avaliaÇÃo da aptidÃo agrÍcola de solos da...
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DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA- CAMPUS III CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
Linha de Pesquisa:
Conservao do Meio Ambiente e Sustentabilidade dos Ecossistemas
WELLINGTON MIGUEL DANTAS
AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DE SOLOS DA
MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB
GUARABIRA-PB
2013
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WELLINGTON MIGUEL DANTAS
AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DE SOLOS DA
MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB
Monografia apresentada Universidade Estadual da
Paraba Campus III- Guarabira (PB), para obteno
do ttulo de Licenciatura Plena em Geografia, sob
orientao da Prof. Dr. Luciene Vieira de Arruda.
GUARABIRA-PB
2013
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Ao pai celestial, a minha famlia, aos meus amigos,
aos profissionais da educao que esto presentes na
minha trajetria, tanto no campo pessoal quanto
acadmico, pela contribuio, companheirismo, das
trocas de experincias e conhecimentos e pelos
momentos felizes e tristes que passamos juntos
desde sempre,
Eu dedico.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus por ter me concedido o ingresso na vida acadmica, alm de ser a
fonte de inspirao para a realizao do que fao em minha vida e na concretizao desse
trabalho de concluso de curso. Nossa Senhora da Conceio, a qual sou devoto, por me
iluminar e mesmo diante das dificuldades, perseverar para conseguir traar todas as metas,
objetivos, sonhos e alcanar o sucesso com humildade, pois somos seres humanos e iguais.
minha famlia por estar sempre ao meu lado nos acertos e erros que cometo ao longo
do tempo. Em especial, nas pessoas de minha me Socorro e meu pai Pedro (in memorian)
que me ajudaram a conhecer o mundo, me orientaram para vida e nos meus estudos. minha
irm Welma que, apesar das diferenas tenho por ela um carinho imenso. Aos meus avs
maternos Maria Miguel (me Maria) e Manoel Miguel, o pai Man (in memoriam), que
contriburam com a minha educao e formao, alm de ajudarem no critrio financeiro.
minha av paterna Ana - L (in memorian), pelo seu carinho e as suas palavras de estmulo.
Aos meus tios (as), em especial, a tia Simone, que me deu muito amor e carinho e por
me apoiar nas minhas decises, sejam elas no campo pessoal ou acadmico. Aos meus primos
(as) pelos momentos de descontrao. s pessoas especiais que participam ativamente do meu
cotidiano: Marta, Joo, Rose, Rosa, Fabiano, Reny, Sueliton e Joo Victor, pelas palavras de
apoio e pela ajuda nas estadias quando perdia o nibus dos estudantes e durante os
congressos. Aos meus amigos e os companheiros de curso: Glria, Clemilson, Estevo,
Amanda, Vanusa, Janice, Anacleto, Janaina, Irinaldo, Waldiclia, Wallisson, Geane, Elison,
Graa, Leonardo, Valdenize, Joseline, Rafael, Gilvnia, Ricardo, Jailson, Junio, Carol, Joo
Paulo, Thalis, Wellington, Jssica, Juliene, Thamires, Taylane, Rosi, Maurlia, Soninha e
entre outros. Em especial, Simone, a companheira de todos os momentos, pelo seu enorme
carinho, conselhos, as melhores conversas e por me orientar a romper todos os meus medos e
dificuldades. Ramon, pela amizade que construmos, apesar das discusses, sempre me
ajudou incondicionalmente e principalmente neste trabalho, deu sua contribuio na
elaborao das bases cartogrficas que se encontram no mesmo. A Analine a quem tenho uma
grande estima, pois a nossa amizade de longa data e com o seu jeito meigo me encantou e a
fez se inserir no meu crculo de amizades. A Suzy pelo seu apoio nos momentos que precisei
da sua solidariedade e compreenso. Ao casal, Wendell e Juliana, por me escutarem quando
precisava de uma ajuda ou de uma orientao.
s entidades de ensino e aos profissionais da educao, que foram responsveis pela
minha formao escolar at ingressar no ensino superior. Aos professores da UEPB Campus
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III, do Curso de Geografia e aos que passaram por essa entidade tambm: Regina, Fbio,
Rmulo, Lanusse, Santana, Edvaldo (Lima), Clema, Belarmino (Belo), Hlio, Alecsandra,
Alexandre, Severino, Raquel e Rafael, por contriburem com o meu crescimento intelectual
durante a academia. Em especial, aos professores Amanda, Carlos Belarmino e Luciene, que
semearam o caminho do ensino, pesquisa e extenso na minha jornada de estudante, muito
obrigado pela confiana.
A todos os funcionrios da UEPB - Guarabira (PB), em especial Tnia, Diana,
Elisngela, Baltazar, aos vigilantes que, mesmo nos dias que no tinha aula abriam os portes
para que eu pudesse fazer as minhas pesquisas. Aos colegas da turma 2010.1 tarde: Simone,
Cu, Kaline, Robria, Webson, Joo, Jaciele, Rafael, Clemilson, Jeyse, Daniel, Maria, Aline,
Simone, Tarcsio, Socorro, Marcelo e aos que passaram tambm.
A instituio de Fomento Universidade Estadual da Paraba e ao Programa de Incentivo
Ps-Graduao e Pesquisa; o Programa Institucional de Bolsas Cientfica (PIBIC),
financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico- CNPq que
concedeu uma bolsa de iniciao cientfica para o desenvolvimento dessa pesquisa e ao
Laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo (CCA/UFPB) Campus II, em nome do estimado
profissional, em solos, Jos do Patrocnio, na realizao das anlises qumicas dos solos, alm
de nos conceder a oportunidade de participar de grande parte deste processo. Ao grupo de
pesquisa, nas pessoas de: Glria, Espedita, Wilkson, Geisa, Andr, Leandro e Simone que me
auxiliaram durante a realizao desse estudo desde os momentos de discusses, os trabalhos
de campo e na escrita dos trabalhos para apresentao em eventos cientficos. Aos
agricultores que forneceram as informaes no campo referente aos pontos de coleta de solo.
Banca examinadora, professores Luciene Vieira de Arruda, Carlos Antonio
Belarmino Alves e Leandro Paiva Do Monte Rodrigues, agradeo pela disposio e boa
vontade em contribuir com a transformao do meu conhecimento e valoriz-los.
s experincias que obtive com outras instituies de ensino como exemplo a UFPB
Campus II, com o Professor Reinaldo, uma pessoa cheia de luz e com a qual obtive um amplo
conhecimento com relao etnobotnica, tive a oportunidade de realizar alguns trabalhos de
campo sob sua orientao e ainda ser coautor em algumas pesquisas realizadas pelo
laboratrio de etnobiologia e etnoecologia LET e aos integrantes desse grupo em especial:
Camilla, Thamires, Natan, Amabile, Rodrigo, Joo Everton, e os demais, por terem me
recebido com tanto carinho e pelos momentos que passamos juntos.
Em fim agradeo a todos que contriburam direta ou indiretamente para a construo
desse trabalho que fruto de muito esforo e dedicao, sou eternamente grato.
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Poema da Paz
O dia mais belo? Hoje
A coisa mais fcil? Errar
O maior obstculo? O medo
O maior erro? O abandono
A raiz de todos os males? O egosmo
A distrao mais bela? O trabalho
A pior derrota? O desnimo
Os melhores professores? As crianas
A primeira necessidade? Comunicar-se
O que traz felicidade? Ser til aos demais
O pior defeito? O mau humor
O mistrio maior? A morte
A pessoa mais perigosa? A mentirosa
O pior sentimento? O rancor
O presente mais belo? O perdo
O mais imprescindvel? O lar
A rota mais rpida? O caminho certo
A sensao mais agradvel? A paz interior
A maior proteo efetiva? O sorriso
O maior remdio? O otimismo
A maior satisfao? O dever cumprido
A fora mais potente do mundo? A f
As pessoas mais necessrias? Os pais
A mais bela de todas as coisas? O amor.
Madre Tereza de Calcut
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043. Curso Licenciatura Plena em Geografia
DANTAS, WELLINGTON MIGUEL. Avaliao da aptido agrcola de solos da
microrregio de Guarabira/PB. Monografia (Curso de Geografia, UEPB, na Linha de
Pesquisa: Conservao do Meio Ambiente e Sustentabilidade dos ecossistemas, orientado
pela prof. Dr. Luciene Vieira de Arruda). 2013, 91 p.
Banca Examinadora:
Prof Dr Luciene Vieira de Arruda Orientadora CH/UEPB;
Prof. Msc. Carlos Antonio Belarmino Alves Examinador CH/UEPB;
Prof. Msc. Leandro Paiva Do Monte Rodrigues Examinador CH/UEPB
Resumo
Atualmente os solos esto sendo muito explorados pela agricultura e pecuria, fatores que
mais contribuem para o processo de degradao. Assim, o objetivo dessa pesquisa avaliar a
aptido agrcola dos solos da microrregio de Guarabira/PB, visando seu uso e manejo
adequados. Os aspectos metodolgicos pautaram-se em: trabalhos de campo em diferentes
ambientes agrcolas, iniciando-se com o reconhecimento do local de estudo, sendo coletadas
127 amostras de solo da camada arvel, com o uso do trado de caneco. Em seguida, o local da
coleta foi devidamente georreferenciados e os preparados para descrio macromorfolgica.
Posteriormente estas amostras de solos foram analisadas em suas caractersticas qumicas e de
fertilidade no laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e
Engenharia Rural do CCA/UFPB em Areia (PB). Os resultados confirmam que 57% dos solos
estudados esto na faixa do pH ideal para a maioria os cultivos tradicionais da regio (5,5
6,5); 38% so considerados cidos e apenas 5% so considerados alcalinos, no sendo
registrado nenhum solo com pH neutro. Isso demonstra que a maior preocupao que se deve
ter com esses solos, quanto ao pH, diz respeito correo da acidez. Os municpios de
Caiara e Sertozinho apresentaram pH ideal em todas as amostras coletadas, seguidos dos
municpios de Belm (80%), Cuitegi (75%) e Guarabira (75%), o que confirma as melhores
condies de liberao de nutrientes para as plantas, demonstrando boa fertilidade natural,
porm so marcados pela deficincia de gua, por conta dos baixos ndices pluviomtricos,
sendo classificados como de aptido BOA em todos os nveis de manejo (A, B e C).
