avaliaÇÃo da produÇÃo de serapilheira e da dinÂmica de … · diâmetro de 0,25g/m² para...

83
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE MACRONUTRIENTES EM DUAS ÁREAS DE REGIMES HÍDRICOS DISTINTOS NO PANTANAL DE POCONÉ MT EDNA MARIA DE SOUZA CARNEIRO PROF. Dr. OSVALDO BORGES PINTO JUNIOR Orientador Cuiabá, MT Julho 2015

Upload: lyhuong

Post on 04-Jan-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA

DINÂMICA DE MACRONUTRIENTES EM DUAS ÁREAS DE

REGIMES HÍDRICOS DISTINTOS NO PANTANAL DE

POCONÉ – MT

EDNA MARIA DE SOUZA CARNEIRO

PROF. Dr. OSVALDO BORGES PINTO JUNIOR

Orientador

Cuiabá, MT

Julho 2015

Page 2: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E A

DINÂMICA DE MACRONUTRIENTES EM DUAS ÁREAS DE

REGIMES HÍDRICOS DISTINTOS NO PANTANAL DE

POCONÉ – MT

EDNA MARIA DE SOUZA CARNEIRO

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências

Ambientais da Universidade de Cuiabá,

como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Ciências Ambientais.

PROF. Dr. OSVALDO BORGES PINTO JUNIOR

Orientador

Cuiabá, MT

Julho 2015

Page 3: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo (a) autor (a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

C289a Carneiro, Edna Maria de Souza

Avaliação da Produção de Serapilheira e da Dinâmica de

Macronutrientes em Duas Áreas de Regimes Hídricos Distintos no

Pantanal de Poconé-MT./ Edna Maria de Souza Carneiro. Cuiabá-

MT, 2015. 69p.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, como

parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências Ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior

1.Revisão Teórica. 2.Materiais e Métodos.

3.Resultados e Discussão. 4.Conclusões. 5.Sugestão para

Trabalhos Futuros. 6.Referências Bibliográficas.

CDU: 34:551

Page 4: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E A DINÂMICA DE

MACRONUTRIENTES EM DUAS ÁREAS DE REGIMES HIDRICOS DISTINTOS NO

PANTANAL DE POCONÉ – MT

AUTORA: EDNA MARIA DE SOUZA CARNEIRO

Dissertação de Mestrado defendido e aprovado pela comissão julgadora em 31 de julho de 2015

Page 5: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, os maiores incentivadores

de todas as minhas realizações, ao Epaminondas,

companheiro de tantos momentos, e aos meus filhos

e netos, semente-alegria da minha vida.

Page 6: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UNIC-MT e ao professor

Dr. Carlo Ralph De Musis, pela sua coordenação a frente do programa e apoio a

pesquisa.

A equipe administrativa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da

UNIC-MT, pelo empenho no atendimento de todos os mestrandos do programa.

Ao Professor Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior por ter aceitado ser meu orientador, por

estar sempre presente e me direcionado no mestrado e também por ser tão atencioso,

prestativo e dedicado nos trabalhos de campo;

Ao professor Dr. George Louis Vourlitis pela sua coordenação a frente dos trabalhos de

campo e apoio a pesquisa.

A Marizeth Dias pela parceria e acompanhamento na pesquisa de campo em Poconé,e

nas análises de laboratório.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UNIC-MT,

que com sabedoria e dedicação contribuíram para minha formação acadêmica;

Aos meus colegas, por dividir sua experiência e pelas contribuições teóricas e

metodológicas.

À minha família que sempre me apoiou, em especial o meu esposo Epaminondas

Carneiro e os meus filhos e netos, que tem grande parcela de responsabilidade na

conclusão deste trabalho;

Aos membros da banca examinadora, Prof. Drª Ludymilla Barboza da Silva; Prof. Drª

Julia Arieira Couto; pela disponibilidade em fazer parte desta banca.

Ao SESC – Pantanal, por permitir a presente pesquisa em seu território;

Page 7: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

EPÍGRAFE

“Aprender é a única coisa de que a

mente nunca se cansa, nunca tem

medo e nunca se arrepende”.

Leonardo da Vinci

Page 8: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................... i

ABSTRACT ............................................................................................................................... ii

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

2. REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................................ 3

2.1. O Pantanal ....................................................................................................................... 3

2.2. Deposição da serapilheira .................................................................................................... 8

2.2. Decomposição da serapilheira ........................................................................................ 9

2.3. Variáveis Ambientais .................................................................................................... 11

2.3.1 pH do solo ..................................................................................................................... 11

2.3.2 Umidade do solo ........................................................................................................... 12

2.3.3 Temperatura do solo ..................................................................................................... 12

2.4. Dinâmica dos nutrientes via serapilheira. ..................................................................... 13

2.5. Ciclagem de Nutrientes ................................................................................................. 16

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 19

3.1. Caracterização da área de estudo ....................................................................................... 19

3.2. Coleta de serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira acumulada (litter pool) sobre o

solo ...................................................................................................................................... 21

3.4. Análise Estatística ............................................................................................................. 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 26

4.1 – Dinâmica da serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira acumulada (litter pool)

sobre o solo. .............................................................................................................................. 26

4.2 – Variações nos parâmetros ambientais do solo ................................................................. 35

4.3 – Concentração de macronutrientes .................................................................................... 39

5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 54

6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 55

7. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 56

ANEXO .................................................................................................................................... 68

Page 9: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização das 11 sub-regiões - Pantanais ............................................ 6

Figura 2 - Mapa temático da sub-região de Poconé, MT, referente a 2005, classificado em

unidades de paisagem em função da vegetação e grau de inundação. ................................... 7

Figura 3 - Processo de deposição da serapilheira no solo ..................................................... 8

Figura 4 - Processo de decomposição - Lixiviação, desintegração e mineralização da matéria

orgânica. ............................................................................................................................... 10

Figura 5 - Esquema da dinâmica da ciclagem de nutrientes via serapilheira. ..................... 14

Figura 6 - Paisagem local e do fragmento florestal das áreas e mapa de localização das áreas

de estudos. (Imagem de satélite do SPOT, resolução de 2,5 metros). .................................. 19

Figura 7 - A. Área de vegetação da floresta inundável; B – Área de vegetação da floresta

não inundável no Pantanal de Mato Grosso. ........................................................................ 20

Figura 8 – A. Coletores de serapilheira produzida (litter fall) na área de floresta não

inundável, durante a estação seca. B. Coletores de serapilheira produzida (litter fall) na área

de floresta inundável, durante a estação chuvosa. ................................................................ 21

Figura 9 - Recipiente plástico de coleta serapilheira acumulada (litter pool) no solo com

diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. .......................................................... 22

Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de serapilheira produzida e acumulada sobre

o solo ao longo do tempo (g/m²) para a área de floresta inundável e floresta não floresta. B.

Em Laboratório – Retirada da estufa e Pesagem de massa seca de serapilheira produzida e

acumulada sobre o solo, ao longo do tempo (g/m²) para a área de floresta inundável e floresta

não inundável. ....................................................................................................................... 23

Figura 11- Média mensal e desvio padrão de serapilheira produzida (litter fall) nos coletores

(g/m²) em área de floresta inundável e de floresta não inundável. ....................................... 27

Figura 12 - Média mensal e desvio padrão de produção de serapilheira acumulada (litter

pool) sobre o solo (g/m²) em área de floresta inundável e de floresta não inundável. ......... 28

Figura 13 - A e B – Produção anual de serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira

acumulada (litter pool) sobre o solo em área de floresta inundável e área de floresta não

inundável. *círculos pretos significam outliers. ................................................................... 31

Figura 14 - Média mensal e desvio padrão do pH do solo em área de floresta inundável. . 36

Page 10: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

Figura 15 - Média mensal e desvio padrão do pH do solo em área de floresta não inundável.

.............................................................................................................................................. 36

Figura 16 - Média mensal e desvio padrão da Umidade do solo (%) em área de floresta

inundável. ............................................................................................................................. 37

Figura 17 - Média mensal e desvio padrão da Umidade do solo (%) em área floresta não

inundável. ............................................................................................................................. 37

Figura 18 - Média mensal e desvio padrão da Temperatura do solo (ºC) em área de floresta

não inundável. ....................................................................................................................... 38

Figura 19 - Média mensal e desvio padrão da Temperatura do solo (ºC) em área de floresta

inundável. ............................................................................................................................. 39

Figura 20 - Variação mensal e desvio padrão da concentração de macronutrientes na

produção de serapilheira (g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável. 40

Figura 21 - Variação anual e desvio padrão de macronutrientes na produção de serapilheira

(litter fall),(g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável. ....................... 44

Figura 22 - Variação mensal e desvio padrão da concentração de macronutrientes na

serapilheira acumulada (litter pool) sobre o solo (g/Kg), em áreas de floresta inundável e

floresta não inundável. .......................................................................................................... 46

Figura 23 - Média anual e desvio padrão de macronutrientes na serapilheira acumulada sobre

o solo (g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável. .............................. 50

Page 11: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Superfície da unidade de paisagem da sub-região de Poconé, no Pantanal Mato-

Grossense. ............................................................................................................................... 7

Tabela 2 - Matriz de correlação das variáveis medidas na área de floresta não inundável. Os

valores correspondem ao coeficiente de correlação de Pearson(r).(S. Prod = Serapilheira

produzida; S. Acum = Serapilheira acumulada. ................................................................... 32

Tabela 3 - Matriz de correlação das variáveis medidas na área de floresta inundável. Os

valores correspondem ao coeficiente de correlação de Pearson(r). ...................................... 33

Tabela 4 - Teste F, comparando os tratamentos (Áreas), o mês e a interação entre os

tratamentos e os meses. ........................................................................................................ 34

Tabela 5 - Teste F, comparando os macronutrientes no tratamento(litter fall), o mês e a

interação entre os tratamentos e os meses ............................................................................ 45

Tabela 6 – Total da média e desvio padrão dos macronutrientes via produção de serapilheiras

produzida e serapilheira acumulada nas áreas de estudo. ..................................................... 51

Tabela 7 - Teste F, comparando os macronutrientes nos respectivos tratamentos (litter pool),

o mês e a interação entre os tratamentos e os meses. ........................................................... 51

Page 12: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - classificação do Pantanal em 11 sub-regiões, segundo Ministério do Meio

Ambiente. ............................................................................................................................... 6

Quadro 2 – Estudos realizados da produção de serapilheira produzida (litter fall) e

acumulada no solo (litter pool), no Brasil. ........................................................................... 34

Quadro 3 – Acúmulo de matéria seco e nutriente no MFS de florestas tropicais ............... 68

Quadro 4 – Comparação das variações dos nutrientes do solo após a inundação entre esta

pesquisa (Carneiro,2014), Machado (2013), Vourlitis et al., (2011) e Lima et al., (2005) .. 69

Page 13: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

i

RESUMO

CARNEIRO, E. M. de S. Avaliação da produção de serapilheira e a dinâmica de

macronutrientes em duas áreas de regimes hídricos distintos no pantanal de Poconé – MT.

Cuiabá, 2014 69p. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais), Universidade de Cuiabá.

O presente estudo teve como objetivo avaliar a produção de serapilheira e a dinâmica do

macronutrientes em planície inundável, em duas áreas distintas, sendo denominada floresta

inundável e outra floresta não inundável com dominância de Scheelea phalerata (Arecaceae),

popularmente conhecido como Acuri, localizada no município de Poconé-MT. Para a coleta

de dados da serapilheira produzida, foram distribuídos 6 coletores de 1m² nas duas áreas de

estudo, totalizando 12 unidades amostrais. Na coleta da serapilheira acumulada sobre o solo,

utilizou-se de um recipiente plástico com diâmetro 0,25cm. O material foi recolhido

mensalmente, durante dozes meses, embalado, identificado, desidratado e pesado. Foram

realizadas análise químicas dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) presentes na

serapilheira (Embrapa 2009). A média mensal de serapilheira produzida na área de floresta

inundável foi 62,97g/m², na área de floresta não inundável 43,55g/m² e para serapilheira

acumulada sobre o solo na área de floresta inundável foi 1.373,56g/m² e na área de floresta

não inundável 1.152,41g/m². Durante o estudo os meses que apresentaram maior deposição

de serapilheira foi no período da seca (agosto) e no período chuvoso (outubro e novembro).

O retorno total estimado de macronutrientes foi maior na área de floresta não inundável e

seguido da área de floresta inundável. O nitrogênio, cálcio e magnésio via serapilheira foram

os macronutrientes que houve redistribuição entre as áreas de estudo. A ordem das

concentrações dos macronutrientes da serapilheira produzida e acumulada para as áreas de

estudo foi, N>Ca>Mg>K>P>S, exceto a serapilheira acumulada para área de floresta não

inundável que foi Ca>N>Mg>K>P>S. A produção de serapilheira foi diferente entre as áreas

de estudo.

Palavras Chave: Pantanal, produtividade do ecossistema, dinâmica de macronutrientes.

Page 14: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

ii

ABSTRACT

CARNEIRO, E. M. de S. Evaluation of litterfall production and the dynamics of

macronutrients in two areas of water regimes in different wetland of Poconé - MT. Cuiabá,

2014 69p. Dissertation (Master in Environmental Sciences), University of Cuiaba.

The objective of this study was to evaluate the litter production and the dynamics of nutrients

in wetlands, in two distinct areas, being called forest wetlands and other forest wetlands with

dominance of Scheelea phalerata (Arecaceae), popularly known as Acuri palms, located in

the municipality of Poconé-MT. For the data collection of litter produced, were distributed 6

manifolds of 1m² in the two areas of study, totaling 12 sampling units. The collection of

litterfall accumulated on the ground, we have used a plastic container with diameter 0.25 cm.

The material was collected monthly, during twelve months, packaged, labeled, dried and

weighed. Were performed chemical analysis of macronutrients (N, P, K, Ca, Mg and S)

present in the litterfall (Embrapa 2009). The monthly average of litter produced in the area

of forest wetlands was 62.97g/m², in the area of forest not floodable 43.55g/m² and for

litterfall accumulated on the soil in the area of forest wetlands was 1,373.56g/m²) and in the

area of forest wetlands 1,152.41g/m²). During the study, the months that showed greater

deposition of litterfall was during the dry season (August) and during the rainy season

(October and November). The return estimated total of macronutrients was higher in the area

of forest wetlands and followed by the forest area wetlands. The nitrogen, calcium and

magnesium track litter were the macronutrients that there was no redistribution between the

areas of study. The order of concentrations of macronutrients of litterfall produced and

accumulated in the areas of study was N>Ca>Mg>K>P>S, except the accumulated litterfall

for forest area not flood that was Ca>N>Mg>K>P>S. The litterfall production was different

between the areas of study.

Keywords: Wetland, ecosystem productivity, dynamics of macronutrients.

Page 15: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

INTRODUÇÃO

As áreas úmidas são um sistema complexo e permanente de zonas de transição

aquática-terrestre (Aquatic/Terrestrial Transition Zone - ATTZ) ao longo das planícies

periodicamente inundáveis (JUNK et al., 1989). De acordo com a amplitude, frequência,

previsibilidade e força de inundação, sete grandes áreas úmidas no mundo foram

definidas, tornando-se áreas prioritárias para conservação biológica por manterem grande

diversidade de flora e fauna (JUNK et al., 2006). Dentre estas áreas úmidas o Bioma

Pantanal é de suma importância no contexto nacional e internacional, sendo considerada

uma das maiores planícies de sedimentação do mundo, ocupa grande parte do centro-

oeste brasileiro e se estende pela Bolívia (entre 10.000 e 17.500 km²), Paraguai (entre

4.000 e 6.000 km²) e Argentina, onde recebe outras denominações por Swart, 2000. No

território brasileiro, o Pantanal está localizado, nos Estados de Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul, ocupando uma área de 140.000 km², (Alvarenga, 1980).

Essa extensa planície de inundação, possui variações de topografia e solo que

fazem com que áreas alaguem periodicamente (Signor et al., 2010), e que algumas

permaneçam sempre secas. Tal alagamento é ocasionado pela pluviosidade local e pelo

transbordamento de rios (Junk et al., 1989). Essa inundação periódica é que modela a

paisagem do Pantanal, resultando em diferentes fitofisionomias.

A vegetação do Pantanal é caracterizada por diversos fatores, como o tipo de solo,

duração de inundação, estresse pelo fogo, intensidade de pastejo pelo gado e a limpeza

das áreas para pecuária (Signor et al., 2010). A ocorrência de cada fitofisionomia é o

resultado da combinação destes fatores segundo Fantin-Cruz et al., 2010, deste modo, o

Pantanal pode apresentar as seguintes fitofisionomias: floresta semidecidual, cerrado,

cerradão, cerrado aberto, campo de murundu, paratudal, piúval, cordilheira, cambarazal

e campo inundável (Nunes da Cunha & Junk ,2011).

Compreender o funcionamento e as variáveis que promovem níveis de

estabilidade a uma comunidade vegetal e/ou animal é essencial para que se possa intervir

sem, no entanto, degradá-la ou minimizar impactos. Parte do processo de retorno de

matéria orgânica e de nutrientes para o solo florestal se dá através da produção de

serapilheira, sendo esse o meio mais importante de transferência de elementos essenciais

da vegetação para o solo, implicando diretamente na produção primária. Além disso, a

Page 16: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

2

serapilheira protege o solo contra as elevadas temperaturas, armazena em seu conteúdo

uma grande quantidade de sementes aptas a germinar ou em estado de dormência, abriga

uma abundante fauna composta por micro e macro invertebrados que atuam na

decomposição desses materiais, fertilizando naturalmente os solos; (Vital et al., 2004;

Santana,2005; Souto,2006; Costa et al., 2010).

Nesse contexto, a quantificação da serapilheira é um componente importante para

o entendimento da dinâmica dos nutrientes no ecossistema seja qual for o tipo de

formação florestal, a produção de serapilheira representa o primeiro estágio de

transferência de nutrientes e energia da vegetação para o solo, pois a maior parte dos

nutrientes absorvidos pelas plantas retorna ao solo florestal através da queda de

serapilheira ou lavagem foliar (Caldeira et al., 2008).

Diante do exposto, com intuito de auxiliar no entendimento do funcionamento do

ecossistema Pantanal, o estudo foi realizado em duas áreas de regimes hídricos distintos,

sendo uma das áreas com dominância de Scheelea phalerata (Arecaceae), popularmente

conhecida como floresta não inundável e outra área de floresta inundável.

O objetivo geral deste trabalho, foi avaliar a produção de serapilheira e a dinâmica

do macronutrientes em duas áreas de regimes hídricos distintos, no Pantanal de

POCONÉ-MT, e como objetivos específicos foram: a) Comparar a serapilheira

produzida(litter fall) e acumulada (litter fall) no solo em duas áreas de floresta inundável

e não inundável numa área úmida tropical; b) avaliar a variação na produção e acumulo

de serapilheira ao longo de um ciclo anual de inundação nas duas áreas estudadas; c)

avaliar a relação entre a produção de serapilheira e variáveis ambientais(temperatura,

umidade e pH do solo); d) avaliar a concentração de macronutrientes (nitrogênio (N),

fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio(Mg) e enxofre(S) na serapilheira

acumulada e produzida entre as duas áreas e ao longo do tempo;

As respostas da pesquisa possibilitarão subsídios para futuras pesquisas, e elucidar

as prováveis questões da dinâmica e interação do solo-vegetação do ecossistema

pantaneiro, e com isso disponibilizar os estudos para desenvolver programas regionais

de manutenção e conservação do ambiente.

