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Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ASPECTO DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO SOB FLORESTA
PRIMÁRIA
LUIZ CARLOS MATTOS RODRIGUES
C U I A B Á - MT
2005
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ASPECTO DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO SOB FLORESTA
PRIMÁRIA
LUIZ CARLOS MATTOS RODRIGUES Engenheiro Agrônomo
Orientador Prof. Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Mato Grosso, para
obtenção do título de Mestre em Agricultura
Tropical.
CUIABÁ – MT
2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título: ASPECTO DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO SOB FLORESTA PRIMÁRIA Autor: LUIZ CARLOS MATTOS RODRIGUES Orientador: Prof. Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO
Aprovado em 22/11/2005.
Comissão Examinadora
____________________________________
Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto (FAMEV/UFMT) (Orientador)
_________________________________
Prof. Dr. Oscarlina Dos Santos Weber (FAMEV/UFMT) (Membro da banca I)
_________________________________
Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim (FAMEV/UFMT) (Membro da banca II)
_________________________________
Prof. Dr. Edgar Alfredo Tzi Tziboy Dr. Em Energia Nuclear na Agricultura
R696a Rodrigues, Luiz Carlos Mattos. Aspecto da variabilidade de atributos físicos e químicos do solo sob sob floresta primária. / Luiz Carlos Mattos Rodrigues. – Cuiabá: o autor, 2005. 79 fls. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Campus de Cuiabá.
1. Agricultura. 2. Ciência do Solo. 3. Pedologia. 4. Análise. 5. Pro- priedade química. 6. Propriedade física. 7. Floresta. 8. Amazônia. 9. Mato Grosso. I. Título. CDU 631.41
DEDICATÓRIA
Ao nosso Pai Celestial
Aos meus pais Antonio Luiz (in
memória) e Laura pelo exemplo
de vida; às minhas irmãs Marly e
Márcia.
A minha querida e eterna esposa
Vera Lúcia.
Aos meus Filhos, Rodrigo, Thiago,
Gabriel e Tammy pela
compreensão da ausência dos
seus melhores momentos que não
pude compartilhar como pai.
AGRADECIMENTOS
Ao INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Superintendência Regional de Mato Grosso SR – 13 – MT, Unidade
Avançada do Vale do Araguaia - UAVA, Barra do Garça – MT.
Ao professor Eduardo Guimarães Couto, pela orientação, ensinamento e
confiança no direcionamento desta pesquisa.
Aos professores: José Fernando Scaramuzza, Walcylene L. A. M. P.
Scaramuzza, Oscarlina Lucia Santos Weber e também não menos
importantes aos demais professores da pós-graduação em
Agricultura Tropical.
Aos grandes e verdadeiros amigos de curso João Paulo Novaes Filho,
Léo Adriano Chig e Evandro Carlos Selva, pelo companheirismo,
contribuição, apoio neste trabalho de pesquisa e convivência no
curso de pós-graduação.
A Maria Minervina e Denise A. de A. Alves, secretárias do programa de
pós-graduação em Agricultura Tropical.
Ao grande grupo de pesquisa LBA (The Large-Scale Biosphere-
Atmosphere Experiment in Amazônia)/ND11, nas pessoas de
Johannes Lehmann, Susan Riha, Erick Fernandes, Ted Feldpausch,
Stefan Jirka, Mark Johnson, Mara Abdo, Elielton e Benedito, que
além de colaboradores se tornaram grandes amigos.
À Madeireira Rhoden, por ceder a área para os estudos e apoio logístico.
À cooperação Universidade Federal de Mato Grosso com a Cornell
University (New York - USA) pelo apoio no projeto de pesquisa.
ÍNDICE Pagina
Capitulo 1. Aspecto da variabilidade de atributos físicos e químicos do solo sob floresta Amazônica................................ 071.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 091.2. REVISÃO BIBLIOGRÀFICA......................................................... 111.2.1 Carbono..................................................................................... 111.2.2 Fluxos de carbono, nitrogênio e potássio no relevo................... 131.2.2.1 Gradientes topográficos e o conteúdo de carbono......... 141.2.2.2 Nitrato...................................................................................... 151.2.2.3 Potássio (K)............................................................................. 191.2.3 Biogeoquímica........................................................................... 201.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 22Capitulo 2. Fluxo de carbono, nitrato e potássio sob floresta primária no Noroeste do Estado de Mato Grosso............................... 272.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 292.2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................. 302.2.1 Localização da área de estudo.................................................. 302.2.2 Amostragem de solos........................................................ 312.2.3 Análises de química do solo...................................................... 312.2.4 Análise estatística...................................................................... 322.3 RESULTADO E DISCUSSÃO....................................................... 332.3.1 Distribuição do carbono orgânico total (COT) no perfil e no relevo das microbacias....................................................................... 332.3.2 Estoque de nitrato, potássio trocável e carbono orgânico total por camadas e por condição de relevo............................................... 342.3.3 Distribuição de carbono, nitrato, potássio (trocável e total) por microbacias até a profundidade de 8 metros...................................... 392.3.4 Relação carbono/nitrato (C/NO3
-)............................................... 412.4 CONCLUSÃO............................................................................... 432.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 44Capitulo 3. Estudo da gênese do solo a partir de elementos químicos em diferentes profundidades na região sul da floresta amazônica........................................................................................... 463.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 483.2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................. 513.2.1 Localização da área de estudo.................................................. 513.2.2 Método....................................................................................... 513.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................... 543.3.1 Formação dos solos pelas alterações dos materiais adicionados nas paisagens................................................................. 543.3.2 Elementos indicadores de descontinuidade litológica................ 553.3.3 Balanço geoquímico solo-material de origem............................ 693.4 CONCLUSÔES............................................................................ 753.5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA…………………………………… 76
CAPITULO 1. ASPECTO DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO SOB FLORESTA PRIMÁRIA RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Universidade Federal de Mato Grosso, Junho de 2005. ASPECTO DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO SOB FLORESTA PRIMÁRIA. Orientador: Professor Dr. Eduardo Guimarães Couto.
RESUMO: Nas últimas décadas diversos programas de pesquisa e
avaliações dos ecossistemas naturais foram implantados na região Amazônica,
com o objetivo de demonstrar a superioridade ecológica e econômica da região.
Um grande exemplo disso é o programa do projeto LBA (Experimento de Grande
Escala da Biosfera – Atmosfera na Amazônia – Grupo - ND11) que estuda
principalmente o papel da Amazônia em relação ao clima global. Além disso,
buscam-se alternativas para minimizar e controlar o desmatamento na Amazônia
Legal e no Cerrado. Com o objetivo de estudar os aspectos da variabilidade dos
atributos físicos e químicos do solo sob floresta Amazônica, em uma área do
município de Juruena - MT, foram coletadas 187 amostras de solos, nas
seguintes profundidades: de 0 - 0,6 m; de 0,6 - 1,0 m, e a partir de um metro as
coletas foram feitas a cada metro de profundidade até atingir oito metros. Foram
determinados teores de nitrato, carbono total, potássio, silício, alumínio, titânio e
ferro. Foi verificado que os teores de nitrato, de potássio e de carbono
apresentaram variações em profundidade em relação à variação do fluxo do
lençol freático. Os materiais presentes nas diferentes paisagens da área
estudada são alóctones (ex-situ), ou seja, os solos são formados pelas
alterações dos materiais adicionados nas paisagens.
Palavras chaves: formação do solo, sorção do solo, elementos químicos,
densidade do solo
RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Federal University of Mato Grosso, June of 2005. SOIL PHYSICAL AND CHEMICAL VARIABILITY UNDER PRIMARY FOREST. Advisor's: Teacher Dr. Eduardo Guimarães Couto. ABSTRACT: In recent decades, various research programs and
ecosystem analyses have been undertaken in the Amazon with the
objective of describing the ecological and economic potential of the region.
A recent example of this is the Large Scale Biosphere-Atmosphere
Experiment in Amazonia (LBA), which studied the role of Amazonia in
relation to the global climate. In addition, LBA explored alternatives to
minimize and control deforestation in Amazonia and in the Savanna. Soil
samples were collected to depths of 8 m in Juruena, Mato Grosso in order
to study the variability of physical and chemical characteristics of forested
Amazonian soil. Nitrate, potassium and carbon contents varied with depth
in relation to depth to water table. Surficial soil materials in some
landscape positions were found to be allochthonous (ex-situ), resulting
from depositional processes.
Keywords: soil formation, adsorption, chemical elements, soil density
1.1. INTRODUÇÃO
Desde os estudos iniciais sobre o ciclo biogeoquimico da região
Amazônica, tornou-se evidente que a variabilidade química e física da
região estava fortemente vinculada à heterogeneidade geológica da Bacia
Amazônica.
Com base nas distintas diferenças de geologia, tipos de solos e
vegetação, sendo que Fittkau et al. (1975) dividiu a bacia Amazônica em
três grandes províncias geoquímicas: região periférica do oeste, onde
predominam os solos das várzeas e as águas são ricos em nutrientes; a
região da Amazônia central, onde os solos e as águas são deficientes em
nutrientes; e as regiões periféricas do sudoeste e noroeste, com solos
desenvolvidos sobre embasamento de rochas pré-cambriana e com
composição química intermediaria.
Os solos amazônicos, principalmente os da Amazônia central e
parte da região sul caracterizam-se por apresentar baixo teor de bases e
elevados teores de óxidos de ferro e alumínio. Assim, os processos
geomórficos que são responsáveis pela formação das paisagens,
refletem-se pela gênese e pela evolução dos solos, e somente são
compreendidos à medida que a variabilidade de alguns elementos
químicos marcadores do solo, como o Fe, Al, Si, e Ti são devidamente
estudados.
O movimento e a distribuição da água na vertente são fatores
diferenciados dos solos numa toposequência. As regiões úmidas das
florestas, o movimento lateral da água em subsuperfície é mais
importante, sendo o escoamento praticamente nulo (HALL, 1983).
Os solos da encosta e, principalmente, os situados nas partes mais
baixas são influenciados pela translocação lateral em subsuperficie. O
movimento lateral da água transporta os elementos Na, K, Ca, Mg, Si, Fe,
Al e Mn em solução, causando uma alteração da composição
10
mineralógica dos solos nas áreas do sopé (ANDRADE et al., 1976;
MONIZ et al., 1982).
Parte-se da hipótese que a descontinuidade litológica não afeta a
dinâmica de nutrientes.
O presente trabalho objetivou comparar a descontinuidade química
do solo em profundidade de diferentes paisagens sob Floresta Tropical
Ombrófila densa em uma área da região noroeste do estado de Mato
Grosso, município de Juruena.
11
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A vegetação devolve nutrientes ao solo por meio da ciclagem de
nutrientes, representada pela deposição de liteira, folhas, frutos,
sementes galhos grossos e finos, fezes de pequenos animais e raízes
(VOGT et al., 1986). Outro modo de transferência de nutrientes da
vegetação para o solo ocorre pelas águas de precipitação interna e
escorrimento pelos troncos (SELVA, 2005).
Solos moderadamente férteis sustentam florestas produtivas pela
ciclagem de grandes quantidades de nutrientes. Em florestas
desenvolvidas em solos mais pobres, como Latossolos e os Argissolos,
quantidades menores de fósforo e cálcio são recicladas de forma mais
eficiente. De modo geral, os solos da bacia amazônica são
intemperizados, não chegando, no entanto, no extremo desse processo,
pois, as transformações pedogênicas estão sempre ocorrendo, sendo
rápidas no início, e lentas no decorrer do tempo. Estes processos
envolvem reações químicas e trabalho físico e são influenciados por
fatores biológicos como a vegetação e a fauna, que atuam nas
características superficiais para produzir os horizontes do solo (VAN
WANBEKE, 2002).
1.2.1. Carbono no solo
Atualmente a região Amazônica tem sido considerada, como um
grande sumidouro de carbono, seja na biomassa como no solo, bem
como capaz de capturá-lo da atmosfera, influindo assim no clima da Terra
(PHILLIPS et al., 1998).
Os solos representam um importante estocador de carbono,
principalmente nos primeiros 100 cm iniciais de profundidade. Em média,
12
o solo retém o dobro da concentração de carbono atmosférico (BATJES,
1996).
