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Atividade Física em Parques Urbanos na Cidade do
Porto
Dissertacao apresentada com vista a
obtencao do grau de Mestre em
Atividade Física e Saúde (Decreto Lei
n.o 74/2006, 24 de marco), sob
orientacao da Professora Doutora
Maria Paula Maia dos Santos.
António Cruz
Porto, setembro de 2014
Cruz, A. (2014). Atividade Física em Parques Urbanos na Cidade do Porto.
Porto: Dissertacao de Mestrado apresentada a Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ATIVIDADE FÍSICA; PARQUES URBANOS; SAÚDE;
SOPARC; TARGET-AREAS;
Financiamento
Este trabalho foi elaborado no âmbito do projeto PTDC/DES/113580/2009-
FCT/FCOMP-01-0124 FEDER-009573 financiado pela Fundacao Portuguesa
para a Ciência e Tecnologia e com o apoio do Centro de Investigacao em
Atividade Física Saúde e Lazer Unidade I&D (Pest OE/SAU/UI0617/2011).
v
Dedicatória
Para a minha família que sempre deu tudo por mim,
a vocês que sao uma inspiracao na minha vida,
António, Amélia, Filipa, Eduarda
vii
Agradecimentos
A realizacao deste trabalho nao seria possível sem o contributo de
inúmeras pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram e motivaram
durante esta experiência que foi realizar este trabalho. Com o apoio e ajuda de
todas essas pessoas este trabalho tornou-se numa experiência bastante
enriquecedora e mais fácil do que pensava inicialmente.
Para tal, gostava de aproveitar para agradecer aqui a todas essas
pessoas que fizeram de mim uma pessoa realizada e com um maior sentido de
independência.
Desde já aproveito para agradecer a Professora Paula Santos pela
paciência e apoio que me deu ao longo de todos estes meses, sem a sua ajuda
e aconselhamento nao teria sido possível concretizar este trabalho, um muito
obrigado pela forca e motivacao que me deu nos últimos meses.
Agradeco desde já a todos os Professores que acompanharam o meu
crescimento e que me proporcionaram uma experiência académica única e que
nunca irei esquecer, visto que foi extremamente enriquecedora para o meu
futuro e fez de mim o que sou hoje.
Agradeco também a Professora Isabel Mesquita pelo apoio e
aconselhamento que me deu durante o meu percurso.
Aos meus pais Amélia Teixeira e António Cruz, obrigado por toda a
dedicacao, investimento e credibilidade que me deram, agradeco do fundo do
coracao por toda a paciência e apoio que me deram durante toda a minha vida,
tanto nos bons como nos maus momentos. Sem vocês este trabalho nao seria
possível.
Agradeco desde já a minha irma, Filipa Cruz, por me ter pedido para vir
ao mundo, obrigado pelo apoio que sempre me deste incondicionalmente
durante toda a minha vida.
À Eduarda Peixoto pelo carinho, afeto, preocupacao, educacao e
motivacao que sempre me transmitiu, um muito obrigado!
viii
À Marta Campos Costa por toda a paciência, consideracao, apoio, és de
facto uma experiência enriquecedora todos os dias da minha vida, obrigado por
estares ao meu lado.
Agradeco a todos os meus amigos, um sincero obrigado porque sem
vocês a minha vida nao teria metade da diversao, sao uma inspiracao e sao
vocês que me fazem modificar as minhas expectativas e valorizar-me como
pessoa.
ix
Índice Geral
Índice de Tabelas ............................................................................................... xi
Índice de Anexos .............................................................................................. xiii
Resumo ............................................................................................................. xv
Abstract ........................................................................................................... xvii
Abreviaturas e símbolos ................................................................................... xix
1. Introducao ...................................................................................................... 1
2. Revisao de Literatura ..................................................................................... 7
2.1. Atividade Física e Saúde: Conceitos e relacões entre ambos................. 9
2.2. Atividade física versus inatividade física: Comportamento de
populacões .................................................................................................... 11
2.3. Comportamentos da populacao: Atividade versus Inatividade .............. 13
2.4. Influência do ambiente no comportamento do indivíduo ....................... 15
2.5. Ambiente Físico versus Ambiente Social............................................... 17
2.6. O papel dos Parques Urbanos na promocao da saúde ........................ 19
3. Objetivo ........................................................................................................ 23
4. Metodologia .................................................................................................. 27
4.1. Caraterizacao dos Parques Urbanos
4.1.1. Quinta do Covelo ......................................................................... 29
4.1.2. Parque urbano da Pasteleira (Porto) .......................................... 30
4.2. Caraterizacao e objetivos do SOPARC ................................................. 31
4.3. Justificacao para a utilizacao do SOPARC ............................................ 32
4.4. Validade ................................................................................................ 32
4.5. Confiabilidade ....................................................................................... 33
4.6. Áreas de Observacao ........................................................................... 34
4.7. Períodos de Observacao....................................................................... 34
4.8. Instrumento de Observacao .................................................................. 35
4.9. Procedimentos estatísticos ................................................................... 36
x
5. Resultados ................................................................................................... 37
6. Discussao ..................................................................................................... 43
7. Conclusões ................................................................................................... 49
8. Referências Bibliográficas ............................................................................ 53
9. Anexos........................................................................................................... xx
xi
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Áreas observadas nos Parques Urbanos da Pasteleira e do Quinta
do Covelo sediadas na cidade do porto ........................................................... 39
Tabela 2 - Frequência de observacões realizadas em cada período do dia .... 40
Tabela 3 - Áreas observadas em cada parque por metros quadrados ............ 40
Tabela 4 - Observacões em cada nível de atividade física por parque ............ 41
Tabela 5 - Número de observacões por escalao etário nos parques ............... 41
xiii
Índice de Anexos
Anexo I – Mapas dos parques da Pasteleira e da Quinta do Covelo ...................
Anexo II – Zonas de observacao .........................................................................
xv
Resumo
O objetivo do presente estudo consistiu em avaliar dois parques urbanos da
cidade do Porto através de observacao direta, relativamente a prática de
atividade física, tendo por referência os níveis de atividade física praticados
(sedentário, ativo e vigoroso) e os escalões etários dos seus utilizadores
(criancas, jovens, adultos, idosos).
Para proceder as observacões foi utilizado o protocolo SOPARC (System
Observing Play and Recreation Communities) recorrendo-se ao uso de uma
aplicacao especialmente criada para o referido método, o iSOPARC. Esta
aplicacao permite contabilizar a quantidade de pessoas que estao numa
determinada área observada do parque, assim como o grupo etário a que os
sujeitos pertencem e, ainda, a intensidade da atividade física praticada pelos
mesmos.
O presente estudo evidenciou que o parque da Pasteleira possui maiores
dimensões relativamente a Quinta do Covelo. Observou-se diferencas
significativas nos níveis de atividade física sedentário e vigoroso praticados
pelos utilizadores, entre os dois parques pertencendo os valores superiores ao
parque da Quinta do Covelo. Este parque mostrou ainda uma vantagem
substancial na maior adesao a atividade física nos grupos etários criancas e
jovens em relacao ao parque da Pasteleira.
Este estudo sugere, assim, a importância da localizacao geográfica dos
parques urbanos em relacao ao centro da cidade bem como as infraestruturas
que possuem como fatores decisivos para a promocao da atividade física. Para
além disso sugere que a natureza das infraestruturas dos parques deve
considerar as características físicas e psicológicas dos diferentes grupos
etários. Futuros estudos deverao ser aplicados noutros parques no sentido de
se perceber se os resultados encontrados neste estudo sao generalizáveis e
ainda o estudo de outro tipo de fatores relacionados com as infraestruturas que
possam influenciar a adesao das pessoas a prática de atividade física.
PALAVRAS-CHAVE: ATIVIDADE FÍSICA; PARQUES URBANOS; SAÚDE;
SOPARC; iSOPARC.
xvii
Abstract
The main purpose of this dissertation was to evaluate two urban parks in Oporto
using the System Observing Play and Recreation Communities that record the
practice of physical activity taking into account its level (sedentary, active our
vigorous) and the users age groups (children, youth, adults and old-aged).
The observations were made by the System Observing Play and Recreation
Communities resorting to an ipad with an application named iSOPARC. This
application allows the identification of how many users are in a certain area as
well to identify their age groups; it also can determine the intensity of the
physical activity practiced by them.
The findings revealed that Pasteleira Park has bigger dimensions compared to
Quinta of Covelo. There were significant differences regarding the physical
activity levels of practice (sedentary and vigorous), having Quinta do Covelo
shown higher levels of practice. This Park also showed a higher participation of
children and youth in physical activities in comparison to the Pasteleira Park.
