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____________________________________________________________________________ BOLETIM INFORMATIVO N o 61 MARÇO DE 2010 ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTA CATARINA

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____________________________________________________________________________março de 2010 - Santa Catarina Filatélica 1

BOLETIM INFORMATIVO No 61

MARÇO DE 2010

ASSOCIAÇÃO FILATÉLICAE NUMISMÁTICA

DE SANTA CATARINA

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____________________________________________________________________________2 Santa Catarina Filatélica - março de 2010

ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTA CATARINA

Rua dos Ilhéus, 118 sobreloja 9 - Ed. Jorge DauxCEP 88.010-560 - Florianópolis - SC

Fone/fax: (48)3222-2748

A AFSC, fundada em 6/8/1938, é uma Entidade sem fins lucrativos, reconhecida deUtilidade Pública pela Lei Estadual 542 de 24/09/1951 e pela Lei Municipal 970 de20/8/1970.

A AFSC é filiada à FEBRAF - Federação Brasileira de Filateliae à FEFIBRA - Federação dos Filatelistas do Brasil.

DIRETORIA eleita em julho de 2009 para o período 2009 - 2010:

Presidente: Ernani Santos RebelloVice-presidente: Demétrio Delizoicov NetoPrimeiro secretário: Luis Claudio FritzenSegundo secretário: Felix Eugênio ReichertPrimeira tesoureira: Lucia de Oliveira MilazzoSegundo tesoureiro: Eduardo SchmittDiretor de Sede: Ademar Goeldner

Conselho fiscal: Rubens MoserMilton Milazzo JrSérgio LauxAndré da Silva (Suplente)Paulo Cesar da Silva (Suplente)Paulo Gouveia de Matos (Suplente)

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ÍNDICE GERAL

O Meio Circulante no Brasil Holandês (Segunda parte) ........... 04A Filatelia e o Centenário do Escotismo Brasileiro .................. 20As moedas da Usina do Itaicy ................................................... 24Incrementando a Coleção Temática - Inteiros Postais .............. 26960 Réis - O Recunho da Variante 26(8D) de 1814 B .............. 28De que é feito um selo postal? ................................................. 30O Dia da Mãe visto pela Filatelia Portuguesa .......................... 34Índice de Anunciantes ............................................................... 37

EDITORIAL

Este número do nosso Boletim Santa Catarina Filatélica traz artigos querefletem o interesse do colecionador pela pesquisa de fatos da história dafilatelia e da numismática.

A pesquisa é a melhor resposta às dúvidas, principalmente às dos jovensque se lançam no mundo do colecionismo. A pesquisa é atraente sob todos osaspectos e se constitui num dos pilares da renovação que precisamos fazeracontecer nos Clubes e Associações espalhados pelo nosso Brasil. Voltar nossasatenções para os jovens, procurando despertar neles a curiosidade pela históriados selos, cédulas e de tantos outros ítens colecionáveis, certamente nos farátrazer para nossas agremiações novos colecionadores, o que é indispensávelpara o colecionismo e principalmente para a Filatelia Brasileira.

Ampliar e compartilhar conhecimentos e ideias são sempre bons caminhospara o desenvolvimento de uma atividade. PARTICIPE!

Boa leitura,

A Diretoria

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O Meio Circulante no Brasil HolandêsO Meio Circulante no Brasil HolandêsO Meio Circulante no Brasil HolandêsO Meio Circulante no Brasil HolandêsO Meio Circulante no Brasil Holandês(Segunda Parte)(Segunda Parte)(Segunda Parte)(Segunda Parte)(Segunda Parte)

Márcio Rovere Sandoval - Barretos, SP

Figura 1 - Anverso da moeda de XII florins deouro, cunhada pelos holandeses no Brasil comouro proveniente da África. Abaixo do valortemos o monograma da Companhia GWC(Geoctroyeerde Westindische Compagnie). Noreverso temos «ANNO BRASIL» seguido dadata: 1645 ou 1646. (Museu Histórico Nacional– Rio de Janeiro).Observação: A denominação mais comum éflorim, mas os documentos de época mencionam“ducado”.

Damos início à segunda parte destamatéria tratando das moedas emitidas pelosholandeses durante sua permanência noBrasil e, na sequência, dos demaiscomponentes do meio circulante da época.

As primeiras moedas cunhadas no BrasilAs primeiras moedas cunhadas no BrasilAs primeiras moedas cunhadas no BrasilAs primeiras moedas cunhadas no BrasilAs primeiras moedas cunhadas no Brasil(1645,1646 e 1654)(1645,1646 e 1654)(1645,1646 e 1654)(1645,1646 e 1654)(1645,1646 e 1654)

Os holandeses cunharam, no Brasil,moedas de ouro no valor de III, VI e XIIflorins (ou ducados), com datas de 1645 e

1646 e moedas de prata no valor de XIIstuivers (soldos), com data de 1654. A partirda metade do Século XIX, começaram aaparecer falsificações, tanto dos ducadoscomo dos soldos (valores de X, XX, XXXe XXXX).

As características dessas moedaschamam a atenção. Há alguns anos, vimosuma delas no Museu Britânico ao lado deum dobrão de Minas (algo maisrepresentativo para a numismáticabrasileira?). Faltava, apenas, a Peça daCoroação.

Moeda quadrada ou rombóide. Noanverso, sob a cifra romana que exprime ovalor, temos as iniciais da Companhia dasÍndias Ocidentais (GWC) entrelaçadas e,no reverso, a inscrição “ANNO BRASIL”,seguida do ano 1645 ou 1646. Algunsautores afirmam que o pequeno losango(depois um ponto e por fim sem nenhumamarca), após a palavra Brasil, é aabreviatura de BRASILIæ, termo em latimpara “do Brasil”. Outros afirmam que setrata da marca da oficina monetária ou docunhador.

Essas moedas foram cunhadas emouro proveniente da Costa da Guiné,território que depois passou a se chamar

Nota do Editor: A primeira parte deste artigo (Boletim SCF nº 60 - agosto de 2009), é tambémde autoria de Márcio Rovere Sandoval. O crédito foi omitido por falha na edição.

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Costa do Ouro e, a partir de 1956, Gana.As moedas de prata de 1654 são

unifaciais, apresentando a cifra romana(XII) e a iniciais da Companhia GWC,seguidas do ano 1654.

Teriam sido os holandeses osprimeiros a bater moeda no Brasil?Vejamos o que nos informa LupércioGonçalves Ferreira, comentando osapontamentos de Affonso de E. Taunay eSolano de Barros:

“O Dr. Affonso de E. Taunay, quefoi diretor da RevistaNumismática, publicação oficialda Sociedade NumismáticaBrasileira, escreveu, no quartonúmero da mesma, em 1933, umartigo intitulado: “As primeirasmoedas brasileiras e a primeiraCasa da Moeda do Brasil”, doqual transcrevemos: “As primeirasmoedas brasileiras de que hánotícia documental foram de ouro,dizem-no as mais velhasreferências numismáticas ao nossodispor, os “São Vicente”,brasileiras, provavelmentefabricadas com o metal deJaraguá, a bela montanha doplanalto paulistano. Quais seriamos cunhos destes “São Vicente”?Ninguém o sabe; não existe hojeuma só peça de nossa numismáticaque se possa identificar como tal,atribuindo-lhe este nome comalguma segurança”. Por outrolado, o renomado numismata quefoi Alfredo Solano de Barros, em

extenso artigo publicado no Vol. IVdos “Anais do Museu HistóricoNacional (1943), intitulado “ORegimento do Conde de ÓbidosDiante da História e da LegislaçãoMonetária”, afirma que o queexistiu em São Paulo, desde 1644,foi uma “Oficina Monetária”, cujafinalidade era marcar barras deouro ou contramarcar moedas eque “... a primeira Casa Fundadano Brasil, somente teve lugar noGoverno de D. Pedro II – Lei de 8de março de 1694”.(...)Solano de Barros, no artigo acimamencionado, escreveu:“... com referência ao numeráriodos holandeses no Brasil, períodode 1645 e 1646 – podemosassegurar ter sido Recife dePernambuco o local em que foibatida a primeira moeda de ouro(florim) para circulação nasCapitanias sujeitas ao domínio daCompanhia das Índias Ocidentais(sic) Geoctroyeerde WestindischeCompagnie”. As primeiras moedascunhadas no Brasil foram,portando, sem nenhuma dúvida, asobsidionais holandesas, nos anosde 1645, 1646 e 1654. (in: AsPrimeiras Moedas do Brasil.Recife: Instituto ArqueológicoHistórico e Geográfico dePernambuco, 1987, p.13-15).

