gráfico 31 – Irradiação média anual para o município de Santa Vitória do Palmar (RS), utilizando o

software Radiasol 2® desenvolvido pela UFRGS

Fonte: Elaborado pelo autor

O gráfico 31 está de acordo com o desenho 29 de Barbosa (2014), pois o mês de

junho possui menores valores de irradiação média, e o mês de dezembro os maiores valores. É

apresentado no gráfico 32 a irradiância global média para o mês de junho, mês mais crítico para

operação do VANT solar.

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Gráfico 32 – Irradiância global média em junho no município de Santa Vitória do Palmar (RS),

utilizando o software Radiasol 2® desenvolvido pela UFRGS

Fonte: Elaborado pelo autor

A irradiância global máxima é igual a 393 𝑊 𝑚2⁄ , obtida no horário das 11

horas. A duração do dia também foi obtida sendo igual a 10 horas diárias, para essas condições

de época do ano e localidade.

5.4.2 Fator de margem de irradiância

O fator de margem de irradiância foi adotado por Noth (2008) como 0,7. Isso

significa que em 70% do dia a aeronave recebe a radiação máxima calculada. A aeronave Sky-

Sailor, porém, foi projetada para operar na cidade de Lausanne, na Suíça. O design conceitual

desse trabalho estuda o projeto de operação do VANT em uma região muito mais vasta. Devido

às dimensões de quase um continente do território brasileiro, existem efeitos climáticos muitos

divergentes entre as localidades. Para o design conceitual do VANT solar esse fator foi mantido

como 100%, significando que não é levado em consideração o efeito de nuvens. Como toda

aeronave projetada tem de passar por diversas etapas de testes para certificação, esse período é

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158

a oportunidade para estudar os efeitos climáticos em um VANT solar em território brasileiro,

como por exemplo se existe uma relação direta do percentual de exposição solar direta nas asas

da aeronave e a sua energia armazenada. Caso a aeronave demonstre que não possui capacidade

energética o suficiente para manter voo contínuo nos testes devido a adversidades climáticas, a

mesma pode ser recolhida para recomeçar a missão em outra janela climática. Em um projeto

completo, essas aquisições de dados permitem certificar uma aeronave mais confiável e segura.

5.4.3 Resultados da primeira aplicação da metodologia

Foi executada a metodologia utilizando o software MATLAB®, em que foram

realizadas combinações para análise de convergência de resultados para as seguintes razões de

aspecto: 8, 9, 10 ,11, 12, 13, 14, 16, 18 e 20. O software também varia a envergadura da asa de

1 centímetro até 10 metros, com incremento de 1 centímetro por iteração. Foi adotado nesse

trabalho que ocorre a convergência de resultados somente quando há resultados para todas as

razões de aspecto analisadas.

Com os parâmetros estudados não houve convergência de resultados nas

simulações para o município de Santa Vitória do Palmar (RS). Isso significa que existem fatores

limitantes da aeronave que não permitem que a mesma realize voo contínuo nesta região no

mês escolhido, ou seja, os balanços de massa e energia da aeronave não ocorrem para nenhum

valor de b e AR. Os parâmetros limitantes podem ser muitos, como a baixa eficiência dos

painéis solares, baixa densidade energética das baterias, irradiância máxima da região

insuficiente, entre outros. Todos os fatores relacionados à tecnologia não podem ser alterados

pois estão sujeitos aos avanços científicos nos respectivos campos tecnológicos. Foi possível,

contudo, alterar o lugar de atuação da aeronave para o município com latitude próxima ao

anterior, obtendo novas curvas de radiação máxima o que permitiu nova análise de

convergência de resultados ao aplicar novamente a metodologia. Em caso de não convergência

de resultado, o processo foi repetido até obter a região em que é possível realizar voo contínuo,

que é a zona de atuação do VANT solar no território brasileiro, ou seja, os lugares que possuem

radiação o suficiente para que o mesmo opere de forma intermitente. Leutenegger (2014) afirma

que a performance de uma aeronave solar remete a dois resultados possíveis: a aeronave é capaz

de voar teoricamente eternamente, ou não (desconsiderando mudanças climáticas e na duração

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159

do dia). O gráfico 33 ilustra esses casos, assim como a influência direta da energia solar

disponível, energia elétrica total requerida e capacidade da bateria (𝐸𝑏𝑎𝑡).

Gráfico 33 – Influência da energia solar, energia requerida e capacidade da bateria. Onde: (a) voo

contínuo não é possível, é calculado a autonomia máxima, (b) Voo contínuo é possível, o e o tempo

extra de voo é calculado

Fonte: LEUTENEGGER, 2014

A explicação para o voo contínuo é que caso a energia gerada pelas células

fotovoltaicas seja o suficiente para recarregar as baterias ao longo do dia, e que estas possuam

densidade o suficiente de manter a aeronave em voo até a manhã seguinte, quando recomeça o

ciclo, a aeronave pode voar de forma intermitente. Caso contrário, possuirá um tempo extra de

voo quando, ao seu término, suas baterias esgotam (LEUTENEGGER, 2014). A eficiência é,

portanto, crucial no design de um VANT solar.

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160

5.4.4 Região brasileira que VANT solar pode realizar voo contínuo anualmente

Mantidos todos os demais parâmetros, exceto a irradiância máxima e a duração

de irradiância no dia, são analisadas diversas cidades de modo a verificar a partir de qual latitude

ocorre a convergência de resultado. Como o software Radiasol 2® utiliza banco de dados de

origens diversas, existem divergências nas medições de irradiância global para municípios de

latitudes próximas. Não foi possível, portanto, determinar uma linha clara delimitando o

território que o VANT solar pode operar ao longo do ano, e a solução foi a determinação da

Zona de Cautela para Voo Contínuo Anual (ZCVCA). Os resultados das simulações para

diversos municípios são expostos na tabela 16.

A análise da tabela 16 permite concluir que a partir da latitude aproximada do

município de Campo Mourão (PR), ocorre boa convergência de resultados para diferentes

razões de aspecto e envergadura de asa do VANT solar. A ZCVCA foi representada em amarelo

na tabela 16 e também no desenho 35, adotada como 1º a mais na latitude do primeiro município

que obteve convergência de resultados. Portanto a região de latitudes entre -24,0º e -25,0º é a

definida como essa zona. Somente testes realizados em etapas posteriores que é possível

delimitar com precisão a região a partir da qual a aeronave pode realizar voo intermitente ao

longo do ano. As latitudes inferiores a -24,0º é a região do Brasil que há convergência de

resultado, ou seja, onde ocorre voo contínuo do VANT movido a energia solar em estudo em

qualquer dia do ano. Para latitudes superiores de -25,0º, representado em vermelho na tabela 16

e também no desenho 35, não é possível realizar voo contínuo ao longo do ano.

