aspectos ergonÔmicos do trabalho dos instrutores de ... · comprometendo a saúde, segurança e...
TRANSCRIPT
ASPECTOS ERGONÔMICOS DO
TRABALHO DOS INSTRUTORES DE
ACADEMIAS DA CIDADE DE
ANGICOS/RN
Angledja Nautchelli Cunha de Medeiros
Fabrícia Nascimento de Oliveira
Adriana Georgia Borges Soares
Marcos Antônio Araújo da Costa
Jefferson Souza Medeiros
As atividades realizadas nas academias de exercícios físicos pelos
instrutores exigem esforços musculares, posturas na realização dos
exercícios, repetição, levantamento de peso e precisão dos movimentos,
com isso, o profissional fica susceptível a lesões musculares e riscos no
local de trabalho. Objetivou-se nessa pesquisa identificar aspectos
ergonômicos que envolvem o profissional de educação física nas
academias. Para atingir esse objetivo, foi elaborado e aplicado um
formulário com doze instrutores de seis academias de Angicos/RN. O
formulário constou de 18 perguntas, sendo 12 abordando os aspectos
relativos à ergonomia e 6 a cerca dos fatores ocupacionais. Também
foram realizadas observações acompanhadas de registros fotográficos
para melhor demonstrar as posturas e condições do ambiente de
trabalho. Assim, todos os entrevistados afirmaram que o trabalho
requer movimentos em um ritmo intenso e repetitivo; 66,7% disseram
sentir cansaço físico durante o trabalho; 83,3% relataram que passam
muito tempo em pé comandando o funcionamento das aulas,
orientando, supervisionando e controlando os alunos; 50% consideram
o nível de ruído alto no ambiente de trabalho e acham as academias
quentes. Dessa forma, pode-se perceber a ausência de certos
conhecimentos por parte dos instrutores em relação aos aspectos
ergonômicos e a ausência também, de controle quanto à ação de
agentes causadores de danos no ambiente de trabalho, como calor e
ruído.
Palavras-chave: Educador físico, ergonomia, Fatores ocupacionais,
Ambiente de Trabalho
XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.
1
1. Introdução
Cada vez mais as pessoas estão procurando as academias para realização de práticas de
atividades físicas com o propósito de melhorar a qualidade de vida e bem estar. O
aluno/usuário busca esses ambientes para ser orientado de forma correta nos exercícios físicos
por profissionais habilitados e assim atingir os objetivos pessoais, mas para o instrutor é o seu
local de trabalho (SIMÕES et al., 2011).
As particularidades do cargo do educador físico expõe esse profissional a diferentes posturas
durante as orientações dos exercícios. Para os treinos livres é utilizada a postura em pé como
o agachamento, avanço, stif, dentre outras; já as atividades com máquinas exigem do treinador
posturas sentada tipo a legpress, flexão e extensão de pernas. Batizet, Galo e Souza (2006)
dizem que, quando o trabalhador manuseia o levantamento de peso durante os exercícios ou
executam o treinamento de forma errada surgem dores na coluna e na lombar.
Além do levantamento de peso, posturas inadequadas, jornada de trabalho prolongada e
movimentos repetitivos que causam prejuízos à saúde e segurança desses trabalhadores,
existem outros fatores, como ruído e calor, que também estão presentes nas academias,
gerando às vezes desconforto aos instrutores e alunos que frequentam esses ambientes
(MEDEIROS, 2014).
A música nos ambientes das academias é fundamental, motivando os alunos nos exercícios
físicos, porém, se os níveis de ruídos, ocasionados pelo aparelho de som ultrapassar os limites
toleráveis podem causar sérios problemas de saúde. Conforme Andrade e Russo (2010) os
profissionais, procurando incentivar melhor atuação dos alunos durante os treinos, não
percebem o ruído elevado do equipamento de som.
Amaral (2010) ressalta que durante uma jornada de trabalho, o empregado pode adquirir
centenas de posturas diferentes, onde vários músculos são acionados. Considerando isso, o
intuito da ergonomia é ajustar o ambiente laboral ao trabalhador, buscando melhorias no local
de trabalho e diminuindo os acidentes.
