banco de sangue de cordÃo umbilical privado: uso...

25
Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203 DOI 10.1007/s12015-009-9082-0 Este documento consiste em um artigo científico. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EGIDIO ALEX BERTA DOS SANTOS TRADUTOR PÚBLICO E INTÉRPRETE COMERCIAL Matrícula 127/2010 Rua Marquês do Pombal, 783/501 CEP 90.540-001 Porto Alegre/RS/Brasil Tel.: 55 51 3222-2277 Cel. 55 51 9212-7939 E-mail:[email protected] Saibam todos quantos virem este Instrumento Público que eu, Egidio Alex Berta dos Santos, Tradutor Público e Intérprete Comercial, autorizado pela Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul, declaro haver recebido um documento em Língua Inglesa, que passo a traduzir, em Língua Portuguesa, como segue: Tradução nº: 1062-2012. BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL E FUTURO CLÍNICO Peter Hollands Catherina McCauley P. Hollands (H) Escola de Biosciências, Universidade de Westminster 115, New Cavendish Street, Londres, Reino Unido C. McCauley Abbott Ireland Ltd, Cootehill, Co Cavan, Irlanda RESUMO O banco de sangue de cordão umbilical privado internacional tem se expandido rapidamente nos últimos anos desde o primeiro transplante de sangue de cordão umbilical, o qual foi há 20 anos atrás. As empresas privadas oferecem aos pacientes a oportunidade de armazenar o sangue do cordão umbilical para possível uso futuro por

Upload: dangkien

Post on 09-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

EGIDIO ALEX BERTA DOS SANTOS

TRADUTOR PÚBLICO E INTÉRPRETE COMERCIAL – Matrícula 127/2010

Rua Marquês do Pombal, 783/501 – CEP 90.540-001 – Porto Alegre/RS/Brasil

Tel.: 55 51 3222-2277 – Cel. 55 51 9212-7939 – E-mail:[email protected]

Saibam todos quantos virem este Instrumento Público que eu, Egidio Alex Berta dos Santos, Tradutor Público e

Intérprete Comercial, autorizado pela Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul, declaro haver recebido um

documento em Língua Inglesa, que passo a traduzir, em Língua Portuguesa, como segue:

Tradução nº: 1062-2012.

BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO:

USO ATUAL E FUTURO CLÍNICO

Peter Hollands Catherina McCauley

P. Hollands (H) Escola de Biosciências, Universidade de Westminster 115, New Cavendish Street, Londres, Reino Unido C. McCauley Abbott Ireland Ltd, Cootehill, Co Cavan, Irlanda

RESUMO

O banco de sangue de cordão umbilical privado internacional tem se expandido

rapidamente nos últimos anos desde o primeiro transplante de sangue de cordão

umbilical, o qual foi há 20 anos atrás. As empresas privadas oferecem aos pacientes a

oportunidade de armazenar o sangue do cordão umbilical para possível uso futuro por

Page 2: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

seu filho ou outros familiares. A indústria privada do sangue de cordão umbilical tem

sido criticada por algumas associações profissionais incluindo o Comitê de Ética da UE,

o Colégio Real de Obstetrícia e Ginecologia, o Colégio Real de Parteiras e o Colégio

Americano de Pediatria. Esta revisão apresenta argumentos dos oponentes do banco

privado de sangue de cordão umbilical e então defende o banco privado de cordão

umbilical com base na evidência clínico-científica mais recente.

Unitermos; Células-tronco. Cordão umbilical; Introdução ao banco privado

A maior parte da crítica ao banco privado de sangue do cordão umbilical provém de

profissionais das áreas da obstetrícia, hematologia e, até certo ponto, da pediatria [35].

Essas objeções são embasadas em questões atuais relacionadas ao transplante

hematológico autólogo. As questões ao redor do uso alogênico de unidades privadas de

sangue do cordão umbilical e a discussão mais amplo a respeito da medicina

regenerativa não foram levadas em conta no debate. A pesquisa e o desenvolvimento da

tecnologia das células-tronco do cordão umbilical também serão discutidos, já que essas

áreas são raramente consideradas neste debate e têm um impacto importante sobre a

validade do banco privado de sangue do cordão umbilical.

Transplantes de células-tronco hematopoiéticas

Os transplantes de células-tronco hematopoiéticas utilizando a medula óssea vêm sendo

realizados desde 1968 [6] e representam o uso clínico mais amplo das células-tronco.

Nos anos recentes tem havido um grande aumento do número de transplantes utilizando

células-tronco do sangue do cordão umbilical ou do sangue periférico [7]. Os

transplantes de células-tronco hematopoiéticas (utilizando medula óssea, células-tronco

mobilizadas do sangue periférico ou sangue do cordão umbilical) são utilizados para

tratar patologias hematológicas como leucemias, doença de Hodgkin, mieloma múltiplo

e linfoma não Hodgkin, hemoglobinopatias, imunodeficiências e doenças metabólicas

hereditárias [18]. Nos EUA, aproximadamente 30% dos pacientes de transplante

hematopoiético encontram uma combinação adequada a partir de irmãos HLA-

compatíveis. Alternativamente, ao pesquisar os bancos públicos internacionais de

Page 3: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

medula óssea, uma unidade sem parentesco pode ser compatível, o que responde por

cerca de 50-80% dos pacientes, dependendo do grupo étnico. Ainda assim, somente

30% dos caucasianos e uma percentagem menor dos outros grupos étnicos acabam

obtendo um transplante de medula a partir de um doador sem parentesco. Isso se deve à

deterioração da condição ou óbito dos pacientes durante a busca [30]. O sangue do

cordão umbilical surgiu nos últimos anos como uma alternativa atraente à medula óssea

[31].

TRANSPLANTES DE SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL – AS

VANTAGENS

O sangue do cordão umbilical é amplamente utilizado na medicina de transplantes como

uma fonte alternativa para as células-tronco hematopoiéticas encontradas na medula

óssea. De acordo com os números de dezembro de 2008 do Netcord (o banco de dados

internacional para transplantes de sangue do cordão umbilical de bancos públicos),

houve 9020 unidades de sangue de cordão umbilical liberadas para transplante em

crianças e adultos no mundo todo a partir de um estoque total de 207981 unidades. Nos

EUA aproximadamente metade de todos os transplantes de células-troncos

hematopoiéticas agora utilizam sangue do cordão umbilical.