A região em vermelho foi analisada para determinadas épocas do ano, e o

resultado foi que de agosto a abril a aeronave pode realizar voo contínuo nessa região, portanto

em qualquer lugar do território brasileiro, pois houve convergência de resultado para a cidade

mais meridional dentre as analisadas, Santa Vitória do Palmar (RS).

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161

Tabela 16 – Aplicação da metodologia para cidades brasileiras de latitudes altas

Fonte: Elaborado pelo autor

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162

Desenho 35 – Mapa da região de voo contínuo em todo o ano do VANT solar

Fonte: Elaborado pelo autor

5.4.5 Determinação das dimensões do VANT movido a energia solar

Quando ocorre convergência de resultado para VANT solar capaz de realizar

voo contínuo, a iteração fornece para cada envergadura e razão de aspecto a respectiva força de

arrasto em voo de cruzeiro, velocidade de cruzeiro, potência da hélice, área em planta da asa,

porcentagem de célula fotovoltaica na área da asa, massa total e distribuição de massa por

componentes na aeronave, representadas pelos gráficos 34, 35, 36, 37, 38, 39 e 40,

respectivamente. Com esses resultados foi possível observar quais dimensões que o balanço de

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163

massa e energia são respeitados, levando em consideração todos parâmetros estudados, tendo

como referência o município de Campo Mourão (PR).

Foi possível observar pelo gráfico 34 que para maiores razões de aspecto e baixas

envergaduras, as forças de arrasto são menores e, como consequência, ocorre menor exigência

energética para manter voo reto e nivelado. Portanto a razão de aspecto escolhida para o projeto

é de 18.

Gráfico 34 – Força de arrasto em voo de cruzeiro em relação a envergadura da asa para diferentes

razões de aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

É vantajoso para a aeronave possuir a menor velocidade de cruzeiro possível,

devido à baixa exigência energética ao grupo motopropulsor. Ao analisar as possíveis

velocidades de cruzeiro no gráfico 35 para a razão de aspecto escolhida, foi adotado valor do

ponto de mínimo de sua variação, obtendo a velocidade de cruzeiro de 10,1 m/s e envergadura

da asa de 3,44 metros. Com esses valores foi possível obter no gráfico 34 a força de arrasto para

voo de cruzeiro, que é de apenas 0,733 N.

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164

Gráfico 35 – Variação da velocidade de cruzeiro em relação a envergadura da asa para diferentes

razões de aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi obtido no o gráfico 36 a potência que a hélice fornece ao fluido para b e AR

escolhidos, e seu valor é de aproximadamente 7,4 W.

Gráfico 36 – Potência da hélice em relação a envergadura da asa para diferentes razões de aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi necessário verificar se o motor escolhido consegue operar para a velocidade

de cruzeiro de 10,1 m/s, assim como fornecer o empuxo necessário para voo. Portanto a

metodologia desenvolvida na seção 5.3.5.3.6., da combinação ótima dos componentes do grupo

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165

motopropulsor, foi novamente utilizada com a nova demanda energética. Foi confirmado em

seu resultado que o motor selecionado é indicado para uso no VANT solar. A tabela 17 possui

o resultado da aplicação desse método, fornecendo os parâmetros ótimos e respectivos

rendimentos dos componentes do grupo motopropulsor.

Tabela 17 – Configuração ótima entre motor, redutor e hélice para o motor 28 supondo voo de 10,1

m/s e força de arrasto de 0,733 N

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi obtido no gráfico 37 a variação da área em planta da asa em função da

envergadura para diferentes razões de aspecto.

Gráfico 37 – Área em planta da asa em relação a sua envergadura para diferentes razões de aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

Para a razão de aspecto e envergadura selecionados, foi obtido a área em planta

da asa de 0,6574 m². No gráfico 38 foi analisado a variação da porcentagem de célula

fotovoltaica na asa em relação a envergadura da aeronave, também para diferentes razões de

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166

aspecto. Quanto menor for a porcentagem, para menores envergaduras e razões de aspecto,

menos células fotovoltaicas a aeronave deve possuir. Como esse item é de considerável valor

agregado, é vantajoso para o projeto possuir baixa porcentagem dessa relação. Para os valores

de b e AR determinados, foi obtido que 85,39% da asa da aeronave será coberta por células

fotovoltaicas. O valor mínimo para AR de 18 é de 83,23%, próximo do valor determinado, o

que demonstra que a escolha de envergadura para a razão de aspecto foi assertiva. Foi possível

também calcular a potência gerada pelos painéis solares, ao multiplicar o parâmetro 𝑃𝐴 da célula

fotovoltaica escolhida pela área total que irá preencher na asa, e seu valor é de aproximadamente

120,0 W.

Gráfico 38 – Variação da porcentagem de célula fotovoltaica na asa em relação à variação da

envergadura para diferentes razões de aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi analisado a variação da massa total do VANT solar para diferentes

envergaduras e razões de aspecto, conforme gráfico 39.

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167

Gráfico 39 – Massa total do VANT solar em relação a envergadura da asa para diferentes razões de

aspecto

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi obtido a massa total de aproximadamente 2,536 kg. Essa projeção demonstra

que o VANT solar deve ser muito leve, pois essa massa é para uma aeronave com 3,44 metros

de envergadura, o que demonstra a necessidade de utilizar materiais e técnicas construtivas que

resultem na redução máxima de peso para esse tipo de aeronave. O gráfico 40 também foi obtido

no software MATLAB® ao relacionar os parâmetros de massa com a projeção da massa

estrutural, e indica a projeção da distribuição de massa da aeronave.