Praticamente 100% das amostras de solo coletadas apresentaram soma de bases mdia a muito
boa, sendo que os municpios de Alagoinha, Guarabira, Lagoa de Dentro e Mulungu
registraram os melhores valores. O mesmo pode ser observado para os resultados de CTC, em
que todas as amostras registraram CTC mdia a alta, principalmente Guarabira, Cuitegi,
Lagoa de Dentro, Mulungu, Alagoinha, Serra da Raiz e Pirpirituba. Belm e Caiara tiveram
100% de seus solos considerados eutrficos, seguidos de Alagoinha (90%), Mulungu (89,4%)
e Guarabira (81,2%). Cuitegi, Pilezinhos e Logradouro registraram a condio eutrfica em
75% dos solos analisados, j o municpio de Pirpirituba registrou o menor percentual (50%).
Sabe-se que os solos so recursos finitos, passivos a eroses, perda de fertilidade e at,
numa situao mais grave, ocorrncia de desertificao na rea. Ento, para se melhorar
tanto a produtividade quanto o uso consciente dos recursos naturais, preciso respeitar o
ambiente obedecendo ao tempo de descanso ou pousio para o solo, fazer rotao de culturas,
avaliar a fertilidade natural atravs de anlises qumicas e principalmente evitar o uso de
agrotxicos ou utiliz-los com restrio, pois os mesmos destroem os microorganismos do
solo, contaminam o lenol fretico e podem deixam as pragas ainda mais resistentes.
PALAVRAS-CHAVE: Solos, Fertilidade do solo, Aptido agrcola.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localizao geogrfica da Microrregio de Guarabira, Paraba ................ 32
Figura 2.
Mapa de distribuio das coletas de solo de acordo com as pseudocores
do Modelo Digital do Terreno (DMT) da Microrregio de Guarabira,
Paraba ........................................................................................................ 36
Figura 3. Paisagem do local da coleta Microrregio de Guarabira, Paraba ............. 38
Figura 4. Coleta do solo com o trado de caneco Microrregio de Guarabira,
Paraba ........................................................................................................ 38
Figura 5. Tratamento da coleta no campo Microrregio de Guarabira, Paraba ....... 38
Figura 6. Descrio dos dados na ficha de campo Microrregio de Guarabira,
Paraba ........................................................................................................ 38
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Alternativas de utilizao das terras de acordo com os grupos de aptido
agrcola segundo Ramalho Filho e Beek (1995)......................................... 20
Quadro 2. Dados demogrficos e quantidade de coletas de solos da Microrregio de
Guarabira/PB............................................................................................... 37
Quadro 3 Caractersticas Qumicas da camada arvel dos solos da Microrregio de
Guarabira/PB............................................................................................... 52
Quadro 4 Percentual de Saturao de bases (V%) e condies eutrficas e
distrficas nos solos da Microrregio de Guarabira/PB............................. 61
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1. Resultados de pH das amostras de solos analisadas na Microrregio de
Guarabira/PB.............................................................................................. 59
Grfico 2 Percentual de Saturao de Bases (V%) e condies eutrficas e
distrficas nos solos da microrregio de Guarabira/PB.............................. 60
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AESA Agncia Executiva de guas do Estado da Paraba
Al Alumnio
C Camada
Ca Clcio
CCA Centro de Cincias Agrrias
cm Centmetros
cmolc Centimol de carga
CO Carbono Orgnico
C Celsius
Cont. Continuao
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CTC Capacidade de troca catinica
Dag Cecagrama
DMT Modelo Digital do Terreno
DOD Departamento de Defesa
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuria
gr Grama
GPS Sistema de Posicionamento Global
H Hidrognio
H+ AL Acidez Potencial
hec Hectares
hab. Habitantes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDEM Instituto de Desenvolvimento Municipal do Estado da Paraba /
K Potssio
Kg Quilograma
Km Quilmetro quadrado
m Saturao por alumnio
Mg Magnsio
mm Milmetro
MOS Matria orgnica do Solo
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Na Sdio
NIMA National Imaghy and Mapling
P Fsforo
PB Paraba
pH Potencial Hdrico
PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica
PROPESQ Programa de Incentivo Ps-Graduao e Pesquisa
PST Porcentagem de Sdio Trocvel
S Solo
SAAT Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola
SB Soma de Bases
SIBCS Sistema Brasileiro de Classificao de Solos
SRTH Shuttle Radar Topographic Mission
SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente
Ton. Tonelada
UEPB Universidade Estadual da Paraba
UFPB Universidade Federal da Paraba
UTM Unidade Transversa de Mercator
V Saturao por base
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................................. 13
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................... 15
2.1 OS SOLOS E SEUS FATORES DE FORMAO .................................................... 15
2.2 MTODOS DE AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DOS SOLOS .............. 18
2.3 PARMETROS MORFOLGICOS E QUMICOS NO ESTUDO DOS SOLOS E
SEUS EFEITOS NAS CULTURAS AGRCOLAS........................................................... 22
2.3.1 Parmetros morfolgicos ........................................................................................ 22
2.3.2 Parmetros qumicos ............................................................................................... 24
3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 30
3.1 LOCALIZAO GEOGRFICA E CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL
DA REA DE ESTUDO ................................................................................................... 30
3.2 PESQUISA BIBLIOGRFICA E CARTOGRFICA ............................................... 34
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS CARTOGRFICOS ............................................... 35
3.4 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................. 35
3.5 ANLISES LABORATORIAIS ................................................................................. 38
3.6 PESQUISA EM GABINETE ....................................................................................... 39
4 RESULTADOS E DISCUSSO................................................................................... 40
4.1 CARACTERSTICAS GERAIS E MACROMORFOLGICAS DOS SOLOS
ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB ......................................... 40
4.2 CARACTERSTICAS QUMICAS DOS SOLOS ESTUDADOS NA
MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB ....................................................................... 47
4.3 POTENCIALIDADES AGRCOLAS E LIMITAES DO USO DOS SOLOS
ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB ........................................ 58
6 CONCLUSES .............................................................................................................. 62
REFERNCIAS ............................................................................................................... 65
ANEXOS ........................................................................................................................... 71
ANEXO A - QUADRO DESCRIO GERAL DA MICRORREGIO DE
GUARABIRA/PB, 2012.................................................................
ANEXO B - QUADRO DA DESCRIO MORFOLGICA DOS SOLOS DA
MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB/ PIBIC/ UEPB CNPq-
2012..................................................................................................
ANEXO C - QUADRO DE AVALIAO DE APTIDO AGRCOLA DE SOLOS
DA MICRORREGIO DE GUARABIRA (PB), 2012.............................
ANEXO D - CLASSES DE INTERPRETAO DE FERTILIDADE DO SOLO........
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1 INTRODUO
O solo um recurso natural precioso para a vida no planeta, mas alvo de diversos
tipos de degradao em nome do crescimento econmico. Atualmente as atividades humanas
exercem influncia sobre 83% da superfcie terrestre (CWS, 2007), sendo que atividades
como os desmatamentos, o superpastoreio e as prticas agrcolas inadequadas, so os
principais responsveis pelos processos de degradao do solo (ARAJO et al., 2005).
Segundo Lepsch (2010), a cincia/a do solo foi subdividida em diferentes subreas do
conhecimento do ponto de vista edafolgico (termo que deriva do grego edaphos = terreno e
logos = estudo) dentre elas: fertilidade qumica, fsica e biolgica e manejo agrcola. E outras
do ponto de vista pedolgico, tais como: Gnese, Morfologia e Classificao, Levantamento
de solos, Qumica e Mineralogia do solo. A fertilidade do solo tem a funo de estudar a
capacidade da camada superficial, ou seja, onde se concentra a maior parte das razes das
plantas cultivadas, para suprir as necessidades essenciais do solo.
No que se refere produo agrcola, estima-se que 98% das terras agricultveis do
planeta j estejam sendo utilizadas por monoculturas, principalmente arroz, trigo e milho e
23% dessas terras j foram afetadas em um grau suficiente para ameaar sua capacidade de
produo com a consequente reduo de sua fertilidade (GEO, 2004). Isso indica que a
populao mundial explora o solo muito alm de sua capacidade de regenerao, o que
implica em um crescimento econmico contraditrio ao que prega o desenvolvimento
sustentvel, pois deprecia o capital natural, compromete a manuteno da vida futura.
Quando se leva em considerao que o acesso a terra e a implementos agrcolas
reservado aos que detm recursos financeiros e tecnolgicos suficientes para cultivos at em
reas naturalmente imprprias ao plantio, de se esperar que tal desenvolvimento venha
comprometer principalmente as populaes mais carentes, que no possuem as mesmas
condies de produo e, consequentemente, de consumo desses produtos (SANTIN, 2006).
Nesse contexto, o uso do solo, de uma forma racional e adequada, representa fator
imprescindvel para obteno de resultados satisfatrios nos empreendimentos agrcolas ou
em quaisquer outros setores que utilizam o solo como elemento integrante de suas atividades.
Para se chegar a tais resultados necessrio conhecer suas caractersticas intrnsecas e
extrnsecas, atravs da interpretao de levantamentos de solos que possam fornecer subsdios
para a avaliao de seu comportamento ou aptido, quando submetidos a diferentes tipos de
explorao, ou seja, a chamada potencialidade agrcola (IBGE, 1997).
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Assim, podem ser realizadas interpretaes de potencial de uso do solo para diversos
fins. No que diz respeito agricultura, as terras podem ser classificadas de acordo com sua
aptido para vrias culturas, sob diferentes condies de manejo e viabilidade de
melhoramento, levando em considerao as necessidades de alguns fertilizantes e corretivos e
que possibilitem a avaliao da demanda potencial desses insumos em funo da rea
cultivada (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995).
Conscientes da importncia da discusso dessa temtica, luz do conhecimento
cientfico, a referida proposta de trabalho tem como objeto de pesquisa a Microrregio de
Guarabira, localizada no estado da Paraba, na Mesorregio do Agreste Paraibano, uma rea
que envolve 14 municpios: Pilezinhos, Cuitegi, Alagoinha, Mulungu, Araagi, Pirpirituba,
Sertozinho, Duas Estradas, Serra da Raiz, Lagoa de Dentro, Belm, Logradouro, Caiara e
Guarabira situados em uma faixa estreita entre a Mata Paraibana e a Borborema, caracterizada
geomorfologicamente como Depresso Sublitornea. Trata-se de uma rea cujas atividades
econmicas ainda so representadas pela agricultura e pecuria, mas profundamente marcada
pela baixa produtividade.
