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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
INTRODUÇÃO AO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
ANA CAROLINA NOBRE PORDEUS
ATELIER: Centro Integrado de Moda
Natal, Junho 2017
ANA CAROLINA NOBRE PORDEUS
ATELIER: Centro Integrado de Moda
Trabalho Final de Graduação
apresentado à banca examinadora
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, requisito para
conclusão do curso de Arquitetura e
Urbanismo
EUNÁDIA CAVALCANTE
Orientadora
Natal, Junho 2017
ANA CAROLINA NOBRE PORDEUS
ATelier: centro integrado de moda
Trabalho Final de Graduação
apresentado à banca examinadora
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, requisito para
conclusão do curso de Arquitetura e
Urbanismo
EUNÁDIA CAVALCANTE
Orientadora
Aprovação em___ de junho de 2017.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Eunádia Cavalcante
Professor Orientador – UFRN
_______________________________________________________________
Sandra Albino Ribeiro
Professor – UFRN
_______________________________________________________________
Rosanne Azevedo de Albuquerque
Arquiteto Convidado
AGRADECIMENTOS
Nomear todos os quais sou grata por contribuírem nesta jornada de formação
profissional e pessoal certamente tornaria este tópico demasiadamente longo.
Entretanto, alguns merecem destaque por estarem lado a lado, seja fisicamente ou
enviando pensamentos positivos.
Em primeiro, à Ele. Quem deposito todas as oportunidades e origem da força para
reequilibrar nos episódios que resultavam em desejos de desistir. À Deus, por constituir
o símbolo da minha fé e exemplo maior de amor ao próximo, sempre derramando
bênçãos no meu caminhar. E ainda me proporcionar conviver em uma família
erroneamente perfeita.
Por segundo, o “obrigada” é direcionado para ela. Constituída dos mais variados
membros: um pai incentivador em primeiro grau; uma mãe que reproduz à sua maneira
a Maria mãe de Jesus, fazendo jus ao nome que carrega; um irmão solucionador de todos
os problemas, e uma irmãzinha especialista em “kit estudo”. Todos juntos e de maneira
especial estiveram e estão comigo em todas as conquistas e adversidades.
Agradeço ainda às duas grandes amigas do “BSF”, Camila e Roberta, presentes da vida,
apoio durante o trajeto de graduação, consolo em meio as dificuldades, companhias de
felicidades, e compreensão quando ausente durante o desenvolvimento deste trabalho.
Às “Arqfriends” (Monalisa, Aline, Ana Luísa, Bruna e Priscilla), companheiras de
faculdade, que juntas dividimos muitos momentos de trabalhos acadêmicos, dicas de
arquitetura, convivência e apoio, e ao fim tornaram-se amigas.
À Giorgi, por todo amor e carinho demonstrados, pelos conselhos durante o processo de
realização desse TFG, a confiança em mim depositada, e o incentivo para seguir em
frente.
Por fim, aos meus mestres, por compartilharem os “saberes”, em especial à Eunadia, que
concordou orientar esse trabalho, e com bastante paciência e leveza contribuiu durante
todo o processo de desenvolvimento.
Muito obrigada!
“Se eu nascesse hoje, colecionaria somente
amores, fantasias, emoções e alegrias”.
LINA BO BARDI
RESUMO
Capaz de se fazer presente em inúmeras áreas, a moda representa a cultura e conta a
história de um povo, não é apenas aquilo que cobre o corpo. Além disso, é fonte de
conhecimento e economia para uma região. Sendo assim, o objetivo desse estudo é o
desenvolvimento de um espaço que incentive o contato da sociedade com a moda
através da elaboração de um anteprojeto de um Centro Integrado de Moda para a cidade
de Natal. Para o desenvolvimento do trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas e
estudos de referências. O universo de estudo escolhido foi o bairro de Capim Macio, que
dispõe de infraestrutura e proximidade com outras instituições de ensino que atraem um
público diverso característico para essa proposta. O trabalho resultou na proposta de
uma edificação que circunda um pátio aberto, com bastante integração com o exterior,
além de um grande espaço multiuso para eventos relacionados à área, e salas de aulas
teóricas e práticas.
Palavras-chave: Arquitetura escolar. Moda. Educação.
ABSTRACT
Capable of being present in countless areas, the fashion represents culture and tells the
story of a people, not just what covers the body. Moreover, it is a source of knowledge
and economy to a region. Therefore, the purpose of this study is the development of a
space that encourages the contact of society with fashion through the design of a draft
of a Fashion Integrated Center. For the development of the work bibliographical
researches and reference studies were conducted. The study universe was the
neighborhood of Capim Macio, that has infrastructure and is close to others educational
institutions which attracts a diverse public for this proposal. The work resulted in the
proposal of a building that surrounds an open courtyard with a lot of integration with the
exterior besides a large multipurpose space for events related to the fashion, and
theatrical and practical classrooms.
Key words: School architecture. Fashion. Education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Quadro de Mondrian........................................................................................ 16
Figura 2: Vestido criado por Yves Saint Laurent, inspirado no artista Mondrian ............ 17
Figura 3: Layout Sala de criação - desenhos manuais ..................................................... 22
Figura 4: Layout – Sala Modelagem ................................................................................ 24
Figura 5: Layout Sala de Costura ..................................................................................... 25
Figura 6: Layout do Natal Fashion Week 2006 ................................................................ 27
Figura 7: Boca de cena desfile Chanel 2017 .................................................................... 27
Figura 8: Ateliê do curso de Design de Moda – foco para manequins, quadro metálico e
tomadas suspensas ......................................................................................................... 30
Figura 9: Abertura – “vitrine” .......................................................................................... 30
Figura 10: Ateliê do curso de Design de Moda – foco para iluminação artificial e tábuas
retráteis. .......................................................................................................................... 30
Figura 11: Planta baixa ateliê curso Design de Moda da UNP......................................... 31
Figura 12: Detalhe de ripas de madeira escondendo a estrutura do edifício. ................ 32
Figura 13: Fachadas Fábrica Berluti ................................................................................ 32
Figura 14: Ágora coberta................................................................................................. 33
Figura 15: Ágora coberta................................................................................................. 33
Figura 16: Ambientes com grandes aberturas e contato com o exterior ....................... 34
Figura 17: Rampas prédio FAUSP .................................................................................... 34
Figura 18: FAUSP ............................................................................................................. 35
Figura 19: Biblioteca FAUSP – Contato interior/exterior ................................................ 35
Figura 20: Primeiro terreno de estudo............................................................................ 37
Figura 21: Localização terreno – Mapa Natal/Mapa Capim Macio ................................. 38
Figura 22: Terreno e entorno de serviços ....................................................................... 38
Figura 23: Dimensões terreno ......................................................................................... 39
Figura 24: Curvas de nível do terreno ............................................................................. 39
Figura 25: Terreno com destaque para massa verde ...................................................... 40
Figura 26: Vista da Rua Adolfo Ramires (massa verde do terreno) ................................. 40
Figura 27: Rosa dos ventos aplicada no terreno ............................................................. 41
Figura 28: Classificação das vias segundo Código de Obras de Natal, 2004. .................. 43
Figura 29: Dimensionamento das formas de acesso ....................................................... 43
Figura 30: Opção de acesso “a” ao estacionamento. ...................................................... 44
Figura 31: Dimensionamento de rampas ........................................................................ 46
Figura 32: Detalhe de rampa........................................................................................... 47
Figura 33: Projeção solar e ventos predominantes no lote em estudo .......................... 51
Figura 34: Zoneamento Final – Pavimento térreo .......................................................... 52
Figura 35: Zoneamento final – Pav. Superior .................................................................. 53
Figura 36: Esquema acesso pedestres ............................................................................ 55
Figura 37: Esquema acesso automóveis ......................................................................... 56
Figura 38: Implantação final ............................................................................................ 56
Figura 39: Volumetria – Proposta 01 .............................................................................. 57
Figura 40: Planta baixa pavimento térreo – Proposta 01 ................................................ 57
Figura 41: Planta baixa pavimento superior – Proposta 01 ............................................ 58
Figura 42: Volumetria – Proposta 02 .............................................................................. 58
Figura 43: Planta baixa pavimento térreo – Proposta 02 ................................................ 59
Figura 44: Planta baixa pavimento superior – Proposta 02 ............................................ 59
Figura 45: Planta baixa pavimento térreo - final ............................................................. 60
Figura 46: Planta baixa pavimento superior - final .......................................................... 61
Figura 47: Volumetria final .............................................................................................. 62
Figura 48: Volumetria final .............................................................................................. 62
Figura 49: Vista para o pátio externo .............................................................................. 62
Figura 50: Vista estacionamento ..................................................................................... 63
Figura 51: Ventilação cruzada no Espaço Multiudo ........................................................ 65
Figura 52: Esquema de ventilação cruzada com telhas de diferentes alturas no pavimento
superior ........................................................................................................................... 66
Figura 53: Exemplo de sombreamento utilizado ............................................................ 66
Figura 54: Esquema contato interior/exterior ................................................................ 67
Figura 55: Divisórias de dry-wall ..................................................................................... 68
Figura 56: Detalhe laje impermeabilizada com tratamento térmico .............................. 69
Figura 57: Telha termoacústica TR 25 marca Santo André ............................................. 69
Figura 58: Detalhe telha termoacústica .......................................................................... 70
Figura 59: Telha de fibrocimento ondulada – marca Brasilit. ......................................... 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Síntese dos estudos de referência ................................................................... 36
Tabela 2: Prescrições urbanísticas para o lote em estudo .............................................. 42
Tabela 3: Programa de necessidades .............................................................................. 48
Tabela 4: Pré-dimensionamento setor administrativo.................................................... 49
Tabela 5: Pré-dimensionamento setor educação ........................................................... 49
Tabela 6: Pré-dimensionamento setor técnico ............................................................... 49
Tabela 7: Pré-dimensionamento setor funcionários ....................................................... 50
Tabela 8: Pré-dimensionamento setor apoio .................................................................. 50
Tabela 9: Prescrições urbanísticas do anteprojeto ......................................................... 65
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13
1. ARQUITETURA E MODA ......................................................................................... 16
1.1 Moda como arte e produto .............................................................................. 16
1.2 Estudo da moda ............................................................................................... 18
1.3 Arquitetura escolar........................................................................................... 19
1.4 Espaços de produção e promoção da moda .................................................... 21
1.4.1 Salas de Criação: ....................................................................................... 22
1.4.2 Sala de Modelagem:.................................................................................. 23
1.4.3 Sala de Costura: ........................................................................................ 24
1.4.4 Espaços para desfiles ................................................................................ 26
2. REFERENCIAL EMPÍRICO ....................................................................................... 28
2.1 Estudos diretos ................................................................................................. 28
2.1.1 Universidade Potiguar ............................................................................... 28
2.2 Estudos indiretos .............................................................................................. 31
2.2.1 Fábrica Berluti ........................................................................................... 31
2.2.1 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (FAUSP) ................. 34
2.3 Compilação dos estudos de referências ........................................................... 36
3. CONDICIONANTES PROJETUAIS ........................................................................ 37
3.1 Condicionantes físico-ambientais ..................................................................... 37
3.2 Condicionantes legais ....................................................................................... 41
3.2.1 Plano Diretor de Natal............................................................................... 41
3.2.1 Código de Obras de Edificações do Município de Natal............................ 42
3.2.2 Código de Segurança contra incêndio e pânico do Rio Grande do Norte . 44
3.2.3 ABNT – NBR 9050 (2015) .......................................................................... 45
3.3 Condicionantes funcionais ............................................................................... 47
3.3.1 Público alvo ............................................................................................... 47
3.3.2 Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento ............................... 48
3.3.3 Zoneamento .............................................................................................. 51
4. PROCESSO PROJETUAL ........................................................................................ 54
4.1 Conceito e Partido arquitetônico ..................................................................... 54
4.2 Implantação ...................................................................................................... 55
4.3 Evolução da proposta – plantas e volumetria .................................................. 56
5. ATELIER – O produto ............................................................................................. 64
5.1 Conforto ........................................................................................................... 65
5.2 Sistema construtivo .......................................................................................... 67
5.2.1 Estrutural .................................................................................................. 67
5.2.2 Vedações ................................................................................................... 68
5.2.3 Cobertura .................................................................................................. 68
5.3 Sistema hidráulico ............................................................................................ 70
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 72
13
INTRODUÇÃO
A moda está inserida em diversos campos da sociedade, como comportamento,
linguagem, arte, e o mais tradicional: vestuário. Além disso, a palavra pode dispor de
conceitos variados, dependendo da frase ou contexto em que está inserida, como retrata
Denise Pollini, em seu livro Breve História da Moda:
É claro que ao nos depararmos com estas frases diversas sabemos que “está na moda ser ecológico” e “a moda da cintura alta” são referências a aplicações diferentes do termo. (POLLINI, 2007, p. 8)
No contexto deste trabalho, será abordada a moda inserida no universo do vestuário. O
setor da moda como indumentária engloba várias atividades, uma vez que possui um
longo caminho a ser percorrido desde a produção até a comercialização do produto. Esse
percurso envolve o processo criativo, realizado por estilistas, engenheiros têxteis e
designers de moda, através de inspirações, estudo de referências, criação de um
conceito, escolha de materiais, e consequente concepção de uma peça ou coleção. Após
esse passo, segue-se para a produção, onde são executados os projetos desenvolvidos.