Gluckman [9, 10] analisou a literatura sobre transplante com sangue do cordão

umbilical várias vezes inclusive seu artigo em 2000 realizou uma análise em larga

escala de 527 transplantes de sangue do cordão umbilical de 121 centros e 29 países

mostrando que a sobrevida após os transplantes de sangue do cordão umbilical foi

comparável àquela com transplantes de medula óssea de parentes ou não. Embora a

pega do enxerto com sangue do cordão umbilical seja retardado, a incidência de doença

aguda e crônica do enxerto contra o hospedeiro (GVHD) foi reduzida e a sobrevida livre

de eventos global com sangue do cordão umbilical não foi estatisticamente diferente em

comparação com os transplantes de medula óssea. Também tem sido relatado que

apesar da disparidade do HLA nos transplantes de sangue do cordão umbilical, eles

geram resultados comparáveis em termos de pega do enxerto, GVHD e sobrevida com a

medula óssea HLA-compatível [39].

Page 4: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

As vantagens de utilizar o sangue do cordão umbilical são particularmente evidentes na

questão de transplantes entre parentes. Rocha et al. [24] mostraram que os receptores de

sangue do cordão umbilical de irmãos com HLA idêntico tiveram um risco menor de

GVHD aguda ou crônica do que os receptores de medula de irmãos com HLA idêntico.

As crianças com leucemia aguda que receberam sangue do cordão umbilical HLA-

incompatível de um doador sem parentesco também tiveram um risco menor de GVHD

do que os receptores da medula HLA-compatível de um doador sem parentesco [25].

Cohen e Nagler [5] revisaram 2500 transplantes de sangue do cordão umbilical e

concluíram que os transplantes de sangue do cordão são acompanhados por uma elevada

probabilidade de pega do enxerto e reconstituição do tipo do doador, mas que o tempo

até a pega do enxerto representa ainda um problema não resolvido. A grande vantagem

dos transplantes de sangue do cordão é que eles permitem um grau mais elevado de

incompatibilidade do HLA (até 50%) e há um índice de mortalidade mais baixo por

GVHD.

O uso do transplante de células-tronco do sangue do cordão em adultos é uma fonte

aceita de células-tronco para transplante quando um doador adulto compatível não se

encontra disponível [19, 26]. O uso clínico do sangue do cordão chegou a um ponto

onde ele pode tornar-se o tratamento de linha de frente para crianças que sofrem de

leucemia [32].

Em resumo, a prática clínica existente, bem como uma gama de estudos, apoia o valor

do transplante de sangue do cordão umbilical [28]. A questão é se há mérito adicional

em se armazenar de forma privada o sangue do cordão umbilical de uma criança no

nascimento, a não ser que haja necessidade de armazenamento direcionado.

O CASO CONTRA O BANCO PRIVADO

Algumas associações profissionais e acadêmicas não estão convencidas ou opõem-se ao

banco privado de sangue do cordão (com exceção do banco de sangue do cordão

direcionado), embora não peçam a proibição. Essas opiniões são expressas

principalmente no Reino Unido pelo Colégio Real de Obstetrícia e Ginecologia

(RCOG) e nos EUA pelo Colégio Americano de Pediatria. Os documentos normativos

Page 5: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

incluem referências às chances de uma criança precisar de um transplante autólogo

serem de 1 em 1.000 até 1 em 200.000 [16].

A Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Canadá também elaborou um texto

detalhado sobre o banco de sangue do cordão umbilical em apoio à doação altruísta,

mas contra o banco privado para uso autólogo [1].

Os argumentos contra o banco privado de sangue do cordão concentram-se no papel

limitado do transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas [34]. Os críticos

levantam diversos pontos:

• Primeiro, eles alegam que a maioria dos pacientes irá ter êxito em obter um doador

HLA-compatível a partir de uma fonte pública.

• Segundo, eles alegam que o sangue do cordão autólogo não deve ser usado em casos

de leucemia, visto que alterações cancerígenas podem estar presentes nas células-tronco

utilizadas [4]

• Além disso, alega-se que o transplante autólogo não tem o efeito benéfico do enxerto

versus leucemia que está presente no transplante alogênico [36].

Esses autores também desqualificam os possíveis usos futuros das células-tronco não

hematopoiéticas do sangue do cordão na medicina regenerativa como “especulativos”.

A Declaração de Políticas do Colégio Americano de Pediatria diz em relação à pesquisa

de medicina regenerativa, “os resultados de tal pesquisa serão necessários para formular

futuras recomendações a respeito do banco de sangue do cordão autólogo”.

A oposição ao banco de cordão privado, contudo, não se limita às evidências cientificas,

mas estende-se ao difícil terreno da política pública, bioética, organização social da

medicina e acesso à medicina. Assim, ainda que não condenem explicitamente o banco

privado de sangue do cordão como sendo contrário ao interesse comum, tais instituições

deixam claro que sua preferência e recomendação normativa é que a doação a bancos

públicos deve ser estimulada. O banco privado é visto, portanto, como se estivesse

competindo por recursos biológicos limitados com o banco público [29].

O Grupo Europeu de Ética [13] publicou o parecer de Nº 19 intitulado “Aspectos Éticos

do Banco de Sangue do Cordão Umbilical” e chegou às seguintes conclusões:

Page 6: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

• Os bancos privados de sangue do cordão vendem um serviço “sem uso real em relação

às opções terapêuticas” e aumentam de forma irrealista as esperanças dos clientes. Os

bancos privados de sangue do cordão geram “sérias críticas do ponto de vista ético”.

• Os bancos privados de sangue do cordão devem ser desencorajados e, quando

permitidos, operar sob condições estritas. Eles não devem ser proibidos, pois isso

restringiria a liberdade de escolha.

• O consentimento informado é essencial no banco privado de sangue do cordão para

assegurar que os clientes compreendam plenamente a utilidade clínica atual e futura da

unidade de sangue do cordão.

• A propaganda dos bancos privados de sangue do cordão deve ser controlada pelas

autoridades públicas.

• Os bancos privados europeus de sangue do cordão devem operar dentro das Diretivas

para Tecidos e Células da União Europeia (EUTCD). No Reino Unido, essas Diretivas

formaram a base da Lei de Tecidos Humanos de 2004, a qual, por sua vez, resultou no

desenvolvimento do órgão regulador Autoridade de Tecidos Humanos (HTA). A HTA

emite um alvará de funcionamento para todos os bancos públicos e privados de sangue

do cordão no Reino Unido utilizando tanto a auditoria documental quanto a inspeção

formal.

