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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AS INTERFERÊNCIAS DO AFETO E DO MOVIMENTO NA
AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Por: Érica Aragão Monteiro
Orientador
Profª Deise Serra
Janeiro de 2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AS INTERFERÊNCIAS DO AFETO E DO MOVIMENTO NA
AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia
Por: . Érica Aragão Monteiro
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os amigos e companheiros de caminhada que de alguma
forma puderam me ajudar, ou torcendo por mim, ou estando ao meu lado, ou
desejando que tudo pudesse dar certo. Agradeço a minha mãe Dona Josefa
Aragão e ao meu pai Josué Monteiro, que mesmo com todas as dificuldades
batalharam para que eu pudesse ter a chance de me graduar e permanecer
estudando. Agradeço aos amigos espirituais que me inspiram, iluminando a
minha razão e dando-me sensibilidade. Agradeço aos dias ensolarados e aos
dias nublados, agradeço à vida.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a cada pessoa que luta pela educação de qualidade no
Brasil e no mundo. Aos professores que tive e a cada um que busca aprender.
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METODOLOGIA
A metodologia aqui utilizada foi a a de pesquisa em livros, periódicos e sites
que pudessem agregar valor as hipóteses que aqui temos. Iniciei a leitura pelos
autores mais referenciados e consagrados na área de psicologia da educação
que são: Vigostsky e Piaget e posteriormente adicionei outros autores
brasileiros que abordam sobre o tema. Busquei também não me prender a uma
linha teórica apenas, já que várias linhas se complementam.
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo refletir e aprofundar os estudos sobre as
interferências do afeto e do movimento na aquisição e desenvolvimento da
linguagem, tentando pensar desde o surgimento da escrita até o tempo
contemporâneo como sofremos algumas influências que podem interferir nos
processos de aprendizagem linguística. As nossas relações com as pessoas e
os ambientes em que vivemos interferem nos processos de aquisição e
desenvolvimento da leitura e escrita, influenciando a inserção do homem em
determinados grupos socioculturais e no mundo do trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO - 9................................................................................................... ..08
CAPÍTULO I - O desenvolvimento psicomotor e o desenvolvimento da escrita.......10
CAPÍTULO II - A relação entre psicomotricidade e afeto na aquisição linguística e
desenvolvimento adequado da língua na sociedade...................................................13
CAPÍTULO III - Comunicação entre pais e filhos e professores e alunos e suas
interferências na aprendizagem..................................................................................17
CAPÍTULO IV - Por que as escolas não sabem lidar com as dificuldades de
aprendizagem e os transtornos de linguagem?...........................................................21
CAPÍTULO V - O paradoxo dos sujeitos contemporâneos no uso das linguagens....24
CAPÍTULO VI - Texto, contexto e hipertexto – No mundo dos excessos o que falta para
nos comunicarmos bem?............................................................................ 9....27
CAPÍTULO VII - Propostas pedagógicas que auxiliam o desenvolvimento da leitura e
escrita..........................................................................................................................29
CONCLUSÃO 9..........................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA..................................................................................39
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INTRODUÇÃO
A linguagem é o meio pelo qual o homem interage com o mundo, e o principal
meio de interação social. Estamos nos referindo aqui a linguagem verbal e
corporal, já que existem inúmeras linguagens. Sabe-se que a aprendizagem
somente ocorre nos processos de interação, sejam eles linguísticos ou não. O
aprendizado para Vygostky ocorre na zona de desenvolvimento proximal
(ZDP), ou seja, uma área simbólica que representa o que o ser é capaz de
fazer sozinho, sem o auxílio de outro (desenvolvimento potencial – mas ainda
está em aprendizagem), e aquilo que ele já aprendeu nos seus processos de
interação (desenvolvimento real).
O ser que se expressa, seja pelo afeto, pela fala ou pela linguagem corporal,
amplia suas possibilidades de desenvolvimento e inteligência, já que o cérebro
é plástico e pode prover possibilidades de novas aprendizagens de maneiras
diferentes, trocando informações por meio das mais variadas linguagens . A
necessidade de aprimorar as habilidades linguísticas, se faz necessária para os
sujeitos num mundo onde todos tentam se comunicar globalmente e interagir,
ela nos concede maiores inserções sociais. Mas, como comunicar-se
plenamente se o homem carece dos afetos que o fazem saber comunicar?
Esta necessidade de comunicar existe desde a pré-história, quando os homens
primitivos grafavam em pedras, paredes ou em outros instrumentos as suas
atividades, como a caça, por exemplo. Os homens pré históricos
desenvolveram a escrita através da sua relação com o meio ambiente,
interferindo nele e buscando formas melhores de sobrevivência. O homem
desenvolveu a sua capacidade cognitiva de comunicar. É esse desejo e
necessidade de pôr em prática, de pôr para fora que intermedeia as relações
gerando elos (sejam positivos ou negativos). No entanto, após séculos de
desenvolvimento, invenção da escrita e outras buscas e invenções humanas,
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os sujeitos contemporâneos ainda sentem dificuldades em utilizar a sua própria
língua e tem grandes entraves de comunicação. O homem dos tempos atuais
tem muita informação e pouca aprendizagem, e parece não se dar conta que a
linguagem pertence a si como pertence o seu coração. Esta ruptura do homem
com suas formas de expressão se devem a diversos fatores, um deles é a
relação da família e da escola com a criança, privando-a de afeto e de
movimento.
O mundo exige que as pessoas se comuniquem bem, assim, àquelas que têm
dificuldade de aprendizagem, principalmente, na língua falada e escrita, porque
por algum motivo não conseguiram desenvolver esta competência, estão
expostas ao fracasso profissional e problemas de interação social. Desta
forma, uma pesquisa que reflita estas questões é primordial para suscitar a
relevância das mesmas, pois atinge a aprendentes de todas as idades e
classes sociais.
Alguns aspectos são importantes para refletirmos esses problemas e
propormos soluções: a relação do desenvolvimento da escrita e da fala
humana com o desenvolvimento motor e a interação social; A relação entre
psicomotricidade o e afeto na aquisição e desenvolvimento linguístico; Os
motivos das escolas não saberem lidar com as dificuldades de aprendizagem e
os transtornos da linguagem; A comunicação entre pais e filhos, e professores
e alunos e suas interferências na aprendizagem; A relação entre texto, contexto
e hipertexto (no mundo dos excessos o que falta para nos comunicarmos
bem?) E propostas metodológicas que auxiliam a aprendizagem no âmbito
linguístico.
Estas são algumas das questões que abordaremos nesta monografia.
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CAPÍTULO 1
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E O
DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA.
É certo que uma das formas mais importantes, na sociedade atual, de
expressar o conhecimento é através da escrita. A escrita, a fala e os textos
revelam a história do desenvolvimento do homem. Eles nos servem de
memória, construção e reconstrução do conhecimento, aprendizagem e,
principalmente, como instrumento de expressão, manifestando o desejo de
deixar marcado aquilo que queremos comunicar.
