balsa da medusa

2
Assim como ocorreu com os personagens da história do naufrágio, também estaremos lidando com as adversidades enfrentadas por gestores, líderes, gerentes e funcionários de todos os níveis hierárquicos, no dia-a-dia profissional e pessoal. Esta tela tinha como base um acontecimento contemporâneo, um naufrágio que causou um grande escândalo político. A Fragata da Medusa, navio do governo que transportava colonos franceses para o Senegal, encalhou e afundou na costa oeste da África (próximo à costa de Marrocos em 2 de julho de 1816), em virtude da incompetência do capitão, nomeado por motivos políticos. O capitão e a tripulação foram os primeiros a evacuar o navio e embarcaram nos barcos salva-vidas, que puxavam uma jangada improvisada com os destroços do navio, com 149 passageiros amontoados. A certa altura cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva sob o sol equatorial por 12 dias (outras fontes relatam que a tempestade os arrastou por mar aberto por mais de 27 dias sem rumo), sem comida nem água. Só 15 pessoas sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter, entrevistando os sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome, loucura e canibalismo. Fez o máximo para ser autêntico, estudando até mesmo os corpos das vítimas. Construiu uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a se amarrar ao mastro de um pequeno barco durante

Upload: gabriel-vieira

Post on 09-Jul-2016

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Balsa Da Medusa

Assim como ocorreu com os personagens da história do naufrágio,

também estaremos lidando com as adversidades enfrentadas por gestores,

líderes, gerentes e funcionários de todos os níveis hierárquicos, no dia-a-dia

profissional e pessoal.

Esta tela tinha como base um acontecimento contemporâneo, um

naufrágio que causou um grande escândalo político. A Fragata da Medusa,

navio do governo que transportava colonos franceses para o Senegal, encalhou

e afundou na costa oeste da África (próximo à costa de Marrocos em 2 de julho

de 1816), em virtude da incompetência do capitão, nomeado por motivos

políticos. O capitão e a tripulação foram os primeiros a evacuar o navio e

embarcaram nos barcos salva-vidas, que puxavam uma jangada improvisada

com os destroços do navio, com 149 passageiros amontoados. A certa altura

cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva sob o sol

equatorial por 12 dias (outras fontes relatam que a tempestade os arrastou por

mar aberto por mais de 27 dias sem rumo), sem comida nem água. Só 15

pessoas sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter,

entrevistando os sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome,

loucura e canibalismo. Fez o máximo para ser autêntico, estudando até mesmo

os corpos das vítimas. Construiu uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a

se amarrar ao mastro de um pequeno barco durante uma tempestade, para

melhor poder retratar o desespero dos sobreviventes. A linguagem corporal da

luta, das pessoas contorcidas e dos passageiros desnudos diz tudo a respeito

da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista.

No quadro, pode-se observar as diferentes ATITUDES HUMANAS que se

manifestam nos momentos cruciais da vida, naqueles momentos difíceis, em

que uns se deixam abater pelo desânimo, mas outros não desanimam e agitam

panos na esperança de serem vistos por algum navio.

Page 2: Balsa Da Medusa

Esse quadro nos leva a uma reflexão: e se você estivesse naquela

situação do naufrágio, em que lugar você estaria nessa pintura?