Essa pesquisa foi dividida em duas etapas: na primeira etapa da pesquisa fez-se apenas
uma avaliao da aptido agrcola de solos no municpio de Guarabira (PB) e a descrio
geral dos solos do restante dos municpios. Na segunda etapa so analisados todos os
resultados referentes aos 14 municpios da microrregio em estudo. Assim, constam neste
trabalho as caractersticas macromorfolgicas e qumicas de todos os solos coletados nos
municpios da microrregio de Guarabira/PB, bem como o desenvolvimento e indicao das
prticas de manejo e conservao dessas terras para cada uma das classes de aptido agrcola
(boa, regular, restrita ou inapta).
O estudo proposto um instrumento essencial para a discusso de um planejamento
racional de uso dos solos na Microrregio de Guarabira e pode servir de exemplo para outras
microrregies, com o propsito de compreender o equilbrio entre as atividades humanas e o
meio ambiente, de modo a possibilitar o melhor aproveitamento dos solos no sentido de
maximizar a produo agrcola e de reverter o atual processo de degradao.
O objetivo geral da pesquisa avaliar a aptido agrcola dos solos da Microrregio de
Guarabira, visando seu uso e manejo adequado, de modo a possibilitar o melhor
aproveitamento no sentido de minimizar o atual processo de degradao das terras, melhorar
sua produtividade e contribuir para o crescimento econmico e social dessa Microrregio.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
A presente fundamentao terica explica como os solos so formados, mostra a
importncia de se realizar estudos direcionados avaliao da aptido agrcola dos solos,
apresenta os mtodos utilizados por estudiosos que realizaram pesquisas nessa rea e discute a
importncia da macromorfologia e dos macronutrientes contidos no solo para as culturas.
2.1 OS SOLOS E SEUS FATORES DE FORMAO
Segundo Primavesi (2006), o solo Alfa e mega, o incio e o fim de tudo. A autora,
com essas simples palavras, tenta mostrar que toda a vida existente no Planeta Terra depende
do solo e por isso devemos cuidar muito bem desse recurso natural para que sempre possa nos
sustentar e produzir o que consumimos. Os solos so formados em funo de cinco principais
fatores: material de origem, clima, organismos vivos, topografia e tempo (VIEIRA, 1988). a
ao desses fatores que controla a alterao intemprica e que vai provocar profundas
mudanas no saprolito, caracterizadas por perdas, adies, translocaes e transformaes de
materiais (TOLEDO et al., 2001).
Os fatores clima e topografia, ao interagir com os organismos, durante um certo perodo
de tempo, determinam o ambiente do solo (CHAVES e GUERRA, 2006). O clima e os
organismos vivos so os fatores ativos porque, durante determinado tempo e em certas
condies de relevo, agem diretamente sobre o material de origem, que fator de resistncia
ou passivo. Em certos casos, um desses fatores tem maior influncia sobre a formao do
solo do que os outros. Contudo, e em geral, qualquer solo resultante da ao combinada de
todos esses cinco fatores (OLIVEIRA, 2005).
A maior ou menor velocidade com que o solo se forma depende, portanto, do tipo de
material de origem e de seu intemperismo, uma vez que, sob condies idnticas de clima,
organismos e topografia, certos solos se formam mais rpido que outros (LEPSCH, 2010).
O material de origem um fator to importante na gnese dos solos que muitas de suas
classificaes foram nele baseadas, como o caso dos solos do Arenito Bauru, Arenito
Botucatu e outros. E importante ainda reconhecer que os solos atuais devem suas
propriedades composio da parte superior presente quando o conjunto de fatores do meio
ambiente iniciou suas aes e continuou agindo ao longo do tempo (BUOL et al., 1997).
Dessa forma, o material de origem, dependendo das condies pedogenticas a que
estiver submetido pelo conjunto dos outros fatores de formao (relevo, organismos, clima e
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tempo), vai interferir diretamente sobre muitos atributos dos solos, tais como textura, cor,
composio qumica e mineralgica (OLIVEIRA et al., 1992).
Um material derivado de uma mesma rocha poder formar solos completamente
diferentes. Por outro lado, materiais diferentes podem formar solos similares quando sujeitos,
por um longo perodo de tempo, ao mesmo ambiente climtico. O clima regula o tipo e a
intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e, conseqentemente,
a distino entre os horizontes pedogenticos (LEPSCH, 2010).
Entre os elementos do clima, a temperatura e a precipitao pluvial so aqueles que
mais interferem na formao dos solos. A precipitao pluvial fornece a gua, presente na
maior parte dos fenmenos fsicos, qumicos e bioqumicos que se processam no solo. A
temperatura, por outro lado, influencia, marcadamente, na velocidade e intensidade com que
estes fenmenos atuam, principalmente nas reaes qumicas (VIEIRA, 1988).
A topografia do terreno outro fator de influncia marcante na formao do solo e no
desenvolvimento do perfil e pode modific-lo de trs maneiras: facilita a absoro e reteno
de gua de precipitao pelo solo (relao de umidade essencial para as aes qumicas e
biolgicas do processo de intemperizao); influencia no grau de remoo de partculas do
solo pela eroso; e facilita a movimentao de materiais em suspenso ou em soluo, para
outras reas (VIEIRA, 1988). O relevo reflete diretamente sobre o clima e sobre a dinmica
da gua, pois regula seus movimentos ao longo da vertente, age sobre seu regime hdrico, atua
sobre a percolao, implicando em mais lixiviao de solutos, transporte de partculas
coloidais em suspenso no meio lquido e ainda nos processos onde a presena da gua
imprescindvel (hidrlise, hidratao e dissoluo) (OLIVEIRA, 2005).
Para o autor supracitado, a influncia do relevo perceptvel no solo pela variao da
cor, que pode ocorrer a distncias relativamente pequenas, quando comparadas com as
diferenas advindas unicamente da ao de climas diversos. Em sua maioria, resultam de
desigualdades de distribuio no terreno da gua da chuva, da luz, do calor do sol e da eroso.
A profundidade de um solo, por exemplo, tende a ser maior em reas planas do que em
reas de maior declividade. Os terrenos pouco ondulados geralmente possuem melhores solos,
porque neles a drenagem ocorre de modo suficiente e a eroso menor. A variao de
topografia origina uma sequncia de perfis geneticamente ligados entre si, mas diferenciados
por caractersticas morfolgicas (eluviais, coluviais e aluviais) (LEPSCH, 2010).
Os organismos (microorganismos, vegetais superiores, animais, etc.) que vivem no solo
e sobre ele, so tambm de grande importncia para a diferenciao dos perfis de solos, pois
determinam o tipo, a quantidade e a deposio dos materiais orgnicos que se acumulam no
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solo. Influenciam ainda na reciclagem dos nutrientes, trazendo-os da parte mais profunda do
perfil do solo para a superfcie, da mesma forma que participam de importantes reaes do
solo (BIGARELLA et al., 1996; CHAVES e GUERRA, 2006).
Os microorganismos (algas, bactrias e fungos) desempenham o incio da decomposio
dos restos vegetais e animais e contribuem para a formao do hmus, que se acumula
principalmente nos horizontes mais superficiais. Os produtos dessa decomposio tambm
promovem a unio das partculas primrias do solo, ajudando a formar agregados que
compem a estrutura do solo (LEPSCH, 2010).
A macroflora, representada pela cobertura vegetal, tem duas aes bsicas na formao
dos solos: uma passiva, que atenua a agressividade climtica e protege a superfcie do solo
contra a eroso, favorecendo a formao de solos mais profundos; a outra ao mais ativa e
age atravs de processos fisiolgicos (absoro de gua e dos compostos nela dissolvidos,
transpirao, exsudao, etc) e pela adio de galhos, folhas, ramos, sementes, razes e
tubrculos que formaro a matria orgnica do solo (OLIVEIRA, 2005).
A microflora e microfauna tm maior importncia nos estgios iniciais do intemperismo
qumico e fsico das rochas, pois penetram atravs das fissuras das rochas deixando-as mais
vulnerveis desagregao. Ambas, juntamente com a macroflora, influenciam na
composio do ar dos solos medida que interferem nas reaes de oxidao, reduo,
carbonatao, condicionando a solubilizao de minerais das rochas, de compostos qumicos
inorgnicos delas derivados, tornando-os mobilizveis ou no nas guas que transitam nos
solos (OLIVEIRA et al., 1992).
O ser humano tambm tem sua influncia na formao dos solos quando retira ou
adiciona material, o que vai refletir na constituio e no arranjo das camadas do solo e em
novos direcionamentos da pedognese. Assim, o manejo inadequado dos solos, seja de
retirada de material ou na adio de insumos agrcolas, pode modificar as condies
ambientais a ponto de causar desequilbrios irreversveis (VIEIRA, 1988).
Para compreender como o fator tempo influencia na formao do solo, interessante
observar a superfcie de um afloramento rochoso, no qual musgos e liquens comeam a se
desenvolver sobre uma delgada camada de rocha decomposta. Este um exemplo do estgio
inicial da formao do solo. Com o passar do tempo, e no havendo eroso acelerada, as
caractersticas desse solo comeam a se tornar cada vez mais distintas: os horizontes vo se
espessando e diferenciando-se, e o slum (horizonte A + horizonte B) pode atingir alguns
metros. Portanto, a mais bvia caracterstica influenciada pelo tempo observar a
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18
diferenciao dos horizontes do solo, pois solos jovens so normalmente menos espessos que
os solos velhos (LEPSCH, 2010).
Para saber quanto tempo necessrio para que um solo seja formado deve-se distinguir
a sua idade (cronologia) e sua maturidade (evoluo). A idade absoluta de um solo a medida
dos anos transcorridos desde o seu incio at determinado momento, enquanto a maturidade
expressa pela evoluo por ele sofrida, manifestada pelos seus atributos (OLIVEIRA et al.,
1992). Um solo maduro, por exemplo, aquele cujas feies do perfil so bem desenvolvidas,
ou seja, quanto maior o nmero de horizontes e maior a sua espessura e diferenciao com
relao aos outros horizontes, mais maduro se o solo (VIEIRA, 1988). Nesse contexto, deve-
se avaliar o seu grau de intemperismo, mediante a proporo de minerais primrios (quartzo,
feldspatos, piroxnio, micas, anfiblios e olivinas), em relao aos minerais secundrios
(MEURER, 2006). Assim, quanto maior for esse resultado, menos intemperizado ser o solo
(VAN WANBEKE, 1959), apud Oliveira (2005).
Uma outra forma de avaliao desse critrio atravs do ndice Ki ou relao
SiO2/Al2O3. Ki alto indica solos pouco intemperizados, com predomnio de argilas jovens ou
pouco intemperizadas (vermiculita, montmorilonita, etc) e Ki baixo indica solos altamente
intemperizados, com predomnio de argilas velhas (caulinita, gibsita) (VIEIRA, 1988).