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168

Gráfico 40 – Distribuição de massa dentre os componentes da aeronave para diferentes envergaduras

de asa

Fonte: Elaborado pelo autor

Através do gráfico 40 foi possível observar que a massa estrutural cresce de

forma expressiva conforme aumenta a envergadura da aeronave, o que pode também resultar

em seu maior custo de fabricação. A envergadura selecionada de 3,44 metros representa um

incremento baixo em relação à menor massa no gráfico 40, indicando que a aeronave em estudo

possui custo de fabricação próximo do mínimo dentre todas as convergências de resultados. É

importante ressaltar que foram simulados para envergaduras de 0,1 a 10 metros de comprimento

e somente foi possível obter resultados de VANTs solares capazes de realizar voo contínuo para

envergaduras de a partir 2,5 metros e até 5,35 metros. Noth (2008) explica que para

envergaduras muito pequenas, não há capacidade de geração de energia o suficiente para manter

suprir o balanço energético. E para envergaduras muito grandes, possuindo mais massa, a

mesma se torna muito pesada para também equilibrar o balanço de massa.

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169

5.4.6 Resultado do Design Conceitual de VANT solar

Com os valores da razão de aspecto, envergadura da asa, velocidade de cruzeiro,

combinação ótima entre motor, redutor e hélice, área em planta da asa, porcentagem de painéis

solares na asa, massa total da aeronave e sua respectiva distribuição, foi necessário calcular a

corda da raiz da asa, a fim de poder realizar o primeiro desenho da aeronave, concluindo o

design conceitual do VANT solar. Como a asa é retangular, sua área em planta é o produto entre

a envergadura e a corda do perfil. Portanto para o cálculo deste, basta dividir a área em planta

da asa pela respectiva envergadura, conforme equação 117 e calculado na equação 118.

cr =𝑆

𝑏(117)

cr =0,6574

3,44≅ 0,1911 [𝑚] (118)

A corda de raiz não resultou em valores extremamente baixos, sendo factível a

construção desse perfil. Caso contrário seria necessário reduzir a razão de aspecto, ou a

envergadura da asa, de modo a possibilitar a sua fabricação.

Com as dimensões básicas da asa estabelecidas, foi realizado uma representação

ilustrativa do VANT solar estudado nesse trabalho, resultado do design conceitual, conforme

desenho 36.

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170

Desenho 36 – Representação do VANT solar estudado realizando coleta de dados para agricultura de

precisão em lavoura de cana-de-açúcar

Fonte: Elaborado pelo autor

O desenho 37 possui representação esquemática da aeronave realizando

aquisição de dados para lavoura de cana-de-açúcar para agricultura de precisão. Por possuir

maior autonomia, a aeronave é capaz de obter mais dados em uma única missão em relação às

aeronaves convencionais. Essa característica permite que plantações de grandes dimensões

sejam monitoradas com mais eficiência, reduzindo a logística necessária para a realização de

vários voos em VANTs convencionais.

Page 171: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

171

Desenho 37 – VANT solar em estudo realizando aquisição de dados para agricultura de precisão em

plantação de cana-de-açúcar

Fonte: Elaborado pelo autor

O design conceitual do VANT solar em estudo nesse trabalho foi, portanto,

concluído, em que os principais parâmetros da aeronave foram estabelecidos, de modo que a

mesma seja capaz de realizar voo contínuo. É importante ressaltar que esse não é o projeto da

aeronave, portanto as dimensões dos componentes como fuselagem, superfícies de controle,

trem de pouso, entre outros, deverão ser analisadas em etapas futuras do projeto de aeronave.

Essa sequência, conforme indicada por Barros (2001), indica que o design conceitual desse

trabalho possibilita a continuidade para projeto, fabricação, testes e possível homologação da

aeronave, seguindo a espiral evolutiva de modo a otimizar a aeronave para execução de sua

missão.

A tabela 18 possui a síntese dos resultados do design conceitual do VANT

movido a energia solar, com as principais características do mesmo.

Page 172: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

172

Tabela 18 – Síntese dos resultados do design conceitual do VANT movido a energia solar

Fonte: Elaborado pelo autor

A tabela 19 possui a relação de alguns componentes selecionados para a

aeronave no seu o design conceitual.

Tabela 19 - Seleção de componentes para design conceitual de VANT solar

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 173: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

173

6 CONCLUSÕES

O trabalho abordou diversos aspectos relacionados a uma aeronave movida a

solar, e obteve como resultado o design conceitual do VANT solar. Essa etapa do projeto de

aeronave, constitui em uma das principais fases para sua concepção, em que são definidos

importantes parâmetros para que possa realizar sua missão, e fornece o estudo necessário para

a continuidade do projeto da aeronave, como fabricação, ensaios e certificação.

Aeronaves movidas a energia solar possuem como principal característica a

possibilidade de permanecer em voo por longos períodos de tempo, de modo que ao voar

durante o dia, a energia gerada por suas células fotovoltaicas é armazenada em suas baterias e

suprirá a demanda energética para o voo noturno. Com o início da irradiância solar ao

amanhecer, a aeronave inicia novamente a geração própria de energia, o que constitui um ciclo

de utilização de alta autonomia denominado voo contínuo. A metodologia utilizada aborda o

design conceitual de VANT solar através da modelagem analítica dos balanços de massa e

energia da aeronave, de modo que todos os parâmetros que os envolvem devem ser devidamente

selecionados a fim de possibilitar o voo contínuo.

Os parâmetros que constituem a modelagem analítica para os balanços de massa

e energia do VANT foram estudados de formas individuais nesse trabalho, sempre recorrendo

às literaturas técnicas e diversos fabricantes a fim de possibilitar o melhor entendimento e

seleção. Dentre os parâmetros abordados, para seleção da combinação ótima entre motor

elétrico de corrente contínua, redutor e hélice, componentes do grupo motopropulsor, foi

desenvolvido um algoritmo a fim de possibilitar a escolha de conjunto com maior rendimento

global, respeitando todas as possíveis limitações imposta pelos fabricantes.

O estudo aerodinâmico da asa ocorreu por modelagem analítica da literatura

técnica, também descrita de forma resumida nesse trabalho. Os parâmetros de coeficientes

aerodinâmicos de sustentação e arrasto para asas finitas utilizados na metodologia do design

conceitual da aeronave empregou critério mais exigente do que reportado em algumas

literaturas técnicas, sendo também um diferencial do estudo apresentado, de modo que, infere-

se que a previsão das forças aerodinâmicas da asa nessa etapa preliminar do projeto de aeronave

possibilita maior assertividade em caso de fabricação e continuidade do projeto do VANT solar.

Page 174: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

174

Nos parâmetros relacionados aos componentes a serem comprados, como

baterias e células fotovoltaicas, foram utilizados critérios de maior eficiência e baixo peso,

assim como menor valor financeiro agregado, e com isso espera-se obter custo

comparativamente reduzido em caso de prosseguimento da análise para construção da mesma.