Há muito que estudar sobre a ergonomia nos ambientes laborais dos profissionais de
academias de atividades físicas, tanto no campo da pesquisa, quanto na aplicação destes
conhecimentos no posto de trabalho, por isso, esse trabalho tem por objetivo apresentar um
estudo referente aos aspectos ergonômicos a serem considerados no ambiente de trabalho dos
instrutores, indagando se esses trabalhadores possuem conhecimento sobre a ergonomia e
demais fatores ambientais analisados nesse trabalho, como calor e ruído.
2
2. Fundamentação teórica
2.1. Profissional de educação física
O professor de educação física tem um papel muito importante para incentivar o bem-estar e
hábitos saudáveis a população, mas esse profissional que estimula o exercício físico como um
caminho para uma boa qualidade de vida muitas vezes não pratica qualquer atividade física
por não ter tempo, devido à carga horária prolongada, ou por falta de encorajamento por causa
do cansaço (VALENTE, 2007).
De acordo com Sumariva e Ouriques (2010) para uma boa atuação no trabalho e na vida, o
profissional de educação física precisa ter uma qualidade de vida favorável. Simões et al.
(2011) apontam problemas na qualidade de vida desses trabalhadores devido aos níveis de
ruídos gerados no local de trabalho causando problemas relacionados a saúde auditiva e vocal.
O instrutor de musculação fica mais tempo exposto ao ruído produzido pelo aparelho de som,
esteira e outros barulhos relacionados às aulas grupais, do que o aluno que vai malhar uma ou
duas horas por dia.
Na musculação são utilizados vários tipos de treinamentos, como sistema de séries simples,
séries múltiplas, pirâmides crescente ou decrescente, treino de força, séries alternadas,
exaustão, dentre outros. Mota et al. (2002) relatam que o treino praticado na musculação é
bastante intenso e se esses forem conduzidos até a exaustão surgem variações de tensão no
músculo excitado.
Conforme Toscano (2001) nos locais das academias os profissional da área irão determinar,
orientar e examinar os exercícios. Todavia, esses locais oferecem riscos ocupacionais,
comprometendo a saúde, segurança e conforto do trabalhador (SILVA et al., 2007).
2.2. Ergonomia
Segundo Santos et al. (2008) a ergonomia é uma área de estudo que se preocupa com a saúde
segurança e conforto do ser humano, eficiência na produção e avanço na melhoria do produto.
A ergonomia objetiva estudar, orientar e conduzir um bom relacionamento entre homem,
máquina e ambiente, para que eles possam funcionar em harmonia gerando desempenho
satisfatório (IIDA, 2010).
Assim, existe uma interface entre o profissional de educação física e a ergonomia, uma vez
que os preceitos de eficiência e segurança são comuns entre eles. Alguns estudos ergonômicos
vêm sendo realizados nos ambiente das academias, como os executados por Anaruma e
Casarotto (1996) que verificaram o levantamento de peso, os aspectos biomecânicos dos
3
movimentos praticados pelos instrutores durante os exercícios e a duração da postura sentada
e em pé.
De acordo com Brasil (2002) a duração de uma postura tem que ser o mais curto possível,
pois os prejuízos vão depender da duração e da quantidade de vezes que ela foi realizada
durante o dia de serviço. Conforme Dul e Weerdmeester (2004) as posições de longa duração
podem ocasionar danos nos músculos e articulações, daí a necessidade de alternância entre as
posturas em pé e sentado.
Os riscos que fazem parte do dia a dia de um instrutor de musculação estão relacionados a
levantar, carregar, puxar e empurrar pesos, que quando realizados de forma errônea geram
problemas como dores na coluna vertebral, braços, pernas, pescoço e em outras partes do
sistema músculo esquelético (MEDEIROS, 2014).
2.3. Fatores ocupacionais
Para Iida (2010) uma das origens de conflito no trabalho são os fatores ocupacionais
desfavoráveis, como ruído, excesso de calor e má iluminação. Cada fator tem níveis de
nocividades diferentes de acordo com o trabalho, função e atividade. Compete a quem vai
executar o projeto verificar e tomar medidas para que o trabalhador fique o mais distante
possível dessas situações de risco.
