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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ATIVAÇÃO DE MACRÓFAGOS E SUA CORRELAÇÃO COM O DESFECHO DE SEPSE Giane Michele Frare Peck CRICIÚMA – SANTA CATARINA 2007

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ATIVAÇÃO DE MACRÓFAGOS E SUA CORRELAÇÃO COM O DESFECHO DE SEPSE

Giane Michele Frare Peck

CRICIÚMA – SANTA CATARINA 2007

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ATIVAÇÃO DE MACRÓFAGOS E SUA CORRELAÇÃO COM O DESFECHO DE SEPSE

Giane Michele Frare Peck

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul Catarinense, para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Fisiopatologia

Orientador: Prof. Dr.Felipe Dal Pizzol

CRICIÚMA – SANTA CATARINA 2007

2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Bibliotecária: Flávia Cardoso – CRB 14/840

Biblioteca Central Prof. Eurico Back – UNESC

P366a Peck, Giane Michele Frare. Ativação de macrófagos e sua correlação com desfecho de sepse / Giane Michele Frare Peck ; orientador: Felipe Dal Pizzol. -- Criciúma: Ed. do autor, 2007. 62 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2007.

1. Sepse . 2. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. 3. Macrófagos. 4. Imunidade. I. Título. CDD. 21ª ed. 616.079

3

Dedico esta dissertação a meus filhos Maria Luiza e

Pedro Caetano que são a razão do meu esforço na

busca de superação, crescimento e melhora

pessoal a cada dia e a toda a minha família,

sempre incansável no apoio e incentivo.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por me permitir realizar esta tarefa.

Aos meus filhos por existirem.

Ao meu marido pelo apoio, compreensão e

incentivo nos momentos difíceis.

Aos meus pais que sempre acreditaram que seria possível.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Felipe Dal Pizzol pelo incentivo,

pela paciência, confiança e ajuda em todos os momentos.

Ao Prof. Dr Newton Lucchiari (in memoriam), por ter me

despertado o desejo da pesquisa.

Enfim, a todos que de alguma forma contribuiram

para a realização desta dissertação.

Muito Obrigado!

5

RESUMO

A sepse é definida como "síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) que ocorre durante a infecção”. Apesar dos avanços na medicina nas últimas décadas, o diagnóstico precoce e o tratamento dos quadros sépticos permanecem um desafio para os intensivistas. A resposta imunológica do organismo à sepse, especialmente a ativação dos macrófagos durante a resposta imune inata, tem se mostrado uma importante ferramenta para o diagnóstico e tratamento da sepse. Este estudo pretende determinar a relação entre ativação de macrófagos, a gravidade e evolução dos pacientes sépticos internados em UTI. Para isto foi realizado um estudo de coorte prospectivo de 23 pacientes admitidos na UTI do Hospital São José de Criciúma com diagnóstico de sepse, sepse grave ou choque séptico identificados pelos critérios da Conferência de Consenso do American College of Chest Physicians e Society of Critical Care Medicine de 1992. O material utilizado foi o soro restante da análise de rotina da UTI, solicitados pelo médico intensivista de plantão nas primeiras 24 horas de admissão do paciente séptico. Então, macrófagos do peritônio de ratos Wistar foram cultivados em meio RPMI e ativados com 2% de soro dos pacientes sépticos para a determinação de TNF-α, IL-1β, óxido nítrico (citocinas pró-inflamatórias) e IL-10 (citocina antiinflamatória). As citocinas foram dosadas por ELISA e o Óxido Nítrico foi determinado pela reação de Griess. Para determinação de fagocitose e atividade microbicida, os macrófagos ativados com o soro dos pacientes sépticos, foram infectados com E. coli ATCC1105 na razão de 10:1 bactérias/macrófagos e após cultura pela técnica de Miles-Misra, as UFC foram contadas. Nossos resultados mostraram aumento das citocinas pró-inflamatórias, demonstrando ativação de macrófagos pela via clássica, nos quadros mais leves de sepse e aumento de citocina antiinflamatória (demonstrando ativação dos macrófagos pela via alternativa) nos casos mais severos de sepse. Além disto, nos casos de ativação por via alternativa, foi pior o desfecho dos casos de sepse. Os dados levantados sugerem que na sepse humana observa-se um perfil de resposta de macrófagos similar àquela observada no modelo animal, ou seja, com a ativação clássica destas células na sepse leve e moderada e estimulação dos macrófagos pela via alternativa nos casos de sepse severa.

Palavras-chave: Sepse; Sepse Grave; Citocinas; Ativação de Macrófagos.

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ABSTRACT

Sepsis is defined as “Systemic Inflammatory Response Syndrome (SIRS) which occurs during infection”. In spite of recent advances in medical science, the precocious diagnosis and the treatment of septic condition, still being a challenge for the intensive care doctors. The organism immunological response to sepsis, especially macrophages activation during innate immune response; it is an important tool for its diagnosis and treatment. This study aims to determinate the link among macrophages activation, severity and progression of septic patients hospitalized in the ICU. In order to analyze this correlation, it was carried out a prospective cohort study with 23 patients admitted in Hospital São José ICU at Criciúma, with the diagnosis of sepsis, severe sepsis or septic shock identified through the Consensus Conference of the American College of Chest Physicians and Society of Critical Care Medicine in 1992. Material used was the serum remaining from the routines analysis of the ICU, solicited by intensive care doctor at the first 24 hours of the septic patients’ admission. Peritoneum macrophages from Wistar rats, were cultivated in RPMI medium and activated with 2% of septic patients serum to determinate TNF-α, IL-1β, nitric oxide (pro-inflammatory cytokines) and IL-10 (anti-inflammatory cytokine) levels. Cytokines levels were determined through ELISA assay and nitric oxide was determined through Griess’ reaction. To evaluate phagocytosis and microbicidal activity, the macrophages activated with septic patients serum, were infected with E. coli ATCC1105 in the ratio of 10:1 bacteria/macrophage and after cultured using Miless-Misra technique, then the CFU were counted. Our results showed an increase of the pro-inflammatory cytokines, demonstrating macrophages activation through classical via, in the less severe cases of sepsis and an increase of anti-inflammatory cytokine (showing macrophages activation through alternative via) in the more severe cases of sepsis. Furthermore, in the cases of alternative via activation, the sepsis final outcome was worse. These data suggests that in the human sepsis, there is a macrophages response pattern similar to those observed in animal model of sepsis, that is, with the classical activation of these cells in the less severe and moderated sepsis and macrophages stimulation through alternative via in the cases of severe sepsis. Key-words: Sepsis; Severe Sepsis; Cytokines; Macrophages Activation.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APACHE - Acute Physiology And Chronic Health Evaluation

CABG - Cirurgia de Revascularização do Miocárdio

CARS - Síndrome da Resposta Inflamatória Compensatória

EAO - Espécies Ativas de Oxigênio

EUA - Estados Unidos da América

HBSS - Hanks Buffered Saline Solution

IL-1 - Interleucina -1

iNOS - Sintase de NO induzível

LPS - Lipopolissacarídeo

MARS - Síndrome da Resposta Inflamatória Mista

MODS - Síndrome da Insuficiência de Múltiplos Órgãos

NO - Óxido Nítrico

PAF - Fator Ativador Plaquetário

PBS - Solução Salina Tamponada com Fosfato

SIRS - Resposta Inflamatória Sistêmica

SOFA - Sequential Organ Failure Assessment

TNF - Fator de Necrose Tumoral

TNFα - Fator de Necrose Tumoral alfa

TSA – Solução de caldo nutriente de soja com 2% de Agar-Agar

UFC – Unidades Formadoras de Colônia

UTI - Unidades de Terapia Intensiva

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O APACHE II: Sistema de Classificação de Gravidade de Doença............18