Nesse estágio, ocorrem inúmeros “sub processos”, como corte, costura, e por vezes,
provas dos moldes em “modelos”; em seguida, inicia-se a parte mais comercial do setor,
a venda do produto. Ainda é possível incluir em todo esse ciclo a etapa de divulgação e
marketing, seja física, como as revistas e catálogos, ou virtuais, como os blogs e os
modernos e-commerces (comércio eletrônico de objetos, através dos quais é possível
adquirir peças virtualmente, sem a necessidade de se deslocar até o ponto de venda).
Além da área comercial, a moda como vestuário está presente também na história das
sociedades, demarcando classes, épocas e culturas. E é ainda capaz de identificar um
grupo social, através dos padrões de indumentárias utilizadas por ele, como os góticos,
os hippies, etc.
A indústria da moda é um setor de destaque na economia, pois, por demandar atividades
de diversos níveis e áreas, é capaz de empregar também diversos tipos de funcionários.
Segundo a ABIT1 (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecção), o setor possui 1,5
milhão de empregados diretos e 8 milhões quando somados os indiretos, constituindo o
1 ABIT. Perfil do setor. Disponível em: http://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor. Acesso em dez de 2016.
14
segundo maior empregador da indústria de transformação, e o segundo maior gerador
do primeiro emprego (dados de 2016 referentes a 2015).
O mundo da moda também movimenta o setor financeiro através das grandes semanas
de moda, nas quais as marcas expõem coleções piloto que depois serão oferecidas para
o consumidor nos pontos de venda. Esses acontecimentos exigem uma enorme
quantidade de trabalhadores, desde os que participam da criação e produção das peças,
até os organizadores e modelos. Em Natal, já ocorre esse tipo de evento, como o Natal
Fashion Week, surgido em 2005, que é realizado anualmente, em duas edições.
Neste cenário, entendendo a importância da moda no contexto da sociedade, objetiva-
se desenvolver um anteprojeto arquitetônico de um centro de moda em Natal, criando
um espaço que busca suprir a carência desse tipo de atividade na cidade. Pretende-se
ainda, criar um espaço capaz de promover a moda e formar profissionais da área,
atuantes em variados segmentos deste universo, através de cursos técnicos
profissionalizantes e livres, de receber eventos relacionados à moda e outros tipos de
arte, como desfiles e exposições. Para tanto foi necessário estudar os preceitos da
arquitetura escolar, necessários para o desenvolvimento do projeto. Por fim, busca-se
trazer à tona a discussão da moda como arte e como produto, tanto para entender as
necessidades desse segmento quanto a espacialização arquitetônica.
A escolha do tema Arquitetura e Moda foi influenciada por interesse pessoal pela moda,
visto que sempre foi entendida como parte integrante da cultura, e não apenas como
futilidade, ou algo sem significação. Tal interesse foi intensificado pela experiência na
disciplina Moda, do curso de Engenharia Têxtil da UFRN. A partir dessa matéria abriram-
se os horizontes acerca do que a moda representa e o que demanda para a sua existência,
pois possibilitou entender que a história da humanidade está relacionada às vestimentas,
assim como o fato da moda estar presente em vários segmentos do mercado,
movimentando vários setores. Esse último aspecto despertou a curiosidade por
compreender e pensar um espaço capaz de receber essa multifuncionalidade.
Outro fato que justifica a escolha do tema é a pequena quantidade de cursos de moda
na cidade de Natal. Atualmente, existe um curso de dois anos na Universidade Potiguar
(Design de Moda), e o SENAI oferece cursos de pequena duração e assuntos variados,
porém em épocas esporádicas. Sendo assim, não existe na cidade um local voltado
15
especificamente para esse tipo de aprendizado, o que justifica um estudo acerca dessa
carência da cidade.
Além disso, vislumbrou-se nesse trabalho a chance de estudar e desenvolver um projeto
de arquitetura escolar, tema projetual não abordado durante a graduação, tornando-se
assim uma oportunidade de preencher tal lacuna.
Para alcançar os objetivos propostos para o trabalho, foram determinados alguns
procedimentos metodológicos. Desta forma, o desenvolvimento deste estudo foi dividido
em três etapas: a primeira consistiu na fundamentação teórica com a finalidade de obter
maiores conhecimentos sobre a moda, sua história, comércio, promoção e produção, e
assim entender os aspectos que essa atividade exige para ocorrer; a segunda, nos estudos
diretos e indiretos nos quais se buscou conhecer os espaços necessário para o bom
funcionamento do edifício de acordo com os usos propostos, as relações de fluxos entre
esses espaços, o layout de cada ambiente, além das premissas de conforto exigidas; e por
fim, o desenvolvimento do projeto. Para o qual foi adotada a metodologia de Laert Neves,
em seu livro Adoção do Partido na Arquitetura.
Para apresentar o resultado deste estudo, estruturou-se o trabalho em cinco tópicos: o
primeiro desenvolve a contextualização do tema, tratando da moda como vestuário e dos
espaços exigidos para o funcionamento dessa atividade; o segundo relata estudos diretos
e indiretos realizados com o objetivo de obter referências previamente determinadas
para o desenvolvimento do anteprojeto; o terceiro aborda os condicionantes projetuais:
físico-ambientais, legais e funcionais; o capítulo quatro apresenta todo o processo
projetual, desde o conceito até o zoneamento. O penúltimo tópico expõe o produto deste
trabalho, apresentando questões de conforto, estrutura e soluções formais do projeto.
16
1. ARQUITETURA E MODA
Esse tópico expõe sobre a moda, englobando conceitos, estudos possíveis na área,
espaços de produção e promoção da moda, focando nas necessidades que esta atividade
exige quanto à espaços físicos. Além disso, aborda sobre arquitetura escolar, explanando
sobre a qualidade do ambiente de ensino e as premissas necessárias para seu bom
desempenho.
1.1 Moda como arte e produto
O termo moda pode ser associado a vários conceitos, dependendo do contexto no qual
está inserido. Analisada sob o olhar do mundo do vestuário, a expressão pode ser
considerada como “um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o
simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico”
(PALOMINO, 2002, p. 4), ou seja, a moda tem seus limites muito além das peças de vestir,
pois engloba a história da humanidade, a cultura de um povo, e ainda a arte e o comércio.
É possível perceber a relação da moda com a arte quando a primeira busca na segunda
fontes de inspiração para se desenvolver, como bem afirma Cláudia de Castro Correia et
all (2015. P. 3) “é observável a referência a obras de arte em inúmeros objetos de moda,
principalmente nas coleções de grandes criadores como Yves Saint Laurent, Christian Dior
e Jean Paul Gaultier”. Um exemplo desse tipo de relação foi a coleção criada por Yves
Saint Laurent em 1965, inspirada nas obras do artista Mondrian, como pode ser
observado nas Figura 1 e Figura 2.
Figura 1: Quadro de Mondrian
Fonte: PACIEVITCH.
17
Figura 2: Vestido criado por Yves Saint Laurent, inspirado no artista Mondrian
Fonte: BOSCOLO, 2016.
Assim como Yves Saint Laurent, muitos outros estilistas obtiveram na arte o estímulo para
produzir a moda, e ainda o fazem até hoje, seja na alta-costura, onde se concentra o valor
estético em único objeto, desenvolvendo-se peças quase exclusivas; seja no prêt-à-
porter, o qual se reproduz em grande quantidade uma mesma peça, objetivando atingir
um amplo número de usuários.
Vale salientar que o contrário, isto é, a moda na arte, também ocorre. Esse fenômeno se
dá quando se retrata o vestuário em pinturas, gravuras, ilustrações, fotografia, ou seja,
se representa a vestimenta de determinada época através do uso de elementos da arte.
Além da arte, a moda possui grande representatividade no mercado econômico, pois
envolve vários setores da economia, desde a área criativa até a comercial, passando pela
colheita e ultrapassando as fronteiras divulgadas pela mídia. Sendo assim, essa atividade
é capaz de gerar empregos atuantes em inúmeros campos e movimentar o capital de um
país. Isso torna-se ainda mais evidente no Brasil, pois é o único local do ocidente que
possui a cadeia têxtil completa (ABIT, 2016), ou seja, desde a produção das fibras,
galgando pela confecção, até chegar aos desfiles de moda e comercialização.
A ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) publicou dados otimistas
de previsão para o setor no ano de 2017, quando comparados aos dois últimos anos de
recessão: um faturamento de R$135 bilhões, o que representa um aumento de 4.6% em
relação ao ano de 2016; geração de cerca de 10 mil postos de trabalho, quando houve
grande perda nos dois últimos anos (cerca de 125 mil empregos).
18
Ainda sobre o mercado no Brasil, segundo o jornal online A Tribuna, em matéria divulgada
em 2016, o país encontra-se em 5º lugar no ranking de consumo de moda mundial (de
acordo com estudo do Euromonitor), além do setor liderar as vendas do e-commerce
brasileiro, como relatou a E-bit2.
Sendo assim, a moda é percebida em diversas áreas, formas e momentos; e manifesta-
se de inúmeras maneiras, além de contribuir com a economia e cultura de uma região.
1.2 Estudo da moda
Por participar de vários setores, a moda permite também que seu estudo seja possível
em diversas áreas e níveis de conhecimento. O ensino da moda é possível tanto no nível
superior quanto no técnico, além da possibilidade dos cursos livres, com durações
variadas de acordo com o objetivo do estudante e os assuntos abordados. Existe ainda
uma grande variedade nos conhecimentos ministrados em tais escolas, desde a parte
teórica, tratando da história do vestuário, por exemplo, até a confecção das peças,
passando assim por inúmeros segmentos como estilo, desenho, modelagem e costura,
criação e até mesmo gestão e marketing, permitindo que o profissional atue em diversas
áreas.
O SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) é um dos grandes promotores
do ensino na área de moda em todo o Brasil. A empresa fornece cursos de graduação,
pós-graduação, cursos técnicos e livres. Os assuntos abordados nos cursos da instituição
são os mais variados: modelagem, beleza, negócio de moda, design, etc. Em Natal, o
SENAC oferece curso presencial de costureiro, por exemplo. Com carga horária de 212
horas, ao final deste curso o aluno será capaz de realizar procedimentos de corte,
montagem, costura e acabamento de peças do vestuário, podendo atuar como
autônomo, trabalhar em indústrias de confecção ou até em pequenos ateliês.
Além dessas, existem ainda as universidades que dispõem de graduação e/ou pós-
graduação na área, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), que possui, segundo o
site do próprio departamento, cinco unidades de estudo na graduação de Design de
Moda: a primeira consiste na “ unidade história e pesquisa de moda, o aluno estuda
aspectos históricos da moda e as mudanças das indumentárias ao longo do tempo. Em
2 Instituição que mede a reputação das lojas virtuais por meio de pesquisas com consumidores
reais, gerando dados estratégicos e táticas para o mercado online.
19
tecnologia têxtil e de confecção são vistas disciplinas de Modelagem Tridimensional e
Ergonomia de Produto, por exemplo.
Outra unidade curricular é a de linguagem visual, constituída por disciplinas como
Fundamentos do Design e Desenho Técnico de Moda. Na unidade negócio de moda o
aluno estuda disciplinas relacionadas à criação de negócios próprios, entre elas
Empreendedorismo. Já a unidade de gestão de projeto agrega as disciplinas de Processos
Criativos, Produção de Moda e envolve também a produção do trabalho de conclusão de
curso” (UFC, 2017). Sendo assim, é possível notar que o concluinte do curso superior de
Design de Moda da UFC poderá trabalhar em variados setores, pois obteve
conhecimentos de distintas áreas da moda na graduação.
Por fim, as possibilidades de se obter conhecimentos, tanto teóricos quanto práticos,
sobre a moda e tudo que a envolve são muitas, e podem ser realizadas em todos os níveis
de estudo. Assim como é grande o leque de opções para o profissional da área, que
poderá atuar em diversos segmentos.
1.3 Arquitetura escolar
O ensino representa um ponto de grande responsabilidade na formação e socialização
do ser humano, sendo assim, é constantemente analisado, seja nas escolas infantis,
ensino médio ou até nas universidades. O bom desempenho do aprendizado no ambiente
escolar depende tanto de aspectos físicos do edifício quanto dos pedagógicos e dos
próprios usuários.
O ambiente físico escolar é, por essência, o local do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. O edifício escolar deve ser analisado como resultado da expressão cultural de uma comunidade, por refletir e expressar aspectos que vão além da sua materialidade. KOWALTOWSKI, 2011. p. 11)
O projeto de arquitetura escolar exige que sejam considerados inúmeros aspectos, desde
as premissas de conforto ambiental, como acústica e conforto térmico, até mesmo o
mobiliário, cores de teto, piso e parede, pois cada condicionante irá influenciar no
resultado da formação dos alunos e nas interações sociais.
20
A importância do conforto ambiental em relação à produtividade no trabalho ou na aprendizagem depende, em primeiro lugar, do projeto do edifício e de seus ajustes às atividades do usuário. (KOWALTOWSKI, 2011. p. 112)
Para o desenvolvimento do projeto do ambiente escolar deve-se definir o público alvo e
o tipo de atividade que será exercida: qual o nível de ensino, a idade dos alunos, o
currículo que será desenvolvido, a quantidade de alunos. Sendo assim, é de suma
importância que a arquitetura deste espaço esteja de acordo com as premissas
pedagógicas propostas para a escola, ocasionando uma boa funcionalidade. Com o
público e o tipo de exercício definidos pode-se pensar no dimensionamento dos
ambientes, que deve ocorrer em função do trabalho que será realizado, através da
constituição do layout. Este deve ser elaborado de acordo com o mobiliário necessário
para a execução do que foi proposto para o espaço.
Ao fim de seu livro “Arquitetura escolar”, Kowaltowski (2011) enumera e descreve 31
parâmetros de projeto para escolas com aspectos específicos para o Brasil, elaborados a
partir das realidades de dificuldades enfrentadas pelos projetistas brasileiros, pois grande
parte da literatura disponível acerca do tema é estrangeira. Dentre eles destaca-se os
importantes e pertinentes ao anteprojeto proposto neste estudo:
Transparência: a autora do livro relata que a transparência “deve transmitir a
ideia de que a educação e aprendizagem são visíveis e celebradas na escola”. Pode
estar presente nos corredores com luz natural e vistas interessantes etc.
Vistas interiores/exteriores: criar um horizonte externo para as salas de aula,
objetivando descansar a visão;
Conexão entre espaços externos e internos: essa conexão deve ser bastante
explorada, através “das vistas, terraços, salas de aula ao ar livre, cantos para
sentar, ler, discutir, usar laptop etc.” (KOWALTOWSKI, 2011)
Espaços flexíveis: permitem aprendizado de várias maneiras através do layout,
desde que este identifique o uso proposto para o espaço. Isto pode ser realizado
com a utilização de mobiliário móvel, de alturas ajustáveis;
Iluminação natural: de grande importância para o bem-estar fisiológico e
psicológico do usuário, além de contribuir para a eficiência energética da
edificação, porém deve ser projetada com cuidado, sobretudo em lugares com
muita incidência solar, como Natal,
21
Ventilação natural: essencial para a renovação do ar e promoção do conforto
térmico do espaço. Sua ausência é prejudicial, “psicologicamente, provoca apatia
e desinteresse pelo trabalho...”, como afirma Kowaltowski.
Iluminação, cor e aprendizagem: a iluminação e a cor devem estar em
conformidade com a atividade praticada no ambiente, pois exercem influência no
aprendizado dos alunos. Vale destacar que é importante o projeto de iluminação
artificial ser realizado considerando a presença da iluminação natural, e que áreas
de exposição devem possuir iluminação flexível.
O pátio, a implantação e a adequação dos espaços livre: o pátio deve consistir em
um ambiente agradável, com vegetação que sombreie, além de projeto
paisagístico e de fácil manutenção, que permita o contato entre ele e as pessoas;
Conforto acústico: o projeto de arquitetura escolar deve considerar as aberturas,
os ruídos externos, a densidade ocupacional e os materiais, pois esses aspectos
influenciam no conforto acústico das salas de aula, interferindo no aprendizado
dos alunos.
Acessibilidade: necessário para a inclusão social dos usuários e sua vivencia nos
espaços públicos e privados. O edifício deve ser acessível desde a entrada, até as
circulações, através de rampas, plataformas e mobiliário;
Entrada convidativa: o acesso à escola deve “convidar” os alunos para o interior,
com elementos que marquem a entrada e revelem os limites da área externa com
a área restrita aos alunos;
1.4 Espaços de produção e
promoção da moda
A produção e promoção da moda permitem uma grande variedade de atividades, e cada
uma dessas exige uma qualidade ambiental diferente, de acordo com o uso: seja uma
fábrica, um atelier, um espaço de criação, de divulgação, etc. Por pretender usos
variados, o produto proposto neste estudo demanda espaços com arquitetura também
diversificada, específica para cada trabalho realizado, com o objetivo de atender à
multifuncionalidade do edifício. Sendo assim, a seguir serão apresentadas as
características singulares exigidas em cada fase desse processo, da produção à promoção
da moda. Vale salientar que os atributos relatados no item anterior sobre arquitetura
22
escolar também devem ser aplicados no projeto, juntamente com as especificidades de
cada ambiente.
Obteve-se como fonte de estudo sobre as necessidades para o bom funcionamento das
salas que exigem atributos especiais a apostila “Padronização de tipos e quantidades
necessárias de instalações e equipamentos dos laboratórios das habilitações
profissionais. Técnico em Modelagem de Vestuário” desenvolvida em 2010 pelo CETEC
Paula Souza, de São Paulo.
1.4.1 Salas de Criação:
Quanto à produção, o passo inicial consiste na criação das peças, que se dá através de
estudos de referências, estudos de materiais, ideias e croquis, podendo utilizar
computadores para pesquisas. Então, para essa etapa são necessárias salas de
computadores e salas de desenho. As primeiras serão compartilhadas com a etapa de
desenvolvimento das peças através do uso de softwares específicos. Para as salas
desenho, com dimensões de 120m² e 3m no mínimo de pé direito, sugeridas para 20
alunos, são indicadas mesas escolares medindo 120cm x 60cm e altura de 75cm, assim
como de cavaletes para desenho.
Além disso, esse tipo de atividade, que requer bastante atenção, exige uma iluminação
adequada, com iluminância mantida na superfície de referência, onde se trabalha, de 750
lux, segundo a NBR 8995-1, que trata acerca da iluminação de ambientes de trabalho,
além disso, a iluminação não deve causar ofuscamento ou grandes contrastes, que
podem gerar cansaço visual (observar Figura 3).
Figura 3: Layout Sala de criação - desenhos manuais
Fonte: CETEC Paula Souza, 2010.
23
1.4.2 Sala de Modelagem:
Após a criação, o passo seguinte é a modelagem das peças. Esse momento pode ocorrer
de duas maneiras: através da modelagem 2D ou da modelagem 3D. No primeiro,
denominado de modelagem plana, o costureiro elabora os cortes das peças em moldes
de papel para depois transferir para o tecido. Existem vários métodos para realizar essa
modelagem, como o proporcional, o direto ou o misto, variando apenas a metodologia
de obtenção das medidas do usuário da vestimenta. Na modelagem 3D, conhecida como
moulage, a vestimenta “é feita diretamente no manequim, aprimorando o caimento e o
acabamento da roupa. Geralmente, são usadas malhas de baixo valor com caimento
parecido ao do tecido “final”. Após terminado o processo de moulage, fica mais fácil
entender e planificar a tela em um desenho bidimensional. ” (INSTITUTO RIO MODA,
2011).
Para a sala de modelagem, a apostila sugere uma área de 120m² para atender 20 alunos,
e pé direito mínimo de 3m. Sobre os revestimentos, o piso deve ser em material
impermeável e antiderrapante, liso, resistente à abrasão, impacto; as paredes claras e as
instalações das mesas aparentes. Acerca da iluminação: controlada, uso de lâmpadas
fluorescentes tubulares de 6500K (branca e fria), e a sala deve possuir cortinas. Em
relação ao mobiliário, é recomendado a instalação de expositores (araras), dois tipos de
mesa: a escolar (60cm x 120cm com altura de 75cm) e a de corte ( para tecidos leves e
médios, que suporte 80kg/m² e meça 180cm x 125cm e altura de 90cm); também são
necessários bustos de manequim estofados (para permitir o uso de alfinetes), tanto
femininos quanto masculinos, com altura aproximada de 90cm, apoiados em bases de
ferro de 80cm de altura, que possuem regulador de altura independente; é recomendado
ainda a instalação de armários para armazenamento dos materiais utilizados durante as
aulas (Figura 4. A respeito dos equipamentos, é indicado a presença de ferro de passar
roupa (e tábua), e uma máquina de cortar tecidos: “com corpo em aço; lâmina tipo faca
vertical; com 5"; capacidade de corte mínima de 90 mm; com afiador automático; na
velocidade de 3400rpm; potência de 1,5cv; voltagem 110/220 v” (CETEC Paula Souza,
2010).