Um dos aspectos importantes que devem ser considerados no local de trabalho é o ruído, que
para Dul e Weerdmeester (2004) quando esse está acima dos limites de tolerância pode, com
o tempo, causar perda ou diminuição da audição. Segundo Brasil (2002) para efeito de
conforto no local de trabalho, o nível aceitável de ruído é de até 65 dB (A).
De acordo com Andrade e Russo (2010) a perda auditiva está relacionada a alguns fatores
junto às características individuais da pessoa exposta ao ruído, ao meio ambiente e ao próprio
agente agressivo (som).
Assim como o ruído, o calor e o iluminamento são fatores importantes que precisam ser
analisados nos ambiente de trabalho, devendo o primeiro está em níveis adequados de
temperatura em todos os locais da academia, de forma a proporcionar conforto térmico para
todos os envolvidos. O segundo precisa ser adequada ao tipo de atividade que será
desenvolvida, procurando aproveitar a luz natural e suplementando com a luz artificial sempre
que for preciso (IIDA, 2010).
4
3. Metodologia
Foi realizada uma pesquisa de natureza aplicada, apresentando os resultados obtidos de forma
quantitativa e qualitativa, utilizando como procedimento técnico o estudo de multicasos.
Além disso, para estudar o tema foi feita uma pesquisa exploratória tendo em vista que pouco
se sabe sobre os aspectos ergonômicos nos ambientes das academias de exercícios físicos.
O presente trabalho foi desenvolvido em seis academias de exercícios físicos na cidade
Angicos/RN, localizada na região central do semiárido, que segundo o IBGE (2013) sua
população é de 11.549 habitantes e área territorial de 741,578 Km². O estudo analisou os
aspectos ergonômicos do trabalho dos instrutores atuantes em academias de diversos bairros
da cidade, de qualquer idade, de ambos os sexos e com qualquer formação.
Para analisar os aspectos ergonômicos do trabalho dos instrutores elaborou-se um formulário
composto por 18 perguntas, sendo 12 abordando os aspectos relativos à ergonomia e 6 a cerca
dos fatores ocupacionais. Os questionamentos foram sobre a carga horária de trabalho,
posturas, movimentos e possíveis dores ou lesões decorrentes da atividade, como também
fatores ligados ao ruído e calor. Também foram realizadas observações acompanhadas de
registros fotográficos para melhor demonstrar as posturas e condições do ambiente de
trabalho.
O formulário foi aplicado com doze instrutores de academias para avaliar a percepção deles
sobre esses fatores ergonômicos. Após a aplicação do formulário, os resultados foram
apresentados em tabelas e gráficos para melhor explicar os resultados.
4. Resultados
4.1. Aspectos ergonômicos nos ambientes das academias
A ergonomia visa adequar o trabalho ao homem, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, saúde, segurança e eficiência. Este tópico abordou questões sobre carga horária de
trabalho, esforço e posturas praticadas pelos instrutores no seu local de trabalho, com o
objetivo de verificar as condições que eles estavam submetidos.
Constatou-se que 8,3% exerciam uma carga horária flexível, 41,7% tinham regime de trabalho
rígido e 50% trabalhavam por turnos (Figura 1).
5
Figura 1 - Horário de trabalho praticado nas academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Com relação à quantidade de horas trabalhadas por dia, 33,3% trabalhavam 4 horas diárias,
33,3% de 5 a 8 horas diárias, 16,7% de 9 a 12 horas diárias, 16,7% acima de 12 horas diárias,
sendo que a máxima quantidade de horas foi de 14 horas (Figura 2).
Percebe-se que os resultados desse estudo corroboram com o que Valente (2007) diz em sua
pesquisa, que os profissionais de educação física apontam o exercício físico como o caminho
para uma boa qualidade de vida, porém muitas vezes eles não os praticam por falta de tempo,
causados pela carga horária exaustiva ou até mesmo por falta de estímulo por causa do
cansaço.