A par dessa discussão que nos parecesuperada e, a título de ilustração, temos as

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moedas de prata espanholas (real)contramarcadas em virtude do Alvará de26 de fevereiro de 1643 e da Carta Régiade 22 de novembro de 1652. São osconhecidos carimbos coroados,considerados como moeda brasileirainclusive, eis que circularam também emPortugal. Os valores são: 60 réis (sobre 1real), 120 réis (sobre 2 reales), 240 réis(sobre 4 reales) e, finalmente, 480 réis(sobre 8 reales). Essas moedas foramcontramarcadas nas oficinas monetárias deSalvador, Pernambuco, São Vicente,Maranhão e Rio de Janeiro.

Nesse caso, apesar de seremconsideradas moedas pertencentes àcoleção brasileira, receberam apenas umapunção (contramarca), ficando bemdistantes do processo de fabricação demoedas empregado pelos holandeses, qualseja, a fundição do ouro, transformação emlâmina, corte, pesagem, definição domotivo, cunho...

Assim sendo, nos parece não restarnenhuma dúvida de que as moedascunhadas pelos holandeses foram asprimeiras do gênero a serem cunhadas noBrasil, pelo menos das que se tem notícia.

Moedas obsidionais ou denecessidade? As moedas cunhadas pelosholandeses no Brasil, geralmente, sãodenominadas obsidionais, ou seja, moedascunhadas sob cerco de tropas inimigas ecom características diferentes das moedascorrentes. As moedas de necessidade sãoaquelas emitidas em momentos dedificuldades financeiras ou de falta denumerário. No caso dos holandeses noRecife, ao que tudo indica, em um

momento ou em outro, todas essascaracterísticas estavam presentes.

Obsidionais ou de necessidade, ofato é que são elas todas muito raras.Cláudio Schroeder, no Boletim da SNB n°51, registra 73 exemplares conhecidos dasmoedas de ouro1, considerando-se todos osvalores. Das moedas de prata de XII soldos(que seriam as mais raras), menciona-se aexistência de cinco, a saber: a da antigaColeção Meili, a da Coleção Silva Ramos,a leiloada por Jacques Shulman deAmsterdam, em 1970 e, finalmente, outrasduas, das quais não se conhecem asimagens, do Museu Nacional deCopenhaguen (Dinamarca) e daUniversidade de Leiden (Holanda).

Exemplares falsificados foramregistrados já no século XIX, provenientesda Europa. No Brasil, temos o caso daBotija do Rio Formoso, “achada” em1967, que veio a causar prejuízos a muitagente desavisada e avisada também. Aliteratura sobre o assunto é farta e curiosa.

Em 1981, foi encontrado, próximoà ilha de Itaparica, o galeão holandêsUtrecht, afundado em 1648 juntamentecom a fragata portuguesa Nossa Senhorado Rosário, o que resultou no achado demoedas obsidionais, em quantidade nãorevelada por seus descobridores e que vêm,desde aquela época, aparecendo em leilõesinternacionais.

O primeiro registro dessas moedas,fora das atas da companhia, aparece noLivro do Tombo do Museu Nacional deCopenhaguen, na Dinamarca, para o anode 1793. Kurt Prober nos informa, comexatidão, que existem na Coleção de

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Moedas do Museu Real de Copenhaguen,na Dinamarca, quatro que lá se encontrampelo menos desde 31.12.1793, data em queo arquivista Jens Jacob Weber fez, depróprio punho, o registro, na página 235,na Coleção Real de Moedas de FrederickIII.

Informa, ainda, que essas quatromoedas, XII - 1645, XII - 1646, VI – 1646e III – 1646, foram descritas em folheto daSra. Af.Kirsten Bendixen, Chefe da Seçãode Numismática daquele Museu em 1971,contendo 7 páginas e com a ilustração detrês peças, uma de cada valor, e que aaludida senhora informou ao numismataJoão Fernandes Penna, do Rio de Janeiro,que as moedas em questão foram ofertadasao Rei Cristin IV pelo Conde de Nassau,juntamente com uma série de pinturas doBrasil de Albert Eckhout, que ainda seencontram no Departamento Etnográficodo Museu.

Em 1726, são publicadas asprimeiras imagens das moedas na obra deGerard van Lonn, “História Metálica das

XVII Províncias dos Países Baixos”, ou emholandês: Beschryving der NederlandscheHistoripenningen, ou ainda em francês“Histoire Métallique Des XVII ProvincesDes Pays-Bas”, publicada entre 1732-37.

O primeiro registro fotográficoaparece em 1895, na obra de Julius Meili,Die Münzen der Colonie Bresilien (AsMoedas da Colônia do Brasil) 1645-1822,Tabela I.

A emissão de 1645A emissão de 1645A emissão de 1645A emissão de 1645A emissão de 1645

A primeira referência à necessidadede cunhar moedas no Brasil Holandês seencontra consubstanciada na ata do Alto eSecreto Conselho2 de 21 de julho de 1645.As razões apontadas eram a escassez denumerário e a necessidade de dinheiro pararealizar, entre outras coisas, o pagamentoda milícia. Para tanto, haviam tomado adecisão de retirar da caixa do ouro do navioZeelandia, chegado da Costa da Guiné, aquantia de 360 marcos, para com elescunhar dinheiro ou vendê-los.

A decisão do Alto e SecretoConselho de cunhar moedas foi tomada nasessão de 18 de agosto de 1645, diante daimpossibilidade de obtenção de dinheiro.Já haviam vendido parte dos 360 marcosde ouro e decidiram, com o restante, cunharmoedas, mesmo sem autorização, diante dagrande necessidade. Assim foi resolvidoque seriam cunhadas moedas quadradas de3, 6 e 12 florins, tendo em uma face oemblema da Companhia e, na outra, a data.Foi encarregado o Sr. Pieter Jansen Bas,membro do Alto e Secreto Conselho eanteriormente ourives, de fiscalizar a

Figura 2 – Ilustração da moeda de XII soldos deprata, constante da “Histoire Métallique Des XVIIProvinces Des Pays-Bas” de Gerard van Loon,

publicada, em francês, entre 1732 e 1737.

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cunhagem.Estima-se que a cunhagem tenha

começado imediatamente, eis que em 14de setembro foram enviados exemplares decada um dos valores ao Conselho dos XIXna Holanda, bem como as justificativaspara tal procedimento. A cunhagem teriase estendido até o final de setembro.

Vejamos uma interessante notíciaveiculada no Diário ou Breve Discurso, de1° de outubro de 1645, traduzido por JoséHygino e citado pelo Prof. José AntônioGonçalves de Mello:

“Há alguns dias que os Senhoresdo Supremo Conselho assentaramde fazer uma nova moeda, e já secunhou uma grande soma em ouro,de 3, 6 e 12 florins, o que vemmuitíssimo a propósito paracontentar os militares e outraspessoas. Diz-se também, que serãocunhadas moedas de prata; otempo o mostrará”. (in: OsDucados Brasileiros de 1645 e1646 e as moedas obsidionaiscunhadas no Recife em 1654.Recife: Separata da Revista doInstituto Arqueológico eGeográfico de Pernambuco, 1976,p.189).

Somente em 10 de outubro de 1645foi baixada a Instrução pela qual o Sr.Pieter Jansen Bas deveria reger-se nacunhagem das moedas para a Companhiadas Índias Ocidentais. Vejamos, na íntegra,a tradução dessa instrução realizada peloProf. José Antônio Gonçalves de Mello:

“Em primeiro lugar, como fiscalda moeda da parte da Companhiadas Índias Ocidentais e por ordemdos Nobres Senhores Altos eSecretos Conselheiros no Brasil,deverá mandar cunhar um moedade ouro quadrada, tendo de umlado o emblema comum daCompanhia das Índias Ocidentaise do outro lado em letras a palavraBRASIL e ano 1645. Esta moedaserá denominada DucadoBrasileiro e terá três valores, dosquais o valor maior terá 32 peçaspor marco de peso troy, comtolerância de 1 e ½ engels e serárecebido pelo valor de 12 florins,de 40 grossos flamengos o florim,tanto pela Companhia quanto porquem quer que seja, mas somenteno Brasil.“O segundo valor do mesmoDucado terá, por marco de pesotroy, 64 peças, com tolerância de2 engels de peso troy, e terá cursode 6 florins, de 40 grossosflamengos o florim.“O terceiro tipo do supracitadoDucado terá 128 peças por marcode peso troy, com tolerância de 2e ½ engels troy e terá curso a valorde 3 florins, de 40 grossosflamengos o florim.“O mencionado DucadoBrasileiro com seus valores deveráser feito do ouro proveniente daGuiné, das Índias Ocidentais ou dequalquer outra procedência, oqual será fornecido para