24
Figura 4: Layout – Sala Modelagem
Fonte: CETEC Paula Souza, 2010.
Observando a Figura 4, que demonstra a sugestão de layout feita pelo CETEC Paula Souza,
observa-se a ainda a presença de um provador de roupas, que deve medir no mínimo
90cm x 90cm.
1.4.3 Sala de Costura:
Agora, com os moldes obtidos na modelagem, inicia-se a fase da costura. Nesse estágio
os elementos moldados serão unidos para compor a peça final do vestuário. Para a
execução dessa etapa é recomendado, segundo a apostila do CETEC Paula Souza uma
sala de 120m², pé direito mínimo de 3m dimensionada para 20 alunos. O piso deste
ambiente deve ser piso em material claro, impermeável, liso, resistente à abrasão,
impacto; as paredes também devem possuir revestimentos claros (Figura 5).
Existe uma infinidade de tecidos e cortes que permitem uma gama enorme de
possibilidades para a confecção, e cada tipo exige uma máquina de costura diferente.
Sendo assim, foram listadas pelo CETEC Paula Souza os equipamentos básicos necessários
para o curso de costura:
Máquina de costura do tipo reta eletrônica industrial;
Máquina de costura do tipo reta ‐ industrial;
25
Máquina de costura do tipo galoneira;
Máquina de costura do tipo overloque;
Máquina de costura do tipo interloque;
Máquina de costura do tipo botoneira;
Máquina de costura do tipo caseadeira reta;
Máquina de costura do tipo traveti;
Máquina de costura do tipo pespontadeira;
Máquina de cortar tecidos (rainha); com corpo em aço, equipada de mesa estante
e motor com fricção;
A sala de costura não exige um mobiliário específico para seu funcionamento, apenas,
como nas outras salas, mesas (para apoio do maquinário citado acima e para o professor)
e cadeiras. A Figura 5 a seguir representa uma sugestão de layout para este ambiente:
mesas e cadeiras dispostas de maneira tradicional, em filas e colunas, com duas
circulações que se estendem do início ao fim do espaço.
Figura 5: Layout Sala de Costura
Fonte: Adaptado de CETEC Paula Souza, 2010.
26
1.4.4 Espaços para desfiles
Após todo o processo de desenvolvimento do vestuário, chega o momento da divulgação
das peças produzidas, para que atinjam o público consumidor. Uma das maneiras de
promover uma coleção de roupas é através de desfiles. Neles, são projetadas cenografias
com a função de ambientar quem está assistindo e representar o tema criado pelo
estilista. Como afirma Matoso (2015):
É um trabalho construído a várias mãos: designers, arquitetos e cenógrafos concebem um ambiente que geralmente é sugerido pelo estilista da coleção, que pode ser no interior ou exterior de alguma edificação e criam todo um conceito de iluminação, cores, mobiliário e até circuitos (hoje as passarelas não são mais uma linha reta, as modelos podem andar até em círculos, por exemplo) que deem dinâmica e dialoguem com todos os elementos da coleção: maquiagem, música, roupas e sapatos.
Por se tratar de um espaço tão dinâmico, que varia de acordo com o tema proposto pelo
profissional criador da coleção, o público-alvo, o local do evento, não existem regras para
o projeto desse tipo de ambiente. Entretanto, é necessário ter conhecimento das
necessidades para o funcionamento dessa atividade. Leila Guilhermino, no seu Trabalho
Final de Graduação, intitulado de Muda, afirma que “as premissas para a concepção
desse espaço estão, principalmente, na necessidade de se explorar o elemento surpresa
sobre o que acontecerá ali e, não menos, a curiosidade sobre o que se passa nos
bastidores. ” Além disso, destaca que os elementos constituintes das salas de desfiles são
a passarela, boca de cena (de onde saem os modelos), a plateia e o ponto de imprensa.
No estudo de caso realizado por ela, a passarela de uma Semana de Moda de Natal (Natal
Fashion Week) media aproximadamente 45m x 4m, e para cada marca que expunha a
coleção o cenário era alterado (as cortinas se fechavam para tais mudanças), no seu fim
estava o local da imprensa (onde ficavam os fotógrafos, jornalistas e técnicos de som e
iluminação).
A plateia do mesmo evento foi organizada de modo arquibancada, comportando 200
espectadores. A boca de cena possuía iluminação de destaque e cortinas deslizantes
funcionando como pano de fundo para os desfiles e permitindo a dinamizando do
cenário. Por trás desta, encontrava-se o backstage, onde cada marca possuía um stand
(aproximadamente 3m x 3m) com as peças que seriam desfiladas, espaço para trocas de
roupa, maquiagem e cabeleireiros.
27
Figura 6: Layout do Natal Fashion Week 2006
01: Passarela de desfiles Fonte: Adaptado de GUILHERMINO apud NATAL FASHION WEEK VERÃO 2007 Projeto Imprensa, 2006.
Entretanto, atualmente os desfiles estão abandonando o modelo tradicional: passarela
central com plateia no entorno. Marcas de reconhecimento internacional são pioneiras
quando o assunto é ousar quanto a organização espacial desse evento. Em março de 2017
a marca francesa Chanel realizou um desfile na semana de moda em Paris que é exemplo
de ousadia: a “boca de cena” era em um ponto central do ambiente, de onde foi lançado
um foguete; a passarela iniciava-se em formato circular logo após a boca de cena, e
depois tomava forma mais reta. A plateia foi posicionada no entorno da passarela, de
forma que todos os espectadores conseguissem visualizar as modelos de todos pontos.
Figura 7: Boca de cena desfile Chanel 2017
Fonte: GUIMARÃES, 2017.
Desta maneira, o local destinado para os desfiles não necessita ter mobiliário fixo, e sim
consistir em um grande espaço multiuso, capaz de receber diversos eventos e ser passível
da instalação de layout de acordo com a necessidade.
O1
28
2. REFERENCIAL EMPÍRICO
Neste tópico serão apresentados estudos diretos e indiretos que contribuíram de forma
relevante para o desenvolvimento deste anteprojeto.
2.1 Estudos diretos
Esses estudos são caracterizados como diretos por serem realizados através de vistas aos
locais onde se deseja obter conhecimentos que serão utilizados para projetar. Com o
intuito de compreender melhor os espaços propostos para este trabalho se fez
necessário a realização de um estudo direto, objetivando entendê-los quanto às
necessidades de layout, mobiliário, fluxos, conforto e equipamentos.
2.1.1 Universidade Potiguar
Objetivando entender melhor os espaços para o anteprojeto proposto, escolheu-se
realizar um estudo direto nas instalações do curso de Design de Moda da Universidade
Potiguar em Natal. A visita foi guiada por Virgínia Borges, coordenadora acadêmica. O
curso, de nível tecnólogo, funciona na unidade da Av. Roberto Freire, durante o turno
noturno e possui duração de quatro semestres.
Por se tratar de um curso novo na instituição, as instalações foram adequadas ao prédio
já existente, portanto não foi possível atingir a excelência em todos os aspectos: ansiava-
se espaços abertos de convivência, como um “loft” (como informou Virgínia), que
permitissem vários usos, através da alteração do mobiliário. Alguns ambientes
necessários para as aulas são compartilhados com outros cursos, por exigirem usos
semelhantes, como o Laboratório com pranchetas (utilizados para desenhos e confecção
de maquetes) e o de Informática. Entretanto, o espaço visitado, que funciona como um
ateliê, é exclusivo para o Design de Moda, já que possui especificidades utilizadas apenas
por esse curso, em razão disso o foco da visita foi conhecer tal ambiente.
O ateliê foi pensado como um espaço multiuso, possibilitando a realização de aulas com
necessidades diferentes. Lá é possível ocorrer aula de moulage (modelagem 3D),
modelagem 2D, costura, desenho, entre outros. O ambiente comporta em média 45
alunos, porém já aceitou turmas com 50. A quantidade de alunos por turma é organizada
de acordo com a demanda de inscritos por curso, sendo 50 o número máximo por turma.
Entretanto, segundo informou Virginia Azevedo, coordenadora do curso e quem
29
acompanhou durante a visita, o número ideal de alunos seria apenas 30, pois por se tratar
de aulas práticas, exigem maior atenção dos professores.
O local, com cerca de 83m², possui aspecto de uma grande vitrine para quem transita em
seu exterior, uma vez que possui uma grande abertura em vidro, permitindo a
visualização de todo o interior do espaço. O ambiente consiste em uma grande sala com
parede, piso e teto na cor branca, com foco de cor apenas no mobiliário. Quanto a
iluminação, existe apenas a do tipo artificial e direta, com ausência de janelas para o
exterior, o que impede a presença de iluminação natural. O local não possui ventilação
natural e é climatizado artificialmente.
O layout é simples e bastante funcional: duas mesas dispostas linearmente no centro,
como um grande ateliê, equipadas com dois tipos de assentos (cadeiras de giro e bancos
metálicos laranja). Possui grandes circulações no sentido longitudinal da sala, os fluxos
são bastante livres. Além disso, a sala possui 26 manequins femininos estofados com
altura regulável e tamanho 38 (sendo um para uso do professor, e o restante os alunos
compartilham em dupla), duas lousas, 3 tábuas de passar roupa retráteis equipadas com
ferro, um guarda volumes de aço com 24 nichos, 2 expositores de tecidos fixos na parede,
duas araras móveis, uma parede com espelho, e um quadro magnético para fixação de
papel através de imãs, compondo um mood board.
Ainda sobre o mobiliário, contém um grande armário baixo (de cor laranja), onde ficam
armazenadas as máquinas de costura portáteis. Essa organização se deu em virtude da
multifuncionalidade do espaço, sendo assim, elas apenas são retiradas do móvel durante
as aulas de costura. O espaço não dispõe de outros equipamentos, entretanto possui
instalação para o projetor que será inserido brevemente. Apesar disso, todo o ambiente
foi equipado com tomadas suspensas em trilhos metálicos sobre as mesas, permitindo o
uso de computadores ou outros dispositivos necessários durante as aulas.
30
Figura 8: Ateliê do curso de Design de Moda – foco para manequins, quadro metálico e tomadas
suspensas
Fonte: Acervo da autora.
Figura 9: Abertura – “vitrine”
Fonte: Acervo da autora.
Figura 10: Ateliê do curso de Design de Moda – foco para iluminação artificial e tábuas retráteis.
Fonte: Acervo da autora.
31
Figura 11: Planta baixa ateliê curso Design de Moda da UNP
Fonte: Elaborado pela autora.
Esse estudo possibilitou entender muitas das necessidades espaciais, de mobiliário e de
fluxos que serão utilizados neste Trabalho Final de Graduação, além do fato da
flexibilidade que estes espaços podem conter, pois em apenas um ambiente é possível
que ocorram diversas aulas, como no curso da Universidade Potiguar.