This study suggests that the localization and infrastructures of the Parks are
decisive factors to the promotion of physical activity. It also suggests that the
nature of those infrastructures have to respect the physical and psychological
conditions of the different age groups. Future studies should be applied in other
parks in order to understand the consistency of these results and if there are
other characteristics regarding the infrastructures that influences the practice of
physical activity.
KEY-WORDS: PHYSICAL ACTIVITY; URBAN PARKS; HEALTH; SOPARC;
ISOPARC.
xix
Abreviaturas e símbolos
AF- Atividade Física
ACSM – America College of Sports Medicine
CEO – Concordância entre observadores
SOPLAY – System For Observing Play And Leisure Activity In Youth
SOPRAC – Sistema de Observacao de Atividades Físicas e Recreativas na
Populacao
WHO – World Health Organization
Introducao
3
A atividade física (AF) regular promove benefícios para a saúde física e
mental das populacões e pode também reduzir os riscos de inúmeras doencas
crónicas, (Warburton et al., 2006).
Estudos prospetivos populacionais demonstram que a AF diminui o risco
de doenca coronária, (Miller et al., 1997), ajuda no controlo da obesidade e
excesso de peso, diabetes, hipertensao arterial, osteoporose, diminui o risco de
infecões osteomusculares e ainda de alguns tipos de cancro. A AF regular
ajuda ainda no controlo da ansiedade, aumenta a auto-estima de pessoas com
depressao, tem um importante papel no controlo da asma, doencas
pulmonares obstrutivas, além de proporcionar um sentimento de bem estar e
socializacao plena do indivíduo, (Morbidity and Mortality Weekly Report, 2001);
(Pate et al., 1995).
Apesar de todas os benefícios para a saúde, a AF parece estar em
declínio por todo o mundo, (Guthold et al., 2008). Estudos americanos mostram
que 54% dos adultos nao desenvolvem AF regular; mais de metade dos
adolescentes leva um estilo de vida sedentário, observa-se ainda, uma
prevalência mais elevada do sexo feminino para este estilo de vida (Alves et
al., 2005). Em Portugal, dados recolhidos em 2013 (Eurobarometer, 2014),
apontam os níveis de participacao em AF na populacao portuguesa como dos
mais baixos a nível europeu, com 64% das pessoas inquiridas a referir que nao
praticam qualquer exercício físico ou atividade desportiva.
Embora relatórios nacionais e internacionais já refiram que a promocao
da AF deverá ser uma das prioridades para o alcance de hábitos de vida
saudável, (Baptista et al., 2011; World Health Organization [WHO], 2010)
parece ainda nao existir consenso acerca das melhores estratégias para
promover a AF em níveis populacionais, (Hoehner et al., 2008).
Estratégias orientadas para o indivíduo, como o aumento do
conhecimento sobre os benefícios da AF apresentam resultados positivos, mas
revelam ter efeito limitado na manutencao da AF bem como difícil aplicacao
populacional, (Van Dyck et al., 2011), pois o ambiente (físico e social) podem
influenciar este comportamento (Brownson et al., 2009).
Introducao
4
Recentemente, resultados de estudos indicam que a existência de
oportunidades para a AF ao nível local, tais como o acesso a parques urbanos
e espacos de recreacao, têm um papel importante na promocao da AF em
diversos grupos populacionais, (Fermino et al., 2013). Quando comparadas
com outras estratégias de promocao, a criacao de um ambiente físico que
apresente oportunidades para a prática de AF podem ser consideradas
estratégias sustentáveis que favorecem a escolha de comportamentos de AF
por parte da populacao, (McCormack & Shiell, 2011).
Assim, o objetivo deste estudo é observar a prática de AF em dois
parques urbanos da cidade do Porto e documentá-la relativamente a sua
intensidade, no sentido de demonstrar a importância dos parques urbanos, e
gerar informacao relevante no planeamento e gestao destes espacos, que
permitam criar melhores condicões para a promocao da AF e do exercício físico
de modo a aumentar desta forma a utilizacao dos parques urbanos da cidade
para a promocao da saúde através da prática regular de AF.
A presente dissertacao é composta por oito capítulos:
O capítulo I refere-se ao enquadramento teórico, através de uma revisao
de literatura que aborda temas sobre a AF e benefícios no tocante a saúde,
assim como a influência do ambiente e dos parques urbanos na prática de AF.
No capítulo II é enunciado o objetivo do presente estudo. Segue-se o
capítulo III onde serao explanados os procedimentos metodológicos
descrevendo o objeto de análise, os instrumentos e protocolo utilizados e a
análise estatística para o tratamento dos dados obtidos.
No capítulo IV sao expostos os resultados obtidos através de tabelas.
O capítulo V contém a discussao e interpretacao dos resultados
confrontando com a literatura existente.
No capítulo VI serao apresentadas as conclusões do trabalho.
No capítulo VII será apresentada toda a bibliografia que deu suporte ao
estudo.
Revisao de Literatura
9
2.1 Atividade Física e Saúde: Conceitos e relações entre ambos
A AF era algo que nos primórdios da humanidade era naturalmente
intrínseco ao Homem, na medida em que este dependia, grandemente, de uma
aptidao e robustez física para sobreviver e para cacar, o que tornava o Homem
desses tempos um ser vivo extremamente ativo do ponto de vista físico.
Ao longo da história da humanidade podemos observar inúmeros povos
que conseguiram vingar e permanecer durante longos anos na superfície do
planeta Terra devido a sua capacidade de sobrevivência e de luta que advinha
precisamente do facto do estilo de vida adotado primar por ser extremamente
ativo. Em boa verdade, ao longo da história o Homem, até comecar a acumular
alimentos e a domesticar animais, sempre foi um ser extremamente ativo
sendo prática constante em sociedades o culto ao exercício físico com
propósitos diferentes dos da atualidade, como por exemplo, a preparacao e
treino para a guerra substituído hodiernamente pelo objetivo de atingir o bem-
estar psicológico, pelo sentido estético que o corpo assume, e, ainda pela
promocao da saúde (Pitanga, 2002).
Os conceitos AF e exercício físico sao muitas vezes confundidos, na
medida em que se constata, nao raramente, uma percepcao igual de
significado para ambos, quando têm significados diferentes. A AF, é
consensualmente definida como todo e qualquer movimento corporal produzido
pela contracao músculo-esquelética resultando num gasto energético (Haskell
et al., 2007). Ou seja, todos os movimentos que realizamos e que fazem parte
da nossa rotina diária sao assim considerados AF. A prática regular de exercício
é um fator importante para o desenvolvimento e manutencao da aptidao física.
Ademais, Ferreira et al. (2005) refere que o exercício físico, convenientemente
planeado e orientado, conduz a uma aptidao física adequada, a qual, por sua
vez, parece estar associada a melhores índices de autonomia e a baixos riscos
de doencas hipocinéticas, podendo ter como resultado final, uma vida mais
longa com qualidade que é, por sua vez, consequência de um modo de vida
ativo. O Exercício Físico é, assim, uma atividade planeada e estruturada no
tempo, com objetivo de melhoria das condicões físicas específicas do sujeito.
Revisao de Literatura
10
O interesse pela AF teve início no campo da medicina, na procura de
auxiliar a formar um indivíduo saudável, com uma boa postura e aparência
física (Pitanga, 2002).
Diversos autores enfatizam o século XIX como o momento em que se
estabeleceram as bases históricas da moderna epidemiologia na relacao entre
a saúde e a AF. Essencialmente, porque nesta época, como consequência da
revolucao industrial, as cidades cresceram e as condicões de vida agravaram-
se, provocando que a grande massa da populacao vivesse em ambientes
poluídos comparáveis na atualidade as cidades de terceiro mundo (Pitanga,
2002). Ademais, com o processo de industrializacao, houve elevacao do
número de pessoas inativas fisicamente em todas as idades, apesar de serem
sobejamente conhecidos os malefícios da ausência de exercício físico em
relacao a saúde.
Níveis insuficientes de AF têm sido frequentemente associados a
doencas coronárias, a obesidade, aos diabetes melito, a osteoporose e
algumas formas de cancro. A AF regular, é assim, recomendada para reduzir o
risco de doencas crónicas, de modo a promover o bem estar físico e
psicológico (Sartoreli & Franco, 2003). Em conformidade, uma das principais
prioridades das organizacões públicas de saúde, nos dias de hoje, é de facto a
promocao da AF (Haskell et al., 2007).