As sociedades com maior grau de letramento, ou seja, aquelas que investem
mais em leitura e escrita possuem um maior desenvolvimento socioeconômico
e político. E isso tem seus motivos - essas sociedades investiram na educação
e privilegiaram não somente a tecnologia de ponta, mas a antiga tecnologia
humana: a escrita e o discurso oral. Saber usar bem a linguagem oral e escrita
facilita as relações, aprimorando o trabalho e relações interpessoais. Através
desses instrumentos comunicacionais e principalmente do uso do corpo que
homem chegou a desenvolver a escrita, um marco para a história da
humanidade. Esse fato se deu devido à necessidade humana de registrar e
comunicar aquilo que pensa, sente e faz, e acompanhou ao desenvolvimento
cognitivo humano.
O aparecimento da escrita revela que desde o sistema pictográfico até o
alfabético, o homem mostra uma necessidade social de se comunicar e que
isso faz parte da sua expressão individual. A relação do homem com o meio,
foi estabelecida a princípio através do corpo e dos gestos. A linguagem gestual
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foi, segundo alguns estudiosos, a que originou a fala e posteriormente a
escrita, acarretando o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos e de todas as
outras tecnologias posteriormente criadas. Um exemplo da relação entre gesto
e representação linguística são os logogramas (símbolos que representam
ideias), segundo Gelb (in Mary Cato) “alguns desses logogramas originaram-se
da representação gestual, como, por exemplo, o círculo, representando o
conceito de tudo” ( KATO, Mary p. 13). Somente anos depois, o homem criou
uma representação para a fala, chegando ao sistema simbólico alfabético. Os
fenícios foram os responsáveis por se apossar da escrita lexical-silábica dos
egípcios (derivada dos hieróglifos) e dela extraíram 24 símbolos. Com o
espírito prático de comerciantes que eles tinham, simplificaram o que havia
para formar o silabário.
Tudo isso aconteceu devido uma amadurecimento psicomotor dos indivíduos
em função da sua interação com o meio. Conforme afirma Ana Paula Dias:
A linguagem em sua forma gráfica desenvolveu-se à
medida que o ser humano amadureceu seu controle
neuromotor, o que permite a realização da praxia fina
(movimento coordenado intencional), responsável pelo ato
da escrita. (p. 86)
A linguagem corporal é assim mais primitiva que a linguagem escrita, mas não
se separa dela, pois o homem só desenvolveu a escrita porque seu corpo agiu
e interferiu na realidade, organizando e reorganizando seu pensamento, e
buscando novas formas de interagir. A linguagem corporal é a primeira etapa
de elaboração para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita e da
inteligência humana.
Em “A formação social da mente” Vigotsky ao discutir a relação entre a
inteligência prática nos animais e nas crianças refere-se aos estudos de Buhler
afirmando que: “ os primeiros esboços de fala inteligente são precedidos pelo
raciocínio técnico e este constitui a fase inicial do desenvolvimento cognitivo”.
Vigotsky afirma ainda que:
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O momento de maior significado no curso do
desenvolvimento intelectual, que dá origem às formas
puramente humanas de inteligência prática e abstrata,
acontece quando a fala e a atividade prática, então duas
linhas completamente independentes de
desenvolvimento, convergem. (p.11)
Piaget também nos traz estudos que demonstram que a aprendizagem só
ocorre na relação entre o sujeito e o meio, no entanto ele crê que o
aprendizado só ocorre em função de um processo maturacional. O sujeito tem
estruturas genéticas que serão desenvolvidas em fases pela ação do homem
no meio. É necessária a experiência com o objeto para que se gere o
conhecimento. Esse processo de exploração (na criança) gera um desequilíbrio
cujo objetivo é uma reequilibração.
O mesmo ocorreu com o homem primitivo, já que ele ainda era uma criança
cognitivamente falando. Esse homem não limitava seu corpo, ele usava,
ousava e reagia ao ambiente, e é por isso que conseguiu chegar até a
simbolização e a criação do alfabeto. Do ato, ao gesto; do gesto ao símbolo; do
símbolo a escrita.
Hoje, o homem paralisa seu corpo, molda-o, adoece-o e não consegue usar
bem nem a linguagem corporal, nem a fala, e a escrita, mas abordaremos
melhor este assunto nos capítulos seguintes.
CAPÍTULO 2
A RELAÇÃO ENTRE PSICOMOTRICIDADE E AFETO NA
AQUISIÇÃO LINGUISTICA E DESENVOLVIMENTO
ADEQUADO DA LÍNGUA NA SOCIEDADE.
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Toda linguagem é um conjunto variado de símbolos. Mas para chegarmos a
elaboração deste conjunto de símbolos primeiramente tivemos que tê-los em
nosso corpo, em nossa mente, em nosso emoção. Por isso, falar da relação
entre afeto, movimento, cognição e desenvolvimento da linguagem se faz
necessário.
A relação entre psicomotricidade e desenvolvimento cognitivo tem sido cada
vez mais estudada e sua aproximação com a psicopedagogia é impreterível. A
psicopedagogia tem se preocupado em atuar nas áreas de dificuldades e
distúrbios de aprendizagem, tanto prevenindo como intervindo e tratando, desta
forma, todas as áreas que se relacionem ao tema aprendizagem podem
contribuir para a psicopedagogia.
Psicomotricidade é “uma ciência que tem como objeto o estudo do homem
através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu mundo interno
e externo” (SPB, 1984).
Partindo desta definição podemos entender que para aprender o indivíduo usa
o psiquismo e a motricidade. O aprendizado não está centrado apenas ou
principalmente no sistema cognitivo como muitos acreditam, ele também ocorre
através do corpo e das emoções que este corpo recebe ou dá.
Desta forma, se um aluno tiver seu movimento inibido ou castrado, ele poderá
apresentar dificuldades de aprendizagem, principalmente em seus processos
de expressão linguística verbal e até mesmo não verbal. Conforme afirma
Alves (2007) “Na sala de aula, o aluno busca um espaço para o seu corpo,
vivendo intensamente cada momento. Se inibido de imediato haverá bloqueio
psicomotor, levando ao isolamento, ele passa a se tornar o “observador do
mundo...”. (p. 16). É nas interações e troca com o ambiente que aprendemos
segundo Vygostky.
O movimento, principalmente, para a criança é essencial para a descoberta do
mundo, e através das experiências concretas é possível promover as
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aprendizagens. Pelo movimento a criança percebe a si mesma e diferencia-se
dos outros e do mundo, ela elabora o seu ego corporal. O primeiro objeto
percebido pela criança é o seu próprio corpo, isso ocorre e se estrutura através
de sensações, mobilizações e deslocamentos. Assim, privar a criança de tocar,
experimentar, movimentar é privá-la do conhecimento de si mesmo e
posteriormente do mundo.