2.2 Estudos indiretos
2.2.1 Fábrica Berluti
O edifício da Fábrica Berluti está localizado em Ferrara, na Itália, e teve projeto
desenvolvido pelos arquitetos Barthélémy Griño em 2015. Com área de 8700m², o prédio
funciona como fábrica e escola de fabricação de calçados de luxo. A concepção do projeto
foi baseada em duas intenções: fazer desaparecer o aspecto industrial que o espaço
revela e criar um envoltório capaz de diminuir o peso formal da edificação. Para o
primeiro aspecto, a estrutura da edificação é toda oculta, escondendo o aspecto fabril
comum em espaço de mesmo uso. Para dinamizar a fachada, foram instalados, desde o
solo, suportes de cedro vermelho natural que se repetem ritmicamente e funcionam
como protetores solar.
32
Figura 12: Detalhe de ripas de madeira escondendo a estrutura do edifício.
Fonte: Arnaud Schelstraete, 2016.
Figura 13: Fachadas Fábrica Berluti
Fonte: Arnaud Schelstraete, 2016.
O ponto de destaque do projeto é o pátio coberto, que pode ser acessado assim que se
entra na edificação. Essa ágora “conecta e distribui todos os espaços e congrega todos os
ofícios, habilidades e conhecimentos técnicos entre si: desde corte, até costura, desde o
polido ao protótipo, aproveitando a inteligência das mãos e a transmissão dos gestos no
coração da fabricação. ” (BRANT, 2016) A cobertura é em material translúcido com
grelhas de madeira que criam um efeito de sombra bastante interessante. Dele é possível
observar o interior de diversos ambientes, como a sala de aula de fabricação, a sala de
fototipagem e a sala de produção, criando uma relação intensa exterior-interior.
33
Figura 14: Ágora coberta
Fonte: Arnaud Schelstraete, 2016.
Figura 15: Ágora coberta
Fonte: Arnaud Schelstraete, 2016.
Vale destacar que mesmo os ambientes que não possuem contato direto com a ágora
são dotados de grande interação com o exterior, pois contém grandes aberturas, do piso
ao teto, funcionando como uma grande vitrine (Figura 16).
O estudo da Fábrica Berluti possibilitou encontrar soluções formais e funcionais para o
projeto do Centro Integrado de Moda, principalmente no que se refere ao uso de pátios.
34
Figura 16: Ambientes com grandes aberturas e contato com o exterior
Fonte: Arnaud Schelstraete, 2016.
2.2.1 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo (FAUSP)
O prédio do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, projetado
por João Batista Vilanova Artigas em 1961 e construída entre 1966 e 1969, possui
predominância de linhas simples, uso do concreto e do vidro, além da grande integração
dos espaços, através do uso de rampas, que interligam os seis pavimentos.
A proposta central do projeto reside na ideia de continuidade espacial, que o grande vazio central explicita. Os seis pavimentos, ligados por suaves e amplas rampas de inclinações variáveis, dão a sensação de um só plano. (FRACALOSSI, 2011)
Figura 17: Rampas prédio FAUSP
Fonte: OWAR Arquitectos, via Archdaily, 2011.
35
O edifício consiste em um grande bloco de concreto sustentado por pilares em formato
de trapézio duplo, consistindo em apoios leves quando comparados com o volume total
da faculdade. Outro fator importante da edificação são os grandes espaços abertos, que
permitem e incentivam a convivência entre usuários. Além disso, é notável no projeto a
presença do contato do interior com o exterior, através das grandes aberturas e vãos.
Diante do exposto, analisando o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade São Paulo foi possível notar soluções para trabalhar com níveis diferentes
em um mesmo projeto, além do contato com o exterior, mesmo com um volume tão
“pesado” esteticamente.
Figura 18: FAUSP
Fonte: Fernando Stankuns, via Archdaily, 2011.
Figura 19: Biblioteca FAUSP – Contato interior/exterior
Fonte: OWAR Arquitectos, via Archdaily, 2011.
36
2.3 Compilação dos estudos de
referências
Os estudos de referências realizados contribuíram para o processo de desenvolvimento
do projeto, pois possibilitaram conhecer aspectos funcionais e formais para o uso
proposto. As contribuições foram sintetizadas na tabela abaixo:
Tabela 1: Síntese dos estudos de referência
Síntese dos estudos de referência
ESTUDO CONTRIBUIÇÃO
Ateliê Curso Design
de Moda
Conhecimento de fluxos, mobiliário, atividades realizadas,
conceito “vitrine”, programa de necessidades, dimensões,
quantidade de usuários, cursos;
Fábrica Berluti Conceito de “vitrine”, contato exterior, pátio centra,
ambientes com grandes aberturas;
FAU- USP Solução de planta: níveis diferente, uso de rampas para
ligação dos pavimentos, contato interior/exterior
Fonte: Elaborado pela autora.
37
3. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Este capítulo contém os condicionantes projetuais que serviram de diretrizes para a
realização deste anteprojeto, divididos em três tipos: físicos-ambientais, legais e
funcionais. O primeiro relata sobre as condições gerais do local de implantação, quanto
a questões de conforto, medidas e entorno. O segundo, apresenta a legislação incidente
no universo de estudo, e o último descreve os aspectos ligados a funcionalidade,
zoneamento e programa de necessidades.
3.1 Condicionantes físico-ambientais
O aspecto norteador para escolha da área de intervenção foi a intenção de atrair públicos
de diversas áreas da cidade devido ao uso proposto, sendo assim é necessário que seja
de fácil acesso, exigindo a presença de transporte público nas imediações. Além disso,
por se tratar de um espaço educacional, é importante a proximidade com outros serviços
que sirvam de apoio aos estudantes, como restaurantes. Sendo assim, o primeiro terreno
escolhido para estudo, com cerca de 2000m², localiza-se no Bairro de Lagoa Nova,
próximo à praça da árvore de Mirassol, no cruzamento das avenidas Governador José
Varela e Miguel Alcides de Araújo, próximo aos shoppings Via Direta e Natal Shopping,
além de supermercados como o Carrefour e Hiper Bompreço. Entretanto, após realização
do programa de necessidades básico para a proposta, que será explanado
posteriormente, observou-se que a área seria insuficiente para a instalação do
anteprojeto. Sendo assim, foi necessário estudar outra área de intervenção.
Figura 20: Primeiro terreno de estudo
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
38
Objetivando manter os princípios de escolha estabelecidos anteriormente, o segundo
terreno selecionado localiza-se no bairro de Capim Macio, na mesma Avenida
Governador José Varela na qual se situa o primeiro. Possui ainda limites com mais duas
vias: Rua Professor Leví Higino Jales e Rua Adolfo Ramires. Localiza-se ainda muito
próximo da Avenida Engenheiro Roberto Freire, uma das principais da cidade, que possui
mobilidade facilitada, dada a presença de paradas de ônibus próximas ao terreno e que
servirão aos usuários deste estudo.
Figura 21: Localização terreno – Mapa Natal/Mapa Capim Macio
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
Figura 22: Terreno e entorno de serviços
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
39
O terreno escolhido possui formato de trapézio com testadas de dimensões variadas,
totalizando 11.335,35m² de área. Possui lotes adjacentes apenas em uma das fachadas,
e estes possuem fachada frontal para a Avenida Engenheiro Roberto Freire (como mostra
a Figura 23. A topografia varia da cota de altura 41 metros em relação ao nível do mar
até a 43 metros, sendo que quase a totalidade do terreno está inserida entre as cotas
41m e 42m. Entretanto, em virtude das grandes dimensões, o desnível do lote torna-se
pequeno, sendo mais severo apenas na testada adjacente aos outros lotes (como pode
ser observado na Figura 24).
Figura 23: Dimensões terreno
Fonte: Semurb, 2005.
Nota: Adaptado pela autora
Figura 24: Curvas de nível do terreno
Fonte: Semurb, 2005.
Nota: Adaptado pela autora
40
No lote, é possível notar a presença de uma grande massa verde na porção sul, próxima
à rua Adolfo Ramires. Pretende-se, neste trabalho manter a vegetação existente como
solução de conforto térmico, servindo de sombreamento para o projeto (Figura 25 e
Figura 26).
Figura 25: Terreno com destaque para massa verde
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
Figura 26: Vista da Rua Adolfo Ramires (massa verde do terreno)
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
Sobre a análise bioclimática, o universo de estudo está inserido na Zona Bioclimática 08,
segundo a NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações. Para essa zona, a norma
recomenda grandes aberturas sombreadas direcionadas para os ventos predominantes
e o uso de ventilação cruzada como condicionamento térmico passivo. Quanto a
insolação, as duas menores testadas do lote possuem maior incidência solar, pois estão
voltadas para Leste e Oeste. Acerca dos ventos, em Natal, os predominantes são da
41
direção sudeste e leste. Sendo assim, ao sobrepor a Rosa dos ventos da cidade no terreno
observa-se a predominância destes no sentido da massa de vegetação existente, como
demonstra a Figura 27.
Figura 27: Rosa dos ventos aplicada no terreno
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
3.2 Condicionantes legais
Aqui, serão explanadas as legislações e normas pertinentes ao projeto que incidem na
área de estudo. Essas premissas são condicionantes para o desenvolvimento deste
anteprojeto, restringindo ou direcionando o processo projetual. Os documentos
utilizados foram: Plano Diretor de Natal (2007), Código de Obras da cidade (2004), Código
de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte e NBR 9050
(2015).
3.2.1 Plano Diretor de Natal
O Plano Diretor de Natal, regulamentado pela Lei Complementar Nº082 de 21 de junho
de 2007, tem como objetivo garantir o “desenvolvimento das funções sociais, e
ambientais da cidade e da propriedade”. Segundo o Macrozoneamento do referido
documento, o lote em estudo está inserido em uma Zona de Adensamento Básico, com
coeficiente de aproveitamento básico de 1,2. Além disso, localiza-se na Área de Controle
do Gabarito do Entorno do Parque das Dunas, onde, mesmo sendo permitido o
adensamento, existe um controle quanto ao gabarito máximo admitido, objetivando
42
preservar o valor cênico-paisagístico da região. Segundo o Quadro II do Anexo I do Plano,
o maior gabarito consentido para o terreno é 6m.
Quanto às prescrições urbanísticas para a área, as taxas de ocupação e
impermeabilização máximas são de 80%. Os recuos mínimos são: frontal de 3 metros;
lateral de 1,5 metro e posterior não obrigatório. Entretanto, como o lote possui limite
com as vias em três testadas, possui três recuos frontais e um posterior. Considerando a
área total do terreno de 11335.35m², tem – se os seguintes valores na tabela abaixo:
Tabela 2: Prescrições urbanísticas para o lote em estudo
Prescrições urbanísticas
Coeficiente de Aproveitamento 1,2
Recuos
Frontal: 3,00 metros
Posterior: não obrigatório
Taxa de ocupação Máxima: 80% (9.068.28m²)
Taxa de impermeabilização Máxima: 80% (9.068,28m²)
Gabarito Máximo: 6m
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
3.2.1 Código de Obras de Edificações do Município de
Natal
Este documento está regulamentado sob a Lei Complementar nº 055 de 27 de janeiro de
2004, e propõe diretrizes visando o conforto do usuário quanto a edificação e sua relação
com o meio urbano. Para este estudo, foram aplicados os direcionamentos do Título III,
que tratam sobre Normas específicas das Edificações. Segundo o Código é obrigatório em
todos os projetos a presença de estacionamento, com acesso pela via de menor
hierarquia e dimensões mínimas de vaga de 2,40m por 4,50m. Todas as vias limítrofes do
lote são locais (Figura 28), sendo assim o acesso pode ocorrer por qualquer uma das vias.