2.2 MTODOS DE AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DOS SOLOS
A avaliao da aptido agrcola das terras corresponde interpretao de estudos e
informaes obtidas dos levantamentos de solos, complementando-se com dados climticos.
A classificao da aptido agrcola das terras no necessariamente um guia fundamental
para se obter os benefcios das terras, mas uma orientao de como utilizar os recursos em
nvel de planejamento regional e nacional (IBGE, 1994).
Conforme Barnes e Souza (2003) a avaliao da aptido agrcola das terras uma das
tcnicas mais importantes no estudo dos solos, por permitir o uso e adequao do seu uso no
que diz respeito sua capacidade de sustentao, alm de evitar a possvel degradao desse
recurso natural a partir do cultivo de culturas agrcolas.
Dentre os vrios sistemas usados para a classificao das terras quanto ao potencial de
uso agrcola, esto: o Sistema de Classificao da Capacidade de Uso das Terras, proposto por
Klingebiel e Montgomery (1961), conhecido como Sistema Americano e o Sistema de
Avaliao da Aptido Agrcola das Terras (SAAT), ou Sistema Brasileiro, desenvolvido por
Ramalho Filho e Beek (1995) (SCHNEIDER, GIASSON e KLAMT, 2007).
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19
Deste modo, utilizamos o Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras
proposto por Ramalho Filho e Beek (1995), que representa a verso mais atualizada da
metodologia sugerida por Bennema et al. (1964). Nesta metodologia so considerados trs
sistemas de manejo (primitivo, pouco desenvolvido e desenvolvido), sendo as classes de
aptido agrcola, identificadas a partir dos graus de limitao (nulo, ligeiro, moderado, forte e
muito forte) relativos a cinco critrios: deficincia de fertilidade; deficincia de gua; excesso
de gua ou deficincia de oxignio; susceptibilidade eroso; e impedimento mecanizao.
No Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras, Ramalho Filho e Beek
(1995), definem os seguintes critrios a serem considerados:
Deficincia de Fertilidade: depende principalmente dos teores de macro e
micronutrientes disponveis, da presena ou ausncia de certos elementos txicos, como
alumnio (Al) e Mangans (Mn) , que diminuem a disponibilidade de alguns minerais
importantes para as plantas, bem como da presena ou ausncia de sais solveis,
especialmente Sdio (Na). Assim, tal ndice avaliado atravs da saturao por bases (V),
saturao com Al (M), soma de bases (S), Capacidade de Troca Catinica (CTC), relao
C/N, fsforo disponvel, saturao com Na, condutividade eltrica do extrato de saturao e
pH, todos obtidos na anlise do solo.
Deficincia de gua: definida pela quantidade de gua armazenada no solo, possvel
de ser aproveitada pelas plantas, a qual est na dependncia de condies climticas
(especialmente precipitao e evapotranspirao) e condies edficas (capacidade de
reteno de gua do solo). Nesse caso, importante conhecer a distribuio anual das
precipitaes, a durao do perodo de estiagem, as caractersticas da cobertura vegetal, o
comportamento das culturas, bem como algumas caractersticas fsicas e qumicas do solo
(textura, tipo de argila, teor de matria orgnica, quantidade de sais e profundidade efetiva).
Excesso de gua ou deficincia de oxignio: normalmente est relacionado com a
classe natural de drenagem natural do solo, que por sua vez, resultante da interao de
vrios fatores (precipitao, evapotranspirao, relevo local e propriedades fsicas e qumicas
do solo), incluindo tambm os riscos, a frequncia e a durao das inundaes a que a rea
est susceptvel. Devem ser observadas caractersticas do solo como a permeabilidade,
presena e profundidade de um horizonte menos permevel (pan, plintita, etc).
Susceptibilidade eroso: refere-se ao desgaste que a superfcie poder sofrer, quando
submetida a qualquer uso desprovido de medidas conservacionistas. Nesse caso, este ndice
depende diretamente das condies climticas (principalmente do regime pluviomtrico), das
condies fsicas do solo, das condies do relevo e da cobertura vegetal.
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20
Impedimento mecanizao: diz respeito as condies apresentadas pelas terras para
o uso de mquinas e implementos agrcolas. Assim, tanto as caractersticas fsicas quanto a
situao do relevo so importantes na determinao dessa condio.
Como resultado do cruzamento desses critrios, as terras so ordenadas em quatro
classes (boa, regular, restrita e inapta), levando-se em conta seis grupos de aptido agrcola
(Quadro 1), sendo que os trs primeiros grupos (1, 2 e 3) so aptos para lavouras e divididos
de acordo com o aumento da intensidade de uso (aptido restrita, regular e boa); o grupo 4
indicado, basicamente para pastagem plantada; o grupo 5 indicado para silvicultura e ou
pastagem natural; e o grupo 6 rene terras sem aptido agrcola, sendo indicada somente para
a preservao da natureza.
Quadro 1. Alternativas de utilizao das terras de acordo com os grupos de aptido agrcola
segundo Ramalho Filho e Beek (1995).
Grupo de
Aptido
Agrcola
Aumento da intensidade de uso
Preservao
da flora e
da fauna
Silvicultura
e/ou
pastagem
natural
Pastagem
plantada
Lavouras
Aptido
restrita
Aptido
regular
Aptido
boa
1
2
3
4
5
6 Fonte: adaptado de RAMALHO FILHO E BEEK (1995 p. 10).
Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 1997) referente ao
potencial agrcola brasileiro, afirmam que na dcada de 1990 apenas 8,2 % dos solos do pas
possuam classe de aptido boa, 42,7 % se enquadravam na classe regular, 11,2 % eram solos
de classe restrita e 33,2 % eram considerados inaptos para o desenvolvimento de atividades
agrcolas. No que diz respeito ao Nordeste brasileiro, a Embrapa Semirido (EMBRAPA,
2004) atesta que vinte milhes de hectares de solos aproximadamente encontram-se em
processo de degradao, o equivalente a 12 % da rea total da regio, sendo que o estado da
Paraba apresenta o maior percentual (63 %). Essa porcentagem est distribuda nos seguintes
nveis de evoluo da degradao: 37,36 % dos solos j esto com um nvel de degradao
extremamente forte; 12,28 % so considerados de nvel muito forte; 5,29 % se enquadram no
nvel forte e os 8,49 % restantes so considerados de nvel moderado.
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21
Dados organizados por Arruda (2008) atestam que os estudos referentes anlise de
solos na Paraba so ainda incipientes. Em 1972 foi realizado o levantamento exploratrio-
reconhecimento de solos do estado da Paraba, sendo avaliados 64 perfis de solos bem como
sua interpretao para uso agrcola (BRASIL, 1972). Baseado neste documento, o Ministrio
da Agricultura, atravs da Secretaria Nacional de Planejamento Agrcola, elaborou, em 1978,
a avaliao da aptido agrcola das terras deste estado (BRASIL, 1978).
Em 1978, um convnio feito entre rgos estaduais e federais (PARABA, 1978)
realizou o zoneamento agropecurio e pedoclimtico do estado da Paraba, a partir de 167
perfis de solo, complementando com mais 20 perfis descritos em Brasil (1972). Tal
zoneamento delineou o potencial do meio fsico estadual para 16 atividades agrcolas, uma
atividade florestal e uma atividade agropecuria (pastagem), levantando o uso dos solos, mas
sem indicar ou mapear a aptido agrcola dos mesmos.
Embora um mapa de aptido agrcola das terras do estado da Paraba j tenha sido
elaborado, com o intuito de orientar produtores e gestores no melhor uso dessas terras, as
atuais condies de produo e uso dessas terras tm demonstrado que, possivelmente, tal
estudo no foi suficiente para proporcionar maior conhecimento, quantitativo e qualitativo ou
que no foi levado at os produtores para que pudessem por em prtica tais recomendaes,
principalmente na escala das microrregies paraibanas, no que diz respeito s reservas
potenciais dessas terras visando o uso correto das mesmas.
O atual quadro socioeconmico da Microrregio de Guarabira demonstra que a
agropecuria entrou em declnio, no somente em funo da superao dos padres
tecnolgicos dominantes, mas sobretudo, devido a fatores ambientais (exausto dos solos, da
fauna e da flora) (ARRUDA, 2008). As condies naturais exercem uma influncia
considervel no sistema agrcola, exceto nas grandes fazendas agropecurias, concentradas na
Zona da Mata, ou nos grandes projetos agropecurios financiados pelo governo federal, onde
se produz principalmente cana-de-acar, abacaxi e coco-da-baia (SUDEMA, 2004),
produes estas que mascaram os ndices de distribuio de renda no estado, pois se sabe que
tais rendimentos no se estendem maioria da populao paraibana.
A situao exposta nada mais que uma consequncia de problemas maiores de ordem
social, poltica e econmica como a ausncia de programas educacionais que possam
melhorar o nvel tcnico do agricultor e de seus familiares, da falta de planejamento agrcola
nacional, regional ou local e da estrutura fundiria bastante irregular, marcada pelo latifndio.
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2.3 PARMETROS MORFOLGICOS E QUMICOS NO ESTUDO DOS SOLOS E SEUS
EFEITOS NAS CULTURAS AGRCOLAS
2.3.1 Parmetros Morfolgicos
Os principais parmetros morfolgicos do solo so: cor, textura, estrutura e
consistncia. A cor do solo funo principalmente da presena de xidos de ferro e matria
orgnica (MO), alm das condies de drenagem e aerao do solo, da lixiviao, do material
de origem, da intensidade dos processos de alterao da rocha e da distribuio do tamanho
das partculas (FERNANDEZ e SCHULZE, 1992). Alguns solos refletem diretamente as
cores do material geolgico que o originou. O mangans (Mn), por exemplo, tende a dar cores
negras ao solo, a matria orgnica (MO) induz a tonalidades preta e marrom, elevados
contedos de clcio (Ca2+
) e magnsio (Mg2+
) atribuem cores esbranquiadas ao solo
(SANTOS et al., 2005).
A matria orgnica (MO) a principal responsvel pelas cores escuras dos solos,
podendo variar do branco (deficincia de MO) ao negro (excesso de MO). Os compostos de
ferro no hidratados geralmente do tonalidades que variam do vermelho (hematita) ao
marrom. Por outro lado, as cores amarelas e cinza-amareladas dependem do contedo de
xidos hidratados. Essas cores que dependem dos compostos de ferro podem indicar, com
segurana, as condies de drenagem do solo (CHAVES e GUERRA, 2006).