Os resultados resumidos do design conceitual são de uma aeronave de asa

retangular com 3,44 m de envergadura, com razão de aspecto de 18 e corda de perfil na asa de

19,11 cm. A previsão de massa total é de 2,536 kg, sendo que 85,4% da área em planta da asa

com células fotovoltaicas, resultando na potência de 120 W. Sua altitude máxima de operação

é de 3.100 metros acima do nível do mar, e velocidade de cruzeiro de 10,1 m/s.

Para obtenção dos resultados indicados foi necessário a análise de uma série de

parâmetros estudados nesse trabalho, a saber: massa da carga transportada e demanda

energética de voo, altitude máxima de operação e as respectivas características do fluido nestas

condições. Também foi necessária a adoção de um modelo de incidência solar, a seleção de

perfil aerodinâmico da asa e respectivos modelos analíticos dos coeficientes aerodinâmicos da

mesma, seleção da bateria e da célula fotovoltaica embarcada, MPPT, componentes do grupo

motopropulsor e seus parâmetros ótimos de funcionamento, modelo para estimativa da massa

estrutural da aeronave, massa do grupo do sistema de aviônicos e sua potência requerida.

Como em qualquer projeto, os parâmetros analisados no design conceitual

devem ser reavaliados nas etapas seguintes de desenvolvimento incluindo a fabricação, testes e

homologação da aeronave, de modo que ocorra a evolução contínua para o máximo

desempenho e segurança do VANT solar.

Page 175: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

175

7 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A recomendação para trabalhos futuros é da continuidade do projeto de

aeronave, conforme proposto por Barros (2001), ao realizar o projeto, fabricação, testes e

possível certificação da aeronave. O design conceitual desse trabalho fornece alguns dos

principais parâmetros para que o VANT solar possa seguir as demais etapas, de modo que todos

os parâmetros analisados serão reavaliados sob óticas do desenvolvimento específico de cada

área da aeronave.

A fim de possibilitar a correta análise dos parâmetros, é recomendado o uso de

métodos não analíticos para verificação da combinação ótima dos componentes do grupo

motopropulsor. Essa verificação pode ser realizada através de ensaios em que é verificado se a

previsão de desempenho global para mudança na relação de transmissão é atendida, conforme

o gráfico 30.

A análise aerodinâmica da asa também deve ser feita através de outros métodos,

a fim de poder validar a estimativa obtida de forma analítica nesse trabalho. É possível realizar

avaliação dos parâmetros aerodinâmicos por simulação numérica computacional, assim como

através de ensaios no túnel de vento do modelo da aeronave.

Também é recomendado o desenvolvimento de sistemas embarcados para

controle automático da aeronave em voo, de modo que seja desenvolvido e testado métodos

próprios mais eficientes energeticamente, possibilitando a redução do consumo energético do

sistema de aviônicos.

Analisar os mapas meteorológicos de superfície do Brasil, que fornecem a análise

dos elementos meteorológicos sobre o território nacional em uma determinada época. Neste

mapa é importante analisar isotacas, que são linhas para análise da velocidade do vento, a fim

de comparar com a região de voo do VANT solar em território nacional a fim de verificar quais

regiões estão sujeitas às rajadas de ventos que podem comprometer a missão da aeronave.

Page 176: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

176

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Page 183: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

183

APÊNDICE 1

Coordenadas do perfil Selig-Donovan 7032.

Tabela 20 – Coordenadas de 61 pontos do perfil Selig-Donovan 7032

Fonte: AIRFOIL TOOLS, 2016

Page 184: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

184

APÊNDICE 2

Gráfico 41 – Curva de C_l vs α do perfil SD7032, simulada no software XFLR5® para diferentes

números de Reynolds.

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 185: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

185

ANEXO 1

Programação 1 no software MATLAB® da metodologia desenvolvida pelo

autor para obtenção da combinação ótima dos parâmetros do motor, redutor e hélice. Nesta

programação são inseridos os motores a serem simulados na matriz, de modo que cada coluna

relaciona um determinado parâmetro do motor.

%==========================================================================

%=== Universidade Presbiteriana Mackenzie

%=== - Trabalho de Conclusão de Curso -

%=== Filipe Andrade Baruzzi, Engenharia Mecânica, UPM, 2016; {[email protected]}

%=== Este códito tem como objetivo a obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes do

sistema motopropulsor: motor elétrico de corrente contínua, redutor e hélice.

%==========================================================================

function [km,ra,io,Pmax,M_max,U_nom] = parammot(n)

%Parâmetros de entrada para dimensionamento do motor de um VANT SOLAR

% 1.88/1000 38.8 17.2/1000 0.2 0.243/1000 4

% 3.3/1000 18.1 31.1/1000 0.5 0.684/1000 6

% 1.75/1000 16.7 19/1000 1 0.338/1000 6

% 10.1/1000 64.1 38.9/1000 1.5 1.81/1000 24

% 5.37/1000 31.8 28/1000 2 0.94/1000 24

% 3.62/1000 8.38 50.9/1000 3 1.26/1000 12

% 23.8/1000 28.6 25.1/1000 5 7.74/1000 24

% 23/1000 25 46.2/1000 6 9.21/1000 24

% 2.97/1000 3.42 67.3/1000 8 1.61/1000 18

% 12.7/1000 15.1 38.2/1000 12 5.38/1000 36

% 92.8/1000 53 19.9/1000 15 24.7/1000 48

% 34.8/1000 13.1 60.4/1000 25 23.2/1000 48

M = [11.4/1000 7.56 80.8/1000 30 7.87/1000 48

7.7/1000 4.06 96.2/1000 40 6.64/1000 48

6.22/1000 1.96 67.6/1000 50 7.17/1000 48

10.9/1000 2.34 96.3/1000 60 17.1/1000 48

50/1000 3.78 173/1000 70 94.2/1000 48

6.74/1000 0.858 213/1000 80 12.8/1000 48

66/1000 13.5 21.1/1000 90 43.9/1000 48

14.2/1000 0.797 149/1000 100 47.6/1000 48

7.21/1000 0.528 152/1000 120 22.9/1000 48

Page 186: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

186

8.74/1000 0.341 217/1000 150 33.4/1000 48

46.4/1000 0.806 193/1000 170 165/1000 48

85.9/1000 0.218 390/1000 180 417/1000 48

27.6/1000 0.386 356/1000 200 92.9/1000 48

70.5/1000 1.01 148/1000 220 339/1000 48

34.4/1000 3.59 188/1000 240 52/1000 48

5.36/1000 0.122 242/1000 250 35.1/1000 36

84.9/1000 0.345 670/1000 400 768/1000 48

70.5/1000 1.01 481/1000 480 961/1000 48];

km = M(n,1);

ra = M(n,2);

io = M(n,3);

Pmax = M(n,4);

M_max = M(n,5);

U_nom = M(n,6);

Page 187: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

187

ANEXO 2

Programação 2 no software MATLAB® da metodologia desenvolvida pelo

autor para obtenção da combinação ótima dos parâmetros do motor, redutor e hélice. Esta

programação realiza a iteração, ao variar para cada motor as possíveis combinações das rotações

e relação de transmissão.

