as principais células que participam do sistema imune são os leucócitos
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células e órgãos do sistema imuneTRANSCRIPT
As principais células que participam do sistema imune são os
leucócitos, também chamados de glóbulos brancos do sangue, que
são originados na medula óssea e são responsáveis pela destruição
de corpos estranhos que invadem nosso organismo. Existem
vários tipos de leucócitos, que podem ser classificados de acordo
com sua morfologia nuclear: mononucleares (linfócitos T,
linfócitos B, células exterminadoras ou natural killer, monócitos,
macrófagos e células dendríticas) ou polimorfonucleares
(neutrófilos, eosinófilos, basófilos e mastócitos).
Os monócitos, os macrófagos, os neutrófilos e as células
dendríticas também podem ser classificados como fagócitos, por
serem capazes de fagocitar (englobar) e destruir antígenos
(invasores), ou ainda podem ser denominados células
apresentadoras de antígenos, por serem capazes de expor, em sua
superfície, fragmentos de antígenos fagocitados para serem
reconhecidos por linfócitos. Os linfócitos, por sua vez, são as
células-chave no controle da resposta imune, e compõem 20% a
30% dos leucócitos circulantes no sangue dos adultos. Divididos
em linfócitos T e linfócitos B, são capazes de reconhecer
especificamente os antígenos, diferenciando-os dos componentes
próprios do organismo.
Os linfócitos T podem ser classificados em citotóxicos (CD8) ou
auxiliares (CD4). Os linfócitos T citotóxicos são importantes no
combate à infecção viral, uma vez que têm a capacidade de
reconhecer e destruir células infectadas por vírus. Já os linfócitos
T auxiliares exercem papel central no controle e desenvolvimento
da resposta imune. Estas células podem ser ativadas pelo
reconhecimento de corpos estranhos (antígeno) apresentados por
células apresentadoras de antígenos. Após este reconhecimento,
os linfócitos são ativados e induzidos a produzir proteínas, como
as citocinas, que agem na ativação de outras células do sistema
imune.
Dentre os componentes do sistema imune ativados pelos
linfócitos T auxiliares durante o processo de apresentação de
antígenos, destacam-se os linfócitos B. Estas células estão
geneticamente programadas para codificar receptores específicos
para um determinado antígeno. Uma vez ativadas, as células B
produzem e secretam, na forma solúvel, uma enorme quantidade
de moléculas receptoras, que são conhecidas como anticorpos ou
imunoglobulinas.
Os neutrófilos constituem cerca de 70% dos leucócitos
sangüíneos, sendo assim os leucócitos mais abundantes. São
importantes células fagocitárias e têm a capacidade de migrar dos
vasos sangüíneos para os tecidos, onde podem atuar no combate
aos agentes invasores. Função semelhante pode ser exercida pelos
monócitos que, após migrarem para os tecidos, são diferenciados
em macrófagos.
Os eosionófilos compreendem 2% a 5% dos leucócitos
sangüíneos que são capazes de fagocitar e destruir
microorganismos. Além disso, liberam histaminas e aril-sulfatase,
que inativam os produtos dos mastócitos. Desta forma, diminuem
a resposta inflamatória.
Os basófilos são semelhantes aos mastócitos sangüíneos e
compõem o menor grupo das células polimorfonucleares
envolvidas no sistema imune.
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As características do sistema imunológico
O sistema imunológico medeia a relação da pessoa com o
ambiente microbiano. A imunidade envolve respostas inatas ou
naturais e respostas altamente específicas adquiridas ou
adaptáveis. A diferença essencial entre os dois tipos de imunidade
está na forma pela qual os microrganismos são identificados. Na
imunidade inata, os glicolipídeos e macromoléculas com padrões
repetidos que são únicas nos organismos infecciosos são
identificadas pelos receptores de superfície de células presentes
nos macrófagos, células dendríticas, exterminadoras naturais
(natural killers – NK) e células T NK (NKT), assim como pelo
sistema complemento. Na imunidade adquirida, os linfócitos
usam receptores de antígeno muito específicos para identificar
agentes infecciosos e outros antígenos, de forma direta ou quando
processados pelas células apresentadoras de antígenos (CAP),
como as células dendríticas. Assim, existe um efeito recíproco
entre a imunidade inata e a adquirida no nível da CAP. Uma vez
que uma pessoa saudável tenha tido uma infecção causada por
bactérias ou vírus, o sistema imunológico reconhece o patógeno e
evita sua recorrência. Além disso, o sistema imunológico tem a
incrível capacidade de distinguir antígenos, mesmo quando suas
estruturas são muito semelhantes. Os linfócitos também podem
reagir a autoantígenos, causando autoimunidade.
A resposta imunológica deve ser capaz de distinguir o que é
próprio do organismo do que não é. Caso contrário, as células T e
os anticorpos atacariam constantemente as células autólogas,
componentes dos tecidos ou até bactérias comensais. Na década
de 1950, Sir Frank Macfarlace Burnet propôs pela primeira vez
que, no estágio pré-natal, a interação dos autoantígenos com
linfócitos específicos para antígenos levaria à eliminação dos
linfócitos autorreativos e, assim, à tolerância imunológica.1
Quando a tolerância imunológica não funciona, os anticorpos e as
células sensibilizadas (reativas para antígenos) que são
direcionadas contra autoantígenos provocam as doenças
autoimunes [ver Tolerância imunológica e autoimunidade].