Figura 2: Avaliação Seqüencial de Falência Orgânica...............................................19

Figura 3: A Resposta aos Patógenos.........................................................................23

Figura 4: Balanço entre Resposta Pró-inflamatória vs. Anti-inflamatória...................26

Figura 5: Concentração de IL-1β e Severidade da Sepse.... ..................................35

Figura 6: Concentração de IL-1β e Desfecho nos Pacientes Sépticos......................35

Figura 7: Correlação APACHE II x IL-1β ………………….........................................36

Figura 8: Correlação SOFA x IL-1β …………………………………………….............36

Figura 9: Curva ROC IL-1β........................................................................................37

Figura 10: Concentração de TNF-α e Severidade da Sepse.....................................37

Figura 11: Concentração de TNF-α e Desfecho da Sepse........................................38

Figura 12: Correlação APACHE II x TNF-α................................................................39

Figura 13: Correlação SOFA x TNF-α.......................................................................39

Figura 14: Curva ROC TNF-α....................................................................................40

Figura 15: Correlação TNF-α x IL-1β.........................................................................40

Figura 16: Concentração de Oxido Nítrico e Sepse Severa.......................................41

Figura 17: Concentração de Óxido Nítrico e Desfecho nos Pacientes Sépticos.......41

Figura 18: Concentração de IL- 10 e Severidade da Sepse......................................42

Figura 19: Concentração de IL-10 e Desfecho da Sepse..........................................43

Figura 20: Correlação APACHE II x IL-10..................................................................43

Figura 21: Correlação SOFA x IL-10..........................................................................44

Figura 22: Curva ROC da IL-10..................................................................................45

Figura 23: Fagocitose e Severidade da Sepse..........................................................46

9

Figura 24: Fagocitose e Desfecho da Sepse.............................................................47

Figura 25: Correlação entre Fagocitose e Interleucina 10.........................................48

Figura 26: Correlação entre TNF-α e Fagocitose.......................................................49

Figura 27: Correlação entre Interleucina 10 e Fagocitose.........................................50

Figura 28: Microbicida e Gravidade da Sepse...........................................................51

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................15

2.1 Classificação.......................................................................................................15

2.2 Índices Prognósticos...........................................................................................16

2.3 Fisiopatologia da Sepse......................................................................................19

2.4 Papel dos Monócitos Macrófagos.......................................................................24

2.5 Sepse e sua Relevância Social...........................................................................27

3 OBJETIVOS...........................................................................................................28

3.1 Objetivo Geral.....................................................................................................28

3.2 Objetivos Específicos..........................................................................................28

4 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................29

4.1 Delineamento de Pesquisa.................................................................................29

4.2 Sujeitos da Pesquisa...........................................................................................29

4.3 Coleta de Material...............................................................................................30

4.4 Cultura de Macrófagos........................................................................................31

4.5 Fagocitose e Atividade Microbicida ....................................................................31

4.6 Dosagem de Citocinas.........………………………...............................................32

4.7 Análise Estatística...............................................................................................32

4.8 Aspectos Éticos...................................................................................................33

5 RESULTADOS.......................................................................................................34

6 DISCUSSÃO..........................................................................................................49

7 CONCLUSÃO........................................................................................................55

11

8 REFERÊNCIAS......................................................................................................57

ANEXO......................................................................................................................63

12

1 INTRODUÇÃO

A sepse é a tradução clínica da existência de um foco infeccioso

desencadeador de uma resposta inflamatória sistêmica e é caracterizada por intensa

inflamação e profusa injúria tissular (UPTODATE, 2006). Nesta síndrome, tecidos

distantes do insulto original mostram os sinais cardinais de inflamação, incluindo

vasodilatação, aumento da permeabilidade microvascular e acúmulo de leucócitos.

Apesar do rápido progresso nos cuidados de saúde nas últimas décadas, a

incidência de sepse tem aumentado ao longo dos últimos setenta anos e, juntamente

com suas seqüelas continua como a maior ameaça a vida de pacientes em Unidades de

Terapia Intensiva (UTI) (OSUCHOWSKI et al, 2006). São mais de 20 anos de extensas

pesquisas e desenvolvimento de numerosas terapêuticas usadas em ensaios clínicos,

porém os índices epidemiológicos continuam piorando (RITTIRSCH et al, 2007).

O aumento nas taxas de incidência e de morbimortalidade relacionadas à

sepse nas últimas décadas, está diretamente relacionado aos avanços médicos obtidos

nesse período, onde cada vez mais, são tratados pacientes gravemente doentes e em

estágios de doença mais avançados (CARVALHO e TROTTA, 2003).

A sepse é a principal causa de morte em pacientes criticamente doentes nos

Estados Unidos da América (EUA) (HOTCHKISS e KARL, 2003). Angus e colaboradores,

em 2001, estimaram a incidência de sepse severa em 751.000 casos por ano nos EUA,

correspondendo a 3 casos por 1.000 habitantes, sendo que 28,6% destes casos vão a

óbito.

Conforme Antonelli e colaboradores em 2007, o choque séptico é causa de 6,3

a 14,7% das admissões em UTI.

No Brasil, como na América Latina em geral, dados consistentes sobre a

incidência e desfecho dos casos de sepse são escassos. Um estudo realizado por Silva e

13

colaboradores em 2004 sugere que a sepse um grande problema nas UTIs do Brasil. No

estudo a incidência de sepse ficou em torno de 57 casos por 1.000 pacientes/dia,

correspondendo a 30,5% das admissões em UTI. A taxa de mortalidade dos pacientes

com SIRS, sepse, sepse severa e choque séptico foi de 24.2%, 33.9%, 46.9% e 52.2%

respectivamente.

14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Classificação

Vários termos e definições imprecisas eram utilizados nos casos de sepse, o

que dificultava a identificação do quadro real e a instauração precoce de terapia. Em

1992, duas sociedades americanas (American College of Chest Physicians e Society of

Critical Care Medicine) realizaram uma conferência de consenso para melhor definir os

termos utilizados e relacioná-los com a fisiopatologia e a gravidade dos quadros

inflamatórios secundários à infecção (tabela 1).

Tabela 1: Definições em Sepse

Síndrome da

Resposta Inflamatória

Sistêmica (SIRS)

Resposta inflamatória sistêmica a uma variedade de agressões clínicas severas, que se manifesta por duas ou mais destas condições:

1. Temperatura corporal > 38°C ou < 36°C;

2. Freqüência cardíaca > 90 batidas por minuto;

3. Freqüência respiratória > 20 inspirações por minuto ou PaCO2 < 32mmHg;

4. Contagem de glóbulos brancos >12000/cumm, < 4000/cumm ou >10% das formas imaturas.

Bacteremia

Presença de bactérias vivas no sangue

Infecção

Fenômeno microbiológico caracterizado por uma resposta

inflamatória sistêmica à presença de microrganismos ou a invasão

5. de um tecido, normalmente estéril, por estes microrganismos

Sepse

Síndrome da resposta inflamatória sistêmica associada à infecção.

Sepse Grave Sepse associada à disfunção de orgãos, hipoperfusão ou hipotensão. Hipoperfusão e anormalidades de perfusão podem incluir, mas não estão limitadas a acidose láctica, oligúria ou alteração aguda do estado mental.