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cunhagem pelos Nobres SenhoresAltos e Secretos Conselheiros, peloque o fiscal da moeda a nenhumaresponsabilidade será sujeito pelafatura desse dinheiro, tanto aquiquanto em qualquer outra parte,devendo o dinheiro ser aceitocomo se apresentar, já que nestepais atualmente nenhumaferramenta, materiais e outrascousas necessárias aos ensaiospodem ser obtidas ou encontradas,e também porque não é possívelque variedades diversas ediferentes quilates possam sertransformados em massa da qualse possam obter quilates oufeituras uniformes, de modo que oouro tal como é lançado nocadinho será transformado emlâminas, e deverá ser cortado ecunhado sem quaisquer outrasconsiderações.“A perda que houver ficará acargo dos mestres, mas aresponsabilidade por tudo que dizrespeito às moedas e ao que aindavier a ser cunhado será dos Altose Secretos Conselheiros.“Pelo trabalho de fazer do ourobruto a moeda, de tal modo quepossa ser aceite, perceberá oitopor cento para pagamento decerca de 14 a 20 trabalhadores queserão necessários ao serviço.“Ainda ficarão por conta daCompanhia todas as despesas comcarvão, luz, tiçoeiros e tesouraspróprias e tudo o mais que se fizer

necessário à cunhagem erespectivo trabalho.“Também o fiscal da referidamoeda fará jus a retribuição ougratificação a ser estabelecida efixada dentro de poucos dias,sujeita à concordância eaprovação dos nossos superioresna Pátria.“Desses foram feitas três viasiguais, por nós, Altos e SecretosConselheiros, e assinamos aos 10de outubro de 1645 no Recife dePernambuco. A. Hamel, A. vanBullestrate, Pieter Jansens Bas”(op. cit., p. 189-191).

Devemos fazer três observaçõessobre essa ata. A primeira refere-se aotermo “Ducado Brasileiro”, que seria onome “oficial” da moeda, como ficouconsignado na ata. A questão é que se tratade uma tradução, o que comportainterpretação, evidentemente. Segundo oDicionário Eletrônico Houaiss da LínguaPortuguesa, o gentílico brasileiro (relativoao Brasil e aos brasileiros) foi datado pelaprimeira vez em 1706 na obra de JoséSoares da Silva intitulada – Gazeta emforma de Carta, Tomo I (1701-1709),Biblioteca Nacional de Lisboa, 1933. Otermo anteriormente utilizado, com omesmo sentido, é brasiliense, datado de1618.

Desta forma, o termo “DucadoBrasileiro”, para o Século XVII, significaque a moeda foi cunhada nas terras doBrasil, sob domínio holandês, e nãobrasileiro na acepção moderna. Também,

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pensamos que não deve ser afastada adenominação florim, eis que ela constadiversas vezes na ata.

Outra questão interessante é sobre aqualidade das moedas, mesmo a atamencionando a ausência de instrumentose outras dificuldades para a realização dacunhagem, o fato é que essas moedas foramcunhadas por mestres competentes e combom resultado. A liga de ouro utilizada temtítulo superior a 20 quilates e, segundoGastão Dessart, “em média o títuloencontrado tem sido de 22 quilates”.

Em relação à quantidade de ourocunhada, existem apenas estimativas e sesupõe que as duas cunhagens (1645 e 1646)sejam aproximadamente equivalentes.

A emissão de 1646A emissão de 1646A emissão de 1646A emissão de 1646A emissão de 1646

A emissão de 1645 foi insuficiente,tanto que no mês de novembro já havia faltade dinheiro.

No primeiro semestre de 1646, haviafalta de víveres, além da escassez dedinheiro. Em 21 de março de 1646,chegaram da Costa da Mina e de São Tomé,em escala no Recife, os navios (do mesmonome) Eendracht da Câmara de Amsterdãe o Eendracht de Enkhuisen, com 1604marcos de ouro (quase 395 quilos). No diaseguinte ficou consignado na ata:

“Em conseqüência desta guerra epor tardar o socorro da Pátria,sendo indispensável algumdinheiro de que a Companhia sepossa servir, tanto para custeio dasfortificações e compra de diversos

gêneros, dos quais não se podeprescindir, quanto para prover osoldo de alimentação dosempregados da Companhia e emqualquer emergência podermo-nossocorrer dos armazéns; e, poroutro lado, como não conseguimosmais dinheiro a risco para aCompanhia, por não termos pau-brasil em depósito; e como a faltade numerário pode acarretar-nosgraves dificuldades, resolveu-se,para evitar, na medida do possível,tais dificuldades, especialmente asque possam sobrevir em ocasiãoinesperada, e que, por meio dedinheiro, possam ser evitadas,retirar da caixa-forte que acaba dechegar da Guiné com o Sr.Ruychaver, para benefício destaconquista, 360 marcos de ouro everificar, por intermédio doscorretores, o preço por que podemser vendidos (já que não nos épossível, por falta de cadinhos edo necessário para medidas podercunhar moedas), para alcançar amelhor oferta possível” (op. cit. p.198-199).

Esse ouro retirado dos navios foitodo vendido, não resultando cunhagem.

Em agosto de 1646, uma novapenúria de numerário restou consignada emuma missiva endereçada ao Conselho dosXIX (26 de agosto de 1646). Vejamos:

“Não tivemos outra solução senãorecorrer ao ouro da Guiné e dele

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retirar, para subsídio de caixa, 405marcos, dos quais vendemos emleilão 25 a 39 florins a onça e 25 a40 florins e o restante guardamoscom intenção de faze-lo cunhar”.(op. cit. p.199)

O Prof. José Antônio Gonçalves deMello, na obra já citada, deixou consignadosobre a emissão de 1646:

“Com relação a esta emissão de1646, e ao contrário da de 1645,chegou até nós o registropormenorizado e as contas destacunhagem, os quais aquitraduzimos pela primeira vez. Foiencarregado da direção efiscalização dos trabalhos o ex-Alto Conselheiro Pieter JansenBas, servindo-lhe de regimento amesma “Instrução” de 10 deoutubro de 1645, da cunhagemanterior. Os ourives por eleconvocados teriam sido os querealizaram o mesmo trabalho umano antes, e eram: AndriesKetelaer, Hendrick Bruynsvelt,Johannes Courtenius e PieterVerbeecq. A 27 de agosto Basrecebeu do Tesoureiro Alrichs aprimeira quantidade de ouro daGuiné, seguindo-se as demais nasdatas abaixo:

1646 agosto 27............... 80 marcossetembro 5............ 80 “outubro 4.............. 80 “outubro 12........... 115 “

Total............................... 355 marcos

Este total corresponde ao que foiretirado, em 25 de agosto, da caixade ouro da Guiné, isto é, 405marcos, menos 50 marcos queforam vendidos aos comerciantesdo Recife, como ficou indicadoantes.No mesmo dia, 27 de agosto,começou o trabalho de cunhagem;trabalho nada fácil, pela máqualidade e pequena capacidadedos cadinhos...” (op. cit. p. 199-200)

Na obra do Prof. Antônio Gonçalvesde Mello, existem mais detalhes sobre acunhagem e sobre os cunhos utilizados,matéria que não será abordada nestasbreves linhas.

A quantidade de moedas em relaçãoàs duas emissões ainda resta a serestabelecida, eis que não consta nosdocumentos oficiais. Gerard van Loonestimou em 700 dúzias ou 8.400 moedas,número não aceito pelos estudiosos damatéria. O Prof. José Antonio fez umaprojeção de mais de 18.000 moedas paraos três valores.

A emissão de 1654A emissão de 1654A emissão de 1654A emissão de 1654A emissão de 1654

No próprio dia da capitulação eentrega do Recife, 26 de janeiro de 1654, aata da reunião do Alto Governo deixouregistrado:

“O Coletor-geral Jacob Alrichs,tendo exposto que a caixa estavatotalmente desprovida de dinheiro

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e que nem mesmo as dívidas maispequenas podiam ser pagas, pôs-se em deliberação se não podiamser cunhadas algumas moedas deprata em obras, com as quais seatendesse a essa emergência[extremiteit] e mais tarde fossemrecolhidas. Para isso os SenhoresSchonenborch e Haccxsofereceram-se para entregar apouca prata da baixela de suascasas, no que não tiveramseguidores. Entretanto, paracomeçar, foram tomadas peloColetor-geral, a qual deverá serentregue ao Sr. Henrik Brunsvelt,que com ela cunhará moedasquadradas, a saber:uma moeda de 8 engels [= 12gr30a 12g35] que valerá 2 florins;uma moeda de 4 engels [= 6gr15a 6g17] que valerá 1 florim;uma moeda de 2 engels [= 3gr07a 3g08] que valerá 10 stuivers3.”(op. cit. p. 219).