Linfócitos
Existem dois grupos principais de linfócitos: as células T
(também chamadas de linfócitos derivados do timo ou linfócitos
T) e as células B (também chamadas de linfócitos derivados da
medula óssea ou linfócitos B). As células T e B constituem entre
80 e 95% dos linfócitos do sangue periférico.
Estas células possuem um amplo poder de reconhecimento de
antígeno. Duas características únicas sustentam esta capacidade:
uma família de células B de genes variáveis que, combinados,
podem identificar um número quase infinito de antígenos;
uma família de células T de genes variáveis com apenas uma
leve capacidade mais limitada. Nem as células T nem as células B
constituem uma população homogênea de células; cada grupo
inclui vários subgrupos que podem ser diferenciados pela região
constante dos seus receptores, por conjuntos específicos de
marcadores de superfícies expressos de maneira desenvolvida, sua
localização nos órgãos linfoides e sua função. A ligação de
combinações de anticorpos monoclonais aos receptores de
superfície é atualmente a técnica mais específica usada para
identificar os principais subconjuntos destas células.
Células T
As células T maduras expressam os receptores de células T alfa-
beta (TCR-alfa-beta) ou gama-delta (TCR-gama-delta) num
complexo com as proteínas CD3. CD4 é expressa em 50 a 65%
das células T alfa-beta periféricas e CD8 é expressa em 25 a 35%
das células T alfabeta periféricas. Geralmente, células T gama-
delta não apresentam CD4 nem CD8. Embora CD4 e CD8 sejam
expressas juntas nos timócitos corticais, apenas uma ou outra é
expressa nos subconjuntos complementares dos timócitos
maduros e nas células T alfa-beta periféricas (células T CD4+ e
CD8+) [ver Figura 1]. As células T CD4+ reconhecem o antígeno
quando este é apresentado em associação com as moléculas da
classe II (HLA-D e HLA-DR), o complexo maior de
histocompatibilidade (CMH) ou em associação com CD1d, o
último sendo células NKT. As células T CD8+ reconhecem o
antígeno no contexto das moléculas classe I (HLA-A, HLA-B e
HLA-C) do CMH [ver Mecanismos de resposta imunológica]. O
contexto do reconhecimento do antígeno pela T gama-delta é
desconhecido.
As células T CD4+ auxiliares (TH) podem ser também
diferenciadas em células TH1 e TH2 com base nas citocinas que
produzem.2 As células TH1 secretam interleucina-2 (IL-2) e
interferon-gama (IFN-gama) que são importantes para a
imunidade mediada por células. As células TH2 secretam IL-4,
IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13, que são críticas para a produção de
anticorpos. As citocinas produzidas por cada um destes tipos de
células também influenciam o outro tipo de células. Por exemplo,
a IFN-gama produzida pelas células TH1 pode inibir a função das
células TH2, enquanto a IL-10, que é secretada pelas células TH2,
monócitos, macrófagos e células B, pode inibir a função das
células TH1. Além de ter uma função auxiliadora, as células TH1
podem induzir cascatas inflamatórias levando a autoimunidade,
como ocorre nas doenças inflamatórias no intestino e na artrite
reumatoide.
A CD4 na superfície das células T auxiliares tem um papel
importante na infecção pelo HIV. No estágio inicial da infecção, o
vírus usa a CD4 como um correceptor, junto com CCR5, que por
si só é um receptor para várias quimiocinas, incluindo RANTES
(célula T normal expressa e secretada, regulada na ação), a
proteína-1-alfa (MIP-1-alfa) inflamatória dos macrófagos e MIP-
1-beta. Uma porcentagem dos indivíduos brancos é homozigota
para um defeito no receptor CCR5 e é resistente a infecção pelo
HIV. O receptor CCR4 da quimiocina, que é o receptor para o
fator-1 estromal derivado de célula (SDF-1), está envolvido no
estágio tardio da infecção pelo HIV.3,5
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Figura 1. As linhagens de células do sistema imunológico e das
células sanguíneas começam todas com a célula-tronco. As
células-tronco que se diferenciaram para gerar células B residem
na medula óssea, e as que produzem as células T migram da
medula óssea para o timo. A maturação da célula T envolve a
expressão progressiva dos marcadores de superfície de célula
selecionados e a ativação de vários genes, incluindo os genes alfa,
beta, gama e delta que codificam as cadeias que constituem os
receptores alfabeta e gama-delta das células T (TCRs). As pessoas
que não possuem a enzima Rag1 e Rag2 não progridem do estágio
pré-célula T ou célula pré-B e, portanto, não possuem linfócitos.
A seleção positiva e negativa de células T ocorre no estágio
chamado duplo positivo (CD4+, CD8+). As células
exterminadoras naturais se desenvolvem tanto na medula óssea
quanto no timo.
Células B e células plasmáticas
As células B são precursoras das células produtoras de
imunoglobulina (células plasmáticas) do sistema imunológico e
são identificadas pela presença de imunoglobulina na sua
superfície. Estas células com membrana de superfície positiva
para imunoglobulina (SmIg+) constituem 5 a 15% dos linfócitos
do sangue periférico. A maioria das células B possui IgM e IgD
na sua superfície; cerca de um quarto de todas as células B possui
apenas IgM ou IgD na sua superfície. Uma porcentagem de
células B exibe IgG ou IgA.