Page 17: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

3

2. REVISÃO TEÓRICA

2.1. O Pantanal

As áreas úmidas são um sistema complexo e permanente de zonas de transição

aquática-terrestre (Aquatic/Terrestrial Transition Zone - ATTZ) ao longo das planícies

periodicamente inundáveis (JUNK et al., 1989). De acordo com a amplitude, frequência,

previsibilidade e força de inundação, sete grandes áreas úmidas no mundo foram

definidas, tornando-se áreas prioritárias para conservação biológica por manterem

grande diversidade de flora e fauna (JUNK et al., 2006). O Pantanal é de suma

importância no contexto nacional e internacional, sendo considerada uma das maiores

planícies de sedimentação do mundo, ocupa grande parte do centro-oeste brasileiro e se

estende pela Bolívia (entre 10.000 e 17.500 km²), Paraguai (entre 4.000 e 6.000 km²) e

Argentina, onde recebe outras denominações (Swart, 2000).

No território brasileiro, o Pantanal Mato-Grossense (Mato Grosso e Mato Grosso

do Sul), encontra-se no alto curso do rio Paraguai com altitude entre 90 a 200m. As

coordenadas abrangem os paralelos 16º a 22º de latitude sul e os meridianos 55º a 58º de

longitude oeste, sendo que a área total é de cerca de 140.000 km² (Nunes da Cunha e

Junk, 2004). Segundo o mesmo autor, o declive Leste-Oeste, é mais acentuado que o

Norte-Sul, fazendo com que as águas dos afluentes cheguem ao eixo Norte-Sul do rio

Paraguai, com muito mais velocidade que sua capacidade de escoamento, causando

alagamento constante da área, (Alvarenga, 1980).

É também uma extensa planície de inundação e suas variações de topografia e solo

fazem com que áreas alaguem periodicamente (Signor et al., 2010), e que algumas

permaneçam sempre secas, esse alagamento é ocasionado pela pluviosidade local e pelo

transbordamento de rios (Junk et al., 1989). Esta imensa planície de inundação foi

declarada Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira de 1988 e como área úmida

de importância internacional pela Conservação Ramsar. Em 2000 foi designada como

Reserva da Biosfera pela UNESCO (Patrimônio Natural da Humanidade), oferecendo

oportunidade única para a conservação da biodiversidade em conjunção com o

desenvolvimento sustentável (Harris et al., 2005; Costa et al., 2010). Essa inundação

periódica é que modela a paisagem do Pantanal, resultando em diferentes fitofisionomias.

Page 18: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

4

A vegetação do Pantanal é caracterizada por diversos fatores, como o tipo de solo,

duração de inundação, stress pelo fogo, intensidade de pastejo pelo gado e a limpeza das

áreas para pecuária (Signor et al., 2010). A ocorrência de cada fitofisionomia é o resultado

da combinação destes fatores (Fantin-Cruz et al., 2010), deste modo, o Pantanal pode

apresentar as seguintes fitofisionomias: floresta sem decidual, cerrado, cerradão, cerrado

aberto, campo de murundu, paratudal, piuval, cordilheira, cambarazal e campo inundável

(Nunes da Cunha & Junk, 2011).

No Pantanal, o Cerrado é caracterizado por arbustos e subarbustos, árvores baixas,

inclinadas, com ramificações irregulares e retorcidas (Ribeiro et al., 1998) conhecido

especificamente como Cerrado sensu stricto. Dentro desta fitofisionomia existe uma

grande diversidade de habitats e alternância de espécies, apesar de apresentar um solo

pobre em nutrientes (Klink & Machado, 2005).

As florestas estacionais sem decíduas ocorrem em regiões de solo elevado dentro

do Pantanal e possuem solos relativamente ricos em nutrientes, desenvolvidos a partir de

rochas básicas. Estas matas são também denominadas florestas estacionais por perderem

as folhas na estação seca (Felfili et al., 2005).

Dentro das fitofisionomias, uma das principais fontes de nutrientes é proveniente

da serapilheira, que é um compartimento muito importante para a ciclagem de nutrientes

nos ecossistemas terrestres, sendo responsável pelo retorno da energia ao solo. (Xiong &

Nilsson,1999), composta pelas folhas, frutos e galhos senescentes e, em menor proporção

por restos de animais e material fecal (Marques et al., 2010). As teias alimentares

presentes são de extrema importância para que haja a ciclagem dos nutrientes (Battirola

et al., 2007), sendo a principal fonte de energia para a base da cadeia alimentar, composta

principalmente por artrópodes (Correia & Oliveira, 2000), que são responsáveis pela

fragmentação da matéria orgânica, acelerando o processo de decomposição.

Conforme Junk & Silva (1995), o Pantanal recebe águas de várias procedências o

que torna a situação hidro geoquímica dos rios muito complexa. O principal rio que drena

o Pantanal é o Paraguai. Os afluentes na região leste são os rios: Cuiabá, Taquari,

Miranda, Negro e o rio Apa. Os rios principais do oeste são o Jauru, Cabaçal e Sepotuba.

Os rios que drenam terrenos cambrianos e dolomíticos, transportam águas alcalinas (pH

8,0-8,5) com alta condutividade elétrica 340 µS cm-2. Os afluentes que drenam regiões

com quartzitos dos grupos Paraná e Cuiabá transportam água com baixo pH (5,4) e baixa

condutividade (10 µS cm-2).

Page 19: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

5

O clima do Pantanal é caracterizado como sendo tropical semiúmido, tendo uma

temperatura média anual de 25,1 °C, variando entre 27,4 °C (dezembro) e 21,4 °C (julho),

(Tarifa, 1984). A distribuição sazonal da pluviosidade apresenta uma alternância de

estação chuvosa e seca com precipitações máximas mensais variando de 250 a 300 mm

na primavera-verão, e com menor intensidade no outono-inverno de abaixo de 100 mm

(Tarifa, 1984).

A variação sazonal do nível da água na superfície do solo no Pantanal,

denominada de pulso de inundação funciona como uma perturbação para o solo e a

vegetação, uma vez que altera as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo

(Pezeshki & Delaune, 2012), bem como o estabelecimento e desenvolvimento de estandes

monodominantes (Vander valk, 1981; Nunes da Cunha et al., 2007).

Em relação o Pantanal de Poconé objeto deste estudo, demais autores caracterizam

a sub-região de Poconé, com área de 11,6%, que agrega áreas dos municípios de Cáceres,

Poconé, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antônio do Leverger (Silva; Abdon,

1998). O clima da região é também do tipo Aw (Köppen), ou seja, quente e úmido. A

temperatura média anual é de 25,8 °C, com média das temperaturas máximas de 34,1 °C,

e com média das temperaturas mínimas de 16,6 °C. O regime das chuvas é tropical, com

duas estações bem definidas: uma seca (maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a

abril). A precipitação mínima é de 10,8 mm e a média anual é de 1.384,3 mm (Amaral

Filho, 1986). De acordo com Nunes da Cunha & Junk (1999), apenas 5% das espécies

arbóreas no pantanal habitam, exclusivamente, zonas com prolongado alagamento,

enquanto 30% estão restritas às áreas raramente alagadas e 65% são de ampla distribuição

no gradiente.

Em 1997, após levantamentos, pesquisas e estudos que visaram um gerenciamento

baseado em dados científicos da Bacia do Alto Paraguai – BAP, que envolve o Pantanal,

foi elaborado o Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai – PCBAP, ação

coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia

Legal – MMA. Destes estudos resultou uma classificação do Pantanal em 11 sub-regiões,

a saber:

Page 20: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

6

Quadro 1 - classificação do Pantanal em 11 sub-regiões, segundo Ministério do Meio

Ambiente.

1. Pantanal de Cáceres 2. Pantanal de Poconé

3. Pantanal de Barão de Melgaço 4. Pantanal do Paraguai

5. Pantanal dos Paiaguás 6. Pantanal da Nhecolândia

7. Pantanal do Abobral 8. Pantanal do Aquidauana – Negro

9. Pantanal do Miranda 10. Pantanal do Nabileque

11. Pantanal de Porto Murtinho.

Figura 1 - Mapa de localização das 11 sub-regiões - Pantanais

Fonte: Jorge Adámoli, 2000. Organização: José Fonseca, 2009 (Adaptado)

Page 21: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

7

Figura 2 - Mapa temático da sub-região de Poconé, MT, referente a 2005, classificado

em unidades de paisagem em função da vegetação e grau de inundação.

Na sub-região de Poconé (Figura 2, Tabela 1) observou-se predominância de áreas

florestais sazonais (26%), áreas savânicas sazonalmente inundáveis (20%) e áreas

florestais secas (20%).

Tabela 1 - Superfície da unidade de paisagem da sub-região de Poconé, no Pantanal

Mato-Grossense.

Fonte: Ravaglia et al., 2011. Organização: Carneiro, E.M.S, 2014.

Classe Legenda Sub-região de Poconé

Área (ha) Área (%)

A_F_N_I_A Áreas florestais não inundáveis 316.682,12 20

A_S_N_I_A Áreas savânicas não inundáveis 48.993,60 3

A_C_N_I_A Áreas de campo não inundáveis 51.685,70 3

A_F_I_S Áreas florestais sazonalmente inundáveis 423.283,65 26

A_S_I_S Áreas savânicas sazonalmente inundáveis 317.040,83 20

A_C_I_S Áreas de campo sazonalmente inundáveis 217.591,47 14

A_F_I_U Áreas florestais inundáveis/úmida 480,80 0

A_S_I_U Áreas savânicas inundáveis/úmida 120.773,04 8

A_C_I_U Áreas de campo inundáveis/úmida 69.419,10 4

Perene Corpos d’água 30.995,62 2

Total 1.596.945,93 100

Page 22: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

8

2.2. Deposição da serapilheira

Entender o funcionamento e as variáveis que promovem maior ou menor

estabilidade a uma comunidade vegetal e/ou animal é essencial para que se possa intervir

sem, no entanto, degradá-la; assim são os estudos do processo de deposição de

serapilheira em ambientes florestais (Vital et al., 2004; Santana, 2005; Souto, 2006; Costa

et al., 2010).

Parte do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo

florestal se dá através da produção de serapilheira, sendo esse o meio mais importante de

transferência de elementos essenciais da vegetação para o solo, implicando diretamente

na produção primária (Figura 3). Além disso, a serapilheira protege o solo contra as

elevadas temperaturas, armazena em seu conteúdo uma grande quantidade de sementes

aptas a germinar ou em estado de dormência, abriga uma abundante fauna composta por

micro e macro invertebrados que atuam na decomposição desses materiais, fertilizando

naturalmente os solos (Vital et al., 2004; Santana, 2005; Souto, 2006; Costa et al., 2010).

Figura 3 - Processo de deposição da serapilheira no solo

No interior de uma floresta a serapilheira depositada sobre o solo desempenha

papel fundamental na manutenção das condições ideais para o processo de infiltração de

água (Schumachier & Hoppe, 1998). É também um processo dinâmico e contínuo,

constituindo a principal fonte de nutrientes para a manutenção da vegetação (Souto,

2006).

Caldeira et al., (2007) afirma:

Que o acúmulo de serapilheira varia em função da procedência, da espécie, da

cobertura florestal, do estágio sucessional, da idade, da época da coleta, do tipo

Page 23: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

9

de floresta e do local. Os mesmos autores acrescentaram que, outros fatores

como, condições edafoclimáticas e regime hídrico, condições climáticas, sítio,

sub-bosque, manejo silvicultura, também influenciam no acúmulo de

serapilheira.

Para Leitão Filho et al., (1993), o estágio sucessional da formação vegetal influi

diretamente na produção de fração foliar da serapilheira, de tal modo que floresta

secundária se caracteriza por apresentar menor produção de serapilheira que florestas em

início de regeneração, já que estas últimas apresentam dominância de espécies pioneiras.

Estudos sobre a dinâmica da serapilheira são importantes, pois possibilitam

estimar um índice de produtividade do ecossistema, fornecem informações sobre a taxa

de decomposição do material decíduo, permitem quantificar o teor de nutrientes que

retornam ao solo e fornecem também informações importantes sobre o ciclo fenológico

das plantas (Proctor et al., 1983)

A camada de serapilheira sobre o solo depende além da produção de biomassa, da

velocidade de decomposição da matéria orgânica, que varia conforme a composição do

substrato, da atividade dos decompositores e das condições ambientais, particularmente,

temperatura, umidade e propriedades físicas do solo (Spain, 1984). Esta camada é

importante na ciclagem de nutrientes, pois possuem diversas funções, como: reservatório

de nutrientes, recurso e habitat de organismos decompositores (Mello, 1995).

A seguir Davidson et.al. (2002), aborda:

A deposição da serapilheira exerce relevante influência sobre o fluxo de CO2,

assim, qualquer fator que altere essa deposição pode afetar a taxa de respiração

e o balanço de carbono.

2.2. Decomposição da serapilheira

A produção de serapilheira e sua consequente decomposição são processos

essenciais para a manutenção dos ecossistemas terrestres, visto que a serapilheira é a

principal fonte de nutrientes nesses ambientes (Vitrousek, 1984), fundamental para a

fertilização do solo e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento das

comunidades vegetais (Facelli & Picket, 1991).

Aerts, 1997, diz:

O termo "decomposição" engloba três processos: lixiviação, isto é, a retirada

dos componentes hidrossolúveis, sendo essa fase bem rápida; a desintegração

Page 24: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

10

gradual do material pelos detritívoros; e a mineralização pelos

microorganismos, sendo as duas últimas mais lentas (Figura 4).

Figura 4 - Processo de decomposição - Lixiviação, desintegração e mineralização da

matéria orgânica.

Esses processos são controlados por fatores abióticos e bióticos, tais como as

condições climáticas (Aerts, 1997; Barlow et al., 2007), a qualidade do substrato (Sayer,

2006, Barlow et al., 2007), condições edáficas (Vitrousek, 1984) e a atividade da

comunidade decompositora (Castanho, 2005).

A composição e as concentrações dos nutrientes nas folhas também influenciam

as taxas de decomposição. Conforme a decomposição procede, a qualidade do recurso

muda rapidamente, visto que alguns compostos, como os açúcares, são rapidamente

metabolizados e os componentes resistentes, como a lignina, tendem a acumular (Lavelle

et al., 1993).

Nas concentrações de nutrientes essenciais para o crescimento da fauna do solo

ser baixas nas folhas, os organismos utilizam os nutrientes disponíveis no solo (processo

denominado imobilização), competindo por nutrientes com as próprias plantas. Assim

sendo, a velocidade do processo de decomposição vai depender da concentração e da

qualidade dos compostos. Além dos parâmetros químicos das folhas, suas características

físicas como a textura, espessura da epiderme e presença de cutícula cerosa, também

afetam a taxa de decomposição (Gallardo & Merino, 1993).

Outro fator que influencia no processo de decomposição é a comunidade

decompositora, formada pela fauna do solo e por microorganismos-bactérias e fungos

(Seastedt, 1984). A fauna do solo é responsável pela fragmentação e mistura da matéria

orgânica vegetal com o solo mineral, além de ser importante na aeração do mesmo

(Facelli & Picket, 1991).

As condições climáticas têm um papel decisivo quando se trata de escalas globais

(Meentemeyer, 1978). Entretanto, ao se avaliar localmente, a qualidade do substrato

Page 25: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

11

(Aerts, 1997; Xuluc-Tolosa et al., 2003) ou a regulação biótica pela macrofauna (Lavelle

et al., 1993; Aerts, 1997) podem assumir maior importância.

Nos solos altamente intemperizados, assim como nos degradados, a serapilheira

constitui-se na maior fonte de matéria orgânica, sua quantidade e natureza desempenham

importante papel na formação e manutenção da fertilidade desses e, consequentemente,

de nutrientes para a flora e fauna do solo degradado. Dada à importância da serapilheira

na auto sustentabilidade dos ecossistemas florestais, muitos pesquisadores têm conduzido

trabalhos sobre a produção e decomposição dessa e o retorno de nutrientes ao solo (Gisler,

1995).

2.3. Variáveis Ambientais

2.3.1 pH do solo

A acidez do solo refere-se a sua capacidade de liberar prótons, passando de um

determinado estado a outro em relação a um de referência (Jackson, 1963). Os estados

podem ser especificados em termos de pH ou outro índice. Várias são as causas da acidez

do solo. Segundo Malavolta (1985) a água lava as bases do complexo de troca deixando

íons H+ em seu lugar.

Os solos podem ser naturalmente ácidos em função da própria pobreza em bases

do material de origem ou devido a processos de formação que favorecem a remoção de

elementos básicos como K, Ca, Mg, Na (Lopes & cols, 1991). De acordo com artigo

publicado pelo Gepeq (1998), a alteração de alguns minerais bem como o uso de alguns

fertilizantes, podem tornar o solo ácido, prejudicando o crescimento de alguns vegetais e

diminuir a ação de micro-organismos presentes nesse compartimento. Em regiões áridas

e com pouca chuva, também pode ocorrer de o solo se tornar alcalino, o que pode ser

prejudicial ao crescimento dos vegetais.

Os solos apresentam dois tipos de acidez: a acidez ativa e a potencial (trocável ou

não trocável). A acidez ativa é representada pela atividade dos íons H+ na solução do solo

(Rossa, 2006) e pode ser medida por meio do pH. A acidez potencial é a soma da acidez

trocável e da acidez não trocável. É ela que limita o crescimento das raízes e ocupa

espaços nos coloides possibilitando que os nutrientes livres na solução do solo sejam

lixiviados. O pH em solução de cloreto de cálcio 0,01 mol/L foi introduzido por Schofield

Page 26: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

12

e Tylor apud Rossa 2006, e sua determinação apresenta algumas vantagens em relação à

determinação do pH em água, conforme descrito por Peech apud Rossa, 2006:

2.3.2 Umidade do solo

A densidade do solo é um importante atributo físico dos solos, por fornecer

indicações a respeito do estado de sua conservação, sobretudo em sua influência em

propriedades como infiltração e retenção de agua no solo, desenvolvimento vegetal,

trocas gasosas e suscetibilidade desse solo aos processos erosivos, e também sendo

largamente utilizada na avaliação da compactação e ou adensamento dos solos. Carvalho

(2012) menciona que a umidade do solo tende a ser maior quando a temperatura do solo

é baixa e vice-versa.

A umidade do solo é de grande importância no estudo das suas características físico-

hídricas, no estudo de processos no sistema solo-planta-atmosfera e no manejo de água,

objetivando a produção vegetal. (Trintinalha et al., 2004). Além do mais, elas colaboram

para o balanço global de dióxido de carbono, metano e enxofre na atmosfera (Kirk, 2004).

Alguns atributos do solo são considerados estáticos por não sofrerem grandes alterações

com o tempo, em função do tipo de manejo. Entretanto, atributos físicos como densidade,

porosidade e umidade gravimétrica são bons indicadores da qualidade do solo (Lal, 1987).

