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Dossiê especial: Artes Visuais WENDT, Denise Cristina. A prática do estágio supervisionado e a escola – um desafio. Eletras, vol. 18, n.18, jul.2009.
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A PRÁTICA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A ESCOLA – UM DESAFIO
Denise Cristina Wendt1 [email protected]
1. Introdução
O estágio supervisionado obrigatório faz parte da formação profissional do professor
de Artes Visuais, envolve a formação acadêmica com a prática profissional de educador e
consiste na vivência do contexto escolar.
É parte da formação do licenciando e um campo de conhecimento para a preparação
do aluno para o ingresso no mercado de trabalho consistindo, então, em uma caracterização da
escola, estudo do Projeto Político Pedagógico, observação das aulas do professor da disciplina
de Arte e regência com a presença do professor regente da disciplina na escola e sob a
responsabilidade de um professor supervisor do curso de licenciatura, ampliando o
conhecimento das particularidades nas diversas escolas e séries do ensino fundamental e
médio.
Os estágios necessitam ser discutidos e otimizados dentro de uma política que
possibilite aos estagiários dos cursos de licenciatura superar o desafio da concretização dos
estágios junto às escolas – diretores e professores, conscientizando a escola e o professor que,
são partes integrantes da formação deste estagiário, parte fundamental para a realização dos
estágios na integração entre o curso de licenciatura e a escola, da teoria com a prática. Na
formação do professor, os estágios são um instrumento de intercâmbio de realidades e
necessidades, compreendendo o universo do ensino superior e a trajetória da formação no
campo de ensino, permitindo inseri-los no universo histórico, sócio, temporal da realidade
educacional.
1 Professora da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP
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2. O desafio do estágio
O estágio curricular é essencial na formação de identidade docente de qualquer aluno de licenciatura, no curso de Artes Visuais não é diferente. É fundamental pelo fato de propiciar ao aluno um momento específico de aprendizagem, de reflexão com sua prática profissional. Possibilita uma visão crítica da dinâmica das relações existentes no campo institucional, enquanto processo efervescente, criativo e real. Oliveira (2005, p.64)
Compreender as dificuldades da prática do estágio supervisionado obrigatório na
disciplina de arte nas escolas de ensino fundamental e médio necessitou de uma investigação
participante nos espaços educacionais estaduais onde foram realizados os estágios.
O presente trabalho é um estudo de caso realizado a partir de uma pesquisa de campo
– uma investigação qualitativa com informações com base em uma observação participante
nos locais de trabalho dos professores e conversas com os alunos estagiários do curso de
Artes Visuais. Além disso, também foi realizada uma entrevista aberta com o objetivo de
compreender o que os diretores, professores e estagiários percebem sobre a questão
pesquisada como objeto de estudo. A pesquisa entra no âmbito de investigação avaliativa e
decisória; pedagógica e ação: porque ,primeiro, pretende levantar as informações para o
desenvolvimento de um projeto; em segundo lugar, esta investigação pedagógica tem o
objetivo de uma otimização do estágio supervisionado na instituição no curso de licenciatura
junto aos professores, supervisores e estagiários para uma mudança prática e imediata, senão
urgente; em terceiro lugar, a pesquisa propõe-se a uma investigação qualitativa aplicada em
educação do tipo ação onde a causa social tem o objetivo de promover a mudança social na
educação com a forma de apresentação de relatório de pesquisa e um projeto para a promoção
desta mudança.