Continuação =>

15

Choque Séptico

Sepse com hipotensão e anormalidades de perfusão, apesar de infusão adequada de fluído. As anormalidades incluem mas não estão limitadas a acidose láctica, oligúria ou alteração aguda do estado mental. Pacientes que recebem agentes vasopressores ou inotrópicos podem não ser hipotensivos no momento em que se medem essas anormalidades.

Hipotensão induzida

por sepse

Pressão sistólica sangüínea < 90mmHg ou uma redução de > 40 mmHg da linha de base na ausência de outras causas para hipotensão.

Disfunção Múltipla

de Órgãos e Sistemas (MODS)

Presença de alteração na função de órgãos em um paciente com enfermidade aguda de maneira tal, que a homeostase não possa ser mantida sem intervenção.

Fonte: CONSENSUS CONFERENCE COMITEE, (1992).

A infecção de qualquer sítio anatômico pode resultar em sepse e choque

séptico. As principais fontes de choque séptico são os pulmões (cerca de 35%),

abdomen (cerca de 30%), as vias urinárias (cada vez menos freqüentes devido à

diminuição de manobras urológicas invasivas) e a pele (escaras e feridas) (Barreto

et al, 2001).

Os fatores de risco mais comuns ao desenvolvimento da sepse são:

Medicina Invasiva (cateteres, monitorização, diagnóstico);

Terapias Imunossupressoras (câncer e transplantes);

Aumento da longevidade (particularmente de pacientes com doença

crônica como diabetes e câncer);

Incidência aumentada de infecção por germes multirresistentes;

Doenças imunossupressoras.

2.2 Índices Prognósticos

Os índices prognósticos são ferramentas empregadas para avaliar a

evolução clínica dos pacientes e a qualidade de uma determinada UTI, podendo

Continua

16

utilizar-se de comparações para o tratamento de pacientes através de estudos

(ABDULKADER, 2003). Alguns dos objetivos destes índices prognósticos estão

ligados à medição das alterações fisiológicas e identificação anatômica, a orientação

na triagem, ao prognóstico (incluindo risco de óbito), a padronização, a melhoria no

atendimento e estudos (CHANG et al, 1998). Referem-se a valores matemáticos ou

estatísticos, quantificados por escores numéricos, que variam de acordo com a

gravidade das lesões resultantes do traumatismo. Os índices prognósticos não

devem ser usados para avaliação individual do paciente.

O APACHE (Acute Physiology And Chronic Health Evaluation) II e o SOFA

(Sequential Organ Failure Assessment) são dois destes índices prognósticos usados

nos pacientes com sepse. Para o APACHE II são utilizados uma contagem de

pontos baseada em valores de 12 medidas fisiológicas rotineiras, idade, e estado de

saúde prévio para prover uma medida geral de severidade de doença (Figura 1)

(KNAUS et al 1995). Quando escores de APACHE II são combinadas com uma

descrição precisa da doença, eles podem estratificar prognosticamente os pacientes

gravemente doentes e ajudam investigadores que comparam o sucesso de novas e

diferentes formas de terapia (KNAUS et al 1995).

17

Figura 1: O APACHE II: Sistema de Classificação e Severidade de Doença Fonte: Critical Care Medicine (1995).

O índice SOFA é a medida do tipo e severidade do desarranjo da função

fisiológica, somando os pontos de disfunção de seis sistemas orgânicos:

cardiovascular, respiratório, neurológico, renal, hepático e da coagulação (figura 2)

(VINCENT et al, 1998).

18

Figura 2: Avaliação Seqüencial de Falência Orgânica Fonte: SZOSTAK, (2005).

2.3 Fisiopatologia da Sepse

A inflamação é uma resposta normal e essencial do hospedeiro contra

agentes infecciosos. Acredita-se que o início e progressão da sepse, se deva a uma

“desregulação” da resposta normal, com uma maciça e descontrolada ativação de

células inflamatórias, resultando numa anarquia metabólica, na qual “o próprio

organismo não consegue controlar o que ele próprio criou” (BONE, 1991).

19

A resposta inicial de um paciente a um insulto, como uma invasão

microbiana, trauma físico ou queimadura é uma reação inflamatória (TAKAHASHI et

al, 2004). O propósito da resposta inflamatória é proteger o hospedeiro dos efeitos

prejudiciais da agressão. Entretanto, como salientado pelo cirurgião John Hunter, há

mais de 20 anos, a resposta inflamatória também pode lesar o hospedeiro, pois

origina uma variedade de substâncias nocivas (como enzimas proteolíticas e

metabólitos do oxigênio) que podem levar a danos teciduais (FUJISHIMA e

AIKAWA, 1995).

Essa lesão é evitada por substâncias endógenas (como antioxidantes)

capazes de bloquear ou inativar os produtos nocivos da inflamação. Entretanto,

quando a resposta inflamatória sobrepuja os mecanismos normais disponíveis de

proteção do hospedeiro, ela torna-se causa de lesão tecidual. É o que ocorre na

SIRS.

Atualmente, os papéis de diversos mediadores na patogênese da sepse,

já estão esclarecidos. Os microorganismos causadores liberam ou secretam na

corrente sangüínea, componentes estruturais, como, por exemplo, lipopolissacarídeo

(LPS), capazes de estimular a liberação de mediadores derivados de células do

sistema imune ou de proteínas plasmáticas pré-formadas. Estes mediadores podem

induzir alterações profundas na fisiologia normal da vasculatura e dos órgãos-alvo.

Apesar de alguns mediadores serem mais importantes que outros,

provavelmente mediadores dos microorganismos e do hospedeiro interagem, sendo,

provavelmente, sua ação conjunta responsável pela patogênese da sepse.

Dentre os mediadores envolvidos na gênese da sepse pode-se destacar

(DAS, 2000):

Citocinas e quimiocinas: derivadas de monócitos e macrófagos.

20

Óxido nítrico (NO): aumento da modulação da expressão da óxido

nítrico sintase induzível (iNOS) leva a um aumento na produção de NO,

que pode estar associado parcialmente à hipotensão associada a

sepse (SZABO, 1998);

Mediadores lipídicos: entre eles os metabólitos do ácido araquidônico e

o Fator Ativador de Plaquetas (PAF).

Espécies ativas de oxigênio (EAO): recentemente tem-se identificado

as EAO como mediadores de diversas fases de dano celular e ativação

de células imunes durante a sepse (ZHANG et al, 2000);

Proteínas do grupo de alta mobilidade I (HMG-I) (antigamente

conhecida como anfoterina): recentemente identificou-se esta proteína

estrutural da cromatina como um dos possíveis mediadores envolvidos

na mortalidade induzida pela sepse (WANG et al, 1999).

A interação dos diversos mediadores leva a depressão miocárdica,

alteração da função vascular e dano em órgãos-alvo (principalmente fígado, rim,

pulmão e sistema nervoso central). A principal conseqüência desta resposta

inflamatória é o comprometimento de muitos órgãos e o quadro de choque com

evolução para a síndrome da insuficiência de múltiplos órgãos (MODS), que é

acompanhada de alta mortalidade. Para ser efetiva, a terapia farmacológica na

sepse e SIRS deve mimetizar e compensar a defesa natural do organismo, com o

objetivo de bloquear a resposta inflamatória tão logo quanto possível (PARRILO,

1993, REA, 1996.).

Quando a infecção ou bacteremia ocorre, a primeira linha de defesa do

hospedeiro é realizada por células fagocitárias (macrófagos, monócitos e neutrófilos)

e pela via alternativa do complemento, agindo de maneira não específica. Logo

21

após, as imunoglobulinas e as células imunocompetentes iniciam uma resposta

imune específica. (PEREIRA, et al 1998).