A umidade do solo exerce grande influência nas emissões de CO2. A umidade do solo

pode tanto favorecer como inibir a produção de CO2, havendo teoricamente uma umidade

ótima que máxime a respiração (Chavez, 2008). Assim um solo com deficiência de água

pode reduzir ou eliminar o crescimento bacteriano. Por outro lado, uma umidade

excessiva restringe a transferência de oxigênio, reduzindo a atividade dos

microorganismos aeróbios. (Padrão, 2004).

Adámoli (1986) considera que no Pantanal, o cerrado ocupa áreas mais elevadas e o

Cerrado sensu stricto áreas mais baixas, tendendo para o campo à medida que aumentam

as inundações. Estas áreas são uma continuidade da grande região fitoecologica do

cerrado brasileiro, considerada, junto com a ilha do bananal, as únicas áreas extensas de

cerrado sobre sedimentos quaternários.

2.3.3 Temperatura do solo

Page 27: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

13

A variação temporal e espacial da temperatura de um solo dependente de sua

condutividade térmica, de seu calor especifica, e de sua emissividade (poder emissor da

superfície), os quais irão depender de sua textura, densidade e umidade. (Pereira;

Angelocci & Sentellas, 2007). Esses autores ainda discutem que existem alguns fatores

externos e intrínsecos que interferem na variação da temperatura. Os fatores externos

estão relacionados aos elementos meteorológicos que condicionam a temperatura do solo,

irradiação solar global, temperatura do ar, nebulosidade, vento e chuva.

De acordo com Novais (2011), cita que a temperatura do solo é um dos fatores

limitantes, e essenciais do crescimento vegetal. Ela afeta as três funções mais importante

do solo: a biológica, a química e física, controlando consequentemente o poder produtivo

do solo.

A superfície do solo, com ou sem cobertura vegetal (serapilheira), é a principal troca

e armazenadora de energia térmica nos ecossistemas terrestres. É a partir da intensidade

da radiação solar na superfície do solo que ele se aquece e se resfria, no decorrer do dia e

do ano, provocando variações térmicas nas camadas subjacentes. Pelo fato da absorção e

da perda de energia ocorrerem na superfície, aliado à baixa velocidade de propagação do

calor no interior do solo, as variações térmicas se limitam aos horizontes mais superficiais

(Gasparin et al., 2005)

2.4. Dinâmica dos nutrientes via serapilheira.

A serapilheira componente importante da ciclagem de nutrientes fatores que

compreende, sobretudo material de origem vegetal (tecidos foliares, galhos, troncos, etc.)

e, em menor proporção o de origem animal (restos animais e material fecal) depositados

sobre a superfície do solo. Ela atua como um sistema de entrada e saída de nutrientes,

recebendo entradas via vegetação e, por sua vez, decompondo-se, com consequente

disponibilização de nutrientes que são passíveis de reabsorção pelas raízes das plantas

(Haag, 1985).

Existem vários fatores que afetam a quantidade de serapilheira que caem da planta,

dentre eles podemos destacar o clima, o solo, as características das plantas, a idade da

floresta e a densidade das plantas. Esses ciclo e fatores compreende a dinâmica da

ciclagem, desde o acumulo de nutrientes pela biomassa, a translocação interna de

Page 28: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

14

nutrientes entre tecidos jovens e senescentes, até a transferência desses elementos da

fitomassa para o ambiente (solo, água e ar).

A figura 5 representa este ciclo que compreende, principalmente, a seguinte

dinâmica: absorção dos nutrientes pelas plantas, retenção na fitomassa, translocação

interna na planta, queda de folhas, sementes, galhos, frutos da parte áreas que irão formar

uma camada de serapilheira e decomposição desse material.

Figura 5 - Esquema da dinâmica da ciclagem de nutrientes via serapilheira. Fonte: Andrade et al.. 2003; adaptado por Carneiro; E.M.S.

A quantidade e a velocidade de disponibilização dos nutrientes presentes na

serapilheira dependem especialmente de sua composição vegetação. Para alguns autores,

a velocidade de disponibilização de nutrientes depende do tipo de solo, da vegetação, da

densidade populacional, da habilidade da espécie em absorver, utilizar e translocar os

nutrientes antes da senescência foliar, da proporção de estruturas foliares em relação aos

demais componentes, do habitat natural (condições edafoclimáticas) e da idade das

árvores (Koehler, 1989; Schumacher, 1992; Neves et al., 2001; Schumacher et al., 2004).

Dessa forma, cada ecossistema florestal apresentará suas peculiaridades específicas.

Em relação à dinâmica do carbono, Vourlitis et al., 2004, comenta:

Page 29: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

15

A dinâmica do carbono nos ecossistemas tropicais tem recebido considerável

importância, devido à necessidade de compreender efeitos da mudança da

cobertura terrestre, nos ciclos biogeoquímicos regionais e o papel dos

ecossistemas terrestres tropicais no balanço de CO2 global.

Estima-se que áreas alagáveis tropicais ocupem 5 a 7% da superfície terrestre

(Neue et al., 1997). O Pantanal é caracterizado como o elo entre o Cerrado, a Amazônia

e os Chacos Boliviano e Paraguaio (Junk & Nunes da Cunha, 2005), e apresenta o pulso

de inundação como principal força moderadora da paisagem por apresentar baixa

drenagem dos solos e frequente prolongamento do período de inundação (Junk, 2002).

A ciclagem de nutrientes compreende a trajetória cíclica dos elementos minerais

essenciais à vida dentro dos ecossistemas e constitui um dos processos mais importantes

para a regulação do funcionamento e desenvolvimento dos ecossistemas (Delliti, 1995).

De acordo com Koehler & Reissmann (1992):

A concentração dos nutrientes na serapilheira depende de diversos fatores,

entre eles a disponibilidade e absorção pelas plantas, lixiviação das copas,

redistribuição interna e decomposição.

Diversos estudos têm mostrado que além das concentrações dos nutrientes na

serapilheira variarem entre os diferentes compartimentos da serapilheira, também se

diferenciam entre as formações florestais, espécies, época do ano, fase de

desenvolvimento da floresta e características edafoclimáticas (Britez et al., 1992;

Pezzatto, 2004). Para Cesar (1993), a quantidade dos macronutrientes que chega ao solo,

via serapilheira, apresenta um padrão sazonal semelhante àquele da produção de

serapilheira.

Ressaltamos também o pH na dinâmica dos nutrientes, pois é um índice que indica

o grau de acidez do solo, é de extrema importância, pois determina a disponibilidade dos

nutrientes contidos no solo ou a ele adicionados e também assimilação dos nutrientes

pelas plantas (Alcarde et al.,1991).

O pH influência a atividade biológica de microrganismos livres ou que vivem em

simbiose com leguminosas, como também a oxidação da matéria orgânica por

microrganismos heterotróficos. Em condição de alta acidez, a atividade biológica é

reduzida, sendo a intensidade de influência bastante variável (Sousa et al., 1985).

Page 30: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

16

2.5. Ciclagem de Nutrientes

Cada ecossistema tem sua forma característica de armazenar e de reciclar os

nutrientes entres seus compartimentos (Poggiani, 1992). O movimento dos nutrientes,

essenciais à vida, como o nitrogênio, cálcio, potássio, fosforo, magnésio e enxofre dentro

dos ecossistemas florestais pode ser adequadamente denominado de ciclagem de

nutrientes. A ciclagem de nutrientes é um dos principais processos que sustenta a

produção de material orgânico. A quantidade de nutrientes num ecossistema florestal é

representada pela somatória de nutrientes contida nos diferentes compartimentos da

serapilheira (folhas, ramos, flores, frutos e sementes), vegetação do sub-bosque, e do solo

(Poggiani & Schumacher, 2000)

Além de ser a principal responsável pela ciclagem de nutrientes, a serapilheira

ajuda a manter a integridade de sistemas florestais, pois atenua os processos erosivos,

fornece substâncias que agregam as partículas do solo, funciona como isolante térmico e

ao mesmo tempo age como uma barreira que evita a intensa lixiviação pela ação das

chuvas, retém considerável proporção de água, reduzindo a evaporação do solo. Tais

condições permitem o desenvolvimento de um amplo espectro de nichos para a

mesofauna e contribuem substancialmente para o crescimento e desenvolvimentos das

plantas (Cunha, 2011).

A ciclagem dos nutrientes depende de vários fatores, dentre os quais, a sua

mobilidade no interior da planta. N, P, K e Mg são considerados elementos móveis e o

Ca imóvel, enquanto que o S é considerado de mobilidade variável (Mengel & Kirkby,

1982).

A relação quantitativa de ciclagem de nutrientes minerais nos ecossistemas, como

parte integrante do ciclo biogeoquímico geral, são, na atualidade, objetos de numerosos

estudos. No Brasil, destacam-se os trabalhos de Klinge & Rodrigues (1968a.b) e Luizão

& Schubart (1987) estudando a ciclagem de nutrientes via serapilheira, na Amazônia

Poggiani & Monteiro Junior (1990), que estudaram a deposição de serapilheira e

nutrientes em floresta semi-deciduas de São Paulo.

Os estudos de ciclagem de nutrientes, portanto, são importantes tanto para

preservação dos sistemas naturais e sua sustentabilidade, quanto para a implantação de

novos povoamentos florestais e a avaliação de impactos causados ao ambiente.

Page 31: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

17

Para isso, torna-se necessário, a compreensão dos diversos processos que regulam

a ciclagem de nutrientes nestes ecossistemas, como a quantificação das reservas minerais

e orgânicas e suas transferências entre compartimentos que são de extrema importância

para compreender e comparar os diferentes ecossistemas e suas relações com o meio.

Os processos que regulam a ciclagem de nutrientes como a produção de

serapilheira, seu acúmulo e sua decomposição são de suma importância, pois irão

influenciar, entre outros fatores, na sustentabilidade dos ecossistemas florestais. A

quantidade de nutrientes retornados ao solo florestal é sempre uma função da quantidade

de serapilheira produzida e da concentração desses nutrientes no material analisado

(Koehler & Reissmann, 1992).

O carbono orgânico (CO) é, quantitativamente, o maior componente da matéria

orgânica do solo (MOS). As variações nos teores de CO nos solos têm sido utilizadas para

a avaliação de qualidade do solo em decorrência de sua influência sobre as propriedades

que condicionam a fertilidade do solo, e também, sob o aspecto da possibilidade de

emissão de gases de efeito estufa (Resck et al., 2008). O carbono do solo pode estar na

forma orgânica (polissacarídeos, ácidos graxos, aminoácidos, polifenóis) e inorgânica

(carbonatos, bicarbonato e dióxido de carbono), sendo dividida ainda em diferentes

frações, das mais lábeis às mais estáveis, conforme os critérios e as técnicas de

fracionamento utilizadas.

A matéria orgânica, proveniente de animais e plantas, principalmente de plantas

fixadoras de nitrogênio são fontes de nitrogênio (N2) para o solo. A transformação do

nitrogênio orgânico até a forma mineral depende da qualidade nutricional da matéria

orgânica, da atividade microbiana e de fatores ambientais tais como temperatura, umidade

e aeração (Sanchez, 1981; Heal et al., 1997; Hood, 2001).

A forma assimilável do nitrogênio (N) pelas plantas é através dos íons minerais,

principalmente amônio (NH4+) e nitrato (NO3

-). As reações bioquímicas que ocorrem

durante a decomposição da matéria orgânica no solo disponibilizam a forma assimilável

do N, em especial a mineralização, (Swift et al., 1979; Raij, 1991).

O potássio (K) é normalmente o nutriente mais abundante no tecido vegetal, e

como ele se apresenta predominantemente na forma iônica K+, a decomposição dos

resíduos o libera na sua totalidade rapidamente (Borkert et al., 2003). Assim, pode-se

considerar como 100% a liberação do K proveniente dos resíduos vegetais, porém podem

ocorrer perdas por lixiviação quando se trata de solos arenosos (Calonego et al., 2005).

Page 32: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

18

Quanto ao Ca e Mg, existem poucos registros na literatura que caracterizam a dinâmica

de liberação desses nutrientes pelos resíduos vegetais (Borkert et al., 2003). Já a taxa de

liberação de N encontra-se intimamente relacionada à liberação do C, fato pelo qual

vários autores constatam que o N remanescente segue o mesmo comportamento da

biomassa remanescente (Aita et al., 2001; Aita & Giacomini, 2003). Esse comportamento

reforça afirmações de Torres et al., 2005, em que a relação C/N tem grande contribuição

na regulação do processo de decomposição da biomassa vegetal.

Page 33: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

19

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização da área de estudo

O presente estudo foi realizado em duas áreas de regimes hídricos distintas sendo

uma área de floresta inundável e outra área de floresta não inundável com dominância de

Scheelea phalerata (Arecaceae), no bioma Pantanal, situado próximo da Reserva

Particular do Patrimônio Natural - RPPN SESC – Pantanal, município de Poconé – MT,

distante 130 km de Cuiabá – MT, na região conhecida como Baia das Pedras nas

respectivas coordenadas: floresta não inundável 16°30’15.202’’S e 56° 24’ 15.304’’W e

floresta inundável 16°30’31.139’’S e 056° 24’ 24.505’’W (Figura 6).

Figura 6 - Paisagem local e do fragmento florestal das áreas e mapa de localização das

áreas de estudos. (Imagem de satélite do SPOT, resolução de 2,5 metros).

O clima é tropical úmido tipo Aw, segundo a classificação climática de Köppen,

apresentando sazonalidade característica, com um período chuvoso (outubro-abril) e

outro seco (maio-setembro), (Nunes da Cunha & Junk, 2004).

A temperatura do ar mensal média na região oscila entre 22 e 32ºC (Hofmann et

al., 2010). A precipitação anual média anual é de 1383 mm, com base em registros

Page 34: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

20

realizados entre os anos 1901 a 2003 em Cuiabá, que está cerca de 120 km distante da

área de estudo, com maior média mensal em janeiro com 221 mm e menor em julho,

com10 mm (Fantin-Cruz et al., 2011).

O solo da região estudada é classificado como Planossolo Háplico Eutrófico

Típico e a fitofisionomia do local foi classificada como Cerrado, áreas de floresta

inundáveis com predominância vegetação xeromorfa, cuja composição florística é

bastante heterogênea, destacando-se as espécies Scheelea phalerata, Diospyros hispida

(caqui cerrado), Annona dioica (pinha do campo), e áreas de floresta não inundável -

cordilheira, pouca espécies forrageiras com predominância de vegetação da espécies

Scheelea phalerata (Arecaceae) popularmente conhecida como palmeira acuri (Figura 7

- A e B)

Figura 7 - A. Área de vegetação da floresta inundável; B – Área de vegetação da floresta

não inundável no Pantanal de Mato Grosso.

Esta palmeira foi descrita por Lorenzi (1996) apresentando tronco simples, curto,

ocorrendo preferencialmente em áreas abertas e sendo indicativo solo eutróficos. No

Pantanal Mato-grossense, esta espécie atinge em média 2-12m de altura, a copa tem cerca

de 5-8m de diâmetro, o caule é geralmente coberto por restos do pecíolo (Pott & Pott,

1994). Em ambiente natural, outras espécies vegetais desenvolvem-se sobre ela

aproveitando as condições ecológicas oferecidas pelos espaços das bainhas foliares

(Guarim Neto, 1991).

O Cerrado é caracterizado por arbustos e subarbustos, árvores baixas, inclinadas,

com ramificações irregulares e retorcidas (Ribeiro, et al., 1998) conhecido

especificamente como Cerrado sensu stricto. Dentro desta fitofisionomia existe uma

grande diversidade de habitats e alternância de espécies, apesar de apresentar um solo

pobre em nutrientes (Klink & Machado, 2005).

B A

Page 35: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

21

3.2. Coleta de serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira acumulada (litter

pool) sobre o solo

Para quantificar a produção mensal de serapilheira nas áreas experimentais foram

definidos sistematicamente 12 pontos com distância de 1 metro entre si, onde foram

instalados os coletores de serapilheira produzida (litter fall), feitas de armação de metal

em formato cilíndrico e fundo de tela de sombrite, área com 1m2 cada, instalado a 1m

acima do solo para evitar possíveis ações decompositoras no material vegetal (Palma

et.al. 1998; Sanches et al., 2008; Valentini et al., 2008; Scoriza et al., 2012), e similar a

coletores adaptados ao monitoramento de áreas alagáveis (Haase et al., 1999 ), sendo 06

(seis) coletores em área de floresta inundável e outros 06(seis) em área de floresta não

inundável, (Figura 8 - A e B).

A serapilheira interceptada pelos coletores suspensos foi coletada mensalmente

assim como amostras de serapilheira acumulada (litter pool) sobre o solo.

Figura 8 – A. Coletores de serapilheira produzida (litter fall) na área de floresta não

inundável, durante a estação seca. B. Coletores de serapilheira produzida (litter fall) na

área de floresta inundável, durante a estação chuvosa.

A A

B B

Page 36: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

22

Para as coletas da serapilheira acumulada (litter pool) sobre o solo, utilizou-se de

um recipiente plástico com diâmetro 0,25cm posicionando sobre a superfície do solo nas

proximidades dos coletores de armação de metal de serapilheira, procedimento este,

utilizado para as áreas de estudo. (Figura 9).

Figura 9 - Recipiente plástico de coleta serapilheira acumulada (litter pool) no solo com

diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo.

Essas áreas foram denominadas por tratamentos (floresta inundável e floresta não

inundável). As informações colhidas no campo foram registradas em diário de campo, e

posteriormente organizadas em uma planilha eletrônica para análise estatística.

Os pontos dos coletores foram denominados por pontos 1 a 6, na área de floresta

inundável e 7 a 12 na área de floresta não inundável. As coletas das amostras de

serapilheira foram realizadas no período de 12 meses de fevereiro de 2014 a janeiro de

2015.

As amostras de serapilheira produzida e serapilheira acumulada sobre o solo

foram colhidas mensalmente e acondicionado em sacos de papel Kraft identificados e

posteriormente foram pesadas em uma balança analítica digital (modelo Explorer,

OHAUS, Resolução 0,1mg-210g, São Paulo, Brasil), (Figura 10 - A) e levadas ao

laboratório de instrumentação do Programa de Pós Graduação de Física Ambiental do

Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, e colocados em

estufa de secagem esterilização de ventilação forçada (modelo TE – 393/2 marca

TECNAL) a uma temperatura de 70 °C durante 72 horas, atingindo o peso constante.

Na etapa seguinte desse processo, são retirados da estufa os sacos de serapilheira

produzida e acumulada, é feito uma nova pesagem para obter o valor médio da massa

seca de serapilheira encontradas nas respectivas áreas, a fim de avaliar a dinâmica de

produção mensal e o total anual produzido, assim como avaliar a dinâmica de acúmulo

mensal e o total anual serapilheira remanescente no solo. (Figura 10 – B.).

B

A

Page 37: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

23

Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de serapilheira produzida e acumulada

sobre o solo ao longo do tempo (g/m²) para a área de floresta inundável e floresta não

floresta. B. Em Laboratório – Retirada da estufa e Pesagem de massa seca de serapilheira

produzida e acumulada sobre o solo, ao longo do tempo (g/m²) para a área de floresta

inundável e floresta não inundável.