%==========================================================================

%=== Universidade Presbiteriana Mackenzie

%=== - Trabalho de Conclusão de Curso -

%=== Filipe Andrade Baruzzi, Engenharia Mecânica, UPM, 2016; {[email protected]}

%=== Este códito tem como objetivo a obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes do

sistema motopropulsor: motor elétrico de corrente contínua, redutor e hélice.

%==========================================================================

% Define a matriz de motores M

clear all;

resultado = [];

cc = jet(18);

for n = 13:30; %Motores a serem simulados

[km,ra,i0,Pmax,M_max,U_nom] = parammot(n);

v_cr = 10; %velocidade de cruzeiro

t_cr = 0.733; %tração voo cruzeiro

nglobal_ant = 0;

[wmin,wmax] = rotacao(v_cr,t_cr);

n_r_aux = [];

n_r_w = [];

for wi = wmin:50:wmax %rotação em rpm / INCÍCIO VARIANDO N

for r = 1:0.1:36 %relação de transmissão / INÍCIO VARIANDO R

if(r <=6)

ngrb = .97*.98^2;

else

ngrb = .97^2*.98^3;

end

w = wi*2*pi/60; % rotação em rad/s

Ph = Phel(v_cr,wi); %cálculo da potência da hélice absorvida pelo flúido

nh = nhel(v_cr,wi); %rendimento da hélice

Pmo = (Ph/ngrb)/nh; %cálculo da potência do motor

Page 188: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

188

U = ((Pmo+r^2*km^2*w^2/ra)*(1/(r*w*km))+i0)*ra; %cálculo da tensão

wmot = w*r; %rotação do motor (rad/s)

Mmot = Pmo/wmot; %torque do motor (Nm)

I = i0+Mmot/km; %corrente total

Pmi = U*I; %potência input do motor

nmot = Pmo/U/(i0+Mmot/km); %rendimento do motor

nglobal = nh*nmot*ngrb; %rendimento global

n_r_aux = [n_r_aux nglobal];

if (nglobal >= nglobal_ant && U <= U_nom && Pmi <= Pmax && Mmot <= M_max)

Uo = U;

ro = r;

wo = wi; %rpm

nomot = nmot;

noh = nh;

nglobalo = nglobal;

Pmio = Pmi;

nglobal_ant = nglobal;

end

end %FIM VARIANDO r

n_r_w = [n_r_w;n_r_aux];

n_r_aux = [];

end %FIM VARIANDO W

plot(1:0.1:36,n_r_w(1,:),'color',cc(n,:))

legendInfo{n} = ['Motor ' num2str(n+12)];

hold on

xlabel('Relação de transmissão');

ylabel('Rendimento global');

Uo

ro

wo

nomot

noh

nglobalo

resultado_aux = [Uo ro wo nomot noh nglobalo Pmio];

resultado = [resultado;resultado_aux];

end

legend(legendInfo

format bank

resultado

Page 189: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

189

ANEXO 3

Programação 3 no software MATLAB® da metodologia desenvolvida pelo

autor para obtenção da combinação ótima dos parâmetros do motor, redutor e hélice. Esta

programação tem como função obter a faixa de rotação da hélice em que o empuxo mínimo

necessário é satisfeito. Na matriz cada coluna corresponde à uma rotação da hélice e cada

linha à uma determinada velocidade de escoamento do fluido.

%==========================================================================

%=== Universidade Presbiteriana Mackenzie

%=== - Trabalho de Conclusão de Curso -

%=== Filipe Andrade Baruzzi, Engenharia Mecânica, UPM, 2016; {[email protected]}

%=== Este códito tem como objetivo a obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes do

sistema motopropulsor: motor elétrico de corrente contínua, redutor e hélice.

%==========================================================================

function [wmin,wmax] = rotacao(vel,thr)

%UNTITLED Summary of this function goes here

% Detailed explanation goes here

Mat = [0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.8218 5.6784;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.0372 4.5995 7.3326 10.236;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.3661 3.6342 6.0731 8.6818 11.459 14.405;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0.8086 2.7824 4.9271 7.2414 9.7244 12.375 15.193 18.177;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.0442 3.899 5.9146 8.1028 10.458 12.981 15.669 18.522 21.541;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.4227 2.9793 4.7052 6.6599 8.6598 10.887 13.279 15.836 18.558 21.443

24.492;

0 0 0 0 0 0 0 0.9085 2.1704 3.6012 5.1994 6.9638 8.8937 10.988 13.247 15.676 18.255 21.004

23.915 26.989;

0 0 0 0 0 0.5111 1.4786 2.6146 3.9172 5.3851 7.0176 8.814 10.774 12.896 15.182 17.629 20.239

23.01 25.944 29.039;

0 0 0 0.2271 0.9003 1.741 2.7471 3.9173 5.251 6.7473 8.4061 10.227 12.209 14.353 16.659 19.126

21.753 24.542 27.492 30.603;

0 0.05678 0.4352 0.9793 1.6868 2.5567 3.5883 4.7814 6.1356 7.6508 9.3269 11.164 13.161 15.32

17.639 20.118 22.758 25.559 28.52 31.641;

0.08015 0.3206 0.7213 1.2824 2.0037 2.8853 3.9373 5.1295 6.492 8.0148 9.6979 11.541 13.545 15.709

18.033 20.518 23.163 25.968 28.933 32.067];

i = 11- round(vel/2);

iwmin = 30;

iwmax = 0;

Page 190: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

190

for j=1:20

if(Mat(i,j) > 0 && Mat(i,j) > thr)

iwmin = min(iwmin,j);

iwmax = max(iwmax,j);

end

end

wmin = iwmin*100;

wmax = iwmax*100

Page 191: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

191

ANEXO 4

Programação 4 no software MATLAB® da metodologia desenvolvida pelo

autor para obtenção da combinação ótima dos parâmetros do motor, redutor e hélice. Esta

programação tem como função obter a potência fornecida ao fluido pela hélice para uma

determinada rotação e velocidade da aeronave. Na matriz cada coluna corresponde à uma

rotação da hélice e cada linha à uma determinada velocidade de escoamento do fluido.