Figura 2 – Carga horária diária de trabalho dos instrutores de academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Na Figura 3 são apresentadas algumas imagens de posturas inadequadas dos instrutores
durante as orientações de treinos dos alunos. Quando questionados se a profissão exigia
esforço muscular, posturas inadequadas, movimentos repetitivos e ritmo intenso, 100%
disseram que não. Porém, durante a pesquisa observou-se que quando a academia estava
lotada, o trabalho dos instrutores aumentava, expondo-os a ritmos de trabalho, posturas
inadequadas e movimentos mais intensos e repetitivos.
6
Figura 3 - Posturas inadequadas praticadas pelos profissionais de academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Durante a jornada de trabalho, 83,3% dos instrutores responderam que fica em pé
comandando o funcionamento das aulas, orientando, supervisionando e controlando os
alunos; 16,7% revezam a postura sentada e em pé, tendo em vista que em alguns momentos
demonstram aos alunos alguns exercícios em máquinas que requer a postura sentada e em
outros períodos ficam em pé orientando os exercícios (Figura 4).
Figura 4 - Postura em pé ou sentado dos instrutores de academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
As maiorias (75%) dos instrutores que ficam em pé reclamam de cansaço e dores lombares
durante o expediente, essas dores são ocasionadas pelos movimentos repetitivos, de levantar e
transportar pesos de uma máquina para outra, montar e desmontar barras para agachamento e
stiff. Na Figura 5 é possível analisar a porcentagem das reclamações.
7
Figura 5 - Reclamações de dores lombares durante o trabalho
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
A respeito da dor lombar após a execução do trabalho, 33,3% disseram que sente dor lombar
após as atividades, mas não impedindo de trabalhar no outro dia. Por outro lado, a maioria,
66,7%, não sente dor lombar após o trabalho. Estes percentuais estão representados na Figura
6.
Figura 6 - Reclamações de dores lombares após o trabalho
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Além dos questionamentos sobre dores lombares durante ou após o trabalho dos instrutores de
academias, foi perguntado também sobre o cansaço durante o trabalho, afastamentos devido à
dor lombar, movimentos e posturas durante a realização das atividades, assim como os
problemas e motivos das lesões (Figura 7).
Figura 7 - Problemas relacionados ao trabalho dos instrutores de academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
8
Quando indagados sobre o cansaço durante o trabalho, 66,7% dos instrutores confirmaram
sentir cansaço durante a execução de suas atividades, já 33,3% dizem sentir bastante cansaço
durante o trabalho e o tipo de cansaço relatado por todos eles foi à fadiga física gerada pelo
trabalho intenso e repetitivo. Nenhum instrutor relatou sentir fadiga mental durante a jornada
de trabalho.
Quando perguntado se já haviam se afastado do trabalho devido a problemas relacionados às
dores lombares, todos os instrutores disseram que não, no entanto, com relação aos
movimentos ou posturas no trabalho que provocam a dor ou piora na lombar, 66,7% disseram
que existem atividades que propiciam e piora a dor, como agachar-se e inclinar-se para
montar e desmontar barras, já que esses movimentos são repetidos várias vezes por dia.
Também foi perguntado aos instrutores se os mesmos tinham algum problema de lesão ou
ortopédicos como, bursite, tendinite, dores no joelho entre outros, 41,7% responderam que
sim, mas, 33,3% disseram que não adquiriram a lesão por meio do trabalho, os 8,3%
adquiriram devido o levantamento de peso ocorrido no trabalho e 58,3% respondeu que não
tem nenhum tipo de lesão.
Na Figura 8 são apresentados alguns movimentos durante os treinos e aulas de step.
Figura 8 - Movimentos durante os treinos e aulas de step
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Verifica-se com isso, que a maioria dos instrutores de academias sente cansaço durante o
trabalho, sendo que o cansaço relatado por todos eles foi à fadiga física. Além disso, passam
9
mais tempo em pé do que sentado, sentindo dores lombares mais durante o trabalho do que
após a execução do trabalho e que nunca precisaram se afastar da atividade por causa da dor
lombar, mas, relatam que existem movimentos e posturas no local de trabalho que provoca e
piora a dor, como o ato de se agachar para montar e desmontar barras, como pode ser visto na
Figura 9.
