auto da índia parte 3

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Plural 9 , Raiz Ed., p. 153-155 3ª parte

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Auto da Índia, Gil Vicente, Plural 9, Raiz Editora, 3º momento soluções do questionário

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Page 1: Auto da índia parte 3

Plural 9, Raiz Ed., p. 153-155

3ª parte

Page 2: Auto da índia parte 3

1. Comentário da Moça- ll. 270-272, p. 150 (Quantas artes, quantas manhas, /Que sabe fazer minha ama!/ Um na rua, outro na cama!)

2. O tempo cronológico é de três anos, mas o tempo psicológico para a Ama é de ano e meio; este desajuste decorre do desejo de que não chegue o dia do regresso do marido.

3. A Ama deseja que o Marido nunca mais volte.

4. Constança recebe a confirmação da chegada do marido com raiva e rejeição, ordenando à Moça que desarrume toda a casa para o receber o pior possível.

Page 3: Auto da índia parte 3

5. Depois da chegada inicial que parecia levá-

la a rejeitar o Marido, Constança recompõe-se

rapidamente e, depois de lhe dizer, um pouco

a rir, que não o quer, recebe-o muito bem,

fingindo-se cheia de saudades.

5.1. Constança é coerente na mentira, na

falsidade, na infidelidade, na astúcia e na

adaptação às circunstâncias.

Page 4: Auto da índia parte 3

6.1. A Ama conta ao Marido que, quando ele

partiu, esteve três dias sem comer e chorou

tanto que quase morreu de desgosto; que por

ele rezou muito, fez promessas,

peregrinações; que a saudade a consumia,

não a deixando alimentar-se, nem cuidar-se,

nem sair de casa.

6.2. O sentimento de culpa e a necessidade de

engendrar uma mentira bem construída levam

Constança a falar muito, contando mentiras

atrás de mentiras.

Page 5: Auto da índia parte 3

6.3. A questão da infidelidade conjugal é muito

interessante, pois Constança, astuta, avança

com a conversa sobre a infidelidade,

antecipando-se. Inteligente, ao mostrar-se

ciumenta das aventuras que o marido poderia

ter tido na Índia, afasta o foco de si mesma,

impedindo que haja espaço na conversa para

o marido manifestar ciúmes ou desconfianças.

Page 6: Auto da índia parte 3

6.4. Esta conversa entre marido e mulher

constitui uma situação cómica, precisamente

pelo contraste em que assenta: a mulher infiel

faz-se ciumenta, enquanto o marido enganado

se apresenta crédulo. Para o espectador, que

conhece a verdade, tudo isto é gerador de

riso.

Page 7: Auto da índia parte 3

7.1. O marido conta que enfrentou

tempestades, quase naufrágio, guerras e

pilhagens, perigos de várias naturezas

“fadigas, tantas mortes, tantas brigas, perigos

descompassados” (ll. 146-148).

7.2. Com a viagem lucrou muito pouco. Ao

nível familiar, ficou com o casamento mais

arruinado, mais do que já estava, ainda que

não o saiba; ao nível financeiro, ganhou

menos do que esperava, pois foi explorado

pelo capitão.

Page 8: Auto da índia parte 3

8. “Se não fora o capitão/ Eu trouxera o a meu

quinhão” (ll. 152-153).

Nesta observação da personagem está

implícita a crítica aos que lucravam com a

expansão, enriquecendo por meios ilícitos: os

roubos, as pilhagens, a exploração dos

marinheiros pelos capitães.

Page 9: Auto da índia parte 3

9. A Ama é esperta e, sabendo que não pode

livrar-se do Marido, resolve tirar partido da

situação e, mais uma vez, divertir-se.

10. (CENÁRIO DE RESPOSTA)

No retrato do Marido, deve sublinhar-se aquilo

que se infere do relato da viagem e ainda o sonho

que o terá levado a partir, o engano de que é

vítima (da mulher e do capitão), a sua

representatividade enquanto sujeito do sonho do

Oriente.

Page 10: Auto da índia parte 3

11. Caracterização da Ama

A Ama, personagem principal, dá-se a conhecer

desde a primeira cena, na qual ficamos a saber que

chora com medo de que o marido não parta e não

de saudades por ele ter partido. Através do diálogo

com a Moça e do primeiro monólogo, Constança,

que se autocaracteriza como “moça e fermosa”,

revela-se uma mulher para quem o casamento não

tem qualquer valor e as relações amorosas são um

jogo de diversão.