Mesmo quando adultos, o movimento permanece contribuindo para novas
aprendizagens e experiências. Muitas vezes, superamos um medo quando
encaramos o objeto do nosso medo, e isso se dá através do movimento, do
desejo e do corpo. Podemos, por exemplo, ter medo de altura, mas ao
escalarmos uma montanha, provavelmente superaremos este medo. Podemos
não conseguir aprender uma determinada teoria da matemática ou da física,
mas quando a vivenciamos fazendo um experimento, manuseando
instrumentos em um laboratório, nós aprendemos. Aprendemos aquilo que
realmente vivemos, sentimos, intervimos, movimentamos.
O corpo está associado à coordenação, equilíbrio, controle e linguagem, por
isso, se limitaram os usos dos nossos movimentos, limitaram também o uso da
linguagem verbal e não verbal. Isto se comprova pela afirmação de Alves: “O
sujeito no mundo expressa-se e concretiza-se através da atividade corporal. É
esta atividade que virá a ser transformada em linguagem propriamente dita”.
A partir daí a comunicação verbal surge com uma importância fundamental
para a compreensão da problemática da comunicação humana. A linguagem
verbal apoia-se numa linguagem corporal que facilmente se pode (e deve)
observar não só na criança (que se comunica por gestos, gritos, choro com a
mãe antes de possuir e dominar o vocabulário), mas também nos povos
primitivos. “As emoções se expressam fundamentalmente no campo mímico
corporal, e o corpo nesta perspectiva, é um emissor de sinais de (e com)
significado sociocultural.” (ALVES, 2007, p. 54)
O corpo tem uma grande importância expressiva concomitantemente à língua
oral e escrita, revelando o que pensamos e sentimos. E isso se manifesta
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durante toda a vida, não somente na infância quando esta comunicação
corporal é mais nítida, mas também na vida adulta.
Entrando na vida adulta, o jovem sai da escola para buscar o mercado de
trabalho, e frequentemente, sente dificuldade para se expressar e mostrar da
melhor maneira quem ele é. Muitos indivíduos não têm o hábito de deixar seu
corpo falar harmoniosamente com as palavras e por isso sentem-se
aprisionados.
O mercado de trabalho seleciona as pessoas através de testes e dinâmicas de
grupo. E quando o jovem vai vivenciar estas situações sente-se perdido,
deslocado, acuado. Se solicitado a escrever uma redação sobre si mesmo, o
jovem diz que não sabe o que dizer ou por onde começar. Isto pode ocorrer
porque não foram trabalhados e explorados, na infância, os estágios de
desenvolvimento psíquico e também a comunicação pelo gesto e pelo afeto.
Segundo Piaget, temos quatro fases de desenvolvimento e todas elas são
importantes para a maturação do nosso sistema cognitivo: o período sensório-
motor (mais ou menos até os dois anos de idade), o período pré operatório
(dos dois ao seis anos em média), o das operações concretas (dos seis aos
doze anos aproximadamente) e das operações formais (à partir dos doze
anos). Quando passamos por estes estágios e não somos estimulados,
podemos deixar lacunas em nosso desenvolvimento que mais tarde
aparecerão, podendo inclusive prejudicar nossa vida profissional. Estes
estímulos podem ser jogos, brincadeiras, leitura, dramatizações e outras coisas
que são capazes de somar na maturação em processo.
Vigotsky em uma linha convergente (mas com algumas diferenças) a de Piaget
também ratifica o pensamento de que algumas etapas são essenciais para o
aprendizado, como a fala que a criança tem consigo mesma quando está
tentando realizar uma tarefa. Ela ajuda na elaboração e resolução de
problemas .
Fatores que podem interferir na dificuldade de expressão na vida adulta,
principalmente na linguagem escrita, são encontrados na infância. Pois é na
16
infância que podemos elaborar a nossa capacidade de simbolização que
permite a capacidade de escrita e leitura. Para Vygotsky, o aprendizado da
escrita é um processo complexo que é iniciado para criança “muito antes da
primeira vez que o professor coloca um lápis em sua mão e mostra como
formar letras”.(Vygotsky L.S., et al . 1988 p.143).
A linguagem escrita, a qual Vygotsky se refere, é um sistema de símbolos e
signos, denominado pelo autor como simbolismos de segunda ordem, isto
porque, para se chegar neste, a criança passa antes pelos simbolismos de
primeira ordem que são o gesto, o brinquedo, o desenho e a fala.
O gesto, a brincadeira e todas as outras formas de interação da criança devem
ocorrer na relação com seus pais e professores desde cedo, criando elos que
ajudam o indivíduo a crescer emocionalmente e cognitivamente. Um espaço
afetivo e ambiente estimulante é fundamental enquanto elemento energizante
do conhecimento.
Em suma, todos os estágios de desenvolvimento têm sua importância e não
vivenciá-los significa ter que em algum momento da vida adulta estar
novamente com eles. Isto é nítido em processos seletivos, quando até doutores
se perdem. Nestes momentos, muitos adultos, revelam-se crianças em fase de
alfabetização, pois não conseguem utilizar plenamente as diversas linguagens
que dispõe para se comunicar.
CAPÍTULO 3
COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS E
PROFESSORES E ALUNOS E SUAS INTERFERÊNCIAS
NA APRENDIZAGEM
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A família é o primeiro seio social da criança e a escola costuma ser o segundo,
desta forma, é pela família e pela escola que ocorrem as primeiras
aprendizagens da criança.
Mas muitas vezes, estes aprendentes têm seu desenvolvimento cognitivo
comprometido ou bloqueado, principalmente no que se refere a sua capacidade
de comunicação verbal devido um vínculo mal estabelecido. Este vínculo que
interliga os seres, e que chamamos de afeto, é imprescindível para o
desenvolvimento adequado da linguagem humana. As relações engessadas e
frias que ocorrem entre pais e filhos e professores e alunos causam
frequentemente, um engessamento das competências e habilidades que as
crianças e adolescentes têm. Pois:
Para aprender necessitamos de desejo e estímulo,
quando o estímulo desperta o desejo para o objeto da
aprendizagem, então aprendemos. Contudo:
Para que a construção do conhecimento aconteça no
sujeito aprendiz, é necessário que quem ensina tenha
formado com ele um vínculo positivo e vise-versa. Assim,
o aluno pode transformar este conhecimento, mas isto só
irá acontecer se houver confiança nesta relação de ensino
e aprendizagem, pois para aprender, é necessário que o
sujeito se autorize a aprender; do contrário, poderá existir
um bloqueio de qualquer ordem, funcionando como uma
sombra negativa sobre o sujeito, e a aprendizagem ficará
impossibilitada (SAMPAIO, p. 62)
Muitas vezes, os estímulos para a aprendizagem não vêm das famílias, devido
carências sociais, culturais e emocionais, então a escola pode ser um segundo
ambiente que favorece a estimulação, conforme assegura Cunha:
Além de uma alimentação saudável, outro fator que
favorece o desenvolvimento neuronal é a estimulação.