Na superfícia das células B encontram-se o receptor 2 do
complemento (CR2 ou CR21) que se liga a C3d/C3dg e ao vírus
Epstein-Barr. Fc-gama-RIIb (CD32) é o principal receptor Fc nas
células B, que está envolvido na ativação do linfócito B. Um
marcador comum que é usado para identificar as células B é o
CD19, que forma um grande complexo com CD21 e CD81 (alvo
para o antígeno-1 antiproliferativo [TAPA-1]).6
As células B1, um subconjunto de células B, se desenvolvem
precocemente e possuem uma vida muito longa. Os progenitores
das células B são encontrados no fígado fetal e no omento
embrionário, mas não na medula óssea adulta. As células B1 que
expressam CD5 na sua superfície são chamadas de B1a, e as que
não possuem CD5 são chamadas de B1b. As células B1 estão
frequentemente associadas com a produção de autoanticorpos.
Elas também produzem quantidade substancial de IL-10.7
Sob a influência do antígeno, das células T e das células
acessórias, as células B se diferenciam em células plasmáticas, as
células maduras produtoras de anticorpos [Figura 1]. As células
plasmáticas são maiores que os linfócitos e são caracterizadas por
um núcleo circular excêntrico com heterocromática grosseira
disposta num padrão de roda de carro. Estas células possuem um
citoplasma altamente basofílico e um retículo endoplasmático
bem desenvolvido, muitas vezes organizado em camadas
paralelas concêntricas. Elas podem estar inchadas com material
granular, que consiste em anticorpos produzidos por estas células
[Figura 2]. Às vezes, uma ou mais cisternas endoplasmáticas
estão distendidas por grandes inclusões chamadas de corpúsculos
de Russel. Estes corpúsculos são agregados de moléculas de
imunoglobulina incompletamente formadas. As células
plasmáticas não apresentam mais a imunoglobulina de superfície.
Elas também são células terminais, ou seja, elas não se dividem. É
difícil distinguir os precursores imaturos das células plasmáticas,
os plasmablastos dos linfoblastos e linfócitos grandes. Não é
normal encontrar células plasmáticas no sangue periférico.
Figura 2. As células plasmáticas são células produtoras de
anticorpos do sistema imunológico. Elas se diferenciam a partir
das células B; possuem 6 a 20 µm de diâmetro, um núcleo
excêntrico, um citoplasma altamente basofílico e uma área
justanuclear proeminente e clara que contém o aparato de Golgi e
o diplossomo.
Células exterminadoras naturais
As células exterminadoras naturais (natural killers – NK) são
grandes linfócitos granulares que não possuem o complexo TCR-
CD3 característico das células T ou o SmIg característico das
células B. Uma célula-tronco derivada da medula óssea é a
precursora das células T, B e NK [Figura 1]. In vitro, as células
NK podem matar uma variedade de células tumorais e células
infectadas com vírus de forma inespecífica, ou seja, eles não
precisam da sensibilização prévia ou a presença de anticorpos
para serem citotóxicos. Os grânulos contêm proteínas formadoras
de poros que podem mediar a lise celular. As células NK
expressam receptores inibitórios (KIR) que reconhecem as
moléculas da classe I do CMH. Desta forma, as funções das
células NK são inibidas por células que expressam a classe I do
CMH, mas são ativadas por células que não possuem tal classe.
As células NK humanas expressam um segundo grupo de
receptores inibitórios, que incluem duas subunidades: uma
subunidade NKG variável e a estrutura CD94 constante da
superfície celular. Seu ligante é desconhecido. A IL-12 estimula
as células NK a se proliferarem e produzirem IFN-gama, que é
importante para várias reações imunológicas.8,9
Monócitos, macrófagos e células dendríticas
Os monócitos pertencem ao sistema fagocítico mononuclear,
antigamente chamado de sistema retículoendotelial. Eles são
grandes células mononucleares que constituem 3% a 8% dos
leucócitos do sangue periférico. Seu citoplasma é muito mais
abundante do que o dos linfócitos. Geralmente, seu núcleo é
excêntrico e tem formato oval ou de rim [Figura 3]. Os
lisossomos preenchidos com enzimas de degradação aparecem
como pequenos vacúolos no citoplasma. Os monócitos se
originam dos pró-monócitos, que são precursores de divisão
rápida na medula óssea. Quando as células maduras entram no
sangue periférico, elas são chamadas de monócitos; quando
deixam o sangue e se infiltram nos tecidos elas sofrem mais
alterações e são então conhecidas como macrófagos. Outras
células derivadas desta linhagem incluem as células de Kupffer,
macrófagos alveolares, microglia e osteoclastos.
Figura 3. Um monócito (célula grande à esquerda), que pode
alcançar 17 µm de diâmetro, tem abundante citoplasma basofílico
e um grande núcleo excêntrico.
Os macrófagos contêm receptores padrão de reconhecimento
(receptores Toll-like [TLRs] 1 a 10)10 e receptores removedores.