De acordo com Batjes e Dijkshoorn (1999), os solos da Amazônia
contêm cerca de 66 Peta grama (Pg)1 de carbono. O conteúdo de C no
solo varia de acordo com o seu tipo, e principalmente em função da
vegetação, profundidade e textura. Considerando a profundidade de
30 cm, os solos do território brasileiro, armazenam em torno de 36,4±3,4
Pg C (BERNOUX et al., 2002). Entretanto, ainda existem incertezas
nestas estimativas, devido à variação da densidade das amostras, escala
das bases de dados, incompatibilidade de métodos analíticos,
variabilidade espacial e temporal dos teores de carbono e de métodos de
cálculo. A precisão de tais estimativas depende do número de pesquisas
em escalas mais detalhadas (BERNOUX et al., 1998).
O carbono presente na biomassa (vegetação) que pode passar
para a fase solo depende da decomposição desta, cujo mecanismo é
regulado por três grupos de variáveis: a natureza da comunidade
decompositora (macro e microorganismos); as características do material
orgânico que determinam sua degradabilidade (relação C:N) e as
condições do ambiente (ABER e MELILLO, 1991). No que diz respeito à
conservação do carbono no solo, o tipo de solo e principalmente a textura,
influenciam muito na retenção do carbono. De maneira que solos com
maior teor de argila tendem a fixar mais carbono (FONTANA et al., 2001).
Della Bruna (1985) analisando quimicamente uma liteira em
povoamento de eucalipto verificou que o carbono correspondeu a 50% do
total da liteira. No entanto, quando analisou o solo sob mata nativa
observou que esta tinha apenas 5,1% de carbono. O autor atribui que,
parte foi liberada para a atmosfera pela ação de microorganismos
decompositores e parte (5%) ficou retida no solo.
Toda produção da matéria orgânica (MO), está ligada ao tipo de
vegetação, do solo (atributos químicos, físicos e hídricos), do microclima
local. Normalmente, os maiores conteúdos de M.O. estão nos primeiros
100 cm, e vão variar com o total estocado, sendo que em média, 45% 1 Peta grama = 10g
15 = 100.000.000.000.000., é 10
12 maior que kg (10
3) = 1000
(INMETRO, 2005).
13
estão nos primeiros 20 cm, e há uma grande variedade espacial (LUIZÃO
e LUIZÃO, 1997).
As raízes de árvores sob floresta de terra firme se estendem até 18
m de profundidade. A principal função dessas raízes é na absorção de
água do lençol freático, que por sua vez, funcionam como bomba
biológica de nutrientes do solo (NEPSTAD et al., 1994).
1.2.2 Fluxos de carbono, nitrogênio e potássio no relevo
Os solos predominantes na Amazônia brasileira são os Latossolos,
os Argissolos e os Alissolos (IBGE, 2003), em geral profundos, com baixa
fertilidade, e suas frações de argila constituídas de minerais caulinita,
gibbsita, goethita e óxidos de ferro (KITAGAWA e MOLLER, 1979;
DEMATTÊ, 2000), resultando em uma mineralogia onde a presença de
minerais 2:1 está restrita a grupos de solos de várzea com menor taxa de
intemperismo (KRONBERG e NESBITT, 1981; KRONBERG e FYFE,
1983). Os níveis de Na, Mg, K, P, N, e Ca são consideravelmente baixos,
resultado do alto intemperismo (KRONBERG e FYFE, 1983; JORDAN,
1985).
A composição granulométrica e química também é diferenciada, sendo
encontrados teores altos de silte (>60%) e concentrações de Ca e Mg em
associação com altos teores de Al (GAMA, 1986; VOLKOFF et al., 1989;
GAMA et al., 1992; MARTINS, 1993; SILVA, 1999).
O material de origem, clima, biota, topografia e tempo são
determinantes das características dos solos durante o processo de
formação (BRADLY e WEIL, 1999). De forma geral, existe uma forte
relação entre o grau de intemperismo e as características físicas dos
solos. Intenso intemperismo durantes milhões de anos, resultaram em
solos de terra firme com baixa concentração de nutrientes, e em geral
profundos, bem drenados, e de excelente estrutura e alta estabilidade dos
agregados, que está relacionada à presença de óxidos de ferro e alumínio
mal cristalizados (JORDAN, 1986).
A variação das propriedades do solo ao longo de uma catena pode
ser causada por variações nas taxas de sedimentação ou erosão
14
superficial e na composição do material sedimentado ou exportado
(OLIVEIRA-FILHO et al., 1994). Resende et al. (1988) afirmaram que em
solos de topografia íngreme as perdas e os ganhos dos óxidos são
grandes diante das elevadas taxas de erosão superficial. Muitas vezes o
escoamento superficial dos excessos hídricos promove a remoção das
partículas do solo, que são depositadas na parte mais baixa da encosta,
surgindo um gradiente de textura mais fina encosta abaixo.
1.2.2.1 Gradientes topográficos e o conteúdo de carbono
Em florestas tropicais onde os solos são altamente intemperizados
são considerados sistemas pobres em nitrogênio, indicando que a textura
do solo algumas vezes associado com a topografia influencia os
processos biogeoquímicos e ecológicos (ANJOS et al., 1998). O relevo de
uma paisagem também é um importante fator de formação dos solos,
condicionando o fluxo de água (CUEVAS e MEDINA, 1986). Canellas et
al. (2000) avaliando a influência do relevo sobre a distribuição da matéria
orgânica, no Rio de Janeiro, observaram que o solo na posição na
toposseqüência influencia a dinâmica da água, e os teores das frações da
matéria orgânica.
Gradientes texturais ao longo da topografia, além de mostrar o
processo natural de formação dos solos, podem ser importantes fontes de
variação na dinâmica do nitrogênio. Luizão et al. (2004) ao avaliarem no
sopé a concentração de carbono e de nitrogênio do solo, atribuíram à
pequena taxa de mineralização e de nitrificação do N, o declínio do
conteúdo de argila (<10%) nesta posição da paisagem. Para os autores, a
condição de alagamento do sopé pode ter contribuído na disponibilidade
de nitrogênio.
Muitos estudos sobre carbono sugerem que o solo é um
compartimento importante no seu estoque, podendo sofrer variações no
seu conteúdo, principalmente, pela substituição da vegetação original
(VEJRE et al., 2003). Os solos podem variar no seu conteúdo de carbono,
quando se avalia um local com o outro, e na sua maioria os conteúdos de
carbono tendem a reduzir com a profundidade. Entretanto, em
15
determinadas espécies e locais, as raízes exercem papel importante nos
processos de acumulo do carbono em subsolos (RUMPEL et al., 2002).
1.2.2.2 Nitrato
Hefting et al. (2004) observaram que a flutuação do lençol freático
é o principal agente das transformações dinâmicas do nitrogênio. Quatro
padrões de flutuação do lençol freático foram categorizados pelos
autores, os quais influenciam nas transformações do nitrogênio no solo:
- Fluxo de N;
- Dinâmica do nitrogênio no solo;
- Fluxo de nitrogênio em florestas primárias; e
- Fluxo de nitrogênio na toposseqüência.
(1) Quando o nível do lençol freático está a 10 cm da superfície do solo, a
amonificação é o processo dominante, ocorrendo acúmulo de amônio no
topo do solo; (2) quando o lençol freático está entre 10 e 30 cm a
denitrificação é favorecida com a redução da disponibilidade de
nitrogênio, (3) e quando o nível de lençol freático está abaixo de 30 cm,
ocorre acúmulo de nitrato como resultado de alta taxa de nitrificação.
Nestes locais, a denitrificação posterior só acontecerá, em solos de
boa drenagem, quando ativada por eventos de chuva.
Estes mesmos autores observaram também que as concentrações
de nitrato no solo são influenciadas pela extensão da cobertura florestal
(concentrações de nitrato em florestas <10 ha foram maiores que em
florestas >50 ha), pelo tipo de uso (terras cultivadas tiveram maiores
conteúdos de nitrato que solos cobertos por florestas), pelo tipo de solo
(solos úmidos apresentaram concentrações mais baixas) e pela textura do
solo (solos com textura argilosa tiveram conteúdos mais altos que os
solos de textura arenosa).
Nas regiões tropicais úmidas, mesmo nos solos com baixos teores
de matéria orgânica, a lixiviação do nitrato é dificultada, embora não seja
totalmente impedida (RAIJ e CAMARGO, 1974).
16
Na região tropical os solos ricos em óxidos de ferro e de alumínio e
materiais amorfos interferem na adsorção do nitrato (KINJO e PRATT,
1971). De acordo com esses autores, estes óxidos teriam o efeito de
retardar o movimento do ânion, em relação ao movimento da água. A
adsorção é causada pela atração eletrostática entre o nitrato e os sítios
positivamente carregados destes materiais.
A retenção do nitrato nos solos está relacionada às propriedades
físicas da subsuperfície especifica e química do solo, tais como, pH,
matéria orgânica, concentração eletrolítica (BLACK e WARING, 1979).
A carga elétrica líquida relativa de um solo pode ser estimada pela
diferença (ΔpH) entre o pH em KCl 1N e pH em H2O. O ΔpH indica se o
pH do solo está abaixo ou acima do ponto de carga zero (PCZ). Portanto,
se o ΔpH for positivo, o pH do solo está abaixo do ponto de carga zero e
os colóides apresentam carga líquida positiva. O inverso ocorre, se o ΔpH
for negativo (PARFITT, 1980).
A carga elétrica líquida destes solos, tomando-se como índice o
ΔpH, pode ser explicada pelas proporções entre os teores de matéria
orgânica e argilominerais silicatados e oxídicos. A matéria orgânica e a
caulinita são as principais fontes de cargas negativas nos solos
intemperizados, destacando-se a primeira (SILVA e RESCK, 1997). Nas
camadas inferiores, com o decréscimo de matéria orgânica, os valores de
Δ pH podem se aproximar de zero ou se tornar positivos (EMBRAPA,
1978). Isso é importante visto que em solos que apresentam inversão de
carga em subsuperfície, a retenção de nitrato deve ser maior do que
naqueles em que a carga elétrica líquida é negativa em todo o perfil.
As taxas de mineralização e nitrificação de N são indicadores da
habilidade do solo em prover N para o crescimento das plantas. A
mineralização microbiana de NH4
+-N da matéria orgânica do solo é a fonte
principal de N disponível para a planta e na maioria dos ecossistemas de
floresta as taxas de mineralização podem regular a produtividade destas
(PASTOR et al., 1984).
Rodrigo et al. (1997) consideram que as transformações do
nitrogênio no solo dependem fortemente do conteúdo de água no solo. A
17
capacidade efetiva de troca de ânions quando excede a CTC, o amônio
(NH4
+) torna-se mais móvel e mais propenso a lixiviação que o nitrato
(SOLLINS et al., 1988). Para Wong et al. (1990) as cargas positivas em
superfícies pertencem a grupos hidroxílicos das argilas do grupo 1:1 e em
superfície de hidróxidos e óxidos de ferro e alumínio favorecem o
potencial de absorção de nitrato, e são comuns em solos ácidos como os
latossolos e argissolos.
Os solos nos trópicos úmidos são conhecidos por apresentarem
baixa capacidade de retenção de nutrientes e alta suscetibilidade para a
lixiviação (VAN WAMBEKE, 1992).
Alguns Latossolos da Amazônia Central apresentam grandes
acúmulos de nitrato em subsuperficie, principalmente em áreas com
sistemas agroflorestais e florestas primárias (SCHROTH et al., 1999).
Neill et al. (1995) estudando a influência da transformação de
florestas em pastagem sobre as transformações de formas inorgânicas de
nitrogênio e nitrificação em duas cronossequências de terra firme em
Rondônia, encontraram que, os conteúdos de nitrogênio inorgânico total
foram similares nos 10 cm de profundidade nos locais estudados. Amônio
e nitrato foram similares em solo sob floresta (2 - 10 mg.kg-1
de solo seco),
enquanto amônio (NH4
+) foi a forma dominante de nitrogênio inorgânico
nas pastagens. Além disso, os autores observaram que a nitrificação
primária diminuiu com o aumento da umidade do solo. Os autores
ressaltam ainda que as altas taxas de mineralização e nitrificação em
solos sob florestas sugerem também um grande potencial de perdas de
nitrato através de lixiviação ou emissão de gases.