Os componentes da parede bacteriana são os principais ativadores desta

resposta do hospedeiro: as endotoxinas dos microorganismos Gram-negativos

(principalmente o lipídio A) e o ácido teicóico dos microorganismos Gram-positivos.

Estes componentes desencadeiam uma cascata inflamatória, sendo, inicialmente,

liberados o Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) e a Interleucina-1 (IL-1), que

estimulam uma intensa resposta celular, com liberação de mediadores secundários,

quimiotaxia e ativação de granulócitos (THIJS e HACK, 1995). Os mediadores

secundários são responsáveis pela reativação das células fagocitárias e da cascata

inflamatória, formando um ciclo vicioso inflamatório (BONE, 1991).

Estudos atuais mostram que pacientes com sepse mostram características

consistentes com imunossupressão, incluindo inabilidade para combater infecções e

uma predisposição a infecções nosocomiais (HOTCHKISS e KARL, 2003). Uma

razão para a falha das estratégias anti-inflamatórias em pacientes com sepse, pode

ser as mudanças que ocorrem na síndrome o tempo todo. Tem sido postulado que a

resposta imune na sepse representa a interação entre dois fenômenos contrastantes

no status inflamatório do paciente. No início a SIRS é caracterizada por excessiva

produção de mediadores inflamatórios (status hiperinflamatório) que é então

progressivamente suprimida pelo desenvolvimento de uma resposta antiinflamatória

(status hipo-inflamatório), a síndrome da resposta inflamatória compensatória

(CARS). Entre estes dois momentos, ocorreria a síndrome da resposta inflamatória

mista (MARS), representando uma homeostase temporária entre o declínio da SIRS

e ascensão da CARS. Porém, Osuchowski e colaboradores em 2006, evidenciaram

que a resposta inflamatória é dinâmica e que as citocinas não apresentam um

22

comportamento linear, havendo presença tanto de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α

e IL-6), como de citocinas antiinflamatórias (IL10) e modulação por antagonistas

(IL1Ra) na fase inicial da sepse.

As células T CD4 ativadas são programadas para secretar citocinas com

perfis distintos e antagonistas. As células T helper tipo 1 (Th 1) secretam citocinas

com padrão pró-inflamatório, como IL-1, IL-6 e TNF-α; já as células T helper tipo 2

(Th 2), secretam citocinas com padrão antiinflamatório como IL- 4 e IL-10)

(Figura.3). Além disto, quando um macrófago ingere uma célula apoptótica, ele

sinaliza para a liberação de citocinas com perfil Th2 ou até para anergia. Quando há

ingestão de célula necrótica há liberaçção de citocinas com perfil Th1 (Figura 3).

Figura 3: A Resposta aos Patógenos Fonte: HOTCHKISS, (2006).

23

2.4 Papel dos Monócitos Macrófagos

A ativação do sistema imune inato é ponto central no desenvolvimento e

letalidade associada a sepse (FUJIMURA et al, 2000). O reconhecimento do

patógeno através da ativação de receptores tipo Toll leva a secreção de citocinas e

conseqüente início da resposta inata com recrutamento e ativação de neutrófilos e

macrófagos que são essenciais para a morte do patógeno (CALLAHAN et al, 2001).

Os macrófagos, juntamente com os neutrófilos, constituem uma das

primeiras linhas de defesa contra infecções, após as barreiras naturais da pele e

mucosas. As endotoxinas causam a liberação de citocinas diretamente destas

células, ao mesmo tempo, os microorganismos presentes no foco de infecção são

fagocitados. Isto causa um aumento do consumo de oxigênio pelos macrófagos e a

produção de radicais livres de oxigênio, juntamente com proteases e hidrolases, que

são capazes de causar danos a estes patógenos. Com o processo de ativação por

via clássica dos macrófagos, uma das substâncias sintetizadas é o NO, que

desempenha um papel importante na função bactericida dos macrófagos. O NO é

um gás radical livre solúvel, altamente lábil e produzido por uma enzima denominada

óxido nítrico sintase induzível (iNOS), que tem a propriedade de gerar NO a partir do

aminoácido arginina e oxigênio molecular (PARSLOW et al, 2004). Na presença de

outras espécies de oxigênio no interior do vacúolo fagocítico, o NO é convertido em

outros produtos, como o peroxinitrito, que são altamente tóxicos para bactérias,

leveduras, vírus e outros patógenos. Os macrófagos ativados também secretam

muitos outros mediadores inflamatórios, tais como leucotrienos e o fator ativador

plaquetário (PAF), que são ativos em células distantes e amplificam a reação

inflamatória (PEREIRA et al, 1998).

24

Os macrófagos quando ativados, são fagócitos ávidos que internalizam

quaisquer partículas estranhas ou restos celulares com os quais entram em contato

(PARSLOW et al, 2004). Estas propriedades fagocíticas e bactericidas são

essenciais para a defesa do hospedeiro, mas, quando a ativação dos macrófagos

torna-se descontrolada, estas células contribuem para o desenvolvimento de uma

reação inflamatória generalizada (BONE, 1991). O equilíbrio entre resposta anti e

pró-inflamatória deve ser mantido para eliminar o patógeno sem induzir lesão ao

hospedeiro (FUJIMURA et al, 2000). Desta forma, o macrófago tem papel central no

início da resposta inata e adquirida e depende da forma de sua ativação, a

efetividade da resposta contra o patógeno (FUJIMURA et al, 2000). Atualmente se

identificam duas formas distintas de ativação dos macrófagos: ativação clássica e

ativação alternativa (Figura.4) (GORDON, 2003).

A ativação clássica de macrófagos leva a secreção de óxido nítrico e

citocinas pró-inflamatórias, além de estimular a fagocitose e capacidade de eliminar

o patógeno. A ativação alternativa de macrófagos leva a secreção de citocinas anti-

inflamatórias e redução da fagocitose e capacidade de eliminar o patógeno, são

hiporesponsivos ao estímulo inflamatório e estão envolvidos em angiogênese e

remodelamento de tecido (GORDON 2003). No caso de inflamação severa/crônica

isto pode ser uma adaptação para evitar dano ao hospedeiro (DAL PIZZOL, 2004;

TAKAHASHI, 2004).

25

Figura 4: Balanço entre Resposta Pró-inflamatória vs. Anti-inflamatória Fonte: Gordon, (2002).

Atualmente há controvérsias quanto ao tempo em que via clássica e via

alternativa acontecem e o grau com que estas células mudam o fenótipo (GORDON,

2003). A ordem para estas mudanças é muito importante para futuras terapias

antiinflamatórias.

Recentemente, se determinou que em modelo animal de sepse a ativação

alternativa de macrófagos é relacionada com maior mortalidade (TAKAHASHI et al,

2004). Em humanos não há clara evidência de que a ativação de macrófagos tem

relação com desfecho em sepse, (até poucos anos se entendia a mortalidade por

sepse associada a SIRS (FUJIMURA et al, 2000). Parece que tanto a SIRS quanto a

CARS estão relacionadas à mortalidade em sepse, apesar de que as informações

neste sentido ainda são escassas na literatura (FUJIMURA et al, 2000 e

ANTONELLI et al, 2007).

IL-6 TNF IL-1

Óxido nítrico e superóxido

Microbicida Importante na fase inicial

Receptor de manose

IFN-gama+

LPS

IL-4 ouIL-13

endocitose Reparo de tecidos imunidade humoral angiogênese Importante na fase de resolução.

SIRS Falência de órgãos,

coagulopatias e morte. Importância dos radicais livres nestes processos.