Além disso, os receptores para anticorpo e complemento
potencializam sua capacidade de fagocitar organismos que são
revestidos com estas substâncias. Os receptores de anticorpos
reconhecem a porção Fc da IgG1, IgG3 e IgE. Existem dois
receptores de complemento, CR1 e CR3. CR1 tem alta afinidade
pelo componente C3b do complemento e tem uma menor
afinidade pela iC3b e C4b. O CR3, também chamado de antígeno-
1 do macrófago (MAC-1), interage com iC3b assim como com
algumas moléculas de carboidrato, incluindo antígenos contendo
carboidrato do protozoário Leishmania. Por meio destes
receptores, os macrófagos atuam como células efetoras, atacando
microrganismos e células neoplásicas e removendo material
estranho.
Da mesma importância, os macrófagos apresentam o antígeno
processado aos linfócitos e assim possuem um papel importante
na indução das respostas imunológicas adquiridas. Uma pequena
quantidade de antígeno da classe II do CMH está presente nos
monócitos e sua expressão aumenta muito quando os macrófagos
são ativados. Os macrófagos podem ser ativados por várias
citoquinas, incluindo IFN-gama, fator estimulante de colônia de
macrófagos e granulócitos (GM-CSF), fator ativador de
macrófago (MAF) e fator inibidor de migração (MIF) [ver
Mecanismos de resposta imunológica]. As citocinas como a IL-4
e o fator beta de crescimento transformador (TGF-beta)
antagonizam esta ativação.
Os próprios macrófagos produzem várias substâncias solúveis que
são importantes na resposta imunológica e no processo de
inflamação. Estas substâncias incluem enzimas como o fator de
ativação de plasminogênio e elastase; fatores de crescimento
como GM-CSF; citocinas como IL-1, IL-6, IL-10, IL-12 e fator
de necrose tumoral alfa (FNT-alfa); fatores que são críticos para
combater microrganismos, como os metabólitos do oxigênio e
óxido nítrico; componentes do complemento para as vias clássica
e alternativa; MIPs e fatores que promovem o reparo tecidual,
como o fator de crescimento de fibroblasto (FCF).
As células dendríticas são as CAPs profissionais que empregam
respostas específicas por meio das células T.11-13 Elas estão
presentes onde os antígenos e microrganismos têm o primeiro
contato com o corpo, por exemplo, na pele (células de
Langerhans) e os tratos gastrintestinal e respiratório. A função das
células dendríticas é discutida adiante [ver Nódulos linfáticos e
baço].
Órgãos linfoides e trânsito de linfócitos
O sistema imunológico possui vários órgãos linfoides, incluindo
timo, nódulos linfáticos, baço e amídalas, agregados de tecido
linfoide nos órgãos não linfoides, como as placas de Peyer no
intestino, grupos de células linfoides dispersas pelos tecidos
conectivo e epitelial do corpo; assim como por toda a medula
óssea e sangue e uma variedade de células individuais que viajam
a partir de vários órgãos linfoides para o resto do corpo. Os
linfócitos são derivados de precursores na medula óssea: as
células T se desenvolvem no timo e são então exportadas para a
periferia, enquanto as células B e NK se desenvolvem na medula
óssea e então saem para a periferia. Das células hematopoiéticas
não linfoides, os monócitos, macrófagos e células dendríticas são
elementos importantes da imunidade inata e adquirida, enquanto
os granulócitos (p. ex., neutrófilos, eosinófilos, basófilos e
mastócitos) possuem papéis auxiliares no sistema imunológico.
O timo
O timo, que se origina das terceira e quarta bolsas faríngeas do
embrião, encontra-se no mediastino anterior e possui muitos
lóbulos, cada um com um córtex e uma medula [Figura 4]. Os
precursores da célula T derivados da medula óssea entram no
timo, sendo os primeiros na área subcapsular. Eles se
desenvolvem em células que expressam o complexo TCR-alfa-
beta–CD3 e consequentemente adquirem o potencial para reagir
com diferentes peptídeos ligados ao CMH. Esses timócitos C4+,
CD8+ sofrem seleção negativa ou positiva, que envolve
mecanismos complexos [ver Desenvolvimento do Repertório de
Células T, adiante]. Apenas uma pequena percentagem de
timócitos positivamente selecionados, CD4+ (que identificam
classe II do CMH) ou CD8+ (que reconhecem a classe I do
CMH), migra para a medula e então se desloca para o sistema
linfoide periférico. Não está claro se as células T gama-delta se
diferenciam no timo.
As células T maduras emigram pela parede das vênulas pós-
capilares da medula para entrar na corrente sanguínea e
subsequentemente residem nos órgãos periféricos do sistema
linfoide. Uma vez nestes órgãos, os linfócitos deixam a corrente
sanguínea; mais uma vez pelas vênulas pós-capilares, e viajam
para as regiões das células T nos órgãos linfoides periféricos.
Estes órgãos incluem o córtex interno dos nódulos linfáticos,
bainhas periarteriais do baço e áreas intranodulares nas placas de
Peyer, as amídalas e o apêndice. Acredita-se que algumas das
células T presentes na mucosa intestinal (linfócitos intraepiteliais)
se diferenciam fora do timo.