O solo pode apresentar resistncia ou no s aes erosivas, sejam elas oriundas da
natureza ou da ao humana. Tais reaes tm ligao direta com a textura do mesmo. A
textura do solo uma caracterstica importantssima, utilizada no estudo da gnese,
morfologia e do solo. Alm disso, a textura tem relao direta sobre a fertilidade dos solos, ou
seja, solos arenosos tendem a ser menos frteis que solos argilosos; tambm tem relao com
o nvel de conservao do solo, ou seja, solos arenosos tm alta permeabilidade gua, mas
podem tambm ser mais susceptveis eroso hdrica (KONDO, 2008).
A textura do solo definida como a proporo das relaes entre as fraes
granulomtricas: a areia, no estado mais grosso, silte e argila, os componentes mais finos.
Ambos fazem parte da massa do solo (SANTOS et al. , 2005). A quantidade de cada frao
define a classe textural que, por sua vez, vai interferir em outras caractersticas fsicas do solo
(argila dispersa em gua, grau de floculao, relao silte/argila, densidade do solo (Ds) e de
partculas (Dp) e porosidade total (Pt)) (LEPSCH, 2010, MALAVOLTA, 2006).
Os solos com presena de areia no apresentam plasticidade, nem pegajosidade e por
isso, so suscetveis eroso. O grau granulomtrico da textura de cada solo vai indicar o
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percentual da presena de minerais, que influenciam na questo de infiltrao e
armazenamento de gua e presena de razes. Conforme Lepsch (2010), a textura est
relacionada s propores das vrias partculas de gros individuais, dentre elas: areia, silte e
argila que formam o solo.
Embora as fraes areia e silte sejam importantes para determinar a origem dos solos,
seu estado de intemperizao e suas reservas de nutrientes, no so importantes na atividade
fsico-qumica dos mesmos, por isso tais fraes so consideradas apenas o esqueleto do solo.
J as argilas so as responsveis pelos processos de expanso e contrao do solo, quando
absorvem ou perdem gua. O fato da maioria das argilas serem carregadas negativamente,
forma uma camada eletrosttica dupla com ons de soluo do solo ou com molculas de gua
que permitem aos solos argilosos uma tendncia a serem plsticos e pegajosos, quando
molhados, densos e duros, quando secos, a terem baixa permeabilidade gua e a serem
pobremente arejados (CHAVES e GUERRA, 2006).
Juntamente com a textura, a estrutura do solo influencia na quantidade de ar e de gua,
bem como na penetrao e distribuio das razes, necessrias s plantas para sua fixao ao
solo, absoro de nutrientes, atividade microbiana e na resistncia eroso, entre outros
(SANTOS et al, 2005). Refere-se ao modo como as partculas primrias esto distribudas e a
facilidade de separ-las, pois se encontram interligadas atravs de agregados, o que indica o
grau de desenvolvimento de cada estrutura (SANTOS et al., 2005).
A anlise da consistncia se define com o tato, ou seja, a fora imposta dureza ou
mesmo facilidade que uma amostra de solo tende a quebrar. Pode-se dizer que a
consistncia est relacionada capacidade que tem o solo de resistir desagregao atravs
de determinada presso exercida sobre o mesmo.
Lepsch (2010) menciona que o solo sofre mudanas no apenas por causa das
caractersticas mais fixas do solo (textura, estrutura e agentes cimentantes, etc.), mas tambm
pelo teor de umidade nos poros por ocasio de sua determinao. Assim, a consistncia do
solo est classificada em trs estados de umidade: saturado (para estimar a plasticidade e
pegajosidade); mido (para estimar a friabilidade) e seco (para estimar a dureza ou
tenacidade). Assim, Para caracterizar a consistncia de um agregado no estado seco preciso
considerar a dureza ao esborrachar nos dedos; quando a amostra est mida a consistncia
diagnosticada a partir da friabilidade; por ltimo, quando a amostra est molhada ou
encharcada, caracterizada pela presena ou ausncia de plasticidade e pegajosidade do solo
(SANTOS et al, 2005).
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2.3.2 Parmetros Qumicos
As plantas so capazes de sintetizar todas as molculas orgnicas de que necessitam a
partir da gua, do dixido de carbono atmosfrico e de elementos minerais, utilizando a
radiao solar como fonte de energia. As plantas absorvem os elementos presentes na soluo
do solo, mesmo que deles no necessitem. A cultura de plantas em soluo nutritiva permitiu
identificar os elementos essenciais para as plantas, designados por nutrientes vegetais.
Segundo Vale et al. (1997) os nutrientes podem ser classificados de acordo com
critrios fisiolgicos ou quantitativos. No primeiro caso, os nutrientes so divididos em quatro
grupos, conforme as funes desempenhadas nas plantas. No critrio quantitativo, o carbono
(C), o oxignio (O), o hidrognio (H+), o nitrognio (N), o fsforo (P), o potssio (K
+), o
clcio (Ca2+
), o magnsio (Mg2+
) e o enxofre (S) so designados por macronutrientes, por
serem necessrios em quantidades mais elevadas, enquanto que o ferro (Fe), o mangans
(Mn), o zinco (Zn), o cobre (Cu), o nquel (Ni), o boro (B), o molibdnio (Mo) e o cloro (Cl)
so designados por micronutrientes.
Segundo os autores supracitados, o cloro foi o ltimo elemento essencial a ser
descoberto e outros elementos ainda podem ser adicionados a essa lista pois, elementos
exigveis em quantidades negligveis podem ainda se mostrarem essenciais. O sdio (Na), o
silcio (Si) e o cobalto (Co) so designados por elementos benficos porque estimulam o
crescimento de algumas plantas, sendo essenciais apenas para algumas espcies vegetais.
Conforme Malavolta (2006) afirma que, para entender melhor os resultados das anlises
qumicas dos solos e a reao dos nutrientes importante ter em mente que todos os
fenmenos de relevncia para o manejo da fertilidade do solo ocorrem a partir da soluo do
solo, de onde a planta retira as substncias minerais e orgnicas dissolvidas e gases,
necessrios ao seu crescimento e desenvolvimento e onde exsudam (transpirao) os seus
resduos. O autor afirma ainda que essencial tambm conhecer a participao dos elementos
minerais na vida da planta e suas quantidades necessrias, bem como as condies de pH do
solo, uma vez que pH muito baixo ou muito alto implica em condies desfavorveis no
desenvolvimento das plantas.
Nesse contexto, os parmetros qumicos a serem analisados no presente trabalho so:
pH (potencial hidrogeninico), matria orgnica (MO), fsforo (P), potssio (K+), sdio
(Na+), clcio (Ca
2+), magnsio (Mg
2 +), alumnio (Al
3+), soma de bases (SB), capacidade de
troca de ctions (CTC), saturao por bases (V%), saturao por alumnio (m%) e percentual
de sdio trocvel (PST).
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Segundo Tedesco et al (1995), o termo pH define a acidez ou alcalinidade relativa de
uma soluo e sua escala varia de 0 a 14. Consiste na remoo dos ctions bsicos (clcio
(Ca2+
), magnsio (Mg2 +
) potssio (K
+) e
sdio (Na
+) do sistema do solo, substituindo-os
por ctions cidos (alumnio (Al) e hidrognio (H+). O valor 7,0 que est no meio, definido
como neutro; valores abaixo de 7,0 so cidos e os acima de 7,0 so alcalinos. Para os
autores, os solos variam de pH 3,0 a 10,0.
Conforme Vale et al. (1997) definem uma substncia cida como uma substncia que
libera ons hidrognio (H+); quando saturado de H+, comporta-se como solo cido fraco;
quanto mais H+ for retido no complexo de argila e matria orgnica ou vermiculita, maior
ser a acidez desse solo. O alumnio (Al) tambm age como elemento acidificante e ativa o
H+. Os ons bsicos Ca+2
e Mg+2
tornam o solo menos cidos, ou em excesso mais alcalinos.
No solo o pH influencia no desenvolvimento das culturas de forma indireta, atravs das
mudanas que provoca nas disponibilidades dos elementos essenciais existentes no solo.
Solos muito cidos ou alcalinos so indesejveis para a maioria das plantas restringindo seu
crescimento, sendo que a faixa de pH ideal para cultivo de 5,5 a 6,5 (Malavolta, 2006).
Quando o pH do solo cido (< 5), ons fosfato se combinam com ferro e alumnio
formando compostos de baixa solubilidade, indisponveis s plantas. Concomitantemente os
teores de Ca2
e Mg2
sero baixos, a CTC efetiva ser baixa, assim como a saturao por
bases (V). Por outro lado haver maior disponibilidade de Fe, Cu, Mn e Zn, podendo at
causar toxidez por esses micronutrientes (TOM Jr., 1997). Nesse caso, aconselha-se corrigir
o solo com calagem. Do contrrio, se o solo apresenta alcalinidade, aconselha-se a gessagem.
Todavia, Luz et al. (2002) afirmam que o calcrio, no geral, no corrige a acidez do solo
em camadas mais profundas, alm da camada arvel. Neste caso, se na camada de 20 a 40 cm
ou de 30 a 60 cm o teor de Ca2+
for menor que 3 mmolc dm-3 e/ou o Al3+
for maior que 5
mmolc dm-3
e/ou a saturao por Al3+
for maior que 30%, deve-se fazer uma gessagem
(COMISSO DE FERTILIDADE DO SOLO - MG, 1989).
Para os autores acima citados, a gessagem elimina o Al3+
, aumenta os teores de bases
trocveis (Ca2+
, Mg2+
e K+, principalmente) na subsuperfcie e fornece clcio e enxofre para
as plantas. Alm disso, o gesso pode ser usado diretamente como fornecedor de nutrientes,
como condicionador de esterco (pois evita a perda de amnia durante a mineralizao da
matria orgnica) e como corretivo da alcalinidade do solo. Os autores ainda afirmam que a
gessagem feita usando-se o gesso agrcola ou fosfogesso, um subproduto da fabricao do
superfosfato triplo e dos fosfatos mono (MAP) e diamnio (DAP) e deve ser aplicado junto
com o calcrio e distribudo uniformemente em toda a rea na superfcie, ou incorporado.
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A matria orgnica do solo (MOS) indispensvel ao solo, pois indica a sua fertilidade.
Segundo Haynes e Mokolobate (2001) a MOS constitui-se em um dos melhores benefcios do
solo planta, pois influencia nas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do solo;
melhora a estrutura do solo e, consequentemente, a aerao, drenagem e reteno de gua;
fornece carbono como fonte de energia para os microorganismos, promovendo a ciclagem de
nutrientes; interage, ainda com metais, xidos e hidrxidos metlicos, atuando como trocador
de ons e na estocagem de nitrognio, fsforo e enxofre. Alm disso, a MOS libera cidos
orgnicos durante a sua decomposio, que pode complexar o Al3+
da soluo do solo ou se
ligar s cargas eltricas dos xidos de ferro e alumnio, diminuindo assim, os stios de
adsoro de P (MEURER, 2004). Zinback (2003) menciona que a MOS formada por restos
de animais e vegetais em seu estgio de decomposio, sendo que os restos vegetais possuem
alto teor de matria orgnica para o solo.