%==========================================================================

%=== Universidade Presbiteriana Mackenzie

%=== - Trabalho de Conclusão de Curso -

%=== Filipe Andrade Baruzzi, Engenharia Mecânica, UPM, 2016; {[email protected]}

%=== Este códito tem como objetivo a obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes do

sistema motopropulsor: motor elétrico de corrente contínua, redutor e hélice

.%==========================================================================

function Ph = Phel(v,w)

% 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10001100120013001400150016001700

M = [0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0.11356 0.8704 1.9586 3.3736 5.1134 7.1766 9.5628 12.2712 15.3016 18.6538 22.328 26.322 30.64

35.278 40.236 45.516 51.118 57.04 63.282

0 0 0 0 0.9084 3.6012 6.964 10.9884 15.6692 21.004 26.9892 33.6244 40.908 48.836 57.412 66.636

76.504 87.012 98.168 109.968 122.412

0 0 0 0 0 0 3.0666 8.8716 15.6876 23.5032 32.3106 42.1056 52.884 64.644 77.376 91.092 105.774

121.434 138.06 155.664 174.234

0 0 0 0 0 0 0 0 7.268 17.3632 28.8096 41.5952 55.7104 71.1496 87.904 105.976 125.408 146.04

168.032 191.32 215.912

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14.227 29.793 47.052 66.599 86.598 108.87 132.79 158.36 185.58 214.43

244.92

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 24.5304 46.788 70.9752 97.2336 125.496 155.772 188.028 222.264

258.492

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11.3204 38.9536 68.9794 101.3796 136.1416 173.25 212.702

254.478

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 21.8576 58.1472 97.1696 138.9088 183.344 230.48

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 36.6696 82.791 131.9868 184.248

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0];

i = 11 - round(v/2);

j = round(w/100)+1;

Ph = M(i,j);

Page 192: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

192

ANEXO 5

Programação 5 no software MATLAB® da metodologia desenvolvida pelo

autor para obtenção da combinação ótima dos parâmetros do motor, redutor e hélice. Esta

programação tem como função obter o rendimento da hélice para uma determinada rotação e

velocidade da aeronave. Na matriz cada coluna corresponde à uma rotação da hélice e cada

linha à uma determinada velocidade de escoamento do fluido.

%==========================================================================

%=== Universidade Presbiteriana Mackenzie

%=== - Trabalho de Conclusão de Curso -

%=== Filipe Andrade Baruzzi, Engenharia Mecânica, UPM, 2016; {[email protected]}

%=== Este códito tem como objetivo a obtenção da combinação ótima dos parâmetros dos componentes do

sistema motopropulsor: motor elétrico de corrente contínua, redutor e hélice.

%==========================================================================

function n = nhel(v,w)

M = [0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 58.725 74.392;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 55.768 74.392 81.209 83.834;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 51.485 74.392 81.697 84.143 84.528 83.898;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 44.763 74.392 82.244 84.401 84.347 83.277 81.703 79.877;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 74.932 82.852 84.547 83.898 82.265 80.193 77.936 75.625 73.329;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 74.392 83.506 84.463 82.992 80.627 77.936 75.163 72.424 69.775 67.242

64.835;

0 0 0 0 0 0 0 0 74.392 84.143 83.898 81.263 77.936 74.472 71.086 67.864 64.835 62.006 59.372

56.921 54.641;

0 0 0 0 0 0 74.392 84.547 82.265 77.936 73.329 68.917 64.835 61.107 57.718 54.641 51.843

49.295 46.968 44.837 42.88;

0 0 0 0 74.392 83.898 77.936 71.086 64.835 59.372 54.641 50.54 46.968 43.838 41.079 38.632

36.45 34.493 32.729 31.132 29.68;

0 0 74.392 77.936 64.835 54.641 46.968 41.079 36.45 32.729 29.68 27.139 24.992 23.155 21.566

20.178 18.956 17.873 16.905 16.036 15.251;

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0];

i = 11 - round(v/2);

j = round(w/100)+1;

n = M(i,j)/100;

Page 193: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

193

ANEXO 6

Programação 1 no software MATLAB® da metodologia utilizada, que consiste

no script adaptado de Noth (2008), ao adicionar equacionamento completo para obtenção dos

coeficientes de sustentação e arrasto para asa finita, segundo método analítico proposto por

Anderson Jr. (1999). Essas alterações estão definidas na cor vermelha.

%==========================================================================

%=== Global Design of Sky-Sailor Airplane

%=== - Initialization of Parameters -

%=== A. Noth, ASL, ETHZ, 2008 {[email protected]}

%=== This code initialize parameters for the design program of Sky-Sailor

%=== (or other solar airplane in general). Please read "Design of Solar

%=== Powered Airplanes for Continuous Flight" for more information about

%=== the calculations and for equations reference.

%=== http://robotics.ethz.ch/projects/sky-sailor/

%==========================================================================

g = 9.81; % Gravitational acceleration [m/s^2]

alt = 3100; % Initial altitude [m]

alt_array = [0, 1000, 2000, 4000, 6000, 10000, 15000, 20000, 25000, 30000];

rho_array = [1.224, 1.11, 1.006, 0.819, 0.659, 0.413, 0.192, 0.087, 0.039, 0.017];

rho = spline(alt_array,rho_array,alt); % Airdensity [kg/m^3]

%=========== Irradiance conditions ==============

I_max = 508; % Maximum irradiance [W/m^2]

T_day = 11*3600; % Duration of the day [s]

n_wthr = 1; % Margin factor <1 take clouds into account [-]

%================ Aerodynamics ==================

a_0 = 0.099669; % coeficiente angular perfil

alpha = 5.5; %angulo de ataque

alpha_cl0 = -2.78; %angulo de ataque zero sustentação

% C_L = 0.8; % Airfoil lift coefficient [-]