Figura 9 - Montagem e desmontagens de barras
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Além dos aspectos ergonômicos o formulário também continha perguntas sobre os fatores
ocupacionais, como ruído e calor, que também podem afetar a saúde e segurança do
profissional de academia.
4.3. Fatores ocupacionais
Com relação ao ruído no ambiente de trabalho foi perguntado aos instrutores que máquinas ou
equipamentos provocam ruído no local da academia, 25% dos instrutores responderam apenas
o aparelho de som usado para reproduzir músicas durante os treinos, e 75% relataram o
aparelho de som, conversas paralelas dos alunos, barulhos dos pesos e das anilhas. A Figura
10 representa estas informações.
10
Figura 10 - Máquinas ou equipamentos geradores de ruído nas academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Foi perguntado também, se o ruído provocava alguma reação, as respostas são apresentadas
na Figura 11. A maioria sente alguma reação que vão desde irritação (41,7%), falta de
concentração (25%) e dor de cabeça (25%). Os que sofrem algum tipo de reação dizem muitas
vezes está em casa descansando e ouvir chamar o nome dele e até mesmo fica com aquele
ruído fixado na cabeça.
Figura 11 - Percepção dos instrutores de musculação a cerca das reações provocadas pelo ruído
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
A Figura 12 aborda a percepção dos instrutores de academias quanto ao ruído, onde se
perguntou se os mesmos sentem afetados pelo ruído do local de trabalho e todos disseram que
não, porém, metade (50%) deles considera o ruído alto e a outra metade acha normal,
relatando que já se acostumaram com o barulho. Pedindo para eles classificarem o ruído no
ambiente de trabalho, 16,7% classificaram como excessivo, 33,3% como forte e 50% como
fraco.
11
Figura 12 - Ruído que os instrutores de musculação estão expostos nas academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Quando se perguntou sobre a temperatura no ambiente de trabalho, 50% dos instrutores
declaram achar quente, relatando que a cidade já tem a temperatura elevada e outros fatores
como academias com pouco espaço e superlotação nos horários de pico tornam o ambiente
ainda mais quente. No entanto, 50% disseram achar normal por ter se adaptado com a
temperatura elevada (Figura 13).
Figura 13 - Temperatura no ambiente de trabalho dos instrutores de academias
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Os instrutores consideram a temperatura elevada, mas, alguns deles já se habituaram à
temperatura da cidade e com o ritmo de trabalho, que muitas vezes se torna pesado e
repetitivo, proporcionando ainda mais calor. Eles lidam com exercícios físicos que geram
suor, tem contato físico direto com os alunos, além disso, tem a questão do ruído gerado pelo
aparelho de som, das conversas paralelas, dos barulhos dos pesos quando montam barras e
quando abastece as máquinas.
12
5. Considerações finais
Com a análise realizada nas academias, verifica-se que os principais aspectos ergonômicos
que envolvem a atividade do profissional de academia de exercícios físicos são: exigência de
postura em pé; demanda de repetição de movimentos, sempre se agachando para fornecer
pesos às máquinas e barras, utilizando também de vários movimentos nas aulas de step,
abdominal e localizada repetindo as mesmas séries mais de uma vez por aula causando um
esforço muscular bastante elevado; levantamento de peso para as atividades livres como,
agachamento, avanço e stif, que podem ser colocados em alters ou barras.
Pode-se perceber que existem poucas ações ergonômicas tanto preventivas como corretivas
nos postos de trabalho dos instrutores das academias pesquisadas. Certas atitudes, como,
utilizar de postura adequada, evitar posturas prolongadas e movimentos repetitivos, alternar
posturas e movimentos, conservar peso próximo do corpo, reduzir a duração do esforço
muscular contínuo, evitar curvar-se para frente com relação ao levantamento de peso, evitar
ficar exposto a ruídos muito elevados e climatizar o ambiente para evitar o excesso de calor
podem ser adotadas como medidas de prevenções nesses ambientes para ajudar o trabalhador
a exercer suas tarefas com mais segurança, tornando o meio de trabalho mais seguro e
confortável.