Page 11: Auto da índia parte 3

Constança assume claramente as suas intenções

de aproveitar a ausência do marido para gozar a

vida, justificando com essa ausência o seu

comportamento, na medida em que considera um

erro deixar fugir a juventude à espera “do vento”, ou

seja, de nada, que é o valor que ela atribui ao

marido.

www.malaposta.info/projetoeducativo/category/teatro/

Page 12: Auto da índia parte 3

A fidelidade é, aliás, um valor que ela desconhece

completamente e ficamos mesmo a saber que

Constança já traía o marido antes de ele partir

para a Índia, quando ia à pesca. De resto, a

relação que irá manter com dois amantes ao

mesmo tempo é reveladora da sua infidelidade

leviana e do seu imparável desejo de diversão.

Page 13: Auto da índia parte 3

Acaba por enganar cada um dos amantes

como engana o marido, recorrendo à mentira

com a maior das naturalidades. É uma mulher

esperta e manipuladora, com uma grande

capacidade de adaptação às situações, como

mostra na forma de resolver a confusão da

vinda simultânea dos dois amantes a sua casa

e, sobretudo, pela forma como, no regresso do

marido, acaba por o aceitar.

Page 14: Auto da índia parte 3

Esta última cena deverá ser entendida

considerando o contexto, uma vez que Constança,

uma mulher do século XVI, sabe que não tem

alternativa à vida com o marido; é casada, tem de

continuar casada, ainda que não o ame. Por isso,

quando ele regressa, a sua primeira reação é de

fúria e rejeição, mas imediatamente ultrapassa a

irritação e recebe-o como se tivesse sido uma

santa, revelando, mais uma vez, a sua conveniente

hipocrisia.

Page 15: Auto da índia parte 3

Poderemos ver na Ama uma personagem tipo.

Através do seu retrato bem realista, Gil

Vicente critica satiricamente todas aquelas

mulheres que preenchiam a solidão provocada

pela ausência dos maridos embarcados na

aventura expansionista com outras aventuras,

contribuindo para a degradação moral da

sociedade portuguesa do século XVI.

Page 16: Auto da índia parte 3

Essa hipocrisia é um traço permanente na

personagem que quer, apesar do seu

comportamento leviano, manter as aparências,

mostrando aos vizinhos, a cada um dos

amantes e, finalmente, ao marido que é uma

mulher moralmente irrepreensível. A estes

traços de caráter e comportamento da Ama

não será alheia a escolha do nome Constança,

um nome irónico, pois significa o contrário

daquilo que ela é: inconstante nos amores.

Page 17: Auto da índia parte 3

11.1. O nome da protagonista é irónico: a

mulher inconstante nos seus amores tem o

nome de Constança.

12. Apartes:

“Quantas artes, quantas manhas,/ Que sabe

fazer minha ama!/ Um na rua, outro na cama! (ll270-272);

“De mercês está minha ama/ desfeitos estão

os tratos.” (ll. 51-52);

“Raivar, que este é outro jogo.” (l. 54)

Page 18: Auto da índia parte 3

1. Recurso expressivo: Pleonasmo: “subi pera

cima”

2. Nesta peça, cuja ação se passa num ambiente

entre o popular e o burguês, há marcas de

diferentes registos, sendo o registo popular muito

presente.

“Por qual demo ou por qual gamo,/ ali, má-

hora, chorarei?” (l. 9)

“Ali muitieramá!” (l. 54)

“Que falas? Que t’arreganhas?” (l. 274)

Page 19: Auto da índia parte 3

3.1. “Quantas artes, quantas manhas”.Artimanhas - Formação por composição

3.2. corrimão, picapau, girassol, malmequer, aguardente.

3.3. Artístico contém, como palavra base, arte, um dos constituintes da composição de artimanha; manhoso contém, como palavra base, manha, o outro constituinte da composição de artimanha.São ambas palavras derivadas por sufixação.

Page 20: Auto da índia parte 3

4. “E nós cem léguas daqui”; “fomos na volta do

mar”; “A nossa Garça voava”; “Fomos ao tio de

Meca, /Pelejámos e roubámos/ E muito risco

passámos”; “Que assi vimos destroçados”.

4.1. 1ª pessoa do plural

4.2. O uso da 1ª pessoa do plural confere uma

dimensão coletiva à aventura vivida pelo

Marido.