A lixiviação de nitrato é controlada pela disponibilidade de água e
de compostos solutos (VANCLOOSTER et al., 1995).
Jama et al. (1998) determinaram que o crescimento radicular das
plantas, possibilita a capitação mais eficiente do NO3
- retido nas
superfícies das cargas positivas.
Callesen et al. (1999), determinaram que as perdas de nitrato por
lixiviação são potencializadas a profundidades de 75 a 100 cm, sendo que
18
condições para a lixiviação de nitrato necessitam de menor concentração
de NO3
-, abaixo da zona radicular das plantas.
A dinâmica do nitrato nas diferentes profundidades de solos sob
cerrado e sob áreas de cultivo soja e milho foi avaliado por Oliveira et al.
(2000), e observaram que o nitrato adsorvido aumentou com a
profundidade, com maior adsorção nos solos sob cerrado, sendo o
aumento da adsorção de nitrato atribuído à redução da matéria orgânica
em subsuperfície.
A influência de propriedades do solo até a profundidade de dois
metros, para a distribuição da forma inorgânica de nitrogênio na região do
Quênia (África Central), foi avaliada por Shepherd et al. (2001) em quatro
tipos de rochas, segundo a origem (rochas ígneas acidas, rochas ígneas
básicas e dois tipos de rochas sedimentares) e observaram
concentrações variadas de nitrato (0,1 a 10 mg de N.kg-1
até 0.25 m de
profundidade e 0,1 a 16 mg de N.kg-1
até 2,0 m de profundidade). Os
conteúdos de nitrato entre 0,5 a 2,0 metros de profundidade,
apresentaram duas vezes mais altos em solos de origem sedimentar
(≅57 kg de N.ha-1
) que nos outros solos (≅20 a 30 kg de N.ha-1
). Entre 0,5
a 2 metros de profundidade a concentração de nitrato não está
relacionada à capacidade efetiva de troca de ânions e possibilita acúmulo
de até 70 kg N.ha-1
. De acordo com os autores, apesar de ser difícil
a predição dos conteúdos de nitrato no subsolo em culturas anuais, a
relação entre o material de origem, a capacidade de troca catiônica (CTC)
e o teor de argila podem ajudar a explicar a distribuição e acumulação
deste ânion em profundidade.
A lixiviação de nitrato em florestas seculares da Austrália, na
Europa Central, foi estudada por Zechmeister-Boltenstern et al. (2002),
onde observaram que os pulsos de lixiviação foram acompanhados de
aumentos de taxas de emissões de nitrito, sendo que as taxas mais altas
de emissão ocorreram no mês de julho, no verão europeu.
O aumento da adsorção de nitrato causado pelo acréscimo de
caulinita, óxidos de ferro e alumínio e de eletrólitos ou pelo decréscimo do
19
pH e do teor de matéria orgânica pode diminuir as perdas da lixiviação de
nitrogênio do solo (QAFOKU e SUMNER, 2001).
Os padrões de perda de nitrato orgânico e mineral (NO3
-) até a
profundidade de 5 m são causados por eventos de precipitação hídrica.
Renck e Lehmann (2004) verificaram que as perdas de NO3
- por lixiviação
foram altamente relacionadas com a frente de avanço da água do
subsolo.
1.2.2.3 Potássio (K)
A concentração de macro e micronutrientes na solução dos solos
tropicais é, em geral, extremamente baixa, devido à dissociação do ácido
carbônico (H2CO
3). Este ácido é produto da respiração de microrganismos
decompositores e das raízes das plantas superiores, que geram íons
hidrogênio (H+), os quais substituíram os cátions e ânions como Ca
+2, K
+ e
N.NH4+.
Tisdale e Nelson (1993) mostraram que o potássio está presente no
solo em diversas formas, muitas não disponíveis às plantas. Os mesmos
autores classificaram as formas de potássio em ordem crescente de
disponibilidade, sendo: estrutural (mineral), não trocável ou dificilmente
disponíveis, trocável e em solução.
Konhauser et al. (1995) analisando solos da Amazônia central
observaram que três tipos de minerais acumulados durante o
intemperismo podem ser usados como indicadores da intensidade
regional do intemperismo químico: (1) minerais complexos de argila que
incorporam os cátions Na+, K
+, Mg
2+, Ca
2+ em sua estrutura e têm alta
capacidade de troca de íons (principalmente com íons de H+); (2) minerais
do grupo caulinita, onde as estruturas de aluminossilicatos podem
incorporar cátions de elementos maiores como Na+, K
+, Mg
2+, Ca
2+ nos
espaços superficiais e intersticiais das estruturas cristalinas e (3) minerais
de alumínio na fase óxido/hidróxido, como a gibsita (Al(OH)3) que se
20
acumulam no estágio final do intemperismo de minerais do grupo
caulinita.
Em solos da região sul de Mato Grosso, Couto et al. (2000)
verificaram que os teores de potássio trocável são influenciados pelas
diferentes classes de solo, devido às diferentes práticas de manejos
adotados, cujos teores de potássio e de argila apresentaram moderada
dependência espacial com a presença de anisotropia, tanto em horizontes
alterados quanto nos não alterados por atividades antrópicas.
Jordan (1982) considera que é mais comum observar os teores de K
aumentando em profundidade por causa da substituição por cargas
positivas presentes no solo.
O processo virtualmente completo de dissolução dos feldspatos na
Amazônia central indica baixos níveis de cátions como Na, K e Ca em sua
estrutura, indicando que em áreas de florestas úmidas a ação biológica é
uma importante fonte geradora dos íons de Na, K e Ca (STALLARD e
EDMAND, 1983).
1.2.3 Biogeoquímica
Os solos são muitas vezes considerados como produto das
interações entre o clima e as formações geológicas da crosta terrestre. Os
processos envolvem reações químicas e físicas que são influenciados por
fatores biológicos, como a vegetação e a fauna, que atuam nos materiais
superficiais para formar os horizontes do solo. Os materiais que formam
os horizontes são designados como “material de origem” do solo. Eles
têm sua própria história ou pré-história, já que este material passou por
diversas transformações sob a influência climática, antes de estar
depositado na sua presente locação (VAN WAMBEKE, 1992).
Van Bremen e Buurman (1998) consideram a gênese de formação
do solo como mudanças nas propriedades do solo que influenciam a
quantidade que um componente ou mineral aumenta ou diminui em certos
horizontes ou camadas sedimentares. Geralmente, cada mudança é lenta,
e só é percebida após décadas ou milênios. Desta maneira, a maioria das
propriedades do solo que se modificam durante o período de formação do
21
solo são relativamente estáveis. Muitas vezes, no entanto, os efeitos da
formação do solo podem ser visualizados em semanas a meses.
Birkeland (2000) utilizou analise química total para comparar graus
de intemperismo em amostras de rocha e saprolitos em vários estágios de
intemperização.
Segundo Wilding et al. (1983) os cálculos “isovolumétricos” indicam
as efetivas mudanças que a decomposição química produz, onde no
intemperismo toda a sílica e elementos alcalinos-terrosos são removidos,
enquanto elementos com potencial iônico intermediários como o ferro,
alumínio e titânio se acumulam por concentração residual.
A distribuição percentual dos componentes mineralógicos
existentes no solo esta relacionada principalmente à intensidade do
intemperismo e da lixiviação (KER, 1995).
22
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPITULO 2. FLUXO DE CARBONO, NITRATO E POTASSIO SOB FLORESTA PRIMÁRIA NO NOROESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Universidade Federal de Mato Grosso, Fevereiro de 2005. FLUXO DE CARBONO, NITRATO E POTASSIO SOB FLORESTA PRIMÁRIA NO NOROESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO. Orientador: Professor Dr. Eduardo Guimarães Couto.
RESUMO: O relevo, além de ser um dos fatores de formação do solo,
influencia na distribuição de nutrientes e de espécies vegetais na
paisagem. O objetivo deste trabalho foi identificar padrões de variação
nos estoques de nitrato, carbono e potássio em diferentes posições da
paisagem (platô, encosta e sopé) em microbacias. Foram coletadas
amostras de solo por tradagem nas profundidades de 0 – 0,6 m; 0,6 - 1,0
m; e a partir de 1 m de profundidade foram realizadas a cada metro até
atingir oito metros ou impedimentos físicos, totalizando 187 amostras do
platô ao fundo do sopé. As partes mais baixas da paisagem tiveram os
menores estoques de nitrato em relação ao topo; conteúdos de K indicam
que houve processo de remoção por lixiviação em profundidade desse
elemento nas formas tocável e total; houve processo contínuo de
renovação da paisagem o que pode também influenciar na sua
fitofisionomia; as maiores variações no estoque de carbono ocorreram
nos três primeiros metros de profundidade.
Palavras-chave: dinâmica de nutrientes, microbacias, solos amazônicos
RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Federal University of Mato Grosso, February of 2005. CARBON, NITRATE AND POTASSIUM UNDER PRIMARY FOREST IN THE NORTHWEST OF MATO GROSSO STATE, BRAZIL. Advisor's: Teacher Dr. Eduardo Guimarães Couto. ABSTRACT: Topography plays an important role in soil formation and in
the distribution of soil nutrients and vegetative species in the landscape.
The objective of this work was to identify patterns in the variation in soil
stocks of nitrate, carbon and potassium in different landscape positions in
forested microbasins. Soil samples were collected to 8 meters depth in
plateau, hillslope and valley bottom positions. The lowest parts of the
landscape had less nitrate relative to the upper plateau position, while
potassium stocks indicated leaching to depth of both exchangeable and
total K. The greatest variability in soil carbon stocks was observed in the
upper three meters of soil. Continuous renewal of nutrients and their
cycling through the landscape is an important influence on the
phytophysiognomy within watersheds.
Keywords: nutrient cycling, microbasins, Amazonian soils
2.1 INTRODUÇÃO
A ciclagem dos nutrientes constitui a principal maneira que as
áreas sob florestas tropicais utilizam para manter o equilíbrio. No entanto,
os solos nestes ambientes são conhecidos por sua baixa capacidade de
retenção de nutriente e alta susceptibilidade à lixiviação. Somando a isto,
pouco se conhece quanto à dinâmica dos nutrientes de maior
variabilidade, como o nitrato (NO3-), carbono (C) e potássio (K) da fração
sólida do solo. Assim, parte-se da hipótese que o relevo e a formação do
solo em conjunto com a paisagem influenciam diretamente no estoque de
carbono e na lixiviação de nitrogênio (NO3-) e de potássio (K+) em
ambientes naturais (não submetidos à antropização).
Desta maneira, o objetivo deste trabalho foi avaliar num solo de
floresta tropical não perturbado a variabilidade dos estoques de nutrientes
no solo de carbono, de nitrato e de potássio em diferentes posições da
paisagem em profundidade (platô, encosta e sopé).
30
2.2 METODOLOGIA
2.2.1 Localização da área de estudo.
O presente trabalho foi desenvolvido na Fazenda Rhosamar,
propriedade da Rhoden Indústria Lígnea, localizada nas coordenadas 10°
19’46’’ S e 58° 28’43’’WGr, a noroeste do estado de Mato Grosso, no
município de Juruena. O local de estudo é formado por quatro
microbacias hidrográficas de aproximadamente um hectare, as quais
fazem parte dos afluentes do Rio Juruena (Figura 1). As microbacias
estão cerca de 270 m de altitude, com relevo suave a ondulado.
FIGURA 1. Localização da área de estudo no estado de Mato Grosso,
Brasil.
O clima regional é classificado como Am pelo sistema de Köppen,
com temperatura média anual de 24°C. A precipitação total anual durante
o ano de 2003 foi de 2.379 mm (JOHNSON et al., 2004), com temperatura
31
do ar variando entre 16 a 32ºC. O regime de umidade do solo é
caracterizado como ústico, pois compreende um período seco de mais de
90 dias (VAN WAMBEKE, 2002).