43
Figura 28: Classificação das vias segundo Código de Obras de Natal, 2004.
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
De acordo com a Tabela do Anexo III do documento, para esta edificação, do tipo 11
(Escola do 2º grau, curso preparatório e ensino técnico) com acesso por vias locais,
contabiliza-se 1 vaga a cada 70m² de área construída, além de exigir embarque,
desembarque e casa de lixo. Para o cálculo das vagas, tem- se que:
1 vaga a cada 70 m²
Área construída: 3.548,23m²
Total de vagas: 51
Segundo o anexo II do mesmo documento, que explana sobre o Dimensionamento das
formas de acesso, para vias Locais, com necessidade de menos de 60 vagas, a opção de
acesso mínima que deve ser prevista é a do tipo “a”, como demonstrado na Figura 30.
Figura 29: Dimensionamento das formas de acesso
Fonte: Código de Obras, 2004.
Nota: Adaptado pela autora
44
Figura 30: Opção de acesso “a” ao estacionamento.
Fonte: Código de Obras, 2004.
Nota: Adaptado pela autora
O Código ainda determina que todos os ambientes da edificação tenham aberturas
direcionadas para a rua, pátio ou recuo. Além disso, elas devem ter no mínimo 1/6 da
área do ambiente (para longa permanência) ou 1/8 em lugares de curta permanência.
Desta maneira, todos os espaços propostos neste trabalho atendem à esta determinação.
3.2.2 Código de Segurança contra incêndio e pânico
do Rio Grande do Norte
Essa legislação determina os critérios mínimos necessários para manter a segurança das
edificações quanto a incêndio no Estado do Rio Grande do Norte. Segundo o documento,
o anteprojeto aqui proposto classifica-se como “Reunião Pública”, de Risco II e “A”
(quanto à ocupação). Para edifícios desta classe, o código faz as seguintes orientações
pertinentes a este caso de estudo:
Os ambientes devem dispor de renovação de ar através da ventilação natural;
Deverá dispor de sistema de iluminação de emergência;
As portas de saída de emergência deverão ter abertura no sentido de saída e
destravamento por barra antipânico;
Utilização de guarda-corpo nas sacadas, rampas e escadas, em material
resistente, evitando-se quedas acidentais;
Além disto, as edificações desta classificação devem atender às exigências de dispositivos
de proteção contra incêndio quanto a altura e área construída. No caso, para edificações
45
com altura menor que seis metros, com área construída superior a 750 m², orienta-se,
no que tange em relação a este estudo:
Prevenção fixa (hidrantes);
Prevenção móvel (extintores de incêndio);
Sinalização;
Instalação de hidrante público;
Para abastecer a rede de hidrantes é necessário determinar uma reserva técnica de
incêndio que será adicionada ao reservatório superior de água, e seja capaz de suprir os
pontos de hidrantes durante 30 minutos (para áreas construídas de até 20 mil m²,
segundo o documento). O cálculo da capacidade é realizado de acordo com a fórmula:
R = Q. T. H, onde:
R= reserva mínima
Q= vazão
T= tempo
H= quantidade de hidrantes
O Código determina para risco II e “A”, a vazão de 180L/min e o uso de dois hidrantes
simultaneamente. Desta maneira, o cálculo será:
R = Q. T. H
R = 180. 30. 2
R = 10.800L
3.2.3 ABNT – NBR 9050 (2015)
A NBR 9050, de 2015, denominada “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos”, determina critérios que prevêem o emprego de acessibilidade
em projetos, edificações novas, reformas, tanto no meio urbano quanto no rural,
objetivando a inclusão e o acesso de todas as pessoas às edificações e equipamentos.
Neste tópico serão apresentados critérios de maior relevância para o estudo proposto no
limite determinado de anteprojeto.
Vagas:
A norma estabelece que sejam reservadas vagas para idosos e para pessoas deficientes.
No primeiro caso, devem estar posicionadas próximas aos acessos, buscando o menor
percurso, e orientar observar a Resolução 303/08 do CONTRAN sobre a quantificação das
46
vagas para esse público (realizada a partir do Estatuto do Idoso): mínimo 5% do total.
Desta forma, para o estacionamento do ATelier, serão necessárias no mínimo 3 vagas
para idosos, já que o total calculado no item 3.2.1 é de 51 vagas.
Para as vagas de pessoas com deficiência, a NBR prevê a instalação de uma faixa de 1,20m
de circulação ao lado do espaço para o carro, que pode ser compartilhada por duas vagas.
Além disso, ordena a observação da Resolução 304/08 do Contran acerca da
quantificação das vagas: 2% do total de vagas, o que significa 2 vagas.
Rampas:
São consideradas rampas, segundo a norma 9050/2015, todos os percursos com
inclinação superior a 5%. Uma rampa pode ser inclinada até no máximo 8,33%,
dependendo do desnível que vence, assim como pode variar a quantidade de segmentos
permitidos para cada uma, como pode ser observada na Figura 31 . As rampas curvas
(presentes no anteprojeto do estudo), o raio mínimo é de 3m, medido no perímetro
interno da curva. Para o cálculo da inclinação, utiliza-se a fórmula:
i = h x 100/c, onde:
i= inclinação
h= o desnível a ser vencido
c= comprimento horizontal da rampa.
Figura 31: Dimensionamento de rampas
Fonte: NBR 9050/2015.
Nota: Adaptado pela autora
Ainda sobre rampa, sua largura mínima recomendável é de 1,50m, porém a medida
mínima aceitável é 1,20m. Além disso, a norma prevê a obrigatoriedade da presença de
corrimãos em duas alturas de cada lado (0,92m e 0,70m), guarda corpo mínimo de 1.05m
(quando não há presença de paredes laterais), assim como a instalação de guias de
balizamento com altura mínima de 0,05m (Figura 32).
47
Figura 32: Detalhe de rampa
Fonte: NBR 9050/2015.
Nota: Adaptado pela autora
Acerca dos patamares, devem possuir dimensão longitudinal mínima de 1,20m, e
previstos no início, fim e quando houver mudança de direção na rampa (obedecendo a
largura desta).
Acessos/circulações:
A NBR determina que todas as edificações possuam entradas acessíveis, bem como as
rotas que fazem a ligação das calçadas e estacionamentos ao edifício. Para os acessos, as
portas devem possuir vão livre mínimo de 0,80m e altura de 2,10m. Sobre os percursos
acessíveis, a largura mínima recomendável de faixa livre é 1,50m, sendo aceito 1,20m.
Vale salientar que a trajetória máxima percorrida do estacionamento ao acesso principal
do equipamento não deve ser superior a 50m.
3.3 Condicionantes funcionais
3.3.1 Público alvo
Para iniciar o desenvolvimento do programa de necessidades e pré-dimensionamento,
faz-se necessário a definição do público alvo. Neste caso, seria qualquer pessoa
interessada pelos cursos oferecidos, além de empresas, marcas ou profissionais que se
interessem em utilizar o espaço para eventos relacionados à moda, como desfiles,
exposições fotográficas e outros.
Sobre a quantidade de usuários, foi instituído realizar os estudos e dimensionamentos
para 268 alunos por turno (a decisão projetual sobre a capacidade máxima para um turno
girou em torno de 250 alunos, em virtude dos estudos direto e de referências, entretanto,
dificilmente todas as salas estarão ocupadas com a quantidade máxima), além de 10
48
funcionários (3 de limpeza, 1 secretário, 1 coordenador, 1 diretor, 1 para os recursos
humanos, 1 para financeiro, 2 recepção – térreo e superior), e 8 professores.
3.3.2 Programa de Necessidades e Pré-
dimensionamento
O programa de necessidades foi definido a partir do estudo direto realizado na sala de
Ateliê do curso de Design de Moda da Universidade Potiguar, explicado no item 2.1.1.
Através dele foi possível notar que é possível uma mesma sala comportar várias etapas
do processo de produção da moda, desde que possua um layout bem funcional.
Entretanto, ao contrário do curso da UNP, que foi organizado dentro das instalações já
existentes do prédio, o edifício proposto neste trabalho final de graduação consiste em
um equipamento destinado ao tema, e por isso deseja-se que possua salas específicas
para cada etapa, representando uma cadeia de produção.
Tabela 3: Programa de necessidades
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Recursos humanos Atelier Espaço Multiuso
Sala reunião Salas de aulas comuns Almoxarifado
Coordenação Biblioteca Depósito
Secretaria Lab. Informática Casa de lixo
Diretoria Sala Professores Sala de Controle
Financeiro Xerox Vestiários/banheiros
Lab. costura Cantina Copa
Lab. modelagem Loja Convivência (func)
Fonte: Elaborado pela autora.
Após a definição do programa de necessidades, do público alvo, e do estudo direto, foi
possível produzir o pré-dimensionamento. Com ele, é possível ter noção da área
necessária do projeto e assim organizar os ambientes em setores. Para definir as áreas
de cada ambiente, considerou-se as diretrizes elaboradas pelo CETEC Paula Souza, e o
mobiliário. A seguir se encontram as tabelas com o pré-dimensionamento organizado por
setor.
49
Tabela 4: Pré-dimensionamento setor administrativo
SETOR ADMINISTRATIVO
AMBIENTE ÁREA (UNID) Quant ÁREA TOTAL
Recursos humanos 15 1 15
Coordenação (pedagógica e de
estágio) 13 1 13
Secretaria 13 1 13
Diretoria 13 1 13
Financeiro 13 1 13
Sala reunião 20 1 20
TOTAL 87
Fonte: Elaborado pela autora.
Tabela 5: Pré-dimensionamento setor educação
SETOR EDUCAÇÃO
AMBIENTE ÁREA (m²) Quant ÁREA TOTAL (m²)
Lab Costura 100 2 200
Lab Modelagem 100 2 200
Salas de aula comuns 80 4 240
Lab Informática 80 2 160
Ateliê 100 2 200
Biblioteca 60 1 60
Sala Prof 35 1 35
Banheiro Masc 16 1 16
Banheiro Fem 16 1 16
Banheiro Adap 4 2 8
TOTAL 1115
Fonte: Elaborado pela autora.
Tabela 6: Pré-dimensionamento setor técnico
SETOR TÉCNICO
AMBIENTE ÁREA(m²) Quant ÁREA TOTAL (m²)
Almoxarifado 5 1 5
50
Depósito 20 1 1
Casa Lixo 9 1 9
Sala controle 12 1 12
TOTAL 27
Fonte: Elaborado pela autora.
Tabela 7: Pré-dimensionamento setor funcionários
SETOR FUNCIONÁRIOS
AMBIENTE ÁREA (UNID) Quant ÁREA TOTAL
Vestiário Fem 16 1 16
Vestiário Masc 16 1 16
Vestiário Adap 7 2 14
Copa 16 1 16
Convivência/Descanso 12 1 12
TOTAL 74
Fonte: Elaborado pela autora.
Tabela 8: Pré-dimensionamento setor apoio
SETOR APOIO
AMBIENTE ÁREA (m²) Quant ÁREA TOTAL(m²)
Xerox 10 1 10
Loja Aviamentos +
papelaria 15 1 15
Cantina 20 1 20
Banheiro Fem 16 1 16
Banheiro Masc 16 1 16
BWC Adap 4 2 8
Espaço Multiuso +
Convivência
1000 (capac receber desfile para 400
espectadores) 1 1500
TOTAL 1085
Fonte: Elaborado pela autora.