Na ata de 31 de janeiro de 1654,consta que o Mestre de Campo GeneralFrancisco Barreto de Menezes mandoususpender os trabalhos, tendo a cunhagemdurado apenas seis dias.

Como vimos, os valores autorizados,pela ata, eram 2, 1 e ½ florim, isto é,correspondentes a 40, 20 e 10 stuivers ousoldos (sistema decimal).

O fato é que, contrariando a ata, ovalor que sempre foi considerado comoefetivamente cunhado é o de XII stuivers(sistema duodecimal) ou mesmo florins, já

que não se tem certeza se o que se quisfazer foi mesmo uma moeda de 12 stuivers,ou peças com um valor apenasrepresentativo do 12 florins de ouro, paraque depois pudessem ser resgatadas.

Como disse Kurt Prober, durantepelo menos 200 anos só se conhecia umúnico nominal das moedas de 1654 que erao de XII, ilustrado por Julius Meili n° 5,pesando 5 gramas, peça da qual seconheciam 2 ou 3 exemplares, todosbatidos com o mesmo cunho.

Disse mais: essa tranquilidademanteve-se até 1870, quando doaparecimento do “Catalogue Descriptif desMonnaies Obsidinales et de Necessité”, deautoria de Prosper Mailliet, de Bruxelas,na Bélgica.

Realmente, nesse catálogo, ProsperMailliet relaciona, além dos valorestradicionais, 12, 6 e 3 florins de ouro,moedas de prata e até uma de cobre.Vejamos:

“Continuation de la guerre contreles Portugais, em 1654.4. 40 sols. Arg. CatalogueCallenfels, n°364.5. 30 sols. Arg. CatalogueMunnicks van Cleeff, n°263.6. 20 sols. Cuivre. Semblable aun°7, mais avec la valeur XX.Catalogue Callenfels, n° 365.7. 12 sols. Arg. Uniface, carrée.Dans le champ, sous le nombre XIIqui indique la valeur, les lettres:GWC entrelacées, Au-dessous, lemillésime 1654.Van Loon, t.II,p.369. Duby, pl. XVI, n°8.

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8. 10 sols. Arg. CatalogueMunnicks van Cleeff, n° 269.» (in,Catalogue Descriptif des MonnaiesObsidinales et de Necessité,Bruxelles, 1870, p. 67-68) (grifonosso).

Em 1886, desta vez em Paris,aparece sendo leiloada a Coleção deMailliet – “Monnaies Obsidionales et deNecessité”, onde são relacionados apenasdois exemplares destas moedas, um de 6florins de ouro e um “20 soldos de 1654de cobre”. Este último provavelmente elenão tenha conseguido “passar” a diante.

Agora, voltando às verdadeiras, parasedimentar a autenticidade da moeda de XIIstuivers, basta mencionar que somente elaaparece na literatura anterior a 1870, o queconsta na monumental obra de Gerard vanLonn, “Histoire Métallique Des XVIIProvinces Des Pays-Bas”, editada pelaprimeira vez em 1726, em holandês, ereeditada em francês, em 1732-374, comojá havíamos mencionado. Todas as cincomoedas autênticas de XII possuem omesmo cunho.

Os demais valores de prataexistentes são todos de origem duvidosa,quando não flagrantemente falsas, tantopelo cunho grosseiro ou pelo valor.

Um bom exemplo disto é a moedade “XXXX stuivers” do Museu HistóricoNacional5 que insistem em apresentar comoverdadeira, poderiam ao menos dizer queesta “sob análise”. Em relação a estamoeda, Kurt Prober afirma que a mesmaveio da Coleção Pedro Massena e que foivendida ao Museu em 1921, ele apresenta

esta moeda na Prancha “T” – Falsificaçõessurgidas depois de 1860.

F. A. Varnhagem em seu livro“História das Lutas com os holandeses noBrasil” publicado em Viena em 1871, nãofaz menção às moedas ditas da sériedecimal, ilustra as moedas de ouro nosvalores de 3, 6 e 12 florins e o 12 stuiversde 1654.

Demais componentes do Meio Circulante daDemais componentes do Meio Circulante daDemais componentes do Meio Circulante daDemais componentes do Meio Circulante daDemais componentes do Meio Circulante daépocaépocaépocaépocaépoca

No território assenhoreado pelosholandeses no Brasil circulavam, além dasmoedas acima mencionadas, moedasvindas da Holanda, quais sejam, os florins,os soldos e os xelins.

Além dessas moedas, encontramosmenção a moedas portuguesas, “osportugueses” de ouro. Vejamos o que nosinforma Edgar de Araújo Romero:

“Em princípios de 1642, navioschegados de Amsterdãdescarregaram avultado númerode caixas repletas de moedas deouro, conhecidas sob o nome dePortugalezas, de D. Manoel e D.João III, de ouro de 23 ¾ dequilate, então ainda emcirculação). Pelo desejo doConselho do XIX, deviam serpostas em circulação com o valorcambial de 75 florins, por peça.Sendo, porém, semelhante valordemasiado alto para o Brasil, enão se achando absolutamente emrelação ao preço cotado para as

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pistolas e os 8 reales de prata, ogoverno recifense fez umreajustamento, baixando asPortugalezas para 60 florins e aspistolas dobrões para 9 florins e10 soldos’. (in: O Meio Circulanteno Brasil Holandês. Rio de Janeiro:Anais do Museu HistóricoNacional, Imprensa Nacional,Vol.II, 1940, p.25).

Do texto acima se depreende que osholandeses também faziam uso das moedasde prata provenientes da AméricaEspanhola, pistolas e os 8 reales. Isso eracomum, mesmo entre os portugueses. Ofato é que a falta de dinheiro amoedadoera tanta, que utilizaram todos os meiospossíveis para combater a crise monetáriae conter uma possível sublevação militar.Em fevereiro de 1645, o Alto Conselhochegou a propor o pagamento de parte dosoldo aos oficias e às guarnições com vinhoespanhol ou em aguardente. Fizeramtambém empréstimos mercantis e depoistentaram o reconhecimento desses títulosjunto aos Diretores da Companhia.

Assim se constituía o meiocirculante da época. Além das moedascunhadas pelos holandeses, circulavammoedas provenientes da Holanda, moedasportuguesas e espanholas, e ainda outrosexpedientes úteis que se apresentaramnaquele momento.

No tocante às moedas provenientesda Holanda e que circulavam no Brasil,pensamos que uma análise dos achadosarqueológicos seria de grande utilidade.Um pouco mais difícil seria o estudo das

moedas portuguesas e espanholas quecirculavam entre os holandeses, pois essascontinuaram a circular naquele territóriopor muito mais tempo que as moedasholandesas.

ConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoConclusão

As emissões holandesas em seuconjunto (ordens de pagamento,ordenanças e moedas obsidionais)circularam no território do DomínioHolandês e, na maioria das vezes, emperíodos de extrema necessidade ou decerco. Sua utilização em outras áreaspoderia ser tomada como alta traição.

No tocante à precariedade do MeioCirculante da época, F. dos SantosTrigueiros faz interessantes comentários etranscreve uma passagem do Padre AntônioVieira. Vejamos:

«No Maranhão, o dinheiropraticamente não existia,desempenhando papel de moedanas trocas o açucar, o cacau e oalgodão em fio e em tecido,

Figura 3 - Anverso da moeda de 2 stuivers de 1619– encontrada no Forte Orange em Itamaracá,originária da Província de Overyssel na Holanda.

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motivando a alusão feita peloPadre Antônio Vieira num sermãoda quaresma em 1653 na Cidadede São Luis: “O dinheiro destaterra é pano de algodão e o preçoordinário por que servem osíndios, e servirão cada mês, sãoduas varas deste pano que valemdois tostões. Donde se segue quepor menos de sete réis de cobreservirá um índio cada dia”»6.

Neste mesmo sentido, LupércioGonçalves Ferreira7, citando o Prof. JoséAntônio Gonçalves de Mello no livro “Arendição dos holandeses no Recife”, nostraz:

“No Recife consta que a SenhoraSchkoppe foi à Casa dosConselheiros no domingo 8 defevereiro de 1654, às 8 horas danoite, para dizer que era devedorade grande soma de dinheiro adiversas pessoas e que nãoaceitaria partir daqui semprimeiro satisfazer os seuscredores. E que não tinha meiospara fazê-lo, por estar o Governoa dever a seu marido muitos mesesde soldo. Além de o soldo ser pagoaqui em moeda desvalorizada,pedia que se lhe pagassem seismeses dele no valor do dinheiro daHolanda, e como insistia por isso,o Governo ficou de ver comopoderia satisfazê-la, embora “nãohaja qualquer dinheiro em caixa”.