Pessoas que nascem sem o timo apresentam linfocitopenia com
marcante depleção ou ausência de células T. As zonas das células
T do sistema linfoide periférico também não apresentam
linfócitos. A pessoa apresenta marcante comprometimento da
imunidade mediada por células e as respostas de anticorpos que
exigem a cooperação das células T (exceto a resposta da IgM)
estão gravemente comprometidas [ver Deficiências nas
imunoglobulinas e na imunidade mediada por células]. O timo
involui com a idade, o que pode explicar o desenvolvimento de
deficiências do sistema imunológico nas pessoas idosas.
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Figura 4. A glândula timo é composta de vários lóbulos. A
maioria dos linfócitos no córtex é imatura, são células de divisão
rápida que podem ser facilmente destruídas pela cortisona.
Durante a maturação, eles se deslocam para a medula, onde se
tornam imunocompetentes e resistentes a cortisona. A partir deste
momento, eles migram para os órgãos linfoides secundários,
incluindo os nódulos linfáticos e o baço. A divisão e a maturação
das células são influenciadas pelas células epiteliais; os densos
agregados destas células formam estruturas conhecidas como
corpúsculos de Hassall.
Nódulos linfáticos e baço
Os principais locais da ativação inicial das células T são os
nódulos linfáticos e o baço, para onde convergem os linfócitos
transportados no sangue, o antígeno transportado na linfa, alguns
mediadores e células [Figura 5]. A linfa e as células entram no
nódulo via região subcapsular, por meio de vasos linfáticos
aferentes, infiltram no seio subcapsular e saem pelos vasos
linfáticos eferentes no hilo. No baço, os linfócitos estão
concentrados na polpa branca, que possui folículos com centros
germinativos que circundam as arteríolas centrais [Figura 6].
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Figura 5. Linfa contendo linfócitos, antígeno e mediadores
solúveis drenados dos tecidos circundantes que entram nos
nódulos linfáticos pelos vasos linfáticos aferentes. O nódulo
linfático possui um córtex e uma medula. A área mais importante
do córtex possui células B organizadas em folículos linfoides e
sua área profunda, ou paracortical, consiste basicamente de
células T e células dendríticas. Após as células B encontrarem os
antígenos para os quais elas possuem receptores, junto com as
células T adequadas, as áreas centrais da marcante proliferação de
células B chamadas de centros de germinação se desenvolvem nos
folículos linfoides. À medida que estas reações terminam, os
centros germinativos se tornam senescentes. Os cordões
medulares estão na medula, que são séries de macrófagos e
células plasmáticas.
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Figura 6. No baço, as células linfoides ao redor da arteríola
esplênica formam a bainha linfoide periarteriolar, que é
basicamente uma área dependente do timo. O folículo com um
centro germinativo contém células B. As células T são
encontradas principalmente na região central das bainhas linfoides
periarteriolares, enquanto as células B nos centros germinativos se
concentram mais no sentido da periferia das bainhas. Os linfócitos
entram e deixam as bainhas linfoides periarteriolares por meio dos
capilares das arteríolas centrais na zona marginal.
Nódulos linfáticos
A infraestrutura do nódulo linfático é uma extensa rede reticular
onde CAPs e células T se encontram e interagem. Por exemplo, as
células dendríticas derivadas da medula óssea presentes na pele
coletam o antígeno e viajam pelos vasos linfáticos para o nódulo
linfático de drenagem. As células então migram, por meio do
assoalho do seio subcapsular do nódulo linfático para as regiões
interfoliculares, onde elas se acumulam na rede reticular do
paracórtex como células dendríticas interdigitantes (IDCs). As
células T do sangue migram pelas vênulas pós-capilares
especializadas, conhecidas como vênulas endoteliais altas (HEV)
e migram ao longo da mesma rede reticular, onde entram em
contato com as numerosas IDC apresentadoras de antígenos.14
Os centros germinativos contêm células B, que são derivadas das
células-tronco e se diferenciam na medula óssea [Figura 1]. Os
folículos linfoides contêm células dendríticas foliculares (FDCs),
que não são derivadas da medula óssea. As FDCs, encontradas
apenas nos folículos linfoides, expressam os receptores do
complemento CR1, CR2, CR3 e receptores Fc. Estes receptores
permitem que as FDCs apresentem o antígeno às células B
ativadas na forma de complexos antígeno-anticorpo-
complemento. As FDCs podem reter estes complexos por muito
tempo.
Os centros germinativos ativos são circundados por um manto de
células B (células do manto folicular) que expressam IgD na sua
superfície e podem amadurecer em células plasmáticas que
produzem apenas anticorpos IgM. As células B no centro
germinativo (centrócitos) sofrem uma troca de classe para
produzirem outros isotipos como IgG, IgA e IgE. Acredita-se que
as células B com anticorpos de alta afinidade nas suas superfícies
são selecionadas ao se ligarem a FDCs retentoras de antígenos. As
células B não selecionadas morrem de apoptose (morte celular
programada). A célula B mais madura, a célula de memória,
também é encontrada no centro germinativo e pode se
desenvolver em células plasmáticas produtoras de todos os
isotipos de anticorpos.