Nesse ponto, é de fundamental importância a escola.
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Quanto mais a criança é estimulada, mais são produzidas
reações e respostas que se traduzem em sinapses.
Percebe- se que, ao aprendizado, precedem os estímulos
das sinapses, e ensinar é promover esse estímulo.
(CUNHA, 2010)
O vínculo na escola é estabelecido principalmente pelos professores, pois são
estes os que mais convivem com os alunos, no entanto, este vínculo tem sido
quebrado ou evitado. Professores sentem-se sobrecarregados e por isso
evitam criar vínculos que possam trazer mais questões para a sala de aula.
Agem assim tentando diminuir os problemas em sala, no entanto
constantemente tem de lidar com questões emocionais que seus alunos trazem
e que interferem na aprendizagem. Isto mostra que não há como separar
emoção de aprendizagem.
Quando há esse distanciamento, o professor ignora todas as emoções dos
alunos que são reveladas por diversas linguagens (corpo, gesto, fala, conduta),
e então estabelece-se uma limitação nos processos de aprendizagem. Muitas
vezes os alunos não aprendem porque não conseguem focar sua emoção para
o aprendizado, pois a atenção dos mesmos volta-se para outras questões ou
problemas. Alguns são rotulados como portadores de distúrbios ou dificuldades
de aprendizagem, mas quando investigado não há nenhum problema de fundo
neurológico, observando-se que o problema está na relação professor-aluno ou
na família. O aluno busca no professor um companheiro que o conduzirá à
novas descobertas. Essas descobertas ou aprendizado podem não serem
agradáveis ou não ocorrem, pois algumas vezes esses “companheiros” causam
incômodos que bloqueiam o caminho até elas.
Se o corpo, a emoção e o movimento fossem valorizados nas relações seria
mais fácil acontecer a aprendizagem. Outras formas de expressão, além da
linguagem falada ou escrita, poderiam facilitar a expressão dos alunos,
favorecendo novas maneiras de aprender e de demonstrar estes aprendizados.
Alves afirma que:
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Quando o professor conscientizar-se de que a educação
pelo movimento é uma peça mestra da área pedagógica,
que permite à criança resolver mais facilmente os
problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por
outro lado, para a sua existência futura de adulto, essa
atividade não ficará mais para segundo plano... (p. 137)
Outro processo que pode interferir na aprendizagem é a relação entre pais e
filhos. O afeto é essencial para se estabelecer um desenvolvimento psicomotor
adequado, e sem desenvolvimento psicomotor não há aprendizagem plena.
Fatores psicológicos e ambientais são os que mais interferem na
aprendizagem. O que parece é que muitos são portadores de inúmeros
distúrbios ou transtornos de base neurológica/orgânica, mas é uma minoria das
crianças que realmente são diagnosticadas com esses distúrbios ou
transtornos. O TDAH, por exemplo, ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias
regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado (segundo
site:www.psicopedagogia.com.br).
Segundo pesquisas da Associação Brasileira de dislexia, o percentual de
disléxicos no Brasil é de 10%, e no mundo de 17%.
Em torno de noventa por cento dos casos de dificuldade de aprendizagem,
principalmente em relação à leitura e escrita provém das relações existentes
entre pais e filhos, professores e alunos e os métodos utilizados no processo
de ensino e aprendizagem. Um dos sintomas que mais aparecem é a timidez
excessiva e ansiedade em uma apresentação oral ou mesmo um texto escrito,
impedindo uma exposição adequada.
Algo que é muito importante no estímulo para o desenvolvimento da linguagem
é o hábito da leitura. O senso comum afirma que as pessoas não sabem
escrever ou se comunicar bem porque não leem. Mas isso é colocado de
maneira muito superficial, pois o que realmente impede o desenvolvimento da
capacidade de leitura e escrita são os métodos inadequados para essa
aprendizagem, a falta de estímulo do meio e, como já abordamos, o
20
distanciamento entre os sujeitos que ensinam e aprendem. Entre os métodos
inadequados encontramos aquele que se refere à leitura obrigatória para
recebimento de uma nota posteriormente. A leitura quando é imposta, não se
torna algo que gera prazer, mas que causa desconforto, pressão e até aversão.
É claro que em algum momento um livro pode ser usado como um instrumento
de avaliação, se isto for feito com cuidado, mas a leitura não pode ser
banalizada como um instrumento para obter nota. E é isto que normalmente
acontece nas escolas. Os próprios pais e professores também associam o ato
da leitura e escrita a um castigo. Eles costumam dizer, se você não fizer tal
coisa, vai ter que escrever uma redação ou ler tal livro.
A leitura deveria ser um momento gerador de prazer e afeto, se ela fosse feita
de forma mais livre, compartilhando interesses do grupo e agregando desejos,
realidade e fantasias ao ato de ler. Como ocorria na idade média, a leitura era
um momento de agregar, de compartilhar.
Os pais que sentam à beira da cama à noite para ler com os filhos,
provavelmente estimulam o gosto pela leitura, pois o significado de ler passa a
ser também trocar afeto e experiências. O professor que sugere amorosamente
alguns livros e pede que os alunos leiam os que lhe interessar permitindo que
compartilhem as histórias, também desperta o gosto pela leitura nos alunos.
A relação de afeto com o livro é criada primeiramente pelos estímulos que o
ambiente e as pessoas trazem, como assegura Vigostsky, é a interação com o
meio que produz a cultura e a cultura que corrobora para a formação da mente
do homem.
Quando um ambiente, não estimula nem provoca o interesse para a leitura, a
criança não se habitua a ler e passa a sentir dificuldades à medida que os
conteúdos forem se tornando mais complexos e exigirem muita leitura. Se,
além disso, os pais o tratam por burro, ou idiota, toda vez que os filhos
cometem um erro linguístico, é provável que se crie o medo de tentar fazer
uma tarefa novamente, para que não seja taxado de burro, caso erre. Isso
ocorre bastante, ocasionando um bloqueio para a leitura.
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Assim, é nítido que toda relação do aprendente com sua família e o meio
interferem na aprendizagem da leitura e escrita.
CAPÍTULO 4
POR QUE AS ESCOLAS NÃO SABEM LIDAR COM AS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E OS
TRASNTORNOS DE LINGUAGEM?
A escola contemporânea apresenta três problemas principais que interferem no
processo de ensino aprendizagem: Não sabe pesquisar, não sabe
contextualizar, nem dialogar. A pesquisa, a contextualização e o diálogo
deveriam acontecer com todos os indivíduos que participam do processo de
ensino e aprendizagem, principalmente na interação professor e aluno.
Sabemos que os conhecimentos dos sujeitos são construídos na interação
social: no seu bairro, na sua família, na sua cidade, na Instituição religiosa que
frequenta etc. Dessa maneira, todo o processo de ensino-aprendizagem
deveria perpassar o seu meio social.