A vegetação é classificada, segundo IBGE (1990), como floresta
tropical ombrófila densa, em todo o trecho do interflúvio Juruena e Teles
Pires. Na depressão formada pela litografia Pré-Cambriana do complexo
Xingu, os solos são classificados, segundo Novaes Filho (2005), como
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico plíntico, em grande parte sob
Floresta Ombrófila aberta (BRASIL, 1980). Os tipos de solos das
microbacias variam muito e a curta distância, com predominância de dois
solos: os Latossolos e os Argissolos, com aumento nos teores de argila
em profundidade.
2.2.2 Amostragem dos solos
As amostras de solos foram coletadas em quatro microbacias,
sempre seguindo o eixo central das mesmas, previamente detectado por
levantamento altimétrico do local. Foram perfurados três pontos com trado
tipo holandês em cada microbacia, sendo coletadas amostras nas
profundidades de 0 – 0,6 m; 0,6 - 1,0 m; e a partir de 1 metro as coletas
foram realizadas a cada metro até atingir oito metros ou impedimentos
físicos, totalizando 187 amostras.
2.2.3 Análises de química do solo
As determinações de pH, K e de granulometria seguiram os
métodos da EMBRAPA (1997), que resumidamente são descritas:
- pH em água e em cloreto de potássio na relação 1:2,5 e
determinação por potenciometria.
- Potássio trocável (Ktroc) – extração na solução de Mehlich e
determinado em fotômetro de chama.
32
- O método utilizado para determinar o carbono orgânico total
(COT) foi a combustão seca em analisador Multi N/C 3000, (Analytik
Jena), descrita em Buurman et al. (1996).
- Nitrato (NO3-) – Preliminarmente ao campo, pesou-se 40 g da
amostra do solo úmido num recipiente plástico de 250 mL e adicionou-se
150 mL de uma solução de KCl mol-1, agitou-se manualmente, por 5
minutos, seguindo de repouso por 16 horas, a fim de promover a redução
de anion (NH4+) em nitrato (NO3
-). Feito isso, coletou-se 20 mL do extrato
e resfriou-se a 4°C para posterior determinação do nitrato.
- A umidade do solo foi determinada pelo método
termogravimétrico.
- O método utilizado para a determinação do nitrato foi o de
Mackaret et al. (1978), que consistiu, inicialmente, em passar de 7 a
10 mL min-1 da amostra por uma coluna redutora de cádmio, em que
NO3-. Foi reduzido para NO2
- obtido o estado de N-NO2-.este quantificado
por colorimetria a 543 nm.
- ΔpH, obtido indiretamente por: ΔpH = pH KCl – pH H2O; se pH
H2O > pH KCl = negativo.
2.2.4 Análise estatística
Os procedimentos estatísticos foram realizados no software SPSS
10.
33
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1 Distribuição do carbono orgânico total (COT) no perfil e no
relevo das microbacias
O teor de COT no perfil e na paisagem é apresentado na Figura 2.
De modo geral, os teores de COT no perfil decresceram em profundidade
e nas diferentes unidades da paisagem. As maiores quantidades foram
observadas nos primeiros 60 cm, com redução constante das quantidades
até 3 metros, e a partir daí mantendo-se constante até 8,0 m de
profundidade. Resultados semelhantes foram obtidos por Hughes et al.
(2002) em Rondônia.
Esta tendência é comum para a maioria dos solos, e foi semelhante
com os resultados obtidos por Melo (2003), em localidades no Estado do
Acre.
Nepstad et al. (1994) observaram em ambientes amazônicos,
ocorrência de raízes a profundidades próximas a 8 m. No entanto, neste
trabalho não se constatou o acúmulo de COT abaixo de 3,5 metros de
profundidade.
34
FIGURA 2. Distribuição do COT no perfil e nas diferentes unidades de
paisagem.
Os teores observados no platô alcançaram valores de pico de
cerca de 18 t de C.ha-1
. Os observados na encosta alcançaram valores de
cerca de 23 t de C.ha-1
, enquanto que, no sopé observou-se valores de
cerca de 25 t de C.ha-1
. Esta variação pode ser atribuída à influência do
acúmulo de matéria orgânica nas porções mais baixas da paisagem
(NOVAES FILHO, 2005). Os resultados encontrados foram contrários
àqueles encontrados por Luizão et al. (2004), em que os maiores teores
de carbono estavam nas posições mais altas (platô) e os menores valores
foram observados nos pontos mais baixos (encosta e sopé).
2.3.2 Estoque de nitrato, potássio trocável e carbono orgânico total por camadas e por condição de relevo
Os teores de COT e K foram significativamente superiores na
primeira camada (0 a 3 m), quando comparada às demais camadas. O
mesmo não ocorre com o nitrato (Tabela 1).
Observa-se que cerca de 50% do total de carbono estão nos
primeiros 100 centímetros do perfil, equivalente à aproximadamente
66 t de C.ha-1
(Tabela 1), resultado da incorporação da liteira à fração
35
mineral do solo. Estes resultados foram menores que os encontrados por
Melo (2003), no Estado do Acre, mas, são semelhantemente aos obtidos
por Luizão e Luizão (1997) em Latossolos no Estado de Roraima.
TABELA 1. Estoque de nitrato (NO3
-), potássio, carbono orgânico total (COT) nas camadas de 0,0 a 3,0 e 3,0 a 8,0 metro das quatro microbacias
Parâmetros Estoque N Média Mínimo Máximo S.D. C.V.
1 104 7,027 a 0,000 49,796 9,538 1,357 NO3 2 83 9,203 a 0,000 75,714 13,436 1,460
1 104 24,315 a 2,296 119,880 24,764 1,018 K 2 83 15,239 b 2,110 64,500 14,001 0,919
1 104 4,816 a 0,278 18,442 4,084 0,848 COT 2 83 0,552 b 0,242 2,488 0,312 0,566
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem em 5%, pelo teste de Tukey.
Os teores de NO3
- entre as camadas de solo das quatro
microbacias não diferiram estatisticamente. Ao comparar os teores de
carbono nas camadas de solo entre as microbacias observou-se que
houve maior significância estatística na camada de 0 – 1 m, relacionando-
se diretamente à maior disposição da liteira.
Contudo, considerando o conteúdo de argila de aproximadamente
30% na camada de 0 - 1,0 m (Figura 3), o solo em estudo apresenta teor
médio de carbono de 65,9 t de C.ha-1
, menor que o valor obtido por
Moraes et al. (1995), num Latossolo Vermelho Amarelo, na região da
Bacia Amazônia.
A Figura 4 expressa a variação granulométrica em profundidade na
microbacia 2, na qual o Latossolo é predominante (NOVAES FILHO,
2005). A textura do solo demonstrou acréscimo no teor de argila até os
primeiros metros de profundidade, decrescendo a partir de 1 m até 8
metros de profundidade. Porém, a fração sílte apresentou acréscimo no
seu teor conforme aumento da profundidade.
36
FIGURA 3. Variabilidade da granulometria no perfil da microbacia 2.
Avaliação da biomassa na mesma área de estudo por Feldspauch
(comunicação pessoal), correspondeu a 300 t de C.ha-1. Segundo Luizão
(1998) e Selva (2005), 47% do carbono corresponde a 140 t de C.ha-1, ou
seja, mais que o dobro de carbono na forma de biomassa, podendo este
carbono ser liberado para a atmosfera, caso a vegetação seja queimada
ou desmatada, refletindo assim, no efeito estufa.
Os conteúdos médios de carbono (t.ha-1) até 8 metros de
profundidade no solo não deferiram entre si quando comparados às
diferentes microbacias (Tabela 2).
O potássio apresentou o comportamento com a seqüência
B4<B2≤B3=B1, com baixos conteúdos nas microbacias 1 e 3 e maiores
nas microbacias 2 e 4. Para nitrato obteve-se a seqüência B3=B2≠B1=B4,
com as microbacias 2 e 3 com os maiores conteúdos.
37
TABELA 2. Estoque de NO3-, K e COT por microbacia na profundidade de
0,0-8,0 m
Parâmetros Bacia N Média Mínimo Máximo S.D. C.V. 1 45 4,894 b 0,000 49,796 9,286 1,897 2 53 10,506 a 0,000 54,853 11,744 1,118 3 44 12,772 a 0,000 75,714 14,943 1,170 NO3
4 45 3,458 b 0,000 25,643 5,062 1,464 1 45 14,510 b 4,044 64,500 14,131 0,974 2 53 24,798 ab 2,186 92,500 19,589 0,790 3 44 14,430 b 2,296 57,200 12,723 0,882 K
4 45 26,476 a 2,110 119,880 30,721 1,160 1 45 2,339 a 0,248 10,487 2,810 1,201 2 53 3,569 a 0,255 18,442 4,478 1,255 3 44 2,528 a 0,242 13,235 3,298 1,305 Carbono
4 45 3,133 a 0,278 17,760 3,878 1,238 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem em 5%, pelo teste de Tukey.
A variação nos conteúdos de carbono, nitrato e potássio são
influenciados por fatores pedogenéticos. A microbacia 4 apresenta os
maiores teores de potássio trocável (K) em local de intemperismo de mais
recente. Os altos conteúdos de nitrato foram relacionados à posição
topográfica mais elevada.
Neill et al. (1995) afirmam que a boa drenagem é um dos fatores
que contribuem para a formação do ânion NO3
-. Destaca-se que devido às
variações dos teores desses elementos, principalmente o carbono,
dificulta estimar ou generalizar as reais potencialidades destes solos para
estocar carbono e outros nutrientes.
Ao analisar as quatro microbacias por secção da paisagem não
observou-se alteração nos teores de nitrato do platô para o sopé (Tabela
3).
Os maiores teores de K foram observados no sopé (Tabela 3). Este
comportamento denota do processo de lixiviação do potássio, resultado
do processo mais intenso de movimentação no perfil do solo, facilmente
substituído por outros cátions nas superfícies das argilas, tornando-o mais
susceptível ao transporte (JORDAN, 1982).
38
O aumento do teor de potássio total no sopé também reforça a
idéia de sedimentação e/ou remoção de partículas do solo do platô para o
sopé (Tabela 3), resultados corroborando com Novaes Filho (2005).
TABELA 3. Estoque de NO3
-, K e COT por microbacia na profundidade de 8,0 m por condição de relevo
Parâmetros Posição N Média Mínimo Máximo S.D. C.V.
1 80 9,031 a 0,000 54,853 11,244 1,245 2 72 6,237 a 0,000 75,714 11,695 1,875 NO3
3 80 9,031 a 0,000 54,853 11,244 1,245 1 80 19,228 b 2,296 92,500 15,941 0,829 2 72 9,303 c 2,110 57,200 8,958 0,963 K 3 35 45,300 a 9,400 119,880 27,967 0,617 1 80 2,962 ab 0,248 18,442 4,021 1,358 2 72 2,360 b 0,242 12,857 3,020 1,279 Carbono 3 35 3,993 a 0,278 17,760 4,123 1,033
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem em 5%, pelo teste de Tukey.
A distribuição ou deposição de nutrientes em relação ao relevo é
muito importante, pois além de dizer muito dos processos de formação do
solo também influencia na formação florestal. Por exemplo, Johnson et al.
(2005) observou presença de palmeiras no sopé no mesmo local do
presente estudo. De acordo com Moreno e Schiavini (2001), as
fitofisionomias podem variar com os atributos químicos do solo (potássio,
matéria orgânica, etc.). Para estes autores, algumas espécies vegetais
encontram-se distribuídas num gradiente florestal, seguindo a variação da
composição físico-química, indicando que o solo representa um
importante papel na estruturação vegetal ao longo do gradiente florestal,
razão pela qual Johnson et al (2005) observaram maior ocorrência de
palmeiras próximas aos córregos das microbacias.
Contudo, os valores de NO3- e carbono, nesta camada variaram
com o relevo, sendo que a menor média foi encontrada no sopé para
ambas as variáveis (Tabela 3). Este comportamento é comum para o
NO3-, já que em ambientes mais úmidos espera-se maior redução de
nitrato para nitrito (NO2-) (NEILL et al., 1995).