Rolim Neto et al., (2004) definem o fsforo (P) como um macronutriente que, apesar de
ser exigido em menor quantidade pelas plantas, em relao aos outros nutrientes, um
composto de energia que faz extensa ligao com os colides e constitui-se em fator limitante
na produtividade da maioria das culturas nos solos fortemente intemperizados, onde
predominam formas inorgnicas de P ligadas frao mineral (com alta energia) e formas
orgnicas estabilizadas fsica e quimicamente. Os autores afirmam ainda que a falta deste
nutriente na planta provoca o aparecimento de reas necrticas e pecolos nas folhas e que, ao
deixar de fazer o seu metabolismo, as clulas morrero. As folhas velhas tendem a ficar
avermelhadas enquanto que as jovens escurecem. Esses sintomas atingem na fase inicial as
partes mais velhas da planta e no se conhece sintomas para o seu excesso no vegetal.
Segundo EMBRAPA (2007) o P encontra-se no solo como um componente da matria
orgnica e de argilas cristalinas e amorfas, adsorvido1 na matriz do solo e em soluo. Os ons
fosfato so absorvidos pelas plantas e organismos do solo, adsorvidos na matriz, precipitados,
e perdidos por escoamento superficial e eroso. Em solos cidos, o P encontra-se precipitado
com ferro, alumnio e magnsio, ou adsorvido a minerais argilosos e xidos e hidrxidos de
ferro, alumnio e magnsio. Em solos calcrios, grande parte do P precipitado pelo clcio ou
encontra-se adsorvido superfcie das partculas de calcrio. A disponibilidade de P
estudada recorrendo a isotrmicas de adsoro, e traduzida pelos conceitos de intensidade
(quantidade de nutriente em soluo), capacidade (quantidade de nutriente retido na matriz) e
poder tampo (capacidade do solo para se opor variao da intensidade).
1Adsoro, adsorver: processo pelo qual tomos, molculas ou ons so retidos na superfcie de slidos
mediante interaes de natureza qumica ou fsica (EMBRAPA, 2005).
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Salomo e Antunes (1998) afirmam que os feldspatos potssicos e as micas so,
geralmente, os principais minerais potencialmente fornecedores de K, sendo abundantes numa
grande variedade de rochas, principalmente em granitos e gnaisses, que so rochas abundantes
em Guarabira. Dessa forma, tais reservas dependem da litologia bem como da intensidade e
durao do intemperismo durante a evoluo do solo.
Segundo Tom Jr. (1997) a partir da intemperizao da rocha e do saprolito, que os
minerais primrios que contm K sofrem alteraes, primeiramente formando as argilas,
como as esmectitas e vermiculitas que, posteriormente se transformaro em caulinita. Desse
modo a ilita formada a partir de uma micro-diviso das micas, enquanto a vermiculita pode
ser formada a partir da ilita com abertura gradual das entrecamadas e conseqente liberao
do K, podendo ctions como Al3
, Ca2
e Mg2
ocuparem ento esse lugar. Para Meurer
(2006), as reservas de K no solo constituem um importante fator de produtividade das
culturas, sendo o ction que mais se acumula na planta, porm sua disponibilidade pode ser
afetada pelo teor de gua no solo e pela sua relao com os elementos Ca2+
e Mg2+
.
Dados de Mielniczuk (1980) afirmam que o K encontra-se na estrutura de minerais,
fixado em minerais argilosos, no complexo de troca e em soluo sua disponibilidade para as
plantas depende do poder tampo do solo e do nvel do nutriente em soluo. O Ca2+
e o Mg2+
encontram-se na estrutura de minerais ou da matria orgnica, adsorvidos no complexo de
troca e em soluo. O on Ca2+
normalmente o primeiro ction de troca, o Mg2+
o segundo
e o K+ o terceiro. A proporo entre ons adsorvidos e em soluo depende, sobretudo, do teor
de cada elemento e da capacidade de troca catinica do solo, sendo que o Ca2+
adsorvido
preferencialmente ao Mg2+
.
No que se refere gua, a diminuio da umidade no solo afeta a difuso do K+ na
soluo do solo, dificultando sua absoro pelas plantas. J os teores de Ca2+
e Mg2+
, quanto
mais elevados mais inibem a absoro de K+ pelas plantas, devido competio que se trava
entre esses elementos pelos stios de absoro das plantas (MIELNICZUK, 1980).
O K influencia nas resistncias das plantas a condies adversas, como baixa
disponibilidade de gua e altas temperaturas. A soluo deste nutriente a fonte imediata para
as plantas. Na forma trocvel, o K encontra-se na frao slida do solo, representado por ons
de K+ absorvidos nas cargas negativas dos colides do solo atravs da atrao eletrosttica
(VALE et. al., 1997). A carncia de K+ nas plantas provoca um crescimento demasiadamente
reduzido, apresentando folhas recurvadas e enroladas sobre a face superior e encurtamento de
entrens, alm de clorose matizada da folha, e manchas necrticas. Geralmente esses efeitos
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atingem as partes mais velhas da planta, porm, quantidades excessivas de K na planta no
apresentam sintomalogia.
O Na+ corresponde ao sdio trocvel e seu valor utilizado na classificao de solos
salinos, sdicos e no salinos. Altas quantidades de Na causam disperso do colide argiloso
no solo (SALOMO e ANTUNES, 1998).
Para Vale et al (1997) afirmam que o Ca2+
um nutriente que compe a parede celular
da planta e se apresenta imvel. O seu excesso altera o ritmo da diviso celular do vegetal. A
sua falta aponta para uma reduo do crescimento radicular, mudana da colorao das razes,
curvamento dos pices, deformaes nas folhas jovens, clorose marginal podendo evoluir para
necrose. Todos esses sintomas costumam apresentar-se nas partes mais velhas do vegetal.
Segundo Salomo e Antunes (1998) o Mg2+
um nutriente mvel essencial ao
funcionamento dos ribossomas, sendo um constituinte de cofactores enzimticos, clorofila e
protenas. A deficincia do Mg2+
nos vegetais provoca a morte prematura das folhas, a
degenerao dos frutos, cloroses intervenais, necrose foliar, reduo do crescimento vegetal e
inibio da florao. Esses sintomas se apresentam inicialmente, como nos demais casos, nas
reas mais velhas do vegetal. O excesso de Mg2+
altera absoro de K e Ca+ pela planta. O
Ca+ e o Mg
2+ possuem alto teor floculante, que asseguram a estabilidade do solo.
Segundo Malavolta (2006) a CTC ou capacidade de troca catinica do solo se d
quando uma soluo salina colocada em contato com certa quantidade de solo, o que
proporciona a troca entre os ctions contidos na soluo e os da fase slida do solo. Esta
reao de troca se d com rapidez, em propores estequiomtricas e reversvel. Por
mtodos analticos, a quantidade de ction que passou a neutralizar as cargas negativas do
solo pode ser determinada, resultando ento na capacidade de troca catinica do solo.
O autor acima citado afirma ainda que, na determinao de CTC do solo, importante
considerar o pH em que a troca catinica acontece, pois alm das cargas negativas de carter
eletrovalente, existem tambm cargas de carter covalente, que se manifestam, ou no, de
acordo com o pH do meio. A um dado pH, parte das cargas dependentes estar bloqueada por
H: (ligaes covalentes). Desta forma, a CTC do solo nesse pH ser dada pelas cargas
permanentes mais aquelas dependentes de pH, porm livres do hidrognio covalente,
constituindo a CTC efetiva do solo, a esse valor de pH. E, quando se aumenta o pH do
sistema, mais ons H+ ligados a cargas dependentes do pH so neutralizados, resultando num
consequente aumento da CTC efetiva do solo (MALAVOLTA, 2006).
Dentre os ctions que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do solo, incluem-
se, principalmente, as bases (Ca2+,
Mg2+,
K+, Na
+ e NH
4+), o Al
3+ e, tambm, ctions H
+
-
29
ligados a cargas negativas da CTC de carter mais eletrovalente (tipo cido forte). Ao
conjunto dos ctions que esto ocupando a CTC do solo, saturando-a, juntamente com as
cargas negativas dos colides denomina-se complexo sortivo do solo (MEURER, 2006).
Segundo Guerra e Chaves (2006), o baixo valor de CTC caracteriza um solo sujeito
excessiva perda de nutrientes por lixiviao, e neste caso os adubos e corretivos, caso sejam
usados nestes solos, no devem ser aplicados de uma s vez. Os autores ainda afirmam que a
importncia da CTC to expressiva que dela dependem as interpretaes em clculos de
necessidades de corretivos e de fertilizantes. Essas caractersticas so a prpria CTC, tambm
representada por T para a CTC a pH 7 e por t para CTC efetiva, no pH do solo, a soma de
bases (SB), o ndice de saturao por bases (V), a acidez trocvel (alumnio trocvel), a acidez
total (H + Al) e a saturao por alumnio (m). Esses valores, exceo da saturao por
alumnio, so conhecidos como valores de Hissink.
A soma de bases trocveis (SB) de um solo, argila ou hmus representa a soma dos
teores de ctions permutveis (Ca+
, Mg2+
e K+ Na
+ e NH
4+ trocveis) e serve para indicar se
o solo contm nutrientes disponveis para a planta. Nos solos cidos de regies tropicais,
como os do Estado de Minas Gerais, os ctions trocveis Na+ e NH4+ geralmente tm
magnitude desprezvel.
A saturao por bases (V%) definida por Prado (2008) como a participao das bases
(Ca2+
, Mg2+
e K+ ) no complexo sortivo do solo, expressa em porcentagem: V = SB% por T e
x por 100 . Trata-se de um dado utilizado no 3 nvel categrico do Sistema Brasileiro de
Classificao dos Solos - SiBCs (EMBRAPA, 2006) para distinguir as condies eutrficas
ou distrficas no solo. Assim, quando os valores de V% so iguais ou superiores a 50%,
acontece uma alta saturao por bases, ou seja, os solos possuem mais da metade dos pontos
de troca dos coloides ocupados com as bases trocveis e, por isso so considerados eutrficos
e so normalmente considerados os mais frteis. Caso contrrio, se os valores forem inferiores
a 50% a saturao por bases baixa e os solos so classificados como distrficos ou pouco
frteis. Lepsch (2010) afirma que a condio eutrfica ou distrfica no implica que os solos
possam vir a apresentar deficincias em Ca2+
, em Mg2+
e ou em K+.