Entre as principais determinantes que podem pôr em causa a saúde e
bem estar de um indivíduo estao o estilo de vida, o meio ambiente e os aspetos
sociais do que se depreende que saúde nao seja definida exclusivamente como
ausência de doenca. O conceito de Saúde é, assim, muito mais do que
ausência de doenca, incorporando uma multiplicidade de aspetos do
comportamento humano direcionados para o completo bem-estar físico, mental
e social. Podemos ainda definir Saúde como uma condicao humana que integra
em concomitância as dimensões física, social e psicológica, cada uma
caracterizada por polos positivos e negativos. A saúde na sua vertente positiva
estaria associada a capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios
que nos sao impostos no nosso dia-a-dia, enquanto na sua vertente negativa
estaria associada a morbidade e mortalidade (Bouchard et al., 1990).
Revisao de Literatura
11
A relacao entre AF e saúde tem início, aparentemente, na era das
doencas crónico degenerativas, sendo que o sedentarismo surgiu como fator
determinante no agravamento do estado de saúde da populacao mundial.
Observamos, hoje em dia, uma inversao das causas de morte, de doencas
infecciosas para doencas cardiovasculares, sendo este facto observado há já
bastante tempo nos países desenvolvidos (Susser & Susser, 1996). Neste
sentido, a AF relacionada com a saúde surge como um dos fatores que pode
modificar (ou, no mínimo, atenuar) o risco dos indivíduos em adoecerem.
Apesar da prática de AF estar altamente associada a uma maior
qualidade de vida e menores riscos de doenca ao longo da vida é necessário
perceber e identificar a intensidade ideal de AF diária e semanal, de modo a
encontrar a relacao dose-resposta ideal associada as diferentes doencas e ao
próprio indivíduo, visto que cada ser é único e responde de maneira diferente
aos estímulos que lhe sao propostos (Susser & Susser,1996).
2.2 Atividade física versus inatividade física: Comportamento de
populações
Algumas evidências sugerem que o sedentarismo e a inatividade física
sao um fator de risco tao importante quanto a dieta inadequada na etiologia da
obesidade (Prentice & Jebb, 1995). Contrariamente, alguns estudos
demonstraram que o controlo do peso e o aumento da AF diminuem a
resistência a insulina, diminuindo a probabilidade de se desenvolverem os
diabetes mellitus (Pan et al., 1997). Para além de tudo isto, a prática de AF
regular associada a uma dieta regrada, melhora o perfil lipídico de indivíduos
em risco de desenvolvimento de doencas cardiovasculares (Stefanick et al.,
1998).
Torna-se evidente que os hábitos alimentares e a prática de AF exercem
uma poderosa influência sobre o balanco energético, sendo considerados, por
isso, os principais fatores passíveis de alterar as determinantes da obesidade
(WHO, 1997). Diversos estudos sugerem, ainda, que a prática de AF regular é
fundamental para o desempenho superior ao nível da saúde, nao só física,
como mental. Por outro lado, há ainda barreiras que dificultam a participacao
Revisao de Literatura
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sistemática em programas de AF, associadas a tendência em se cair em
comportamentos antigos e negativos relacionados com o sedentarismo e
inatividade física; por exemplo, a taxa de reincidência de uma pessoa que teve
durante a vida toda hábitos sedentários e com prática de AF quase nula
evidencia elevada probabilidade de voltar ao registo de vida sedentário, se nao
for adequadamente motivado e direcionado para um programa de exercício
físico regular (Nies & Kershaw, 2002). Tal evidencia que as pessoas têm maior
probabilidade de iniciar e manter a AF se tiverem apoio social adequado e
encorajamento para esse comportamento (Kelly et al., 1991) sendo,
concomitantemente, promotor do combate as doencas coronárias, diabetes,
obesidade e excesso de peso; e, ainda, aos problemas de mobilidade
associados a estes dois últimos, fenómeno frequente na sociedade hodierna.
Deste modo, através de uma prática regular de atividade e exercício físico
pode-se minimizar em grande escala, todos estes problemas de saúde que
atormentam a sociedade na maior parte dos países, como é o caso dos
Estados Unidos, constituindo um grave problema social (Santos et al., 2005).
Têm vindo a emergir diferentes teorias que tentam explicar o
agravamento do estado de saúde da populacao mundial sendo uma dessas
teorias baseada no estilo de vida, o qual tem uma raiz comportamental. Como
principais hipóteses explicativas desta teoria, temos: o stress, sedentarismo,
uso de álcool, hábitos de fumar e uma dieta inadequada, estando todos
altamente associadas a prevalência de doencas crónico degenerativas.
Adicionalmente aos fatores comportamentais, expressos no estilo de vida,
encontram-se fatores genéticos responsáveis pelo agravamento do estado de
saúde. Aparentemente a adesao a prática de AF aumenta se o indivíduo tiver
mais uma nocao de divertimento e bem-estar do que preocupacões sobre o
estado de saúde (Mota & Sallis, 2002).
Torna-se, desta forma, crucial sensibilizar a populacao destes problemas
e alertar as pessoas para os riscos que correm todos os dias ao adotar um
estilo de vida sedentário, sendo esta iniciativa, incitadora da mudanca de
consciência da comunidade que nos rodeia. Para tal, este processo deve ser
iniciado com a atuacao a nível local, mormente pela relevância do estudo dos
Revisao de Literatura
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espacos públicos disponíveis para a prática de AF, de modo a contrariar a
tendência suicida para o sedentarismo que se observa na atualidade.
O estilo de vida, referindo-se ao conjunto de comportamentos e hábitos
do indivíduo que podem afetar a saúde, tem vindo a ocupar um lugar de
destaque em relacao a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos e das
populacões (Bouchard et al., 1990).
2.3. Comportamentos da população: Atividade versus Inatividade
A AF parece oferecer um conjunto de possibilidades promissoras, no
sentido do aumento da qualidade de vida relacionada com a saúde (Mota et al.,
2006). Assim, o aumento do nível de AF parece ter um potencial elevado para
exercer um forte impacto positivo na diminuicao da mortalidade da populacao
em geral e do idoso em particular (Blair et al., 1995).
A adocao de um estilo de vida saudável e fisicamente ativo proporciona
uma mudanca de comportamento do indivíduo, com um impacto positivo ao
nível cognitivo e de qualidade de vida (Woo & Sharps, 2003). Do mesmo modo,
diversos estudos comprovam que a percecao de qualidade de vida associada a
saúde se encontra intimamente ligada a prática, neste caso formal, de AF
(Mota et al., 2006).
Nao obstante, é necessário que o desenvolvimento de programas
efetivos que possam ajudar a melhorar a condicao de saúde dos idosos, sejam
corretamente elaborados, o que requer o conhecimento profundo dos fatores
que influenciam a AF e os indicadores de saúde (Nies & Kershaw, 2002).
Inúmeras constatacões mostram que certos grupos podem estar em
risco de inatividade física, sendo de esperar consequências negativas quer no
domínio da saúde física quer na saúde psicossocial (Nies & Kershaw, 2002).
Nos EUA, sao 10 milhões de coronariopatas que originam 100.000
intervencões por ano (Morbidity and Mortality Weekly Report, 2001). Estudos
controlados nesses pacientes evidenciam que aqueles que entram num
programa de AF regular diminuem em 25% o risco de morte (Pate et al., 1995) .
A inatividade física é um fator de risco independente para a doenca
Revisao de Literatura
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cardiovascular, hipertensao arterial, obesidade e hipercolesterolemia
(Erlichman et al., 2002; Pate et al., 1995).
Apesar de todos os benefícios da participacao continuada em programas
de AF, vários estudos relatam haver crescimento na prevalência de inatividade
física em países desenvolvidos e em desenvolvimento, independentemente do
género, idade, nível socioeconómico e educacional (WHO, 2009). Esse fator de
grande preocupacao chamou a atencao da Organizacao Mundial de Saúde que
incluiu a AF na sua lista de prioridades.
Diversos estudos epidemiológicos sobre a AF e a longevidade,
mortalidade e saúde foram objeto de revisao. Na maior parte destes trabalhos
observou-se associacões entre as variáveis. Mais recentemente, foram
analisados níveis de aptidao física em 9777 homens em duas ocasiões, com
média de 5 anos entre cada avaliacao. Como resultados, constata-se que as
taxas de mortalidade mais elevadas, foram observadas em homens de baixo
nível de aptidao física nas duas avaliacões (122.0/10.000 homens/ano),
enquanto que as mais baixas taxas de mortalidade foram observadas em
homens com altos níveis de aptidao física nas duas avaliacões (39.6/10.000
homens /ano). Nos homens que melhoraram os níveis de aptidao física entre a
primeira e a segunda avaliacao, foi observada uma taxa de mortalidade de
67.7/10.000 homens/ano de observacao (Blair et al., 1995). Os autores afirmam
que apesar de serem estudos observacionais, nao podendo assim ser
estabelecida uma relacao causa-efeito, as evidências sugerem uma forte
associacao entre AF e longevidade (Lee et al., 1995). Por sua vez,
variadíssimos estudos experimentais têm demonstrado que programas de
exercício físicos melhoram nao só a aptidao física, mas também os níveis de
lípidos sanguíneos, pressao arterial, densidade óssea, composicao corporal,
sensibilidade a insulina e tolerância a glicose. É assim possível concluir que a
melhoria destas variáveis clínicas poderá levar a reducao da taxa de
mortalidade e aumento do tempo de vida saudável das pessoas (Dishman,
1994).