CARSDisseminação

do agente patogênico. Comprometimento de órgãos.

ATIVAÇÃO CLÁSSICA DE MACRÓFAGOS

ATIVAÇÃO ALTERNATIVA DE MACRÓFAGOS

26

2.5 Sepse e sua Relevância Social

Apesar da importância da sepse na mortalidade global em UTIs, os

tratamentos atualmente empregados são meramente de suporte. A grande

incidência, associado à gravidade da sepse seria, por si só, suficiente para justificar

o aprofundamento no conhecimento de sua fisiopatologia e a tentativa de novas

possibilidades terapêuticas. Associada a grande mortalidade envolvida, encontramos

que o gasto direto e indireto com sepse, atinge altas cifras em nosso país. Um

melhor entendimento da fisiopatologia da sepse através de trabalhos experimentais

pode fornecer dados preliminares e novos protocolos experimentais de tratamento,

para serem posteriormente validados em ensaios clínicos e empregados na prática

médica (FINK, 1990). Em 2004, Dellinger e colaboradores referiam o fato de que

recomendações baseadas em evidências podem ser feitas com respeito a muitos

aspectos do tratamento agudo da sepse e choque séptico, o que leva a esperança

de que isto se traduza em melhora nos resultados do tratamento dos pacientes

criticamente doentes. A possibilidade de diminuir a mortalidade por sepse e reduzir

os gastos com internação em UTIs (alto custo com antibióticos de largo espectro,

recursos técnicos, humanos e tecnológicos associados com o manejo do paciente)

justificam a necessidade de maior investimento no estudo desta patologia.

27

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Determinar a relação entre a ativação de macrófagos, a severidade e a

mortalidade nos pacientes sépticos (sepse + sepse moderada + sepse grave +

choque séptico).

3.2 Objetivos Específicos

Determinar correlação entre secreção de citocinas pró-inflamatórias por

macrófagos de ratos Wistar ativados por soro de pacientes sépticos

com a severidade e mortalidade destes pacientes;

Determinar correlação entre secreção de óxido nítrico por macrófagos

de ratos Wistar ativados por soro de pacientes sépticos com a

severidade e mortalidade destes pacientes;

Determinar correlação entre secreção de citocinas antiinflamatórias por

macrófagos de ratos Wistar ativados por soro de pacientes sépticos

com a severidade e mortalidade destes pacientes;

Determinar correlação entre capacidade de fagocitose e destruição de

bactérias por macrófagos de ratos Wistar ativados por soro de

pacientes sépticos, com a severidade e mortalidade destes pacientes;

28

4. METODOLOGIA

4.1 Delineamento de Pesquisa

Coorte Prospectivo

4.2 Sujeitos da Pesquisa

Foram avaliados 33 pacientes admitidos pelo médico plantonista, na

Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital São José de Criciúma (SC), com

o diagnóstico de sepse, sepse grave ou choque séptico identificados pelos seguintes

critérios, conforme a Conferência de Consenso do American College of Chest

Physicians e Society of Critical Care Medicine:

Sepse: duas ou mais das seguintes condições 1) temperatura corporal >380C

ou <360C; 2) freqüência cardíaca > 90 batimentos/minuto; 3) freqüência

respiratória > 20 movimentos/minuto ou pressão arterial de CO2 <32 mm Hg;

4) Contagem total de leucócitos >12.000 células/mm3, <4.000 células/mm3, ou

> 10% de células imaturas; associada à evidência de um foco séptico ou

hemocultura positiva.

Sepse grave: sepse com um ou mais sinais de disfunção orgânica,

hipoperfusão ou hipotensão.

Choque séptico: sepse com hipotensão (pressão arterial sistólica <90 mm/Hg

ou uma diminuição na pressão arterial sistólica em relação a pressão basal de

mais de 40 mm/Hg) refratária a reposição líquida adequada.

29

Foram incluídos 33 pacientes que, além dos critérios acima citados,

preencham os seguintes critérios:

Idade acima de 18 anos,

Não apresentavam critérios diagnósticos de insuficiência hepática ou

renal crônicas

Não apresentem câncer em tratamento quimio ou radioterápico,

Não apresentavam imunodeficiências.

Como controle, foram incluídos soro de voluntários saudáveis entre 20 - 40

anos (n=4) e de pós operatório imediato de cirurgia de revascularização do

miocárdio (CABG) (n=4).

4.3 Coleta de Material

O material utilizado foi o soro restante das análises de rotina da UTI,

solicitados pelo médico intensivista nas primeiras 24 horas da admissão do paciente,

não sendo solicitada coleta especial para fins desta pesquisa. Como foi utilizado

material biológico sem identificação, coletado na rotina assistencial do paciente que

seria desprezado pelo laboratório, o paciente não foi seguido pelo pesquisador,

apenas foram coletadas informações de seu prontuário (como APACHE, SOFA e

desfecho final) não havendo necessidade de termo de consentimento informado. A

confidencialidade dos dados do paciente foi absoluta

30

4.4 Cultura de Macrófagos

Três ml de solução PBS, ajustada para pH 7,4, foram injetados no

peritônio de ratos Wistar. O abdômen foi massageado e as células do exsudato

peritoneal, consistindo de linfócitos e macrófagos, foram coletadas, permitindo uma

recuperação de 90 a 95% do volume injetado. Os macrófagos foram identificados

por morfologia no microscópio óptico, foram contados em uma câmara Neubauer e

regulados em solução PBS para 5x105 macrófagos/ml. A viabilidade celular foi,

rotineiramente mensurada, antes e depois de cada experimento, pelo teste de

exclusão do corante azul de trypan. Em todos os casos, a viabilidade foi acima de

95%. Todas as incubações foram efetuadas a 37°C em estufa humidificada com 5%

de CO2. Então, 1x106 células foram cultivadas em placas de 24 poços em meio

RPMI 1640, suplementado com 10% de soro fetal bovino. Após 24 horas de

incubação, o meio foi restituído com meio RPMI livre de soro fetal bovino e

incubadas por mais 6 horas com soro dos pacientes do estudo. Neste tempo, mais

de 97% das células cultivadas foram identificadas como macrófagos.

4.5 Fagocitose e Atividade Microbicida

Após 6 horas de incubação os macrófagos foram infectados com

Escherichia Coli (ATCC1105) na razão de 10:1 bactérias/macrófago e incubadas por

20 minutos. Após esse período, as células foram lavadas três vezes com HBSS

suplementado com gentamicina para evitar bactérias contaminantes e novamente

com RPMI livre de antibiótico para retirar qualquer traço de gentamicina.

31

Um grupo de células foi imediatamente lisado (para acessar o potencial

fagocítico) em 1mL Triton X-100 (0,1% concentração final), enquanto outro grupo foi

cultivado por uma hora a mais (atividade bactericida) antes da lise. Diluições

seriadas de base 10 desta suspensão, foram incubadas em TSA pela técnica de

Miles- Misra (QUIN et al, 1994). Unidades formadoras de colônia foram contadas

após incubação a 37°C em estufa de CO2 durante 12 a 14 horas.

4.6 Dosagem de Citocinas

1x106 macrófagos do peritônio de ratos Wistar foram cultivados em meio

RPMI por 6 horas e ativados com 2% do soro coletado dos pacientes. Após este

tempo, o sobrenadante foi coletado para análise de citocinas pró-inflamatórias (IL-1,

TNF-α) e antiinflamatórias (IL-10) por ELISA conforme recomendação do fabricante

(Kit R&D Systems).

A produção de NO pelas células estimuladas foi quantificado pela reação

de Griess (VERDON, 1995).