As ESCOLAS são parte fundamental para a realização dos estágios, é a etapa onde o
curso de licenciatura vivenciará a realidade do sistema escolar e para a efetivação desta etapa
não poderá se deparar com obstáculos para a realização do estágio curricular obrigatório do
ensino superior, pois é um momento de integração entre curso de licenciatura e escola, a
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integração da teoria com a prática. A escola não pode ficar alienada ao que acontece nos
cursos de licenciatura e a direção tem que entender o papel do estágio na escola, não podendo
ter uma posição crítica em relação aos estágios nos cursos de formação de professores se não
houver um grande contato do curso de licenciatura e a escola e sua realidade, se o estagiário
não puder desenvolver o seu relatório como uma pesquisa de campo onde tenha acesso ao
Projeto Político Pedagógico, planos de aula, possa acompanhar as avaliações, observar o
preenchimento dos livros de chamada e o andamento pedagógico e administrativo da escola
para o seu aprendizado e não poderá criticar a formação deste licenciado se o aprendizado não
aconteceu na prática e foi vivenciado o sistema, porque depois de formado ele poderá fazer
parte desta escola.
As escolas devem reconhecer a importância dos estágios para a formação destes
profissionais do ensino, que conforme Oliveira cita:
O estágio é um espaço privilegiado de questionamento e investigação, mas não somos nós professores formadores, quem temos de dizer isso ao nosso aluno estagiário, ele é quem tem que descobrir que isso é assim. Nosso papel, enquanto professores formadores, é buscar que ele entenda que sua atividade na escola tem por finalidade buscar mudanças, colher dados para denunciar falhas e insuficiências da educação. O estágio ainda que transitório, é um exercício de participação, de conquista e de negociação do lugar do estagiário na escola. (2005, p.61)
Os PROFESSORES deveriam compreender a importância da participação do
estagiário na ação profissional do professor na escola. Talvez o professor tenha perdido de sua
memória a realização do seu estágio ou se não foi significativo na sua formação, ou a
instituição onde cursou não cumpriu a lei, ou o professor de estágio não exigiu o estágio. Há
muitas lacunas não compreendidas entre a obrigatoriedade do estágio curricular e a
participação da escola neste processo e a aceitação do estagiário em sala.
A hipótese de que o distanciamento do currículo de formação destes professores com a
realidade da escola, do currículo escolar e o currículo dos cursos de licenciatura se apresente
como um dos problemas em receber um estagiário que ficará em constante observação das
aulas, metodologia, recursos e avaliação. E o fato de não ter a vivência de tempo necessário
em um estágio para a compreensão da importância desta prática na escola leva-o a recusar a
presença do estagiário em sala.
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Além disso, há o isolamento atual na escola (anos de docência destes professores)
sem discussão com demais profissionais, pois muitas vezes são únicos no ensino da arte na
escola. Quando dividem com outro professor, os horários são diferentes e não possibilitam
trocas de experiência e no planejamento das aulas apresentam dificuldades com as
metodologias contemporâneas para elaborar as aulas, pois sem capacitação, sem a constante
atualização e com uma grande jornada de horas semanais e, ou algumas vezes, sem
possibilidades de autorização pela direção para a participação em eventos voltados a formação
continuada. Eles também percebem que precisam de embasamento teórico e troca de
experiências com outros profissionais, que existe uma defasagem do que estudou, que há a
falta de domínio de conteúdo e destes relacionados com os objetivos e finalidades do ensino
da arte, que a realidade das escolas sem salas especiais recursos materiais resultam na sua
ineficiência e, somado a isto, existe um aluno que traz diversos problemas de casa e sem
recurso para adquirir algum material em uma sala lotada, sem espaço para o professor circular
entre as carteiras ou flexibilizar sua aula. Todos estes fatores o levam ao isolamento e a recusa
de mais alguém que observará tudo isto e registrará em um relatório, documento fundamental
para o cumprimento do seu estágio curricular obrigatório.