Revisao de Literatura
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2.4. Influência do ambiente no comportamento do indivíduo
Estudos recentes evidenciam que o ambiente construído pode
influenciar a prática de AF regular. Saelens e Handy (2008) encontraram uma
associacao positiva entre caminhar, como uma alternativa aos transportes, e
certas características do ambiente como seja a densidade populacional, a
distância a destinos nao residenciais, a mistura do uso dos terrenos, a
conectividade com os destinos e, ainda, o acesso a parques e espacos
abertos. Em particular, alguns estudos também mostraram associacões entre a
proximidade e a disponibilidade de equipamentos presentes em espacos
públicos abertos e maiores níveis de AF. Estes dados, reforcam ainda mais a
importância dos espacos públicos ao ar livre, como parques, no aumento dos
níveis de AF da comunidade local. Uma boa forma de avaliar o grau de uso de
um parque, a AF dos utilizadores e as suas características é a observacao de
espacos públicos usando sistemas de observacao, como seja, o Sistema de
Observacao de Atividades Físicas e Recreativas na Populacao (SOPARC). Em
conformidade, documentar o tipo de AF desenvolvida em parques públicos, o
seu uso e as preferências em termos de grupos de idade e género podem
fornecer informacao útil aos administradores dos parques públicos e permitir o
estabelecimento de prioridades promotoras da AF (Hino et al., 2010).
Exemplos de parques bem estruturados para a prática do exercício
físico, é o caso da cidade de Curitiba (Brasil), com uma área de média 6217
m2, da qual 70 % está equipada com algum tipo de estrutura para a prática de
AF, tais como, corredores destinados a caminhar ou a correr, campos de
diferentes modalidades desportivas, áreas destinadas a alongamentos ou
treino de forca. Estas características tornam assim as pracas um espaco
usados frequentemente para a prática e promocao de AF (PPUC, 2008).
É possível constatar que, cada vez mais, em parques urbanos ou até em
zonas costeiras temos a presenca de estacões de fitness e áreas dedicadas a
prática de exercício e AF. Nao obstante, é importante perceber-se que se
devem seguir algumas diretrizes no que toca ao planeamento urbano destas
áreas. American College of Sports Medicine [ACSM] (2012) recomenda a
implementacao de certas políticas e procedimentos como sejam as instalacões
Revisao de Literatura
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supervisionadas com staff, como é exemplo dos parques urbanos, o que
disponibiliza a populacao e utilizadores um ambiente produtivo para a saúde e
a AF.
Na 4ª edicao da ACSM (2012) foram determinadas diretrizes que podem
ser utilizadas em todo o tipo de instalacões de saúde e fitness, como sao
exemplos, os centros de fitness dos hotéis, estacões de treino ao ar livre e,
ainda, instalacões comerciais.
O facto de qualquer AF ter associada algum risco de lesao,
independentemente da prudência que se tem, requer o cumprimento das
diretrizes de seguranca, as quais entao em constante mudanca, o que por sua
vez exige aos responsáveis e respetivo staff uma atualizacao constante e em
sintonia com o desenvolvimento profissional associado a este tema (ACSM,
2012).
Devido a AF ao ar livre depender dos materiais que estao disponíveis
nos parques urbanos, a ACSM dá relevância a aparência da sinalizacao dos
parques. Nomeadamente, ''Um sinal deveria ser portador de cores e materiais
com o objetivo de comunicar ao utilizador a mensagem desejada. Por exemplo,
é recomendado que a cor vermelha seja utilizada para designar o perigo num
trilho, a laranja para estar alerta e o amarelo para ter cuidado. O tipo de
material usado é também muito importante; a título de exemplo, material a
prova de água e ferrugem devem ser utilizados em zonas de grande humidade
para assim preservar a sinalizacao.'' (ACSM, 2007, pp. 1423–1434).
A facilidade de leitura da sinalizacao dos parques é outro aspeto que é
dada relevância por parte da ASCM visto que é importante que os utilizadores
se saibam localizar dentro do parque e consigam aceder as áreas que
pretendem. Desta forma, ''A facilidade de leitura refere-se a palavras, símbolos,
imagens que sao utilizadas para fazer a sinalizacao. Por exemplo, sempre que
possível, haver desenhos ou ilustracões devem ser utilizadas desde que
tenham um significado que seja percebido universalmente. Também o uso de
certos símbolos como é exemplo a imagem de uma pessoa a cair quando perto
temos uma ravina ou alguma superfície escorregadia perto do local. Todas
Revisao de Literatura
17
estas informacões devem estar facilmente acessíveis aos utilizadores de forma
a que estes consigam ler de longe'' (ACSM, 2007, pp. 1423–1434).
2.5. Ambiente Físico versus Ambiente Social
É interessante ressaltar que o comportamento ativo sofre interferências
derivadas da dinâmica de vida dos indivíduos (trabalho, aspetos corporais,
fatores psicológicos, crencas e conhecimentos) e de fatores ambientais
(seguranca, moradia, aspectos económicos, saúde básica, educacao,
transporte e locais), os quais podem ter um impacto determinante no
envolvimento populacional em atividades físicas (Silva et al., 2012). As
determinantes da AF em adultos sao multifatoriais entre as quais se destacam:
os fatores demográficos e biológicos (idade, género, nível socioeconómico,
composicao corporal, etc.), psicológicos, cognitivos e emocionais (expectativa
de benefícios, imagem corporal, saúde psicológica, etc.), atributos
comportamentais e habilidades (modelo de comportamento, programas de
exercícios no passado) culturais e sociais (influência do médico, suporte social,
etc.), ambiente físico (facilidade de acesso, clima/ estacao do ano, etc.) e
caraterísticas da AF (intensidade e esforco percebido) (Sallis & Owen, 1999).
As determinantes podem ser estabelecidas a partir de características
intrapessoais ou seja fatores inerentes aos indivíduos (aspetos biológicos),
fatores socioeconómicos e demográficos, características interpessoais
(processos interpessoais incluindo família, amigos e colegas) e características
ambientais (fatores do ambiente físico e social percebido e real) (Glanz, 1999).
Para além disso, as condicões estruturais públicas, constituem por vezes
determinantes do aumento do número de sedentários, já que grande parte da
populacao nao tem acesso a lugares privados para a realizacao de atividades
físicas. Preocupacões desta natureza devem tornar-se mais presentes, quando
está em jogo a relacao entre espaco urbano, lazer e contemporaneidade (Silva
et al., 2012).
De acordo com Santos et al. (2005) os parques e as pracas constituem
os principais exemplos de espacos públicos para o lazer, podendo diferenciar-
se em funcao das suas características funcionais ou morfológicas e,
Revisao de Literatura
18
consequentemente, construir-se a partir de diferentes paradigmas de lazer.
Aberromble et al. (2008) salientam que os parques públicos sao locais
privilegiados para a prática de AF, sendo frequentados por um elevado número
de sujeitos que fazem desde atividades de marcha com baixo gasto energético
até atividades de corrida exaustiva, de elevado dispêndio energético. As pracas
e parques sao, assim, utilizados diariamente por pessoas que depositam num
espaco público um leque de intencionalidades que vao desde o praticar alguma
AF até ao simples, e tao necessário, descanso (Santos et al. 2005).
Segundo estudos realizados em Florianópolis (Brasil) há evidências que
sugerem que a prática frequente de AF e o apoio e incentivo dos
amigos/companheiros e familiares sao indicadores que estimularam a AF e o
exercício regular dos utentes em parques urbanos durante todo o ano. Para
além disso, nestes estudos, a imagem social atribuída ao parque parece ser
um indicador importante que estimulou os usuários na maior parte das
estacões, exceto no inverno. Nao obstante, a presenca de indicadores da
dimensao sociocultural, como sejam os servicos de atendimento de
emergência e a seguranca pública nas imediacões, nao se apresentou como
fator de relevância para a prática de AF no parque, para a maior parte dos
usuários. Neste estudo, observou-se ainda que os usuários dos parques
urbanos durante o período de verao, percebiam a necessidade da prática
regular de AF no sentido da saúde, reiterando outros estudos (Mota et al.,
2006).