• Informações devem ser prestadas para os clientes dos bancos privados de sangue do

cordão a respeito do armazenamento e segurança de suas unidades de sangue do cordão

em caso de cessação de atividade ou falência.

• Os bancos públicos de sangue do cordão devem receber apoio para garantir o

funcionamento a longo prazo.

Também se pode argumentar que o banco privado de sangue do cordão poderia resultar

em uma injustiça social onde os ricos poderiam pagar pelo serviço (cerca de £1.300 no

Reino Unido) e os pobres não. Além disso, as unidades privadas de sangue do cordão

talvez jamais sejam utilizadas, enquanto que, se fossem colocadas em um banco

público, poderiam ser empregadas para tratar outros pacientes HLA-compatíveis [29].

Uma estimativa recente sobre o tamanho clinicamente útil de um banco público de

sangue do cordão para propiciar um doador adequado para uma população de 61

Page 7: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

milhões de britânicos seria de 50.000 unidades de sangue do cordão [23]. Há ainda um

longo caminho a percorrer e com recursos financeiros restritos tal meta para os bancos

públicos pode demorar a ser atingida.

O CASO A FAVOR DO BANCO PRIVADO

Esses autores e organizações estão corretos em suas percepções sobre o valor do sangue

do cordão para um indivíduo? Acreditamos que não seja o caso e que a evidência

cientifica mostra que o banco privado é razoável e uma escolha racional. Nossa opinião

é que os críticos compreendem errado o valor do banco privado de cordões e

interpretam-no como sendo idêntico ao banco para uso autólogo (reconhecidamente

porque muitos dos próprios bancos privados confundem-se em relação a esse ponto).

Mostramos abaixo que o principal benefício (para o transplante de células-tronco

hematopoiéticas) reside na área do transplante alogênico a partir de parentes (isto é,

irmãos ou pais), o que é geralmente a opção clínica mais desejável para o médico

responsável pelo transplante. Também sucintamente delineamos os novos tipos de

células não hematopoiéticas presentes no sangue do cordão e o potencial destas na

medicina regenerativa.

Nossa opinião é que as associações profissionais mencionadas não prestaram atenção

suficiente aos desenvolvimentos na ciência das células-tronco e medicina regenerativa e

à perspectiva de que a tecnologia da medicina regenerativa autóloga possa ser utilizada

no futuro. A questão de como as terapias com células-tronco chegarão ao mercado

também tem um peso sobre esse problema, já que em alguns casos estas poderão ser

aplicações autólogas.

BANCO PRIVADO – USO AUTÓLOGO OU USO PELA FAMÍLIA?

Sullivan et al. [33] criticam o setor de bancos privados de cordões e referem-se a um

banco privado de cordões na América do Norte que afirma que 34 de suas unidades já

foram utilizadas e comentam “mas ironicamente a maioria foi para o transplante

Page 8: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

alogênico de irmãos”. Ainda assim, relatos mais recentes descrevem o uso bem

sucedido do transplante de sangue do cordão autólogo [12].

Acreditamos que os bancos privados de sangue do cordão em grande parte não

conseguiram explicar o valor de seu serviço ao apresentar o banco privado de sangue do

cordão como sendo exclusiva e primordialmente para uso autólogo. Nos EUA em

particular, os bancos privados de sangue do cordão focam no valor real para a família ao

invés do uso autólogo, embora as associações profissionais no Reino Unido como o

RCOG e RCM ainda estejam se concentrando exclusivamente no argumento autólogo.

Uma apresentação em uma conferência em Wurzburg em 2006 compilou dados

coletados de transplantes em bancos privados de cordões [14]. Uma análise de 52 casos

de transplante de unidades de sangue do cordão armazenadas em bancos privados de

sangue do cordão no período de 1994 a 2004 mostrou que, entre esses, 46 casos eram na

verdade transplantes alogênicos para irmãos. O transplante alogênico é claramente o uso

mais comum das unidades de sangue do cordão armazenadas privadamente.

Pouco se duvida de que os transplantes de sangue do cordão de fontes com parentesco

sejam muito superiores aos transplantes sem parentesco em termos de desfecho clínico.

Gluckman et al. [8] analisaram os resultados entre casos de transplante de sangue do

cordão umbilical com e sem parentesco. Mostrou-se que a sobrevida em um ano no

grupo com transplante de parentes foi de 63% vs. somente 29% no transplante de não-

parentes.

Há uma probabilidade de 25% de compatibilidade perfeita do HLA com irmãos e há

também uma maior tolerância de incompatibilidades do HLA que aumentam a

probabilidade de utilidade caso necessário. Parece-nos que o uso do banco privado de

sangue do cordão para oferecer uma fonte imediata de transplante dentro da família tem

seu valor e não foi levado em consideração pelos críticos dos bancos privados de sangue

do cordão. Um benefício adicional aqui é que o sangue do cordão armazenado

privadamente é disponibilizado de imediato, o que é uma consideração importante em

termos de morbidade e mortalidade.

Page 9: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

O uso de transplantes de sangue do cordão umbilical de parentes vai além do uso na

doença maligna. Por exemplo, centenas de pacientes com talassemia foram curados de

seu distúrbio por um transplante alogênico, na maioria dos casos utilizando células de

doadores HLA-idênticos [20].

Esses dados sobre os efeitos benéficos de transplantes de sangue do cordão de parentes

e os benefícios dos transplantes de sangue do cordão em si indicam fortemente que o

transplante de sangue do cordão para irmãos é bastante vantajoso e é a opção preferida,

ao invés da busca de unidades alogênicas compatíveis. Tal disponibilidade para uso

imediato por irmãos (supondo a compatibilidade do HLA) é proporcionada pelo banco

privado de sangue do cordão.

Investigações Clínicas do Transplante Duplo

O número de células nucleadas totais (TNC) transplantadas é fortemente correlacionado

com os resultados clínicos positivos. Geralmente um mínimo de 2 x 107 células

nucleadas totais por kg do paciente receptor é necessário e a maioria dos médicos

buscará níveis mais elevados, caso seja possível (até 4x107). A unidade regular de

sangue do cordão contém ao redor de 1 x 109 TNC. Em alguns casos as unidades

contêm menos através de uma variação natural ou porque somente um volume menor de

sangue foi coletado.

Há um interesse atual significativo no uso de duas unidades de transplante a fim de

reduzir o tempo de pega e para tratar adultos bem como crianças. Uma gama de tais

transplantes foi revisada e a conclusão foi que o resultado em pacientes adultos tratados

com duas unidades foi aprimorado [38].