Oliveira aponta sobre o espaço da observação da prática pedagógica e a didática do
professor no espaço da escola:
Este novo ambiente é a escola que, na maioria das vezes, assusta o estagiário por não corresponder com o espaço idílico que ele imaginava encontrar. Às vezes, por questões de calendário, hábitos e mudanças de horários ou pela própria rotina da escola que difere de seu cotidiano na universidade, às vezes pelo autoritarismo e pelas questões de poder que ele imaginava já estarem superadas. Às vezes, ainda, por deparar-se com profissionais insatisfeitos, mal-humorados pela vida que levam, pelo trabalho que desenvolvem e pelo salário que recebem. (2005, p.60)
Outro problema observado é que alguns destes professores muitas vezes não sabem
nem a função da arte na educação, segundo Barbosa:
A escola seria a instituição pública que pode tornar o acesso à arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa nação. Isto não só é desejável mas essencialmente civilizatório, porque o prazer da arte é a principal fonte de continuidade histórica, orgulho e senso e unidade para uma cidade, nação ou império, disse Stuart Hampshire alguma vez em algum de seus escritos. (1991, p.33)
E arte também é conhecimento, ensiná-la é refletir sobre a arte e perceber que é um
fator humanizador dentro de sala para a formação humana da sociedade. A pesquisa mostra
que o conteúdo não é valorizado ou não há uma avaliação da influência e o alcance das
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atividades propostas aos alunos, e que o objetivo da disciplina não é o de formar artistas, mas
pessoas que poderão entender o que é uma obra de arte. Ademais, é o professor quem
estimulará a capacidade artística do aluno e também de futuros arte educadores que
alfabetizarão esteticamente seus alunos. Nota-se que apenas propicia aos alunos atividades
para externarem seus conhecimentos artísticos, talvez buscando habilidades inatas,
desqualificando para a sociedade a importância do trabalho docente a partir da arte educação
nas escolas de ensino básico (fundamental e médio), com uma postura que mostra a pouca
afinidade com o magistério, pois buscou na sua graduação no curso de Arte uma possibilidade
de viver do trabalho artístico. Ainda na prática deste profissional, percebe-se que há pouca
afinidade com a arte, apesar da formação artística e, por não alcançar este objetivo, se volta
para o magistério sem um perfil de licenciado. É apenas um professor que ensinará arte e
estimulará a capacidade artística dos seus alunos, pois não compreende a relação e
importância do professor-artista e que não basta reproduzir uma técnica para saber ensinar,
mas que o professor/artista é um pesquisador com uma reflexão artística, O profissional que
atua na escola pode ser professor e artista, mas não necessariamente precisa ser um artista,
porém necessita experimentar o processo artístico para compreender o aluno, saber refletir e
discutir o fazer do aluno, tratar do processo e da emoção para transmitir o saber teórico para
uma prática efetiva.
O mais importante para a arte e o seu ensino é que o professor seja um artista, que o
artista seja um professor e que ambos tenham uma formação consistente e reflexiva para a
atuação na arte e em sala de aula. Segundo Fusari, (1992 citado por ROSA ,2005, p.119), “o
professor de arte precisa saber arte, saber ser professor de arte.”
O grande desafio dos CURSOS DE LICENCIATURA é o convencimento dos
professores das escolas da importância da realização do estágio para o aluno, para o curso de
licenciatura, para o futuro licenciado e para o futuro da escola e da educação. E que o
estagiário não seja um mero espectador da realidade, mas que faça da observação e prática um
uma vivência neste universo escolar. Somente acontecerão mudanças e transformações
estimulando um licenciado crítico e criativo nas observações, práticas e desenvolvimento de
propostas de pesquisas na área. Aqui, seu papel não é de mero reprodutor e cobrador de
conteúdos, mas que pense o currículo e a educação desta sociedade a fim de propor mudanças
que resultem em mudanças na sociedade. É a partir da observação da sala de aula, das
situações vividas pelo professor, como o professor resolve ou tenta resolver as situações de
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ensino, a aprendizagem, a educação que farão o licenciando perceber e refletir sobre a
realidade das escolas. Na atualidade é um grande desafio manter os alunos de licenciatura
crédulos em um contexto educacional no qual a política pública pouco investe em seus
professores e escolas. Percebe-se ainda uma desvalorização e uma discriminação social dos
docentes quanto às suas ações na escola e quanto aos rumos da educação, o que leva a uma
situação caótica quanto aos baixos salários e, consequentemente, a um desprestígio
profissional. Faz-se necessário, então, repensar pensar neste discurso de desvalorização do
profissional docente.