Por seu turno, estudos realizados em Portugal sugerem que os
adolescentes revelam níveis superiores de atividades físicas no exterior
durante o período de verao e primavera visto que nestas estacões há um
predomínio de temperaturas mais agradáveis, levando assim a maior
permanência fora de casa. Níveis relevantes de AF durante a primavera
também foram destacados num estudo longitudinal realizado com adultos dos
20 aos 70 anos nos Estados Unidos (Santos et al., 2005).
Do referido importa destacar que o ambiente se constitui como um fator
percebido como indutor da frequência e estímulo para utilizacao de parques
urbanos na realizacao de atividades físicas, embora fatores intrínsecos sejam
Revisao de Literatura
19
também de fundamental importância para a adocao e manutencao de um estilo
de vida mais ativo (Ma et al., 2006).
2.6. O papel dos Parques Urbanos na promoção da saúde
Kliass (1993), define parques urbanos como espacos públicos com
dimensões significativas e predominância de elementos naturais,
principalmente cobertura vegetal, destinados a recreacao. E ainda
complementa que, na verdade, o parque é um elemento urbano com relativa
autonomia, interagindo como o seu envolvimento e apresentando no seu
conjunto condicões de absorcao da dinâmica da estrutura urbana e dos hábitos
da populacao.
Os parques urbanos têm um papel crucial nas grandes cidades como é
exemplo a cidade do Porto, visto que através deles é possível proporcionar
uma maior qualidade de vida ao se constituírem locais de lazer, de recreacao e
educacao ambiental, em particular para a populacao que reside na área e,
ainda, para as restantes pessoas que podem usufruir das possibilidades que
um parque urbano proporciona.
A construcao e revitalizacao destes locais têm recebido especial atencao
de órgaos internacionais como meio de promover e incentivar um estilo de vida
ativo (Librett et al., 2007).
Segundo Carneiro (1998), os parques urbanos eram considerados até
há pouco tempo no Brasil como espacos destinados a atender basicamente a
funcao de recreacao da populacao das cidades; contrariamente, nos dias de
hoje, os parques urbanos ampliam nao só o seu uso, mas também o seu papel
no contexto social e ambiental em que se inserem, passando a serem
conhecidos como espacos educativos e sociais, proporcionadores de um
ambiente mais saudável para a cidade (Malina, 2001) .
As atividades físicas podem, assim, ser realizadas em diferentes
momentos do dia e em espacos alternativos e nao necessariamente no
contexto específico de clubes e ginásios, tornando-se mais acessíveis a
populacao em geral e facilitando também a sua execucao (Carneiro, 1998).
Revisao de Literatura
20
Alguns determinantes ambientais como a acessibilidade, a
disponibilidade, a seguranca, o tráfego urbano, as condicões climáticas e
atmosféricas, o suporte social, as crencas e atitudes sao percebidos como
influenciadores do desenvolvimento da AF em parques (Bedimo et al., 2005;
Cohen et al., 2004).
Os parques urbanos e de preservacao estao a ser cada vez mais
valorizados como ambiente de convívio, através de diferentes formas de lazer
e, ainda, estimuladores do aumento da relacao das pessoas com a natureza.
Desta maneira, o aumento do número de parques e pracas tem sido valorizado
como estratégia importante para o aumento da prática de atividades físicas na
populacao (Centers for Disease Control and Prevention [CDC], 1999). Desde
cedo que muitos autores tiveram uma preocupacao com a implantacao de
parques urbanos, nao só pela sua importância direcionada para o lazer das
populacões das cidades como também para melhorar a qualidade do ambiente
urbano. Particularmente, os parques urbanos diminuem a poluicao atmosférica,
sonora e ainda atenuam a temperatura, tudo devido a presenca de vegetacao
no meio da cidade. Inicialmente estes autores e arquitetos tinham como
objetivo a protecao dos espacos verdes das áreas urbanas, promovendo o
desporto, a AF e o lazer, o que concomitantemente contribui para uma melhoria
da qualidade do ar com a criacao destes espacos (Fabos et al., 2006).
A implantacao e criacao de parques urbanos tem contribuído
sobremaneira para o incremento da qualidade de vida das comunidades. A
título de exemplo, evidencia-se pelo seu trabalho a este nível o grande
arquiteto paisagista de seu nome Frederick Law Olmsted, que teve durante o
seu período de vida um papel ativo na projecao de dois dos parques urbanos
mais importantes dos Estados Unidos. O arquiteto promoveu ao longo da sua
vida a interacao das pessoas com a natureza dentro de grandes cidades.
Conseguiu implementar esta ideia em duas cidades, a de Nova York, com o
Central Park e a de Boston, desenvolvendo um sistema de parques urbanos.
Deste modo demonstrou a importância da presenca de parques urbanos
direcionados ao lazer das comunidades locais e também enquanto espacos
Revisao de Literatura
21
incrementadores de prática de AF, algo que por vezes é bastante difícil, em
grandes cidades como as referidas (Little, 1995).
Apesar dos aspetos positivos que a presenca de um parque urbano tem
nas comunidades, se este nao for supervisionado e houver falta de informacao
relativamente a sua forma de utilizacao e aos fatores que podem facilitar ou
impedir a sua utilizacao, as suas vantagens tornam-se mais limitadas.
Observamos, assim, uma necessidade de compreensao dos fatores que
possam intervir na ocupacao fisicamente ativa de parques urbanos enquanto
espaco de lazer.
Um dos indicadores que foi referido como um aspeto de desmotivacao
por parte dos usuários dos parques urbanos em diversos estudos, reside na
incidência de chuvas enquanto fator percebido negativamente para a prática de
AF. Isto evidencia que os fatores climáticos influenciam a percepcao quanto a
prática de AF, sendo que diferentes estudos provam uma relacao negativa
entre a prática de AF e a incidência de chuvas (Chan et al., 2006). Estudos em
parques urbanos e zonas verdes revelaram que o indicador relacionado as
condicões climáticas favoráveis a prática de exercício físico estimulava a maior
parte dos usuários nos períodos de verao, outono e inverno. Durante a
primavera este indicador pouco estimulou os usuários para a prática de AF,
quando comparado com as restantes estacões do ano (Mota et al., 2006).
No tocante a Portugal, as condicões meteorológicas e ambientais variam
bastante consoante a época do ano, assim como a disposicao geográfica dos
parques, aspetos a considerar, visto que sao indutores da mudanca nao só das
temperaturas como também de uma maior presenca de chuva.
Nomeadamente, na zona Norte de Portugal, o verao tem temperaturas mais
amenas, aproximadamente 27 graus de temperatura média diária e dias de
longos períodos de exposicao solar, apesar de por vezes poder haver períodos
de chuva durante esta estacao do ano. No inverno, a zona Norte de Portugal é
completamente diferente, visto que as temperaturas caem bastante para a
ordem dos 7 graus e existe a ocorrência de tempestades de vento e chuva
durante esta época do ano, o que torna o período de exposicao solar menor
(Ma et al., 2006).
Objetivo
25
O presente estudo apresenta o seguinte objetivo:
• Avaliar dois parques urbanos da cidade do Porto através do sistema
SOPARC, relativamente a prática de AF, tendo por referência os níveis de AF
praticados (sedentário, ativo e vigoroso) e os escalões etários dos seus
utilizadores (criancas, jovens, adultos, idosos).
Metodologia
29
O presente estudo foi feito na cidade do Porto. Foram selecionados por
conveniência dois parques urbanos situados em freguesias distintas e
afastadas espacialmente, porém semelhantes em relacao ao estatuto sócio-
económico.
Este estudo foi conduzido durante o mês de agosto de 2014. Foi escolhida esta
altura do ano em que o tempo está mais favorável a utilizacao dos parques
urbanos, quer por aspectos meteorológicos, quer por se tratar do período de
férias escolares.
4.1. Caraterização dos Parques Urbanos
4.1.1. Quinta do Covelo (Porto)
A Quinta do Covelo é um espaco verde sediado no coracao de uma zona
residencial bastante antiga, com cerca de 8 hectares, localizada na zona norte
da cidade do Porto, na freguesia de Paranhos e delimitada pelas ruas Faria
Guimaraes, Bolama, travessa do Monte de Sao Joao e parte da rua de Álvaro
Castelões.