Outras possibilidades incluem o uso de uma ou mais unidades de sangue do cordão

combinadas com células CD34+ obtidas de outro doador adequado e o uso de tais

transplantes em adultos. Enquanto que a expansão ex-vivo das células-tronco

hematopoiéticas seria a solução ideal conforme discutido abaixo, o uso de múltiplas

unidades pode ser um estágio intermediário valioso para superar a principal limitação do

sangue do cordão, que é a contagem total relativamente baixa de células-tronco.

Page 10: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

O principal obstáculo para o uso dos transplantes de sangue do cordão em adultos tem

sido o risco do fracasso do enxerto e a recuperação hematopoiética retardada, ambos

basicamente originados dos desequilíbrios entre o tamanho do corpo do adulto e o

número de células-tronco hematopoiéticas. Se essa abordagem tornar-se mais

estabelecida na prática clínica, então acabará sendo um desafio obter duas unidades

compatíveis a partir dos bancos públicos. Assim, ter uma fonte de sangue do cordão que

já seja compatível para uso autólogo ou intimamente compatível para uso em um irmão

seria de bastante valor.

QUESTÃO DO USO EM LEUCEMIAS E DOENÇAS GENÉTICAS

O programa World Marrow indicou que o uso autólogo de células em casos de leucemia

é contraindicado caso tais células contenham mutações cancerosas ou pré-cancerosas

[4]. Esta é uma preocupação válida em relação ao transplante autólogo, mas, nos casos

de alta necessidade, tais transplantes têm sido utilizados com sucesso. Porém o uso do

diagnóstico molecular tem o potencial de abrandar tais preocupações. Recentemente,

houve um caso relatado nos EUA em que uma menina de 3 anos com recidiva de

leucemia foi tratada com sucesso com um transplante autólogo. Para testar a ausência de

clones cancerosos no sangue do cordão, o mesmo foi examinado com PCR para

pesquisar reorganizações específicas nos loci do gene receptor da imunoglobulina. A

criança sobreviveu e tinha 6 anos na época da publicação [12]. O transplante autólogo

claramente não pode ser usado na doença genética. Contudo, o banco privado de sangue

do cordão não é equivalente aos transplantes simplesmente autólogos e o uso de

transplantes alogênicos de parentes para algumas doenças genéticas é uma opção

valiosa. O transplante autólogo utilizando a tecnologia de terapia gênica pode ser útil no

futuro para as doenças genéticas.

O DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE EXPANSÃO EX-VIVO

Page 11: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

A situação atual em relação aos transplantes de cordão umbilical é que seria desejável

poder tratar rotineiramente pacientes maiores (adultos) sem a necessidade de

transplantes duplos. Isso poderia ser obtido caso as tecnologias de expansão ex-vivo

permitissem a autorreplicação das células-tronco. Isso apresenta uma gama de

dificuldades técnicas; o isolamento das células-tronco hematopoiéticas verdadeiras

representa um grande desafio e os trajetos de sinalização responsáveis por manter essas

células como tal enquanto passam por autorrenovação não são plenamente

compreendidos. Várias pesquisas básicas estão em andamento nessa área e há um

pequeno número desses programas que estão atualmente sob estudos clínicos. Foi

recentemente relatado que o programa da Viacell nesse campo chegou ao fim, mas um

bom progresso está sendo feito aparentemente pela empresa Gamida Cell em Israel.

Essa companhia tem um sistema proprietário de sequestro de íons de cobre que resulta

na manutenção das células-tronco hematopoiéticas em um estado indiferenciado durante

a expansão. Neste estágio é impossível especular quando tal tecnologia irá receber

aprovação normativa e passar para a prática clínica rotineira.

CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS ADULTAS VS. CÉLULAS DO

CORDÃO UMBILICAL

A questão se as células-tronco hematopoiéticas da medula óssea adulta têm ou não uma

capacidade proliferativa semelhante às células derivadas do sangue do cordão é incerta

neste momento. Entretanto, um estudo mostrou que as células CD34+ humanas

derivadas do sangue do cordão mostraram uma maior capacidade proliferativa em um

modelo murino que passou por engenharia genética para tolerar células humanas [17].

O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA REGENERATIVA

A medicina regenerativa refere-se aos vários programas de pesquisa que visam tratar a

doença através do uso de células-tronco, não necessariamente por meio da reposição

Page 12: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

tecidual. Há um grande número dessas pesquisas em andamento em universidades e em

companhias de biotecnologia voltadas para as células-tronco.

Os alvos terapêuticos iniciais incluem aplicações ortopédicas como o reparo de

cartilagens ou fusão espinhal, aplicações cardíacas como tratamentos para infarto do

miocárdio e outras áreas incluindo diabetes e aplicações no sistema nervoso central

(SNC) [40].

A maioria das empresas nesta área está utilizando células-tronco mesenquimais (MSC)

derivadas do sangue do cordão ou da medula óssea ou tipos de células derivadas

proximamente. As MSC são encontradas na medula óssea, no sangue do cordão

umbilical e em outras fontes, tal como o tecido adiposo. Essas células diferenciam-se in

vitro em osso, cartilagem e tendão, mas também podem ser manipuladas para

diferenciar-se em uma gama mais ampla de tipos celulares. As MSC são definidas pela

presença de alguns antígenos de superfície e um estudo recente sugere que essas células

originam-se na crista neural [22]. Além disso, tem-se demonstrado que há uma

população de células CD45+ de linhagem negativa no sangue do cordão que também

pode ter capacidades multipotenciais [27].

NEM TODAS AS CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS SÃO CRIADAS

IGUAIS

Os críticos dos bancos privados de sangue do cordão dizem que, caso seja possível obter

as MSC a partir da medula óssea de uma criança ou adulto, então qual seria o valor de

se armazenar sangue do cordão? Há razões convincentes pelas quais as MSC obtidas

mais tarde não seriam tão boas. Estudos têm demonstrado que essas MSC iniciais têm

um grau muito maior de potencial de pega do implante do que as células mais tardias.

Essas MSC mais jovens também têm padrões de expressão gênica diferentes. É evidente

que estas são de fato células diferentes, ainda que relacionadas [3].