Sem saber pesquisar, constantemente, a escola sente-se vazia de significado,
ou seja, o que é apresentado não é apreendido e incorporado pelos seus
alunos, já que as propostas são elaboradas pelo corpo docente e pedagógico.
Assim, não há a construção de sentidos para aqueles que estão na posição de
aprendentes, que poderia ocorrer pela descoberta e reflexão. A maioria dos
conteúdos e propostas pedagógicas são impostos aos alunos sem a
participação dos mesmos. A capacidade de pesquisa e investigação fica
restrita àqueles que elaboram o material didático e o planejamento das aulas.
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Mas será que não há um material didático alternativo aos apresentados, e que
se revela muito mais interessantes para os alunos? Sim, existe. E este material
encontra-se na própria vida de cada um e do grupo: são as histórias das
famílias, as tradições e costumes do local, as manifestações folclóricas e
culturais do bairro e da cidade, a linguagem daqueles falantes, a maneira como
sobrevivem e ganham dinheiro, como preservam o local onde vivem ou
modificam os espaços em que estão. Na vida encontramos um rico material de
pesquisa, que pode instigar os alunos a serem pesquisadores e descobridores
do conhecimento, pois é isto que tem sentido para eles. Muitos livros já trazem
este tipo de conteúdo, tentando estar contextualizados a várias realidades; o
problema é que a contextualização é fria, pronta, racional, além disso o mundo
é muito diversificado para estar pronto em um livro.
Os alunos não têm a oportunidade de ir aos locais e vivenciarem as
experiências, não buscam dentro da sua própria família as suas origens, não
descobrem o gosto de viver com todos os sentidos aquilo que leem nos livros.
Reserva-se o aprendizado apenas para a cabeça, o corpo e todos os outros
sentidos são excluídos deste processo. Segundo Bossa (2000)
Não aprendo aquilo que o outro me dá pronto. Aprendo
em função daquilo que posso trabalhar sobre o que o
outro me diz, ou daquilo que o objeto me mostra e
descubro. Construo invento, sempre dentro de minhas
necessidades e do campo de possibilidades. Esta
capacidade confere a chance – afetiva, por meio do nível
simbólico e, cognitiva por meio dos níveis técnico-
estruturais – de sobreviver, de adaptar-me e estar
presente no meu mundo podendo contribuir com o meu
saber. Portanto, a transformação do real em uma
realidade interna é uma obra feita com o meu sistema
biofisiológico, afetivo, cognitivo, com a minha mente, e
assim procedo para aliviar em parte a minha dor.
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A escola do nosso tempo tem buscado aproximar-se da realidade dos alunos e
da sua comunidade, mas ainda há um grande distanciamento, pois falta muito
aprofundamento nas teorias e práticas pedagógicas alternativas que elas dizem
utilizar.
Outro motivo das escolas não saberem lidar com as dificuldades de
aprendizagem e os transtornos de linguagem é a falta de contextualização. A
escola não consegue trazer para a sala de aula os conteúdos e métodos
adequados à realidade da comunidade que está inserida, desta forma não
consegue exercer o pleno sentido da palavra diálogo. Sem diálogo, sem
vínculo não acontece a aprendizagem, por isso falar de uma regra gramatical
sem justificá-la, contextualizá-la e humanizá-la, inserindo-a no tempo e no
espaço, muitas vezes não tem sentido, como não tem sentido também falar
sobre uma lei da física sem experimentá-la. Tantas vezes ouvimos que dois
corpos não podem ocupar um mesmo lugar no espaço, mas isso é apenas uma
afirmação, uma elaboração em discurso se não for compreendida e vivenciada.
Quando não há a contextualização e a experimentação, então o diálogo fica
comprometido, pois somente um fala, e o outro não consegue decodificar
plenamente a mensagem, já que há um ruído que atrapalha este processo. Ou
somente um fala e o outro sempre ouve.
Que ruídos são estes que interferem na aprendizagem? Estes ruídos se
chamam distanciamento e não escuta. Para haver diálogo é necessário
também um processo de escuta, e escutar é estar atento e aberto ao que o
outro nos fala com sua linguagem verbal e não verbal. É comum que algumas
crianças ou jovens não saibam, ou não consigam expressar suas ideias e
sentimentos através da fala, então elas muitas vezes não são ouvidas, pois a
Escola não estimula essa fala guardada, que precisa tanto ser posta para fora.
Assim, se mantém o distanciamento e o processo unilateral de fala, não
hávendo comunicação plena.
Creio que um dos fatores que influencia na manutenção desta conduta é o
desejo de manter-se uma tradição acadêmica que inicia-se nas universidades e
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perpetua-se nas escolas. E para concluirmos esta reflexão vejamos o que
afirma Duarte Júnior:
Um mestre ensina ao aprendiz como ele deve ver e
interpretar trabalhos e tendências artísticas, sem qualquer
preocupação de como vem se dando sua percepção e
sensibilidade cotidianas. Não seria forçado apontar nessa
atitude metodológica e filosófica um acentuado
academicismo e um marcante cerebralismo, tão
peculiares aos teóricos da atual universidade brasileira,
instituição essa que, vem se prodigalizando na produção
de interpretações e de releituras em detrimento das
vivências, experiências e reflexões pessoais de seus
componentes. (DUARTE, Jr. P. 27)
CAPÍTULO 5
O PARADOXO DOS SUJEITOS COMTEMPORÂNEOS
NO USO DA LINGUAGEM.
A contemporaneidade é marcada pela informação, principalmente, pela rede de
informações. Os sujeitos se comunicam facilmente, independentemente do
tempo e do espaço, pois podem falar quase sempre a qualquer hora e em
qualquer lugar. Isso se deve ao avanço das tecnologias da comunicação e da
informação, como o telefone e a internet. Tais facilidades são vistas e
estimuladas ao uso desde cedo para as crianças, que naturalmente aprendem
a lidar com esses instrumentos. Muitas vezes a criança possui um contato
prolongado com um celular ou com um computador, por exemplo, mas um
contato mínimo com os pais, irmãos e amigos. O que será que esta mudança
pode ocasionar nos processos de interação social e a aprendizagem destes
25
sujeitos? Certamente a forma de interpretar o mundo destas crianças é
bastante diferente de uma geração há 50 anos.
Constantemente lemos ou assistimos reportagens que nos dão dados
alarmantes sobre a habilidade de leitura e escrita das crianças das escolas
brasileiras . Dados de uma pesquisa, encomendada ao Instituto Ayrton Sena
pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, revelam que, 25 mil
alunos podem ser considerados analfabetos funcionais, mesmo cursando do 4º
ao sexto ano. Entre os 90 mil matriculados no 6º ano, 9 mil encontram-se
nessa situação. Esses dados nos mostram que a habilidade de leitura e escrita
não tem sido transformada em uma competência essencial. Muitas vezes, as
crianças chegam ao ensino médio semianalfabetas ou analfabetas funcionais.