Também se observa a falta de percepção dos instrutores sobre as questões ergonômicas e
demais fatores ambientais analisados nesse trabalho, como calor e ruído. Assim, é necessária
uma maior efetivação da ergonomia nas academias com o intuito de oferecer aos
trabalhadores um ambiente de trabalho mais seguro e confortável, proporcionando uma
melhor eficiência, evitando os riscos ocupacionais, reduzindo a fadiga e o stress.
REFERÊNCIAS
ANARUMA, C. A.; CASAROTTO, R. A. Um enfoque ergonômico para a educação física. Motriz: Revista de
Educação Física, v. 2, n. 2, p. 115-117, dez., 1996.
ANDRADE, I. F. C. de; RUSSO, I. C. P. Relação entre os achados audiométricos e as queixas auditivas e extra-
auditivas dos professores de uma academia de ginástica. Ver Soc Bras Fonoaudiol., v. 15, n. 1, p. 167-173,
2010.
AMARAL, F. A. do. Ergonomia. Aula proferida na Universidade estadual do Maranhão, [2010?]. Disponível
em: <www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/07/o-que-e- ergonomia.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2013.
BATIZ, E. C.; GALO, O.; SOUZA, A. J. de. Posturas inadequadas no trabalho: um problema presentes em
áreas de tratamento térmico a banho de sal. In: XIII SIMPEP, 2006, Bauru. p. 1-9.
BRASIL, Ministério do trabalho e emprego. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora 17 -
Ergonomia. 2. ed. Brasília. 2002. Portaria n° 3.751, de 23. nov. 1990.
DUL, J.;WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. 2ª edição, revista e ampliada, Ed. Edgard Blücher. 2004.
13
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edgard Blucher,2010.
MEDEIROS, A. N. C. Avaliação ergonômica das condições de trabalho na perspectiva dos instrutores de
musculação das academias na cidade de Angicos-RN. 63 f. 2014. Monografia (Graduação em Ciência e
Tecnologia) – Universidade Federal Rural do Semi-árido, Angicos/RN, 2014.
MOTA, M. R. et al. Musculação e ginástica laboral na melhoria da saúde e qualidade de vida. Revista Digital-
Saúde e Vida-UGF, v. 1, n. 3, p. 1-12, 2002. Disponível em:
<http://personalrobson.com.br/uploads/musculacao_e_ginastica_laboral.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013.
SALVE, M. G. C.; THEODORO, P. F. R. Saúde do Trabalhador: A relação entre ergonomia, atividade física e
qualidade de vida. Salusvita, v. 23, n. 1, p. 137-146, 2004.
SANTOS, G. P. et al. Avaliação ergonômica de um consultório odontológico. In: CONGRESSO DE
INICIAÇÃO CIÊNTIFICA, 17., e ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, 5., 2008, Pelotas/RS. Anais...
Pelotas: UFPel, 2008. Disponível: <www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CH/CH_01073.pdf>. Aceso em: 06
ago. 2013.
SILVA, V. E. et al. Riscos ambientais em uma lavanderia de indústria de abate e processamento de carne.
GEPROS: Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 3, n. 2, p. 11-23, mai./jun, 2007.
SIMÕES, C. S. M. et al. Análise de qualidade de vida de professores e alunos de musculação: um estudo
comparativo. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 16, n. 2, p. 107-112, 2011.
SUMARIVA, A; OURIQUES, M. A. Qualidade de vida ocupacional dos profissionais de educação física
que atuam nas academias de Blumenau, SC nas modalidades de musculação de ginásticas. 2010, 63f.
Monografia (Bacharel Educação Física) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2010.
TOSCANO, J. J. O. de. Academia de ginástica: um serviço de saúde latente. Revista Brasileira de Ciência e
Movimento, v. 9, n. 1, p. 40-42, jan, 2001.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=240080&search=rio-grande-do-norte|angicos>.
Acesso em: 20 ago. 2013.