Com base nos dados provenientes de cada coleta mensal de serapilheira produzida

(material coletado sobre os coletores), e serapilheira acumulada sobre o solo foi estimada

a quantidade média de deposição de serapilheira e nutrientes que retornam ao piso

florestal durante o período de estudo. Essa estimativa de produção de serapilheira foi

baseada partindo da expressão descrita por Lopes et al., (2002), como segue abaixo:

PS = (Ʃ PMS X 10.000)/AC

Em que: PS = produção de serapilheira (g/m² ano-1); PMS = produção mensal de

serapilheira (g/m² mês-1); AC = área do coletor (m2).

Em cada ponto foram realizadas mensalmente medidas de: temperatura do solo,

coleta de solo para análise de umidade e pH.

A temperatura do solo foi medida utilizando um termômetro digital portátil marca

Nicety, modelo DT804, onde a haste foi introduzida no solo na profundidade de 10 cm.

Com o solo utilizou-se o método gravimétrico para determinar a umidade, as amostras

foram acondicionadas em cápsulas de alumínio, pesadas e colocadas em estufa não

ventilada por 24 h a 105º C, até atingir peso constante para obtenção do teor de água. A

umidade do solo (US) foi obtida da diferença entre a massa úmida (mµ) e a massa seca

(ms), dividida pela massa seca, para se obter a proporção de massa de água (ma) por massa

de solo seco (ms). Em seguida conforme equação abaixo multiplicou-se por 100, obtendo-

se a porcentagem de água da amostra em massa seca.

𝑈𝑠 =𝑚𝑢−𝑚𝑠

𝑚𝑠× 100

A B B

Page 38: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

24

Com pHmetro marca Tecnal, modelo mPA-210p foi medido o pH do solo em

laboratório, com um eletrodo combinado imerso em suspensão solo: líquido (1:2,5).

3.3. Análise química da serapilheira

As amostras de serapilheira correspondentes ao período de fevereiro/2014 a

janeiro/2015 foram submetidas a análises químicas pelo Laboratório Integrado

Agroanálise em Cuiabá - Mato Grosso. Foram analisados os teores de nitrogênio (N),

fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) na serapilheira

produzida e acumulada sobre o solo. Os teores de nutrientes foram determinados segundo

metodologia padrão do laboratório, descrita em Malavolta et al., (1997) e Embrapa

(2009). O nitrogênio foi determinado por destilação, seguido de titulação pelo método

Micro Kjeldahl. As determinações de potássio, cálcio e magnésio foram realizadas por

fotometria de chama, o fósforo foi determinado pelo método do vanado-molibdato, por

colorimetria e o enxofre por colometria (Sarruge & Haag, 1974).

Com os valores das concentrações de cada um dos macronutrientes analisados e

os valores mensais da serapilheira produzida e acumulada sobre o solo por g/Kg, estimou-

se a quantidade de nutrientes transferidos mensalmente ao solo via serapilheira. Assim

como os valores do peso da massa seca de serapilheira produzida e acumulada sobre o

solo estimou-se a deposição média mensal e anual de serapilheira por g/m² de área.

3.4. Análise Estatística

Para efeito estatístico essas áreas foram denominadas por tratamentos (floresta

não inundável e floresta inundável). A análise estatística foi realizada com o auxílio do

software Sigma Plot 12.0, considerando as diferentes áreas de estudo e as respectivas

repetições. Sendo aplicado o Teste de Tukey a 5% de probabilidade para a separação de

médias dos nutrientes nas diferentes áreas. A análise de correlação de PEARSON (r) foi

considerada significativa 1 ou 5% de probabilidade de erro, assim também o teste F.

As informações sobre as variáveis do solo (temperatura, umidade e pH), utilizadas

neste estudo para a análise de correlação de Pearson e também o teste de Shapiro-wilk,

para analisar a normalidade dos dados, foram medidas durante o período de estudo.

Page 39: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

25

Para análise dos dados foram calculados o total mensal e anual (g/m²) a partir da

média dos seis coletores de cada área e contribuição do acúmulo de serapilheira sobre o

solo. A análise de variância (p<0,05) foi aplicada para as variáveis de produção (mensal

e total), acúmulo (mensal e total) comparando as duas áreas de regimes hídricos distintos

– floresta inundável e outra área de floresta não inundável com dominância de Acuri, e

teste Tukey para a produção e acumulo de serapilheira.

Page 40: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Dinâmica da serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira acumulada

(litter pool) sobre o solo.

A fim de entender a dinâmica da produção de serapilheira sobre a transferência de

nutrientes no solo da fitofisionomia do Cerrado: Área de floresta não inundável e floresta

inundável foram realizadas coletas de serapilheira compreendendo vegetação que inclui

folhas, galhos, sementes e flores oriundas da deposição de serapilheira produzida nos

coletores e serapilheira acumulada sobre o solo.

Os resultados foram apresentados por meio da média mensal e total da deposição

de serapilheira, durante 12 meses compreendendo o período chuvoso (outubro a abril) e

seco (maio a setembro), Nunes da Cunha & Junk (2004). As áreas estão localizadas na

região de Poconé/MT. Observações importante a salientar nos resultados que se

apresentam, que nos meses de março e maio não houveram coleta na área de floresta

inundável, e maio na área de floresta não inundável, em função de inundação (março e

maio) e questões operacionais(maio) nas áreas nesses períodos, impossibilitando a

realização da coleta.

A serapilheira produzida (litter fall) na área de floresta inundável e outra de

floresta não inundável foram continuas durante o ano (fev/2014 a jan/2015), porém, as

quantidades foram variáveis de acordo com as características das áreas (Figura 7).

Page 41: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

27

Figura 11- Média mensal e desvio padrão de serapilheira produzida (litter fall) nos

coletores (g/m²) em área de floresta inundável e de floresta não inundável.

A média mensal de produção do litter fall nos coletores no período de estudo, foi

estimada para área de floresta inundável em 62,97 g/m², variando entre 16,77 g/m² no

mês de fevereiro a 138,23 g/m² no mês de outubro, e na área de floresta não inundável

em 43,55 g/m², variando entre 5,84 g/m² no mês de fevereiro a 102,16 g/m² no mês de

agosto (Figura 11).

Houve produção de serapilheira para todos os meses, com valores superiores no

período chuvoso, em outubro/14 para área de floresta inundável com 138,3 g/m², e

posterior diminuição de produção nos respectivos meses do mesmo período chuvoso.

Esses resultados do estudo corroboram com o estudo de Carvalho (2013) que evidenciou

os maiores valores de litter pool e litter fall ocorreram no período de estiagem (agosto a

outubro), assim como Silva, (2013), demonstram que os valores similares de acumulo de

serapilheira sobre o solo foram observados no final da estação da seca(setembro-outubro).

Isso pode estar associada à fitofisionomia da vegetação ao regime de chuva no período

de outubro a abril e, principalmente, aos impactos gerados pelo estresse hídrico (Sanches

et. al. (2008); Valentini et al., (2008). Na área de floresta não inundável, a maior produção

do litter fall ocorreu no período seco no mês de agosto/14 com o valor de 102,16 g/m²,

Page 42: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

28

apresentando um aumento gradativo nos respectivos meses do período seco.(Figura 11),

isso pode estar associado as condições da área de acuri que possui uma cobertura vegetal

com vários espaços vazios de vegetação com grande densidade da palmeira.

Figura 12 - Média mensal e desvio padrão de produção de serapilheira acumulada (litter

pool) sobre o solo (g/m²) em área de floresta inundável e de floresta não inundável.

A média mensal de produção do litter pool sobre o solo foi estimado para área de

floresta inundável em 1.373,56 g/m², variando entre 434,9 g/m² no mês de abril a 2.152,62

g/m² no mês de agosto, e para área de floresta não inundável em 1.152,41 g/m², variando

entre 506,24 g/m² no mês de abril a 2.426,62 g/m² no mês de novembro.

A produção de serapilheira esteve relacionada com a estação do ano, uma vez que

o litter pool sobre o solo na área de estudo ocorreu o maior acumulo no período seco no

mês agosto/14 para área de floresta não inundável com o valor de 2.152,62 g/m²; e

apresentando aumento constante no mesmo período seco, e na área de floresta inundável

a maior litter pool ocorreu no período chuvoso no mês de novembro/14 com o valor de

2.426,62 g/m², (Figura 12). A área de floresta inundável possui uma vegetação mais densa

do que a área de floresta não inundável, em função desse fator pode ter influenciado nos

maiores valores de produção de serapilheira no período de estudo.

Page 43: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

29

E a menor produção do litter fall e litter pool sobre o solo verificado nos

tratamentos (área de floresta inundável e floresta não inundável ) ocorreram para o litter

fall em fevereiro com o valor de 16,77 g/m² na floresta inundável; 5,84 g/m² e na floresta

não inundável; e para o litter pool sobre o solo em abril com o valor de 434,9 g/m² na

floresta inundável; 506,24 g/m² e na floresta não inundável (Figura 11 e 12).

Rodrigues & Leitão Filho (2004) discursam sobre a quantidade de serapilheira em

uma mesma zona climática, onde decorre de uma complexa interação de fatores locais,

incluindo a fertilidade do solo, a disponibilidade de água no solo e o grau de perturbação

da vegetação.

Valores similares o litter fall e litter pool foram observados nos resultados da

produção de serapilheira registrada por alguns trabalhos no cerrado variou de 2 a 7 Mg

ha-1 ano-1, (Cianciaruso et al., 2006; Giácomo et al., 2012; Silva et al., 2007. Haridasan,

2000) afirma que o cerrado tem baixa produção de serapilheira (2 a 8 Mg ha-1 ano-1),

com variações em função da fitofisionomia predominante.

Conforme, Sanches et al., 2009, no verão a maior temperatura e disponibilidade

hídrica proporcionam maior velocidade na decomposição da serapilheira acumulada no

solo. No entanto, Cunha (1997); Brun (2002) argumentam que as intensas chuvas e

ventos, presentes nesta estação, promovem maior queda de folhas, o que repõem a

serapilheira decomposta. Tais características como chuvas podem ser responsáveis pela

uniformidade da camada de serapilheira acumulada sobre o solo durante o período do

ano, o que Poggiani & Schumacher (2000) é fundamental na proteção do solo.

O efeito da sazonalidade da deposição de serapilheira e discutido por Luizão

(1989) que na Amazônia a maior produção mensal de liteira no período seco é fato

esperado, pois na Amazônia este período é caracterizado pela queda de uma maior

quantidade de detritos orgânicos.

As crescentes produções do litter fall no decorrer do presente estudo, na área de

floresta inundável e floresta não inundável, corroboram com observados em povoamentos

de Paraserianthes falcataria nas Filipinas, medidas por três anos consecutivos, (Besana

& Tomenang,1991).

A ocorrência de maior produção de serapilheira no período de estiagem é

influenciada principalmente pelo estresse hídrico, podendo ser uma resposta da vegetação

que com a derrubada de folhas reduziria a perda de água por transpiração, principal perda

de vapor de água das plantas, ocorre através dos estômatos localizados na folha e é

Page 44: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

30

dirigido pela diferença na pressão de vapor entre o espaço interno da folha e a atmosfera,

(Martins & Rodrigues,1999; César, 1993; Herbohn & Congdon, 1993).

Para o aumento da produção de serapilheira na seca é a obtenção da máxima

eficiência fotossintética durante o período de máxima radiação solar (período seco) com

a renovação das folhas neste período segundo Kim et al., (2012).

Embora não houvesse a separação da serapilheira em diferentes frações (folhas,

frutos, sementes, ramos), verificou-se na coleta, que nos meses de agosto e novembro

houve uma intensa deposição de sementes e ramos, apesar de não ter ocorrido de forma

regular entre coletores.

Conforme, Murali & Sukmar (1993) a produção do litter fall e litter pool sobre o

solo ocorrido no período da estação da seca na área de floresta inundável, pode estar

associado à estratégia desenvolvida por algumas espécies que realizam a troca de folhas

durante o período seco para minimizar o ataque de herbívoros, e para Kursar & Coley

(2003) e não somente em resposta à deficiência hídrica. Esses mesmos resultados da área

de floresta inundável corroboram com os resultados de Vourlitis et al. (2013), onde a

floresta sazonalmente inundável apresentou valores maiores em relação a áreas de mesma

latitude, como cerradão e cerrado strictu sensu com aproximadamente 10,2 e 7,6 g m-2

mês-1 de serapilheira acumulada na estação seca. Fatores como a diversidade e riqueza de

espécies explicaram aproximadamente 95% do padrão espacial da serapilheira acumulada

sobre o solo Vourlitis et al. 2013.

Uma observação importante a mencionar quanto aos resultados, é o maior tempo

entre coleta de serapilheira, pois pode influenciar a qualidade dos resultados, podendo

subestimar a matéria seca e o teor de nutrientes desse material. Ou seja, quanto maior for

o intervalo, maior será o tempo de exposição do material ao ataque de organismos ou

lavagem pela chuva, Proctor (1983).

Em relação a litter fall anual na área de floresta inundável foi de 692,67 g/m² e a

litter pool sobre o solo foi de 13.735,62g/m², enquanto que na área de floresta não

inundável teve a contribuição anual de 522,62 g/m² para litter fall de 12.676,55 g/m², para

litter pool sobre o solo (Figura 11 e 12). Portanto foram constatadas as maiores deposições

na área de floresta inundável em relação à área de floresta não inundável, tanto para litter

fall, como na litter pool sobre o solo.

Tais valores da produção anual encontrados nos resultados do presente estudo,

apresentaram-se superiores aos valores em uma floresta de pinheiros (14,20 t ha-1)

Page 45: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

31

(Kavaadias et al. 2001), em uma floresta úmida (13,50 a 27,00 t ha-1) (Swift et al., 1979);

em uma floresta subtropical úmida de 7 a 16 anos, com produção de 11,90 t ha-1 e 17,49

t ha-1, respectivamente (Arunachalam et al., 2003) e os valores apresentados.

Em uma análise sobre processos ligados à ciclagem de nutrientes em uma grande

variedade de florestas tropicais úmidas da América do Sul, América Central, Ásia e

Oceania, foram observados valores médios de produção de serapilheira com variação

entre 10,4 t ha1 em florestas sobre solos moderadamente férteis, 8,8 t ha-1 para solos de

baixa fertilidade (oxissolos) e 6,4 t ha-1 em florestas tropicais úmidas de altitude,

Vitrousek & Sanford Jr (1986).

Figura 13 - A e B – Produção anual de serapilheira produzida (litter fall) e serapilheira

acumulada (litter pool) sobre o solo em área de floresta inundável e área de floresta não

inundável. *círculos pretos significam outliers.

Page 46: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

32

Na figura 13. A e B, apresentam a produção anual da litter fall e litter pool sobre

o solo, onde se observou uma homogeneidade entre os valores máximos e mínimos de

produção de serapilheira nas áreas de estudo, o que sugestiona que ambas as áreas

(floresta não inundável e floresta inundável) não apresentaram diferenças anuais,

indicando que a variação da produção mensal foi equivalente, ou seja, houve uma

compensação entre os meses da produção nos períodos chuvoso e seco.

A partir de uma análise de variância (ANOVA), observou que o litter fall entre os

tratamentos (floresta inundável e floresta não inundável) houve diferença significativa

(F1;124= 9,19, p = 0,002), e no litter pool sobre o solo não houve diferença estatística

(F1;124= 2,48, p = 0,11).

Vários fatores ambientais interferem na quantidade do litter fall e litter pool nas

florestas, entretanto, percebeu-se que as variáveis ambientais, dentre elas o pH e

temperatura do solo não teve efeito na queda de serapilheira (tabela 2 e 3).

Os resultados mostraram que o pH do solo não teve influência sobre a produção

de serapilheira, o que observou que a correlação negativa entre o pH do solo e o acumulo

de serapilheira foi muito fraca.

A análise de correlação entre litter fall e umidade do solo, observou-se uma

correlação negativa (r = -0,443), e sendo este, o mesmo comportamento para a litter pool

sobre o solo apresentando correlação negativa (r= - 0,533), indicando que houve uma

menor umidade do solo no período de maior produção mensal de serapilheira (tabela 2 e

3).

Tabela 2 - Matriz de correlação das variáveis medidas na área de floresta não inundável.

Os valores correspondem ao coeficiente de correlação de Pearson(r).(S. Prod =

Serapilheira produzida; S. Acum = Serapilheira acumulada.

S. Prod. S. Acum. Umidade Temperatura pH

S. Prod 1

S. Acum 0,357 1

Umidade -0,443* -0,115 1

Temperatura -0,237 0,098 -0,045 1

pH -0,025 -0,181 0,052 -0,15 1

*(p<0.05)

Page 47: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

33

Tabela 3 - Matriz de correlação das variáveis medidas na área de floresta inundável. Os

valores correspondem ao coeficiente de correlação de Pearson(r).

S. Prod. S. Acum. Umidade Temperatura pH

S. Prod 1

S. Acum 0,349 1

Umidade -0,487 -0,533* 1

Temperatura -0,243 -0,074 0,101 1

pH 0,139 0,091 -0,217 0,030 1

*(p<0.05)

A partir de uma análise de variância, observou-se que o litter fall e litter pool não

foram significativamente diferentes das demais variáveis nos tratamentos (floresta

inundável e floresta não inundável). As variáveis de temperatura do solo não houve

diferença significativamente (p = 0,24) para área de floresta inundável e floresta não

inundável, sendo que o pH do solo (p = 0,001) e a umidade do solo houve diferença

significativa (p = <0,001) para os tratamentos (área de floresta inundável e floresta não

inundável). Em particular nas regiões em estudo, foram evidenciados que nesse período

do ano existe uma diminuição acentuada de folhagem, em função do período da vazante

e seca onde a temperatura do ar mensal média na região oscila em 22 e 32ºC, conforme

Hofmann et al., (2010), essa mesma temperatura foi validada nesse estudo, onde a

temperatura média do solo na área de floresta inundável foi 26,88°C, variando de 24,50

°C em setembro/2014 a 33,98 °C em dezembro/2014 e na área de floresta não inundável

foi 26,37 °C, variando de 21,96 °C em julho/2014 a 29,6 °C em outubro/2014.

Na análise de variância para os tratamentos (floresta não inundável e floresta

inundável), observa-se que houve diferença estatística entre os tratamentos (F1,10 = 8,07)

sobre o litter fall, ou seja, os tratamentos tiveram efeito sobre a litter fall, o mesmo

relatado por Silva (2013) que realizou estudo uma floresta com dominância de Vochysia

divergens Pohl, essa diferença pode ter ocasionada pela alta produção de serapilheira no

mês que antecedeu período de seca no pantanal (julho a setembro). Em relação ao efeito

do tempo, houve diferença estatística entre os tratamentos (Mes10,94 = 34,03) sobre o litter

fall e litter pool, mostrou significativo, ou seja, existiu diferença entre os meses no período

de estudo, e em relação à interação o tratamento (TxM10,94 = 7,02) mostrou que houve

interação entre o tratamento e os meses apenas sobre litter fall (tabela 4).

Page 48: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

34

Tabela 4 - Teste F, comparando os tratamentos (Áreas), o mês e a interação entre os

tratamentos e os meses.