A Saturao por alumnio (m%) resultado da relao entre o teor de Al com a
somatria de SB mais Al, determinada pela frmula: Al x 100 / S + Al. Quando o solo contm
um elevado teor de Al no solo, esse fator prejudicial ao crescimento da maioria da vegetao
(MEURER, 2006). Informaes sobre os valores de CTC, SB e V% de um solo podem indicar
o tipo de mineral presente na frao argila e possveis problemas na sua utilizao, bem como
sobre o procedimento adequado a ser tomado para otimizar sua utilizao (ALVAREZ, 1986).
-
30
3 METODOLOGIA
Os caminhos metodolgicos esto divididos em: localizao e caracterizao
geoambiental da rea de estudo, pesquisa bibliogrfica e cartogrfica, pesquisa de campo,
anlises laboratoriais qumicas e de fertilidade natural, pesquisa em gabinete e tratamento
preliminar dos dados cartogrficos (geoprocessamento).
3.1 LOCALIZAO GEOGRFICA E CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL DA
REA DE ESTUDO
A microrregio de Guarabira localiza-se na Mesorregio do Agreste Paraibano no
estado da Paraba, em uma rea que envolve 14 municpios: Guarabira, Pilezinhos, Cuitegi,
Alagoinha, Mulungu, Araagi, Pirpirituba, Sertozinho, Duas Estradas, Serra da Raiz, Lagoa
de Dentro, Belm, Logradouro e Caiara. Os mesmos se encontram situados em uma faixa
estreita de terras entre a Mata Paraibana e a Borborema (Figura 1). Trata-se de uma rea que
tem uma extenso territorial de 1.285,5 km, onde vivem 164.819 habitantes. No que se refere
s atividades econmicas ainda so representadas pela agricultura e pecuria, mas
profundamente marcada pela baixa produtividade (CPRM, 2005; IBGE, 2006; IBGE, 2010).
De acordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2005), os
aspectos geolgicos da microrregio de Guarabira se encontram divididos em cinco unidades
litoestratigrficas distintas:
a) Arqueano representado pelo Complexo Cabaceiras, composto de Ortognaisse
tonaltico-granodiortico intercalaes de metfica. Caracteriza-se principalmente na
poro de leste ao sudeste da rea de estudo;
b) Paleoproterozico caracteriza-se pelo Complexo Sertnia formado por gnaisses,
mrmores, quartizitos e metavulcnicas mficas que cobrem as pores leste e sudeste
da rea; o complexo Serrinha Pedro Velho constitudo de ortognaisse tonaltico-
trondhjemtico a grantico migmatito se apresenta nas pores norte e noroeste; o
complexo Santa Cruz composto por augem-gnaisse grantico, leuco-ortognaisse,
quartzo monzontico a grantico e ocorre na extenso do nordeste ao sudoeste dos
terrenos estudados;
c) Mesoproterozico formado pela sute grantica-migmattica peraluminosa
Recanto Riacho do Forno formado de ortognaisse, migmatito granodiortico a
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31
monzograntico se apresenta na parte central, oeste, nordeste e sudoeste dos terrenos; o
complexo So Caetano constitudo por gnaisse, metagrauvaca, metavulcnica flsica a
intermediria e metavulcanolstica apresenta-se nas reas oeste, sul, leste, nordeste e
central da rea;
d) Neoproterozico O Complexo sute calcialcalina de mdio a alto potssio
Itaporanga constitudo de granito e granodiorito porfirtico associado diorito
porfirtico associado diorito se apresenta na poro sul, leste oeste e noroeste da rea,
Granitides indiscriminados formados de granito, granosiorito, monzogranito na poro
oeste da rea e o grupo Serid constitudo de quartzito, mrmore e rocha calcissilictica
se apresenta na parte da poro norte, noroeste e oeste;
e) Cenozico formado pelo grupo Barreiras constitudo de arenito e conglomerado,
intercalaes de silto e argilito na poro leste e sudeste.
Conforme o Atlas da Paraba (PARABA, 2003), o clima predominante da Microrregio
de Guarabira, segundo a classificao climtica de Kppen do tipo As com caractersticas
de quente e mido com chuvas de outono a inverno, atingindo desde o litoral at uma
extenso aproximada de 100 km em direo ao interior. Caracteriza-se por apresentar
perodos de estiagem de cinco a seis meses. O regime pluviomtrico depende da Massa
Equatorial Atlntica. A poca chuvosa inicia-se no ms de fevereiro ou maro, prologando-se
at julho ou agosto. O perodo seco comea em setembro e estende-se at fevereiro. A
amplitude trmica anual muito pequena em funo da baixa latitude. As temperaturas
variam de 22 C e 26 C.
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32
Figura 1. Localizao geogrfica da Microrregio de Guarabira, Paraba.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2007) e Ministrio do Meio Ambiente (MMA)
cedido por: Ramon Santos Souza (2013).
-
33
Segundo a Agncia Executiva de Gesto das guas do Estado da Paraba (AESA, 2003)
e o Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraba (IDEM, 2012), as
principais bacias hidrogrficas que banham a Microrregio de Guarabira pertencem ao litoral
norte e possuem as seguintes caractersticas:
a) Bacia hidrogrfica do Mamanguape - est situada no extremo leste do estado da
Paraba. Seu principal rio o Mamanguape, que recebe contribuies dos corpos d
gua como os rios Guarabira, Guandu, Araagi, Saquaba e Riacho Bloqueio, que
drenam os seguintes municpios: Alagoinha, Araagi, Belm, Cuitegi, Duas Estradas,
Guarabira, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pilezinhos, Pirpirituba, Serra da Raiz e
Sertozinho;
b) Bacia hidrogrfica de Camaratuba - localiza-se no extremo leste do estado da
Paraba, tem como rio principal o Camaratuba, drena alguns municpios de: Araagi,
Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Pirpirituba, Serra da Raiz e Sertozinho.
c) Bacia hidrogrfica do Curimata - tem como rio principal o Curimata, nasce na
poro nordeste do Planalto da Borborema no municpio de Barra de Santa Rosa,
alimentado por rios e riachos que descem das encostas desse planalto e seguem em
direo leste, penetrando no Rio Grande do Norte e desaguando no Oceano Atlntico,
atravs de um esturio. Os principais Municpios drenados por essa bacia so: Belm,
Caiara, Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Logradouro e Serra da Raiz.
A vegetao composta praticamente por matas semideciduais ao norte, leste e sul da
rea, com alguns resqucios de caatinga arbustiva arbrea aberta e fechada ao noroeste e
matas midas ao sul (ATECEL/INCRA-PB, 2002).
A cobertura de solos da Microrregio de Guarabira (PB) constituda de quatro ordens
de solos. Estudos realizados como o I levantamento exploratrio de reconhecimento de solos
do estado da Paraba (BRASIL, 1972); o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos
(EMBRAPA, 2006) e Arruda (2008) comprovam que dentre elas esto: os Argissolos
Vermelho-Amarelos, os Neossolos, os Planossolos e os Luvissolos.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos ocorrem nos municpios de: Alagoinha, Araagi,
Belm, Caiara, Cuitegi, Duas Estradas, Guarabira, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pilezinhos,
Pirpirituba, Serra da Raiz e Sertozinho cuja principal caracterstica desse solo o grande
aumento de argila em profundidade. Na superfcie do solo o teor de argila muito baixo, mas
em subsuperfcie mdio/alto, alm de ser a ordem de solo mais extensa do Brasil, pois ocupa
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34
um percentual de 20% aproximadamente do territrio nacional, podendo ser rasos ou muito
profundos com alta ou baixa saturao por bases; arenosos ou argilosos em superfcies e
transies de texturas que podem ser graduais ou abruptas (LEPSCH, 2010).
Os Neossolos ocorrem nos municpios de: Belm, Caiara, Guarabira, Lagoa de Dentro,
Logradouro e Serra da Raiz. Estes solos so formados por material mineral ou orgnico pouco
distribudo, no apresentam alteraes significativas em relao ao material originrio devido
baixa intensidade de atuao dos processos pedogenticos. Isso acontece devido s
caractersticas inerentes ao prprio material de origem, no que diz respeito a sua maior
resistncia ao processo de intemperismo ou a composio qumico-mineralgica, ou por
influncia dos demais fatores de formao, que podem impedir ou limitar a evoluo destes
solos e trata-se de solos jovens e horizonte A pouco desenvolvido (EMBRAPA, 2013).
Os Planossolos aparecem apenas nos Municpios de Guarabira e Logradouro. So
definidos como solos minerais, imperfeitamente ou mal drenados, com mudana textural
abrupta, entre o horizonte ou horizontes superficiais (A ou E) e o superficial (Plnico). A
fertilidade natural varivel, outras caractersticas como estrutura, porosidade,
permeabilidade e muitas vezes as cores, so tambm bastante contrastantes (IBGE, 2007).
Os Luvissolos ocorrem na rea de estudo em tais municpios: Alagoinha, Araagi,
Guarabira e Mulungu correspondem a solos medianamente intemperizados, ricos em
saturao por bases e com acumulao de argila no horizonte B. eles tem maior
representatividade nas regies semiridas do Nordeste brasileiro (LEPSCH, 2010).
3.2 PESQUISA BIBLIOGRFICA E CARTOGRFICA
O embasamento terico se deu atravs de leituras e fichamentos de textos dos seguintes
autores: Ramalho Filho e Beek (1995), Gleriani (2000), Santin (2006) Scheneider, Giasson e
Klamt (2007), Lepsch (2010) e entre outros que discutem a respeito da avaliao da aptido
agrcola de solos; pesquisas em rgos bem como o IBGE (1997), EMBRAPA SEMIRIDO
(2004), SUDEMA (2004) e outros diversos com a finalidade de analisar o uso do solo, o seu
potencial agrcola no territrio nacional e o atual quadro socioeconmico da microrregio de
Guarabira; revistas como a GEO (2004) e a CWS (2007) para obter informaes sobre as
atividades antrpicas no solo e a sua produo agrcola no mundo.
O Esboo cartogrfico desta pesquisa constitui-se de mapas geolgicos de todos os
municpios da microrregio de Guarabira/PB desenvolvidos pela Companhia de Pesquisa dos
Recursos Minerais (CPRM, 2005) e os mapas temticos elaborados por Arruda (2008) do
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municpio de Guarabira. Foram utilizados para a caracterizao da rea de estudo o mapa das
bacias hidrogrficas do estado da Paraba (PARABA, SECTMA e AESA, 2003) e o
levantamento exploratrio-reconhecimento de solos do Estado da Paraba, (BRASIL, 1972).