A vegetacao da Quinta do Quinta do Covelo é essencialmente composta
por carvalhos-alvarinhos, sobreiros, pinheiros-mansos e pinheiros-bravos. Na
zona baixa da Quinta, a nascente, situa-se a antiga casa senhorial e alonga-se
um caminho calcetado e retilíneo, com bancos e passeios arborizados. De um
dos lados do caminho, com algum declive, há um extenso relvado plantado
com numerosas árvores jovens para embelezar o espaco. Do lado oposto,
estufas e viveiros que pertencem a Câmara Municipal do Porto que preenchiam
inteiramente os antigos campos agrícolas, foram requalificados, existindo agora
uma área integralmente vocacionada para os mais novos (parque infantil),
inaugurado a 9 de Maio de 2009.
A antiga Quinta de Paranhos foi doada a Câmara Municipal do Porto e
ao Ministério da Saúde, por testamento, com o impedimento de indivisibilidade
e para a edificacao de um hospital para tratar tuberculosos. Uma vez que o
Ministério da Saúde prescindiu de construir aí o referido centro hospitalar, a
Câmara Municipal do Porto gere atualmente a totalidade do espaco com
Metodologia
30
atividades lúdicas, de educacao ambiental e a manutencao da área destinada
ao descanso e recreio.
A quinta foi recuperada em 1987/88 a partir de um projeto do arquiteto
Castro Calapes e foi palco de inúmeros eventos, nomeadamente eventos
universitários e estudantis. Mais recentemente, e para se perceber que a
populacao que vive em redor do parque é maioritariamente idosa, tais eventos
deixaram de ser realizados neste local (Carvalho, 2009).
4.1.2. Parque urbano da Pasteleira (Porto)
O desenvolvimento dos aglomerados urbanos exige a constituicao de
estruturas verdes adequadas, que possibilitem a solucao dos inúmeros
problemas inerentes as necessidades das populacões quanto a recreio, lazer,
contato e conhecimento da Natureza. Considerando todos estes aspectos, é
muito importante para a zona da Pasteleira a existência deste Parque, que
exerce grande atracao sobre os vários estratos populacionais (sociais e
etários), beneficiando a sua formacao física, cultural, mental, social e na
ocupacao sa dos tempos livres.
Para além do Parque da Pasteleira constituir um elemento fundamental
da estrutura verde principal da cidade, e um centro de convívio, recreio, lazer e
desporto livre da populacao, constitui também um valor estético e urbano que
enriquece, sem a mínima dúvida, a cidade do Porto.
O perfil do Parque da Pasteleira visa entao a criacao de um espaco
público de lazer multifacetado, numa área particularmente carenciada neste
tipo de equipamento. Assim, é vocacionado tanto ao contato mais direto com a
Natureza, como a prática desportiva e lúdico-cultural. Com uma área total de 7
hectares, divide-se em duas parcelas separadas por uma via rodoviária, apesar
de estar ligada por três pontões. Tal como se pode verificar, a estruturacao
geral do Parque da Pasteleira inspira-se nitidamente nas paisagens naturais,
através sobretudo do aproveitamento da mata existente, na parcela nascente
onde a arborizacao é mais densa, com a desejável adaptacao a vida social da
cidade. De facto, a mata, composta essencialmente por pinheiros bravos e por
Metodologia
31
sobreiros, representa a última grande parcela de vegetacao natural existente
na área do Porto.
Todo este património natural é conservado no modelo paisagístico do
parque, sendo que o projeto prevê também o enriquecimento da vegetacao
pela plantacao de árvores e arbustos da flora portuguesa e também espécies
exóticas.
A situacao do Parque da Pasteleira está favorecida por fáceis acessos,
dada a sua contiguidade e proximidade aos principais eixos rodoviários que
ligam o centro cívico as periferias da área metropolitana, tornando-se assim um
parque estrategicamente importante para a populacao e para o enriquecimento
dos espacos verdes da cidade.
O sistema de observacao utilizado foi o SOPARC (Sistema de
Observacao de Atividades Físicas e Recreativas na Populacao)
4.2. Caraterização e objetivos do SOPARC
O SOPARC foi desenhado para obter informacões diretas sobre o uso
de parques pela comunidade.
Este instrumento possibilita a avaliacao de características relacionadas
com os parques, como seja, as diferentes áreas predeterminadas a atividade
(áreas alvo), nível de acessibilidade, utilizacao, supervisao e organizacao.
Relativamente aos usuários permite caracterizar a sua faixa etária, género,
etnia, nível de AF e tipo de atividade realizada. Este instrumento baseia-se,
assim, numa técnica de amostragem momentânea, na qual, se realizam
observacões sistemáticas e periódicas dos indivíduos e dos fatores contextuais
existentes nas áreas alvo nos parques.
Durante a observacao, a atividade de cada indivíduo é mecânica ou
eletronicamente codificada como sedentária (permanece deitado, sentado ou
parado), caminhando ou muito ativa. Sao realizadas observacões separadas de
homens e mulheres, considerando-se as características dos usuários. O gasto
energético estimado (Kcal/Kg/min) para uma determinada área alvo do parque
pode ser calculada baseando-se em constantes validadas previamente para
cada índice de atividade.
Metodologia
32
Este instrumento, fornece adicionalmente informacões sobre as áreas
alvo relevantes dentro do parque, as quais sao primeiramente, medidas,
codificadas e mapeadas. Após esta etapa, avaliadores qualificados visitam as
áreas alvo durante períodos específicos de tempo ou em dias aleatoriamente
escolhidos. No projeto GUIA, as observacões pelo SOPARC foram realizadas
em dois dias úteis e num fim de semana, incluindo pelo menos um domingo,
num sistema de alternância, nos seguintes horários: dias de semana (6:00-
6:30, 6:45-7:15, 17:00-17:30 e 17:45-18:15) e finais de semana (10:00-10:30,
10:45-11:15, 14:00-14:30 e 14:45-15:15). Assim como em horários onde nao há
funcionamento ativo dos polos, em dias úteis (9:45-10:15, 10:30-11:00; 14:30-
15:00, 15:15-15:45).
4.3. Justificação para a utilização do SOPARC
A AF e a recreacao estao positivamente associadas com bom estado de
saúde. As investigacões centradas no envolvimento da populacao em AF
realizada em espacos abertos (espacos de recreacao e lazer) têm sido
dificultadas pela falta de instrumentos objetivos que possam quantificar os
níveis de AF e as características dos usuários. A avaliacao nestes lugares é
complexa devido ao elevado número de participantes que mudam
frequentemente de tipo e intensidade de atividades.
O SOPARC permite responder a estas necessidades revelando-se um
instrumento útil para o avanco do conhecimento nesta área.
4.4. Validade
A validade dos códigos de atividade utilizados pelo SOPARC foi
estabelecida através da monitorizacao da frequência cardíaca (McKenzie et
al.,1991; Rowen et al., 1997). Este procedimento forneceu suporte inicial de
validade de constructo do SOPARC, tendo permitido oferecer medidas de
comportamentos perseverantes (ex: AF) que sao obtidas com frequência e
aleatoriedade. Técnicas de amostragem momentânea apontaram a existência
de amostras válidas nos comportamentos apresentados, dado que apenas
foram registados episódios breves. As respostas e os registos ocorrem
Metodologia
33
simultaneamente com as observacões acontecendo numa taxa de
aproximadamente uma pessoa por segundo.
4.5. Confiabilidade
Os dados de confiabilidade de um instrumento parecido (system for
observing play and leisure activity in youth [SOPLAY]) foram coletados durante
14 dias de avaliacao em escolas de ensino médio. Um par de avaliadores fez
as contagens para meninos e meninas de maneira, em cada categoria de
atividade, de forma simultânea e independente nas aulas selecionadas. A
avaliacao de um total de 186 áreas alvo foram usadas para análise de
confiabilidade. A concordância entre observadores (CEO) foi realizada em cinco
variáveis contextuais (isto é, acessibilidade, utilizacao, presenca de supervisao,
presenca de atividades organizadas e disponibilidade de equipamentos)
obtendo-se respetivamente os seguintes valores: 95%, 97% 93% 96% e 88%.
Para examinar a confiabilidade do nível de AF, uma série de correlacões
intra-classe foram computadas. As correlacões foram altas para meninas
sedentárias (R=0,98) e caminhando (0,95), no entanto menores para meninas
muito ativas (0,76). Para meninos, as correlacões foram altas para sedentários
(0,98), caminhando (0,98) e muito ativo (0,97). Foi concluído que os níveis de
concordância e correlacao intraclasse atingiram aceitável critério de
confiabilidade (CEO-80%, R=0,75).