Tratamentos Áreas

Litter Fall Litter Pool

Trat1,10 8.07* 1,31

Mes10,94 34.03*** 18.68***

TxM10,94 7.02*** 1,49

*(p<0.05) **p(<0.01) ***(p<0.001)

Observa-se que os resultados do Quadro 2 de estudo realizados do litter fall e litter

pool sobre o solo nos tratamentos (floresta inundável e floresta não inundável), situam-se

dentro do padrão verificada nos ecossistemas do Ecótono Pantanal localizados no Estado

de Mato Grosso, e corroboram com Brandão, 2012; Carvalho, 2013; Silva, 2013. A

floresta de transição no norte de Mato Grosso, floresta e Mata Atlântica não se encontram

dentro dos padrões verificado nos ecossistemas do Ecótono Pantanal localizados no

Estado de Mato Grosso.

Quadro 2 – Estudos realizados da produção de serapilheira produzida (litter fall) e

acumulada no solo (litter pool), no Brasil.

Autor/Ano Localização Serapilheira

Produzida Acumulada

Silva, C.J.,

et.al, 2009

Floresta de transição Amazônia-Cerrado-

Sinop /MT

899,22

g/m²/ano*

6.145g/m²/ano *

Cunha, et.al,

2000

Fazenda Retiro Novo Pantanal– Poconé/MT 131,52g/m²/ano

-

Silva, et.al,

2003

Reserva biológica municipal- “Mario Viana”

Nova Xavantina

62,20 g/m²/ano* -

Alves, et.al,

2004

RPPN na fazenda Tamanduá – santa

Terezinha/PB

- 89,920g/m²/ano

*

Vital, et.al,

2004

Floresta estacional sem decidual em zona

riparia – SP.

127,2 g/m²/ano*

-

Bambi, P.,

2007

Floresta de transição no norte de MT – Sinop 1.123g/m-²/ano

696,80g/m-²/ano

Antoneli,

et.al, 2010

Floresta Ombrófila mista com sistema de

faxinal-Prudentópolis/PR

609,7g/m²/ano*

-

Brandão, A.,

2012

RPPN-SESC- Barão de Melgaço/MT 205 g/m²/ano* -

Carvalho,P.

V, 2013

RPPN-SESC - Baia das Pedras Pantanal -

Poconé/MT

292g/m²/ano* 5.678 g/m²/ano*

Page 49: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

35

Silva, L.B,

2013

RPPN-SESC - Baia das Pedras Pantanal -

Poconé/MT

129 g/m-²/ano

1.004 g/m-²/ano

Presente

Estudo, 2014

RPPN-SESC - Baia das Pedras Pantanal -

Poconé/MT; Área de floresta inundável.

62,97 g/m²/ano 1.332g/m²/ano

Presente

Estudo, 2014

RPPN-SESC - Baia das Pedras Pantanal -

Poconé/MT; Área de floresta não inundável.

43,55 g/m²/ano 1.100g/m²/ano

*Esses valores foram apresentados originalmente em kg.ha-1/ano, e sendo convertido para g/m2.

4.2 – Variações nos parâmetros ambientais do solo

4.2.1 – pH do solo

O pH do solo da área de floresta inundável variou de 5,13±0,36 em fevereiro/2014

a 5,43±0,30 em julho/2014, com uma média anual de 5,33±0,36ºC, valores identificados

como fortemente ácido, correspondendo ao período chuvoso e seco (figura 14 e 15). E na

área floresta não inundável variou de 6,10±0,089 em novembro/2014 a 6,41±0,098 em

dezembro/2014, com uma média anual de 6,25±0,100, correspondendo ao período

chuvoso (figura 14 e 15).

A maior acidez da área de floresta inundável comparado com a área de floresta

não inundável pode estar relacionada com a inundação sazonalmente ocorrida naquela

área de floresta inundável, porque no período chuvoso, houveram aumento gradativo na

produção de serapilheira e consequentemente um incremento de nutrientes provenientes

da cheias no pantanal. A área de floresta não inundável apresentou valores maiores de pH,

mesmo assim indica que as condições de acidez no solo atuam negativamente nas

atividades da microbiota do solo principalmente dos microorganismos.

Os resultados acima corroboram com Coringa et al. (2012), que encontrou no solo

do Pantanal de Poconé o pH 7, e a fertilidade natural do Planossolo foi indicada pelos

maiores valores de saturação por bases (V%) e CTC a pH 7, que variam de 63 a 95% (V)

e de 48,2 a 64,5 cmolc kg-1 (T) no perfil, respectivamente, caracterizando esse solo como

eutrófico.

Também os resultados do Abdo (1999) que encontrou na água de sistemas de baía

do Ninhal Corutuba no Município de Barão de Melgaço, Pantanal Mato-Grossense, pH

variando de 6 ± 7,5, demonstrando que no Pantanal tem sido comum encontrar o pH

variando nesse intervalo.

Page 50: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

36

Figura 14 - Média mensal e desvio padrão do pH do solo em área de floresta inundável.

Figura 15 - Média mensal e desvio padrão do pH do solo em área de floresta não

inundável.

4.2.2 - Umidade do solo

A média anual da umidade do solo da área de floresta inundável foi 34,20±5,67%,

variando de 21,79±2,0% em outubro/2014 a 50,83±13,93% em abril/2014,

correspondendo ao período chuvoso (Figura 16), e na área floresta não inundável foi

13,23±2,43%, variando de 6,70±1,48%, em outubro/2014 a 25,44±2,44% em

fevereiro/2014 correspondendo ao período chuvoso (Figura 17). A umidade do solo é um

fator importante, ajuda a regular as atividades dos microorganismos e a limitar a

Page 51: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

37

distribuição destes dentro de um ecossistema (Odum, 1998), é diretamente afetada pela

sazonalidade no regime das precipitações (Silva Jr, 2013).

Analisando a influência da umidade do solo a 10 cm sobre a serapilheira

acumulada (litter pool) sobre o solo, verificou-se uma correlação negativa, indicando que

houve uma maior produção mensal de serapilheira no período de menor umidade do solo

(tabela 2). Isso pode ter contribuído mesmo, em menor proporção, na manutenção do

conteúdo de água no solo. Tendo em vista que o acúmulo de serapilheira ocorreu no

período de maior estresse hídrico reduzindo a evaporação, mantendo o solo mais úmido

e as menores oscilações de temperatura e umidade do solo (Torres et al., 2006)

Figura 16 - Média mensal e desvio padrão da Umidade do solo (%) em área de floresta

inundável.

Figura 17 - Média mensal e desvio padrão da Umidade do solo (%) em área floresta não

inundável.

Page 52: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

38

4.2.3 – Temperatura do solo

A temperatura do solo da área de floresta inundável variou de 23,63±0,31ºC em

agosto/2014 a 33,98±0,49ºC em dezembro/2014, na média anual de 27,35±0,42ºC,

correspondendo ao período chuvoso e seco (Figura 18), máxima temperatura no mês de

dezembro pode ter sofrido interferência por este ser um período chuvoso, no entanto a

mínima temperatura no mês de agosto que foi no período da seca. E na área floresta não

inundável variou de 21,96±0,32ºC em julho/2014 a 29,60±1,51ºC em outubro/2014, na

média anual de 26,51±0,66ºC, correspondendo ao período chuvoso e seco (Figura 19).

Esses resultados corroboram com Brandão (2012) com valor 27,20±2,01ºC e por

Carvalho (2013) com média de 27,02±2,45ºC, que observou temperaturas maiores para a

mesma região.

Os resultados mostraram que a temperatura do solo não teve influência sobre a

produção de serapilheira, o que observou que a correlação negativa entre a temperatura

do solo e o acúmulo de serapilheira foi muito fraca.

Figura 18 - Média mensal e desvio padrão da Temperatura do solo (ºC) em área de

floresta não inundável.

Page 53: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

39

Figura 19 - Média mensal e desvio padrão da Temperatura do solo (ºC) em área de

floresta inundável.

4.3 – Concentração de macronutrientes

4.3.1 - Concentração dos nutrientes na produção serapilheira (litter fall)

Na figura 20 estão apresentados a variação mensal e desvio padrão das

concentrações de macronutrientes na produção litter fall nos diferentes tratamentos

(floresta inundável e floresta não inundável).

Os macronutrientes analisados foram nitrogênio (N), fosforo (P), potássio (K),

cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).

Page 54: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

40

Figura 20 - Variação mensal e desvio padrão da concentração de macronutrientes na

produção de serapilheira (g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável.

As concentrações médias mensais dos nutrientes variaram conforme a composição

química, ao longo dos experimentos. Foram encontradas para as áreas de floresta

inundável e floresta não inundável, concentrações médias mensais em g/kg de N (18,06

Page 55: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

41

e 19,35), P (1,27 e 1,74); K (3,49 e 3,16), Ca (15,59 e 19,11), Mg (3,86 e 3,18), S (0,66 e

0,73).

Na figura 20, a área de floresta inundável destacou com um incremento maior de

nitrogênio (N) no mês de junho (21,93g/kg), julho (21,70g/kg), fosforo (P) no mês de

fevereiro (2,34g/kg), potássio(K) no mês de junho (4,83g/kg), cálcio (Ca) no mês de julho

(18,85g/kg), agosto (16,92g/kg), magnésio (Mg) no mês de novembro (6,17g/kg) e

enxofre (S) no mês de agosto (0,98g/kg).

E na área de floresta não inundável o incremento maior de nutrientes (N) foram

no mês de novembro (23,45g/Kg) e dezembro (23,10g/Kg), fosforo (P) no mês de julho

(2,93g/kg), potássio (K) no mês de julho (3,80g/kg), cálcio (Ca) no mês de julho

(23,05g/kg), outubro (22,10g/kg), magnésio (Mg) no mês de agosto (4,8g/kg) e enxofre

(S) no mês de agosto (0,93g/kg).

Tais resultados referentes aos teores de nitrogênio, fosforo, potássio se

assemelham ao reportadas na literatura em florestas inundáveis de V.divergens no

Pantanal nas quais, Haase (1999) encontrou nitrogênio variando entre 13,3 e 20,2 g kg-1,

concentrações de fósforo de 1,23 a 2,08 g kg-1, e potássio entre 3,64 a 8,51 g kg-1. Em

floresta Amazônica no Brasil (Scott et al., 1992) e subtropical na Índia (Arunachalam et

al., 1998) encontram concentrações similares de nitrogênio de 12 e 12,8 g kg-1, e menores

de fósforo de 0,71 e 0,73 g kg-1, respectivamente.

Concentrações similares de nitrogênio, e maiores de fósforo na serapilheira

produzida durante a estação chuvosa foram reportadas por Silva et al., (2009) para folhas

de quatro espécies presentes na serapilheira durante a estação chuvosa, em uma floresta

semi decídua ao norte de Mato Grosso, com médias 12 g kg-1 para nitrogênio, 10 g kg-1

de fósforo. Semelhantes resultados foram observados por Almeida (2005) que estudou o

nitrogênio e fosforo no solo de uma floresta de transição amazônica - Sinop/MT, variando

de nitrogênio de 14,61 g kg-1 a 21,34 g kg-1 e fosforo de 0,81 g kg-1 a 1,02 g kg-1.

As maiores concentrações de nitrogênio (N), potássio (K), cálcio (Ca), fosforo (P)

e enxofre (S) em valores encontrados, foram na estação da seca (maio a setembro) na área

de floresta inundável, exceto magnésio (Mg) que ocorreu no período chuvoso. E o mesmo

comportamento foi visualizado na área de floresta não inundável para a maior

concentração de fosforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) nessa

estação da seca, exceto a concentração de nitrogênio que foi maior no período chuvoso

(outubro a abril).

Page 56: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

42

A concentração de N, P, K, Mg no litter fall do presente estudo, destacou-se com

aumento elevado de concentrações num determinado período de estudo.

A dinâmica de transferência desses nutrientes (N, P, K, Mg) do litter fall para o

ambiente apresentou padrões diferentes. Observa que o nitrogênio sofreu decaimento da

concentração no mês setembro nas áreas de estudo (floresta inundável e floresta não

inundável), apesar de ter mostrado uma elevação da concentração no decorrer dos meses

seguintes (figura 20), isso sugere que o decaimento da concentração de nitrogênio pode

estar associado aos componentes estruturais do tecido vegetal. Essa mesma situação foi

evidenciada por Aidar & Joly (2003) em seu estudo com mata ciliar no Estado de São

Paulo; Luizão & Schubart (1986) constataram que a concentração de nitrogênio nas folhas

em decomposição apresenta oscilações no decorrer da permanência do material no solo.

Observa-se que a concentração de fosforo na área de floresta não inundável,

obteve um aumento de concentração no período da seca (julho), e nos meses seguintes

uma diminuição na concentração, isso sugere que esse aumento do fosforo assimilado

pela planta, pode significar um importante mecanismo de manutenção do estado

nutricional e no investimento da sua energia na produção de folhas, ramos, ou mesmo,

preparando-se para a fase reprodutiva (figura 20). Ribeiro (2001) no Pantanal de Mato

Grosso constatou um aumento gradativo de concentração de fósforo em seu material ao

longo da pesquisa. É de conhecimento geral que os níveis deste fosforo no solo de cerrado

são baixos e, portanto, a demanda de abastecimento pode estar relacionada à oferta

proporcionada pela matéria orgânica, enriquecida pela deposição de material vegetal

(biomassa), especialmente por queda de folhas nos meses anteriores à estação chuvosa

(Mendes, 1996).

As concentrações de potássio (K) foram semelhantes em todas as áreas de estudo,

contudo verificou - se que as concentrações de potássio (K) na área de floresta inundável

apresentou valor superior aqueles encontrados na área de floresta não inundável, sugere

que houve crescimento vegetativo pela absorção do potássio, porque é um dos nutrientes

importantes para o desenvolvimento da planta (figura17). A maior parte do potássio é

absorvida pelas plantas durante a fase de crescimento vegetativo (Raij, 1991), pois este

tem papel fundamental na fotossíntese e síntese de carboidratos (Yamada, 1987). Para

este estudo, foram evidenciadas concentrações mais elevadas de potássio em serapilheira

produzida na área de floresta inundável no período da seca, o que pode representar uma

reposição e armazenamento deste nutriente.

Page 57: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

43

As concentrações de Mg na produção de serapilheira variaram entre as áreas de

estudo, principalmente na área de floresta inundável na estação chuvosa, que apresentou

uma elevada concentração de Mg.

As concentrações de enxofre (S) no litter fall variaram pouco entre os tratamentos

(floresta inundável e floresta não inundável), comparado com as demais macronutrientes

da serapilheira.

A dinâmica sazonal das concentrações de cálcio, magnésio, fósforo e potássio nas

áreas de estudo apresentou um comportamento inversamente proporcional ao

comportamento da litter fall, isto é, as concentrações de cálcio, magnésio, fósforo e

potássio são maiores nos períodos onde a produção foi menor (julho/14) e também obteve

o mesmo comportamento o nitrogênio e enxofre, isto é, enquanto que os menores teores

de nitrogênio e enxofre naqueles períodos houve uma maior produção de serapilheira

(agosto e outubro/14).

Com relação ao balanço de estoque de nitrogênio (N), fosforo (P), potássio (K),

cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) na litter fall houveram variação entre as áreas

de estudo. O valor estimado de N, P, K, Ca, Mg e S na litter fall em g/kg no período de

fev/14 a jan/15 para área de floresta inundável e floresta não inundável foi de N ( -5,57 e

-6,1), P (1,81 e 1,54), K (1,05 e 1,48), Ca (-0,23 e 5,18) , Mg (- 0,1 e -0,56) e S ( 0,16 e

0,25).

Os resultados negativos de N, Ca e Mg, sugerem uma redistribuição desses

nutrientes ao ambiente da área de floresta inundável e floresta não inundável, ficando

disponível no solo e absorvido pela planta, e na água sendo carreado para os rios, ou seja,

o estoque de N, Ca, e Mg no solo associado à sazonalidade ocorrida no Pantanal foi

positivo, proporcionando incorporação do N, Ca, e Mg no solo (figura 20). O presente

estudo corrobora com Bambi (2007) que evidenciou em seus resultados que o nitrogênio

teve redistribuição a partir das partes mais velha da planta para as partes mais novas.

Quanto aos demais nutrientes (P, K, S) e também o Ca na litter fall, a

redistribuição não aconteceram nas duas áreas de estudo, sugerindo que esses nutrientes

fixados na serapilheira ficaram inertes sem ou pouca incorporação ao ambiente (figura

20). Apesar de o fósforo ser considerado um nutriente de boa mobilidade, sendo

facilmente redistribuído a partir de órgãos mais velhos para órgãos em expansão (Larcher,

2000; Malavolta, 1980), este não foi o caso do presente estudo.

Page 58: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

44

A transferência de nutrientes anual via produção de serapilheira (litter fall) nos

períodos estudados, seguiu a ordem N>Ca>Mg>K >P>S, em todas as áreas de estudo

(Figura 21). Esses resultados da transferência de nutrientes N>Ca>Mg>K>P>S estão

concordante com Viera (2010), em estudo de deposição de serapilheira e de

macronutrientes em um povoamento de Acácia-negra. Também os resultados de

Schumacher et al., (2003), para o mesmo povoamento do presente estudo, quando se

encontrava com 3 anos de idade, demonstraram mesma magnitude no retorno de

nutrientes. Essa sequência também foi verificada por Bertalot et al., (2004), avaliando o

retorno de nutrientes para o solo via serapilheira para quatro espécies de leguminosas

arbóreas.

Figura 21 - Variação anual e desvio padrão de macronutrientes na produção de

serapilheira (litter fall),(g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável.

A transferência anual de N+Ca correspondeu a 78%, do total de macronutrientes

na área de floresta inundável e 81% na área de floresta não inundável, praticamente a

transferência de nutrientes (N+Ca) via litter fall foram semelhantes entre as duas áreas

estudadas. Em geral quando houve diferença entre as áreas, destacaram-se a área de

floresta não inundável, que não inunda nos períodos do ano.

Page 59: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

45

Na figura 21 os resultados indicam que o nitrogênio (N) é o elemento que

representa a maior transferência dentro da vegetação na área de floresta não inundável e

floresta inundável, seguido do cálcio (Ca). Diferentemente a ordem das concentrações

para floresta inundável se deu pela sequência maior de nitrogênio (N) seguido de cálcio

(Ca), dentro da vegetação das áreas de floresta inundável e floresta não inundável seguido

do cálcio (Ca).

Tabela 5 - Teste F, comparando os macronutrientes do litter fall, o mês e a interação entre

os tratamentos e os meses

Tratamento

Macronutrientes

N P K Ca Mg S

Trat1,10 8.11* 0,75 0,29 1,01 0,16 1,07

Mes10,94 9.65*** 14.83*** 8.19*** 4.74*** 13.71*** 18.20***

TxM10,94 2.03* 4.75*** 1,24 2.19* 4.43*** 1.96*

*(p<0.05) **p(<0.01) ***(p<0.001)

Na análise de variância para os macronutrientes nos respectivos tratamentos

(floresta não inundável e floresta inundável), observa-se que houve diferença estatística

entre os macronutrientes (F1,10 = 8,11) sobre o nitrogênio, o mesmo relatado por Silva

(2013) que realizou estudo uma floresta com dominância de Vochysia divergens Pohl,

essa diferença pode ter ocasionada pela alta produção de serapilheira no mês que

antecedeu período de seca no pantanal (julho a setembro). Em relação ao efeito do tempo,

houve diferença estatística entre os macronutrientes (Mes10,94 = 9,65; 14,83; 8,19; 4,74;

13,71; 18,20 ) sobre o N; P; K; Ca; Mg; S, mostrou significativo, ou seja existiu diferença

entre os meses no período de estudo, e em relação à interação, o tratamento(TxM10,94 =

2,03; 4,75; 2,19; 4,43; 1,96) mostrou que houve interação entre o tratamento e os meses

apenas sobre N; P; Ca; Mg; S. (tabela 5).