39
2.3.3 Distribuição de carbono, nitrato, potássio (trocável e total) por microbacias até a profundidade de 8 metros
Os teores de potássio trocável e total (Figura 4) aumentaram ao
longo do perfil. Provavelmente houve intensa lixiviação e remoção, não
devendo descartar a presença de camadas rochosas de litologias
diferentes, o que pode condicionar diferenças notáveis na concentração
desse íon, superando assim, os processos de ciclagem e de lixiviação.
Os teores das duas formas de potássio apresentaram distribuição
uniforme no perfil do solo do platô, caracterizando que a ciclagem deste
íon foi mais efetiva que a lixiviação. O contrário ocorreu no perfil do solo
da encosta e do sopé, em que os teores de potássio nas duas formas
estudadas aumentaram, sendo indício de sua freqüente lixiviação.
FIGURA 4. Potássio total e Potássio trocável em profundidade na
microbacia 2.
As concentrações de nitrato no solo (Figura 5) variaram de valores
muito baixos e não detectáveis até valores próximos de 10 kg ha-1
,
considerando o limite de 8 metros de profundidade, para as diferentes
condições de relevo.
40
Diferentemente do potássio, a distribuição do nitrato é aleatória. A
saturação do solo por água do lençol freático também é considerado,
como importante influência na variação do conteúdo de nitrato no solo.
Hefting et al. (2004) afirmam que a flutuação do lençol freático é a
principal causa da dinâmica das transformações do nitrogênio.
Johnson et al. (2004) observaram nesta mesma área de estudo que
a profundidade medida do lençol freático variou de 4,0 a 8,0 metros de
profundidade, sendo correlatos às concentrações de nitrato encontrados
no perfil do solo analisados entre 4,0 a 8,0 metros.
FIGURA 5. Teor de nitrato no perfil do solo e do relevo.
Os valores de ΔpH do solo estudado variam em profundidade. Nas
primeiras camadas os valores são próximos ao ponto de carga igual a
zero, e nos demais, a carga líquida aumenta de acordo com a
profundidade (Figura 6).
Nas camadas inferiores, com o decréscimo de matéria orgânica, os
valores de ΔpH podem se aproximar a zero ou se tornarem positivos
(EMBRAPA, 1978). No entanto, não se observou esta tendência no
presente trabalho, tendo em vista que a adsorção de nitrato no solo
41
depende da presença de cargas positivas, em quantidades suficientes
para garantir que tal fenômeno ocorra.
FIGURA 6. Tendência do ΔpH no perfil do solo no platô, na encosta e no
sopé da microbacia 2.
Na profundidade de até 8,0 m separadas por microbacia (Tabela 2)
foi observado que as quantidades de carbono se assemelham ao teor
estocado na biomassa (300 t.ha-1 Feldspauch comunicação pessoal), em
que a microbacia 4 apresenta o maior estoque (421,0 t.ha-1). Entretanto,
essa diferença não foi significativa.
Os estoques de nitrato até 8,0 m, foram maiores (<0,05) seguindo o
mesmo comportamento analisado até 3,0 m (Tabela 3). Devido a menor
profundidade de coleta das amostras (até 3,5 m) para o sopé, não foi
possível a comparação de médias além de 3,0 m, se considerar o relevo
das microbacias. Para os estoques de K trocável, as bacias ímpares
tiveram estoques menores 2,77 e 2,71 t.ha-1 microbacias 1 e 3,
respectivamente. Provavelmente devido à tipo de formação desses solos.
2.3.4 Relação carbono/nitrato (C/NO3-)
Como já visto anteriormente, o conteúdo de carbono diminuiu em
profundidade, ao contrário do conteúdo de nitrato que aumenta em
profundidade (Figura 7). Estes resultados se assemelham aos observados
por Oliveira et al. (2000). Estes autores observaram que o nitrato
42
adsorvido aumentou de acordo com a redução da matéria orgânica em
profundidade.
FIGURA 7. Relação entre carbono e nitrato (valores médios das quatro
microbacias)
Este comportamento é relacionado à constituição típica da
pedologia de região tropical, com solos ricos em óxidos de ferro e de
alumínio e materiais amorfos que auxiliam na adsorção do nitrato,
retardando seu movimento com a água (KINJO e PRATT, 1971).
43
2.4 CONCLUSÕES
1. Não houve variação nos teores de nitrato nas partes mais baixas das
microbacias em relação às mais altas;
2. Houve processo de lixiviação de K em profundidade. A lixiviação e a
remoção de K das partes mais altas para as mais baixas das
microbacias é indicativo do processo contínuo de renovação da
paisagem e da fitofisionomias; e
3. O estoque de carbono no solo nos primeiros 3 m de profundidade é
muito influenciado pela variação da posição da paisagem.
44
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Folha SC.21 - Juruena. Projeto RADAMBRASIL.Secretaria Geral. Lev. De Rec. Naturais. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e Energia 1980. BUURMAN, P.; LAGEN, V. B. & VELTHORST, E. J. Manual for soil and water analysis. Leiden The Nethrlands: Backhuys publichers. 1996. 314 p. EMBRAPA. Levantamento de reconhecimento dos solos do Distrito Federal. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Boletim Técnico, n.53, p.455. 1978. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA - EMBRAPA. Manual de métodos de analise de solos/Centro Nacional de pesquisa de solos, 2° ed., rev. Atual, Rio de Janeiro, 1997. 212p. (EMBRAPA-CNPS, Documento; 1). HART, S. C.; STARK, J. M.; DAVIDSON, E. A. & FARISTONE, M. K. Nitrogen mineralization, inmmobilization and nitrification. In: Weaver, R. W.Ancle, J. S. (Ed.), 1994. Nitrogen mineralization, inmmobilization and nitrification HEFTING, M.; CLE´ MENT, J. C.; DOWRICK, D.; COSANDEY, A. C.;BERNAL, S.; CIMPIAN, C.; TATUR, A.;BURT, T. P. & PINAY, G. Water table elevation controls on soil nitrogen cycling in riparian wetlands along a European climatic gradient. Biogeochemistry, v.67, p.113–134. 2004. HUGHES, JOHN P.; RAKOWSKI, CARA E.; BURROWS, DAVID N.; SLANE, PATRICK O. The Astrophysical Journal, Volume 528, Issue 2, pp. L109-L113. 2000. IBGE. Projeto Zoneamento das Potencialidades dos Recursos Naturais da Amazônia Legal. Rio de Janeiro: IBGE/SUDAM. 1990. 212 p. JOHNSON, M. S. Linkages between hydrology and biogeochemistry on Amazonian pastures and forested headwater catchments. Department of Crop and Soil Sciences, Cornell University, Ithaca, NY 14850, USA: 2005. 156p. JOHNSON, M. S.; LEHMANN, J.; SELVA, E. C.; ABDO, M.; RIHA, S. & COUTO, E. G. Organic carbon fluxes within and exports from headwater catchments in the Southern Amazon: Cornell University, Ithaca, NY 14850, USA: 29 p. 2004.
45
JORDAN, C. F. The nutrient balance of an Amazonian rainforest. Ecology, v.63, p.647-654. 1982. KINJO, T. & PRATT, P. F. Nitrate adsorption: II. in competition with chloride, sulphate, and phosphate. Soil Science Society of America, v.35, p.725-728. 1971. LUIZÃO, F. J. & LUIZÃO, R. C. C. Matéria orgânica do solo em Roraima. In: Barbosa, R. I., Ferreira, E.Castellon, E. (Ed.). Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. Manaus AM.: INPA, 1997. Matéria orgânica do solo em Roraima, p.613p. LUIZÃO, R. C. C.; LUIZÃO, F. J.; PAIVA, R. Q.; MONTEIRO, T. F.; SOUZA, L. S. & KRUIJT, B. Variation of carbon and nitrogen cycling processes along a topographic gradient in a central Amazonian Forest. Global Change Biology., v.10, p.592-600. 2004. MACKARETH, F. J. H.; HERON, J. & TALLING, J.F. Water analyse: some revised methods for limnologist. (Scientific publication n°36) Amblesi: Fresh water biological association, 1972. 121p. MELO, A. W. F. D. Avaliação do estoque e composição isotópica do carbono no estado do Acre. ESALQ, Piracicaba SP., 2003. 73 p. MORAES, J. L.; CERRI, C. C.; MELILLO, J. M.; KICKLIGHTER, D.; NEILL, C.;SKOLE, D. L. & STEUDER, A. Soil carbon stockes of Brazilian Amazonian Basin. Soil Science Society of American Journal, v.59, p.244-247. 1995. MORENO, M. I. C. & SCHIAVINI, I. Relationship between vegetation and soil in a forest gradient in the Panga Ecological Station, Uberlândia (MG). Rev. bras. Bot., Dec. 2001, vol.24, no.4, suppl, p.537-544. ISSN 0100-8404. NEILL, C.; PICCOLO, M. C.; STEUDLER, P. A.; MELILLO, J. M.; FEIGL, B. J. & CERRI, C. C. Nitrogen dynamics in soils of forests and active pastures in the western Brazilian Amazon Basin. Soil Biol. Biochem., v.27, n.9, p.1167-1175. 1995. NEPSTAD, D. C.; CARVALHO, C. R. DE; DAVIDSON, E. A.; JIPP, P.; LEFEBVRE, P.; NEGREIROS, G. H.; SIL VA E. D. DA; STONE, T.; TRUMBORE, S. & VIEIRA, S.. The role of deep roots in the hydrological and carbon cycles of Amazonian forests and pastures. Nature, v.372, p.666-669. 1994. NOVAES FILHO, J. P. Variabilidade espacial de atributos de solo em microbacias sob vegetação de floresta na Amazônia meridional. Dissertação... (Mestrado). Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 2005. 119 p. OLIVEIRA, J. R. A. D.; VILELA, L. & AYARZA, M. A. Adsorção de nitrato em solos de cerrado do Distrito Federal. Pesq. agropec. bras., v.35, n.6, jun, p.1199-1205. 2000. VAN WAMBEKE, A. Soils of the tropics: Properties and appraisal. Ithaca: Cornell University - Department of Crop and Soil Sciences. 2002.
Capitulo 3. ESTUDO DA GÊNESE DO SOLO A PARTIR DE ELEMENTOS QUIMICOS EM DIFERENTES PROFUNDIDADES NA REGIÃO SUL DA FLORESTA AMAZÔNICA
RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Universidade Federal de Mato Grosso, Julho de 2005. ESTUDO DA GÊNESE DO SOLO A PARTIR DE ELEMENTOS QUIMICOS EM DIFERENTES PROFUNDIDADES NA REGIÃO SUL DA FLORESTA AMAZÔNICA. Orientador: Professor Dr. Eduardo Guimarães Couto. RESUMO: Os solos brasileiros, incluindo os matogrossenses, apresentam
complexa dinâmica de elementos químicos e são dependentes tanto de
ecossistemas naturais como de fatores externos a eles. O objetivo deste
trabalho foi estudar a gênese do solo a partir de elementos químicos em
diferentes profundidades na região sul da floresta Amazônica. A área
estudada situa-se na unidade geológica do Complexo Xingu. Os solos
predominantes são os ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS e os
LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS. Foram coletadas amostras de
solos em quatro pontos da paisagem, sendo um no platô, dois na encosta
e um no sopé utilizando-se um trado holandês, nas seguintes
profundidades de 0 - 0,6 m; 0,6 - 1,0 m, e a partir de um metro as coletas
foram feitas a cada metro de profundidade até atingir 8,0 metros. Os
teores de silício, de alumínio, de titânio, de zircônio e de ferro foram
determinados e verificou-se que os materiais presentes nas diferentes
paisagens são de origem alóctones (ex-situ).
Palavras Chave: Latossolos, elementos traços, intemperismo, formação
do solo
RODRIGUES, LUIZ CARLOS MATTOS, M.Sc. Federal University of Mato
Grosso, July of 2005. A STUDY OF SOIL GENESIS BASED ON CHEMICAL ELEMENTS IN SOIL PROFILES OF THE SOUTHERN REGION OF THE AMAZON FOREST. Advisor's: Teacher Dr. Eduardo
Guimarães Couto. ABSTRACT: As is typical of Brazilian soils, soils of Mato Grosso present a
complex dynamic of chemical elements that is dependent on ecosystem
processes, climatic factors and weathering. The objective of this work was
to examine soil genesis in the southern portion of the Amazon forest
based on chemical elements in different depths of the soil profile. The
study area is located in the Xingu complex, and is characterized by Red-
Yellow Argisols and Red-Yellow Latosols. Soil samples were collected in
different landscape locations (plateau, hillslope and valley) to depths of 8
m. Soil stocks were determined for silica, aluminum, titanium, iron and
zinc. Stocks differed among landscape positions, indicating an
allochthonous (ex-situ) source for some positions.