A área total estimada no pré-dimensionamento (2276m²) não prevê circulações verticais
e horizontais, representadas pelas rampas e corredores, respectivamente, nem as áreas
51
das paredes, além de espaços acrescidos por decisões projetuais, como é o caso da laje
de conivência. Por essas razões, a área final do projeto (3548,23 m²) foi superior ao
previsto.
3.3.3 Zoneamento
O Zoneamento do projeto teve como ponto de partida a intenção de manter a massa
verde existente no terreno, o melhor aproveitamento dos ventos, e a criação de um pátio
descoberto para utilizar o conceito de “vitrine” (onde se cria um contato visual do interior
com o exterior). Considerando a orientação solar, onde o sol nasce em Leste e se põe em
oeste, e os ventos predominantes em Natal que são de Leste e Sudeste, principalmente,
a disposição das salas de aula e laboratórios, lugares de maior permanência e uso
principal do edifício, foi feita de modo a privilegiá-los quanto ao conforto térmico. Na
Figura 33 é possível como o sol e os ventos se comportam dentro do terreno escolhido
para implantação.
Figura 33: Projeção solar e ventos predominantes no lote em estudo
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
O desejo principal era a criação de um pátio central descoberto, a partir disso, na
proposta de zoneamento a melhor localização dos laboratórios quanto ao conforto e
intenções projetuais, foi na porção mais sudeste e nordeste, no térreo, implantados em
formato de “L”, objetivando aproveitar a vista para o pátio proposto e vegetação
existente, enquanto que as salas de aulas convencionais ficaram no pavimento superior
com orientação também sudeste. Próximo ao setor de educação foi locado o setor de
apoio, pois ele contém os ambientes que contribuem para o melhor funcionamento do
52
primeiro. Entretanto, apenas a cantina foi zoneada na parte externa e mais distante do
resto do setor, pois servirá de ponto de atração dos usuários para o pátio externo.
Os setores de funcionários e técnicos também foram pensados no térreo: para acesso
direto e facilidade de fluxos. O setor administrativo foi locado no primeiro pavimento
para criar certa privacidade, pois os usuários em geral não necessitam de um contato
diário com estes ambientes.
Acerca do estacionamento, sua localização foi definida em virtude de sua área, pois
demanda um grande de espaço para ser acomodado com a quantidade de vagas previstas
de acordo como Código de Obras de Natal. Sendo assim o único local que caberia sem
interferência no volume da edificação seria onde foi pensado.
Com base nos estudos do tópico 3, o zoneamento foi evoluindo juntamente com a
disposição dos ambientes previstos no programa de necessidades, a legislação incidente
e as questões físico-ambientais e configurou-se como as figuras 34 e 35.
Figura 34: Zoneamento Final – Pavimento térreo
Fonte: Elaborado pela autora
53
Figura 35: Zoneamento final – Pav. Superior
Fonte: Elaborado pela autora
54
4. PROCESSO PROJETUAL
O processo projetual baseou-se na metodologia do livro Adoção do Partido na
Arquitetura, onde Laert Neves relata três fases para o desenvolvimento de um projeto, o
chamado planejamento arquitetônico: o primeiro consiste na coleta e análise das
informações básicas através de fontes variadas que ajudarão a desenvolver o partido
arquitetônico; o segundo, denominado de pelo autor de “ato criador”, é a fase de
“transpor para o papel, para as plantas, na linguagem própria do desenho, a solução
arquitetônica correspondente à formulação conceitual do projeto” (NEVES, 1989. p. 12),
é nela que se produz o partido arquitetônico. Enquanto que a última etapa, a da solução
formal, representa o desenvolvimento do projeto executivo, com toda a precisão que não
surgiu no partido.
Assim, após a etapa de coleta de dados, neste tópico será explanada a etapa “ato criador”
para proposta do ATelier.
4.1 Conceito e Partido
arquitetônico
O primeiro passo para iniciar o desenvolvimento do projeto é a definição do conceito.
Neste estudo, ele está intimamente relacionado à atividade praticada no edifício: os
moldes. Desenvolvidos durante o processo de produção do vestuário, essas peças
confeccionadas em papel são a base para a confecção da maioria das vestimentas, a partir
delas o trabalhador transporta o formato para o tecido final e assim, encaixando-as umas
às outras, compõem a roupa e pode reproduzi-la quantas vezes desejar. Os moldes
possuem muitas curvas, predominância de formas orgânicas que remetem à estrutura do
corpo humano.
Sendo assim, o partido arquitetônico adotado foi a intenção de causar surpresa: uma
edificação predominantemente ortogonal para quem a observa do lado de fora, porém,
ao adentrar é possível notar a presença de formas orgânicas em alguns componentes de
destaque do edifício e do paisagismo, ocasionando um efeito surpresa. Tais curvas
remetem aos moldes do conceito do projeto e podem ser notadas na grande laje de
convivência do primeiro pavimento, em duas rampas, inclusive na principal, e no
paisagismo externo que conduz à cantina. Além disso, no partido buscou-se a ligação do
55
interior com o exterior, demonstrando uma relação de continuidade e encaixe, como nos
moldes.
4.2 Implantação
O ponto de partida para a implantação foi relacionar o zoneamento desenvolvido de
acordo com a funcionalidade e as premissas de conforto, com a instalação de um pátio
aberto, desde que os ambientes de maior permanência tivessem contato com ele. Para
que o pátio se tornasse um local de convívio dos usuários era necessário uma localização
central, assim como algo que despertasse o interesse e convidasse as pessoas a usufruir
do espaço. Desta maneira, na primeira proposta a cantina foi locada no centro do pátio,
como forma de induzir as pessoas até lá. Entretanto, na segunda e última versão da
implantação, a cantina foi deslocada para trás, em direção ao fundo do lote, porém
mantendo-se a centralidade em relação ao edifício. Essa mudança ocorreu para expandir
a área útil do pátio, e assim funcionasse como uma grande extensão do edifício. Tal
alteração teve como consequência a necessidade de um talude na região em que será
estabelecida a cantina, pois consiste em uma área onde as curvas de nível são próximas,
gerando um desnível mais íngreme.
Os acessos de pedestres ao Atelier podem ocorrer de duas maneiras: pelo acesso
principal, localizado na Avenida Governador José Varela, ou pelo acesso secundário na
Rua Prof.º Higino Leví Jales, localizado nesta via devido à proximidade com a parada de
ônibus da Avenida Engenheiro Roberto Freire (Figura 36). Já o acesso para automóveis,
este se dá pela Avenida Governador José Varela, e tem saída na Rua Prof.º Adolfo
Ramires, para melhor fluidez do trânsito (Figura 37).
Figura 36: Esquema acesso pedestres
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
56
Figura 37: Esquema acesso automóveis
Fonte: Google, 2017.
Nota: Adaptado pela autora
Figura 38: Implantação final
Fonte: Elaborado pela autora
4.3 Evolução da proposta –
plantas e volumetria
O resultado final das plantas e volumetria foi atingido após um processo de evolução no
qual se pretendia uma melhor funcionalidade e aproveitamento dos espaços e dos
benefícios oferecidos pelo lote. Os estudos volumétricos avançaram concomitantemente
com a evolução das plantas baixas, pois estas refletiram diretamente na plástica das
formas, que teve como maior condicionante o gabarito e o anseio por uma edificação
predominantemente horizontal.
57
Quanto a planta baixa, no térreo da primeira proposta, estão localizados (Figura 40) os
laboratórios dispostos em formato de “L”, com vista para o pátio externo, a rampa aberta
e externa ao prédio. Além disso, os setores técnicos e de funcionários estão dispostos
lado a lado na porção mais ao fundo da planta, enquanto que o de apoio está a noroeste.
Neste estudo, a rampa encontra-se externa ao edifício, podendo ser acessada tanto pelo
interior quanto pelo exterior. No pavimento superior estão os ambientes do setor
administrativo e as salas de aula (Figura 41).
Figura 39: Volumetria – Proposta 01
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 40: Planta baixa pavimento térreo – Proposta 01
Fonte: Elaborado pela autora.
58
Figura 41: Planta baixa pavimento superior – Proposta 01
Fonte: Elaborado pela autora.
Analisando as duas imagens anteriores, pode-se notar que a distribuição espacial não
está muito funcional, pois gerou alguns corredores e muitos espaços livres sem usos,
além de não ter resultado em um bom contato do interior com o exterior. Objetivando
corrigir tais falhas, surge a segunda proposta. Nela, a cantina é deslocada para o exterior,
buscando atrair os usuários a usufruir do pátio; a rampa passou a ser interna; foram
criados espaços de convivência entre os laboratórios, conseguindo uma maior relação
com o meio externo, além de nova organização para os setores técnicos e de funcionários
e administrativo. Contudo, ainda persistia a presença de corredores sem usos que
causam sensação de labirinto para quem os utiliza (Figura 43 e Figura 44). Ademais, as
plantas ainda não demonstravam aquilo imaginado no conceito, remetendo aos moldes
de costura. Posto isto, ainda se fez necessário uma nova proposta, adotada como a final.
Figura 42: Volumetria – Proposta 02
Fonte: Elaborado pela autora.
59
Figura 43: Planta baixa pavimento térreo – Proposta 02
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 44: Planta baixa pavimento superior – Proposta 02
Fonte: Elaborado pela autora.
Os estudos volumétricos evoluíram concomitantemente com a evolução das plantas
baixas, pois estas refletem diretamente nos volumes.
Na proposta final, os laboratórios adotaram o formato de “U”, houve uma nova
configuração para os setores técnico e de funcionários, assim como para o
administrativo. Além disso, a rampa, a laje de convivência e a paginação do pátio
60
assumiram formas orgânicas, remetendo ao conceito do projeto. É importante destacar
que diante do desenvolvimento do projeto, quando na realização dos cortes notou-se a
necessidade de rebaixar a parte do edifício com pavimento superior, em virtude do
gabarito máximo, pois ficaria impossível obter dois andares com pés direito de alturas
aceitáveis, além da altura necessária para a cobertura.
Desta forma, o edifício foi enterrado em 70cm. Porém, manteve-se o espaço multiuso no
nível zero, pois é nele que está a entrada principal do edifício, além de que existiu o desejo
de que os transeuntes que passassem pela calçada externa visualizem tudo que ocorre
nesse ambiente através da fachada de vidro, realizando a conexão do interior com o
exterior.
Figura 45: Planta baixa pavimento térreo - final
Fonte: Elaborado pela autora.
61
Figura 46: Planta baixa pavimento superior - final
Fonte: Elaborado pela autora.
A cantina, agora afastada do restante do edifício, se torna parte pertencente à ele através
da conformação adotada para o pátio externo, com os caminhos e jardins criados. Dela é
posíivel visualizar o pátio e o interior do espaço multiuso, bem como o inverso.
Outro aspecto importante quanto às soluções funcionais obtidas com a evolução das
propostas é o uso do corredores não apenas como circulações, mas também como
espaços de interações sociais, exposições, de acordo com o layout instalado, por isso são
largos e amplos.
O volume final é composto de paralelepípedos que juntos compõe um formato de “U” e
circundam um pátio externo descoberto. Além de um cubo mais afastado, onde se
localiza a cantina.
Quanto à estética, adotou-se o uso de pilares de seção retangular que remetem à letra
“X” nas fachadas onde se localizam os laboratórios de modelagem, os ateliês e a
biblioteca, porção térrea do projeto. Além desses, foram previstos pilares de seção
circular nas fachadas de vidro, com angulações e espaçamento entre eles variados,
criando um efeito de movimento na fachada.