Os valores foram quantificados em relação à porcentagem de células

cultivadas sem soro.

4.7 Análise Estatística

A diferença entre os grupos foi avaliada pela análise de variância de uma

via (ANOVA). Quando o valor de F foi significativo comparações post hoc foram

32

feitas pelo teste de Newman-Keuls. Diferença entre grupos individuais foi avaliada

com teste t de Student. Correlação entre parâmetros bioquímicos e clínicos foi

determinada pelo teste de Pearson.

4.8 Aspectos Éticos

O estudo observa as normas éticas de conduta em pesquisa e foi

aprovado pelo Comitê de Ética da UNESC, conforme anexo 1.

33

5. RESULTADOS

Dos 33 pacientes que tiveram seu soro analisado, 10 apresentavam

critérios de sepse, sendo que destes um foi a óbito; 12 apresentavam critérios de

sepse severa e destes 7 foram a óbito; os pacientes que apresentaram choque

séptico foram 11 e destes 7 foram a óbito (tabela 2). O índice APACHE II para os

sobreviventes foi em torno de 16,1 e para os não sobreviventes foi de 26,4. Quanto

ao índice SOFA os pacientes sobreviventes apresentaram um escore em torno de

6,6 e os não sobreviventes em torno de 10,1(tabela 2).

Tabela 2: Dados Demográficos do Estudo

Não Sobreviventes Sobreviventes

Idade 57 + 15 62 + 22 NS

APACHE II 26,4 + 3 16,1 + 5 <0,001

SOFA 10,1 + 2,8 6,5 + 2,6 = 0,001

Sepse 1 (10%) 9 (90%)

Sepse Severa 7 (58%) 5 (42%)

Choque Séptico 7 (64%) 4 (36%) = 0,01

A produção de IL-1β por macrófagos de ratos Wistar estimulados pelo

soro coletado dos participantes do estudo, mostrou elevação estatisticamente

significante nos pacientes em pós-operatório imediato de cirurgia de

revascularização do miocárdio (CABG), nos pacientes com sepse e nos pacientes

com sepse severa, não apresentando elevação significativa nos pacientes com

choque séptico (figura 5).

34

p < 0,005

Figura 5: Concentração de IL - 1β e Severidade da Sepse

Avaliando a concentração de IL-1β e o desfecho do paciente séptico,

observou-se que houve um aumento estatisticamente significante de IL-1β nos

pacientes sobreviventes em relação aos não sobreviventes (figura 6).

p < 0,001

Figura 6: Concentração de IL-1β e Desfecho nos Pacientes Sépticos

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

healthy CABG Sepsis Severe sepsis Septic shock

IL-1β

(% c

ontro

l)

* **

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

non-survivor survivor

IL-1β

(% c

ontro

l)

*

Saudável CAGB Sepse Sepse Severa Choque Séptico

Não sobrevivente Sobrevivente

35

Observando-se as correlações entre os índices APACHE II e SOFA

(figuras 7 e 8) com a concentração da IL-1β , percebe-se que existe uma correlação

negativa e com significância estatística.

Figura 7: Correlação APACHE II x IL-1β

Figura 8: Correlação SOFA x IL-1β

0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00

IL1

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

APAC

HEII

0,00 3,00 6,00 9,00 12,00 15,00

SOFA

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

IL1

r = -0.563 p=0.001

r = -0.522 p=0.002

36

Analisando a curva ROC da IL-1β, obtém-se uma área acima da curva de

0,883 sendo a IL-1β > 1360 pg/ml, mostrando uma sensibilidade de 94% e

especificidade de 77% para mortalidade dos pacientes (figura 9).

Figura 9: Curva ROC IL-1β

Com relação ao TNF-α, observou-se que a produção deste por

macrófagos de ratos Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do

estudo, foi menor nos pacientes com sepse severa e choque séptico (figura 10).

p< 0,05

Figura 10: Concentração de TNF-α e Severidade da Sepse

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

1 - Specificity

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Sens

itivity

ROC Curve

0

50

100

150

200

250

300

350

400

healthy CABG Sepsis Severe sepsis Septic shock

TNF-α (%

con

trol) *

*

Saudável CAGB Sepse Sepse Severa Choque Séptico

37

Em relação a concentração de TNF-α e o desfecho no paciente séptico,

houve diferença com significância estatística entre sobreviventes e não

sobreviventes (figura 11).

Figura 11: Concentração de TNF-α e Desfecho da Sepse

Ao se observar as correlações entre os índices APACHE II e SOFA

(figuras 12 e 13) com a concentração de TNF-α produzido por macrófagos de ratos

Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo, percebe-se que

existe uma correlação negativa, mostrando que a piora dos índices, não é

acompanhada pelo aumento do TNF-α.

Analisando a curva ROC do TNF-α (figura 14), obtém-se uma área acima da

curva de 0,836, sendo o TNF-α > 137 pg/ml, mostrando uma sensibilidade de 81% e

especificidade de 77% para mortalidade dos pacientes estudados (figura 14).

0

50

100

150

200

250

300

350

non-survivor survivor

TNF-α

(% c

ontro

l)

*

p < 0,001 Não sobrevivente Sobrevivente

38

Figura 12: Correlação APACHE II x TNF-α

Figura 13: Correlação SOFA x TNF-α

0,00 100,00 200,00 300,00 400,00

TNF

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

APAC

HEII

0,00 3,00 6,00 9,00 12,00 15,00

SOFA

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

TNF

r = -0.805 p<0.001

r = -0.691 p<0.001

39

Figura 14: Curva ROC TNF-α

Analisando-se a correlação entre TNF-α e IL-1β, percebe-se uma

correlação positiva e significante (figura 15), indicando que as duas citocinas estão

aumentando concomitantemente.

Figura 15: Correlação TNF-α x IL-1β

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

1 - Specificity

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Sens

itivity

Diagonal segments are produced by ties.

ROC Curve

0,00 100,00 200,00 300,00 400,00

TNF

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

IL1

r = 0.49 p=0.002

40

Quanto à produção de Óxido Nítrico por macrófagos de ratos Wistar

estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo, os resultados revelam

um aumento estatisticamente significante nos casos de sepse e sepse severa (figura

16).

Figura 16: Concentração de Óxido Nítrico e Severidade da Sepse

Neste estudo não houve relação entre produção de NO por macrófagos de

ratos Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo e o

desfecho nos pacientes sépticos (figura 17).

Figura 17: Concentração de Óxido Nítrico e Desfecho nos Pacientes Sépticos

0

50

100

150

200

250

300

healthy CABG Sepsis Severe sepsis Septic shock

NO

(% c

ontro

l)

**

0

50

100

150

200

250

300

non-survivor survivor

NO

(% c

ontro

l)

p < 0,005 Saudável CAGB Sepse Sepse Severa Choque Séptico

p< 0,005 Não sobrevivente Sobrevivente

41

Quanto a IL-10 (figura 18) produzida por macrófagos de ratos Wistar

estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo, os dados revelaram

aumentos estatisticamente significantes nos casos de pós-operatório imediato de

revascularização do miocárdio e nos paciente em sepse severa e choque séptico

(figura 18).