Keywords: Latosols, trace elements, weathering, soil formation
3.1 INTRODUÇÃO
Resultados inesperados, originados de variações espaciais em
atributos de solos, são frequentemente observados por pesquisadores, de
forma que essa variabilidade possa ocorrer sistematicamente ou
ocasionalmente, e ser enfocada em diversas escalas.
O entendimento da pedogênese e da variabilidade do solo, bem
como a quantificação de elementos químicos indicadores de formação de
solo de ex-situ tem sido pouco estudado. Para esses estudos, as relações
solo-paisagem têm sido bastante utilizadas (VIDAL TORRADO e LEPSH,
1993; COELHO et al., 1994), sobretudo, por permitir estabelecer
correlações entre atibutos dos solos e elementos químicos que indicam a
formação do solo.
As variações na topografia das regiões tropicais podem ser
indicativas de mudança na profundidade do solo e do grau de
intemperismo químico e, em alguns casos, da ocorrência de diferentes
tipos de solos (ANJOS et al., 1998).
Materiais ricos em ferro como os horizontes litoplínticos
(EMBRAPA, 1999) e ferricretes, que são duros ou cimentados
(BOURMAN, 1993), apresentam variabilidade nas características
químicas, morfológicas e mineralógicas (ALEXANDER e CADY, 1962;
Sivarajasingham et al., 1962), relacionada com a idade, com o grau de
evolução e com a natureza da rocha (IBANGA, 1980; ROQUIN et al.,
1990). Uma característica comum desses materiais é o elevado conteúdo
de ferro e/ou, alumínio (SIVARAJASINGHAM et al., 1962). Considerando
apenas os teores de ferro, por exemplo, variam de 400 a 650 g.kg-1
(TARDY, 1993).
Embora os elementos silício, alumínio e ferro sejam os mais
abundantes dessas feições ferruginosas, muitos outros estão
49
freqüentemente associados, porém, em menores proporções (ROQUIN et
al., 1990). Cita-se, por exemplo, o titânio, que pode atingir proporções
significativas (SIVARAJASINGHAM et al., 1962) e, em geral, representa
acumulo relativo do material parental (IBANGA, 1980). O zircão, por sua
vez, é um elemento de grande estabilidade, e tem sido frequentemente
utilizado como indicador de descontinuidade litológica em relação a outros
elementos estáveis como o quartzo (LUZ et al., 1992; ROLIM NETO e
SANTOS, 1994).
Outra forma de se estudar a mineralogia do solo, segundo
Antonello et al. (1988), é determinando o ki. Esses autores verificaram que
20% dos solos estudados, as relações moleculares Si/Al (ki) mais baixas,
são predominantemente gibbsíticos. Em 20% apresentam altos teores de
caulinita e gibbsita e o restante, 60%, apresentam caulinita como mineral
predominante.
Resende e Santana (1988) classificaram os Latossolos com base
nas relações ki e kr em três grupamentos (cauliníticos - não
sesquioxídicos; cauliníticos - sesquioxídicos e gibbsíticos-sesquioxídicos).
Assim, a caulinita e a muscovita apresentam ki = 2, a esmectita ki = 5,6 e
a vermiculita ki = 5. A biotita e os feldspatos têm ki 6,0. Quando os teores
de caulinita são iguais aos de gibbsita e não existem outros minerais
fornecendo Si ou Al o ki = 0,75. O kr, por sua vez, indica a idade do solo:
assim, quanto menor for o kr mais velho é o solo (RESENDE, 1983).
Um forte indicador do grau de parentesco entre um solo e a rocha
subjacente são suas interações químicas. Sendo assim, uma das formas
amplamente conhecidas e utilizadas para avaliar o intemperismo de
materiais rochosos é a verificação da perda ou ganho de alguns
elementos constituintes de uma rocha (processo denominado de
meteorização), geralmente os mais móveis, ocasionando uma
concentração dos elementos menos móveis (OLIVEIRA, 1998).
O presente trabalho teve como objetivo compreender as relações
solo-relevo, com ênfase no material de origem, em uma toposequência de
solos, partindo-se da hipótese que alguns elementos físicos, químicos e
mineralógicos dos solos podem ser usados para estimar se os mesmos,
50
sob floresta nas diferentes posições de paisagem são originados de
materiais transportados de áreas adjacentes.
51
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Localização da área de estudo
A área estudada localiza-se na Fazenda Rohsamar, localizada à
noroeste do estado do Mato Grosso, no município de Juruena-MT, situada
nas coordenadas 10º 28' S e 58º 26' WGr. A vegetação local é
classificada como floresta tropical Ombrofila Densa segundo Brasil (1980).
Em todo o trecho do interflúvio Juruena e Teles Pires, na depressão
formada pela litografia Pré-Cambriana do complexo Xingu, os solos,
predominantes, são classificados como ARGISSOLOS VERMELHOS
distrosférricos (BRASIL, 1980). Couto e Oliveira (2003) e Novaes Filho et
al. (2005) classificaram detalhadamente os solos no local deste estudo,
como LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico e PLINTOSSOLO
HÁPLICO distrófico típico. O clima da região é classificado como tropical
quente e úmido (Am) pelo sistema de Köppen, com temperatura média
anual de 24°C, menores valores no mês de julho e maiores no mês de
setembro. A precipitação total anual no ano de 2003 foi de 2.379 mm
(JOHNSON et al., 2004).
3.2.2 Método
Foram realizadas, no período de 10 a 18 de novembro de 2003
perfurações com trado tipo holandês em três posições da paisagem (uma
no platô, duas na encosta e uma no sopé), conforme visualizado na
Figura 1. Coletaram-se amostras de solos nas profundidades: 0 - 0,6 m;
0,6 - 1,0 m, e a partir de um metro as coletas foram feitas a cada metro de
profundidade, até atingir 8,0 metros ou impedimento físico (sendo
52
coletada no platô nove amostras, na encosta I cinco amostras, na encosta
II nove amostras e no sopé quatro amostras), totalizando 27 amostras.
02468
101214161820
0 50 100 150 200 250 300
P1
P2
P3
P4
Distância (m)
Dife
renç
a de
nív
el (m
)
Platô
Encosta
Sopé
-2-4
-6
Córrego
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico
PLI
NTO
SS
OLO
HÁ
PLI
CO
dis
trofic
o típ
ico
FIGURA 1. Localização dos pontos amostrados nas diferentes posições
de relevo (P1 = Perfil 1; P2 = Perfil 2; P3 = Perfil 3 e P4 = Perfil 4).
As amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas e passadas
em peneira de 2 mm, para posterior análises dos teores totais de silício,
alumínio, titânio e ferro, em ataque sulfúrico, segundo metodologia
preconizada pela Embrapa (1997).
Determinaram-se semi-quantitativamente as amostras de solo
para quantificar os teores de silício, alumínio, manganês, ferro e
elementos traços (titânio, zircônio, rubídio, cobre e cloreto) por
espectrometria de fluorescência de raios X (FR-X) por energia dispersiva,
método FP QUALI-QUANT, em atmosfera de vácuo, calibrador 10 mm.
Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva
(mínimo, máximo, amplitude, média, coeficiente de variação), com o uso
do programa SPSS – 10 (2000).
Para verificar o balanço geoquímico do solo-rocha, foi obtido por
meio de avaliações de perdas e ganhos dos óxidos nas rochas e nas
53
amostras de solos, assumindo-se que os teores de óxido de alumínio
(Al2O3) permanecem constantes em toda a profundidade. Para tanto
utilizou-se de um fator de correção (FC) de acordo com Oliveira (1998),
para todos os óxidos obtidos pela equação 1.
FC = Al2O3 rocha/Al2O3 das amostras de solo (1)
Para obter os valores calculados (VC) em relação ao Al2O3
utilizou-se da equação (2):
VC = teor do atributo na rocha x FC (2)
Os valores de perdas e ganhos (PG) foram obtidos pela equação
3:
PG = VC – Teor do atributo na rocha (3)
54
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1 Formação dos solos pelas alterações dos materiais adicionados nas paisagens
Os valores da estatística descritiva dos óxidos totais (Fe2O3;
Al2O3, TiO2; ZrO2 e SiO2) e dos indicadores de intemperização (ki e kr)
estão apresentados na Tabela 1. Observou-se que houve dispersões em
relação aos valores médios apresentados nas paisagens. Os teores de Si
corresponderam aos maiores deles, variando de 376,49 a 556,8 g.kg-1 no
platô do perfil 1. Os menores teores foram observados para Ti e de Zr,
9,15 e 0,55, respectivamente.
Os valores de Fe2O3 variaram de 48,79 g.kg-1 na encosta a
117,59 g.kg-1 no platô, estando dentro dos valores encontrados por Kampf
e Curi (2000) e Coelho (2003), onde os óxidos de ferro em profundidade
variam de >1 a <500 g.kg-1.
Os teores de Fe2O3 estão relacionados com o material de origem,
com grau de intemperização e com processos pedogênicos de
acumulação ou remoção.
Observa-se na Tabela 1 que as concentrações de Fe, Al, Si, Ti e
Zr nos perfis estudados apresentaram resultados distintos nas paisagens.
55
TABELA 1. Estatística descritiva dos atributos químicos do solo nas diferentes paisagens
PP
1 Pa2 N3 Mínimo Máximo Amplitude Média S CV g.kg-1 %
P1 P 9 56,56 117,59 61,03 81,75 18,62 23 P2 E 5 57,60 78,47 20,87 72,34 8,67 12 P3 E 9 48,79 83,92 35,13 74,97 10,98 15
Fe
P4 S 4 62,09 71,24 9,15 67,41 3,89 6 P1 P 9 360,59 480,85 120,26 423,22 36,66 9 P2 E 5 373,50 411,43 37,93 398,19 15,52 4 P3 E 9 352,30 421,94 69,64 390,90 21,10 5
Al
P4 S 4 296,43 378,15 81,72 350,58 36,81 10 P1 P 9 9,15 16,69 7,54 11,45 2,18 19 P2 E 5 11,96 12,62 0,66 12,21 0,25 2 P3 E 9 10,83 12,91 2,08 11,70 0,59 5
Ti
P4 S 4 11,23 12,18 0,95 11,81 0,45 4 P1 P 9 376,49 556,80 180,31 467,56 58,58 13 P2 E 5 477,76 536,38 58,62 495,83 23,52 5 P3 E 9 474,92 554,99 80,07 492,00 25,15 5
Si
P4 S 4 490,61 507,76 17,15 500,78 7,38 1 P1 P 9 0,55 1,77 1,2 1,05 5,29 50 P2 E 5 0,89 1,18 0,29 0,96 1,21 13 P3 E 9 0,47 1,25 0,78 0,67 2,39 36
Zr
P4 S 4 0,66 0,77 0,11 0,70 0,47 7 P1 P 9 1,33 2,63 1,29 1,91 0,41 22 P2 E 5 1,97 2,44 0,47 2,12 0,19 9 P3 E 9 1,91 2,68 0,76 2,15 0,23 11
Ki4
P4 S 4 2,21 2,91 0,71 2,45 0,31 13 P1 P 9 1,15 2,39 1,23 1,71 0,40 23 P2 E 5 1,76 2,22 0,46 1,90 0,19 10 P3 E 9 1,71 2,46 0,75 1,92 0,23 12
Kr5
P4 S 4 1,98 2,57 0,59 2,18 0,26 12 1Perfil; 2Pa = paisagem: P = platô, E = encosta, S = sopé; 3N = n° de amostras por paisagem; 4Ki = Si/Al; 5Kr = Si/Al+ Fe.