A legislação e os principais

documentos dos holandeses, pertinentes aessas emissões, são:

- Decreto de 1640 - estabeleceu asordenanças ou ordens depagamento, garantidas pelasrendas reais provenientes dasarrecadações.

- Ata de 21 de julho de 1645 – Oórgão supremo da administração– o Alto e Secreto Conselho tomaa decisão de retirar do navioZeelandia, recentemente chegadoda Guiné, a quantia de 360 marcosde ouro, para vender ou cunharmoeda, diante da escassez denumerário para o pagamento damilícia. Resolveram então cunharmoedas de ouro nos valores de 12,6 e 3 florins (as primeiras moedascunhadas no Brasil), tendo de umlado o símbolo da companhia e dooutro a data, dando-lhes umaumento em torno de 20% a 30%no valor do ouro, sobre as de igualrepresentatividade das cunhadasna Holanda, a fim de que asmesmas não saíssem do país epudessem ser recolhidas no futuro.

- Decisão de 18 de agosto de 1645 –Do Alto e Secreto Conselho decunhar moedas. O Conselheiro daCompanhia, Pieter Janssen Bas,foi o encarregado da produção dasmoedas, mediante concessãoformal e isento de qualqueracusação futura. Primeiramente,foram cunhados exemplares decada moeda para serem enviados

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ao Conselho dos XIX na Holanda,cuja remessa foi realizada em 14de setembro de 1645. Em 10 deoutubro de 1645 foi dada a ordempara o início da cunhagem dasmoedas para circulação local.

- Instrução de 10 de outubro de 1645– Instrução pela qual Sr. PieterJansen Bas deveria reger-se nacunhagem das moedas.

- Ata de 26 de janeiro de 1654 – Atada reunião do Alto Governo,autorizando a cunhagem demoedas de prata de emergência detrês valores, X, XX e XXXX soldos.

Existem bons apontamentos sobre as

moedas cunhadas pelos holandeses duranteo período da “Nieuw Holanda”,principalmente sobre as de ouro. Pouco ounada existe sobre as Ordens de Pagamentoe as Ordenanças.

Figura 4 - Monograma da W.I.C.

Bibliografia:

- ANGELINI, Cláudio Marcos. Os Holandeses no Brasil e as obsidionais. São Paulo: textopublicado na página da Revista Acervus Cultura e Arte - Belo Horizonte, MG.- COLIN, Oswaldo. Brasil através da moeda. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil,1995, 64p.- CUHAJ, Geoger S. (editor) Standard Catalog of World Paper Money, Specialized Issues,Volume One. East State Street – Iola: Kp Books, USA, 2005.- FERREIRA, Lupércio Gonçalves. As primeiras Moedas do Brasil. Recife: InstitutoArqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, 1987.- GONÇALVES, Cleber Baptista. Casa da Moeda do Brasil, 290 anos de história, 1694-1984.Rio de Janeiro: Casa da Moedas do Brasil, 1985.- GONÇALVES, Cleber Baptista. Casa da Moeda do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Moeda doBrasil, 2 edição, 1989, 937p.- GONSALVES DE MELLO, José Antônio. Os Ducados Brasileiros de 1645 e 1646 e as moedasobsidionais cunhadas no Recife em 1654. Recife: Revista do Instituto Arqueológico, Históricoe Geográfico de Pernambuco, V.48, p.185-227.- HERKENHOFF, Paulo (organizador). O Brasil e os Holandeses 1630-1654. Rio de Janeiro:GMT Editores Ltda. 1999.- LISSA, Violo Idolo. Catálogo do Papel-Moeda do Brasil 1771-1986. Emissões oficiais,bancárias e regionais, Brasília: Ed. Gráfica Brasiliana, 3 edição, 1987.- MAILLET, Prosper. Catalogue descriptif des Monnaies Obsidionales et de Nécessité.Bruxelles : 1870.

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- MAGALHÃES, Augusto F.R. de. Os Bancos Centrais e sua função Reguladora da Moeda edo Crédito. Rio de Janeiro: A Casa do Livro. 1971, 487p.- NETSCHER, P.M. Les Hollandais au Brésil, notice historique sur les Pays-Bas et le Brésilau XVII siècle. Le Haye (Den Haag): Belinfante Frères, 1853.- PROBER, Kurt. Catálogo de Moedas Brasileiras. Rio de Janeiro: 1ª edição, 1960.- PROBER, Kurt. “Obsidionais” As primeiras Moedas do Brasil. Rio de Janeiro: Paquetá,Monografias Numismáticas – XIII, 1987.- RIZZINI, Carlos. O Livro, o Jornal e a Tipografia no Brasil, 1500-1822, com breve estudogeral sobre a informação. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, Ed. fac-similar, 1988.- SANDRONI, Paulo. (organização e supervisão) Novíssimo Dicionário de Economia. EditoraBest Seller, 1999.- SANTOS LEITÃO. Catálago de moedas brasileiras, de 1943 a 1965. Rio de Janeiro: SantosLeitão & Cia. Ltda, 10 edição, 1965, 205p.- SHOROEDER, Cláudio. O Ducado Brasileiro (1645-1646), Boletim da SNB, Ed. 51.- TRIGUEIROS, F. dos Santos. Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Léo Cristiano Editorial, 2ªedição, 1987.- VAN DER WEE, H. (org.). La Banque en Occident. Genève: Union Bancaire Privée, FondsMercator Anvers, 1994.- VAN LOON, Gerard. Histoire métallique des XVII Provinces des Pays-Bas, depuis l´abdicationde Charles Quint jusqu’à la paix de Bade en MDCCXVI. La Haya (Den Haag): 1732-1737,5V.- VARNHAGEN, Francisco Adolpho de. História da Lutas com os Hollandezes no Brazil desde1624 a 1654. Viena: 1871.- WÄTJEN, Hermann. O domínio colonial holandês no Brasil: Um capítulo da história colonialdo século XVII. Recife: Cia. Ed. de Pernambuco, 2004, p.291-343.

NOTAS

1 Este número pode ter aumentado.2 Denominação oficial do órgão supremo da administração do Domínio Holandês no Brasil.3 Alfredo de Carvalho havia traduzido por engano «tien stuvers» por doze stuivers, ou soldos,enquanto o correto é 10 stuivers ou soldos. Gastão Dessart parece ter acompanhado o erro, masKurt Prober, apesar de transcrever sua tradução, considera em seus apontamentos 10 stuivers.4 A primeira parte dessa obra está disponível on-line no site da Biblioteca Nacional da Bélgica.5 Existe um interessante estudo sobre essa moeda na Revista Brasileira de Arqueologia,Restauração e Conservação, V.1, n°6, p.296-300.6 Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda, 2ª edição, 1987.7 As Primeiras Moedas do Brasil. Recife: Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico dePernambuco, 1987, p.39.

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Anexo I - Quadro Geral das Emissões dos holandeses no Brasil

Ordens de Pagamento e Ordenanças(as primeiras formas assemelhadas ao papel-moeda do Brasil)

Ordens de Pagamento 1636 – 1637

Valores Quantidade Emissão: sem autorização legal, em junho de 1636.(…) florins indeterminada Recolhimento: ainda estavam sendo recolhidos 8.000 florins « em março de 1637.10.000 florins « Provavelmente manuscritas.16.000 florins « Valores possivelmente definidos20.000 florins « (informações baseadas em documentos da época por25.000 florins « Hermann Wätjen, em O Domínio Colonial Holandês

no Brasil).

Ordenanças 1640 e 1644

Valores Quantidade Emissão: com autorização legal – Decreto de 1640(...) florins indeterminada Provavelmente manuscritas.

Moedas(as primeiras moedas cunhadas no Brasil)

Florins ou Ducados – cunhados com aumento de 20% a 30% sobre os da Holanda, a fim deque não saíssem do Brasil e pudessem mais tarde ser recolhidos.

1645Valores Peso (oficial) Quantidade indeterminada III florins 1,93 a 1,90 grs. « VI florins 3,86 a 3,79 grs. « XII florins 7,72 a 7,57 grs. «

1646Valores Quantidade indeterminada III florins 1,93 a 1,90 grs. « VI florins 3,86 a 3,79 grs. « XII florins 7,72 a 7,57 grs «

1654Valor XII soldos 5,00 grs. «

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Anexo II - Imagens do Catálogo Kurt Prober – Catálogo de Moedas Brasileiras de 1960

Agradecimentos: Aos colegas da AFSC e em especial a Milton Milazzo Jr, Ernani SantosRebello e Luis Cláudio Fritzen, ao numismata Alberto Paashaus, à Fundação Joaquim Nabuco,na pessoa do Sr. Lino Madureira e a todos que direta ou indiretamente colaboraram naelaboração deste trabalho.