Figura 18: Concentração de IL- 10 e Severidade da Sepse

Em relação à concentração de IL-10 produzida por macrófagos de ratos

Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo, e o desfecho no

paciente séptico, houve diferença com significância estatística entre sobreviventes e

não sobreviventes (figura 19), sendo que nos não sobreviventes a elevação de IL-10

foi maior.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

healthy CABG Sepsis Severe sepsis Septic shock

IL-1

0 (%

con

troll)

* **

p < 0,005

Saudável CAGB Sepse Sepse Severa Choque Séptico

42

Figura 19: Concentração de IL-10 e Desfecho da Sepse

Observando as correlações entre os índices APACHE II e SOFA (figuras

20 e 21) com a concentração de IL-10 produzida por macrófagos de ratos Wistar

estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo, percebe-se que existe

uma correlação positiva, apesar de fraca, evidenciando que quanto pior o índice,

mais alto o valor de IL-10.

Figura 20: Correlação APACHE II x IL-10

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

non-survivor survivor

IL-1

0 (%

con

trol) *

p < 0.001

10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00

APACHEII

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

IL10

Não sobrevivente Sobrevivente

r = 0.77 p<0.001

43

Figura 21: Correlação SOFA x IL-10

Ao se construir a curva ROC da IL-10, obteve-se uma área de 0.94 acima

da curva, sendo a IL-10 > 270 pg/ml, evidenciando uma sensibilidade de 93% e

especificidade de 99% (Figura 22).

Figura 22: Curva ROC IL-10

0,00 3,00 6,00 9,00 12,00 15,00

SOFA

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00IL1

0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

1 - Specificity

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Sens

itivity

Diagonal segments are produced by ties.

ROC Curve

r = 0.757 p<0.001

44

Em relação a fagocitose, observa-se que houve menor capacidade dos

macrófagos de ratos Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do

estudo em fagocitar as bactérias nos casos de sepse grave, choque séptico e nos

pós operatórios de revascularização do miocárdio (figura 23).

Figura 23: Fagocitose e Severidade da Sepse

Observamos, ainda, que houve maior capacidade de fagocitose pelos

macrófagos de ratos Wistar estimulados pelo soro coletado dos participantes do

estudo nos casos que sobreviveram a sepse em relação aos que não-sobreviveram

(figura 24).

Saudável Saudável Saudável CABG Sepse Sepse Grave Choque Sépticop< 0,005

UFC

45

050

100

150200250300350

400450500

OBITO CURA

*

050

100

150200250300350

400450500

OBITO CURA

*

Figura 24: Fagocitose e Desfecho da Sepse

Analisando-se as correlações entre fagocitose e interleucinas observa-se

que as correlações das interleucinas pró-inflamatórias IL-1 e TNF-α (figuras 26 e 27),

apesar de fracas mostraram-se positivas. A correlação da fagocitose com a

interleucina 10 (antiinflamatória) é negativa, evidenciando que quanto maior a

Interleucina 10, menor a fagocitose (figura 25).

rr

Figura 25: Correlação entre Fagocitose e IL-10

0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,00

fagocitose

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

IL10

p< 0,005 Não sobrevivente Sobrevivente

r -0,437 p< 0,025

UFC

46

Figura 26: Correlação entre TNF-α e Fagocitose

Figura 27: Correlação entre IL- 1 e Fagocitose

Não há relação entre ação microbicida dos macrófagos de ratos Wistar

estimulados pelo soro coletado dos participantes do estudo e gravidade da sepse

em nenhum dos grupos (figura 28).

0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,00

fagocitose

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

IL1

0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,00

fagocitose

0,00

100,00

200,00

300,00

TNF

r 0,582 p<0,001

r 0,612 p<0,0008

47

Figura 28: Microbicida e Gravidade da Sepse

Saudável CAGB Sepse Sepse Severa Choque Séptico

UFC

48

6. DISCUSSÃO

Embora existam muitas controvérsias no campo da sepse, é bastante

uniforme o pensamento de que o processo de doença da sepse é extremamente

complexo. Muitos modelos animais têm sido usados para buscar conhecer as

respostas fisiopatológicas da sepse (OSUCHOWSKI et al, 2006), tentando

recapitular as alterações observadas na sepse humana.

Neste estudo foi demonstrado o papel das interleucinas e mediadores

inflamatórios na ativação de macrófagos e sua relação com a gravidade e desfecho

dos pacientes com quadro de sepse, objetivando melhor entendimento da

fisiopatologia da sepse para a busca de melhores tratamentos.

A interleucina 1β, uma das principais interleucinas pró-inflamatórias, e que

demonstra ativação da via clássica dos macrófagos, apresentou um aumento

significante nos casos de sepse e sepse severa, não ocorrendo o mesmo no choque

séptico. Além disso, houve maior sobrevida dos pacientes sépticos que

apresentavam maior nível de IL-1β. Isto evidencia que a ativação de macrófagos por

via clássica ocorre em casos mais leves de sepse e cursa com melhor sobrevida. A

correlação entre os índices que denotam gravidade nos casos de sepse, como o

SOFA e APACHE II reafirmam esta hipótese, visto que quanto melhor o índice,

maior o nível de IL-1β.

O TNF-α apresentou menor elevação nos casos de maior severidade,

como sepse severa e choque séptico, sugerindo que, nos casos mais graves, há

menor quantidade de interleucina pró-inflamatória e, portanto, menor ativação dos

macrófagos pela via clássica. Estes dados foram corroborados pela maior

sobrevivência dos pacientes que apresentaram maior nível de TNF-α e pelas

49

correlações entre os índices de gravidade SOFA e APACHE II que demonstraram

que quanto maior a gravidade do caso, menor o TNF-α.

Em relação ao NO, que também está presente quando da ativação

clássica dos macrófagos, os resultados são semelhantes às outra interleucinas pró-

inflamatórias. Os dados revelam um aumento significante nos casos de sepse e

sepse severa e não nos casos de choque séptico. Porém, não houve relação entre a

expressão de NO e a sobrevivência dos pacientes; a substância mostrou relação

com severidades e não com desfecho da sepse. Isto, talvez se justifique pelo fato de

que o NO é citotóxico em algumas células e citostático em outras, o que sugere que

a sensibilidade ao NO varia de uma célula para outra. As razões para isto não estão

ainda bem esclarecidas, (HIBBS et al, 1990). Além disso, estes resultados podem

estar relacionados com o fato de que o NO apresenta outras atividades como

neurotransmissão, controle da pressão sanguínea, coagulação do sangue e

participação na capacidade do sistema imunológico de destruir células tumorais e

parasitas intracelulares (GRIFFITH et al, 1995).

A modulação da sinalização imunológica durante a sepse tem sido

considerada como uma possibilidade de melhorar a resposta do paciente, buscando

evitar a fase de “descontrole” da resposta inflamatória. Estudos experimentais de

sepse demonstraram que a neutralização de mediadores como TNF-α e IL-1β por

anticorpos específicos e antagonistas de receptores, respectivamente, têm efeitos

benéficos e podem proteger animais de desfecho letal da sepse (TCHAIKOWSKY et

al, 2002). Grandes ensaios clínicos indicam que, neutralizando um mediador pró-

inflamatório, há melhora na disfunção de órgãos e no segmento de pacientes

(TCHAIKOWSKY et al, 2002). Embora a regulação para baixo da síntese e liberação

excessiva de citocinas pro-inflamatórias no primeiro período após contato com o

50

microrganismo, pode ser um processo evolucionário para reduzir a incidência de

necrose nos tecidos e conseqüente falência de múltiplos órgãos, uma quase

completa inibição destas citocinas pode levar a uma imunodeficiência em pacientes

com sepse severa. Portanto, somente a síntese e liberação equilibrada de citocinas

pró-inflamatórias pode ser benéfica ao hospedeiro (ERTEL et al, 1995).