3.3.2 Elementos indicadores de descontinuidade litológica
A distribuição de Zr com a profundidade no platô apresenta uma
redução de aproximadamente 100% entre as profundidades de 1 a 3 m e
3 a 8 m.
TABELA 2. Composição física e química dos atributos do solo, ki e kr em diferentes posições da paisagem e profundidade
*AMF/AF = Relação Areia Muito Fina/ Areia Fina; **Ti/Zr = Relação Titânio/Zinco.
Atributos PLATÔ ENCOSTA 1 ENCOSTA 2 SOPÉ Profundidade (m) 0 a 1 1 a 3 3 a 8 0 a 1 1 a 3 3 a 3,5 0 a 1 1 a 3 3 a 7,5 0 a 1 1 a 3
M. Grossa 0,00 0,00 0,00 0,70 0,00 0,65 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Grossa 1,70 2,53 2,08 7,05 3,60 8,80 2,55 3,97 6,48 4,45 16,00Média 28,05 28,53 37,35 39,85 29,00 39,90 19,80 24,60 35,18 35,20 58,27Fina 324,10 304,60 269,35 217,25 225,60 226,00 244,40 200,90 226,88 277,25 256,00
Are
ia
M. Fina 197,65 196,67 154,03 168,10 170,43 176,15 201,75 191,50 205,10 193,15 179,73AREIA 551,50 532,33 462,83 443,00 432,00 451,50 468,50 421,00 473,67 510,00 510,00SILTE 75,00 105,33 300,00 175,50 211,33 208,50 175,00 228,00 308,83 158,50 233,33ARGILA 373,50 362,33 237,17 381,50 356,67 340,00 356,50 351,00 217,50 331,50 256,67AMF/AF* 0.61 0.65 0.57 0.77 0.76 0.78 0.83 0.95 0.90 0.70 0.70
SiO2 554,72 506,96 452,60 490,87 482,56 509,84 475,07 479,02 499,34 499,19 498,45Al2O3 367,28 390,70 424,73 397,98 407,94 391,77 417,71 404,70 380,24 337,29 368,62Fe2O3 56,59 82,62 91,48 77,07 75,87 64,56 79,38 81,87 72,67 64,72 69,18K2O 4,14 5,10 9,51 18,35 19,10 19,11 14,85 21,14 30,81 33,74 39,79TiO2 9,43 12,19 12,25 12,20 12,28 12,35 11,58 11,57 11,77 11,92 11,86Zr 17,55 15,20 7,27 9,05 9,17 10,65 7,00 5,73 6,00 7,40 6,83Ti/Zr** 0.54 0.80 1.69 1.35 1.34 1.16 1.65 2.02 1.96 1.61 1.74V 0,23 0,15 0,25 0,64 0,45 0,00 0,00 0,00 0,27 0,47 0,52MnO 0,00 0,00 0,34 0,95 0,66 0,71 0,44 0,63 0,83 0,26 0,38Cu 0,24 0,08 0,00 0,00 0,00 0,11 0,17 0,00 0,03 0,00 0,09Y 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,05 0,07 0,15 0,23 0,08 0,09Rb 0,00 0,00 0,02 0,16 0,16 0,14 0,06 0,14 0,23 0,24 0,28Zn 0,25 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10 0,10 0,14S 0,00 0,00 0,00 0,66 0,00 0,00 0,00 0,00 0,85 0,00 1,04MgO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,17 6,29 8,89CaO 0,44 0,29 0,41 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Cl
g.kg
-1
0,00 0,00 7,43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00ki 2,57 2,22 1,82 2,10 2,01 2,22 1,93 2,01 2,24 2,56 2,30kr 2,34 1,96 1,60 1,87 1,80 2,01 1,72 1,78 2,00 2,27 2,05
Chapman e Horn (1968) observaram que não há uma regra geral
que relacione a variação no teor do elemento com a descontinuidade
litológica. Na ausência de estudos de variabilidade de dados, tais autores
sugerem uma diferença mínima de 100% nos teores do elemento, para ser
considerado uma descontinuidade. Neste caso o investigador poderia
concluir que existe uma descontinuidade. Desde que as características
morfológicas, granulométricas, químicas e mineralógicas (DEMATTÊ e
HOLOWAYCHUK, 1977a e 1977b) não indicariam nenhuma
heterogeneidade de material de origem no perfil 1, conclui-se que a
diferença de 100% de Zr entre as profundidades 1 a 3 m e 3 a 8 m
67
demonstra uma descontinuidade litológica. Este resultado também é seguido
pela relação Ti/Zr, que apresenta uma diferença de 100% entre as
profundidades 1 a 3 m e 3 a 8 m.
No perfil 2 a distribuição de Zr é homogênea, com valores oscilando
entre 9,05 a 10,65 g.kg-1, o mesmo, ocorrendo para a relação AMF/AF, onde
os valores oscilam de 0,76 a 0,78 g.kg-1 (Tabela 2).
No perfil 3 a quantidade de Zr na profundidade 1 a 3 m é 7 g.kg-1,
decrescendo para 5,73 g.kg-1 na profundidade de 3 a 8 m, e em seguida
aumentando para 6 g.kg-1. De acordo com tais resultados pode-se observar
uma descontinuidade entre as profundidades relacionadas de 1 a 3 m e 3 a
8 m. A relação areia muito fina/areia fina, onde os valores oscilam de 0,83 a
0,95 g.kg-1, confirma a descontinuidade litológica. O teor de Ti acompanhou,
de maneira geral, o teor de Zr.
No perfil 4 a distribuição dos teores de Zr e Ti e a relação areia muito
fina/areia fina em profundidade é praticamente homogênea.
O Al e o Fe (Figura 2b e c) apresentaram semelhanças nos perfis
quando comparados entre eles nas paisagens (no platô e na encosta). No
sopé, observou diferença na variabilidade, em profundidade, dos óxidos de
Fe e Al. Observou-se acréscimo relativo de Si. No sopé os valores de Si
decresceu, favorecendo a dessilicatização, que segundo Moniz (1975)
ocorre, principalmente, por hidrólise.
Lepsch et al. (1977) sugeriram que a desestabilização dos
agregados e a argila em suspensão são conseqüências da liberação do
ferro, promovendo sua eluviação. Portanto, as formas amorfas de ferro em
profundidade podem ser interpretadas como dissociadas das argilas
silicatadas e passíveis de mobilidade para os horizontes inferiores desse
perfil, tal como relatado anteriormente.
Verificou-se que houve aumento na concentração de Fe até 2
metros de profundidade em todos os pontos da paisagem. Acima desta
profundidade o Fe pode ter sido removido, consequentemente, pelo
acentuado hidromorfismo.
68
FIGURA 2. Variação de Zr e Ti (a), Al e Si (b) e Fe (c) obtidos por
fluorescência de raios-X nas diferentes paisagens expressos em moléculas-grama.
Segundo Brinkman (1999), o mecanismo de ferrólise é pronunciado
em solos ácidos sujeitos à redução sazonal. As profundidades estudadas
apresentaram teor substancial de ferro, possivelmente, decorrente de sua
mobilização dos horizontes superiores e acúmulo nos horizontes inferiores.
Assim, esse mecanismo é atuante em todos os perfis estudados,
desestruturando e liberando Al dos minerais silicatados, os quais ocupam os
sítios de troca das argilas ou são incorporados nas estruturas dos óxidos e
hidróxidos de ferro secundários, durante a evolução dos solos na paisagem.
Esse mecanismo é mais pronunciado no perfil 3 em profundidade, não só
pelo elevado conteúdo de ferro em relação às demais paisagens. Nesta
situação, conforme Anjos et al. (1995), a ferrólise é ativa, considerando as
condições químicas que desfavorecem a formação de gibbsita secundária,
possivelmente pelo elevado conteúdo de sílica presente.
69
Nas relações moleculares de Al/Fe e Si/Fe pode-se verificar a
variabilidade do ferro em profundidade nos diferentes perfis, o mesmo
podendo ser observado para o titânio, na relação molecular Al/Ti (Figura 3).
A relação Al/Ti para os perfis 1 e 3 apresentaram variações bruscas
em profundidade, indicando descontinuidade química nestas paisagens.
Consequentemente, houve uma demonstração que provavelmente não há
semelhança na constituição do material originário desse solo.
Al/Ti
Al/Fe
Si/Fe
P1
28 32 36 40 44
P2
0
2
4
6
8
0
2
4
6
8
01234
P330
26 30 32281
24
P4
0
2
4
6
8
0
2
4
6
8
P2
01234
P2
01234
P1
P1
0
2
4
6
0
2
4
6
8
P3
123
123
P3
4 5 6 7
2 8 104
4,8
5,6
6,4
4 5 6 7 8
4,8
5,2
5,6
6 8 10
6 8 104 12
7,6
8,4
6,8
P4
3533
34 36 38
23
30 34
8
6
P4
FIGURA 3. Relações moleculares Al/Ti (a); Al/Fe (b) e Si/Fe (c) em
profundidade (m) expressas em moléculas-grama, nas diferentes paisagens.
3.3.3 Balanço geoquímico solo-material de origem
O balanço geoquímico calculado (Tabela 3) indica as mudanças
efetivas que a decomposição química produz, frente ao intemperismo. Toda
70
a sílica e os elementos alcalinos terrosos foram removidos, enquanto que
elementos com potencial iônico intermediário como o ferro, o alumínio e o
titânio se acumularam e, segundo Wilding et al. (1983), isto se dá,
principalmente por concentração residual.
TABELA 3. Balanço geoquímico solo-rocha original, assumindo o óxido de
alumínio (Al2O3) com valores constantes durante o intemperismo no perfil 1, perdas e ganhos dos elementos
Prof SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O ZrO2 V2O5 MnO2
(m) g.kg-1
0,6 556,80 9,70 360,59 56,62 4,10 17,70 0,00 0,00 1 552,64 9,15 373,96 56,56 4,17 17,40 0,46 0,00 2 487,39 10,72 421,66 73,70 4,61 16,50 0,00 0,00 3 480,85 16,69 376,49 117,59 6,53 11,70 0,00 0,00 4 438,14 12,11 450,11 92,55 5,91 6,80 0,50 0,00 5 418,72 11,94 427,00 86,04 8,25 7,10 0,00 0,00 6 451,84 10,93 439,34 85,56 10,76 5,60 0,53 0,48 7 459,70 11,26 432,31 83,02 11,82 6,90 0,46 0,64
R 8
VR
466,36 10,54 423,14 84,13 13,77 5,50 0,00 0,94 0,6 653,39 11,38 423,14 66,44 4,81 20,77 0,00 0,00 1 625,32 10,35 423,14 64,00 4,72 19,69 0,52 0,00 2 489,10 10,76 423,14 73,96 4,63 16,56 0,00 0,00 3 540,43 18,76 423,14 132,16 7,34 13,15 0,00 0,00 4 411,89 11,38 423,14 87,00 5,56 6,39 0,47 0,00 5 414,93 11,83 423,14 85,26 8,18 7,04 0,00 0,00 6 435,18 10,53 423,14 82,41 10,36 5,39 0,51 0,46 7
VC
449,95 11,02 423,14 81,26 11,57 6,75 0,45 0,63 0,6 187,03 0,84 0,00 17,69 8,96 15,27 0,00 0,94 1 158,96 0,19 0,00 20,13 9,05 14,19 0,52 0,94 2 22,74 0,22 0,00 10,17 9,14 11,06 0,00 0,94 3 74,07 8,22 0,00 48,03 6,43 7,65 0,00 0,94 4 54,47 0,84 0,00 2,87 8,21 0,89 0,47 0,94 5 51,43 1,29 0,00 1,13 5,59 1,54 0,00 0,94 6 31,18 0,01 0,00 1,72 3,41 0,11 0,51 0,48
Plat
ô
7
PG
16,41 0,48 0,00 2,87 2,20 1,25 0,45 0,31 R – rocha; VR – teores dos elementos por profundidade; VC – Valores calculados para cada óxido assumindo que o Al2O3 permanece constante; Valores apresentados em g.kg-
1; PG – Perdas e Ganhos de óxidos obtidos entre os valores da rocha e aqueles calculados (neste caso, fez-se o balanço entre a última amostra de solo coletada em profundidade por causa da ausência da rocha, e aqueles calculados).