Bem, não se quer aqui insinuar que as novas tecnologias da informação e da
comunicação atrapalham a aprendizagem. Estamos querendo trazer a relação
factual entre o uso indiscriminado da internet, e outras tecnologias, e a
aprendizagem de leitura e escrita. Há um paradoxo que precisa ser pensado:
Muita informação e acesso, e pouca aprendizagem.
5.1 O excesso de informação e a pouca aquisição e
desenvolvimento da linguagem nos dias atuais.
Há um excesso de informação no mundo. Um excesso que existi há muitas
décadas, mas que era restrito a um seleto grupo. Agora, as classes A, B e C
têm acesso às informações, no entanto elas são recebidas e interpretadas em
contextos diferentes. Este fato atinge a diversas classes sociais,
principalmente, aos alunos de famílias pouco letradas.
As informações têm sido recebidas de forma muito rasa, ou seja, nada
aprofundada. Parece haver uma perda de percepção, ou uma falta de
sensibilidade para apreender o mundo usando todos os sentidos. Aprendemos
26
quando vemos, ouvimos, degustamos, fazemos, enfim, sentimos. Mas será que
estamos usando todos os nossos sentidos para aprender?
Essa falta de aprofundamento e sensibilidade gera indivíduos escolarizados,
mas não possuidores e pensadores do conhecimento. O conhecimento tem
sido tão descartável quanto à tecnologia. É a cultura do usar e jogar fora, antes
de gerar a assimilação de um novo conteúdo, existindo assim uma relação
comercial e superficial com o saber. Esses indivíduos não conseguem ler a si
mesmo, ao outro, e ao mundo. Fazem leituras baseadas em senso comum ou
em apenas informações que estão na moda, na mídia. Além disso, parecem ter
perdido bastante o senso de descoberta, aventura, busca.
Passamos por uma crise, a crise da modernidade que nos traz inúmeras
referências para se relacionar com o mundo, mas muitos destes referenciais
nos soam vazios, pois são estímulos que “desestimulam qualquer refinamento
dos sentidos humanos, e até promovem a deseducação, regredindo-os a níveis
toscos e grosseiros” (Jr. DUARTE; p. 17)
A escola e a família são responsáveis por isso, aliás, toda a sociedade.
Eugênio Cunha afirma que: “É necessário ensinar o educando a perguntar, a
inquirir, a fazer críticas; a desenvolver análise sobre todas as coisas que lhe
são oferecidas e ditas para serem consumidas, tornando-se parte da sua vida”
(p. 114). Esta reflexão que muito lembra Paulo Freire é sabida por muitos
educadores, mas ainda assim as relações entre ensinante e aprendente
permanecem as mesmas. E o uso pleno de todos os sentidos que perpassam o
corpo nas relações são bloqueados. Relações estas que são produtos de uma
tradição cartesiana que valoriza a separação corpo e mente, e, que ainda
insiste em tentar dialogar com o mundo atual e modificá-lo sem se aproximar
dele. Não está havendo diálogo, há uma relação dicotômica e não dialética.
Falta afeto, contato e comunicação entre os indivíduos, apesar do grande
acesso as tecnologias da informação.
27
CAPÍTULO 6
TEXTO, CONTEXTO E HIPERTETXO – NO MUNDO DOS
EXCESSOS, O QUE FALTA PARA NOS
COMUNICARMOS BEM?
O mundo contemporâneo é repleto de informação, seja ela visual, sinestésica,
auditiva ou oral. Estas informações que são percebidas por nós através dos
vários sentidos, podem ser definidas, simplificadamente, como uma rede de
textos que se interliga a outros textos, e denomina-se hipertexto.
O conceito de rede aqui aplicado é um conjunto de fios interligados que se
organizam formando um texto. Podemos pensar também em redes sociais.
Mas neste momento vamos abordar as redes de textos (que de certa forma
também estão interligadas às redes sociais, culturais, comunitárias...).
A etimologia da palavra texto vem de tecer, tecido, por isso, fazer um texto é
também entrelaçar fios que originará um todo significativo. Para conhecermos
estes textos ou os hipertextos precisamos ter ousadia e desejo de manipular e
desmembrar a rede de fios que os entrelaçam, pois ao contrário ficaremos
presos a essas redes ou/ e não conseguiremos compreendê-la.
Muitas informações apresentam-se em hipertextos na internet, no celular, em
um livro, contudo as relações entre essas informações têm sido interpretadas
de maneira superficial ou desconectada das suas realidades. Além disso, a
capacidade de análise, elaboração e síntese não está sendo trabalhada de
forma suficiente e eficiente com os nossos aprendentes. Assim, os textos ou
hipertextos esvaziam ou minimizam os sentidos que poderiam ter, ou se tornam
um conjunto de fragmentos sem sentido, uma rede cujos elos são
desconhecidos. A fragmentação tornou as nossas interpretações dos textos
esquizofrênicas, tentando separar cada parte em seu lugar, cada indivíduo na
28
sua posição, cada significado em seu grupo, criando guetos e violência. Pois a
violência impera quando já não temos mais voz.
O professor ou o psicopedagogo não pode estar alienado a esta rede. Deve
buscar sentidos e provocar sentidos. Então: “É imprescindível chegar aos
significados, ter acesso ao mundo conceitual dos indivíduos, e às redes de
significados compartilhados pelos grupos, comunidades e culturas”. (GOMES,
2000, p. 103)
Esses significados são criados e modificados constantemente, pois as pessoas
criam a cultura e a modificam conforme a interrelação e as demandas que há
entre ela e os ambientes que vivem. Por exemplo, a palavra meme e seu
conceito foram criados conforme surgiu o fenômeno de expressões e modas
que se espalham pela internet, é uma expressão primordialmente usada no
mundo da internet. Segundo a Wikpedia meme é:
Um termo criado em 1976, por Richard Dawkins no seu
bestseller “O gen egoísta”, é para a memória o análogo do
gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado
uma unidade de informação que se multiplica de cérebro
em cérebro, ou em locais onde a informação é armazenada
(como livros) e outros locais de armazenamento ou
cérebros (>) O meme pode ser ideias ou partes de ideias,
língua, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e
morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida
facilmente e transmitida enquanto unidade autônoma.
Este é um conceito que está associado a um grupo sociocultural especifico,
mas que pelas redes de informações e meios de comunicações chegam até
nós.
É claro que, pelo fato deste conceito ser relativamente novo, ele ainda será
pouco conhecido ou confuso para nós, mas à medida que as pessoas desejam
acumular informação, ou parecerem atualizadas, elas deixam de se preocupar
em aprofundar os sentidos das informações que lhes chegam prontos. É aí que
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está o problema. Não precisamos de uma resposta pronta, acabada,
precisamos saber criar sentidos ou descobri-los. Precisamos saber fazer as
nossas redes, os nossos tecidos, os nossos textos autonomamente. Pois à
medida que conseguimos elaborar os nossos textos e os nossos arcabouços
de significado fica mais simples compreender e criticar aqueles que nos são
dados prontos.