% C_D_afl = 0.013; % Airfoil drag coefficient [-]

% C_D_par = 0.006; % Fuselage drag coefficient [-]

Swet_S = 2.035672058; %relação de áreas

Cf = 0.005516144; %coeficiente atrito na superfície

e = 0.92; %ok Constant depending on wing shape [-]

%======= Wing & fuselage Structure ==============

Page 194: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

194

k_af = 0.44/9.81; % Constant [~Kg/m3]

x1 = 3.1; % Scaling exponent for b [-]

x2 = -0.25; % Scaling exponent for AR [-]

%============= Propulsion group =================

n_ctrl = 0.97; % Efficiency of motor controller [-]

n_mot = 0.898638522377377; % Efficiency of motor [-]

n_grb = 0.8855675528; % Efficiency of gearbox [-]

n_plr = 0.83898; % Efficiency of propeller [-]

k_prop = 0.007; % Mass/Power ration of propulsion group [kg/W]

%======= Battery and Stepdown converter =========

n_chrg = 0.95; % Efficiency of charge process [-]

n_dchrg = 0.95; % Efficiency of discharge process [-]

n_bec = 0.88; %Efficiency of bec (5V stepdown) [-]

k_bat = 241.83*3600; % Energy density of LiPo [J/Kg]

%================ Solar cells ===================

k_sc = 0.51; % Mass density of solar cells [Kg/m2]

k_enc = 0.036; % Mass density of encapsulation [Kg/m2]

k_mppt = 1/2368; % Mass/Power ratio of mppt [kg/W]

n_sc = 0.218; % Efficiency of solar cells [-]

n_cbr = 0.9; % Efficiency of cambered configuration [-]

n_mppt = 0.97; % Efficiency of mppt [-]

%============== Avionics & Payload ==============

m_av = 0.18681; % Mass of controler and electronics [kg]

m_pld = 0.09; % Mass of payload [kg]

p_av = 1.101; % Power required for control [W]

p_pld = 2; % Power required for payload [W]

Page 195: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

195

ANEXO 7

Programação 2 no software MATLAB® da metodologia utilizada, que consiste

no script adaptado de Noth (2008), ao adicionar equacionamento completo para obtenção dos

coeficientes de sustentação e arrasto para asa finita, segundo método analítico proposto por

Anderson Jr. (1999). Essas alterações estão definidas na cor vermelha.

%==========================================================================

%=== Global Design of Sky-Sailor Airplane

%=== - Evaluation of the solution -

%=== A. Noth, ASL, ETHZ, 2008 {[email protected]}

%=== This code evaluates, based on given parameters, the feasibility of a

%=== certain configuration of solar airplane. In one sentence, the main

%=== problem is to balance weight/lift and obtained/required power. Please

%=== read "Design of Solar Powered Airplanes for Continuous Flight" for

%=== more information about the calculations and for equations reference.

%=== http://robotics.ethz.ch/projects/sky-sailor/

%==========================================================================

a_asa = a_0/(1+(a_0/(e*pi*AR))); %a asa

C_L = a_asa*(alpha-alpha_cl0); %CL asa

C_D_0 = Swet_S*Cf;

C_D_ind = C_L^2 / (e*pi*AR); % Induced drag coefficient [-]

C_D = C_D_0+C_D_ind; % C_D_afl+C_D_ind+C_D_par Total drag coefficient [-]

a0 = C_D/(C_L^1.5)*sqrt(2*AR*(g^3)/rho); % Eq 3.5

a1 = 1/(n_ctrl * n_mot * n_grb * n_plr); % Eq 3.6

a2 = 1/(n_bec)*(p_av+p_pld); % Eq 3.6

a3 = m_av + m_pld; % Eq 3.10

a4 = k_af*AR^x2; % Eq 3.25

a5 = k_sc + k_enc; % Eq 3.27

a6 = k_mppt * I_max * n_sc * n_cbr * n_mppt; % Eq 3.28

a7 = T_night/(n_dchrg * k_bat); % Eq 3.30

a8 = k_prop; % Eq 3.32

a9 = pi/(2*n_sc* n_cbr*n_mppt*n_wthr) * ... % Eq 3.26

(1+T_night/(T_day*n_chrg*n_dchrg))*1/I_max;

a10 = a0 * a1*(a7 + a8 + a9*(a5+a6)); % Eq 3.34

a11 = a2 * (a7+a9*(a5+a6))+a3; % Eq 3.34

a12 = a10 * 1/b; % Eq 3.35

Page 196: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

196

a13 = a11+a4*b^x1; % Eq 3.35

z = roots([a12 -1 0 a13]); % Solving equation to find mass

Sol_m = MinimumPositive(z)^2; % It can be 2 masses, we take the smallest one

if (isnan(Sol_m)==0) % If a solution is found, we compute ...

Sol_P_level = a0*Sol_m^1.5/b; % Eq 3.5 level flight power

Sol_m_af = a4*b^x1; % Eq 3.25 airframe mass

Sol_P_elec_tot = a1*Sol_P_level+a2; % Eq 3.6 total electric power (level flight)

Sol_m_bat = a7*Sol_P_elec_tot; % Eq 3.30 battery mass

Sol_A_sc = a9*Sol_P_elec_tot; % Eq 3.26 solar panels area

Sol_m_sc = a5*Sol_A_sc; % Eq 3.27 solar panels mass

Sol_m_mppt = a6*Sol_A_sc; % Eq 3.28 mppt mass

Sol_P_sc = a6*Sol_A_sc/k_mppt; % Eq 3.28 solar electrical power max

Sol_m_prop = a8*a1*Sol_P_level; % Eq 3.32 propulsion group mass

Sol_v = sqrt(2*Sol_m*g/(C_L*rho*b*b/AR)); % Eq 3.3 level flight speed

Sol_D = Sol_m*g/C_L*C_D; % Eq 3.1-2 total drag

Sol_A = b^2/AR; % wing surface

end

if ((isnan(Sol_m)==1) || (Sol_A_sc > b*b/AR)) % If no solution, Nan is returned

Sol_m = NaN;

Sol_P_level = NaN;

Sol_m_af = NaN;

Sol_P_elec_tot = NaN;

Sol_m_bat = NaN;

Sol_A_sc = NaN;

Sol_m_sc = NaN;

Sol_m_mppt = NaN;

Sol_P_sc = NaN;

Sol_m_prop = NaN;

Sol_v = NaN;

Sol_D = NaN;

Sol_A = NaN;

end

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197

ANEXO 8

Programação 3 no software MATLAB® da metodologia utilizada, que consiste

no script adaptado de Noth (2008), ao adicionar equacionamento completo para obtenção dos

coeficientes de sustentação e arrasto para asa finita, segundo método analítico proposto por

Anderson Jr. (1999). Essa programação é a que ocorre a iteração para verificação da ocorrência

dos balanços de massa e energia. As alterações estão destacadas na cor vermelha.