Se as células-tronco mobilizadas a partir do adulto podem ou não substituir o potencial

de pega do implante e a plasticidade das células obtidas a partir do sangue do cordão em

estudos clínicos ainda tem de ser verificado. Contudo, se as células mesenquimais do

Page 13: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

sangue do cordão mostram-se superiores às células mesenquimais adultas como

proposto por Harris e Rogers [11], então será tarde demais para um indivíduo fazer

qualquer coisa a respeito a não ser que o sangue do cordão e as células-tronco

mesenquimais iniciais tenham sido preservados no nascimento.

MODELOS COMERCIAIS AUTÓLOGOS VS. ALOGÊNICOS

Terapias com células-tronco estão sendo desenvolvidas por companhias de

biotecnologia especializadas e departamentos dentro de grandes empresas de

dispositivos médicos. A fim de apreciar por completo o valor potencial do banco

privado de sangue do cordão, a maneira pela qual essas companhias promovem

produtos no mercado e os modelos comerciais das empresas de células-tronco devem

ser considerados.

A terapia de células-tronco ocorre dentro do contexto da prática médica atual. O

desenvolvimento de produtos terapêuticos com células-tronco pode ser mais do que

“minimamente manipulado” e, por isso, será regulado pelo MHRA e outras autoridades

reguladoras semelhantes tais como a FDA como produtos medicinais.

Há uma gama de companhias de biotecnologia e muitas companhias públicas que estão

desenvolvendo terapias com células-tronco. Além disso, algumas das maiores

companhias de biotecnologia como a Amgen têm interesse nesse campo, bem como as

companhias de dispositivos médicos como a Smith & Nephew e Medtronic. Há

atualmente duas abordagens comerciais principais sob desenvolvimento nas companhias

de biotecnologia de células-tronco; estas podem ser chamadas de “modelo comercial

alogênico” e “modelo comercial autólogo”. A ausência de um modelo comercial nítido

é uma das principais razões pelas quais as companhias farmacêuticas têm evitado

investir nessa área até o momento.

O modelo comercial alogênico é baseado na hipo ou não-imunogenicidade das células-

tronco derivadas da medula óssea (MSC) e, por isso, o objetivo é desenvolver um

Page 14: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

“produto” de células-tronco universalmente compatível para várias doenças de uma

maneira análoga às drogas ou moléculas biologicamente ativas existentes. Isso

obviamente teria grandes benefícios em termos de lucratividade e também

compatibilidade com os modelos comerciais “Big Pharma” e propiciaria, assim,

oportunidades de licenciamento. As companhias aqui incluem a Osiris Therapeutics Inc.

e Mesoblast (Austrália). Os produtos dessas companhias estão agora sob estudos

clínicos iniciais.

O modelo comercial autólogo, por outro lado, baseia-se no desenvolvimento de sistemas

comerciais que permitiriam o amplo uso da terapia de células-tronco autólogas. A

companhia líder nessa área é provavelmente a Aastrom Bio-sciences Inc, que está

desenvolvendo terapias para uso ortopédico, cardíaco e outros. A Aastrom utiliza

células-tronco derivadas da medula óssea retiradas do paciente e expandidas em seu

sistema de cultura celular proprietário. Essas células, as quais irão ser reguladas nos

EUA e UE como produtos biológicos, são então devolvidas ao paciente para terapia.

Esta revisão não pode analisar os méritos científicos e comerciais de cada abordagem

aprofundadamente, mas é bem possível, se não provável, que o futuro mercado de

células-tronco seja dividido naquelas doenças que são tratadas de acordo com o modelo

comercial alogênico (supondo que os produtos poderão obter aprovação reguladora) e

aquelas tratadas de acordo com o modelo comercial autólogo. É improvável que um

único tipo de célula resolva todas as diversas necessidades terapêuticas.

Em vista do cenário acima sobre o futuro da medicina regenerativa, é razoável supor

que o processamento e armazenagem privados das MSC iniciais e tipos celulares

relacionados possam provar ser extremamente valiosos no futuro. Ainda assim, neste

momento é impossível especificar com precisão como essas células seriam utilizadas.

Page 15: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

NOVOS TIPOS CELULARES PRIMITIVOS NO SANGUE DO CORDÃO?

A possibilidade de que haja células do tipo embrionário no adulto (ou no sangue do

cordão) é bastante empolgante, embora em alguns aspectos seja uma área controversa.

Jiang et al. [15] relataram que haviam identificado uma célula denominada de “Célula

Progenitora Adulta Multipotente” (MAPC) a partir da medula óssea murina, a qual tinha

a capacidade de diferenciar-se em quase todas, se não todas, as células do embrião,

quando injetadas em blastócitos. Esses resultados não foram repetidos por completo por

outros grupos e são controversos.

Entretanto, McGuckin e Forraz [21] descrevem a descoberta de “células-tronco de tipo

embrionário derivadas do sangue do cordão” (CBE) a partir do sangue do cordão

humano. Utilizando a separação sequencial imunomagnética, eles obtiveram uma

população de células que representa somente 0,16% do total de células mononucleares.

A similaridade com as hESC (células-tronco embrionárias humanas) foi confirmada

testando-se a imunorreatividade a uma seleção de marcadores de hESC.

Significativamente, as CBEs também expressaram o fator de transcrição de

pluripotência Oct-4 envolvido na inibição da diferenciação e autorrenovação das hESC.

Os autores fazem a importante observação de que, caso células com esse grau de

plasticidade possam ser obtidas a partir do sangue do cordão, há uma menor necessidade

da controversa célula-tronco embrionária humana.

Um grupo da Universidade de Minnesota junto com cientistas da empresa BioE Inc

descreveram e patentearam um novo tipo de célula primitiva chamada de MLPC ou

células progenitoras de multilinhagem, oriundas do sangue do cordão umbilical [2].

POTENCIAL CLÍNICO E COMERCIAL

E que tal o potencial clínico e comercial dessas novas células-tronco primitivas? Ainda

que algumas empresas tenham agido logo para apropriar-se dessas descobertas, a

significância comercial dessas células não pode ser completamente avaliada neste

Page 16: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

momento, mas o terreno comercial desses tipos de descobertas pode ser

contextualizado. Como no caso dos produtos farmacêuticos ou outras áreas da

biotecnologia, a concorrência é movida pelo objetivo de criar e comercializar produtos

inovadores voltados para a necessidade clínica ainda não atendida que possam ser

protegidos por patentes. A posição competitiva das empresas e o retorno dos gastos com

pesquisa e desenvolvimento residem na proteção das patentes. Na indústria das células-

tronco, a identificação e proteção de células e subtipos celulares proprietários são o

principal fator que impulsiona a concorrência (sendo possivelmente também um fator

inibitório na inovação).