As células dendríticas derivadas da medula óssea, encontradas nas
áreas paracorticais do nódulo linfático, são CAPs profissionais
que têm papel crucial no início das respostas imunológicas
dependentes das células T.12-14 Estas células também são
encontradas como células imaturas nos órgãos não linfoides,
especialmente na epiderme, onde são chamadas de células de
Langerhans. Por meio de muitos de seus receptores, em particular
TLR1, TLR10 e receptores removedores, as células dendríticas
imaturas internalizam de forma eficiente, processam os antígenos
e os apresentam via seu CMH. Existem dois subconjuntos de
células dendríticas, mieloides e plasmacitoides, que produzem
citocinas diferentes. Algumas citocinas (p. ex., IL-1-beta e TNF-
alfa) promovem a migração das células dendríticas através dos
vasos linfáticos aferentes para os nódulos linfáticos. Neste local,
eles amadurecem, perdem sua capacidade de fagocitose e
expressam moléculas coestimuladoras críticas CD80 (B7-1) e
CD86 (B7-2); estas moléculas coestimuladoras potencializam sua
capacidade de apresentar os antígenos às células T. As células
dendríticas imaturas também são encontradas nos nódulos
linfáticos, onde podem fagocitar o antígeno que entra via vasos
linfáticos aferentes e então amadurecem em CAPs.
Respostas imunológicas da mucosa e da pele
Os linfócitos também são encontrados em vários outros locais. O
tecido linfoide associado ao intestino inclui as placas de Peyer e o
apêndice. Estes tecidos linfoides contêm regiões com
concentrações de células T ou B semelhantes às encontradas nos
centros germinativos. Acredita-se que as células epiteliais
especializadas, chamadas de células M, possuem uma capacidade
única de captar e apresentar o antígeno para os linfócitos
adjacentes.15 As células M também são encontradas próximas das
placas de Peyer. Outros linfócitos presentes no intestino são os
linfócitos da lâmina própria (LPLs), encontrados nos vilos e os
linfócitos intraepiteliais (IELs), encontrados entre as células
epiteliais. A migração e a aderência dos LPLs são, em parte,
ditadas pelas integrinas e selectinas, que são moléculas de
superfície nos tecidos e células que medeiam as interações
celulares e células residentes. As células linfoides associadas com
a mucosa também são encontradas no trato respiratório e no trato
geniturinário. O sistema imunológico especializado da pele
contém células de Langerhans na epiderme (células dendríticas
mieloides especializadas) e uma maior concentração de células T
gama-delta do que em outro local.16
Circulação de linfócitos
Existem 3 principais tipos de circulação de linfócitos:
a semeadura das células-tronco a partir do fígado ou medula
óssea fetal para os principais órgãos linfoides e a subsequente
diferenciação e distribuição destas células para o sistema linfoide
periférico;
a recirculação de linfócitos do sangue para linfa e vice-versa;
a distribuição das células efetoras para partes específicas do
corpo.
Os linfócitos circulam continuamente do sangue para os tecidos e
de volta para o sangue. Entretanto, o trânsito das células T jovens
(CD45RA) é diferente do das células efetoras ou de memória
ativadas (CD45RO). As células T jovens recirculam através dos
tecidos linfoides secundários, como os nódulos linfáticos, baço,
amídalas e placas de Peyer para microambientes especiais onde
elas encontram antígeno, citocinas e outras células que levam a
sua ativação. Por outro lado, o efetor ativado ou as células de
memória também podem transitar para os locais extralinfoides em
vários tecidos, como a pele ou a lâmina própria do intestino.17
O deslocamento dos linfócitos para o endotélio vascular e sua
passagem por este são controlados pela expressão de vários
receptores na superfície dos linfócitos e contrarreceptores no
endotélio vascular. Para interromper o fluxo de células no sangue
e nos vasos linfáticos, ocorre a adesão inicial primária entre os
receptores dos linfócitos nas microvilosidades das células, como
L-selectina e o contrarreceptor no endotélio, como a adressina do
nódulo linfático periférico (PNAd). Outros receptores celulares
permitem a fixação a E-selectina e P-selectina endoteliais.
Subsequentemente, as células podem se fixar e girar usando os
receptores de superfície integrina-Ig como alfa-4-beta-7 e alfa-4-
beta-1, que se ligam à molécula de adesão celular adressina da
mucosa endotelial (MAdCAM-1) e à molécula de adesão celular
vascular (VCAM-1), respectivamente. Estas interações podem
levar a uma parada estável envolvendo um receptor que aciona a
adesão via sinalização intracelular de uma proteína de ligação de
trifosfato de guanosina (GTP). A cooperação entre as interações
do receptor é essencial porque a interação inicial com L-selectina
pode ser fraca demais para induzir a interação estável
LFA-1/ICAM-1 (antígeno-1 associado com a função do
leucócito/molécula-1 de adesão intracelular) e, portanto, requer a
interação alfa-4-beta-7/MAdCAM-1. Por outro lado, quando os
tecidos apresentam altos níveis do receptor L-selectina, o contato
e a rotação medidos pela L-selectina podem ser suficientes para
permitir uma parada estável mediada pelo LFA-1. Os linfócitos
podem, então, atravessar o endotélio vascular, um processo
chamado de diapedese. Um processo semelhante está envolvido
com a diapedese de outros leucóticos.17
Acredita-se que as variações nestes mecanismos canalizam os
subconjuntos de linfócitos para os diferentes microambientes nos
nódulos linfáticos, como os centros germinativos, as áreas
paracorticais e a zona T, onde células, antígeno e fatores solúveis
levem a respostas imunológicas particulares. Estes
microambientes são também regulados por várias citocinas, como
TGF-beta-1, que pode sobrerregular as integrinas e mediar a
ligação das células B às CAPs. As citocinas como TNF-alfa
regulam os receptores de adesão dos linfócitos e outras citocinas
influenciam a atividade dos linfócitos à medida que eles
atravessam os tecidos. Algumas quimiocinas, como RANTES,
também ativam a expressão de moléculas de adesão na superfície
das células T efetoras. Outras quimiocinas, como a quimiocina
expressa pelo timo (TECK), recrutam células T que carregam
receptores TECK (CCR9) para seu órgão residente, neste caso, o
intestino.18,19
As qualidades do sistema imunológico: especificidade e memória
As respostas imunológicas são controladas por 3 grandes famílias
de genes:
os genes que codificam elementos variáveis das
imunoglobulinas;
os genes que codificam os receptores de células T (T Cell
Receptors - TCRs);
os genes que codificam os antígenos do CMH [ver
Antígenos, anticorpos e receptores das células T].