%==========================================================================

%=== Global Design of Sky-Sailor Airplane

%=== - Plot Example for Unmanned Aerial Vehicle -

%=== A. Noth, ASL, ETHZ, 2008 {[email protected]}

%=== This code tries different combinations of wingspan and aspect ratio

%=== and then evaluates the feasibility or not of the solution. It uses the

%=== technological & mission parameters from Initparameters. The results

%=== are plotted on graph where one can also see the mass distribution.

%=== SCENARIO: Solar Unmanned Aerial Vehicle for 24h Flight

%=== http://robotics.ethz.ch/projects/sky-sailor/

%==========================================================================

clc;clear;clf;

warning('off','MATLAB:interp1:NaNinY');

cmap = colormap(jet(100));

j = 0;

InitParameters; % Parameters are initialized

T_night = 24*3600-T_day; % Duration of the night [s]

for AR = [8,9,10,11,12,13,14,16,18,20] % For different aspect ratios...

j = j+1;

col = cmap(floor(((100-20)-0)/(20-8)*(AR-8))+1,:);

%===============================================

%=== CALCULATION

%===============================================

i = 0;

b_max = 10; %***** ALTERADO DE 8 PARA 10

b_step = .01;

for b=b_step:b_step:b_max % And different wingspans...

EvaluateSolution; % ... the solution feasibiliy is computed

Page 198: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

198

i = i+1;

m(i) = Sol_m;

P_level(i) = Sol_P_level;

m_af(i) = Sol_m_af;

P_elec_tot(i) = Sol_P_elec_tot;

m_bat(i) = Sol_m_bat;

A_sc(i) = Sol_A_sc;

m_sc(i) = Sol_m_sc;

m_mppt(i) = Sol_m_mppt;

P_sc(i) = Sol_P_sc;

m_prop(i) = Sol_m_prop;

v(i) = Sol_v;

D(i) = Sol_D;

A(i) = Sol_A;

end

%=== PLOTS

width = 2;

b=b_step:b_step:b_max;

figure(1);set(gcf,'Position',[1056 204 560 420]);

hold on;

plot(b,m,'Color',col,'LineWidth',width); % Plot total mass wrt to AR and b

[m_min.m(j),index] = min(m);

m_min.b(j)=b(index);

grid on;

xlabel('Envergadura da asa [m]');

ylabel('Massa total do VANT solar [Kg]');

figure(2);set(gcf,'Position',[1056 204 560 420]);

hold on;

plot(b,D,'Color',col,'LineWidth',width); % Plot the C_D wrt to AR and b

[c_min.c(j),index] = min(D);

c_min.b(j)=b(index);

grid on;

ylabel('Força de arrasto em voo de cruzeiro [N]');

xlabel('Envergadura da asa [m]');

figure(3);set(gcf,'Position',[487 704 800 420]);

subplot(2,2,1);hold on;

plot(b,v,'Color',col,'LineWidth',width); % Plot speed wrt to AR and b

[v_min.v(j),index] = min(v);

v_min.b(j)=b(index);

grid on;

Page 199: BARUZZI, F. Design conceitual de um Veículo Aéreo Não Tripulado movido a energia solar capaz de realizar voo contínuo

199

ylabel('Velocidade de cruzeiro [m/s]')

subplot(2,2,3);hold on;

plot(b,P_level,'Color',col,'LineWidth',width); % Plot the propeller power wrt to AR and b

grid on;

ylabel('Potência da hélice [W]');

xlabel('Envergadura da asa [m]');

subplot(2,2,2);hold on;

plot(b,A,'Color',col,'LineWidth',width); % Plot wing area wrt to AR and b

grid on;

ylabel('Área em planta da asa [m^2]');

subplot(2,2,4);hold on;

plot(b,A_sc./A*100,'Color',col,'LineWidth',width);% Plot solar area wrt to AR and b

[ratio_area_min.ratio_area(j),index] = min(A_sc./(b.^2/AR)*100);

ratio_area_min.b(j)=b(index);

grid on;

xlabel('Envergadura da asa [m]');

ylabel('Porcentagem de célula fotovoltaica na asa [%]');

if (AR == 13) % Plot mass distribution (AR given)

figure(4);set(gcf,'Position',[487 204 560 420]);

area(b,[m./m*m_pld;m./m*m_av;m_af;m_bat;m_sc;m_mppt;m_prop]');

legend('Carga transportada','Aviônicos','Estrutura','Baterias','Painéis solares','MPPT',...

'Grupo propulsor','Location','NorthWest');

xlabel('Envergadura da asa [m]');

ylabel('Massa [kg]');

colormap(gray(100));

end

end

figure(1);

plot(m_min.b,m_min.m,'xk','MarkerSize',4);

legend('8','9','10','11','12','13','14','16','18','20','Location','NorthWest');

figure(2);

plot(c_min.b,c_min.c,'xk','MarkerSize',4);

legend('8','9','10','11','12','13','14','16','18','20','Location','NorthWest');

figure(3);

subplot(2,2,1);

plot(v_min.b,v_min.v,'xk','MarkerSize',4);

subplot(2,2,4);

plot(ratio_area_min.b,ratio_area_min.ratio_area,'xk','MarkerSize',4);

legend('8','9','10','11','12','13','14','16','18','20','Location','NorthWest');

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ANEXO 9

Programação 4 no software MATLAB® da metodologia utilizada, que consiste

no script adaptado de Noth (2008), ao adicionar equacionamento completo para obtenção dos

coeficientes de sustentação e arrasto para asa finita, segundo método analítico proposto por

Anderson Jr. (1999). Essa programação é a função desenvolvida para obter o menor valor

positivo.

function min_pos = MinimumPositive(z)

min_pos = NaN;

for j=1:1:length(z)

if (isreal(z(j)) && z(j)>0)

if isnan(min_pos) min_pos = z(j);

elseif z(j) < min_pos min_pos = z(j);

end

end

end

end