4.3.2 - Concentração dos nutrientes na serapilheira acumulada (litter pool) sobre o

solo

Na figura 22 são apresentados a variação mensal das concentrações de

macronutrientes no litter pool sobre o solo em diferentes áreas de estudo.

Page 60: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

46

Figura 22 - Variação mensal e desvio padrão da concentração de macronutrientes na

serapilheira acumulada (litter pool) sobre o solo (g/Kg), em áreas de floresta inundável e

floresta não inundável.

Page 61: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

47

As concentrações médias mensais dos nutrientes variaram conforme a composição

química, ao longo dos experimentos. Foram encontradas para os tratamentos (floresta

inundável e floresta não inundável) concentrações médias mensais em g/kg e N (19,89 e

20,37), P (1,12 e 1,12), K (1,63 e 1,45) Ca (17,83 e 25,16), Mg (2,92 e 2,48), S (0,95 e

0,83).

Na figura 22, a área de floresta inundável destacou com um incremento maior de

nitrogênio (N) no mês de junho (22,16g/kg) e julho (21,46g/kg), fosforo (P) no mês de

abril (1,91g/kg), potássio (K) no mês de junho (2,5g/kg), cálcio (Ca) no mês de abril

(26,27g/kg) , magnésio(Mg) no mês de abril (3,34g/kg) e enxofre(S) no mês de junho

(1,61g/kg).

E na área de floresta não inundável o incremento maior de nitrogênio (N) foram

no mês de outubro (31,45g/Kg), fosforo (P) no mês de julho (1,71g/kg), potássio (K) no

mês de junho (2,33g/kg), cálcio (Ca) no mês de julho (30,6g/kg), magnésio (Mg) no mês

de agosto (3,45g/kg) e enxofre (S) no mês de julho (2,72g/kg).

Os valores apresentados no presente estudo corroboram aos estimados por

Almeida (2005), quanto ao teor de nitrogênio e fosforo no solo de uma floresta de

transição Amazônia e por Koonig et al., (2002) e Vibrans et al., (2000), quanto ao teor de

nitrogênio e fosforo na serapilheira de um fragmento de floresta estacional decidual no

município de Santa Maria, RS e fragmento de floresta de ombrófila densa em Blumenau,

SC.

As maiores concentrações de nitrogênio (N), potássio (K), magnésio (Mg) e

enxofre (S) em valores encontrados foram na estação da seca (maio a setembro) na área

de floresta inundável, exceto cálcio (Ca) e fosforo (P) que ocorreu no período chuvoso. E

o mesmo comportamento foi visualizado na área de floresta não inundável para a maior

concentração de fosforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) nessa

estação da seca, exceto a concentração de nitrogênio que foi maior no período chuvoso

(outubro a abril).

A concentração de N, Ca e S no litter pool sobre o solo na área de floresta não

inundável destacou com aumento elevado de concentrações num determinado período de

estudo, comparada com as duas áreas de estudos (Figura 22).

A dinâmica de transferência desses nutrientes (N, Ca e S) do litter pool para o

ambiente apresentou padrões diferentes. Observa-se que o nitrogênio e enxofre obtiveram

concentrações superiores num determinado período na área de floresta não inundável,

Page 62: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

48

enquanto que na área de floresta inundável houve declínio na concentração desses

nutrientes.

As concentrações de Ca na serapilheira variaram entre as áreas de estudo,

observou-se que o cálcio sofreu uma elevação de concentração no período da seca na área

de floresta não inundável seguida por uma substancial e irregular perda na estação

chuvosa. A irregularidade na concentração do Ca foi explicada por Sobrado & Medina

(1980), que relaciona ao fato de o elemento ser estrutural e, por isso, pouco ou nada

afetada a lixiviação e pelo ataque dos micro-decompositores, que têm predominância na

estação seca. Já na estação chuvosa, sugestiona que a elevação do conteúdo do cálcio não

ocorre, em função da grande atividade dos macro decompositores, como cupins, que

removem indistintamente lâmina e nervuras das folhas.

Sobrado & Medina (1980) encontraram os maiores valores de cálcio para as folhas

mais velhas de espécies escleromórficas da Amazônia. Entretanto, o Ca, de acordo com

Schumacher et al., (2003), é o elemento que maior concentração de nutriente apresenta

nas folhas, comparado com os outros elementos. Luizão & Schubart (1986), e Costa et

al., (2005) encontraram para o cálcio variação sazonal.

Enquanto isso Golley et al., (1978) considera a elevação nas concentrações do Ca,

geralmente relacionada à sua ocorrência no solo em quantidades relativamente elevadas,

o que sugere movimento deste do solo para a serapilheira ou a contaminação do

experimento de decomposição.

Pelo fato do cálcio ser um elemento considerado imóvel, isto faz com que ele fique

armazenado em forma de cristais na folha, permanecendo nela mesmo em sua senescência

(Dias et al., 2002).

A dinâmica sazonal das concentrações de cálcio e fósforo nas áreas de estudos

apresentou um comportamento inverso ao comportamento do litter pool sobre o solo, isto

é, as concentrações de cálcio e fosforo foram maiores nos períodos onde a acumulo foi

menor (junho-julho/14) e também obteve o mesmo comportamento o nitrogênio e

enxofre, isto é, enquanto que as menores concentrações de nitrogênio e enxofre naqueles

períodos, houve uma maior acumulo de serapilheira (setembro/14).

As concentrações de fosforo (P) e potássio (K) foram semelhantes na área de

floresta inundável e na área de floresta não inundável. As concentrações de Mg no litter

pool não tiveram variação expressiva entre as áreas de estudo (figura 22).

Page 63: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

49

O enxofre (S) apresentou a menor concentração entre todos os nutrientes

observados nos tratamentos (área de floresta inundável e floresta não inundável) do litter

pool, isso indica a baixa disponibilidade desses elementos no solo nas áreas de estudo,

observou-se que o enxofre houve uma correlação positiva (r = 0,644) com a umidade do

solo, podendo indicar que o enxofre sofreu lixiviação através da água da chuva que

atravessou o dossel e permeou a serapilheira, o que poderia explicar os teores baixos

desses elementos nesta. Esse nutriente tem papel fundamental na síntese de gorduras,

óleos e proteínas, estando relacionado com o crescimento vegetal, sendo muito

importante para a frutificação (Camargo & Silva, 1975).

Com relação ao balanço de estoque de nitrogênio (N), fosforo (P), potássio (K),

cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) no litter pool sobre o solo houveram variação

entre as áreas. O valor (es) estimado (s) de N, P, K, Ca, Mg e S no litter pool sobre o solo

em g/kg no período de fev/14 a jan/15 para área de floresta inundável e floresta não

inundável foi de N ( -2,04 e - 2,45), P (1,46 e 0,28), K (0,25 e 0,06), Ca (-3,13 e – 4,9) ,

Mg (- 0,38 e -0,6) e S ( 1,19 e 0,87).

Os resultados negativos de N, Ca e Mg, sugerem uma redistribuição desses

nutrientes ao ambiente, ficando disponível no solo e absorvido pela planta, e na água

sendo carreado para os rios, ou seja, o estoque de N, Ca, e Mg no solo associado à

sazonalidade ocorrida no Pantanal foi positivo, proporcionando incorporação do N, Ca, e

Mg no solo. O presente estudo corrobora com Bambi (2007) nos resultados de nitrogênio

que teve redistribuição a partir das partes mais velha (s) da(s) planta(s) para as partes mais

novas (figura 22).

Quanto aos demais nutrientes (P, K, S) e também o cálcio no litter pool, a

redistribuição não aconteceram nas duas áreas, sugerindo que esses nutrientes fixados na

serapilheira, ficaram inertes sem incorporação ao ambiente. (Figura 22). Apesar de o

fósforo ser considerado um nutriente de boa mobilidade, sendo facilmente redistribuído

a partir de órgãos mais velhos para órgãos em expansão (Larcher, 2000; Malavolta, 1980),

este não foi o caso do presente estudo.

A transferência dos nutrientes anual via litter pool sobre o solo aos períodos

estudados, seguiu a ordem das concentrações de macronutrientes nas seguintes áreas

floresta inundável: N>Ca>Mg>K>P>S; floresta não inundável: Ca>N>Mg>K>P>S

(figura 23). Os resultados similares foram encontrados por Garrido & Poggiani (1982)

verificaram que a quantidade de deposição seguiu a ordem de: N>Ca>K>Mg>P para os

Page 64: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

50

povoamentos de aroeira e angico; Ca>N>K>Mg>P para o de ipê roxo e K>N>Ca>Mg>P

para o de cambará. Para a região de Piracicaba, SP, num estudo com Eucalyptus saligna,

Poggiani (1976) encontrou o seguinte fluxo de nutrientes na serapilheira:

Ca>N>K>Mg>P.

Figura 23 - Média anual e desvio padrão de macronutrientes na serapilheira acumulada

sobre o solo (g/Kg), em áreas de floresta inundável e floresta não inundável.

A transferência anual de N+Ca correspondeu a 85% do total de macronutrientes

via serapilheira na área de floresta inundável, e a transferência anual de Ca+N

correspondeu a 86% na área de floresta não inundável (figura 23). As transferências dos

nutrientes praticamente foram iguais entre as duas áreas estudadas, porem a ordem dos

nutrientes foi diferente entre as áreas (figura 23).

Na tabela 5 os resultados indicam que nitrogênio é o elemento que representa a

maior transferência dentro da vegetação na área de floresta inundável seguido do cálcio

(Ca). Diferentemente a ordem das concentrações para floresta não inundável se deu pela

sequência maior de cálcio (Ca) seguido de nitrogênio (N).

A explicação da concentração dos nutrientes na litter fall em menores, comparado

com a litter pool sobre o solo nas áreas de estudo, são pelo fato dos nutrientes contidos

Page 65: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

51

na serapilheira estarem mais protegido (s) contra lixiviação, porque não sofrem ação dos

microrganismos contidos no solo.

Tabela 6 – Total da média e desvio padrão dos macronutrientes via produção de

serapilheiras produzida e serapilheira acumulada nas áreas de estudo.

Macronutrientes via produção de serapilheira produzida e acumulado (g/kg)

Áreas N P K Ca Mg S

Produzida

F.I 18,06±2,27 1,27±0,39 3,49±0,88 15,59±2,71 3,86±0,55 0,66±0,10

F.N.I 19,35±3,68 1,12±0,42 3,16±0,94 19,11±4,15 3,16±0,68 0,71±0,12

Acumulada

F.I 19,96±2,47 1,13±0,25 1,67±0,38 17,68±3,12 2,86±0,49 0,97±0,18

F.N.I 20,69±5,01 1,14±0,28 1,45±0,39 25,06±3,46 2,45±0,35 0,85±0,57

*F.I – Floresta Inundável; ** F.N.I – Floresta Não Inundável

Na análise de variância para macronutrientes nos respectivos tratamentos (floresta

não inundável e floresta inundável), observa-se que houve diferença estatística entre os

macronutrientes (F1,10 = 4,98) sobre o magnésio, o mesmo relatado por Silva (2013) que

realizou estudo uma floresta com dominância de Vochysia divergens Pohl, essa diferença

pode ter ocasionada pela alta produção de serapilheira no mês que antecedeu período de

seca no pantanal (julho a setembro). Em relação ao efeito do tempo, houve diferença

estatística entre os macronutrientes (Mes10,94 = 6,72; 12,87; 11,11; 13,16; 18,20 ) sobre

o P; K; Ca; Mg, mostrou significativo, ou seja existiu diferença entre os meses no período

de estudo, e em relação à interação o tratamento (T x M10,94 = 5,07; 3,24) mostrou que

houve interação entre o tratamento e os meses apenas sobre P; Mg; (tabela 7).

Tabela 7 - Teste F, comparando os macronutrientes nos respectivos tratamentos (litter

pool), o mês e a interação entre os tratamentos e os meses.

Tratamentos

Macronutrientes

N P K Ca Mg S

Trat1,10 2,58 0,35 0,22 3,76 4.98* 0,02

Mes10,94 1,83 6.72*** 12.87*** 11.11*** 13.16*** 1,58

TxM10,94 1,16 5.07*** 0,97 1,53 3.24** 1,24

*(p<0.05) **p(<0.01) ***(p<0.001)

Page 66: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

52

Observa no quadro 3 (anexo) que os resultados do ecótono pantanal no que (se)

refere (m) a nitrogênio (N), cálcio (Ca), fosforo (P); potássio (K) e magnésio (Mg) segue

(m) aos padrões de fertilidade média do solo, tanto para área de floresta inundável, quanto

para área de floresta não inundável. Isso mostra que as áreas de estudo apresentam

padrões edáficos semelhantes, o que as torna (m) com características peculiares, quando

comparadas a outros ecótonos brasileiros.

No quadro 3 (anexo), avaliações em região do ecótono pantanal do Mato Grosso,

mostraram no floresta inundável e floresta não inundável que 48%; e 37% do Nitrogênio

total estão na serapilheira produzida, enquanto que, em uma floresta de pinheiros de clima

temperado, apenas 5% estão na serapilheira. Outras comparações da distribuição de

Nitrogênio em duas florestas tropicais, uma em região de baixa altitude em Manaus, no

Brasil, e outra localizada em área de maior altitude, na cidade de Carare, na Colômbia,

mostraram grandes diferenças, dando indicações que florestas tropicais localizadas em

regiões de altitude elevada, com clima frio, possuem comportamento similar ao de

florestas de clima temperado, armazenando a maior parte do nitrogênio (N) no solo

(ODUM,1983).

Por se tratar de áreas distintas, (floresta inundável e floresta não inundável) no

presente estudo, foi necessário verificar a dinâmica do comportamento desses nutrientes

no ambiente do região do ecótono pantanal, comparando conforme os resultados da

quadro 4 (anexo), em relação aos macronutrientes (P, K, Ca, Mg, S), observou-se que

houveram variação depois da inundação na área de floresta inundável, e os dados mostram

que Ca, Mg e S sofreram redução na concentração após a inundação, e esses resultados

corroboram com Machado(2013) em floresta sazonalmente inundada com dominância de

Vochysia divergens Pohl (Vochysiaceae) no Pantanal Mato-Grossense; Vourlitis et al.,

(2011) em uma floresta com dominância de Vochysia divergens no Pantanal Mato-

grossense e Lima et al., (2005) com solos de várzea da Floresta Amazônica, exceto a

concentração de P que não corroboram com os resultados Machado(2013); Lima et al.,

(2005), estando apenas em concordância com os resultados de Vourlitis et al., (2011).

Enquanto que este não foi o mesmo comportamentos para a concentração de

potássio (K) e a variável pH, que aumentou a concentração de potássio (K) e o solo tornou

ácido após a inundação, e os resultados não corroboram com os autores supracitados na

quadro 4 (anexo).

Page 67: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

53

De acordo com Ponnamperuma, 1972; Reddy & Patrick, 1976; Buresh et al., 2008;

Pezeshki & Delaune, 2012, acredita-se que as transformações dos nutrientes acompanham

mudanças no potencial redox do solo que é reduzido pela inundação, e também após a

inundação, há a restrição de difusão do ar atmosférico para o solo e, então o oxigênio é

rapidamente reduzido pela respiração de microrganismos e raízes e ocorre o acúmulo de

dióxido de carbono.

Em suma, a inundação influência sobre a produção de serapilheira e ao processo

de reabsorção dos nutrientes. Então compreender a dinâmica da produção e dos nutrientes

nessas vegetações distintas foram um dos fatores importantes, para a comparação entre

dois macrohábitat florestais com regimes hídricos distintos, revelou que processos que

promovem diferenças na estrutura e composição florística (Hart et al., 1989), como foi

observado na área de estudo. Essa teoria corrobora com Hart et al., 1989 e Arieira et al.,

2006.

Page 68: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

54

5. CONCLUSÕES

Este trabalho visou avaliar a produção e a dinâmica de nutrientes por meio do

acúmulo de serapilheira nos coletores e no solo da área de floresta inundável e outra área

de floresta não inundável, no Estado de Mato Grosso, durante o período de fevereiro de

2014 a janeiro de 2015, com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, conclui-se que:

- A produção de serapilheira apresentou variações sazonais para área de floresta

inundável e floresta não inundável com dominância de Scheelea phalerata (Arecaceae),

com maior produção no período de seca, ficando evidente que o período com clima mais

seco e com temperatura mais elevada, ocorre uma maior formação de serapilheira.

- Os maiores valores da média total de serapilheira foram observados na área de

floresta inundável – serapilheira produzida com 629,70g/m² e serapilheira acumulada

com 13.735,63g/m².

- Não existiu uma correlação direta entre a serapilheira produzida e a serapilheira

acumulada no solo.

- O nitrogênio, cálcio e magnésio via serapilheira foram os macronutrientes que

houve maior redistribuição entre as áreas de estudo.

- Houveram variações depois da inundação na área de floresta inundável, o Ca,

Mg, S sofreram redução na concentração após a inundação e P, pH aumentaram a

concentração e o solo tornou mais ácido.

- O fluxo de nutrientes para o solo, na floresta inundável e floresta não inundável

via serapilheira produzida, obedeceu a seguinte ordem: N>Ca>K>Mg >P>S.

- O fluxo de nutrientes para o solo, via serapilheira acumulada sobre o solo,

obedeceu a seguinte ordem: floresta inundável - N>Ca>Mg>K>P>S e para área floresta

não inundável com dominância de Scheelea phalerata (Arecaceae) - Ca>N>Mg>K>P>S.

Page 69: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

55

6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

- Avaliar a taxa de decomposição em que ocorre no material foliar entre as áreas de

estudo.

- Avaliar a contribuição das frações de serapilheira, entre as áreas de estudo.

- Mensurar a temperatura e umidade do ar, e precipitação pluviométrica, entre as áreas de

estudo.

- Comparar os macronutrientes contidos no solo com o das frações de serapilheira, entre

as áreas de estudo.

Page 70: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

56

7. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDO, M. A. A. Biomassa, composição química e estoque de nutrientes em

Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes, na baía do Ninhal Corutuba. Município de

Barão de Melgaço, Pantanal Mato grossense. Cuiabá, Brasil, 72f. 1999. Dissertação de

mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências.

ADÁMOLI, J. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados: discussão

sobre o conceito de complexo do Pantanal. In Anais do 32° Congresso nacional da

Sociedade Botânica do Brasil, Teresina, Universidade Federal do Piauí, p.109-119.

1982.

ADÁMOLI, J. Fitogeografia do Pantanal. In Anais do I Simpósio sobre recursos

naturais e socioeconômicos do Pantanal. Centro de Pesquisa Agropecuária do

Pantanal, Corumbá, MS. p.90-106, 1986.

AERTS, R..; Climate, leaf litter chemistry and leaf litter decomposition in terrestrial

ecosystems: a triangular relationship. Oikos. 79: 439-449. Agronômica Ceres, 1997

AITA C & GIACOMINI S. J. Decomposição e liberação de nitrogênio de resíduos

culturais de plantas de cobertura de solo solteiras e consorciadas. Revista Brasileira de

Ciência do Solo, 27:601- 612, 2003.