Visto que muitos desses tipos de células atualmente utilizados não oferecem uma

população de células homogênea, a concorrência está sendo direcionada para a melhor

caracterização e definição dos tipos celulares conforme definido pelos padrões

exclusivos dos antígenos de superfície celular (incluindo a ausência de outros

antígenos). Assim, ainda que seja provável que as células-tronco do sangue do cordão e

células derivadas da medula óssea serão bastante importantes, não está claro de forma

alguma que as “células-tronco mesenquimais” conforme atualmente definidas irão

tornar-se o tipo celular mais útil e predominante a ser empregado em um contexto

alogênico ou autólogo na medicina regenerativa.

Algumas das células “mais novas” poderão provar ser mais versáteis ou melhores para a

terapia por motivos relacionados à toxicologia de longo prazo, pega do implante, tempo

até a pega e interações célula-hospedeiro. A questão aqui é que as empresas estão

comercialmente motivadas a buscar a identificação, isolamento e patenteamento de

diferentes subtipos de células e progenitores. Além disso, em vista das recentes

descobertas acima, é razoável supor que tipos ou subtipos adicionais dessas células

serão encontrados no sangue do cordão umbilical futuramente. Este é claramente um

campo confuso e em rápido movimento, mas nossa opinião aqui é que, no mínimo,

alguns desses tipos celulares relatados são possíveis candidatos futuros para fins

terapêuticos, independente de provarem ou não ser plenamente pluripotentes.

Page 17: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

O SIGNIFICADO DESTA INCERTEZA

A descoberta de novos tipos celulares no sangue do cordão e a incerteza sobre seu valor

(tanto clinicamente quanto comercialmente) junto com a hipótese razoável de que haja

outros tipos celulares não descobertos no sangue do cordão, significa que há um grau

razoável de incerteza sobre o que acabará sendo comercializado ou o que se mostrará

útil em qualquer doença específica a longo prazo. Essa incerteza é um motivo bastante

forte para se processar e armazenar o sangue do cordão umbilical e, especificamente,

para o processamento e armazenagem privados do sangue do cordão umbilical.

Ninguém sabe com exatidão o que está sendo destruído atualmente quando uma

placenta e o sangue do cordão são incinerados. Ninguém sabe se as células adultas

alogênicas ou autólogas serão um substituto para as células do sangue do cordão no

futuro. Na ausência de tais informações, o indivíduo é defrontado com a escolha de

desqualificar toda essa questão atual e em andamento como “especulativa”, isto é, lutar

contra o potencial de maior duração da ciência e rejeitar o armazenamento do sangue do

cordão ou então preservar o sangue do cordão e, através disso, aceitar as probabilidades

sobre seu possível uso no futuro, mesmo se tal uso não possa ser previsto por completo

neste momento.

Nossa opinião é que seja prudente e que esteja totalmente em sintonia com o saber

científico atual supor que o sangue do cordão umbilical represente um recurso

potencialmente valioso de particular utilidade para o indivíduo e seus irmãos e

familiares próximos para fins de medicina regenerativa e que, portanto, o mesmo deva

ser preservado.

BANCO PÚBLICO VS. PRIVADO E INOVAÇÃO NA EXPANSÃO CELULAR

Ainda que esta seja basicamente uma revisão científica, as questões mais amplas não

científicas que respaldam as críticas ao banco privado de sangue do cordão também

precisam ser abordadas. As críticas ao banco privado de sangue do cordão oriundas de

Page 18: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

associações profissionais e bioeticistas precisam ser contextualizadas em relação aos

valores que respaldam a doação de órgãos. A doação de órgãos, incluindo a doação de

sangue, tem sido historicamente vista como se fosse um presente entre o doador e a

sociedade e o aspecto desejável dessa relação ainda respalda a maioria das políticas

nacionais nesse campo [37].

Os críticos do setor afirmam que a doação para um banco privado priva o domínio

público de células que de outra maneira seriam úteis para os bancos públicos. Visto que

os bancos públicos são em muitos lugares bem menos desenvolvidos do que os bancos

privados, o argumento é que estes seriam contra o interesse público e minariam a

solidariedade social (uma visão especialmente favorecida na França, mas também em

outros países do oeste europeu). Ainda que os bancos públicos de sangue do cordão

sejam indubitavelmente bons para a sociedade, as escolhas defrontadas pelo indivíduo

nessa situação são complexas. Caso esteja motivado a doar a unidade de sangue do

cordão para um banco público, isso significa que não há garantia de que, caso seu filho

necessite, o mesmo estará disponível, isto é, ele poderá ser selecionado para outro

indivíduo primeiro. Assim, isso não é como doar sangue para um banco de sangue.

Argumentaríamos que não exista uma obrigação ética por parte do indivíduo de doar o

sangue do cordão de seu filho para uso público quando tal doação não possa ser

recuperada e possa não estar disponível quando sua família necessitar.

Contudo, argumentaríamos também que os ataques ao setor privado de sangue do

cordão por seus críticos representam uma oposição ao princípio de autonomia do

paciente, um pilar básico da bioética atualmente. De acordo com esse princípio, os

pacientes são vistos como agentes racionais com o direito de serem informados e de

fazerem escolhas que afetem a si próprios e à sua prole. Tem havido tendências sociais

nas últimas décadas em direção a um maior grau de conhecimento do paciente, saúde

privada, seguro de saúde privada, mais autonomia e responsabilidade para o bem-estar e

menos paternalismo médico, combinados com maiores expectativas de responsabilidade

paterna. A recente Lei de Conscientização e Educação sobre o Sangue do Cordão no

senado americano propõe uma educação pública e profissional na área de tecnologia das

Page 19: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

células-tronco do sangue do cordão e o requisito de que os médicos forneçam

informações sobre o sangue do cordão para todas as mulheres grávidas. Tal legislação

possibilitará um consentimento plenamente informado sobre o destino do sangue do

cordão. Consideramos isso como um acontecimento positivo e, ao manter o princípio da

autonomia, aqueles que apoiam tais desenvolvimentos também poderão prestar um

apoio substancial ao banco privado de cordões. Por outro lado, rejeitamos que os

médicos neguem-se permitir que seus pacientes façam escolhas a esse respeito, mesmo

se eles próprios não estejam convencidos. Muitos desses médicos, de acordo com nossa

própria pesquisa ainda não publicada, têm, de fato, armazenado o sangue do cordão de

forma privada para sua própria família!