71
Na Tabela 3 observa-se que os teores de SiO2 no perfil 1, em
relação à última amostra de solo coletada apresentaram ganhos até 3,0
metros. A abaixo desta profundidade ocorreu o processo de perda de sílica,
pela lixiviação intensa nessas situações de intemperismo químico extremo,
causando empobrecimento das argilas ricas, como as montmorillonitas
(argilas 2:1), transformando-as em argilas pobres como as cauliníticas
(argilas 1:1) e desta em gibbsita, que é o AlOH3 (CREPANI et al., 2001).
Nas profundidades de 6,0 a 7,0 metros, ocorreu um processo de
ganho de óxido de ferro de 5,0 a 3,0 metros e voltando a apresentar um
processo de perda em 2,0 m até a superfície. Esta oxidação de ferro de
acordo com Moniz (1972) se deve à facilidade de sua remoção do sistema,
em condições redutoras.
O enriquecimento do ferro pelo movimento lateral das águas foi
abordado por Bigarella et al. (1996) quando estudaram a gênese de lateritos.
Os óxidos de potássio apresentaram perda em todas as
profundidades, ao longo do perfil devido a sua alta mobilidade (CHEN e
GABELMAN, 2000).
O óxido de zircônio no perfil 1 apresentou interrupção brusca entre
as profundidades, indicando característica de descontinuidade litológica,
corroborando com os resultados da Tabela 2; a seis metros apresentou
perda de óxidos de Zr em relação a última amostra coletada (R8), sendo que,
em todas as demais profundidades apresentou ganho de óxidos.
O balanço geoquímico entre as profundidades no perfil 2 e entre a
última amostra de solo coletada em profundidade (R3.5), por causa da
ausência da rocha e as demais amostras coletadas é apresentada na Tabela
3. Os teores dos óxidos de sílica apresentam perda em todas as
profundidades até a superfície, corroborando com Crespani et al. (2001).
72
TABELA 3. Balanço geoquímico solo-rocha original, assumindo o óxido de alumínio (Al2O3) com valores constantes durante o intemperismo no perfil 2, perdas e ganhos dos elementos
Prof SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O ZrO2 V2O5 MnO2
(m) g.kg-1
0,6 495,10 12,13 393,60 76,51 18,24 9,00 0,51 1,08 1 486,63 12,27 402,36 77,62 18,46 9,10 0,77 0,81 2 477,76 11,96 411,43 78,47 18,08 8,90 0,57 0,61 3 483,29 12,62 410,04 71,52 20,77 9,50 0,00 0,55
R 3.5
VR
536,38 12,08 373,50 57,60 17,44 11,80 0,00 0,87 0,6 469,82 11,51 373,50 72,60 17,31 8,54 0,48 1,02 1 451,73 11,39 373,50 72,05 17,14 8,45 0,71 0,75 2 433,71 10,86 373,50 71,24 16,41 8,08 0,52 0,55 3
VC
440,22 11,50 373,50 65,15 18,92 8,65 0,00 0,50 0,6 66,56 0,57 0,00 15,00 0,13 3,26 0,48 0,15 1 84,65 0,69 0,00 14,45 0,30 3,35 0,71 0,12 2 102,67 1,22 0,00 13,64 1,03 3,72 0,52 0,32
Enco
sta
1
3
PG
96,16 0,58 0,00 7,55 1,48 3,15 0,00 0,37 R – rocha; VR – teores dos elementos por profundidade; VC – Valores calculados para cada óxido assumindo que o Al2O3 permanece constante; Valores apresentados em g.kg-1; PG – Perdas e Ganhos de óxidos obtidos entre os valores da rocha e aqueles calculados (neste caso, fez-se o balanço entre a última amostra de solo coletada em profundidade por causa da ausência da rocha, e aqueles calculados).
As amostras de solo coletadas no perfil 2 apresentam ganhos
crescentes de óxidos de ferro em relação à última amostra de solo coletada
em profundidade, corroborando com Bigarella et al. (1996).
Mesmo o zircônio, sendo considerado um elemento de grande
estabilidade (MONIZ, 1972; e BESOAIN, 1985), no perfil 2 ocorreu perda em
todas as profundidades até a superfície, o mesmo ocorrendo para o titânio.
O balanço geoquímico entre as profundidades no perfil 3 e a rocha
subjacente acha-se apresentado na Tabela 4.
Verifica-se que no perfil 3 ocorreu o mesmo processo de
dessilicatização, semelhante ao perfil 2. O mesmo processo ocorreu para os
óxidos de ferro e vanádio. O zinco e o titânio apresentaram ganho estável
em toda a profundidade analisada, observando-se o mesmo comportamento
no perfil 4.
73
TABELA 4. Balanço geoquímico isovolume solo-rocha original, assumindo o óxido de alumínio (Al2O3) com valores constantes durante o intemperismo no perfil 3, perdas e ganhos dos elementos
Prof SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O ZrO2 V2O5 MnO2
(m) g.kg-1
0,6 474,92 11,74 421,94 77,01 12,77 8 0 0,48
1 475,21 11,41 413,47 81,74 16,92 6 0 0,4
2 481,81 11,53 401,28 79,98 23,12 5,9 0 0,76
3 480,05 11,77 399,34 83,88 23,39 5,3 0 0,72
4 502,37 10,83 384,54 69,51 30,31 7,3 0,54 0,63
5 480,32 11,58 390,71 83,92 30,25 4,7 0,55 0,79
6 491,5 12,25 379,4 77,72 35,43 5,6 0 0,94
7 486,79 11,29 375,15 72,2 37,4 5,3 0 1,06
7,5 554,99 12,91 352,3 48,79 28,07 12,5 0,53 0,82 R
VR
602,96 1,89 316,51 9,78 42,79 0,08 0 0,94
0,6 356,25 8,81 316,51 57,77 9,58 6,00 0,00 0,36
1 363,77 8,73 316,51 62,57 12,95 4,59 0,00 0,31
2 380,03 9,09 316,51 63,08 18,24 4,65 0,00 0,60
3 380,48 9,33 316,51 66,48 18,54 4,20 0,00 0,57
4 413,49 8,91 316,51 57,21 24,95 6,01 0,44 0,52
5 389,10 9,38 316,51 67,98 24,51 3,81 0,45 0,64
6 410,03 10,22 316,51 64,84 29,56 4,67 0,00 0,78
7 410,70 9,53 316,51 60,91 31,55 4,47 0,00 0,89
7,5
VC
498,61 11,60 316,51 43,83 25,22 11,23 0,48 0,74
0,6 246,71 6,92 0,00 47,99 33,21 5,92 0,00 0,58 1 239,19 6,84 0,00 52,79 29,84 4,51 0,00 0,63
2 222,93 7,20 0,00 53,30 24,55 4,57 0,00 0,34 3 222,48 7,44 0,00 56,70 24,25 4,12 0,00 0,37 4 189,47 7,02 0,00 47,43 17,84 5,93 0,44 0,42
5 213,86 7,49 0,00 58,20 18,28 3,73 0,45 0,30 6 192,93 8,33 0,00 55,06 13,23 4,59 0,00 0,16 7 192,26 7,64 0,00 51,13 11,24 4,39 0,00 0,05
Enco
sta
2
7,5
PG
104,35 9,71 0,00 34,05 17,57 11,15 0,48 0,20 R – rocha; VR – teores dos elementos por profundidade; VC – Valores calculados para cada óxido assumindo que o Al2O3 permanece constante; Valores apresentados em g.kg-1; PG – Perdas e Ganhos de óxidos obtidos entre os valores da rocha e aqueles calculados.
Pode-se observar na Tabela 5 o balanço geoquímico entre as
profundidades no perfil 4, entre a última amostra de solo coletada em
profundidade (R3) de três metros, por causa da ausência da rocha e as
demais amostras coletadas.
74
TABELA 5 Balanço geoquímico solo-rocha original, assumindo o óxido de alumínio (Al2O3) com valores constantes durante o intemperismo no perfil 4, perdas e ganhos dos elementos
Prof SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O ZrO2 V2O5 MnO2
(m) g.kg-1
0,6 507,76 11,67 296,43 62,09 29,94 7,70 0,55 0,51 1 490,61 12,16 378,15 67,34 37,53 7,10 0,39 0,00 2 504,14 12,18 367,00 71,24 41,79 6,80 0,68 0,49
R 3
VR
500,59 11,23 360,72 68,97 40,05 6,60 0,49 0,64 0,6 617,88 14,20 360,72 75,56 36,43 9,37 0,67 0,62 1 468,00 11,60 360,72 64,24 35,80 6,77 0,37 0,00 2
VC
495,51 11,97 360,72 70,02 41,07 6,68 0,67 0,48 0,6 117,29 2,97 0,00 6,59 3,62 2,77 0,18 0,021 32,59 0,37 0,00 4,73 4,25 0,17 0,12 0,64
Sopé
2
PG
5,08 0,74 0,00 1,05 1,02 0,08 0,18 0,16R – rocha; VR – teores dos elementos por profundidade; VC – Valores calculados para cada óxido assumindo que o Al2O3 permanece constante; Valores apresentados em g.kg-1; PG – Perdas e Ganhos de óxidos obtidos entre os valores da rocha e aqueles calculados (neste caso, fez-se o balanço entre a última amostra de solo coletada em profundidade por causa da ausência da rocha, e aqueles calculados).
No sopé o Fe pode ter sido removido, sofrendo um processo de
hidromorfismo acentuado, por estar próximo ao córrego.
75
3.4 CONCLUSÔES 1. Os materiais presentes nas diferentes posições da paisagem na área
estudada são alóctones (ex-situ);
2. O zircônio é um excelente indicador de descontinuidade litológica.
76
3.5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALEXANDER, T. L. e CADY, J. G. Genesis and hardening of laterite in soils. Washington, D.C., Soil Conservation Service, United States Department of Agriculture, 1962. 90p. (Technical Bulletin, 1282) ANJOS, L. H.; FERNÁNDEZ, M. R.; PEREIRA, M. G.; FRANZMEIR, D. P. Landscape and pedogenesis of na Oxiol - Inceptisol – Ultisol sequence in southeastern Brazil. Soil Science Society of America Journal, v.62, n.6, p. 1651-1658, 1998. ANJOS, L. H. C.; FRANZMEIER, D. P. e SCHULZE, D. G. Formation of soils with plinthite on a toposequence in Maranhão State, Brazil. Geoderma, 64:257-279, 1995. ANTONELLO, L. L. et al Mineralogia de argilas desferrificadas de “horizonte B” em Latossolos do sudeste e sul do Brasil. In: REUNIÃO DE CLASSIFICAÇÃO CORRELAÇÃO DE SOLOS E INTERPRETAÇÃO DE APTIDÃO AGRÍCOLA, 3, 1988, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EMBRAPA/SNLCA, SBCS, 1988. p.185-210. BIGARELLA, J. J.; BECKER, R. D.; PASSOS, E. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: Ed. da EFSC, 1996. 875p. BOURMAN, R. P, FITZPATRICK, R. W, SELF, P .G, Univ. of South Australia, Underdale, SA;CSIRO Division of Soils, Glen Osmond, SA. Character and origin of ferruginous voidal concretions in weathered Triassic sediments of the Telford Basin, South Australia [abstract]. Paper delivered at the 10th International Clay Minerals Conference (Adelaide, SA: 1993). Book of Abstracts. 1993: p.0-21. BRASIL. Folha SC.21 - Juruena. Projeto RADAMBRASIL. Secretaria Geral. Lev. De Rec. Naturais. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e Energia 1980. BRINKMAN, R. Ferrolysis, a hydromorphic soil forming process. Geoderma, 3:199-206, 1970. CHAPAMAN, S. L. & HORN, M. E. Parent material uniformity and origin of silty soils. In: northwest Arkansas based on Zr, Ti contents. Proc. Soil Sci. Soc. Am. 32:265-271, 1968. CHEN, J. e GABELMAN, W. H. Morphological and physiological characteristics of tomato roots associated with potassium-acquisition efficiency. Sci. Hortic., 83:213-225, 2000.
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