O edifício possui formas predominantemente ortogonais quando observado
externamente, porém em seu interior é possível notar curvas em elementos de destaque.
Além disso, apesar do “peso” estético que suas formas externas demonstram, algumas
de suas fachadas possuem grandes aberturas, o que promove maior leveza e
transparência ao edifício.
62
Para melhor entendimento dos aspectos funcionais aqui relatados, recomenda-se
observar as pranchas de projeto fornecidas juntamente com este memorial.
Figura 47: Volumetria final
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 48: Volumetria final
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 49: Vista para o pátio externo
Fonte: Elaborado pela autora.
63
Figura 50: Vista estacionamento
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 51: Volumetria fachada frontal
Fonte: Elaborado pela autora.
64
5. ATELIER – O produto
O equipamento proposto constitui um Centro Integrado de Moda, que busca atrair
pessoas interessadas em Moda e formar técnicos profissionais capacitados para trabalhar
em diversos segmentos do setor. O pensamento inicial foi desenvolver um local onde
fosse possível agregar conhecimentos de cada parte da produção do vestuário, como
uma cadeia, além de criar um espaço passível de comportar eventos variados do mundo
da moda, sejam desfiles, exposições, workshops etc., pois consiste em uso pouco
explorado na cidade de Natal. Agregado à esta ideia está a intenção de conceber um
projeto que possuísse inúmeras áreas de convivência, onde em cada cantinho fosse
possível permanecer, seja para descansar, relaxar, estudar ou até mesmo produzir.
O desejo é que sempre estivessem ocorrendo atividades no edifício e seu pátio, para que
seja completamente aproveitado pelos usuários. Desta maneira, propõe-se que ocorram
aulas durante os três turnos, assim, também é possível atrair um público maior, pois as
opções de escolhas que se adequem aos horários de são mais vastas.
Partindo dos conhecimentos obtidos nas referências bibliográficas e no estudo direto,
sugere-se alguns cursos possíveis de serem ministrados no equipamento proposto:
Teoria da Moda;
Pesquisa, Planejamento e Desenvolvimento de Coleção;
Marketing e Comunicação da Moda;
Costureiro;
Modelagem (moulage);
Modalagem Audaces;
Desenho da Moda;
Produção de moda;
Estilismo;
Moda e-commerce;
Além disso, buscando atender as leis dos documentos condicionantes deste estudo,
sobretudo o Plano Diretor de Natal, foram atingidos os valores da Tabela 1quanto às
prescrições urbanísticas.
65
Tabela 9: Prescrições urbanísticas do anteprojeto
Prescrições urbanísticas
Área do terreno 11.335,35m²
Àrea construída 3.548,23m²
Taxa de
impermeabilização
7.388,13m² 65,02%
Taxa de ocupação 2.805,13m² 24,74%
Fonte: Elaborado pela autora.
5.1 Conforto
Durante o desenvolvimento da proposta foram aplicadas algumas estratégias de projeto
com a intenção de promover um melhor conforto ambiental para os usuários, de acordo
com a zona bioclimática 8 na qual está inserida. De maneira geral, foi aplicado o uso de
ventilação cruzada em todo o edifício, através das aberturas (portas e janelas) nas
paredes, de ambientes parcialmente vedados (o espaço multiuso contém uma de suas
faces totalmente aberta no andar térreo), e da cobertura (telhas com alturas diferentes,
que permitem a entrada e saída dos ventos). Além disso, objetivou ao máximo o uso da
iluminação natural no edifício, através de grandes aberturas nos ambientes.
Figura 52: Ventilação cruzada no Espaço Multiudo
Fonte: Elaborado pela autora.
66
Figura 53: Esquema de ventilação cruzada com telhas de diferentes alturas no pavimento superior
Fonte: Elaborado pela autora.
Ademais, buscou-se aplicar sombreamento ao máximo em todo o edifício, pois ele
melhora o desempenho térmico da edificação. Para isso foram utilizadas marquises para
proteção das aberturas dos laboratórios, beirais nas coberturas, além de que o primeiro
pavimento avança sobre o térreo em grande parte.
Figura 54: Exemplo de sombreamento utilizado
Fonte: Elaborado pela autora.
Por fim, através do conceito de “vitrine”, onde é possível o contato de dentro do
ambiente para fora, e vice-versa, intensificou a relação do interior com o exterior
circundado de vegetação, que promove maior conforto térmico e melhor qualidade
ambiental, além de proporcionar uma vista mais interessante para quem está dentro do
edifício.
67
Figura 55: Esquema contato interior/exterior
Fonte: Elaborado pela autora.
5.2 Sistema construtivo
5.2.1 Estrutural
O edifício possui dois tipos de sistema estrutural: pilar-laje e pilar-viga-laje. Os pilares são
metálicos com seção “I”,e vãos médios de 10m, podendo ser . No primeiro sistema, em
função do gabarito do terreno ser muito pequeno, fez-se necessário pensar um sistema
que não possuísse vigas, permitindo maior altura livre de pé direito nas áreas com dois
pavimentos e mezanino. Deve-se enfatizar que por não possuir vigas não é necessário o
alinhamento dos pilares, porém houve uma intenção em fazê-lo ao máximo para
facilidade executiva. Optou-se pelo uso de laje nervurada com preenchimento de EPS, na
porção do projeto que foi rebaixada em 70cm, uma vez que nessa zona a edificação
possui dois pavimentos, então a alvenaria do pavimento superior exerce força na laje.
Também em virtude do gabarito, a laje de convivência do mezanino demandou a
ausência de vigas, definiu-se então o uso de laje maciça protendida. Segundo Emerick
2002, essas lajes:
São peças de concreto nas quais através da introdução de forças torna-se comprimido de tal forma a eliminar as tensões de tração quando colocadas em serviço, ou ainda eliminar apenas uma parte dessas tensões.
Vale salientar que esse tipo de laje sem vigas sofre do chamado efeito de puncionamento,
que ocorre quando forças no apoio do pilar tentam furar o pano da laje. Para solucionar
este problema optou-se por engrossar a laje nos pontos de encontro dela com os pilares.
O sistema estrutural pilar-viga-laje foi especificado para as áreas dos laboratórios por se
tratar de pavimento apenas térreo e assim não constituir uma zona com dificuldade
68
quanto à altura. Os pilares são também metálicos como no resto da edificação, e como
os vãos têm em média 10m, as vigas são de metal, pois vencem o vão com menor altura
que as de concreto, cerca de 5% dele.
5.2.2 Vedações
Acerca das vedações, serão em alvenaria de tijolos cerâmicos em toda a edificação,
exceto para uma parcela do espaço multiuso, que será em Eco Lite (que reduz a entrada
de calor) pois era necessário um material transparente para criar maior contato com o
exterior, e assim quem passa no entorno consegue visualizar o interior do prédio e vice-
versa.
Também optou-se por usar paredes de dry-wall com tratamento acústico para dividir os
ambientes do setor administrativo, criando privacidade e permitindo flexibilidade ao
setor. Nesse tipo de parede, é inserido entre as placas de gesso acartonado uma camada
de lã de vidro, um material isolante acústico. Essa solução permite alteração dos
ambientes sem muitos conflitos e de acordo com a necessidade de uso.
Figura 56: Divisórias de dry-wall
Fonte: Elaborado pela autora.
5.2.3 Cobertura
O gabarito permitido na área influenciou não apenas na decisão do sistema estrutural,
mas também da cobertura. Neste projeto foram escolhidos quatro tipos de cobertura:
laje maciça protendida impermeabilizada com tratamento térmico, telha termo acústica,
telha de fibrocimento de laje impermeabilizada. O primeiro consiste na coberta do
espaço multiuso, onde seria possível apenas um sistema com inclinação mínima: laje
impermeabilizada com inclinação de 1%. Para que o uso da laje impermeabilizada não
69
prejudicasse o espaço quanto às questões de conforto, aplicou-se um tratamento com
uma camada de EPS sobre a laje e uma camada de argamassa para proteção mecânica
(Figura 57), caso necessite fazer manutenção e alguém transitar sob a laje.
Figura 57: Detalhe laje impermeabilizada com tratamento térmico
Fonte: Elaborado pela autora.
No restante do pavimento superior a cobertura é em de telha termoacústica com
inclinação de 5%. Essa solução, conhecida como “sanduíche” é composta por duas
camadas de telhas metálicas trapezoidais de 0,05mm de espessura, e preenchidas com
um isolante térmico (no caso poliestireno - EPS) de 0,40mm, que reduzem a
transmitância térmica e melhoram o conforto acústico. A escolhida foi a telha da marca
Santo André, do tipo TR 25, que possui largura útil de 1.000mm. (Figura 58 e Figura 59)
Figura 58: Telha termoacústica TR 25 marca Santo André
Fonte: Santo André Distribuidora Industrial Ltda.
Nota: Adaptado pela autora.
70
Figura 59: Detalhe telha termoacústica
Fonte: Elaborado pela autora.
Por fim, a parte do edifício onde estão localizados os laboratórios, tem cobertura do tipo
platibanda, com telha de fibrocimento ondulada e inclinação de 10%. Sugere-se a telha
da marca Brasilit, conforme Figura 60.
Figura 60: Telha de fibrocimento ondulada – marca Brasilit.
Fonte: Brasilit Saint Gobain.
5.3 Sistema hidráulico
Quanto ao sistema hidráulico, os banheiros foram alinhados no eixo horizontal, assim
como o reservatório de água está alinhado verticalmente com os banheiros do pavimento
superior, objetivando facilitar a execução dos condutores hidrossanitários.
Para dimensionar o reservatório, foi considerado a presença de 268 alunos por turno na
edificação e, tendo em vista que o consumo previsto para ambientes educacionais é de
50L/dia por aluno, se soma um total de 13400L/dia. Porém a esse valor deve ser acrescido
uma reserva de dois dias, além da reserva de incêndio calculada no item 3.2.2. (10.800L),
totalizando 37.600L para o reservatório de água neste projeto.
71
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao escolher o tema para este estudo, objetivou encontrar um que possuísse afinidade
com a autora e ainda contribuísse para a formação como pessoa e arquiteta. Por isso,
uniu moda e arquitetura, duas grandes paixões. Desta forma, este trabalho buscou a
criação de um equipamento que funcionasse como incentivador da moda da cidade de
Natal.
Uma grande dificuldade enfrentada durante o desenvolvimento do projeto foi à norma
do Plano Diretor quanto ao gabarito máximo permitido para a área. Para isso, fez-se
necessário estudar e encontrar soluções projetuais que não utilizassem muita altura, e
que ao mesmo tempo, não prejudicasse o conforto e bem-estar dos usuários. No entanto,
esse tipo de entrave é parte integrante da profissão de arquiteto, o que faz deste
exercício um contribuinte positivo para a formação.
Apesar de todos os obstáculos, este Trabalho Final de Graduação proporcionou conhecer
melhor o projeto do ambiente escolar e suas necessidades, associando à elas a legislação
incidente, além de incentivar a busca por soluções projetuais ainda não tão exploradas
pela autora.
Por fim, de maneira geral, o trabalho cumpriu com os objetivos traçados inicialmente
para este TFG, pois o resultado foi um Centro Integrado de Moda a nível de anteprojeto,
baseado em diretrizes para o ambiente de ensino, e capaz de formar profissionais para o
mercado da moda.
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