Cada pessoa possui um número incrível de genes que codificam
elementos diversos das imunoglobulinas e TCRs, o que permite o
reconhecimento específico de milhões de antígenos. Entretanto, a
grande variabilidade do CMH aplica-se a população como um
todo, qualquer pessoa terá apenas algumas poucas variações.
A capacidade das células T e anticorpos produzidos pelas células
B em distinguir entre os antígenos é regulada por dois conjuntos
independentes de genes de regiões variáveis para as células T e B,
cada um composto por segmentos de DNA reorganizados em V
(variável), D (diversidade) e J (união). A reorganização das
sequências de DNA destes genes ocorre à medida que as células T
e B amadurecem, dando origem a TCRs e imunoglobulinas.
Ocorre mutação somática adicional nas células B durante sua
maturação, o que expande o repertório. Este sistema pode
distinguir bilhões de antígenos [ver Antígenos, anticorpos e
receptores das células T].
Cada linfócito tem um receptor de superfície que reconhece um
único determinante antigênico ou epítopo. Os receptores da célula
B reconhecem antígenos nativos. Após as células B interagirem
com um antígeno, elas se proliferam e se diferenciam em células
plasmáticas para produção de anticorpos e algumas se tornam
células de memória.
Antes de ser reconhecido pelas células T, um antígeno é captado
por uma CAP (p. ex., uma célula dendrítica ou um macrófago)
que quebra o antígeno em pequenos fragmentos de peptídeos. Na
CAP, alguns fragmentos de peptídeo ou epítopos são recolhidos
por moléculas da classe II do CMH e transportados para a
superfície da CAP. Assim, os TCRs não reconhecem o antígeno
nativo, apenas suas partes processadas [ver Antígenos, anticorpos
e receptores das células T].
A exigência de que o antígeno seja apresentado junto com uma
molécula da classe I ou II do CMH é conhecida como restrição do
CMH. A natureza do CMH explica por que algumas pessoas
podem não responder a alguns antígenos. Por exemplo, embora os
TCRs reconheçam epítopos ligados a moléculas do CMH, alguns
peptídeos do antígeno podem não se encaixar na fenda da
molécula do CMH particular de uma pessoa. Desta forma, o tipo
adequado de célula T não reagirá com esse epítopo e a pessoa não
será capaz de desenvolver uma resposta imunológica contra ele.
Desenvolvimento do repertório de células T
Dos dois tipos de células T, alfa-beta e gama-delta, apenas o
desenvolvimento das células que expressam TCR-alfa-beta está
bem elucidado. Após a reorganização dos genes, o TCR-alfa-beta
é expresso na superfície do timócito cortical imaturo junto com as
proteínas CD3 [Figura 1]. Ao mesmo tempo em que ocorre a
reorganização dos genes, CD4, CD8 e CD3 são expressas.6
Timócitos maduros positivos únicos (CD4+ ou CD8+) carregando
altos níveis de TCR-alfa-beta são selecionados do conjunto de
timócitos CD4+, CD8+ por meio de processos chamados de
seleção positiva e seleção negativa.
Seleção positiva
A seleção positiva é controlada pelas células epiteliais do córtex
do timo e CAPs dedicadas, como macrófagos, células dendríticas
e celular interdigitantes. Muitas destas células do estroma estão
localizadas na junção corticomedular. Como as células T podem
reagir a antígenos apenas na associação com auto-CMH, apenas
células T com um TCR que pode se ligar a auto-CMH são
selecionadas. Quando estas células reagem com auto-CMH nas
células do estroma do timo, células CD4+, CD8+ TCR-alfa-beta
que se ligam a moléculas da classe II do CMH se tornam CD4+ e
CD8–, subregulando CD8 e suprarregulando o complexo TCR-
CD3. Por outro lado, as células CD4+ CD8+ que se ligam a
moléculas da classe I do CMH subregulam CD3 e tornam-se
células CD4–, CD8+ TCR-alfa-beta+. Desta forma, são
selecionadas as células auto-CMH-restritas CD4+ TCR-alfa-beta
e células CD8+ TCR-alfa-beta. Apenas timócitos cujo TCR tenha
uma afinidade moderada pelo peptídeo do CMH são selecionados
de forma positiva. As células CD4 ou CD8 contribuem para a
avidez da interação já que elas próprias ligam-se à classe II e à
classe I do CMH, respectivamente.