Além do mais, acreditamos que os argumentos das associações profissionais estejam

errados, pois não ponderam cuidadosamente todas as evidências aqui apresentadas antes

de julgarem que o serviço seja de pouco valor e parecem em alguns casos estarem

desinformadas sobre os avanços da pesquisa sobre células-troncos adultas. Há, de fato,

razões convincentes para o banco privado de sangue do cordão, as quais podem ser

embasadas cientificamente como descrito acima. Além disso, o conflito de interesse

entre os setores público e privado dos bancos de sangue do cordão não é inevitável.

Pode ser possível, mesmo hoje, cumprir ambos os objetivos e, muito provavelmente de

forma mais fácil, quando a expansão ex-vivo tornar-se realidade. Uma pequena unidade

de sangue do cordão poderá ser retida do banco privado de cordões para uso futuro

quando a expansão ex-vivo estiver bem desenvolvida e, da mesma forma, uma mulher

que doar para o banco público poderá em princípio manter uma pequena quantidade

para o uso de sua família, mais uma vez dependendo da disponibilidade futura e

aprovação reguladora da expansão ex-vivo. A questão dos padrões precisaria de um

acordo mútuo entre bancos públicos e privados e cumprir os requisitos normativos que

irão regulamentar as células expandidas como produtos biológicos.

Page 20: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

CONCLUSÃO

O caso contra o banco privado de sangue do cordão concentra-se quase que inteiramente

na questão dos transplantes autólogos de células-tronco hematopoiéticas. Raramente ele

considera o valor do transplante alogênico de parentes e não é bem informado sobre a

medicina regenerativa e suas perspectivas futuras. As razões para apoiar o banco

privado de cordões podem ser resumidas conforme a seguir:

• Nos transplantes de células-tronco hematopoiéticas, a unidade de sangue do cordão é

útil para transplantes autólogos ou de irmãos/pais e também pode ter valor como um

transplante de unidade dupla ou no co-transplante com medula óssea ou células-tronco

do sangue periférico.

• Há particularmente uma forte evidência apoiando o valor dos transplantes de parentes

versus o de não parentes.

• Há, portanto, um bom caso a ser feito de que a probabilidade de uso do sangue do

cordão familiar é bem mais elevada do que fora previamente estimado.

• Na medicina regenerativa, as células-tronco mesenquimais iniciais e as células

relacionadas mostram propriedades que não são replicadas pelas células mais velhas.

• Novos tipos de células estão sendo descobertos no sangue do cordão que poderão ser

úteis.

• Não está claro neste momento qual modelo comercial irá predominar, mas é

pouquíssimo provável que uma única célula seja útil para todas as enfermidades ou que

o uso tanto autólogo quanto alogênico com parentesco não tenha um papel a

desempenhar na terapia.

Em vista dessas incertezas científicas e empresariais sobre o valor das células-tronco

presentes no sangue do cordão e a utilidade futura para o individuo em particular, há

razões convincentes para que os pais sejam prudentes e aproveitem essa oportunidade

Page 21: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

sem igual para processar e armazenar o sangue do cordão no nascimento para ser

possivelmente utilizado no futuro por seu filho ou familiar próximo.

Conflito de Interesse: PH atua como consultor para o banco privado de sangue do

cordão Smart Cells International.

REFERÊNCIAS

1. Armson, B. A. (2005). Umbilical cord blood banking: implica-tions for perinatal care

providers. Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada, 27(3), 263-290.

2. Berger, M. J., Adams, S. D., Tigges, B. M., Sprague, S. L., Wang, X. J., Collins, D.

P., et al. (2006). Differentiation of umbilical cord blood-derived multilineage progenitor

cells into respiratory epithelial cells. Cytotherapy, 8(5), 480-487.

3. Bobis, S., Jarocha, D., & Majka, M. (2006). Mesenchymal stem cells: characteristics

and clinical applications. Folia Histochemica et Cytobiologica, 44(4), 215-230.

4. Broadfield, Z. J., Hain, R. D., Harrison, C. J., Reza Jalali, G., McKinley, M.,

Michalovâ, K., et al. (2004). Complex chromo-somal abnormalities in utero, 5 years

before leukaemia. British Journal Haematology, 126(3), 307-312.

5. Cohen, Y., & Nagler, A. (2003). Haematopoietic stem cell transplantation using

umbilical cord blood. Leukaemia and Lymphoma, 43, 1287-1299.

6. Gatti, R. A., Meuwissen, H. J., Allen, H. D., et al. (1968). Immunological

reconstitution of sex-linked lymphopenic immu¬nological deficiency. Lancet, 2(7583),

1366-1369.

7. Holowiecki, J. (2008). Indications for hematopoietic stem cell transplantation.

Polskie Archiwum Medycyny WewneOtrznej, 118 (11), 658-663.

8. Gluckman, E., Rocha, V, Boyer-Chammard, A., Locatelli, F., Arcese, W., Pasquini,

R., et al. (1997). Outcome of cord blood transplantation for related and unrelated

Page 22: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

donors. Eurocord Transplant Group and the European Blood and Marrow

Transplantation Group. New England Journal of Medicine, 337, 373-381.

9. Gluckman, E. (2000). Current status of umbilical cord blood haematopoietic stem cell

transplantation. Experimental Hematol¬ogy 28, 1197-1205.

10. Gluckman, E. (2006). Cord blood transplantation. Biology of Blood and Marrow

Transplantation, 12, 808-812.

11. Harris, D. T., & Rogers, I. (2007). Umbilical cord blood: a unique source of

pluripotent stem cells for regenerative medicine. Current Stem Cell Research and

Therapy, 2(4), 301-309.

12. Hayani, A., Lampeter, E., Viswanatha, D., Morgan, D., & Salvi, S. N. (2007). First

report of autologous cord blood transplantation in the treatment of a child with

leukemia. Pediatrics, 119(1), e296-e300.

13. Hermeren, G., Alivizatos, N. C., deBeaufort, I., Capurro, R., Englert, Y., Labrusse-

Riou, C., et al. (2004). Ethical aspects of cord blood banking. Opinion of the European

Group on Ethics in Science and New Technologies to the European Commission, 19, 1-

23. Available at http://ec.europa.eu/european_group_ethics/ docs/avis19_en.pdf.

14. Jacobs, V. R., Niemeyer, M., & Kiechle, M. (2006). Trans-plantations of stored

umbilical cord blood from private cord banks: worldwide experience and analysis of 52

case reports from 1993-2004. Second International Conference: Strategies in Tissue

Engineering, Wurzburg.