Num recente estudo em que foram realizadas observacões em 85 áreas
alvo em parques (McKenzie et al., 2006), o Escores de Concordância entre
observadores (CEO) para variáveis contextuais foram de 95% para
acessibilidade da área, 91% para utilizacao, 95% para presenca de supervisao,
95% para presenca de atividade organizada e 96% para presenca de
equipamentos. As correlacões
intraclasses para o número de usuários de parques foi alta: R=0.99 para
mulheres e R=0.97 para homens. Os CEO por faixa etária foram 89% mulheres
e 85% homens; por raca/etnia foram 80% mulheres e 82% homens e os índices
de AF foram 80% mulheres e 88% homens, fornecendo um critério confiável de
mensuracao.
Metodologia
34
4.6. Áreas de Observação
Observacões diretas sao realizadas em Áreas Alvo escolhidas, as quais
representam lugares padrao em parques que fornecem aos usuários a
oportunidade de serem fisicamente ativos. Estas Áreas Alvo sao pré-
determinadas e identificadas para observacao antes do estabelecimento de
uma mensuracao que forneca uma baseline. Deve-se utilizar um mapa para
identificar as áreas e o padrao da ordem de observacao para cada parque,
áreas alvo adicionais podem ser acrescentadas pelos observadores no local,
sendo entao documentadas.
Em ocasiões de grande movimento de usuários, as Áreas Alvos sao
subdivididas em pequenas Subáreas Alvo (espacos de observacao) e, deste
modo, podem ser obtidas medidas precisas. Os observadores utilizam quadras
ou pontos de marcacao no parque para determinar as Subáreas Alvo
apropriadas dentro de cada Área Alvo e a soma dos dados obtidos em cada um
destes pequenos espacos, fornecerá uma medida abrangente de cada uma
destas Áreas Alvo.
Por sua vez, a decisao de subdividir uma Área Alvo depende de: (1) do
número de usuários do parque nesta área e (2) do tipo de atividade. Atividades
rápidas nas quais os usuários estao juntos e movendo-se em várias direcões
como num jogo de futebol, requerem espacos menores de observacao.
4.7. Períodos de Observação
Os períodos de observacao escolhidos têm como objetivo obter uma
mensuracao apurada das pessoas envolvidas numa Área Alvo entre 6:00 AM e
8:00 PM. No presente estudo, os horários das medidas serao ligeiramente
alterados visto que ambos os parques observados têm horários de
funcionamento diferentes dos propostos em cima, dito isto as observacões
serao registadas nos seguintes horários: 10:30 -11:15 no período da manha,
13:30-14:15 no período do meio–dia, 18:00-18:45 na parte da tarde, tanto
durante a semana com ao fim-de-semana.
Metodologia
35
4.8. Instrumento de Observação
A parte experimental do presente estudo, que consistiu na utilizacao da
aplicacao iSOPARC para a observacao e registo direto da AF em dois parques
urbanos do Porto, decorreu no mês de agosto de 2014. O iSOPARC é um
instrumento utilizado para fazer as observacões dos parques e para armazenar
toda a informacao relativa aos parques e aos seus utilizadores consistindo
numa aplicacao disponível (neste caso para o Ipad).
Esta aplicacao implementa o protocolo do sistema SOPARC descrito
anteriormente, tendo como objetivo assistir a comunidade científica a gerar
dados informativos essenciais relativos aos parques urbanos observados.
Permite-nos ainda armazenar, processar e exportar esses mesmos dados para
depois serem objeto de estudo.
Esta mesma aplicacao é ainda utilizada para recolhas de dados para
outro sistema de observacao, denominado SOPLAY, usado bastantes vezes em
escolas.
As principais razões pelas quais o iSOPARC funciona bastante bem na
recolha, processamento e exportacao da informacao, situam-se na
possibilidade da informacao introduzida ser usada facilmente, numa
organizacao mais eficaz dos dados sem falhas, está em rápido
desenvolvimento e permite ainda uma exportacao dos dados acessível a
qualquer utilizador.
O sistema iSOPARC permite-nos ainda calcular automaticamente os
espacos onde se localizam as ‘áreas observadas’ que consistem nos espacos
que serao observados e onde se irá registar a AF dos utilizadores do parque
em questao.
A aplicacao iSOPARC é uma ferramenta essencial no que toca a recolha
de dados quando utilizamos o protocolo do SOPARC, na medida em que
permite-nos, nao só, a recolha e processamento dos dados de uma forma
simples e de fácil compreensao, como também nos permite fotografar ao
mesmo tempo os espacos (áreas observadas), que estamos a registar e
observar. O
No anexo 1 pode-se encontrar os mapas dos dois parques com as áreas
Metodologia
36
observadas devidamente delimitadas. No anexo 2 encontram-se as fotografias
dos vários pontos de observacao nos dois parques em estudo.
4.9. Procedimentos estatísticos
Recorreu-se a estatística descritiva, para obtencao de frequências e
respetivas percentagens.
Para a comparacao dos dois parques urbanos em relacao aos níveis de
intensidade de esforco de atividade praticada e tendo por referência os grupos
etários dos utilizadores (criancas, jovens, adultos e idosos) recorreu-se a
estatística nao-paramétrica, mais precisamente o teste de Mann-Whitney.
Resultados
39
O tempo total de observacao da AF nos dois parques foi de 15 horas e
45 minutos, distribuídos por três períodos do dia e de acordo com o protocolo
do SOPARC.
Foram observadas 16 áreas-alvo sendo 10 áreas no Parque da Quinta
do Covelo e 6 áreas no Parque da Pasteleira. Na tabela 1 encontra-se a
descricao das áreas bem como o número de observacões realizadas em cada
área.
Tabela 1. Áreas observadas nos Parques Urbanos da Pasteleira e do Quinta
do Covelo sediadas na cidade do porto
Nome do parque Descrição da área Observações (n)
Quinta do Covelo
Baloico 86
Círculo de cimento 88
Escorrega e caixa de areia 94
Fitness Station 80
Jogo de obstáculos 90
Pequeno espaco de relva 88
Quadrado de cimento 72
Relvado 82
Slide 94
Zona com relva 68
Pasteleira
Círculo de cimento 98
Espaco de pedra com bancos 108
Amplo relvado com ciclovia 218
Parque infantil 1 94
Parque infantil 2 92
Superfície de cimento ao longo do lago 88
As observacões tiveram lugar em três períodos distintos do dia: manha,
horário do almoco e tarde. Na tabela 2 encontra-se a distribuicao das
observacões por período do dia em cada um dos parques avaliados. Importa
Resultados
40
verificar que duas observacões (0,3%) realizadas no Parque da Pasteleira
foram eliminadas das análises por terem sido realizadas no horário
correspondente ao início da noite. De acordo com o que foi mencionado na
Metodologia, este horário nao foi considerado para as observacões, uma vez
que um dos Parques encerrava as suas instalacões neste horário.
Tabela 2. Frequência de observacões realizadas em cada período do dia
Nome do parque Período % observações
Quinta do Covelo
Manha 34,3
Hora do almoco 30,1
Tarde 35,6
Pasteleira
Manha 36,1
Hora do almoco 34,7
Tarde 28,9
O Parque da Pasteleira apresentou as maiores áreas propícias para
observacao. Na tabela 3 é possível verificar a média de metros quadrados
observados em cada parque urbano da amostra do presente estudo.
Tabela 3. Áreas observadas em cada parque por metros quadrados
Nome do parque Média Desvio padrão
Covelo 423,4 281,3
Pasteleira 1602,3 * 481,5
* diferenca significativa: p<0.01
Foram realizadas 3416 observacões, sendo 1484 observacões no nível
Sedentário, 1043 no nível Moderado e 889 no nível Vigoroso. Na tabela 4 sao
apresentados os valores observados em cada categoria de atividade nos dois
parques urbanos do Porto e os resultados da comparacao pelo teste de Mann-
Whitney U.
Tabela 4. Observacões em cada nível de atividade física por parque
Resultados
41
Nome do parque Sedentário Moderado Vigoroso
Quinta do Covelo 1033** 633 652**
Pasteleira 451 410 237
**p<0,01
A tabela 4 mostra os resultados das observacões de acordo com o
escalao etário. Ao comparar os resultados entre os dois parques através do
teste de Mann-Withney U verifica-se uma diferenca estatisticamente
significativa nos níveis sedentário e vigoroso. Assim, a Quinta do Covelo é o
parque com maiores observacões no que respeita ao nível Sedentário bem
como ao nível vigoroso de AF.