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A Filatelia e o Centenário do Escotismo Brasileiro

Roberto Basso - Chapecó, SC

O ano de 2010 marca o centenáriodo Movimento Escoteiro no Brasil, apenastrês anos após sua criação por RobertBaden-Powell na Inglaterra.

A decisão de implantar no Brasilesse sistema educacional foi tomada naInglaterra por um grupo de suboficiais daMarinha que pertenciam às guarnições dosnavios da Esquadra Brasileira emconstrução naquele país, no início doséculo. Em 1907, presenciaram eles onascimento do Escotismo.

Os navios da nova esquadranavegaram para o Rio de Janeiro à medidaque ficavam prontos. Em 17 de abril de1910, cruzou a Barra da Baía daGuanabara, em sua viagem inaugural, oEncouraçado Minas Gerais, em que estavaembarcado o maior número de Suboficiaisinteressados no Escotismo.

Em 14 de junho de 1910, elesfundaram o Centro de Boys Scouts doBrasil na casa n°13 da Rua do Chichorro,na Cidade do Rio de Janeiro, marcando achegada do Escotismo ao Brasil1.

A filatelia valorizou e contribuiu,nestes 100 anos, para o desenvolvimentodo escotismo brasileiro, através deinúmeras emissões, que entre selos eblocos, são, no total, onze, sendo aprimeira datada de 19542.

Além dos selos, inúmeros carimbos

comemorativos foram lançados. Um, emespecial, chama a atenção por serconsiderado o primeiro item da filateliaescoteira do Brasil.

Trata-se do carimbo n° 1033,comemorativo da 1a Semana de Trânsito

Figura 1 - O carimbo tem forma retangular e, alémdo veículo, traz a figura de um menino orientandoo trânsito, com chapéu de abas largas, bermudae meias compridas com canhão e lenço nopescoço, adereços esses característicos doMovimento Escoteiro.

Figura 2

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de Fortaleza (CE), o qual teve seu períodode aplicação de 11 a 18 de outubro de 1941e, segundo Zioni3, sempre na cor roxa.Embora o carimbo não tenha relação diretacom o escotismo pelo título de seulançamento, seu desenho relaciona-odiretamente.

O carimbo tem forma retangular e,além do veículo, traz a figura de um meninoorientando o trânsito, com chapéu de abaslargas, bermuda e meias compridas comcanhão e lenço no pescoço, adereços essescaracterísticos do Movimento Escoteiro.

Mas por que um escoteiro e não umagente de trânsito? Aresposta a essa pergunta éuma suposição, já que nãoencontramos materialsuficiente para pesquisa.Acreditamos que os valoresque o escotismo difundeentre os jovens, comodisciplina, cortesia, res-ponsabilidade, lealdade efraternidade, teriam forçapara mudar o caos que o

trânsito representa. O escoteiro, já naquelaépoca, representava a moralidade.

Após 100 anos, o escotismo seconsolida como a maior organizaçãoeducacional para jovens do mundo.

* O autor é filatelista temático, membroda Associação Filatélica de Santa Catarina(AFSC), e expositor com a coleção“Memories of a scout neckercchief”.

Referências:1 MEMÓRIA ESCOTEIRA, Informativodo Centro Cultural do MovimentoEscoteiro, No36 – Set/dez 1999, pg. 3.2 CATÁLOGO DE SELOS DO BRASIL,1843 a 7/2007, 56a ed. São Paulo, RHM2008, 368 pg.3 CATÁLOGO A. A. ZIONI DECARIMBOS POSTAIS COMEMO-

RATIVOS, São Paulo, 1971.

Agradecimentos especiais pelas imagens:Claudio Neumann (figuras 1 e 2), JoséEvair Soares de Sá (figura 3) e HallvardSlettebo, Noruega (figura 4).

Figura 3

Figura 4

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Temos interesse em adquirir:

Moedas anômalas (boné, defeito decunho ou disco).

Material filatélico referente a:- Mergulho submarino;- Naufrágios;- Conchas marinhas;- Carimbos da cidade de Igaratá - SP(anteriores a 05/12/1969);- Carimbos da cidade de Conchas - SP(da década de 40 ou anterior).

Celso e Daniela Suzuki

Cx. Postal 20.432 - KobrasolCEP 88102-970 - São José, SC

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Página inteira: R$ 60,00

Meia página: R$ 40,00

Terço de página: R$ 30,00

Quarto de página: R$ 20,00

Próxima edição:agosto/2010

O Colecionismo depende de todos nós.

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As Moedas da Usina do ITAICY – MT

Luis Claudio Fritzen - Florianópolis, SC

São conhecidas várias “moedasparticulares” na história monetáriabrasileira, especialmente do século XIX einício do século XX. Dentre esse extensorol, chamam a atenção aquelas produzidaspela USINA DO ITAICY, no Mato Grosso.

Destinada à industrialização dacana-de-açúcar, a Usina do Itaicy situava-se às margens do RioCuibá, aproxima-damente a 40 quilô-metros de SantoAntônio do Leverger,e havia sido inaugu-rada em 1º de setem-bro de 1897 porAntônio Paes deBarros, conhecidopela alcunha de “TotóPaes”. Seus ances-trais, os irmãossorocabanos Fernan-do e Arthur Paes de

Barros foram, em 1734, osdescobridores de ouro naChapada de São FranciscoXavier, no “Mato Grosso”,possibilitando a expansão dosdomínios portugueses mais aoeste na América do Sul. Aprodução da usina era de açúcar,aguardente e álcool.

A usina começou a ser edificada em11 de junho de 1896 e terminada 14 mesesdepois. Estima-se que cerca de miloperários participaram dessa construção. Omaquinário, importado da Alemanha,chegou ao local por transporte fluvial. De1900 a 1920, Itaicy teve o seu período de

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esplendor. Chegou a abrigar umapopulação perto de cinco mil pessoas e foio primeiro lugar do Mato Grosso a terenergia elétrica. Tinha uma infraestruturaaudaciosa para aqueles tempos, como umafarmácia, capela, escola, armazém demantimentos, dezenas de casas (em estilopopular padronizado), aulas de música paraas crianças e, inclusive, tinha moedaprópria, cunhada ali mesmo.

Apesar da “modernidade”,exatamente por manter sistema monetáriopróprio, não escapoude denúncias damanutenção detrabalho análogo aode escravo, eis que ospagamentos rece-bidos somente pode-riam ser gastosinternamente. Issoquer dizer que acirculação da moedaera restrita.

As moedas daUsina do Itaicy foramcunhadas em cobre,com moldes prove-nientes da Casa da

Moeda do Rio de Janeiro. Para produzi-las, adaptou-se uma velha prensa de papel.

Sua unidade monetária eraconhecida como “tarefa”. São conhecidastrês moedas: a de “meia”, a de “uma” e ade “duas” tarefas. No anverso, estavaescrito “Usina do Itaicy” e, no reverso, “Otrabalho dignifica o homem”.

A decadência da Usina do Itaicyteve início na década de 30. Sua produçãoparou em 1957 e, desde então, ficouabandonada.

A AFSC convida para suas reuniões regulares:

Quintas-feiras, a partir das 18 horasSábados, a partir das 14 horas

Nossa Sede permanece aberta de segunda a sexta-feira, das 14 às 19 horas.

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Incrementando a Coleção TemáticaInteiros Postais

Lucia Milazzo - Florianópolis, SC

Uma boa dica para o colecionador temáticoque quer ver sua coleção mais interessanteé utilizar o documento postal chamadointeiro postal ou “postal stationary” ouainda “postal de papelaria”.O inteiro postal é definido como uma peçade uso postal – envelope, cartão-postal,bilhete postal, aerograma (memorandumpostal), cinta para jornal -, com ou semilustração, com ou sem texto, mas com umselo impresso cujo valor facial estejacoerente com a tarifa da época.Quais são as partes do inteiro que ocolecionador deve levar em conta paraincrementar sua coleção? Por ordem:Primeiro: Privilegiar o selo impresso tendo-se em conta o aspecto temático.

Segundo: Na escala de valores, depoisprivilegiar a ilustração, se houver uma.Terceiro: É desejável, também, que nosinteiros circulados os carimbos estejam emsintonia com o tema. Às vezes, um carimboneutro, um datador de agência, diz maisdo que um carimbo comemorativo semrelação com o tema abordado.Em resumo: Os inteiros postais constituemum interessante elemento para todas ascoleções temáticas.Lembre-se de que um inteiro postal é um“selo grande”, logo nunca deve ser cortado.A peça perderia seu interesse. Os inteirostambém podem ser utilizados novos oucirculados.Então, boa sorte na escolha de seus inteiros.

Exemplos de inteiros postais:

Em segundo plano:1970 - Brasil.