Os cursos de licenciatura são formadores de professores e devem formar alunos
capazes de exercer a ação docente articulando os conhecimentos adquiridos no decorrer do
curso para a discussão no contexto escolar diante das mudanças da sociedade e a realidade
escolar. Somente com uma reflexão dos profissionais da educação nas escolas e a participação
dos formadores de professores e os estudantes é que poderemos levantar as problemáticas das
escolas que, no fundo, são problemáticas sociais que não atingem somente a escola. Desta
forma, pode-se influenciar os órgãos governamentais a uma política educacional com um
processo de educação continuada de qualidade, sendo que a escola é o espaço da pesquisa,
onde acontece o estágio e a formação do futuro professor e o ensino e a aprendizagem são
construídos.
É preciso levar em consideração também que tarefa de formar professores de Artes
Visuais vise na sua prática pedagógica mudanças para transpor este quadro de
desmantelamento da escola pública, pois ainda tem-se o grande desafio de valorizar a arte na
escola perante a direção, professores das outras disciplinas, os alunos, suas famílias e a
sociedade, apresentando a arte como uma fonte de conhecimento pessoal e de outras culturas.
Mesmo observando-se a desvalorização da carreira do professor, o aluno de um curso
de licenciatura deve ter em mente que será formado um professor e:
A luta por um estágio de qualidade vincula-se com a luta pela melhoria dos cursos de formação de professores, pela valorização da docência e por uma escola de ensino médio mais democrática. A luta por uma sociedade mais humana e mais justa e inclusiva deveria ser meta de todos nós professores universitários.” (OLIVEIRA, 2005, p.70)
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O ESTÁGIO é o momento em que acontece a articulação das escolas, dos professores
com os cursos de licenciatura (quem está sendo formado e com que competências), os
estagiários, os supervisores dos estágios, e de como está acontecendo a formação pedagógica
do professor de arte, as relações entre teoria e prática e suas discussões. A sociedade, a
escola, o professor devem compreender e participar do universo da profissionalização de um
professor não desvalorizando a ação dos cursos de licenciatura.
Quanto à contribuição da universidade, Pimenta afirma que: “A universidade é por
excelência o espaço formativo da docência, uma vez que não é simples formar para o
exercício da docência de qualidade e a pesquisa é o (único) caminho metodológico para esta
formação”. (PIMENTA, 2004, p.41 citado por OLIVEIRA, 2005, p.64).
É necessário conscientizar nossos alunos sobre a importância da investigação no
espaço do estágio e do espaço da escola, discutindo as insuficiências e colocando em prática
projetos que auxiliem nos problemas encontrados na escola, pois muitos de nós passamos pelo
processo do estágio e vivenciamos esta escola.
O perfil dos professores que estão nas escolas muitos com formação polivalente,
diferem da proposta dos cursos de Artes Visuais. Oliveira propõe que temos que: “repensar a
formação do professor de Artes Visuais em uma linguagem multicultural, eliminando de uma
vez por todas as práticas polivalentes.” (2005, p. 67). Também há muitos professores de
outras disciplinas ministrando a disciplina de arte para completar a carga horária ou suprir as
aulas quando não tem professores para assumir a disciplina na escola.