Relativamente aos grupos etários observados nos parques, foram
encontradas diferencas significativas relativamente as criancas e aos jovens
observados, sendo a Quinta do Covelo o parque com maior número de sujeitos
observados nos escalões etários acima referidos. Nao foram encontradas
diferencas no número de adultos e idosos observados nos dois parques.
Tabela 5. Número de observacões por escalao etário nos parques
Parque Crianças Jovens Adultos Idosos
Covelo 987** 306** 798 218
Pasteleira 321 131 500 139
**p <0,01
Discussao
45
O objetivo geral deste estudo consistiu em avaliar dois parques urbanos
da cidade do Porto através do sistema SOPARC, relativamente a prática de AF,
tendo por referência os níveis de AF praticados (sedentário, ativo e vigoroso) e
os escalões etários dos seus utilizadores (criancas, jovens, adultos, idosos).
Neste estudo verificou-se que o número de áreas observadas nao é
homogéneo em cada um dos parques, devendo-se ao facto das observacões
terem sido realizadas em circuito; ou seja, durante os 45 minutos de
observacao dado se ter iniciado sempre pelo mesmo local, as áreas
observadas tiveram menos observacões no final e as iniciais mais
observacões. Nao obstante este aspecto nao interferiu com o objetivo do
estudo.
Atendendo aos resultados encontrados é notório que o parque da
Pasteleira apresenta áreas com maior dimensao para a prática de AF. Nao
obstante a Quinta do Covelo registou um número de observacões
significativamente superior no nível sedentário e vigoroso de AF quando
comparado com o da Pasteleira. Do mesmo modo, na Quinta do Covelo os
grupos de criancas e jovens obtiveram um número de observacões superior em
relacao ao parque da Pasteleira. Estas evidências poderao ter diferentes
explicacões, nomeadamente na posicao geográfica e nas infraestruturas
disponíveis.
Por um lado, o facto do parque da Quinta do Covelo estar localizado
numa zona mais central da cidade, torna-se mais favorável para a sua
utilizacao, uma vez que é rodeado de um aglomerado populacional elevado,
bem como de uma rede de transportes melhor organizada que favorecem a
mobilidade das pessoas e, consequentemente, uma maior disponibilidade para
praticar AF. Conforme referem diferentes autores (Sallis & Owen, 1999; Yang et
al., 2000) a proximidade ao centro da cidade proporciona as pessoas mais
escolhas em relacao a prática de AF, bem como uma maior informacao sobre
esta, sendo que por isso, se verificam mais oportunidades na utilizacao e no
acesso aos espacos e equipamentos desportivos. Em boa verdade, a
proximidade dos parques ao centro da cidade pode ser indutor da reducao do
sedentarismo na zona urbana ate porque trabalham nessas zonas um elevado
Discussao
46
número de pessoas, as quais, raramente tem acesso a lugares privados para a
realizacao de atividades físicas. Dada a importância crescente da relacao entre
espaco urbano, lazer e contemporaneidade estas preocupacões se
consideradas como prioritárias na organizacao urbanística (Silva et al., 2012),
ate porque nos dias de hoje, os parques urbanos assumem um papel central
seu papel no contexto social e ambiental em que se inserem, ao se
constituírem espacos educativos e sociais, proporcionadores de um ambiente
mais saudável para a cidade (Malina, 2001).
Por outro lado, as melhores infraestruturas da Quinta do Covelo podem
também explicar a sua maior utilizacao, na medida em que se torna para as
pessoas mais apelativa a prática de AF; em paralelo, as melhores
infraestruturas deste parque sao patentes no facto de permitir a realizacao de
níveis de esforco antagónicos (isto é, fraco e vigoroso), em relacao ao parque
da Pasteleira, o que sugere estar apetrechado para o desenvolvimento de
diferentes tipos de esforcos, conforme as capacidades e interesses dos
utilizadores. Como referem Sallis et al. (1997) com base em estudos
realizados, os ambientes ricos em recursos sao favoráveis a AF, enquanto pelo
contrário, os ambientes que colocam barreiras a prática (como por exemplo, a
ausência de estruturas, locais com falta de seguranca e outros) reduzem as
possibilidades das pessoas serem ativas.
Adicionalmente, a existência de infraestruturas mais ajustadas a
criancas e jovens na Quinta do Covelo (estacões de fitness, caixa de areia,
slide, escorregas e playgrounds mais elaborados e maiores) pode ter justificado
uma maior utilizacao deste parque para estes escalões etários em relacao ao
parque da Pasteleira, o qual possui infraestruturas mais precárias e menos
elaboradas para prática da AF. Bach (2003) descreve-nos o espaco urbano
como meio através do qual se movem e desenvolvem as culturas juvenis; desta
forma, a qualidade das infraestruturas que os parques urbanos possuem sao
cruciais para motivar os jovens para a prática de AF.
Dada esta relacao entre a tipologia das atividades que os parques
urbanos possuem e os grupos etários que os frequentam é fundamental
documentar o tipo de AF desenvolvida em parques públicos, em consonância
Discussao
47
com as preferências em termos de grupos de idade e género. Mota e Sallis
(2002) acrescentam a este respeito que a AF aumenta se o indivíduo tiver uma
percepcao de divertimento e bem-estar, durante a prática da mesma devendo,
por isso, perceber-se melhor a relacao entre o tipo de atividades que os
parques urbanos proporcionam e as percecões de satisfacao dos seus
utilizadores. Paralelamente, a imagem social atribuída ao parque parece ser
um indicador importante que estimula os usuários (Mota et al., 2006). Este
esforco em considerar o tipo de AF proporcionada pelos parques urbanos, ao
que nao é alheia a imagem social do mesmo, e os seus possíveis utilizadores
pode, por certo, fornecer informacao pertinente aos administradores dos
parques públicos e permitir, assim, o estabelecimento de prioridades
promotoras da AF (Hino et al., 2010).
Relativamente aos grupos etários adultos e idosos nao se verificaram
diferencas significativas na utilizacao dos dois parques. Estes resultados
sugerem que nestes grupos etários, o tipo de atrativos e organizacao que o
parque da Quinta do Covelo tem em relacao ao parque da Pasteleira nao sao
decisivos para o aumento da AF, por estes grupos etários. Todavia estes
resultados necessitam de investigacao futura noutros parques para que se
compreenda melhor se existe relacao entre as caraterísticas dos utilizadores
dos parques e a adesao a prática da AF nos mesmos.
Em jeito de síntese gostaríamos de realcar que apesar da adesao a
prática da AF depender de um conjunto de comportamentos e hábitos de vida
assumidos pelo individuo (Bouchard et al., 1990), as condicões de prática
oferecidas pelos parques urbanos bem como a sua localizacao geográfica,
podem interferir na maior ou menor adesao das pessoas a mesma. Acrescenta-
se ainda da importância do desenvolvimento de programas corretamente
elaborados e supervisionados a serem implementados nos parques urbanos, o
que requer o conhecimento profundo dos fatores que influenciam a AF e os
indicadores de saúde (Nies & Kershaw, 2002) em consonância com as
carateristicas e potencialidades dos parques urbanos para a prática de AF.
Ademais, a menor adesao a AF durante os meses de Outono e Inverno
(Stephens, 1993), confirmada em estudos realizados em Portugal (Santos et
Discussao
48
al., 2005), alerta para a necessidade dos parques urbanos possuírem
infraestruturas para a prática da AF durante todo o ano, de forma a que os
utilizadores adquiram interesse e motivacao para a sua prática, de forma
continuada e consistente.
Deste modo, é fundamental a realizacao de estudos futuros que
analisem as caraterísticas dos parques urbanos de uma forma mais extensiva
atendendo a outros fatores, para além dos analisados no presente estudo (tais
como, a quantidade e qualidade do staff, supervisao, oferta de modalidades
desportivas organizadas) que possam ser explicativos da maior ou menor
preferência das pessoas para a utilizacao de uns parques em detrimento de
outros.
Conclusões
51
A observacao direta da atividade física praticada pelos utilizadores do
parque da Pasteleira e do parque do Quinta do Covelo, ambos sediados na
cidade do Porto, foi realizada através da aplicacao iSOPARC, evidenciando ser
uma ferramenta eficaz para a recolha deste tipo de informacao em parques
urbanos.
Tendo por referência o objetivo do presente estudo verificou-se que:
O parque da Pasteleira possui maiores dimensões do que o parque do
Quinta do Covelo.
No parque do Quinta do Covelo os níveis de AF sedentário e vigoroso
foram significativamente superiores em relacao ao verificado no parque
da Pasteleira.
No parque do Quinta do Covelo a prática de AF pelos grupos etários de
criancas e jovens foram significativamente superiores ao parque da
Pasteleira.
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