Iinteiro postal tipo cartão-postal.Não circulado.

Carimbos comemorativos e deprimeiro dia de circulação.

Em primeiro plano:1913 - Inglaterra.

Inteiro postal tipo cinta de jornal.Circulado.

Fonte: La Philatélie Thématique. Robert MIGOUX.

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BRASil SElOSwww.brasilselos.com.br

Selos do Brasilcomemorativos - autômatos - regulares - blocos

e-mail: [email protected]

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960 RéisO Recunho da Variante 26(8D) de 1814 B

Paulo Gouveia de Matos - Florianópolis, SC

É comum encontramos essavariante, classificada como dupla batida.No entanto, a observação de algumas peçasnos leva a pensar em recunho.

Identificar a variante da base nemsempre é possivel pela análise de uma únicapeça. Um outro método é usar parte decada peça que eventualmente se tenha etentar concluir que recunho poderia tersido, usando o alinhamento GPN e algumdetalhe que possa diferenciar o reverso.Obviamente, é questionável somarinformações de peças diferentes e atribui-las a uma única. No entanto, os recunhos

só aconteciam quando as peças saiam emmás condições, e, na sequência, o cunhoera trocado e as peças rebatidas. Isso nosleva a crer que a base advinha de uma únicavariante.

No caso presente, usamos 3 peçasda variante 26(8D) para tentar identificaro recunho. Vejamos pelas figuras abaixo:

1) Na peça 1, percebe-se um 1814deslocado;

2) Na peça 2, existe um zodíacolinhado embaixo do zodíaco davariante 26(8D);

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3) Na peça 3, existem um espaço de75% de uma letra, no sentidohorário, repetindo um “D”, e ummínimo deslocamento entre ospontos (base e recunho) do florãode baixo.

Pela peça 1, observamos que se tratada variante de 1814.

A peça 2 nos leva aos reversoslinhados de 1814B, que são: variantes 8A,7C e 6D.

Os alinhamentos das variantes 8A,7C e 6D são:Anverso 6: GP+ Pre NAnverso 7: Gd Pe ENAnverso 8: P PR N

Conclusão:

Não pode ser o mesmo anverso(existe deslocamento na peça 3), excluídaa (8A).

Não pode ser o anverso 7 (odeslocamento da peça 3 é no sentidohorário), excluída a (7C).

O único zodíaco linhado restante éo da variante (6D).O resultado faz sentido. A variante 6D éclassificada como RRR, o que nos leva acrer que o reverso dessa variante estavamesmo em más condições, demandandorecunho. Hoje a conhecemos como Rara.

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De que é feito um selo postal?

Diego Salcedo - Recife, PE

Neste artigo exploraremos o selopostal a partir de sua tecnicidade, ou seja,do artefato, propriamente dito, com oobjetivo de determinar quais são os seuselementos constitutivos. De que um selopostal é feito? O selo postal é formado porduas estruturas distintas e complementares:uma física e outra química.

A primeira diz respeito a umfragmento de papel com duas superfícies(anverso e verso). É no verso do selo que éaplicada a goma1 para que seja possívelfixá-lo à correspondência. No anverso sãoimpressos, por convenção do Estado, oselementos verbo-visuais ou o quedenomino frase-motivo e imagem-motivo.Por sua vez, a estrutura química do selopostal é composta, principalmente, pelagoma e pelas tintas.

Por causa dessas característicasfísico-químicas surgiu a nomenclatura, naInglaterra, em 1840, adesive postal stamp

(em Português: selo postal adesivo), vistoque, lá, foi desenvolvido o selo postal comessas especificações, o mesmo que hojeconhecemos e manuseamos. Mostramos aseguir, com mais detalhes, algumas partesconstituintes do selo postal.

A) Papel2 - O selo postal é um fragmentode papel, recortado ou destacado de umafolha de papel, denominada folhacompleta3, em que vários selos postais sãoimpressos. Não existe um único tipo depapel para imprimir selos postais. Diversostipos são utilizados para múltiplassituações.

Figura 1 – Verso e Anverso de um selo postalcomemorativo.Emitido pelos Correios do Brasil em 23.7.1906.Rememora o 3° Congresso Pan-Americano,ocorrido no Rio de Janeiro.

Figura 2 – Um folha completa de selos postais.Selo emitido no Japão – Série Artesanato. Númerono Catálogo Yvert et Tellier: 561.

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B) Filigrana4 - Consiste numa marcainserida na contextura do papel. Éconhecida, também, como marca d’águaou linha d’água. Inúmeras são aspossibilidades tipográficas das filigranas:brasões, coroas, efígies, escudos, traços,linhas, letras, frases, expressões, númerosetc. Do mesmo modo que o papel, afiligrana também nasceu na China antiga.Nos selos brasileiros podemos encontraraté 28 tipos de filigranas. Elas sãoconhecidas pelo nome, apelido ou letras declassificação. As expressões e termos nadescrição são aquelas encontradas natessitura do selo postal.

É possível ver a filigrana de um selopostal contra a luz ou por meio da utilizaçãodo Filigranoscópio. Esse é um pequenorecipiente de plástico, retangular de corpreta. Para ver a filigrana com bastanteclareza, o selo postal é colocado com overso virado para cima (ou a estampavirada para baixo) e sobre ele sãodespejadas algumas gotas de benzinaretificada. Na figura 3, mostramos oanverso e o verso de um selo brasileiroemitido em 1942, pelos Correios do Brasil.Logo abaixo desse selo, ilustramos odetalhe de uma filigrana brasileira do tipo“M”, que é chamada de “Cruz de Cristo”.

C) Denteado - Os primeiros selos postaisforam emitidos sem picotes, ou seja, tinhamque ser recortados com tesouras oupequenas lâminas. Com o processo depicotagem, que ocorre durante a impressão,por meio de agulhas que perfuram o papel,os selos passaram a ser destacados. Asdimensões de picote de um selo postal são

medidas por meio do Odontômetro que,conforme Salcedo (2008, p. 5) “é umpequeno objeto com formato de uma régua,feito de cartolina, plástico ou metal, ondeestá gravada (no caso do metal) ouimpressa (no caso da cartolina e doplástico) a escala que serve para medir onúmero de dentes das margens do selo

Figura 3 – Emissão brasileira de 1942. Esse selofaz parte da Série Netinha.Trata do padrão milréis com traços verdes noverso. Filigrana horizontal.Número no Catálogo de Selos do Brasil (2008, p.131): 435.

Figura 4 – Pequeno suporte em que se coloca umselo para verificar a filigrana: Filigranoscópio.

Figura 5 – Pequeno frasco de Benzina Retificada(produto de uma mistura de hidrocarbonetos). Paraver a filigrana basta pingar algumas gotas sobre overso do selo que está no filigranoscópio.

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postal num espaço fixo de 2 cm entre duaslinhas”. A figura 6 mostra alguns tipos dedentes.

D) Goma - É uma substância adicionadatanto no verso dos selos, depois deimpressos, como antes da impressão, noverso das folhas completas. As gomaspodem ser de origem vegetal, animal ouquímica. Servem para aderir o selo postalà correspondência. As gomas maisconhecidas no colecionismo de selospostais são a arábica (produto vegetal daacácia vera), a azul (utilizadas nos selosbrasileiros emitidos em 1866) e as gomasquímicas (PVC).

E) Tinta5 - Um dos maiores problemas daspeças filatélicas. As tintas de má qualidadedesbotam com a lavagem dos selos. Osprimeiros selos postais, na maioria dospaíses, foram emitidos de formamonocromática (uma cor). Depois dealgum tempo, foram impressos em modelospolicromáticos (várias cores). As coresformam o componente pictórico,presentificam a materialidade do objeto econstituem parte integrante damanifestação histórico-ideológica doEstado. Você já se perguntou, por exemplo,por que os selos de Estados que adotaramo sistema comunista (China, Vietnam,

Cuba etc) emitiam selos postais dandoênfase à cor vermelha? O poder e impactovisual e estético das cores são almejadospelas administrações postais.

F) Dimensões Físicas - Os primeiros selosemitidos em diversos e distintos países têmdimensões parecidas entre si. São pequenose medem um valor aproximado de 2 x2,5cm ou 20 x 25mm (por convençãointernacional o valor 20 se refere àdimensão horizontal e o valor 25 àdimensão vertical). ao contrário dos selospostais comemorativos que, em grandeparte, seguem um padrão de formatoquadrangular ou retangular, em diversas emúltiplas medidas. Existem selos postaistriangulares, redondos e elípticos, masesses são a exceção à regra. É importanteentender que essa medida inclui o selointeiro, isto é, a imagem e as margens. Me-dir o picote ou a denteação é outra coisa.