Talvez esta dificuldade ainda se apresente hoje pela história de formação, quando a
Lei 5.692/71 instituiu a obrigatoriedade do ensino da arte na educação básica, e com a
necessidade de formar professores de Educação Artística, criou-se a licenciatura curta (entre
1 ano e meio e dois anos) pela falta de profissionais, e a licenciatura plena para a
complementação (com mais 1 ano e meio ou dois anos). Ainda, lembrando da polivalência
dos cursos que, tanto na licenciatura curta quanto na plena que habilitavam nas linguagens das
artes plásticas, do teatro, da dança e da música e a estruturação dos cursos de Educação
Artística, davam privilégio ao fazer artístico manual sem relações ao ensino da arte e sem uma
reflexão teórica.
O que não pode ocorrer por causa da lacuna entre a formação teórica e prática do
licenciado é que esta seja prejudicada pela não compreensão do estágio e uma
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desqualificação na formação destes futuros profissionais. Quanto à importância do estágio na
formação dos docentes na prática a autora afirma que:
Se, enquanto cursos de formação de professores, queremos realmente formar docentes com condições de se inserir nas escolas de modo a propor um ensino significativo, de mudanças nas concepções de cultura e valores para a vida, o estágio deverá ser um trabalho coletivo, não só centrado na sala de aula universitária, nem só de mão única dos nossos alunos estagiários, mas de toda a equipe de professores da escola. A luta por um estágio de qualidade vincula-se com a luta pela melhoria dos cursos de formação de professores, pela valorização da docência e por uma escola de ensino médio mais democrática. A luta por uma sociedade mais humana e mais justa e inclusiva deveria ser meta de todos nós professores universitários.” (OLIVEIRA, 2005, p.70)
Assim, o estágio é um processo de pesquisa dentro da escola que será discutido no
curso de licenciatura para que, junto com professores do curso de formação de professores,
possa-se refletir sobre o professor que se está formando e a realidade em que irá atuar.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5.692 de 1971, o ensino da arte passa a
ser obrigatório no Brasil. Como não havia cursos de formação de professores de arte neste
período, o governo criou nas universidades brasileiras, em 1973, o curso de graduação em
Educação Artística, cuja modalidade em Licenciatura curta, com duração de apenas dois anos,
permitia aos graduados lecionar no Ensino Fundamental (antigo 1º. Grau). E, com a
promulgação da Constituição em 1988, começa a ser discutida uma nova lei para a educação
brasileira, promulgada em 1996: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação número 9.394,
mantendo a obrigatoriedade do ensino da arte educação básica.
Conforme as DIRETRIZES para os cursos de licenciatura, todos os estagiários dos
cursos de licenciatura tem uma carga horária mínima para cumprir em sala de aula em estágio
supervisionado obrigatório Assim, deveria haver a interferência de instâncias superiores para
que a lei pudesse ser cumprida. Se há a obrigação da realização dos estágios nas escolas
deveria haver a contrapartida das escolas públicas da obrigação de receber os alunos
estagiários.
Quanto às diretrizes,
O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – RESOLUÇÃO Nº. 1, DE 16 DE JANEIRO DE 2009. Aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Artes Visuais e dá outras providências. O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art.9º, parágrafo 2º. , alínea “c”, da Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº. 9.131, de 24 de novembro de 1965, tendo em vista as diretrizes e os princípios fixados pelos Pareceres CNE/CES nos 776/197 e 583/2001, e as Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Artes Visuais, propostas ao CNE pela SESu/MEC, considerando o que consta do Parecer CNE/CES nº.280/2007, homologado por
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Despacho do Senhor Ministro de Estado da educação, publicado no DOU de 24/7/2008, resolve: Art. 1º. O curso de graduação em Artes Visuais observará as diretrizes Curriculares Nacionais contidas nesta Resolução e no Parecer CNE/CES nº. 280/2007. No Art. 2º. Parágrafo único. Para a Licenciatura, devem ser acrescidas as competências e habilidades definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais referentes à Formação de Professores para a Educação Básica. (...) No Art. 11º. Os cursos de graduação em Artes Visuais na modalidade Licenciatura, que visam à formação de docentes, deverão observar as normas específicas relacionadas com essa modalidade de oferta.