AITA, C., BASSO, C. J., CERETTA, C. A., GONÇALVES, C. N. & DAS ROS, C. O.,

Plantas de cobertura de solo como fontes de nitrogênio ao milho. Revista Brasileira de

Ciência do Solo, 25:157-165, 2001.

AIDAR, M.P.M.; JOLI, C.A. Dinâmica da produção e decomposição de serapilheira do

araribá (Centrolobium tomentosum Guill. Ex Benth. – Fabaceae) em uma mata ciliar, Rio

Jacaré-Pepira, São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, 26 (2): 193-202, 2003.

ALVARENGA, S. M. Levantamento preliminar de dados para o controle de enchentes

da bacia do Alto Paraguai. In: Brasil. Ministério das Minas e Energia, Projeto

RADAMBRASIL, Goiânia. 44 p. (Relatório Interno, 31 – GM), 1980.

ALCARDE,. J. C., GUIDOLIN, J. A, LOPES, A.S., Os Adubos e a eficiência das

adubações. 2. ed. ANDA, São Paulo. 35p, 1991.

AMARAL FILHO, B. F. Observações sobre o ciclo biológico de Crinocerus sanctus

(Fabricius, 1775) (Hemiptera: Coreidae) sob condições de laboratório. An. Soc.

Entomol. Brasil., 15(1): 5-18, 1986.

BATTIROLA, L. D., ADIS, J., MARQUES, M. I & SILVA, F. H. O., Comunidade de

Artrópodes Associada à Copa de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) durante o Período

de Cheia no Pantanal de Poconé, MT. Neotropical Entomology, n. 36, v. 5, p. 640-651,

2007.

Page 71: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

57

BARLOW, J., GARDNER, T.A., FERREIRA, L.V. & PERES, C.A., Litter fall and

decomposition in primary, secondary and plantation forest in the Brazilian Amazon.

Forest Ecology and Management. 247: 91-97, 2007.

BORKERT, C. M., GAUDÊNCIO, C, A., PEREIRA, J. E., PEREIRA, L. R. & JUNIOR.,

A. O., Nutrientes minerais na biomassa da parte aérea em culturas de cobertura do solo.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, 38:143-153, 2003.

BRITEZ, R.M.; REISSMAN, C.B.; SILVA, S.M.; SANTOS FILHO, A., Deposição

estacional de serapilheira e macronutrientes em uma floresta de Araucária, São Mateus

do Sul, Paraná. Revista do Instituto Florestal 4 (3): 766-772, 1992.

CALONEGO, J. C; FOLONI, J. S. S.; ROSOLEM, C. A., Lixiviação de potássio da palha

de plantas de cobertura em diferentes estádios de senescência após a dessecação química.

Revista Brasileira de Ciência do Solo, 29:99-108, 2005.

CALDEIRA, M. V. W; MARQUES, R.; SOARES, R. V; BALBINOT, R.; Quantificação

de serapilheira e de nutrientes – Floresta Ombrófila Mista Montana – Paraná. Revista

Acadêmica Curitiba, v.5, n.2, p. 101-116, 2007.

CALDEIRA, M. V. W; VITORINO, M. D.; SCHAADT, S. S.; MORAES, E.;

BALBINOT, R., Quantificação de serapilheira e de nutrientes em uma Floresta Ombrófila

Densa. Semina. Ciências Agrárias (online), v.29 p. 53-68, 2008.

CASTANHO, C. T. Fatores determinantes no processo de decomposição em florestas

do Estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Biologia Comparada) - FFCLRP,

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.

CARVALHO, P. V. de. Estudo do fluxo de CO2 e do estoque de carbono do solo em

área de interflúvio no pantanal município de Poconé, Mato Grosso. 68f.: , 30 cm ,

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Física,

Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental, Cuiabá, 2013.

CERRI, C.C.; CARVALHO, J.L.N.; Nascimento. A. M.; Miranda. S. H. G. . Agricultura

de baixo carbono. O que a ciência do solo tem a ver com isso? Sociedade Brasileira de

Ciência do Solo, v. 37, p. 13-19, 2012.

CESAR, O. Produção de serapilheira na mata mesófila sem decídua da Fazenda Barreira

Rico, município de Anhembi, SP. Revista Brasileira de Biologia, São Paulo, v.53, n. 4,

p.671-681, 1993.

CORREIA, M.E.F.; ANDRADE, A.G. Formação de serapilheira e ciclagem de

nutrientes. In: (Eds.). SANTOS, G.A.; CAMARGO, F.A.O. Fundamentos da Matéria

Orgânica do Solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre: Genesis, p.197-

226, 1999.

CORREIA & OLIVEIRA. Fauna de Solo: Aspectos Gerais e Metodológicos. Seropédica:

Embrapa Agrobiologia, 46 p, 2000.

Page 72: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

58

CORINGA, E. A. O , COUTO, E. G., PEREZ, X. L. O. , TORRADO, P. V.; Atributos

de solos hidromórficos no Pantanal Norte MatoGrossense. Revista Acta Amazônia, vol.

42(1): 19 – 28, 2012

COSTA, C. C. A. Produção de serapilheira na Caatinga da Floresta Nacional do Açu-RN.

Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 246-248, 2007.

COSTA, C.C.A.; CAMACHO, R. G. V.; MACEDO, I. D.; SILVA, P. C. M. Análise

comparativa da produção de serapilheira em fragmentos arbóreos e arbustivos em área de

caatinga na Flona de Açu - RN. Revista Árvore, n.34, v.2, p.259-265, 2010.

COSTA, C.P.; CUNHA, C.N. e COSTA, S.C. Caracterização da flora e estrutura do

estrato arbustivo-arbóreo de um cerrado no Pantanal de Poconé, MT. Biota Neotropica.

10: 61-73, 2010.

CUNHA & JUNK. Year-to-year changes in water level drive the invasion of Vochysia

divergensin Pantanal grasslands. Applied Vegetation Science. 7, 103-110, 2004.

CUNHA, G. C. Dinâmica nutricional em floresta estacional decidual com ênfase aos

minerais provenientes da deposição da serapilheira. Ciência Florestal, v. 3, n. 1, p. 35-

64, 1993.

DAVIDSON, E.A., SAVAGE, K., VERCHOT, L.V., NAVARRO, R., Minimizing

artifacts and biases in chamber-based measurements of soil respiration. Agricultural and

Forest Meteorology , v. 113, p. 21-37, 2002.

DELLITI, W.B.C. Estudos de ciclagem de nutrientes: instrumentos para a análise

functional de ecossistemas terrestres. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro, v.1, p.469-

486, 1995.

DIAS, H. C. T ; FIGUEIRA, M. D.; SILVEIRA ,V ; FONTES, M. A. L; FILHO, A. T.

O.; SCOLFORO, J. R. S. Variação temporal de nutrientes na serapilheira de um

fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Montana em Lavras, MG. Revista Cerne,

Lavras, v.8, n.2, p.1-16, 2002.

FACELLI, J.M. & PICKET, S.T.A. EWEL, J.J., Litter fall and leaf decomposition in a

tropical forest succession in eastern Guatemala; Oecologia 116: 397-406; Journal of

Ecology 64: p. 293-308, 1991.

FANTIN-CRUZ, I., PEDROLLO, O.; CASTRO, N. M. R.; GIRARD, P.;

ZEILHOFER, P.;HAMILTON, S. K.., Historical reconstruction of floodplain

inundation in the Pantanal (Brazil) using neural networks. Journal of Hydrology, v.399,

p. 376-384, 2011.

FANTIN-CRUZ, I.; GIRARD, P.; ZEILHOFER, P ; COLLISCHONN, W.; NUNES DA

CUNHA, C.; Unidades fitofisionômicas em mesoescala no Pantanal Norte e suas

relações com a geomorfologia. Biota Neotropica, n. 10, v. 2, p. 31-38, 2010.

Page 73: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

59

FELFILI, J. M; CARVALHO, F. A;HAIDAR, R. F.; Manual para o monitoramento

de parcelas permanentes nos biomas Cerrado e Pantanal. Brasília: Universidade de

Brasília, Departamento de Engenharia Florestal, 60 p, 2005.

GALLARDO & MERINO. Plant litter:its dynamics and effects on plant community

structure. The Botanical Review 57: 1-32, 1993.

GARRIDO & POGGIANI. Avaliação da quantidade e do conteúdo de nutrientes do

folhedo de alguns povoamentos puros e misto de espécies indígenas. Silvicultura em São

Paulo, v. 15/16, p. 1-22. 1981/1982.

GASPARIN,E.; RICIERI, R.P.; SILVA, S.L.; DALLACORT, R .; GNOATTO, E.

Temperatura no perfil do solo utilizando duas densidades de cobertura e solo nu. Acta

Scientiarum. Agronomy, v. 27, p. 107-115, 2005.

GEPEQ. Experiências sobre solos. Química Nova na Escola, n. 8, p. 39-41, 1998.

GISLER, C. V. T. O uso da serapilheira na recomposição vegetal em áreas mineradas

de bauxita, Poços de Caldas, MG. 1995. 147f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) –

Universidade de Estadual Paulista, São Paulo, 1995.

GOLLEY, F.B., MCGINNIS, J.T., CLEMENTS, R.G, Ciclagem de minerais em um

ecossistema de floresta úmida. São Paulo: Pedagogia e universitária, 1978. 256p, 1978.

GUARIM NETO, G. Plantas do Brasil – Angiospermas do Estado de Mato Grosso –

Pantanal. Acta Botânica Brasileira 5 (1): 25-47, 1991.

HAAG, H. P. Ciclagem de nutrientes em florestas tropicais. Campinas: Fundação

Cargill, 144 p., 1985.

HAASE, R. Litter fall and nutrient return in seasonally flooded and non-flooded forest of

the Pantanal, Mato Grosso, Brazil. Forest Ecology and Management, v.117, p. 129-147,

1999.

HEAL, O.W.; ANDERSON J.M.; SWIFT, M.J. Plant litter quality and decomposition:

an historical overview. P 3-30. In: CADISH, G.; GILLER, K.E. (Eds.). Driven by Nature:

plant litter quality and decomposition. Walingford: CAB International, 409 p., 1997.

HERBOHN, J.L.; CONGDON, R.A. Ecosystem dynamics Attica, disturbed and

undisturbed sites in north Queensland wet tropical rain forest, litter fall. Journal of

tropical Ecology , Winchelsea, UK, v.9, p.365-380, 1993.

HOFMANN, G. S.; HASENACK, J. L. P. C.; Oliveira, L. F. B. O clima na Reserva

Particular de Patrimônio Natural Sesc Pantanal. Rio de Janeiro: SESC, Departamento

Nacional, 84 p., 2010.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira (IBGE, ed.), Rio de Janeiro, 92p., 1972.

JACKSON, M.L. Aluminum bonding in soils: A unifying principle in soil science.

Proceedings Soil Science Society of America, Madison, 27(1): 1-9, 1963

Page 74: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

60

JUNK W.J. Long-term environmental trends and the future of tropical wetlands.

Environmental Conservation, v.29, n.4, p.414-435, 2002.

JUNK, W.J; SILVA, CJ. Várzeas Neotropicais: Uma comparação entre o Pantanal de

Mato Grosso e as grandes planícies alagáveis amazônicas. In: TUNDISI J.G; BICUDO,

C.E e TUNDISI, T.M.(Eds.). Limnologia no Brasil. Academia Brasileira de Ciências,

Sociedade Limnological brasileira, Rio de Janeiro. p. 195-217, 1995.

JUNK, W. J.; BAYLEY, P. B.; SPARKS, R. E. The flood pulse concept in river-

floodplain systems. In: DODGE, D. P. (ed.). Proceedings of the International Large

River Symposium. Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Science,

Ottawa, p. 110–127, 1989.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do cerrado brasileiro.

Megadiversidade, Brasília, n. 1, v. 1, 155 p., 2005.

KLINGE. H & RODRIGUES,W.A. Litter Production in an Area of Amazonian Terra

Firme Forest. Parte I. Litter –fall Organic Carbon and Total Nitrogen Contens of Litter.

Amazoniana I: 287-302., 1968a.

KLINGE. H & RODRIGUES,W.A.. Litter Production in an Area of Amazonian Terra

Firme Forest. Parte II. Mineral Nutrient Content of the Litter. Amazoniana I: 303-310.

1968b.

KOEHLER, C. W.; REISSMANN, C. B. Macronutrientes retornados com a serapilheira

Araucária angustifólia em função do sítio. In: CONGRESSO NACIONAL SOBRE

KIRK, G. The Biogeochemistry of Submerged Soils. John Wiley & Sons, Chichester,

2004.

ESSÊNCIAS NATIVAS, São Paulo: Revista do Instituto Florestal, v. 4, p. 645-648,

1992. (Edição Especial).

KOEHLER, W. C. Variação estacional de deposição de serapilheira e de nutrientes

em povoamentos de Pinus taeda na região de Ponta Grossa-PR. 138 f. Tese

(Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal de Paraná, Curitiba, 1989.

LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. 1. ed. São Carlos: Rima, 2000.

LAL, R. Tropical ecology and physical edaphology. John Wiley & Sons, Chichester,

U.K. 1987.

LAVELLE, P., BLACHART, E., MARTIN, A., MARTIN, S., ESPANHA, A.,

TOUTAIN, F., BAROIS, I. & SCHAFER, R. Um modelo hierárquico para a

decomposição nos ecossistemas terrestres: aplicação aos solos dos trópicos úmidos.

Biotrópica 25 (2). 130-150, 1993.

LEITÃO FILHO, H.F. (Coord.). Ecologia da mata atlântica em Cubatão (SP). São

Paulo: Ed. UNESP, 184p., 1993.

Page 75: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

61

LORENZI, H, SOUZA, H. M , COSTA, J. T. M. Palmeiras do Brasil: exóticas e

nativas. Nova Odessa: Ed. Plantarum. 303p; 1996.

LOPES, A.S.; SILVA, M.C. e GUILHERME, L.R.G. Boletim técnico n°1: acidez do

solo e calagem. 3 ed. São Paulo: ANDA, 1991.

LUIZÃO, F. L. Produção e decomposição da liteira em floresta de terra firme na

Amazônia Central. Aspectos químicos e biológicos da lixiviação e remoção de

nutrientes da liteira. Dissertação de Mestrado. Instituto de Pesquisas da Amazônia.

Fundação Universidade do Amazonas. 1989.

MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. 1. ed. São Paulo: Ed.

Agronomica Ceres Ltda., 256 p

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional

das plantas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba: POTAFOS, 319p., 1997.

MALAVOLTA, E. Reação do solo e crescimento das plantas. In: SEMINÁRIO SOBRE

CORRETIVOS AGRÍCOLAS. Campinas, Fundação Cargill, p. 3- 64, 1985.

MAMAN, A.P.; SILVA, C.J.; SGUAREZI, E.M.; BLEICH, M.E. Produção e acúmulo

de serapilheira e decomposição foliar em Mata de Galeria e Cerradão no sudoeste de Mato

Grosso. Revista de Ciências Agro-Ambientais, Alta Floresta, v.5, n.1, p.71- 84, 2007.

p. 79.

MARTINS, S.V.; RODRIGUES, R.R. Produção de serapilheira em clareiras de uma

floresta estacional sem decidual no Município de Campinas, SP. Revista Brasileira de

Botânica, São Paulo, v.22, n.3, p.405-412, 1999.

MARQUES, M. I.; SOUZA, W. O.; SANTOS, G. B.; BATTIROLA, L. D.; ANJOS, K.

C. Fauna de artrópodes de solo. In: FERNANDES, I. (org.). Biodiversidade no Pantanal

de Poconé. Manaus: Instituto de Pesquisas Ecológicas, p. 73–102, 2010.

MAYER, P.M., Produção de serapilheira em clareiras de uma floresta estacional sem

decidual no município de Campinas, SP. Revista Bras. Bot. 22: 405-412, 2008.

MEENTEMEYER, V. Macroclima e controle de lignina taxas de decomposição.

Ecologia 59: 465-475, 1978 .

MELLO, R. S. P. Produção de serapilheira e aspectos da ciclagem de nutrientes em

dois tipos florestais adjacentes no Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado.

Departamento de Ecologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,

136p., 1995

MENGEL, K.; KIRKBY, E. A. Principles of plant nutrition. Bern: International Potash

Institute, 1982. 655 p., 1982

MENDES, J. A. Distribuição espacial, fenologia e compartimentação de três espécies

de Qualea (Vochysiaceae) na Reserva Biológica de Mogi-Guaçu - SP. Rio Claro,

Instituto de Biociências, UNESP, 201 p. Tese de Doutorado, 1996.

Page 76: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

62

NEUE, H.U.; GAUNT, J.L.; WANG, Z.P.; BECHER- HEIDMANN, P.; QUIJANO, C.

Carbon in tropical Wetlands. Geoderma, v.79, p.163-185, 1997.

NEVES, E. J. M.; MARTINS, E. G.; REISSMANN, C. B. Deposição de serapilheira e de

nutrientes de duas espécies da Amazônia. Boletim de pesquisa florestal, Colombo, n.

43, p. 47-60, 2001. (Edição Especial).

NUNES DA CUNHA, C.; COSTA, C.P. Dinâmica de Serapilheira em Vochysia

divergens no Cambarazal da Fazenda Retiro Novo, Pantanal de Poconé, MT. In: III

Simpósio Sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal, 2000, Corumbá.

Abstracts, v. 1, p. 198, 2000.

NUNES DA CUNHA, C.; JUNK, W.J. Distribution of woody plant communities along

the flood gradient the Panatanal of Poconé, Mato Grosso, Brazil. International Journal

of Ecology and Environmental Sciences, v.27, n. 1, p. 63- 70, 2001.

NUNES DA CUNHA, C.; JUNK, W.J. Year-to-year changes in water level drive the of

Vochysia divergens in Pantanal glassland. Applied Vegetation Science, v.7, p.103-110,

2004.

NUNES DA CUNHA, C., JUNK, W.J. & LEITÃO-FILHO, H.F. Woody vegetation in

the Pantanal of Mato Grosso, Brasil: a preliminary typology. Amazoniana 19 (3-4):

159-184, 2007.

NUNES DA CUNHA, C.; (JUNK, 2000) JUNK, W. J. A preliminary classification of

habitats of the Pantanal of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, and its relation to

national and international wetland classification system. In: JUNK, W. J. (org.) The

Pantanal: Ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropica

lseasonal wetland. Pensoft: Bulgária, p. 127– 141, 2011.

NUNES, P.C. Influência do efluxo de CO2 do solo na produção de forragem numa

pastagem extensiva e num sistema agrosilvopastoril. 68p. Dissertação (Mestrado em

Agricultura Tropical) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade

Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2003. NOVAIS, J. W. Z., RODRIGUES, T. R., CURADO, L. F. A., DE OLIVEIRA, A. G.,

PAULO, S. R., NOGUEIRA, J. S. Sazonalidade da Condutividade Térmica do Solo no

Norte do Pantanal Mato-Grossense. XVII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia

– Guarapari. Espírito Santo, 2011. (a)

NOVAIS, J. W. Z., RODRIGUES, T. R., CURADO, L. F. A., DE OLIVEIRA, A. G.,

PAULO, S. R., NOGUEIRA, J. S. Variabilidade Sazonal Horária das Propriedades

Térmicas em Gleissolo Háplico no Norte do Pantanal. Semina Ciências Agrárias. v. 33,

n. 6 Supl. 1(2012).