Quando são avaliados os resultados obtidos neste estudo no que concerne as

citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1β), que promovem a ativação dos

macrófagos pela via clássica, pode-se perceber que há maior expressão destas

citocinas nos quadros menos severos de sepse e que estes casos apresentaram

maior índice de sobrevivência. As correlações entre os índices de gravidade de

doença e as citocinas pró-inflamatórias, demonstraram que, como o pressuposto,

estas citocinas apresentam menor expressão conforme maiores os índices SOFA e

APACHE II. Quanto maior a gravidade da doença, menor o índice de citocinas pró-

inflamatórias e menor ativação dos macrófagos por via clássica.

A Interleucina 10 (IL-10) apresenta conhecida propriedade antiinflamatória.

Em um estudo realizado por Friedman e colaboradores em 1997, foi confirmado que

esta interleucina é de fato parte da resposta inflamatória aguda, sendo liberada,

junto com citocinas pró inflamatórias como TNF e IL-6, em pacientes com choque

séptico. Além deste fato, os níveis de IL-10 estão diretamente correlacionados com a

severidade da inflamação e o desenvolvimento de falência de órgãos no choque

séptico.

Friedman e colaboradores, em 1997, também concluíram, que a liberação

de IL-10 durante o choque séptico, surge como uma resposta antiinflamatória natural

controlando a produção de outras citocinas e toxinas da bactéria invasora. Este fato

51

sugere que esta reação antiinflamatória é parte de um complexo sistema de

modulação da resposta imune.

Neste estudo houve aumento da nos casos de choque séptico e sepse

severa, sugerindo que houve ativação de macrófagos por via alternativa nos casos

mais graves de sepse. Em relação a mortalidade, esta foi maior quanto maior o

nível de IL-10. Os índices de gravidade corroboraram com estes dados, visto que

quanto pior o índice SOFA e o APACHE II, maiores os índices de IL-10. Podemos

afirmar que, quanto maior o índice de citocinas antiinflamatórias (demonstrando

maior ativação de macrófagos pela via alternativa), piores os índices de gravidade

SOFA e APACHE II e pior o desfecho da sepse.

Ertel e colaboradores, em 1995, levantaram a hipótese de que dois

mecanismos (resposta inflamatória sistêmica e sistema imune funcionando

efetivamente) são essenciais para o hospedeiro na eliminação de microrganismos

invasores durante a sepse, dependendo do tipo de ativação do macrófago. Gordon

em 2003, afirmou que muitos estudos mostraram que a ativação clássica dos

macrófagos depende da ativação específica de células T helper 1 (Th1) e que a

ativação alternativa dos macrófagos é produzida geralmente pelas células tipo T

helper 2 (Th2). Observando os efeitos antiinflamatórios e o possível papel no

trofismo e processo de reparo celular, alguns autores têm proposto que a ativação

alternativa de macrófagos tem poder de contribuir no controle do processo pró-

inflamatório e antiinflamatório em processos de saúde e doença. Desta maneira, o

conhecimento é essencial para o entendimento das mudanças dinâmicas que os

macrófagos mostram no limite das situações fisiológicas e patológicas, como base

para uma manipulação terapêutica mais seletiva (Gordon, 2003).

52

Takahashi et al em 2004 demonstraram em um estudo feito com

camundongos, que a regulação da ativação de macrófagos por via clássica em

indivíduos com sepse severa (que demonstraram ativação de macrófagos

preferencialmente pela via alternativa) pode melhorar a resistência a infecções

bacterianas no hospedeiro.

Dal-Pizzol 2004, afirmou que estratégias para prevenir a ativação alternativa

podem representar uma nova opção terapêutica em SIRS e sepse.

Em relação à fagocitose, que representa uma das armas que o hospedeiro

apresenta para defender-se de invasores e é realizada pelos neutrófilos e

macrófagos, os resultados obtidos neste estudo evidenciaram que houve menor

capacidade em fagocitar as bactérias nos casos de sepse grave e choque séptico.

Portanto, neste caso, a maior severidade da sepse relacionou-se com menor

fagocitose. Quando são analisadas as correlações entre IL-1β e TNF-α (pró-

inflamatórias) e a fagocitose, evidencia-se uma maior função fagocitária quanto

maior o nível de interleucinas pró-inflamatórias, demonstrando ativação do

macrófago por via clássica.

Já, quando se analisa a correlação da fagocitose com a IL-10, vê-se que é

negativa, portanto quanto maior a interleucina 10 (ativação alternativa do

macrófago), menor a capacidade de fagocitose pelo macrófago

A análise dos resultados deste estudo, permitem a afirmação de que há

uma relação direta entre aumento de interleucinas antiinflamatórias e a ativação de

macrófagos pela via alternativa, com menor capacidade de fagocitose pelo

macrófago e maior mortalidade por sepse grave e choque séptico.

Entretanto, em relação a capacidade microbicida do macrófago, não

houve diferença entre os grupos. Este fato não era esperado, pois se acreditava que

53

estes macrófagos tivessem menor capacidade microbicida nos casos mais graves de

sepse. Pode-se inferir que este fato tenha ocorrido, devido a possível presença de

uma população heterogênea de macrófagos nas placas analisadas, em virtude de

não se ter uma definição clara do momento de mudança da ativação macrofágica, e

estes macrófagos podem ter compensado a função microbicida. Uma outra

especulação é de que o tempo de cultivo possa ter sido curto para permitir a ação

dos macrófagos.

Os dados levantados neste estudo sugerem que o conhecimento e controle

do tipo de ativação dos macrófagos, poderia ser uma importante aquisição para o

tratamento da sepse, visto que a modulação desta resposta poderia levar a

diminuição do excesso de resposta inflamatória, bem como melhorar esta resposta

quando desejada maior atividade inflamatória do hospedeiro, como nos casos

severos de sepse, em que os macrófagos são ativados preferencialmente pela via

alternativa, que é antiinflamatória.

54

7. CONCLUSÃO

Buscando entender a relação entre SIRS/Sepse e as respostas imunes do

hospedeiro, examinou-se como a resistência antibacteriana realizada pelos

macrófagos é influenciada nas diferentes classificações da doença.

Os dados mostraram que nos casos mais leves de sepse (sepse e sepse

moderada) os níveis de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, TNF-α) e de NO

apresentaram valores maiores, indicando ativação de macrófagos preferencialmente

pela via clássica e nestes casos se observou melhor desfecho da sepse.

Nos casos mais severos (sepse grave e choque séptico) houve maior

ativação de macrófagos pela via alternativa (com aumento de IL-10, interleucina anti-

inflamatória), observando-se pior desfecho dos casos de sepse.

Os resultados deste estudo permitem a inferência de que existe relação

diretamente proporcional entre a liberação de citocinas pró-inflamatórias,

principalmente o TNF-α, e a evolução clínica benéfica dos pacientes sépticos. A

atividade antiinflamatória mostrou relação diretamente proporcional ao pior

prognóstico e a pior evolução destes pacientes. Podemos ainda referir, que o TNF-α

mostrou-se a citocina pró-inflamatória mais fidedigna e o NO o pior, ou menos

fidedigno.

É importante ressaltar que algumas limitações podem ter interferência

nestes resultados, como o número reduzido de pacientes, pouco tempo no cultivo do

macrófago para medida do seu potencial bactericida, o grau de estresse dos

voluntários saudáveis que podem ter levado a um aumento das citocinas neste

grupo. Porém, acreditamos que este estudo pode ser importante na busca de

55

modulação da resposta inflamatória o que poderia propiciar um diagnóstico e

tratamento mais precoce possível, o que ainda é a maior arma para vencer a sepse.

56

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ANEXO

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ANEXO 1 – Resolução Comitê de Ética

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