Essas competências de criar e compreender só são desenvolvidas com a
experiência, com a troca e com afeto, mais uma vez é isso que nos faz saber
comunicar e conviver.
Carecemos do comunicare latino, carecemos da comunicação como um ato de
partilha, de convivência, pois temos perdido a essência do ato de comunicar
como algo que é vivido também com o corpo, com os sentidos. Os nossos
processos de comunicação têm sido extremamente digitais e descartáveis,
então se perde o sentido do olhar, do gesticular, do compartilhar enfim do
conviver. Perde-se o sentido também do aprender, já que aprender é também
comunicar, compartilhar...
CAPÍTULO 7
PROPOSTAS PEDEGÓGICAS QUE AUXILIAM A
APRENDIZAGEM NO ÂMBITO LINGUISTICO.
Diante de um contexto em que o homem tem uma necessidade essencial de se
comunicar e ele vem sofrendo dificuldade nos processos de comunicação, da
infância à vida adulta, é primordial pensarmos propostas pedagógicas que
possam auxiliar a minimizar essa dificuldade. Um dos maiores motivos das
dificuldades de aprendizagem são os métodos inadequados ou a carência de
afeto na relação professor-aluno e pais-filhos, desta forma estas propostas
tentarão uma intervenção nestas relações e no desenvolvimento da autonomia
30
do educando. É importante lembrar que essas propostas estão pautas nos
estudos das teorias de Vigostyky, Piaget e Wallon, mesclando a interação
indivíduo, meio e cognição e os instrumentos e pessoas que mediatizam esta
relação.
Propostas 1 – Para crianças no período pré-operatório (dos três aos seis
anos).
Atividade 1 – Vivenciando com o corpo
Materiais utilizados:
• Canetinhas
• Lápis
• Borracha
• apontador
• Folhas
• Lápis de cor
• tinta
Objetivos: Estimular a fantasia e a criação de símbolos.
Procedimentos:
1) Pôr algumas músicas instrumentais infantis tocando durante alguns minutos
(pode ser cantigas).
2) Deixar as crianças à vontade, em um ambiente com tintas, lápis, canetinhas,
folhas, figuras, cola etc.
3) Soltar a música e depois de um tempo parar.
4) Solicitar às crianças que dancem e sempre que parar a música façam um
desenho ou qualquer coisa que quiserem em uma folha. Dizer para elas
31
desenharem o que estão sentindo... se estão felizes, se gostaram da música
etc.
5) Depois fazer uma roda e todos vão dançar à vontade, a mediadora solicita
que parem, e pega os trabalhos das crianças, iniciando uma contação de
histórias inventadas e inspirada pelos desenhos deles.
Atividade 2 - Aprendendo as cores
Objetivo: Estimular a atenção e a associação entre som e imagem.
Materiais utilizados:
• Papel
• Tintas de cores diversas
• Pincel
• Figuras (sol, laranja, maça, céu, árvore, canetinha violeta,
Procedimentos:
1) Por a música arco-íris da Xuxa ou do Toquinho (aquarela)
2) Pedir as crianças para escutarem a música e verem a figura que o educador
ou psicopedagogo vai mostrar quando for falado cada uma das cores do arco-
íris (ou dos objetos que são cantados na música do Toquinho)
3) O educador ou psicopedagogo entoa o nome da cor e levanta a figura.
Depois, pausa a música e trabalha com as imagens e as cores. Em cada aula
irá trabalhar três cores.
4) O educador ou psicopedagogo diz para as crianças que sempre que
reconhecer a cor cantada, pegue a tinta e faça um desenho. (Obs.: o educador
distribui três folhas para que em cada folha o aluno faça um desenho de cor
diferente).
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5) O educador ou psicopedagogo põe novamente a música. Deixa as imagens
espalhadas pelo chão e pede às crianças que peguem as imagens
correspondentes a cor.
Propostas 2 – Para o período das operações concretas - crianças de 6 aos 12
anos.
Atividade 1 - Exercitando os órgãos dos sentidos
Objetivos: Estimular a acuidade dos órgãos sensoriais e a expressão verbal
das sensações.
Desenvolvimento:
1) O educador ou psicopedagogo informa aos alunos que haverá uma
brincadeira que utilizará alguns objetos e alimentos para estimular os órgão dos
sentidos.
2) Entrega-se a cada um dos alunos uma venda que deverá ser colocada nos
olhos. Um aluno pode vendar os olhos do outro
3) Passa-se nas mãos de cada educando do grupo um objeto frio e logo que
chegue ao último, passa-se um objeto quente procedendo da forma anterior.
4) Solicita-se a verbalização de todos os participantes sobre a sensação mais
agradável (o quente ou o frio), enquanto vai-se registrando no quadro.
5) A terceira rodada aborda sobre o olfato, quando o mediador passa com
determinado tipo de fragrância pelas narinas de cada componente do grupo, e
logo em seguida alterna outro perfume.
6) Novamente sugere-se a verbalização quanto a fragrância que mais agradou
a cada u registra-se no quadro ou flip-chart.
7) Coloca-se uma música suave para ser ouvida e em seguida uma de ritmo
mais forte.
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8) Pergunta-se novamente a preferência de cada componente do grupo e
registra-se novamente a escolha de cada um do grupo.
9) Por fim, coloca-se na boca da cada participante um doce e depois um
salgado.
10) Logo depois de degustarem, coloca-se a oportunidade de expressar
verbalmente o que mais gostou, quando será registrado no campo
correspondente ao nome de cada participante.
11) Sugere-se que retirem as vendas.
12) Propõe-se uma discussão explicativa acerca das preferências e
sentimentos aflorados durante a vivência.
13) Solicita-se que aqueles que preferirem podem expressar isto em forma de
texto (prosa ou poesia).
Atividade 2 - Fábrica de brinquedos
Objetivos:
• Estimular o desenvolvimento da criatividade.
• Trabalhar o processo de cooperação e comunicação.
Material utilizado:
• Sacolas
• Barbante
• Cola
• Cartolina
• Papel A4
• Copos
• Canudos
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• Tesoura
• Palito de picolé
Procedimentos:
1) Compõe-se grupos com objetivo de confeccionarem um brinquedo.
2) Informa-se que cada grupo poderá usar a criatividade para ousar na
invenção do brinquedo. Haverá um concurso para a escolha do brinquedo mais
original e será dado uma hora para a tarefa.
3) Cada grupo apresenta o brinquedo feito, explicando como usá-lo e os
motivos que o faz ser o melhor.
4) Promovesse a eleição do brinquedo mais original através do voto individual,
explicando a escolha.
Obs.: Explora-se, através da comunicação verbal, a participação dos
integrantes do grupo durante a tarefa.
Propostas 3 – Para o período das operações formais (adolescentes e jovens
de 12 anos em diante)
Atividade 1 - Comunicação (como é a minha casa?)