15. Jiang, Y., Jahagirdar, B. N., Reinhardt, R. L., Schwartz, R. E., Keene, C. D., Ortiz-

Gonzalez, X. R., et al. (2002). Pluripotency of mesenchymal stem cells derived from

adult marrow. Nature, 418, 41-49.

16. Johnson, F. L. (1997). Placental blood transplantation and autologous banking:

caveat emptor. Journal of Pediatric Hema-tology/Oncology, 19, 183-186.

Page 23: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

17. Kim, D. K., Fujiki, Y., Fukishima, T., Ema, H., Shibuya, A., & Nakauchi, H.

(1999). Comparison of the haematopoietic activities of human bone marrow and

umbilical cord blood CD34 positive and negative cells. Stem Cells, 17, 286-294.

18. Kurtzberg, J. (2009). Update on umbilical cord blood transplan-tation. Current

Opinion in Pediatrics, 21(1), 22-29.

19. Laughlin, M. J., Eapen, M., Rubinstein, P., Wagner, J. E., Zhang, M. J., Champlin,

R. E., et al. (2004). Outcomes after transplantation of cord blood or bone marrow from

unrelated donors in adults with leukemia. New England Journal of Medicine, 351(22),

2265-2275.

20. Locatelli, F., et al. (2005). Innovative approaches to haemato-poietic stem cell

transplantation for patients with thalassemia. Haematologica, 90, 1592-1594.

21. McGuckin, C. P., & Forraz, N. (2008). Potential for access to embryonic-like cells

from human umbilical cord blood. Cell Prolif 41(Suppl.1), 31-40.

22. Morikawa, S., Mabuchi, Y., Niibe, K., Suzuki, S., Nagoshi, N., Sunabori, T., et al.

(2009). Development of mesenchymal stem cells partially originate from the neural

crest. Biochemical and Biophysical Research Communications, 379(4), 1114-1119.

23. Querol, S., Mufti, G. J., Marsh, S. G., Pagliuca, A., Little, A. M., Shaw, B. E., et al.

(2009). Cord blood stem cells for hematopoietic stem cell transplantation in the UK:

how big should the bank be? HaematologicaEpub ahead of print.

24. Rocha, V., Wagner, J. E., Jr., Sobocinski, K. A., Klein, J. P., Zhang, M. J.,

Horowitz, M. M., et al. (2000). Graft Versus Host Disease in children who have

received a cord blood or bone marrow transplant from an HLA-identical sibling. New

England Journal of Medicine, 342, 1846-1854.

25. Rocha, V., Cornish, J., Sievers, E. L., Filipovich, A., Locatelli, F., Peters, C., et al.

(2001). Comparison of outcomes of unrelated bone marrow and umbilical cord blood

transplant in children with acute leukaemia. Blood, 97, 2962-2971.

Page 24: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

26. Rocha, V., Labopin, M., Sanz, G., Arcese, W., Schwerdtfeger, R., Bosi, A., et al.

(2004). Transplants of umbilical-cord blood or bone marrow from unrelated donors in

adults with acute leukemia. New England Journal of Medicine, 351(22), 2276-2285.

27. Rogers, I. M., Yamanaka, N., & Casper, R. F. (2008). A simplified procedure for

hematopoietic stem cell amplification using a serum-free, feeder cell-free culture

system. Biology ofBlood and Marrow Transplantation, 14(8), 927-937.

28. Rubinstein, P. (2006). Why cord blood? Human Immunology, 67, 398-404.

29. Samuel, G. N., Kerridge, I. H., & O’Brien, T. A. (2008). Umbilical cord blood

banking: public good or private benefit? Medical Journal of Australia, 188(9), 533-535.

30. Sanz, M. A. (2005). Cord Blood Transplantation in patients with leukaemia-a real

alternative for adults. N Engl J Med. Editorial, Nov 2005.

31. Schoemans, H., Theunissen, K., Maertens, J., Boogaerts, M., Verfaillie, C., &

Wagner, J. (2006). Adult umbilical cord blood transplantation: a comprehensive review.

Bone Marrow Trans-plantation, 38(2), 83-93.

32. Stanevsky, A., Goldstein, G., & Nagler, A. (2009). Umbilical cord blood

transplantation: pros, cons and beyond. Blood Rev. Epub ahead of print.

33. Sullivan, M., Browett, P., & Patton, N. (2005). Private umbilical cord baking: a

biological insurance of dubious future benefit. Journal of the New Zealand Medical

Association, 118(1208).

34. Sullivan, M. J. (2008). Banking on cord blood stem cells. Nature Reviews Cancer,

8(7), 555-563.

35. Thornley, I., Eapen, M., Sung, L., Lee, S. J., Davies, S. M., & Joffe, S. (2009).

Private cord blood banking: experiences and views of pediatric hematopoietic cell

transplantation physicians. Pediatrics, 123(3), 1011-1017.

Page 25: BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO …hemocord.com.br/publicacoes/wp-content/uploads/2015/06/Traducao-Ju... · BANCO DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL PRIVADO: USO ATUAL

Stem Cell Rev and Rep (2009) 5:195-203

DOI 10.1007/s12015-009-9082-0

Este documento consiste em um artigo científico.

36. Urbano-Ispizua, A. (2007). Risk assessment in haematopoietic stem cell

transplantation: stem cell source. Best Practice Research in Clinical Haematology,

20(2), 265-280.

37. Waldly, C. (2006). Umbilical cord blood: from social gift to venture capital.

Biosocieties, 1, 55-70.

38. Wofford, J. D. (2005). Adult transplant outcomes, single versus pooled blood

transplants. Biology of Blood and Marrow Trans-plantation, 11(Suppl.1), 2.

39. Weisdorf, D. J., & Wagner, J. E. (2001). Survival after transplantation of unrelated

donor umbilical cord blood is comparable to that of human leukocyte antigen matched

unrelated bone marrow: results of a matched pair analysis. Blood, 97, 2957-2961.

40. Zhou, D. H., Huang, S. L., Wu, Y. F., Wei, J., Chen, G. Y., Li, Y., et al. (2003). The

expansion and biological characteristics of human mesenchymal stem cells. Zhonghua

Er Ke Za Zhi, 1(8), 607-610.

Nada mais constando no documento que traduzi, lavrei o presente Instrumento Público de Tradução na

cidade de Porto Alegre em 18 de junho de 2012.