Seleção negativa
A maioria das células T não interage com auto-CMH e, portanto,
sofre apoptose por causa da ausência de interação. O processo
ativo da seleção negativa elimina células T que possuem um TCR
com uma alta avidez pelo peptídeo do CMH. Se não forem
removidas, estas células T podem provocar grave doença
autoimune. Existem muitos autoantígenos nas células epiteliais do
timo e os estudos mostram que alguns autoantígenos podem ser
apresentados por várias CAPs no timo, como macrófagos e
células dendríticas. É possível que a seleção negativa para alguns
autoantígenos ocorra quando as células T se deslocam para o
sistema linfoide periférico após deixarem o timo. Esta interação
de alta afinidade entre o autoantígeno apresentado pelo CMH e o
TCR nas células T imaturas dispara vários processos que levam à
morte celular (p. ex., apoptose) (ver adiante).
Seleção positiva e negativa das células B
A seleção positiva das células B precursoras ocorre na medula
óssea. As células pré-B possuem na sua superfície a cadeia pesada
de IgM (µ) em associação com a cadeia leve substituta (lambda 5
ou ?5). Se o último receptor não estiver na superfície, a célula é
eliminada por apoptose. As células pré-B se desenvolvem em
células B imaturas, que carregam IgM na sua superfície. Estas
células se desenvolvem em células B maduras exceto se forem
eliminadas pelo reconhecimento do antígeno e seleção negativa
nos nódulos linfáticos. Se a afinidade for alta, a eliminação
envolve apoptose; se a afinidade for baixa, ela envolve anergia (a
célula está presente, mas não se desenvolve).
Apoptose
A remoção de células T e B autorreativas na periferia também usa
apoptose. Os sinais da apoptose que atuam na membrana celular
levam à morte celular programada com condensação e ruptura da
cromatina e, dentro de minutos a horas, a célula é destruída e
depurada pelos macrófagos. Os principais receptores nas células
linfoides que disparam a apoptose são 18 membros da família de
receptores TNF.20 Os exemplos incluem o receptor Fas
(CD95/APO-1), que é acionado pelo ligante Fas e o receptor-1 de
TNF (TNFR-1), acionado por TNF-alfa e linfotoxina-alfa. Os
TNFRs também acionam vias que podem ativar o fator nuclear ?B
(TNF-?B) que protege contra a apoptose.21 Os sinais para
apoptose eventualmente atuam numa família de proteases
derivadas da cisteína semelhantes a enzima conversora de IL-1b
(ICE), o protótipo que atua no IL-1b precursor da citocina,
convertendo-a na citocina ativa. As proteases relacionadas a ICE
ativam outras proteases, que então atuam em diversos substratos,
o que, por sua vez, leva a apoptose.
Amplificação e a resposta amnéstica
A característica da resposta imunológica é sua capacidade de
aumentar o número de linfócitos específicos para o antígeno após
ocorrer um estímulo antigênico; por causa das células T e B de
memória, a exposição posterior ao mesmo antígeno leva a uma
resposta mais rápida e maior (ou seja, resposta anamnéstica). A
base para esta resposta potencializada é a proliferação de
linfócitos específicos para antígeno e a produção de células de
memória após os linfócitos interagirem com um antígeno. Estas
respostas são mediadas pela produção de citocinas pelos linfócitos
e outras células [ver Mecanismos da resposta imunológica]. Os
mecanismos de resposta imunológica também são amplificados
pela liberação de substâncias mediadoras a partir de mastócitos e
basófilos revestidos por anticorpos, da ativação de proteínas do
complemento e da expressão das moléculas de integrina nas
células. A permeabilidade vascular alterada, a expressão dos
receptores pelos leucócitos nas células endoteliais e a liberação de
fatores quimiotáticos por meio destes mecanismos secundários
atraem muitos outros tipos de células para a reação. Estas células
contribuem muito para a inflamação resultante ao auxiliar o
processo de fagocitose e descarte de antígenos estranhos.
Após as células T interagirem com um antígeno, elas se
proliferam e se diferenciam em células efetoras, algumas células
T auxiliares e outras células citotóxicas (CTLs); todas possuem
um componente da célula de memória.
Uma linhagem independente e células CD4+ são células T
reguladoras (Treg), que controlam as respostas imunológicas ao
produzirem citocinas inibidoras e ao direcionarem o contato
célula a célula.22,23 As células Treg específicas a antígenos
também se desenvolvem como uma linhagem independente no
timo.24 Os aspectos da memória das células Treg são
desconhecidos.
As células B da memória potencializam a resposta imunológica ao
antígeno anteriormente encontrado como parte da resposta
anamnéstica. Estas células B de memória sofrem mutação
somática nas regiões variáveis dos seus genes para
imunoglobulina. Quando esta mutação somática ocorre nos
centros germinativos dos nódulos linfáticos que contêm antígenos
ligados a células dendríticas foliculares, ela leva à seleção de
células B de memória que possuem receptores de alta afinidade
para os antígenos.