O estágio curricular obrigatório conforme LDB acima, Art. 4 – modalidades – I “Os
estágios curriculares são obrigatórios, e têm sua carga horária determinada pelos Conselhos
Nacionais de cada curso ou graduação.
O REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE ARTES
VISUAIS consta no Projeto Pedagógico do curso de Artes Visuais e foi elaborado a partir da
– Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394/96, promulgada a 20 de dezembro
de 1996 e consta da Instrução Normativa nº. 44 e 50/202 da UTP, tendo como base a
legislação vigente LEI 11.788, de 25 de setembro de 2008. E conforme o regulamento -
capítulo 1, art. 1º. do conceito, “(...) O estágio curricular promove a aproximação do aluno
com a realidade do campo de trabalho, estabelecendo pontes entre a teoria e a prática deste
ensino. (...)” art. 2º. Finalidade – (...) o estágio é concebido como as atividades de
aprendizagem profissional, social e cultural proporcionadas ao estudante (...), para o
desenvolvimento de atividades relacionadas à sua área de formação profissional. No art. 3º.
(...) têm por objetivo oportunizar aos alunos, a aplicação dos conhecimentos adquiridos (...).
Visam estabelecer parcerias (...) de forma que o levantamento das problemáticas da profissão
(...) possam ser estudadas e pesquisadas. E no capítulo 4, cita que: é um estágio curricular
obrigatório conforme LDB, no seu art. 4 – modalidades – I “Os estágios curriculares são
obrigatórios, e têm sua carga horária determinada pelos Conselhos Nacionais de cada curso ou
graduação. As diretrizes dos cursos de Artes Visuais em âmbito nacional exigem uma carga
horária mínima de 400h de estágios supervisionados obrigatórios.
Considerações Finais
Por meio desta pesquisa sobre o estágio supervisionado, verificou-se que para o
desenvolvimento da prática educativa dos nossos alunos estagiários faz-se mais do que
necessário aproximar a universidade da escola, pensando na construção da profissionalização
do professor de Artes Visuais e na atual identidade deste profissional. Nesta discussão sobre a
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realização do estágio supervisionado obrigatório verificou-se os desafios do curso superior de
licenciatura desta universidade.
REFERÊNCIAS
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Internacional de História da Arte-Educação – ECA – USP. São Paulo: Ed. Max Limonad Ltda. 1986. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena. Resolução CNE/CP 1/2002. Brasília, 2002. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. A duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da
Educação Básica em nível superior. Resolução CNE/CP 2/2002. Brasília, 2002. CORTEZ, A Arte na escola: repensando a formação do professor de artes. São Paulo: Anais, 1998. P.348. NISKIER, A LDB: a nova lei da educação . Rio de Janeiro: Consultor, 1996. Artigo 26. ________. Profissão professor. Porto: Ed. Porto, 1995. OLIVEIRA, Marilda de Oliveira; HERNÁNDEZ, Fernando (orgs). A formação do professor e o ensino das artes visuais. Santa Maria, ed. UFMS, 2005. In:SEVERINO, A. J. Dermeval Saviani e a educação brasileira ; o simpósio de Marília. São Paulo : Cortez, 1994. Parâmetros Currículares Nacionais : Arte / SEF. Rio de Janeiro : DP&A, 2000. Martins, Miram. Didática do Ensino da Arte. São Paulo: FTD, 2000. P.12. PICONEZ, STELA C. BERTHOLO. A prática de ensino e o estágio supervisionado. São Paulo: Papirus Editora, 1999 4ª.ed. REVISTA DA FUNDARTE. Montenegro: Fundação Municipal de Artes de Montenegro, 2002 – Semestral – v.2, n.4 (jul./ dez. 2002) ROSA, Maria Cristina da. A formação de professores de arte: diversidade e complexidade pedagógica / Maria Cristina da Rosa – Florianópolis : Insular, 200.5