1) Explica-se aos adolescentes que iremos fazer uma atividade para exercitar
nosso processo de comunicação.
2) Questiona-se o que é comunicação para eles, fazendo uma chuva de ideias
e anotando no quadro.
3) Após, o educador ou psicopedagogo diz que exercitaremos nossa
capacidade de comunicar e permitir a comunicação
4) Solicita-se que cada um individualmente desenhe uma casa (obs: O
desenho é livre, forma, tamanho ficam a critério de cada um)
5) Pede-se que formem duplas, em que um deve sentar virado de costas para
o outro.
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6) Distribui-se mais uma folha para cada componente e explica que ele irá
desenhar uma outra casa, a que o seu colega descrever. Sem olhar o desenho
do colega.
6) Solicita-se que um da dupla descreva para o outro como é a sua casa (a
casa que desenhou), enquanto que o outro vai desenhando a casa descrita
pelo colega. (obs.: Permite-se que um faça perguntas para o outro).
7) O aluno que está descrevendo a casa pode detalhá-la em formas, cores,
quantidades de cômodos e etc, mas o educador ou psicopedagogo não precisa
falar isto para ele.
8) Dá-se um tempo em torno de 8 minutos para que um componente desenhe a
casa.
9) Depois, o outro aluno da dupla irá proceder da mesma maneira, ou seja, irá
desenhar a casa que está sendo descrita pelo colega.
10) Finalizada a atividade, a dupla pode ver o desenho do colega comparando
com a cópia feita.
11) O educador ou psicopedagogo solicita que debatam os motivos das
diferenças que há entre um desenho e outro que representa a mesma casa.
12) O educador ou psicopedagogo levanta as questões, abordando a
importância da escuta no processo de comunicação, da clareza e coerência
nesses processos.
Atividade 2 - Livro lixo arte (Criação de um livro com Cds e Dvds inutilizados)
Obs.: Antes da realização da atividade, faz-se uma campanha na escola para
coleta de Cds e Dvds inutilizados.
Material utilizado:
• Cds
• Dvds
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• Revistas velhas
• Jornais velhos
• Cola colorida
• Tesoura
• Canetinha
• Diversos materiais que poderiam virar lixo
Procedimentos:
1) Explica-se aos alunos que vamos transformar os Cds e Dvds em suporte
para que eles façam um livro.
2) Solicita-se que escolha um ou mais temas que possamos abordar para a
escrita dos textos.
3) Fala-se da diferença entre prosa e poesia e estimula-se que cada um possa
ser escritor por alguns dias.
4) Pede-se que os alunos tragam textos, letras de músicas e poesias que
gostem.
5) Faz-se um sarau em sala de aula.
6) Solicita-se que os alunos escrevam em prosa ou poesia sobre o tema
escolhido.
7) Solicita-se que troquem os textos para fazer a revisão.
8) Após a elaboração dos textos, os jovens irão passar para o Cd/Dvds os seus
textos. Sinaliza-se que eles podem usar palavras recortadas das revistas ou
jornais para montar o texto no Cd/Dvd, ou qualquer outra forma criativa de
expor o texto no Cd/Dvd.
9) Após a finalização dos Cds/Dvds, elabora-se uma capa para os livros.
10) Conclui-se a atividade com uma exposição e lançamento dos livros.
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CONCLUSÃO:
A vida contemporânea nos vende a ideia de liberdade e felicidade a todo
momento. Vemos isso nos mais variados veículos de mídia, principalmente nas
propagandas. Este processo comunicativo nos diz o tempo inteiro que temos
que ser felizes e para isso precisamos ter tal produto. A comunicação atual
está a favor do consumo, não da integração, da compreensão e do afeto.
Desde que o homem começou a intervir no ambiente, e o ambiente exercer
influência sobre si, que o ser humano buscou expandir suas formas de
comunicação. Esse processo, ocorreu na interação entre a mente e o corpo,
que criaram caminhos para a expressão dos desejos e pensamentos humanos.
O homem foi aprimorando suas formas de registros até a criação do alfabeto,
inserindo na sociedade os processos de leitura e escrita que foram se
expandindo, se influenciado e se reinventando.
Todo processo de comunicação humana está pautado essencialmente em
seus desejos e pensamentos, que se inicia na infância e vai até a vida adulta.
Para realização desses processos o corpo é um veículo essencial, que nos dá
a possibilidade de expressar junto com a linguagem verbal aquilo que
pretendemos comunicar.
Dessa forma, o corpo é também um emissor e um receptor de mensagens. No
entanto, percebemos que na nossa sociedade contemporânea, o corpo é
tratado como o um objeto de comercialização, e estética primordialmente.
Assim, o nosso corpo vai servindo de suporte para modismo, e pressões
socioculturais que nos faz calar e adoecer. A doença é o sintoma do corpo
falando que algo não vai bem.
Quando somos reprimidos ou moldados o toque, o gesto, os movimentos
apenas da maneira como o outro quer, não conseguimos comunicar
plenamente o que desejamos. Assim, inicia-se alguns processos de
dificuldades de aprendizagem linguísticas que nos impedem de desenvolver
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outras competências, já que vivemos em uma sociedade centrada na
informação e na escrita.
O mundo tem um excesso de informação que não é compreendida
plenamente, nem vivenciada por nossos educandos, pois estão apenas em
teorias e escritas nos livros.
Num mundo de redes parecemos estar desconectados, e isso tem suas causas
nas nossas carências de afeto, de movimentação e experimentação.
Quando analisamos os motivos que podem interferir nesses processos de
falhas comunicacionais percebemos que toda sociedade e governo tem sua
responsabilidade, mas que as duas principais Instituições responsáveis são: a
família e a Escola, pois são elas que realizam as primeiras aprendizagens dos
indivíduos.
Parece, em alguns momentos, que aos colocarmos tantos problemas à luz de
questões pedagógicas, os professores carregam grande responsabilidade pelo
fracasso dos alunos, mas quero deixar claro aqui que eles também carecem de
afeto e de valorização vinda do governo e de toda a sociedade, e não são os
principais responsáveis pelo fracasso . Não há como educar sozinho, a
educação é também um processo de comunicação que se faz com amor e
adequação ao contexto, por isso deve ser uma aliança.
Esta aliança precisa estar interligada à família e a toda a sociedade, senão
estaremos mantendo as redes sem conexões, e as Escolas sem elos com os
lugares que estão.
Algumas propostas pedagógicas são sugeridas para este trabalho, mas
nenhuma proposta pode dar certo se não for feita de corpo e alma. Essa
expressão popular (de corpo e alma) explica a dialética necessária em nosso
processos educacionais: energias que dialogam e convergem. Desta forma,
esta monografia traz algumas reflexões que possam instigar esses diálogos e
nos trazer de volta à primordial e essencial necessidade humana de
comunicar.
39
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Revista Língua portuguesa. Ano 3, nº 43 maio de 2009.www.revistalingua.com.br
www.wikpedia.com