ODUM, E.P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, Cap. 4, p. 133-136, 1983,

Page 77: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

63

PADRÃO, M. J. L. M. Reabilitação de solos contaminados com produtos utilizando

técnicas agrárias.2004, 157 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Ambiente) -

Instituto Superior de Engenharia do Porto, Universidade do Porto, Porto, 2004.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELLAS, P. C. Agronometeorologia,

fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: Livraria e Editora Agropecuária, 478p, 1v.

2002;

PEZZATO, L. E.; MIRANDA, E. C., BARROS, M. M.; FURUYA, W.; QUINTERO

PINTO, M. L. G. Digestibilidade aparente da matéria seca e da proteína e a energia

digestível de alguns alimentos alternativos pela Tilápia do Nilo ( O. niloticus). Acta

Scientiarum, v.26, n3, p.329-337, 2004.

PEZESHKI, S.R. & DELAUNE, R.D. Soil Oxidation-Reduction in Wetlands and Its

Impact on Plant Functioning. Biology 1: 196-221, 2012.

POGGIANI, F. Alterações dos ciclos biogeoquímico em floretas. In: CONGRESSO

NACIONAL SOBRE ESSENCIAS NATIVAS, São Paulo. Anais. São Paulo: Instituto

Florestal, p.734-739, 1992

POGGIANI, F.; Ciclo de nutrientes e produtividade de floresta implantada. Silvicultura.

V.1, n.3. p.45-48, 1976.

POGGIANI, F., SCHUMACHIER, M. V. Ciclagem de nutrientes em florestas nativas.

In: GONCALVES, J. L. M.; BENEDETTI, V. (Eds). Nutrição e fertilização florestal.

Piracicaba: IPEF, cap. 10; p.287-308, 2000;

POGGIANI, F.; MONTEIRO JUNIOR, E. S. Deposição de folhedo e retorno de

nutrientes ao solo numa floresta estacional sem decídua em Piracicaba , SP. In:

CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6, Campo do Jordão, Anais. São Paulo:

SBS/SBEF,1990, p. 596-602, 1990.

POTT & POTT. Plantas do Pantanal. Brasília: Embrapa-SPI, 320p., 1994.

PROCTOR, J., PORTELA, R. de C. Q.; SANTOS, F. A. M.. Produção e espessura da

serapilheira na borda e interior de fragmentos florestais de Mata Atlântica de diferentes

tamanhos. Revista Brasileira de Botânica. v.30, n.2, p.271-280, abr.-jun. 2007

RADAM, BRASIL. Projeto RADAM BRASIL DNP/MME, Folha AS 22. Rio de

Janeiro, RJ, 478 pp., 1974.

RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres/Potafos, 343p., 1991.

RESCK, DVS;FERREIRA, EAB; FIGUEIREDO, CC & ZINN, YL Dinâmica da Matéria

Orgânica no Cerrado. In: SANTOS, GA; SILVA, LS; CANELLAS, LP & CAMARGO,

FO, eds. Fundamentos da Matéria Orgânica do Solo: Ecossistemas Tropicais e

subtropicais. 2.ed. Porto Alegre, Metrópole, p.359-417., 2008.

Page 78: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

64

RAVAGLIA, A.G , SANTOS, S. A., SORIANO, B. M. A., DANIEL, O, FREITAS, L.

C., PELLEGRIN, L. A., TOMAS, W. M., RODELA, L. G., SOBRINHO, A. A. B,

ARAUJO, M. T. B. D.; Mapeamento das unidades de paisagem das sub-regiões da

Nhecolândia e Poconé, Pantanal Mato-grossense. Boletim de Pesquisa e

Desenvolvimento / Embrapa Pantanal, 15 p., 2011.

RIBEIRO, L. O papel da serapilheira na dinâmica de nutrientes do Landi da

Moranga, Pantanal Mato-Grossense, Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade

Federal de Mato Grosso, Cuiabá. 58pp., 2001.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado: os biomas do

Brasil. In: Cerrado: ambiente e flora. EMBRAPA: Planaltina, p.86-116, 1998.

RODRIGUES, R.R.; LEITÃO-FILHO, H.F. Matas ciliares, conservação e

recuperação, 2. ed.. São Paulo: EDUSP, 2004.

ROSSA, U.B.S. Estimativa de calagem pelo método SMP para alguns solos do

Paraná. 2006. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

SANCHES, L.; VALENTINI, C. M. A.; BIUDES, M. S.; NOGUEIRA, J. S. Dinâmica

sazonal da produção e decomposição de serapilheira em floresta tropical de transição.

Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, p.183-189, 2009.

SANCHES, L.; VALENTINI, C. M. A.; JUNIOR, O. B. P.; NOGUEIRA, J. S.;

VOURLITIS, G. L.; BIUDES, M. S.; SILVA, C. J.; BAMBI, P.; LOBO, F. A. Seasonal

and interannual litter dyamics of a tropical semideciduous forest of the southern Amazon

Basin, Brazil. J. Geophys. Res., v.11 (3), G04007, doi:10.1029/2007JG000593, 2008.

SANTANA, J. A. S. Estrutura fitossociológica, produção de serapilheira e ciclagem

de nutrientes em uma área de Caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte. 184 f.

Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia. 2005.

SARRUGE, J.R; HAAG, H.P. Análise química em plantas. Piracicaba: ESALQ, , 56p.

1974.

SAYER, E.J., Biological consequences of ecosystem fragmentation: A review.

Conservation Biology, 7: 18-32, 2006.

SCHLITTLER, F.H.M., De MARINIS, G. & CESAR, O., The role of microarthropods

in decomposition and mineralization processes. Annual Review of Entomology, 29: 25-

46, 1993.

SCHUMACHER, M. V. Aspectos da ciclagem de nutrientes e do microclima em

talhões de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, Eucalyptus grandis Hill ex Maiden e

Eucalyptus torrelliana F. Mesell. 1992. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Florestal)-Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP, Piracicaba, 1992.

SCHUMACHER, M. V; BAUERMANN, G. C.; COPETTI, L. ;BRUN, E. J. KÖNIG, F.

G. Fracionamento da serapilheira em três espécies de eucalipto no município de Santa

Page 79: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

65

Maria –RS: Eucalyptus urophylla, Eucalyptus cloesiana e Eucalyptus grandis. In:

CICLO DE ATUALIZAÇÃO FLORESTAL DO CONESUL, 2., Santa Maria, , p.173-

180, 2004.

SCORIZA, R. N.; PEREIRA, M. G.; PEREIRA, G. H. A.; MACHADO, D. L.; SILVA,

E. M. R. Métodos para coleta e análise de serapilheira aplicados à ciclagem de nutrientes.

Floresta & Ambiente, v.2, p. 1-18, 2012.

SEASTEDT, T.R., Using experimental manipulation to assess the roles of leaf litter in

the functioning of forest ecosystems. Biol. Rev. 81: 1-31, 1984.

SHAH, Z.; SHAH, S.H.; PEOPLES, M.B.; SCHWENKE, G.D. & HERRIDGE, D.F.

Crop residue and fertiliser N effects on nitrogen fixation and yields of legume-cereal

rotations and soil organic fertility. Field Crops Res., 83:1-11, 2003.

SILVA, C.J.; SANCHES, L.; BLEICH, M.E.; LOBO, F.A. Contribuição de folhas na

formação da serapilheira e no retorno de nutrientes em floresta de transição no norte de

Mato Grosso. Acta Amazônica, Manaus, v.39, n.3, p.591-600, 2009.

SILVA, L.B. da. Relações entre aporte de serapilheira, nutrientes e efluxo de dióxido

de carbono em floresta inundável de Vochysia divergens Pohl no Pantanal Mato-

Grossense. 68f.: , 30 cm , Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Instituto de Física, Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental, Cuiabá,

2013.

SILVA JUNIOR, J. A.; COSTA, A. C. L.; AZEVEDO, P. V,; COSTA, R. F.;

METCALFE, D. B.; GONÇALVES, P. H. L.; BRAGA, A. P.; MALHI, Y.; ARAGÃO,

L. E. O. E. C.; MEIR, P. Fluxos de CO2 do solo na floresta nacional de Caxiuanã, Pará,

durante o experimento ESECAFLOR/LBA. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 28,

n.1, p.85-94, 2013.

SILVA, J.S.V.; ABDON, M.M, 1998. Pesquisa Agropecuária Brasileira, vol. 33,

Brasília / DF: Número Especial, p.1703-1711, out., 1998

SOBRADO, M. A. & MEDINA, E. General morphology, anatomical structure, and

nutrient content of sclerophyllous leaves of the ‘Bana’ vegetation of Amazonas.

Oecologia (Berl.) 45 (3): 341-345, 1980.

SOUTO, P. C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de

organismos edáficos em área de Caatinga na Paraíba, Brasil. 2006. 146 f. Tese

(Doutorado em Agronomia – Solos e Nutrição de Plantas) – Universidade Federal da

Paraíba, Areia.

SIGNOR, C. A.; FERNANDES, I. M.; PENHA, J. M. F. O Pantanal e o Sistema de

Pesquisa. In: FERNANDES, I. (org.). Biodiversidade no Pantanal de Poconé. Manaus:

Instituto de Pesquisas Ecológicas, 195 p., 2010,

SPAIN, A. V. Litter fall and the standing crop of litter in tree tropical Australian

rainforests. Journal of Ecology 72(3): 947-961, 1984.

Page 80: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

66

SWART, A.F. The Pantanal: Understanding and preserving the world’s largest

wetland. Paragon House. St.Paul, Minnesota, 2000.

SWIFT, M.J., HEAL O.W. & ANDERSON, J.M; Produção de serapilheira na Floresta

do Morro do Diabo, Pontal do Parapanema-SP. Naturalia 18: 135-147, 1979.

TARIFA, J, R. O sistema climático do Pantanal. Da compreensão do sistema a definição

de propriedades de Pesquisa Climatológica. Anais do 1° Simpósio sobre recurso

naturais e sócio-econômicos do Pantanal. p. 9-27, 1984.

TORRES JLR, PEREIRA MG, ANDRIOLI I, POLIDORO JC & FABIAN AJ

Decomposição e liberação de nitrogênio de resíduos de plantas de cobertura em um solo

de cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 29:609-618, 2005.

TRINTINALHA, M. A.; GONÇALVES, A. C. A.; TORMENA, C. A.; COSTA, A. C.

S.; FOLEGATTI, M. V.; FREITAS, P. S. L.; REZENDE, R. Comparação dos sistemas

TDR e ECHO para medida de umidade, em um solo argiloso e em areia. Acta

Scientiarum, Maringá, v. 26, n. 3, p. 353-360, 2004.

TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M.; ROCHA, O. Ecossistemas de águas interiores. In:

REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J, G. Águas doces no Brasil: Capital

ecológico, uso e conservação. 2ª ed., Escrituras editora, São Paulo, Cap. 5, p. 153-194.

2002

VASCONCELOS, H.L. & LAURENCE, W.F., Dinâmica da deposição de serapilheira:

um estudo prolongado em florestas secundárias em área de mata Atlântica. Floresta e

Ambiente, Seropédica 11: 39-46. 2005.

VALENTINI , C. M. A.; SANCHES, L.; DE PAULA, R. B.; VOURLITIS, G. L.;

NOGUEIRA, J. S.; PINTO JR., O. B.; LOBO F. A. Soil respiration and aboveground

litter dynamics of a tropical transitional forest in northwest Mato Grosso, Brazil. Journal

of Geophysical Research, v. 113, P. 1-11, 2008, DOI: 10.1029/2007JG000619.

VAN DER VALK, A.G.. Succession in wetlands: a Gleasonian approach. Ecology 62(3):

689-696, 1981

VIDAL, M.M., VÂNIA, V.R., MEIRELLES, S.T. & METZGER, J.P., Classificação da

vegetação Brasileira adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro, 2007.

VITAL, A. R. T., GUERRINI, I. A., FRANKEN, W. K., FONSECA, R. C. B. Produção

de serapilheira e ciclagem de nutrientes de uma Floresta Estacional Semidecidual em

Zona Ripária. Revista Árvore, v. 28, n. 6, p. 793-800, 2004.

VITOUSEK, P.M., Ecosystem succession and retention: a hypothesis. BioScience 25:

376-381. & Sanford, R.L., 1986.

VITOUSEK, P.M., Produção de serapilheira em floresta Atlântica secundária numa

paisagem fragmentada (Ibiúna, SP): importância da borda e tamanho dos fragmentos.

Revista Brasil. Bot. 30: 521-532, 1984.

Page 81: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

67

VOURLITIS, G.L.; LOBO, F.A.; BIUDES, M.S.; ORTÍZ, C.E.R.; NOGUEIRA, J.S.

Spatial variations in soil chemistry and organic matter content across a Vochysia

divergens invasion front in the Brazilian Pantanal. Soil Sci. Soc. Am. J., v.75, p.1553-

1560, 2011.

VOURLITIS, G.L.; PRIANTE FILHO N.; HAYASHI, M.M.S.; NOGUEIRA, J.S.;

RAITER, F.; HOEGEL, W.; CAMPELO, JR.J.H. Effects of Meteorological Variations

on the CO2 Exchange of a Brazilian Transitional Tropical Forest. Ecological

Applications, v.14, p.89-100, 2004.

VOURLITIS, G.L; LOBO, F. A.; LAWRENCE, S.; LUCENA, I.; PINTO JR, O. B.;

DALMAGRO, H. J.; ORTIZ, C. E.; NOGUEIRA, J. S. Variations in Stand Structure and

Diversity along a Soil Fertility Gradient in a Brazilian Savanna (Cerrado) in Southern

Mato Grosso. Forest, Range & Wildland Soils, p. 1-19, 2013.

WAGAI, R.; BRYE, K.R.; GOWER, S.T.; NORMAN, J.M.; BUNDY, L.G. Land use

and environmental factors influencing soil surface CO2 flux and microbial biomass in

natural and managed ecosystems in southern Wisconsin. Soil Biology and Biochemistry,

v. 30, p. 1501-1509, 1998.

WARDLE, D.A., BARDGETT, R.D., KLIRONOMOS, J.N., SETÄLÄ, H., VAN DER

PUTTEN, W.H. & WALL, D.H., Nutrient cycling in most tropical forest. Annual

Review of Ecology Science. Palo Alto 17: 137-167., 2004.

XIONG, S. J.; NILSSON, C. The effects of plant litter on vegetation: a meta-analysis.

Journal of Ecology, n. 87, p. 984–94, 1999.

XULUC-TOLOSA, F. J., VESTER, H. F. M., RAMÍREZ-MARCIAL, N.,

CASTELLANOSALBORES, J. & LAWRENCE, D. Leaf litter decomposition of tree

species in three successional phases of tropical dry secondary forest in Campeche,

Mexico. Forest Ecology and Management, 174: 401-412, 2003.

YAMADA , T. Potássio: dinâmica e disponibilidade no solo. In: Fernandes, F. M. &

Nascimento, V. M. (eds.). Curso de atualização em fertilidade do solo. Campinas,

Fundação Cargill, p.183-205, 1987.

Page 82: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

68

ANEXO

Quadro 3 – Acúmulo de matéria seco e nutriente no MFS de florestas tropicais

Local MFS (*)

N

P

K

Ca

Mg

Solo de fertilidade média

Gana 1.070 20,2 0,74 6,8 20,9 4,5

Zaire 1.240 22,4 0,70 4,8 10,5 5,3

Panamá 1.140 0,94 2,9 25,6 3,4

Panamá 1.110 19,5 1,5 4,7 21,2 2,6

Costa Rica 810 13,5 0,60 2,0 5,9 1,6

Guatemala 900 16,9 0,58 2,0 8,8 6,4

China 1.160 16,9 1,1 2,9 10,8 5,1

Sarawak 1.150 11,0 0,41 2,6 29,0 2,0

Austrália 900 13,4 1,2 6,4 22,6 2,9

Austrália 1.040 12,4 1,02 5,6 15,9 3,6

Solo de baixa fertilidade

Colômbia(área plana) 1.200 14,1 0,42 1,7 9,0 2,0

Colômbia (área declivosa) 870 10,3 0,34 3,0 12,4 1,1

Brasil(*Floresta tropical-Amazônia) 990 15,6 0,41 1,7 3,3 2,7

Brasil(*Floresta tropical-Amazônia) 730 10,6 0,21 1,3 1,8 1,4

Brasil(*Floresta tropical-Amazônia) 790 11,4 0,22 1,8 4,2 1,4

Brasil(*Floresta tropical-Amazônia) 640 7,4 0,14 2,1 2,0 0,1

Área montanhosas

Nova Guiné 760 9,0 0,5 2,8 9,6 1,9

Venezuela 700 6,9 0,4 3,3 4,3 1,4

Porto Rico 550 8,8 0,1 0,7 5,0 1,0

Filipinas 530 8,9 0,48 1,6 6,1 0,9

Sarawak 1.100 8,6 0,25 3,1 2,1 1,6

Sarawak 360 2,8 0,11 0,6 0,7 0,6

Jamaica 550 4,9 0,15 3,9 5,0 1,7

Jamaica 660 3,9 0,13 1,5 3,4 1,9

Hawai 520 3,7 0,21 1,2 8,4 1,0

FONTE: Vitrousek e Sanford(1986)

NOTA: *Esses valores da MFS - Material formador da serapilheira foram apresentados originalmente em Mg.ha-1/ano-

1, e sendo convertido para g/m2. *Esses valores de Nutrientes foram apresentados originalmente em kg há-1ano-1, e

sendo convertido para g/kg.

Page 83: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E DA DINÂMICA DE … · diâmetro de 0,25g/m² para ambas as áreas de estudo. ..... 22 Figura 10 – A. Em campo - Pesagem de massa de

69

Quadro 4 – Comparação das variações dos nutrientes do solo após a inundação entre esta

pesquisa (Carneiro,2014), Machado (2013), Vourlitis et al., (2011) e Lima et al., (2005)

Variáveis Presente Estudo

Carneiro(2014)

Machado

(2013)

Vourlitis. et al.,

(2011)

Lima. et al.,

(2005)

Areia - Aumentou - -

Mat.org. Aumentou Aumentou Diminuiu -

P Diminuiu Aumentou Diminuiu Aumentou

Al - Aumentou Diminuiu Diminuiu

H - Aumentou Diminuiu -

Al+H - Aumentou - -

Fe - Aumentou - Aumentou

B - Aumentou - -

Argila - Diminuiu - -

Silte - Diminuiu - -

pH Aumentou Diminuiu Diminuiu -

CTC - Diminuiu Diminuiu -

K Aumentou Diminuiu Diminuiu Diminuiu

Ca Diminuiu Diminuiu Diminuiu Diminuiu

Mg Diminuiu Diminuiu Diminuiu Diminuiu

Ca+Mg - Diminuiu - -

Zn - Diminuiu - -

Cu - Diminuiu - -

Mn - Diminuiu - Aumentou

S Diminuiu Diminuiu - -