De posse desse material, foi possvel preparar os quadros e tabelas com os resultados da
pesquisa, avaliados segundo a proposta de Ramalho Filho e Beek (1995), que trata do Sistema
de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras.
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS CARTOGRFICOS
Primeiramente foi criada uma pasta para abrigar os pontos de coletas dos solos
georreferenciados pelo equipamento receptor GPS (geographic position system),
posteriormente exportou-se para o software Quantum GIS.
Para montar a base cartogrfica da Microrregio foram obtidas informaes do projeto
SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission) realizado em cooperao entre a NASA e a
NIMA (National Imagery and Mapping Agency), do DOD (Departamento de Defesa) dos
Estados Unidos e das agncias espaciais da Alemanha e da Itlia (VALERIANO, 2004), e
arquivos vetoriais do estado da Paraba (limite, mesorregies, microrregies, municpios,
sedes municipais, drenagem principal, estradas, etc) elaborados no ano 2007 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica. Optou-se neste trabalho os arquivos da SRTM/NASA
no formato TIFF das imagens de radar: SB-25-Y-A; SB-25-Y-C. na ferramenta extrao
raster cortador do QGIS foram retirados os excedentes do limite da microrregio e por fim foi
calculado e classificado as imagens (Figura 2).
3.4 PESQUISA DE CAMPO
Foram realizados diversos trabalhos de campo em diferentes reas de ambientes
agrcolas dos municpios que pertencem Microrregio de Guarabira/PB, (Figura 2) onde
foram feitas 127 coletas de solo no total, apenas da camada arvel, as quais foram nomeadas
de solo 1 a solo 127 ,para a descrio das seguintes caractersticas: gerais, morfolgicas e
qumicas para avaliar a sua aptido agrcola.
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Figura 2. Mapa de distribuio das coletas de solo de acordo com as pseudocores do Modelo Digital do Terreno
(DMT) da Microrregio de Guarabira, Paraba.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2007) e SRTM/NASA (2000) cedido por: Ramon
Santos Souza (2012).
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As atividades de campo foram desenvolvidas nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2012
iniciando-se com o reconhecimento da rea em estudo realizado com o auxlio da base
cartogrfica, elaborada por Arruda (2008) e pela Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais (CPRM, 2005), para fazer a caracterizao geoambiental dos municpios; em
seguida fez-se o georreferenciamento atravs do Sistema de Posicionamento Global (GPS)
atravs do Sistema de Coordenadas em Unidades Transversas de Mercator (UTM).
No campo realizou-se primeiramente a observao da paisagem local (Figura 3), no que
diz respeito aos seus aspectos geoambientais; Em seguida, foram coletadas as amostras de
solo com o uso do trado de caneco de 4 (Figura 4), numa profundidade de (0-40 cm), sendo
feitas trs coletas da camada arvel dos solos em pontos distanciados por aproximadamente
trs metros. Logo aps, as trs amostras foram homogeneizadas formando apenas uma
amostra para cada ponto de coleta, sendo em seguida, armazenadas em sacos plsticos e
identificadas com a localizao do ponto, o nmero da coleta e a data da coleta (Figura 5).
O critrio utilizado para definir o nmero de amostras foi de que a cada 10 km da rea
territorial de cada municpio que compe a Microrregio de Guarabira/PB, fosse feita uma
coleta da amostra de solo, conforme est descrito no quadro 2.
Quadro 2. Dados demogrficos e quantidade de coletas de solos da Microrregio de
Guarabira/PB.
Fontes: Censo demogrfico (IBGE, 2010) e Pesquisa de Campo (2012).
Seguidas as metodologias supracitadas, as amostras foram analisadas em seus aspectos
macromorfolgicos, de acordo com Santos et al. (2005) e Arruda (2008), preenchendo-se os
dados dispostos na ficha de campo (Figura 6). Por ltimo, o material coletado foi
encaminhado para o Laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos
Ordem Municpios Populao rea territorial
(km)
Quantidade de coletas de
solo
1 Guarabira 55.320 165,0 16
2 Cuitegi 6.889 39,0 4
3 Lagoa de Dentro 7.370 85,0 8
4 Mulungu 9.469 192,0 19
5 Sertozinho 4.395 33,0 3
6 Belm 17.041 100,0 10
7 Alagoinha 13.557 97,0 10
8 Caiara 7.324 128,0 12
9 Pilezinhos 5.155 43,9 4
10 Logradouro 3.942 37,0 4
11 Serra da Raiz 3.204 29,8 3
12 Duas Estradas 3.636 26,0 3
13 Pirpirituba 10.296 79,8 8
14 Araagi 17.221 230,0 23
Total 164.819 1.285,5 127
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e Engenharia Rural do Centro de Cincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal da
Paraba (UFPB), Campus II, em Areia (PB), e foram analisadas em suas caractersticas
qumicas e de fertilidade natural, de acordo com EMBRAPA (1997).
Figura 3. Paisagem do local da coleta. Microrregio de
Guarabira, Paraba.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.
Figura 4. Coleta do solo com o trado de caneco.
Microrregio de Guarabira, Paraba.
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Figura 5. Tratamento da coleta no campo. Microrregio
de Guarabira, Paraba.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.
Figura 6. Descrio dos dados na ficha de campo.
Microrregio de Guarabira, Paraba.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.
3.5 ANLISES LABORATORIAIS
As amostras de solo coletadas foram analisadas em suas caractersticas qumicas no
laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural
do CCA/UFPB, no perodo de maro a maio de 2012 conforme Embrapa (1997). As anlises
qumicas foram as rotineiras de fertilidade, com a determinao do pH em gua, Fsforo,
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Potssio, Sdio, Clcio, Magnsio, Acidez Potencial (H + Al), e Carbono orgnico. Desses
resultados geraram-se a Capacidade Troca Catinica (CTC), Saturao por Bases (V),
Saturao por Alumnio (M), Soma de Bases (SB) e a Porcentagem de sdio trocvel (PST).
3.6 PESQUISA EM GABINETE
Descritas as caractersticas morfolgicas da camada arvel dos solos analisados e de
posse das anlises qumicas das mesmas, partiu-se para os clculos das amostras de cada um
dos solos, tais como a Capacidade de Troca Catinica (CTC), Saturao de Bases (V),
Saturao por Alumnio (m), Soma de Bases (SB) e a Porcentagem de Sdio Trocvel (PST).
Logo aps, procedeu-se a avaliao da aptido agrcola desses solos no que diz respeito
fertilidade natural e aptido agrcola segundo o Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola
das Terras (Ramalho Filho e Beek, 1995), Nesta metodologia so considerados trs sistemas
de manejo (primitivo, pouco desenvolvido e desenvolvido), sendo as classes de aptido
agrcola identificada a partir dos graus de limitao (nulo, ligeiro, moderado, forte e muito
forte) relativos a cinco critrios: deficincia de fertilidade, deficincia de gua, excesso de
gua ou deficincia de oxignio, susceptibilidade eroso e impedimento mecanizao.
Como resultado do cruzamento dos critrios supracitados, os solos estudados foram
ordenados em quatro classes (boa, regular, restrita e inapta), levando-se em conta cinco tipos
de utilizao: lavouras, pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e preservao
da flora e da fauna. Para cada solo foram listados os atributos das terras e os parmetros
relativos deficincia de fertilidade, de gua, de oxignio, susceptibilidade eroso e
impedimentos mecanizao. Assim, de acordo com o grau de afastamento da condio ideal
do solo, foram definidos os desvios: nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte e, conforme o
nvel de manejo considerado, estimou-se a viabilidade da melhoria dessas limitaes.
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4 RESULTADOS E DISCUSSO
As discusses a seguir esto baseadas em Santos et al (2005) quando afirmam que o
estudo dos solos deve iniciar pelas suas caractersticas gerais (altitude, coordenadas
geogrficas, tipo de relevo, condies fsicas, cobertura vegetal e drenagem); pelas
caractersticas macromorfolgicas (variao de cor, textura, estrutura, consistncia,
porosidade, distribuio de razes, cerosidade, superfcie de compresso, superfcie de
deslizamento, fendas entre outras); e pelas anlises fsicas, qumicas e de fertilidade natural,
para obter diversas informaes relativas aptido agrcola e limitaes de uso desses solos.
Assim, dispostas as caractersticas gerais, os resultados macromorfolgicos, as anlises
qumicas e de fertilidade natural (Quadro 3) e a avaliao de aptido agrcola da camada
arvel dos solos estudados na presente pesquisa, seguem as discusses referentes s 127
amostras de solo coletadas na Microrregio de Guarabira.
4.1 CARACTERSTICAS GERAIS E MACROMORFOLGICAS DOS SOLOS
ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB
Das amostras de solos coletadas no municpio de Guarabira, os solos 1 a 13 foram
estudados anteriormente por Arruda (2008), na ocasio, sendo classificados at a 4 Ordem,
de acordo com Embrapa (2006). Na presente pesquisa estamos analisando apenas a camada
arvel desses solos para completar o nosso objetivo, referente aptido dessa pequena parte,
horizonte ou camada desses solos.
Os solos 1 a 4, 7, 12 e 16 se enquadram na subordem vermelho, com textura variando
de arenosa a argilosa e estrutura granular a subangular, todas sob condies de boa drenagem.
Os solos 1 a 4 se dispem em relevo local montanhoso a forte ondulado, enquanto o restante
se desenvolve em relevo plano a suave ondulado. Provavelmente a cor predominantemente
vermelha desses solos seja devido forte presena de hematita em ambos, pois a variao das
quantidades desses xidos contribui para a variao da intensidade da cor vermelha, podendo
indicar a quantidade de ferro herdado do material geolgico que deu origem ao solo
(FERNANDEZ e SHULZE, 1992). Segundo os autores supracitados, sob condies de
drenagem menor do que no ambiente de formao da hematita, o vermelho d lugar ao
amarelo (goethita) e ao cinza, indicando reduo no estado de oxidao do ferro.
Com relao situao geomorfolgica em que os solos 1 a 4 se encontram, sob relevo
montanhoso, impede algumas tcnicas mecnicas de preparo e de manejo do solo tais como:
-
41
arao, gradagem, plantio e roo mecanizado. Dessa forma, o custo de produo das lavouras
cultivadas nesses solos tende a ser mais alto.
Os solos 12 a 15 tm cores que tendem de bruno muito escuro ao cinzento avermelhado
ou muito