G) Impressão - É o nome que se dá aoprocesso técnico pelo qual uma folhacompleta, em branco, recebe os elementosverbo-visuais, com suas devidas dimensõese obedecendo ao Decreto que autoriza aemissão da peça. Os processos utilizadospara imprimir selos postais, no Brasil e emoutros países, foram o tipográfico, arotogravura ou heliogravura, o xilográfico,o talho-doce e o mais moderno, Offset. Aidentificação do tipo de impressão é umconceito relevante no colecionismo deselos postais.

Referência: SALCEDO, Diego. O que éodontômetro, para que serve e como usá-lo?FILACAP, São Paulo, p. 5, 05 mar. 2008.

Figura 6 - Alguns tipos possíveis de denteação.

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NOTAS:1 Existem inúmeros selos postais que foramemitidos sem a goma no verso como, porexemplo, nas emissões da República doSuriname, ex-colônia Holandesa, entre 1873e 1912 ou nas emissões dos Estados Unidosde 1933 e 1934.2 Segue uma lista, não exaustiva, de tipos depapel que já foram utilizados na confecção deselos postais: acetinado, avergoado, bastonado,cartolina, cebola, costelado, cuchê, liso,pontinhado, sulfite, laminado.3 A folha completa é onde são impressos osselos postais. Por muito tempo esse tipo defolha foi adquirido por colecionadores. Épermitido comprar as folhas nas agências doscorreios para utilização em cartas pessoais ouinstitucionais. Não, necessariamente, o correiotem que selar uma carta. Mas, apenas ele podecarimbar e remeter ao destino.

4 A filigrana, nascida na China Antigajuntamente com o papel, surgiu por acaso. Numprimeiro momento foi utilizada para identificaro fabricante do papel. Muito depois, em terrasocidentais, foi re-utilizada em documentos danobreza e do clero. Tempos depois, foiadicionada ao papel-moeda, aos bilhetespostais e aos selos postais, sempre com funçãoprimeira de dificultar as contrafações. Foiutilizada pela primeira vez no Brasil em 1894.A identificação de filigranas, no início doséculo XX, tornou-se uma das atividades demaior prestígio no colecionismo de selospostais.5 É natural que nos primórdios das emissõespostais, com recursos gráficos escassos, asestampas ou elementos pictóricos tenham sidomonocromáticos. Até que em 1845, na Suíça,foi impresso o primeiro selo postalpolicromático, assim como no Brasil em 1878.

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O Dia da Mãe visto pela Filatelia Portuguesa

Americo Rebelo - Porto, Portugal

Segundo dados de algunsescritores, o DIA DAMÃE já se celebra hácerca de 250 anos.Após várias consultas emenciclopédias, nasbibliotecas, cheguei àconclusão de que o Dia daMãe já era festejado naGrécia Antiga e emRoma. Os romanoscomemoravam o Dia daMãe em honra de Cibele- a Mãe dos seus Deuses.Os gregos celebravam-noem honra de Réa (NossaSenhora de Fátima) -mãe dos Deuses emulheres Cronos. EmPortugal, o dia erafestejado a 8 de Dezembro, masactualmente é comemorado no primeiroDomingo de Maio, data alusiva a NossaSenhora de Fátima e, em certas localidadesdo País, alusiva a Nossa Senhora daConceição. No século XVII, a Inglaterracelebrava o dia da Mãe no quarto Domingoda Quaresma (ou seja, 40 dias antes daPáscoa, pois esse dia era muito especialpara a classe baixa Inglesa - os criados -,que por viverem durante todo o ano comos patrões, tinham esse dia considerado

como um dia de folgapara poderem visitar suasfamílias. À medida que oCristianismo se espalhoupela Europa passou-se ahomenagear a “IgrejaMãe” – a força espiritualque dava vida e protegiado mal. Ao longo dostempos, a festa da Igrejafoi-se confundindo coma celebração do Domin-go da Mãe. As pessoascomeçaram a homena-gear tanto suas mãescomo a Igreja. No ano de1967, os CTT de Por-tugal homenagearam asmâes com uma série dequatro selos entitulada

“CINQUENTENÁRIO DAS APARI-ÇÕES DE FÁTIMA”.

No ano de 1872, nos Estados Unidos, foisurgerida pela abolicionista e feminista JulyWard Howe a dedicação de um dia especialàs mães. Houve vários apoiantes dessaideia, sobretudo porque usariam o eventopara chamar a atencão para a crueldade daguerra. O dia dedicado à Mãe seria visto eentendido como um dia dedicado à Paz. Aprimeira manifestacão às mães, em 1904,

Nossa Senhora de Fátima

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teve apoio de milhares de mulheres que seuniram lutando por seus direitos contra adiscriminação, a crueldade e os horroresda guerra. Conta a história que os restosmortais da mãe de July Ward Howe foramdepositados na Igreja de Grafton, duranteum dia, em 10 de Maio de 1907. Ali foicelebrada uma cerimónia especialmentededicada aos familiares e amigos da famíliae decidiu-se, então, que aquele dia seriadedicado, também, a todas as mães. Foi acelebracão do Primeiro Dia das Mães.Comenta-se, ainda, que nessa data, umasenhora de nome Jarvis enviou 500 cravosbrancos para serem usados na cerimôniapor todos, pois as flores simbolizavam asvirtudes da maternidade. Depois disso,durante vários anos, a mesma Sr.ª Jarvis,americana e feminista, enviou flores - cercade 10.000 cravos brancos e vermelhos -,para a Igreja de Grafton. Os cravosvermelhos eram dedicados “para todas asmães vivas” e os de cor branca eram “paratodas as mães já desaparecidas”. Oscravos, hoje, são consideradosmundialmente como símbolos da pureza,

força e resistência das mães.

Anna Jarvis foi uma personagem que, diaapós dia, lutou por melhores condições paratodas as mulheres, a ponto de ela e seusapoiantes escreverem a pessoasimportantes do governo, pedindo para quehouvesse um Dia Da Mãe Nacional, o quepara as mães era muito importante, dadoque teriam um estatuto de suporte dafamília e da nação. A Campanha foi tão bemaceita por diversos setores governamentaisque, em 1911, o Dia Da Mãe passou a sercomemorado em todos os estadosamericanos. Mais tarde, no ano de 1914, oPresidente Woodrow declarou oficialmentepara toda a nação que o Dia Da Mãe fossecomemorado sempre no segundo Domingodo mês de Maio. A nível mundial, o Dia daMãe é comemorado em várias datasdiferentes mas sempre com muito amor,carinho e respeito por aquela que nos pôsno mundo. Os CTT de Portugal juntaram-se a essa homenagem e emitiram uma sériede dois selos no ano de 1956, entitulada“DIA DA MAE”.

1967 - Série “CINQUENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA”Desenho: José Pedro RoqueImpressão : Offset na Casa da MoedaFolhas de : 100 selos (10X10)Papel: Lustrado – Denteado : 11 ½

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1956 - Série “DIA DA MÃE”

Desenho: Jaime Martins BarataImpressão : Offset na Casa da MoedaFolhas de : 100 selos (10X10)Papel: Esmalte – Denteado : 13 ½Circulação: De 8 DEZ 1956 a 1 AGO 1958

O sobrescrito de Primeiro Dia (abaixo) é alusivo ao DIA DA MÂE e foi enviadodo Porto para Lisboa no dia 8 DEZ 1956, registrado com o nº 62.163, chegando aLisboa – Norte a 10 DEZ 1956 (carimbo no verso). Os Carimbos comemorativos quese encontram na parte da frente são relativos ao primeiro dia de circulacão.

Bibliografia:

- Enciclopédia Portugal Contemporâneo das Seleções Readers Digest.- Dicionários Houais - Sinônimos e Antônimos do Círculo de Leitores.- Dicionário da Lingua Portuguesa 5 Edição 1982 - Porto Editora.- Selos e Postais de 2010 - Afinsa Portugal - 25 Edição.- Pagelas dos CTT de Portugal.- Apontamentos de artigos retirados da Enciclopédia das Bibliotecas.

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES (ordem alfabética)

Brasil Selos ............................................................... 27Celso e Daniela Suzuki ............................................. 22CVFIL ....................................................................... 33Félix E. Reichert ........................................................ 27Filatélica 33 .............................................................. 23Marcuzzi Filatelia...................................................... 27NUMFIL ................................................................... 22Pires Filatelia ............................................................. 40PGM Numismática .................................................... 29Selos & Cia ............................................................... 39

A AFSC desenvolve um importante trabalho de divulgação do colecionismo em geral, além da ediçãodeste Boletim Santa Catarina Filatélica. Anualmente, realiza, segundo uma programação estabelecidaem conjunto com as demais Associações do Estado de Santa Catarina, o seu tradicional Encontro deColecionadores.

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